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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUIOTETURA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

RESENHA
UNIVERSIDADE - CRIAÇÃO E PRODUÇÃO DE
CONHECIMENTO

Disciplina: Iniciação ao estudo acadêmico

Professor: Edison Martinho da Silva Difante

Acadêmico: Rodrigo Tibolla

Passo Fundo, setembro de 2010


O processo de aprendizagem do ser humano esta diretamente ligado a escola,
componente básico da educação em nosso país e em todo planeta.
Diante do sistema educacional e da universidade tentaremos refletir a fim de se
entender a universidade que temos e a que queremos. Isso se resume que não queremos uma
universidade consumidora e repetidora de informações e sim um lugar privilegiado para
praticar a reflexão crítica sobre a realidade e que através de bases científicas seja gerado o
conhecimento.
Na Antiguidade Clássica, principalmente na Grécia e em Roma já existiam escolas
conhecidas como de alto nível, para formar especialistas em medicina, filosofia, retórica e
direito. Na época um mestre com grande conhecimento ensinava seus discípulos.
No entanto foi, entre o final da Idade Média e a Reforma (Séculos XI e XV) que nasce
a universidade propriamente dita tornando-se o instrumento de elaboração do pensamento
medieval. Nesse período a Igreja Católica é responsável da unificação do ensino superior, a
universidade. Porém devido a forte clima religioso gerava-se o dogmatismo, que nada mais
era do que a imposição de verdades. Por outro lado foi nesses tempos que nasceu o habito das
discussões abertas e debates públicos
Grande parte do trabalho desenvolvido nessa época gira em torno das verdades da fé,
religião e de estudos filosóficos. Aristóteles, Patão e outros filósofos eram muito explorados.
No entanto a Igreja Católica mantinha vigilância severa.
No Século XVI inicia a Idade Moderna com os movimentos da Renascença e da
Reforma e Contra-Reforma. Nesse período é importante ressaltar o desenvolvimento de uma
mentalidade individualista e o desenvolvimento da ciência moderna. Nessa fase a
universidade se caracteriza pelas repetições dogmáticas, ditas como verdades incontestáveis.
No Século XVIII surge o movimento Iluminista que questiona o tipo de saber
estribado nas "summas medievais". Porém, foi no Século XIX, com a industrialização que
finalmente a universidade medieval foi deixada de lado para nascer uma universidade com
funções ligadas a necessidades profissionais e científica.
O marco dessa transformação foi em 1810, com a criação da Universidade de Berlin na
Alemanha. A universidade moderna foi uma criação alemã preocupada em preparar o homem
para descobrir, formular e ensinar, levando em contas as mudanças das época.
Observamos que nesse esforço de construção da universidade há uma busca pela livre
autonomia universitária.
Até 1808 (chegada da família real ao Brasil), os luso-brasileiros tinham de fazer seus
estudos superiores na Europa, talvez devido a esse atraso do ensino superior no Brasil que
ainda hoje importamos técnicas e tecnologia de outros países.
Com a vinda de D. João VI para a colônia nasceram os cursos superiores no Brasil para
suprir necessidade militares. Ainda em 1808 é criada a Faculdade de Medicina da Bahia,
Faculdades de Direito de São Paulo e Recife.
A meta agora era transformar o ensino superior no Brasil. Em 1933 fundava-se a
Universidade de Minas Gerais e em 1934 a Universidade de São Paulo, para isso foi
necessário juntar mais de três faculdades.
Em 1935, Anísio Teixeira pensou numa universidade brasileira como centro de
debates livres de idéias. Mas com a chegada da ditadura em 1937 o sonho de Anísio Teixeira
acabou, isso porque as ditadura são incompatíveis com os debates livres de idéias que fazem
uma universidade ser realmente universidade.
A partir da força e idéia de Anísio Teixeira, seu aluno Darcy Ribeiro liderou uma
equipe de intelectuais com um novo projeto e 1960 convenceu os governantes e fundou
Universidade de Brasília. Nessa mesma época foram criadas universidades federais em grande
parte das capitais, mas mais uma vez o sonho acabou com o Golpe Militar de 1964.
Mesmo após a independência política a universidade brasileira continua a ser de
absorção, aplicação e difusão do saber humano como nos grandes centros técnicos científicos.
E o que acontece é que nossas universidades informam aos alunos sobre investigações feitas
de problemas de outra realidade e não dos problemas de nossa nação e povo.
A universidade é chamada a abandonar seu papel tradicional de receptora e
transmissora de uma cultura técnico cientifica para assumir a função de uma personalidade
brasileira em diálogo, com os demais centros do saber e da cultura.
No Brasil não tem sido diferente, são vários cursos profissionalizantes em instituições
isoladas de nível superior. Na década de trinta tivemos a primeira idéia de uma universidade
como centro livre de debates que foi sepultado pelo Estado Novo. Novamente ressurgem as
esperanças de uma universidade nova, livre, criadora, encarnada e critica bloqueada pelo
movimento de 1964.
Na expectativa de criar um clima de reflexão, esperança, luta e transformação é que
olhamos a universidade que não queremos e a universidade que queremos.
Não queremos uma universidade onde se faça somente o ensino através de falações dos
professores, onde não exista campo aberto e não se incentive a pesquisa, pois uma
universidade sem pesquisa não deve ser chamada de universidade. Estudar dessa maneira é
simplesmente ler e decorar a matéria para a prova.
Não queremos uma universidade que esta desligada da realidade de onde ela está
implantada, que simplesmente utilize o lugar como um parasita. Pois, uma universidade
descomprometida com a realidade, é como ensinar conteúdo de forma que este não esteja
ligado a um espaço geográfico, seu momento histórico, sua cultura, seu contexto social e suas
necessidades.
E não queremos uma universidade dirigida e administrada por indivíduos indicados
pelo poder político e econômico sem ter a interferência do aluno e do professor e que haja
como o centro da sabedoria e das decisões.
Queremos uma universidade que não seja uma simples escola de nível superior, mas
que seja um centro de reflexão crítica. Nesse centro buscaremos informações a todos os
níveis, para que a realidade possa ser continuamente transformada. Buscaremos estabelecer
uma mentalidade criativa e comprometida em busca da verdade através da comparação, da
análise, da avaliação e dos conhecimentos.
Para que isso aconteça à pesquisa será a atividade fundamental deste centro, pois
sempre a necessidade de um novo entendimento.
Queremos uma universidade ligada a nossa realidade histórica e geográfica, nosso
município, nossa região, nosso país, mas que não deixe de lado o resto do planeta, pois é o
conjunto todo que faz a universidade ter consciência critica da sociedade.
Queremos uma universidade "nova" a cada dia, atualizada preparada para o
desenvolvimento do potencial critico dos alunos e professores. Queremos uma universidade
onde professores e alunos juntos criem e produzam o conhecimento.
É através da evolução que tivemos desde Antiguidade Clássica que chegamos hoje a
uma universidade não perfeita, mas muito melhor e que ainda temos que continuar
trabalhando para que a universidade nunca pare de evoluir.

REFERÊNCIA
LUCKESI, C. et al. Universidade: Criação e produção de conhecimento. In:_____. Fazer
universidade: Uma proposta metodológica. 3.ed. São Paulo: Cortez, 1986. p. 29-44.

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