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ANÁLISE TECNICO-ECONÔMICA ENTRE

LAJES MISTAS (STEEL DECK) E PRÉ-


FABRICADAS: Comparativo dirigido a viabilidade
da implantação de laje em residências populares
modulares.

Jean Pierri Santana


Orientador: Prof. Dr. Fabricio Longhi Bolina
Introdução:
O emprego de peças pré-fabricadas gera uma economia de material significativa, não só na obra, mas também em
sua confecção, assim as deixando mais leves e gerando uma economia tanto de material como na mão de obra por
serem de rápida instalação. (CATOIA, 2011)
Essas estruturas pré-fabricadas combinam perfis de aço e concreto aproveitam as vantagens de cada um desses
materiais em termos estruturais e construtivos. (ALVA, 2000). Essas vantagens são evidentes pois o aço trabalha bem a
tração e o concreto resiste bem a compressão. (MELITE, 1990)
Porém com a constante variação de custos das matérias primas, alguns métodos construtivos acabaram
encarecendo, nesse presente trabalho foi realizado um comparativo entre as lajes de estrutura mista e pré-fabricadas
para a implantação em uma construção popular modular fictícia de dois pavimentos. Assim traçando uma linha de
custos das principais lajes pré-fabricadas utilizadas na construção civil e vendo o quanto o preço delas é impactado pelo
seu consumo de aço, além é claro de testar a viabilidade da laje mista (steel deck) nesse tipo de construção.
Objetivos:
Objetivos geral: Objetivos Especifico:
Traçar um comparativo de custo por m² além de a) Apresentar um roteiro de dimensionamento das
comparar o consumo de aço e concreto entre lajes lajes mistas de aço e concreto (steel deck), vigota
de estrutura mista (steel deck) com as lajes mais protendida com preenchimento cerâmico, maciças
usadas na construção civil, sendo elas: Laje maciça e alveolares;
pré-fabricada, laje com vigota protendida e com
preenchimento cerâmico e laje alveolar a fim de b) Avaliar o consumo total de concreto por m² de cada
estabelecer qual tem o menor consumo de aço e laje;
concreto para uma edificação em escala residencial, c) Avaliar o consumo total de aço por m² de laje;
com intuito de testar a viabilidade da laje steel deck
como uma opção viável para uso residencial em d) Apresentar um levantamento de custo do m² de
casa moduladas unifamiliares com base no custo cada laje;
por m² e) Testar a viabilidade da implantação da laje mista
(steel deck) em residências modulares com base no
seu custo por m² e consumo de aço e concreto.
Justificativa:
A utilização de peças pré-fabricadas garante o uso otimizado dos materiais, com redução de desperdícios e recursos,
ainda obtendo uma eficiência estrutural significativa (CATOIA, 2011).
O tempo de execução baixo alinhado com o baixo consumo de aço torna essas peças um atrativo para construção civil de
residências unifamiliares. (NAPPI, 1993).
Bem como as lajes pré-fabricadas o steel deck apresenta uma redução significativa em consumo materiais e tempo,
assim se tornando uma opção viável para a construção civil (DALDEGAN, 2018)
Com o fim da pandemia e instabilidade global gerada por tensão entre países o preço dos materiais construtivos tivera
uma subida significativa dentre eles o aço foi o mais afetado, altos preços de sua matéria prima encareceram o produto
final.
Faltam informações para construir uma composição de preços e testar a viabilidade do steel deck para implantação
residencial popular, indo de encontro a isso, este trabalho busca fazer esse levantamento.
Fundamentação teórica :
Lajes mistas em aço e concreto (steel deck): Nos últimos anos as lajes de estruturas mistas vinham ganhando espaço na
construção civil, isso se dá por sua agilidade e facilidade de implantação pois precisa de menos mão de obra e gera pouco
resíduo (Revista Construa, 2018). ALVA (2000) em seu estudo sobre projeto de edifícios em estrutura mista salienta que a
utilização de lajes mistas traz vantagens no quesito economia de material e facilidade de execução. Essa afirmação é reforçada
por SALOMÃO, et. al. (2019) que ainda acrescenta que o sistema de lajes mistas tem seu peso inferior comparado com outras
lajes convencionais.
Esse método construtivo é destacado em construções de shoppings centers, hotéis, hospitais, edifícios residenciais e
comerciais bem como garagens. SALOMÃO, et al (2019) ainda reforça que as lajes em steel deck são usadas em edificações de
vários andares, pois agilizam a construção. (ALVA, 2000)

