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Resumo
O presente estudo teve por objetivo avaliar a influência de cinco condições de limpeza de barras de
aço carbono, realizadas anteriormente a moldagem de lajes de concreto armado, nas leituras de
densidade de corrente de corrosão e potencial de corrosão, ao longo de 144 dias. Em relação a
densidade de corrente de corrosão, pode-se observar uma gradativa diminuição dos valores, ao longo
do tempo, para todos as cinco condições estudadas. Em relação ao potencial de corrosão, as leituras
mostraram uma baixa variação entre as condições. Nos primeiros dois dias as leituras ficaram na faixa
de -486 mV a -550 mV, indicando uma probabilidade de corrosão de 90% e aos 100 dias elas ficaram
entre -158 mV a -323 mV, indicando uma probabilidade de corrosão próxima aos 10%. Pode-se
concluir que apesar da corrosão inicial das barras, o aço no interior do concreto tende a diminuir
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3o Encontro Luso-Brasileiro de Degradação em Estruturas de Concreto Armado
São Carlos, São Paulo, Brasil
22 a 24 de agosto de 2018
Abstract
The present study aimed to evaluate the influence of five carbon steel cleaning conditions, prior the
molding of reinforced concrete slabs, in the parameters of corrosion speed and corrosion potential,
over 144 days. In relation to the corrosion rate, it is possible to observe a gradual decrease of the
values, over time, for all five conditions studied. The corrosion potential showed a low variation
between the conditions. In the first two days the monitoring was in the range of -486 mV to -550 mV,
indicating a probability of corrosion of 90% and at 100 days they were between -158 mV to -323 mV,
indicating a probability of corrosion close to 10%. It can be concluded that despite the initial corrosion
of the bars, the steel inside the concrete tends to gradually decrease its corrosion rate and gradually
increase the corrosion potential.
Keywords: Durability, Steel Reinforcements Corrosion, Linear Polarization, Passivation of Steel Reinforcements.
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1 Introdução
A corrosão das armaduras é considerada um dos principais mecanismos deteriorantes às
estruturas de concreto armado [1, 2]. Este processo eletroquímico é o maior responsável
pela corrosão de armaduras e ocorre quando o aço é sujeito a um meio com
disponibilidade de uma solução aquosa, que funcione como eletrólito, à temperatura
ambiente, presença de oxigênio e uma diferença de potencial entre regiões do metal [2, 3].
No que diz respeito à durabilidade do concreto, a ABNT [9] estipula valores mínimos de
cobrimento sobre a armadura e relações água/cimento máximas para a mistura em relação
à agressividade do ambiente no qual a estrutura esteja inserida. No entanto, a
interconectividade entre os poros existentes e as microfissuras na pasta comprometem a
eficiência dessa proteção física, já que o fluido dos poros acaba estando, com relativa
facilidade, em contato com o oxigênio da atmosfera [10].
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2 Materiais e Métodos
Foram moldadas no total 10 lajes de concreto armado de dimensões 25 cm x 25 cm x 7 cm
para as leituras de potencial de corrosão e a densidade de corrente de corrosão e 5 corpos de
prova cilíndricos de dimensões 10 cm x 20 cm para caracterizar a resistência à compressão do
concreto aos 28 dias conforme a norma NBR 7215 [16].
Todos os corpos de prova foram mantidos em cura por imersão, em água saturada com cal,
com temperatura ambiente (20 ± 4 oC) durante todo o período de 144 dias do experimento, de
acordo com a NBR 5738 [17].
O cimento utilizado no experimento foi o CP V-ARI, adotado por este apresentar menor teor
de adições (90 a 95% de clínquer), adições estas que retardam as reações de hidratação do
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62,75 19,2 4,19 3,04 2,85 2,54 1,68 0,17 0,05 3,5
As lajes de concreto armado (Figura 1) foram moldadas com duas barras de aço carbono CA
50, de 8 mm de diâmetro, 30 cm de comprimento e de 3,1 cm de cobrimento, atendendo aos
requisitos da NBR 6118 [9]. As extremidades de exposição das barras de aço foram conectadas
com um fio de cobre e isoladas com uma camada de fita isolante e outra camada de epóxi para
evitar a corrosão das pontas externas de barra de aço.
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A fim de simular o processo de corrosão as barras de aço, as oito lajes restantes ficaram três
dias em contato com uma lâmina líquida de aproximadamente 4 mm de altura, composta de
uma solução de 30% de ácido clorídrico (HCl) e 70% de água destilada dentro de uma bandeja
de plástico. O objetivo de manter as barras com uma lâmina líquida de apenas 4 mm de altura
foi acelerar o processo corrosivo, com um lado das barras exposto ao ambiente e o outro
exposto à solução de HCl.
Na Figura 2 (LO – Laje Oxidada) é possível observar o estado das barras de aço carbono após
o processo de corrosão e enxague por água potável corrente.
Após os três dias de corrosão, as barras passaram por diferentes processos de limpeza (Figura
2):
• Duas lajes (LOA – Laje Oxidada e limpa com Ácido) tiveram suas barras limpas por
imersão total em uma solução de 50% de HCl + 50% de água destilada por um período
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• Duas lajes (LOAE – Laje Oxidada e limpa com Ácido + Escovação) tiveram suas
barras limpas por imersão total em uma solução de 50% de HCl + 50% de água
destilada por um período de 10 minutos e posteriormente foram escovadas por 15
segundos com uma escova de cerdas de aço e ao final foram enxaguadas com água
potável corrente;
• Duas lajes (LOE – Laje Oxidada e limpa com Escovação) tiveram suas barras somente
escovadas por 15 segundos com uma escova que possuía cerdas de aço e ao final foram
enxaguadas com água potável corrente;
• Duas lajes (LO – Laje Oxidada) tiveram suas barras somente enxaguadas por água
potável corrente.
