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Estabilidade

das Construções
Pré-dimensionamento de Estruturas Metálicas

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Samuel Dereste dos Santos

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Pré-dimensionamento de
Estruturas Metálicas

• Definição do Aço Estrutural;


• Definição dos Principais Componentes;
• Comportamento Estrutural;
• Técnicas de Pré-Dimensionamento.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Permitir ao aluno compreender como são dimensionados os elementos estruturais em aço,
visando ao desenvolvimento de projetos.
UNIDADE Pré-dimensionamento de Estruturas Metálicas

Definição do Aço Estrutural


Antes de se falar sobre o aço, é necessário conhecer um pouco sobre a história
do desenvolvimento da siderurgia.

Ainda na Primeira Revolução Industrial, a descoberta do Ferro Gusa foi um marco


na Engenharia de Materiais. Com ele, era possível desenvolver máquinas, equipa-
mentos e engenhos.

Com o avanço tecnológico sobre os processos de siderurgia, a partir da evolu-


ção da produção do Ferro Gusa foi possível a descoberta do aço a partir da extra-
ção de carbono.

O aço possui algo em torno de 0,008 até 2,11% de carbono. Porcentagens maiores
que 2,11% já são classificadas como ferro gusa. A extração do carbono do aço garantiu
ao mesmo uma melhora significativa na resistência, resiliência e comportamento.

O Palácio de Cristal, que foi palco da Exposição Universal de Paris de 1851 (Figura 1)
foi construído com aço, demonstrando a viabilidade dele ainda no século 19.

A Torre Eiffel (Figura 2), símbolo da cidade de Paris, também foi construída para
uma Exposição Universal, e até hoje ocupa local de destaque.

Figura 1 – Palácio de Cristal


Fonte: Wikimedia Commons

O Palácio de Cristal foi construído por Joseph Paxton para a Grande Ex-
posição Universal de Paris de 1851. Trata-se de um dos primeiros marcos a
consolidar o uso do aço na Arquitetura de edificações.

O aço é um material nobre, produzido em uma fábrica, na qual é possível se con-


trolar todas as variáveis de produção.

Dessa forma, é um material muito interessante de ser utilizado, pois garante muita
segurança aos usuários.

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Figura 2 – Torre Eiffel
Fonte: Wikimedia Commons

Torre Eiffel, projetada pelo Engenheiro Gustave Eiffel no Champ de Mars,


em Paris, para receber a Exposição Universal de 1889. Construída exclusi-
vamente para o evento, foi de tanto êxito que não foi desmontada, e é, ain-
da, até hoje, um dos pontos mais visitados na capital parisiense. Demonstra,
ainda no século 19, o entendimento do homem sobre o uso do material aço
nas edificações.

Atualmente, é produzido em Empresas denominadas siderúrgicas, nas quais o


processo é controlado e é possível obter diversos tipos de ligas, permitindo sua utili-
zação nas mais diferentes formas.

No vídeo a seguir, há um resumo do processo de produção das ligas metálicas e


de sua importância

Assista ao vídeo “Processo Produção do Aço – Votorantim Siderurgia” e veja os processos


que envolvem a produção do aço. Disponível em: https://youtu.be/F2azAmgMZC0

O aço hoje possui uma aplicação ampla dentro do horizonte dos sistemas estrutu-
rais. Vamos estudar os principais componentes.

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UNIDADE Pré-dimensionamento de Estruturas Metálicas

Definição dos Principais Componentes


Os produtos podem ser classificados genericamente em:
• Cantoneiras de abas iguais;
• Cantoneiras de abas desiguais;
• Perfil H;
• Perfil I;
• Perfil T;
• Perfil U;
• Perfil U enrijecido;
• Barra redonda;
• Barra chata;
• Tubo circular;
• Tubo quadrado;
• Chapa em bobina;
• Chapa grossa;
• Chapa trapezoidal.

Esses produtos podem ter diferentes aplicações nos projetos, e cabe ao projetista
definir sua aplicação e viabilizar da melhor forma possível.

Acesse ao vídeo “Tipos de Perfis Metálicos” e conheça mais sobre os perfis metálicos dis-
poníveis para a Construção Civil. Disponível em: https://youtu.be/KHvNDRRoMcA

Perfis para pilares


Para a execução de pilares, é bastante comum o uso dos perfis ilustrados na Fi-
gura a seguir.

Trata-se basicamente dos perfis tipo I e H, com solda ou laminados, ou, ainda,
elementos tipo tubo ou perfil circular.

