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ATIVIDADES COMPLEMENTARES

ARTES VISUAIS 6° SEMESTRE

ALEXANDRA EUSTACHIO OLIVEIRA DE SOUZA


R.A.: 1621082

UNIP EAD - POLO


SANTO ANDRÉ

ANO 2021
O presente compilado de análises vinculadas ao curso com Licenciatura em Artes
Visuais, tem como objetivo concluir a carga horária de 130 horas exigidas, conforme
orientações obtidas pela Tutoria Virtual da Unip.

Filme: Cidade Cinza – Os Gêmeos (2017)

Uma das manifestações de arte urbana mais conhecidas e acessíveis ao público


mundialmente e ainda marginalizada, comumente vista em vias públicas, ganha um
registro documental sobre sua importância e presença entre o cenário de concreto
que reveste a cidade de São Paulo.
O Grafite, surgido em Nova York na década de 1970 , tendo Jean Basquiat (
1960-1988) como um importante nome e Alex Vallauri (1949-1987) no Brasil, veio
com a intenção de intervir e interferir artisticamente na paisagem das grandes
cidades e se expandiu enquanto movimento cultural em terras tupiniquins.
Trazendo nomes importantes como os dos irmãos grafiteiros Os Gêmeos para a
cena das artes plásticas.

No filme-documentário, há o questionamento dos artistas contra a ação do poder e


seu descaso em relação às artes, visando o apagamento e repressão de obras cujo
conteúdo seja uma crítica social à vida do povo, também à forma de desenvolver
uma nova concepção de arte em comparação ao grande financiamento de obras em
locais onde o povo não possui condições de estar. Cerceando e censurando o
contato do artista com o observador.

De acordo com o artigo 27 da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

“Todos os seres humanos têm o direito de participar


livremente na vida cultural da comunidade, de beneficiar
das artes e de participar no processo científico e dos seus
benefícios; todos os seres humanos têm direito à
proteção dos interesses morais e materiais decorrentes
de qualquer produção científica, literária ou artística da
qual seja autor.”

Isto posto, é de suma importância considerarmos a expressões de artes urbanas


não só uma possibilidade de interação com o público, mas também um meio de
através dos seus aspectos e estética, dialogar com a sociedade acerca de questões
sociais.
A arte cumpre também com este papel de formar opinião, despertar olhares sob
diversos aspectos, mexer com a noção de beleza, com os sentidos, provocar o
intelecto do espectador.
Ela educa à medida que também denuncia, informa fatos ou provoca o imaginário,
como é o caso da arte de rua. Onde há, inclusive, a interseccionalidade com outras
manifestações populares como o break dance, o rap, possibilitando a auto
experimentação do sujeito enquanto parte potente e de promoção dessa política de
inclusão, muito forte nas street arts.
Pensar arte para além dessa visão elitista, promovendo o acesso à cultura com
equidade e qualidade é o grande desafio para os profissionais de Artes Visuais na
educação de base.
Uma sociedade sem cultura e educação é uma sociedade fadada ao fim.

Referências
https://www.youtube.com/watch?v=svFLNSQevag
https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2018/dezembro/artigo-27deg-direito-
a-cultura#:~:text=%E2%80%9CToda%20a%20pessoa%20tem%20o,nos%20benef%
C3%ADcios%20que%20deste%20resultam.

Coletivo Mulheres na Luta, exposição de arte - manifesto Nosso Top 10 é


feminista.
Segundo Perissé (2009), é em contato com a obra que o espectador entra em
diálogo com a personalidade do artista; com as circunstâncias da época em que ele
vivia e que o impregnava; entra em diálogo com o ambiente com o qual ele- o
artista- cresceu e com o qual talvez rompesse; entra em diálogo ou em conflito com
sua postura perante temas cruciais ou banais da vida; entra em diálogo, aberto ou
velado, com seus valores existenciais.
A experiência estética de uma obra de arte para com o observador tende a abrir
margem para uma infinidade de assuntos e situações reais ou não, entretanto, no
que diz respeito à ação do Coletivo Mulheres em luta, foi por meio da arte exposta a
olhos, muros e céus abertos que o diálogo visual se deu num tom de alerta.
Na disciplina de Arte e Estética, muito do que consideramos conceitualmente arte
por uma noção deturpada do que nos seja belo, conversa com esta
exposição-denúncia que, à época, dificilmente veríamos organizada em grandes
galerias como hoje é possível. E mesmo assim, mesmo com tanta repercussão
contra os males do machismo enquanto pilar de formação social, ainda causa
desconforto ou revolta, boicote por parte da classe feminina conservadora.

