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Ciclo hidrológico

A água é o bem mais precioso do planeta.

Apesar de a água ser um recurso


natural e abundante na terra, a sua
distribuição irregular resulta no
facto de apenas uma pequeníssima
porção estar dísponivel para ser
utilizada pelo homem.

Existe em grandes quantidades na


Terra, mas nem toda pode ser
consumida.

É um recurso renovável e pode ser encontrada nos três estados físicos: sólido (neves e
gelos), líquido (rios, lagos e águas subterrâneas) e gasoso (vapor de água).

Circulação geral da atmosfera


A atmosfera da Terra exerce pressão à superfície (pressão atmosférica), fruto da força exercida
pelo ar.

Mede-se num barómetro em hectopascais (hpa)

Se a pressão for superior a 1013 hpa estamos na presença de uma alta pressão.

Se a pressão for inferior a 1013 hpa estamos na presença de uma baixa pressão.

A junção de linhas com a mesma pressão atmosférica (linhas isobáricas/isóbaras)permite


identificar campos de pressão.

A pressão atmosférica varia com:

 Altitude – quanto maior é a altitude, menor é a pressão.


 Temperatura – quanto maior é a temperatura, menor é a pressão.
 Densidade do ar – quanto maior é a densidade, maior será a pressão.
 Espaço e tempo – os fatores referidos antes não se observam da mesma forma,
em todas as partes da Terra, ao longo do tempo.

Quer os anticiclones quer as baixas pressões são processos isobáricos que podem ser
identificados pela existência de linhas concêntricas de igual pressão (isóbaras). Essas linhas
formam núcleos com pressões mais elevadas no centro, os anticiclones, ou mais baixas, as
depressões.
Nos centros de altas pressões, o ar desce, aquece e a humidade relativa diminui, pelo que não
existem condições para que se dê a condensação do vapor de água e formação de nuvens,
muito menos ainda a queda de precipitação. Pode, por isso, dizer-se que a um anticiclone está,
normalmente, associado bom
tempo (céu limpo e tempo
seco).

Nos centros de baixas pressões,


o ar sobe, arrefece e a humidade
relativa aumenta, pelo que
existem condições para que se
dê a condensação do vapor de
água e a formação de nuvens, as
quais podem dar origem à queda
de precipitação. Pode, então,
dizer-se que uma depressão está
associada a mau tempo (céu
nublado e possibilidade de
precipitação).

Na região intertropical, o ar desloca-se das


altas pressões subtropicais, que determinam
uma zona de divergência, para as baixas
pressões equatoriais, que constituem uma
zona de convergência, originando os ventos
alísios.

Esta convergência dos alísios, provenientes do


hemisfério norte e do hemisfério sul, origina a
convergência intertropical. Contudo, por vezes,
os alísios enfraquecem de tal modo que
originam grandes espaços sem vento.

Nas zonas temperadas, o ar desloca-se das


altas pressões subtropicais para as baixas
pressões subpolares, dando origem aos ventos
de oeste. Estes fluxos de ar são os que mais afetam Portugal ao longo do ano.

Variabilidade da precipitação com a deslocação, em latitude, das cinturas de altas e


baixas pressões
As várias faixas de pressão não ocupam permanentemente as mesmas posições. Ao longo
do ano deslocam-se em latitude, ou seja, movimentam-se para norte e para sul,
acompanhando com ligeiro atraso o movimento anual aparente do sol.

Esta oscilação em latitude dos centros barométricos e, consequentemente, das faixas dos
ventos, tem grande importância nas regiões das latitudes médias, onde se situa Portugal,
uma vez que ficam sujeitas à influência alternada:
 Dos centros de altas
pressões subtropicais
e das massas de ar
tropicais (marítima e
continental), no verão;

 Dos centros de baixas


pressões subpolares e
das massas de ar
polares (marítima e
continental),
sobretudo no inverno.

No inverno, devido ao deslocamento para sul das baixas pressões subpolares, é muito
comum verificar-se sobre o nosso território a convergência de massas de ar polares e
tropicais, da qual resulta a formação de superfícies frontais e frentes.