Dessa forma, o projetista pode buscar o que estiver disponível nos fornecedores da
sua região, e mais adequados ao seu projeto. Os fabricantes disponibilizam catálogos téc-
nicos, com informações sobre as características geométricas das peças que produzem.

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Figura 3 – Tipos mais comuns de pilares utilizados em estruturas metálicas
Fonte: Adaptado de luzes.org

Perfis para contraventamento


Já para a construção dos pórticos de contraventamento, utilizam-se perfis I ou
Cantoneira, devidamente combinado, para que possam ser conjugados/soldados de-
pendendo do tipo de estrutura que está sendo desenvolvida.

Na Figura a seguir, estão as combinações possíveis.

Figura 4 – Possibilidades de arranjo de perfis visando à aplicação como contraventamento


Fonte: Adaptado de luzes.org

Comportamento Estrutural
Nos projetos de estruturas metálicas, o comportamento dos elementos é denomi-
nado de reticulado. Assim, são discretizados em lajes, vigas e pilares e é realizado o
dimensionamento, considerando a carga atuante em cada elemento.

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UNIDADE Pré-dimensionamento de Estruturas Metálicas

A grande diferença quando se compara o dimensionamento utilizando elementos


de concreto e elementos de aço é a seção final dos componentes.

Na estrutura metálica, tende-se a ter uma seção menor de componentes. Assim, a


estrutura fica mais esbelta e, consecutivamente, com um peso próprio menor, o que
pode gerar impacto no dimensionamento dos sistemas de fundação, por exemplo.

Porém, existe uma diferença muito grande entre a ligação física dos componentes
das estruturas de concreto armado e das estruturas metálicas.

Nessa última, é necessário que seja prevista uma forma de junção dos compo-
nentes. Essa junção pode ser feita por meio de chapas ou de elementos de ligação,
e por meio de solda.

Para o Arquiteto, esse entendimento é importante, pois o sistema de ligação,


provavelmente, irá impactar visualmente a solução do espaço ou do ambiente e,
dessa forma, não pode ser concebido apenas pela equipe de cálculo estrutural ou
de execução.

As ligações em chapa são constituídas de uma chapa metálica, auxiliar, na qual


são presos parafusos e porcas para a distribuição dos esforços.

Esse número de parafusos é definido em função do esforço atuante na ligação.

Figura 5 – Ligação entre chapas utilizando parafusos


Fonte: docente.ifsc.edu.br

O número de parafusos é definido em função dos esforços atuantes, pois há


uma tendência de esmagamento entre as chapas que precisa ser devidamente
compensada. É um elemento que o arquiteto precisa discutir junto com o
Engenheiro Calculista visando a que o resultado estético seja adequado e
não impacte no aspecto visual da edificação.

Outra solução é o uso de solda para a junção dos elementos. É uma solução que
pode ser aplicada em determinados tipos de ligação e que possui grande eficiência.
Porém, nem sempre pode ser aplicada em todos os pontos de ligação da estrutura.

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Existem tecnologias de solda específicas ao material que está sendo utilizado, que
será definido pela equipe de execução, durante a obra.

Ligação feita com solda. É importante frisar que a solda é um serviço especializado, que
exige técnica adequada para que a peça tenha o desempenho requerido.
Disponível em: https://bit.ly/34v28qL

Outro aspecto muito interessante nas estruturas metálicas é a estabilidade global


e a rigidez da estrutura como um todo.
Como os componentes metálicos possuem pouca massa, eles têm inércia menor
do que os componentes de concreto. Isso significa que eles estão susceptíveis a maio-
res esforços de deslocamento lateral e um efeito de “tombamento”, principalmente,
em função das cargas horizontais, como vento.
Dessa forma, ao conceber as Estruturas Metálicas, cabe ao Arquiteto definir em
quais planos serão definidos os contraventamentos.

Trata-se de uma estrutura que complementa o sistema pilar-viga-laje, instalada no


plano vertical, e que é composta por elementos travados em “x”, cuja função é gerar
um plano rígido que possa absorver os esforços de deformação lateral.

Figura 6 – Edifício Itaú Cultural


Fonte: Wikimedia Commons

O Edifício Itaú Cultural, do Arquiteto Roberto Loeb é um edifício em estru-


tura metálica, no qual o arquiteto decidiu levar para a face da edificação os
pórticos de contraventamento, a fi m de garantir a estabilidade global da
estrutura, deixando a planta interna livre.

