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Luis Fernando Cerri
Muito de uma sociedade pode ser dito pela forma pela qual ela
representa o tempo e transmite essa representação às gerações seguintes.
Por isso, a pesquisa sobre o ensino da história, para além de subsidiar o
aperfeiçoamento da disciplina escolar, constitui-se como uma fecunda
vertente para inquirir sobre a identidade coletiva nas sociedades
contemporâneas. Desta forma, este campo de investigação deixou de ser a
tentativa de resposta tecnicista à questão de como ensinar um conteúdo
dado, e assumiu a tarefa de refletir sobre a consciência histórica dos
povos, como por exemplo na célebre obra de Marc Ferro, Comment on
raconte l’Histoire aux enfants à travers le monde entier1, que tornou-se
um modelo de temática de estudos sobre o material didático de história
bastante explorado nos anos 80. No Brasil, os estudos sobre a História do
ensino de História também avançaram, e via de regra concentraram-se
nos aspectos da disciplina inserida na educação formal, abordando e
*
Este artigo é, com modificações, parte da tese de doutorado do autor, intitulada Ensino
de história e nação na propaganda do milagre econômico, defendida na Faculdade de
Educação da Unicamp sob a orientação da Profa. Dra. Ernesta Zamboni. Este texto foi
debatido em comunicações no XX Simpósio Nacional de História (UFSC, 1999) e na
Semana de Geografia (UEPG, 1999), e em outras ocasiões, bem como na banca de defesa
da tese, propiciando críticas e sugestões às quais o autor agradece.
**
Doutor em Educação (Metodologia do Ensino de História). Professor do DEMET -
Universidade Estadual de Ponta Grossa e membro do Grupo Memória – Pesquisa do
Ensino da História, da Faculdade de Educação da Unicamp.
1
Traduzida no Brasil sob o título de Manipulações da História na escola e nos meios de
comunicação, pela Editora Ibrasa, sendo que o original francês é de 1981.
114
2
A rigor, se considerarmos que a História é "o inventário das diferenças", a busca da
diversidade e da mudança, a reflexão crítica, então o que ensina a família, a igreja e a
mídia tendem muito mais para as características da memória (busca da identidade, da
permanência, em um procedimento afetivo e governado pela dialética da lembrança e do
esquecimento) do que da História. Entretanto, se assim procedermos excluiremos também
a escola ensinada na disciplina escolar, cujo sentido histórico tem sido muito mais o de
uma "memória histórica" que de um percurso crítico característico da História. Por isso,
quando se usa neste texto o termo História referindo-se aos conteúdos e valores ensinados
em geral pelas diversas instituições sociais, deve-se levar em conta esta nota.
115
que a última delas que tenha sido possível de abarcar inteira com a vista
foi provavelmente a polis grega, que o cidadão podia enxergar na
totalidade durante uma assembléia ou reunida em armas. A comunidade
não precisava ser representada, não precisava ser trazida ou sintetizada
em uma imagem, por ser assim imediatamente visível. As nações,
entretanto, mesmo as menores, são comunidades políticas impossíveis de
se perceber na totalidade: "[...] com exceção, talvez, em grandes partidas
de futebol por ocasião do gol, quando os torcedores, em frente do
espetáculo televisivo ou no estádio de futebol, irrompem em júbilo"3.
Por menor que seja a nação, dificilmente poderemos ver todos os
seus membros reunidos, ou vislumbrar seu território sem que ele se
estenda para além do horizonte, e a multidão que se junta nas praças
públicas ou nos eventos esportivos é uma pálida referência aos milhões
que compõem o grupo; também por isso, a nação precisa ser representada
por símbolos que traduzam o grupo todo e seu lugar. Meier indica o hino,
a bandeira e os brasões como os símbolos que possibilitam apreender a
nação. Seguindo a pista dada por Audigier e outros 4, a imagem do mapa
do território sobre o qual o Estado-nação exerce sua soberania é um outro
símbolo de representação do grupo e de sua identificação que
pretendemos analisar a seguir.
A representação espacial da nação é elemento, para cada
indivíduo, na representação de si mesmo. Ela torna-se uma das condições
a prior da comunicação entre os cidadãos e os grupos sociais, não
suprimindo todas as diferenças, mas relativizando-as e subordinando-as,
de forma que a diferença simbólica entre "nós" e os estrangeiros seja a
diferença que mais importa e que seja reconhecida como irredutível. É o
que se pode chamar de transformação imaginária das fronteiras exteriores
do Estado em fronteiras interiores, as primeiras sentidas como projeção e
proteção de uma personalidade coletiva interior, que permite a cada um
habitar o tempo e o espaço do Estado como um lugar onde sempre se
esteve e sempre se estará "consigo"5. Se considerarmos a nação como um
tipo especial de massa, a integração com ela se opera por meio de
3
MEIER, Cristian. Sobre o conceito de identidade nacional. História: Questões &
Debates. Curitiba, v. 10, n. 18-19, p. 329-347, 1989, p. 338.
4
AUDIGIER, François, et. al. La place des Savoirs scientifiques dans les didactiques de
l’histoire et de la géographie. Revue Française de Pédagogie. Paris, n. 106, jan-mar.
1994.
5
BALIBAR, Etienne. La forme nation: histoire et idéologie. In: BALIBAR, Etienne;
WALLERSTEIN, Immanuel. Race, nation, classe: les identités ambigües. Paris: La
Découverte, 1990, p. 129.
116
6
CANETTI, Elias. Massa e Poder. São Paulo: Cia. das Letras, 1995, p. 18.
7
Cf. MAGNOLI, Demétrio. O Corpo da Pátria. Imaginação geográfica e política
externa no Brasil (1808-1912). São Paulo: Unesp, 1997.
117
8
Para Paulo KNAUSS, estamos diante de uma perversão, que transforma o espaço, que é
um fato conceitual, num fato sensível: "A perversão reside na assimilação pelo
conhecimento comum da imagem do espaço como dado e não como construção. Procede-
se assim, a dissimulação da operação socialmente demarcada. Em sendo imagem do
espaço, mapas e plantas são produtos de sua circunstância histórica e complexa".
KNAUSS, Paulo. Imagem do espaço, imagem da história. A representação espacial da
cidade do Rio de Janeiro. Tempo. Niterói, v. 2, n. 3, p. 135-148, jun. 1997, p. 135.
9
No Brasil pode-se citar, por exemplo, MORAES, Antonio Carlos R. Ideologias
geográficas. São Paulo: Hucitec, 1991.
10
ROBIC, Marie Claire. Sur les formes de l’Hexagone. Mappe Monde. Montpellier, v. 4,
p. 18-23, out-dez, 1989.
11
FUMAT, Yveline. L’éducation du citoyen à partir de quelques cartes de France. Mappe
Monde. Montpellier, v. 4, p. 29-33, out-dez, 1989.
12
WEBER, E. L’Héxagone. In: NORA, Pierre (dir). Les Lieux de Mémoire II. La
Nation. Paris, Gallimard, 1986. t. 2, p. 97-116.
118
13
A utilização desta imagem não data deste período. Referindo-se a um outro momento
de ditadura, o Estado Novo e a campanha da "Marcha para o Oeste", Alcir LENHARO
defende que "Não é meramente casual o recurso de mostrar um visual definitivo da
Nação, um desenho geográfico que se repete constantemente nos mapas, uma geografia
do Poder que só pode ser apreendida e interiorizada por todos a partir do sentimento de
comprometimento e de participação em um só e memorizando espaço territorial
nacional". LENHARO, Alcir. A Sacralização da Política. Campinas: Papirus, 1986, p.
57.
14
Cf MAGNOLI, op. cit., cap. VI, em que o autor descreve o processo de definição das
fronteiras como estendendo-se até o início do século XX, e a sua demarcação (que é a
conclusão da horogênese) ainda em curso em alguns pontos.
119
15
Segundo Elias Thomé SALIBA, no texto As imagens canônicas e o ensino de
história, as imagens canônicas são aquelas marcadas pela sua condição de estereótipos e
pelo caráter coercitivo, que resulta da sua intensa aparição e repetição: "[...] começamos a
perceber como a imagem com a qual nos acostumamos – a imagem canônica – era
coercitiva. Coercitiva porque nos impunha uma figura reproduzida infinitamente em série,
tão infinitamente repetitiva que não nos provocava mais nenhuma estranheza, bloqueava
nossa possibilidade de uma representação alternativa, ou seja, não nos levava mais a
distinguir, a comparar – em suma, não nos levava mais a pensar". SALIBA, Elias Thomé.
As imagens canônicas e o ensino de história. In: SCHIMIDT, Maria Auxiliadora;
CAINELLI, Marlene Rosa (orgs.) III Encontro Perspectivas do Ensino de História.
Curitiba: Aos Quatro Ventos, 1999, p. 438.
16
COUTO E SILVA, Golbery do. Geopolítica do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio,
1967, p. 66.
121
17
Magnoli esclarece: "Qual é a origem das fronteiras brasileiras? Como vimos, o discurso
nacional virtualmente rejeita essa indagação, isentando o corpo da pátria de qualquer
condicionamento histórico e fazendo-o emanar da natureza. Esta noção, não importa o
quão absurda pareça quando assim posta, encontra-se profundamente enraizada no
imaginário geográfico nacional." MAGNOLI, op. cit., p. 139.
122
18
Cf. FICO, Carlos. Reinventando o Otimismo - Ditadura, propaganda e imaginário
social no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1997, p. 127.