Quando duas massas de ar de características diferentes convergem e entram em


contacto uma com a outra, estas não se misturam, pelo que ficam separadas por uma
faixa de transição a que se dá o nome de superfície frontal. Esta, em contacto com a
superfície da terra dá origem à chamada frente.
O movimento das massas de ar pode corresponder a um avanço do ar quente sobre o
ar frio, dando assim origem a uma superfície frontal quente e, consequentemente, a
uma frente fria, ou, pelo contrário, pode corresponder a um avanço do ar frio sob o ar
quente, o que dará origem a uma superfície frontal fria.

À medida que as perturbações frontais avançam, no sentido oeste-este, vão


provocando, nos diversos lugares do seu trajeto, uma sucessão de estados de tempo
bastante característicos.

Influência do ar frio anterior


1. Embora ainda sob a influência do ar frio anterior, a aproximação da frente quente marca o
início do agravamento do estado do tempo:
• formam-se nuvens de grande desenvolvimento horizontal (altas e finas), devido à
subida lenta do ar ao longo da superfície frontal quente;

• ocorrem as primeiras precipitações, sob a forma de chuviscos (chuva miudinha e


persistente).

Passagem da frente quente

2.Aquando da passagem da frente quente, e nos momentos que a precedem, as condições


meteorológicas tendem a piorar. Verifica-se:
• a existência de muita nebulosidade, sobretudo nuvens de fraco desenvolvimento
horizontal (pouco espessas);

• a ocorrência de precipitação miudinha e de longa duração (chuviscos);


• temperatura relativamente baixa, embora com uma tendência de subida progressiva,
devido à aproximação da massa de ar quente;

• a diminuição da pressão atmosférica;


• um ligeiro ligeiro da velocidade do vento.

Influência do ar quente
3. Após a passagem da frente quente, e já sob a influência do ar quente, verifica-se uma
melhoria geral no estado do tempo:
• o céu apresenta-se, de um modo geral, pouco nublado, embora possam ocorrer períodos de
precipitação, alternando com períodos de boas abertas (céu limpo);
• o vento é moderado;
• a temperatura é relativamente elevada para a época.

Passagem da frente fria

4.
Com a aproximação e a passagem da frente fria surge um novo agravamento no estado do
tempo:
• a nebulosidade aumenta, sendo constituída, sobretudo, por nuvens de grande
desenvolvimento vertical (muito espessas), devido à brusca subida do ar quente ao longo da
superfície frontal fria;
• a precipitação é intensa e de curta duração (aguaceiros), frequentemente acompanhada de
trovoada;
• a temperatura diminui, devido à aproximação da massa de ar frio do setor posterior;
• a pressão atmosférica aumenta rapidamente;
• o rumo do vento altera-se e a sua velocidade aumenta.
Influência do ar frio posterior
5. Depois da passagem da frente fria, e já sob a influência do ar frio posterior, tende a
verificar-se uma progressiva estabilidade no estado do tempo:
• o vento muda de direção e a nebulosidade diminui;
• a precipitação diminui, embora possam ainda ocorrer alguns aguaceiros dispersos;
• a temperatura mantém-se baixa, devido à presença da massa de ar frio posterior.

Estados de tempo mais frequentes em Portugal

Situações meteorológicas de Inverno:

No inverno, Portugal é influenciado pelos centros de


baixas pressões subpolares e pela passagem sistemática
das perturbações da frente polar (frente polar) que, ao
descerem em latitude e ao se deslocarem em vagas
sucessivas de oeste para este, vão provocando mau
tempo, ou seja, céu muito nublado e precipitações mais
ou menos abundantes.

Por vezes,
devido ao intenso arrefecimento da Europa
Ocidental, forma-se sobre esta região, e em
particular sobre a Península Ibérica, um
anticiclone de origem térmica.
Este centro de altas pressões, para além de
proporcionar, por si só, uma situação de bom
tempo, constitui, também, um bloqueio ao
avanço das perturbações frontais vindas de
oeste, obrigando-as a desviar mais para norte
ou enfraquecendo-as.

