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INSTITUTO EDUCACIONAL SANTA CATARINA – IESC

FACULDADE GUARAÍ – FAG

VINICIUS NAZARIO VAZ

Tipos de concretos, com especificações mais detalhadas do


concreto auto adensável

Guaraí – TO

2019
Tipos de concreto

1. Concreto armado
2. Concreto projetado
3. Concreto resfriado
4. Concreto auto Adensável
5. Concreto extrusado
6. Concreto de alta resistência inicial
7. Concreto de alto desempenho
8. Concreto pesado
9. Concreto leve
10. Concreto celular
11. Concreto dosado em central (CDC)
12. Concreto pré-moldado
13. Concreto colorido
14. Concreto rolado
15. Concreto ciclópico
16. Concreto sem finos
17. Concreto com adição de fibras
18. Concreto com prega programada
19. Concreto protendido
Em 1988, um grupo de pesquisadores japoneses interessados em
produzir um concreto capaz de atender a demanda por estruturas com alta taxa
de armadura, desenvolveu o que hoje é conhecido como concreto auto
adensável.

As características mais importantes desse tipo de concreto são:


Capacidade de preencher os espaços sem nenhuma intervenção mecânica
(fluidez);
Coesão suficiente para o preenchimento desses espaços sem que haja
separação dos seus elementos constituintes (estabilidade).

Com o projeto desenvolvido, em 1988 surge finalmente um protótipo para


a produção em larga escala. E, em 1997, é utilizado em seu grande teste: a
construção da famosa ponte Akashi-Kaikyo, no Japão.

A ponte é considerada até hoje um verdadeiro colosso da engenharia


civil, com quase 4000 metros de comprimento e 1990 metros de vão central,
ligando as ilhas de Awaji e Kobe, bastante conhecidas pelos abalos sísmicos
que ocorrem constantemente na região.

Ao passar “com louvor” nos vários testes aos quais foi submetido, o
concreto auto adensável foi considerado apto para ser utilizado em edificações
que exijam certo grau de sofisticação durante o processo.

Trata-se de um material que não necessita de vibradores de imersão


para o preenchimento dos espaços na fôrma (já que o seu próprio peso faz o
trabalho), é lançado com muito mais facilidade além de ser ecologicamente
correto. Por tudo isso, é considerado um dos carros-chefes da “revolução
silenciosa” da construção civil.

Quais os materiais utilizados para fazer o concreto auto adensável?

Os materiais utilizados são iguais aos de concreto convencional, cimento,


areia, brita, água, adições e aditivos químicos. A maior diferença vai estar ligada
as proporções de cada componente.
O grande diferencial desse tipo de concreto é o fato de ser produzido com
uma quantidade maior de agregados finos em relação aos agregados
graúdos, além de consumir maior quantidade de cimento e adição mineral
quimicamente ativa, como a sílica ativa, ou inerte como o filler calcário.

Tanto o aumento de agregados finos como o aumento do consumo de


cimento, servem para incrementar a quantidade de materiais finos, pois no
concreto auto adensável este aumento melhora consideravelmente diversas
propriedades do produto final, tanto no estado fresco quanto no endurecido,
desde o aumento da coesão da pasta quanto o aumento da resistência inicial.

Também é imprescindível a utilização de aditivos superplastificantes, que


conseguem aumentar o espalhamento do concreto (dispersando as partículas
de cimento) sem prejudicar a resistência.

Com o emprego da sílica ativa, o concreto auto adensável ganha coesão


e resistência.

Nesse sentido, os materiais específicos para a sua produção, podem ser


resumidos em:

1. Aditivos químicos

Aqui, especificamente, falamos dos aditivos superplastificantes à base de


policarboxilato, cuja principal função é ser um potente redutor do volume de
água do concreto, garantindo maior fluidez e resistência. Também podem ser
incorporados modificadores de reologia que agregam maior coesão ao concreto.