125
19
A "volta ao mapa" é um recurso bastante usado como prática de nacionalização
simbólica de movimentos, como a afirmar, pelo ritual em si, que o movimento ou
comemoração é relativo a todos, e não apenas às pessoas e regiões que o organizaram. Ao
percorrer aproximadamente as "fronteiras exteriores", busca participar das "fronteiras
interiores" às pessoas que participam da nação. No Brasil, outros dois casos em que essa
"volta ao mapa" ocorre é durante a série de comícios da campanha das Diretas Já, e a
planejada volta da chama do descobrimento, nas comemorações do "Brasil 500",
organizada pela Rede Globo de Televisão.
126
20
BALIBAR Etienne; WALLERSTEIN, Immanuel. Race, nation, classe: les identités
ambigües. Paris: La Découverte, 1990, p. 130.
HOBSBAWN, Eric J. Nações e nacionalismo desde 1780 - programa, mito e realidade.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990, p. 108.
21
Ou, para maior rigor, desde a colônia, período em que portugueses e espanhóis
inoculam suas expectativas de encontrar o Jardim do Éden, evocado pela exuberante
natureza americana, cf. HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do Paraíso. 6. ed. São
Paulo: Brasiliense, 1994.
22
MAGNOLI, op. cit., p. 85
23
LUCA, Tania Regina de. A Revista do Brasil: um diagnóstico para a (N)ação. São
Paulo: Unesp, 1999, p. 87.
127
24
CANETTI, op. cit., p. 80.
129
25
Segundo o noticiário de então, a obra começa com uma cerimônia em 9 de outubro de
1970, em que uma castanheira árvore de 50 metros de altura é derrubada, perante presença
do presidente e de todo o ministério, sob os aplausos da população e de vários meios de
130
27
MORAES. op. cit., p. 98.
28
Ibid., p. 98-9.
133
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUDIGIER, François, et. al. La place des Savoirs scientifiques dans les didactiques de
l’histoire et de la géographie. Revue Française de Pédagogie. Paris, n. 106, jan-mar.
1994.
_____.; WALLERSTEIN, Immanuel. Race, nation, classe: les identités ambigües. Paris:
La Découverte, 1990.
CANETTI, Elias. Massa e Poder. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
COUTO E SILVA, Golbery do. Geopolítica do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio,
1967.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Visão do Paraíso. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
LUCA, Tania Regina de. A Revista do Brasil: um diagnóstico para a (N)ação. São Paulo:
Unesp, 1999.
ROBIC, Marie Claire. Sur les formes de l’Hexagone. Mappe Monde. Montpellier, v. 4,
p. 18-23, out-dez, 1989.
135
WEBER, E. L’Héxagone. In: NORA, Pierre (dir). Les Lieux de Mémoire II. La Nation.
Paris, Gallimard, 1986. t. 2, p. 97-116.
RESUMO
ESPAÇO E NAÇÃO NA PROPAGANDA POLÍTICA
DO "MILAGRE ECONÔMICO"
Este texto discute a publicidade como fonte para a pesquisa do ensino
de História e da consciência histórica, a partir do caso dos anúncios referentes à
nação brasileira e seu espaço durante o "Milagre Econômico" (1969 – 73).
ABSTRACT
SPACE AND NATION IN THE POLITICAL PROPAGANDA
DURING THE "MILAGRE ECONÔMICO"
This paper discusses the advertisement as source for the history teaching
and historical consciousness research, from the case of the annoucements that
were related to the Brazilian nation and its space during the "Milagre
Econômico" (1969 – 73).
Figura 4: Propaganda
Institucional do Milagre
Econômico - crédito -
história da ditadura
Proposta:
O que é nacionalismo? O que é ufanismo?
DO TRATADO DE TORDESILHAS AO TRATADO DE MADRI – FRONTEIRA E A
POPULAÇÃO DO GUAYRÁ
Figura 5: mapa-da-divisao-de-acordo-com-o-tratado-
de-tordesilhas crédito - pensarreflectiresentir.blogspot
Figura 7: tratado-tordesilhas -
crédito cola web
Figura 8: guayra-guaira-Republica_del_Guayra - crédito
jws.com.br
Figura 9: OCUPAÇÃO DE TERRITÓRIO DE POVOS ORIGINÁRIOS -
MAPA DE 1640 - CRÉDITO NÁDIA MOREIRA CHAGAS
Proposta:
Há alegoria no conceito de
fronteira? Se sim, qual objetivo
deste símbolo atualmente?
Figura 16: itaipu - crédito - Gdia
Figura 17: manifestantes pró bolsonaro com camiseta da
seleção e bandeira do brasil
Proposta:
O que são símbolos? Pra que serve um símbolo?
Já declarou Paulo Freire (1996) que qualquer texto necessita que seus leitores se
entreguem a ele de forma crítica e constantemente crescente e, a respeito da
leitura e do seu ensino, Britto (2015) afirma que “enquanto forma de ser e estar na
história, de indagá-la e de querer fazê-la, deve ser compreendida como
posicionamento político diante do mundo” (BRITTO, 2015, p. 72).
Segundo o governo militar, a Lei teria como objetivo dar igualdade aos candidatos e partidos
políticos no tempo de sua apresentação aos brasileiros, já que nem todos os partidos proviam
do dinheiro necessário para conseguir, na televisão e no rádio, o mesmo tempo que os demais.
Desse modo, a Lei Falcão restringia o tempo de todos os partidos a um padrão, de modo que,
na versão oficial, nenhum fosse prejudicado. Candidatos mais abonados ou de partidos políticos
mais ricos seriam apresentados ao público votante de forma exatamente igual a candidatos mais
pobres ou de partidos com menor capacidade econômica - embora, na época, existissem apenas
dois partidos (a ARENA, que dava sustentação à ditadura militar, e o MDB, oposição ao regime).
O formato restringia as possibilidades de exposição de ideias, já que não permitia a veiculação
de qualquer ideal, e era uma maneira considerada "lenta, gradual e segura”[3]de uma abertura
política proposta pelo então presidente.
A opinião dominante é que a lei fora implementada para tentar diminuir a simpatia do público
para com o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), já que este era um partido oposto à
Ditadura, na época, e vinha cada vez mais ganhando o apoio da população. Dessa forma, a crítica
ao regime militar seria evitada nos horários políticos eleitorais.[4]
O Movimento Democrático Brasileiro, com a intenção de criticar a Lei Falcão, saiu às ruas com
um "TV-MDB", um programa apresentado na carroça de um caminhão Chevrolet 51 que
percorria as ruas. No programa, entre os convidados havia candidatos e atrações como
repentistas. Sílvio Sebastiani, então presidente do diretório municipal do MDB, declarou sobre
a TV-MDB: "Com isso, atraímos público e mantemos uma crítica constante à 'Lei Falcão'. Essa
televisão, ninguém nos tira".[5]
FONTE: WIKIPEDIA
A Lei da Anistia, no Brasil, é a
denominação popular dada à
lei n° 6.683,[1] sancionada pelo
presidente João Batista Figueiredo
em 28 de agosto de 1979, após uma
ampla mobilização social, ainda durante
a ditadura militar.
Em sua redação original dada pelo
Projeto de lei n° 14 de 1979-CN,[2]
dizia-se o seguinte:
“ Art. 1º É concedida anistia a todos quantos,
no período compreendido entre
02 de setembro de 1961 e 15 de
agosto de 1979, cometeram crimes
políticos ou conexo com estes,
crimes eleitorais, aos que tiveram
seus direitos políticos suspensos e
aos servidores da Administração Direta e Indireta,
de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e
Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com
fundamento em Atos Institucionais e Complementares e outros diplomas legais. ”
Embora esta tenha sido a redação original, o trecho final onde se lê "e outros diplomas legais"
foi vetado por orientação do então presidente João Batista Figueiredo em mensagem
apresentada à sessão conjunta do congresso nacional em 22 de agosto de 1979.
A ditadura militar de 1964, instaurada no Brasil após a deposição do presidente João Goulart,
ampliou ainda mais os seus poderes depois de 1968, com a promulgação do Ato Institucional n°
5 (AI-5), que permitiu ao Poder Executivo decretar o recesso do Congresso Nacional - na prática,
dissolver o parlamento. [3]
Na primeira metade dos anos 1970, surgiu o Movimento Feminino pela Anistia, liderado
por Therezinha Zerbini. Em 1978 foi criado, no Rio de Janeiro, o Comitê Brasileiro pela Anistia,
congregando várias entidades da sociedade civil, com sede na Associação Brasileira de
Imprensa. A luta pela anistia aos presos e perseguidos políticos foi protagonizada por
estudantes, jornalistas e políticos de oposição. No Brasil e no exterior foram formados comitês
que reuniam filhos, mães, esposas e amigos de presos políticos para defender uma anistia
ampla, geral e irrestrita a todos os brasileiros exilados no período da repressão política.
Em junho de 1979, o governo João Batista Figueiredo encaminhou ao Congresso Nacional o seu
projeto, que atendia apenas parte dos interesses, porque excluía os condenados por
atentados terroristas e assassinatos, segundo o seu art. 1º. Favorecia também os militares e os
responsáveis pelas práticas de tortura.