Laje maciça pré-fabricada: Lajes maciças tem grande contribuição no consumo de concreto com aproximadamente 50% do
total de concreto da edificação, são estruturas compostas por concreto e armaduras de aço positiva e negativa. São projetadas
para receber os carregamentos atuantes no andar e transferi-los para os apoios. Elas geralmente têm formato retangular,
horizontais com 2 dimensões muito maiores que a terceira (LIBÂNIO, et. al., 2007).
A aplicação da laje maciça em vãos muito elevados demanda mais uso de material assim fazendo o peso próprio da laje
impactar mais nos cálculos de carga permanente deixando uma margem menor para cargas acidentais. (SCHNEIDER, 2020)
Fundamentação teórica :
Lajes pré-moldadas alveolares: Desenvolvidas na década de 1950, as lajes alveoladas são um dos produtos pré-moldados mais
antigos para piso. Elas assim como as demais peças pré-fabricada representam um progresso razoável na construção civil, pois
com elas se obtém eficiência estrutural significativa e otimiza o uso dos materiais evitando desperdícios de recursos. (CATOIA,
2011)
Ainda segundo CATOIA (2011), as lajes alveoladas podem ter diversas aplicações na construção civil, sendo mais utilizado em
edificações de múltiplos pavimento e garagens onde há grandes vãos.

Lajes de vigota protendida com preenchimento cerâmico: Por se tratar de um elemento pré-moldado ainda acrescenta uma
redução no peso próprio da laje em comparação com a laje maciça, ele também salienta que essas vantagens juntamente com a
dispensa total de formas e pouco uso de escoras torna o uso de laje com vigota protendida e com preenchimento cerâmico um
método de construção bastante atrativo. (MOREIRA, 2016)
O método construtivo de laje com vigota protendida e com preenchimento cerâmico, tem uma vantagem sobre as demais lajes
mais comuns no meio da construção civil muito por causa do preço e agilidade construtiva. (VIZOTTO E SARTORTI, 2010)
Metodologia:
A metodologia para melhor
atender os objetivos
estabelecidos, foi dividida em
4 etapas como mostra o croqui
ao lado.

Etapa 1: Definições,

Etapa 2: Carregamentos e
dimensionamento,

Etapa 3: Análise,

Etapa 4: Tabela de custos.


Metodologia:
Etapa 1: Definições de lajes e edifício modelo.
Foram selecionadas 4 lajes para esse estudo, sendo
elas: Laje maciça pré-fabricada, Laje com vigota
protendida e com preenchimento cerâmico (vigota e
tavela), Laje em estrutura mista de aço e concreto (steel
deck) e Laje alveolar.
O edifício modelo para estudo trata-se de uma
residência modular unifamiliar situado em um centro
urbano no estado do Rio Grande do Sul.
Os vão a serem testados tem medidas intermediárias
sendo essas medidas de 4m e 6m.
Metodologia:
Maciça
Características das lajes:
Para padrão de comparação todas as lajes são unidirecionais.

Dimensões:
M4: 0,08m x 1m
M6: 0,1m x 1m

Materiais:
Concreto usinado com agregado basáltico com fck de 25 MPa.
Aço CA-50 para as armaduras.
Metodologia:
Steel deck
Características das lajes:
Telha-fôrma MF50 da Metform.

