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DISTÚRBIOS TROPICAIS
Leslie F. MUSK
Tradução: Maria Elisa Siqueira SILVA
Programa de Pós-Graduação em Geografia Física
FFLCH – Universidade de São Paulo
elisasiq@usp.br
Ondas de Leste
O modelo clássico e a descrição das ondas de leste foram desenvolvidos por
Rhiel e seus contribuidores na área do Caribe depois da II Guerra Mundial. Uma
onda de leste é uma onda, ou um cavado de baixa pressão, inserido no
escoamento dos alísios; o cavado estende-se na direção dos pólos e é orientado
na direção nordeste-sudoeste no hemisfério norte, com uma inclinação para leste
(Figura 14.1). Estas ondas movem-se para oeste entre as latitude de 5o e 20o, a 5-
8 m/s (metade da velocidade dos alísios na altura de sua máxima intensidade),
sofrendo pouca variação com o tempo.
A onda de leste está ilustrada na Figura 14.1, que mostra uma superfície típica do
escoamento da média troposfera associado com uma onda de leste sobre o
Caribe. A onda está presente na carta de superfície, mas tipicamente alcança sua
maior intensidade entre 700-500 mb (aproximadamente a 4 km), e então se
desintensifica com a altitude. À frente do cavado, de acordo com Rhiel, são
características a divergência em baixos níveis e a subsidência, associadas a
tempo bom; a camada úmida e relativamente baixa (1200-1800 metros) permite a
baixa altitude da inversão dos ventos alísios. Formam-se Cumulus espalhados em
“ruas” de nuvens até a altura da inversão, com pouca ou nenhuma precipitação.
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Figura 14.1 Estrutura de uma onda de leste sobre o Caribe: (a) linhas de corrente na superfície
movendo-se para oeste (na direção da seta maior) a uma velocidade menor do que a dos ventos
alísios – as barbelas indicam a velocidade, sendo que cada barbela pequena representa 2,5 m/s;
(b) padrão de linhas de corrente a 500 mb – a amplitude da onda é grande (i.e., mais pronunciada)
do que à superfície, e o eixo está mais a leste; (c) seção vertical de oeste a leste, indicando a
convecção limitada a frente do cavado e nuvens profundas atrás do cavado – as setas indicam a
velocidade e a direção do vento horizontal.
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Ciclones Tropicais
Ciclones tropicais ou furacões são tempestades marítimas tropicais violentas,
freqüentemente com uma forma circular quando completamente desenvolvidos,
com pressões muito baixas na região central e ventos superiores a 33 m/s (115
km/h ou 64 nós). Freqüentemente a velocidade do vento é superior a 50 m/s, e
eles são um dos mais devastadores e amedrontadores fenômenos naturais. A
previsão do desenvolvimento destes sistemas é um dos maiores problemas não
resolvidos da meteorologia atual.
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Figura 14.2 Áreas de formação do ciclone tropical, mostrando a porcentagem de ciclones tropicais
que ocorrem em cada área em relação ao total global, as trajetórias mais comuns dos ciclones
tropicais, e a localização da isoterma de 26,5oC da superfície do mar, para agosto no hemisfério
Norte e para janeiro no hemisfério sul.
1
Lapse rate: variação vertical da temperatura. Medida de instabilidade termodinâmica da atmosfera. (nota do
tradutor)
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Tabela 14.1 Freqüência de ocorrência dos ciclones tropicais por área, 1958-77.
Número médio por
Área Intervaloa Estaçãob Mês/Máximo
ano
Oceano Atlântico Oeste 8,8 4-14 ago-out set
Oceano Pacífico Norte Leste
13,4 6-20 jun-out ago
Oceano Pacífico Norte Oeste
26,3 17-39 mai-dez set
Oceano Índico Norte 6,1 4-9 out-nov nov
Fonte: Gray, W. M. (1979) “Hurricanes: their formation, structure and likely role in the tropical
circulation” in Shaw, D. B. (ed.) Meteorology over tropical oceans (Royal Meteorological Society)
pp. 155-218.
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Imagem do furacão Gladys sobre o Golfo do México tirada por astronautas na missão espacial à
bordo da Apollo 7, em 17 de outubro de 1968. Especialmente cedida pela NASA.
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Figura 14.3 Tendência de danos e mortes nos EUA causados por ciclones tropicais, 1915-1969.
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(2) Satélites meteorológicos têm sido usados para localizar a trajetória dos
ciclones tropicais desde o lançamento do TIROS I (apelidados de
“furacão faminto”) em abril de 1960; a disponibilidade de imagens e
dados dos satélites geostacionários (e.g., os do Meteosat) a cada 30
minutos, durante o dia e a noite, possibilita que os avisos de
tempestades e previsões das condições esperadas sejam ajustados e
atualizados em intervalos regulares de tempo.
(3) Radares meteorológicos têm sido usados durante os últimos 30 anos
para localizar tormentas dentro de um raio de 100 a 300 km
(particularmente na costa sudeste dos EUA) e, para investigar a
estrutura de tormentas (especialmente a estrutura de nuvens e bandas
de chuva em mesoscala).
Figura 14.4 Seção horizontal de um ciclone tropical, mostrando a direção dos ventos e os
principais aspectos de nebulosidade (OCB: banda convectica externa (outer convective band); AZ:
zona anular (anular zone)).
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Se todas estas condições são satisfeitas, então existe uma chance de que a
formação de um núcleo quente se desenvolva. Isto irá estimular a geração e
manutenção de circulação ciclônica, com isóbaras fechadas, a conformação pode
intensificar-se com a queda de 15-30 mb em dois dias e formar um ciclone tropical
(se as condições favoráveis continuam durante este período de dois dias). O
problema de previsão da formação de um ciclone tropical é que ele ocorre em
regiões dos oceanos tropicais com poucos dados, e não é fácil conseguir os
dados. O desenvolvimento do núcleo quente, crítico para todo o processo, é
particularmente difícil de ser monitorado.
3
Parâmetro de Coriolis
f ≥ 10-5 s-1
lat ≥ 5o
1
Fonte de calor sensível e
latente
Temperatura ≥ 26o C Aglomerado de
Convergência na nuvens Aglomerado de pré-
camada limite 100-1000 km tempestades
(abaixo de 1 km) 87% de todas as 13% das ocasiões
2 ocasiões curvatura se desenvolve
Pré-existência de
distúrbio em baixos níveis
4
Cisalhamento vertical pequeno
200-850 mb
Fonte interna de
instabilidade condicional
Convecção de “torres quentes”
5
Anticiclone superior ou 7
Umidade
divergência acima alta na média
troposfera
6
Sumidouro externo de calor
Aprofundamento do cavado
Formação de núcleos
quentes
8o – 10o C em 24 h
Estímulo da circulação de
FORMAÇÃO DE CICLONE TROPICAL massa
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Referência
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