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III COLÓQUIO

O CORPO FALA
29/11 a 01/12 - FACED/UFBA

CADERNO DE RESUMOS
ORGANIZADORES
Sueli Abreu Guimarães
João Paulo Silva de Oliveira

Heitor dos Prazeres (1898-1966), sem título, óleo sobre tela

C A D E R N O D E R E S U M O S

III COLÓQUIO
O CORPO FALA
29/11 a 01/12 - FACED/UFBA

ISBN: 978-65-00-85743-6

SALVADOR-BA
NOV/DEZ - 2023
III COLÓQUIO
O CORPO FALA

COORDENAÇÃO GERAL
Coriolano Pereira da Rocha Júnior

COMISSÃO CIENTÍFICA
Sueli Abreu Guimarães, João Paulo Silva de Oliveira

COMISSÃO DE INFRAESTRUTURA
Maria Elisa Gomes Lemos, Natanael Vaz Sampaio Júnior,
Aline Gomes Machado

COMISSÃO DE COMUNICAÇÃO
Dayane Ramos Dórea, Lizandra de Souza Lima
SUMÁRIO

1
AS DANÇAS COMO FENÔMENO CULTURAL NOS CLUBES SOCIAIS DA CIDADE DO
SALVADOR ENTRE OS ANOS DE 1912 E 1935 08

O FENÔMENO DA MODA FEMININA PLUS SIZE: ANÁLISE DAS REPRESENTAÇÕES DA


09
CULTURA MULHER GORDA NA REVISTA CLAUDIA

ENTRE ABCS, GLÓRIAS, PELEJAS, ENCONTROS E DESAFIOS: OS SIGNIFICADOS


SOCIOCULTURAIS DA CAPOEIRA PELA LITERATURA DE CORDEL EM SALVADOR (BA) 10

2
SAMBA NÃO SE APRENDE NO COLÉGIO: INQUIETAÇÕES ACERCA DA AUSÊNCIA DA
CULTURA POPULAR AFROBRASILEIRA NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO INFANTIL DO
MUNICÍPIO DE SALVADOR 13
EDUCAÇÃO
A CRIANÇA SOTEROPOLITANA E O DIREITO À CAPOEIRA 14

PROFESSORES “LEIGOS” DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO PALCO DE VIDA E OS RITUAIS


FESTIVOS: A RUA COMO CENÁRIO FORM(ATIVO) 15

BARREIRAS (IN)VISÍVEIS: HISTÓRIAS ORAIS DE VIDA DE TÉCNICOS NEGROS NO FUTEBOL


18

3
BRASILEIRO

A GAZETA MÉDICA DA BAHIA: ENTRE EDUCAÇÃO DO CORPO, MODERNIDADE, GINÁSTICA


E OUTRAS PRÁTICAS CORPORAIS 19
HISTÓRIA
HISTÓRIA DOS JOGOS ESCOLARES NA BAHIA: REALIDADE DA CIDADE DE SALVADOR
ENTRE AS DÉCADAS DE 1950 E 1980 20

COMPARAR O INCOMPARÁVEL: REFLEXÕES E APONTAMENTOS SOBRE OS ESTUDOS EM


HISTÓRIA COMPARADA DO ESPORTE 21

4
POSSIBILIDADES DO LAZER NO TRATAMENTO DA ADICÇÃO DE PSICOATIVOS 24
LAZER E SOCIABILIDADE NOS CLUBES SOCIO RECREATIVOS DE ALAGOINHAS-BA (1940 A
1990) 25
LAZER
ESSE CHÃO É ANCESTRAL: EXPERIÊNCIAS DE LAZER DOS ADOLESCENTES DA
COMUNIDADE BARRA DE CARAVELAS 26
LAZER, SOCIABILIDADES E EDUCAÇÃO NO SAMBA EM SALVADOR 27
1
CULTURA

-6-
COORDENAÇÃO:

George Roque Oliveira

-5-
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AS DANÇAS COMO FENÔMENO CULTURAL NOS CLUBES SOCIAIS DA


CIDADE DO SALVADOR ENTRE OS ANOS DE 1912 E 1935

Viviane Rocha Viana


vivianerochaviana@gmail.com
Coriolano Pereira da Rocha Júnior

O estudo desenvolvido provoca uma reflexão acerca da presença da dança nos clubes
sociais de Salvador nas primeiras décadas do século XX e da sua relevância enquanto
uma prática cultural promotora de sociabilidade e divertimento aos associados dos
clubes e demais população soteropolitana. De natureza histórica cujas fontes de
informações são de caráter documental, o estudo tem sua base metodológica na Nova
História Cultural e realizou a coleta de informações através de periódicos que circularam
na Bahia à época em questão e que compõem o acervo da Hemeroteca Digital Brasileira.
Sendo assim, como objetivos buscou-se destacar a dança como um fenômeno cultural
importante para a promoção de práticas de sociabilidade e divertimento nos clubes
sociais e recreativos da cidade do Salvador considerando o início do processo de
modernização da cidade com destaque para o recorte temporal de 1912 a 1935, assim
como também buscou-se identificar os clubes existentes neste período, bem como os
tipos de dança praticadas nestes clubes. Como categorias teóricas discutiram-se no texto
a Dança como fenômeno cultural e suas primeiras manifestações na cidade do Salvador,
a modernização do centro urbano da capital baiana, os clubes e os diferentes impactos
causados pelo processo de urbanização da cidade. Neste sentido, os resultados
encontrados apontam que as primeiras décadas do século XX foram marcadas por
resquícios de uma cultura europeia trazida para Salvador ainda no processo de
colonização da capital baiana e que foi mantida pela elite local à época impactando
diretamente nos modos de vida da população. Durante o processo de modernização da
cidade, na tentativa de tornar Salvador uma capital moderna e civilizada, a elite baiana
buscava uma nova configuração socioespacial que estivesse associada às referências
europeias de civilidade, e desse modo passou a aderir aos clubes, consequentemente às
danças neles presentes como práticas de divertimento que permitiriam também a
vivência de novas experiências socioculturais. Logo, a realização do estudo nos permitiu
compreender que com a modernização da cidade, mais especificamente a reestruturação
do centro comercial urbano, os clubes sofreram impactos na sua estruturação e
funcionamento, passando a funcionar com restrições de associados, tendo suas sedes
deslocadas para outros espaços da cidade, bem como alguns outros fechando suas
portas, e o carnaval, como uma das principais festividades realizadas nos clubes,
responsável por promover divertimento e sociabilidade a população em geral, foi
ressignificado consolidando-se como a principal festa de rua da cidade do Salvador nas
primeiras décadas do século XX.
Palavras-chave: Dança; Clubes sociais; Prática cultural.

