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A CONCENTRAÇÃO URBANA E AS ECONOMIAS DE ESCALA

Economias de aglomeração
À concentração urbana no litoral corresponde uma concentração de atividades económicas dos sectores secundário e terciário. Estas instalam-se,
preferencialmente, nas áreas urbanas mais desenvolvidas, onde a mão-de-obra é abundante e mais qualificada, e onde existem mais e melhores
infra-estruturas e melhor acessibilidade aos mercados nacional e internacional fig. 1 e 2.

As áreas urbanas atraem as atividades e estas, por sua vez, contribuem para a expansão dessas áreas, pois criam emprego e diversificam as funções e
os bens e serviços que essas aglomerações urbanas podem oferecer.

Aplica-se aqui o princípio das economias de escala - racionalizar os investimentos de forma a obter o menor custo unitário -, pois só é rendível fazer
determinados investimentos em equipamentos e infraestruturas se estes se destinarem a uma grande quantidade de utilizadores.

As vantagens oferecidas pelas grandes concentrações urbanas devem-se ao facto de estas funcionarem como economias de aglomeração - a
população e as várias empresas utilizam as mesmas infra-estruturas de transporte, de comunicação, de distribuição de água, energia, etc., para além
de beneficiarem das relações de complementaridade que entre elas se estabelecem.

Em áreas de povoamento disperso não existem estas vantagens, facto que explica a falta de alguns serviços e de infra-estruturas que condicionam a
qualidade de vida da população.

Deseconomias de aglomeração
As vantagens da aglomeração só se verificam até certos limites, a partir dos quais a concentração passa a ser desvantajosa. O crescimento da
população e do número de empresas conduz, a partir de certa altura, à saturação do espaço e a uma incapacidade de resposta das infraestruturas, dos
equipamentos e dos serviços (fig. 3).
Os problemas resultantes da excessiva aglomeração de população e atividades reflectem-se no aumento dos custos das actividades económicas e
afectam a qualidade de vida da população. Por exemplo, as demoras provocadas pelos congestionamentos de trânsito aumentam os consumos de
energia e respectivos custos económicos e ambientais, prejudicam a produtividade das empresas e causam problemas de saúde às pessoas que,
diariamente, suportam essas demoras.

Surge, então, a necessidade de se melhorarem as infra-estruturas, os equipamentos e os serviços sociais, para responder às necessidades da
população e das empresas, o que implica grandes investimentos que, por vezes, não se justificam face aos benefícios que daí advêm.

Quando as desvantagens da concentração se tornam superiores às vantagens, gera-se uma deseconomia de aglomeração - os custos da
concentração são superiores aos benefícios.

Os efeitos da deseconomia de aglomeração sentidos em muitos centros urbanos do litoral poderão ser minimizados com o desenvolvimento de
outras aglomerações urbanas não congestionadas, nomeadamente as cidades de média dimensão, contribuindo assim para um maior equilíbrio da
rede urbana nacional.

O PAPEL DAS CIDADES MÉDIAS

As assimetrias territoriais que caracterizam o nosso país podem conduzir a graves problemas, relacionados com a má ocupação do espaço e as
deseconomias de aglomeração.
A forte polarização (demográfica e económica) em torno das duas maiores cidades do país e a tendência para a urbanização difusa em algumas regiões
são, simultaneamente, causa e efeito do desequilíbrio da rede urbana portuguesa, que se manifesta tanto pela desigual repartição espacial dos
centros urbanos como pelas diferenças no que respeita à sua dimensão demográfica.

As cidades são cada vez mais os centros organizadores e dinamizadores do território, pelo que se torna indispensável a reorganização e consolidação
da rede urbana, na perspectiva de um desenvolvimento equilibrado do território nacional. O contributo das cidades com uma dimensão média é
fundamental para criar dinamismo económico e social, proporcionando as vantagens das economias de aglomeração, atraindo atividades económicas
e criando condições para a fixação populacional (Doc. 1).Os centros urbanos de média dimensão poderão desempenhar um papel fundamental na
redução das assimetrias territoriais, não só pelo desenvolvimento das próprias cidades em si mesmas, mas também porque estas dinamizam as
respectivas áreas de influência. Estendem os benefícios o seu desenvolvimento às áreas rurais envolventes, oferecendo serviços essenciais para a
melhoria da qualidade de vida e do desempenho das empresas. O reforço da sua qualificação e competitividade constitui, pois, uma estratégia de
valorização do território.
As cidades médias podem ter um importante papel na redistribuição interna da população e das
atividades económicas, se oferecerem maior diversidade e quantidade de bens, criarem postos de
trabalho e proporcionarem serviços qualificados em domínios como a saúde, a educação ou a formação
profissional. Deste modo, torna-se importante promover o investimento em atividades económicas que
valorizem as potencialidades regionais e aproveitem os recursos endógenos, mas também em
equipamentos e infra-estruturas que garantam uma melhor qualidade de vida.

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