Dimensões:
SD4 e SD6: 0,11m x 0,92m

Materiais:
Concreto usinado com agregado basáltico com fck de 25 MPa.
Aço CA-60 para as armaduras de retração e para armadura
negativa.
Metodologia:
Vigota e tavela
Características das lajes:
Formada por vigota protendida e dois tipos de tavelas
cerâmicas

Dimensões das tavelas:


H-8: 0,2m x 0,3m x 0,08m
H-12: 0,2m x 0,3m x 0,12m

Dimensões da vigota:
hm = 0,035m h = 0,085m
cb = 0,1m cm = 0,045m ct = 0,05m
Metodologia:
Dimensões:
VT4: 0,12m x 1,20m
VT6: 0,16m x 1,20m

Materiais:
Concreto usinado com agregado basáltico com fck de 25 MPa
para o capeamento de 4cm e com fck 45 MPa para vigota.
Malha soldada de aço CA-60 para as armaduras de retração da
capa.
Cordoalhas CP175RB de 4mm CP190RB de 6,5mm para
protensão da vigota.
Metodologia:
Alveolar
Características das lajes:
Tipo PE16 catalogo TATU Pré-moldados

Dimensões:
LA4 e LA6: 0,2m x 1,20m/1,25m
Alvéolo: Ø 0,09m

Materiais:
Concreto usinado com agregado basáltico com fck de 25 MPa
para capa e fck 30 para a laje.
Malha soldada de aço CA-60 para as armaduras de retração e
cordoalhas CP190RB e CP150RB para protensão.
Metodologia:
Etapa 2: Definições de carregamento e
dimensionamento.
O carregamento utilizado para dimensionamento das
lajes foi dividido em duas partes, sendo elas carregas
permanente e cargas variáveis.
Para cargas permanentes se admitiu o peso próprio da
laje, um revestimento argamassado, um contrapiso e
um revestimento final em piso vinílico
Já para cargas variáveis seguindo a NBR 6120
(ABNT, 2019) foi considerado 1,5kN/m² por se tratar
de um edifício residencial.
Para o dimensionamento da laje maciça se seguiu o
roteiro de cálculo presente no trabalho, já para as
demais lajes foram achados seus momentos de
cálculo para assim então utilizar o auxílio das tabelas
dos fornecedores.
Metodologia:
Etapa 3: Análise de quantitativos
Com o término do dimensionamento foi realizado a
listagem de materiais consumidos para cada uma das
lajes, assim se levantando um quantitativo de
consumo de aço e demais insumos.
Primeiramente se determinou o peso dos aços
utilizados através de tabelas fornecidas pela
GERDAL, com o peso de aço determinado, se
determinou o peso da laje como um todo e se
diminuiu o peso de aço e de enchimentos utilizados,
assim chegando no peso total de concreto .
Metodologia:
Etapa 4: Tabela de custos
Laje maciça: Concreto usinado C25 com brita 0 e aço CA-50

Laje steel deck: Concreto usinado C25 com brita 0, aço CA-50
viga, aço CA-60 para tela soldada de distribuição e armadura
negativa e telha-fôrma zincada MF50.

Laje vigota tavela: Concreto usinado C25 com brita 0, e C45


também com brita 0, aço CA-60 para tela soldada de distribuição,
cordoalhas para protensão e tavelas cerâmicas H-8 e H-12 .

Laje alveolar: Concreto usinado C25 com brita 0, e C30 também


com brita 0, aço CA-60 para tela soldada de distribuição e
cordoalhas para protensão.

Preços com base no banco de dados do SINAPI e fornecedores.


