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Avaliação de argamassa de assentamento em prismas de bloco

estrutural de concreto
Evaluation of mortar for laying on structural concrete block prisms

CERQUEIRA, M. B. DOS S. (1); MUSSE, D. S. (2); BRITO JUNIOR, J. A. (3); GONÇALVES, J. P.


(4); SILVA, F. G. S. (5)

(1) Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil (PPEC) pela Universidade Federal
da Bahia, Brasil.
(2) Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Urbana (MEAU) pela
Universidade Federal da Bahia, Brasil.
(3) Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia, Brasil.
(4) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia.
(5) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia.
Rua Prof. Aristídes Novis, 2 – Federação, Salvador, BA, 40210-630
fgabriel.ufba@gmail.com

Resumo
O sistema construtivo em alvenaria estrutural utilizando blocos de concreto tem sido uma alternativa
bastante utilizada pelo setor da construção civil, principalmente no que se refere às obras de interesse
social. Diversos requisitos devem ser atendidos para garantir a qualidade final da edificação. A eficiência da
alvenaria depende tanto do controle da qualidade da execução e dos blocos, quanto da argamassa a ser
utilizada, já que a mesma possui dentre suas funções, a de solidarizar as unidades, distribuir uniformemente
as cargas atuantes na parede e selar as juntas contra a entrada de água nas edificações. Diferentes
qualidades de argamassas de assentamento empregadas nos blocos podem modificar o padrão de ruptura
e afetar a resistência à compressão do sistema. Sendo que, variações nas resistências das argamassas de
assentamento, produzidas em obra, têm interferido constantemente na qualidade das construções,
colaborando com o surgimento de manifestações patológicas. Desta forma, tornam-se necessários estudos
que colaborem com a obtenção de um melhor desempenho global da estrutura, considerando propriedades
desejáveis das argamassas, no estado fresco e endurecido. Diante do exposto, este trabalho tem como
objetivo analisar a influência da qualidade de argamassas, utilizadas para assentamento de blocos de
concreto, em alvenarias. Foram realizados ensaios experimentais com confecção de prismas com blocos
estruturais de concreto, utilizando argamassa industrializada e argamassa com 55% de argilomineral em
substituição à areia, verificando assim, sua resistência à compressão axial. Os resultados permitiram
constatar que a alta resistência da argamassa industrializada em relação à argamassa contendo
argilomineral para o assentamento dos prismas, não interferiu significativamente na resistência dos
mesmos.
Palavra-Chave: Argamassa de assentamento, prismas, alvenaria estrutural

Abstract
The construction system in structural masonry using concrete blocks has been an alternative widely used by
the civil construction sector, mainly in relation to works of social interest. Various requirements must be met
to ensure the final quality of the building. The efficiency of the masonry depends both on the quality control of
the execution and on the blocks, as well as the mortar to be used, since it has among its functions, to solidify
the units, evenly distribute the loads acting on the wall and seal the joints against The entrance of water in
the buildings. Different grinding mortar qualities employed in the blocks can modify the rupture pattern and
affect the compressive strength of the system. Since, variations in the resistance of the mortars of laying,
produced in work, have constantly interfered in the quality of the constructions, collaborating with the
appearance of pathological manifestations. In this way, studies are necessary that collaborate to obtain a
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better overall performance of the structure, considering desirable mortar properties, in the fresh and
hardened state. In view of the above, this work aims to analyze the influence of the quality of mortars, used
for laying concrete blocks, in masonry. Experimental tests were carried out with prismatic concrete blocks,
using mortar and mortar with 55% of clay, replacing the sand, thus verifying its resistance to axial
compression. The results showed that the high resistance of the mortar industrialized in relation to the mortar
containing argilomineral for the settlement of the prisms, did not significantly interfere in their resistance.
Keywords: Mortar for laying, prisms, structural masonry