E SOBRE A CONSTITUIÇÃO DE 1888
LOGO APÓS O TÉRMINO DA DITADURA
MILAGRE ECONÔMICO BRASILEIRO
Milagre econômico brasileiro é o nome dado à época de crescimento econômico elevado
durante a ditadura militar brasileira, entre 1969 e 1973, também conhecido como "anos de
chumbo". Nesse período de desenvolvimento brasileiro, a taxa de crescimento do PIB saltou de
9,8% a.a. em 1968 para 14% a.a em 1973 [1][2][3], e a inflação passou de 19,46% em 1968, para
15,6% em 1973. O Ministro da Economia Delfim Netto deixou o cargo em 15 de março de 1974.
Não ocorreu a privatização da Petrobrás no momento da crise do Petróleo, de acordo com
Delfim Netto, quando Geisel, como presidente da Petrobrás naquele ano de 1973, e histórico
varguista, recusou a ideia da privatização indo contra a vontade de Delfim Netto, ministro da
fazenda, e Antonio Dias Leite, ministro da Energia, note-se que a inflação vinha em queda desde
1964, depois de um aumento galopante pós-Kubitscheck[4]. Concomitantemente, houve no país
o aumento da concentração de renda e da desigualdade social[5].
Foi, porém, um período paradoxal da História do Brasil. Ainda de acordo com Elio Gaspari, em
sua obra A Ditadura Escancarada[8]:
INICIO
No governo de Juscelino Kubitschek, entre 1956 e 1961, o Brasil passou por um acelerado
crescimento econômico baseado no Plano de Metas, a partir do qual se pretendia dar conta de
cinquenta anos de progresso em apenas cinco. O ideal desenvolvimentista defendido por
Kubitschek assentava-se na política de substituição de importações sob a inspiração da CEPAL e
resultou, entre outras coisas, na construção de Brasília. Ao final do governo, uma forte pressão
inflacionária começou a ser sentida no país, agravando-se com a renúncia de Jânio Quadros e
com os impasses institucionais que marcaram o período de João Goulart (1961-1964). Tais fatos
fizeram com que se elevassem os déficits do governo de tal forma que o resultado foi uma forte
inflação de demanda.[9]
Logo após o Golpe Militar, que se seguiu em abril de 1964, no início do governo Castelo Branco,
foi criado um primeiro Programa de Ação Econômica do Governo - PAEG,[10] com dois objetivos
básicos: formular políticas conjunturais de combate à inflação, associadas a reformas
estruturais, que permitiram o equacionamento dos problemas inflacionários causados pela
política de substituição de importações e das dificuldades que se colocavam ao crescimento
econômico; o que requeria, agora, que fosse dado um segundo passo no processo: a expansão
da então pequena indústria de base (siderurgia, energia, petroquímica) para evitar que o
aumento da produção de bens industriais de consumo final, ampliada pela política de
substituição de importações, provocasse um aumento insustentável nas importações brasileiras
de insumos básicos, que a indústria nascente consumia de forma crescente.
Após um período de ajuste inicial recessivo, de março de 1964 até fins de 1967, marcado pela
reorganização do sistema financeiro do Brasil, pela recuperação da capacidade fiscal do Estado
e maior estabilidade monetária, iniciou-se em 1968 um período de forte expansão econômica
no Brasil dos incentivos fiscais do Estado[11]
De 1968 a 1973 o PIB brasileiro cresceu a uma taxa média acima de 10% ao ano, a inflação oscilou
entre 15% e 20% ao ano e a construção civil cresceu, em média, 15% ao ano. Antônio Delfim
Netto é considerado o principal arquiteto e executor das políticas econômicas dessa fase,
reconhecido por alguns como "superministro". Foi o momento de formação de grandes
conglomerados no Brasil.[12]
Delfim Netto.
Em 1967, assume o comando da economia Antônio Delfim Netto e seu interino José Flávio
Pécora. Para Delfim, o PAEG teria provocado uma queda da demanda indesejada, causando
recessão e redução do nível de empregos. Segundo Delfim, o desenvolvimento interno do
mercado brasileiro poderia por si só gerar crescimento. Nesse contexto de recessão, o governo
adotou medidas de inspiração keynesiana, aumentado o investimento nas empresas estatais,
agora recapitalizadas graças à política da chamada verdade tarifária (isto é, fixação das tarifas
sem influências políticas), que as tornavam lucrativas e competitivas - conceito esse que foi
amplamente defendido pelos economistas e intelectuais brasileiros da época.
OBRAS REALIZADAS
Durante o milagre econômico, com intuito de romper a estagnação que se seguira ao governo
Kubitschek, e visando estimular o crescimento econômico, além de promover a integração
nacional, o governo militar tratou de implementar vários programas nas áreas de transportes,
energia e de estratégia militar..[13] A imprensa na época, que, em razão da censura vigente, não
podia criticar diretamente o governo, referiu-se a alguns desses projetos como "faraônicos",[14]
aludindo a infraestruturas enormes e de pouca importância útil. Porém, ao longo dos anos, a
maioria dessas obras, a exemplo da Itaipu e da Ponte Rio-Niterói, revelou-se importante e
necessária. A construção de Usinas Hidrelétricas por todo o pais deu condições de
desenvolvimento para uma série de regiões brasileiras[15]. No início da década de 70 o Brasil
construía a Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira representando a maior Hidrelétrica do Mundo
Ocidental que junto com a Usina de Jupiá e Três Irmãos formavam o complexo energético de
Urubupungá com capacidade de 4.600.000 kW o maior do planeta na época superando a maior
usina americana a de Grand Coulle com 1.975.000 kW e sendo quase o dobro da famosa Assuã
no Egito com 2.160.000 kW, sendo superada apenas pelo complexo de Krasnojarsk na URSS que
também estava em construção na época com 6.000.000 kW.[16][17]
O motor desse rápido crescimento foram os dois Planos Nacionais de Desenvolvimento (PNDs).
O primeiro era mais simples e visava a aproveitar a capacidade ociosa da indústria. O segundo
(1974-1979) tinha uma visão mais estratégica do país. O objetivo era investir na fabricação de
insumos básicos e bens de capital, calcanhar de Aquiles da industrialização brasileira, focada em
bens de consumo.[18] Francisco Eduardo Pires de Souza lembra que o II PND e as grandes obras
foram a forma de enfrentar a nova realidade internacional com o choque do petróleo.[19]
Por meio de negociações com o Paraguai no início da década de 1970 que pretendia melhorar
os laços de cooperação entre os dois países e o aumento da capacidade de geração de
eletricidade do país, a usina hidrelétrica é iniciada em 1975 e finalizada em 1982, sendo a maior
usina hidrelétrica do país até a atualidade.[22]
INTEGRAÇÃO ECONÔMICA DA REGIÃO NORTE
Visando a integração da Região Norte do Brasil com o resto do país, o governo tomou uma série
de medidas que permitiriam sua ocupação e desenvolvimento.[23] Para isso, o antigo Projeto
Radam fora retomado - cujo objetivo seria mapear e monitorar a vasta região amazônica - e uma
zona especial de incentivo fiscal foi criada em Manaus (Zona Franca de Manaus), para romper
com a estagnação econômica da cidade vivenciada na época. Também construiu-se uma extensa
rodovia não pavimentada, que partia do Nordeste e cruzava a maior parte da Amazônia Legal.
A estrada hoje se resume a trechos isolados de terra, sendo que as dificuldades em se mantê-la
em um ambiente equatorial e devido a maior praticidade do transporte hidroviário na área
também colaboraram para tal.[24]
PROJETOS HABITACIONAIS
CONCENTRAÇÃO DE RENDA
Apesar do equilíbrio obtido nas contas externas, a dívida nacional cresceu exponencialmente
nesse período, o que se tornou possível pelo elevado grau de liquidez internacional que então
prevalecia. Os países produtores de petróleo, com a elevação ocorrida em seu preço a partir de
1971 e, sobretudo, após a crise do petróleo em 1974, dispunham de grande liquidez e estavam
acumulando bilhões de dólares em seus caixas, que ofereciam, sob forma de empréstimos a
juros relativamente baixos, aos países importadores de petróleo, seus clientes. O Brasil se
utilizou amplamente desses financiamentos para consolidar seu crescimento e para aumentar
suas reservas internacionais.
Como o Brasil necessitava - para crescer - de aumentar sua poupança interna, prevaleceu um
conceito segundo o qual não se deveria adotar políticas econômicas de distribuição de renda já
que as classes de renda mais elevada poupavam mais que as de baixa renda. Assim, segundo
essa teoria, se a renda nacional fosse dirigida aos mais pobres, a poupança interna cairia
(baseado no princípio econômico de que a propensão para consumir é maior nas classes de
renda mais baixa).
Ficaram famosas as explicações dadas por Delfim na televisão, em que defendia: "É preciso
primeiro aumentar o 'bolo' (da renda nacional), para depois reparti-lo".[26]
Com isso adotou-se uma política salarial que os sindicatos apelidaram de "arrocho salarial" (ver:
Salário no Brasil). O salário mínimo real, apesar de cair menos do que no período entre 1964 e
1966, quando sofreu uma diminuição de 25%, baixou mais 15% entre 1967 e 1973.
Dessa forma, as vantagens do crescimento econômico não foram igualmente distribuídas pelas
diversas camadas da população e ficaram concentradas, principalmente, nos capitalistas e nas
classes sociais de renda mais alta. O salário mínimo continuou a ser achatado; graças à situação
de "pleno emprego", que havia no período, os operários mais especializados conseguiram, na
sua maioria, "descolar" seus salários do salário mínimo oficial e foram, assim, parcialmente
beneficiados pelo crescimento econômico ocorrido.
