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O comportamento do concreto de alto desempenho com sílica ativa e

metacaulim como adições químicas minerais quanto à sua resistência à


compressão utilizando agregados provenientes da região metropolitana
de Goiânia – GO

The behavior of high performance concrete with metakaolin and silica fume mineral
admixtures on their compressive strength using aggregates from metropolitan region of
Goiânia - GO

Daniel da Silva ANDRADE (1); Danillo de Almeida e SILVA (2); Andre Luiz Bortolacci GEYER (3)

(1) Mestrando do curso de Mestrado em Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás - UFG
(2) Mestrando do curso de Mestrado em Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás - UFG
(3) Professor Doutor do curso de Mestrado em Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás - UFG

(1) ds.andrade@hotmail.com; (2) arq.danillo@gmail.com; (3) andre.geyer@hotmail.com

Resumo
Este trabalho trata-se de um estudo comparativo entre concretos de alto desempenho (CAD) com a
utilização de diferentes componentes como adições químicas minerais, em substituição a parte do cimento
Portland, e agregados provenientes da região metropolitana de Goiania-GO. Foram produzidas quatro
dosagens de concreto através do método de dosagem específico para concretos de alto desempenho
desenvolvido por Mehta & Aïtcin: uma dosagem referência apenas com cimento Portland como material
cimentíceo, outra com adição de 8% de sílica ativa em pó, outra com 8% de sílica ativa em dispersão
aquosa e uma última dosagem com adição de 8% de metacaulim. Todas as dosagens deste estudo foram
calculadas para produzir concretos de aproximadamente 65 MPa de resistência à compressão para que se
pudesse avaliar o efeito destas adições químicas minerais em um concreto de alto desempenho. Os
concretos produzidos foram avaliados em termos de resistência à compressão. Foi efetuada também uma
análise comparativa de custo dos concretos produzidos em função da sua resistência à compressão e do
consumo de materiais cimentíceos. Os consumos totais dos materiais cimentíceos utilizados estiveram
compreendidos entre 484 kg/m³ e 527 kg/m³ de concreto. O uso destas adições proporcionou ganhos em
termos de resistência à compressão, trabalhabilidade e custo em relação ao concreto sem adições químicas
minerais.
Palavra-Chave: CAD, concreto, sílica ativa, microssílica, metacaulim.

Abstract
This work comes from a comparative study of high performance concrete (DAC) using components from
different mineral admixtures to replace part of Portland cement and aggregates from the metropolitan region
of Goiania-GO. We produced four strengths of concrete by the method of measurement specific to high
performance concrete developed by Mehta & Aïtcin: a reference dose with only Portland cement as
cementitious material, the other with addition of 8% silica fume powder, with another 8% silica fume,
dispersed in water and a final determination with addition of 8% of metakaolin. All strengths of this study
were calculated to produce concrete of approximately 65 MPa compressive strength so that it could assess
the effect of these mineral admixtures in a high performance concrete. The concretes were evaluated in
terms of compressive strength. It was also made a comparative analysis of cost of concrete produced

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according to its compressive strength and the consumption of cementitious materials. The total
consumptions of cementitious materials used were in the range 484 kg / m³ and 527 kg / m³ of concrete. The
use of these additions provided gains in terms of compressive strength, workability and cost compared to
concrete without mineral admixtures.
Keyword: CAD, concrete, silica fume, microsilica, metakaolin.

