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Introdução à Patologia das Construções

- Corrosão de Armaduras -

Prof. Ana Paula A. Castanheira, DSc

Cientificamente, o termo corrosão tem sido empregado


para designar o processo de destruição total, parcial,
superficial ou estrutural dos materiais por um ataque
eletroquímico, químico ou eletrolítico.

Assim, a corrosão pode ser classificada em:

Corrosão Eletroquímica;
Corrosão Química e
Corrosão Eletrolítica.

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Na corrosão eletroquímica, há reações químicas com


movimentação de elétrons entre duas regiões do metal de
potenciais elétricos diferentes, na presença de umidade e de
oxigênio. Metal Pot (mV)
Ouro +1,5
Os metais têm potenciais Prata +0,8
eletroquímicos diferentes. Cobre +0,334
Hidrogênio +0,00
Chumbo -0,127
O metais de potenciais
Estanho -0,136
mais positivos corroem
Níquel -0,230
os de potencial mais
Ferro -0,439
negativos.
Cromo -0,510
Zinco -0,762
Alumínio -1,30

Forma-se uma pilha de corrosão


H2O
O2
Eletrólito

nOH-
M+n

Zona catódica Zona anódica

ne-
(Corroída = cede elétrons)

Metal
As zonas anódicas e catódicas têm potenciais eletroquímicos diferentes.

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Exemplo de corrosão: formação da ferrugem.

Reação Anódica (oxidação): Fe → Fe2 + 2e–


Reação Catódica (redução): 2H2O + 2e– → H2 + 2OH–

A corrosão química, também conhecida como seca,


por não necessitar de água, corresponde ao ataque
de um agente químico diretamente sobre o
material, sem transferência de elétrons de uma
área para outra.

No caso de um metal, o processo consiste numa


reação química entre o meio corrosivo e o material
metálico, resultando na formação de um produto
de corrosão sobre a sua superfície.

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Exemplo 1: corrosão de zinco metálico em presença


de ácido sulfúrico.

Zn + H2SO4 → ZnSO4 + H2

Exemplo 2: camada de óxido aderente e protetora


que se forma sobre a superfície do cobre e do
alumínio.

A destruição do concreto, observada nas pontes e viadutos,


tem como uma de causas a corrosão química, devida à
ação dos agentes poluentes sobre seus constituintes
(cimento, areia e agregados de diferentes tamanhos).
Essa corrosão também afeta a estabilidade e durabilidade
das estruturas, sendo muito rápida e progressiva.

Fatores responsáveis por este processo de corrosão (Gentil, 2003):

Mecânicos (vibrações e erosão);


Físicos (variação de temperatura);
Biológicos (bactérias) ou
Químicos (em geral ácidos e sais).

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É um processo eletroquímico
que ocorre quando se aplica
uma corrente elétrica externa.

Trata-se de uma corrosão


não-espontânea.
Esse fenômeno é provocado por correntes de fuga,
também chamadas de parasitas ou estranhas .
Normalmente acontece em tubulações de petróleo e de
água potável, em cabos telefônicos enterrados, em
tanques de postos de gasolina etc.

Metais distintos em contato e na presença de água e


oxigênio podem estar sujeitos à corrosão
eletroquímica (corrosão galvânica).

Exemplos:

Estrutura de alumínio fixada com parafusos de aço;


Telha de alumínio fixada com pregos de aço;
Esquadria de alumínio fixada com peças de ferro; e
Chapa galvanizada fixada com prego de aço.

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Além de metais diferentes as diferenças de potencial


podem ocorrer:
Nas ligas onde há cristais de diferentes composições (as
ligas têm que ser bem estudadas para evitar a
corrosão);
Impurezas nos metais;
Zonas em que o metal sofreu tensões diferenciadas;
Peças metálicas em ambientes de umidades diferentes;
Em pontos com capeamento protetor rompido; e
Locais com corrente elétrica próxima.

As armaduras de aço dentro da massa de concreto são protegidas


contra a corrosão pelo fenômeno da passivação do aço,
decorrente da grande alcalinidade do meio ambiente, pois o pH
da água existente nos poros atinge valores até superiores a 12,5.