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1 Introdução
O sistema construtivo em alvenaria estrutural é um dos mais adotados atualmente. Sua
capacidade resistente é determinada a partir das propriedades mecânicas dos seus
componentes, conforme ensaios normatizados.
Nesse sistema construtivo, as paredes atuam como elemento resistente da estrutura e, ao
mesmo tempo, como vedação. Essas paredes são elementos portantes compostos por
unidades de alvenaria, como blocos de concreto ou tijolos, unidas por juntas de
argamassas. Assim o conjunto rígido, monolítico, formado pelas unidades de alvenaria e a
argamassa de assentamento, deve ter funções estruturais, além de resistir a impactos,
garantir a vedação, estanqueidade, conforto térmico e acústico da obra (CASALI, 2008).
A argamassa, apesar de corresponder a uma pequena parcela do volume de uma
estrutura de alvenaria, influencia diretamente a resistência, a deformabilidade e o modo
de ruína deste tipo de estrutura. Como funções primordiais deste material, na forma de
junta horizontal, destacam-se a solidarização das unidades, a transmissão de esforços
axiais e a resistência aos esforços laterais (BARBOSA, 2008), além de complementar
sistemas de isolamento acústico e térmico (SÁNCHEZ, 2013).
Segundo Casali (2008), cabe ressaltar que, tanto os blocos de concreto quanto as
argamassas de assentamento, têm propriedades distintas e bem definidas quando
analisados os materiais separadamente. Porém, a interação entre eles forma um novo
material com propriedades distintas e não totalmente conhecidas.
O mesmo autor comenta que a interação entre o bloco de concreto e a argamassa de
assentamento inicia quando a argamassa no estado fresco é colocada sobre a superfície
porosa e absorvente do bloco de concreto que provoca, no primeiro contato, uma perda
substancial de água e enrijecimento. Essa transferência de água é o que promove a
adesão entre o bloco de concreto e argamassa de assentamento.
Ressalta-se uma região de comportamento complexo e importante na alvenaria: a
interface. Ela representa uma área de adesão diferenciada, localizada entre a unidade e a
junta de argamassa, a partir da qual se desenvolvem os modos de ruptura geralmente
observados na alvenaria. Essa interface está sujeita à danificação causada por retração e
deformação devida à variação de temperatura, diferente no bloco e na argamassa. Além
disso, a hidratação da argamassa é diferenciada no centro da junta e na interface,
decorrente da sucção de água por parte do substrato (BARBOSA, 2008).
As adições na argamassa contendo argilominerais são utilizadas em algumas regiões do
Brasil, seja para revestimento ou assentamento de componentes da alvenaria. A
experiência prática brasileira comprova que as argamassas feitas com areias argilosas
apresentam melhor trabalhabilidade e melhor resiliência sendo, que a capacidade de
aderência e a resistência podem (ou não) ser prejudicadas em função do teor e da
natureza de materiais finos (SABBATINI, 1989).
Para a alvenaria estrutural, por ser uma composição entre blocos e argamassas e suas
respectivas propriedades mecânicas, é de fundamental importância o estudo dos modos
de ruptura para poder propor composições de melhor desempenho estrutural (MOHAMAD
et al, 2011). Dentro deste contexto, este trabalho visa colaborar com os estudos
relacionados à influência da qualidade de argamassas, utilizadas para assentamento de
blocos de concreto, em alvenarias estruturais.

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2 Materiais e Métodos
2.1 Materiais
Para este estudo, foram utilizados blocos de concreto de alvenaria estrutural com
dimensões de 140x190x390mm (L x A x C) com resistência de 6MPa; argamassa
industrializada extra forte e argamassa com 55% de argilomineral. Para produzir a
argamassa com argilomineral, foi utilizado o cimento Portland CP II Z-32 (RS), areia e
argilomineral (arenoso) provenientes da região de Salvador/BA.
A composição física - química do cimento foi fornecida pelo fabricante e pode ser
observada na Tabela 1.
Tabela 1 - Caracterização físico-química e mecânica do cimento CP II Z-32 - RS (FABRICANTE DO
CIMENTO).
Propriedades Químicas Valor médio ABNT NBR
Perda ao fogo (%) 5,22 ≤ 6,5
Resíduo insolúvel (%) 3,03 ≤ 16
SO3 (%) 3,40 ≤ 4,0
Propriedades Físicas e Mecânicas Valor médio ABNT NBR
Massa específica (g/cm³) 3,15 -
Área específica (Blaine) (cm²/g) 3673 ≥ 2600
Finura - #325 (%) 11,69 N/A
Finura - #200 (%) 1,49 ≤ 12,0
Expansibilidade a quente (mm) - ≤ 5,0
Início de Pega (min) 300 ≥ 60
Fim de Pega (min) 369 ≤ 600
Água da Pasta de Consistência (%) 26 N/A
Resistência à Compressão (MPa) Valor médio ABNT NBR
3 dias 28,4 ≥ 10,0
7 dias 34,2 ≥ 20,0
28 dias 41,4 ≥ 32 ≤ 49,0

Os parâmetros obtidos pela caracterização física da areia e do argilomineral (arenoso),


utilizados na argamassa produzida em laboratório, são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Resultados dos ensaios de caracterização do agregado miúdo natural (AUTORES).