1 Introdução

O Concreto de Alto Desempenho é um material entendido como uma evolução


tecnológica dos concretos tradicionais, fruto da pesquisa aplicada e resultado da
introdução conjunta, no elenco das matérias primas básicas do concreto, de adições
minerais e aditivos químicos. O desenvolvimento destes materiais, principalmente a
descoberta da extraordinária ação de dispersão dos aditivos superplastificantes, que
permitem a redução de água em relação à quantidade de cimento, é diretamente
responsável pelo espetacular aumento da resistência à compressão dos concretos
(AÏTCIN, 1995).
O concreto de alta resistência surgiu nos anos 60, em Chicago (EUA), devido ao
espírito pioneiro de um grupo de projetistas e produtores de concreto. O concreto usual,
considerado econômico e seguro, era de 15 a 20 MPa e basicamente utilizado em
estruturas horizontais, fundações, construção de pisos de edifícios e na proteção de
elementos estruturais contra o fogo. O material mais utilizado nas estruturas dos altos
edifícios era o aço (AÏTCIN, 2000).
A utilização do CAD proporciona inúmeras vantagens entre elas destaca-se o fato
da alta resistência aos esforços mecânicos possibilitar a redução da dimensão dos
elementos estruturais, principalmente dos pilares, permitindo ampliar a área útil da
edificação, efeito que é maior nos térreos e subsolos, tendo em vista serem os
pavimentos em que os pilares apresentam as cargas mais elevadas. Essas vantagens
são tanto maiores quanto maior é a altura do edifício.

1.1 Componentes do CAD

Conforme MEHTA & AÏTCIN (1990), a produção do CAD é indissociada do uso dos
seguintes materiais: cimento, agregado miúdo e graúdo, adições minerais, aditivos
químicos e água. A seleção destes materiais é um problema porque os cimentos e
agregados disponíveis possuem bruscas variações de composição e propriedades e não
há normas claras para a escolha dos agregados mais adequados para o CAD. A situação
também se torna complexa pelo fato de que inúmeros aditivos químicos e adições
minerais são utilizados simultaneamente, e não há regras simples que determinem as
composições ideais.

1.1.1 Cimento

Com um agregado de alta qualidade, a resistência e permeabilidade do concreto


são controladas pela qualidade da pasta de cimento, que, por sua vez, depende
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principalmente das características físicas e químicas do cimento. Os cimentos Portland
variam consideravelmente na composição química e finura, ambos influenciando na
quantidade de água para obter a consistência desejada. Além disso, interações físico-
químicas entre alguns cimentos e aditivos superplastificantes são responsáveis por
causar as indesejáveis pega rápida ou perda de abatimento, que muitas vezes exigem
redosagem do concreto (MEHTA & AÏTCIN, 1990).
O desempenho final do cimento, na produção do CAD, dependerá da maneira pela
qual o comportamento reológico e o desenvolvimento da resistência podem ser
simultaneamente otimizados. Então, quando se pretende produzir um CAD, deve-se
escolher o cimento mais próximo das seguintes características (AÏTCIN, 2000):
- Química: o cimento deve possuir tão pouco C3A quanto possível, tendo este
preferencialmente a forma cúbica e conter certa quantidade de sulfatos solúveis, com o
objetivo de controlar a formação da etringita, que tende a diminuir a trabalhabilidade no
concreto fresco. Em relação à resistência, deve conter uma boa quantidade de C3S, mas
não em demasia, em vista da reologia.
- Física: o cimento deve ter a finura ótima que resulta em exigências conflitantes: do ponto
de vista da resistência, quanto mais fino melhor, pois a fase silicato entrará rápida e
inteiramente em contato com a água; mas do ponto de vista reológico, quanto mais fino
mais reativo será e uma parte maior das fases silicato e intersticial estará em contato com
a água e, assim, mais etringita e C-S-H se desenvolverão rapidamente.
Dentre os cimentos Portland produzidos no Brasil, o que mais se aproxima das
características indicadas à produção do CAD é o cimento CPV-ARI (Alta resistência
inicial). O desenvolvimento da alta resistência inicial é conseguido pela utilização de uma
dosagem diferente de calcário e argila na produção do clínquer, que resulta num elevado
teor de C3S; bem como a moagem mais fina do cimento, de modo que, ao reagir com a
água, ele adquire elevadas resistências com maior velocidade (ALVES, 2002).