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UNIDADE Pré-dimensionamento de Estruturas Metálicas

Em alguns edifícios em estrutura metálica, o arquiteto leva esse plano para a fa-
chada, na qual este contraventamento fica exposto e é utilizado como elemento de
composição da fachada, deixando o andar livre para que possa ter uma flexibilidade
maior de layout interno.
Essa estratégia de contraventamento em edifícios de aço é muito importante para
a viabilidade deles.

Técnicas de Pré-Dimensionamento
Para a execução de pré-dimensionamento, podemos considerar os índices apre-
sentados a seguir.

Pré-dimensionamento de vigas
Para o pré dimensionamento de Vigas Metálicas, considerar:

Figura 7 – Ábaco para dimensionamento de Vigas Metálicas Tipo I


Fonte: Adaptado de REBELLO, 2000

Para utilizar esse ábaco, basta entrar com a coordenada do vão em questão no
eixo X, e tem-se a variação mínima e máxima da altura para a viga em questão.

Por exemplo, se estivéssemos fazendo um projeto “ideal”, no qual o vão entre


pilares é de 6m, ao entrar com essa medida no eixo X do gráfico, obtém-se que a
altura da viga deveria estar entre 25 e 50cm de altura.

Essa altura deve ser definida no Projeto, verificando-se a melhor compatibili-


dade geométrica.

Pré-dimensionamento de pilares metálicos


Para o dimensionamento de Pilares Metálicos para edifícios de um único andar,
podemos utilizar o Ábacos a seguir.

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Nele, basta entrar no eixo X com a dimensão da altura do pavimento, e tem-se os
valores máximos e mínimos que o pilar poderá ter.

Figura 8 – Ábaco para Dimensionamento de Pilares para Edificações de até um pavimento


Fonte: Adaptado de REBELLO, 2000

Sendo assim, no caso de uma edificação de 1 pavimento que tivesse pé-direito


de 3m, ao entrar com essa coordenada no eixo X, obtêm-se que a largura do pilar
pode estar entre 8 e 30cm. Dessa forma, basta selecionar essa dimensão no projeto
em questão.

Já para pilares de edifícios multipavimentos, pode-se fazer uso do ábaco a seguir.

Nele, basta entrar no eixo X com a dimensão da altura do pavimento, e tem-se os va-
lores máximos e mínimos que o pilar poderá ter, da mesma forma que no ábaco anterior.

Figura 9 – Ábaco para Dimensionamento de Pilares para Edificações Multipavimento


Fonte: Adaptado de REBELLO, 2000

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Pré-dimensionamento de treliças metálicas


É bastante comum, nas edificações, a necessidade de construção de treliças me-
tálicas em situações de cobertura.

Esses componentes possuem, como características críticas, o vão a ser vencido e


a altura.

Para o pré-dimensionamento, podemos usar os ábacos a seguir, nos quais entra-se


com o vão que a treliça está vencendo, e se obtém a altura mínima e máxima da
treliça a ser desenvolvida.

Figura 10 – Ábaco para dimensionamento de treliças metálicas


Fonte: Adaptado de REBELLO, 2002

Sendo assim, para o projeto de uma treliça com vão de 18m, basta entrar com
esta coordenada no Eixo X.

A partir dela, tem-se que a treliça deverá ter uma altura que esteja entre 1,5 e 2,5m.

Assim, pode-se fazer o arranjo no Projeto seguindo essa referência.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leituras
15 Detalhes construtivos de estruturas e acabamentos metálicos na habitação
https://bit.ly/3dCQPkv
10 Exemplos de estruturas de vigas metálicas treliçadas
https://bit.ly/35297rF
Casas brasileiras: 15 projetos com aço em planta e corte
https://bit.ly/37agy2t
Manuais de Uso do Aço na Construção Civil
CBCA – Centro Brasileiro da Construção em Aço.
https://bit.ly/2SVJN0G

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UNIDADE Pré-dimensionamento de Estruturas Metálicas

Referências
REBELLO, Y. C. P. A Concepção Estrutural e a Arquitetura. São Paulo:
Zigurate, 2000.

REBELLO, Y. C. P. Estruturas de Aço, Concreto e Madeira: Atendimento da Ex-


pectativa Dimensional. São Paulo: Zigurate, 2005.

SILVER, P.; MCLEAN, W. Sistemas Estruturais. São Paulo: Blucher, 2013.

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