Caderno de Resumos - O Corpo Fala - Nov. 2023 -8-


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O FENÔMENO DA MODA FEMININA PLUS SIZE: ANÁLISE DAS


REPRESENTAÇÕES DA MULHER GORDA NA REVISTA CLAUDIA

Dayane Ramos Dórea


prodayanedorea@gmail.com
Coriolano Pereira da Rocha Junior

A Moda, escrita com letra maiúscula por se tratar da postura, do comportamento, da


visão de mundo e, principalmente da busca pelo novo, por uma representação social, se
constitui como um campo salutar a ser debatido no âmbito educacional, pois representa
mais do que uma técnica ou arte de produzir vestimentas, mas também representa
identidade, prazer, gosto e atitude frente à maneira pessoal de ver o mundo e viver em
sociedade, tentando delinear o seu próprio ideal positivo e autônomo da autoimagem
pessoal, concedendo uma discussão relevante e profícua para o terreno da educação, no
tocante à valorização das sensibilidades e respeito às individualidades, subjetividades e
representações sociais. Nesse sentido, o presente estudo de caso analítico objetiva
identificar as representações da mulher gorda através do fenômeno da Moda feminina
plus size na revista digital gratuita Claudia. Esse fenômeno infere sobre um corpo em
ascensão que não se limita somente a numeração ou padronização das roupas, mas está
atento e voltado aos movimentos sociais que se construíram a partir de mulheres que
possuem e, principalmente, que assumem que possuem um perfil diferenciado de corpo
e nem por isso menos belo. Compreender as referências, as representações e as
identidades coletivas históricas e culturais que organizaram e constituem o fenômeno da
Moda feminina plus size mostra-se como um campo profícuo de construção política e
educacional que prima pela legitimação e emancipação dos sujeitos que dão corpo e voz
ao mesmo. A categoria plus size é constituída e operada pelos sujeitos do campo e pode,
então, vir a ser uma linguagem e uma identidade da mulher gorda se assim sua essência
se compuser, para além de uma definição permanente e hegemônica, configurando a sua
Moda como um mecanismo educativo democrático de inclusão, que busca contemplar
uma diversidade que a moda convencional em geral ainda não contempla. Nessa
perspectiva, a Moda feminina plus size pode fomentar um resgate do corpo indesejado,
com vistas ao respeito e à inclusão da mulher gorda na sociedade contemporânea, numa
tentativa de reconstruir todo o imaginário social acerca desse sujeito. Como
consequência, abre-se um leque de manifestações de identidades e linguagens que
ecoam em diferentes tempos e espaços e tornam esses corpos cada vez mais visíveis,
autênticos e respeitados perante à sociedade. Nesse contexto, a Moda feminina plus size,
enquanto fenômeno sociocultural, tenta valorizar uma inteligência comunicativa e com
uma grande expressão e representações de um grupo diferenciado que sociabiliza as
rupturas dos seus diferentes usos, sentidos e significados. Destarte, esperamos que
nossa pesquisa possa descortinar as representações da Moda feminina plus size,
reverberando processos educativos de pertencimento e humanização que fomentem a
emancipação de corpos que se projetam para além de uma mercadoria, mas que
assumem uma linguagem identitária de minorias silenciadas e marginalizadas, temas
profundamente intrínsecos no desenvolvimento das sociedades contemporâneas.
Palavras-chave: Moda feminina plus size; identidade; linguagem.

Caderno de Resumos - O Corpo Fala - Nov. 2023 -9-


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ENTRE ABCs, GLÓRIAS, PELEJAS, ENCONTROS E DESAFIOS: OS


SIGNIFICADOS SOCIOCULTURAIS DA CAPOEIRA PELA
LITERATURA DE CORDEL EM SALVADOR (BA)

Paulo César da Silva Gonçalves


gsilva.paulo@gmail.com
Bruno Otávio de Lacerda Abrahão

O objetivo desta tese é compreender os significados históricos e socioculturais da


