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ROSELIS VON SASS

OS PRIMEIROS
SERES HUMANOS
1ª edição eBook

ORDEM DO GRAAL NA TERRA


Editado pela:
ORDEM DO GRAAL NA TERRA
Rua Sete de Setembro, 29.200
06845-000 – Embu das Artes – São Paulo – Brasil
www.graal.org.br
1ª edição: 1974
1ª edição em eBook: 2013
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Sass, Roselis von, 1906–1997


Os primeiros seres humanos / Roselis von Sass. – 1ª edição em eBook – Embu das Artes, SP : Ordem
do Graal na Terra, 2013.
ISBN 978-85-7279-125-0
1. Cosmologia 2. Homem – Origem 3. Homem pré-histórico
I. Título
Índices para catálogo sistemático:
1. Cosmologia : Astronomia descritiva 523.12
2. Homem : Origem : Antropologia física 573.2
3. Homem pré-histórico : Antropologia física 573.3
4. Origem do Homem : Antropologia física 573.2
5. Universo : Origem : Astronomia descritiva 523.12
Ilustração capa: Cardens Design/Shutterstock
Copyright © ORDEM DO GRAAL NA TERRA 1974
Direitos autorais: ORDEM DO GRAAL NA TERRA
Registrados sob nº 21.059 na Biblioteca Nacional
Editado no Brasil
O véu da incerteza paira hoje sobre tudo o que se refere à origem e
ao nascimento da criatura humana. Esse véu será agora tirado, para
que os poucos ainda vivos no espírito se tornem cientes disso também.
Roselis von Sass
“A PESSOA QUE SE SUBMETE TOTALMENTE AO SEU RACIOCÍNIO, SUBMETE-
SE TAMBÉM DE TODO ÀS RESTRIÇÕES DO RACIOCÍNIO, QUE ESTÁ ATADO
FIRMEMENTE AO ESPAÇO E AO TEMPO, COMO PRODUTO DO CÉREBRO DE
MATÉRIA GROSSEIRA. DESSA FORMA A PESSOA ACORRENTA-SE
COMPLETAMENTE À MATÉRIA GROSSEIRA.”

Abdruschin
“NA LUZ DA VERDADE”
(A voz interior)
INTRODUÇÃO

Nasce um corpo celeste!


Um véu, tênue como um sopro, quase invisível, se estende… Dentro dele
um incandescente movimento borbulhante… o bramir soante dos raios
cósmicos… e começa o misterioso processo gerador da vida. Energia
transforma-se em matéria, sob as mãos de forças elementares enteais…
Nasce a Terra… Ela germina e cresce, tornando-se um oásis verde no
Universo… Então chega a hora em que, irradiada por cores soantes, começa
sua trajetória…
Abençoada por poderes superiores, a estrela dos seres humanos, a Terra,
circula em suas amplas órbitas… É uma estrela escolhida, onde habitam a
felicidade e a alegria…
Para sempre?…
Certamente! Pois a Terra é propriedade do onipotente Criador! Que outra
coisa poderia viver nela, a não ser exclusivamente a felicidade?…
SURGE A TERRA…

Vivemos na estrela dos seres humanos – Terra –, na parte do Universo


denominada “Éfeso”. Existem ao todo sete partes de Universo, de tamanho
e extensão inimagináveis para o conceito humano! Sete Universos
pertencentes à Criação posterior material!
Em cada uma dessas partes do Universo existem bilhões de sistemas
estelares, vias-lácteas, planetas, planetoides, cometas, escuras e claras
correntes de estrelas, aglomerações de estrelas, massas de gases e nuvens de
poeira, e miríades de sóis. E cada astro reflete a perfeição do nosso Criador,
Seu amor e Sua onipotência, mas também Sua inapreensível graça.
Nosso sistema solar é apenas uma ínfima parte de Éfeso com seus bilhões
de sistemas estelares que se estendem para longe no espaço a distâncias
nebulosas e inalcançáveis. Jamais haverá um telescópio capaz de perscrutar
as enormes profundezas do espaço e os sistemas estelares que se estendem
por distâncias longínquas.
O maior telescópio hoje existente pode apenas perscrutar dois bilhões de
anos-luz no espaço. Essa limitação é ridiculamente pequena, em relação à
extensão do nosso Universo. Os cientistas sabem que chegaram a um limite
onde as dimensões e os conceitos de espaço e tempo, deles conhecidos, não
mais podem ser aplicados, não obstante continuar a tratar-se ainda de
matéria grosseira.
Ano-luz é uma medida astronômica. Um ano-luz é a distância que a luz
percorre num ano a uma velocidade de quase trezentos mil quilômetros por
segundo. As distâncias entre os astros são tão inimaginavelmente grandes,
que não podem ser calculadas em quilômetros terrenos.

A Origem do Universo
A origem do Universo! A formação dos astros e os muitos mistérios e
enigmas a isso ligados!
Depois de pesquisar o céu por trezentos anos, os resultados ainda são
muito insignificantes.
Devido a isso existem muitas hipóteses e teorias, porém tão divergentes
umas das outras, que não se pode falar de um saber real. Espera-se agora,
com as novas ciências, como a astrofísica e a física atômica, poder
pesquisar os segredos do Universo. Isto será pouco provável, uma vez que a
solução dos enigmas reside além dos limites da nossa capacidade de pensar.
Como, pois, se formou nosso Universo grosso-material? De onde veio a
matéria do espaço universal da qual os astros se formaram?
Cada corpo celeste de nossa parte do Universo originou-se de uma
estrela-mãe que se formou e se desenvolveu de uma “semente primitiva” no
mundo de matéria grosseira mediana ou mais fina.
O mundo de matéria mais fina, de outra espécie, situa-se além do mundo
visível de matéria grosseira. Ambos os mundos estão, sim, separados um do
outro; ao mesmo tempo, porém, engrenam-se tão perfeitamente um com o
outro, que não existe nenhuma separação entre eles.
Somente do “sedimento” desses astros já existentes e em rotação,
digamos no mundo de matéria fina, formam-se, pouco a pouco, os astros do
nosso Universo visível de matéria grosseira.1
Esse sedimento contém todas as substâncias elementares de construção
que o astro grosso-material, nascido posteriormente, necessita para poder se
desenvolver. São as mesmas substâncias contidas na semente primitiva, da
qual a estrela-mãe se desenvolveu. As mesmas? Sim. Contudo, numa forma
modificada e adaptada à matéria grosseira.
Primeiramente nasceu das sementes primitivas o Universo de matéria
fina com seus bilhões de corpos celestes. Somente depois que isto ocorreu é
que também no denso mundo de matéria grosseira surgiu vida, e nosso
Universo, com seus bilhões de astros, começou a se formar. Passaram-se
com isso longos, muito longos períodos de desenvolvimento, até que
adquirisse densidade e forma…
No Universo fino-material existem estrelas-mãe de tão gigantescas
dimensões, que de sua sedimentação podiam e ainda podem formar-se
constelações inteiras. Existem, porém, inúmeras estrelas-mãe, de cujo
sedimento apenas puderam e podem desenvolver-se estrelas isoladas ou
estrelas geminadas. Os “descendentes estelares de matéria grosseira”
sempre corresponderão à espécie e ao tamanho de uma estrela-mãe! Todos
os corpos celestes surgidos no mundo de matéria grosseira permanecem
dependentes e ligados à estrela-mãe, de cuja sedimentação puderam se
desenvolver. Uma separação ocorre apenas por ocasião de uma dissolução
da mesma. Acontecendo isso, aliás, é chegado também o fim da estrela
grosso-material.

Os Quasares
Os primeiros corpos celestes que se formaram em nosso mundo visível
de matéria grosseira eram astros colossais atuando, segundo sua espécie,
como “estações transformadoras”. Transformam as irradiações vindas da
matéria mais fina de tal modo, que essas, em sua condensação, fornecem o
material para a formação dos corpos celestes de matéria grosseira. São os
misteriosos raios cósmicos, carregados de energia, que traspassam o
Universo.
Astrofísicos com seus instrumentos descobriram, há anos, alguns desses
colossais astros. Desde então eles se empenham a fim de descobrir o
“mistério” desses astros, os quais, vistos da Terra, se movimentam em
distâncias inimagináveis, possuindo uma luminosidade de bilhões de sóis.
Os astros que atuam como transformadores são hoje conhecidos sob o
nome de “quasares”. Quasares existem em muitos pontos do Universo. Eles
eram e são, pois, indispensáveis para a formação de corpos celestes.

Supernovas
Quase simultaneamente com os quasares, outros não menos poderosos
astros adquiriram forma grosso-material. Esses astros são “fontes de rádio”
que emitem aquelas partículas elementares indispensáveis à formação e
conservação do ar, da atmosfera em volta das inúmeras estrelas de seres
humanos… Sua força de luminosidade é tão intensa como a dos quasares.
Contudo, ela é variável. Uma vez mais forte e outra vez mais fraca. Os
astrônomos deram o nome de “supernovas” a esses astros que eles
localizaram com seus “olhos e ouvidos técnicos”…
Os quasares, bem como as supernovas constituem grandes enigmas para
os astrônomos. Além desses já citados existem ainda muitos astros
poderosos desconhecidos, pertencentes aos “primogênitos” do nosso
Universo. Eles eram e continuam sendo os mediadores entre o Aquém e o
Além do nosso Universo…
O Nascimento dos Corpos Celestes
Como é que se apresenta o sedimento, a matéria do espaço universal,
quando se torna visível na matéria grosseira?
De início, ao se condensar a energia em matéria, vê-se apenas uma
configuração, inimaginavelmente fina e delgada, como uma névoa, em cujo
centro se encontra um pequeno ponto reluzente e vermelho. Esse ponto
vermelho é uma espécie de cápsula cheia de sementes, contendo todas as
substâncias elementares necessárias à formação.
Os astrônomos referem-se frequentemente às “nuvens cósmicas”
distribuídas e tão inacreditavelmente finas, como jamais uma matéria
poderia ser distribuída aqui na Terra… A matéria designada como nuvens
cósmicas, visíveis às vezes pelo telescópio, entre os astros, semelhantes a
ilhas, são corpos celestes em formação… Elas não estão vagando sem rumo
e arbitrariamente no Universo, pois acham-se ligadas a uma ou várias
estrelas-mãe, dependendo delas também. Sem estrelas-mãe não existiriam
nuvens cósmicas.
Lentamente, condensa-se a delgadíssima matéria, e o ponto central
destaca-se mais fortemente. O astro em desenvolvimento começa a tomar
forma.
Tão logo é alcançado o grau predeterminado de condensação, a cápsula
“rebenta”. Ela se desfaz em inúmeras fagulhas incandescentes. Violentas
tempestades revolvem a estrela em formação e espalham para longe as
fagulhas, de modo que toda a matéria estelar fica traspassada por elas.
O romper da cápsula de sementes, inicialmente pouco visível, é o
nascimento propriamente dito de uma estrela no mundo grosso-material.2 A
ocorrência aqui descrita refere-se ao nascimento de um “astro solitário”.
Esse processo é algo diferente quando se trata de uma estrela-mãe gigante
de cujo sedimento se originam “famílias de estrelas” inteiras.
Num caso desses, a finíssima camada de matéria estende-se para muito
longe. No centro forma-se uma pequena esfera luzindo em todas as cores.
Chegado o momento e rompida a cápsula, iniciam-se turbulentos vendavais
que provocam aglomerações na matéria amplamente estendida. Essas
aglomerações impregnadas de matérias elementares de formação, pouco a
pouco, são afastadas e expelidas a fim de, longe do ponto central,
desenvolverem-se como astros autônomos. O romper da cápsula produz
sempre fenômenos de irradiações, sobremaneira poderosos, cujas melodias
bramantes anunciam o milagre do processo da Criação!

Os Modelos de Matéria Fina


O processo de formação no mundo das estrelas de matéria grosseira é e
foi, com apenas pequenas alterações, sempre o mesmo. Sóis, planetas, vias-
lácteas, cometas, rios de estrelas, aglomerações de estrelas, planetoides, os
assim chamados astros escuros, bem como os delgadíssimos véus de nuvens
nas ilhas do Universo originam-se de estrelas surgidas da semente primitiva
num universo situado “além” da nossa matéria grosseira…
Aqui segue um tópico do livro “Na Luz da Verdade”, Mensagem do
Graal, de Abdruschin, volume 1, dissertação O mundo:

“A existência da semente primordial não pode ser negada nem


mesmo pelo mais fanático cético, contudo não pode ser notada pelos
olhos terrenos, porque se trata de outra matéria, do ‘Além’.
Chamemo-la de novo, calmamente, matéria fina.
Também não é difícil compreender que, de modo natural, o mundo
assim criado primeiramente é constituído igualmente de matéria fina
e não é reconhecível aos olhos terrenos.”

Pouco tempo atrás, a menção de uma matéria mais fina certamente


apenas teria causado descrença, talvez até escárnio! Hoje é diferente.
Vivemos numa época em que mesmo os conceitos mais firmemente
fundamentados da ciência chegam a vacilar. O que ontem ainda era
recusado como utopia, hoje já pode revelar-se como verdade.
Tomemos, como exemplo, a “antimatéria”. Cientista algum teria outrora
tomado em consideração a existência de uma matéria que não lhe fosse
possível perceber com seus órgãos sensoriais! Hoje há um grande grupo de
astrofísicos convictos de que existe uma “antimatéria” ou “matéria grosseira
mediana”, como também é chamada. Desde que pesquisadores russos
descobriram o “anti-hélio”, apresentando a tese de que cada mínima
partícula de matéria possui um “sósia”, pesquisa-se com afinco nessa
direção.
A crença e a convicção de que essa antimatéria existe e tem de existir
estão longe de serem suficientes. A ciência moderna quer provas visíveis e
palpáveis, compreensíveis ao cérebro!
A palavra sósia, com que os pesquisadores denominam a antimatéria, não
corresponde aos fatos, pois tudo o que se encontra na antimatéria ou na
matéria grosseira mediana já existia antes. Portanto, não pode tratar-se de
nenhum sósia. Trata-se de modelos, de acordo com os quais os mundos
materialmente visíveis se formaram…
O ser humano de hoje percebe com seus órgãos sensoriais apenas um
pequeno setor do grande e verdadeiro mundo que o circunda!
Astronomia é a ciência da natureza! Para pesquisar os segredos da
natureza, necessário se faz a participação da intuição. Ela provém do
espírito, estando em ligação com o mundo espiritual e também com o
mundo enteal. O raciocínio não tem nenhuma ligação com mundos
extraterrenos. É atado ao cérebro, não possuindo, portanto, capacitações
para perscrutar fenômenos da Criação.

Almas Estelares
Todos os astros, e naturalmente também as estrelas-mãe, no Universo de
matéria fina, possuem almas! São as “almas estelares” cujas forças
impulsionadoras enteais vivificam, incandescem e dominam os corpos
celestes grosso-materiais que delas dependem.
A alma que insufla vida à nossa Terra é de espécie feminina. Ela tem o
nome de Gäa. Nosso Sol é dominado por um ser masculino de nome Apolo.
Gäa e Apolo possuem, tal como todas as almas de estrelas, uma grande
força de atração e são extraordinariamente belos e imponentes.
A duração da vida de um astro, calculada em anos terrenos, é muito
longa. Cada astro passa por períodos de desenvolvimento de durações
diferentes, alcançando um dia seu ponto final. Pouco antes de entrar nesse
ponto final, a respectiva alma estelar, juntamente com a sua força enteálica
impulsionadora e construtiva, abandona o astro. Acontecendo isso, chegou
o fim. Começa a decomposição. Pois sem a força enteálica impulsionadora
das almas estelares, não existe mais uma continuação de vida para os
“descendentes” grosso-materiais.
Todos os astros, tanto do Universo do Aquém como do Além, são
interligados por estradas. Trata-se de uma gigantesca rede de vias que liga
entre si os corpos celestes, e que ainda circunda separadamente cada astro.
Cada astro está ligado à rede cósmica de estradas num ponto exatamente
predeterminado. Essa rede tem também ligação com o mundo do Além e
com as respectivas estrelas-mãe. A organização na Criação é perfeita. Nada
é deixado ao acaso.

A Importância da Antártida
Na nossa Terra o ponto de ligação situa-se na Antártida. Da Antártida
parte a estrada que tem ligação com a rede cósmica de vias. Por essa razão a
Antártida é o ponto de concentração de muitos e grandes enteais. Entre
esses enteais encontram-se também todos aqueles que são responsáveis pelo
“bem-estar” da Terra. Por exemplo, saindo da Antártida ininterruptamente
são enviadas correntezas de ar, puro e filtrado, ao redor da Terra. Deve-se a
essas correntezas de ar, que renovam a atmosfera, o fato de os seres
humanos ainda poderem respirar em suas cidades poluídas! Não apenas o
ar, mas também todas as águas que no interior da Terra formam a circulação
aquática, são permanentemente renovados partindo da Antártida. Pela
influência de outras forças enteais em atuação na Antártida, também os
campos magnéticos que circundam a Terra são mantidos inalteráveis, isto é,
na mesma intensidade.
No entanto, durante os últimos anos, os cientistas constataram um
enfraquecimento dos campos magnéticos. Eles receiam que, com isso,
possa haver um degelo nos polos da Terra, provocando grandes inundações.
Seus receios certamente se realizarão.
Que a Antártida é de essencial importância para a vida sobre a Terra, os
cientistas já descobriram; contudo, o mistério que eles presumem lá existir
não foi descoberto até agora.
Na “desolada” região da Antártida, como comumente é designada, hoje
vivem cerca de três mil cientistas de diversas nações, a fim de estudar a
vida de lá em suas diferentes formas.
Os Entes da Natureza
Nas estradas dos astros há sempre um grande movimento. Se na
mitologia grega é dito que Apolo corre em grande velocidade num carro de
ouro em volta do Sol, isto, então, não é nenhum mito, mas pura verdade.
Pois Apolo, de fato, viaja num carro puxado por leões vermelhos, dando a
volta na maravilhosa estrada do Sol…
Os entes da natureza! Os incansáveis! Os entes que trabalham com amor,
que criaram para nós, seres humanos, as condições de vida necessárias para
o nosso desenvolvimento na matéria! Custa-me muito mencionar o povo da
natureza que os seres humanos baniram de sua vida por não mais poderem
vê-lo. Pois sei que quase todas as criaturas humanas que se denominam
cristãs e fazem parte da raça branca apenas admitem ainda os enteais como
figuras mitológicas. Sei também que eu, bem como outros, com a nossa fé
nos entes da natureza, apenas estamos colhendo arrogância escarnecedora e
recusa…
Não obstante, não me é possível escrever um livro no qual não mencione
os enteais que prepararam nossa pátria terrena, pois vivemos no mundo
deles, alimentando-nos com suas dádivas. Toda a natureza dá testemunho da
atuação deles! Cada sopro de vento, cada fruta, cada pingo de água, o ar que
aspiramos!…
A ligação com os entes da natureza está interrompida desde muito tempo.
Por isso a descrença e a ignorância! Aqui novamente indico a Mensagem do
Graal, “Na Luz da Verdade”, de Abdruschin. No volume 3, podemos ler na
dissertação Os Planos Espírito-Primordiais IV as seguintes palavras:

“Numa coisa tem o ser humano terreno de atentar especialmente,


visto ter pecado muito a tal respeito: a ligação com os auxiliares
enteais jamais deve ser interrompida! Caso contrário abris uma
grande lacuna que vos prejudica.”

É de se supor que os seres humanos, um dia, “redescubram” os entes da


natureza! Aliás, mediante novos e especiais aparelhos fotográficos que
serão constituídos de tal forma, que possam fixar vários acontecimentos que
se desenrolam no mundo de matéria mediana… É o mundo de onde os entes
da natureza atuam com a sua força impulsionadora sobre a Terra…

A Idade da Terra
Vivemos na estrela dos seres humanos – Terra – ou com outras palavras,
num planeta terrestre destinado ao acolhimento de espíritos humanos.
Nossa Terra assemelha-se a um minúsculo ponto, como uma pequena
estrela sem importância, entre bilhões de astros. Em comparação com
outras estrelas, os planetas terrestres podem realmente ser designados de
pequenos. Insignificantes, porém, nunca são, pois ocupam uma posição
especialmente destacada em todo o Universo!
Já as matérias sólidas com as quais eles foram formados constituem uma
raridade no mundo dos astros. E as temperaturas reinantes nos planetas
terrestres, as quais possibilitam o desenvolvimento de plantas e seres vivos,
como animais e criaturas humanas, são absolutas exceções!
Outros astros apresentam temperaturas de milhões de graus de calor, ou
oscilam entre um frio estarrecedor e um calor incandescente. Sem se falar
de tempestades eletromagnéticas e outros efeitos elementares, aos quais eles
estão sujeitos.
A idade da Terra é hoje indicada como sendo de cinco bilhões de anos.
Esse número poderia estar certo, aproximadamente. O que, no entanto, não
corresponde à realidade é a suposição dos cientistas de que há cinco bilhões
de anos originou-se não só a Terra, mas também todo o Universo.
O Universo é muito, muito mais antigo do que hoje se supõe! Conceitos
humanos de tempo não bastam para perscrutar o surgimento das inúmeras
galáxias. Mesmo com medidas astronômicas não poderia ser constatada a
idade do Universo. Tratando-se de um fenômeno criador, como a
construção de uma parte do Universo, cinco bilhões de anos terrenos
significam muito pouco.
A Terra é relativamente jovem. Ela foi a primeira estrela para seres
humanos que nasceu na parte do Universo Éfeso. Ao acontecer isso, já
existia um número inimaginavelmente grande de sistemas estelares!
Enormes forças elementares, muito antes, já estavam, então, ocupadas com
a ampliação do Universo. Continuamente nasciam novas estrelas, enquanto
outras já estavam em via de desintegração.
Assim como cada ser humano, também cada astro tem um tempo
determinado de vida. Na matéria fina, mediana e grosseira tudo está sujeito
a transformações! Ininterruptamente se realizam essas alterações na
pulsação rítmica do tempo. Sem transformações não haveria nenhum
desenvolvimento.
Desde o início, o espaço celeste está tomado de melodias bramantes do
ritmo da vida, segundo o qual os astros seguem suas órbitas prescritas. Por
toda a parte há movimento. Movimento é uma lei da vida que se efetua na
Criação inteira!
Imponente e inapreensível em sua magnitude e extensão é nosso
Universo! Nele o ser humano é menos do que um grão de areia.

O Pulsar dos Astros


Sabemos hoje que todos os corpos celestes são construídos com os
mesmos elementos e sujeitos às mesmas leis físicas. Os exames de
meteoros, vindos de distâncias nebulosas, bem como a análise da luz de
outros astros, têm provado esse fato.
Meteoros são fragmentos de cometas e planetas que no fim de sua
existência entraram em decomposição e desintegraram-se em inúmeras
partículas…
Todos os corpos celestes vivos do Universo pulsam. É um pulsar rítmico
que se repete em determinados intervalos de tempo. Estrelas de rádio,
transformadores estelares e outros astros dessa espécie têm, naturalmente,
uma “pulsação” muito mais forte do que corpos celestes comuns. Os
astrofísicos já constataram, com seus instrumentos, uma pulsação no
espaço. Aliás, não sabem de onde provém tal pulsação.
Os poderosos corpos celestes emitem também sinais. São geralmente
sinais ligados a alterações em sua própria estrutura. Durante a longa
duração de vida, os corpos celestes renovam-se e alteram-se muitas vezes.
Renovações e transformações ocorrem também em estrelas comuns.
Contudo, os sinais a isso ligados pouco provavelmente poderão ser
constatados.
Cada corpo celeste emite, no entanto, durante sua existência, alguns
sinais característicos. Isto, contudo, acontece apenas uma única vez. Esses
sinais especiais assemelham-se ao ruído intenso de milhões de sirenes de
alarme que emitem uma mensagem ora mais forte ora mais fraca…
Tal espécie de sons é ouvida apenas quando um corpo celeste alcança o
ponto em que começa o processo de esfriamento, isto é, a desintegração.
Anuncia a sua morte e o afastamento da alma estelar.
O Universo todo soa e brame! Os corpos celestes em rotação e translação
em suas órbitas provocam um sonante bramido que não tem semelhança
com nada aqui na Terra. Também as irradiações não seguem sem ruído pelo
Universo! Principalmente as irradiações de rádio e as dos
“transformadores” sobrepujam com seu zunido e bramido estrondeante
todos os demais ruídos. Os sóis e as irradiações que partem deles emitem
melodias que se unem, tinindo, ao coro dos astros. Mesmo cada aura tem
suas melodias…
Todo o Universo soa e vibra! A força criadora da vida impele e
impulsiona, sem parar, em direção a novas formações e ao crescimento!
Poderoso e perfeito, além de qualquer imaginação humana, é o ritmo
segundo o qual os astros, desde o início, se formam, se movimentam,
crescem, se renovam e perecem no Universo… Sobre isso apenas se pode
dizer:

“As obras incompreensivelmente grandiosas que trazem o selo da


vontade do todo-poderoso Criador são maravilhosas como no primeiro
dia!”

Já a multiplicidade dos corpos celestes é inapreensível ao ser humano


terreno. Astrônomos avaliam existir cem bilhões de astros com luz própria,
tal como o Sol, somente em nossa galáxia… Nosso sistema solar é apenas
uma minúscula parte na beira da galáxia, e nosso poderoso Sol apenas um
entre bilhões… As dimensões do nosso mundo terreno não bastam para
apreender, nem aproximadamente, a magnitude do Universo…
Do nosso sistema solar fazem parte doze planetas. Nem todos são
conhecidos até agora (1974). O último planeta descoberto foi Plutão, em
1930. É de se supor que também sejam encontrados os que ainda faltam…
O Nascimento da Terra
Sim, a Terra foi a primeira estrela destinada a seres humanos que se
formou na parte do Universo, Éfeso, desenvolvendo-se num maravilhoso
reino da natureza.
Depois dela “nasceram” inúmeras outras em determinados intervalos no
nosso Universo grosso-material.
O desenvolvimento de um planeta destinado a abrigar seres humanos
processa-se, até um certo estado de maturidade, às escondidas.
Nuvens impenetráveis de gás envolviam a Terra, isolando-a
hermeticamente do mundo exterior, do gélido espaço celeste.
Nenhum raio solar traspassava esse invólucro gasoso. Escuridão
circundava o planeta em formação. A claridade que aparecia aqui e acolá
originava-se do “coração” incandescente que brilhava no centro da
gigantesca matéria planetária com sua força plena de luminosidade.
Veio, porém, o tempo em que esse estado se modificou. O planeta parecia
estar sendo sacudido de um lado para outro por forças invisíveis, ao mesmo
tempo em que se expandia. O centro incandescente, até aí imóvel, entrou
num estado borbulhante, e uma expectante tensão quase insuportável se
difundiu.
O que aconteceria? Tinha-se quase a impressão de que a nebulosa massa
planetária iria rebentar.
No entanto, ela não rebentou. O centro incandescente tornou-se maior,
apresentando uma intensa luminosidade. Pela expansão ocorrida no interior,
milhões de fagulhas coloridas e luminosas, portadoras de germes, foram
expelidas como numa explosão, distribuindo-se com a velocidade de um
relâmpago por todo o planeta em formação.
Dessas fagulhas vivas desenvolver-se-iam, quando o momento para isso
tivesse chegado, as plantas e os animais que iriam fazer parte desta Terra.
Foi um momento de indescritível brilho, quando as milhares de fagulhas
coloridas e luminosas se espalharam na matéria planetária. Brilho e alegria!
Pois, ao acontecer isso, a alma estelar tomava posse do planeta dos seres
humanos, o qual ela doravante deveria dominar.
A partir desse tempo, o desenvolvimento processou-se mais rapidamente.
Não obstante, passaram-se ainda longos períodos até que a Terra esfriasse
um pouco e as matérias mais pesadas sedimentassem, enquanto as mais
leves flutuavam na superfície da viscosa massa borbulhante e fosforescente.
Após acontecer isso, surgiu um movimento também nos impenetráveis véus
de gás que desde milhões de anos envolviam protetoramente o planeta em
formação.
Chegou o momento em que relâmpagos irromperam nesses véus de gás, e
poderosos vendavais separavam-nos para logo juntá-los novamente,
aglomerando-os como gigantescas montanhas. Pouco a pouco os
tumultuosos vendavais se acalmavam. As nuvens de gás esfriavam,
transformando-se em vapor de água e em água que se precipitava sobre a
Terra como um dilúvio. Parecia como se a Terra em formação tivesse de ser
afogada. As massas de água que caíam sobre a superfície quente da Terra,
em parte em ebulição, evaporavam imediatamente. O vapor subia,
transformando-se novamente em chuva… Durante milênios caía a chuva
dos primeiros tempos sobre o planeta em formação destinado aos seres
humanos.
Colossais e bizarras formações de nuvens compunham-se pouco a pouco,
como só eram vistas no início. No decorrer do tempo a superfície quente da
Terra esfriava sob o constante efeito da chuva. O planeta começava a tornar-
se mais denso e diminuir até atingir o tamanho predeterminado para ele.
Antes do esfriamento e condensação, a Terra tinha o dobro do tamanho.
Apesar do quase impenetrável paredão de chuva, havia claridade na Terra
a partir de um determinado tempo. O Sol enviava suas radiações. Raios de
sol sobre gotas de chuva. Devido a isso, surgiram sinfonias de cores que
superavam qualquer capacidade humana de imaginação…
Cada fase de desenvolvimento do planeta Terra era circundada por um
brilho misterioso e quase irreal. Por toda a parte gigantescos entes da
natureza estavam trabalhando, ocupando-se exclusivamente com a
construção dos corpos celestes. Eles trabalhavam a matéria-prima à sua
disposição até que disso surgissem corpos celestes em rotação. Onde quer
que os entes da natureza se entregassem à obra, o mundo estremecia sob a
pressão de suas energias…
Não obstante a ininterrupta chuva, o planeta Terra em formação irradiava
um calor enorme… Mas depois chegou uma época em que a água da chuva
não mais evaporava totalmente. Juntava-se nos vales entre montanhas, que
se haviam formado devido ao esfriamento e concentração da matéria do
planeta. Dessa maneira surgiram os mares primitivos impregnados de um
cinzento lamaçal reluzente…
Em determinadas épocas, enquanto chovia, ocorriam colossais erupções
de gases do interior da Terra. Montes ainda não totalmente solidificados
desmoronavam, submergindo na massa incandescente, ao passo que, ao
mesmo tempo, partes de matéria sólida eram empurradas para cima. A
matéria grosseira em formação estava em constante movimentação
turbulenta. O gás líquido e incandescente fervia e borbulhava no interior da
Terra sob o impulso elementar de poderosas forças plutônicas, e os
construtivos processos químicos, as transformações, estavam em plena
atividade. A imagem de um planeta em seu estado inicial é de uma beleza
fantástica e grandiosa… Colunas de fumaça, lava e erupções de gases,
tormentas traspassadas por chamas verde-azuladas… Lamacentas cataratas,
caindo em abismos de uma profundidade de milhares de metros…
Rochedos iguais a torres, pretos e reluzentes, salientando-se de lagos
lamacentos… Todos esses fenômenos misteriosos de desenvolvimento na
Criação eram envoltos pela chuva primitiva que, brilhando em todas as
cores, caía de densas formações de nuvens.
Quando o planeta tinha atingido um determinado estado de
desenvolvimento, a “milenar época das chuvas” terminou. Mas então
iniciaram-se as trovoadas… Trovoadas cuja violência vai além de qualquer
imaginação humana… Não se viam relâmpagos, uma vez que toda a
atmosfera se transformava num mar vermelho de chamas… Também o
trovão retumbava de modo diferente na época inicial. Era como se milhares
de martelos gigantes batessem em metal. As trovoadas desencadeavam-se
por toda a parte na Terra. Dia e noite. Num espaço de tempo de vinte e
quatro horas podia-se ouvir dez trovoadas ou mais ainda… Elas
desencadeavam-se com igual intensidade durante milhões de anos depois
que a época de chuvas já havia passado fazia muito tempo.
No fim da época das trovoadas iniciou-se a grande transformação na vida
do planeta terrestre. Havia alcançado um ponto de amadurecimento em seu
desenvolvimento em que começava sua órbita como planeta autônomo.
Isto aconteceu ao romper-se o tênue véu de gás que envolvia o planeta
durante as épocas de chuvas e de trovoadas. A respeito desse véu de gás,
tratava-se de uma camada especial de proteção que permaneceu intata,
mesmo quando a camada de gás situada mais abaixo se transformou em
vapor de água e também em água.
A fim de evitar erros seja dito aqui o seguinte:
As descrições anteriores sobre o nascimento e formação de nosso planeta
Terra referem-se apenas aos fenômenos mais grosseiros, visíveis e externos.
São, portanto, incompletas! Os acontecimentos reais que se desenrolaram
aí, terão de permanecer sempre ocultos aos seres humanos terrenos. Pois a
criatura humana jamais estará apta a compreender o atuar das forças
plutônicas enteais que se desencadeiam no nascimento e na formação de um
corpo celeste.
Apesar da descrição cheia de lacunas, o leitor poderá compor um quadro
aproximado sobre a formação da Terra. Um quadro correspondente à sua
capacidade de imaginação…
O jovem planeta Terra, cuja superfície montanhosa ainda se encontrava
longe do enrijecimento total, começou entre inúmeros astros sua corrida
rasante em volta do Sol. Aliás, como foi constatado pelos cientistas, com
uma velocidade de mil e oitocentos quilômetros por hora. Além disso, gira
dentro da espiral gigantesca da Via-Láctea com a velocidade de duzentos e
cinquenta quilômetros por segundo pelo espaço celeste. E ainda gira em
torno de seu próprio eixo com a velocidade de mil e quinhentos quilômetros
horários.
E aí não existem nem os mínimos desvios de órbita. Para que isto não
aconteça já foram tomadas de antemão providências, pois qualquer
modificação de órbita seria catastrófica. As órbitas nas quais os astros se
movimentam foram e ainda continuam sendo planejadas e executadas de
acordo com as leis físicas da natureza. Assemelham-se a canais de um
“alumínio” transparente. Um corpo celeste uma vez introduzido no canal a
ele destinado não pode, em condições normais, ser lançado fora da órbita
nem ser desviado dela. Perfeito é tudo o que foi criado segundo a vontade
de Deus…

Éfeso
Cada parte do Universo com seus bilhões de sistemas estelares
movimenta-se em volta de uma radiante fonte de energia, em volta de um
centro, de onde é mantida a ordem da respectiva parte do Universo.
Esse centro, que se encontra na matéria grosseira mediana, iguala-se a
um coração que pulsa, emitindo suas ondas de energias vivas – os raios
cósmicos – para as esferas da matéria grosseira. O regente dessa central é
um enteal poderoso. Porta um elmo e uma armadura, ambos de prata. Sua
força de irradiação é tão intensa, que ele próprio, visto de longe, também se
assemelha a uma pequena e brilhante estrela multicor. Os milhões de
enteais que cooperaram na origem, manutenção e decomposição de corpos
celestes da parte Éfeso do Universo – e ainda continuam cooperando –
podem ser denominados como povo desse poderoso enteal. Ele é seu amo e
a vontade dele dirige-os.
“Éfeso” é o nome do regente prateado. Por isso a parte do Universo da
qual ele é o regente também é chamada Éfeso.
Pertencem à parte Éfeso do Universo todas as estrelas visíveis a olho nu
no céu noturno. Mas pertencem a ela também todos aqueles astros que
podem ser percebidos somente por meio de telescópios e outros
instrumentos…
Há pouco tempo dois cientistas calcularam que haveria além da nossa
Via-Láctea um bilhão de estrelas habitáveis. E dessas, segundo a opinião
deles, já um milhão estariam habitadas por seres humanos.
Os dois cientistas, um russo e outro americano, chamam-se Josef
Shumuelowitch e Carl Sagan, respectivamente. A afirmação de ambos é
especialmente notável, visto que a maioria dos cientistas com seu limitado
entendimento é de opinião que entre os bilhões de sistemas estelares apenas
nossa Terra seja habitada…
Aliás, o russo e o americano erram ao transferirem as estrelas habitadas
para além da nossa galáxia, pois nela mesma existem inúmeras.