A qualidade na educação é afetada por essas linhas retrógradas de raciocínio que


tolhem o princípio de liberdade, afetando a segurança do sujeito para criar e se
entender no mundo a partir de um olhar sobre si.
A arte assegura uma sensação de autonomia, interpretada como libertinagem para
os modos e conduta da mulher. Não por acaso, ainda somos o país que mais
assassina mulheres e assimilados (leia-se trans, travestis, lgbt +...).
A campanha Nosso Top 10 é Feminista, composta por mulheres jovens e adultas, se
valeu da grafitagem para emitir esse alerta pelo direito à vida, ao respeito pelo
próprio corpo e existência.
Enquanto contribuidores e contribuidoras na formação do sujeito social, nós,
professores de Artes, precisamos entender a importância do diálogo entre a carga
cultural que adquirimos com o tempo de estudo institucional, nossas vivências e as
narrativas de vida dos nossos alunos.
A arte que espelha a realidade vivida atrai a atenção e proporciona um melhor
entendimento do nosso público final.
Educação é e sempre será a base de uma sociedade mais justa e criativa.
Precisamos estimular este olhar, por mais dura que realidade nos pareça.
Referência
Grajaú tem grafitaço feminista contra "Top 10" e machismo
http://periferiaemmovimento.com.br/no-meio-do-caminho-tinha-um-grafitaco-contra-o
-machismo/
https://www.instagram.com/coletivomulheresnaluta/

Entrevista com Zaven Paré

Zaven Paré é um artista plástico francês que utiliza do maquinário criado a partir da
concepção de marionete para criar cenários de teatro e instalações artísticas. Neste
registro, ele fala sobre a exposição Cyber Art realizada no Rio de Janeiro (2009), no
espaço da Caixa Cultural.
Zaven representa uma vertente da discussão contemporânea sobre a relação entre
a arte tradicional e o mercado da interação digital.
Segundo a pesquisadora e professora universitária Priscila Arantes (2005), o
advento da Guerra Fria possibilitou o avanço da área tecnológica, principalmente
nas áreas de pesquisa e desenvolvimento de computadores. Fato que acabou por
proporcionar a evolução na criação de recursos informáticos na produção,
manipulação e exibição de imagens.
Uma outra vertente, questiona uma possível descaracterização na relação de
criação, originalidade entre o artista , sua obra e o espectador, uma vez que a
máquina não concebe por si só o produto de arte com os mesmos processos
humanos. Perdendo assim, sua qualidade e caráter único.
Todavia, enquanto estudantes e consumidores de arte, podemos desenvolver um
debate, uma reflexão sobre as contribuições e os malefícios causados pelo uso de
sistemas eletrônicos numa sociedade de consumo rápido.
A arte tem de acompanhar os novos tempos, às novas linguagens de comunicação
de modo que atinja o maior número de pessoas e leve sua mensagem, tenha
impacto evolutivo na vida humana.
Por outro lado, as políticas públicas para que este acesso seja plural a todos, não
beneficia às populações mais carentes, levando a arte e o artista a conversarem
com um público específico.
Outro ponto a se observar é que a evolução tecnológica nos meios de comunicação
para com as artes visuais, mesmo com todas essas problemáticas, também se vale
do maquinário para projetar arte em edifícios abandonados no centro das grandes
cidades e gerando uma galeria digital a céu aberto que não sofre com tanta
interferência direta das mudanças climáticas.
A cyber art conversa com diversas disciplinas do curso e nos aponta soluções
também para disseminar o olhar crítico e inclusivo sobre o tema.
Referências
https://www.scielo.br/j/ars/a/GJpShm95ZD4fhsxPHLMgrng/?lang=pt
https://www.youtube.com/watch?v=J3LGu1lfQCY
https://www.youtube.com/watch?v=NweSR8bEtr8
Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire

