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INIBIDORES MULTIFUNCIONAIS PARA SANEAMENTO

DA CORROSÃO EM ESTRUTURAS DE CONCRETO


ARMADO
PAULO DE TARSO Pereira Ribeiro

M.Sc. Engenheiro Civil, Docente do Curso de Patologia de Estruturas de Concreto Armado


e Técnicas de Recuperação do SENAI, Diretor do escritório de consultoria e diagnóstico de
estruturas TARSO Engenharia Ltda., Rua 19 de Fevereiro, 51, 3º andar, Botafogo, RJ.
tarso@gbl.com.br

Luiz Roberto Martins de MIRANDA

Ph.D. Eng. Metalúrgico, Professor do departamento de metalurgia, COPPE/UFRJ, Centro


de Tecnologia, Bloco H, sala 203, Ilha do Fundão, Cidade Universitária, RJ.
miranda@metalmat.ufrj.br

1 ABSTRACT

Corrosion of stee tendons in concrete structures can be avoided either by cathodic


protection, inhibitors added to the cement paste or directly applied in reinforced concrete
surface. The performance of both techniques can be evaluated by means of
electrochemistry measurements, like electrode potential and polarization curves. Present
paper shows 3 practical cases where a multifunctional inhibitor was employed and
monitoring by means of polarization curves of 1020 steels in the presence of previously
aqueous extract obtained by samples of concrete structures.

2 INTRODUÇÃO

A tradicional abordagem para os serviços de recuperação do concreto armado


especificados nos processos usuais, incluem vistoria, remoções, pastas e argamassas
cimentícias de reparo, acabamento e aplicação de películas protetoras.
Por definição, um inibidor é uma substância que retarda a velocidade de uma reação
química. Seu uso é vastamente empregado em praticamente todos os sistemas práticos em
que o eletrólito permanece confinado em sistemas fechados, tais como, tubulações,
tratamentos d´água de refrigeração, caldeiras, etc... De igual forma, os inibidores de
corrosão podem ser utilizados em estruturas de concreto armado (edificações,
reservatórios, estruturas marinhas, pontes e demais obras de arte, etc.).
É preciso reconhecer, todavia, que os inibidores de corrosão não fazem curas
milagrosas, impedindo totalmente a corrosão. Eles “ganham tempo” retardando o início da
corrosão e simultaneamente reduzindo a velocidade desta.

2.1 Patologia das Estruturas de Concreto Armado

As estruturas de concreto armado, a partir de sua execução sofrem processos


degenerativos causados por diversos agentes, atuando separadamente ou em conjunto.
O concreto é meio adequado para a proteção das armaduras de aço. Esta situação,
no entanto, se altera em função da ação do CO2 atmosférico (carbonatação) que
lentamente, da periferia da peça para o interior, diminui o pH alcalino protetor e passivador
das armaduras. Este processo é função também da umidade relativa do ambiente sabendo-
se que se dá em maior intensidade para valores de cerca de 60 a 80% de umidade relativa.
Aliado à carbonatação, a contaminação do concreto por cloretos acelera o processo
corrosivo pela potencialização das pilhas eletroquímicas aumentando a dissolução do íon
Fe++, mesmo em condições de alcalinidade adequada, caracterizando a corrosão pontual, e
à estricção das barras da armadura.

2.2 Corrosão Eletroquímica

A corrosão das armaduras em concreto armado é uma reação eletroquímica de


oxidação e se processa na superfície das armaduras, causando gradativa perda de seção.
É causada pela formação de pilhas que naturalmente se estabelecem em função de
diversos fatores (aeração diferencial, frestas, tensões diferenciais, contato com outros
metais, imposição de deformações diferenciais, etc), desde que haja um eletrólito (no caso,
o concreto) e sejam satisfeitas as condições termodinâmicas para sua ação (condições de
alcalinidade e potencial de eletrodo).
A passagem de correntes de fuga, correntes de retorno ou de outras correntes
contínuas através do concreto, pode também causar corrosão considerável nas armaduras.
O metal, na região anódica (onde há oxidação) é transportado, sob a forma de íons,
pelo eletrólito para catódica (onde há redução) que, associado ao oxigênio, forma a
ferrugem.
A corrosão metálica por ser um fenômeno eletroquímico, segue a lei de Faraday
que expressa a perda de massa do metal (metal que forma o óxido, no caso a ferrugem –
Fe2O3 ou Fe3O4) em função da corrente que circunda as áreas anódicas e catódicas da pilha
de corrosão. Como exemplo, uma corrente de 1 mA (Amper/103) representa, em um ano,
uma perda de massa de 9,1 g de aço.

