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Resumo: O presente trabalho tem como proposta um estudo sobre a importância da arte,
do teatro, da música e da literatura numa perspectiva pedagógica voltada para a Educação
Integral. Para tanto, usamos como referência metodológica o materialismo dialético
caracterizando teatro e educação numa proposta pautada na Pedagogia Histórico-Crítica.
Os pressupostos utilizados no artigo remetem à arte numa perspectiva que oriente não só
esteticamente o aluno, mas também traga em si os elementos políticos, possibilitando
além de um apurado senso estético, uma aguçada crítica em relação à sociedade vigente.
Os estudos sobre a Escola Integral corroboram com a perspectiva de omnilateralidade e
suas consequências positivas no que diz respeito ao processo de formação humana.
Introdução
O presente artigo tem por objetivo discutir a relevância da arte em suas várias
formas: teatro, música e literatura na proposta de uma educação integral enfatizando a
Pedagogia Histórico-Crítica em sua perspectiva marxista. Ao longo da história a arte faz
1 Elaine Cristina da Silva Melo Gonçalves, Universidade estadual de Campinas, SP, Brasil. E-mail:
elaynemellog@hotmail.com
2 Juliana Gonçalves Gobbe, Universidade estadual de Campinas, SP, Brasil. E-mail: julianagobbe@gmail.com>
parte da atividade humana, não somente para entreter os homens, mas também para
modifica-los num processo de integração entre autor – obra e público.
O teatro como expressão da arte que engloba em seu bojo diversas dimensões das
concepções artísticas também torna-se fundamental para o enriquecimento de uma
perspectiva estética e crítica.
Uma sociedade comprometida apenas com traços mercadológicos que não oferece
ao professor uma formação orientada pelo e para os clássicos numa movimentação
historicizante destes, perde a capacidade e a oportunidade de uma educação não somente
“do sensível”, mas para o sensível que é também racional.
Assim, a escola passa por diversos programas de orientação integral, mas que
infelizmente nada mais fazem do que oferecer nas atividades extras, o assistencialismo
oferecido por ONGs ou até mesmo a prática, muitas vezes inócuas de atividades físicas
pouco estimuladoras e mal orientadas.
Sendo a única tragédia grega sobre um fato histórico, ou seja, o árduo caminho
percorrido por Xerxes e seu exército no confronto entre gregos e persas após a batalha de
Salamina (VIEIRA,2013)
Nesta tragédia, a rainha, mãe de Xerxes entra em crise ao receber a notícia que
seu filho estava ferido, mas esta angústia não decorre do fato dos ferimentos em si, mas
pela possibilidade dos trajes de Xerxes estarem precários e sujos.
Assim encontram-se também os artistas do nosso tempo, preocupados com
questões adjetivas, deixando as substantivas de lado.
Para Lukács:
Condicionados aos fatores econômicos os artistas de todos os tempos vão retratando sua
realidade sob a diretriz de suas consciências que fatalmente vão seguir determinadas
ideologias.
Tanto para Lukács como para outros estudiosos da arte sob a perspectiva marxista:
Cabe lembrar que hoje também, devido aos amplos problemas da má formação
temos uma crítica mal preparada para avaliar até mesmo as obras menos complexas
apresentadas pelos pós-modernos.
Porém:
Neste ponto aprende-se também a importância do teatro para uma educação que
abarque a vida social.
O teatro não é uma expressão artística contemporânea, pois a história nos mostra
que nas manifestações orais que decorriam sempre de festas nas quais homenageavam se
os deuses antigos lá estavam os homens ainda no início do que podemos chamar aqui de
representação da vida.
Para Costa
O teatro sempre esteve presente, desde as mais remotas épocas, no processo de
educação da criança e jovens e adultos. Se nos voltarmos para as antigas
civilizações, guiando-nos não por indícios à margem do problema educativo,
mas através de documentos ou descobertas arqueológicas, comprovaremos que
existiu em eras longínquas, um teatro para criança ou cenas nas quais as
crianças participavam. Nas criptas e sepulturas das crianças egípcias, gregas e
romanas foram encontrados bonecos articulados como as marionetes de hoje,
fazendo pensar que assim como eram distrações para os adultos poderiam ser
também para as crianças. Sabemos com certeza que na antiga Grécia, a criança
era exercitada, durante seus primeiros anos, levando em conta seus desejos e
instintos, em jogos educativos, aptos para encaminhá-la a seu aperfeiçoamento
como adulta. (Costa, 2012, p.12 ).
Segundo Costa
Aqui no Brasil os jesuítas com as rédeas curtas da doutrinação dos índios também
fomentavam seus trabalhos com a arte na perspectiva dos fins religiosos, mas não
deixavam de inserir em suas práticas, o canto e até mesmo o uso de máscaras com a
pretensão de um fazer teatral alicerçado em pressupostos catequéticos.
O horizonte teatral aqui era o da doutrinação para o aprendizado da moral. Até
hoje em alguns trabalhos sobre teatro na formação escolar ainda vemos o conceito de
“moral” fortemente atrelado a um viés religioso. Aprende-se teatro para que através dos
textos as crianças também possam “aprender” o moralismo burguês.
Sabe-se que :
Bertolt Brecht na antiga Alemanha também procurou através de suas peças dar
voz ao proletariado num processo dialético caracterizador de um teatro eminentemente
pedagógico.
Para Rosenfeld:
O teatro na escola não pode ser mais um “tapa buraco” para os dias festivos onde
professores “usam” peças comerciais. Os alunos devem ter acesso ao arsenal das tragédias
gregas, e também ao teatro de Shakespeare, Ibsen, Brecht e Piscator.