Características Norma Areia Arenoso
Massa unitária em estado solto (kg/dm3) NBR NM 45, 2006 1,49 1,26
Massa específica (kg/dm3) NBR NM 52, 2009 2,64 2,66
Materiais pulverulentos (%) NBR NM 46, 2003 0,80 11,73
D max (# mm) NBR NM 248, 2003 1,18 2,36
Módulo de Finura NBR 7211, 2009 1,68 1,85

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A curva granulométrica da areia e do arenoso (Figura 1) está localizada dentro do limite
utilizável segundo a NBR 7211/2009.

100
Areia
Massa retida acumulada (%)

Zona utilizável inferior


80 Zona utilizável superior
Zona ótima inferior
Zona ótima superior
60
Arenoso

40

20

0
0,1 1 10
Abertura da peneira (log) - (mm)
Figura 1. Curva granulométrica da areia e do arenoso utilizados nas argamassas (AUTORES)

A dosagem da argamassa com 55% de argilomineral foi produzida por meio dos
procedimentos adotados nos estudos de Gomes e Neves (2002), considerando o
consumo de cimento de 190kg/m³ (Cc) e quantidade de água de 285 L/m³. Segundo os
autores, a quantidade individual da areia e da adição é calculada por tentativas em função
do teor de finos, que corresponde à porcentagem de material que passa na peneira com
abertura de malha de 0,075 mm (# 200). Além disso, o teor de finos deve atender ao
limite máximo de 7% com a proporção de 35% da adição, através da seguinte equação:

0,65 % + 0,35 % ≤7 ( Equação 1)

Onde:
% = % da areia que passa na peneira # 200;
% = % da adição que passa na peneira # 200.

Para a argamassa foi utilizada uma proporção de 55 % de argilomineral que ultrapassa o


limite máximo recomendado, além disso, não foi considerado aditivo no traço. O traço
encontrado para esta proporção foi de 1: 4,1: 5: 2,31 ( cimento: areia: argilomineral: a/c)
para 45% de areia e 55% de arenoso no traço.

2.2 Métodos
2.2.1 Caracterização das argamassas
As argamassas foram caracterizadas conforme as prescrições da NBR 13281:2005
(Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos – Requisitos), que
recomenda a realização de alguns ensaios para aplicação e aceitação. A mistura da
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argamassa foi produzida em um misturador mecânico (argamassadeira) com capacidade
de 5 litros, de acordo com as recomendações da NBR 13276:2016.

2.2.2 Avaliação Mecânica das Argamassas

A Figura 2 apresenta os ensaios que foram realizados neste trabalho para obter dados
necessários à análise mecânica da argamassa industrializada e da argamassa com 55%
de argilomineral.

(a) (b) (c) (d)

Figura 2 – Ensaios realizados das argamassas (a) Compressão axial; (b) Tração por compressão diametral;
(c) Tração na Flexão; e (d) Absorção de água (AUTORES)

a) Compressão Axial

Os ensaios de compressão axial foram realizados com quatro corpos de prova cilíndricos
de dimensões 50 x 100 milímetros, adensados manualmente com quatro camadas de
argamassa com 30 golpes cada uma, sendo realizada uma adaptação na NBR
13279:2005 para determinação da resistência à compressão. Os corpos de prova foram
curados no período de 28 dias em temperatura ambiente, com velocidade de
carregamento de 500N/s, utilizando a Máquina de testes Contenco HD-20T.

b) Tração por Compressão diametral

Neste ensaio foram avaliados os corpos de prova na idade de 28 dias, moldados de forma
equivalente aos submetidos ao ensaio de compressão axial e utilizando a mesma
Máquina de testes e as recomendações da NBR 7222:2010. A velocidade da carga
aplicada foi 0,05 ± 0,02 MPa/s.

c) Resistência à tração na flexão

Para o ensaio foram moldados três corpos de prova prismáticos de dimensões 4x


4x 16 cm para cada tipo de argamassa, para avaliação da resistência à flexão na idade de
28 dias. Este ensaio foi realizado conforme as recomendações da NBR 13279: 2005 com
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velocidade de carregamento igual a 0,05kN/s. Os valores foram obtidos utilizando a
Máquina de testes Contenco HD-20T..

d) Absorção de água

O ensaio de absorção total de água foi executado, conforme os procedimentos


estabelecidos na NBR 9778:2005. O ensaio foi realizado com corpos de prova cilíndricos
com dimensões de 50 x 100mm, aos 28 dias de idade, para cada tipo argamassa. Para
tanto, os corpos de prova foram retirados da cura e colocados em estufa à temperatura de
105±5°C por até 72h, em seguida, mediu-se a massa seca do corpo de prova resfriado e
logo após, os mesmos foram imersos em água à temperatura de 23±2°C por até 72h, e
por fim mediu-se a massa úmida. O índice de absorção foi calculado por meio da
Equação 2.

