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Felipe Lima Alexandrino Cardoso

1911557

6º Semestre - Noite

Materiais de construção civil II

Profª Lilian Brasileiro

12/10/2021

Concreto de cimento Portland

1. INTRODUÇÃO

As estruturas de concreto são comuns em todos os países do mundo, caracterizando-se

pela estrutura preponderante no Brasil. Comparada a estruturas com outros materiais, a

disponibilidade dos materiais constituintes (concreto e aço) e a facilidade de aplicação,

explicam a larga utilização das estruturas de concreto, nos mais variados tipos de construção,

como edifícios de pavimentos, pontes e viadutos, reservatórios, barragens, pisos industriais,

pavimentos rodoviários e de aeroportos, paredes de contenção, obras portuárias, canais, etc.

O concreto é um material composto, constituído por cimento, água, agregado miúdo

(areia) e agregado graúdo (pedra ou brita). O concreto pode também conter adições e aditivos

químicos, com a finalidade de melhorar ou modificar suas propriedades básicas.

O concreto é obtido por um cuidadoso proporcionamento, que define a quantidade de

cada um dos diferentes materiais, a fim de proporcionar ao concreto diversas características

desejadas, tanto no estado fresco quanto no estado endurecido.

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2. CONCRETO NO ESTADO FRESCO

O concreto no estado fresco é caracterizado como o material recém-misturado, sendo

que o mesmo se apresenta no estado plástico, ou seja, ainda com a capacidade de propiciar a

moldagem, com aplicação de cargas, permanecendo moldado após cessar a aplicação da carga.

Com a apresentação da plasticidade nesse estado fresco, é atribuída algumas

características ao concreto, como trabalhabilidade, sendo seu principal atributo, devido a

facilidade de adensamento sem formação de vazios nas fôrmas de mais variadas geometrias,

evitando assim erros durante a concretagem, como a formação de bicheiras no concreto, outras

peculiaridades que podem ser citadas são a coesão, segregação e exsudação do material.

Para a utilização de forma correta desse material em seu estado fresco, deve ser

realizado alguns processos de verificação e coesão do mesmo, para que por meio desses

métodos, seja avaliada e comprovada a consistência ideal estabelecida que se deseja em projeto

para a execução da obra.

Dentre os meios para verificação, têm-se como recurso mais utilizado o “Slump Test”,

ou teste de abatimento, que é um meio rápido e efetivo de verificar a trabalhabilidade do

concreto fresco momentos antes de sua aplicação, fazendo parte do controle técnico. Vincula-

se bastante esse ensaio a resistência final do concreto, porém não há ligação direta entre o teste

de abatimento e a consistência do concreto, já que, por sua vez, o slump busca conferir apenas

a consistência e trabalhabilidade do material a ser aplicado.

A ABNT define como o procedimento como esse teste deve ocorrer por meio da NBR

NM 67:1998: Concreto – Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone,

apontando critérios para o teste tanto em canteiro como em laboratório. Como o tempo

influencia no abatimento do concreto fresco, também existe a norma NBR 10342:2012:

Concreto — Perda de abatimento — Método de ensaio, definindo como mensurar a perda.

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O teste deve ser realizado ao encomendar um concreto à central, já deve ser estabelecido

um ideal de slump que deve atingir. Assim, o teste deve ser feito assim que houver o

recebimento de concretos usinados frescos, dosados em central e misturados em caminhão

betoneira, para conferir se o slump corresponde ao especificado. É importante fazer o teste

também para o próprio controle tecnológico do concreto que venha a ser produzido no canteiro

de obras.

O valor de abatimento varia de acordo com a aplicação do concreto. Para volumes

grandes e com pouca armadura, como em sapatas e blocos de fundação, o slump mínimo é de

4 cm. Já para vigas, pilares e lajes com lançamento de concreto manual ou por caçambas, o

slump mínimo varia entre 6 e 8 cm. Em concretos bombeados, pela mobilidade exigida, os

limites inferiores sobem para a faixa de 8 a 12 cm.

Para a realização do ensaio, deve ser seguido algumas etapas de procedimento para que

não ocorra falhas de execução. Os passos a serem seguidos são:

• Obter a amostra necessária ao teste;

• Escolher um local plano para realização do ensaio;

• Colocar acima de uma chapa metálica o cone de Abrams e a amostra a ser testada;

• Encher uma camada de 1/3 da fôrma com concreto. Compactar com vinte e cinco golpes.