Figura 1: Diagrama de Pourbaix para o Figura 2: Pilha eletrolítica de corrosão


sistema ferro-água.

Pode-se classificar a velocidade de corrosão em µA (Amper/106) conforme abaixo:

I (densidade de corrente) < 0,2 µA / cm2 Condição de passivação


I entre 0,2 e 0,5 µA / cm2 Baixa taxa de corrosão
I entre 0,5 e 1,0 µA / cm2 Moderada taxa de corrosão
I > 1 µA / cm2 Alta taxa de corrosão
2.3 Inibidores de Corrosão

As formulações de inibidores de corrosão podem variar grandemente sua


performance anticorrosiva, não possuindo todos a mesma classificação genérica. Os três
tipos principais são:

2.3.1 Inibidores Anódicos

Como o nome diz, inibidores anódicos inibem a reação de corrosão no anôdo. É de


grande importância a correta quantidade de sua aplicação: dosagens insuficientes podem
falhar para eliminação de todos os pontos anódicos e ainda conduzir a altas taxas de
corrosão entre as áreas catódicas e anódicas, levando a aceleração da corrosão nos pontos
anódicos remanescentes. No diagrama de Pourbaix, representado acima na figura 1, os
valores de potenciais e de pH devem se situar na região de passivação, onde a superfície
está protegida por um filme passivo.

2.3.2 Inibidores Catódicos:

Reduz a reação no catôdo e impede o oxigênio, formador dos óxidos de ferro, de


atingir o aço. Embora ele possa reduzir a velocidade de corrosão, geralmente é menos
eficaz que os inibidores anódicos. No diagrama de Pourbaix, tal inibidor deve se situar na
região dita de imunidade.

2.3.3 Inibidores Multifincionais:

Possuem efeito sinérgico, combinando os benefícios dos dois outros tipos, em


concentrações relativamente baixas. Aplicado na superfície do concreto ainda íntegra, com
rolo ou aspersor, o inibidor penetra internamente tanto na fase líquida como na fase vapor,
e ainda, devido à afinidade com o aço, forma película adsorvida de espessura de cerca de
100 a 1000 ângstrons na superfície da armadura. No concreto carbonatado, os hidróxidos
na superfície do aço são deslocados (repelidos). No concreto impregnado por cloretos,
desloca-os (tipicamente acima de 2%) da superfície do aço.
O inibidor reduz igualmente a dissolução de ferro no anôdo e o acesso de oxigênio
no catôdo, gerando densidade de corrente desprezível e redução da velocidade de corrosão.
No presente artigo, foi empregado um inibidor comercial SIKA FERROGARD
903.

3 INSPEÇÃO E DIAGNÓSTICO DA CORROSÃO

Para a caracterização dos processos corrosivos em estruturas de concreto armado,


faz-se necessário a seguinte estrutura de investigações e ensaios de campo/laboratório:

a) Inicialmente, uma vistoria detalhada e registro das anomalias para programação dos
pontos de ensaios, que se compõe conforme segue:
b) Demolição localizada de pontos característicos nas estruturas de concreto com sinais
visuais de corrosão e pontos ainda sem estes sinais;
c) Nos pontos de inspeção abertos conforme b), efetuar medição em campo da
profundidade da frente de carbonatação mediante aspersão de reagente colorimétrico
fenolftaleína e/ou timolftaleína e/ou fitas de pH, de forma a se conhecer à tendência da
estrutura quanto à despassivação das armaduras;
d) Nos pontos de inspeção abertos conforme b), efetuar medição em campo dos potenciais
de corrosão (potenciais de eletrodo) existentes para o sistema concreto-aço, de forma a
se conhecer o grau de probabilidade da ocorrência dos processos corrosivos
eventualmente instalados ou insipientes;
e) Determinação da resistência à compressão do concreto mediante a ensaio de cravação
de pinos, nas áreas objeto da investigação, para se conhecer a tendência deste elemento
(inferindo o grau de porosidade e o provável teor de cimento pela resistência mecânica
obtida) na contribuição dos processos para melhor elaborar o projeto de recuperação;
f) Retirada de amostras do concreto demolido para análise dos teores de cloretos totais,
verificação exata do pH;
g) Retirada de amostras de concreto para elaboração em laboratório de curvas de
polarização anódica de forma a se determinar a cinética do processo corrosivo, ou seja
a velocidade da corrosão, naquele ambiente em que está instalada a estrutura;
h) Retirada seqüencial de material pulverizado mediante uso de furadeira, de modo a se
traçar a progressão da contaminação por cloretos;
i) Aplicação de inibidor de corrosão multifuncional em áreas de teste para monitoração
de seus efeitos, de forma a se conhecer os recursos e as dosagens mais eficientes para a
estabilização ou minoração dos processos corrosivos;
j) Monitoração do comportamento dos potenciais de eletrodo nas áreas de teste conforme
acima preparadas, de forma a se verificar tendência de estabilização;
k) Nova retirada de amostras de concreto, conforme item g), para avaliação das alterações
nos processos corrosivos por ensaios de laboratório;

3.1 Ensaios de Campo

3.1.1 Ensaios de Potenciais de Eletrodo

Trata-se de grandeza eletroquímica que indica, a tendência de comportamento


quanto a corrosão do metal exposto a um determinado meio.
A Norma ASTM 876-91 ”Half-Cell Potentials of Reinforcing Steel in Concrete”
apresenta correlação qualitativa e empírica entre o comportamento do potencial de eletrodo
medido com relação a um eletrodo de referencia Cu/Cu(SO4) e a probabilidade de
ocorrência de corrosão do aço nestas condições, segundo a tabela simplificada abaixo:

Tabela 1: Probabilidade de corrosão – ASTM 876-91

Potencial de eletrodo (mVesc) Probabilidade de corrosão (ASTM 876-91)


E > -200 < 5%
-200 > E > -350 Incerta (50%)
-350 > E > 95%

3.1.2 Determinação da Resistência do Concreto

O método brasileiro de penetração de pinos, desenvolvido pelo Prof. Engº.


Domingos de Pontes Vieira apresenta vantagens em relação ao método tradicional por
esclerômetro ou martelo de percussão mecânica por se aplicar à concretos de qualquer
idade, carbonatado ou não, peças de qualquer inércia e independe das curvas de calibração
ou do agregado utilizado. Consiste da cravação de pinos de 55 mm de aço disparados por
cartuchos CBC carga vermelha por equipamento Walsiwa.

3.2 Ensaios de Laboratório

3.2.1 Ensaios de Teores de Cloretos Totais

Procede-se à extração de amostras para avaliação dos teores de cloretos totais,


sendo os ensaios executados pelo método de determinação por volumetria em solução
aquosa mediante reagente Nitrato de Prata.
Algumas normas fixam teores máximos admissíveis acima dos quais a
probabilidade de se iniciarem processos corrosivos se torna importante.

Tabela 2: Teores admissíveis de cloretos

NORMAS PAIS TEOR ADMISSÍVEL (% sobre peso de cimento)


EH - 88 Espanha 0,40
EN - 206 Espanha 0,40
BS - 8110/85 Inglaterra 0,20 - 0,40 - função do tipo de cimento
ACI - 318/83 EUA 0,15 - 0,30 - 1,00 - função de condições ambientais
NBR - 6118/80 Brasil NÃO VERSA SOBRE O TEMA

3.2.2 Cinética do Processo Corrosivo – Curvas de Polarização

As curvas de polarização anódicas são representações da relação entre o potencial


de eletrodo e a densidade de corrente, obtidas quando a superfície metálica está imersa
num determinado meio. No presente caso o metal é o da estrutura e o meio é o concreto, de
onde é preparado o estrato aquoso.
Em laboratório, se processa à simulação das condições de corrosão existentes na
edificação mediante a variação dos potenciais de eletrodo e leitura da densidade de
corrente em uma célula composta por eletrodo de platina, amostra do aço da estrutura
imersos em eletrólito composto pelo extrato aquoso que se obtém da moagem de amostras
de cerca de 1 Kg do concreto da edificação.
Com a finalidade de facilitar a compreensão das curvas de polarização, apresenta-se
3 esquemas teóricos abaixo.

