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KALINE. G. C.a; FERNANDA. C. V. V. S. b; LILA. M. G. c; NATALHA. M. S. d;
MARCUS V. L. S. e
a
Universidade Católica do Salvador. Escola de Engenharia Civil
b
Universidade Católica do Salvador. Escola de Engenharia Mecânica.
c
Universidade Católica do Salvador. Escola de Engenharia Civil.
d
Faculdade de Tecnologia e Ciência – Área 1. Escola de Engenharia Civil.
e
Universidade Católica do Salvador. Escola de Engenharia Mecânica.
Av. Prof. Pinto de Aguiar, 2589, Pituaçu, 41740-090, Salvador, Brasil.
*kaline.guerracalazans@hotmail.com
Resumo
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Abstract
Concrete mixer trucks are important in the provision of concreting services. These should meet some
regulatory requirements for the production of good quality concrete. The equipment must be checked
in order to ensure the necessary mixing efficiency. Concrete mixers shall be submitted to proof of
uniformity whenever they exhibit, during the discharge, signs of heterogeneity of composition or
consistency, in a sample of collected concrete. This article investigates through a review of the
literature, such as the specification of the material of the blades, their geometry, their positioning, and
their fixation by welding, it can cause modification of the compressive strength of the concrete as well
as its physical properties. In addition, this work shows some recommendations on the influence of the
blades of the concrete mixer truck on the compressive strength of the concrete produced in it.
Keywords: truck, concrete mixer, knives, resistance, concrete.
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1 Introdução
Desde as primeiras civilizações, a construção começou a ser desenvolvida pelo homem que
buscava vincular pedras a massas sólidas. Após o descobrimento do cimento Portland, o
concreto se transformou no material mais utilizado nas civilizações modernas. (Wallevik [1]).
Hoje, a produção de concreto implica em um longo e criterioso processo de fabricação tendo
cada etapa suas particularidades. Portanto, seguir normas e especificações determina
seguramente as características necessárias à destinação deste material.
A estrutura do caminhão betoneira ainda não é uma questão totalmente subjacente, uma vez
que a literatura não estabelece parâmetros suficientes para relacionar sua influência ao
resultado da mistura do concreto. A adoção de procedimentos para utilização e manutenção
dos tambores ainda é um hábito pouco praticado, o que leva a incompatibilização à estes
parâmetros dispostos na NBR 7212 [2]. A vida do misturador pode ser prejudicada, por fatores
como baixa confiabilidade e falta de recomendações operacionais que levam em consideração a
dinâmica de desgaste. (Bondareva[3]). Dessa forma, as não conformidades verificadas podem
induzir à alterações no potencial de resistência à compressão do concreto, motivo pelo qual o
presente artigo busca contextualizar esta estreita relação.
Segundo a NBR 7212 [2], o caminhão betoneira consiste em veículo provido de dispositivo
que executa a mistura do concreto, mantendo simplesmente por agitação a sua
homogeneidade. Os materiais constituintes do concreto são devidamente dosados, misturados,
homogeneizados e descarregados em veículos para transportação à obra. “Os equipamentos devem
ser verificados quanto ao desgaste das pás, estanqueidade do misturador, velocidade e tempo de mistura e
aderência e limpeza do misturador, a fim de assegurar a eficiência necessária para a mistura. Devem ser
obedecidas as especificações dos equipamentos no que diz respeito ao tempo de mistura, velocidade, número de
rotações e capacidade volumétrica.”. (NBR 7112 [2]).
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No Brasil, estudos que correlacionem o potencial de resistência do concreto à geometria
estrutural dos tambores de caminhões betoneiras, como as facas, por exemplo, ainda são
escassos. Assim, considerando que a NBR 7212 [2] determina as dimensões mínimas das
estruturas que compõem o tambor, há necessidade de verificar o atendimento a estas
prescrições. Porém, é possível constatar que não existe ainda uma padronização do
procedimento para manutenção, preventiva ou corretiva, destes componentes, o que dificulta
ainda mais a parametrização destas práticas e a avaliação da proporção de sua influência sobre
a resistência à compressão do concreto produzido.
Os elementos que constituem o tambor são parametrizados na referida norma, conforme
Tabela 1:
Tabela 1 – Parâmetros e limites para caminhões betoneiras de centrais dosadoras. (NBR 7212 [2]).
Parâmetro Limite
Verifica-se na NBR 12655[4], que, independente da consistência do concreto, o volume retido
na betoneira não deve ser superior a 2% do volume nominal. Ultrapassando este limite,
entende-se, portanto, que o resultado da mistura pode sofrer alterações, pois, uma
vez endurecido, o concreto retido devido à má higienização do tambor acarreta dificuldades
para o seu reparo. Além disso, causa modificação da geometria original das facas e impactos
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A metodologia adotada para a elaboração deste artigo consistiu em uma revisão e levantamento
de literatura. Esta busca refere-se a estudos voltados ao desempenho das facas do caminhão
betoneira e sua influência no potencial de resistência do concreto. A maioria das referências
mencionadas corresponde a artigos estrangeiros, uma vez que nas pesquisas efetuadas não
foram identificados trabalhos ou periódicos acerca de experimentos e relatos nacionais.
Segundo Ferdoko [5], a forma, a soldagem correta das lâminas e o seu posicionamento afetam
a consistência do concreto durante o transporte para o destino final.