capoeira pela literatura de cordel encontrada em Salvador (BA). Para tanto, mapeamos
cinquenta e um Lugares de Memória e visitamos quarenta e três. Neles, encontramos
trinta e três cordéis com a temática da capoeira, nosso objeto de estudo. Pela Análise de
Conteúdo, de Bardin, categorizamos as obras em cinco temáticas e fizemos a análise dos
seus significados a partir dos estudos de culturas. Como base epistemológica,
consubstanciaram esta tese os estudos da Capoeira, com Abib (2005, 2009, 2019),
Oliveira (2019), Pires (2002, 2010), Rego (1968), Reis (2010) etc. A Literatura de Cordel,
com Cascudo (1979), Curran (1973, 2011), Nogueira (2004), Nascimento Neto (2014),
Maxado (2013) etc. A Memória e Lugares de Memória, com Nora (1993), Da Silva (2019,
2021), Le Goff (2013), Halbwachs (2006), Jelin (2002), entre outros. Após as análises dos
cordéis, emergiram categorias conceituais fundantes para a discussão, a exemplo da
dissimulação, da tradição, da dicotomia entre tipos de capoeira etc. Dentre os resultados,
evidenciamos embates com capoeiras, a exemplo de Besouro de Mangangá, de
Manduca da Praia e de Nascimento Grande contra forças repressoras de outrora.
Percebemos, também, o papel fundante dos Mestres Bimba e do Mestre Pastinha como
atores sociais contra o processo discriminatório da capoeira como cultura afro-brasileira
e diaspórica que desvelam temáticas tão latentes em nossas vidas, como o racismo, o
preconceito, a intolerância religiosa, entre outras. Ademais, percebemos que o cordel é
um lugar simbólico de memória que contribui para que marcas do passado não se
apaguem e coexistam com as perspectivas do presente.
Palavras-chave: Capoeira; Literatura de Cordel; Cidade do Salvador; Lugares de
Memória.

Caderno de Resumos - O Corpo Fala - Nov. 2023 -10-


2
EDUCAÇÃO

-11-
COORDENAÇÃO:

Dayane Ramos Dórea

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SAMBA NÃO SE APRENDE NO COLÉGIO:


INQUIETAÇÕES ACERCA DA AUSÊNCIA DA CULTURA POPULAR
AFROBRASILEIRA NO CURRÍCULO DA EDUCAÇÃO INFANTIL DO
MUNICÍPIO DE SALVADOR

Camila Souza de Jesus


camilasj@ufba.br
Bruno Otávio de Lacerda Abrahão

O presente trabalho discute o ensino da História e da Cultura afro-brasileira nas escolas


públicas de Educação Infantil do município de Salvador a partir da implementação da Lei
10.639/2003 que institui a obrigatoriedade do “estudo da História da África e dos
Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da
sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social,
econômica e política pertinentes à História do Brasil” (BRASIL, 2003), a partir da análise
dos documentos que regem a educação básica no país, assim como as leis que
organizam a educação infantil em todo o território nacional, como a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (LDB), as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
(DCNEI), a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o Documento Curricular
Referencial da Bahia (DCRB) e as Diretrizes curriculares para a inclusão da história e
cultura afro-Brasileira e africana no Sistema Municipal de Ensino de Salvador, apontando
para a necessidade de políticas públicas efetivas que valorizem o samba de roda e a
capoeira, patrimônio imateriais da humanidade, a partir do diálogo com dos mestres e
mestras destes saberes dentro das instituições formais de ensino, fortalecendo assim, o
sentimento de pertencimento das crianças em relação a esses saberes ancestrais que
contribuem para uma educação pública emancipatória, contra-hegemônica e
afrorreferenciada. Para isto, é apresentado o atual cenário acerca das políticas públicas
nas escolas de educação infantil da cidade de Salvador para a implementação do ensino
da capoeira e do samba de roda nas instituições que trabalham a educação infantil no
município. O trabalho apresenta ainda as inquietações da autora, acerca do tema
apresentado, que em sua formação acadêmica percebeu a importância de se discutir a
participação da cultura afro-brasileira no currículo escolar e a inserção de professores
(as) educadores (as) e mestres (as) de Capoeira e de Samba de Roda como parte do
cotidiano das escolas públicas.
Palavras-chave: cultura popular afro-brasileira; educação infantil; currículo

Caderno de Resumos - O Corpo Fala - Nov. 2023 -13-


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A CRIANÇA SOTEROPOLITANA E O DIREITO À CAPOEIRA

Edinei Gonçalves Garzedin


neinhagarzedin@gmail.com
Bruno Otávio de Lacerda Abrahão

Criança, capoeira e lazer se aproximam ou se distanciam no contexto soteropolitano?


Problematizando o direito à cultura e ao lazer, partindo do sentido da roda e da diversão
para crianças soteropolitanas, praticantes da capoeira, intentamos responder à pergunta
acima. A Constituição Federal de 1988 (CF/88), em seu Artigo 6º, consagra como direitos
sociais a saúde, a educação, a alimentação, a cultura [...] além do lazer. A mesma
Constituição traz a criança como um sujeito de direitos no seu Artigo 227, ratificado pelo
ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Partindo da constatação do direito ao lazer
e à cultura, bem como sendo a criança sujeito de direitos, garantidos pela CF/88,
reafirmado no ECA, podemos dizer que a cultura e o lazer são direitos da criança. Ter
direito à cultura significa ter acesso à experiência do patrimônio das criações humanas.
Uma destas criações culturais vivenciada como experiência de lazer é a capoeira, cuja
roda e ofício dos mestres foram reconhecidos desde 2008 como patrimônio cultural
imaterial brasileiro. Se capoeira é cultura e cultura é direito, a criança tem o direito à
capoeira. Buscando aporte teórico que sustente o lugar do lazer, através da capoeira,
para a infância, percebemos que os escritos sobre a capoeira não abarcam o lugar das
crianças em seu histórico. Assim sendo, podemos questionar: a capoeira não era vista
como prática apropriada para a infância? A capoeira aparentava distanciamento das
crianças quando elas não apareciam em registros, mas encontramos motivos que
justificam esse distanciamento: tendo sido perseguida, criminalizada, ela se aproximava
dos meninos das maltas ou dos Capitães da Areia. Em pesquisa para dissertação de
mestrado, ouvimos nove mestres e quarenta e sete crianças, resultando em vinte e oito
registros. Analisando o conteúdo deles, emergiram categorias: musicalidade;
golpes/movimentos; mestres/professores; sentimentos; a roda e brincadeira. Os
resultados mostraram que o aspecto lúdico da capoeira atrai as crianças, revelando a
intimidade delas com esse universo. A capoeira para elas é tempo de lazer. Após resistir
e ser ressignificada, vemos neste escrito como infância e capoeira não só estão na
mesma roda, como se atraem mutuamente, estabelecendo uma relação de
camaradagem, de vadiagem, portanto de lazer.
Palavras-chave: Infância; Capoeira; Direito.