Película passivadora formada por


C uma camada impermeável de óxido
de cálcio .

pH > 12

C = camada de cobrimento

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A corrosão das armaduras dentro do concreto somente


poderá ocorrer se for destruída a película passivadora. Essa
destruição pode acontecer de modo generalizado, em
virtude de três diferentes causas:

Redução do pH (abaixo de 9) por efeito da carbonatação


da camada de cobrimento da armadura;
Presença de íons cloreto (Cl-) ou de poluição atmosférica
acima de um valor crítico; e
Lixiviação do concreto na presença de fluxos de água que
percolem através de sua massa.
Causas estas reforçadas pelas espessuras inadequadas de
cobrimento.

Limite máximo aceitável


deterioração

tempo
(Tuutti, 1982)
iniciação propagação
Vida útil

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Penetração dos agentes agressivos


Limite crítico
Período de
iniciação Despassivação das armaduras
Inicio da corrosão
Danos são imperceptíveis
Fatores acelerantes
Formação de óxidos
Período de
Fissuração
propagação
Descamação do concreto
Perda do recobrimento
Perda da capacidade portante

despassivação Mínimo de projeto


desempenho

Manchas/fissuras/desplacamento Mínimo de serviço

Redução de seção Mínimo de ruptura


Perda de aderência

Vida útil de projeto tempo


Vida útil de serviço 1
Vida útil de serviço 2
Vida útil total
Vida residual

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Este conceito pode ser estendido a toda edificação


(planejamento, projeto, execução e utilização);
O conceito aplica-se a estrutura como um todo ou a
suas partes;
Partes da estrutura podem ter vida útil diferenciadas;
NBR 6118 – Item 6.2.3 A durabilidade das estruturas
requer cooperação e esforços coordenados de todos os
envolvidos nos processos de projeto, construção e
utilização, devendo, como mínimo, seguir o que
estabelece a NBR 12 655, sendo também obedecidas
as disposições de 25.4 com relação às condições de
uso, inspeção e manutenção.

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Intervenção inadequada, na face inferior de laje, agravando


ainda mais o problema inicial – Coletor de Águas Servidas e
Pluviais (Montevidéu-Uruguai)

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Corrosão de armaduras por cloretos em apoio de ponte


rodoviária de concreto em zona marítima

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Corrosão de cabos galvanizados de protensão em


vigas longitudinais da superestrutura de ponte
rodoviária (Maldonado, Uruguai)

Corrosão de armaduras por ação de cloretos em pontes


rodoviárias (Mongaguá, Brasil)

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Os processos mais empregados para a prevenção da


corrosão são as proteções catódica e anódica, os
revestimentos e os inibidores de corrosão.

Com base nestes processos, bastante importante


observar:

Escolha do metal ou liga adequada ao meio;

Intervenção no meio ambiente para eliminar


substâncias agressivas;
Recobrir o metal com óxido protetor (anodização);

Fazer capeamento metálico (cromagem, galvanização);

Proteção catódica;

Cuidados especiais de projeto e execução; e

Pintura superficial com materiais adequados.

Figura: Proteção catódica


por ânodo de zinco em
casco de navio.

(O zinco, com seu maior


potencial de oxidação, atua como
ânodo e protege o casco do navio),

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No caso do concreto, o pH elevado (> 12,5) do


cimento garante proteção química ao aço das
armaduras, proporcionando uma película protetora
invisível.
Esta película protetora (passivadora) pode se romper
pela redução do pH de maneira generalizada pela
presença do CO2 (carbonatação) ou localizadamente
pela presença de cloretos.
Quanto menor for a porosidade do recobrimento da
armadura, maior a dificuldade para penetração de
cloretos, CO2, água e oxigênio.

A carbonatação ocorre dentro dos poros do concreto


Ca(OH)2 + H2O → CaCO3 + H2O

Quando o pH cai a próximo de 9 há a despassivação


da armadura.

Os cloretos penetram dentro da estrutura de concreto


por difusão e quanto a relação Cl-/OH- chega a
aproximadamente 1 há a despassivação.

A quantidade limite de cloretos, em relação à massa de


cimento estabelecida na maioria das normas, é de 0,4%.

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Em ambos os casos, a corrosão será mais intensa quanto


maior for a quantidade de água no interior do concreto
(que irá diminuir a resistividade) e quanto maior for a
disponibilidade de oxigênio.

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