Situações meteorológicas de Verão:

No verão, o tempo em Portugal é mais


estável, por serem também mais estáveis os
fatores que o condicionam.
O céu apresenta-se de um modo geral limpo ou pouco nublado, o vento é fraco e as
temperaturas do ar são elevadas . Esta última característica
resulta da menor obliquidade com que os raios solares incidem no nosso país, da
maior duração do dia natural e da maior influência das massas de ar quente tropical.

Embora a situação de bom tempo seja a mais frequente durante o verão, não significa
que não possam ocorrer estados de tempo bastante diferentes. Não raras vezes,
acontece, por exemplo, que, devido ao elevado
aquecimento diurno verificado no interior da
Península Ibérica, se forma sobre ela uma depressão
de origem térmica.
Ocasionalmente, esta depressão barométrica
estende-se até ao norte de África e, se na Europa
Ocidental estiver localizado um centro de altas
pressões, a circulação conjunta destes dois centros
de ação faz com que cheguem ao nosso país massas
de ar tropical continental vindas do deserto do Sara.
O tempo torna-se, então, muito quente e muito
seco, especialmente no Algarve, com o vento a
soprar de leste ou de sudeste – vento de levante.

Do mesmo modo, quando a


depressão de origem térmica,
formada sobre a Península Ibérica,
se conjuga com o anticiclone dos
Açores, centrado a norte deste
arquipélago.
Provoca vento relativamente
fresco do quadrante norte,
conhecido por nortada, a qual é
particularmente sentida na costa
ocidental, principalmente durante a tarde.

Tipos de precipitação mais frequentes em Portugal

Para que aconteça qualquer forma de precipitação, é necessário que haja nuvens e, para
que estas se formem, é imprescendível que tenha havido uma subida do ar capaz de lhe
provocar um arrefecimento sufeciente para ser ultrapassado o ponto de saturação e haver
lugar à condensação do vapor de água.
De acordo com o mecanismo que provoca a subida do ar e o seu consequente
arrefecimento, podem distinguir-se 3 tipos de precipitação: frontal, orográfica (ou de
relevo) e convectiva.

Precipitação frontal

As precipitações frontais formam-se em resultado da subida do ar quente ao longo das


superfícies frontais (quente e fria) de uma perturbação.

A ascendência do ar quente é relativamente lenta Ao longo da superfície frontal fria, pelo


ao longo da superfície frontal quente, uma vez que contrário, o ar ascende de forma rápida, devido
esta se apresenta menos inclinada , pelo que o ao maior declive que a superfície frontal
processo de arrefecimento do ar, o aumento da apresenta, pelo que o arrefecimento do ar, o
humidade relativa e condensação do vapor de água aumento da humidade relativa e a condensação
acontecem também lentamente. Por esse motivo, do vapor de água acontecem quase
as nuvens apresentam grande desenvolvimento violentamente. As nuvens que, então se
horizontal e dão origem a precipitação pouco formam têm um grande desenvolvimento
intensa, mas contínua e de longa duração vertical e dão origem a precipitação intensa e
(chuviscos). de curta duração (aguaceiros).

Estas precipitações sãoo características das zonas de convergêcia das latitudes médias, isto
é, das zonas dominadas pelas baixas pressões subpolares. Por essa razão, elas são também
predominantes em Portugal, sobretudo na metade norte, e principalmente durante a
época de inverno.

Precipitação orográfica

As precipitações orográficas são provocadas


por uma subida forçada do ar quando se
apresenta, ao longo do seu trajeto, uma
elevação. Assiste-se, assim, ao arrefecimento do ar, à condensação do vapor de água e à
formação de nuvens, que dão origem à precipitação.