Caderno de Resumos - O Corpo Fala - Nov. 2023 -14-


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PROFESSORES “LEIGOS” DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO PALCO DE VIDA E


OS RITUAIS FESTIVOS: A RUA COMO CENÁRIO FORM(ATIVO)

Rúbia Mara de Sousa Lapa Cunha


rcunha@uneb.br
Coriolano Pereira da Rocha Júnior

Este estudo em tela traz as experiências/vivências de professores “leigos” no processo


de escolarização e instrução social em escolas normais com vistas à formalização de
atitudes / valores em ciclos de engajamento cultural as suas passagens, no cenário de
aparições culturais e nas apresentações cívicas em conformidade ao calendário festivo.
Nossa hipótese aponta para a compreensão de que a ginástica, para além de seu
aspecto físico formativo, e com músicas e cânticos com projeções devocionais e
culturais, assumiu um “controle” de base comportamental na vida de cada sertanejo que
por ali passou e, esse movimento form(ativo) deixou marcas significativas em seu viver.
Face a isso, o ensino primário era considerado a extensão da formação moral, intelectual
e evolutiva, com base nos princípios de cidadania resultando em um “reconhecimento
“da mulher não apenas como educadora, mas também, como formadora de cidadãos.
Aqui, tem-se como objetivos mais gerais a possibilidade de desvelar contextos, fato,
acontecimentos e personagens que aparecem no panorama do processo de formação do
sujeito professor “leigo” numa chance de melhor compreender a conjuntura da presença
da atividade ginástica como dispositivo formativo presente na escola alvo e aponta para a
compreensão de que os rituais assumiram um viés de modelação ideológica, política e
comportamental na vida de cada sertanejo que por ali passou e na interferência das
ações cotidianas para que os mesmos se tornassem “cidadãos”. Conquanto, os
elementos festivos e os rituais proporcionaram uma “espetacularização” política e social
no exercício da profissão dos “leigos” a partir do foco na dimensão das experiências
culturais vivenciadas e construídas no chão da escola pública manifestados nos cuidados
com o “corpo e alma.” com olhares para as celebrações com viés disciplinador e
moralizante de atividadespráticas em escolas confessionais. Por fim, acredita-se que, as
festas são herdeiras e reveladoras da tradição ancorada na religiosidade ideológica como
escultoras da consciência de uma prática baseada no cotidiano da doutrinação. Afinal, o
corpo apareceu vinculado a um “lugar” da moral, da religião e do aprendizado
colocando-os em evidência no trato e papel formativo atribuídos aos ritos como conteúdo
escolar e propósitos modeladores ou de transgressão. No entanto, o poder de
“inventividade” dos leigos está ancorado num “lugar” de visibilidade e de projeção nas
atividades civilizatórias e didatização dos saberes em que o sertanejo aparece destituído
de valores e, de documentação, sem uma “identidade” que foi forjada a partir da religião
e dos valores da república implementados no sistema educacional. Enfim, a instituição se
configura num espaço de ordenamento e consolidação pública de suas ações
educacionais, a partir da demonstração em cerimônias públicas, cívicas ou religiosas, dos
resultados modelares obtidos em seus alunos.
Palavras-chave: Escola Normal; Práticas Corporais; Formação.

Caderno de Resumos - O Corpo Fala - Nov. 2023 -15-


3
HISTÓRIA

-16-
COORDENAÇÃO:

Lizandra de Souza Lima

-5-
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BARREIRAS (IN)VISÍVEIS: HISTÓRIAS ORAIS DE VIDA DE TÉCNICOS


NEGROS NO FUTEBOL BRASILEIRO

George Roque Braga Oliveira


grbo2003@yahoo.com.br
Bruno Otávio de Lacerda Abrahão

Este trabalho versa sobre a relação entre o fenômeno do racismo no âmbito do futebol e
o ideário de equidade racial. Em geral, no futebol brasileiro, os negros são os
personagens que promovem entretenimento, mas que não chegarão às posições de
comando e cargos executivos, exceto em raríssimas exceções que historicamente só
comprovam a regra: os fortes indícios do racismo estrutural no futebol invisibilizam e
criam barreiras sobre a carreira dos jogadores negros que, em sua grande maioria,
ocupam posições subalternas na escala de poder do futebol. Nesse contexto, o
pressuposto para desenvolver a investigação é orientado pela ideia de que o ativismo
político antirracista tem contribuído para a denúncia e para ressignificação das relações
raciais. Ao adotar o futebol como locus de observação e análise de questões cruciais
para o desenvolvimento do Brasil, temos como objetivo geral, problematizar o racismo na
história de vida de técnicos negros atuantes no futebol brasileiro. Os objetivos específicos
são: 1) Compreender o Observatório da Discriminação Racial no Futebol Brasileiro como
parte do Movimento Negro, assim como as atualizações acerca dos dados sobre o
racismo no Brasil e sobre a existência de denúncias das discriminações são direcionadas
aos técnico negros; 2) Problematizar o racismo personificado na história de vida de Roger
Machado, técnico negro que tem adotado uma postura ativista frente à questão racial; 3)
Compreender o entrelaçamento entre o racismo e a trajetória de vida dos técnicos
negros contemplados no Programa Professores Pretos, com foco nas ações em busca
pela equidade racial. O desenho metodológico desta abordagem qualitativa e de cunho
exploratório consiste nas histórias orais de vida de técnicos negros na elite do futebol
brasileiro, ancorado na análise documental com base nas matérias publicadas no site e
nos relatórios anuais do Observatório da Desigualdade Racial no Futebol. Como
considerações preliminares, três características nas atuações de combate ao racismo no
futebol: desmistificar o falso mito da democracia racial no Brasil; ressignificar as histórias
de resistências e transgressões do povo negro no Brasil; reivindicar, propor e
acompanhar a implementação e as avaliações das ações afirmativas para a população
negra na busca pela equidade racial. Ainda que de forma incipiente, temos visto que a
invisibilidade das questões etnicorraciais no futebol brasileiro vêm, paulatinamente, sendo
substituídas por ações que buscam uma representatividade e o protagonismo de pessoas
negras em cargos de gestão. Dessa forma, o futebol deixaria de representar um “espaço”
de manutenção dos privilégios e passaria a ser concebido enquanto promotor de debates
e reparações antirracistas, subvertendo o papel ambíguo no que diz respeito às relações
raciais na sociedade brasileira.
Palavras-chave: Antirracismo; Futebol; História oral de vida.

