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2o bimestre – Aula 11
Ensino Médio
● Território e fronteira social. ● Analisar e compreender as
diferenças entre território e
fronteira social.
Observe as imagens e responda à questão a seguir:
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Fronteira
As mudanças sociais, econômicas e políticas redesenham o mapa do
mundo, ora com expansão e anexação territorial, ora retraindo seus
limites, mas não suas relações. Nesse movimento de delimitação de
territórios e seus domínios é que a concepção de fronteira ganha
significado.
Cataia (2007, p. 8) destaca: “o século XX foi pródigo na criação de
novos compartimentos: no início do século, o mundo possuía
aproximadamente cinquenta territórios nacionais, hoje, esse número
passa de duzentos. Assim, o surgimento de díades ou fronteiras
também é função do tempo”.
A definição de fronteira, na Constituição Federal do Brasil (1988),
corresponde a uma “faixa de fronteira”, ou seja, a um espaço de
controle e uso restrito: “[...] de até cento e cinquenta quilômetros de
largura ao longo das fronteiras terrestres [...] considerada fundamental
para a defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão
reguladas por lei” (artigo 20, parágrafo 2o).
Na Constituição Federal, a fronteira é a delimitação do Estado Nacional,
ou seja, espaço de atuação e jurisprudência do Brasil, compreendendo
o território como área de apropriação e dominação, definido por
fronteiras historicamente estabelecidas. Nessa concepção, território e
fronteira não ocorrem separadamente.
Fronteira Bélgica-Países Baixos,
Fronteira entre Portugal e Espanha
em Baarle-Nassau
Território
Assim como o conceito de fronteira
acompanhou as transformações da sociedade,
o conceito de território teve momentos de maior
e menor destaque na Ciência Geográfica,
passando por mudanças significativas no seu
sentido epistemológico, evoluindo da noção
naturalista de Ratzel para uma noção de
relações de poder (social e do Estado) sobre
uma determinada porção do espaço geográfico,
a partir da concepção de Claude Raffestin.
Ratzel trouxe o debate sobre território para a
Geografia, definindo-o como estrato
geográfico sobre o qual o Estado exercia seu
poder, na forma de ocupação e apropriação
dos recursos naturais e sociais e,
consequentemente, na proteção de suas
fronteiras. Segundo Saquet (2007, p. 30), “a
sociedade se transforma em Estado para
garantir a posse e proteção dos recursos de
que necessita, como o solo, a água e os
alimentos. Ratzel corresponde, grosso modo,
sociedade e homem com território e solo”. Friedrich Ratzel
É importante também pensar nos aspectos da mobilidade das fronteiras
ao se referir às “franjas de ocupação” em abordagem multiescalar:
construções geopolíticas, questões internas (construção nacional ou
regional) e questões externas (relações internacionais), a questão da
integração e a articulação regional (aspecto econômico), espaço
relacional com as redes de circulação e fronteiras de civilização, de
culturas e modos de vida (dentro de uma visão sociológica).
Dessa forma, a compreensão sobre fronteira envolve a relação de
países que se limitam uns com os outros, dentro de duas dimensões:
econômica, quando entendida a partir da integração regional, com os
acordos econômicos que visam fortalecer as relações comerciais, e
social, quando autores consideram a fronteira como um espaço onde se
articulam diversas culturas, que entrelaçam suas vidas durante o
cotidiano fronteiriço. No caso das fronteiras brasileiras, podem-se
observar essas duas dimensões, a econômica, com o Mercosul e outras
políticas de integração, e a social, com o uso das cidades fronteiriças
por ambas as nacionalidades (Brasil e os seus vizinhos), facilitadas
pela estabilidade das relações fronteiriças brasileiras.
Assim, território é um conceito
fundamental para a análise e a
compreensão da organização do espaço
geográfico. Esse conceito exprime a
construção social sob um determinado
espaço, a delimitação da ação de um
grupo social e sua territorialidade, em
certo espaço e com o seu entorno. Aldeia Ipatse (Parque Indígena
do Xingu), a principal
comunidade dos Kuikuro
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De surpresa
Puxe mais
Correção
Existem vários motivos pelos quais um território pode ser alvo de
disputa. Alguns dos principais motivos são:
Recursos naturais;
Questões étnicas e culturais;
Questões geopolíticas;
Conflitos históricos;
Diferenças políticas e ideológicas.
Esses são apenas alguns deles. É importante lembrar que as disputas
territoriais podem ter consequências graves, como conflitos armados,
deslocamento forçado de populações, violação dos direitos humanos e
impactos ambientais negativos.
Território social e suas fronteiras
O termo “fronteira social”
refere-se a uma linha
imaginária ou conceitual que
demarca a divisão entre
grupos sociais distintos,
caracterizados por
diferenças culturais, Pintura de Calundu em Pernambuco, por
econômicas, étnicas, Zacharias Wagner (séc. XVII).
Calundu: festas ou celebrações de origem ou
religiosas, ou outras caráter religioso, acompanhadas de canto,
características específicas. dança, batuque, que representavam um
pedido ou consulta a divindades ou entidades.
Esses territórios e suas fronteiras sociais podem ser percebidos nas
interações sociais, nas relações de poder, dentre outros aspectos. Elas
influenciam a dinâmica social, determinando quem tem acesso a
recursos, privilégios e oportunidades, e podem contribuir para a
perpetuação de desigualdades e estratificações sociais. O conceito de
fronteira social é frequentemente utilizado para analisar e compreender
as dinâmicas de inclusão e exclusão social em diferentes contextos
socioculturais.
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