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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUIOTETURA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

TRABALHO DISCENTE
CONTROLE DE QUALIDADE DO CONCRETO

Disciplina: Materiais de Construção VII

Professor: William Mallmann

Acadêmico: Rodrigo Tibolla

Passo Fundo, maio de 2013.


1 Objetivo
O presente trabalho tem como objetivo apresentar como deve ser realizado o
controle tecnológico do concreto. Para isso será feito um estudo de normas técnicas
onde os principais assuntos abordados serão: armazenamento dos materiais, dosagem,
preparo e controle do concreto, mistura, propriedades do concreto fresco e endurecido, e
suas verificações; composição, recebimento do concreto, transporte, controle de
qualidade, inspeção, aceitação e rejeição.

2 Campo de aplicação
O estudo se aplica a concretos normais, pesados e leves. Algumas exigências
adicionais são estabelecidas em normas nacionais vigentes, como:
 Para estruturas especiais tais como: certos viadutos, vasos sobpressão para
usinas nucleares, estruturas marítimas e estradas;
 Para o uso de outros materiais (tais como fibras);
 Para tecnologias especiais (processos de produção) ou tecnologias inovadoras no
processo de construção;
 Para concreto leve;
 Para concreto projetado.

3 Documentos de Referência
 NBR 12654/92 - Controle tecnológico de materiais componentes do concreto;
 NBR 12655/05 - Concreto de cimento Portland - Preparo, controle e
recebimento – Procedimento;
 NBR 5738/08 - Concreto - Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-
prova;
 NBR 5739/07 - Concreto - Ensaio de compressão de corpos-de-prova
cilíndricos;
 NBR 7212/84 - Execução de concreto dosado em central;
 NBR NM 67/98 - Concreto - Determinação da consistência pelo abatimento do
tronco de cone.
4 Terminologia
Concreto de cimento Portland: Material formado pela mistura homogênea de
cimento, agregados miúdo e graúdo e água, com ou sem a incorporação de componentes
minoritários (aditivos químicos, metacaulim ou sílica ativa), que desenvolve suas
propriedades pelo endurecimento da pasta de cimento (cimento e água).
Concreto fresco: Concreto que está completamente misturado e que ainda se
encontra em estado plástico, capaz de ser adensado por um método escolhido.
Concreto endurecido: Concreto que se encontra no estado sólido e que
desenvolveu resistência mecânica.
Concreto preparado pelo executante da obra: Quando o ajuste e a comprovação
do traço, além da elaboração do concreto são realizados no canteiro de obras pelo
usuário.
Concreto dosado em central: Concreto dosado, misturado em equipamento
estacionário ou em caminhão betoneira, transportado por caminhão betoneira ou outro
tipo de equipamento, dotado ou não de dispositivo de agitação, para entrega antes do
início de pega do concreto, em local e tempo determinados, para que se processem as
operações subsequentes à entrega, necessárias à obtenção de um concreto endurecido
com as propriedades especificadas.
Resistência característica à compressão do concreto (fck): Valor de resistência
acima do qual se espera ter 95% de todos os resultados possíveis de ensaio.
Resistência média à compressão do concreto ( fcmj): Corresponde ao valor da
resistência média à compressão do concreto, a j dias. Quando não for indicada a idade,
refere-se a j = 28 dias.
Traço ou composição: É a expressão das quantidades, em massa ou volume, dos
vários componentes do concreto (geralmente referido ao cimento). O traço também
pode ser expresso em quantidades de materiais por metro cúbico de concreto.
Dosagem: É o conjunto de procedimentos necessários à obtenção do traço do
concreto para atendimento dos requisitos especificados pelo projeto estrutural e pelas
condições da obra.
Etapas de preparo do concreto: As etapas de preparo do concreto são as
seguintes:
a) caracterização dos materiais componentes do concreto;
b) estudo de dosagem do concreto;
c) ajuste e comprovação do traço de concreto;
d) elaboração do concreto.
Lote de concreto: Volume definido de concreto produzido e aplicado sob
condições uniformes (mesma classe, mesma família, mesmos procedimentos, mesmo
equipamento).
Amostra de concreto: Volume de concreto retirado do lote com o objetivo de
fornecer informações, mediante realização de ensaios, sobre a conformidade desse lote
para fins de aceitação.
Exemplar: Elemento da amostra constituído por dois ou mais corpos-de-prova da
mesma betonada, moldados no mesmo ato.