Caderno de Resumos - O Corpo Fala - Nov. 2023 -18-


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A GAZETA MÉDICA DA BAHIA: ENTRE EDUCAÇÃO DO CORPO,


MODERNIDADE, GINÁSTICA E OUTRAS PRÁTICAS CORPORAIS

Aline Machado
liumaxado@hormail.com
Coriolano P. da Rocha Junior

A existência humana é impossível de ser compreendida dissociada do corpo. A condição


humana é essencialmente corporal. Dos seus inúmeros desdobramentos – físico,
biológico, religioso, sexual, sensível, estético, social, cultural –, de prisão da alma a centro
de defensa e apreciação, o corpo representou uma diversidade de coisas ao longo dos
diferentes momentos históricos. O corpo pode desdobrar-se em reflexo da conjuntura em
que se insere. Logo, podemos assumir o corpo, os corpos como objetos de estudo que
falam de si e do meio, do espaço e do tempo. Já está amplamente debatida, na literatura
nacional, a estreita relação que a ginástica e algumas práticas corporais tiveram com
debate médico. Durante o século XIX, o desenvolvimento da medicina, em diversos
momentos, buscou validar a importância de uma educação física para o fortalecimento do
corpo e da nação. Dentre os exercícios físicos defendidos, a ginástica ocupou um lugar
de destaque nesta comunidade, devido ao seu pretenso caráter científico. O aumento de
pesquisas na área da fisiologia, anatomia e biologia apontavam a importância destas
práticas para o desenvolvimento social, assentando-se em justificativas que giravam em
torno de ideais higiênicos, morais, estéticos e econômicos. Ideais esses que compunham
uma noção do que seria moderno, objetivo central que motivava uma grande parte das/os
brasileiros, principalmente uma elite econômica, políticos, intelectuais e, notadamente, os
médicos. Na esteira desse pensamento, nosso estudo busca compreender quais as
representações de corpo presentes nas edições da Gazeta Médica da Bahia (GMB), e as
relações entre uma educação do corpo centrada nos ideais modernizadores, procurando
localizar o debate acerca da ginástica e de outras práticas corporais nesse contexto. A
Gazeta Médica da Bahia foi o periódico científico de maior circulação e relevância no
Brasil da segunda metade do século XIX. Surgiu em 1866, circulou regularmente entre
1866 e 1934, depois entre 1966 e 1972, com um número avulso em 1976, voltando a ser
produzida com regularidade entre 2002 até julho de 2011. Aqui, delimitamos nosso
estudo no primeiro ciclo de produção da GMB: 1866 quando surgiu e 1934, ano em que
os direitos da Revista foram passados para Faculdade de Medicina da Bahia (FAMEB-
UFBA). Para tanto, nos embasamos na metodologia da História Cultural, tendo o conceito
de Representação como central para nossa análise. Como considerações, apontamos
que o saber médico circulado na GMB, construiu representações de corpo, como um
elemento individual e social tanto capaz, quanto necessário a serem transformados,
educados pelas intervenções que a medicina indicava, dentre elas, as práticas corporais.
Assim, as múltiplas representações de corpos coadunavam num mesmo sentido, todos
seriam passíveis de serem educados e transformados em corpos capazes de formar o
contexto citadino moderno, desde seguissem os preceitos higiênicos e modernos.
Palavras-chave: Corpo; Modernidade; Práticas Corporais.

Caderno de Resumos - O Corpo Fala - Nov. 2023 -19-


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HISTÓRIA DOS JOGOS ESCOLARES NA BAHIA: REALIDADE DA


CIDADE DE SALVADOR ENTRE AS DÉCADAS DE 1950 E 1980

Natanael Vaz Sampaio Junior


juniorhamdan@outlook.com
Coriolano Pereira da Rocha Junior

O cenário de transformação do espaço urbano da cidade de Salvador, notadamente na