Estas precipitações são frequentes em todas as áreas de relevo acidentado, especialmente


ao longo das vertentes expostas aos ventos húmidos. Nas vertentes opostas, as
precipitações são mais escassas devido ao movimento descendente do ar e ao
consequente aquecimento do mesmo. Em Portugal continental ocorrem sobretudo na
metade norte, principalmente do lado dos grandes alinhamentos montanhosos, expostos
aos ventos húmidos vindos do Atlântico.

São também muito frequentes nos Açores e na Madeira, sendo tanto mais intensas quanto
mais alta for a ilha e mais exposta estiver às massas de ar de origem marítima.

Precipitação convectiva

As precipitações convectivas são produzidas por uma


ascendência brusca do ar, em resultado de um intenso
aquecimento da superfície da Terra. Ao subir, o ar
arrefece, provocando a condensação do vapor de água
e a formação de nuvens de grande desenvolvimento
vertical, que originam chuva intensa e de curta duração
(aguaceiros), as quais são frequentemente
acompanhadas de trovoada.

As chuvas convecticas são típicas da zona intertropical,


nomeadamente da região equatorial. No entanto, na época de verão são também
frequentes no interior dos continentes das regiões temperadas, pelo que também
acontecem em Portugal devido às altas temperaturas que então se verificam.

Fatores influentes na distribuição da precipitação


Altitude
No norte (e centro) a precipitação é mais elevada porque:

 Esta região apresenta um relevo mais acidentado e de maior altitude – à medida


que aumenta a altitude, a precipitação aumenta até um certo limite.

No sul a precipitação é menor porque:

 Tem um relevo menos acidentado e de menor altitude. No entanto, algumas


regiões de altitude mais elevada (exemplo: serras de S. Mamede, Alvão,
Monchique e Caldeirão) registam valores mais elevados que as áreas envolventes.

Orientação das vertentes

No noroeste a precipitação é mais elevada porque:

 Existem montanhas concordantes (Gerês, Peneda, Cabreira, Caramulo,


Montemuro) que constituem um obstáculo à propagação dos ventos húmidos de
oeste para o interior.

No nordeste a precipitação é menor porque:


 Está protegido dos ventos húmidos de oeste, pelas montanhas concordantes do
noroeste que, quando chegam a esta região, já estão muito secos;
 Tem a influência dos ventos secos de leste, provenientes da Península Ibérica.

Na Cordilheira Central (serras da Lousã, Estrela, Açor) a precipitação é mais elevada porque:

 Além da maior altitude, são discordantes, isto é, dispõem-se obliquamente à linha de


costa, o que facilita a penetração dos ventos húmidos de oeste para áreas afastadas do
litoral.

Latitude

No norte a precipitação é mais elevada porque:

 Sofre uma maior influência das perturbações da frente polar .

No sul a precipitação é menor porque:

 Está mais afastado da influência das perturbações da frente polar;


 É influenciado pelos anticiclones subtropicais, em particular o dos Açores, e pela
massa de ar quente e seca formada no norte de África (massa de ar quente
tropical);
 As temperaturas mais elevadas afastam o ar da saturação.

Distância do Atlântico e correntes marítimas

No litoral a precipitação é mais elevada porque:

 Há uma maior influência do Atlântico, que é reforçada pela corrente quente de


Portugal, que coloca as áreas de menor continentalidade mais sujeitas à
influência dos ventos de oeste, carregados de humidade, devido à intensa
evaporação.

No interior a precipitação é menor porque:

 Há uma maior continentalidade, que leva a que a influência ventos húmidos


de oeste seja menor , uma vez que estes vão perdendo humidade devido às
precipitações que desencadeando, que são reforçadas pela altitude e
orientação geográfica das vertentes.

Clima de Portugal Continental e Insular


Portugal, em consequência da sua latitude e da conjugação e sucessão habitual dos vários
elementos climáticos, durante um longo período de tempo, tem características climáticas
de feição mediterrânica, que é mais acentuada no sul do país.

Assim, o clima nacional é temperado mediterrâneo. Contudo, é possível identificar alguns


conjuntos climáticos resultantes da influência:

 do Atlântico no litoral, sobretudo no litoral norte;


 do continente, no interior;
 da altitude nas áreas de montanha.