2. Sílica ativa

Dentre as adições minerais a que mais se destaca é a sílica ativa, pois


pode beneficiar o concreto de duas maneiras, tanto física quanto quimicamente.
A primeira é devido ao efeito microfiller, pois suas partículas são menores do
que as do cimento, proporcionando maior coesão ao concreto e diminuindo sua
porosidade.

O benefício químico se dá pelo fato de a sílica ser rica em dióxido de


silício amorfo, capaz de formar o gel CSH (silicato de cálcio hidratado) ao reagir
com o hidróxido de cálcio (Ca (OH)2) formado durante a hidratação do cimento.

Esse gel CSH é o mesmo produto resultante da reação do cimento com


a água, por isso que a sílica ativa também auxilia a resistência e durabilidade
do concreto.

3. Agregados miúdos

Neste caso, tratam-se, basicamente, de areias das mais variadas


procedências: naturais (margens de lagos, rios e bancos de areia) ou artificias
(obtidas por processos industriais).

Normalmente a areia artificial é mais utilizada, devido a sua forma


esférica e pelo seu módulo de finura ser menor (maior quantidade de finos).

4. Agregados graúdos

Preferencialmente é indicado trabalhar com agregados graúdos com


forma esférica, a fim de não prejudicar a trabalhabilidade, com dimensão
máxima compreendida entre 12,5 mm e 19 mm.

5. Cimento

Podem ser utilizados os mesmos cimentos utilizados nos concretos


convencionais, desde que atenda os critérios de resistência. Normalmente o
mais utilizado é o cimento de alta resistência inicial (CPV ARI), por ser mais fino
e apresentar maiores resistências iniciais.

Entretanto, é importante se atentar ao alto calor de hidratação liberado


por esse tipo de cimento, podendo causar fissuras de origem térmica.

Onde é recomendado usar o CAA?

Ser um concreto fluido e que se molda na fôrma sem a necessidade de


intervenção humana ou mecânica faz com que o CAA seja especialmente
indicado para estruturas com alta taxa de armadura, estruturas pré-moldadas,
estruturas que exijam acabamento em concreto aparente, obras arquitetônicas
e paredes de concreto, método construtivo muito utilizado em habitações com
interesse social (HIS).

No caso de rampas e calçadas, por exemplo, a capacidade de se auto


nivelar é considerada a sua grande vantagem, pois será menor a intervenção
humana após a sua aplicação. O que, obviamente, garante um acabamento
muito superior ao que permitiria o concreto convencional.
Além disso, no caso de obras que exijam menor utilização de mão de
obra, restrição de poluição sonora, concretagem rápida, tenham pouco espaço
para movimentação de equipamentos esse material é considerado ideal, já que
a aplicação não requer o uso de vibradores para o seu nivelamento, diminuindo
a mão de obra e poluição sonora.

Por tudo isso, segundo o engenheiro formado pela Universidade Federal


do Rio Grande do Sul (UFRGS), doutor em engenharia e Especialista em
Desempenho e Tecnologia do Concreto, Bernardo Tutikian, “a utilização do CAA
leva a construção civil para uma forma de produção industrializada, reduzindo o
custo da mão de obra, aumentando a qualidade, a durabilidade, a confiança na
estrutura das edificações e a segurança dos trabalhadores.”

Nas estruturas pré-fabricadas um concreto auto adensável é considerado


fundamental por propiciar fluidez em peças com alta taxa de armadura.

Qual a norma que regulariza o CAA?

Os procedimentos para a produção do concreto auto adensável e a


melhor forma de utilizá-lo estão devidamente contemplados na NBR 15823 da
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que, resumidamente,
procura adequá-lo à Norma de Desempenho (NBR 15575), responsável por
elencar as exigências para a concretagem (principalmente de paredes), mas
com atenção especial para a “resistência ao fogo, desempenho térmico e
acústico”.