Msat - Ms
Abs (%) 100  (Equação 2)
Ms
Sendo:
= massa do corpo de prova saturado (g);
= massa do corpo de prova seco em estufa (g).

2.2.3 Avaliação Mecânica dos prismas

Todas as etapas necessárias ao ensaio para a determinação da resistência à compressão


de prismas foram realizadas conforme a NBR 15961-2:2011 e NBR12118:2013, com a
confecção de 12 prismas e com deformação controlada, com velocidade do pistão de 0,05
0,01MPa/s. Utilizando uma máquina de ensaios universal de marca Instron, modelo
1000HDX com capacidade de carga de 1000kN (Figura 3).

Figura 3 – Etapas da execução dos prismas de blocos de concreto (AUTORES)

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3 Resultados e Discussões
3.1 Caracterização das argamassas
Com objetivo de avaliar as diferentes características das argamassas utilizadas no
assentamento dos blocos desta pesquisa, foram realizados diferentes ensaios conforme
as recomendações da NBR 13281:2005, apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 - Caracterização das argamassas conforme a NBR 13281:2005 (AUTORES).

NORMA Determinação Argamassa Argamassa com


(ABNT) Industrializada Argilomineral
NBR 13276 - Índice de consistência 259 mm 255 mm
2016
NBR 13277 - Índice de retenção de água 82 % 86 %
2005
NBR 13278 - Densidade de massa no estado fresco 1524 (Kg/m³) 2036 (Kg/m³)
2005
NBR13279 - Resistência à tração na flexão 2,31 MPa 0,50 MPa
2005
NBR 13279 - Resistência à compressão 5,41 MPa 2,24 MPa
2005
NBR 13280 - Densidade no estado endurecido 1711 (kg/m³) 1722,35 (kg/m³)
2005
NBR 15259 - Absorção de água por capilaridade 7,5 (g/dm².min1/2) 17,6 (g/dm².min1/2)
2005
NBR 15258 - Resistência potencial de aderência à 0,32 MPa 0,11 MPa
2005 tração.

As diferenças significativas entre as argamassas referem-se aos resultados das


resistências alcançados, onde os menores valores são pertencentes à argamassa
contendo 55% de argilomineral na sua composição.
Quanto à resistência de aderência à tração, quanto menor o valor obtido, no caso em
estudo, a argamassa com argilomineral que possui maior quantidade de finos que a
argamassa industrializada, maiores serão as chances de manifestações patológicas nas
alvenarias (fissuras, por exemplo), devido à baixa resistência de aderência entre o bloco
de concreto e a argamassa de assentamento.

3.2 Avaliação Mecânica das argamassas

a) Compressão axial das argamassas


O valor médio de resistência à compressão axial da Argamassa Industrializada obtido no
ensaio é de 6,71MPa, enquanto o valor médio obtido na argamassa com argilomineral é
de 1,74 MPa, diferindo, entre si, em aproximadamente 5 MPa (Tabela 4).

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Tabela 4 - Valores individuais da resistência à compressão axial das argamassas (AUTORES).
Fc (MPa)
Argamassa
CP Argamassa com argilomineral
Industrializada
1 6,85 1,69
2 7,15 1,89
3 6,51 1,66
4 6,33 1,73
Média 6,71 1,74
DesvPad 0,43 0,10
CV (%) 6,40 5,85

b) Tração por compressão diametral das argamassas


O valor médio de tração por compressão diametral da Argamassa Industrializada obtido
no ensaio é de 1,26MPa, enquanto o valor médio obtido na argamassa com argilomineral
é de 0,18 MPa, diferindo, entre si, em 1,08 MPa (Tabela 5).

Tabela 5 - Valores individuais da resistência à tração por compressão diametral das argamassas
(AUTORES).
Ftd (MPa)
Argamassa
CP Argamassa com argilomineral
Industrializada
1 1,16 0,17
2 1,31 0,19
3 1,24 0,20
4 1,35 0,17
Média 1,26 0,18
DesvPad 0,06 0,02
CV (%) 4,61 9,79

c) Resistência à tração na flexão das argamassas


O valor médio de tração na flexão da Argamassa Industrializada obtido no ensaio é de
2,31MPa, enquanto o valor médio obtido na argamassa com argilomineral é de 0,50MPa,
diferindo, entre si, em 1,81 MPa (Tabela 5).