Gondwana
A estrela dos seres humanos, o minúsculo pontinho no meio dos bilhões
de sistemas estelares, passou por muitas transformações no decorrer do
tempo. A última grande transformação da Terra já foi há muitos milhões de
anos. Por meio dela modificou-se fundamentalmente o aspecto topográfico.
Isto aconteceu quando o continente gigante “Gondwana” se fragmentou,
sendo as partes de terra impelidas para direções diferentes pelas águas do
mar que subiam.
As criaturas humanas enxergam somente os efeitos finais dos fenômenos
naturais, que geralmente passam após curto tempo. Dos longos trabalhos
subterrâneos que precedem cada fenômeno, nada sabem.
Gondwana não se fragmentou arbitrariamente. Nos acontecimentos
naturais não há nenhuma arbitrariedade… Também nada é entregue ao
acaso… As regiões isoladas tinham sido separadas umas das outras, nos
lugares previstos, por forças da natureza responsáveis por isso – os enteais –
de modo que no final bastou um breve tremor para fazer com que o
continente todo se fragmentasse na hora determinada…
Os cientistas denominam hoje Gondwana “o continente misterioso”.
Provavelmente por se saber tão pouco a respeito dele…
Gondwana estendia-se para longe. Os locais hoje por nós denominados
América do Sul, Arábia, África, Austrália e Índia são frações do gigantesco
continente de outrora, chamado Gondwana. Quando esse continente ainda
existia, era possível caminhar por terra firme do Peru até o sul da Arábia…
Muito antes de Gondwana havia ainda outro continente que se
desmembrou em várias partes. Nos círculos científicos denomina-se esse
continente “Laurasia” ou “Laurentia”… A América do Norte e uma parte da
Europa, por exemplo, são frações do continente de outrora, denominado
Laurasia…
A matéria está sujeita a constantes alterações! Alterações, porém,
significam desenvolvimento progressivo!… Desenvolvimento progressivo
em ritmo harmonioso da vida… Agora, no Juízo, mais uma vez ainda a
topografia da superfície terrestre se modificará. Pela última vez!…

1 Vide “Na Luz da Verdade”, Mensagem do Graal, de Abdruschin, vol. 1, dissertação O mundo.
2 Vide o livro “O Nascimento da Terra”, da mesma autora.
OS BERÇOS DOS SERES HUMANOS

Quando os primeiros espíritos humanos se encarnaram, a Terra já existia


há bilhões de anos… Em constante alegria, ela seguia sua órbita durante
essa época… aguardando a hora em que seu destino como planeta de seres
humanos devesse se cumprir… A hora ia se aproximando. O nascimento do
ser humano estava prestes a realizar-se…
Com o nascimento da criatura humana, iniciou-se uma nova era na Terra.
A era do espírito!
Nunca a Terra foi tão bela como naquele tempo. Na atmosfera pairava
um brilho dourado que não se originava somente do Sol. A Terra havia
atingido o áureo ponto de luz de sua existência, e a batida do relógio do
Universo, que ecoava para longe no espaço, deu início à nova era. Os seres
humanos estavam sendo aguardados com amor por todos os enteais… Os
seres humanos cuja força espiritual superior proporcionaria um brilho maior
à Terra e a todos os seus entes da natureza.
“Entes do espírito”, assim eram chamados os seres humanos, em
contraste com os entes da natureza. Esse nome foi usado durante longos
períodos, até que perdeu a sua razão de ser. Isto aconteceu quando os seres
humanos se transformaram em “entes do cérebro”!
Na Mensagem do Graal, “Na Luz da Verdade”, volume 2, de Abdruschin,
dissertação A criação do ser humano, podemos ler:

“ ‘Deus criou o ser humano segundo a Sua imagem e o soprou,


animando-o com o Seu alento!’ (…)
Esse criar ou conformar foi uma extensa corrente no
desenvolvimento que se processou rigorosamente dentro das leis
entretecidas na Criação pelo próprio Deus. Instituídas pelo Altíssimo,
essas leis atuam ferreamente com ritmo contínuo no cumprimento de
Sua vontade, automaticamente, como uma parte Dele, ao encontro da
perfeição.
Assim também se deu com a criação do ser humano, como coroa de
toda a obra, na qual deveriam reunir-se todas as espécies existentes
na Criação. Por isso, no mundo de matéria grosseira, na matéria
terrenamente visível, foi formado pouco a pouco, pelo
desenvolvimento progressivo, o receptáculo onde pôde ser encarnada
uma centelha proveniente do espiritual, a qual era imortal.
Pelo contínuo e progressivo processo de formar, surgiu com o tempo
o animal desenvolvido ao máximo (…) esse nobre e pensante animal
‘ser humano primitivo’ (…)
Quando se realizou um ato gerador entre o mais nobre par desses
animais altamente desenvolvidos, não surgiu no momento da
encarnação, como até então, uma alma animal, encarnando-se
contudo, em seu lugar, a alma humana já preparada para isso e que
trazia em si a imortal centelha espiritual.”

Os Babais
Chegara a grande época do desenvolvimento da Criação. Almas humanas
encarnavam-se nos corpos de matéria grosseira dos animais altamente
desenvolvidos!…
Como era então o aspecto desses animais de máximo desenvolvimento,
com capacidade de pensar, denominados “seres humanos primitivos”?
A descrição que aqui segue, origina-se da doutrina dos antigos povos do
Sol que habitavam, muito antes de Cristo, a América do Sul e que haviam
alcançado um elevado grau de maturidade espiritual. Dizia ela:

“Há longos, longos tempos, quando ainda existia uma segunda lua
no céu, viviam animais na Terra que pareciam seres humanos! Não
tinham pelos, tal como as criaturas humanas, e caminhavam eretos.
Sua pele era bronzeada como a dos filhos do Sol.
Eles pareciam-se com seres humanos, contudo não eram. Isso cada
um percebia claramente. Como cada um percebia isso? Eles não
tinham em seus corações a luz azul mas sim a vermelha; por essa razão
também nunca levantavam o olhar para o céu. Seus olhares fixavam-se
no chão ou dirigiam-se lateralmente para os arbustos. Esses animais,
que tinham o aspecto de seres humanos, alimentavam-se com a carne
de pequenos veados e de grandes lagartos, mas comiam também as
frutinhas do arbusto amargo e tomavam o leite das grandes árvores de
nozes… Eles tinham vários nomes. Um desses era ‘juki’…”

Essa descrição é tão verdadeira que apenas pouca coisa terá de ser
acrescentada. Aliás, nem sempre foram chamados jukis, mas sim “babais”
pois era esse seu nome enteálico.
Esses animais que pareciam seres humanos eram muito grandes, muito
ágeis e possuíam corpos bem-proporcionados. Sua pele era de cor dourada
ou bronzeada, muito reluzente e, com exceção de poucos lugares, eram
totalmente sem pelos. Seus braços e mãos eram extraordinariamente
desenvolvidos. Não estavam em proporção com seus belos corpos. Isso,
contudo, tinha a sua razão. Os babais não sabiam trepar muito bem em
árvores. Por isso, com muita habilidade, eles se penduravam em cipós, indo
de árvore em árvore. Seus filhos, quando ainda mal podiam andar, já se
balançavam nas “cordas de cipó” que não se rompiam.
Os verdadeiros “tarzans” foram os babais! Os seres humanos com
corações de animais! É esse o sentido do nome babai…

A Encarnação dos Primeiros Seres Humanos


Quando os babais tinham alcançado seu mais alto grau de
amadurecimento, encarnaram-se neles as almas humanas de beleza perfeita
e que continham a fagulha espiritual. Enquanto os babais se desenvolviam
em direção à máxima perfeição na matéria grosseira, as almas escolhidas
que viviam na matéria fina eram preparadas para a encarnação terrena.
É perfeitamente compreensível a cada leitor, sem maiores dificuldades,
que os seres humanos, as imagens de Deus, não poderiam ter se encarnado
em disformes e peludos macacos. Uma ligação com esses animais teria sido
de todo impossível. O macaco, como qualquer animal, é perfeito em sua
espécie. Contudo, a diferença entre esses animais e as belas e imaculadas
almas humanas não poderia ter sido transposta.
A coroa da Criação! O ser humano apenas podia encarnar-se num corpo
já possuidor da forma humana e assim digno de cumprir sua missão na
Criação.
Os babais pertencem a uma espécie da Criação que, tal como outras
espécies existentes, pode ser classificada como entre animal e ser humano.
Eles cumprem sua missão em todas as estrelas de seres humanos nas sete
partes do Universo. Sempre foram e são essas criaturas, as que possibilitam
a encarnação de seres espirituais na matéria grosseira.
Em lugar de almas animais encarnaram-se nos babais, a partir de um
determinado momento, almas humanas com seus espíritos. Disso se
depreende claramente que o ser humano não descende do animal. O ser
humano é espírito proveniente do reino espiritual!
Os corpos animais eram somente recipientes que o espírito precisava para
poder atuar na matéria grosseira. Os recipientes eram necessários e ainda
hoje são! Nisso pouca coisa se alterou. Basta pensar no ato procriador!
Também hoje ele não difere em nada dos animais!…

O Saber Perdido
A origem dos seres humanos, absolutamente, não foi sempre o
impenetrável mistério que é hoje. Os povos dos tempos primitivos
conheciam exatamente as conexões de sua existência terrena. Pelo menos
enquanto sua intuição, o instrumento mais fino que o ser humano possui,
ainda podia receber de modo puro conhecimentos superiores, transmitindo-
os ao cérebro.
Naquele tempo longínquo, que nunca mais voltará, confirmava-se, plena
e integralmente, o dito:
“Aos Seus o Senhor presenteia durante o sono!”
Hoje muita coisa é diferente. Saber, verdadeiro saber que ajuda os seres
humanos em sentido ascendente é uma raridade. Os canais de ligação para o
espírito estão turvos e, na maioria dos casos, até mesmo totalmente
obstruídos. Confunde-se intelecto com espírito! E a verdade?! A verdade
está soterrada sob um entulho de erros e mentiras!
A história da humanidade, ensinada hoje de um modo geral, não apenas é
cheia de lacunas, mas sim inverídica desde a base. Muito do que se refere à
origem e desenvolvimento progressivo do ser humano encontra-se na
Bíblia. Aos intérpretes da Bíblia, no entanto, nunca ocorreu o pensamento
de que as descrições nela contidas se referem a acontecimentos espirituais.
Fenômenos espirituais que se desenrolaram muito distantes do mundo de
matéria grosseira. Os muitos erros surgiram em virtude de os pesquisadores
da Bíblia relacionarem todos os fenômenos nela descritos com a Terra! Pois
procurou-se durante algum tempo o próprio Paraíso nesta Terra grosso-
material!

Primatas
A ciência de hoje nada mais sabe dessa perfeita espécie animal – os seres
humanos primitivos – cujos corpos até hoje servem, com poucas alterações,
ao espírito humano na matéria grosseira.
O aparecimento dos seres humanos na Terra é um enigma para todos os
pesquisadores. A teoria de Charles Darwin, de que o ser humano e o
macaco possuem ambos um ancestral comum e a sua teoria da evolução não
trouxeram nenhuma clareza. Naturalmente existem alguns cientistas com
visão mais ampla procurando pelo elo perdido entre o macaco e o ser
humano…
A teoria de que o ser humano e o macaco possuem ambos um ancestral
comum tornou-se mais aceitável para muitos quando foram encontrados
vários esqueletos humanos disformes, como por exemplo o “homem de
Neanderthal”. Desses achados não poderão ser tiradas conclusões, visto já
se tratar aí de tipos humanos degenerados, que já naquele tempo não eram
mais nenhuma raridade.
Nunca esteve dentro do plano da Criação envolver a vida humana em
mistérios. Pelo contrário! O ser humano poderia hoje ter um saber completo
a respeito de sua existência. O que o impede disso é o raciocínio preso à
matéria mais grosseira…
Os cientistas falam hoje de “primatas”. Entendem, com isso, um ser
primitivo descendente do macaco.
A palavra primata significa “aquele que existiu primeiro”! Isto está
correto. Os primatas foram os primeiros. Essa palavra pode ser aplicada em
relação aos nobres e altamente desenvolvidos animais, os babais, pois eles
foram os primeiros a existir. Só que não descenderam de nenhuma espécie
de macacos conhecidos pelos seres humanos…

Os Cinco Períodos de Desenvolvimento


O nascimento de um corpo celeste realiza-se na hora determinada para
isso. Nem mais cedo nem mais tarde. O mesmo diz respeito a todas as
alterações e fenômenos ligados ao destino do respectivo corpo celeste. O
relógio do Universo trabalha com exatidão de segundos.
Em vista do ritmo lento da matéria, foi determinado um período de
aproximadamente três milhões de anos para o desenvolvimento humano na
Terra. Esse período fora calculado para que todos os seres humanos
destinados ao nosso planeta pudessem desenvolver-se plena e
integralmente. Aliás, alternadamente no Aquém e no Além.
Os três milhões de anos foram divididos em cinco períodos. Cinco
períodos de aproximadamente seiscentos mil anos cada um.
O significado das cinco épocas era o seguinte:
A primeira, chamava-se período de nascimento! A segunda, tempo de
crescimento; seguindo-se o período de amadurecimento, o período das
ações e por último a era da colheita e da iluminação!
Há três milhões de anos nossa Terra parecia um paraíso de beleza
tropical. O clima quente e uniforme, que reinava naquele tempo por toda a
parte, favorecia o crescimento de maneira inimaginável. A multiplicidade
da riqueza animal e vegetal era quase indescritível.
Bem ao norte, onde hoje se encontram as regiões cobertas de gelo,
cresciam palmeiras, louros, baobás, coníferas, carvalhos, álamos, etc. E lá
onde hoje, no Polo Sul, se estendem lençóis de gelo, vicejavam samambaias
gigantes e floresciam magnólias e jasmins.
Os polos não se encontravam naquele tempo nos mesmos pontos de hoje.
Tudo no Universo é móvel. Movimento eterno, eterna mutação e
transformação são a lei básica da vida! Continuamente trabalham forças
gigantescas, promovendo o desenvolvimento de tudo o que foi criado, de
acordo com o ritmo vibrante e uniforme delas.

Os Sete Berços da Humanidade


Os babais não viviam espalhados indiscriminadamente na Terra. Eles
passavam sua existência em regiões adequadas às suas condições de vida.
Essas regiões eram denominadas “berços da humanidade”, já que foram os
lugares de nascimento dos primeiros seres humanos na Terra.
Havia ao todo sete diferentes berços da humanidade, destinados a sete
diferentes raças. As regiões eram de uma beleza paradisíaca, e tudo que os
babais e posteriormente os seres humanos necessitavam para o seu sustento
existia em abundância. Água cristalina, frutas, nozes, folhas nutritivas e
bagos. Os riachos estavam cheios de peixes, e caça havia em quantidade
inimaginável. Até mesmo as árvores de mel e as de leite não faltavam em
parte alguma…
Era visível que os enteais haviam cuidado com grande amor e zelo
daquelas regiões, pois os seres humanos, os elevados seres do espírito,
deveriam sentir-se bem em sua pátria terrena…
Os mitos e lendas nos quais se descreve uma terra de onde fluíam leite e
mel correspondem à verdade no que se refere aos “sete berços dos seres
humanos”. Não havia apenas um país assim, mas vários!…
As regiões paradisíacas, onde os seres humanos vivenciaram seu
nascimento primitivo, tinham os seguintes nomes: Marae, Thule, Arzawa,
Yoni, Avari, Tholo e Ophir.
Hoje apenas se pode indicar as suas posições aproximadamente, pois
essas regiões que brilhavam na mais maravilhosa beleza da natureza já há
muito tempo não existem mais. Em parte se acham sob as águas, ou estão
cobertas por gigantescas camadas de gelo; algumas se encontram soterradas
sob a areia de desertos. Também erupções vulcânicas contribuíram para sua
destruição.
Essas transformações processaram-se no decorrer do tempo. Contudo,
nunca aconteceu que seres humanos ou animais tivessem sofrido com isso.
Os enteais cuidavam para que todos abandonassem a tempo os lugares em
perigo, domiciliando-se em regiões seguras…

Marae
Marae, a maravilhosa Marae!
Situava-se no continente polinésio submerso, do qual, hoje, praticamente
não existe mais nenhuma notícia. Apenas ilhas, frações desse continente,
ainda repontam do mar que hoje encobre o continente gigantesco de
outrora. Nova Zelândia, as ilhas Sandwich, Samoa, Taiti e outras mais são,
apesar das distâncias que têm entre si, partes desse mundo submerso.
Marae era, como todos os berços da humanidade, de uma beleza
indescritível. Havia ali lagos e montanhas das quais as águas se
precipitavam em cataratas, juntando-se em profundas bacias. Nos paredões
das montanhas vicejavam orquídeas das pedras, amarelas e lilases, onde
inúmeros pequenos pássaros nidificavam. Da paisagem, que parecia um
parque, sobressaíam árvores gigantescas com grossas e reluzentes folhas.
Nos troncos dessas árvores e de seus galhos, estendidos amplamente,
pendiam grandes e pesadas frutas. Sobre tudo pairava uma aura de pureza,
proporcionando a toda a natureza um brilho aumentado. Muitas vezes se
ouviam cantos vibrantes e sons de júbilo. Vinham pelas ondas do ar, de
perto e de longe, misturando-se com o cantar de muitos passarinhos e o
zunir de incontáveis insetos. Eram cantos de seres felizes que ecoavam na
atmosfera grosso-material…

Thule
Thule! A região abençoada chamada outrora Thule encontra-se desde a
primeira época glacial soterrada sob muitas camadas de gelo. Sob o gelo do
Polo Norte.
Bosques floridos cobriam grande parte dessa terra. Também as muitas
espécies de árvores frutíferas, que ali cresciam, formavam muitas vezes
florestas inteiras. As frutas que amadureciam sob o calor tropical eram
doces e suculentas. Havia tanta abundância, que o chão sob as árvores
estava constantemente coberto por uma grossa camada de frutas
superamadurecidas. Também a riqueza animal era, tal como a de Marae,
inimaginável. Em Thule vivia uma espécie de cavalo que tinha um chifre no
meio da testa. Eram os assim chamados unicórnios, existentes hoje apenas
nas lendas. Além disso, dragões e aves de incríveis tamanhos voavam
frequentemente sobre o país. Em Thule existiam muitas espécies de
roedores e de cervos. Todos eles lembravam, com seu aspecto e tamanho, os
animais primitivos dos tempos iniciais. O único animal de rapina que se via
na região designada de berço dos seres humanos tinha algo de felino,
embora se parecesse mais com um urso. Era uma espécie de animal já em
via de extinção.

Unicórnios
Unicórnios existiram ainda durante longos períodos. Hoje, esse animal
somente é mencionado em lendas, uma vez que sua existência ainda não
está cientificamente comprovada. O unicórnio, naturalmente, existiu, do
contrário não poderia ter sido descrito em lendas nem mostrado em
imagens. O ser humano por si não pode inventar nada que não exista na
Criação ou que já existiu uma vez…
Todo o saber dos tempos primitivos, não importando do que se tratava,
foi retransmitido de geração em geração. Nada se perdeu, pois tudo que os
seres humanos vivenciaram nos tempos primitivos de sua existência
gravou-se em suas almas inapagavelmente.
A cada nova vida terrena, tudo o que haviam vivenciado em tempos
passados despertava novamente neles. Ou tinham recordações ou
vivenciavam muita coisa no mundo dos sonhos, enquanto dormiam.
Os seres humanos dos tempos primitivos eram pessoas puramente
intuitivas. Pelo menos até a época em que o raciocínio se interpôs,
dificultando. Por esse motivo suas vivências noturnas, seus “sonhos”, eram
claras, nítidas e inequívocas. Existem ainda hoje seres humanos em cujas
almas despertam, aqui e acolá, de relance, mensagens e acontecimentos dos
tempos primitivos. Isto, aliás, é raro, contudo acontece.
Tomemos como exemplo o fato de uma dessas raras pessoas sonhar uma
noite com um unicórnio. Ela vê nitidamente o animal diante de si pulando e
atravessando córregos. Observa como ele rola e de repente sai em disparada
juntamente com centauros que passam galopando…
O sonho é tão nítido, que a respectiva pessoa, ao acordar, lembra-se disso
mais ou menos nitidamente. Também a alegria que sentira ao deparar com o
aspecto do animal ainda permanece nela. Contudo, a noite passou, e o
raciocínio assume novamente o predomínio.
A vivência do sonho é afastada para o reino das lendas, pois não existem
unicórnios e centauros! Embora a respectiva pessoa gostasse de acreditar
nisso, ela “sabe” que tais figuras nunca existiram…
De tais vivências surgiram em sua maioria os contos de fada em que
aparecem entes da natureza. Todos eles encerram a verdade. Os autores
desses contos descreveram ocorrências que talvez já houvessem vivenciado
há muito tempo e das quais se tornaram novamente conscientes por causa
de alguma circunstância. Seja por uma recordação nitidamente sentida
através de sonhos ou outros acontecimentos vivenciais…
Arzawa
Voltemos, depois dessa digressão, para os berços dos seres humanos.
Arzawa situava-se mais ou menos na região da Mesopotâmia e da
Caldeia. Esse grande e florido país de outrora é hoje em sua maior parte
uma região deserta. Há muitos e muitos milhões de anos, bem antes de
Arzawa existir, naquela região as ondas do mar se quebravam contra os
recifes.
Durante milhões de anos existiu ali apenas o mar, um mar sem ilhas.
Vieram então transformações de terra que se repetiam de tempos em
tempos, conforme as leis cósmicas. Elas modificaram o aspecto da Terra. O
fundo do mar ergueu-se, enquanto em outras partes do globo grandes
massas de terra afundavam.
Incontáveis conchas e peixes cobriam o recém-emergido fundo de mar,
transformando-se em pouco tempo em terra fértil. O solo em que Arzawa
deveria florescer fora dessa maneira preparado.
Arzawa era um país rico em florestas. Havia grandes palmeirais onde
cresciam espécies de palmeiras que hoje não mais existem na Terra. Havia
duas espécies predominantes há três milhões de anos. Uma dessas espécies
de palmeiras produzia frutos, aliás nozes, tão grandes e pesadas como a
maior abóbora. A outra espécie, que em decorrência do tamanho e
espessura de seu tronco, mais se assemelhava a árvores de mata virgem do
que a palmeiras, tinha pequenas e macias frutas que lembravam uvas. Só
que essas uvas pendiam das copas das palmeiras em fibras de alguns metros
de comprimento. Além dessas palmeiras cresciam nesse país ainda muitas
outras árvores, nas quais amadureciam saborosas frutas durante quase todo
o ano.
Nas margens dos rios, entre samambaias gigantes, vicejavam bananeiras.
Pelo menos uma espécie semelhante. As bananas pouco se assemelhavam
às frutas por nós hoje conhecidas com este nome. Elas tinham casca
vermelha e uma polpa dura e farinhosa. Não obstante, podem ser
designadas como as antepassadas das nossas bananas.
Nem os babais que ali viviam nem os posteriores seres humanos tocavam
nessas frutas. Por outro lado, eram muito apreciadas pelos animais.
Principalmente os macacos e os lagartos rastejantes e voadores pareciam
preferir essas frutas.
Arzawa tinha água em abundância, por isso havia ali muitas aves
aquáticas. Frequentemente essas aves, de diversos tamanhos, cobriam
quilômetros da superfície dos rios.
Em alguns rios pantanosos viviam crocodilos. Ali também existiam
hipopótamos. Pelo menos os “ancestrais” dessa espécie animal. Viam-se
frequentemente avestruzes. Eram largos e grandes, de modo que dois
homens podiam montar neles comodamente.
A respeito de outros animais, deveriam ainda ser mencionados uma
espécie de antílope de um só chifre e as grandes raposas cinzentas…
Os animais que viviam há três milhões de anos tinham todos ainda algo
de primitivo. Muitas espécies extinguiram-se desde então. Os que
sobreviveram podem ser designados de “pais primitivos” de todos os
animais que hoje vivem na Terra.
Também entre as árvores e demais vegetações havia muitas espécies que
no decorrer do tempo desapareceram da Terra, dando lugar a outras…
Os babais viviam em grupos. Nunca se afastavam muito uns dos outros.
Entre eles e os animais não havia convivência. O abismo que os separava já
era grande demais. Era como se os animais sentissem a distância, e
provavelmente a sentiam mesmo, pois nunca se aproximavam dos babais.
As aves eram diferentes nisso. A timidez de outros animais era-lhes
desconhecida. Os babais que gostavam de longas caminhadas, estavam
sempre rodeados de pássaros. De grandes e pequenos. Os pássaros voavam
em sua direção como que para cumprimentá-los, pousando em suas
cabeças, ombros e braços estendidos. Era visível que reinava um profundo
amor entre os babais e os pássaros.
Arzawa era em todos os sentidos um país de felicidade e uma esfera de
Luz na Terra. Sob esse aspecto todos os sete berços dos seres humanos se
assemelhavam…

Yoni
Chegamos agora à região denominada Yoni.
Yoni! Essa região que brilhava em beleza tropical encontrava-se onde
hoje se estende o deserto de Gobi. Tremores de terra, vulcões e água
destruíram no decorrer do tempo essa florida paisagem de outrora.
Quando Yoni ainda era um dos berços da humanidade e os babais ali
viviam sob a cuidadosa proteção dos enteais, existiam também extensas
florestas e lagos. Havia também regiões onde toda a sorte de árvores
frutíferas cresciam. Entre elas havia muitas espécies de ameixeiras. As
frutas que nelas amadureciam eram em parte transparentes, de cor amarelo-
claro ou vermelho-escuro e lilás… Tinham o feitio de maçãs muito grandes.
Outra espécie de fruta muito apreciada pelos animais e também pelos
seres humanos eram as uvas. Tal espécie de frutas, que se pareciam
realmente com as uvas de agora, crescia em finos cipós que pendiam em
muitas árvores da floresta.
As árvores frutíferas, bem como muitas espécies de outras árvores que
cresciam há três milhões de anos na Terra, tinham-se desenvolvido das
sementes primitivas contidas no “sedimento” do qual a Terra se formou. As
sementes da vegetação, da flora terrena, não germinaram ao mesmo tempo.
Ao contrário! As sementes primitivas eram de tal contextura, que somente
depois de um determinado período, mais ou menos longo, podiam começar
a germinar. Tinha-se a impressão de que até mesmo as sementes se
orientavam de acordo com um mecanismo de relógio que lhes indicava o
tempo em que lhes seria permitido tornar-se ativas…
Yoni, como todas as demais terras e mares, era rica em animais. Dignos
de nota eram as muitas águias e os esquisitos macacos semelhantes a ursos
que ali viviam. As águias tinham o dobro do tamanho das águias que ainda
hoje existem na Terra. Sua plumagem era preta e cinzenta. Os machos eram
bonitos, pois sua cabeça era ornada de penas vermelhas que formavam uma
espécie de coroa…
Nada mais na região centro-asiática, no deserto de Gobi, indica que ali
houvesse existido uma verde e florida paisagem, onde espíritos humanos
vivenciaram seu primeiro nascimento na Terra. Diversas estradas de
caravanas atravessam hoje o deserto, e tribos mongóis vivem nos poucos
oásis.

