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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENGENHARIA
RAPHAEL QUEIROZ BORGES
201824071

CORROSÃO DE ARMADURAS EM CONCRETO ARMADO

Juiz de Fora
2022
SUMÁRIO

1. Resumo 3
2. Definições 3
3. Processo de corrosão 4
4. Causas da corrosão 5
5. Patologias associadas a corrosão 6
6. Procedimentos de reparo 9
7. Referências bibliográficas 11
1. Resumo:

O trabalho a seguir visa discutir acerca da corrosão de armaduras em concreto armado,


sua definição, sobre as patologias correlacionadas e também sobre seus
procedimentos de reparo.

2. Definições:

2.1 – Corrosão
É a degradação e perda de um material e suas propriedades críticas, devido a reações
químicas e eletroquímicas do material exposto com o meio ambiente. Ou ainda, pode-
se definir como sendo a destruição gradual de materiais (geralmente metais) por
reação química e / ou eletroquímica com o meio ambiente. (Gentil, 2007).

2.2 – Concreto

O concreto é uma mistura homogênea de cimento, agregados miúdos e graúdos, com


ou sem a incorporação de componentes minoritários (aditivos químicos e adições),
que desenvolve suas propriedades pelo endurecimento da pasta de cimento (Battagin,
2009). Por ter alta resistência, é um dos produtos mais consumidos dentro da
engenharia.

2.3 – Concreto Armado


O concreto armado surgiu no século XIX na Europa, a fim de resolver um problema
muito grave encontrado naquela época, que era a fraca resistência à tração do concreto
como pedra artificial. Atualmente é o material mais usado na construção de estruturas
de edificações e grandes obras viárias como pontes, viadutos, passarelas, etc. Seu
emprego é conhecido em todo o mundo, sendo que a estrutura de concreto armado em
ambientes não agressivos, dura mais de cem anos e sem manutenção (BOTELHO,
2006).

2.4 – Armadura
A armadura do concreto armado é chamada “armadura passiva”, o que significa que
as tensões e deformações nela aplicadas devem-se exclusivamente aos carregamentos
aplicados nas peças onde está inserida. (NBR 6118/03).

Como armadura tem-se que ter um material com altas resistências mecânicas,
principalmente resistência à tração. A armadura não tem que ser necessariamente de
aço, pode ser de outro tipo de material, como fibra de carbono, bambu, etc. O trabalho
conjunto, solidário entre o concreto e a armadura fica bem caracterizado na análise de
uma viga de concreto simples (sem armadura), que rompe bruscamente tão logo surge
a primeira fissura, após a tensão de tração atuante alcançar e superar a resistência do
concreto à tração. Entretanto, colocando-se uma armadura convenientemente
posicionada na região das tensões de tração, eleva-se significativamente a capacidade
resistente da viga.

3. Processo de corrosão
Para que ocorra a corrosão da armadura no interior do concreto há quatro condições.

A primeira condição é o desaparecimento da película de óxidos que protege a


armadura. A segunda é o aparecimento de uma diferença de potencial entre dois
pontos aleatórios da armadura, que pode ser gerada pela diferença de umidade,
aeração, concentração salina, tensão do concreto e/ou do aço, impurezas do metal,
heterogeneidades inerentes ao concreto, presença de íons ou carbonatação.

A terceira condição é a presença de um eletrólito, o qual será responsável por conduzir


os íons, promovendo assim uma corrente de natureza iônica. O eletrólito também terá
a responsabilidade de dissolver o oxigênio. O eletrólito no concreto pode ser
constituído pela solução intercelular aquosa que contém íons em solução.

A quarta condição é a presença de oxigênio dissolvido na água presente nos poros do


concreto. Este oxigênio terá como função regular todas as reações de corrosão. A
corrosão da armadura no concreto mostra como a armadura funciona como eletrólito
misto, onde ocorrem reações anódicas e catódicas, e a solução contida nos poros do
concreto é o eletrólito. (Figueiredo, 2011).

O fenômeno que precede a formação da pilha eletroquímica é denominado


carbonatação do concreto e avança no concreto, da superfície para seu interior ao
longo dos anos, em maior ou menor velocidade conforme as condições de porosidade,
umidade, temperatura e presença de substâncias agressivas – como o CO2 – na
atmosfera.

Todo o aço no interior do concreto encontra-se inicialmente protegido por uma


camada (filme) de óxidos aderidos ao aço – originadas pela dissolução de hidróxidos
presentes no cimento que saturam os poros do concreto conferindo-lhe um pH entre
13 e 14 -, que o protege da corrosão. A este fenômeno dá-se a denominação de
passivação do aço.