Tabela 6 - Valores individuais da resistência à tração na flexão das argamassas (AUTORES).


Rt (MPa)
Argamassa
CP Argamassa com argilomineral
Industrializada
1 2,29 0,50
2 2,29 0,47
3 2,33 0,52
Média 2,31 0,50
DesvPad 0,02 0,02
CV (%) 0,81 4,03

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Os resultados descritos nos itens a), b) e c) indicam que a argamassa contendo
argilomineral apresentou-se menos resistente em todos os ensaios realizados.

d) Ensaio de absorção de água


O valor médio obtido no ensaio de absorção de água da argamassa contendo
argilomineral apresentou-se superior ao da argamassa industrializada (Tabela 7).

Tabela 7 - Valores individuais da absorção de água das argamassas (AUTORES).


Abs (%)
Argamassa
CP Argamassa com argilomineral
Industrializada
1 11,61 17,03
2 11,58 16,87
3 11,57 16,96
4 11,67 16,46
Média 11,61 16,83
DesvPad 0,05 0,26
CV (%) 0,40 1,52

Estes resultados maiores de absorção estão relacionados ao fato da argamassa de


assentamento com argilomineral conter uma maior quantidade de finos em relação à
argamassa industrializada.

e) Ensaio de resistência à compressão dos prismas.


A tabela 8 apresenta os valores referentes às resistências à compressão dos prismas com
as duas argamassas de assentamento analisadas.

Tabela 8 - Valores individuais de resistência à compressão dos


prismas (AUTORES).
Fc (MPa)
Argamassa
CP Argamassa com argilomineral
Industrializada
1 7,02 8,15
2 7,87 6,37
3 7,64 6,55
4 7,58 5,69
5 6,61 6,98
6 8,16 6,80
Média 7,48 6,76
DesvPad 0,57 0,82
CV (%) 7,61 12,07

Observa-se que os valores médios referentes à resistência à compressão dos prismas


assentados com argamassa industrial estão próximos aos valores médios dos prismas
assentados com argamassa contento 55% de argilomineral.

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À medida que se aplica uma força vertical de compressão na alvenaria, surgem tensões
de tração no bloco e tensões de compressão triaxial na argamassa. Esse modelo é o que
melhor representa o fenômeno de ruptura da parede à compressão, que pode acontecer
no bloco por atingir o limite da resistência à tração ou na junta de argamassa, se atingir a
resistência à compressão confinada dela (MOHAMAD et al, 2011).
A Figura 4 apresenta as formas de ruptura dos prismas assentados com argamassa
contendo argilomineral.

Figura 4 – Formas de ruptura dos prismas assentados com argamassa contendo 55% de
argilomineral no ensaio de resistência à compressão (AUTORES)

Observa-se que ocorreu o esmagamento da argamassa de assentamento, ruptura dos


septos laterais, com fissuras que se propagaram paralelas ao carregamento dos blocos e
lascamento do concreto.

A Figura 5 apresenta as formas de ruptura dos prismas assentados com argamassa


industrializada.

Figura 5 – Formas de ruptura dos prismas assentados com argamassa industrializada no ensaio de
resistência à compressão (AUTORES)

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Observa-se que ocorreu o esmagamento da argamassa de assentamento, ruptura dos
septos laterais, lascamento do concreto, fissuras que se propagaram verticalmente nos
septos laterais e fendilhamento na parede dos blocos (indicado por uma seta na figura 5).

4 Conclusões
Com base nos estudos realizados neste artigo e nos resultados obtidos, pode-se concluir
que a argamassa contendo argilomineral possui capacidade resistente inferior à
argamassa industrializada, parte disso, devido a maior quantidade de finos presentes na
argamassa com 55% de argilomineral, interferindo também na sua alta capacidade de
absorção de água.
Além disso, foi possível verificar que a alta resistência da argamassa industrializada em
relação à argamassa contendo argilomineral para o assentamento dos prismas, não
interferiu significativamente na resistência dos mesmos.
Por meio das características visuais da forma de ruptura obtida no ensaio dos prismas,
com os dois tipos de argamassas de assentamento, foi possível verificar uma perda de
aderência entre a argamassa e o bloco que acabou gerando o esmagamento da junta de
assentamento. Este esmagamento gerou fissuras ao longo do comprimento do bloco,
tendendo, posteriormente, ao lascamento do mesmo.

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