Avari
Avari, a ensolarada Avari com suas planícies relvadas, suas colinas
cobertas de florestas, seus vulcões, lagos de crateras e vales cheios de água,
estava situada nas proximidades do Havaí, no Oceano Pacífico. É possível
que o Havaí seja uma parte desse país submerso que voltou à superfície.
Com exatidão não se pode mais localizar, visto terem ocorrido desde então
várias transformações de terra e de mar naquela parte do globo.
A região de Avari, em seu resplendor verde-dourado, surgiu outrora das
cinzas dos vulcões. Há três milhões de anos, nada mais lembrava a época
em que os vulcões estavam em atividade. As vastas planícies não estavam
cobertas com os capins hoje conhecidos, mas sim com diversas espécies de
“capim-cereal”. Dessas espécies de capim, cujas sementes se assemelhavam
às do arroz, trigo e até aos grãos de milho, originaram-se todas as espécies
de cereais posteriores. Naquele tempo havia dessas espécies de capim por
quase toda a superfície da Terra.
No meio de verdes planícies erguiam-se grupos de árvores. Eram
principalmente árvores frutíferas. De acordo com suas gigantescas
proporções deveriam originar-se de tempos remotos. As florestas junto aos
lagos eram constituídas geralmente de coníferas que também alcançavam
uma altura extraordinária.
Nos ensolarados vales dos rios cresciam frutas que pareciam melões,
cobrindo vastas regiões. Suas cascas eram vermelhas, contudo sua polpa era
branca e gelatinosa. Essas frutas, que tinham o sabor de peras muito doces,
eram comidas com especial prazer pelos babais dessa região.
Também Avari era muito rica em animais. Havia pássaros de todas as
cores e tamanhos. Naquele tempo ainda existia uma espécie de ave gigante
de cor azul-reluzente. Eram bem maiores do que os avestruzes, tinham
garras vermelhas, bicos compridos e asas atrofiadas de cor vermelha. Essa
espécie de ave extinguiu-se ainda antes da época glacial.
Entre os animais, alguns se distinguiam de modo especial. Cervos
gigantescos, grandes panteras, uma espécie de cavalo de pelo comprido e
ovelhas que alcançavam o tamanho de lhamas.
Além disso, as gigantescas preguiças penduradas em “suas” árvores.
Era visível que os animais pertencentes aos berços dos seres humanos
tinham sido cuidadosamente escolhidos. Pois em parte alguma dessas
regiões havia os grandes sáurios, búfalos, mamutes e outros animais
gigantes que há três milhões de anos ainda existiam… Com relação a
animais pequenos, parecia que os ouriços predominavam em Avari…
Tholo
Tholo. Essa região, com sua exuberância, situava-se no Quênia de hoje
(África). Era um país grande e vasto, parecendo consistir inteiramente em
cores e aromas. É fácil constatar a posição do berço dos seres humanos de
Tholo, pois ali se ergue hoje o Kilimanjaro.
O Kilimanjaro é a montanha mais alta da África. Ele se compõe de três
vulcões extintos. Alguns de seus paredões estão cobertos de geleiras.
Tholo era um país, tal como os outros berços dos seres humanos,
ricamente abençoado com todas as dádivas da natureza. Seus rios
conduziam água abundantemente.
Na terra vicejavam amendoins e tubérculos comestíveis. Frutas
encontravam-se em quantidade e variedade; mesmo as árvores de leite e de
mel não faltavam em parte alguma.
Duas espécies de árvores frutíferas cresciam por toda a parte. As de fruta-
pão e as figueiras. As figueiras tinham troncos que não podiam ser
abraçados por um homem. No decorrer do tempo todas as árvores e suas
frutas se modificaram. Antes de tudo, no que se refere ao tamanho e sabor.
O ar de Tholo parecia consistir exclusivamente em nuvens aromáticas.
As muitas árvores de flores brancas exalavam aromas. Mas também as
muitas orquídeas, os arbustos floridos e as flores dos cipós desprendiam
perfumes… Advinha ainda o forte aroma do capim dos pântanos e dos
cactos floridos do deserto…
Sim, na região de Tholo havia, em contraste com os demais berços dos
seres humanos, pântanos e desertos. Os pântanos situavam-se ao sul e os
desertos ao norte. Contudo, eles não prejudicavam em nada a região onde
os babais viviam, criando seus filhos humanos…
Havia muitos animais em Tholo. Também leões. Leões grandes, de cor
preta e cinzenta, e de pelos compridos, que viviam nas regiões pedregosas
do deserto. Dentro e ao lado dos pântanos viviam inúmeras aves, bem como
outros animais. Nas florestas viam-se toda a sorte de antílopes e animais de
pescoço comprido que se assemelhavam às girafas. Dragões voadores,
pequenos e grandes, eram frequentemente vistos. Eles voavam tinindo
ruidosamente sobre o país, em direção a seus distantes lugares de
nidificação. Às vezes eles retornavam dessa direção… Havia também
muitos macacos. Contudo, apenas espécies menores. Os macacos gigantes
com suas horríveis dentaduras viviam nas florestas montanhosas do outro
lado do deserto.
Existiam muitos lagartos em Tholo. De todos os tamanhos e cores.
Pássaros, morcegos, besouros, borboletas e outros insetos havia não
somente em Tholo, mas também em toda a superfície do globo terrestre, de
espécies tão múltiplas e em tais quantidades como hoje não mais pode ser
imaginado.
Cada animal, até mesmo o ínfimo inseto, tem sua razão de ser no mundo!
Todos eles contribuem, com sua espécie, para que o equilíbrio na natureza
nunca seja perturbado! Também as serpentes – havia outrora muito mais do
que hoje – contribuíam para a manutenção do necessário equilíbrio…
Ratos, camundongos e incontáveis animais pequenos dominariam hoje a
Terra, se as serpentes não tivessem cumprido sua missão desde os
primórdios.
Os animais grandes como os elefantes gigantes da floresta, hipopótamos,
javalis gigantes e muitos outros ainda, nunca se aproximavam da região de
Tholo onde os babais viviam. Os enteais protetores dos babais haviam
determinado fronteiras em volta de todos os berços da humanidade;
fronteiras essas que não podiam ser transpostas por certas espécies de
animais…

Ophir
Chegamos agora ao último berço dos seres humanos: Ophir!
Ophir! Gondwana, o continente, não submergiu de uma só vez. Pelo
contrário, pouco a pouco. Uma das últimas partes a submergir foi o país que
ligava outrora a África com a América do Sul. Esse país chamava-se Ophir!
Esse nome referia-se mais ao ouro do sol do que ao ouro que se encontrava
em grandes quantidades na terra e nas pedras.
Ophir também parecia um jardim paradisíaco que refletia o amor e a
alegria dos povos enteais… Os babais, com seus belos e reluzentes corpos
dourados enquadravam-se bem nesse mundo maravilhoso! Em Ophir ainda
existiam florestas onde cresciam árvores dos tempos primitivos, e
montanhas de onde quedas-d’água se precipitavam em profundos
precipícios. Nos vales dos rios cresciam samambaias gigantes e enormes
plantas ornamentais, cujo aspecto lembrava épocas muito remotas.
O que chamava especialmente a atenção nesse país eram regiões onde o
solo era totalmente coberto por musgo de cor verde-claro. Essa impressão,
contudo, enganava. Não era musgo, mas sim uma relva baixa e espessa,
cujas sementes pareciam grãos de arroz vermelhos. Na época do
amadurecimento desses grãos, juntavam-se incontáveis bandos de pássaros,
principalmente uma espécie grande e colorida, cobrindo todas as áreas
dessas relvas.
Nas “regiões de musgo” crescia uma árvore de espécie extraordinária. As
frutas que se desenvolviam no tronco pareciam grandes melões vermelhos.
Eram muito saborosas e tinham muitos apreciadores no mundo animal. Mas
também os babais e mais tarde os seres humanos comiam-nas com
predileção.
Entre os animais, algumas espécies destacavam-se de modo especial. Os
tatus gigantes e as peludas cabras das montanhas, de cor castanho-
avermelhado, que habitavam principalmente as encostas das montanhas.
Essas cabras possuíam um pelo crespo e tinham o tamanho de cervos.
Também existiam animais de cor cinza-claro com trombas compridas.
Assemelhavam-se aos elefantes, contudo tinham apenas a metade do
tamanho destes. Viviam ainda ali, naquele tempo, animais que eram um
misto de lhama e camelo.
Flores também existiam abundantemente em Ophir. Com razão podia-se
chamar os berços da humanidade de “países das mil fragrâncias”. Pois
nunca, nem antes e nem depois, houve na Terra regiões onde tantas flores,
árvores frutíferas cheias de flores e tantas espécies de arbustos e cipós se
haviam concentrado. Advinha ainda a maravilhosa abundância de flores das
matas virgens que existiam em todos os berços dos seres humanos,
exalando para longe suas nuvens de fragrância…

Os Setecentos Espíritos Escolhidos


Longos períodos foram necessários até que as regiões escolhidas na Terra
para servir de berço aos seres humanos tivessem alcançado o ponto
determinado a fim de poder cumprir o seu destino. E longos períodos se
passaram até que os babais atingissem o ponto máximo de seu
desenvolvimento, necessário para a encarnação de espíritos humanos…
Os enteais tinham enfeitado do modo mais belo os reinos da natureza,
enfeitado com amor, para receber condignamente os elevados entes
espirituais, as imagens do todo-poderoso Criador! Todos eles sentiam o
nascimento dos seres humanos na Terra como uma preciosa dádiva, que
deveria ser guardada com amor e dedicação…
Na época do nascimento terreno dos seres humanos, colaboravam forças
e ocorreram acontecimentos que não podem ser enquadrados, sem mais
nem menos, no mundo terreno atual. Já a condução das almas humanas até
os lugares de nascimento a elas destinados chega a ser milagrosa…
Estava na vontade de Deus que membros das sete raças humanas se
encarnassem e se desenvolvessem na primeira estrela de seres humanos da
parte Éfeso do Universo. Por esse motivo, foram preparadas sete regiões em
volta na Terra para esse grande acontecimento.
Setecentos espíritos escolhidos formavam o grupo inicial dos seres
humanos na Terra. Esses espíritos escolhidos eram membros de sete raças
diferentes cujos povos se haviam desenvolvido nos reinos espirituais e lá
viviam. Tratava-se de sete estirpes que nunca tinham saído de seus reinos
paradisíacos.
Esses setecentos espíritos foram enviados pela primeira vez a fim de
cumprir uma missão na matéria. Foram enviados e preparados para sua
extraordinária missão. A preparação realizava-se num reino de matéria fina.
Quando familiarizados com a missão que os esperava, os espíritos
escolhidos foram conduzidos mais para diante. Para diante, para o mundo
de matéria grosseira mediana com as suas diversas gradações que
circundam o globo terrestre…
Não precisaram esperar muito. Sob a proteção de acompanhantes enteais,
os espíritos preparados continuaram seu caminho, chegando, depois de
certo tempo, até a última gradação da matéria grosseira mediana que
circunda estreitamente a Terra.
Nesse mundo ligado diretamente à Terra ocorreu a separação das raças.
Cada raça, que se compunha de cem almas humanas, era conduzida para o
lugar de nascimento preparado, onde pela primeira vez se encontraram com
os babais.
Os aqui mencionados lugares de nascimento da humanidade, de uma
beleza fora do comum e que se encontravam no ambiente mais fino e
imediato da Terra, eram os modelos segundo os quais se originaram os
berços terrenos da humanidade.

O Nascimento do Ser Humano


A diferença de espécie entre os seres humanos e os babais, seus pais
primitivos, era evidente. Não obstante… alguma semelhança, uma espécie
de atração, havia entre eles… Desde o primeiro momento os babais
exerciam uma inexplicável força de atração sobre as almas humanas que
estavam esperando. Uma força de atração que conduziu, mais tarde, à
encarnação na Terra.
A inexplicável força de atração dos babais deve ser atribuída ao espiritual
inerente a eles. Aí não se trata do espiritual humano, mas sim de uma outra
espécie dele.3
Era o elemento espiritual dos babais que possibilitava uma ligação
temporária entre os seres humanos e esses seres enteálicos. Dessa forma o
abismo existente entre essas duas espécies estava superado, nada mais
havendo que impedisse uma encarnação…
As encarnações realizavam-se…
Setecentas almas humanas de beleza perfeita encarnavam-se pouco a
pouco nas mães babais! E poucos meses depois ocorria na Terra, no
maravilhoso oásis verde do Universo, o maior e mais importante
acontecimento desde a sua existência:
O nascimento do ser humano!
Indescritível júbilo reinava entre os povos enteais, quando nasceram as
primeiras crianças humanas. Todos vieram com presentes. A vontade deles
era depositar todos os tesouros da Terra aos pés dos “elevados hóspedes”,
os entes espirituais…
Desde aquele grande e único acontecimento passaram-se três milhões de
anos. Naquele tempo a Terra girava em sua órbita, brilhando em todas as
cores e acompanhada de bramantes melodias. Ainda não existia nenhuma
dissonância perturbando sua vibrante e sonora harmonia.
As crianças humanas dos babais cresciam, tornando-se grandes e fortes.
Elas amavam os enteais acima de tudo e eram amigas de todos os animais.
Frequentemente soltavam gritos de júbilo resultantes da alegria de viver, e
às vezes levantavam seus braços para o sol, como que em inconsciente
adoração.
Desde pequenas penduravam-se nos cipós, balançando-se de árvore em
árvore, acompanhadas de aves trepadoras. Às vezes corriam alegres e
travessas atrás de outros animais, até não poderem prosseguir mais devido
ao cansaço. Acontecendo isso, elas deixavam-se cair no chão, adormecendo
imediatamente. Onde quer que se encontrassem. Não tinham inimigos. Por
toda a parte eram circundadas pelo amor protetor dos enteais.
Os pais babais observavam perplexos e tímidos, e ao mesmo tempo
orgulhosos, o amadurecimento de seus descendentes de natureza tão
diferente. Quanto mais cresciam, tanto mais estranhos e incompreensíveis
eles lhes pareciam… Não obstante, amavam essas estranhas, jubilosas e
risonhas criaturas, como jamais haviam amado um de seus filhos
anteriores…
Os enteais denominavam outrora os seres humanos de “seres do
espírito”! Seres do espírito com a fulgurante luz azul… a luz da vida…
Eram denominados, em contraste com os seres da natureza, de seres do
espírito. Os seres da natureza pertenciam à Terra! A luz da vida que
fulgurava em seus corações era vermelha. Vermelha como as flores do amor
que florescem no mais alto jardim do Olimpo…

As Características Raciais
Quando os seres humanos que se desenvolviam nos diferentes berços da
humanidade haviam alcançado a idade de se reproduzirem, eles, de acordo
com a lei da igual espécie, somente atraíam almas correspondentes à sua
própria espécie e raça. Uma mistura era impossível.
Contudo, não mais eram espíritos escolhidos que vinham à Terra, mas
sim espíritos que se haviam desenvolvido na Criação posterior, nos mundos
de matéria fina. Desenvolvidos de germes espirituais saídos outrora do
Paraíso em direção à Criação posterior!
Os germes espirituais apresentam diferentes características raciais, visto
descenderem de várias raças que vivem nos luminosos reinos espirituais. As
diferenças de espécie manifestam-se ao começar o processo de
desenvolvimento nos mundos de matéria fina. Também nesses reinos não
existe mistura de raças. Cada raça vivia e desenvolvia-se em seu mundo.
Pela separação condicionada por lei, podia cada raça individualmente
levar sua própria espécie à máxima florescência… Livre de outras
influências…
Os descendentes dos setecentos seres humanos escolhidos eram,
portanto, em contraste com seus pais, espíritos que se haviam desenvolvido
de germes espirituais na Criação posterior…

A Extinção dos Babais


Os babais, como pais dos espíritos humanos escolhidos, tinham cumprido
a sua missão. Outros espíritos humanos não mais vieram através deles para
a Terra. Aqui e acolá ainda deram à luz alguns filhotes babais, os quais,
contudo, morreram pouco tempo depois. Era visível que com a vinda do ser
humano estava terminado o seu tempo. Eles extinguiram-se pouco a pouco.
Os poucos remanescentes encontraram a morte em alguns cataclismos.
Os setecentos espíritos humanos escolhidos formaram a estirpe original
de toda a humanidade! A finalidade de sua vinda foi com isso cumprida.
Todos eles alcançaram uma idade muito avançada; e todos voltaram, ao fim
da vida, a seus reinos espirituais. Um retorno à Terra não houve mais para
nenhum deles…
Também os babais, os enteálicos pais primitivos dos seres humanos,
voltaram para sua pátria. Voltaram para seu mundo no Olimpo, para os
jardins onde florescem as fulgurantes flores do amor…
Os babais não apresentavam nenhuma diferença de raça. Com exceção de
algumas fracas variações nas tonalidades da cor de sua pele, todos tinham o
mesmo aspecto.
Tão logo as almas com suas diferenças raciais fortemente destacadas se
encarnaram, isso mudou. Sob sua influência, modificavam-se também os
corpos dos quais tomavam posse. Inicialmente isso acontecia quase de
modo imperceptível, até que um dia a característica racial se destacava
nitidamente. Pode-se dizer que a alma, com o espírito inerente a ela,
imprimia seu cunho no corpo terreno…

As Diferentes Raças
Olhemos agora mais de perto para as raças que se desenvolveram
individualmente nas diferentes partes da Terra.

Os seres humanos que viviam em Marae eram altos, esbeltos e muito


ágeis. Tinham uma pele dourada com vislumbre avermelhado e cabelos
pretos e lisos. Em seus fulgurantes olhos castanho-claros lampejava às
vezes uma luz vermelha. Esse singular brilho vermelho podia ser observado
em todos os seres humanos da primeira época. Era o elemento enteal que
ainda se manifestava fortemente.

Os seres humanos que se desenvolviam em Thule diferenciavam-se


destacadamente dos membros das outras seis raças. Tornaram-se, com o
tempo, mais altos e mais robustos do que todos os demais povos. Sua pele
perdia paulatinamente o vislumbre dourado de seus pais primitivos. Ficou
clara, quase branca, com um vislumbre róseo. Também os cabelos desses
seres humanos eram claros. Bem loiros ou também loiro-avermelhados e
um pouco anelados. Todos tinham olhos azuis. O azul desses olhos não era
igual em todos, pois havia diversas nuances de cor…

Em Arzawa, por sua vez, desenvolvia-se um tipo humano totalmente


diferente. Os habitantes ali eram de estatura média, troncudos e muito
fortes. Sua pele reluzia como bronze claro. De seus rostos cintilavam olhos
castanhos com brilho aveludado. A cor dos cabelos oscilava entre o
castanho-escuro até o preto.

Em Yoni desenvolviam-se seres humanos largos e de estatura mediana,


com movimentos lentos. Em seus olhos, algo oblíquos, sempre havia uma
expressão contemplativa. Tinham uma pele de cor amarelo-dourado,
cabelos lisos e pretos muito reluzentes e olhos castanho-esverdeados.

Em Avari desenvolviam-se seres humanos cuja pele brilhava como


bronze escuro. Seus olhos contrastavam fortemente, pois eram, sem
exceção, de uma cor verde e cinza-claro. Com referência à sua força e
tamanho, eles se igualavam aos membros da raça branca…

O povo de Tholo possuía a pele castanho-escura, cabelos pretos anelados


e olhos grandes e escuros. Os olhos desses seres humanos eram de uma
beleza indescritível. Pareciam fulgurar constantemente. Essa impressão era
produzida pelo forte vislumbre vermelho que os traspassava. Todos os
habitantes de Tholo eram altos e robustos, e seus rostos eram de uma bem-
proporcionada beleza.

As criaturas humanas que passaram sua primeira época de


desenvolvimento em Ophir, possuíam belos e bem-proporcionados corpos e
belos e delgados rostos. Tinham olhos castanhos com um vislumbre
dourado. Dourada era também sua pele. A cor de seus cabelos era preta.
As descrições acima valem para as sete raças básicas da Terra. As
características e a beleza dessas raças chegaram ao pleno florescimento já
no segundo período de desenvolvimento. As mulheres eram, por toda a
parte, algo mais baixas e mais delicadas; quanto ao resto as descrições
acima também se referem a elas.

3 Indicamos aqui a Mensagem do Graal, “Na Luz da Verdade”, de Abdruschin, vol. 3, dissertação
Germes espirituais. Nessa dissertação podemos ler que existem enteais que contêm algo de
espiritual, e que várias divisões podem ser feitas entre eles…
A ÉPOCA ÁUREA

Bilhões de anos se passaram desde que a Terra surgiu da nebulosa


camada protetora que a envolvia. Três milhões de anos passaram-se desde
que os primeiros seres humanos viram a luz de nosso planeta. Esse número
de anos pode parecer inimaginavelmente longo para os leitores. Pois não
sabem que o ritmo da vida na matéria se efetua lentamente. É o ritmo
determinante para os milhões de sistemas de vias-lácteas no Universo!
Mesmo que os corpos celestes se encontrem distanciados uns dos outros
por muitos anos-luz, as leis básicas são as mesmas por toda a parte desde o
início…

As Crianças
Os novos habitantes da Terra multiplicavam-se muito lentamente no
primeiro período de desenvolvimento, pois só se relacionavam sexualmente
em determinadas épocas. Nesse sentido ainda se assemelhavam a
determinados animais. O período de gestação era um pouco mais longo do
que hoje.
As mulheres grávidas escolhiam muito cuidadosamente os locais para o
nascimento de seus filhos. Tinham de estar próximas de alguma água, para
que pudessem logo se banhar juntamente com o recém-nascido.
Após o parto e o banho, a mãe levava o filho para junto das outras
pessoas. Todos o viam e tocavam nele, depois era deitado no chão. Não
diretamente sobre a terra, mas sim sobre grandes folhas macias, já
estendidas anteriormente por uma das mulheres. Enquanto a criança dormia,
era coberta também com uma dessas folhas.
Essas “folhas para crianças”, que serviam ao mesmo tempo de cama e de
cobertor, cresciam em todos os lugares de berços dos seres humanos.
Pertenciam a uma planta de vários metros de altura e tinham um diâmetro
de mais de um metro. As jovens mães, que mastigavam prazerosamente
essas folhas suculentas com sabor de limões doces, não sabiam que o suco
delas era o melhor dentifrício e antisséptico existente naquela época…
As crianças recém-nascidas eram criadas com muito menos cuidados do
que hoje em dia. Eram alimentadas apenas duas vezes por dia. Ao nascer e
ao pôr-do-sol. O leite materno, aliás, era tão rico em substâncias nutritivas,
que as crianças nem necessitavam mais refeições. Satisfeitas e contentes,
ficavam deitadas em suas duras camas de folhas. Elas gritavam e choravam
muito menos do que as crianças de hoje.
O único “luxo” dessas crianças constituía-se de banhos. Tomavam banho
várias vezes ao dia, uma vez que suas mães as levavam consigo, cada vez
que se banhavam, e isto acontecia com grande frequência.
Apesar das condições de vida algo duras, essas crianças eram muito mais
robustas do que as de hoje. Elas aprendiam a caminhar mais cedo,
tornando-se também mais rapidamente independentes. Após poucos meses
elas recebiam leite e mel das árvores plantadas cuidadosamente pelos seres
da natureza dos sete berços da humanidade… O alimento seguinte das
crianças eram ovos. Ovos de incontáveis aves silvestres e aquáticas
existentes em todos os tamanhos. As crianças mal sabiam andar, e já
buscavam os ovos nos ninhos. Elas mesmas abriam-nos e bebiam o
conteúdo… Carne somente recebiam quando seus dentes eram
suficientemente fortes para mastigá-la…

O Primeiro Período de Desenvolvimento


Durante todo o primeiro período, “a era do nascimento”, viviam somente
alguns milhares de seres humanos, distribuídos pelas sete regiões
escolhidas. Um número muito pequeno, se pensarmos que um período se
compõe de seiscentos mil anos.
Esses poucos seres humanos viviam no meio da grandiosa natureza,
sentindo-se tão integrados nela como se fossem mesmo uma parte dela. Eles
viam os entes da natureza, podendo entender-se com eles, pois ainda não
existiam as paredes separadoras entre o ambiente mais fino da Terra e a
própria Terra. Por isso também não havia lacunas entre os seres humanos
terrenos e os enteais que viviam no ambiente mais fino da Terra. O mundo
dos seres humanos ainda era um todo! E não consistia somente no
minúsculo setor que hoje são capazes de perceber…
Durante a primeira era os seres humanos passavam sua vida num estado
quase sonhador. Muitas coisas assimilavam inconscientemente, pois
entregavam-se integralmente às impressões que fluíam para eles de todos os
lados.
Contudo, nunca estavam sozinhos ou dependendo exclusivamente de si
mesmos. Desde o início os “lahinis” estavam ao seu lado, protegendo e
ensinando.
Os lahinis são belíssimos seres masculinos e femininos, que contêm
também em si algo de espiritual. Eles atuam em todos os planetas de seres
humanos, a fim de familiarizar os jovens habitantes da Terra com a vida
terrena e suas exigências.
Os seres humanos podiam ver os lahinis. Não sempre, porém mui
frequentemente. Tudo o que os seres humanos aprenderam durante o
primeiro milhão de anos foi devido à influência dos lahinis. Assim
acontecia em todos os sete berços da humanidade. Eles exerciam por toda a
parte sua influência da mesma maneira.
Mais ou menos na metade da primeira era, os seres humanos tornaram-se
conscientes de sua nudez. Somente nessa época eles perceberam que os
lahinis, bem como os outros povos da natureza, não andavam nus como eles
próprios, mas sim, com seus corpos cobertos…
Desse momento em diante os seres humanos tiveram vontade de também
cobrir seus corpos. No entanto, com quê? A vestimenta dos lahinis era para
eles inatingível. Isto todos sabiam. Nunca teriam a aparência desses
maravilhosos seres…
A vestimenta deles podia ser considerada, realmente, maravilhosa. Os
lahinis femininos usavam blusas de fios de ouro e saias verdes que
pareciam véus. Eram tão leves e finas, que a cada passo pareciam
movimentar-se como folhas ao vento. Elas tinham seus cabelos arrumados
em duas tranças que pendiam a cada lado do rosto. Como adorno de cabeça
usavam testeiras de uma tecedura de ouro. Suas sobrancelhas e pestanas
pareciam compostas de delicadas folhinhas verde-escuras, reluzindo como
ouro.
Os lahinis masculinos vestiam-se de maneira semelhante. Suas saias,
aliás, eram mais estreitas e de um verde-escuro. E os tecidos destas eram
mais pesados, assemelhando-se ao brocado. As blusas tecidas de fios de
ouro mais pareciam couraças. Usavam também testeiras que mantinham
para trás seus cabelos, muito mais curtos. Os olhos desses seres, tanto
masculinos como femininos, eram verdes. Verdes com pontinhos dourados
e brilhantes.
Nos tecidos das saias dos lahinis femininos estavam entretecidos
desenhos de samambaias. Esses desenhos destacavam-se tão fortemente que
foi a primeira coisa a chamar a atenção dos seres humanos… Samambaias!
Podiam cobrir seus corpos com samambaias!…
Não demorou muito, homens e mulheres amarravam finos e flexíveis
cipós como um cinto no meio do corpo. Após amarrar esses cintos,
penduravam neles toda a sorte de samambaias. Assim a saia estava
rapidamente pronta. Já com as blusas, o caso era mais difícil. De ouro
somente eram os raios do sol, e esses não podiam ser captados…
Como sucedâneo da blusa, as mulheres penduravam longas folhas pelo
pescoço, enfileiradas em fios de cipó. Mais tarde utilizaram para isso um
outro material. Os homens penduravam cordas de fibras em volta do
pescoço, nas quais fixavam flores amarelas dos arbustos de cardos. Com
esses “colares” enfeitavam também as crianças maiores.
As crianças estavam, desde o início, sob proteção especial. No entanto,
não eram os lahinis que protegiam as crianças, mas uma espécie de seres
ligados especialmente às crianças, os quais, no entanto, nada contêm de
espiritual.
Seguem aqui os nomes dos protetores de crianças: nana-nanina, toc-toc,
pomi, cami, tschini e trani. Esses são os reais “anjos da guarda” das
crianças. Deve-se ao cuidado e vigilância incansáveis desses anjos da
guarda o fato de muitas das crianças alcançarem o décimo ano de vida com
os membros intatos…
Nana-nanina, aliás, é um ente da estirpe dos lahinis. As nana-naninas
protegem as crianças durante seu primeiro ano de vida.
Do segundo até o quinto ano de vida é a vez dos toc-tocs. Eles protegem
meninos e meninas. A partir do quinto ano, outros entes entram em ação.
As meninas são protegidas pelas tschinis do quinto ao décimo ano. E do
décimo ao décimo quinto ano de vida, pelas tranis.
Os seres de proteção dos meninos são os pomis e os camis. Os pomis
executam sua missão do quinto ao décimo ano e os camis do décimo ao
décimo quinto ano.
O Desaparecimento dos Babais
No fim da primeira era da humanidade não existiam mais babais em parte
alguma da Terra. Tinham-se extinguido totalmente. Com o cumprimento de
sua missão, a razão de existir na Terra havia cessado…
Os babais viveram durante vários milhões de anos antes de chegarem os
seres humanos. Seu desenvolvimento realizou-se de maneira similar ao dos
seres humanos. Eles morriam e voltavam novamente à Terra, chegando a
conhecer, dessa maneira, tudo que precisavam saber no Aquém e no Além.
Depois desse tempo, suas almas haviam alcançado o mais alto estado de
amadurecimento. Também fisicamente se haviam desenvolvido em belas e
bem-proporcionadas criaturas. Isto era indispensável para que os seres
humanos, as imagens das imagens de Deus, pudessem encarnar-se neles.
Não se deve, porém, supor que os babais descendam dos macacos. Isto
seria errado. Tratava-se, desde o início, de criaturas sem pelos e parecidas
com os seres humanos. Seus corpos, inicialmente, eram algo
desproporcionais, sua pele áspera e seus rostos longe de serem tão belos
como no fim de seu tempo de desenvolvimento. Contudo, sempre andavam
eretos sobre suas duas pernas… Jamais se pareciam com macacos!…

As Condições de Vida no Primeiro Período


Os animais comportavam-se em relação aos seres humanos de maneira
totalmente diferente do que em relação aos babais. Eles haviam evitado
timidamente os babais, ao passo que se aproximavam voluntariamente dos
seres humanos. Era visível que se sentiam atraídos por estes. Pareciam amar
principalmente as crianças, que eram suas melhores companheiras de
brincadeiras… A respeito dos animais aqui mencionados, não se tratava dos
animais domésticos hoje conhecidos, como por exemplo gatos e
cachorros… mas sim de animais livres que viviam nas florestas, os quais se
aproximavam e se afastavam quando bem lhes aprouvesse…
Preocupações de ordem alimentar os seres humanos não conheciam.
Possuíam tudo abundantemente. Caça e aves havia em quantidades tão
abundantes, que facilmente poderiam apanhar um animal com a mão.
Contudo, todos eles sem exceção comiam, além de frutas e nozes, apenas
peixes e crustáceos que havia em todas as águas. Os lahinis haviam-lhes
dado esse conselho e tudo o que vinha deles era bom…
Durante o segundo período, quando os seres humanos aprenderam a se
utilizar do fogo, foram-lhes mostrados, pelos respectivos enteais, os animais
que poderiam matar e comer. Nunca ocorria que matassem mais do que
necessitavam. Todos os seres humanos amavam os animais. Ninguém teria
tido a ideia de matar um deles por mero prazer…
Os seres humanos atingiam, nos três primeiros períodos, uma idade em
média de duzentos anos, de acordo com a cronologia de hoje. Eles não
morriam em consequência de doenças – estas eram desconhecidas –, mas
sim porque seu tempo de vida terrena estava terminado.
Quando alguém morria, carregavam o respectivo corpo para um local
apropriado, cobrindo-o após com samambaias. Feito isso, os companheiros,
alternadamente, amontoavam terra sobre o corpo com suas mãos. E isto até
que o falecido estivesse coberto com um monte de terra.
Sob a terra o morto estava protegido dos incontáveis pequenos animais,
como por exemplo as formigas, que no mais curto lapso de tempo
limpavam tudo, restando apenas o esqueleto. Ele ficava protegido também
das aves gigantescas, incumbidas de cuidar que em parte alguma ficasse
algo em processo de decomposição na superfície terrena…
Os companheiros não mediam nenhum esforço para que os montes de
sepultura atingissem alturas respeitáveis. A respeito dos mortos, obedeciam
exatamente às instruções de seus mestres, os lahinis. Estes haviam-lhes dito
o seguinte:

“Um corpo humano abandonado pelo seu espírito nunca deveria ser
exposto aos animais. Ele teria de ser protegido destes. Protegido com
muita terra amontoada sobre ele, pois ninguém deveria ver como um
corpo morto se dissolve em suas partículas elementares…”

Mais tarde, quando os seres humanos já faziam ferramentas, a maneira


dos sepultamentos acima descrita mudou. Eram feitas covas, aliás tão
fundas, que os corpos mortos podiam ser sepultados de pé…
A primeira era da humanidade, de mais ou menos seiscentos mil anos,
aproximava-se de seu fim. Os seres humanos, que viviam sob a proteção
dos lahinis nos diversos continentes, eram felizes e contentes. Eles amavam
sua pátria terrena, enquadrando-se incondicionalmente nas leis vigentes da
natureza. E esse amor, que deles saía, retornava para eles de mil maneiras.
Pois tudo o que o ser humano pensa, faz e intui, desencadeia imediatamente
reações recíprocas. Jamais poderá ser deixada de lado a lei da
reciprocidade. Pois está ligada ao espiritual humano…
Os instrumentos feitos pelos seres humanos ainda durante o primeiro
período eram uma espécie de faca de pedra. Utilizavam para isso pedras
chatas, esfregando e lapidando um dos lados sobre pedaços de rocha, até
ficarem tão finas, que podiam ser usadas para cortar. Para cortar e raspar
madeira.
A fabricação dessa espécie de facas era muito penosa. Os homens,
porém, trabalhavam alegremente e com tenaz perseverança nesses
“preciosos” instrumentos. Preciosos, certamente! Pois de posse dessas facas
eles podiam satisfazer um ardoroso desejo. Podiam fazer flautas! Flautas
como as usadas pelos faunos!
Os lahinis observavam contentes a maneira habilidosa com que seus
protegidos trabalhavam. Não demorou muito e, tanto de longe como de
perto, ecoavam os sons das flautas. Até as crianças ganhavam suas flautas,
pendurando-as orgulhosamente em compridos colares de cipós no
pescoço…
Todas as criaturas humanas, sem exceção, gostavam de música. Muito
antes de saberem falar, assimilavam sons de seu ambiente, repetindo-os
depois cantando.
Eles imitavam todas as vozes de animais que ouviam; entre elas também
o zumbido múltiplo dos insetos. Também os ruídos da chuva e do vento, e o
murmurar da água corrente… Ouviam, outrossim, sons do ambiente mais
fino da Terra. Como, por exemplo, o melodioso bramir causado por nuvens
que passam, e o zunido sibilante dos pássaros cortando o ar…
Quando sentados e voltados serenamente para seu íntimo, eles escutavam
com o ouvido mais fino até o sussurrante fluir da própria corrente sanguínea
e o bater do próprio coração… Eram, pois, seres humanos nos quais todos
os órgãos sensoriais funcionavam normalmente…
A Vida em Comum
Em cada uma das sete regiões de nascimento reinava desde o início uma
espécie de vida em comum. Os jovens habitantes da Terra ficavam o mais
possível juntos. Mesmo em suas longas caminhadas, empreendidas muitas
vezes em razão de uma inconsciente vontade de aventuras, eles não se
separavam.
Somente durante as horas noturnas, mulheres e homens ficavam
separados. As crianças pequenas e as meninas adolescentes dormiam junto
com as mulheres, e os meninos junto com os homens. Essa divisão tinha
sido ordenada pelos lahinis.
Os locais de dormir pareciam verdes e arejados caramanchões,
escondidos embaixo de altos arbustos. Escolhiam sempre arbustos cujos
galhos superiores estivessem fortemente compactados e entrelaçados, a
ponto de formar um teto impenetrável sobre as “camas”.
Nesses caramanchões dormiam sempre algumas crianças e ainda de sete
a dez adultos. Nunca mais do que isso. As camas eram constituídas,
conforme a região, de folhas de samambaia, capim, junco, folhagem,
musgo, etc. Havia uma espécie de musgo que atingia grande altura e que
crescia e florescia sob o sol mais abrasador…
Também os babais já dormiam em semelhantes “camas”, embaixo de
moitas fechadas. E seus descendentes humanos fizeram o mesmo durante a
primeira era.
Adultos, bem como crianças, deitavam-se logo após o pôr-do-sol, e
pouco antes de o sol nascer já estavam de pé.
Com referência à sua alimentação, tinham duas refeições principais.
Comiam peixes, mastigando junto folhas verdes de gosto salgado. Todos os
demais alimentos como mel, frutas, bagos, nozes, etc., eles buscavam nas
árvores e arbustos, sempre que tinham vontade.
Durante a época em que um homem e uma mulher mantinham relações
sexuais, separavam-se da comunidade durante um curto lapso de tempo,
caminhando e procurando regiões afastadas, e voltando depois de algumas
semanas.
Enquanto os lahinis protegiam seus jovens habitantes da Terra, a vida
passava-se nas sete regiões de seres humanos de maneira semelhante, com
diferenças quase imperceptíveis. Seja ao norte ou ao sul, os sistemas de
vida e de “ensinamento” eram os mesmos por toda a parte. Isto somente
mudou quando os lahinis, depois de cumprida sua missão, desapareceram,
entrando em ação os guias espirituais individuais.