Figura 4: Possibilidades teóricas para curvas de polarização anódicas.


Em laboratório, se processa à simulação das condições de corrosão existentes na
edificação mediante a variação dos potenciais de eletrodo e leitura da densidade de
corrente em uma célula composta por eletrodo de platina, amostra do aço da estrutura
imersos em eletrólito composto pelo extrato aquoso que se obtém da moagem de amostras
de cerca de 1 Kg do concreto da edificação.

4 CASOS

Procede-se a análise de 3 casos práticos em que se diagnosticou o grau de


deterioração das estruturas e se procedeu à investigação da eficiência do inibidor de
corrosão multifuncional.

4.1 Caso 1

4.1.1 Caracterização da Estrutura

A estrutura e concreto armado aparente, executados in situ, construída em meados


da década de 80, com 3 blocos de 14 andares tipo e um pavimento mecânico cada,
pavimento de utilização comum, térreo e dois subsolos de estacionamento.
As fachadas da edificação são compostas por varandas em balanço de lajes,
coroadas por vigas (muretas) semi-invertidas não estruturais.
Observou-se incidência de processos corrosivos nas fachadas por falha
executiva; recobrimentos das armaduras, por vezes, inexistentes; ação constante dos
ventos dominantes conduzindo cloretos; alta umidade.

4.1.2 Resumo dos Resultados

a) Os potenciais de corrosão denotam alta probabilidade de corrosão, mantendo-se


em valores mais negativos que –200 mVesc;
b) Alta porosidade do concreto executado, o que se denota pelos ensaios de
carbonatação, em que, via de regra, o avanço da frente ultrapassa o nível das
armaduras;
c) Os teores de cloretos verificados são excessivamente altos, tendo-se verificado
teores de cloretos totais da ordem de 5% sobre o peso de cimento;
d) Baixa resistência do concreto executado, constatado pelos ensaios de
esclerometria executados;
e) As curvas de polarização confirmam as altas probabilidades de corrosão obtidas
em campo. Denota-se o comportamento das curvas de polarização sem patamar de
passivação com valores de pico da intensidade de corrente da ordem de 3 µA,
valor considerado como indicativo de alta taxa de corrosão. Tal comportamento é
concordante com os índices de cloretos;
f) Os ensaios de eficiência da ação do inibidor de uso tópico mostrou-se satisfatório
tanto na equalização dos potenciais de eletrodo medidos e monitorados em campo,
como na reversão das curvas de polarização para um aspecto em que se evidencia
um maior patamar de passivação e valores de pico da intensidade de corrente para
valores considerados como de baixa atividade de corrosão. Esta equalização para
valores da ordem de –250 mVesc denota um mesmo comportamento em todos os
pontos monitorados em campo, convergindo com o ponto de início das curvas de
polarização de laboratório se dá para este valor.
Tabela 3: Monitoração de potenciais sob ação de inibidor

Ponto Potencial Probabili- Potencial Probabili- Potencial Probabili- Potencial Probabili-


(mVesc) dade de (mVesc) dade de (mVesc) dade de (mVesc) dade de
19/11/99 corrosão 5/12/99 corrosão 10/12/99 corrosão 21/12/99 corrosão
(%) (%) (%) (%)
11a -190 5 -202 50 -230 50 -228 50
11b -220 50 -174 50 -233 50 -223 50
11c -320 50 -204 50 -242 50 -223 50
11d -420 95 -285 50 -247 50 -261 50
11e -220 50 -228 50 -232 50 -259 50
11f -250 50 -210 50 -218 50 -233 50
12a -175 5 -204 50 -224 50 -218 50
12b -145 5 -190 5 -226 50 -222 50
12c -269 50 -197 5 -240 50 -218 50
12d -210 50 -196 5 -240 50 -235 50
12e -247 50 -208 50 -231 50 -255 50
12f -290 50 -195 5 -217 50 -260 50
13a - - - - -271 50 -235 50
13b - - - - -278 50 -248 50
13c - - - - -286 50 -242 50