A correção monetária das poupanças protegia contra os efeitos da inflação a classe média e
média alta - que tinham contas bancárias -, mas não as classes baixas [que dificilmente tinham
contas bancárias], que viam sua renda ser transferida para as classes altas, aumentando a
concentração de renda.
Os dados de 1970 mostram que os 5% mais ricos da população aumentaram sua participação na
renda nacional em 9% (em relação a 1960) e detinham 36,3% da renda nacional. Já a faixa dos
80% mais pobres diminuíra sua participação em 8,7% no período, e ficara com 36,8% da
renda..[27]
Apesar do rápido crescimento econômico e da condição de pleno emprego que isso provocou,
houve um "empobrecimento dos mais pobres": eles simplesmente não aumentaram sua renda,
que era corroída em valor real pela inflação.
O crescimento econômico foi vigoroso: o consumo de energia elétrica crescia 10% ao ano,[28]
as montadoras de veículos produziram, em 1970, 307 mil carros de passeio, o triplo do número
produzido em 1964.[29] Os trabalhadores tinham em casa 4,58 milhões de televisores, contra
1,66 milhão em 1964..[30]
Viveu-se um ciclo inédito de desenvolvimento no Brasil; o governo divulgava estes números pela
publicidade na TV, que constituíam a viga mestra da política de sustentação publicitária do
governo militar; criavam-se motes de "Brasil Potência", "Brasil Grande" e o mais famoso deles,
"Brasil, ame-o ou deixe-o" ("slogan político" amplamente divulgado, sob o patrocínio do Centro
de Informações do Exército (CIE), que distribuía gratuitamente os adesivos nas cores verde-
amarela, para serem exibidos, com orgulho, nos para-choques de muitos carros particulares. Os
opositores ao regime viam nesse mote mais uma "patriotada").
Segundo dados divulgados pelo IPEAData, o coeficiente de Gini brasileiro era de 50,0 em 1960,
tendo piorado para 57,0 em 1970 e para 62,0 em 1977, oscilando em torno desses números até
hoje (2008), quando atingiu 52,0, o que revela uma lenta melhora, não tendo retomado aos
patamares da década de 60.
Contudo, há uma corrente de pesquisadores que aponta a comparação dos coeficientes de Gini
do início e do fim do milagre econômico como método insuficiente para análise da distribuição
de renda no período. Para eles, é preciso considerar outro fator. Na época de maior crescimento
econômico do país, ocorreu um intenso fluxo migratório do campo para a cidade decorrente da
expulsão dos trabalhadores rurais de suas propriedades amparada na promulgação do Estatuto
do Trabalhador Rural de 1963, alterado em 1973.[31]
Parte dessa imensa massa migratória foi absorvida pela indústria, sobretudo, não só de
construção civil, mas também pelas indústrias pesadas que não exigiam escolaridade e, em
menor número, pelo comércio. Os migrantes foram habitar as favelas no entorno das grandes
cidades, onde tiveram de lidar com uma série de novos encargos monetários aos quais não
estavam habituados: aluguel, água, luz, gás, transporte coletivo etc. A situação social e
econômica desse contingente migratório agravou-se devido à baixa escolaridade média, que os
impedia de disputar melhores cargos no mercado de trabalho, e à estrutura ineficiente de
serviços públicos.
O trabalho regular, "com carteira assinada", chegou a cobrir mais de 2/3 da população de São
Paulo [com salários baixíssimos por causa do arrocho salarial]. O subemprego - os que trabalham
nas ocupações de menor produtividade - sofreu queda marcante ao longo daqueles anos de
crescimento. A mera transferência de contingentes expressivos de mão de obra ocupada na
agricultura para empregos na indústria, na construção civil e nos serviços funcionais teve
impacto significativo no grau de pobreza.[32]
Houve uma única tentativa do governo militar no sentido de cuidar do problema de distribuição
de renda que, além de se revelar insuficiente, atendia apenas à zona rural: em 1971 foi criado,
pela Lei Complementar nº 11 de 25 de maio de 1971, durante o governo Médici, o Prorural, que
concedia meio salário mínimo mensal[achatado pela inflação] a todo lavrador ou pequeno
proprietário que completasse 65 anos.
O "milagre econômico" evidenciou a má distribuição de renda, conforme afirmado em O
MILAGRE ECONÔMICO BRASILEIRO de 30 de agosto de 2003, escrito por Carlos Frederico Pereira
da Silva Gama:
Para evitar que distorções indesejáveis na distribuição de renda tivessem ocorrido o governo
precisaria ter adotado, políticas econômicas específicas para corrigir a concentração de renda,
o que não fez, sem as quais ela aumenta, naturalmente, ainda mais, durante os períodos de
crescimento.
CRASH DE 1971
O crash que se iniciou em junho de 1971, foi o "estouro" da segunda maior bolha especulativa
da história brasileira em termos relativos, referente ao número de participantes do processo,
em relação à população total, e diversidade de classes sociais, às quais pertenciam. Embora,
nem de longe tenha causado os efeitos políticos, econômicos e sociais devastadores de seu
antecessor, ocorrido 80 anos antes.
A alta ocorrida nas bolsas de valores brasileiras, notadamente as do Rio e a de São Paulo, durante
o final da década de 1960, estava dentro do panorama de euforia econômica do período, não
sendo portanto um fenômeno isolado. Ao final do ano de 1970 não havia indícios do estouro da
bolha que ocorreria meses mais tarde. Mesmo ocorrendo altas de até 400% registradas em
algumas ações nas Bolsas, a euforia geral induzia a se acreditar que tais valorizações refletiriam
à real situação e potencial das empresas. Poucos perceberam à época a iminência do crash que
ocorreria.[34]
Não houve um dia específico de queda. As condições presentes nos mercados de capitais no
Brasil na época ajudaram a impulsionar a queda de liquidez que este então sofreu. Queda esta
que prosseguiu até 1973, e cujos efeitos psicológicos se fariam sentir por muitos anos, para a
grande massa que então começava a participar ativamente no mercado de capitais e que, a
exemplo da geração do encilhamento, foi pega na queda, tanto por não se encontrar preparada
do ponto de vista educacional-financeiro, para atuar nos mercados, quanto pelo próprio
mercado não estar preparado para recebê-la, já que não dispunha à época (para esta massa de
pequenos investidores e especuladores), de quaisquer mecanismo de atuação em relação a um
crash.[34]
Do sentimento de desconfiança que se gerou após sua ocorrência, agravado pelas crises do
petróleo na década de 1970, e da dívida externa no início da década seguinte, o mercado
brasileiro só iria se recuperar paulatinamente nos anos '80.[34]
O FIM DO MILAGRE
Além disso, houve a alta internacional dos juros, em 1979, o que levou ao aumento da dívida do
país. Isso tornou o Brasil mais dependente dos empréstimos do exterior. Os juros dos Estados
Unidos subiram de 6,7% ao ano para 15,5% no período de 1970 a 1982. Uma recessão foi
provocada pelos desacertos da política econômica do ministro Delfim Neto, aumentando o
endividamento e refletindo em taxas negativas no PIB.[37]
A dívida externa brasileira chegou a US$ 90 bilhões. Para pagá-la, eram usados 90% da receita
oriunda das exportações, e o Brasil assim entrou numa fortíssima recessão econômica que
duraria até a década de 1990 e que tem como maior fruto o desemprego, que se agravou com
o passar dos anos.
Ver também
• Década perdida
• Hiperinflação no Brasil
REFERÊNCIAS
4. ↑ FRAGA, Erica (5 de abril de 2014). «Quem quebrou o Brasil foi o Geisel, afirma
Delfim». Folha de São Paulo - Coluna Poder. Consultado em 19 de junho de 2018. Cópia
arquivada em 8 de abril de 2014
13. ↑ admin. «Ditadura Militar». Portal São Francisco. Consultado em 18 de abril de 2019
25. ↑ Ir para:a b c Rosali Braga Fernandes (20 de julho de 2004). «Processos Recentes de
Urbanização / Segregação em Salvador: O Miolo, Região Popular e Estratégica da
cidade». Universidade de Barcelona. www.ub.edu. Consultado em 9 de maio de
2019. Cópia arquivada em 7 de maio de 2019
26. ↑ Adriano Carneiro Giglio & José A.S. Nogueira "Contextos Brasileiros" IESDE Brasil S.A.
2008 ISBN 9788538720201 Pág. 32, penúltimo parágrafovisualização Google
livros descer a Barra de rolagemlateral para chegar ao trecho
27. ↑ SINGER, Paul. O Milagre Brasileiro - Causas e Conseqüências, Caderno Cebrap, nº 6,
1972, São Paulo.
28. ↑ Anuário Estatístico do Brasil - 1971, Rio de Janeiro: Fundação IBGE, 1972.
32. ↑ SALM, Cláudio. Estagnação Econômica, Desemprego e Exclusão Social. , in: SICSÚ,
João; PAULA, Luiz Fernando; e RENAUT, Michel; organizadores. Novo-
desenvolvimentismo: um projeto nacional de crescimento com equidade social.