Paulo Freire, um dos grandes pensadores, educador e filósofo atuante no campo da


educação e pedagogia. Tido como Patrono da educação Brasileira é notável
atuação no movimento da pedagogia crítica.
Seus estudos são extremamente importantes e demarcam um novo olhar sobre a
relação da escola com a comunidade, expressos na figura do aluno e do professor.
Um de seus pensamentos versa sobre o tema abordado no vídeo em que o cerne
da questão se dá acerca do processo de aprendizagem dentro e fora do ambiente
escolar.
Freire entendia que o sujeito está em constante aprendizado, portanto, são seres
inconclusos, que aprendem e ensinam permanentemente. Logo, o ato de ensinar
não seria transmitir conteúdo, mas experimentar as possibilidades e a partir daí,
formar sua visão crítica por ter passado pelo processo de contato e conhecimento.
Conhecer significaria sempre se pôr a uma nova forma de apreensão da realidade
entre seres que interagem ao invés de só receber uma visão unilateral das coisas.
Respeitar o processo de aquisição do saber dos educandos, porém, sempre
superando o saber do senso comum por meio do conhecimento epistemológico,
provocando a curiosidade e assim desenvolvendo a visão crítica sobre esses
processos.
Para Freire, os professores precisam estudar, pesquisar e testemunhar os alunos o
quão este processo é importante através de exemplos próprios, ações onde este
argumento se sustenta e cause nos educandos a percepção sobre si como seres
pensantes e agentes transformadores em seu meio. E também, a este professor,
deve estar explícito que estar aberto a novas opiniões é necessário.
Ensinando se aprender e aprendendo se ensina, porém, isso só se faz com certeza,
segurança, competência profissional, generosidade e alegria, sendo motivado e
motivando para que surta efeito.
Não há como ser professor sem colocarmo-nos no lugar do aluno e isso não
significa perder os limites ou autoridade, mas ter consciência do nosso papel
enquanto formadores e não ditadores.
Os muitos conceitos freirianos, apontam para uma visão de escola, o modo antigo e
truncado de ensino já não nos cabe, visto que os tempos são outros.
E estando a didática ligada ao modus operandi de contribuir à formação do sujeito
social, é essencial a todos os docentes ter uma visão de cuidado, afeto e
responsabilidade para com o outro, tanto quanto para com a nossa profissão.
Referência
https://www.youtube.com/watch?v=vrwLeUwP4ho
Filme: Ensaio sobre a cegueira

O filme de Fernando Meirelles, data de 2008 e trabalha sobre uma das formas de
fazer arte através do cinema e provocando reflexões, segundo PERISSÉ (2009),
com intuito de ensinar valores.
A carga emocional se dá na combinação de planos, problemáticas e narrativas das
quais o espectador se vê dentro da trama, provocado por traços presentes nas
relações humanas e falhas de caráter.
A cegueira é uma espécie de metáfora para aquilo que o ser humano opta por não
encarar, não assumir, não enxergar, mesmo que esta escolha o arraste para
situações degradantes.
Simbolizada através de um vírus que causa a falta de visão, cujo efeito – ao invés
de preto - é uma espécie de branco total, ausência de formas, o vazio. E as pessoas
infectadas são retiradas do convívio da sociedade para viver aglomeradas e sob
uma outra dinâmica organizacional, onde o trato ético é rebaixado à sub
convivência.
Outro filme que, de forma perturbadora, mostra a que ponto o ser humano pode
chegar para sobreviver, ainda que tenha de se corromper é O Poço (2019), da
companhia Netflix.
Em ambos a ideia de que o homem é produto do meio é abordada, mas também, o
questionamento sobre de onde o mal, a falta de moral se origina, já que o meio é
composto pelo homem.
São críticas sociais que estão presentes desde a formação humana, considerando a
narração bíblica da evolução.
Na matéria Arte e Estética, a obra de Meireles é citada como exemplo onde as
diversas formas de linguagens visuais, códigos sensoriais se combinam e, ainda
que não haja o texto, outros componentes indutivos, bem como cores e expressões,
dão conta de passar a mensagem. E como isso é promissor quando conversa com a
carga cultural e filosófica da vida do espectador.
Por toda esta potência na comunicação é que as artes cênicas e/ou
cinematográficas atingem com ainda mais impacto o sujeito no âmbito coletivo.
A indústria da imagem é uma forte aliada no processo de educação das artes.
Filme: Um cão andaluz (1929)