Além disso, a norma avalia o concreto em estado fresco (antes que haja
o endurecimento), para o seu “controle, classificação e aceitação” (NBR
15823/2010) e basicamente trata de:
Fluidez, viscosidade e estabilidade: por meio de um estudo de
espalhamento (t500) e pelo indicativo de estabilidade visual;

Bombeamento: determinando o controle do bombeamento para concreto


auto-adensável (preparados ou recebidos no local da obra);

O caráter rastreável do material em superfícies horizontais, através de


mapeamentos;

Resistência: nesse caso, resistência à desagregação dos seus elementos


constituintes, que determinam o caráter homogêneo e a qualidade do concreto;

Definição da habilidade passante;

A NBR 15823, normatiza todos os procedimentos relativos ao controle, à


classificação e à aceitação do concreto auto-adensável.

Recipiente para a sua preparação: deverá ser fabricado com material que
não reaja aos elementos constituintes do concreto, permitindo que se despeje o
conteúdo nos moldes sem interrupções;

Relatório: com a identificação das amostras utilizadas para a verificação


e classificação dos componentes do concreto, data e hora dos testes,
temperatura durante os testes, capacidade de resistir à segregação, possíveis
alterações encontradas no material e nos equipamentos necessários, entre
outras providências.

Quais as principais vantagens e desvantagens do CAA?

É quase um consenso que as vantagens do concreto auto-adensável se


sobrepõem às suas eventuais desvantagens.

Do ponto de vista técnico, é considerado viável pelo fato de poder ser


utilizado nas edificações de concreto armado pelos mesmos veículos de
transporte e formas, lançando mão das mesmas técnicas de cura (técnicas para
evitar a evaporação), bombeamento etc.

Quando se fala em versatilidade, é considerado quase imbatível, e,


segundo a professora e pesquisadora do departamento de engenharia civil da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Denise Dal Molin, “a
tendência é que o auto-adensável tenha o seu uso ampliado, principalmente por
tornar as obras mais sustentáveis, reduzindo o desperdício de materiais e
oferecendo mais segurança ao canteiro de obras.”

Portanto, de modo mais específico, as principais vantagens e


desvantagens desse novo tipo de concreto são:

Vantagens

Evita a poluição sonora já que dispensa o uso de vibradores de imersão


e demais equipamentos para o nivelamento do concreto sobre a superfície. O
consumo de energia elétrica é reduzido graças à rapidez com que o trabalho é
executado;

Diminui o número de acidentes de trabalho por requerer menos esforço


na hora do lançamento e no trabalho de acabamento da superfície. Sem contar
o fato de que sempre será menor o número de funcionários em posições
arriscadas durante a execução;

Reduz os custos com a mão de obra, pois, de um modo geral, exige até
3 vezes menos operários para a execução do serviço. Isso porque requer menos
esforço durante o bombeamento e o acabamento, além de ser facilmente
lançado a grandes distâncias, o que dispensa o deslocamento de pessoal.

 Garantia de excelente acabamento em concreto aparente

 Permite bombeamento em grandes distâncias horizontais e verticais

 Otimização de mão de obra

 Maior rapidez na execução da obra


 Melhoria nas condições de segurança na obra

 Eliminação da necessidade de espalhamento e de vibração

 Aumento nas possibilidades de trabalho com fôrmas de pequenas


dimensões

 Maior durabilidade das fôrmas

 Antecipação nas operações de cura

 Facilidade no nivelamento da laje

Desvantagens

O desconhecimento sobre a técnica na produção desse tipo de concreto,


ainda é o principal empecilho para a sua popularização.

Apesar de serem muitas as vantagens do concreto auto-adensável,


principalmente do ponto de vista técnico, ou seja, do resultado final da operação,
algumas desvantagens ainda resultam num entrave, que o torna pouco
difundido no Brasil.