Clima temperado mediterrâneo de influência continental:

 faz-se sentir na região nordeste de Portugal continental; verões muito quentes e


invernos muito frios;
 amplitude térmica anual elevada;
precipitação fraca;
 estação seca com uma duração
entre os dois e os quatro meses.

Clima temperado mediterrâneo de


influência atlântica:

 tem características muito


semelhantes ao clima temperado
marítimo;
 faz-se sentir no noroeste
continental e Açores;
 verões mais frescos e invernos
amenos;
 amplitude térmica anual fraca;
 precipitação elevada ao longo de
todo o ano, concentrando-se no
outono e no inverno;
 a estação seca não ultrapassa os
dois meses.

Clima temperado mediterrâneo:

 faz-se sentir no sul, centro litoral e Madeira; verões quentes, longos e secos;
 invernos suaves e curtos;
 precipitação irregular e fraca;
 estação seca entre quatro a seis meses.

Clima de altitude:

 verões frescos e húmidos e invernos muito rigorosos;


 amplitude térmica anual elevada; precipitação elevada ao longo do ano e no inverno,
frequentemente, sob a forma de neve.

No arquipélago dos Açores, o clima, muito próximo ao do noroeste do território continental, e


com características muito próximas do clima temperado oceânico, caracteriza-se por:

temperaturas amenas; fraca amplitude térmica anual;


elevada humidade relativa do ar . precipitação abundante e regularmente distribuída ao longo
do ano, embora com maior abundância nos meses de outono e de inverno;

a estação seca é inferior a dois meses (existindo no grupo oriental).

Em relação às características climáticas do arquipélago da Madeira, podemos dizer que:

 possui um clima temperado mediterrâneo;


 a ilha da Madeira possui uma maior diferenciação climática que os Açores,
nomeadamente entre a vertente norte, que é mais húmida e pluviosa, e a vertente sul,
que é mais quente e seca;
 a ilha de Porto Santo caracteriza-se pela temperatura elevada, escassa precipitação e
estação seca prolongada.

As disponibilidades hídricas de Portugal


Em Portugal , apesar das oscilações interanuais, a repartição anual e espacial da precipitação é
irregular o que leva a que haja também uma distribuição irregular no tempo e no espaço, das
disponibilidades hídricas, que diminuem no verão, de norte para sul e do litoral para o interior.

Assim, ao longo do ano:


 As maiores disponibilidades hídricas registam-se nos meses de outono e inverno
devido aos maiores valores pluviométricos que ocorrem nesta época do ano;
 As menores disponibilidades hídricas correspondem aos meses de primavera e verão
devido à diminuição dos quantitativos pluviométricos registados a partir da primavera
e que atingem os valores mínimos na estação estival.

Em termos espaciais...

As áreas mais húmidas correspondem às que registam valores de precipitação mais elevadas,
nomeadamente:

 o norte e as áreas montanhosas: o relevo mais acidentado promove valores de


precipitação elevados, o que explica que as regiões entre o Lima e o Cávado sejam
muito pluviosas, sobretudo as voltadas para o Atlântico.

As áreas mais secas correspondem às áreas que registam os menores quantitativos


pluviométricos, destacando-se:

 o sul do Tejo: a precipitação decresce para sul e para o interior. A região do Guadiana,
juntamente com o vale do Douro superior, são as regiões mais secas do território.

As águas superficiais

As águas superficiais têm origem nas precipitações que caiem sobre


a superfície e constituem a prinicipal fonte de alimentação dos
cursos de água, sejam eles temporários ou permanentes. Estas águas
superficiais englobam a água dos rios, dos lagos, das lagoas naturais
e os reservatórios de águas superfíciais, como albufeiras de
barragens.