Barueri:Manole; Rio de Janeiro:Fundação Konrad Adenauer, 2005. ISBN 85-98416-04-
5 (Manole) pp. 200-201
35. ↑ Kurt Rudolf Mirow, A ditadura dos cartéis, anatomia do subdesenvolvimento, p 204
36. ↑ Celso Furtado, Análise do "Modelo" Brasileiro, 1982, 7ª edição, Editora Civilização
Brasileira, Rio de Janeiro, "O verdadeiro milagre" -Trecho: "Em 1974 o volume físico das
importações aumentou em 33,5 por cento, enquanto o das exportações declinava em
1,4 por cento. O saldo negativo da conta corrente da balança de pagamentosalcançou 7
por cento do PIB nesse ano".
Ligações externas
• "Milagre" explicado
FONTE: WIKIPEDIA
https://pt.wikipedia.org/wiki/Milagre_econ%C3%B4mico_brasileiro
UFANISMO
Guayrá foi uma grande região geográfica no Brasil meridional em grande parte coincidente com
o atual estado do Paraná. Fazia parte do Império Espanhol como um território pertencente ao
Governo do Rio da Prata e do Paraguay até divisão em 1617, data em que foi incluída no governo
do Paraguai, o qual foi, inicialmente, chamado de Gobernación del Guayrá.
TOPONÍMIA
A palavra Guayrá vem do nome de um cacique da região chamado Guayrá ou Guayracá. Também
recebe o nome La Piñería (expressão espanhola para "o pinheiral") porque grande parte da terra
era coberta com o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), também conhecido pelo nome
da língua geral paulista curi (donde provém o nome da atual capital paranaense, Curitiba).[1]
Com a mesma origem, grafa-se, no português atual, Guaíra, e no espanhol moderno, Guairá.
LIMITES
O Guairá tinha, como limites, o rio Iguaçu (ao sul), o rio Paraná (a oeste), a linha do Tratado de
Tordesilhas (a leste) que a separava do Brasil (deste modo o Oceano Atlântico, acabou por ser o
limite natural a leste de Guairá nestas latitudes), e o rio Tietê (ou Anhembi; rio que separava os
guaranis dos tupis) ao norte. A área de atuação dos Jesuítas foi desenvolvida em um território
mais reduzido entre os rios Paraná, Iguaçu, Tibaji (ou Tibajiva, que era o limite efetivo com os
portugueses) e Paranapanema.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS
A região consiste, em sua maior parte, em planaltos com cadeias montanhosas e serras cobertas
por densas florestas de coníferas, sobretudo (dado o clima razoavelmente temperado na maior
parte do território) pela Mata de Araucária. O território é atravessado por muitos rios, como o
Paraná, Paranapanema, Iguaçu, Tibaji, Piquiri, Pirapó, Iapó etc.
HISTÓRIA
Em 1522, Aleixo Garcia cruzou a região. Em 1533, Domingo Martínez de Irala percorreu o vale
do rio Paraná. O limite sul do Guayrá foi explorado por Álvar Núñez Cabeza de Vaca, que a
partindo da Ilha de Santa Catarina, percorrendo o Caminho do Peabiru, descobriu as Cataratas
do Iguaçu e chegou a Assunção em primeiro de março de 1542. Em 1551, Diego de Sanabria fez
o mesmo percurso a partir de San Francisco de Mbiaza (Mbiaza= saída, que era a região costeira
do Guairá e corresponde à atual São Francisco do Sul, SC).
POPULAÇÕES ESPANHOLAS
A cidade de Ontiveros foi fundada pelo capitão García Rodríguez de Vergara, por ordem de Irala
em 1554, na margem esquerda do rio Paraná, entre a foz do rio Iguaçu e o rio Piquiri no atual
noroeste do Estado do Paraná, cerca de 50 quilômetros ao norte da cidade de Salto del Guairá
(Sete Quedas), nas terra do cacique Canindeyú com o objetivo de servir como elo de ligação com
o Brasil.
A Ciudad Real del Guayrá foi fundada em 1556 pelo capitão Ruy Diaz Melgarejo, na margem
esquerda do rio Paraná, sob a foz do rio Piquiry a 3 léguas de Ontiveros, no local onde onde
existia a aldeia do cacique Guahyrá[2], nas imediações da atual cidade de Guaíra (Paraná).
Rui Díaz de Melgarejo fundou Villa Rica del Espíritu Santu, 14 de maio de 1570, 350 quilômetros
a leste das Sete Quedas e 60 léguas de Ciudad Real, no atual município de Nova Cantu. Em 1575,
foi transferida por Ruy Diaz Guzman à confluência dos rios Ivaí e Corumbataí (atual município
de Fênix (Paraná)).
MISSÕES
Aproveitando-se de densas florestas e selvas, a região do Guayrá pelo início dos anos 1600 tinha
se tornado um lugar de refúgio para aqueles Guaranis que fugiam dos encomenderos do
Paraguai, e comerciantes de escravos portugueses que, aproveitando do período da "união
dinástica aeque principaliter" de Portugal e Castela, atravessavam a linha de Tordesilhas em
busca de ouro e escravos para as plantações de cana-de-açúcar na Capitania de São Vicente.
Logo após os jesuítas foram direcionados às áreas mais remotas de Assunção. Um decreto real
de 16 de março de 1608 ordenou que o governador do Paraguai, Hernando Arias de Saavedra,
direcionasse os jesuítas para o Paraná, Guayrá e para a região dos Guaicurus, onde os indígenas
estariam isentos das “encomiendas”.
Os padres jesuítas José Cataldino e Simon Mazet partiram de Assunção em 8 de dezembro de
1609 enviados pelo bispo Lizárraga e pelo governador Hernandarias sob as instruções do jesuíta
Diego de Torres Bollo de missionar no Guayrá. Estes padres fundaram as reduções de Nuestra
Señora de Loreto e San Ignacio Miní (I), em 1610 nas margens do Paranapanema, próximo ao
Pirapó, a primeira, e na área chamada Itambaracá, a segunda.
Em 1612, foram enviados, para o Guayrá, os jesuítas Antonio Ruiz de Montoya e Antonio de
Moranta, que adoeceu e retornou a Assunção. Ruiz de Montoya continuou até Guayrá e, em
seguida, juntou-se o padre Xavier Martín Urtaner (ou Urtazu). Em 1622, Ruiz de Montoya foi
nomeado Superior da missão de Guayrá como sucessor de Cataldino.
Entre 1622 e 1628, os jesuítas fundaram mais de onze reduções no Guayrá. Instaladas no Vale
do Paranapanema estavam as reduções de Nossa Senhora de Loreto e San Ignacio. No vale do
Tibaji: San Jose, San Francisco Xavier, Encarnación e San Miguel. Nas margens do Ivaí estava:
Jesus Maria, San Antonio e San Pablo e no rio Corumbataí: São Tomé e Sete Arcanjos. Nas
cabeceiras do rio Piquiri estavam: San Pedro e Concepcióni e no médio Piquiri o santuário de
Nossa Senhora de Copacabana.
Assim, além das cidades "brancas" Ontiveros, Ciudad Real del Guayrá e Villa Rica del Espíritu
Santu, existiram as seguintes reduções ou "pueblos" sob a soberania espanhola e sob a
administração Jesuíta:
INVASÃO PORTUGUESA
A partir de 1627, começaram os ataques bandeirantes em busca de indígenas fora das reduções
e a partir de 1629 começaram a atacar também as reduções do Guairá. Em 1628, os
bandeirantes Antônio Raposo Tavares e Manuel Preto construíram um forte na margem
esquerda do Tibaji. Os indígenas sobreviventes concentrados nas duas únicas reduções
restantes intactas (Loreto e San Ignacio Mini), no final de 1631, conduzidos pelo padre Antônio
Ruiz de Montoya protagonizaram o Êxodo Guairenho, onde cerca de 12 mil indígenas e 700
embarcações viajaram rio abaixo pelo Paranapanema e, em seguida, pelo Paraná. Perto das Sete
Quedas, "encomenderos" da Ciudad Real tentaram impedir a expedição, mas tiveram que
desistir, pois os índios passaram as quedas por terra onde perderam muitos de suas
embarcações. Ali, se uniram, a eles, cerca de 2 000 Guaranis provenientes das reduções de
Tayaoba guiados pelo padre Pedro Espinosa. Após grandes dificuldades divididos em grupos que
avançaram por terra e pelo rio, conseguiram atingir as reduções de Natividad del Acaray y Santa
María del Iguazú e onde receberam ajuda para continuar pelo o Paraná até que em março de
1632 refundaram San Ignacio Miní e Nossa Senhora do Loreto, nas margens do córrego
Yabebyry. Apenas 4 000 guaranis conseguiram chegar.
Os bandeirantes atacaram, em 1631 e 1632, a Ciudad Real del Ciudad Guayrá e Villa Rica do
Espírito Santo. Villa Rica foi cercado por três meses em 1632 e, em seguida, mudou-se para oeste
do rio Paraná. Finalmente, em 1638, a Ciudad Real Guayrá foi arrasada, terminando com o
domínio espanhol no Guayrá.
O avanço sistemático dos bandeirantes pelo leste e a passividade das autoridades espanholas -
pois tentavam evitar conflitos dentro da "união dinástica aeque principaliter" – obrigou os
espanhóis do Guayrá a recuar para a margem direita do rio Paraná, transferindo suas aldeias.
Em 1750, o Tratado de Madri estabeleceu os limites entre Espanha e Portugal, abolindo a linha
do Tratado de Tordesilhas, reconhecendo o território de Guayrá como Português.