Figura 5: Curvas de Polarização Anódica de referência e de eficiência do inibidor

4.2 Caso 2

4.2.1 Caracterização da Estrutura

A edificação compõe-se estrutura de concreto armado executada in situ, em


esquema estrutural que contempla, nos pavimentos tipo, a coexistência de elementos em
viga e painéis em laje cogumelo, com alvenarias de vedação em blocos cerâmicos
revestidos de argamassa, assentes sobre vigas ou lajes, sendo as varandas da edificação
extensões dos trechos em lajes cogumelo com vigas de bordo em concreto aparente com
função estrutural apenas de enrigecimento. A estrutura data de meados da década de 80,
composta por um bloco de 22 andares tipo e um pavimento mecânico, pavimento de
utilização comum, térreo e dois pavimentos de estacionamento sendo um subsolo.

4.2.2 Resumo dos Resultados

a) Presença de processos corrosivos nas vigas de fachada em estado avançado; falha


executiva com recobrimentos das armaduras por vezes inexistentes; má qualidade
do concreto; ação constante dos ventos dominantes conduzindo cloretos à
estrutura e a alta umidade;
b) Via de regra, as armaduras encontram-se em processos corrosivos mesmo sem
ainda apresentarem fissuração do concreto e recobrimento, verificado pelas
janelas de inspeção realizadas para as medidas de potenciais e carbonatação;
c) Intervenções de recuperação executadas anteriormente a cerca de 5 anos já
apresentam falhas e reincidência de processos corrosivos, provavelmente em
função da ausência de manutenção dos esquemas protetores das fachadas;
d) A má qualidade do concreto, 18,2 MPa (fcm), na média;
e) Alta porosidade do concreto executado, o que se denota pelos ensaios de
carbonatação, em que, via de regra, o avanço da frente ultrapassa o nível das
armaduras;
f) Os teores de cloretos verificados são excessivamente altos, da ordem de 10%
sobre o peso de cimento;
g) O comportamento das curvas de polarização sem patamar de passivação, com
valores de inflexão (traçado gráfico) da intensidade de corrente da ordem de 800
µA, apresentando grandes densidades de corrente já a partir de potenciais da
ordem de –490 mVesc até o limite das leituras + 130 mVesc, ou seja em toda a faixa
de potenciais possíveis de ocorrer em concreto armado sob condições usuais. Tal
comportamento indicado também é concordante com os índices de cloretos
verificados, confirmando-se um conjunção elementos;
h) Os ensaios de eficiência do inibidor mostrouram-se altamente satisfatório tanto na
equalização dos potenciais de eletrodo medidos e monitorados em campo, como
na reversão das curvas de polarização para um aspecto em que se evidencia a
migração do potencial de corrosão para valores mais positivos (-240mV esc) um
maior patamar de passivação e valores de inflexão da intensidade de corrente para
valores considerados como de passivação (0,32 µA). A equalização para valores
da ordem de –240 mVesc denota um mesmo comportamento em todos os pontos
monitorados em campo.

Tabela 4: Monitoração em campo de potenciais sob ação de inibidor

Ponto Potencial Prob. de Potencial Prob. de Potencial Prob. de Potencial Prob. de


(mVesc) corrosão (%) (mVesc) corrosão (%) (mVesc) corrosão (%) (mVesc) corrosão (%)
23/5/00 (ref.) 5/6/00 10/7/00 28/7/00
1a -180 5 -230 50* -225 50* -228 50*
1b -210 50 -260 50* -250 50* -253 50*
1c -328 50 -290 50* -262 50* -260 50*
Figura 6: Curvas de Polarização Anódica de referência e de eficiência do inibidor

4.3 Caso 3

4.3.1 Caracterização da Estrutura

As estruturas, bases de tanques de GLP, compõem-se de elementos de concreto


armado aparente, executados in situ, construída em meados da década de 70, sendo
compostos por radiêres (lajes de fundação) nos tanques TQ 1 e TQ 3 e por estacas e blocos
de coroamento no tanque TQ 2.