Portugal apresenta uma elevada densidade de linhas de água


superficiais que se encontram interligadas e originam a rede
hidrográfica. No território continental, a rede hidrográfica é
dominada pelos rios luso-espanhóis: Minho, Lima, Douro, Tejo e
Guadiana. Contudo, existem outros exclusivamente portugueses,
também com grande importância: Ave, Cávado, Vouga, Mondego,
Mira e Sado.

A rede hidrográfica de Portugal continental acompanha a inclinação


geral do relevo da Península Ibérica, esta que é, nordeste-sudoeste.
Contudo, há rios em que tal não sucede, escoando as suas águas
noutras direções. É o caso, por exemplo, dos rios Sado e Guadiana,
que correm de sul para norte e de norte para sul, respetivamente.

Esta caracteriza-se por ter a norte rios de maior declive e caudal e a


sul por ser constituída por rios de declives menos acentuados e de menor caudal.

O relevo e o clima promovem então o contraste existente entre as redes hidrográficas do


Norte e do Sul do país. Assim, as redes hidrográficas:

 no norte são mais densas, com rios de maior caudal, que escoam por vales mais
estreitos, profundos e de maior declive;
 no sul que além de serem menos, os rios têm um caudal menor e mais irregular, e
escoam em vales pouco profundos, largos e com um menor declive.

De entre as várias bacias hidrográficas (nacionais e


internacionais), a do Douro é a que ocupa maior superfície.
A do Tejo, por seu lado, é a que abrange maior área em
território exclusivamente nacional.

As bacias hidrográficas inteiramente portuguesas são pouco


extensas, e delas destacam-se as dos rios Sado, Mondego,
Vouga e Cávado.

Rede hidrográfica é o conjunto do rio principal e dos seus


afluentes e subafluentes, já a bacia hidrográfica é a
superfície de escoamento de um rio principal e os seus
afluentes.

A partir da forma dos vales podemos inferir a sua idade e o seu tempo de evolução. A fase de
juventude de um curso de água vê-se pela forma abrupta das vertentes do seu vale e do
declive do leito. Até á fase de senilidade, as vertentes vão-se rebaixando até se chegar a uma
fase de peneplanície, em que o rio escoa numa área mais ou menos plana.

Junto à nascente (montante), no chamado curso


superior, a erosão vertical domina e há um grande
aprofundamento do vale, devido à sua maior
capacidade erosiva, em virtude da maior
velocidade de escoamento provacada pelos
declives mais elevados. Os rios escoam por
regiões montanhosas de elevada altitude. Os
vales são, normalmente, em “V” fechado, com
vertentes abruptas. Esta é a fase de juventude do
rio.

A jusante (mais próximo da foz), no curso inferior,


No troço médio dos rios domina o transporte dos materiais. Os o já fraco declive das áreas mais planas e de baixa
mais pesados vão sendo depositados à medida que o declive se vai altitude conduz a um predomínio da deposição
tornando menos acentuado. Os rios escoam em regiões muito das materiais mais leves, pois a velocidade de
menos acidentadas e o maior desgaste transfere-se do leito para as escoamento da água é muito mais reduzida.
margens do rio. A erosão vertical dá agora lugar a uma mais lateral, Nesta secção dos rios, predominam a deposição e
onde há um maior desgaste das margens. Predomina, pois, o sendimentação dos materiais. Aqui, os fundos de
desgaste lateral e o transporte de materiais. Os vales têm uma vale são largos e de baixa altitude, e o traçado
forma de “V” aberto, com vertentes ainda de forte declive mas dos rios é sinuoso devido à quase inexistência de
As variações de altitude, de declive, os diferentes graus de dureza das rochas, são alguns dos
muito mais suaves do que a montante. É a fase de maturidade do declive. É aqui que pode surgir alguma
fatores que provocam, desde a nascente à foz, alterações no leito dos rios dando origem a
rio. meandrização do curso de água. Estamos na fase
diferentes tipos de vales. Assim:
de senilidade.
 a norte do Tejo, dado o caráter acidentado do relevo, o perfil longitudinal é muito
irregular (predomínio de vales encaixados, declivosos e profundos. Para jusante, os
vales tornam-se mais abertos.
 a sul do Tejo, o perfil longitudinal dos rios é mais regular, devido ao relevo menos
acidentado e ao predomínio de planícies.