O Segundo Período de Desenvolvimento


A primeira era de seiscentos mil anos terminara e a segunda, a era do
crescimento, começava.
No decorrer do segundo período da humanidade, de mais ou menos
seiscentos mil anos, desabrochava toda a beleza das raças individualmente.
As características raciais destacavam-se pronunciadamente, de modo que os
contrastes entre os povos tornavam-se nitidamente visíveis.
Todos os seres humanos, não importando a que raça pertencessem, eram
de uma beleza perfeita, correspondente à sua particularidade específica.
Tinham olhos que brilhavam tão intensamente, que reluziam no escuro com
um fulgor verde e vermelho. Sua pele era sempre limpa e sem máculas,
devido à proteção do óleo natural da mesma. Também o sangue deles era
puro e sadio. E consequentemente a irradiação do sangue também era pura e
sem turvação. Seus cabelos, brilhando intensamente, eram usados em forma
de tranças ou deixavam-nos cair pelas costas. Neste caso, amarravam-nos
firmemente com finos cipós, na nuca. Em resumo, os seres humanos
pareciam como se tivessem saído das mãos do Criador.
O tempo passava para todos em ininterrupta alegria. Sua capacidade
receptiva não era perturbada por nada, pois as duas partes do cérebro
possuíam tamanhos iguais, que formavam uma ligação sem lacunas entre a
alma e o corpo. Eram seres humanos puramente intuitivos, uma vez que seu
intelecto ainda se achava fora de ação. Todos, sem exceção, consideravam a
Terra e seu ambiente mais próximo e mais fino, um único e brilhante reino,
onde lhes era permitido viver em conjunto com os povos da natureza aí
reinantes…
Pode-se dizer que a “época áurea” do segundo período da humanidade
havia começado. A época que, como uma vaga lembrança, é mencionada
em velhas tradições, e da qual se diz que teria existido realmente nos
tempos primitivos…
Os jovens habitantes da Terra eram todos muito diligentes. Desde o
tempo em que tinham começado a fazer flautas, muito aprenderam. Pouco a
pouco e sob os ensinamentos de diversos enteais aprenderam a trançar,
tecer, tingir, entalhar, etc. Aí se tornaram conscientes da importância de
boas ferramentas. Por isso empregaram muito tempo na confecção das mais
variadas ferramentas de pedra e de madeira…
Até as primeiras “casas” da era primitiva foram construídas nessa época
áurea. Tratava-se, em verdade, apenas de abrigos primitivos feitos de junco,
capim-bambu, fibras, folhas de palmeiras, etc., contudo prestavam bons
serviços como proteção contra pesadas chuvas…
As criaturas humanas trabalhavam e estavam plenas de jubilosa alegria
de viver. Cada nascer do sol e cada novo dia eram para elas milagres
incompreensíveis… No mundo delas ainda não existiam sombras escuras…
Foi ainda durante o segundo período que os seres humanos na Terra
empreenderam sua primeira e longa viagem…
Os lahinis anunciaram, certo dia, terem recebido da senhora da Terra a
ordem de afastar os seres humanos de suas primitivas regiões de nascimento
e conduzi-los para outras terras. Acrescentaram que estavam sendo
aguardadas transformações nos mares e em terra, que poderiam pôr em
perigo os berços da humanidade e as criaturas que ali moravam. E isso não
podia acontecer. Ninguém deveria sofrer algo com os fenômenos naturais…
Maiores esclarecimentos não eram necessários. Ao receberem o
chamado, as criaturas humanas logo estavam dispostas a partir. Fenômenos
naturais eram para elas, que viviam no meio dos “regentes” da natureza,
algo evidente.
Foram tomados por uma espécie de êxtase, ao saberem que a grande
senhora da Terra havia-se lembrado deles. Pois eram os mais insignificantes
do reino dela… Todavia não tinham sido esquecidos.
Os primeiros seres humanos atingidos pelo chamado para o êxodo foram
os filhos do Sol, de Ophir. Pouco a pouco todos os povos receberam tal
chamado. Nenhum ser humano permaneceu no país em que seus
antepassados haviam surgido pela primeira vez na Terra.
Durante a caminhada, os filhos do Sol chegaram a conhecer as “agruras
da vida”. Meses a fio seguiam por caminhos penosos e difíceis, ao encontro
de sua nova pátria. Mas ninguém se queixava. Pelo contrário. Confiantes e
sem medo seguiam seus protetores, gratos pelas muitas e novas impressões
que diariamente recebiam…
Eram aproximadamente três mil pessoas que saíam de Ophir. As crianças
bem pequenas eram carregadas nas costas pelos homens, numa espécie de
cesto trançado com fibras. Pessoas idosas, que dependessem da ajuda de
outros não existiam naquele tempo em parte alguma da Terra. Eram sadias
até o seu falecimento; por conseguinte, nunca lhes faltava a necessária
força…
Os filhos do Sol de Ophir foram conduzidos para uma região pertencente
hoje à América do Sul. Qual a parte, é difícil de dizer, pois o Brasil, por
exemplo, parecia um reino constituído de ilhas, e do maciço dos Andes
apenas sobressaíam algumas pontas no mar. Essas ilhas eram povoadas, em
parte, por incontáveis aves aquáticas, hoje extintas. Havia lugares também
utilizados pelos dragões voadores como locais de escala…
O país que se tornou a segunda pátria dos filhos do Sol, não ficava
devendo nada para a antiga pátria, no que diz respeito à riqueza e à beleza.
Apenas apresentava diferenças. Pois ali cresciam outras espécies de árvores,
frutas e flores; e também a fauna era outra. A maioria dos animais de sua
nova pátria era-lhes desconhecida. Não obstante, havia tudo de que
necessitavam para sua vida cotidiana. Aliás, com grande abundância.
Levou apenas pouco tempo até que os novos moradores se
familiarizassem com a vegetação diferente e os animais desconhecidos. Em
nenhum momento lhes foi difícil se habituarem, pois por toda a parte, das
árvores, arbustos e flores, olhavam para eles os mesmos enteais que
conheciam de sua antiga pátria. E os mesmos abençoados raios solares, que
espalhavam luz e calor, proporcionando esplendor à natureza, brilhavam
também em sua nova pátria…
A estirpe dos filhos do Sol não permaneceu reunida como na antiga
pátria. A conselho dos lahinis formaram três tribos independentes, que se
alojaram em três regiões diferentes, passando a viver e a se desenvolver
separadamente uma da outra…
Esses seres humanos ainda estavam tão ligados entre si que, à noite,
enquanto seus corpos terrenos dormiam, suas almas encontravam-se,
alegrando-se umas com as outras e aprendendo o que podiam aprender no
“mundo dos sonhos”.
Durante o dia eles estavam novamente separados por muitas milhas.
Geralmente relatavam uns aos outros suas vivências noturnas tanto quanto
podiam recordar-se. Acontecia também, frequentemente, que vários se
lembravam do que haviam visto, reproduzindo tudo então com grande
persistência e paciência na matéria grosseira terrena.
Uma vez, por exemplo, várias mulheres e homens lembraram-se de um
menino que estava dormindo sobre tênues fios no ar, entre duas árvores.
Com visível admiração discutiam sua vivência noturna, descrevendo, tão
bem quanto podiam, aos lahinis, o leito arejado entre as árvores.
“Confeccionai os mesmos leitos e deixai-vos embalar até o sono pelos
‘entes dos ventos’!” disseram os lahinis, incentivando. “Sois capazes
disso!”
“Sois capazes disso!” Essas palavras despertavam logo sua constante
disposição para atuar. Sem hesitar os homens saíram em busca de cipós
apropriados. Pois de repente todos desejavam para si tal espécie de leito.
Devia ser agradável ficar pendurado no ar, vendo de cima os animais
rasteiros noturnos, dos quais existiam muitos na nova pátria.
Havia muito tempo que já não mais dormiam na terra. Mas sim em
“camas”. Em camas altas de finos paus de árvore, capim, folhas, etc. As
camas ficavam sobre estacas. Essas estacas pareciam exercer muita atração
sobre os pequenos animais rastejantes e corredores, pois de preferência
subiam nelas, correndo por cima dos adormecidos seres humanos e
descendo depois novamente, do lado contrário. Tendo, porém, camas
penduradas no ar, tudo isso já seria bem mais difícil…
Partindo dessas ponderações, há cerca de dois milhões de anos foram
feitas as primeiras e primitivas redes de cipós. Não apenas redes. Muitas
coisas eram mostradas aos seres humanos de outrora durante o “sonho”.
Eram, de certa forma, modelos que depois com muita habilidade
reproduziam aqui na Terra…

O Relacionamento com os Animais


Outrora harmonia e alegria reinavam entre todas as criaturas da Terra.
Nem podia ser diferente. Pois o amor do mesmo Criador, do qual todos se
haviam originado, unia-os, despertando confiança e amor entre eles.
O mundo e tudo o que nele vive e respira originaram-se da imutável
perfeição do todo-poderoso Criador. Para correntezas negativas não havia
lugar em parte alguma na obra perfeita…
Enquanto os seres humanos seguiam as leis da Criação, a Terra era um
planeta onde morava a felicidade. Qualquer espécie de inimizade era
desconhecida! Os seres humanos e os animais amavam-se mutuamente.
Não importando de que espécie fossem. As expressões “fera” e “animal
selvagem” eram totalmente desconhecidas. Pois todos, sem exceção, eram
mansos. Os seres humanos respeitavam os costumes de vida dos animais,
assim como estes também respeitavam a maneira de vida dos seres
humanos.
O animal não conhece inimizade. Nem hoje. Pois não está na sua espécie.
Mas conhece o medo. Chegou a conhecê-lo sob dores. Medo das
incompreensíveis criaturas humanas, de sua crueldade e de suas terríveis
armas. Levou muito tempo até que os animais aprendessem a fugir dos
outrora tão queridos seres humanos e medrosamente se escondessem… Sem
esse “medo protetor”, certamente hoje não existiria mais nenhum animal na
Terra…
Quando atualmente um animal ataca, isto nunca ocorre por inimizade,
mas sim por medo dos seres humanos, visto sentir-se ameaçado,
constantemente, por eles. Todos, pelo menos os animais que nasceram em
liberdade nas florestas, conhecem a “grande advertência”, a qual, de certo
modo, já absorveram com o leite materno. Essa advertência provém da
senhora da Terra. Ela diz:

“Acautelai-vos com os ‘novos seres humanos’ e evitai-os! Outrora


conhecíamos o verdadeiro ser humano. Nós todos o amávamos…
contudo esse verdadeiro ser humano não mais existe! Ele está morto.”

Aos seres humanos era permitido matar outrora tantos animais quantos
necessitassem para o seu sustento. E assim faziam. Contudo, eles matavam
rapidamente e em silêncio, e apenas tanto quanto necessitassem. Mais que
isso, nunca! Essa espécie de caça por instinto de conservação não assustava
as manadas, nem as afugentava.
O prazer dos seres humanos de matar os animais começou com o início
da idolatria na Terra. Isto foi há aproximadamente sete mil anos. Naquela
época os seres humanos excluíram-se do mundo espiritual, de modo que
mais nenhum raio de luz chegava às suas almas. Dependiam
exclusivamente da luz de seu raciocínio, que em contraste com a luz do
espírito, assemelha-se a uma vela bruxuleante…
Cada religião que não encerra a verdade, tem de ser considerada uma
idolatria. Idolatria já houve na Terra há centenas de milênios. Com isso
grandes reinos culturais sucumbiram. Contudo, eram casos isolados. A
partir de sete mil anos atrás, aninhou-se o mal das falsas religiões em todos
os povos, alterando assim fundamentalmente o destino das criaturas
humanas.

O Desaparecimento dos Berços da Humanidade


Depois do povo de Ophir, o povo de Avari teve de abandonar a sua
pátria, fixando-se num país distante. Também este povo se dividiu mais
tarde em várias tribos independentes, desenvolvendo-se separados uns dos
outros em locais diferentes.
Os demais, igualmente, foram pouco a pouco conduzidos para fora de sua
terra natal e levados para regiões distantes. Uma vez que os lahinis ainda
continuassem como mestres e protetores dos seres humanos terrenos, as
colonizações e distribuições das tribos realizavam-se por toda a parte da
mesma maneira.
Num tempo relativamente curto desapareceram da face da Terra os
“berços dos seres humanos” preparados com tanto amor… Pois
ininterruptamente realiza-se o mistério da vida no vibrar das leis da
natureza… a transformação… o nascer… o amadurecer… o fenecer… e o
renascer…

O Terceiro Período de Desenvolvimento


Gerações e gerações sucederam-se. Os milênios, que podem ser
considerados segundos na eternidade, brilhavam e apagavam-se. As forças
elementares trabalhavam, como desde o início, na transformação do aspecto
da Terra. Os seres humanos multiplicavam-se agora um pouco mais
rapidamente, pois o relógio universal dera o sinal do início do terceiro
período da humanidade…
Desde o nascimento do primeiro ser humano na Terra, um milhão e
duzentos mil anos tinham-se passado.
O terceiro período, denominado “período do amadurecimento”, foi ao
mesmo tempo a época do despertar espiritual na Terra…
No início desse período os lahinis desapareceram do horizonte dos seres
humanos. Não eram vistos nem encontrados em nenhuma parte… Essa
perda atingiu todos de modo tão inesperado, que inicialmente se sentiram
como órfãos, sem saber de que maneira poderiam continuar a viver
“sozinhos”.
O estado de “solidão” não perdurou muito. Logo as criaturas humanas
perceberam que de modo algum estavam sozinhas e abandonadas. Outros
protetores invisíveis encontravam-se agora nas proximidades delas. Esses
“outros”, porém, falavam apenas para suas almas; por essa razão as vozes
deles chegavam de modo muito mais fraco até os seus ouvidos. Com os
lahinis era diferente. Eram visíveis e seus ensinamentos e ordens eram tão
altos e nítidos que às vezes retumbavam em suas cabeças.
Não foi difícil aos seres humanos assimilar as vozes que falavam às suas
almas. Pois nem conheciam outra coisa. Como pessoas puramente intuitivas
que eram, assimilavam apenas correntezas provenientes de seus espíritos e
de suas almas. Faziam sempre o que a intuição, a voz da alma, lhes
inspirava. Um ponderar intelectivo era-lhes estranho, uma vez que seu
intelecto ainda estava desligado…
Esses “outros” foram os primeiros guias espirituais que se aproximaram
dos seres humanos terrenos, a fim de estarem ao lado deles ajudando e
guiando.
Já durante o terceiro período de desenvolvimento foram enviados
espíritos dos reinos superiores para se encarnarem na Terra. Vieram em
diferentes intervalos de tempo para todos os povos, a fim de transmitir-lhes
o necessário saber espiritual. Os ensinamentos espirituais trazidos por eles
correspondiam, evidentemente, à capacidade de assimilação daquela época.
Os seres humanos foram, desde o início, ensinados e guiados
cuidadosamente! Nunca o equilíbrio de sua vida era perturbado por algo em
excesso ou por algo insuficiente. Os primeiros ensinamentos espirituais que
receberam diziam o seguinte:
“As criaturas humanas são seres espirituais! Em suas almas brilha
um pequeno sol azul que jamais se apaga. Nem no sono nem na morte.
Ele continua vivendo no reino do Além – ‘Astéria’ – pois o espírito
não morre. O pequeno sol acompanha-o por toda a parte… O que
morre é apenas o corpo que é sepultado na terra para a
decomposição…”

Um outro ensinamento dizia, mais ou menos, o seguinte:

“Os seres humanos foram as últimas criaturas que apareceram na


Terra. Muito antes, inimaginavelmente antes deles, já estavam aí os
seres da natureza que por ordem de seu senhor do monte ‘Merou’4,
criaram a Terra, conservando-a.
Os seres da natureza acolheram-nos com amor, presenteando-os com
todos os tesouros da natureza.
Também os seres da natureza trazem em si pequenos sóis. Esses,
contudo, não são azuis, mas sim coloridos como a aura do Sol.
Acontece, às vezes, que uma das cores solares sobressai, brilhando
especialmente.
Há ainda os animais. Eles também trazem sóis dentro de si. São
pequenos e muito mais fracos do que os outros. Contudo, existem, pois
eles também possuem almas. As almas animais apresentam brilho
vermelho. Apenas vermelho.
Todos esses sóis têm um só nome. E esse nome significa: ‘vida’.”

Desta forma ou de modo semelhante, com pequenas variações, foram os


seres humanos ensinados na Terra. Quase não havia diferenças em seu
desenvolvimento, por esta razão todas as raças podiam ser ensinadas de
modo idêntico.
Todos, sem exceção, observavam os fenômenos que aconteciam em volta
do globo terrestre, bem como em seu interior. Podiam fazer isso, porque
ainda não estavam atados exclusivamente à matéria pesada. Seus olhos
ainda podiam perceber o ambiente mais fino da Terra, no qual todos os
acontecimentos grosso-materiais se efetivam primeiramente…
Seus olhares, por exemplo, muitas vezes se dirigiam às regiões do Polo
Sul a fim de observar a vinda, a ida e a atuação dos grandes enteais. Eles
denominavam a região do Polo Sul de “o país da entrada e da saída”.
Frequentemente erguiam também a cabeça para o “dourado ponto de luz”
no céu, na esperança de despertar o interesse do senhor do Sol. Todos eles,
não importando a raça a que pertenciam, sentiam-se estreitamente ligados
ao Sol, denominando-se por isso “filhos do Sol, criaturas humanas do Sol,
descendentes do Sol”, etc.
Não apenas o Sol, mas também as estrelas despertavam a atenção deles.
Entre essas, as “estrelas para seres humanos” despertavam seu interesse de
modo especial. Eles souberam pelos lahinis que no Universo havia muitos
desses astros preparados para acolher seres humanos.
Alguns poucos desses astros eles podiam reconhecer com seus olhos
fino-materiais. Aliás, pela singular atmosfera que circundava esses planetas
de seres humanos. Essa atmosfera fulgurava em cores opalinas, brilhando
flamejantemente de tempos em tempos pela penetração de ondas
eletromagnéticas.
Contudo, os habitantes desses planetas não podiam ser vistos de modo
algum, pois a extraordinária atmosfera formava ao mesmo tempo uma
camada de proteção impenetrável.
Os seres humanos que dirigiam outrora os olhares para o céu, podiam ser
chamados os primeiros astrônomos da humanidade, pois foram-lhes
revelados segredos naturais ainda hoje considerados como enigmas
insolúveis pelos maiores pesquisadores.

As Lacunas da Ciência
Os cientistas da atualidade de um modo geral ainda têm de aprender
muito. Também no que se refere à idade da humanidade! Estão muito
atrasados em relação às suas teorias sobre a evolução da Terra…
Sol, estrelas, Terra, luas… Nenhum dos astros era estranho aos seres
humanos de outrora. Eles sentiam-se como minúsculas partículas
pertencentes ao todo, e a quem era permitido viver e caminhar na
maravilhosa Criação.
A respeito das luas os seres humanos de outrora sabiam o que os lahinis
haviam ensinado aos seus antepassados:
“Existem muitas espécies de luas. Contudo, as luas que
acompanham os planetas de seres humanos são diferentes. Constituem
uma espécie por si. São os chamados ‘planetas verdes’, pois são
cobertos por uma vegetação baixa e verde. Quando um dos planetas
verdes alcança seu apogeu, começa seu declínio, secando a
vegetação… A luz da Lua é luz solar! Contudo, age diferentemente
sobre a Terra. São as forças da Lua que regulam a circulação da água
no interior de nosso planeta… Também participam na distribuição da
água… E são as forças da Lua que seguram a Terra firmemente em
suas órbitas predeterminadas… As forças dos planetas verdes são
magnéticas, elas atraem e seguram, influenciando a temperatura
terrena.”

Os lahinis ainda haviam informado muito mais, outrora, sobre as luas –


os planetas verdes – que seria interessante saber. Porém, entrar em maiores
detalhes a esse respeito seria ultrapassar a finalidade do presente livro
destinado ao esclarecimento da origem do ser humano…

O Significado do Fogo
O fogo exercia sobre os seres humanos daqueles tempos uma
indescritível fascinação. Eles conheciam-no pelos vulcões que entravam em
atividade de tempos em tempos em todos os continentes. Mas conheciam
também o “fogo caseiro” que tornava mais saborosa a carne, e que alegrava
seus olhos. Com atenção integral, observavam muitas vezes e por horas
seguidas o brincar dos seres das chamas que se torciam, viravam, pulavam e
faiscavam…
Os lahinis, antes de desaparecer, ainda tinham mostrado aos seus
protegidos humanos como poderiam utilizar-se do fogo. Melhor dito,
mandaram mostrar, pois os lahinis haviam solicitado a colaboração dos
elfos das árvores e gnomos das pedras em geral.
Com grande afinco os elfos das árvores mostravam aos seres humanos as
madeiras que se apropriavam à produção de faíscas, esfregando-as umas
com as outras ou furando-as. Mostraram-lhes também cogumelos de
árvores, redondos e duros, que igualmente soltavam faíscas quando certas
madeiras eram friccionadas neles…
Os gnomos, sempre que eram procurados em auxílio, traziam uma porção
de pedras e quartzos, a fim de ensinar aos seres humanos a seu modo. Eles
pegavam as pedras que se prestavam a isso e batiam tão firmemente uma
contra a outra, que logo se desprendiam faíscas incendiando capim seco…
Dessa forma o fogo fez sua entrada na vida dos seres humanos, tornando-
se o centro de sua existência. Cada tribo tinha sua “cova de fogo”, onde o
fogo nunca se apagava.
Com o fogo modificou-se também sua alimentação. Não mais comiam
exclusivamente aves e peixes como até então, mas também diversas
espécies de animais silvestres, dos quais lhes era permitido matar tanto
quanto precisassem para sua alimentação. Abriam a caça, tiravam-lhe a pele
e enrolavam a carne em folhas; depois, envolvida com barro úmido, era
colocada nas já preparadas covas de brasa, coberta de pedras, onde assava
lentamente…
As peles dos “animais de comer” eram secas cuidadosamente, curtidas
com a seiva de determinadas árvores, tornando-se assim duráveis. Sua
utilização era multiforme. Os homens e meninos tinham uma predileção
especial por peles. Faziam saias com elas e uma espécie de camisas como
proteção para o peito. As mulheres utilizavam as peles para tornar as camas
e redes mais macias…
Durante o terceiro período de desenvolvimento os seres humanos
construíam para si casas para dormir, ou melhor dito, barracas, pois
consistiam em três paredes que terminavam em ponta para cima, feitas de
esteiras. A instalação interna das barracas consistia em camas altas ou
redes. O chão era sempre coberto com esteiras.
Essas barracas ou tendas, que serviam exclusivamente para dormir, eram
bem arejadas e plenamente adaptadas ao clima quente que reinava por toda
a parte na Terra.
Cada tribo tinha, de início, a sua cova de fogo. Mais tarde, quando os
seres humanos montavam suas barracas, isso se tornou diferente. Cavavam
diante de cada tenda covas de fogo, geralmente redondas, as quais depois
enchiam com brasa. Meninas e meninos tinham de cuidar para que a brasa e
o fogo nunca se apagassem.
“Fogo caseiro” – assim eram denominadas as covas de fogo diante das
barracas. Muitas vezes as criaturas humanas ficavam sentadas
pensativamente diante delas com inconsciente anseio nos corações, e
jogavam galhos resinosos, sementes ou madeiras aromáticas sobre a brasa.
Depois observavam serenamente a fumaça que se elevava e que desaparecia
nas ondas do ar.
Às vezes acontecia, nessas ocasiões, que surgissem enteais
acompanhadas de pombos. Elas eram do mesmo tamanho dos seres
humanos, tendo grinaldas de flores vermelhas nos cabelos claros. Suas
roupas tinham a cor de chamas alaranjadas… Os seres humanos, contudo,
não viam as roupas, mas sim seus olhos maravilhosos. Olhos transparentes
de cor vermelho-violeta circundados por pestanas constituídas de pétalas de
flor verde-clara…
Esses seres, sempre recebidos com grande alegria, olhavam, geralmente
calados, para as criaturas humanas, sorriam carinhosamente e desapareciam
a seguir. Às vezes, porém, também falavam.
Assim, por exemplo, disseram uma vez para as mulheres:

“Cuidai do fogo! Pois também o fogo terreno é um reflexo do fogo


eterno, a origem do amor e da vida! Difundi calor em vosso redor, e
não deixai nunca esse calor esfriar! Deixai vosso anseio subir ao céu,
assim como também a fumaça se eleva em direção ao céu. Nós
protegemos vossos lares e estamos ao vosso lado, seres humanos,
ajudando. Pertencemos ao povo dos “plêiades” e estamos por toda a
parte, onde criaturas humanas constroem seus lares na Terra…”

Dos homens, aproximavam-se seres masculinos. Eles faziam parte do


mesmo povo, contudo suas roupas eram totalmente diferentes. Eram
vermelho-escuras e de tecido mais grosseiro. Suas cabeças não tinham
grinaldas de flores; usavam simples testeiras vermelhas… Mas seus olhos!
Esses olhos pareciam com os das plêiades femininas. Eram também de uma
beleza transparente. Às vezes brilhavam tão fortemente, que pareciam
pequenos sóis…
Eles também frequentemente se dirigiam aos homens sentados em redor
dos fogos caseiros:

“Sois os protetores dos lares! Jamais perturbeis a paz neles! Cuidai


para que vosso fogo caseiro não se apague, e que vossas mulheres
nunca percam seu amor e calor!”

Assim diziam, alegrando-se quando os homens compreendiam e


demonstravam boa vontade…
O Sol, a brasa e as chamas dos fogos caseiros, bem como a fumaça que
se elevava, exerceram durante todos os tempos um fascínio misterioso sobre
os seres humanos terrenos. Jamais esse fascínio perdeu sua força de atração.
São decorrentes disso, os tantos cultos ao fogo e ao Sol dos tempos
posteriores…
Nos fogos caseiros diante das barracas nunca se assava carne. Para isso
havia outros lugares. Dos fogos caseiros somente podiam retirar a brasa
necessária para acender outros fogos.
Naquele tempo a caça já era assada em espetos sobre a brasa. O enterrar
nas covas de brasa somente era usado em casos especiais. Disso se pode
depreender que a “carne no espeto” não é uma invenção da época atual.

Os Hábitos de Vida
Uma vida familiar como hoje é conhecida não havia em parte alguma da
Terra. Os seres humanos do terceiro período de desenvolvimento viviam
exatamente assim como haviam vivido seus antepassados. Homens e
mulheres moravam separadamente.
Os homens dedicavam-se à caça, cuidando da necessária alimentação.
Eles não só montavam suas próprias barracas, mas também as das mulheres,
executando todos os trabalhos pesados necessários.
As mulheres também não eram inativas. Pelo contrário. Ocupavam-se
desde cedo até a noite. Preparavam as refeições, teciam, trançavam e faziam
sua “vestimenta”; também sandálias elas fabricavam de peles, o que as
orgulhava especialmente.
As roupas delas ainda consistiam em saias que alcançavam os joelhos.
Aliás, essas saias não mais eram de samambaias, mas sim de um fino tecido
de fibras. Às vezes elas perpassavam as bainhas das saias com penas
coloridas encontradas na floresta, ou com flores. As moças e as mulheres
faziam também grinaldas de folhas e flores, pendurando-as em volta do
pescoço e enfeitando também com elas os cabelos.
Os homens usavam, tal como os plêiades, testeiras. Eram as mulheres
que as confeccionavam. Utilizavam para isso cordões de pele e de fibras, ou
faziam correntes de sementes duras e coloridas. As mulheres teciam,
outrossim, saias para os homens feitas de fibras mais grosseiras e mais
resistentes. Somente as saias de pele eram cortadas pelos próprios
homens…
Mulheres e homens tomavam as refeições juntos. Sentavam-se em
grupos, distribuindo entre si o alimento. Não era apenas carne que eles
comiam. Sempre havia também folhas verdes comestíveis, cogumelos,
bagos e toda a sorte de frutas. As mulheres cuidavam a fim de que nunca
faltassem os “acompanhamentos para a carne”.
Os seres humanos sempre estavam ocupados com algo. Não eram
ambiciosos, porém cheios de energia e alegravam-se como crianças com o
trabalho que executavam. Seus exemplos eram os enteais e a própria
natureza. Por toda a parte viam movimento, desenvolvimento e
crescimento. Não havia estagnação em nenhum lugar. Nenhum deles tinha
consciência de que a mesma impulsionante força criadora da vida, que
mantinha a natureza em eterno movimento, também impulsionava a eles
próprios para o constante e progressivo desenvolvimento…
Por volta do fim do terceiro período de desenvolvimento, as sete raças
existentes na Terra haviam se multiplicado de tal forma, que em diversos
lugares surgiram grandes povoados. Esses povoados, aliás, não tinham a
mínima semelhança com as cidades e vilas de hoje. Pois as moradias não se
situavam lado a lado, mas sempre bem distantes umas das outras. Só isso já
resultava numa grande diferença.
Os seres humanos, geralmente, fixavam-se em regiões que pareciam
parques, ricas em água, e que ainda existiam naquela época em todas as
partes da Terra. Tratava-se de tribos de três mil a cinco mil pessoas que
montavam conjuntamente seus lares, domiciliando-se.
As moradias, utilizadas ainda exclusivamente para dormir, foram
aperfeiçoadas no decorrer do tempo. Aquelas do tipo de barraca ainda
continuavam muito apreciadas. Contudo, não mais eram levantadas com
três, mas com cinco ou ainda mais paredes muito altas. Ao lado dessas,
porém, já havia construções de madeira com tetos espessos de capim e
paredes de esteiras toscamente tecidas. Não havia aberturas para janelas. As
aberturas de porta eram fechadas à noite com esteiras ou cordas de fibras.
Era uma vida paradisíaca, a que os seres humanos levavam na época
áurea. Antes de tudo, porque ainda não existia um único mal na Terra e o
amor unia as criaturas entre si.
O amor que unia os seres humanos e os animais era algo que hoje
dificilmente pode ser imaginado. Para onde quer que os seres humanos se
dirigissem, sempre corriam animais ao seu encontro, pulando e brincando
em volta deles. Tratava-se dos assim chamados animais “selvagens”.
As lendas indonésias, em que aparecem “tigres seguidores”,
correspondiam outrora à verdade. Nos países onde viviam os descendentes
dos povos de Marae e Avari, havia espécies de tigres que seguiam seus
amos e amas como cachorros. Voluntariamente! O mesmo dizia respeito a
grandes e pequenos pássaros. Naqueles tigres até mesmo crianças podiam
montar.
Também os adultos se utilizavam de animais de montaria ao
empreenderem longas excursões de exploração. Os animais eram muito
atentos. Sempre sabiam o que “seus” amos desejavam deles. Dizemos
“seus”, pois eram os animais que escolhiam seu amo, a ele servindo
voluntariamente. Isto soa como um conto de fada, a respeito do qual os
atuais seres humanos, tão inteligentes, contudo tão solitários e infelizes,
sorrirão. Mas também esse conto de fada, como tantos outros, origina-se de
uma época em que ainda eram realidade e em que ainda existiam seres
humanos felizes…
A comunicação com os animais nos tempos primordiais não era nada de
extraordinário, uma vez que os seres humanos ainda possuíam uma ligação
intata com os mundos enteais. Uma separação entre a natureza e o ser
humano ainda não existia. A separação veio somente muito, muito mais
tarde.
Os companheiros das crianças eram por toda a parte os animais. Animais
que viviam nos respectivos continentes e regiões. Podiam ser, por exemplo,
filhotes de leões ou de ursos; também lebres e veadinhos gostavam de se
aproximar das crianças. Em algumas regiões da Terra ainda havia, outrora,
uma espécie de pequenos cavalos primitivos de tamanho não maior do que
os veados. Montar nesses cavalinhos era o maior prazer das crianças…
Além desses ainda havia muitos animais, atualmente desconhecidos e
extintos, que se aproximavam dos seres humanos…
Harmonia e alegria pura reinavam no planeta terrestre dos seres
humanos! Os habitantes da Terra olhavam para o céu, puros como crianças,
na esperança de pelo menos uma vez ver o poderoso senhor5 do monte
Merou, que de lá governa o Universo. Bem que gostariam de ver o
poderoso senhor, o qual não se esquecia deles, os pequenos e insignificantes
seres humanos…
Humildade e modéstia – essas duas virtudes viviam nos corações de
todos os seres humanos. Eram filhos do Sol que viviam na Terra sob o
resplendor da pureza. Não havia tristeza em sua esfera anímica, pois seus
dias eram cheios de brilho e as noites cheias de ditosas vivências de
sonho…
Quão infinitamente distante nos parece essa época! Hoje, conta-se em
segundos… enquanto no ritmo daquela época mesmo mil anos pareciam
insignificantes…

A Transmissão do Saber
O fim do terceiro período da humanidade aproximava-se. A Terra ainda
continuava de uma beleza paradisíaca e a harmonia nela reinante era
perfeita. Sempre de novo havia maiores ou menores fenômenos naturais,
mas os seres humanos que conheciam as conexões sentiam-se seguros e
protegidos no maravilhoso mundo onde lhes era permitido viver.
Todos os habitantes da Terra, não importando a que raça pertencessem,
gostavam do silêncio. Pois somente quando reinava absoluto silêncio em
volta deles, podiam ouvir as vozes dos “outros”, dos “invisíveis”6, que
falavam para suas almas, ensinando. Eles confiavam e acreditavam tão
incondicionalmente nos invisíveis como seus antepassados nos lahinis,
assimilando tudo o que deles ouviam.
Disseram os invisíveis:
“Vossa vida terrena assemelha-se aos dias e noites que se alternam
em ininterrupta sequência! Durante o dia viveis em felicidade sob o
Sol do mundo terrenal. Mas quando o brilhante astro solar desaparece
no horizonte, estendendo-se o fulgor escuro da noite sobre o mundo,
vossas almas deixam os corpos aos quais pertencem. Contudo, não se
perdem um do outro, pois um tênue cordão os liga entre si. As almas
voltam para Astéria, o país situado além da Terra. Ali elas
permanecem ocupadas, passando felizes sua existência, até a hora da
aurora terrena se aproximar, devendo retornar para seus corpos
terrenos. São duas vidas totalmente diferentes que cada pessoa leva,
alternando-se em sequência ininterrupta… Contudo, vida é eterna
transformação!”