O surrealismo, movimento francês de vanguarda, surgido na década de 20, no


período das guerras mundiais, descendente de movimentos anteriores como o:
Futurismo, Cubismo, Dadaísmo e o Expressionismo.
Este, veio de um movimento literário, passando posteriormente para outras
vertentes da arte.
O momento de conflitos, não era frutífero para narrativas românticas. Neste período,
Sigmund Freud desenvolvia suas análises psicanalíticas, que envolve o
inconsciente, algo que foi evidenciado nas artes do surrealismo.
Muitos dos artistas surrealistas vieram do Dadaísmo, porém os surrealistas não
queriam a desordem, mas reconstruir a lógica de forma a valorizar o que o
subconsciente encarasse como realidade, a partir de uma análise do homem sobre
si, considerando os sonhos, a imaginação como valia.
No cinema, os filmes tinham um humor controverso, um traço de teorias, subversão,
ironias e a exploração dos desejos reprimidos do homem. Cujo objetivo era quebrar
as amarras sociais por meio da linguagem, pegando aquilo que é comum e regra e
transformando em algo diferente, sem muito sentido estabelecido.
Uma das características nos filmes dessa época, é o efeito de sobreposição de
imagens para dar a alusão algo imaginário, um devaneio.
O filme de Um cão Andaluz, de Salvador Dalí e Luis Buñel, é considerado um dos
filmes que representa a expressão do surrealismo, onde há uma das cenas mais
emblemáticas de um olho sendo cortado por uma navalha, como quem quer romper
com o olhar de mesmice sobre as coisas, ou a realidade imposta naquele momento.
Além da narrativa que quebra com o sentido lógico do tempo, dando origem ao que
chamavam de sur-realidade.
O significado desses filmes não se ancora nas realidades do dia a dia, mas enaltece
outras formas de compreensão de si mesmo.
O Surrealismo, foi um dos movimentos tratados na disciplina de artes e estética e,
apesar de ser um movimento tão antigo, ainda vigora nas artes atuais junto a outras
expressões, também num momento de conflito e crise política no século 21.
Afinal, toda forma de expressão humana perpassa, sim, pelo processo assimilação
e criação sobre o momento vivido, entre outras influências sofridas ao decorrer da
vida.
O que só faz enriquecer o repertório individual, também, em conjunto com o todo e
então, externar esse combinado de informações de um jeito particular que pode
atingir a mais contemporâneos ou ultrapassar o tempo.
Enquanto as problemáticas sociais não se resolvem, não são solucionadas, a
tendência é que se repitam e, no que diga respeito aos registros por quem as
vivencia, os meios e modos para esse registro – em tese- se coligam.
A arte nos possibilita releituras de emoções que são inerentes aos seres humanos.
Por isso, ainda que este seja finde, a causa e efeito a partir de suas ações ou
interpretações, permanece.
Referência
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/surrealismo.htm
http://centrocultural.sp.gov.br/2020/03/05/o-surrealismo-nas-artes-visuais-e-no-cine
ma/
Filme: Grafismos indígenas

O documentário Grafismos Indígenas, produzido pelo SESC Registro, traz como


tema a pintura e o grafismo indígena de três etnias no território da Mata Atlântica e
na Amazônia.
Aos povos indígenas, os grafismos vão além de uma pintura corporal, pois
comunicam uma mensagem comum aos seus por meio dos símbolos, pigmentos e
ocasiões especiais para cada pintura.
Esta, é presente também nos utensílios e artes manuais dos povos antigos,
conferindo um aspecto original a tudo o que produzem.
Dentro deste entendimento, podemos identificar qual etnia possuem. Inclusive, as
pinturas são sagradas e respeitadas como vestimentas para momentos especiais.
As pinturas utilizadas no rosto, tem a mesma função que o protetor solar, proteger o
rosto durante o trabalho ou as caçadas na mata.
Em uma das disciplinas do curso de Artes Visuais, onde a arte nativa brasileira é
abordada, é possível notar uma repetição no que tange aos costumes dos povos
antigos, referente ao registro gráfico de seu cotidiano, passando da escrita à pintura,
bem como as construções de moradias e monumentos que façam menção ao meio
e modo de vida local.
Através desse estudo e também adquirindo entendimento sobre as características
desses povos, conseguimos não cometer o genocídio epistêmico e cultural.
Uma escultura nunca será apenas uma escultura, existe uma histórico, um conceito,
um embasamento crítico e histórico por detrás, que a cada generalização ou leitura
superficial, corre o risco de ser apagado.
A pesquisa é possível experiência de contato direto para entender a importância
dessa temática naturalista e de preservação na cultura indígena, é inclusive, objeto
de estudo para tentar mudar o curso da “involução” humana, por meio da
consciência de si através da permanência conjunta com o ambiente.
Esta visão de aprendizado e descobrimento, num ciclo de repetição, uma vez que
conhecimento nunca é demais e finito, propicia ao sujeito externo à comunidade de
estudo amplificar sua visão de mundo e quem sabe contribuir para sua melhora
respeitando outras formas de existências.
Referência
https://www.youtube.com/watch?v=FH-8IsaAVj8
Filme: Terra em Transe (1967)