1.2.2 Agregados

Quando a resistência à compressão está na faixa de 20 a 40 MPa, a resistência à


compressão dos agregados é de importância secundária, pois nestes concretos a ruptura
inicia-se na pasta ou na interface pasta-agregado. No caso do CAD isto não é totalmente
verdade, pois a ruptura pode ocorrer também nos agregados devido à alta resistência da
pasta de cimento hidratada, tornando imperativo utilizar agregados de alta resistência
para na produção de CAD (AÏTCIN, 1995).
Na opinião de AÏTCIN (2000), os agregados graúdos que têm sido usados com
sucesso na produção de CAD são as rochas densas e duras britadas, tais como calcário,
a dolomita e rochas ígneas do tipo plutônico (como o granito, sienito, diorito, grabo e
diabásio).
Quanto ao agregado miúdo a característica mais importante é a sua dimensão. De
acordo com AÏTCIN (2000), o agregado miúdo de ter módulo de finura entre 2,7 e 3,0. O
uso de uma areia tão grossa é apoiado pelo fato de que todos os traços de alta
resistência são bastante ricos em partículas finas devido ao seu alto teor de cimento e de
materiais cimentíceos, de tal forma que não é necessário usar uma areia fina do ponto de
vista da trabalhabilidade e da segregação. Além disso, o uso da areia mais grossa leva a

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um pequeno decréscimo da água de mistura necessária para uma dada trabalhabilidade,
o que é vantajoso tanto do ponto de vista da resistência, como do econômico (AÏTCIN,
2000).

1.2.2 Adições minerais

Antes as adições minerais eram usadas exclusivamente para reduzir o custo/m³ do


concreto convencional ou reduzir a evolução do calor de hidratação no concreto massa
(AÏTCIN, 1995), mas desenvolvimentos mostraram que, geralmente, a introdução de
adições minerais no concreto provoca várias alterações em suas características, tanto no
concreto fresco quanto no concreto endurecido, devido às modificações que surgem na
sua microestrutura.
As adições minerais podem atuar de três formas no concreto:
- De forma a contribuir no controle da perda de abatimento (slump), que freqüentemente é
uma grande dificuldade para a produção de um CAD;
- De forma física, pelo denominado efeito-filer (ou de preenchimento de vazios), que
colabora para aumentar a coesão e compacidade do concreto, com a diminuição do
volume de vazios (porosidade) e com o refinamento dos poros (porometria).
- De forma química, através do potencial de produzir o silicato de cálcio hidratado (C-S-H)
pelas reações pozolânicas com o hidróxido de cálcio (CH) resultante da hidratação do
C3S e C2S do cimento Portland. Este produto, o C-S-H, é que dá a propriedade ligante e
a compacidade ao concreto (AÏTCIN, 1995).
Com relação ao aspecto ambiental, buscam-se reduções na quantidade dos
aglomerantes hidráulicos usados, aumento da durabilidade e o uso de subprodutos
industriais que estejam saturando os aterros sanitários dos grandes centros urbanos.
As adições minerais utilizadas nesta pesquisa são classificadas como Pozolanas
altamente reativas em função da sua composição química e mineralógica. Estas tem
como representantes atuais a sílica ativa, na forma amorfa, a cinza de casca de arroz
produzida por combustão controlada e o metacaulim.
A sílica ativa é, normalmente, oriunda do processo de produção das indústrias de
ferrosilício e silíciometálico. Já o metacaulim foi fabricado, primeiramente, a partir da
calcinação de argilas cauliníticas. Recentemente, esta pozolana tem sido obtida por meio
da moagem e calcinação de argilas especiais (caulim de alta pureza), em baixas
temperaturas, sendo um material com alta atividade pozolânica.
A contribuição das pozolanas altamente reativas para a resistência à compressão
do concreto está diretamente relacionada a diversos fatores, tais como: teor na mistura,
suas características mineralógicas, físicas e químicas; composição do cimento, relação
água / (cimento+pozolana), tipo e dosagem de superplastificante, temperatura, umidade,
dosagem e processo de cura submetido ao concreto.

1.2.2 Aditivos químicos

Os aditivos químicos são usados no concreto para se alcançar inúmeros objetivos


como: promover consistência (superplastificantes), controlar o tempo de pega
(retardadores) e produzir proteção contra a deterioração pelos ciclos gelo-degelo