Assim disseram os invisíveis, e seus alunos, espiritualmente despertos,


assimilavam alegremente o novo saber. Sim, os alunos alegravam-se com
isso, mas ao mesmo tempo lamentavam não mais poder lembrar-se, no
mundo terreno, do que haviam vivenciado no país Astéria, no Além da
Terra.
Acontecia que os invisíveis faziam surgir imagens nas quais os habitantes
da Terra viam os babais, seus pais terrenos primitivos… Também as
primeiras almas humanas que se aproximavam da Terra e que depois, de
modo misterioso, foram atraídas pelos babais, apareciam nesses quadros…
Até o desenlace das almas depois da morte e a volta das mesmas almas
após longa permanência no país Astéria era-lhes transmitido em imagens.
Os quadros pareciam filmes que passavam diante dos intuitivos e puros
seres humanos. Embora isto se desenrolasse mui rapidamente, as imagens e
os ensinamentos neles contidos gravavam-se firmemente nas almas
humanas.
Dessa maneira os invisíveis ensinavam aos habitantes da Terra de outrora
tudo que deveriam saber conforme seu degrau de desenvolvimento. Não
ficava nenhuma lacuna no saber, pois também o desenvolvimento humano
realizava-se de acordo com um plano determinado. Enquanto esse plano era
seguido, os seres humanos viviam felizes e alegres, brilhando sobre eles o
“sol” de graças do amor.
Continuavam as Primeiras Encarnações
As criaturas humanas, que eram de uma beleza imaculada, viviam
envoltas em esplendor e harmonia. Acordavam de manhã e olhavam com os
olhos brilhantes para o sol, alegrando-se com o resplendor do céu e da vida
do dia que despertava. Antes de começar seu trabalho, elas pegavam suas
flautas, tocando melodias que brotavam do seu coração agradecido.
Enquanto os adultos manifestavam assim seu agradecimento e sua
alegria, as crianças saíam correndo à procura de seus companheiros, os
animais, com os quais geralmente passavam os dias…
Durante o terceiro período continuaram a encarnar-se espíritos que
vivenciavam pela primeira vez seu nascimento na Terra. Mas também
chegavam espíritos à encarnação – eram somente poucos – que já haviam
vivido uma vez na Terra, voltando agora pela segunda vez. Reencarnações
constituíam uma raridade naquela época. Se, no entanto, ocorriam, havia
geralmente um espaço de tempo de muitos milênios entre a primeira e a
segunda encarnação.
Os seres humanos levavam uma vida feliz sem desejarem mais nada, pela
simples razão de que ainda nenhum pecado neles pesava, e nenhuma
correnteza negativa penetrava em sua esfera anímica.
O raciocínio, o instrumento terreno, continuou ainda durante todo o
terceiro período fora de ação. Predominantes eram somente os sentimentos
intuitivos provenientes do espírito e da alma. Somente a intuição. A
intuição pura, sem turvação.
Podia, por exemplo, acontecer que os seres humanos ouvissem, através
de enteais, a respeito de uma árvore em flor extraordinariamente bela, que
crescia numa região muito distante. Ainda mais, numa região de difícil
acesso. Os que ouviam dessa árvore queriam vê-la. Nada lhes importavam
as dificuldades do caminho.
Quando então, depois de uma caminhada, que podia durar vários dias,
chegavam até o alvo, eles se acomodavam nas proximidades da árvore,
aspirando profundamente as maravilhosas fragrâncias. Aí observavam
atentamente o zumbido dos inúmeros insetos, o bater de asas dos
passarinhos nos galhos e as fadinhas das flores que dançavam ao circundar
a copa da árvore.
Longo tempo ficavam sentados, em silencioso êxtase. Geralmente
passavam uma noite nas proximidades da árvore. Antes de deixar o local
para iniciar a volta, eles despediam-se do orgulhoso dono da árvore, o elfo,
dizendo-lhe como o aspecto e a fragrância das maravilhosas flores os
haviam alegrado.
Voltando ao seu povoado, depois de uma penosa caminhada e de uma ou
mais noites passadas ao relento, eles sentiam-se ricamente presenteados
com o aspecto da maravilhosa árvore… Tinham orgulho de lhes ser
permitido viver na mesma natureza que produzia árvores
extraordinariamente maravilhosas…
O conceito de vida dos seres humanos antes do pecado original era tão
diferente do de hoje, que dificilmente alguém pode formar uma ideia disso.
Muitos deles estão hoje novamente encarnados na Terra. O que outrora
vivenciaram está gravado em suas almas, aliás tão nitidamente, que deveria
ressurgir neles, novamente, através de recordações semelhantes a sonhos.
Isto, no entanto, não é possível, visto seu raciocínio, com suas incontáveis
formas de pensamentos, bloquear qualquer intuição mais profunda. As
imagens retransmitidas pelo raciocínio são fragmentos insuficientes que
criam confusão em lugar de clareza.

O Quarto Período de Desenvolvimento


O quarto período de desenvolvimento, o período das ações, começara.
Um milhão e oitocentos mil anos haviam-se passado desde que os primeiros
seres humanos se encarnaram nos babais, nascendo no mundo terreno.
A respeito do desenvolvimento dos seres humanos nada até então fora
negligenciado! Haviam aprendido durante os três períodos tudo o que
estava previsto no “plano de ensinamento”, tendo assim chegado a um
ponto de maturidade em seu desenvolvimento em que necessitavam da
cooperação do raciocínio, do instrumento terreno, se não devesse surgir
uma estagnação…
Na ordem universal não existe nenhuma estagnação! Existe, porém, um
ritmo de tempo ancorado na lei da natureza, segundo o qual todas as
alterações se realizam.
Também no desenvolvimento progressivo dos seres humanos não ocorreu
nenhuma estagnação. O contato entre o espírito e o raciocínio foi feito no
momento em que soou a hora para isso.
Esse acontecimento foi de uma significação imensa! Através da ligação
do raciocínio os seres humanos recebiam um poder do qual de início não se
conscientizaram. Tornaram-se dominantes no mundo material, e desde essa
época o destino da Terra estava depositado em suas mãos…
Milênios passaram-se… Nada turvava a felicidade das criaturas humanas.
Ainda estavam ligadas em amor com a natureza e suas criaturas, mantendo
assim ligação com as luminosas esferas espirituais. Harmonia reinava entre
o espírito e o raciocínio, pois, como até então, escutavam sua voz interior, a
voz de seus espíritos.
A Terra continuava, naquele tempo, um jardim florido onde a abençoada
força solar despertava todas as sementes para a vida, impulsionando para
um rápido germinar e crescer.
Desde que o raciocínio entrou em atividade, os seres humanos
multiplicavam-se mais rapidamente na Terra. Tornaram-se inteligentes e
engenhosos, descobrindo em si constantemente novas capacidades. Às
vezes havia dias em que se sentiam como que embriagados com suas
próprias capacitações e com a transbordante força da vida que neles
pulsava. Esse entusiasmo apresentou-se primeiramente nos membros da
raça branca…
Em parte alguma da Terra havia pessoas feias ou doentes, pois fios de
culpa ainda não envolviam as almas. Enquanto a influência espiritual
predominava, o ser humano, falando figuradamente, estava numa alta
montanha de onde tinha uma ampla visão. Ainda não havia limites em sua
concepção do mundo, e sua faculdade de discernimento ainda não estava
turvada. Sem se tornar ciente disso, o ser humano reinava sobre a Terra.
Reinava devido à sua fidelidade perante tudo que fora criado, devido à sua
humildade, simplicidade e pureza de seus pensamentos e ações. Era um “ser
espiritual” oriundo da vontade de Deus, e a força espiritual afluía-lhe…
Uma força superior vinha para o mundo terreno através dos espíritos
humanos que atuavam dentro da pureza… Ela atuava incentivando tudo,
dando ao mesmo tempo um impulso inimaginável aos enteais.
Não obstante os grandes povos que se desenvolviam em volta do globo
terrestre, no início do quarto período, a Terra estava, em comparação com
os dias de hoje, despovoada de seres humanos. Ninguém podia adivinhar,
naquele tempo, que a maravilhosa Terra, um dia, estaria superpovoada, e
que sofrimento, doença, fome e milhares de medos pertenceriam à vida
cotidiana dos outrora tão cuidadosamente guiados seres do espírito…

A Percepção dos Mundos Extramateriais


No decorrer dos milênios as mulheres daquele tempo ganharam uma
posição predominante. Isto, aliás, por toda a parte na Terra! Em cada tribo
vivia uma mulher dotada de dons especiais. Tratava-se de mulheres sábias,
cujas opiniões eram ouvidas e cujos conselhos eram seguidos.
Os seres humanos daquela época ainda podiam perceber a matéria
grosseira mediana e os enteais ali atuantes. Mesmo quando o raciocínio se
tornou ativo, isso continuava. Pelo menos durante um longo tempo…
A capacidade de percepção das mulheres sábias, porém, alcançava mais
adiante. Muito mais adiante! Ia além da matéria grosseira mediana,
portanto, além do ambiente mais fino da Terra, até os mundos de matéria
fina.
Os mundos de matéria fina com suas correspondentes gradações
estendem-se para longe. Uma parte desses universos era povoada por
espíritos humanos que ali amadureciam até a hora de sua primeira
encarnação terrestre. Vinham de lá para a Terra e voltavam novamente para
lá. Entre a matéria fina e a matéria grosseira havia um constante vaivém. E
por toda a parte havia progresso e evolução.
Em alguns mundos de matéria fina residiam exclusivamente enteais,
grandes e pequenos. Outros mundos eram reservados apenas a crianças que
ali cresciam…
As mulheres sábias assimilavam muito do que se passava nos diversos
mundos de matéria fina. Assim recebiam conhecimentos dos costumes de
vida de lá e um saber que as elevava acima dos demais…

A Importância do Raciocínio
Os membros da raça branca, cujos antepassados outrora se haviam
desenvolvido no “berço de Thule” estavam, em seu desenvolvimento, na
dianteira de todas as demais raças. Não por pertencerem, acaso, a uma raça
superior – as sete raças tinham a mesma origem – mas por terem se
familiarizado mais rapidamente com o instrumento terreno, o raciocínio.
Eles logo reconheceram a extraordinária importância do “poder pensar” em
relação a tudo que se referisse à vida terrena…
Tornaram-se inteligentes e engenhosos e isto lhes deu, sem que se
conscientizassem disso, uma posição de supremacia na Terra.
Nos povos de outras raças demorou um pouco mais até que
compreendessem como era útil o raciocínio para a existência terrena. De
início foi para eles difícil formar pensamentos e raciocinar com calma sobre
algo… Mas no decorrer do tempo também se tornaram inteligentes e
circunspectos, aprendendo a utilizar-se do raciocínio…
Segue aqui um trecho da Mensagem do Graal, “Na Luz da Verdade”, de
Abdruschin, volume 2, dissertação O ser humano na Criação:

“O raciocínio é o que há de mais elevado terrenalmente, devendo


ser durante a vida na Terra o leme, ao passo que a força propulsora é
a intuição, que se origina no mundo espiritual. O solo do raciocínio é,
portanto, o corpo; o solo da intuição, porém, é o espírito.”

Por volta do fim do terceiro período e princípio do quarto, viviam várias


tribos grandes ao norte da Europa, que já estavam bem organizadas em
relação ao estado de desenvolvimento daquele tempo. Chamavam-se
“brancos seres humanos do Sol”, pois veneravam o senhor do Sol, sentindo-
se como se pertencessem a ele.
A tribo principal dos seres humanos de raça branca vivia numa povoação
chamada Tiwat. Isto significa, mais ou menos, conforme o sentido:
“Viemos de cima”.
Em Tiwat já existia uma espécie de vida familiar, pois o homem morava,
temporariamente, junto com a mãe de seus filhos e os filhos na mesma casa.
Raras vezes acontecia, naquela época, de uma mulher ter mais do que dois
filhos.
O trabalho era considerado um privilégio por todos. Mesmo as crianças,
desde pequenas, tornavam-se úteis.
Todos os povos, não importando a que raça pertencessem, amavam o
trabalho. Constantemente estavam ocupados com algo. Inatividade ou
preguiça eram consideradas, em geral, algo indigno do ser humano.
As criaturas reconheceram cedo as bênçãos do trabalho. Os ensinamentos
e os exemplos dos incansáveis enteais muito contribuíram para esse
reconhecimento.
O “poder pensar” havia fascinado, de início, todos os seres humanos.
Eles consideravam o “pensar” uma dádiva especial que lhes fora doada a
fim de facilitar e embelezar a existência terrena…
As mulheres sábias, durante as aulas dadas por elas, comparavam muitas
vezes o intelecto com as ferramentas de pedra.
“As ferramentas em vossas mãos”, diziam elas como exemplo, “vos
ajudam a abrir covas, cortar mourões e preparar pedras. Elas são meios de
auxílio em vossas mãos que vos facilitam o trabalho. Meios que devem ser
usados com cautela!”
Depois de uma pequena pausa, acrescentavam geralmente:
“O raciocínio que mora em nossos cérebros é também apenas uma
ferramenta. Uma ferramenta de nossas almas. Necessitamos dela quando
queremos executar obras na Terra, inspiradas por nossas almas! Podemos
comparar os pensamentos também com a pá, o martelo e o machado que
nos possibilitam o trabalho no mundo terreno…”
Às vezes manifestavam-se dúvidas. E um ou outro ouvinte opinava que
os pensamentos não podiam ser comparados com ferramentas comuns, pois
tornavam o ser humano inteligente e forte!…
As dúvidas não eram tomadas a sério por ninguém. Desapareciam tão
rapidamente como vinham, pois não encerravam nenhuma convicção.

As Lutas no Além
As sábias mulheres informaram, certo dia, a respeito de lutas que se
desenrolavam no Além. Lutas nas quais participavam enteais que se
pareciam com o radiante senhor do Sol.
“Eles combatiam com espadas flamejantes contra intrusos que
reclamavam aquele mundo para o amo deles.”
“Os olhos dos enteais fulguravam vermelhos de ira e repulsa”, disse uma
das mulheres sábias pensativamente. “O senhor, para quem os intrusos
lutavam, não se via. Contudo, devia tratar-se de uma criatura horrível…”
acrescentou ela baixinho.
A pergunta se os senhores da natureza, faiscantes de ira, tinham vencido,
foi respondida afirmativamente. Uma outra pergunta que se referia ao
senhor dos intrusos não podia ser respondida, uma vez que as sábias
mulheres não tinham ideia nenhuma de quem era esse “senhor” e onde ele
vivia…
Os amigos enteais, perguntados a tal respeito, permaneciam mudos.
Encolhiam-se de medo e pavor, desaparecendo das vistas dos seres
humanos. Eles sabiam que o anjo renegado havia enviado seus servos, a fim
de tomar posse do mundo humano. Sabiam também que os grandes
guardiões, com o auxílio dos titãs, haviam repelido os intrusos para as
profundezas de onde tinham vindo… Nunca mais haveria uma volta para
esses demônios…
Os enteais, geralmente tão confiantes em relação aos seres humanos,
retinham esse saber para si. O “renegado” estava tão longe dos seres
espirituais, que o mundo deles nunca poderia ser conquistado por ele. Os
guardiões chamejantes cuidavam do reino. A sua vigilância era a melhor
proteção…
A notícia das lutas num dos mundos do Além ocupou ainda durante
muito tempo as pessoas que haviam ouvido a respeito. Não apenas isso.
Sentiam-se ameaçadas de um modo indefinido, assim como se perigos
desconhecidos as espreitassem.
O que, no entanto, mais as assustava era o comportamento quase
amedrontado dos enteais. Estes sempre prestimosos entes não haviam
respondido a nenhuma das perguntas, e além disso se haviam esquivado de
quaisquer outras perguntas, desaparecendo simplesmente dos olhos
humanos…

A Utilização do Raciocínio
A vida continuava. As impressões amedrontadoras iam se aplacando, até
desaparecerem por fim totalmente. Também os enteais pareciam ter
esquecido seu medo. Eles novamente se deixavam ver e seus rostos
risonhos e despreocupados afugentavam as últimas sombras que se haviam
estendido sobre as almas humanas.
Felizes e integralmente equilibrados, os seres humanos passavam sua
existência terrena. Dias cheios de trabalho e de alegria revezavam-se com
“sonhos vivenciais” amplamente instrutivos. Desenvolvimento e progresso
eram observados por toda a parte.
Em Tiwat eram construídas as primeiras casas de pedras e troncos de
árvores. As construções eram octogonais. Tinham as portas em direção ao
norte, e nas paredes havia diversas e estreitas aberturas para a luz.
Também as primeiras grandes e sólidas embarcações eram construídas na
costa de Tiwat. Como material se utilizavam de troncos de árvores, junco e
piche da terra. Até uma espécie de vela fazia parte dessas embarcações.
As mulheres também não ficavam ociosas. Elas “costuravam” roupas.
Para tal finalidade teciam e tingiam um comprido pedaço de pano. Pronto o
tecido, faziam uma abertura no meio justamente para dar passagem à
cabeça, depois juntavam as duas laterais com finas e resistentes fibras de
palmeira. Depois de pronta, a roupa parecia-se com um cafetã sem mangas.
Esses cafetãs eram apenas imitações muito precárias das roupas usadas
por algumas das protetoras enteais dos lares. Não obstante, toda a
população feminina se orgulhava deles. Havia muito tempo que desejavam
“panos” que envolvessem o corpo todo…
Utilizavam até panelas e uma espécie de pratos em Tiwat. Caldeiras e
panelas eram geralmente de barro queimado ou também de pedra. Para as
travessas, pratos, jarros e espetos de assar era utilizada madeira. Os
“utensílios de cozinha”, de madeira, eram geralmente decorados com
entalhes coloridos.
Também as espinhas e peles dos peixes tinham sua aplicação. Aliás
somente as de peixes grandes. Eram usadas como pentes e “agulhas de
coser”. Com as peles, os homens confeccionavam correias e cintos…
Desde que os seres humanos tinham o raciocínio à disposição, utilizavam
muito mais cuidadosamente as dádivas da natureza. Tinham, porém, o
cuidado de não tomar mais do que necessitavam. Por exemplo, nunca
tiravam mais frutas de uma árvore do que podiam comer. Isto lhes teria
parecido um roubo perante a natureza e contra os animais, que tinham o
mesmo direito aos frutos da floresta…
Os seres humanos eram modestos e agradecidos por tudo que recebiam.
Nunca teriam tido a ideia de exigir mais do que precisavam para sua vida
cotidiana…
Tiwat, a “primeira cidade” dos seres humanos de raça branca, desde há
muito se acha sob o gelo polar. Que ali outrora existiu um vicejante mundo
tropical, onde viviam seres humanos felizes, será hoje para a maioria das
pessoas inimaginável.
Muitas espécies de animais que existiam ali naquela época se
extinguiram. Fazem parte dos animais extintos os búfalos gigantes de pelo
longo e preto, os ursos da floresta de pelo vermelho que, quando em pé,
apoiados sobre as patas traseiras, superavam homens de dois metros de
altura; e ainda as águias brancas, com asas de envergadura de dez metros, e
as várias espécies de sáurios.
Os sáurios gigantes, que alcançavam um comprimento de trinta metros e
que podiam comodamente comer as folhas e frutas das copas de árvores de
trinta metros de altura, já não mais existiam havia um milhão e meio de
anos.
Entre o ser humano e o animal reinava o amor. Os seres humanos ainda
entendiam a linguagem dos animais, e os animais compreendiam logo o que
se queria deles.
Os homens de Tiwat montavam nos búfalos gigantes, realizando longas
peregrinações no lombo desses animais. Os meninos gostavam das grandes
águias que, como todos os animais daquele tempo, eram muito mansas.
Voar nas águias era seu maior prazer. Eles se agarravam firmemente nos pés
dessas aves, deixando-se carregar por elas para o alto das árvores. Nunca
acontecia que um menino se machucasse. O voar nas águias fortalecia os
músculos, fazendo dos meninos homens corajosos e fortes…

As Águias e os Dragões Voadores


As águias brancas gigantes extinguiram-se na Europa ainda antes do
início da época glacial. Caíram no esquecimento. Mas apenas sobre a Terra,
e não nas almas humanas. A recordação do “voar” e a sensação a isto ligada
permaneceu viva nelas.
Em épocas posteriores, quando as almas humanas que tinham voado
outrora com as águias novamente encarnavam na Terra, o desejo de “poder
voar” renascia nelas intensamente. Queriam voar… voar em animais pelos
ares…
As águias não mais existiam. Contudo, havia dragões voadores com os
quais igualmente podiam elevar-se para os ares…
Os dragões voadores, como todos os animais, sentiam-se atraídos pelos
seres humanos. Eram facilmente domáveis. Quando o primeiro menino se
sentava nas costas deles, fixando-se entre suas asas, eles logo
compreendiam o que se esperava deles. De início somente meninos faziam
excursões com os dragões. Mais tarde homens também subiam nesses
animais para os ares.
Os dragões sempre são relacionados com o império submerso da
Atlântida. Contudo, não apenas os “senhores” da Atlântida haviam feito
seus voos de entretenimento nas costas dos dragões. Muito antes de a
Atlântida existir, os seres humanos já se utilizavam dos dragões voadores…

A Participação das Emas


Depois dessa digressão voltemos para os tempos primordiais.
Não somente os membros da raça branca domesticavam animais.
Também todos os outros povos da Terra se utilizavam deles. Não se podia
fazer uma ideia da vida dos seres humanos de outrora sem animais. Eles
faziam parte de sua vida cotidiana e eram considerados criaturas com os
mesmos direitos…
O povo pertencente outrora a Arzawa fazia, por exemplo, longas viagens
sobre pequenos e robustos unicórnios de pelo comprido e cinza; e as
crianças brincavam com animais do tipo de leão, montando neles. As mais
ferozes fêmeas de búfalos obedeciam aos chamados de meninos e meninas,
deixando-se ordenhar por eles docilmente…
Mas os animais contribuíam também para o divertimento dos seres
humanos. No país onde moravam as tribos vindas outrora de Ophir havia
aves – uma espécie de ema – sempre presentes em acontecimentos festivos.
Vinham correndo em bandos quando os músicos começavam a tocar suas
flautas de quatro tubos. O som dessas flautas parecia exercer sobre elas um
efeito extraordinário.
Elas batiam as asas, torciam os pescoços, pulavam para o ar e faziam
ruído com seus grandes bicos. Os machos ainda soltavam gritos estridentes.
Era visível que estas aves, com suas “apresentações de danças”, queriam
contribuir para o divertimento dos seres humanos.
As emas não podiam faltar em nenhuma festividade. Se elas se achavam
muito distantes dos povoados, o que às vezes acontecia, eram “chamadas”.
O “chamado” efetuava-se batendo vários pedaços de pau uns contra os
outros. Às vezes as aves haviam-se distanciado tanto do respectivo
povoado, que era impossível poderem ouvir o chamado. Não obstante
vinham correndo, mais cedo ou mais tarde, com a máxima velocidade.
Haviam recebido a notícia por meio de pássaros que transmitiam o
chamado ao soltar sons que se assemelhavam ao bater de pedaços de pau.
Poderiam ser escritos livros inteiros sobre o relacionamento dos seres
humanos com os animais. Os animais constituíam mais uma fonte de
alegria no mundo já cheio de alegrias…

A Vinda de Espíritos Mais Elevados


Mais ou menos na metade do quarto período de desenvolvimento, foram
enviados espíritos superiores para os povos na Terra a fim de transmitir-lhes
um saber que ultrapassava o mundo enteal. Tratava-se de espíritos que
traziam em si as mesmas características de raça que os seres humanos a
quem eram enviados.
A encarnação terrena desses espíritos não ocorreu simultaneamente. Era
necessário que os respectivos povos tivessem alcançado um determinado
grau de desenvolvimento que os capacitasse a assimilar conhecimentos
espirituais.
A raça branca foi a primeira a receber um emissário do espírito. O
seguinte encarnou-se no povo de Ophir… O terceiro chegou ao povo de
Avari… E assim por diante. O povo de Tholo desenvolvia-se mais
lentamente do que os povos das outras raças; por essa razão demorou mais
até que um emissário do espiritual pudesse encarnar-se no meio deles…
Os seres humanos daqueles tempos tinham uma fé pura e infantil,
ancorada integralmente no enteal, que dava à sua vida um apoio firme.
A natureza – o mundo dos enteais – não tinha nenhum segredo para eles.
Gigantes, gnomos, elfos, ondinas, etc., faziam parte de sua vida como o ar e
a água. Não havia nenhuma separação entre eles.
De acordo com a sua faculdade de compreensão daquela época sentiam-
se como filhos do Sol e da Terra. O senhor do Sol dava-lhes bastante força
para poderem viver no verdejante reino da mãe Terra. Eles amavam e
veneravam ambos os “poderosos”. E quando não sabiam de que maneira
dar expressão a seu transbordante amor e alegria, acendiam fogueiras.
Fogueiras altas que ardiam e chamejavam, assim como o amor que neles
ardia e chamejava.
Sabiam que o senhor do Sol, bem como os demais regentes dos astros,
não eram os mais fortes do Universo. Um mais poderoso estava acima
deles. Esse poderoso, cuja magnificência superava tudo o que existia, estava
num trono numa “alta montanha”7. Acima dele acabava o Universo criado
segundo suas indicações. Pois ele era o supremo…
Os sábios espíritos mais elevados, enviados para as diversas raças na
Terra, tinham a missão de conduzir os seres humanos mais adiante,
ensinando-lhes que o Universo não acabava ali na alta montanha. Que
acima desta existiam ainda muitos e muitos universos, um mais belo que o
outro, e que as pequenas “luzes do espírito”, inerentes a cada pessoa, se
originavam de um desses mundos que se estendiam acima da alta
montanha.
Por fim, os sábios espíritos informavam a seus atentos ouvintes que
muito acima de todos os universos se erguia um Templo da Luz,
infinitamente maior e mais belo do que o templo da alta montanha. É que
nesse Templo da Luz morava o Senhor dos mundos, de onde emanava a
força com a qual eram criados os mundos, os povos da natureza, os seres
humanos e os animais. E seria essa a mesma força que mantinha vivo e em
movimento tudo que fora criado…
Os seres humanos, cuja intuição ainda era pura e sem turvação, haviam
assimilado confiantemente o novo saber. Não duvidavam um momento
sequer da veracidade do que tinham ouvido. E essa confiança dava-lhes um
impulso inconsciente que os ligava aos mundos espirituais situados mais
acima!
Seguem aqui alguns trechos da Mensagem do Graal, “Na Luz da
Verdade”, volume 3, referentes à revelação do Templo da Luz. Dissertações
Os Planos Espírito-Primordiais II e IV:

“Longe, bem longe, jaz o tempo em que as primeiras indicações


sobre o Supremo Templo da Luz e seus habitantes desceram dos planos
espirituais até a Terra e com elas a notícia do Santo Graal.
Com respeitoso assombro e infantil confiança foi recebida outrora
pelos habitantes da Terra, que ainda atuavam em comum com os
enteais, sem perturbação, e que de bom grado se deixavam aconselhar
por estes. (…)
Outrora, muito antes das grandes transformações da Terra, hoje
conhecidas, antes ainda de os seres humanos fazerem do raciocínio o
seu ídolo e chegarem assim ao abandono da Luz e à queda, havia uma
ligação estabelecida com o Supremo Templo luminoso, (…)
Depois, porém, partindo dos seres humanos, estabeleceu-se o
domínio do ídolo raciocínio, e com isso foi cortada a ligação com o
Supremo Templo da Luz, (…)
Por fim secou também a capacidade de receptividade com relação
aos enteais, e toda a vivência natural no saber a respeito dos
auxiliares enteais caiu no reino das fábulas, de forma que o
desenvolvimento, que até então se realizava em linha reta para cima,
inesperadamente foi rompido. (…)
Mais tarde, porém, privaram-se desses inestimáveis auxílios, devido
à presunçosa e pretendida esperteza do raciocínio, e forçaram com
isso, várias vezes, seu doloroso extermínio, como também agora o
forçam novamente, visto não quererem mais ouvir os últimos
chamados provenientes da Luz, julgando saber tudo ainda melhor,
como tantas vezes! (…)
Os seres humanos, pois, já tinham recebido em tempos remotos a
primeira e certa notícia sobre Parsival. O saber disso propalou-se
entre eles de boca em boca, de pai para filho.”
“Como vos tornastes tão pequenos em relação àqueles que,
encontrando-se no começo do seu desenvolvimento, ainda considerais
hoje como incompletos no sentido humano.
Eles eram mais válidos na Criação do que sois vós hoje, e por isso
mais valiosos e úteis perante o Criador do que vós, em vossa desditosa
torção, que só é capaz de deixar atrás de si destruição, ao invés de
elevação do que existe.”

4 Olimpo.
5 Zeus.
6 Guias espirituais.
7 Olimpo.
A DECADÊNCIA DA HUMANIDADE

A vida antes do pecado original era uma festa ininterrupta para os seres
humanos. A Terra era um paraíso, livre de todo o mal. Nada existia que
turvasse a harmonia, a felicidade e a beleza… A vontade de Deus,
exclusivamente, reinava por toda a parte no mundo… Nada acontecia que
fosse contrário a essa vontade sagrada, perturbando a ordem da Criação…
Espírito e raciocínio ainda atuavam em relação certa um com o outro. O
raciocínio transformava tudo o que vinha do espírito de tal forma, que podia
ser aplicado na matéria grosseira. Ao passo que em sentido contrário, as
impressões assimiladas pelo raciocínio na matéria grosseira eram, por sua
vez, retransmitidas para o espírito, contribuindo para o desenvolvimento e
maturação deste.
A época áurea durou, aproximadamente, um milhão e oitocentos mil
anos. Paz reinava nesse tempo sobre a Terra e no Além. Paz, confiança e
felicidade… Depois desse tempo começou a era do raciocínio… e os seres
humanos, os queridos seres do espírito na Criação posterior, transformaram-
se pouco a pouco em temidos “seres do cérebro”…

O Domínio do Raciocínio
A transformação dos seres do espírito em seres do cérebro começou há
mais ou menos um milhão e duzentos mil anos…
Foi nessa época que o ser humano começou a perturbar o equilíbrio
perfeito da Criação e a atuar, dessa forma, em sentido contrário à vontade
de Deus… Isto aconteceu ao submeter-se integralmente ao raciocínio,
colocando-o como “senhor dominante” e não o utilizando como mero
instrumento…
Na Mensagem do Graal, “Na Luz da Verdade”, de Abdruschin, volume 2,
dissertação Pecado hereditário, podemos ler o seguinte sobre isso:

“O pecado hereditário surgiu do pecado original.


O pecado, isto é, a atuação errada, consistiu no cultivo exagerado
do raciocínio com o consequente acorrentamento voluntário ao tempo
e ao espaço, e os efeitos colaterais aí surgidos do trabalho restrito do
raciocínio, tais como a cobiça, o logro, a opressão e assim por diante,
que têm no seu séquito muitos outros, no fundo, aliás, todos os males.”

Os exércitos de Lúcifer entravam naquele tempo novamente em ação no


mundo astral. Não vieram em grupos fechados como da primeira vez, pois
não queriam ser rechaçados novamente pelos grandes guardiões
flamejantes, sendo obrigados a retroceder. Dessa vez agiriam inteligente e
cautelosamente, a fim de não sofrer nenhum revés…
Isoladamente e com grande astúcia eles se aproximavam primeiramente
apenas das almas de mulheres, uma vez que era mais fácil conquistá-las do
que as almas masculinas. Seu plano fora facilitado, pois já havia mulheres
cuja aura apresentava reflexos turvos, possibilitando uma aproximação.
Os espíritos caídos, dos quais se compunham as tropas auxiliares de
Lúcifer, adquiriram logo tanto poder sobre algumas mulheres, que
afastaram os guias espirituais e ocuparam seu lugar. Isto, porém, somente
foi possível com o auxílio das próprias mulheres. Os espíritos caídos, que
apenas podiam engodar, nunca teriam possuído a força de afastar e excluir
os legítimos guias espirituais dos seres humanos.
Os guias ligados à Luz atuam sobre a intuição que vem do espírito, ao
passo que as influências luciferianas somente impressionam o raciocínio,
fortalecendo-o… com o que a intuição vinda do espírito foi excluída cada
vez mais. A colaboração uniforme entre espírito e raciocínio foi desse modo
tolhida, interrompendo-se o desenvolvimento correto.
A ligação espiritual, no decorrer do tempo, foi totalmente cortada. Esse
foi o momento em que, falando simbolicamente, nasceu o “ser humano do
cérebro”, ouvindo exclusivamente o raciocínio que ele elevou à posição de
regente…
Com a supremacia cedida pelo ser humano ao raciocínio, modificaram-se
as duas partes do cérebro originalmente iguais. A parte destinada à
assimilação das vibrações do espírito foi negligenciada e suprimida, até que
por fim se atrofiou totalmente. Hoje essa parte do cérebro é chamada
“cerebelo”.
A outra parte do cérebro, hoje denominada cérebro ou cérebro anterior,
desenvolveu-se exageradamente devido à sua atividade unilateral. Assim
surgiu um desequilíbrio que se transformou, no decorrer do tempo, no mal
hereditário, no pecado hereditário.8
Os guias espirituais observavam preocupados os seres humanos que cada
vez mais se submetiam ao raciocínio, enquanto quase não mais davam
atenção à intuição, à voz interior. O espírito, único vivo, foi assim excluído.
A transformação daquele tempo, dirigida contra as leis da Criação que
trabalham dentro da vontade de Deus, foi o início de todo o mal na Terra.