Repetir o mesmo procedimento para as camadas seguintes;

• Esperar de cinco a dez segundos e retirar o molde lentamente;

• Colocar o molde, agora com a base menor voltada ao chão;

• Comparar a diferença de altura com a ajuda de uma régua e uma haste metálica entre o

molde e o tronco de cone de concreto fresco, que é o abatimento ou slump, em

centímetros (cm);

• Verificar se o valor do teste corresponde ao valor especificado, ou está dentro do limite

de tolerância normativa.

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Figura 1 – Materiais para “Slump Test”

Fonte: Blog Pré-Fabricar

Figura 2 – Processo teste de abatimento

Fonte: Blog Concreto Usinado

As verificações dos resultados devem ser feitas após a conclusão do ensaio, já que os

valores desejados variam de obra para obra. Logo, é necessário o acompanhamento do

responsável técnico para validação dos resultados obtidos e se o concreto está conforme

estabelecido ou não.

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Com o resultado abaixo do esperado, é necessária a adição de água para melhorar a

trabalhabilidade do concreto. Caso o teste apresente resultado acima do esperado, é necessário

bater mais o concreto na betoneira ou Autoconcreteira para que assim seja possível a

continuação da concretagem.

3. CONCRETO NO ESTADO ENDURECIDO

Após os processos e características apresentados do concreto em seu estado fresco, parte-

se agora para a segunda fase, onde o concreto estará em seu estágio endurecido e basicamente

deve apresentar resistência mecânica e durabilidade compatíveis com as condições

estabelecidas do projeto e ao ambiente ao qual a estrutura ficará exposta.

Nesta etapa, o concreto deve estabelecer e seguir algumas propriedades de utilização,

para que dessa forma seja eficaz em sua utilização e apresente uma vida útil considerável sem

colocar em risco a estrutura e os usuários da mesma.

A primeira propriedade a ser analisada é a retração por secagem, evento que ocorre

devido a água na mistura durante a fase inicial da hidratação dos ligantes, sendo caracterizado

pela perda de água da massa para o ambiente. A água no concreto é dividida em “água de

cristalização”, que é responsável pelas reações que formam a parte solida da pasta de cimento.

A “água de gel”, que serve de veículo para compostos que dã continuidade as reações de

hidratação. E a “água capilar”, que forma a pasta de cimento.

As fissuras de retração ocorrem quando as deformações de contração se igualam a

capacidade de deformação desenvolvida do material. As fissuras de retração são inevitáveis, e

por isso devem ser tomadas algumas atitudes para que essas não prejudiquem o concreto.

Geralmente essas fissuras ocorrem após algumas semanas, e podem ser mais visíveis com o

ganho de resistência do concreto.

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Para que haja o controle dessas trincas são utilizadas juntas de retração, ou seja, consiste

em enfraquecer determinada região do concreto para que as fissuras sejam direcionadas para

essa região. A junta deve ser feita até uma profundidade de 1/3 a 1/4 da espessura da placa de

concreto.

Secundariamente, outra propriedade a ser analisada é a resistência estática, que

consiste nas resistências a compressão e resistência a tração na flexão. A resistência a

compressão é um parâmetro de projeto estrutural, e utilizado principalmente para definir a

quantidade de aço a ser utilizado em estruturas de concreto armado. A resistência a tração é

indispensável para pavimentos de concreto sem armadura. O valor da resistência à tração é

estabelecido durante a fase de dimensionamento desses pavimentos. A Equação 1 apresenta a

resistência a tração direta média (fct,m) e a resistência a tração na flexão (fct,m), que depende

da tração indireta de compressão diametral (fti).

Equação 1 - Resistência à tração no concreto (MPa)

Como terceira propriedade do concreto endurecido, têm-se a resistência à fadiga,

causada por um processo de microfissuração progressiva na estrutura de um determinado

material. A ruptura a fadiga ocorre em tensões inferiores a magnitude de capacidade. Para as

finalidades práticas, os modelos de fadiga são descritos como a relação do número de repetições

de carga (N) e a razão entre resistência a tração do concreto e o nível de tensão de tração sofrido

por determinada carga. A Equação 2 apresenta a formulação geral do número N, sendo a e b

constantes experimentais.

