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4. Patologia das construções – Agressividade Eng. José Eduardo Granato
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A capa passivadora é formada pela solução aquosa, constituída principalmente por íons
OH¯ , que proporciona elevada alcalinidade do concreto (pH > 12.5). Inicialmente
pensava-se que o hidróxido de cálcio produzido durante a hidratação do cimento era o
principal elemento para originar a elevada alcalinidade do concreto. No entanto,
demonstrou-se posteriormente que a solução aquosa contida nos poros apresenta pH
entre 13 a 14, devido aos hidróxidos de cálcio e potássio, já que o íon cálcio praticamente
desaparece da dissolução quando o cimento processa sua hidratação.
A elevada alcalinidade e a presença de oxigênio forma em torno do aço uma capa passiva
de óxidos muito aderentes, compacto e invisível, que preserva o aço da corrosão, quando
o concreto seja de boa qualidade e não mude suas características fisico-química por
ação do meio ambiente.
Por outro lado, em ausência de oxigênio, o aço oxida-se muito lentamente, sem causar
problemas de corrosão, como o caso de estruturas submergidas, onde o concreto não se
encontra gretado.
A corrosão das armaduras do concreto consiste na oxidação destrutiva do aço, pelo meio
que o envolve.
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A corrosão das armaduras pode-se originar por uma ação química ou eletroquímica,
resultando numa modificação do aço de forma contínua, até que todo o aço se transforme
em ferrugem.
A corrosão eletroquímica do aço do concreto resulta da falta de uniformidade do aço
(diferentes tipos, soldas, elementos ativos sobre a superfície do aço, assim como também
a heterogeneidade química e física do concreto que envolve a armadura. Ainda que a
potencialidade para a corrosão do aço pode existir devido à falta de uniformidade do aço,
a corrosão normalmente é prevenida pela formação de uma película de óxidos de ferro
passivante já citada. No entanto, quando as condições de utilização e ataque do meio
ambiente sobre o concreto armado ocorrem, se produz a perda da capa passivante,
desencadeando uma tríplice consequência:
• O aço diminui sua seção, e se converte completamente em óxidos;
• O concreto pode fissurar ou delaminar-se devido às pressões de expansão dos
óxidos;
• A aderência da armadura diminui ou desaparece.
O processo de corrosão pode ser subdividido em dois tipos:
a) Corrosão química:
Também denominada oxidação, é provocada por uma reação gás-metal, isto é, pelo ar
atmosférico e o aço, formando compostos de óxido de ferro (Fe2 O3). Este tipo de
corrosão é muito lento e não provoca deterioração substancial das armaduras. Como
exemplo, o aço estocado no canteiro de obra, aguardando sua utilização sofre este tipo
de corrosão.
A corrosão eletroquímica
⇒ Presença de um eletrólito
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A corrosão em espaços confinados pode ocorrer quando sobre a superfície do aço existe
um espaço suficiente resguardado que evita o acesso contínuo de oxigênio, podendo criar
zonas diferenciais de oxigênio que induzem à corrosão.
Existem várias condições para esta corrosão, como por exemplo a injeção de fissuras
com resina epóxi, quando o meio agressivo já chegou à armadura, sendo esta região
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onde se acelera pela falta de acesso do oxigênio. Outra forma de ocorrer esta corrosão é
o da execução de um revestimento do aço com epóxi, , quando a sua adesão ao aço está
deteriorada. Se, adicionalmente, há presença de cloretos, estes podem se acumular entre
o revestimento e o aço. O pH dentro deste espaço diminui e o processo de corrosão vai
se agravando o processo autocatalítico, similar a corrosão por “pit”, com a qual se origina
uma maior perda de aderência. A deterioração da aderência entre o aço e o recobrimento
pode ocorrer por dano mecânico ou por processos eletroquímicos, que podem ocorrer no
concreto ainda antes que os íons de cloretos penetrem no concreto.
A figura abaixo mostra a série de ocorrências para a corrosão das armaduras revestidas
com epóxi, sujeitas a condições muito corrosivas.
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Etapas do mecanismo de corrosão por espaços confinados (armaduras revestidas com epóxi)
Fonte: Manual de Inspeccion, Evaluacion y Diagnostico de Corrosion en estructuras de hormigón
Armado - DURAR
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Este efeito ocorre preferencialmente em concreto protendido, onde se utiliza aço de alta
resistência, devido, em geral, a presença de hidrogênio atômico difundido através do
metal. Este hidrogênio pode estar presente de diferentes fontes, como corrosão do aço,
proteção catódica, etc. A corrosão sob tensão é um fenômeno muito específico,
geralmente associado a concreto de baixa qualidade, (mau preenchimento das bainhas,
ou a presença de cloretos nos aditivos de concreto).
a) Ruptura dúctil em um aço protendido b) Ruptura frágil ao ensaiar o aço em uma solução de
bicarbonato.