Resultados:
Resultados:
Resultados:
Resultados:
Podemos ver que as lajes com vigota protendida tem o menor preço em
relação a todas sendo cerca de 65% mais barata que a segunda mais
barata que no caso é a laje steel deck. Como vimos muito desse custo é
em relação ao consumo de aço, já a laje steel deck, que foi a base desse
estudo, se apresenta como a que tem o segundo m² mais barato,
seguida da alveolar e a que tem o m² mais caro sendo a laje maciça.
Claro que nesse estudo foi somente abordado o custo de matérias, não
levando em conta gastos com mão de obra, logística e demais custos
oriundos de projetos ou de outras demandas, também não foi avaliado
o tempo gasto com a aplicação de cada laje. Levando em conta esses
gastos provavelmente o gasto por m² sofra alterações.
Considerações finais:
Em termos de custo o steel deck tem seu preço 60,46% maior por m² que a laje de vigota protendida com preenchimento
cerâmico a para vão de 4 metros essa diferença cai quando analisado o vão de 6m, porém continua alta, sendo a diferença de
57,36%.
Já na comparação com as outras lajes o steel deck se mostra mais econômico, em comparação com a laje maciça a economia por
m² é de 19% para vão de 4m e de 59,18% para vão de 6m, o que demonstra que o steel deck tornasse muito interessante para vãos
mais elevados, contudo em comparação com a laje alveolar que é uma laje mais robusta pensada para grandes vão a economia é
de apenas 5,5% para vãos de 4m e de 4,26% para vão de 6m, isso demonstra que o steel deck tem uma faixa de aplicabilidade
para vão intermediários acima de 4m e abaixo de 8m.
Voltando para o cenário proposto, por se tratar de uma residência modular de médio padrão, os vãos dificilmente irão ultrapassar
6m, sendo assim ideal para a aplicação da laje com vigota protendida e com preenchimento cerâmico. Quanto a laje maciça o que
a torna não muito chamativa para a aplicação em vão intermediários é justamente o vão, pois maior o vão mais aço e concreto as
lajes irão precisar, porém com isso o peso próprio da laje acaba por aumentar reduzindo sua capacidade de carga, conforme
apresentado nas tabelas de cálculo tanto da METFORM como as da TATU Pré-moldados, sendo assim a solução mais usada são
vigas intermediarias para redução desse vão e alívio da carga, isso acaba por ter mais gastos com aço e concreto.
Ao considerar todos esses fatores, só reforça a aplicabilidade da laje steel deck para esse tipo de edificação, sendo a que tem o
maior equilíbrio de consumo de materiais e de preço, além de poder ser aplicada em vão intermediários e vãos elevados, assim
não alterando o padrão de construtivo de uma construção que possua diferentes tipos de vãos.
Conclusão:
O presente estudo mostrou um roteiro de cálculo para dimensionamento de lajes , com base nas normas brasileiras
regulamentadoras (NBRs), assim como um passo a passo de uso de tabelas para cálculos de lajes pré-moldadas, obtendo
resultados satisfatórios.
A laje de menor consumo de concreto foi a laje de vigota protendida com preenchimento cerâmico, além de que a laje
steel deck começa a se tornar interessante do ponto de vista consumo de concreto por m² para vãos maiores que 4m.
A laje de vigota protendida com preenchimento cerâmico como a laje de menos consumo de aço seguido da laje alveolar
que também apresenta um baixo consumo em comparação as demais, isso devesse pelo fato de tanto a vigota como a
alveolar serem protendidas. Já o steel deck apresenta uma quantidade de aço razoável se comparado a laje maciça.
Com base nesses dados é possível afirmar que a laje mista (steel deck) é viável para a construção de uma residência
modular unifamiliar, pois mesmo não apresentando os melhores resultados para consumo de aço e concreto por suas
características e pelo seu custo principalmente se mostrando mais barato que todas as lajes com exceção da laje com
vigota protendida é uma opção construtiva a ser considerada. Porém ela se torna mais atrativa se os vão forem maiores
que 4 metros onde seu custo-benefício se apresenta melhor.
Referências:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT)
Obrigado.

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