Figura 1 – Reação química da corrosão

Fonte: FIGUEIREDO, E. J. P. Corrosão das Armaduras das Estruturas de Concreto.


Concreto: Ciência e Tecnologia. Cap. 25. Ibracon. 2011.

4. Causas da corrosão

Segundo Cascudo (1997), os principais fatores que provocam a corrosão das


armaduras são pelo meio aquoso, por danos salinos e pela carbonatação.

A corrosão pelo meio aquoso conduz à formação de óxidos e hidróxidos de ferro, de


cor avermelhada, pulverulentos e porosos, chamados ferrugem e só ocorrem nas
seguintes condições: existência de um eletrólito, diferença de potencial e presença de
oxigênio. (Rüsch, 1960).
Em praticamente todos os casos de corrosão aquosa, a reação é essencialmente de
natureza eletroquímica. Isto significa que há fluxo de eletricidade de algumas áreas
do metal para outras por meio da solução aquosa, capaz de conduzir eletricidade.

De acordo com Pagotto (2013), o processo de degradação devido ao dano salino pode
ser dividido em quatro estágios. Primeiro o período latente, quando a quantidade de
íon cloreto, na posição de embaçamento do material de aço, atinge 1,2 kg/m³. Em
seguida o período de progressão, no início da corrosão do material de aço até a
ocorrência de rachaduras por corrosão. Depois o período de aceleração, quando a taxa
de corrosão aumenta gradativamente. Por fim, a deterioração, quando a capacidade
de carga cai notavelmente, devido ao aumento da quantidade de corrosão.

Figura 2 – Corrosão em armadura

Fonte: https://www.tecnosilbr.com.br/corrosao-de-armadura-o-que-causa-e-como-
amenizar-esse-dano/

5. Patologias associadas a corrosão


5.1 – Corrosão pelo fenômeno de carbonatação

A carbonatação do concreto acontece com a redução da alcalinidade nas superfícies


expostas do concreto, através da ação do gás carbônico (CO2) presente no ar e outros
gases ácidos como dióxido de enxofre (SO2) e ácido sulfídrico (H2S). Esta
característica pode ser explicada pela hidratação crescente do cimento, além do
carbonato de cálcio (CaCO3), próprio produto da reação de carbonatação que
preenche os poros superficiais dificultando o acesso do gás carbônico presente no ar,
no interior do concreto. Geralmente, a carbonatação é uma condição fundamental para
o início da corrosão das armaduras. A carbonatação acontece de fora para dentro no
concreto. Quando alcança as armaduras, provoca desestabilização da camada passiva
protetora, iniciando assim, o processo de corrosão do aço. (Cascudo, 1997).

A carbonatação é dependente de fatores como: técnicas construtivas, transporte,


lançamento, adensamento e cura do concreto, condições ambientais: (atmosferas
rurais, industriais ou urbanas), tipo de cimento, umidade do ambiente, e muito maior
quanto maior for a relação água cimento. (Tuuti, 1982).

Com a redução da alcalinidade do concreto para níveis inferiores a 9 do seu pH, a


camada passivadora começa a ficar vulnerável ao ataque de vários agentes presentes
no meio ambiente, e entre eles está o dióxido de carbono (CO2) liberado pelas fábricas
e pelos veículos. (Souza e Ripper, 1998).

Figura 3 – Carbonatação em concreto armado

Fonte: https://www.tecnosilbr.com.br/o-que-e-e-como-ocorre-a-carbonatacao-do-
concreto/
5.2 – Corrosão pelo ataque de cloretos

Os íons de cloreto diferentemente da carbonização, degradam tanto o concreto quanto


o aço na estrutura. Sua origem em grande maioria é pela água dos oceanos, que
possuem em sua composição uma grande parcela de íons, da qual o mais aparente são
os íons cloretos. (Meira, 2017).

Figura 4 – Ataque de cloretos no concreto armado

Fonte: http://sasolucoes.com.br/ataque-do-cloreto-no-concreto/

5.3 – Corrosão por ataque de sulfatos

Podendo ser encontrado no solo, nas águas naturais (do mar, da chuva e de lençóis
freáticos), nas águas agrícolas, nos efluentes industriais e sanitários, ele é
caracterizado como um dos mais deteriorantes agentes das estruturas de concreto.
Além da ação externa (quando os sulfatos provenientes do meio externo penetram o
concreto por meio de seus poros ou fissuras), os sulfatos podem atacar a estrutura
internamente, visto que eles podem ser encontrados na água de amassamento, nos
agregados, nos aditivos do concreto, nas adições do cimento ou no próprio cimento
(Costa, 2004 apud Santos, 2012).
Dentre os sulfatos que atacam o concreto, destacam-se o Sulfato de Sódio (Na2SO4),
o Sulfato de Magnésio (MgSO4), Sulfato de Amônia (NH4SO4), Sulfato de Potássio
(K2SO4) e o Sulfato de Cálcio (CaSO4).