Os Efeitos da Supremacia do Raciocínio


Os efeitos do mal mostraram-se primeiramente no povo de raça branca.
De início, eram apenas poucos nos quais se tornava evidente a
transformação interior de graves consequências. Esses poucos eram
homens. Homens ligados estreitamente a mulheres que se haviam aberto às
confusas influências de espíritos decaídos.
Foi em Tiwat, onde pela primeira vez sons dissonantes perturbaram o
harmonioso vibrar da vida cotidiana.
Esses homens tornaram-se despóticos e briguentos, começando a oprimir
os mais fracos. Inimizades acendiam-se e apagavam-se entre eles…
Tornaram-se prepotentes, vangloriando-se de serem senhores da Terra…
Pelo comportamento deles deduzia-se que haviam perdido a paz e o
equilíbrio de suas almas. Também não mais se denominavam “filhos do
Sol”, mas “heróis do Sol”… poderosos e insuperáveis heróis do Sol…
Ninguém poderia dizer de onde tinham vindo esses perigosos
pensamentos que tornaram os homens tão presunçosos e briguentos,
incitando-os a ações malévolas… Pareciam ter sido acometidos por uma
mania de grandeza, não percebendo que eram somente perturbadores da
paz…
As mulheres, cujos companheiros tinham-se modificado tão
desagradavelmente, nada fizeram contra isso. Pelo contrário. Agradavam-
lhes os homens em sua vaidosa prepotência. Davam-lhes a entender que
poderiam fazer tudo que lhes chegasse à mente… pois só eles eram os
senhores da Terra…
Irromperam lutas entre as tribos, e pela primeira vez na Terra acontecia
de os seres humanos se combaterem e ferirem-se mutuamente. Os que não
faziam parte disso, tremiam diante da incompreensível brutalidade, pedindo
angustiosamente auxílio aos seus amigos enteais. Sentiam que esses
homens constituíam uma ameaça para todos…
Nenhum deles, no entanto, adivinhava que a ameaça não partia realmente
dos homens, mas sim das mulheres, cujas almas se haviam aberto às
influências de espíritos luciferianos.
O mal espalhava-se. Apenas lentamente, aliás, de acordo com o ritmo de
vida daquela época; contudo, com o tempo estendeu-se também às tribos
menores que viviam muitas vezes longe da tribo principal de Tiwat. A
harmonia de vida perturbara-se dessa maneira por toda a parte.
De início, eram somente minorias que se submetiam ao raciocínio, mas
eram suficientes para frequentemente lançar uma tribo inteira na desgraça.
Para melhor compreensão segue aqui um exemplo:
Antes de o mal se espalhar, os seres humanos, confiantemente,
consultavam seus guias espirituais e enteais e deixavam-se guiar por eles.
Assim nunca lhes acontecia algo de mal. Isto acabou quando os seres
humanos se julgaram suficientemente inteligentes para eles mesmos
saberem o que deviam fazer.
Certo dia, uma tribo que vivia num vale de rio recebeu a intimação para
que deixasse esse vale e se fixasse numa região onde havia morros e muitas
nascentes de água, situada a oeste. Os auxiliadores enteais, que
transmitiram essa intimação, pressionavam as pessoas a fim de partirem
imediatamente. Eles esclareciam que esse vale submergiria, transformando-
se num lago.
Em outros tempos os seres humanos teriam seguido imediatamente tal
intimação. As poucas coisas que possuíam, teriam pegado, saindo sem mais
voltar o olhar. Mas dessa vez não foi esse o caso. Uma parte das pessoas
recusou-se a abandonar o vale. Dirigiam-se reclamando aos enteais,
exigindo que as águas fossem desviadas, para que o vale ficasse livre delas,
e eles, os elevados seres espirituais, pudessem continuar a viver lá, onde
lhes agradava.
Mas todos sabiam que uma transformação de terra, uma vez em
andamento, não mais poderia ser anulada ou retardada. E que cada mínimo
fenômeno natural teria de se efetivar de acordo com os planos. O querer
humano nada poderia alterar nisso!
Mais ou menos metade dos membros da tribo deixou o vale, fixando-se
nas colinas.
Os outros deixaram-se influenciar pelas prepotentes e estúpidas
considerações intelectivas do chefe da tribo e da “mulher sábia”, resolvendo
ficar. Dessa vez eles queriam mostrar aos enteais quem reinava na Terra…
O que fez com que os seres humanos ficassem – tratava-se de mais ou
menos seiscentas pessoas – não foram os argumentos do chefe da tribo e de
seu grupo de opinião idêntica, mas sim a aprovação da mulher sábia da
tribo que, como todas as mulheres sábias, possuía um grande poder sobre os
seres humanos.
Passava o tempo e os moradores do vale do rio triunfavam, uma vez que
nada acontecia. Perceberam, sim, que os pássaros desapareciam e os outros
animais escasseavam cada vez mais, porém a sua vaidade não permitia o
pensamento de terem errado.
Os gnomos da terra, que vinham frequentemente e faziam pressão para
que partissem, eram rechaçados rispidamente. Mesmo o grande “ymir” que
apareceu pessoalmente, certa vez, no vale do rio, nada pôde mudar nisso.
“A nós nada deverá acontecer!” exclamavam uns para os outros. “Temos
o direito de proteção! Pois somos criaturas humanas… criaturas
humanas…”
O ymir estava a serviço da senhora da Terra, Gäa.
Os ymirs – existem muitos deles – são enteais masculinos de tamanho
humano, podendo ser identificados como “inspetores”. Por toda a parte
onde grandes acontecimentos naturais estavam prestes a se desencadear,
aparecia um ymir para verificar se os animais e, se acaso houvesse, também
seres humanos, haviam deixado os lugares em perigo.
Os ymirs tinham uma pele bronzeada e belos rostos bem-proporcionados.
Vestiam saias de cor marrom que alcançavam os joelhos e camisas sem
mangas de fios metálicos de brilho verde. Uma corda fina dos mesmos fios
metálicos servia de testeira. Eles tocavam pequenas trombetas que
carregavam consigo a fim de anunciar a sua chegada…
Os moradores do vale do rio ouviram o som de trombeta, impossível de
passar despercebido. Contudo não sentiram a alegria que em geral brotava
ao chegar um enviado da senhora da Terra. Permaneciam teimando,
decididos firmemente a não se deixarem expulsar. O ymir sentia a
incompreensível resistência dos seres humanos. Os olhos dele começavam a
fulgurar vermelhos de irritação, indicando com um gesto de mando em
direção oeste, para a região das colinas.
“Nós ficamos, ymir! Gostamos do vale!” disse a mulher sábia que se
aproximara dele lentamente. “Somos seres humanos… aqui não queremos
nenhum lago…”
O que ainda se seguiu, ecoou sem ser ouvido, pois o ymir havia
desaparecido. Perplexo, ele escutara as palavras da mulher e depreendera
que as pessoas que moravam no vale do rio prefeririam morrer a se salvar…
Os seres do espírito tinham a escolha. Ele sabia. Sozinhos decidiam o que
queriam ou não fazer. Contudo, por que haviam escolhido a morte? Não
teve em nenhum momento a ideia de que os seres humanos, absolutamente,
não haviam escolhido a morte. Pelo contrário. Em sua vaidosa cegueira,
estavam convictos de que os entes da natureza afastariam deles a catástrofe,
sim, teriam de afastar…
Comovedores eram os animais que tinham ficado, a fim de
permanecerem perto dos seus queridos amos ou crianças. Porém, após a
vinda do ymir, eles também desapareceram. Foram enxotados com mão
firme pelos seus protetores. Os animais não precisavam participar da sorte
dos seres humanos ávidos da morte. Se estes queriam afogar-se nas águas,
então teriam de fazê-lo sozinhos…
A catástrofe desencadeou-se durante uma noite. A terra tremia e o rio
saiu de seu leito. Os moradores do vale, ao saírem de madrugada das casas,
olhavam como que estarrecidos em sua volta. Estavam envoltos por água.
De muitos lugares espirrava a água, como esguichos, do solo. Água quente
que esguichava para o alto fazendo ruído e emitindo vapores, para logo
depois cair sobre os verdes prados já cobertos de água. Não havia mais
nenhuma escapatória. O solo firme debaixo de seus pés parecia transformar-
se em água. Os seres humanos que sucumbiam gritavam furiosos e
desesperados por socorro…
As mães, angustiadas de medo, dirigiram-se até as grandes casas das
crianças para, pelo menos, morrer junto com elas. Logo depois voltaram
gritando e se lamentando. As casas das crianças, em parte já sob as águas,
estavam vazias.
As crianças estavam salvas. Os protetores das crianças haviam implorado
ao grande ymir para que salvasse os “seus” filhos. Então o ymir apareceu na
região das colinas pedindo às pessoas que lá viviam havia cinco anos, de
modo feliz e contente, que salvassem as crianças do vale do rio.
Logo um grupo de mulheres e homens saiu em direção ao vale, distante
três dias de caminhada. Chegaram ao vale ao anoitecer, antes da catástrofe.
Ventava e chovia, e em muitos lugares brotava água do solo. Ficaram
parados, olhando indecisos para as três casas de crianças, ainda bastante
distantes entre árvores altas. O ymir apressou-os, conduzindo-os rápida e
seguramente sobre o chão encharcado, parando entre as casas.
Os homens e as mulheres dividiram-se e levantaram as pesadas esteiras
que fechavam as entradas das casas; depois acordaram cuidadosamente as
crianças. Eram mais ou menos trinta crianças, entre um e catorze anos, que
foram levadas embora no mais curto lapso de tempo. As crianças pequenas
deixavam as casas de dormir nos braços dos homens e as maiores nas mãos
das mulheres… A presença do ymir contribuiu muito para que as crianças
se deixassem levar embora quietas e obedientemente.
Meninos e meninas de catorze anos eram naquela época ainda crianças
no verdadeiro sentido da palavra. De acordo com o lento ritmo de vida, a
ligação com seus espíritos dava-se muito mais tarde do que hoje é o caso.
Por isso não podem ser feitas comparações com a juventude de hoje da
mesma idade…
Um dia mais tarde, não mais teria sido possível salvar as crianças, pois o
vale transformou-se num grande lago da noite para o dia, inundando
extensas áreas e mergulhando casas e seres humanos sob as águas.
Na superfície da água iluminada pelo sol matutino flutuava uma árvore
desenraizada, em cujos galhos estava pendurado um cadáver. Duas lanças
sobressaíam do corpo morto. Era a “mulher sábia”, condenada ainda antes
da total inundação do vale e morta com duas lanças bem dirigidas. Fora-lhe
negado o direito de continuar a viver ou morrer em companhia de outros
seres humanos, pois as palavras dela assemelhavam-se a frutas venenosas
que traziam a morte para quem as comesse.

A Propagação do Mal
O desaparecimento dessas criaturas humanas foi idêntico a uma
purificação. Contudo, apenas na Terra, pois o mal que provocara sua morte
prematura continuava. Grudava-se em suas almas e reviveria no Além,
assim como numa vida terrena posterior também voltaria a manifestar-se
maleficamente. A não ser que o autor, nesse ínterim, se modificasse e se
libertasse dele. Isto, contudo, acontecia mui raramente.
Os seres humanos terrenos submetiam-se cada vez mais ao raciocínio
preso à Terra. Com o tempo, todos os povos foram tomados por esse mal.
Ele alastrava-se igual a uma doença contagiosa, que se manifestava
desastrosamente tanto no Aquém como no Além. Quanto mais pessoas se
submetiam ao raciocínio, que excluía a intuição proveniente do espírito,
tanto mais poder recebiam os espíritos luciferianos sobre a Terra. Em pouco
tempo eles dominavam os mundos astrais e, partindo de lá, influenciavam e
guiavam os seres humanos sujeitos a eles.
Os grandes guardiões tiveram de contemplar, sem nada poder fazer, como
os mundos astrais, devido à atuação errada dos seres humanos,
transformavam-se no centro de correntezas, cujas origens se encontravam
no reino de Lúcifer.
Eles não mais compreendiam os seres humanos.
“Por que”, perguntavam a si próprios, “os elevados seres do espírito
escolheram a ruína? Por que permitiram que os espíritos luciferianos
entrassem no mundo que até aí vibrava em pureza?”
Não apenas os grandes guardiões dos mundos astrais perguntavam,
perplexos, por que os seres humanos estavam atuando tão erradamente…
mas também todos os demais enteais que atuavam nos mundos humanos
observavam preocupados a modificação que se procedia com os queridos
seres do espírito. Demorou muito, muito mesmo, até que se tornassem
conscientes de que os seres humanos lenta, porém seguramente, estavam se
transformando em seres do cérebro. Em seres do cérebro que julgavam
poder dominar sua vida unicamente com o raciocínio preso à Terra… O que
os enteais naquele tempo não podiam adivinhar era que a transformação dos
seres humanos um dia ocasionaria consequências trágicas para toda a Terra
e para eles próprios. Aqui seja novamente citado um trecho da Mensagem
do Graal, “Na Luz da Verdade”, de Abdruschin, volume 2, dissertação O
ser humano na Criação, que diz o seguinte:
“Provar da árvore do conhecimento outra coisa não foi senão
cultivar o raciocínio. A separação da matéria fina, que a isso se liga,
foi também o fechamento do Paraíso, como consequência natural. Os
seres humanos excluíram-se por si mesmos, ao se inclinarem
totalmente à matéria grosseira através do raciocínio, portanto
rebaixando-se, e voluntariamente, ou seja, por escolha própria,
forjaram sua servidão.”

Apesar da transformação negativa, os seres humanos superavam outrora


amplamente a humanidade de hoje, pois tinham o conhecimento dos enteais
e de sua atuação na Criação. Eles sabiam que os enteais haviam criado a
natureza, conforme a vontade do Senhor de todos os mundos no alto e
distante Templo da Luz. E mais, sabiam que sem os entes da natureza não
haveria nenhuma natureza e nenhuma possibilidade de vida para os seres
humanos… Com toda a sua presunção do raciocínio, os seres humanos
jamais teriam tido a ideia de negar a existência dos enteais, como é hoje o
caso.
A supremacia concedida pelos seres humanos ao raciocínio igualava-se a
uma autodestruição, uma vez que assim eles se ligavam indissoluvelmente à
pesada matéria grosseira.
Por parte dos guias espirituais e dos enteais nada foi negligenciado no
sentido de chamar a atenção dos seres humanos sobre o perigo que estava
surgindo pela perturbação do equilíbrio harmonioso entre o raciocínio e a
intuição.
Todos os esforços, no entanto, foram em vão. Exortações, advertências e
até dolorosas experiências vivenciais não alteraram em nada o
comportamento dos seres humanos. Quanto mais eles perdiam suas
virtudes, tanto mais sobressaíam as propriedades negativas. Adveio ainda a
mentira, a mais perigosa de todas as armas dos espíritos luciferianos.
Com o tempo, cada saber espiritual puro era contaminado com o germe
da mentira. Onde isso acontecia, os seres humanos perdiam o apoio firme
que os ligava com os mundos da Luz. Tornaram-se supersticiosos,
começando a ter medo de suas próprias formas de pensamentos.
Por toda a parte onde a mentira penetrava nos verdadeiros ensinamentos
espirituais, começava a decadência humana. Já há um milhão de anos,
vários povos maiores foram destruídos por causa de seus pecados. Entre
esses encontrava-se o povo de Tiwat.
Os habitantes de Tiwat foram vitimados por uma doença epidêmica.
Tratava-se da primeira epidemia, jamais havida na Terra. Esta pegou todos
desprevenidos, uma vez que naquele tempo as doenças eram algo
completamente desconhecido.
A doença começou com fortes dores no nariz e nos ouvidos e com febre
alta. Três ou quatro dias depois pingava sangue do nariz e dos ouvidos. Era
o fim, pois os doentes perdiam a consciência e morriam. Essa epidemia
alastrou-se com velocidade sinistra. Os poucos que sobreviveram haviam-se
refugiado nas florestas, logo aos primeiros sintomas, procurando os sempre
prestimosos entes da natureza.

Dez Encarnações Somente


Há um milhão de anos, a metade, mais ou menos, dos seres humanos
tinha-se transformado em seres do cérebro. Na outra metade havia seres
humanos que tinham aproveitado suas vidas terrenas no sentido certo –
eram oito a dez encarnações – e que voltaram ao Paraíso como espíritos
plenamente desenvolvidos. Tratava-se, porém, sempre de minorias que
alcançavam seu elevado alvo no tempo previsto.
Todos os seres humanos após dez encarnações na Terra deveriam estar
amadurecidos para a volta ao reino espiritual, de onde haviam outrora saído
como germes espirituais.
Isto, no entanto, não acontecia. A maioria deixou passar inaproveitado o
tempo de desenvolvimento determinado para eles, permanecendo assim
presos à matéria grosseira. Carregados de culpa cambaleiam, desde longos
períodos de tempo, entre o Aquém e o Além, sem reconhecerem quanto se
transformaram.

A Turvação do Saber Puro


O mal contraído pelo ser humano ao tornar-se inacessível às vibrações
puras e elevadas manifestou-se inicialmente em sentido espiritual, isto é,
nas diversas religiões. Como religião se deve entender aqui o saber puro
que os seres humanos possuíam em relação aos fenômenos da Criação e à
sua própria existência. Esse saber que encerra a verdade proporcionava
segurança aos seres humanos, despertando neles o anseio pela Luz.
Isso se tornou diferente a partir de certo momento. A mentira turvava
quase imperceptivelmente o saber puro. Foi como se profundezas tivessem
se aberto sob um espelho de água até então calmo e reluzente, profundezas
das quais subiam correntezas impuras, misturando-se com a água límpida.
Novas e confusas doutrinas e rituais surgiram da noite para o dia como
cogumelos da terra, alojando-se nas almas acessíveis a isso.
Os desvios da verdadeira religião da Luz fizeram-se notar de modo tão
diversificado, que mal poderiam ser descritos. Talvez bastem os seguintes
exemplos para dar uma ideia disso aos leitores.
Em Avari muitos homens passaram a fazer estátuas de si próprios, numa
espécie de autoveneração. Ao mesmo tempo, seus descendentes deveriam
ver nisso como eles tinham sido poderosos e grandes à sua época.
Os seres humanos vindos outrora de Arzawa inventavam toda a sorte de
rituais de exorcismo, na esperança de assim subjugar os enteais.
No povo de Yoni surgiu um culto que tinha grande semelhança com o
hoje conhecido culto dos mortos dos egípcios. Os “conservadores de vida”
de Yoni, os “sábios”, também se ocupavam com a conservação dos mortos.
Para conseguir isso, colocavam os falecidos de cócoras, em grandes urnas
esmaltadas, de cerâmica, cheias previamente com uma solução de essências
de ervas e cinzas. Por meio desse processo adiava-se a decomposição por
muito tempo.
Os “conservadores de vida”, de Yoni, diferenciavam-se dos egípcios pelo
fato de “conservarem” apenas moças. Naquele tempo, no entanto, apenas
poucas pessoas morriam na idade juvenil, motivo pelo qual, de tempos em
tempos, matavam moças para “fins experimentais”…
Em Tholo surgiu, de repente, o hábito de “provar sangue”. Com a
motivação de que o sangue humano prolongava a vida e tornava as pessoas
insuperáveis. De início eram somente homens que “provavam” o sangue de
meninas. Mais tarde também mulheres começaram a provar. Provavam
“sangue de meninos”, na suposição de conservarem-se jovens durante longo
tempo.
E assim por diante. O puro saber espiritual, a religião da Luz, desaparecia
mais e mais sob a concentração de cultos, rituais e heresias…
Todas as religiões, cultos e costumes, que surgiram nos últimos sete mil
anos, constituem na realidade apenas repetições de cultos que já há longos
tempos lançaram os seres humanos no infortúnio.
Os povos de Ophir e de Marae permaneceram durante um tempo maior
livres do domínio do raciocínio. Enquanto as outras raças, com a branca à
frente de todas, já tinham de deixar cair sobre si os efeitos retroativos de sua
conceituação errada, a maior parte dos membros de Ophir e Marae ainda
vivia em perfeita harmonia com as leis da Criação. Raciocínio e espírito
ainda se completavam mutuamente.
Isso, contudo, não ficou assim. No decorrer do tempo também esses
povos foram contaminados pelo mal, cedendo cada vez mais à supremacia
do raciocínio. Idolatrias de toda a sorte, provenientes de doutrinas erradas,
espalharam-se rapidamente entre eles. O puro e verdadeiro saber sempre
ficou limitado a somente poucas pessoas. Estas mantinham-se firmes nesse
saber, retransmitindo-o de geração a geração.
Mas a fidelidade desses poucos não podia sustar a decadência geral da
humanidade…

“Há na realidade apenas um inimigo da humanidade, ao longo de


toda a linha: o domínio, até agora irrestrito, do raciocínio! Isso foi o
grande pecado original, a mais grave culpa do ser humano, que
acarretou todos os males. Isso se tornou o pecado hereditário, e isso
também é o anticristo que, segundo o que foi anunciado, levantará a
cabeça. Em termos mais claros, o domínio do raciocínio é seu
instrumento, pelo qual os seres humanos lhe estão submissos.
Submissos a ele, o inimigo de Deus, o próprio anticristo… Lúcifer!”

(Da Mensagem do Graal “Na Luz da Verdade”, de Abdruschin,


volume 1, dissertação Era uma vez…!)

As Consequências do Equilíbrio Perturbado


Passaram-se longos tempos até que a transformação dos seres humanos
se manifestasse não apenas espiritual e animicamente, mas também
fisicamente. E até que as consequências do equilíbrio perturbado
modificassem os corpos terrenos, influenciando maleficamente todas as
suas funções.
A transformação deu-se quase imperceptivelmente. Os seres humanos
perdiam, pouco a pouco, suas formas bem-proporcionadas do corpo, e seus
rostos tornavam-se feios e grosseiros. Os crânios destinados a conter duas
partes do cérebro de igual tamanho desviavam-se fortemente de sua forma
original. Ajustavam-se com o tempo, ao grande cérebro anterior e ao
atrofiado cerebelo. Os homens tornavam-se peludos e em seus rostos,
outrora lisos e limpos, crescia uma barba.
O crescimento da barba foi a única coisa que de início provocou
preocupações entre eles. Pois até então rostos peludos pertenciam somente
ao mundo animal. Foram as mulheres que ajudaram os homens a vencer a
decepção inicial, dizendo que consideravam as barbas como sinal de forte
masculinidade. Assim, em todas as tribos da Europa podiam ser vistos
homens altos, loiros e ruivos, com barbas longas que cobriam o peito.
As mulheres não foram poupadas das consequências da atuação
perturbada do cérebro. Parecia até que elas foram mais afetadas ainda do
que os homens.
Os partos, outrora sem dor e rápidos, e que eram acontecimentos festivos,
nos quais a mãe enteálica das crianças era honrada com fogueiras e canções
alegres, começaram, no decorrer do tempo, a se tornar cada vez mais
dolorosos e temidos. Não apenas isso. Frequentemente nasciam crianças
doentes e aleijadas, muito mais temidas pelas mulheres do que os partos
difíceis.
Tais crianças nunca permaneciam vivas muito tempo, pois geralmente
eram eliminadas logo depois do nascimento como portadoras de desgraça.
Também a respeito da morte terrena, muito se tornou diferente. Os seres
humanos, que apesar de sua idade avançada, ficavam sadios e lúcidos até o
seu último suspiro, não dependendo de ninguém, começavam a caducar
muito antes da morte, tornando-se pueris, irresponsáveis e um peso para os
outros.
Enquanto as almas estavam sadias e os espíritos alertas e vivos, não havia
pessoas idosas doentes nem irresponsáveis na Terra. Pelo contrário, quanto
mais idosas as pessoas ficavam, tanto mais sobressaía o espírito puro. Os
corpos terrenos, sim, com a idade progressiva tornavam-se mais fracos, mas
isto não prejudicava em nada o límpido vibrar espiritual e as capacidades
sensoriais que funcionavam perfeitamente.
Havia muita coisa então que oprimia os seres humanos, prejudicando
fortemente o desenrolar tão leve e cheio de alegria de sua vida de outrora. A
época áurea havia passado definitivamente. Os próprios seres humanos
expulsaram-se do Paraíso, não obstante continuassem a viver na Terra
rodeados de beleza paradisíaca.
Sim, a Terra ainda continuava parecendo um jardim paradisíaco, cheio de
alegria de vida dos entes da natureza… Contudo, não mais era como
outrora. A aura, antes tão fulgurante, era atravessada por sombras escuras. E
às vezes um tremor traspassava todo o globo terrestre. Assim como se
punhos gigantescos o sacudissem.
Os seres humanos sentiam o tremor e escutavam ruídos trovejantes
provenientes do interior da Terra. Era como se um sinistro e desconhecido
perigo se concentrasse ameaçadoramente em volta deles. Eles começavam a
ter medo. Ninguém poderia ter dito o que temiam, pois fenômenos da
natureza faziam parte de suas vidas, e nunca tinham tido medo deles.
Os enteais a quem poderiam ter perguntado sobre isso não mais eram
alcançados tão facilmente. Eles evitavam os seres humanos. Pois os outrora
tão queridos seres do espírito causavam-lhes medo.
O medo foi outro mal que se alastrou entre os seres humanos. O medo
oriundo da culpa.
Nenhum deles adivinhava que se carregara de pesada culpa ao
interromper a necessária corrente espiritual, supervalorizando o raciocínio.
Não se tornaram conscientes de sua culpa, uma vez que seu horizonte e
sua capacidade receptiva muito se haviam estreitado em virtude do
desenvolvimento, contrário à lei, de seus cérebros. Falando simbolicamente,
eles não mais se encontravam numa montanha alta com visão ampla, mas
num vale estreito e fechado.

O Superpovoamento
Atados firmemente à matéria, muitos deles, principalmente membros das
raças branca e negra, passavam a sua existência. Entre estes havia pessoas
que já tinham tido vinte encarnações terrenas.
O Além, durante o quarto período de desenvolvimento, já estava
superpovoado, pois sempre apenas muito poucos estavam aptos a deixar as
matérias para voltar à sua pátria espiritual. A maioria das almas estava
afetada por alguma mácula que as ligava aos mundos materiais, obrigando-
as a repetidas encarnações terrenas.
Não apenas no Além, mas também na Terra viviam muito mais pessoas
do que fora previsto no plano da Criação, e isso influenciou o movimento
giratório de sua órbita.
A transformação dos radiantes seres do espírito em seres do cérebro não
se limitou apenas aos seres humanos. Ela lançou suas sombras para longe,
causando graves perturbações no Universo, tanto de matéria grosseira como
de matéria fina.
Há oitocentos mil anos havia por toda a parte na Terra povos evoluídos,
naturalmente de acordo com o estado de desenvolvimento da época, os
quais depois de terem alcançado um certo grau de maturidade caíam de sua
altura para um mundo materialista estreitamente delimitado.
Hoje ninguém mais sabe algo sobre os povos que vinham e iam nas eras
primitivas como ondas no ritmo do tempo. Isto é compreensível, pois o
mundo dos “seres do cérebro” tornou-se pequeno. Eles apenas continuam a
enxergar os efeitos mais grosseiros do mundo atual. Por esse motivo todas
as teorias até agora estabelecidas pelos pesquisadores a respeito do
desenvolvimento da humanidade são erradas. Não correspondem à verdade.

Os Novos Achados Antropológicos


Somente os achados feitos na África durante os últimos anos constituem
uma prova suficiente de que tudo o que hoje é ensinado sobre a origem e a
idade da humanidade não corresponde à realidade.
Já um artigo de Ronald Schiller, publicado em Seleções do Reader’s
Digest em novembro de 1973, derruba todas as teorias de até agora. Esse
artigo intitula-se “Novas Descobertas Antropológicas”. Nele são relatadas
descobertas feitas na Bacia Oriental de Rodolfo, no Quênia, e na África
Meridional.
Entre outras coisas foram descobertos um crânio e ossadas humanas com
a idade avaliada em dois milhões e oitocentos mil anos. E mais ainda, num
depósito de fósseis, encontraram ossadas apresentando igualmente mais de
dois milhões de anos de idade. Os achados do Quênia igualam-se em suas
formas às dos seres humanos da atualidade. Isto é muito elucidativo, pois
nos respectivos livros didáticos são indicados somente os achados
disformes dos homens de Neanderthal como os prováveis antepassados dos
seres humanos. E ainda com a observação de que esses achados de
Neanderthal existentes há cem mil anos seriam os únicos entes que
apresentavam traços humanos…
Outros surpreendentes achados constituem também as ferramentas
encontradas junto dos fósseis. Mediante essas ferramentas foi possível
constatar que os seres humanos daquela época já haviam alcançado um
certo grau de desenvolvimento. Uma constatação que também rivaliza com
todas as teorias de até agora…
Nesse artigo de R. Schiller é mencionada também uma caverna na África
Meridional, onde supostamente já há cem milhões de anos teriam habitado
seres humanos parecidos aos seres humanos de hoje. Com tal suposição
deve ter ocorrido um erro, pois não corresponde à verdade. Há cem milhões
de anos ainda não havia nem os pais primitivos da humanidade, os
primatas. Os primatas, chamados neste livro de “babais”, tiveram por outro
lado um período de desenvolvimento de muitos milhões de anos, até
alcançarem o grau necessário para que as almas humanas perfeitas e belas
pudessem encarnar-se em seus corpos.

A Sobrecarga do Planeta
Apesar da visível decadência de muitas criaturas humanas, em
comparação com a época atual, há oitocentos mil anos havia ainda um
estado bem-aventurado na Terra. Os animais, sim, em algumas zonas,
tinham se tornado mais ariscos, devido ao medo e ao instinto de
conservação, a fim de escapar daqueles que lhes infligiam maus-tratos.
Naquele tempo, lamentavelmente, já havia, entre os adultos e também entre
as crianças, criaturas que tinham especial prazer em amedrontar e maltratar
os animais. Por outro lado, no entanto, os seres humanos, do ponto de vista
da matéria grosseira, ainda não exerciam uma influência destruidora sobre a
natureza.
Sim, os seres humanos daqueles tempos ainda viviam felizes e sem
preocupações. O mesmo não acontecia com os entes da natureza. Gäa, a
senhora da Terra, observava preocupadamente as crescentes massas
humanas que se aglomeravam nos mundos astrais, bem como o número
cada vez maior que voltava à Terra. Que voltava obrigatoriamente, uma vez
que suas almas não mais possuíam a leveza e a pureza a fim de poder
ascender para mundos mais luminosos.
Gäa sabia que tal sobrecarga imprevista teria de perturbar os movimentos
da Terra. Não podia ser de outra forma. Mesmo as almas humanas que se
demoravam nos mundos astrais pertencentes à matéria grosseira mediana
tinham um efeito perturbador sobre a Terra, pois nosso planeta e a matéria
grosseira mediana estão tão estreitamente entrelaçados, que ele é afetado
por tudo o que lá acontece.
Esse processo é como no ser humano. Qualquer sobrecarga anímica
exerce uma pressão sensível sobre o corpo terreno, a qual fatalmente se
manifestará, impreterivelmente, de modo desagradável…
Os outrora tão facilmente compreensíveis seres do espírito haviam-se
transformado, para os enteais, em misteriosas e enigmáticas criaturas. Em
criaturas que, segundo todas as aparências, trabalhavam com afinco pela
autodestruição. Ninguém podia impedi-los nisso, pois como seres humanos
tinham, sim, livre direito de decisão.
Em vão os enteais perguntavam a si próprios por que os seres do espírito,
outrora tão irradiantes, agora se concentravam aos bilhões nas matérias, ao
invés de viver e agir de tal forma que pudessem voltar para o seu glorioso
mundo espiritual.
Sim, tratava-se de bilhões, pois durante os últimos dois milhões de anos
todos os espíritos humanos, destinados à Terra, haviam-se reunido nos
mundos astrais e na própria Terra, a fim de iniciar e terminar o seu
desenvolvimento nas matérias.
Todos eles chegaram em intervalos, de acordo com a lei, e
permaneceram, não tendo, como era previsto, saído depois de um
determinado número de vidas terrenas. Saído rumo à Luz, a fim de
continuar a viver e atuar em mundos superiores. Isto não aconteceu. As
almas humanas concentravam-se em massa nos mundos astrais, resultando
estados caóticos que destruíram pouco a pouco os maravilhosos mundos.
Hoje os mundos astrais não mais estão superpovoados, mas sim, a
própria Terra. Dois terços da humanidade estão em demasia na Terra. Dois
terços que não mais deviam estar nos mundos materiais.
Os mundos astrais, hoje em dia, estão relativamente vazios, uma vez que
as almas humanas que ali se encontravam, em grande parte, foram, através
da ação purificadora do Juízo, afastadas para mundos de onde não existe
mais nenhuma volta…

8 Vide Mensagem do Graal, “Na Luz da Verdade”, de Abdruschin, vol. 2, dissertação Intuição.
A ERA GLACIAL

Tinham-se passado cem mil anos, desde que pela primeira vez todo o
globo terrestre tremera e um trovejante rumor se fizera ouvir de seu interior.
Muito se modificou durante esse tempo. Os sinais de alarme que, desde
muito, vinham rompendo como relâmpagos as cores sonantes da aura
terrestre, tornaram-se mais fortes, sucedendo-se em intervalos mais curtos.
Vendavais seguiam-se quase ininterruptamente em volta do globo terrestre,
e tinha-se a impressão de que as forças da natureza de todas as camadas da
atmosfera se encontrassem em revolução.
Na movimentada esfera solar tornaram-se visíveis entes chamejantes
nunca vistos anteriormente por nenhum ser humano. E mais frequentemente
do que em geral, viam-se nas nuvens, por cima das montanhas, as cabeças
dos gigantes. Por toda a parte desencadeavam-se violentas trovoadas, e
fortes trombas-d’água causavam grandes inundações.
Faz setecentos mil anos que os seres humanos se tornaram nitidamente
conscientes das modificações que se processavam nos reinos da natureza.
Tratava-se, principalmente, dos membros da raça branca que povoavam as
terras do Polo Norte e as pertencentes à Europa de hoje. Mas também todos
os demais seres humanos terrenos sentiam de modo mais ou menos
acentuado que algo estava intervindo perturbadoramente nas suas vidas.
Ninguém adivinhava que eram eles mesmos, os seres humanos, que
haviam trazido as perturbações na obra perfeita da Criação.