Entre as principais, estão:

Custo mais alto: É inegável o fato de que o m³ desse tipo de concreto


ainda é mais caro do que o do concreto tradicional, muito em função da
necessidade de introdução de aditivos não exigidos pelos convencionais, devido
aos próprios custos de produção e da necessidade de pessoal bem mais
especializado;

Desconhecimento da técnica e necessidade de materiais de melhor


qualidade, desde os agregados aos aditivos químicos;

Dificuldades práticas: Nesse caso, falamos das exigências específicas de


um concreto que se caracteriza por ser extremamente fluido e sensível,
requerendo, por isso, cuidados e conhecimento técnico para a sua aplicação em
superfícies inclinadas ou desniveladas.

Todavia, a opinião geral é que o concreto auto-adensável será o


“concreto convencional” do futuro, e que os custos não devem ser o fator
preponderante para a sua rejeição, já que ele oferece inúmeras vantagens
(relembrando: sustentabilidade, melhor acabamento, menos esforço dos
funcionários, entre outros fatores que precisam ser levados em consideração).

A redução da mão de obra é o fator mais importante para a escolha


do CAA?

Também é importante ter em mente que apenas a redução da mão de


obra não justifica a preferência pelo auto-adensável, pois no Brasil, que
começou a olhar com mais interesse para esse tipo de concretagem somente
em 2004, o custo da mão de obra é considerado baixo.

Outros aspectos, então, devem ser observados para que haja um


incremento dessa técnica nos canteiros de obras em todo o país.

Os principais são:

Dispensa o uso de vibradores de imersão (ou similares), o que representa


uma despesa a menos;

Economia com reparos do acabamento. O concreto auto-adensável


caracteriza-se por permitir um acabamento infinitamente superior ao concreto
convencional. Ele praticamente elimina a dor de cabeça com a formação de
ninhos no concreto endurecido, bolhas em sua superfície, fissuras, entre outros
inconvenientes comuns nesse tipo de operação;
Redução da quantidade de concreto, que é uma necessidade das
construções com alta taxa de armadura, cujos espaços de concretagem
precisam ser ampliados para permitir a acomodação do material. A fluidez do
concreto auto-adensável dispensa a ampliação desses espaços, e, como
resultado, a quantidade necessária de concreto é sempre menor;

Permite a ampliação das horas de trabalho por um motivo muito simples:


o barulho produzido com a utilização desse tipo de concreto é infinitamente
menor. E, certamente, será possível trabalhar, até mesmo, nas madrugadas das
grandes cidades;

Normalmente, por ter materiais de maior qualidade e maior controle em


sua produção, o concreto auto-adensável consegue oferecer mais qualidade a
estrutura de concreto, como maior resistência e durabilidade.

Apesar de exigir 3 vezes menos pessoal para a sua aplicação, outros


fatores como menos poluição sonora durante os trabalhos e economia de
equipamentos devem ser levados em conta.

Indicações de uso

 Fundações executadas por hélice contínua

 Paredes, vigas e colunas

 Parede diafragma

 Estações de tratamento de água e esgoto


 Reservatórios de águas e piscinas

 Pisos, contrapisos, lajes, pilares, muros e painéis

 Obras com acabamento em concreto aparente

 Locais de difícil acesso

 Peças pequenas, com muitos detalhes ou com formato não convencional


onde seja difícil a utilização de vibradores

 Fôrmas com grande concentração de ferragens

Exemplo de um traço utilizado em uma pesquisa para teste de resistência


à compressão, resistência à tração, módulo de elasticidade e fluência por
secagem.

O traço utilizado é mostrado na Tabela 1 e a caracterização física dos


agregados graúdos e miúdos encontra-se na Tabela 2. Na Figura 1 são
mostradas as curvas granulométricas de todos os agregados utilizados.
Rev. IBRACON Estrut. Mater. vol.6 no.2 São Paulo Apr. 2013. ACESSADO EM
>28/11/2019. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-
41952013000200005

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