Artigo V: Subirá desde a boca do Ibicuí pelo álveo do Uruguai, até encontrar o
do rio Peipiri ou Pequiri, que deságua na margem ocidental do Uruguai; e
continuará pelo álveo do Pepiri acima, até a sua origem principal; desde a qual
prosseguirá pelo mais alto do terreno até a cabeceira principal do rio mais
vizinho, que desemboque no rio Grande de Curitiba, por outro nome chamado
Iguaçu. Pelo álveo do dito rio mais vizinho da origem do Pepiri, e depois pelo do
Iguaçu, ou rio Grande de Curitiba, continuará a raia até onde o mesmo Iguaçu
desemboca na margem oriental do Paraná; e desde esta boca prosseguirá pelo
álveo do Paraná acima; até onde se lhe ajunta o rio Igurei pela sua margem
ocidental.
CONSOLIDAÇÃO BRASILEIRA
A ocupação brasileira da região do Guayrá se afirmou em 1870 com o final da Guerra da Tríplice
Aliança. Mais tarde, foi nomeado de "Departamento de Guaira" uma pequena província
localizada no centro leste do Paraguai, para onde foi transferida Villa Rica do Espírito Santo, em
um território que não estava incluído no Guairá original. Durante a ocupação Portuguesa e
durante grande parte da história brasileira do século XIX, o Guayrá fazia parte da província de
São Paulo, depois de 1853 se tornou o estado (então província) do Paraná. A consolidação
brasileira não se concretizou completamente até as primeiras décadas do século XX, quando os
limites atuais foram estabelecidos com a Argentina através da "Questão de Palmas" ou "das
Missões" e quando terminou a Guerra do Contestado.
FILMES
• A Missão (The Mission, Grã Bretanha 1986) dirigido por Roland Joffé e com trilha sonora
de Ennio Morricone.
Elenco principal: Robert De Niro (Rodrigo Mendoza), Jeremy Irons (Padre Gabriel), Liam
Neeson (Fielding), Ray McAnally (Altamirano), Aidan Quinn (Felipe Mendoza), Cherie
Lunghi (Carlotta), Ronald Pickup (Hontar), Chuck Low(Cabeza)
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA
• ASSUMPÇÃO, T. Lino de. História geral dos Jesuítas. Lisboa: Moraes Ed., 1982.
• MONTOYA, Pe. Antonio Ruiz de. Conquista Espiritual del Paraguay. Madri: S.E., 1639.
• NÓBREGA, Manuel da. Cartas do Brasil, 1549-1560. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988.
O Tratado de Madrid foi um tratado firmado na capital espanhola entre os reis João V
de Portugal e Fernando VI de Espanha, em 13 de Janeiro de 1750, para definir os limites
entre as respectivas colônias sul-americanas, pondo fim assim às disputas.[1] O objetivo
do tratado era substituir o Tratado de Tordesilhas, que já não era mais respeitado na
prática.[2] Pelo tratado, ambas as partes reconheciam ter violado o Tratado de
Tordesilhas na América e concordavam que, a partir de então, os limites deste tratado
se sobreporiam aos limites anteriores.[3] As negociações basearam-se no chamado
Mapa das Cortes, privilegiando a utilização de rios e montanhas para demarcação dos
limites. O diploma consagrou o princípio do direito privado romano do uti possidetis, ita
possideatis (quem possui de fato, deve possuir de direito), delineando os contornos
aproximados do Brasil de hoje.[4]
UNIÃO IBÉRICA
Durante a União Ibérica, o Brasil continuou a ser alvo de estrangeiros como os franceses,
porém os maiores inimigos foram os holandeses - que até 1571 tinham seu território
dominado pela Espanha, o que motivou sua ação contra os espanhóis e seus aliados.
Apesar da força com que invadiram o Brasil e aí se estabeleceram, principalmente na
faixa litorânea que hoje vai do Espírito Santo ao Maranhão e de modo peculiar em
Pernambuco, eles foram definitivamente expulsos em 1654, 14 anos após a Restauração
de Portugal como reino independente.
A COLÔNIA DE SACRAMENTO
A definição geral dos limites ocorreria em 1750 com o tratado de Madrid.[1] Os Sete
Povos das Missões foram deixados em paz até 1750. Pelo tratado, a área dos Sete Povos
das Missões passaria a pertencer a Portugal e em troca a Colônia do Sacramento (no sul
do atual Uruguai) passaria ao domínio espanhol. Porém os portugueses exigiam a
expulsão dos povos missioneiros.
O TRATADO
O Tratado de Madrid foi a primeira tentativa de pôr fim ao litígio entre Espanha e
Portugal a respeito dos limites de suas colônias na América do Sul.[1]
Apesar de Tomás da Silva Teles (Visconde de Vila Nova de Cerveira) ter representado
Portugal,[5] Alexandre de Gusmão foi o redator do Tratado e o idealizador da aplicação
do uti possidetis.
Alexandre sabia que os espanhóis jamais deixariam em paz uma colônia (Colônia do
Sacramento) que lhes prejudicava o tesouro. Além disso, descobrira-se ouro no Brasil,
não sendo preciso entrar em conflitos por causa da prata peruana. Para a compensação,
já tinha em vista as terras convenientes à coroa portuguesa: os campos dos Sete Povos
das Missões, a oeste do Rio Grande do Sul, onde os luso-brasileiros poderiam conseguir
grandes lucros criando gado.
Foi meio continente assegurado a Portugal pela atividade de Alexandre de Gusmão. Para
a região mais disputada, o Sul, o santista já enviara, em 1746, casais de açorianos para
garantir a posse do terreno.[5] Era uma nova forma de colonização que Alexandre
preconizava, através de famílias que produzissem, sem precisar de escravos. Os
primeiros sessenta casais fundaram o Porto dos Casais, mais tarde Porto Alegre.
O tratado foi admirável em vários aspectos. Determinou que sempre haveria paz entre
as colônias americanas, mesmo quando as metrópoles estivessem em guerra.[3]
Abandonou as decisões tomadas arbitrariamente nas cortes europeias por uma visão
mais racional das fronteiras, marcadas pelos acidentes naturais do terreno e a posse
efetiva da terra. O princípio romano de uti possidetis deixou de se referir à posse de
direito, determinada por tratados, como até então tinha sido compreendido, para se
fundamentar na posse de fato, na ocupação do território: as terras habitadas por
portugueses eram portuguesas.
Entretanto, o tratado logo fez inimigos: os jesuítas espanhóis, expulsos das Missões, e
os comerciantes impedidos de contrabandear no rio da Prata. Seus protestos
encontraram um inesperado apoio no novo homem forte de Portugal: o Marquês de
Pombal.
Devido ao sucesso obtido por Gusmão no Tratado de Madrid, mais tarde o historiador
paraguaio padre Bernardo Capdeville se referiria a este como "a vergonha da diplomacia
espanhola".
CONSEQUÊNCIAS
Com o tratado, o território dos Sete Povos das Missões passou a domínio de Portugal e,
posteriormente, do Brasil.
O Tratado de Madrid trouxe como consequências imediatas: a revogação do Tratado de
Tordesilhas; a consagração do princípio do uti possidetis (quem tem a posse tem o
domínio); a mudança da Colônia do Sacramento pelo território dos Sete Povos das
Missões; e a definição do rio Uruguai como fronteira oeste do Brasil com a Argentina.
O resultado final desses tratados e de outros que viriam foi fruto da colonização
portuguesa desde o século XVI até o XIX que ao penetrar o território, seja por motivos
econômicos (mineração na região mais central – Minas, Mato Grosso e Goiás –, pecuária
no sertão nordestino e no sul do Brasil e coleta de produtos da floresta,[1] associado à
facilidade de navegação da Bacia Amazônica ) ou religiosos (como é o caso das missões
jesuítas, franciscanas e carmelitas que estiveram em diversas partes do Brasil), expandiu
os domínios portugueses de norte a sul e pelo uti possidetis adquiriu terras que antes
não lhes pertenciam.
Referências
1. ↑ Ir para:a b c d e Miriam Ilza Santana (12 de março de 2008). «Tratado de Madrid
de 1750». InfoEscola. Consultado em 13 de janeiro de 2013
2. ↑ «Um Governo de Engonços: Metrópole e Sertanistas na Expansão dos
Domínios Portugueses aos Sertões do Cuiabá (1721-1728)». www.academia.edu.
Consultado em 24 de abril de 2016
3. ↑ Ir para:a b Del Priore 2001, p. 164.
4. ↑ Ir para:a b c d e Rainer Sousa. «Tratado de Madri». Brasil Escola. Consultado em
13 de janeiro de 2013
5. ↑ Ir para:a b c d e f g Antonio Gasparetto Junior (4 de dezembro de 2010). «Tratado
de Madrid». História Brasileira. Consultado em 13 de janeiro de 2013
6. ↑ Cortesão 1950, p. 167.
7. ↑ Cortesão 1950, p. 7-8.
Bibliografia
• Cortesão, Jaime (1950). Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid. Parte I
Tomo I (1695-1735). Rio de Janeiro: Instituto Rio Branco. 560 páginas
• Del Priore, Mary; Venâncio, Renato Pinto (2001). O Livro de Ouro da História do
Brasil 2 ed. Rio de Janeiro: Ediouro. 397 páginas. ISBN 9788500008061.
Consultado em 24 de janeiro de 2013
• Waisberg, Tatiana, "The Treaty of Tordesillas and the (Re)Invention of
International Law in the Age of Discovery" Journal of Global Studies, No 47, 2017.