segunda metade do século XX, possibilitaram a intensificação das experiências com as
práticas esportivas para jovens em idade escolar, em razão do aumento significativo de
instituições escolares e, consequentemente por estes espaços representarem um
excelente espaço para o desenvolvimento do esporte e potente equipamento de Estado.
A partir do olhar para a cena urbana da sociedade soteropolitana, que objetivamos
reconhecer os condicionantes socioeconômicos, históricos e políticos da cidade de
Salvador, especialmente as rupturas e permanências nos discursos que contribuíram
para idealização e materialização dos Jogos Escolares na Bahia entre as décadas de
1950 à 1980, enquanto prática educativa na capital baiana, com seus adventos e seus
movimentos sobre o trânsito de pessoas e poderes, em uma mesma cena em tempos
diferentes. A escolha da baliza cronológica se deve ao fato de encontrarmos indícios da
realização de eventos de natureza escolar na cidade de Salvador, ainda na década de
1950, mas, que não apresentavam narrativas de continuidade em períodos posteriores,
notadamente pós golpe de 1964, onde percebemos a existência de lacunas nos estudos
históricos que versem sobre a organização de tais eventos em programações anuais da
cidade de Salvador, favorecendo que tal constructo de pesquisa tenha estes recortes
espacial e temporal. A pesquisa em andamento, se pauta na dimensão da História Social,
por implicar em um tipo de enfoque e se apropriar dos processos sociais, dos quais os
campos de interesses envolvem as relações humanas dentro de um movimento dinâmico
das estruturas sociais (BARROS, 2013; BARROS, 2005). A História Social se encaixa
neste estudo, por se caracterizar em um ato de observação dinâmica da sociedade, com
seus adventos também dinâmicos, seus movimentos sobre o trânsito de pessoas e
poderes também dinâmicos, assumindo olhares e possibilidades de leituras da realidade
social de formas diversas. A preferência pela cidade de Salvador se deu por ser a capital
do Estado da Bahia, e uma das principais capitais do Brasil, centro de maior importância
econômica e administrativo do estado, mas também, por acreditar ter sido a primeira
cidade da Bahia, a desenvolver atividades esportivas nos moldes de jogos escolares, se
constituindo em importante locus de pesquisa. Privilegiaremos a princípio as seguintes
fontes históricas: periódicos (jornais e revistas) dos arquivos públicos, sobretudo no
arquivo do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia – IGHB, principal acervo histórico da
Bahia. A escolha dos jornais, se deu por ser objetos muito presente na vida moderna, e o
Jornal “A Tarde”, por se constituir em importante meio de comunicação com
periodicidade na Bahia, presente desde 1912 até os dias atuais, com a capacidade de
abranger uma diversidade de assuntos/conteúdos de interesse público (BARROS, 2019);
e de entrevistas temáticas gravadas com atores sociais que fizeram parte da cultura do
Jogos Escolares na Bahia. Para este momento, utilizaremos informações da entrevista
com um ator social, que nos ajudou a produzir informações e correlacioná-las com as
reportagens jornalistas, possibilitando dar tratamentos que nos permita construir a
narrativa histórica acerca da temática.
Palavras-chave: História; Esporte; Jogos Escolares

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III COLÓQUIO FACED-UFBA
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COMPARAR O INCOMPARÁVEL: REFLEXÕES E APONTAMENTOS


SOBRE OS ESTUDOS EM HISTÓRIA COMPARADA DO ESPORTE

João Paulo Silva de Oliveira


joaopaulo.tdf@gmail.com
Coriolano Pereira da Rocha Junior

A História Comparada se estabelece firmemente como uma metodologia importante para


a análise e compreensão de fenômenos sociais, culturais e políticos numa perspectiva
transnacional. A historiografia esportiva se destaca entre os múltiplos domínios de
aplicação dessa abordagem, tirando proveito de sua capacidade de ultrapassar limites
geográficos e temporais devido à sua intrínseca natureza transversal e global. Esta
disciplina, no entanto, não esteve isenta de críticas, enfrentando preocupações relativas
ao potencial para anacronismos e etnocentrismo, bem como resistência derivada do
receio de excessiva teorização e da politização das discussões históricas. Os desafios
residiam em sustentar um compromisso com a singularidade dos eventos históricos e
prevenir comparações superficiais que negligenciassem as particularidades das
sociedades em estudo. A trajetória da abordagem comparativa na História foi marcada
por uma evolução positiva, impulsionada pela internacionalização da pesquisa e pela
interação enriquecedora com outras disciplinas das Ciências Sociais. A História
Comparada se fortaleceu particularmente com a expansão dos estudos focados na Ásia,
África e América Latina, e com o êxito de pesquisas que empregaram o método
comparativo de maneira meticulosa, mantendo-se atentas às peculiaridades dos objetos
de investigação. Neste contexto, a revisão da literatura especializada permitiu sintetizar e
avaliar o corpo crescente de pesquisa disponível, visando analisar as potencialidades da
história comparada por meio da discussão historiográfica, delineando possíveis ganhos e
desafios para a pesquisa histórica. O principal objetivo desta revisão de literatura consiste
em aprofundar nossa compreensão, acerca do percurso metodológico adotado nestes
estudos, bem como avaliar as implicações dessa abordagem para a prática
historiográfica. Para a presente revisão, estabeleceram-se alguns critérios de inclusão
visando assegurar a qualidade e relevância das publicações analisadas: publicações
científicas tais como artigos, dissertações e teses, que apresentem termos relacionados à
História Comparada e ao esporte em seus títulos, resumos e palavras-chave; as
publicações devem estar disponíveis em espanhol, inglês ou português. Publicações que
não atendaram a esses critérios, bem como duplicatas e publicações sem acesso ao
documento digital completo, foram excluídas. A busca bibliográfica foi feita na base de
dados do Portal de Periódicos da CAPES, visando identificar estudos de alta relevância
para uma compreensão aprofundada da História Comparada do esporte. Esta pesquisa
apresenta uma análise compreensiva dos trabalhos de pesquisa histórica comparada
publicados no Brasil, mapeando as localizações específicas das publicações, os objetos
de estudo e os períodos temporais abordados. Concluímos que o estudo dessas
produções e suas referências é valioso para compreender que o título "Comparar o
incomparável" não é um paradoxo, mas um princípio essencial para a abordagem da
História Comparada que desejamos adotar. Esse princípio rejeita qualquer tentativa de
simplificação da complexa natureza humana, valoriza a diversidade cultural e reafirma um
compromisso sólido com a busca contínua por novas perspectivas de compreensão.
Palavras-chave: História Comparada; História Comparada do Esporte; Análise
Comparada do Esporte.