A Mensagem de Gäa
Os lahinis, certo dia, estavam novamente presentes. Eles visitavam todas
as grandes e pequenas tribos da raça branca que viviam na região hoje
coberta pelo gelo polar. Os seres humanos que ali moravam no meio da
beleza tropical haviam aumentado extraordinariamente nos últimos cem mil
anos. Esse aumento começou com a “revelação” de uma das “mulheres
sábias” que solicitou aos homens que tivessem mais mulheres para que
finalmente pudessem gerar mais filhos.
Não foi necessário convidar os homens uma segunda vez. A ideia de se
tornarem pais de famílias com muitos filhos agradou a todos…
A presença dos lahinis foi logo percebida, pois apesar do cultivo
unilateral do raciocínio ainda existiam entre a raça branca muitos que
podiam ver os enteais e comunicar-se com eles.
Ninguém conhecia os lahinis. E ninguém, nem mesmo os mais velhos,
podia lembrar-se de alguma vez ter visto entes da espécie destes. Os lahinis,
não obstante, despertaram logo confiança e amor nas pessoas.
Os lahinis olhavam com seus imperscrutáveis olhos para os seres
humanos outrora tão queridos. Entre estes havia vários que eles haviam
protegido e guiado. Mas isto ocorreu quando suas almas ainda eram puras e
sem máculas.
“Trazemos uma mensagem para vós”, disseram os lahinis em tom sério.
“A mensagem é da senhora da Terra. Estamos chegando a vós como
mensageiros dela.”
As pessoas que ouviram essas palavras assustaram-se, pois tinham-se
tornado medrosas. Timidamente deram a entender aos lahinis que a senhora
da Terra estava desgostosa com elas. Sabiam disso através das fadas dos
bosques…
Os lahinis nada responderam. Sabiam que não apenas Gäa, a senhora da
Terra, mas também todos os enteais estavam desgostosos com os seres
humanos. Pelo menos todos que de algum modo estavam em contato com
os seres do espírito e com a Terra.

“Escutai a mensagem:

‘A parte da Terra onde viveis se transformará em gelo. Nenhum talo,


nenhuma árvore e também nenhum ser humano sobreviverá à
transformação vindoura. Preparai tudo para vossa partida! Guias estão
prontos junto à montanha vermelha para conduzir-vos a uma nova
pátria! Mas não hesiteis, pois o prazo que vos resta é curto!’ ”

“Como poderemos reconhecer o fim do prazo?” perguntaram todos os


que haviam recebido a mensagem.
“O prazo terá chegado ao fim, quando o brilho do Sol se turvar!”
Os lahinis haviam transmitido a mensagem, desaparecendo novamente.
Todas as tribos tinham sido avisadas, de modo que no mais curto lapso de
tempo todos conheciam a mensagem da senhora da Terra. Cada um, sem
exceção.
Sim, ninguém foi excluído. Cada um sabia o que teria de fazer. A
montanha vermelha era de todos conhecida. Havia vários caminhos que
conduziam até lá, e de lá seguiam em diversas direções. Deviam caminhar
um mês ou mais ainda até terem o reluzente maciço de pedra vermelha
diante de si…
Quanto os seres humanos haviam-se modificado, deduzia-se pelo seu
comportamento depois de os lahinis haverem desaparecido novamente de
sua vista.
Tempos atrás, quando suas almas puras ainda não apresentavam máculas,
eles teriam seguido, diligentemente e cheios de confiança, as ordens dos
enteais. No mais curto lapso de tempo, eles teriam deixado as suas moradias
a fim de se entregarem confiantemente aos novos guias junto à montanha
vermelha. Mas agora este não era mais o caso.
Em todos os povoados surgiam discussões que se tornavam às vezes
violentas, degenerando em brigas. Deviam obedecer à intimação, deixando
a pátria, ou seria melhor aguardar? Para muitos não bastava o
esclarecimento da “transformação em gelo”, pois ninguém podia formar
uma ideia a tal respeito. Gelo era algo desconhecido de todos. Outros, por
sua vez, duvidavam da legitimidade dos “mensageiros”.
“Quem nos garante que esses enteais estranhos sejam realmente
mensageiros da senhora da Terra?” diziam sorrindo ironicamente. “Somos
seres humanos! Não nos deixamos empurrar para lá e para cá. Nada indica
uma mudança em nosso belo e fértil país! Não!… Por causa de alguns
enteais que querem se fazer de importantes, não deixaremos nossa pátria
segura!”
Assim e de maneira similar prosseguia. Cada dia inventavam novos
motivos; todos eles falando contra uma partida. Por fim, o raciocínio preso
ao espaço e ao tempo venceu. A maioria ficou onde estava, esquecendo
com o tempo a intimação dos lahinis.
Os outros – eram relativamente muito poucos – não se deixaram enganar
pelos motivos apresentados. Sua intuição dizia-lhes de modo claro e nítido
que um perigo estava iminente. Com o coração cheio de gratidão
lembravam-se de Gäa e dos mensageiros dela. A silenciosa desaprovação de
seus conterrâneos quase não os atingia. Leves e alegres abandonavam suas
casas. Bagagens não tinham de carregar, pois levavam apenas pouca coisa
consigo para a viagem em direção à sua nova e ainda desconhecida pátria.
Os seres humanos daquele tempo, mesmo os que se deixavam guiar
exclusivamente pelo raciocínio, possuíam uma grande virtude. Nada lhes
significavam as posses terrenas. Teriam achado ridículo agarrar-se em algo
que haveria de permanecer na Terra. O saber de que não poderiam levar
nada para o Além era a melhor proteção contra toda e qualquer espécie de
anseio de acumular bens…

A Confiança nos Entes da Natureza


Os viajantes que seguiam pela estrada do sul que conduzia para a
montanha vermelha haviam chegado de todas as direções. Alguns grupos,
vindos de cidades distantes, já havia meses estavam a caminho. Todos eles
estavam alegres, olhando esperançosos para o futuro. Sua confiança nos
senhores enteais da Terra era ilimitada. Não duvidavam um momento
sequer de que em sua nova pátria encontrariam todas as dádivas da natureza
que haviam deixado. Flores, água límpida, frutas suculentas, folhas,
tubérculos, ovos, carne, samambaias e fibras… Também o abençoado calor
solar seria o mesmo…
Vários ymirs guiavam os viajantes cada vez mais para o sul, indicando-
lhes as regiões onde poderiam fixar-se sem perigo.
Milhões de seres humanos, espalhados em grandes extensões, viviam nos
países do Polo Norte quando os lahinis chegaram para transmitir a
mensagem da senhora da Terra. Contudo, somente de seis a sete mil
deixaram, devido à notícia, sua pátria nórdica para domiciliarem-se muito
longe dos países em perigo.
Não foram exclusivamente os membros da raça branca nos países
nórdicos que receberam uma mensagem de Gäa. Outras tribos e povos em
volta do globo terrestre, que moravam em zonas de perigo, também
receberam mensagens e a intimação de abandonar as regiões onde viviam,
para se fixarem em outros lugares da Terra, guiados pelos ymirs.
Eram os lahinis que transmitiam todas as mensagens. Nos povos das
outras raças ocorria o contrário. A maioria deixava, sem muito refletir,
alegremente, sua pátria de até então, para viajar sob a condução de um ymir
a um país desconhecido. Eram por toda a parte apenas poucos que a isso se
opunham. Somente poucos duvidavam da legitimidade das mensagens,
negando-as com desconfiança.
Nas mensagens de Gäa retransmitidas pelos lahinis era indicada a espécie
dos acontecimentos naturais que poderiam tornar-se perigosos para os seres
humanos. Segundo essas indicações era de se esperar uma revolução de
todas as forças elementares como a Terra não mais havia vivenciado desde
o seu nascimento. Uma revolução que colocaria em risco o ritmo e o
equilíbrio de todos os movimentos terrestres.
Ciclones destruidores, erupções vulcânicas, maremotos,
desmoronamentos de montanhas, inundações semelhantes a dilúvios,
colunas de fogo irrompendo da Terra, granizo, neve, frio enrijecedor e calor
incandescente… E tudo isso ao mesmo tempo!… De acordo com essas
informações algo de terrível sobreviria à Terra… Granizo, neve e frio eram
algo inimaginável num planeta de seres humanos. Por esse motivo ninguém
podia fazer uma ideia disso.
Nenhum habitante da Terra podia pressentir que havia muitos astros no
Universo compostos quase totalmente de gelo ou cobertos com uma grossa
camada de gelo.
Os anos passavam. Nada acontecia. Aos fenômenos comuns da natureza
como chuvas, trovoadas, tempestades, ninguém dava uma atenção especial.
Faziam parte da vida cotidiana e eram sempre bem-vindos.
Os povos dos países nórdicos alegravam-se por sua inteligência ao não
terem dado ouvidos aos desconhecidos entes da natureza, os lahinis, e por
terem simplesmente posto de lado a mensagem deles.
“Onde estaríamos agora?” perguntavam a si próprios.
“Num lugar longe da nossa pátria atual! Entre animais estranhos e entes
da natureza desconhecidos? Nossa inteligência nos preservou de penosas e
desnecessárias caminhadas…”
Nem todos pensavam assim. Sempre de novo, no decorrer do tempo,
juntavam-se pequenos grupos, emigrando. Tratava-se de pessoas cuja
intuição ainda não fora subjugada pelo raciocínio. Seguiam igualmente em
direção ao sul. Suas caminhadas eram sempre muito penosas, pois não
havia ymirs que lhes indicassem os melhores caminhos.
Enquanto os seres humanos de raça branca do norte se alegravam por não
se terem deixado seduzir para sair de suas terras, os lahinis observavam, de
longe, os novos povoados situados distantes, em direção ao sul. Viesse o
que viesse, os habitantes de lá estavam em segurança. Eles tinham seguido
a mensagem da senhora da Terra, deixando-se guiar obedientemente para
regiões sem perigo…

Novos Sinais de Advertência


Certo dia os membros da raça branca que viviam no norte foram
arrancados de sua pacata tranquilidade. Formas de medo saíam de seus
cérebros, espalhando-se. Sentiam algum perigo que os espreitava
ameaçadoramente em alguma parte. Provavelmente apenas para amedrontá-
los. Seus olhos azul-claros, que formavam um contraste descomunal com
seus rostos queimados pelo sol, olhavam cada vez mais frequentemente
para o sol, perscrutando. O astro solar parecia estar perdendo seu brilho…
Eles clamavam pelo senhor do Sol, acendendo altas fogueiras, a fim de
chamar sua atenção… Contudo, todos os esforços eram em vão. Nem o
senhor do Sol nem outro ente da natureza se deixavam ver. Pareciam estar
muito longe.
Por toda a parte da Terra os seres humanos dirigiam seus olhares para o
céu. Cheios de medo ou confiantemente. Isto dependia inteiramente do
estado de seu espírito. O Sol havia mudado. Nisto todos estavam de acordo.
O Sol não se havia alterado. O que estava deixando assustados os seres
humanos eram os véus escuros que se colocavam diante do Sol,
prejudicando fortemente sua intensidade luminosa.
“O Sol se esconde atrás de véus escuros… ele também irradia menos
calor. O que estará acontecendo no reino dos astros?” perguntavam-se os
seres humanos, e em todos os continentes, meditavam eles sobre o
“fenômeno solar”, que jamais havia ocorrido.
“O Sol atravessa nuvens escuras!” diziam os que se ocupavam com os
astros. “Nuvens escuras impossíveis de serem vistas da Terra.”
Astrônomos havia entre todos os povos e raças. Todos eles atribuíam o
escurecimento do Sol a “névoas ou nuvens escuras”. Essas declarações
unânimes eram tanto mais interessantes uma vez que os astrônomos não
tinham nenhuma ligação entre si. Aliás, nem se conheciam! Naquele tempo
ainda não existiam “viagens de turismo” de um país para outro…
Muito provavelmente esses astrônomos, naquele longínquo tempo,
tinham razão em suas explicações. Hartmut Bastian em seu livro “Weltall
und Urwelt” também faz menção às “nuvens escuras”. Ele escreve, por
exemplo, que os espaços percorridos pelo nosso Sol com todo o seu séquito
de planetas devem conter nuvens escuras. E que, provavelmente, tenhamos
percorrido pelo menos uma nos últimos cem mil anos…
A turvação do Sol causada pelos assim chamados “véus” continuava.
Dias, semanas, meses e anos passavam-se e permanecia esse estado fora do
comum. Por fim, a maioria dos seres humanos acostumou-se a isso. De
qualquer forma, nada poderiam ter feito contra tal estado. Fenômenos da
natureza estavam fora do alcance do poder humano.
Os membros da raça branca que seguiam a luz irrisória do raciocínio
haviam recebido com grande satisfação a explicação de seus astrônomos.
Nuvens escuras não tinham nada de amedrontador em si. Com toda a
probabilidade, haveria muitas delas no Universo. Seu medo não tinha
sentido, pois carecia de qualquer fundamento.
Com essas e semelhantes ponderações tentavam se acalmar. Mas as
formas de medo eram persistentes. Não era tão fácil afastá-las. Pelo
contrário. Uma notícia alarmante, que se difundiu com a rapidez do vento,
deu novo estímulo a essas formas.
A uma moça de nome Hagassa, havia aparecido, em sonho, um grande
espírito luminoso, convidando-a e a todos os demais para que fugissem tão
rapidamente quanto pudessem, pois algo horrível estava prestes a se
desencadear.
Pouco tempo depois se constatou que a muitas outras pessoas, geralmente
moças ou mulheres, haviam aparecido antepassados, já há muito falecidos,
aconselhando-as insistentemente a fugir.
“Fujam em direção ao sul”, diziam, “o mais rapidamente possível! Fujam
antes que seja tarde demais!”
Então formaram-se novamente grupos em diversos lugares, a fim de
deixar o mais depressa possível a pátria em perigo. Tratava-se, porém,
sempre de pequenas minorias que seguiam a intimação, pondo-se fora de
perigo. Os muitos outros estavam firmemente decididos a permanecer. Eles
diziam que já fazia anos que tinham sido intimados a deixar sua pátria e
nada acontecera até então. Por isso também agora não viam nenhuma
necessidade de abandonar seus lares…

O Salvamento das Crianças


Já o comportamento dos animais poderia ter mostrado aos seres humanos
que realmente algo de terrível estava prestes a vir.
Os animais, em grandes manadas e bandos, invadiram os povoados,
correndo inquietos para lá e para cá, e gritando muito mais do que
comumente faziam. Depois de poucos dias, geralmente saíam. E daí em
diante ninguém mais os via.
As crianças, naquele tempo, ainda estreitamente ligadas aos animais,
acompanhavam-nos tristemente com os olhos, dizendo com um suspiro:
“Eles nos deixam para sempre. Muito longe daqui outros pastos os
esperam.”
Em todos os povoados dos países nórdicos podia-se ver o mesmo quadro.
Irrequietos animais que gritavam e permaneciam alguns dias, para então
desaparecer para sempre. Atrás dos mesmos estavam forças enteais que
esperavam que os seres humanos fossem despertados pelo comportamento
dos animais a ponto de sentir o perigo iminente em que todos se
encontravam. Era, de certo modo, a última tentativa dos enteais de
preservar os tantos seres humanos da raça branca de uma terrível morte
terrena. Também esta última tentativa malogrou. As pessoas diziam que em
todos os tempos houve grandes migrações de animais, sem que isso
estivesse ligado a catástrofes.
Interessante foi a conduta das águias brancas gigantes que havia muito
tempo eram companheiras de brincadeiras das crianças nórdicas. Muitas
crianças foram salvas pelas belas aves.
Os salvamentos realizaram-se quando as aves e as crianças não
retornavam aos lares – como era o costume depois de suas excursões mais
curtas ou mais longas – voando com elas para longe em direção ao sul.
As aves pareciam saber muito bem o que faziam. Elas voaram tanto
tempo na mesma direção, até encontrarem viajantes que seguiam numa
estrada igualmente para o sul. Com forte crocitar circularam algumas vezes
por cima das cabeças deles, colocando a seguir as crianças no chão, ao lado
dos caminhantes surpresos. Imediatamente após este acontecimento,
alçaram voo, desaparecendo no éter azul-luminoso.
O “rapto” das crianças pelas águias ocorreu, naturalmente, por etapas.
Várias vezes durante o dia elas desceram ao lado de alguma água para que
seus “passageiros” pudessem descansar e saciar a sede. Para comer, havia
apenas nozes que as crianças sempre levavam quando iam voar com as
águias.
As crianças logo compreenderam o que suas queridas águias pretendiam,
quando não mais voltavam para os povoados, como era de costume, mas
sim, continuavam a voar crocitando com grande alarde na direção contrária.
“Nossas aves estão nos salvando! E veremos novamente os muitos outros
animais que já nos deixaram!” clamavam as crianças umas para as outras,
jubilosamente, no primeiro pouso, abraçando com grande alegria as águias.
As crianças conscientizaram-se pela primeira vez que algo horrível
aconteceria em sua pátria, quando os animais começaram a ir embora.
Nenhum animal deixava suas florestas e prados, a não ser que um perigo
estivesse iminente.
O “rapto” das crianças pelas águias deve parecer uma lenda para o ser
humano de hoje, que perdeu qualquer contato mais íntimo com a natureza e
os seus entes. No entanto, não se trata de nenhuma lenda. Por volta do fim
do quarto período de desenvolvimento os seres humanos ainda continuavam
estreitamente ligados com a natureza e suas criaturas. Um salvamento
levado a efeito por animais, portanto, não era nada de extraordinário.
Para muitos leitores a separação das crianças de seus pais parecerá cruel,
na suposição de que ambas as partes tenham sofrido com isso.
Tal suposição não procede. Pois as concepções relacionadas a laços de
família e o conceito de família eram naquele tempo completamente outros.
O conceito de amor ainda era puro e não torcido. O falso amor que tudo
concede era totalmente desconhecido na Terra. As crianças, desde
pequenas, eram educadas para o trabalho e para a vida independente. Elas
se empenhavam orgulhosamente para poder cuidar de si próprias o mais
cedo possível. Já no que se refere à educação das crianças, é impossível
fazer uma comparação com a época de hoje.

O Fim do Quarto Período


O quarto período de desenvolvimento aproximava-se lentamente de seu
fim. Os véus escuros continuavam, como há anos, a abafar o brilho radiante
do Sol. E ninguém mais podia esquivar-se ao fato de que as temperaturas na
Terra estavam baixando.
Em todos os continentes, não apenas no norte da Europa, podia-se
observar grandes manadas e revoadas de pássaros migrando em direção a
alvos desconhecidos. Quase parecia como se todos os animais da Terra
estivessem migrando. Muitos deixavam as montanhas e colinas, descendo
para as planícies baixas. Em outros lugares da Terra, faziam o contrário.
Fugiam dos vales, como se não pudessem alcançar tão depressa quanto
possível regiões situadas mais alto.
Havia lugares, por sua vez, onde o chão estava coberto, numa distância
de milhas, por animais rasteiros de vários tamanhos, todos eles avançando
rapidamente. Jamais, nem antes nem depois, a Terra viu tal espetáculo.
Tinha-se a impressão de que todos os animais da Terra estavam sendo
espantados e tocados para diante pelos seus protetores invisíveis, a fim de
serem preservados de uma catástrofe desconhecida.
Aqui e acolá podiam ser observados também grandes grupos de seres
humanos cantando e seguindo alegres na mesma direção que os muitos
animais. Eles também estavam fugindo de algo desconhecido. Por toda a
parte na Terra oferecia-se o mesmo quadro. Seres humanos e animais em
busca de alvos desconhecidos.
Também nos ares havia muita movimentação. Estranhas e gigantescas
figuras luminosas de cor verde-claro e azul-claro apareciam nas nuvens e
por cima de muitas montanhas. Elas movimentavam-se sobre as ondas de
um vento gélido e, lá onde eram vistas, deixavam marcas cintilantes. O
cintilar provinha de suas capas e elmos que aparentavam ser constituídos de
água congelada e transparente. Esses entes tinham, apesar de seu aspecto
belo, algo que amedrontava. Pareciam reunir em si brasa e gelo, pois seus
olhos fulguravam como fogo, ao passo que sua irradiação difundia um frio
estarrecedor.
Faz mais ou menos setecentos mil anos que os seres humanos, com o
coração batendo de medo, por toda a parte, levantaram seus olhares para
esses gigantes cintilantes. Nenhum deles poderia ter dito o que esse
surgimento significava para a atmosfera terrestre. Algo de bom, certamente
não. Nisso eram unânimes.
Os “gigantes de gelo”, durante vários meses, eram visíveis no céu, em
determinadas ocasiões. Podiam ser observados por todo os seres humanos
terrenos, não importando onde se encontrassem… Certo dia as estranhas
aparições no céu sumiram. O alívio a tal respeito foi tão grande, que por
toda a parte eles acendiam fogueiras de agradecimento. Cantavam hinos em
honra ao pai Sol e à mãe Terra, acompanhados do ritmo alegre de muitos
tambores cujos ecos ficaram ainda muito tempo na atmosfera.
Festejaram semanas a fio! A vida, porém, não era constituída apenas de
festas. Certo dia as melodias extinguiram-se, as fogueiras apagaram-se e as
jubilosas festas de alegria celebradas por toda a parte terminaram. Voltara o
ritmo diário. E com o ritmo diário fez-se novamente sentir em muitos uma
sensação de opressão, quase de pânico. Seus temores, portanto, nada tinham
a ver com as aparições no céu… Eram mais profundos; vinham de suas
próprias almas…

A Maior Catástrofe de Todos os Tempos


Nada mais se via dos gigantes de gelo. Continuavam desaparecidos. Ali
onde tinham sido vistos, juntavam-se montanhas de nuvens brancas,
destacando-se de modo esquisito do céu cor de chumbo.
Violentas ventanias passavam pelo globo terrestre, transformando o ar
numa massa compacta de folhas, galhos, sementes, flores, areia e poeira.
Do solo subiam cheiros indefiníveis, dificultando a respiração, e que muitas
vezes provocavam crises de sufocação. Toda a atmosfera parecia carregada
de desgraça.
Os seres humanos não podiam mais respirar livremente em nenhuma
parte. Ao terminar a ventania, veio a água. Chuvas pesadíssimas que
provocavam grandes inundações precipitavam-se sobre a Terra
ininterruptamente. Nascentes quentes e frias brotavam nos lugares mais
inesperados, frequentemente até em altas montanhas. Elevavam-se a
centenas de metros, caindo a seguir envoltas em vapores com grande
estrondo sobre o solo. Rios transbordavam e mares subiam. Abriam-se
abismos, e montanhas elevavam-se… Vulcões entravam em atividade
expelindo fumaça, pedras, água e correntes de lava incandescente.
O globo terrestre, que vivenciava um pequeno fim de mundo, tremia sob
o impacto dos elementos em fúria. Assim como se incontáveis punhos o
sacudissem violentamente de um lado para o outro.
Estendeu-se uma escuridão. Uma escuridão sinistra traspassada por
relâmpagos. Durante dois dias e duas noites permaneceu essa escuridão
sinistra. Para as pessoas que sobreviveram, ela pareceu uma noite sem fim.
Uma noite repleta de ruídos dos elementos agitados…
Todas as forças da natureza estavam em atividade. Não para destruir, mas
sim para salvar! Salvar o maravilhoso planeta de seres humanos, a Terra,
que outrora seguia suas órbitas predeterminadas, como um oásis verde e
radioso.
A escuridão não veio sozinha. Ela trouxe consigo um sopro de gelo que
congelava tudo o que tocava. Animais como, por exemplo, os mamutes que
ficaram nas regiões em perigo morreram de frio de um momento para o
outro, apesar de seu peso e tamanho, visto ter se esgotado o tempo de sua
espécie.
Escuridão e um frio gélido e mortal! O que acontecera? Estava a Terra
diante de um fim de mundo há setecentos mil anos?
Não era nenhum fim de mundo, embora tudo indicasse isso. Sobre a
Terra desencadeou-se o que os cientistas denominam hoje a maior catástrofe
de todos os tempos. Foi a primeira era glacial…

O Medo Gravado nas Almas


A era glacial! A maior catástrofe de todos os tempos! O astrônomo de
Belgrado, Milankowitch, descobriu, num de seus cálculos retroativos
referentes aos planetas, uma constelação planetária crítica que segundo a
opinião dele deve ter provocado fortes perturbações na órbita da Terra…
Cientificamente até hoje não existe nenhuma teoria definitiva capaz de
esclarecer o misterioso fenômeno da era glacial, a colossal queda de
temperatura.
A expressão era glacial, com tudo que ela abrange, ainda hoje encerra um
perigo palpável. Pelo menos para uma grande parte da população europeia.
Isto é perfeitamente compreensível, pois os milhões de seres humanos que
sucumbiram naquela época por falha própria vivem hoje, na época do Juízo,
novamente na Terra. Todos estão aqui de novo! E com eles ressurge
também o medo gravado inapagavelmente em suas almas e que chega à
manifestação através do trabalho de seus cérebros sobrecarregados.
Todos estão presos numa fina rede de fios do destino tecidos por eles
outrora e da qual até hoje não puderam livrar-se. Uma retrovisão espiritual
lhes é vedada, uma vez que os cérebros dos seres humanos de raciocínio
somente assimilam impressões vindas de seu mundo terreno e materialista.
Tudo o mais não existe para eles.

A Opinião de Hartmut Bastian


Seguem agora alguns trechos, referentes à era glacial, do livro “Weltall
und Urwelt” de Hartmut Bastian. São extratos que se aproximam bastante
da verdade, podendo despertar figuradamente uma imaginação ou ideia nos
leitores, uma ideia da maior catástrofe que já se abateu sobre a Terra:

“O quadro do congelamento era desolador. As regiões montanhosas


da Escandinávia e da Escócia foram, para a Europa, o ponto de partida
de formação das geleiras. As inimagináveis massas congeladas
flutuavam para todas as direções sobre terras e mares, destruindo rios,
enchendo vales e planícies, envolvendo e cobrindo montes, derrubando
e comprimindo florestas, matando, destruindo e enterrando tudo o que
não fosse capaz de escapar a essa catástrofe pela fuga. O Mar do Norte
e o Mar Báltico, as Ilhas Britânicas, partes da Bélgica e da Holanda
desapareciam sob o gelo.
Na Alemanha a floresta da Turíngia, Dresden e a região manancial
do Oder formavam uma divisa aproximada. As amplas planícies na
Rússia, de Kiev, Tula e Gorki foram cobertas de gelo. Outros fluxos
estendiam-se até os Montes Urais. E tudo formava um compacto lençol
de gelo, uma mortalha sobre aproximadamente seis milhões de
quilômetros quadrados de terra outrora tropical e florida. Realmente
uma catástrofe de proporções monstruosas!
Na América do Norte foi quase pior ainda. Ali as geleiras
gigantescas avançaram ainda mais para o sul, cobrindo os grandes
lagos do Canadá, indo até a região da confluência do Mississipi com o
Ohio. Na parte oriental da Sibéria pôde ser constatada uma cobertura
de gelo que se estendia até a Mongólia.
Entendeu-se, automaticamente, que essa catástrofe climática afetou
indiretamente todo o globo terrestre. Todas as montanhas da Terra
apresentavam geleiras. Enquanto a Antártida também reagia com um
congelamento total e ampliação de seu campo de ação até a América
do Sul e a Nova Zelândia, a influência nas regiões tropicais e
subtropicais era menor. Mas também ali o clima era mais desfavorável
do que hoje.
De qualquer forma, deve ter sido um acontecimento pavoroso, esse
contínuo, lento e irresistível avanço das gigantescas massas de gelo
triturando tudo…
Também para o reino animal um mundo se fragmentou, destruído
pelo sopro de gelo das geleiras em avanço. A maioria dos animais,
evidentemente, pôde desviar-se, fugir, seguindo o calor paradisíaco
que estava diminuindo.
Portanto, devem ter ocorrido enormes migrações de animais que em
relação ao tempo disponível certamente não tiveram um caráter de
fuga caótica, contudo devem ter apresentado perturbações de
proporções revolucionárias no quadro biológico…”

No que se refere à causa do início da era glaciária, Hartmut Bastian


escreve que para estas catástrofes surgiram muitas conjecturas,
responsabilizando alternadamente fatores terrenos e extraterrenos… já que
não houve até o dia de hoje nenhuma teoria com a qual se pudesse
concordar integralmente e sem restrições… e que os pesquisadores, apesar
de perspicazes tentativas de explicações, se encontram diante de um
emaranhado de misteriosos fenômenos da natureza…

Muitos Sucumbiram
Após a primeira e catastrófica era glacial que irrompeu há cerca de
setecentos mil anos, seguiram-se, em grandes intervalos de tempo, mais três
que, todavia, nem de longe adquiriram as extensões da primeira.
A primeira era glacial efetivou-se horrivelmente na Terra. A maior parte
dos membros da raça branca, que viviam naquela época, sucumbiu nas
águas do mar que irrompiam. Apenas relativamente poucos encontraram a
morte por congelamento.
A antiga lenda dos tempos primordiais que fala do povo dos
“hiperbóreos” baseia-se em fatos reais. Tratava-se de um povo numeroso
que vivia naquele tempo numa bela península tropical. Hoje nada mais
lembra o país, outrora tão cantado, e o orgulhoso e poderoso povo que lá
vivia e se julgava igual aos titãs. Desertos de gelo cobrem hoje os países
pertencentes outrora ao orgulhoso povo hiperbóreo…
Com o irromper da era glacial muitos seres humanos perderam a vida.
Não apenas os seres humanos do Polo Norte que viviam nos locais hoje
denominados Spitzberg e Groenlândia. Por toda a parte na Terra
sucumbiram seres humanos que por teimosia permaneceram nas regiões em
perigo. Sua morte ocorreu, na maioria dos casos, por erupções vulcânicas,
terremotos, fogo e também por gases venenosos emanados do solo e assim
por diante…
Nenhum país e nenhum povo ficou inatingido pela repentina queda de
temperatura. De algum modo chegaram a sentir a modificação terrena.
Sofrimento e morte, porém, atingiram somente aqueles seres humanos que,
menosprezando, haviam posto de lado todas as advertências, avisos e
intimações dos enteais. Sucumbiram devido à própria presunção.

As Causas da Era Glacial


Qual a razão da repentina queda de temperatura? Como pôde acontecer
que um corpo celeste com sua beleza tropical exuberante congelasse
praticamente de um dia para o outro? Será que a humanidade, que já pecava
naquele tempo, deveria ser punida?
A vinda dos seres humanos para a Terra e o seu posterior
desenvolvimento foram, como tudo que acontece na Criação, planejados
previamente com exatidão matemática. Aliás, até a conclusão do período de
desenvolvimento. Atos arbitrários de punição não estavam previstos nesse
plano. Não, o Criador não punia suas criaturas, transformando seu cálido
mundo tropical num campo de horror…
O acontecimento que abalou o mundo, há quase setecentos mil anos, não
foi a consequência de um ato preestabelecido pela vontade do Criador, mas
o resultado do falhar humano, que prejudicou e alterou a dinâmica do
maravilhoso planeta Terra.
O falhar dos seres humanos começou com o acorrentamento à matéria!
Em vez de desligarem-se dela após um certo tempo de desenvolvimento,
eles se ligavam em cada vida terrena mais firmemente à matéria. Não havia
um retorno para os mundos espirituais, nenhum desenvolvimento
progressivo para cima, nenhuma evolução. Os seres humanos afluíam e
seguiam sempre de novo para a Terra.
A sobrecarga que surgiu dessa forma no corpo astral da Terra teve de se
efetivar catastroficamente, uma vez que assim toda a gigantesca arquitetura
do próprio planeta também foi afetada.
Intercalamos aqui um trecho da Mensagem do Graal, “Na Luz da
Verdade” de Abdruschin, volume 3, dissertação Na oficina da matéria
grosseira dos enteais:

“Assim cada pedaço na Terra, a própria Terra até, tem um modelo


cooperador. Alguns, aos quais é permitido ver, denominam isso
‘sombras’; outros, conforme já foi dito, ‘corpo astral’. Para isso há
ainda outras denominações menos conhecidas, mas que indicam,
todas elas, a mesma coisa.”

A Terra bem como todos os planetas de seres humanos eram planejados


de tal forma, que sempre um determinado número de seres humanos
pudesse viver neles, sem que seu equilíbrio e seu ritmo específico fossem
perturbados.
Com exatidão matemática foi calculado o peso adicional que o corpo
astral da Terra, e com isso ela mesma, admitiria sem acarretar algum
prejuízo. Nas épocas iniciais da humanidade o limite de peso nunca foi
ultrapassado. Pelo contrário. Situava-se muito abaixo.
Esse estado alterou-se quando os seres humanos se tornaram conscientes
de sua inteligência, começando a pensar… Desde esse tempo a luz do
raciocínio passou a iluminar os seus caminhos. Com o raciocínio vieram o
pecado e a culpa para o mundo dos seres humanos, pois ele tornou-se uma
luz ilusória, acendida por espíritos demoníacos, que lançavam à desgraça
todos os que os seguiam.
Pecado e culpa formavam fios que sempre de novo atraíam de volta à
Terra os assim atingidos para remição. Uma remição ocorria apenas em
raríssimos casos. Geralmente acontecia que novos fios de culpa eram
acrescidos, impelindo os seres humanos de volta para a Terra.
As criaturas que viviam constantemente na Terra tinham ultrapassado
quase dez vezes o número de encarnações determinado originalmente para
cada planeta. Ninguém podia prever que os seres do espírito não se
desenvolvessem no sentido de Deus mas que seguissem as luzes ilusórias
dos espíritos demoníacos…
Certo dia sobreveio a inevitável catástrofe devido à sobrecarga. A
complicada dinâmica do corpo celeste e o eixo da Terra deslocaram-se.
Devido às condições físicas desarmoniosas disso resultantes, a Terra foi
impelida para fora de sua órbita original. O tempo de translação da Terra
alterou-se, e com isso se modificou também seu ritmo. Tornou-se muito
mais lento.
O desvio de órbita da Terra efetivou-se como um pequeno fim de mundo
com suas devastações e destruições. Adveio ainda que o Sol atravessou,
naquele tempo, nuvens escuras de densidades diferentes, prejudicando sua
irradiação de calor e turvando sua luz.
Na órbita alterada, embora apresentasse somente uma mínima alteração
de distância do Sol, cada turvação e diminuição da irradiação calorífica do
Sol tinha de provocar na Terra uma queda de temperatura e congelamentos.
Pois qualquer desvio ou alteração nas condições e curso de um planeta, por
pequena que seja, tem de acarretar consequências catastróficas.