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(incorporadores de ar). Deve-se ressaltar, que a ação dos superplastificantes é
indispensável para a produção do CAD, visto que sem a aplicação destes não se
consegue obter concretos trabalháveis com as baixas relações a/c requeridas.
Os superplastificantes são produtos orgânicos, como os condensados com
formaldeído de melamina sulfonada ou de naftaleno sulfonado, sintetizados
especialmente para a indústria do concreto devido à sua maior eficiência na neutralização
das cargas que resulta na defloculação e dispersão das partículas de cimento. Essa ação
dispersante elimina a necessidade de adicionar água para produzir suficiente
trabalhabilidade e para deflocular as aglomerações de partículas de cimento (AÏTCIN,
1995). Assim, proporcionam a redução da relação a/c e, conseqüentemente, colaboram
na redução da porosidade total e do diâmetro dos poros, o que aumenta
consideravelmente a impermeabilidade do concreto. A redução da relação a/c sempre
atua na elevação das resistências mecânicas e no aumento da durabilidade do concreto.
Atualmente uma nova geração de superplastificantes surge no mercado, formados
à base de éter policarboxilato, e que tem apresentado eficiência superior aos seus
antecessores e, por esta razão, coloquialmente denominados superplastificantes de
última geração ou “hiperplastificantes”. Estes aditivos consistem de polímeros de éter
carboxílico com largas cadeias laterais que, no começo do processo da mistura ao
concreto; inicia o mecanismo de dispersão eletrostática como nos tradicionais, porém
suas cadeias laterais unidas à estrutura polimérica geram uma energia que estabiliza a
capacidade de refração e dispersão das partículas de cimento. Com este processo obtém-
se um concreto fluido com grande redução da quantidade de água.

2 Propriedades do CAD

A resistência à compressão é uma das principais e mais significativas propriedades


do concreto, a ponto de servir de referência para sua classificação. Sua determinação
fornece uma estimativa do desempenho do concreto tanto em termos mecânicos como,
indiretamente, da sua durabilidade. A “lei” que sugere o crescimento da resistência à
compressão à medida que a relação a/c diminui, existente para concretos usuais, só è
valida para CAD até o alcance da resistência máxima do agregado graúdo. Quando isto
ocorre e a resistência do agregado torna-se menor que da pasta de cimento, a resistência
à compressão do concreto já não é aumentada significativamente com a diminuição da
relação a/c (AÏTCIN, 2000). Mesmo quando se utiliza agregado graúdo suficientemente
resistente, é impossível formular uma relação geral entre a relação a/c e a resistência à
compressão do CAD, devido à grande quantidade de combinações entre materiais e as
características dos materiais usados em sua produção.
Geralmente o concreto de alta resistência contém de 1 a 3% de ar aprisionado,
uma vez que sua mistura é mais viscosa que a do concreto convencional. Quanto menor
a relação a/c, mais viscoso será o concreto fresco. Contudo, dependendo da combinação
cimento/aditivo, é possível manter o ar aprisionado entre 1 e 1,5% para concretos com a/c
maiores que 0,3 (AÏTCIN, 2000). Para MEHTA & AÏTCIN (1990), as misturas de CAD
tendem a reter aproximadamente 2% de ar, mesmo sem nenhuma incorporação química.
A trabalhabilidade do concreto é a propriedade que determina o esforço necessário
para manipular uma quantidade de concreto fresco com uma perda mínima de
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homogeneidade (ALVES, 2000). Essa propriedade compreende, pelo menos, dois
componentes principais: a fluidez, que descreve a facilidade de mobilidade; e a coesão,
que equivale à resistência à exudação ou à segregação.
Com a diminuição da relação água cimento, e a adição de superplastificantes, a
situação tornasse mais complexa, pois a água deixa de ser responsável pela reologia da
pasta e agora, as partículas de material cimentante, passam a interagir fisicamente, de
acordo com sua forma, distribuição de grãos e reatividade química, pois estão muito mais
próximas umas das outras. O superplastificante incorporado à mistura para deflocular as
partículas de cimento e de adições, interage com as mesmas em hidratação, tornando
ainda mais complexo o conjunto de fatores que influenciam a reologia do CAD fresco
(AÏTCIN, 2000).
O maior consumo de cimento, em geral, aumenta a quantidade e o comprimento
dos cristais fibrosos e, conseqüentemente, diminui a porosidade capilar e aumenta a
probabilidade de isolamento dos poros, garantindo menor permeabilidade do concreto.
Todavia, isoladamente o aumento do teor de cimento pode ser nefasto, uma vez que
colabora com o aumento do calor de hidratação e, conseqüentemente, contribui com a
fissuração do concreto (MEHTA & MONTEIRO, 1994).