O filme trata do Golpe militar no Brasil e na América Latina, porém fazendo uso do
recurso alegórico para fazer essa denúncia sem ser explicitado a origem do tema.
Quando falamos sobre o uso de alegoria, linguagem metafórica, irônica, dúbia e até
fantasiosa, não significa abrir mão de dados da realidade, visto que essa realidade é
o tutano da obra.
Por se dar num período ditatorial, de revolta e desesperança diante das políticas
arbitrárias no Brasil, Glauber – no cinema novo- entre outros artistas, encontraram
na arte e suas expressões (canto, plásticas, literatura) um meio de se contrapor ao
sistema de repressão. O que gerou a prisão e exílio de muitos artistas.
Nesse cenário político é que surge o Tropicalismo e o seu estilo de romper com tudo
o que amarrava, represava a liberdade de ser. O responsável por este nome, aliás,
é o artista plástico Hélio Oiticica, autor da instalação artística que recebe o mesmo
nome do movimento cultural.
Passados 53 anos da estreia do filme Terra em transe, de novo, assistimos à
crescente crise econômica, social e política onde o povo é alvo. Novamente, através
das artes podemos compreender melhor a relação entre clima de crise e processo
artístico criativo.
A realidade vira inspiração e motivo não para somente entreter, mas principalmente,
provocar reflexão crítica de imediato.
Este é um dos pontos a ser considerado pelo profissional em artes visuais.
Referências
https://www.estadao.com.br/blogs/reclames-do-estadao/terra-em-transe/
http://anos70ba.blogspot.com/
Documentário: Lixo Extraordinário (2011)

O documentário, produzido em 2010 e lançado em 2011, foi dirigido por João


Jardim, Lucy Walker e Karen Harley. Com fotografias de Heloisa Passos, Dudu
Miranda e Ernesto Hermann.
A temática se dá sobre um assunto que abrange um grande desafio mundial acerca
do consumismo e o descarte inapropriado dos resíduos, o trato inapropriado do lixo,
responsabilidade ambiental e a arte como meio de transformar o olhar sobre o que é
descartado.
Há um impacto ambiental muito grande e a inabilidade na construção de uma cadeia
onde o olhar para esses dejetos seja direcionado, a fim de também, reduzir os
gastos com recursos hídricos, elétricos, desmatamentos de espaços naturais.
A obra em destaque no cartaz, feita com lixo reciclável, é da autoria do artista
plástico Vik Muniz.
Foi registrado por um período de 24 meses o trabalho feito no maior aterro sanitário,
localizado em Duque de Caxias (RJ), que o filme foi produzido e a meta inicial era
refazer a obra à base de lixo, tendo o rosto dos catadores como figura ilustrada.
Entretanto, o trabalho ganhou grandes proporções e novas possibilidades, levando
a película à indicação ao Oscar, por contar a história de pessoas reais através das
suas realidades.
É um filme em que a arte e a expressão da arte vêm com intuito não de mostrar a
beleza, mas propor um novo olhar sobre o belo através da difícil e triste realidade
dos coletores.
Despertando para questões que permeiam e impactam diretamente na sociedade,
como a noção de cuidado e responsabilidade com o outro, em lidar com os
resultados das nossas escolhas, perceber que um descarte inadequado daquilo que
eu acho que preciso – e talvez precise mesmo- gera o início de um problema capaz
de atingir outras pessoas negativamente. Valores que já na escola básica devem ser
trabalhados por meio da experimentação e contato extramuros, extra-salas de aula,
manuseando o que resta daquilo que descartamos e transformando em algo melhor
até para outras pessoas que precisem.
A arte é um campo amplo para abordar infinitas temáticas que convidam o
observador a refletir, interferindo na sua concepção de mundo.
A arte cumpre o seu papel político quando ultrapassa os limites que a emoldura e
ganha o mundo em sentidos.
Referência
https://portalresiduossolidos.com/documentario-lixo-extraordinario/
Visita virtual à Pinacoteca – Os Gêmeos