• Terra Gaúcha, Tratado de Madrid
• Educa Terra, Tratado de Madrid
• Texto integral do Tratado de Madrid em português
• Tratado de Madrid de 1750, Fonte: José Ferreira Borges de Castro, Colecção dos
tratados, convenções, contratos e actos públicos celebrados entre a coroa de
Portugal e as mais potências desde 1640 até ao presente, tomo III, Lisboa,
Imprensa Nacional, 1856, págs. 8 a 43, Portal da História, Manuel Amaral, 2000-
2012
• Texto Integral do Tratado de Madrid em espanhol
Jornal do Brasil
RUBENS VALENTE
A construção da usina hidrelétrica de Itaipu durante a ditadura militar (1964-1985)
gerou graves violações de direitos indígenas, com adulteração de procedimentos para
subestimar o número de índios que habitavam a região.
É o que diz relatório produzido ao longo de três anos pela PGR (Procuradoria Geral da
República) e divulgado nesta quinta-feira (25) pela procuradora-geral, Raquel Dodge. O
relatório poderá embasar ações judiciais para a responsabilização da União e de
demarcação de terras indígenas no Paraná.
Produzido ao longo dos últimos três anos, o relatório aponta que o governo militar
fraudou documentações com o intuito de adulterar procedimentos identificatórios e
subestimar o número de indígenas na região e, consequentemente, o impacto social que
a obra da usina traria. Segundo a PGR, o relatório poderá embasar ações judiciais para
a responsabilização da União e de demarcações na região Oeste do Paraná.
Para criar o lago artificial, a obra inundou cerca de 135 mil hectares e transferiu 40 mil
pessoas entre índios e não índios no Paraná. Na área afetada estavam diversos
territórios considerados sagrados pelos índios guaranis, como as Sete Quedas.
O estudo concluiu que apenas uma pequena parcela da comunidade indígena de Ocoy
foi reconhecida como indígena pela Funai, na época gerida por um general do Exército,
e depois reassentada "em condições piores do que as que enfrentava antes".
Para estabelecer o número de indígenas que viviam na região na época da obra, a Funai
recorreu a um método abolido nos anos seguintes e, segundo o relatório, usado
somente naquele empreendimento, a fim de “testar o grau de indianidade” de cada uma
das pessoas que habitavam a região de Ocoy. Na época da ditadura, testes para
identificar uma suposta “indianidade” eram estimulados por um coronel do Exército que
atuava na Funai.
“Esse era um procedimento que a maioria dos antropólogos não aceitaria realizar
por fugir aos parâmetros antropológicos e por violar os procedimentos que
eram, já naquela época, internacionalmente reconhecidos no que tange ao
autorreconhecimento e ao reconhecimento pelos demais membros do grupo.
Ocorre que [o antropólogo] era filho de criação de Ernesto Geisel e estava
profundamente vinculado ao regime militar”, continua o relatório. O
antropólogo e o coronel já faleceram.
A apuração da PGR se estendeu por cerca de 30 meses com a tomada de depoimentos
de indígenas, viagens à região, uma perícia antropológica em diversas comunidades
indígenas e acesso a mais de duas centenas de documentos e relatórios, dos quais oito
produzidos por Itaipu, 13 pela Funai, sete em conjunto pela Funai e Itaipu e quatro
documentos de entidades indigenistas, além da análise de mais de uma centena de
pesquisas acadêmicas realizadas ao longo dos anos.
Todo o impacto da construção da usina aponta no relatório desmente a história oficial
ainda hoje usada pela Itaipu de que havia um “vazio demográfico” na região. O relatório
aponta o contrário e ainda confirma que a construção provocou danos que se
estenderam por toda a comunidade indígena ao longo dos anos e que hoje são raiz dos
problemas atuais que vivem as comunidades indígenas do Oeste do Paraná, como a
fome, o desemprego, desnutrição e a discriminação por seguirem lutando por terra
região.
BULLYING
A procuradora-geral disse que há relato de que o bullying escolar levou ao suicídio de
uma criança guarani na mesma região. "Essa fricção entre as populações e comunidades
é preciso ser relatada e superada porque todos nós queremos para crianças que
convivem numa mesma escola é a convivência harmônica e pacífica. E isso resulta muito
da visão externa que a sociedade tem dos povos indígenas e que ainda é uma visão que
ainda precisa superar aspectos de discriminação, de exclusão, de enfrentamento", disse
Dodge.
A morte foi confirmada pelo tio da criança, Crídio Medina, guarani da aldeia de Ivyraty
Porã, no município de Terra Roxa (PR), também presente ao evento na PGR. Ele disse
que seu sobrinho Gabriel Morales, de 12 anos, matou-se enforcado com a própria
camisa na época do Natal do ano passado.
Crídio disse que o menino vinha se queixando e às vezes chorava porque estava sendo
discriminado na escola que frequentava na cidade de Terra Roxa. Segundo o tio, a
criança disse aos líderes indígenas da aldeia que estava sendo humilhada na escola
porque usava apenas chinelos, seria "sujo" e com roupas mal lavadas e não tinha
recursos que as outras crianças tinham, como telefone celular. A fonte de água mais
próxima da aldeia fica a cerca de 8 km, por isso as dificuldades das famílias com lavagem
das roupas.
Segundo Crídio, os índios relataram o bullying à escola, mas não sabe se alguma
providência foi tomada. De acordo com o índio guarani, o pai do menino estava
tentando melhorar sua renda para adquirir calçados e roupas melhores para o filho,
quando ocorreu o suicídio.
"Disseram para o Gabriel que ele não podia estudar no meio dos brancos, que tinha que
ficar na aldeia. Ele estava sentindo vergonha. Isso ele contou para as irmãs pequenas
dele", disse o tio. Ele reivindica a criação de uma escola indígena dentro da aldeia para
evitar a repetição do bullying com outras crianças indígenas.
O cacique da aldeia Ocoy, Celso Jopoty Alves, disse que os guaranis necessitam da
demarcação de terras na região para sua sobrevivência. Ele afirmou que o discurso do
governo de Jair Bolsonaro contra demarcação de terras indígenas "estava previsto antes
da eleição".
"Muitas vezes no governo, na fala deles, tem muita cosa que a gente não gosta. Porque
diz que a gente está tomando terra, que [o Brasil] está perdendo terra para indígena.
Mas na verdade é totalmente diferente. Quando sai a demarcação da terra, a gente está
ganhando, porque está reflorestando e vai cuidar do meio ambiente", disse Jopoty.
Júlio Garcia, da Comissão Guarani Yvyrupá, disse que a maioria da população brasileira
"bate palma" para as declarações do governo de que as demarcações de terras indígenas
"vão ter um fim, nenhum centímetro de demarcação de terras indígenas".
"Quando se fala 'não, vai ter que acabar os povos indígenas'. Olha, o que você sente se
nós indígenas falarmos assim para vocês: 'Nós temos que acabar com os não indígenas'.
O que você sentiria nessas palavras? Mas nós recebermos [isso] do governo federal
brasileiro dizendo que os povos indígenas têm que acabar... Mas nós estamos aqui,
sempre resistiremos e lutaremos pela demarcação", disse Garcia.
FONTES: https://porem.net/2019/04/26/construcao-de-itaipu-provocou-graves-
violacoes-de-direitos-dos-povos-indigenas-aponta-pgr/
https://www.jb.com.br/pais/2019/04/996914-construcao-de-itaipu-provocou-graves-
violacoes-de-direitos-indigenas--diz-pgr.html
USINA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU
Usina Hidrelétrica de Itaipu (em castelhano: Itaipú, em guarani: Itaipu) é uma usina hidrelétrica
binacional localizada no Rio Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. A barragem foi
construída pelos dois países entre 1975 e 1982, período em que ambos eram governados por
ditaduras militares. O nome Itaipu foi tirado de uma ilha que existia perto do local de construção.
Na família linguística tupi-guarani, o termo significa "pedra na qual a água faz barulho", através
da junção dos termos itá (pedra), i (água) e pu (barulho).[3] Quando foi concluída, era a maior
barragem do mundo, título que manteve por 21 anos até a construção da Hidrelétrica das Três
Gargantas, na China, em 2003.