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LAZER

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COORDENAÇÃO:

Aline Gomes Machado

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POSSIBILIDADES DO LAZER NO TRATAMENTO DA ADICÇÃO DE


PSICOATIVOS

Sueli Abreu Guimarães


sueli.abreu@ufba.br
Coriolano Pereira da Rocha Júnior

A educação como processo continuo de aprendizagem se realiza mediatizada pelo


mundo através das interações humanas, convidando o homem à permanente mudança
de olhar e comportamento diante de si, das mais variadas realidades e contextos,
sobretudo, em momentos que consegue se desvencilhar de obrigações e agir com maior
grau de liberdade, no tempo de lazer. Estudiosos reconhecem o potencial educativo do
lazer, mas não ignoram seu caráter paradoxal porque extravasar tensões, buscar
evasões, (re)conexões e outros pode ocorrer de maneira positiva ou não. Não à toa,
afirmam que o uso imoderado de psicoativos se relaciona, muitas vezes, com o tempo de
lazer, embora sejam considerados poucos os estudos sobre a referida temática. Tal
evidência ganha maior relevo quando se trata da adicção de psicoativos, doença
identificada na categoria “Transtornos devido ao uso de substâncias”, pela Organização
Mundial de Saúde (OMS). Relevante se faz, portanto, entender melhor como o tempo de
buscar prazer pode ser ocupado com experiências emancipatórias, contando com
mediação pedagógica que afastem riscos físico e mental comprometedores de vida
autônoma. Neste viés, a pesquisa objetivou conhecer possibilidades do lazer no
tratamento adicção de psicoativos, contando com quatro capítulos que, respectivamente,
tiveram por escopo: apresentar breve histórico sobre tratamento da adicção de
psicoativos no Brasil; caracterizar a instituição Hotel Fazenda e Clínica X e o perfil das
pessoas internadas para tratamento da adicção; explicar o tratamento dispensado aos
hóspedes/pacientes com adicção de psicoativos; identificar possibilidades do lazer no
tratamento da adicção de psicoativos de hóspedes/pacientes do HFCX. Para tanto,
realizou-se pesquisa bibliográfica, exploratória e descritiva, tendo eleito o estudo de caso
como método. Aconteceu, no Hotel Fazenda e Clínica X, onde participaram de entrevistas
semiestruturadas trabalhadores de equipe multidisciplinar. Artigos selecionados em
quatro revistas de envergadura nacional estruturadas por universidades federais no Brasil
– Licere (UFMG); RBEL(UFMG); Motrivivência (UFSC) e Movimento (UFRGS) – auxiliaram
nas reflexões realizadas, além de autores clássicos que tratam sobre lazer, drogas e
educação não formal. Restou evidenciado que o lazer ocupava função de destaque no
tratamento da adicção de psicoativos porque viabilizava a socialização e mudança
positiva de comportamento das pessoas em tratamento; contribuía ao autocuidado e
controle da ansiedade, estimulava a cognição; promovia o despertamento e
desenvolvimento de subjetividades; abria possibilidades ao cuidado de forma mais
humana e leve; viabilizava a construção de vínculos; patrocinava momentos de
aprendizado – internos aprendiam a transigir, a ser mais receptivos, a colaborar.
Palavras-chave: Atividades de lazer; Tratamento da adicção; Educação pelo lazer.

Caderno de Resumos - O Corpo Fala - Nov. 2023 -24-


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LAZER E SOCIABILIDADE NOS CLUBES SOCIO RECREATIVOS DE


ALAGOINHAS-BA (1940 A 1990)

Lizandra de Souza Lima


lizandralima@live.com
Coriolano Pereira da Rocha Júnior

Compõe a natureza humana a busca pelo convívio social e por artifícios de divertimento e
entretenimento. Este fato se apresenta em diversos cenários históricos da humanidade
de forma a entendermos que sua premissa chega a ser inerente as dinâmicas propostas
pelas variadas configurações descritíveis a nível de sociedade. Pensando nisso, o objeto
de estudo desta tese perpassa por se aproximar de um destes diversos cenários onde a
consolidação de instituições organizadoras e incentivadoras de práticas culturais
destinadas ao lazer e a sociabilidade atuasse na construção e molde do convívio social a
ser almejado para a sociedade brasileira durante o século XX, mais precisamente entre
as décadas de 1940 e 1990. Entendendo que cada núcleo citadino estabeleceu um perfil
de diálogo com essa idealização urbana em uma busca pelo proposto da urgência dos
padrões de comportamento e consumo da modernidade, saliento a relevância de se
observar o perfil de estruturação desses espaços em um ambiente pouco investigado
pelo cenário acadêmico, o interior nacional, sobretudo os interiores baianos e nessa
proposta conduzo meu olhar para cidade de Alagoinhas, localizada há cerca de 100km
da capital do estado, Salvador, e que traz consigo desde sua emancipação uma influência
local devido as interações impulsionadas pelo estabelecimento da linha férrea ainda no
século XIX, aspectos relevantes para análise de como a sociedade civil se organizava e
dinamizava os usos dos tempos livre e as propostas culturais que fomentavam relações
sociais, padrões comportamentais, sugestionava e delineava cenários arquitetônicos
urbanos e promovia os primórdios do lazer na realidade da cidade. Para dar atenção a
tais aspectos analisaremos as fontes a partir da História Cultural que propõe um olhar
mais atento e cuidadoso ao que tange a intenção de discussão deste estudo além de
proporcionar uma leitura mais aproximada das práticas e usos incitados ao período. Um
perfil encontrado na estruturação dessas práticas foi a criação da institucionalização do
lazer a partir do surgimento de clubes que se debruçavam essencialmente para praticas
culturais do uso do tempo livre carregando na alcunha a dimensão social, recreativa ou o
apelo esportivo como ponto de identificação do grupo social envolvido em suas
atividades. O esboço deste estudo tem como direcionador da pesquisa a seguinte
questão problema: “Sob a perspectiva histórica, como se constitui as práticas de lazer e
sociabilidade nos clubes sócio recreativos na cidade de Alagoinhas, no final do século
XX”? E como objetivo geral deste estudo discutir o processo constitutivo das práticas de
lazer e de sociabilidade nos clubes sócio recreativos na cidade de Alagoinhas-BA, entre
as décadas de 1940 a 1990. Para os objetivos específicos teremos: investigar, apontar e
analisar as práticas de lazer e sociabilidade existentes nos clubes locais; verificar e
analisar a apropriação e reverberação das práticas disseminadas nesses espaços pela
comunidade alagoinhense.
Palavras-chave: História do Lazer; Sociabilidade; Clubes.