3 Programa experimental

3.1 Método de Dosagem

Para dosar um concreto é necessário um método de dosagem que determine a


combinação adequada dos materiais constituintes, com intuito de produzir um concreto
com o melhor equilíbrio entre as propriedades desejadas, ao menor custo possível. Na
realidade os métodos fornecem somente o traço inicial que tem que ser ajustado através
de ensaios laboratoriais, até que se alcance as características desejadas. Embora a
dosagem seja ainda mais ou menos uma arte, é inquestionável que alguns princípios
científicos essenciais podem ser usados como base para o cálculo de um traço (AÏTCIN,
2000).
A dosagem do concreto estudado nesta pesquisa foi realizada com um métoto
específico para concretos de alto desempenho proposto pelos professores MEHTA &
AÏTCIN (1990) e será denominado, neste trabalho, como método Mehta/Aïtcin.
Os autores deste método recomendam que deve-se evitar o uso exclusivo do
cimento Portland, pois a incorporação de adições minerais resulta em vários benefícios ao
CAD como, por exemplo, a maior trabalhabilidade do concreto fresco, melhor resistência à
fissuração térmica e maior durabilidade.

3.2 Escolha e caracterização dos materiais

O cimento utilizado, de fabricação nacional, foi o CPV ARI (Alta resistência inicial)
com massa específica de 3,1 g/cm³, produzido pela indústria CIMPOR.
Foram utilizados como agregados areia natural grossa com diâmetro Maximo de
4,75mm, módulo de finura 2,76, densidade de massa específica de 2.62 kg/dm3 e massa
unitária 1,53 kg/dm3, e brita granítica de diâmetro Maximo 19,0mm, módulo de finura
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6,92, densidade de massa específica 2,65 kg/dm3 e massa unitária 1,43 kg/dm3. Os
agregados miúdos e graúdos selecionados para esta pesquisa atendem à ABNT NBR
7211.

Figura 1 – Agregado miúdo Figura 2 – Agregado graúdo

Como adições minerais foram utilizados Sílica ativa em pó com massa específica
de 2,20 kg/dm3 produzida fabricante Cauê, Sílica ativa em dispersão aquosa, com 50%
de material ativo e massa específica 1,375 g/cm3 fornecida pela Rheotec Aditivos para
concreto e Metacaulim HP branco da Metacaulim do Brasil, cujas características técnicas
são apresentadas na Tabela III.

Tabela 1 – Características técnicas do Metacaulim


Metacaulim HP branco
Massa específica (Kg/dm³) 2,6
Massa unitária (Kg/dm³) 0,55
Área específica (cm²/g) 18000
Resíduo na peneira ABNT 325 (1) <5%

Foram utilizados como aditivos químicos o aditivo Polifuncional MURAPLAST FK


100B, de massa especifica 1,20 kg/l fornecido pela MC BAUCHEMIE, e o aditivo
Superplastificante MC-POWERFLOW 214, fornecido pela MC BAUCHEMIE, de última
geração à base de éter policarboxilato, cuja massa específica é 1,087 +- 0,02 kg/l e seu
teor de sólido é de 30,87% de acordo com manual técnico. O que diferencia este aditivo
dos superplastificantes tradicionais (à base de melamina sulfonada ou de naftaleno
sulfonado) é um novo mecanismo único de ações que melhora sensivelmente a dispersão
das partículas de cimento.

3.3 Produção do CAD

Todo o programa experimental desta pesquisa foi realizado no Laboratório de


materiais de construção da Universidade Federal de Goiás.

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Foram produzidos quatro traços de concreto de alto desempenho cuja resistência
estimada por meio do método de dosagem Mehta/Aïtcin é de 65 MPa. O primeiro traço,
aqui denominado traço 01, teve apenas cimento Portland como material cimentante,
servindo de referência para a análise das variáveis desejadas, o traço 02 teve uma adição
de 8% de Sílica ativa em pó em substituição a parte do cimento, no traço 03 também foi
adicionado 8% de Sílica ativa em substituição a parte do cimento mas desta vez foi
utilizada Sílica ativa em dispersão aquosa, com 50% de material ativo, com o intuito de
analisar se este fator influencia nas propriedades do concreto, por fim, o traço 04 foi
produzido com adição de 8% de Metacaulim em relação à quantidade de cimento. A
Tabela IV apresenta o consumo de material por m³ de concreto para os diferentes traços
estudados.