A Pinacoteca do Estado de São Paulo é um dos museus mais antigos da cidade,


inaugurado em 1905, sendo usado como museu em 1911, onde as primeiras
exposições paulistas aconteceram. Conhecida como Liceu de Artes e Ofícios, onde
havia formações para pessoas se especializarem na construção do estilo
arquitetônico presente na cidade.
Além de ter um acervo de arte estrangeira, também tem o de arte contemporânea
onde se encontra também as artes brasileiras, portanto, a obra de Os Gêmeos (
Gustavo e Otávio), atuantes nas artes plásticas desde a década de 80 com suas
obras iniciais espalhadas pelo bairro do Cambuci- onde residiam.
De início, seus traços pendiam para as influências norte-americanas, o mundo do
rap, street art de protesto como os grafites e pichações. Com o tempo, desenvolvem
um traço próprio onde a maioria de seus personagens traduzem realidades
nacionais (também de teor crítico à política) e uma coloração amarela característica.
Além de as engenhocas feitas com materiais recicláveis- outra crítica implícita à
cultura do desperdício.
Uma das exposições se chama Vertigem , onde conta a história da dupla artística e
inclui personagens estilizados pelo traço da grafitagem.
O ambiente conta, ainda, com interseção de outros meios de comunicação além de
visual e tátil, como o som de estilo Hip Hop- base e motivo do trabalho exposto.
O estilo da dupla pode ser lido como Surrealista, onde há uma quebra com a forma
tradicional de mostrar ou interpretar o mundo, propondo também uma mudança e
valorização do povo através da cultura.
Algo muito interessante, é a mensagem de luta coletiva, onde através de dois
quadros – um com autoria dos Gêmeos, outro com autoria do Banksy- há a troca de
personagem principal que caracteriza o estilo de cada um. Um personagem dos
gêmeos vira foco na obra de Banksy, enquanto um personagem de Banksy vira o
foco na obra de Os Gêmeos.
Os Gêmeos, são uma das grandes referências mundiais da arte brasileira.
Esta interação por meio de obras, linguagens torna rico e importante o espaço
reservado à mostra de obras e a experiência do espectador, pois mexe com os
sentidos e concepções de cada um. É o tipo de atividade que, feita em grupo, é
mais proveitosa justamente pelo momento de troca, algo necessário no processo de
aprendizagem.
Referências
http://pinacoteca.org.br/
https://www.360up.com.br/tourvirtual/osgemeos/
https://www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2007/espaco78abr/0cultura02.htm#:~:text=
Inicialmente%20constru%C3%ADdo%20para%20abrigar%20o,pr%C3%A9dio%20re
cebeu%20os%20primeiros%20cursos.
Filme "Frida" (2002), de Julie Taymor

Filha de imigrante alemão e mãe mexicana- descendente de indígenas, Frida tem


sua vida retratada em toda sua obra, que fora classificada por Salvador Dalí e André
Breton como Surrealista. Embora, segundo ela mesma, de sonhos, nada tinham as
dores vividas.
Desde muito nova, apresentava um jeito peculiar de se impor à sociedade, usando
roupas masculinas, para evitar zombarias por parte dos meninos em relação à sua
deficiência em uma das pernas, causada pela poliomielite.
Casou-se com um dos grandes nomes do Muralismo Mexicano – o pintor Diego
Rivera- com quem viveu uma complicada e intensa história de amor, atravessada
por agravamento da saúde em decorrência de um acidente, onde teve um pé
esmagado, a perna quebrada em três partes, tal qual a coluna, além de ter um ferro
atravessado pelo abdômen até a vagina. O que lhe rendeu inúmeros tratamentos e
cirurgias inadequadas.
A separação de Diego e uma gestação interrompida foram pontos importantes na
trajetória dessa mulher que, hoje, é conhecida mundialmente, inclusive como um
símbolo do feminismo. Tamanha sua força de superação por querer viver apenas de
sua arte, sem depender da fama ou renda de seu ex-marido- assunto bem atual,
diga-se de passagem.
O filme vem com a proposta de tentar condensar parte do que Frida representa nas
artes e o que influenciava suas criações tão intensas, coloridas, melancólicas, mas
sem se desligar de suas raízes mexicanas.
É importante percebermos através de detalhes, simbologias, dimensão, pinceladas,
tons o que assina a obra de um artista. Além de entender o período histórico e
cultural em que o mesmo vivencia.
Isso nos ajuda a captar o que há de mais implícito nos seus registros e contribui
para nosso processo de assimilação ao tema proposto.
https://cultura.sc.gov.br/programacao/836-filme-frida
https://www.ebiografia.com/frida_kahlo/

