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aço na projetação
do edifício
Jaqueline Ramos Grabasck
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
O uso do aço e do concreto na construção civil caracteriza um período de desen-
volvimento. Tal uso resulta em estruturas mais esbeltas, em plantas baixas com
maior área útil e na possibilidade de execução de edifícios em altura. As molduras
estruturais em aço revestidas com alvenaria começaram a ser utilizadas devido
à necessidade de executar edificações com rapidez, porém com a garantia da
segurança dos usuários em caso de incêndio.
Neste capítulo, você vai conhecer as principais vantagens da utilização de um
sistema estrutural desenvolvido com molduras estruturais em aço. Você também
vai conhecer os elementos utilizados para compor os pavimentos de uma edifi-
cação com moldura estrutural em aço. Além disso, vai verificar a importância do
sistema de construção mista.
2 Estruturas em aço na projetação do edifício
De acordo com Teobaldo (2004), a planta livre (Figura 1) é uma das principais
vantagens desse sistema, pois proporciona ambientes mais amplos em cons-
truções mais leves. Nesse contexto, o processo construtivo é racionalizado
e realizado de forma rápida.
4 Estruturas em aço na projetação do edifício
Figura 1. Exemplo de planta livre nos três pavimentos que compõem a Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade de São Paulo (Fauusp).
Fonte: Kamita (2000 apud BAHIMA, 2015, p. 244).
Composição de pavimentos
De acordo com Chase (1931), o pioneiro Home Insurance Building, construído
em 1885, foi executado com uma estrutura de esqueleto completa. As cargas
do piso eram absorvidas por colunas internas e externas, enquanto as car-
gas das paredes eram transferidas para as colunas, sustentadas de forma
independente (Figura 2).
6 Estruturas em aço na projetação do edifício
Figura 2. Home Insurance Building, em Chicago (Estados Unidos), projetado por William Le
Baron Jenney.
Fonte: Hampson (1931, documento on-line).
a fim de aumentar a rigidez do produto final (Figura 6). Bellei, Pinho e Pinho
(2008) afirmam que atualmente tem-se dado preferência aos decks metálicos,
que também são denominados “steel decks”; em comparação às lajes maciças,
eles aumentam a produtividade. Os autores ainda ressaltam que a montagem
das lajes deve ocorrer apenas após a montagem das estruturas. Porém, para
a estabilização da própria estrutura, pode ser necessário executar lajes em
alguns pavimentos.
Bellei, Pinho e Pinho (2008) ressaltam que, para proteção contra o fogo,
são utilizados tijolos vazados de barro ou de concreto celular, que garantem
de 2 a 4 horas de resistência ao fogo. A Figura 8 apresenta três alternativas de
proteção que utilizam alvenaria. São elas: de 2 horas sem uso de enchimento;
de 3 horas com uso de enchimento de concreto; e de 4 horas com enchimento
de tijolos furados.
Além da alvenaria, Bellei, Pinho e Pinho (2008) indicam o sistema misto, que
utiliza alvenaria e argamassas com cimento para a proteção das estruturas
metálicas. A Figura 9 exemplifica a utilização desse sistema.
Construção mista
Em 1871, ocorreu um grande incêndio em Chicago, que devastou grande parte
das construções em madeira da cidade. Devido à necessidade de reconstru-
ção urgente, o engenheiro e arquiteto William Le Baron Jenney desenvolveu
um sistema para executar edificações que tivessem paredes mais finas e
fossem capazes de abrigar mais andares do que as tradicionais edificações
desenvolvidas apenas com pedra e alvenaria (HISTORY, 2018).
A revolucionária estrutura de aço desenvolvida para o Home Insurance
Building marca a história pelo pioneirismo no uso do aço como elemento
estrutural. Como você já viu, esse edifício é considerado o primeiro arranha-
-céu do mundo. O edifício foi desenvolvido com um esqueleto interno de
colunas e vigas em aço e foi revestido com paredes de alvenaria mais leves,
executadas “penduradas” na estrutura de aço. O desenvolvimento dessas
molduras de aço possibilitou a execução de um edifício com mais janelas, já
que a moldura suporta o peso do edifício e as paredes em alvenaria atuam
como uma pele, protegendo o interior de intempéries (HISTORY, 2018).
A construção mista, conhecida também como “construção híbrida” ou
“construção de esqueleto”, surgiu da necessidade de executar edificações
no menor tempo possível para abrigar um grande número de pessoas em
ambientes que apresentassem proteção adequada contra incêndios. Além
disso, esse tipo de construção possibilitou o desenvolvimento de edificações
em altura, mas com fechamentos verticais mais esbeltos do que os desen-
volvidos até então.
Sáles (1995) ressalta que, apesar de o novo sistema ter se difundido rapida-
mente, a sua diferença em relação às edificações desenvolvidas em alvenaria
não era perceptível externamente. A Figura 10 apresenta a elevação de um
sistema de moldura estrutural em aço para um edifício de 10 pavimentos; nos
pavimentos inferiores, já foram instalados os decks metálicos desenvolvidos
em aço corrugado (ALLEN; IANO, 2013).
14 Estruturas em aço na projetação do edifício
Figura 10. Edificação executada com moldura estrutural em aço e lajes do tipo deck em aço
corrugado.
Fonte: Allen e Iano (2013, p. 453).
Pré-laje
Forma de aço
Concreto Laje de concreto armado
incorporada
Referências
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ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
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sertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) – Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2000. Disponível em: https://www.researchgate.
net/profile/Gerson_Alva/publication/34738306_Sobre_o_projeto_de_edificios_em_es-
trutura_mista_aco-concreto/links/59db8c4645851508a43a0aee/Sobre-o-projeto-de-
-edificios-em-estrutura-mista-aco-concreto.pdf. Acesso em: 4 dez. 2020.
BAHIMA, C. F. S. De placa e grelha: transformações dominoicas em terra brasileira.
2015. Tese (Doutorado em Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em: https://www.lume.
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BELLEI, I. H.; PINHO, F. O.; PINHO, M. O. Edifícios de múltiplos andares em aço. 2. ed.
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CARDOSO, N. F. A. Dimensionamento e comparação de custos de execução de lajes a
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Leituras recomendadas
CASTRO, F. Mediathek: Laboratory of Architecture. 2017. Disponível em: https://www.
archdaily.com.br/br/920464/mediathek-laboratory-of-architecture-number-3?ad_
source=search&ad_medium=search_result_all. Acesso em: 4 dez. 2020.
CHING, F. D. K. Sistemas estruturais ilustrados: padrões, sistemas e projetos. 2. ed.
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www.archdaily.com.br/br/948116/templo-magen-david-cherem-arquitectos?ad_
source=search&ad_medium=search_result_all. Acesso em: 4 dez. 2020.
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