O Falhar dos Seres Humanos


A Terra constantemente sobrecarregada se afastou, no decorrer do tempo,
cada vez mais de sua órbita original. Quanto mais ela era afastada, tanto
mais lentos se tornavam também seus movimentos.
Dois bilhões de seres humanos vivem hoje a mais na Terra. Tal
superpopulação, apresentando hoje tantos problemas, é devida
exclusivamente ao falhar dos seres humanos!
Dois bilhões! Na realidade são ainda mais, se somarmos a estes as almas
humanas no Além. Todos já desde muito deveriam encontrar-se nos
luminosos reinos espirituais… caso tivessem se desenvolvido no sentido
desejado por Deus…
A Terra outrora tão maravilhosa com sua aura irradiante, com seus
jubilosos entes da natureza e os felizes animais… Nada mais resta deste
esplendor. A transformação ocorrida com este planeta não podia ser mais
trágica. A natureza destruída por toda a parte é um testemunho da queda do
ente espiritual, o ser humano, outrora em posição tão elevada…
Na Mensagem do Graal de Abdruschin, “Na Luz da Verdade”, volume 1,
dissertação Enrijecimento, podemos ler o seguinte trecho, que se relaciona à
Terra:

“Seus círculos afastaram-se cada vez mais, devido à culpa da


humanidade terrena, com isso as movimentações tornam-se mais
lentas, cada vez mais indolentes e devido a isso muita coisa já se
encontra próxima do estado inicial de enrijecimento.”

A Última Grande Purificação


Alguns pesquisadores são da opinião que é de se esperar mais uma era
glacial. Provavelmente teriam razão, caso não se realizasse antes ainda,
neste século, no século do Juízo, uma grande purificação na Terra. Uma
purificação pela qual todas as pessoas em excesso serão eliminadas
definitivamente da Terra e do Além. Um soerguimento então não mais
existirá para a maioria. Apenas ocorrerá uma descida para regiões de onde
não mais haverá uma volta.
A Terra, libertada dessa maneira de sua carga, readquirirá sua dinâmica e
ritmo originais, com o que retornará então à sua órbita inicial, da qual tinha
sido afastada outrora.
Tudo o que acontece na Terra e na vida humana, frequentemente, já se
efetivou muito antes no mundo astral pertencente à Terra. Incontáveis fios
de destino interligam ambos os mundos.
O infortúnio que se abateu sobre a Terra começou a formar-se já há
milhões de anos antes no mundo astral. Aliás, no momento em que as
primeiras almas humanas se abriram às influências luciferianas,
contaminando então, como uma peste, uma alma após a outra…
A última grande purificação será efetivada por um cometa. Pelo “grande
cometa”, único no gênero!

Os Disformes Homens de Neanderthal


A última era glacial terminou há cerca de trinta mil anos. Passou mais
rapidamente, desencadeando entre os seres humanos muito menos medo do
que no surgimento da primeira. Gelo, neve e frio não eram mais, naquele
tempo, fenômenos desconhecidos. Os seres humanos estavam acostumados
a mudanças de clima e sabiam muito bem se proteger disso. Isto dizia
respeito, principalmente, aos povos da Europa que eram os mais afetados
pela invasão do gelo.
Apesar de tudo, durante a última era glacial sucumbiu inteiramente um
povo de raça branca que quase não mais tinha ligação com os entes da
natureza, não podendo, por esse motivo, ser salvo.
Um explorador dinamarquês encontrou esqueletos e restos de uma
cultura desaparecida, quando foram feitas escavações no norte da
Groenlândia. Investigando os esqueletos verificou-se, aliás, que se tratava
de restos de um povo totalmente degenerado…
Os pretensos “tipos humanos primitivos”, os assim chamados “homens
de Neanderthal” cujos esqueletos foram encontrados em diversos países,
nada têm a ver com o real ser humano original. Seus esqueletos,
cuidadosamente examinados, indicavam um tipo humano bastante
degenerado. Sua idade é avaliada em trezentos mil anos.
A respeito dos homens de Neanderthal trata-se, geralmente, de criaturas
que haviam, sim, suportado a primeira ou a segunda era glacial, contudo
não se achavam em condições de enfrentar as condições climáticas
alteradas. Juntavam-se em bandos, viviam em cavernas ou em buracos na
Terra e constituíam o pavor de todos os seres humanos amantes da paz.
Eram seres humanos espiritualmente retrógrados e totalmente
embrutecidos. Seus rostos feios e repugnantes e seus corpos cobertos de
pelos davam testemunho de seu estado anímico. Os únicos enteais que eles
ainda percebiam eram os ciclopes de um olho só que atuam nos
movimentos de terra e pedra.
Seres humanos assim degenerados havia por toda a parte na Terra,
contudo a maioria encontrava-se entre as tribos de raça branca…
Os achados de esqueletos dos assim denominados homens de
Neanderthal levaram alguns cientistas à ideia de que o ser humano fosse um
produto da era glacial.
Tal incompreensível, senão ridícula suposição já há muito foi
ultrapassada com os achados feitos nos últimos anos em diversas partes da
Terra.
Com relação a esses achados, calculados em dois milhões de anos, trata-
se de restos de esqueletos com crânios pequenos, cujos maxilares e queixos
correspondem aos dos seres humanos modernos. Nada tinham em si de
deformações repelentes.
Também de outros achados se deduz inequivocamente que o ser humano
existe há muito mais tempo do que vários pesquisadores haviam suposto até
agora. Os vestígios humanos alcançam milhões de anos no passado,
abrangendo todos os continentes.
A esse respeito “O Estado de S. Paulo” de 31/03/1974, em sua seção de
Atualidade Científica, publicou o seguinte:

“O mais importante dos espécimes recolhidos no Lago Rodolfo


(Quênia), um crânio quase completo, foi catalogado como o Homem
1470. Discutindo a importância do Homem 1470, em entrevista
concedida à Voz da América, o Dr. Leakey disse que a descoberta e
provável idade desse homem que viveu há quase três milhões de anos
mudaram totalmente o conceito que se tinha do desenvolvimento do
ser humano. A razão dessa mudança é que o espécime descoberto
possuía um cérebro relativamente grande em uma época relativamente
antiga.
Salientou o Dr. Leakey que, até agora, o conceito geralmente aceito
era o de que o homem moderno descende de uma criatura simiesca,
que existira há um ou um milhão e meio de anos. A descoberta do
chamado Homem 1470 fez com que esse tempo fosse ampliado para
quase três milhões de anos, dobrando, assim, o período da raça
humana.”
O Enigma dos Mamutes no Barro
Durante a última era glacial sucumbiram diversas espécies de animais de
pelo comprido, cujo tempo na Terra acabara. Entre estes encontravam-se
lobos gigantes, tigres gigantes, búfalos gigantes e também os mamutes de
pelo comprido.
Alguns mamutes foram encontrados congelados, intatos e alojados dentro
do barro siberiano. No barro e não no gelo. Esse barro constitui até hoje um
enigma para os pesquisadores.
Cada era glacial trazia uma revolução no ritmo da Terra com todas as
suas forças impulsionadoras, ocorrendo dessa maneira acontecimentos
catastróficos que se efetivavam diferentemente em cada continente.
Na Sibéria de hoje, onde foram encontrados mamutes congelados e bem
conservados, abriu-se a terra como que sob uma pressão colossal. Em lugar
de lava, fogo e fumaça, irromperam do solo enormes massas de lama
diluída, espalhando-se e acumulando-se em muitos lugares, por vários
metros de altura.
Para os animais gigantes que se encontravam nos lagos de barro, que
subiam rapidamente, não havia nenhuma salvação. Pois a lama, ameaçando
inundar tudo, formava uma muralha líquida onde não havia nem avanço
nem retorno. A queda de temperatura foi tão intensa, que os animais – isto
não diz respeito apenas aos mamutes na lama, mas também aos animais de
outras regiões – se transformaram em blocos congelados de uma hora para a
outra…

A Decadência dos Povos


Muitos grandes povos viveram depois da primeira era glacial novamente
na Terra, povos de todas as raças e de todos os graus de cultura. A maioria
deles degenerou, tão logo atingiu um determinado apogeu espiritual.
Teremos um quadro aproximado da decadência desses antigos povos,
hoje desconhecidos, ao pensarmos nos romanos, gregos, astecas, egípcios,
etc. Também esses povos degeneraram após haverem alcançado um
determinado grau de desenvolvimento.
A causa da decadência foi a mesma por toda a parte. Tão logo o puro
saber espiritual de um povo era turvado pela mentira, começava a desgraça.
Surgiam doutrinas falsas e idolatrias, espalhando-se com sinistra rapidez. A
decadência moral com todos os seus males então não mais podia ser detida.
O ponto em torno do qual a vida de todos os povos antigos girava era seu
saber espiritual, sua religião. Constituía o mais importante na existência de
todos. Os seres humanos tornaram-se instáveis e acessíveis a toda a sorte de
influências demoníacas quando a mentira se imiscuiu em sua fé. As
confusas acepções religiosas daí resultantes e a superstição tornaram-se o
melhor solo para as incontáveis idolatrias que impeliram cada povo para a
destruição.

Por Que as Teorias Impossíveis?


No presente livro foram indicados os mais importantes fatos que podem
dar um esclarecimento sobre o surgimento do ser humano terreno. Uma
descrição completa do desenvolvimento da humanidade, que se estendeu
por um período de três milhões de anos, exigiria muitos livros.
Um exército de pesquisadores dedica-se hoje, em todo o mundo, à busca
da origem do ser humano. Contudo, até agora nenhum deles progrediu um
passo sequer. Pelo contrário! Suposições, conclusões erradas e teorias que
conduzem a erros formam, hoje, uma rede espessa ao redor do
acontecimento real da gênese do ser humano.
Uma visão retroativa dos primeiros dias da humanidade não é mais
possível hoje, com os cérebros anômalos dos seres humanos terrenos.
O unilateralmente cultivado cérebro anterior, com seu sobrecarregado
aparelho de raciocinar, impede qualquer visão além do limite grosso-
material.
A concepção do Universo feita pelos seres de cérebro tornou-se pequena.
Só isso explica as tantas teorias impossíveis apresentadas e transmitidas até
agora sobre a origem do ser humano. A verdade, porém, é totalmente
diferente! A luz dela traspassa agora a teia espessa de mentiras! Também no
que se refere à origem da criatura humana…
Cada pessoa que ainda tem uma possibilidade em si deve saber que as
almas humanas outrora imaculadas e belas – nas quais, tal como um
coração, fulgurava a viva fagulha espiritual – encarnaram-se em seres
correspondentes à sua espécie. Nunca essas almas puras poderiam ter se
encarnado em criaturas disformes, peludas e situadas em degrau inferior.
Isto, de acordo com as leis da Criação, teria sido completamente
impossível.
A Terra era um reino de sol, de alegria e de paz, quando os seres
humanos vieram a fim de continuar o seu desenvolvimento na matéria
grosseira. Os seres humanos eram hóspedes na Terra. Hóspedes bem-vistos,
que passavam suas vidas felizes como crianças.

A Terra Modificou-se
Hoje nada mais é assim como foi outrora. Tudo se alterou depois que os
seres humanos se modificaram. Depois que eles abusaram do direito de
hospitalidade, arrogando-se o domínio sobre o planeta, sem perguntar pelos
direitos de seu verdadeiro Senhor, o todo-poderoso Criador…
Sim, a Terra outrora tão brilhante, com sua maravilhosa natureza e suas
criaturas felizes, modificou-se de maneira assustadora; assim como os
outrora tão puros e belos entes espirituais, os seres humanos, até se
tornarem irreconhecíveis. O ser humano, que viera como hóspede à Terra,
transformou-se, depois do pecado original, em um ente do cérebro que
almeja tudo o que é perecível.
Podemos intercalar aqui um trecho elucidativo da Mensagem do Graal,
“Na Luz da Verdade” de Abdruschin, volume 2, dissertação O Filho do
Homem, a saber:

“Assim, pouco a pouco, pôde acontecer que o ambiente de matéria


fina da Terra se tornasse cada vez mais denso e mais escuro e, com
isso, também mais pesado; de tal peso, que até chega a manter a
própria Terra de matéria grosseira afastada de uma órbita que seria
mais acessível a influências espirituais mais elevadas.”

Irreconhecível tornou-se a Terra, afastada de sua órbita pelo peso das


trevas. Onde ficou a maravilhosa natureza, da qual se destacavam com
resplandecente brilho os sete berços da humanidade? Onde estão os seres
humanos vindos outrora à Terra a fim de alcançar os áureos frutos da vida?
Nada resta de toda a beleza e pureza. A natureza somente ainda é perfeita
onde o ser humano não chegou.
Também aos animais pertencentes à Terra foi negado qualquer direito de
vida. Somente o animal de cérebro, o ser humano, o tirano entre as
criaturas, se apoderou de todos os direitos de propriedade.
Os seres humanos vivem hoje num mundo mecânico e artificial
esperando, com mil medos, embora ainda inconscientemente, pelo fim
apocalíptico. Talvez haja entre eles ainda alguns que recebam a força para
se transformarem, passando de seres do cérebro a seres do espírito
novamente. Talvez consigam o milagre que eles mesmos devem realizar.

Ecoam as Trombetas do Juízo Final


A Terra, o planeta outrora tão irradiante, segue hoje lentamente, como
que oprimida pelo peso das trevas, sua órbita. Suas cores parecem como
que apagadas, e as vozes, cuja jubilosa alegria de vida sempre se elevavam
para a Luz como um hino de agradecimento, silenciaram.
Sob a influência do ser humano cerebrino, a Terra tornou-se um reino
sombrio, um reino da maldição. Dela, nenhuma melodia se eleva mais.
Apenas brados de alarme e lamentos vibravam, até há pouco, na
atmosfera…
Hoje, podem ser ouvidos também outros sons. Sons prometedores que
seguem pelas ondas do ar, despertando esperanças em todos os reinos da
natureza… A libertação se aproxima… A libertação de todo o mal…
Ecoam as trombetas do Juízo… Felicidade e alegria voltarão novamente,
pois os seres humanos estão sendo julgados…
Sim, felicidade e alegria, banidas pela má vontade humana, novamente
reinarão sobre o escolhido astro de seres humanos, a Terra, e as melodias
jubilosas dos entes da natureza soarão pelos ares… como outrora, quando
envolviam os jovens seres humanos com todo o seu amor, protegendo-os…
E o ser humano?
O ser humano?… Continuará existindo. Contanto que ele seja aquilo que
deve ser e que sempre deveria ter sido… um ser espiritual!
Para os seres do cérebro, que estão em absoluta maioria, não mais haverá
lugar na Terra purificada. Eles constituem a escória e como tal foram
avaliados. Sem essas criaturas a Terra novamente se tornará um reino da
paz, da alegria e da harmonia, e a bênção do todo-poderoso Criador se
estenderá sobre todas as Suas criaturas.
ROSELIS VON SASS

Nascida na Áustria, Roselis von Sass (1906-1997) veio para o


Brasil ainda jovem.
O sentido mais profundo da existência, com seus ensinamentos,
foi sempre o principal objetivo dessa extraordinária escritora. Muito
cedo sua alma sensível aprendeu a discernir a realidade das
aparências, concluindo que: “Não é o lugar em que nos encontramos
nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade
provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si
mesmo.”
Tudo o que aconteceu no decorrer dos tempos ficou registrado e
guardado. Nada se perdeu. Pode-se dizer também que toda a vida
humana que se iniciou há milhões de anos foi filmada e arquivada,
até que todos os destinos humanos se cumpram na lei da justiça
divina.
E a autora possuía, como característica marcante de sua
personalidade, o dom de perscrutar esse passado, narrando a extensa
tecedura de acontecimentos que ficaram gravados no grande livro do
viver humano.
Sua vida laboriosa e fecunda foi sempre dirigida pelo “amor”.
Amor à natureza com todas as suas criaturas; amor aos seres
humanos e, sobretudo, um profundo e fiel amor ao Criador.
AO LEITOR

A Ordem do Graal na Terra é uma entidade criada com a


finalidade de difusão, estudo e prática dos elevados princípios da
Mensagem do Graal de Abdruschin “NA LUZ DA VERDADE”, e
congrega as pessoas que se interessam pelo conteúdo das obras que
edita. Não se trata, portanto, de uma simples editora de livros.
Se o leitor desejar uma maior aproximação com as pessoas que já
pertencem à Ordem do Graal na Terra, em vários pontos do Brasil,
poderá dirigir-se aos seguintes endereços:

Por carta
ORDEM DO GRAAL NA TERRA
Rua Sete de Setembro, 29.200 – CEP 06845-000
Embu das Artes – SP – BRASIL

Por Telefone
Tel/Fax: (11) 4781-0006

Por e-mail
graal@graal.org.br

Internet
www.graal.org.br
NA LUZ DA VERDADE
Mensagem do Graal
de Abdruschin

Obra editada em três volumes, contém esclarecimentos a respeito da


existência do ser humano, mostrando qual o caminho que deve percorrer
a fim de encontrar a razão de ser de sua existência e desenvolver todas as
suas capacitações.
Seguem-se alguns assuntos contidos nesta obra: O reconhecimento de
Deus • O mistério do nascimento • Intuição • A criança • Sexo • Natal • A
imaculada concepção e o nascimento do Filho de Deus • Bens terrenos •
Espiritismo • O matrimônio • Astrologia • A morte • Aprendizado do
ocultismo, alimentação de carne ou alimentação vegetal • Deuses,
Olimpo, Valhala • Milagres • O Santo Graal.
ALICERCES DE VIDA
de Abdruschin
“Alicerces de Vida” reúne pensamentos de Abdruschin extraídos da obra
“Na Luz da Verdade”. O significado da existência é tema que permeia a
obra. Esta edição traz a seleção de diversos trechos significativos, reflexões
filosóficas apresentando fundamentos interessantes sobre as buscas do ser
humano.
Edição de bolso • ISBN 85-7279-086-1 • 192 p.

OS DEZ MANDAMENTOS E O PAI NOSSO


Explicados por Abdruschin
Amplo e revelador! Este livro apresenta uma análise profunda dos
Mandamentos recebidos por Moisés, mostrando sua verdadeira essência e
esclarecendo seus valores perenes.
Ainda neste livro compreende-se toda a grandeza de “O Pai Nosso”,
legado de Jesus à humanidade. Com os esclarecimentos de Abdruschin, esta
oração tão conhecida pode de novo ser sentida plenamente pelos seres
humanos.
ISBN 978-85-7279-058-1 • 80 p.
• Também em edição de bolso

RESPOSTAS A PERGUNTAS
de Abdruschin
Coletânea de perguntas respondidas por Abdruschin no período de 1924-
1937, que esclarecem questões enigmáticas da atualidade: Doações por
vaidade • Responsabilidade dos juízes • Frequência às igrejas • Existe uma
“providência”? • Que é Verdade? • Morte natural e morte violenta •
Milagres de Jesus • Pesquisa do câncer • Ressurreição em carne é possível?
• Complexos de inferioridade • Olhos de raios X.
ISBN 85-7279-024-1 • 174 p.
OBRAS DE ROSELIS VON SASS

A DESCONHECIDA BABILÔNIA
A desconhecida Babilônia, de um lado tão encantadora, do outro ameaçada pelo culto de Baal.
Entre nesse cenário e aprecie uma das cidades mais significativas da Antiguidade, conhecida por
seus Jardins Suspensos, pela Torre de Babel e por um povo ímpar – os sumerianos – fortes no
espírito, grandes na cultura.
ISBN 85-7279-063-2 • 304 p.

A GRANDE PIRÂMIDE REVELA SEU SEGREDO


Revelações surpreendentes sobre o significado dessa Pirâmide, única no gênero. O sarcófago
aberto, o construtor da Pirâmide, os sábios da Caldeia, os 40 anos levados na construção, os papiros
perdidos, a Esfinge e muito mais… são encontrados em “A Grande Pirâmide Revela seu Segredo”.
Uma narrativa cativante que transporta o leitor para uma época longínqua em que predominavam o
amor puro, a sabedoria e a alegria.
ISBN 85-7279-044-6 • 368 p.

A VERDADE SOBRE OS INCAS


O povo do Sol, do ouro e de surpreendentes obras de arte e arquitetura. Como puderam construir
incríveis estradas e mesmo cidades em regiões tão inacessíveis?
Um maravilhoso reino que se estendia da Colômbia ao Chile.
Roselis von Sass revela os detalhes da invasão espanhola e da construção de Machu Picchu, os
amplos conhecimentos médicos, os mandamentos de vida dos Incas e muito mais.
ISBN 978-85-7279-053-6 • 288 p.

ÁFRICA E SEUS MISTÉRIOS


“África para os africanos!” é o que um grupo de pessoas de diversas cores e origens buscava pouco
tempo após o Congo Belga deixar de ser colônia. Queriam promover a paz e auxiliar seu próximo.
Um romance emocionante e cheio de ação. Deixe os costumes e tradições africanas invadirem o
seu imaginário! Surpreenda-se com a sensibilidade da autora ao retratar a alma africana!
ISBN 85-7279-057-8 • 336 p.

ATLÂNTIDA. Princípio e Fim da Grande Tragédia


Atlântida, a enorme ilha de incrível beleza e natureza rica, desapareceu da face da Terra em um dia
e uma noite…
Roselis von Sass descreve os últimos 50 anos da história desse maravilhoso país, citado por Platão,
e as advertências ao povo para que mudassem para outras regiões.
ISBN 978-85-7279-036-9 • 176 p.

FIOS DO DESTINO DETERMINAM A VIDA HUMANA


Amor, felicidade, inimizades, sofrimentos!… Que mistério fascinante cerca os relacionamentos
humanos! Em narrativas surpreendentes a autora mostra como as escolhas presentes são capazes de
determinar o futuro. O leitor descobrirá também como novos caminhos podem corrigir falhas do
passado, forjando um futuro melhor.
Edição de bolso • ISBN 978-85-7279-092-5 • 304 p.

LEOPOLDINA, uma vida pela Independência


Pouco se fala nos registros históricos sobre a brilhante atuação da primeira imperatriz brasileira na
política do país. Roselis von Sass mostra os fatos que antecederam a Independência e culminaram
com a emancipação política do Brasil, sob o olhar abrangente de Leopoldina. – Extraído do livro
“Revelações Inéditas da História do Brasil”.
Edição de bolso • ISBN 978-85-7279-111-3 • 144 p.
O LIVRO DO JUÍZO FINAL
Uma verdadeira enciclopédia do espírito, onde o leitor encontrará um mundo repleto de novos
conhecimentos. Profecias, o enigma das doenças e dos sofrimentos, a morte terrena e a vida no Além,
a 3ª Mensagem de Fátima, os chamados “deuses” da Antiguidade, o Filho do Homem e muito mais…
ISBN 978-85-7279-049-9 • 384 p.
O NASCIMENTO DA TERRA
Qual a origem da Terra e como se formou?
Roselis von Sass descreve com sensibilidade e riqueza de detalhes o trabalho minucioso e
incansável dos seres da natureza na preparação do planeta para a chegada dos seres humanos.
ISBN 85-7279-047-0 • 176 p.
OS PRIMEIROS SERES HUMANOS
Conheça relatos inéditos sobre os primeiros seres humanos que habitaram a Terra e descubra sua
origem.
Uma abordagem interessante sobre como surgiram e como eram os berços da humanidade e a
condução das diferentes raças.
Roselis von Sass esclarece enigmas… o homem de Neanderthal, o porquê das Eras Glaciais e
muito mais…
ISBN 978-85-7279-055-0 • 160 p.

PROFECIAS E OUTRAS REVELAÇÕES


As pressões do mundo atual, aliadas ao desejo de desvendar os mistérios da vida, trazem à tona o
interesse pelas profecias. O livro traz revelações sobre a ainda intrigante Terceira Mensagem de
Fátima, as transformações do Sol e o Grande Cometa, e mostra que na vida tudo é regido pela lei de
causa e efeito e que dentro da matéria nada é eterno! – Extraído de “O Livro do Juízo Final”.
Edição de bolso • ISBN 85-7279-088-8 • 176 p.

REVELAÇÕES INÉDITAS DA HISTÓRIA DO BRASIL


Através de um olhar retrospectivo e sensível a autora narra os acontecimentos da época da
Independência do Brasil, relatando traços de personalidade e fatos inéditos sobre os principais
personagens da nossa História, como a Imperatriz Leopoldina, os irmãos Andradas, Dom Pedro I,
Carlota Joaquina, a Marquesa de Santos, Metternich da Áustria e outros…
Descubra ainda a origem dos guaranis e dos tupanos, e os motivos que levaram à escolha de
Brasília como capital, ainda antes do Descobrimento do Brasil.
ISBN 978-85-7279-112-0 • 256 p.

SABÁ, o País das Mil Fragrâncias


Feliz Arábia! Feliz Sabá! Sabá de Biltis, a famosa rainha que desperta o interesse de pesquisadores
da atualidade. Sabá dos valiosos papiros com os ensinamentos dos antigos “sábios da Caldeia”. Da
famosa viagem da rainha de Sabá, em visita ao célebre rei judeu, Salomão.
Em uma narrativa atraente e romanceada, a autora traz de volta os perfumes de Sabá, a terra da
mirra, do bálsamo e do incenso, o “país do aroma dourado”!
ISBN 85-7279-066-7 • 416 p.

TEMPO DE APRENDIZADO
“Tempo de Aprendizado” traz frases e pequenas narrativas sobre a vida, o cotidiano e o poder do
ser humano em determinar seu futuro. Fala sobre a relação do ser humano com o mundo que está ao
redor, com seus semelhantes e com a natureza. Não há receitas para o bem-viver, mas algumas
narrativas interessantes e pinceladas de reflexão que convidam a entrar em um novo tempo. Tempo
de Aprendizado.
Livro ilustrado • Capa dura • ISBN 85-7279-085-3 • 112 p.
OBRAS DE DIVERSOS AUTORES

A VIDA DE ABDRUSCHIN
Por volta do século XIII a.C., o soberano dos árabes parte em direção aos homens do deserto.
Rústicos guerreiros tornam-se pacíficos sob o comando daquele a quem denominam “Príncipe”.Na
corte do faráo ocorre o previsto encontro entre Abdruschin e Moisés, o libertador do povo israelita.
“A Vida de Abdruschin” é a narrativa da passagem desse “Soberano dos soberanos” pela Terra.
ISBN 85-7279-011-X • 264 p.

A VIDA DE MOISÉS
A narrativa envolvente traz de volta o caminho percorrido por Moisés desde seu nascimento até o
cumprimento de sua missão: libertar o povo israelita da escravidão egípcia e transmitir os
Mandamentos de Deus.
Com um novo olhar acompanhe os passos de Moisés em sua busca pela Verdade e liberdade. –
Extraído do livro “Aspectos do Antigo Egito”.
Edição de bolso • ISBN 85-7279-074-8 • 160 p.

ASPECTOS DO ANTIGO EGITO


O Egito ressurge diante dos olhos do leitor trazendo de volta nomes que o mundo não esqueceu –
Tutancâmon, Ramsés, Moisés, Akhenaton e Nefertiti.
Reviva a história desses grandes personagens, conhecendo suas conquistas, seus sofrimentos e
alegrias, na evolução de seus espíritos.
ISBN 85-7279-076-4 • 288 p.

BUDDHA
Os grandes ensinamentos de Buddha que ficaram perdidos no tempo…
O livro traz à tona questões fundamentais sobre a existência do ser humano, o porquê dos
sofrimentos, e também esclarece o Nirvana e a reencarnação.
ISBN 978-85-7279-072-7 • 352 p.

CASSANDRA, a princesa de Troia


Pouco explorada pela história, a atuação de Cassandra, filha de Príamo e Hécuba, reis de Troia,
ganha destaque nesta narrativa. Com suas profecias, a jovem alertava constantemente sobre o trágico
destino que se aproximava de Troia.
Edição de bolso • ISBN 978-85-7279-113-7 • 240 p.

ÉFESO
A vida na Terra há milhares de anos. A evolução dos seres humanos que sintonizados com as leis
da natureza eram donos de uma rara sensibilidade, hoje chamada “sexto sentido”.
ISBN 85-7279-006-3 • 232 p.
ESPIANDO PELA FRESTA
de Sibélia Zanon, com ilustrações de Maria de Fátima Seehagen
“Espiando pela fresta” tem o cotidiano como palco. As 22 frestas do livro têm o olhar curioso para
questões que apaixonam ou incomodam. A prosa de Sibélia Zanon busca o poético e, com
frequência, mergulha na infância: espaço propício para as descobertas da existência e também
território despretensioso, capaz de revelar as verdades complexas da vida adulta.
ISBN 978-85-7279-114-4 • 112 p.

JESUS ENSINA AS LEIS DA CRIAÇÃO


de Roberto C. P. Junior
Em “Jesus Ensina as Leis da Criação”, Roberto C. P. Junior discorre sobre a abrangência das
parábolas e das leis da Criação de forma independente e lógica. Com isso, leva o leitor a uma análise
desvinculada de dogmas. O livro destaca passagens históricas, sendo ainda enriquecido por citações
de teólogos, cientistas e filósofos.
ISBN 85-7279-087-X • 240 p.

JESUS, Fatos Desconhecidos


Independentemente de religião ou misticismo, o legado de Jesus chama a atenção de leigos e
estudiosos.
“Jesus, Fatos Desconhecidos” traz dois relatos reais de sua vida que resgatam a verdadeira
personalidade e atuação do Mestre, desmistificando dogmas e incompreensões nas interpretações
criadas por mãos humanas ao longo da História. – Extraído do livro “Jesus, o Amor de Deus”.
Edição de bolso • ISBN 978-85-7279-089-5 • 194 p.

JESUS, o Amor de Deus


Um novo Jesus, desconhecido da humanidade, é desvendado. Sua infância… sua vida marcada por
ensinamentos, vivências, sofrimentos… Os caminhos de João Batista também são focados.
“Jesus, o Amor de Deus” – um livro fascinante sobre aquele que veio como Portador da Verdade
na Terra!
ISBN 85-7279-064-0 • 400 p.

LAO-TSE
Conheça a trajetória do grande sábio que marcou uma época toda especial na China.
Acompanhe a sua peregrinação pelo país na busca de constante aprendizado, a vida nos antigos
mosteiros do Tibete, e sua consagração como superior dos lamas e guia espiritual de toda a China.
ISBN 978-85-7279-065-9 • 304 p.

MARIA MADALENA
Maria Madalena é personagem que provoca curiosidade, admiração e polêmica!
Símbolo de liderança feminina, essa mulher de rara beleza foi especialmente tocada pelas palavras
de João Batista e partiu, então, em busca de uma vida mais profunda.
Maria Madalena foi testemunha da ressurreição de Cristo, sendo a escolhida para dar a notícia aos
apóstolos. – Extraído do livro “Os Apóstolos de Jesus”.
Edição de bolso • ISBN 978-85-7279-084-0 • 160 p.
O DIA SEM AMANHÃ
de Roberto C. P. Junior
Uma viagem pela história, desde a França do século XVII até os nossos dias. Vivências e decisões
do passado encontram sua efetivação no presente, dentro da indesviável lei da reciprocidade. A cada
parada da viagem, o leitor se depara com novos conhecimentos e informações que lhe permitem
compreender, de modo natural, a razão e o processo do aceleramento dos acontecimentos na época
atual. – Edição em e-book – nos formatos e-pub e pdf.
ISBN 978-85-7279-116-8 • 510 p.

O FILHO DO HOMEM NA TERRA. Profecias sobre sua vinda e missão


de Roberto C. P. Junior
Profecias relacionadas à época do Juízo Final descrevem, com coerência e clareza, a vinda de um
emissário de Deus, imbuído da missão de desencadear o Juízo e esclarecer à humanidade, perdida em
seus erros, as Leis que governam a Criação.
Por meio de uma pesquisa detalhada, que abrange profecias bíblicas e extrabíblicas, Roberto C. P.
Junior aborda fatos relevantes das antigas tradições sobre o Juízo Final e a vinda do Filho do
Homem.
Edição de bolso • ISBN 85-7279-094-9 • 288 p.

OS APÓSTOLOS DE JESUS
Conheça a grandeza da atuação de Maria Madalena, Paulo, Pedro, João e diversos outros
personagens. “Os Apóstolos de Jesus” desvenda a atuação daqueles seres humanos que tiveram o
privilégio de conviver com Cristo, dando ao leitor uma imagem inédita e real!
ISBN 85-7279-071-3 • 256 p.

QUEM PROTEGE AS CRIANÇAS?


Texto de Antonio Ricardo Cardoso, com iustrações de Maria de Fátima Seehagen e Edson J.
Gonçalez
Qual o encanto e o mistério que envolve o mundo infantil? Entre versos e ilustrações, o mundo
invisível dos guardiões das crianças é revelado, resgatando o conhecimento das antigas tradições que
ficaram perdidas no tempo.
Capa dura • ISBN 85-7279-081-0 • 24 p.

REFLEXÕES SOBRE TEMAS BÍBLICOS


de Fernando José Marques
Neste livro, trechos como a missão de Jesus, a virgindade de Maria de Nazaré, Apocalipse, a
missão dos Reis Magos, pecados e resgate de culpas são interpretados sob nova dimensão.
Obra singular para os que buscam as conexões perdidas no tempo!
Edição de bolso • ISBN 978-85-7279-078-9 • 176 p.

ZOROASTER
A vida empolgante do profeta iraniano, Zoroaster, o preparador do caminho Daquele que viria, e
posteriormente Zorotushtra, o conservador do caminho. Neste livro são narrados de maneira especial
suas viagens e os meios empregados para tornar seu saber acessível ao povo.
ISBN 85-7279-083-7 • 288 p.
Correspondência e pedidos:

Rua Sete de Setembro, 29.200 – CEP 06845-000


Embu das Artes – SP – BRASIL
Tel.: 11 4781-0006
graal@graal.org.br

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