4 Equipamentos e Materiais Auxiliares


Os equipamentos e materiais auxiliares utilizados serão divididos em grupos e
citados a seguir:
 Concreto Dosado em Obra:
Para a mistura e fabricação do concreto dosado em obra são utilizados os
seguintes equipamentos: padiolas e betoneira. Para o transporte são utilizados carrinho
de mão e giricas. Para o adensamento vibrador e para nivelamento réguas de alumínio e
ou réguas vibratórias.
 Concreto Dosado em Central:
Para a mistura e fabricação do concreto dosado em central são utilizados os
seguintes equipamentos: balança dosadora, carregadeira e caminhão betoneira para
mistura, o concreto é transportado até a obra através de caminhão betoneira, nunca
deve-se adicionar água no concreto em obra, o mesmo já deve vir coma quantidade
necessária da usina de concreto. Para o transporte em obra, são utilizados carrinho de
mão e giricas ou bombeamento mecânico. Para o adensamento vibrador e para
nivelamento réguas de alumínio e ou réguas vibratórias.
 Ensaio de Abatimento:
Para o ensaio de abatimento são necessários os seguintes equipamentos: Molde
para o corpo-de-prova (diâmetro da base inferior: 200 mm ± 2 mm; diâmetro da base
superior: 100 mm ± 2 mm; altura: 300 mm ± 2 mm), haste de compactação e placa de
base.
 Ensaio de Compressão de corpos de prova:
Para o ensaio de compressão são necessários os seguintes equipamentos: Máquina de
ensaio, pratos de compressão, prato inferior, prato superior de compressão, paquímetro
e planilhas para anotação de resultados.

5 Condições ambientais
As condições ambientais onde será executada a obra são determinantes no
momento da escolha da Resistência Característica do Concreto. De acordo com a NBR
6118, a agressividade ambiental é classificada conforme o apresentado na Tabela 1 nos
projetos das estruturas correntes.

Tabela 1: Classe de agressividade ambiental.


Fonte: ABNT NBR: 126555.

A durabilidade das estruturas é altamente dependente das características do


concreto. Através de ensaios de desempenho e durabilidade da estrutura quanto à
agressividade previsto em projeto define-se a relação água/cimento, a resistência à
compressão do concreto e sua durabilidade, permite-se adotar os requisitos mínimos
expressos na Tabela 2.
Tabela 2: Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto.
Fonte: ABNT NBR: 126555.

Para condições especiais de exposição devem ser atendidos os requisitos


mínimos de durabilidade expressos na Tabela 3 para a máxima relação água/cimento e a
mínima resistência característica.

Tabela 3: Requisitos para o concreto, em condições especiais de exposição.


Fonte: ABNT NBR: 126555.

Concretos expostos a solos ou soluções contendo sulfatos devem ser preparados


com cimento resistente a sulfatos e atender ao que estabelece a Tabela 4 no que se refere
à relação água/cimento e à resistência característica à compressão do concreto (fck).

Tabela 4: Requisitos para concreto exposto a soluções contendo sulfatos.


Fonte: ABNT NBR: 126555.
6 Recebimento
Para o recebimento do concreto e aprovação do mesmo devem ser realizados
ensaios de consistência pelo abatimento do tronco de cone, conforme a NBR NM 67 ou
pelo espalhamento na mesa de Graff, conforme a NBR NM 68.
Para o concreto preparado obra também deve-se realizar ensaios de consistência
sempre que ocorrerem alterações na umidade dos agregados e nas seguintes situações:
na primeira amassada do dia; ao reiniciar o preparo após uma interrupção da jornada de
concretagem de pelo menos 2 h; na troca dos operadores; cada vez que forem moldados
corpos-de-prova.
Para o concreto preparado por empresa de serviços de concretagem devem ser
realizados ensaios de consistência a cada betonada. No caso de concreto dosado em
central, nunca deve ser usado concreto do primeiro carrinho de mão ou girica que foi
retirado do caminhão betoneira, pois esse concreto sempre contém um pouco mais de
água devido a mesma ser mais leve, fazendo com que a mesma suba para a parte
superior da betoneira. Para o ensaio de abatimento o correto é retirar o concreto após
ter-se retirado essa primeira quantia, obtendo-se assim resultados corretos.