Tabela 2 - Consumo de material em Kg por m³ de concreto

Microssílica Microssílica Aditivo Aditivo


Traços Cimento Metacaulim Areia Brita Água
em pó líquida Polifuncional SP
Traço 1 527 581,2 1034 175 3,68 5,27
Traço 2 484,84 29,92 581,2 1034 175 3,6 5,14
Traço 3 484,84 37,4 581,2 1034 156,3 3,52 5,03
Traço 4 484,84 35,56 581,2 1034 175 3,64 5,2

Após seleção, caracterização dos materiais e a definição dos traços, os agregados


foram preparados na condição de saturados com a superfície seca (SSS), e todos os
materiais pesados, conforme composição proposta pelo método de dosagem.

Figura 3 – Pesagem do agregado graúdo Figura 4 – Pesagem dos aditivos

Para esta pesquisa foi adotada, durante a mistura dos materiais, a mesma
seqüência adotada por (PINTO, 2003) quanto à ordem de colocação destes na betoneira
conforme descrito abaixo, e mantendo-a em movimento constante para todas as
composições produzidas:

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- Brita + areia;
- Água;
Início da mistura: aproximadamente 1 minuto;
- Cimento + sílica;
Mistura: até completar 5 minutos;
- Superplastificante
Mistura: até completar 7 minutos ou até alcançar a consistência desejada.

Figura 5 – Mistura antes da ação Figura 6 – Mistura após a ação


do Superplastificante. do Superplastificante.

Para o concreto fresco foi realizado o ensaio de Determinação da Consistência


pelo Abatimento do Tronco de Cone de acordo com a NBR 7223 (ABNT, 1982) para
determinação da consistência do concreto.
Foi escolhida a consistência de 150 ± 20 mm, pois o concreto de alto desempenho
deve ser transportado e lançado (bombeado) com relativa facilidade utilizando os
procedimentos normais de construção.

Figura 7 – Ensaio de Abatimento do Tronco de Cone

A trabalhabilidade exigida neste programa experimental (abatimento de 15 ± 2 cm)


foi definida pela dosagem do aditivo superplastificante, isto é, o aditivo foi adicionado às
misturas em quantidade suficiente até a consistência desejada.

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Foram moldados, para a realização deste trabalho, um total de 32 corpos-de-prova
cilíndricos de CAD, 8 para cada traço, nas dimensões de 10 cm de diâmetro e 20 cm de
altura para o ensaio de resistência à compressão conforme NBR 5739 (ABNT, 1980). A
compactação dos corpos-de-prova foi feita em mesa vibratória. A Figura 9 mostra a
moldagem dos Corpos-de-prova.

Figura 8 – Moldagem dos Corpos-de-prova

Os corpos de prova foram mantidos em câmara úmida durante sete dias (cura
úmida) e, após este período, a amostra permaneceu no laboratório sem controle de
umidade e temperatura até a data dos ensaios de resistência à compressão. A Figura 9
mostra os corpos-de-prova armazenados em câmara úmida.

Figura 9 – Corpos-de-prova armazenados em câmara úmida.

3.4 Ensaio de resistência à compressão

Para avaliar a resistência a compressão do concreto foram realizados ensaios de


compressão nos Corpos-de-prova Cilíndricos de acordo com a NBR 5739 (ABNT, 1980)
para determinação do desempenho do concreto em todos os traços definidos.

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Para realização dos ensaios de resistência a compressão no concreto foram
escolhidas as idades de 3, 7, 14 e 28 dias. A Tabela V mostra o resumo dos ensaios com
quantidade de corpos-de-prova para os respectivos traços.

Tabela 3 - Cronograma de ensaios.