O traço adotado como referência foi de 1:3,2:3,7 e a relação água/cimento de 0,59, abatimento
do tronco de cone de 160 ± 10 mm, com a utilização de aditivo superplastificante à base de
policarboxilato, sendo estes parâmetros adaptados de um traço comercializado em uma usina
de concreto da região metropolitana de Curitiba.
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Tabela 3 - Critério de avaliação dos resultados das medidas de potencial de corrosão (eletrodo de
referência: cobre-sulfato de cobre - Cu/CuSO4) de acordo com a ASTM C876 [22].
Potencial de corrosão (Ecorr) relativo ao eletrodo Probabilidade de
de referência de cobre-sulfato de cobre corrosão
< -350 mV 90%
Entre –350 mV e –200 mV Incerta
> -200 mV 10%
Utilizou-se critério comparativo constante na literatura técnica [23, 24, 25] para atrelar o Icorr
(µA/cm²) ao nível de corrosão atuante na barra, conforme apresentado na Tabela 4. Apesar
das três leituras subsequentes, apenas o primeiro dado coletado em cada barra foi adotado,
pois o método de resistência de polarização acaba por polarizar a barra, inviabilizando a
adoção de três leituras subsequentes como foi realizado nas leituras de Ecorr.
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3 Resultados e discussões
3.1 Resistência à compressão
Figura 3 - Potencial de corrosão para os 5 diferentes métodos de limpeza das barras de aço carbono.
(eletrodo de referência: cobre-sulfato de cobre - Cu/CuSO4).
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Os resultados da figura 3 indicam uma tendência de redução nos valores ao longo do tempo
para todos os espécimes estudados. As lajes LOAE (limpas com ácido + escovação) e LOA
(limpas somente com ácido) podem ser classificadas com uma probabilidade de apenas 10% de
corrosão e os resutados apontados pelos dois parâmetros (Ecorr e Icorr) indicam uma possível
formação da película passivadora ao redor das barras de aço [10, 25].
O indicativo de corrosão das barras de aço nas primeiras idades, corroboram com os dados
observados por autores como JIANG et al. [26], MEDEIROS et al. [27], CAPRARO et al.
[21], GURDIÁN et al. [28] e ROCHA et al. [29], os quais evidenciaram que, mesmo nas
primeiras idades, as armaduras embutidas no concreto armado apresentam valores indicativos
de atividade de corrosão e isso é explicado pela ainda não formação da película passivadora na
superfície do aço em meio alcalino.
As leituras de potencial de corrosão tendem a oscilar durante as primeiras idades até que
alcancem uma estabilidade [30], o que pode justificar os resultados apresentados na Figura 3.
Ainda segundo os autores, as leituras de potencial de corrosão não devem ser interpretadas de
maneira isolada, sendo necessários resultados de outros ensaios que complementem a análise,
como é o caso da densidade de corrente de corrosão.
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Figura 4 - Densidade de corrente de corrosão para os 5 diferentes métodos de limpeza das barras de
aço carbono. (eletrodo de referência: cobre-sulfato de cobre - Cu/CuSO4).
As lajes LOAE (limpas com ácido + escovação) e LOA (limpas somente com ácido)
apresentaram diminuição gradativa nos valores de Icorr ao longo do tempo com o nível de
corrosão tornando-se desprezível aos 100 dias após moldagem [23, 24, 25]. Ocorreu a
estabilização dos processos de formação da camada protetora ao redor do metal antes mesmo
de passados 100 dias após moldagem. Além disso, o processo altamente abrasivo com limpeza
por ácido e escovação foi mais eficiente na remoção da superfície, o que ampliou a exposição
do metal a reações, o que pode ter sido amplificado pela estática gerada pela escovação.
Nas lajes com barras oxidadas posteriormente limpas por escovação (LOE), bem como nas
apenas oxidadas, que foram enxaguadas antes do embutimento (LO), e nas lajes contendo aço
sem pré-oxidação (LSO) houve, também, diminuição nos valores de densidade de corrente de
corrosão ao longo do tempo. Nesse sentido, apenas as barras LSO apresentaram baixa
probabilidade de corrosão, indicando que a passivação possa dispender maior tempo para estas
e, talvez, essa condição de proteção não possa ser garantida para barras LOE e LO.
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Houve alta correlação (R² > 0,75) entre as duas grandezas para as barras LOA (pré-oxidadas e
limpas somente com ácido) e LO (pré-oxidadas e somente enxaguadas), o que não ocorreu
para as demais. MACIOSKI et al. [31] também encontraram uma alta correlação ( R²=0,83)
estudando a influência do pH nas leituras de potencial e densidade de corrente de corrosão.
4 Conclusões
Diante dos resultados apresentados, pode-se concluir que:
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5 Agradecimentos
Os autores expressam a sua gratidão as agências brasileiras CNPq, Capes e Fundação Araucária
pelas bolsas e apoio financeiro, bem como a Universidade Federal do Paraná (UFPR) câmpus
Curitiba, Centro Politécnico, ao Departamento de Construção Civil (DCC), ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de Construção Civil (PPGECC), ao Centro de Estudos de
Engenharia Civil (CESEC), ao Laboratório de Materiais e Estruturas (LAME) e ao grupo de
pesquisa de Patologia e Recuperação das Construções (PRC).
6 Referências
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