Balanço Hídrico = Relação entre a quantidade de água que alimenta uma bacia hidrográfica
(precipitação) e a que se perde (evaporação) num determinado período de tempo.

O balanço hídrico das bacias hidrográficas nacionais demonstra um contraste norte/sul:

As bacias do Norte registam um balanço hídrico positivo, o que traduz excesso de água. Os
valores mais elevados registam-se nas bacias do Cávado e do Lima. As bacias do Sul
apresentam défice de água, ou seja, um balanço hídrico negativo, como as do Guadiana ou do
Sado que são aquelas que registam os valores mais baixos.

A irregularidade temporal e a desigual repartição da precipitação refletem-se no escoamento –


parte da água da precipitação que escorre à superfície ou em canais subterrâneos.

O regime de escoamento médio anual acompanha então a variação média anual da


precipitação, sendo caracterizado por grande variabilidade sazonal:

 Os meses que registam os valores de precipitação mais elevados são também os de


maior escoamento;
 Os meses de ocorrência de períodos prolongados de seca (predominantemente no
verão) levam a um decréscimo do escoamento, mais sentido em cursos de água
relativamente pequenos.

Fatores condicionantes do regime dos rios

O regime dos rios nacionais é condicionado por fatores naturais e humanos. Assim, os fatores
naturais principais são:

 O clima (temperatura e precipitação);


 O relevo (forma, declive);
 A natureza dos terrenos;
 O coberto vegetal.

E os fatores humanos principais estão associados:

 à construção, por exemplo, de barragens;


 à alteração do coberto vegetal.

Considerando apenas os fatores naturais, a repartição espacial dos caudais no território


nacional permite verificar que o sul do país é a região que regista um regime anual mais
irregular, em consequência:

 Dos baixos quantitativos pluviométricos e das temperaturas mais elevadas que


provocam uma maior evaporação;
 Do relevo menos acidentado;
 Da menor cobertura vegetal.

A construção de barragens permite regularizar os caudais durante o ano:

 Quando a precipitação é abundante, há retenção de água nas albufeiras, prevenindo


cheias;
 Quando a precipitação é escassa, impedem que deixe de haver escoamento, já que a
água armazenada permite manter um caudal mínimo.

Permite a impermeabilização dos solos, o que provoca o aumento dos riscos de cheias,
através, por exemplo, de:

 Construção de edifícios sobre linhas de água, o que constitui uma obstrução ao


escoamento;
 Pavimentação das ruas que impede a infiltração de água no solo, o que provoca o
aumento da escorrência superficial.

Utilidades das barragens:

 Desenvolvimento de atividades ligadas ao turismo e ao lazer;


 Produção de energia elétrica;
 Captação de água para uso doméstico ou industrial;
 Rega dos campos;
 Regularização dos caudais

As águas subterrâneas

A água da chuva pode infiltrar-se no solo e no subsolo devido à gravidade. Durante a


infiltração, a água pode encontrar uma camada de rocha impermeável, começando a
acumular-se em profundidade. Às formações geólogicas que permitem a circulação e o
armazenamento de águas nos seus espaços vazios, possibilitando a sua exploração
economicamente rendível, dá-se o nome de aquíferos. A água pode acumular-se em
formações geólogicas que assentam sobre formações impermeáveis, podendo ser extraída
para consumo humano. Em Portugal, os aquíferos são essencialmente de três tipos: porosos,
cársicos e fissurados.

As formações sedimentares de origem detrítica (areias,


arenitos e cascalhos) são bastante permeáveis, o que
facilita a infiltração da água, a água circula através dos
espaços vazios, ou poros.
As formações rochosas de granito e xisto são pouco permeáveis, o que explica a escassez de
águas subterrâneas nas regiões onde estas rochas dominam, que é maioritariamente no
Maciço Antigo. Estas rochas pouco permeáveis fazem parte dos aquíferos fissurados.