Documentário Mestre Pastinha, uma vida pela capoeira (1998), Dir. Antônio
Carlos Muricy
Vicente Ferreira Pastinha (Abril de 1889- Novembro de 1981), natural de Salvador
(BA) ,personagem de peso e suma importância para a propagação da capoeira
Angola. Expressão cultural afro-brasileira, que foi muito criminalizada pela
sociedade branca dos séculos passados, tendo o racismo como embasamento para
sua proibição, assim como outras expressões culturais de ascendência negra no
país.
Esta foi apenas uma das grandes contribuições dos povos pretos aqui chegados e ,
das quais, formam parte da plástica visual brasileira, se espalhando para outras
partes do mundo e tendo seu centro de atuação em na Bahia, bem como no Rio de
Janeiro.
Ora lida como luta, ora lida como dança, fato é que, a capoeira foi o ganha pão de
muitos outros mestres pelo território brasileiro. A questão é olhar para as artes lidas
como exóticas, diferenciadas a partir da sua característica em comparação ao dito
como norma.
Muitos desses mestres foram usados, tiveram seu conhecimento esvaziado por
pesquisadores e empresários, com a promessa de melhorias de vida em troca da
informação. O que muito se discute em relação ao valor da arte a partir do seu
interlocutor e quais os fins desejados através dos meios em que a arte é distribuída.
O documentário abrange questões que passam do social ao ético, perpetuando
visualmente a história de Pastinha, sua relação com a comunidade e a arte do “ jogo
de dentro, jogo de fora” na capoeira de Angola para o mundo.
Referências
https://youtu.be/-unP_tdBiKI
http://rmbsrock.blogspot.com/2018/11/filme-mestre-pastinha-uma-vida-pela.html
Espetáculo Clementina, Cadê Você?

Espetáculo exibido no ano de 2013, acerca da vida e obra de Clementina de Jesus


(1901-1987).
Cantora e compositora, ex doméstica, filha de escravizados africanos, ficou famosa
aos 63 anos por sua voz e trabalho artístico com base na ancestralidade preta.
Surgiu na indústria musical carioca nos anos 70, época em que foi produzida por
Hermínio Bello de Carvalho e preparada para estrelar o espetáculo de samba Rosa
de Ouro.
Além de sua marcante participação em obras fonográficas como o Lp O canto dos
Escravos, onde entoa cânticos na língua Bantu.
Não foi rica, mas acumulou uma quantia de dinheiro razoável para manter e criar os
filhos. Entretanto, mesmo ganhando espaço na música internacional, a partir de 70
a saúde dela deteriora e a família entra em conflito com o produtor. Que cobra a
artista de rentabilidade para se manter no mundo do show business, chegando a ter
de se apresentar usando fraldas para a retenção das necessidades fisiológicas.
Através das artes cênicas, o cenário nacional em relação a realidade pobre dos
negros e seus anseios enquanto sujeitos e autores da própria arte, em crise com as
más condições de vida, também é interpretada no espetáculo.
A música e o teatro são expressões de arte ainda pouco acessadas pela população.
Expandir este contato, seja por meio da música e/ou da imagem, se torna missão a
todo formador no campo das artes visuais.
Referências
https://www.youtube.com/watch?v=Ravf_OFkD4I
http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/hist%C3%B3ria-e-mem%C3%B3ria/hist
oria-e-memoria/2014/07/17/clementina-de-jesus

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