Traço Materiais 3dias 7dias 14dias 28dias


Cimento / Areia / Brita / Super plastificante / Aditivo
Traço 1 2CPs 2CPs 2CPs 2CPs
polifuncional
Cimento / Areia / Brita / Super plastificante / Aditivo
Traço 2 2CPs 2CPs 2CPs 2CPs
polifuncional / Microssílica em pó
Cimento / Areia / Brita / Super plastificante / Aditivo
Traço 3 2CPs 2CPs 2CPs 2CPs
polifuncional / Microssílica líquida
Cimento / Areia / Brita / Super plastificante / Aditivo
Traço 4 2CPs 2CPs 2CPs 2CPs
polifuncional / Metacaulim

Como a resistência do CAD é superior à do enxofre, necessita-se de outra opção


para garantir a leitura real do valor da resistência (AÏTCIN, 2000). Então, tornou-se mais
viável e prático o polimento (retificação) das extremidades dos corpos-de-prova
destinados aos ensaios de resistência à compressão, para as últimas datas de
rompimento, onde o concreto alcança maiores resistências, como ilustra a Figura 10.

Figura 10 - Polimento das extremidades dos corpos-de-prova

Após a preparação dos corpos de prova foram realizados os ensaio de resistência


a compressão. A Figura 11 ilustra a realização do ensaio de resistência a compressão.

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Figura 11 - ensaio de resistência à compressão

4 Resultados e discussões

Os resultados de abatimento do tronco de cone foram obtidos após ajustes, pela


dosagem do aditivo superplastificante, até que conduzissem ao valor de 150 ± 20 mm,
sendo que a relação água/cimento em todas as misturas foi mantida em 0,33.
Para a primeira dosagem foram medidos os abatimentos dos 5 aos 45 minutos (de
10 em 10 minutos) após a colocação dos aglomerantes. A Figura 12 ilustra a perda de
abatimento do concreto fresco ao longo do tempo.

Figura 12 – Perda de abatimento ao longo do tempo

Todas as misturas apresentaram concretos de ótima trabalhabilidade e


consistência viscosa, isto é, fluidez suficiente para mobilidade, e alta coesão para evitar a
exsudação e segregação.
Os resultados de resistência à compressão aos 3, 7, 14 e 28 dias, para os corpos-
de-prova ensaiados em todas as composições podem ser observados na Tabela 4.

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Tabela 4 – Resultado de resistência a compressão dos corpos-de-prova.

Traço Materiais 3dias 7dias 14dias 28dias


Cimento / Areia / Brita / Super plastificante / Aditivo
Traço 1 48 56,7 57,4 62,3
polifuncional
Cimento / Areia / Brita / Super plastificante / Aditivo
Traço 2 45,1 56 59,7 68,9
polifuncional / Microssílica em pó
Cimento / Areia / Brita / Super plastificante / Aditivo
Traço 3 44 56,1 59 67
polifuncional / Microssílica líquida
Cimento / Areia / Brita / Super plastificante / Aditivo
Traço 4 41 50 55 64
polifuncional / Metacaulim

Observando a Figura 13, pode-se notar que o corpo-de-prova de CAD, após o


colapso resultante do ensaio de resistência à compressão, apresentou, por vezes, uma
ruptura do tipo cônica e dividindo o concreto em vários pedaços.

Figura 13 – Ruptura dos corpos-de-prova

De acordo com a Tabela IV pode-se observar que, dentre os concretos produzidos


pelo, o traço1 obteve um valor inferior ao esperado. Este comportamento pode ser
justificado pela adoção de alguns parâmetros e suposições, no processo de dosagem do
método, como o teor de água e de ar, relação pasta/agregado e composição dos
agregados. Estas definições, baseadas em estudos experimentais, não especificam o tipo
de material utilizado e a forma de produção do concreto. Assim, a variação da
combinação de diferentes materiais pode resultar em diferentes valores de resistência
final, considerando o tipo de agregado graúdo, adição mineral e cimento utilizados.
A figura abaixo mostra a diferença entre a evolução da resistência dos concretos
ao longo do tempo.

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Figura 14 – Evolução da resistência dos concretos ao longo do tempo.