Figura 7: Corte da fundação do Tanque 1 evidenciando-se a laje em rediê.

A inspeção visual dos elementos estruturais das fundações dos tanques


permitiu verificar situações características, recorrentes em toda a sua extensão, quais
sejam:

4.3.2 Resumo dos Resultados

a) Presença de processos corrosivos nas armaduras das lajes superiores dos 3


tanques, notadamente onde as armaduras apresentavam falta de recobrimento;
b) A presença de umidade permanente em função da condensação da umidade
atmosférica proveniente do sistema de refrigeração dos tanques;
c) A presença de processos corrosivos nos pilares, notadamente nos tanques 1 e 3,
por serem estes elementos ligações físicas entre dois ambientes (atmosférico e
subterrâneo saturado), com avançada corrosão nas zonas de transição;
d) A inexistência de sistema de drenagem adequado permitindo que as estruturas
enterradas (lajes em radiê) acumulem água proveniente das chuvas;
e) Inexistência de revestimentos protetores tais como emboço de argamassa, pinturas
especiais, etc.;
f) Nas partes expostas à atmosfera, notadamente nas armaduras das lajes, as leituras
dos potenciais de corrosão indicam média probabilidade, com valores mais
negativos que –100 mVesc;
g) Nas partes da estrutura em contato com o solo, os potenciais de corrosão apontam
para valores mais negativos, indicando maior probabilidade de ocorrência destes
fenômenos, notadamente nas zonas enterradas dos pilares do tanque 2 e lajes
inferiores dos tanques 1 e 3;
h) O mapemaneto dos potenciais de corrosão ao longo da altura, em pilares dos 3
tanques, para o que se selecionou pilares em bom estado, médio estado e mau
estado de conservação, se verificou haver uma tendência à potenciais mais
positivos nas partes superiores e mais negativos nas partes inferiores, notadamente
nos pilares do tanque 2, o que confirma serem os processos observados
decorrentes da coexistência nestas peças de 2 meios (atmosfera e solo);
i) Os ensaios carbonatação apontaram para processos já avançados, quer nas lajes
quer nos pilares, em seus trechos expostos, porém ainda me níveis de alcalinidade
fracamente protetores das armaduras. Tal se evidencia pela coloração rosada dos
ensaios colorimétricos e não vermelho forte como seria caso o concreto ainda
mantivesse a alcalinidade protetora;
j) Os teores de cloretos verificados estão dentro dos limites considerados aceitáveis
pelas normas que versam sobre o assunto, todavia deve-se denotar que não são os
principais geradores dos processos verificados;
k) As resistências mecânicas do concreto verificadas nos diversos pontos de
inspeção, apontam para valores médios de 24 MPa (fcm), indicativo de relativa
porosidade do material;
l) As curvas de polarização confirmam a ocorrência de processos corrosivos
instalados à taxas de média velocidade de corrosão, já indicadas pelas leituras de
potencial de eletrodo. Em algumas situações observou-se altas ou altíssimas taxas
de corrosão, notadamente nas regiões associadas com o contato com o solo. Tal
comportamento verificado nas curvas de polarização (patamares de estabilização e
correntes da ordem de 2 a 5 µA);
m) Os ensaios de eficiência da ação do inibidor mostraram-se satisfatórios
(equalização dos potenciais de eletrodo em campo e reversão do aspecto das
curvas para um maior patamar de passivação) com valores de pico da intensidade
de corrente para valores considerados como de baixa atividade de corrosão. A
equalização para valores da ordem de –150 mVesc denota um mesmo
comportamento em todos os pontos monitorados em campo, com os ponto de
início das curvas de polarização de laboratório.
Amostra de referência Amostra com inibidor à 500 g/m² Água com inibidor de massa à 5% sobre peso de cimento Água agressiva ácida