Segundo Duarte:
As relações escolares estão antes de tudo imersas numa sociedade que oprime a
cada instante. O coletivo citado por Duarte deve cada vez mais estar instrumentalizado
em termos de teoria e prática para que possamos transformar através da luta nossa
tenebrosa realidade.
A arte em todas as suas formas é um dos mais poderosos recursos culturais para o
desenvolvimento da subjetividade humana.
A arte e teatro
A arte em todas as suas formas é um dos mais poderosos recursos culturais para o
desenvolvimento da subjetividade humana, ela exerce forte influência na formação do
indivíduo, contribuindo assim para a visão e realidade do mundo. Sendo assim a
incorporação destes na educação integral é imprescindível.
O teatro que faz parte desse mundo artístico estimula o aluno para o processo da
sua omnilateralidade humana, pois contribui para o processo construtivo da consciência
do aluno. Dessa forma é de extrema importância para a educação integral omnilateral. Ele
não é somente arte, mas também educação. Através do e teatro é possível apreender a
totalidade das manifestações e ideias humanas.
Para Martins:
[...] ainda é comum as aulas de arte serem confundidas com lazer, terapia,
descanso das aulas sérias, o momento para fazer a decoração da escola, as
festas, comemorar determinada data cívica, fazer o presente do dias dos pais,
pintar o coelho da páscoa e árvore de natal (MARTINS,1998, p. 10).
A arte não é valorizada na escola pública, é negado o acesso a esse tipo de saber.
Dessa forma algo essencial à formação humana acaba não fazendo parte da formação dos
alunos. Na sociedade capitalista atual a arte tornou-se um produto da burguesia, não há
socialização com a classe trabalhadora, é negado a ela esse tipo de saber rico e humano.
Para Duarte 2009 , se a arte propiciar aos indivíduos uma vivência subjetiva intensificada
de conflitos que impulsionem a autoconsciência a níveis cada vez mais elevados, ela
desempenhará uma função formadora, isto é, educativa.
É lamentável a forma com que, a arte parece distanciar-se das pessoas. A escola
que tem o papel de transmitir os conhecimentos clássicos, que teria o papel de ensinar a
arte na sua forma mais desenvolvida acaba se consolidando em formar os indivíduos a
serviço da organização do mercado.
Segundo Lukács:
Para ele a obra de arte liga o percurso da vida individual ao percurso histórico da
humanidade, dá oportunidade do indivíduo reviver o passado, o presente de uma forma
muito intensa como se isso fizesse parte da sua própria vida.
A música
A música tem o poder de exercer influência nas emoções e sentimentos, dessa
forma obviamente contribui para o desenvolvimento do pensamento, da memória e da
atenção. Como qualquer manifestação artística, ela influência na vida e na formação da
identidade de qualquer pessoa, ela envolve um processo intelectual. A educação musical
é parte muito importante da formação omnilateral que almejamos para essa sociedade. É
claro que precisamos superar o capitalismo para que possamos ter verdadeiramente uma
educação comprometida coma formação completa do ser humano.
Segundo Saviani a música tem uma grande contribuição para o desenvolvimento integral
do ser humano.
[...] É uma educação de caráter desinteressado que, além do conhecimento da
natureza e da cultura envolve as formas estéticas, a apreciação das coisas e das
pessoas pelo que elas são em si mesmas, sem outro objetivo senão o de
relacionar-se com elas. Abre-se aqui todo um campo para a educação artística
que, portanto, deve integrar o currículo das escolas. E, nesse âmbito, sobreleva,
em meu entender, a educação musical. Com efeito, a música é um tipo de arte
com imenso potencial educativo já que, a par de manifestação estética por
excelência, explicitamente ela se vincula a conhecimentos científicos ligados
à física e à matemática além de exigir habilidade motora e destreza manual que
a colocam, sem dúvida, como um dos recursos mais eficazes na direção de uma
educação voltada para o objetivo de se atingir o desenvolvimento integral do
ser humano. (SAVIANI, 2008, p.328).
Para Saviani, a música envolve a física, matemática, habilidade motora para tocar
os instrumentos, desenvolve a nossa subjetividade afetiva, dessa forma contribui de forma
significativa para a educação e formação no indivíduo.
A literatura
A literatura tem um valor tão significativo na vida dos indivíduos que tem contato
com ela que você não precisa ter o conhecimento de determinada época, ou determinado
lugar para entender uma história literária, ela tem um poder tão imenso, que nos
envolvemos na história, revivendo-a. Ela ajuda entender sentimentos e proporciona a
expressividade pela arte.
Considerações Finais
Referências Bibliográficas:
COSTA, Iná. Nem uma lágrima. 1. ed. São Paulo: Expressão Popular, Nanquim, 2012.
DUARTE, N. Arte e educação contra o fetichismo generalizado na sociabilidade
contemporânea PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 27, n. 2, 461-479, jul./dez. 2009
KONDER, Leandro. Os marxistas e a arte. 2.ed. São Paulo: Expressão Popular, 2013.
KOSIK, K. Dialética do concreto. trad. Célia Neves e Alderico Toríbio. 2ª ed. Rio de
Janeiro, Paz e Terra, 1995
VAZQUEZ, A. S. As ideias estéticas de Marx.; trad. Carlos Nelson Coutinho. 2ª ed. Rio
de Janeiro, Paz e Terra, 1978.