Figura 5 – Ataque de sulfatos no concreto armado

Fonte:
http://aquarius.ime.eb.br/~webde2/prof/ethomaz/cimentos_concretos/ataque_por_su
lfatos.pdf

6. Procedimentos de reparo

Na patologia de corrosão das armaduras os melhores artifícios para o correto reparo


são a colocação de grampos de aço que tem como propósito suportar o efeito de tração
produzido, desta forma ocorre a inserção deste material perpendicularmente à fissura
no concreto, inibindo o avanço desta patologia no local. Outra técnica é por meio da
injeção na fissura quando já possui uma abertura considerável, da qual são inseridos
pequenos furos que servirão para a instalação de tubos metálicos ou plásticos que
dentro dos mesmos serão injetados resina epóxi, calda de cimento ou poliuretano
hidro expansivo para preencher todos os espaços da patologia.

Figura 6 – Injeção de fissuras

Fonte: Souza e Ripper (1998, p. 123).

Na patologia de corrosão das armaduras os melhores recursos para reparar quando já


se encontram exposta as intemperes são pelo uso inicialmente de inibidores de
corrosão. Em casos de maior deterioração o correto a executar é a recuperação
estrutural do elemento deteriorado. Para isso é necessário e importante se atentar as
seguintes etapas: realizar a análise dos locais deteriorados, para depois demarcá-los
para em seguida remover todo o substrato deteriorado por talhadeira, serra mármore,
martele, etc. Posteriormente é realizada a limpeza da armadura por escova de aço,
jatos d´água, etc. Em seguida é aplicado um material anticorrosivo na armadura
exposta pelo uso de primer epóxi ou zarcão para depois criar uma ponte de aderência
podendo ser feita de pasta de cimento, argamassa polimérica ou resina epóxi para
garantir a aderência do antigo com o novo substrato, em que pode ser feito por
argamassa ou por grautes. Em casos ainda mais graves de deterioração do concreto
armado é feito o reforço estrutural no elemento através do método mais usual na
construção civil, o encamisamento da peça deteriorada, assim é feito uma nova
camada de concreto mais espessa ao redor da antiga deteriorada.

Figura 7 - Reparo estrutural de armaduras expostas as intemperes

Fonte: https://www.aecweb.com.br/revista/materias/corrosao-do-concreto-e-
causada-por-umidade-e-gases-nocivos/6412

7. Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de


concreto – Procedimento, NBR 6118. Rio de Janeiro, ABNT, 2003, 221p.

BATTAGIN, A.F. Uma breve história do cimento Portland. Disponível em <http://

www.abcp.org.br/basico_sobre_cimento/historia.shtml>.

BOTELHO, M. H. C. Concreto armado, eu te amo, para arquitetos. São Paulo: Edgard


Blucher, 2006, p. 34.

CASCUDO, O. O controle da corrosão de armaduras em concreto: Inspeção e


técnicas eletroquímicas. São Paulo: PINI, 1997.
FIGUEIREDO, E. J. P. Corrosão das Armaduras das Estruturas de Concreto.
Concreto: Ciência e Tecnologia. Cap. 25. Ibracon. 2011.

GENTIL, Vicente. Corrosão. Rio de Janeiro, Editora LTC, 2007.

MEIRA, Gibson Rocha. Corrosão de armaduras em estruturas de


concreto: Fundamentos, diagnóstico e prevenção, 1. ed. João Pessoa: IFPB, 2017,
130 p.

PAGOTTO, J. F. Métodos de Proteção Contra a Corrosão de Ligas


Metálicas. 2013. 173.

RÜSCH, H. Researches toward a general flexural theory for structural concrete.


Journal of the American Concrete Institute, Detroit, v. 57, p. 1-28, jul. 1960.

SANTOS, M. R. G., Deterioração das estruturas de concreto armado – estudo de


caso. 2012. 122f. Monografia (Curso de Especialização em Construção Civil)
Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, 2012. Disponível em:
<http://pos.demc.ufmg.br/novocecc/trabalhos/pg2/88.pdf> .

SOUZA, Vicente Custódio Moreira de; RIPPER, Thomaz. Patologia, recuperação e


reforço de estruturas de concreto armado, 1. ed. São Paulo: Pini, 1998, 259 p.

TUUTI, K. Corrosion of steel in concrete. Stockholm, Swedish Cement and


Concrete. Research Institute, 1982.

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