Você está na página 1de 5

14/01/2021 Slam: uma nova forma de fazer poesia

INSTITUTO SINGULARIDADES › Annotations

Slam: uma nova forma de fazer


poesia
NOVEMBER ,

“Pow. Pow. Pow”, “Creedooo”, “Esse é o SlamPeão”! Você já ouviu alguns


desses gritos pela cidade? Não? Então você não conhece uma das
manifestações recentes mais inquietantes que acontecem na cidade de São
Paulo: os Slams! E o que isso tem a ver com educação? Continue a leitura
para descobrir…

Slam é uma palavra de língua inglesa quer dizer “batida”, e é na década de 


que surge, nos Estados Unidos, a iniciativa de fazer a poesia “descer as ruas”,
na batida, na lata, no tapa, na pressa da dinâmica citadina. Já na década de
, na França, o movimento se intensifica como algo essencialmente poético,
mas, sobretudo, cultural e social. Aqueles que participam de um Slam
declamam, leem, movimentam o corpo, improvisam e disputam, como num
repente contemporâneo, seu texto com outros slammers. Esse movimento
ainda é pouco conhecido no Brasil, talvez por falta de divulgação e/ou
incentivo. O Slam da Guilhermina, por exemplo, é um que resiste e, hoje, já
é bem popular, tendo muitos adeptos fiéis. Quando começou, contudo, há
alguns anos atrás, tinha um público bem pequeno e um número de
“batalhas” bem reduzido. Sim, “batalha” é o nome que se dá às disputas
entre os poetas, como se se tratasse de uma guerra poética…

O Slam da Guilhermina

O Slam da Guilhermina não é o único da cidade de São Paulo e nem o


primeiro, mas já existe desde de . Os criadores são Emerson e Cristina
https://outline.com/Nea93G 1/5
14/01/2021 Slam: uma nova forma de fazer poesia

Assunção, Rodrigo Motta e Uilian Chapéu, organizadores que têm atividade


paralelas diversas, desde a docência até o trabalho como fotógrafo e outras
atividades “comuns”, isto é, não diretamente ligada à arte e à literatura. O
evento acontece ao ar livre (faça chuva ou faça sol!), ao lado de uma estação
de metrô (estação Guilhermina-Esperança, dá o seu nome), na periferia da
cidade. Local, espaço, horário, estética não foram escolhidas à toa, pois levar
poesia e arte para um espaço periférico e da maneira como é realizado foi e
tem sido, segundo seus organizadores, um ato de resistência. São esses
mesmos organizadores, aliás, que pensaram em tudo: o horário (para fazer as
pessoas saírem da mesmice na semana e ter um momento de lazer), o local
(um lugar que tem poucos eventos culturais) e o formato (pensado de modo
a que todos participem, de trabalhadores a caminho de casa a moradores do
bairro). Assim, todos (até mesmo moradores de rua!) podem pegar o
microfone e lançar ao púbico suas palavras, pois, como afirmam os
organizadores do evento, a poesia é de todo mundo. Os temas são um caso à
parte: geralmente são inquietações nascidas da realidade dos excluídos, com
ataques ao contexto político, demandas sociais, desabafos de toda ordem,
quase sempre de uma perspectiva crítica, prezando pela liberdade e
rejeitando qualquer tipo de opressão.

https://outline.com/Nea93G 2/5
14/01/2021 Slam: uma nova forma de fazer poesia

Retomando a questão do começo do texto: e o que isso tem a ver com


educação? Infelizmente, com escola: quase nada. Com formação de leitores,
produção de texto (oral e escrita) e práticas de letramento: absolutamente
tudo. Os Slams têm mostrado para o grande público, especialmente da
periferia, que todos temos direito à palavra e à fruição estética; todos
podemos ter voz e não só as vozes reconhecidas pela academia podem e
devem ser ouvidas. Os Slams nos ensinam que uma praça pode ser um
espaço de aprendizagem. E que a literatura não tem dono: assim como a
língua, ela é um direito de todos.

Cientes disso, o grupo do Slam da Guilhermina já tem conseguido chegar às


escolas públicas paulistanas: em sua ª edição, o Slam Interescolar engaja
pré-adolescentes e adolescentes a pegarem nos microfones e apresentarem
suas produções, num evento que hoje já envolve  escolas, promovendo a
leitura, a escrita literária, a formação crítica dos alunos, sem nos
esquecermos de que se trata de uma das práticas mais atuantes (e atuais!) de
educação não formal.

Slam na formação de educadores

Por isso, seja como futuros educadores, seja como cidadãos críticos em geral,
é importante conhecer essa “nova” realidade de nossa cultura popular e
urbana, inserindo-a no cotidiano escolar de alunos e professores. A Educação
é um processo coletivo, democrático e real, que deve deslocar-se do que é
imposto no livro didático e na rigidez do espaço formal da sala de aula para
todos os espaços possíveis em que, de alguma maneira, todos ensinam e
aprendem algo. E, principalmente, sem grilhões e amarras!

Afinal, como diz um trecho do “grito de guerra” do Slam da Resistência, um


dos mais ativos e críticos da cidade de São Paulo, “sem massagem na

https://outline.com/Nea93G 3/5
14/01/2021 Slam: uma nova forma de fazer poesia

mensagem!”.

Márcia Moreira Pereira é professora da disciplina de Literaturas no curso de


Letras do Instituto Singularidades. Contato:
marcia.moreira@singularidades.com.br

https://outline.com/Nea93G COPY

Annotations · Report a problem

Outline is a free service for reading and annotating


news articles. We remove the clutter so you can
analyze and comment on the content. In today’s

climate of widespread misinformation, Outline


empowers readers to verify the facts.

https://outline.com/Nea93G 4/5
14/01/2021 Slam: uma nova forma de fazer poesia

H O M E · T E R M S · P R I VAC Y · D M C A · CO N TAC T

https://outline.com/Nea93G 5/5

Você também pode gostar