7 Preparação
O concreto pode ser preparado em obra ou em central. O Concreto preparado em
obra é medido em volume, podendo ocorrer diferenças na hora da preparação do traço,
já o concreto dosado em central é medido em massa diminuindo a possibilidade de erro
na preparação do traço. Na sequência serão detalhados os principais passos na
preparação do concreto dosado em central.
Para o concreto dosado em central os agregados devem ser dosados em massa,
com desvio máximo, em valor absoluto, de 3% do valor nominal da massa ou 1% da
capacidade da balança, adotando-se o menor dos dois valores.
O cimento deve ser dosado em massa, com desvio máximo do valor nominal
igual a 1% da capacidade da balança, em valor absoluto, nas dosagens iguais ou
superiores a 30% dessa capacidade.
Em nenhum caso o cimento deve ser dosado conjuntamente com os agregados.
A quantidade total de água deve ser determinada com desvio máximo de 3% em
relação à quantidade nominal, em valor absoluto. Esta quantidade de água compreende,
além da adicionada, a devida à umidade dos agregados, a utilizada para dissolução dos
aditivos.
Os aditivos devem ser adicionados de forma a assegurar a sua distribuição
uniforme na massa do concreto, admitindo-se desvio máximo de dosagem não superior
a 5% da quantidade nominal, em valor absoluto.
Para a mistura os equipamentos devem ser revisados periodicamente, a fim de
assegurar a eficiência necessária para a mistura.
O volume de concreto não deve exceder a capacidade nominal de mistura do
equipamento, conforme especificação do fabricante.
Os materiais componentes do concreto são colocados no caminhão betoneira, na
ordem conveniente e nas quantidades totais necessárias.
A ordem de colocação dos materiais na betoneira e a velocidade de rotação para
mistura devem estar de acordo com as especificações do equipamento ou conforme
indicado por experiência.
E devem ser obedecidas as especificações dos equipamentos no que diz respeito
ao tempo de mistura, velocidade e número de rotações.

8 Execução
O processo de execução da concretagem só deve ser iniciado após a realização
do ensaio de abatimento e conferência do documento de entrega, essa verificação deve
ser feita para todos os caminhões betoneiras.
Para iniciar a concretagem deve se definir o tipo de transporte que vai ser
utilizado, podendo ser através de giricas, carrinho de mão ou bombeamento mecânico,
isso vai depender de fatores como distância, local de concretagem, tempo necessário,
custos entre outros.
Na concretagem propriamente dita, deve-se ter o cuidado com o adensamento do
concreto para evitar falhas e bicheiras. Outro ponto importante é o espalhamento e
nivelamento do concreto nas lajes, pois a falta de qualidade neste serviço pode gerar
gastos excessivos em outra etapa da obra que são os contrapisos, além de aumentar o
peso da estrutura.
Durante a concretagem deve-se moldar os corpos de prova, para e realização dos
ensaios a compressão. Devem ser realizadas amostras utilizadas para aceitação ou
rejeição dos lotes.
A amostragem do concreto para ensaios de resistência à compressão deve ser
feita dividindo-se a estrutura em lotes que atendam a todos os limites da Tabela 7. De
cada lote deve ser retirada uma amostra, com número de exemplares de acordo com o
tipo de controle.
Figura 1: Valores para a formação de lotes de concreto.
Fonte: ABNT NBR: 126555.

As amostras devem ser coletadas aleatoriamente durante a operação de


concretagem. Cada exemplar deve ser constituído por dois corpos-de-prova da mesma
amassada, para cada idade de rompimento, moldados no mesmo ato. Toma-se como
resistência do exemplar o maior dos dois valores obtidos no ensaio do exemplar.
Consideram-se dois tipos de controle de resistência: o controle estatístico do
concreto por amostragem parcial e o controle do concreto por amostragem total. Para
cada um destes tipos é prevista uma forma de cálculo do valor estimado da resistência
característica, fckest, dos lotes de concreto.
A escolha do tipo de controle vai depender de vários fatores, os principais são:
Custos e importância da concretagem.

9 Registro
O documento de entrega que acompanha cada remessa de concreto, além dos itens
obrigatórios pelos dispositivos legais vigentes, deve conter:
 Quantidade de cada componente do concreto;
 Volume de concreto;
 Hora de início da mistura (primeira adição de água);
 Abatimento do tronco de cone (slump);
 Dimensão máxima característica do agregado graúdo;
 Resistência característica do concreto à compressão, quando especificada;
 Aditivo utilizado, quando for o caso;
 Quantidade de água adicionada na central;
 Quantidade máxima de água a ser adicionada na obra;
 Menção de todos os demais itens especificados no pedido.

10 Avaliação dos resultados


A etapa final na avaliação dos resultados é a aceitação ou rejeição dos lotes de
concreto.
Os lotes de concreto devem ser aceitos, quando o valor estimado da resistência
característica for maior que o valor da resistência característica de projeto (fckest > fck).
O concreto no estado fresco deve ser recebido desde que atendidas todas as
condições citadas anteriormente.
Em caso de existência de não conformidade, devem ser obedecidos os critérios
estabelecidos na NBR 6118. Por exemplo: Caso o concreto não atinja a resistência
característica de projeto, deve-se analisar se é necessário colocar reforços para atender
as solicitações, as verificações devem ser feitas por engenheiro calculista.

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