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Equação 2 - Formulação do número N

O Módulo de elasticidade também é uma prioridade do concreto endurecido, sendo

definido pela relação entre tensão e deformação. A Equação 3 apresenta os módulos de

elasticidade inicial e secante.

Equação 3 - Módulos de Elasticidade

Outra característica a ser citada é a porosidade e permeabilidade, sabendo-se que a

presença de água pode levar vários problemas às estruturas de pavimento de concreto,

principalmente aqueles que apresentam armaduras. Em áreas de estacionamento, os

pavimentos de concreto permeáveis são cabíveis, mas necessitam uma drenagem adequada.

Além disso a água pode gerar reações alcali-agregados, dessa forma os concretos de

pavimentos devem apresentar relação a/c em até 0,48.

A expansão térmica também deve ser caracterizada como uma propriedade, já que os

concretos apresentam uma baixa condutividade térmica, ou seja, apresentam baixa capacidade

de conduzir calor dentro de sua estrutura. Com isso, os concretos são acompanhados de uma

baixa difusibilidade térmica. Dessa forma, os concretos apresentam dificuldade em a estrutura

mudar de temperatura. A Equação 4 apresenta a equação para a temperatura no topo da placa

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(para o ano todo) e o diferencial térmico. Is é o número de horas de insolação, nascer do sol até

15h. Tar é a temperatura atmosférica média. H é a umidade relativa do ar, t é a espessura da

placa (mm). O Hf é a presença de umidade no fundo da placa, sendo 1 para sim e 0 para não.

Equação 4 – Temperatura de topo (Tt) e Diferencial térmico (Dt)

Por fim, têm-se a Resistência à abrasão como prioridade do concreto endurecido, pois

a abrasão é o desgaste superficial devido o atrito seco. Com o passar dos veículos, e os esforços

horizontais e de momento, os esforços acabam gerando o desgaste da estrutura. As

consequências da abrasão são: perda da textura superficial, desfavorecendo a aderência. Pode

gerar a presença de partículas na superfície devido o desgaste, prejudicial para pátios

aeroportuários.

Quanto menor o consumo de cimento, a ocorrência de abrasão aumenta, entretanto, o

excesso de argamassa em um concreto também pode ser prejudicial. Na dosagem de concretos,

visando a melhoria dessa propriedade, deve-se empregar concretos com baixa relação a/c e alto

fck. Além disso, utilizar agregados de grande dureza, para evitar o polimento, e utilizar ligantes

hidráulicos que garantem maior dureza.

4. CONCLUSÃO

Portanto, devido apresentação dos fatos e dados apresentados, é possível a visualização

do quão importante o concreto de cimento Portland é para a construção civil atualmente e, além

disso, o quão necessário é saber manusear e trabalhar com esse material.

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Desde a etapa inicial de chegada concreto, passando pelos ensaios e concretagem em

seu estado fresco até o resultado final em seu estado endurecido, é de suma importância que

tudo seja feito seguindo as normas, protocolos e procedimentos para que o trabalho realizado

seja de qualidade e que não apresente falhas ao longo da obra e, principalmente, quando a

estrutura construída estiver sendo utilizada.

REFERÊNCIAS

BASTOS, Paulo. UNESP. Estruturas de concreto I: Fundamentos de concreto armado.

São Paulo. Abril de 2019.

CAVA, Felipe. Propriedades do concreto endurecido. Blog Além da Inércia. 25 de Jun.

de 2018. Disponível em: https://alemdainercia.com/2018/06/25/9-propriedades-do-concreto-

endurecido/

Concreto: o que é slump do concreto e como fazer o teste?. Blog JACP. 7 de Mai. De

2020. Disponível em: https://jacp.com.br/2020/05/07/o-que-e-slump-do-concreto-e-como-

fazer-o-teste/

O que é o teste de slump?. Blog FIORI. Ano 2020. Disponível em:

https://fioridobrasil.com.br/blog/o-que-e-teste-de-slump/

UTFPR. Estado fresco do concreto: Argamassas e concretos. Ano 2017. Disponível em:

http://paginapessoal.utfpr.edu.br/wmazer/argamassas-e-concretos/arquivos-

2017/AULA%2010%20-%20ESTADO%20FRESCO%20DO%20CONCRETO.pdf/at_downl

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