400 400
Potenciais de dletrodo - Sulfato Mercuroso (mV) Potenciais de dletrodo - Sulfato Mercuroso (mV)

200 200

0 0
1,00E-01 1,00E+00 1,00E+01 1,00E-02 1,00E-01 1,00E+00 1,00E+01 1,00E+02
Densidade de corrente (µA/cm²) Densidade de corrente (µA/cm²)
-200 -200

-400 -400

-600 -600

-800 -800

-1000 -1000

Figuras 8: CPA em pilares. Figura 9: CPA no eletrólito.

Observa-se na Figura 8, curvas de polarização de 2 amostras de pilar do tanque 3.


Observa-se de redução das velocidades de corrosão (de 5,3 µA/cm² para cerca de 1,4
µA/cm²).
Na figura 9, Curvas de polarização da água do terreno (tanque 3), onde se observa
alteração completa no comportamento do meio na permissividade para com os processos
corrosivos, indicando boa resposta do inibidor para esta condição crítica.

Tabela 5: Comportamento dos potenciais de corrosão em pilares tomados ao longo de


toda a altura (zonas enterrada e exposta).

Tanque 2 - Pilar
1º semana 2º semana 3º semana
30 -6 -40 -105 -30 -60 -105 -100 -80
20 -45 -110 -120 -50 -115 -141 -70 -115
-70 -100 -70 -70 -100 -60 -70 -90 -120
-160 -110 -160 -100 -126 -150 -130 -120 -130
-230 -170 -200 -220 -170 -200 -228 -170 -190
média -94,7 média -112 média -124
sd 79 sd 55,1 sd 44,4
sd/média -0,83 sd/média -0,49 sd/média -0,36

Observa-se igualmente as mesmas tendências de redução na dispersão dos


resultados lidos com o tempo e tendência de homogeneização dos valores de
potenciais para valores pouco mais negativos, também dentro da faixa de 5% de
probabilidade de corrosão

5 CONCLUSÕES

O melhor caminho para determinar a eficiência de qualquer inibidor é por


instalação de completo monitoramento da corrosão no campo. Medições isoladas com
semi-pilhas podem fornecer indícios limitados da probabilidade de corrosão, não
necessariamente informações sobre sua extensão ou velocidade. Um completo
monitoramento envolve coleta de dados do ensaios através da técnica de curvas de
polarização por pontos embutidos no concreto ou superficiais. A interpretação e análise
dos dados das medições deverá ser efetuado somente por técnicos especializados em
corrosão de concreto armado.
Em projetos de maior importância deve-se considerar no custo global aqueles
destinados à monitoração da corrosão como estratégia geral de manutenção e recuperação.
Para permanecer efetivo por longo prazo, o inibidor dependerá sobretudo da
estratégia geral de controle da corrosão. Na maioria dos casos, o inibidor deve ser usado
tanto parcialmente quanto como sistema completo de recuperação e saneamento, inclusive
antes de pinturas com películas protetoras ou hidrofóbicas.
O aumento da vida útil depende da performance individual dos componentes,
principalmente das camadas protetoras.
Alguns estudos estimam um aumento da vida útil das estruturas em cerca de 15 à
20 anos.
Inibidores de corrosão não são mais “a nova brincadeira nas estruturas de concreto
armado”. Sua aplicabilidade é eficaz face à existência de grande quantidade de referências
de campo e de estudos em laboratórios.
A relação custo-benefício depende das características específicas da obra e em
referências recentes, sua aplicação resulta em economias da ordem de 30% em relação aos
sistemas convencionais.
Corretamente usados, os inibidores de corrosão podem agora proporcionar valiosa
contribuição à longo prazo na estratégia de recuperação e manutenção de concreto armado.

6 BIBLIOGRAFIA

POURBAIX, Marcel. (1974), -“Atlas of Eletrochemical Equilibria in Aqueous Solutions”-


NACE, Houston, USA.

POURBAIX, Marcel (1987), -“Lições de Corrosão Electroquímica”- Cebelcor, Bruxelas,


3ª. ed.

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