Para Bondareva [3], o desempenho dos misturadores de concreto depende do desgaste de seus
componentes. Consequentemente, sua vida útil e o seu desempenho podem ser melhorados
com base na teoria e na prática da resistência ao desgaste estrutural. O referido autor investiga
o desgaste dos componentes do tambor do caminhão betoneira produzidos na Rússia (Figura 1
(a)) e em outros lugares (Figura 1 (b)), em relação ao desempenho geral do sistema.
Figura 1 – Equipamento de testes de resistência. (a) Misturador de concreto BSM 26-05; (b)
Misturador ELBA. (Bondareva [3])
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Índice
Componente (Notação)
normalizado
Motor elétrico em unidade (B1) 0,0550
Transmissão de correia na unidade (B2) 0,0709
Sistema de engrenagem na unidade (B3) 0,0613
Transmissão de corrente na unidade (B4) 0,1438
Grampos de componentes de trabalho (B5) 0,0696
Componentes de trabalho-lâminas (B6) 0,1732
Folhas de revestimento (B7) 0,1661
Válvula de porta do sistema de descarga (B8) 0,1508
Relés de controle e monitoramento do sistema automático (B9) 0,0441
Interruptores e chaves do sistema (B10) 0,0652
O projeto das superfícies internas do misturador determina amplamente o desgaste dos seus
componentes, especialmente à alta pressão, temperatura, velocidade ou produtividade, e, por
isso, foi criado um sistema de medição de desgaste.
Para a criação de medição de desgaste das lâminas, foram utilizadas facas denominadas A, B e
C, de comprimento correspondente a 3454mm, 3077,2mm e 2700,4mm respectivamente.
Assim, com a intensificação da circulação da mistura houve a perda de produtividade
correspondente, e por isso, maior consumo de energia (Bondareva [3]).
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Figura 2 (a)(b) – Medição de espessuras de facas de um caminhão betoneira.
Figura 3(a)(b) – Medição da altura de facas de um caminhão betoneira.
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Com base nas consultas efetuadas, pode-se constatar que os principais parâmetros e fatores
que interferem no desempenho do caminhão betoneira, notadamente em relação geometria
estrutural e potencial de resistência do concreto, são:
Em entrevistas realizadas em centrais dosadoras de concreto da cidade de Salvador, Bahia e
região, pôde-se observar que há manutenção para execução de controle de qualidade do
concreto, considerando a integridade das lâminas dos tambores. Porém, notaram-se
dificuldades em sua execução devido aos grandes volumes de demanda, principalmente em
períodos de pico onde a fabricação atinge velocidade máxima de produção. Dada esta situação
que corresponde a uma realidade das centrais dosadoras de concreto, manter o controle quanto
à qualidade estrutural dos balões constitui uma tarefa periculosa, devido às características
internas dos componentes do tambor, conforme se observa na Figura 4.
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Figura 4 (a) Acúmulo de resíduo de concreto endurecido em superfície de soldagem de facas. (b)
Serviço de higienização do tambor.
Os dados obtidos nas medições das espessuras e alturas das facas dos caminhões betoneiras
inspecionados encontram-se discriminados na Tabela 3 e 4.
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4 Conclusões
De acordo com a literatura consultada, ainda não foram encontradas pesquisas nacionais ou
dados científicos suficientes que comprovem, ou não, a interferência do desgaste das facas no
potencial de resistência do concreto. Contudo, cabe salientar que a NBR 7212 [2] estabelece
limites (altura das facas ≥ 280mm e espessura das chapas de aço ≥ 2mm) relativos a estrutura
do tambor do caminhão betoneira. Além disso, considerando o estudo de modelos
geométricos dos tambores adotados em outros países, verifica-se a existência de indicadores
substanciais, a exemplo de: condições de operação do equipamento, qualidade da execução da
solda, material de adição da solda e posicionamento das lâminas. Sendo assim, pode-se
constatar que por estes parâmetros estarem diretamente relacionados às condições estruturais
do balão, são por conseguinte, relevantes influenciadores do desempenho da mistura.
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Agradecimentos
A elaboração e conclusão deste trabalho não seria possível sem a participação de alguns
colaboradores. Por este motivo, os autores demonstram toda nossa gratidão pelo apoio obtido.
Agradecemos aos professores do grupo de pesquisa Confiabilidade e Risco pela paciência,
empenho e dedicação, além das empresas dosadoras de concreto consultadas.
Este trabalho foi parcialmente suportado pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq).
5 Referências
[1] WALLEVIK, J. E., WALLEVIK. O. H. Analysis of shear rate inside a concrete truck mixer.
Islândia, 2017.
[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7212: Execução de concreto
dosado em central – Procedimento. Rio de Janeiro, 2012.1
[3] BONDAREVA. G. I. Extending the life of concrete – Mixer components. Rússia, 2012.
[4] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12655: Concreto de cimento
Portland – Preparo, controle e recebimento - Procedimento. Rio de Janeiro, 2006.
[5] FERDOKO. G., JR. J. K., KRAL. J., RISTOVIC. I., MOLNAR. V. Determination of calculation
for the shape of blades trace in the concrete mixer truck. 8th International Conference
Interdisciplinarity in Engineering. Romênia, 2014.
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