Pode-se observar um crescimento significativo da resistência entre as idades de 3


a 28 dias.
Para um melhor entendimento da evolução da resistência à compressão com a
idade, a Figura 15 apresenta a porcentagens do crescimento da resistência de todos os
traços experimentais para sendo a totalidade da resistência (100%) considerada na idade
de 28 dias.

Figura 15 – Porcentagens do crescimento da resistência dos concretos

Um dos parâmetros mais importantes para a escolha do traço de um concreto é o


consumo de aglomerantes que, nesta pesquisa, é constituído de cimento, sílica ativa e
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metacaulim. De acordo com a Tabela VI, o consumo de cimento variou de 484 kg/m3 para
o traço mais pobre a 527 kg/m3 para o traço mais rico, e o consumo total de aglomerantes
variou de 514 a 527 kg/m³, respectivamente. Sabe-se que o alto consumo de cimento
pode gerar vários problemas técnicos no concreto. Uma vez que sua reação de
hidratação é um processo exotérmico, elevados teores de cimento equivalem à alta
liberação de calor que pode, muitas vezes, causar a retração do concreto e,
conseqüentemente, gerar fissuras que comprometem a vida útil do concreto.
Outro aspecto importante, que está diretamente ligado ao consumo do material
aglomerante, é o custo. Como nesta pesquisa houve variação entre os aglomerantes
(cimento, sílica ativa e o metacaulim), o custo destes materiais influencia diretamente no
custo final do concreto.
A Tabela VII apresenta os custos finais (R$/m³) de cada traço produzido para este
trabalho e sua resistência a compressão obtida aos 28 dias, considerando o preço de
mercado da cidade de Goiânia na data de Novembro de 2010. Deve-se ressaltar que os
custos finais equivalem, exclusivamente, ao custo dos materiais utilizados.

Tabela 5 – Custos do concreto por m³

Traço Valor R$/ m³ Resit. a compressão aos 28 dias (MPa)


Traço 1 R$ 265,75 62,30
Traço 2 R$ 248,68 68,90
Traço 3 R$ 249,30 67,00
Traço 4 R$ 248,65 64,00

5 Conclusão

A resistência à compressão dos concretos obtidos gerou uma série de correlações


que comprovaram os benefícios das adições minerais. Independentemente do consumo
de aglomerantes, dentre os valores analisados, o benefício da utilização de adições
minerais contribuiu, favoravelmente, para a redução de custos e melhoria das resistências
mecânicas analisadas.
O concreto com adição de microssilica em pó e o que apresentou o melhor
desempenho quanto à resistência a compressão, seguido do concreto com microssilica
em dispersão aquosa, do concreto com metacaulim e por ultimo, apresentando a menor
resistência a compressão, o concreto referencia com apenas cimento Portland como
material cimentante.
Todos os traços com adições químicas minerais apresentaram melhores
desempenhos do que o concreto referencia em termos de trabalhabilidade das misturas e
em relação às propriedades mecânicas investigadas. A relação custo/benefício do
emprego das adições minerais foi favorável, pois em todas as dosagens estudadas houve
economia em relação ao concreto referencia, destacando-se o concreto com microssilica
em pó que alem de maior resistência apresentou o segundo menor custo.
Quanto a evolução da resistência ao longo do tempo o concreto referencia teve
maior ganho de resistência que os demais traços ate os três dias após a moldagem. Após

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os 7 dias de idade observou-se maior ganho de resistência dos concretos com adições
minerais em relação ao concreto referencia que apresentou a menor resistência 28 dias.

6 Referências
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de Concreto Cilíndricos ou Prismáticos. Rio de Janeiro, 1984.

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Compressão de Corpos-de-prova Cilíndricos. Rio de Janeiro, 1980.

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concreto - Especificação. Rio de Janeiro, 1983.

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Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 1987.

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Determinação da Consistência pelo Abatimento do Tronco de Cone. Rio de Janeiro,
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Massa Unitária de Agregados em Estado Solto. Rio de Janeiro, 1982

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Determinação da absorção e da massa específica de agregado graúdo. Rio de
Janeiro, 1987.

CARMO, J. B. M.; PORTELLA, K. F. Estudo comparativo do desempenho mecânico


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Goiânia, 2003. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Engenharia Civil) – Escola de
Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás.

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