Fonte: Manual de Inspeccion, Evaluacion y Diagnostico de Corrosion en estructuras de
hormigón Armado - DURAR
As fontes mais comuns deste tipo de corrente são: sistemas de proteção catódica
operando nas cercanias de estruturas de concreto armado, especialmente em meios de
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muito baixa resistividade, como em água salobra, sistemas com potência elétrica, como
os trens elétricos, metrô, máquinas de soldar, onde a estrutura conectada à terra se
encontra a certa distância dos eletrodos de solda; correntes telúricas (associadas a
atividade solar e ao campo magnético da terra).
g) Corrosão galvânica
Este tipo de corrosão pode-se dar quando existem dois metais diferentes no meio
eletrolítico. No aço do aço do concreto, esta situação se dará cada vez que em alguma
zona se danifique, ou não se forma uma capa passivadora característica. Esta zona atuará
como um ânodo, frete ao restante do material, onde permanece a passivação, o qual
atuará como cátodo. Também se poderia apresentar quando o aço se encontra em
contato com outros condutores mais nobres.
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A corrosão por ação dos cloretos ocorre pela dissolução da capa passivadora de corrosão,
pelo ingresso de através do meio externo de íons cloretos no concreto ou no caso de
contaminação da massa do concreto, como por exemplo, através da água, aditivos
aceleradores inadequados ou areia do mar.
A ação de íons de cloretos forma uma célula de corrosão onde existe uma capa passiva
intacta, atuando como cátodo, no qual se produz oxigênio e uma pequena área onde se
perdeu a capa passivadora, atuando como cátodo, na qual se produz a corrosão. As
corrosões por cloreto são autocatalíticas, e se generalizam em contínuo crescimento.
Corrosão da armadura
Fonte: Concrete Repair and Maintenance Illustrated – Peter H. Emmons
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a) Dosagem do concreto
b) Compacidade e homogeneidade
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c) Espessura de recobrimento
d) Umidade ambiental
Em um concreto seco, a resistividade elétrica é tão elevada que impede que a corrosão
se produza. Por outro lado, quanto maior é a quantidade de água no concreto, menor será
o valor de resistividade elétrica e mais elevada poderá ser, a princípio a velocidade de
corrosão.
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e) Oxigênio
f) Temperatura
A corrosão superficial do aço, não aderida, deve ser eliminada, pois interfere na sua
aderência ao concreto (importante no concreto protendido) e na criação e aderência da
capa passivadora.
O aço pode estar submetido a tensões entre 60% a 80% do seu limite elástico. Estas
elevadas tensões não representam perigo se o mesmo está isento de imperfeições e de
óxidos superficiais, e se o concreto que o envolve é de boa qualidade.
O risco de uma corrosão sob tensão existe. Este tipo de corrosão se caracteriza por
incubar microfissuras não visíveis a olho nu, que se propagam com relativa rapidez ao
interior da armadura. Alcançada uma perda de seção crítica, a armadura se rompe de
uma forma frágil, como mostra a figura abaixo, donde se pode verificar uma maior
redução de seção, em comparação com a quase nula que se detecta em uma ruptura
frágil. A única forma de se detectar este tipo de ruptura é mediante a estudos
microscópicos das superfícies fraturadas.
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j) Contato galvânico
O contato das armaduras com outros metais podem ocasionar sua corrosão. Devem ser
evitados os contatos das armaduras com outros metais, que podem polarizar até
potenciais mais anódicos. Em geral o contato aço-aço inoxidável ou aço-cobre não
produzem corrosão. O contato com zinco ou alumínio pode ser benéfico pois induzem a
uma certa proteção catódica da armadura.
k) Íons despassivantes
Dos íons despassivantes, os cloretos são os que mais afetam a armadura. O íon sulfatos
intervém na degradação do concreto, com o qual pode permitir que a armadura se
exponha ao meio ambiente, procedendo-se à corrosão.
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Sulfatos
O íon sulfato (SO4-2) pode estar presente nas águas industriais residuais, em forma de
solução diluída de ácido sulfúrico, nas águas do subsolo, nos esgotos, etc.
l) Ataque ácido
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m) Carbonatação
Uma vez que o concreto está carbonatado na região das armaduras, a despassivação
da armadura ocorre, dando lugar à corrosão da mesma.
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n) Álcali-sílica
Alguns agregados contém sílica ativa, que reagem com os álcalis contidos no cimento,
formando um gel álcali-sílica. No caso de ter suficiente água, esta reação pode
provocar uma expansão destrutiva. O processo se inicia com pequenas fissuras
irregulares geradas pela tensão expansiva da reação.
p) Íons despassivantes
q) Fissuras
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