Em termos de recorde anual de produção de energia, a usina de Itaipu ocupa o primeiro lugar
ao superar seu próprio recorde [11] que era de 98,6 milhões de MWh.[12][13] Em 2016, a usina
de Itaipu Binacional realizou um feito histórico ao produzir, em um único ano calendário, mais
de 100 milhões de MWh de energia limpa e renovável. No total, em 2016, foram produzidos
103.098.366 MWh de energia.[14][13]
O seu lago possui uma área de 1.350 km2, indo de Foz do Iguaçu, no Brasil e Ciudad del Este, no
Paraguai, até Guaíra e Salto del Guairá, 150 km ao norte. Possuindo 20 unidades geradoras de
700 MW cada e projeto hidráulico de 118 m, Itaipu tem uma potência de geração (capacidade)
de 14.000 MW. É um empreendimento binacional administrado por Brasil e Paraguai no rio
Paraná na seção de fronteira entre os dois países, a 15 km ao norte da Ponte da Amizade. A
Usina de Itaipu fazia parte da lista oficial de candidatas para as Sete Maravilhas do Mundo
Moderno, elaborada em 1995 pela revista Popular Mechanics, dos Estados Unidos, mas não
ganhou o título.[15]
HISTÓRIA
A usina hidrelétrica de Itaipu começou a ser pensada ainda na década de 1960, quando foram
assinados os primeiros acordos de cooperação entre Brasil e Paraguai.[20] Em 22 de julho de
1966,[21] os ministros das Relações Exteriores do Brasil, Juracy Magalhães, e do Paraguai,
Sapena Pastor, assinaram a "Ata do Iguaçu", uma declaração conjunta de interesse mútuo para
estudar o aproveitamento dos recursos hídricos dos dois países, no trecho do Rio Paraná "desde
e inclusive o Salto de Sete Quedas até a foz do Rio Iguaçu".[22]
As primeiras pesquisas de campo para a elaboração do projeto foram feitas em pequenas balsas
por técnicos brasileiros e paraguaios. O local escolhido para a construção foi um ponto do rio
conhecido como Itaipu, que em tupi quer dizer "a pedra que canta". As dimensões do projeto
também foram traçadas desde o início: a área da hidrelétrica vai de Foz do Iguaçu, no Brasil, e
Ciudad del Este, no sul do Paraguai, até Guaíra e Salto del Guairá, no norte deste país.[20]
IMPACTO
ECONÔMICO
Nos 170 km de extensão, entre Foz do Iguaçu e Guaíra, o Reservatório de Itaipu atinge áreas de
16 municípios brasileiros, dos quais 15 no estado do Paraná e um em Mato Grosso do Sul. Como
compensação, Itaipu paga royalties a esses municípios, proporcionalmente à área de terra
alagada. No Paraguai, os recursos dos royalties são repassados ao Ministerio de Hacienda
(Ministério da Fazenda), que já recebeu, desde 1985, mais de 4,5 bilhões de dólares. No Brasil,
o Tesouro Nacional recebeu em royalties mais de 4,8 bilhões de dólares, sendo que a divisão, de
acordo com a Lei dos Royalties em vigor desde 1991,[50] é: 10% para órgãos federais; 45% da
compensação repassada aos Estados e 45% aos municípios. Os royalties são aplicados na
melhoria da qualidade de vida da população, nas áreas de educação, saúde, moradia e
saneamento básico.[51]
A grandiosidade da usina contribui para que Foz do Iguaçu seja mundialmente conhecido como
um dos mais importantes destinos turísticos do Brasil. Desde que foi aberta à visitação, Itaipu já
recebeu mais de 16 milhões de visitantes.[52] Para receber os visitantes, o Complexo Turístico
Itaipu oferece opções de visitas pelas áreas internas e externas da usina.
AMBIENTAL
Com o fechamento das eclusas da barragem de Itaipu, uma área de 1.500 km2 de florestas e
terras agriculturáveis foi inundada. A cachoeira de Sete Quedas, uma das mais fascinantes
formações naturais do planeta, desapareceu. Semanas antes do preenchimento do reservatório,
foi realizada uma operação de salvamento dos animais selvagens, denominada Mymba kuera
(que em guarani quer dizer "pega-bicho"). Equipes de voluntários conseguiram capturar mais de
4.500 bichos[quantos não morreram?], entre macacos, lagartos, porcos-espinhos, roedores,
aranhas, tartarugas e diversas espécies. Esses animais foram levados para as regiões vizinhas
protegidas da água.[53] No total, mais de 35 mil animais que viviam na área a ser inundada pelo
lago precisaram ser removidos.[20]
O município de Guaíra foi o mais afetado devido à perda das Sete Quedas, um dos pontos
turísticos mais conhecidos do país na época e responsável por parte importante da receita local.
A construção do lago de Itaipu inundou o salto em 1982. A cidade recebeu 80 milhões de dólares
a título de compensação financeira entre 1985 e maio de 2016, mas alega que o ressarcimento
não foi condizente ao prejuízo causado.[54]
SOCIAL
Durante a instalação da Itaipu, foi necessária a desapropriação de 42.444 pessoas, das quais
38.440 eram trabalhadore(a)s do campo, o que gerou inúmeros problemas sociais.[55] Parte
dessas famílias viviam às margens do Rio Paraná e foram desalojadas, a fim de abrir caminho
para a represa. Algumas se refugiaram na cidade de Medianeira, uma cidade não muito longe
da confluência dos rios Iguaçu e Paraná. Algumas dessas famílias vieram, eventualmente, a ser
membros de um dos maiores movimentos sociais do Brasil, o Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra.[56][57]
Segundo um relatório produzido ao longo de três anos pela Procuradoria Geral da República, a
construção da usina hidrelétrica gerou graves violações de direitos dos povos indígenas, com
adulteração de procedimentos para subestimar o número de índios que habitavam a região.
Para criar o lago artificial, por exemplo, a obra inundou cerca de 135 mil hectares e transferiu
40 mil pessoas entre índios e não índios no Paraná. Na área afetada estavam diversos territórios
considerados sagrados pelos índios guaranis, como os Salto de Sete Quedas.[59]
O estudo concluiu que apenas uma pequena parcela da comunidade indígena de Ocoy foi
reconhecida como indígena pela Funai, na época gerida por um general do Exército, e depois
reassentada "em condições piores do que as que enfrentava antes". "Todas as demais
localidades existentes entre Foz do Iguaçu e Guaíra foram completamente ignoradas e as
famílias indígenas que nelas viviam foram tratadas como posseiros e invasores (porque não
tinha documentos das terras), sendo delas expulsas sem nenhum ressarcimento", diz o relatório
organizado pelos procuradores da República Gustavo Kenner, João Akira Omoto, Julio José
Araujo Junior e pela antropóloga Luciana Maria de Moura Ramos, nomeada analista pericial da
PGR.[59]
Ver também
• Lago de Itaipu
• Fronteira Brasil-Paraguai
• Tratado de Itaipu
Referências
2. ↑ Ir para:a b ITAIPU BINACIONAL. Itaipu: 30 anos de operação. Uma usina de recordes. Foz
do Iguaçu, 2014. Edição própria. Pp. 28. CDD 621.312134
10. ↑ Produção de Itaipu atinge nova marca histórica: 2,4 bilhões de MWh Itaipu Bi-
nacional - acessado em 18 de novembro de 2015
12. ↑ [3] G1
15. ↑ Pope, Gregory T. (dezembro de 1995), «The seven wonders of the modern
world», Popular Mechanics: 48–56
18. ↑ NAVARRO, E. A. Método moderno de tupi antigo. Terceira edição. São Paulo. Global.
2005. p. 69.
20. ↑ Ir para:a b c d e f g Ipea, ed. (28 de maio de 2010). «História - Usina Hidrelétrica de Itaipu».
Consultado em 2 de junho de 2019
23. ↑ Águas furtadas Jornal Gazeta do Povo - edição comemorativa de n° 30.000 - acessado
em 8 de dezembro de 2012
24. ↑ «Quem é Quem - Serviços - Terra» (em Portguês). Terra.com.br. 22 de Agosto de 2014.
Consultado em 3 de Dezembro de 2014
26. ↑ JIE, ed. (13 de outubro de 2011). «Lago de Itaipu Completa 29 Anos». Jornal de Itaipu
Eletrônico. Consultado em 1 de julho de 2015
27. ↑ JIE, ed. (14 de maio de 2007). «Inauguração de duas unidades geradoras marca início
de nova fase de Itaipu». Jornal de Itaipu Eletrônico. Consultado em 2 de julho de 2015
28. ↑ Nickson, Andrew, (2008) Paraguay: Lugo versus the Colorado Machine, Open
Democracy 20 February 2008Open Democracy - acessado em 2013
29. ↑ «Itaipu: entenda como é a negociação entre Brasil e Paraguai». O Globo. 12 de maio
de 2011. Consultado em 2 de fevereiro de 2012
31. ↑ Energy Deal With Brazil Gives Boost to ParaguayNew York Times, 27 de julho de 2009
32. ↑ Problema em Itaipu causa apagão em 10 Estados do País, Terra Notícias, 10/11/2009
34. ↑ Após apagão em parte do país, Itaipu diz que opera normalmente, Globo Com,
11/11/2009
35. ↑ Ministérios de Minas e Energias diz que apagão atingiu estados brasileiros G1.
Acessada em 15 de junho de 2012.
41. ↑ Randolpho Gomes. Indicação 073/2011. Rio de Janeiro: Instituto dos Advogados
Brasileiros, 8 de agosto de 2011.
44. ↑ Hidrelétrica de Itaipu: Aspectos de Engenharia. [S.l.: s.n.] 2009. ISBN 9788561885021
54. ↑ Senado do Brasil, ed. (21 de setembro de 2016). «Órfã do Salto de Sete Quedas,
Guaíra poderá receber mais royalties de Itaipu». Consultado em 2 de junho de 2019
55. ↑ Histórico sobre Usinas Hidrelétricas e seus impactos ambientais no Brasil Site Artigos
- acesso em 29/11/2010.
56. ↑ Branford, Sue and Jan Rocha. Cutting the Wire: The Story of the Landless Movement
in Brazil. London: Latin American Bureau, 2002.
59. ↑ Ir para:a b Folha de S.Paulo, ed. (25 de abril de 2019). «Construção de Itaipu provocou
graves violações de direitos indígenas, diz PGR». Consultado em 2 de junho de 2019
Ligações externas
• Sítio oficial
• Tratado de Itaipu
FONTE: WIKIPEDIA
https://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_Hidrel%C3%A9trica_de_Itaipu