Caderno de Resumos - O Corpo Fala - Nov. 2023 -25-


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O CORPO FALA 29/11 a 01/12/2023

ESSE CHÃO É ANCESTRAL: EXPERIÊNCIAS DE LAZER DOS


ADOLESCENTES DA COMUNIDADE BARRA DE CARAVELAS

Ivalda Kimberlly Santos Portela


kportela44@gmail.com
Bruno Otávio de Lacerda Abrahão

A comunidade da Barra de Caravelas é uma comunidade de povos tradicionais,


localizada no extremo sul da Bahia, distrito de Caravelas, é uma das áreas geográficas
que constituem a Reserva Extrativista de Cassurubá[1]. Formada em sua grande maioria
por pescadores artesanias, famílias quilombolas, indígenas, povos de terreiro e
extrativistas. O presente estudo faz parte de uma pesquisa de mestrado cujo objetivo
principal é investigar as experiências educativas de lazer em uma escola em Barra de
Caravelas/BA. O estudo divide-se em dois capítulos. No primeiro, o objetivo é apresentar
a revisão da literatura sobre lazer que foi realizada e mapear as experiências de lazer da
comunidade através da análise do documental, e o próximo passo é aproximar delas. No
segundo, além de apresentar a revisão sistematizada da literatura sobre educação
voltada a população tradicional, é investigar o cotidiano de uma escola de povos
tradicionais, particularmente como são abordados os conteúdos da cultura corporal.
Palavras-chave: Povos Tradicionais; Lazer; Educação Física.

________________________
[1] As Reservas Extrativistas (RESEX) são espaços territoriais protegido cujo objetivo é a proteção dos
meios de vida e a cultura de populações tradicionais, bem como assegurar o uso sustentável dos recursos
naturais da área.

Caderno de Resumos - O Corpo Fala - Nov. 2023 -26-


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O CORPO FALA 29/11 a 01/12/2023

LAZER, SOCIABILIDADES E EDUCAÇÃO NO SAMBA EM SALVADOR

Rosa Barbara Pinheiro


rosa.barbara.pinheiro@hotmail.com
Bruno Otávio de Lacerda Abrão

A intenção da pesquisa é ouvir as trajetórias e narrativas de quem costuma frequentar


rodas de samba de Salvador, estudar os processos educativos que ocorrem a partir das
relações de convivência e compreender as sociabilidades geradas no que diz respeito às
suas perspectivas de lazer, observando sua influência, ou não, no desenvolvimento da
capacidade de reflexão, organização, planejamento e abstração, no ensino de hábitos
que podem ser utilizados nas complexas relações sociais e culturais da
contemporaneidade, observar possíveis contribuições para despertar o posicionamento
questionador, na formação e apropriação de conhecimentos novos, no trabalho com a
dimensão valorativa e no estímulo para a permanente avaliação das suas escolhas. A
partir do estudo da educação como fenômeno social que se desenvolve no tempo e o
termo sociabilidade como mediação entre educação e lazer, observando se a apreciação
e a frequência nas rodas de samba contribuem nas relações familiares e/ou comunitárias
e no desenvolvimento de ações coletivas com foco na melhoria das suas comunidades. O
lazer como possibilidade de produção de cultura engloba vivências de diferentes
conteúdos, como a arte, a literatura, a pintura, a música, e muitas outras atividades que
são realizadas de forma tão natural que muito dificilmente os indivíduos questionam-se
sobre as formas como utilizam o seu tempo livre, as formas de lazer são produtoras de
sociabilidades submetidas aos abusos do capital, por vezes as ocupações mascaram uma
condição de prolongamento do trabalho, na sociedade capitalista mesmo uma falsa
liberdade no momento de tempo livre não é dada, além de que o lazer não está imune às
formas de opressão que coisificam pessoas e personalizam coisas, pois o lazer é um
campo propício ao lucro e ao processo de acumulação de capital. As rodas de samba são
espaços de troca que podem ser consideradas como vivência de lazer pelos seu
frequentadores, suas atividades constroem um corpo de mensagens significativas que
criam, transformam e transmitem saberes, valores e sentidos, refletir sobre os sentidos
atribuídos à prática da roda de samba e ao momento do não trabalho desfrutado a partir
de uma escolha pessoal, poderá trazer outras perspectivas para as vivências de lazer, no
sentido da construção de maior criação, autonomia e valorização das múltiplas formas de
se viver.
Palavras-chave: Educação; Samba; Lazer.

Caderno de Resumos - O Corpo Fala - Nov. 2023 -27-


Universidade Federal da Bahia - UFBA
Faculdade de Educação - FACED
Grupo CORPO - Cotidiano, Resgate, Pesquisa e Orientação

www.gcorpo.wordpress.com

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