Muito permeáveis são também as formações cársicas pois a água dissolve o calcário quando
em presença de dióxido de carbono, com isto as fendas e falhas vão-se alargando.

O Maciço Antigo , unidade morfoestrutural que predomina em


Portugal continental, é pobre em aquíferos. Já a bacia do Tejo-
Sado é rica em reservas de água subterrânea, com cerca de
72% do total do país. As orlas ocidental e meridional têm uma
grande variedade, possuindo cerca de 21% das reservas
extraíveis.

As regiões do Maciço Antigo são constituídas por rochas pouco


permeáveis: xistos e granitos. A bacia do Tejo-Sado possui o
maior sistema de aquíferos da Península Ibérica. É uma área
especialmente rica em reservas de água subterrânea porque
nela convergem águas das regiões envolventes, mais elevadas,
e porque possui vários aquíferos muito porosos.

As regiões das Orlas são também ricas e bastante exporadas.


Na Orla Meridional, no Algarve, existem situações de sobre-
exploração dos aquíferos, em virtude das fracas precipitações e
da pressão turística que se exerce nesta região,
particularmente durante o verão. Na Orla Ocidental, os
sistemas aquíferos são importantes e de elvada produtividade. São regiões onde há grandes
extensões de rocha cálcaria, por vezes muito carsificada, o que facilita a infiltração da água.

Existem mesmo rios subterrâneos que, quando afloram à superfície, constituem nascentes
importantes, que se designam por exsurgências.

Por vezes, os rios, ao chegarem a uma região calcária, desaparecem à superfície, fazem parte
do seu percurso subterraneamente, aparecem novamente à superfície uns km mais à frente,
nas denominadas ressurgências.

Os riscos atuais para as disponibilidades hídricas

A água doce salubre é um recurso cada vez mais escasso e representa menos de 3 % de toda a
água do Planeta.

O Homem pode atuar de forma indireta na destruição das reservas de água doce, alterando o
clima de forma global, o que tem como consequências principais a fusão das calotas polares e
a subida do nível do mar que irá provocar a salinização das águas subterrâneas próximas do
litoral.

De uma forma direta, o ser humano é responsável por todos os tipos de poluição que lança
para os rios e toalhas freáticas. As águas subterrâneas são afetadas por poluentes através do
processo de infiltração.

Os rios são contaminados por efluentes de várias origens, que são despejados, diretamente,
nos cursos de água.

As atividades humanas mais poluidoras para os recursos hídricos são as atividades industriais e
agrícolas, assim como os efluentes domésticos.

Há outros três grandes problemas relacionados com graves consequências para os recursos
hídricos:

• Salinização – Ocorre nos aquíferos junto ao litoral. A sua sobre-exploração pode fazer com
que a água salgada, mais densa, penetre nos aquíferos, fazendo chegar grandes quantidades
de água salgada a furos e poços, inutilizando a sua exploração.

• Eutrofização – Relacionada com o aparecimento de grandes quantidades de algas verdes e


azuis nos rios, lagos e albufeiras, devido ao lançamento para os rios de resíduos orgânicos que
servem de nutrientes. As algas multiplicam-se, consomem grande parte do oxigénio da água,
podendo levar à extinção da vida nas águas superficiais.

• Desflorestação – Pode dever-se aos incêndios florestais ou ao abate de floresta para diversos
fins (madeira, abertura de vias de comunicação, crescimento urbano, entre outros).

A gestão dos recursos hídricos superficiais

Os Planos de Ordenamento de Albufeiras (POA) estão centrados nas barragens e respetivas


albufeiras, e definem opções e orientações que estão relacionadas com o controlo de cheias,
manutenção do caudal ecológico dos rios em épocas de estio, aproveitamento turístico e
definição de usos variados da água, entre outros aspetos.

Os Planos de Ordenamento de Bacias Hidográficas (POBH) são de extrema importância,


sobretudo nos rios internacionais, onde tem de haver uma boa articulação com o país vizinho.

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