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21/09/2022 18:06 Estante de Conteúdo

Capítulo 22

Capítulo 22

Revolução Industrial

Existe hoje um grupo crescente de pesquisadores dos mais diversos campos do


conhecimento que afirma que o planeta Terra entrou em uma nova era geológica. Chamada de
Antropoceno, essa nova era teria colocado fim ao período de estabilidade do planeta, que se
iniciara há 11 mil e 500 anos e foi chamado de Holoceno. Segundo as pesquisas científicas
realizadas nos últimos anos, a passagem do Holoceno para o Antropoceno é resultado direto das
transformações provocadas no planeta pela ação humana. Entre os exemplos de modificações
promovidas pelo modo de vida humano e com efeitos profundos no planeta, do ponto de vista
geológico, podem ser apontadas: a exploração de recursos naturais para a produção de energia
e matéria-prima para a atividade industrial; a emissão de poluentes; a devastação de paisagens
naturais; a contaminação de rios, lagos e mares; a destruição da biodiversidade; a exploração do
solo para o desenvolvimento de atividades econômicas.

Para os defensores da tese do Antropoceno, as transformações ambientais observadas hoje


já são resultado da ação humana, e sua tendência futura é de agravamento, caso não sejam
tomadas medidas rápidas para conter a destruição dos recursos naturais e diminuir
significativamente a utilização de combustíveis fósseis e de outras substâncias altamente
poluentes. A grande preocupação dos pesquisadores é o processo de aquecimento do planeta,
que pode provocar a elevação dos níveis dos mares e alterar profundamente o equilíbrio
ambiental, ameaçando a continuidade futura da vida na Terra.

Ainda não existe consenso entre os pesquisadores sobre o início do Antropoceno. De acordo
com algumas teorias, o início do processo humano de transformação das estruturas profundas
do planeta ocorreu por volta de 1800, momento inicial da primeira Revolução Industrial. A partir
de sua emergência, teve início o uso cada vez mais intenso de combustíveis fósseis para ampliar
a produção de mercadorias, o que foi acompanhado de novas formas de transformação do meio
ambiente pela ação humana. Outras teorias científicas, por seu turno, sustentam o começo
efetivo do Antropoceno apenas em 1950, quando a industrialização ganhou novo fôlego e o
padrão de consumo humano começou a crescer cada vez mais rápido.

Mesmo sem uma definição consensual sobre o início do Antropoceno, os pesquisadores


concordam que ele é o resultado da industrialização da economia. Assim, para compreender o
significado
Avaliardesse novo período geológico, é fundamental analisar a Revolução Industrial,
32

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processo que possibilitou a industrialização da produção humana a partir do final do século


XVIII. Esse é o tema do presente capítulo.

Segundo muitos cientistas, a Terra vive, desde a Revolução Industrial, uma nova época – o Antropoceno –,
marcada por sérias transformações e impactos resultantes da ação humana na paisagem global. A poluição
gerada pelas grandes fábricas é um dos exemplos mais claros da intervenção geológica que caracteriza o
Antropoceno.

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Antecedentes da Revolução Industrial


Como visto no capítulo sobre Revolução Inglesa e Iluminismo, ao longo do século XVII,
ocorreram diversas transformações, na Inglaterra, que possibilitaram a consolidação da
burguesia como uma das principais forças da sociedade inglesa. A Revolução Gloriosa provocou
o fim do absolutismo nesse país, propiciando maior participação política à burguesia. Já o
processo dos cercamentos e os Atos de Navegação ajudaram a promover o desenvolvimento
econômico e o enriquecimento da burguesia. A conjunção desses fatores levou a Inglaterra a se
tornar, entre o final do século XVII e o início do século XVIII, a grande potência comercial da
Europa, tendo controle de rotas comerciais que ligavam a América, a Europa e regiões da África e
da Ásia.
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Vista da cidade de Londres em gravura produzida por Claes Jansz Visscher em 1616.

O governo inglês incentivou esse processo por meio de um amplo leque de ações, como a
formação de companhias comerciais, a criação de um sistema bancário mais robusto e capaz de
fornecer empréstimos para o desenvolvimento de novas atividades produtivas, bem como o
investimento na modernização da Marinha. Essas medidas possibilitaram não apenas o maior
controle do comércio, mas também o fortalecimento militar do país – levando os ingleses a se
tornarem uma das principais forças militares da Europa – e o acúmulo de riquezas nas mãos da
burguesia britânica.

Do artesanato à maquinofatura
No período entre a Baixa Idade Média e o final do século XVIII, a produção de mercadorias se
organizou segundo três sistemas diferentes. O sistema artesanal foi o primeiro e começou a se
desenvolver a partir do século XI, tendo como base as corporações de ofício, também
conhecidas como guildas. Como visto no capítulo sobre Baixa Idade Média, elas regulavam o
trabalho dos artesãos residentes nas cidades medievais. Cada corporação possuía suas próprias
regras, organizando-se com base em um sistema de mestres e aprendizes. Eles trabalhavam em
conjunto nas pequenas oficinas, tendo como objetivo produzir o necessário para a vida
cotidiana e abastecer o incipiente mercado urbano. Assim, uma característica central desse
sistema era a relatividade da divisão do trabalho, já que todo artesão sabia realizar todas as
etapas necessárias à produção de uma enxada ou de um armário. Além disso, os artesãos eram
proprietários das ferramentas utilizadas, sendo, portanto, os donos dos meios de produção e de
sua força de trabalho.

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A oficina do tecelão, pintura de 1656 produzida por Gillis Rombouts. No sistema artesanal, o trabalhador
tinha conhecimento de todas as etapas de produção.

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Com o desenvolvimento comercial europeu, o sistema artesanal foi se tornando incapaz de


garantir a produção de mercadorias necessárias ao abastecimento de mercados cada vez mais
complexos. Assim, ocorreu um lento processo de substituição das corporações de ofício por
novas unidades produtivas, as chamadas oficinas de manufatura. Esse processo começou a se
fortalecer entre os séculos XV e XVI em diversas regiões da Europa. As oficinas de manufatura
eram grandes espaços dedicados à produção de determinadas mercadorias, como tecidos,
roupas, ferramentas e outros bens.

Diferentemente do sistema artesanal, as unidades produtivas do sistema de manufaturas se


caracterizavam
Avaliar pela presença de um grande número de trabalhadores. Não era mais 32
possível
que cada um realizasse todas as etapas necessárias para a produção de uma mercadoria, sendo
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estimulada sua especialização na realização de pequenas etapas do trabalho. Assim, na


produção de um casaco, por exemplo, uma pessoa poderia ficar responsável pelo corte do
tecido, enquanto outra efetuaria os furos para posteriormente introduzir botões, o que seria
feito, por sua vez, por outro trabalhador. O acabamento final poderia ser feito por outra pessoa.
Dessa maneira, a produção de um simples casaco teria a participação de diversos trabalhadores.

Esse avanço da divisão do trabalho pode ser visto como uma forma de acelerar a produção de
mercadorias nas oficinas manufatureiras. Como cada pessoa se especializava em uma única
tarefa, ela conseguia realizá-la com muito mais rapidez, o que contribuiu sensivelmente para a
diminuição do tempo necessário para a produção das mercadorias. Outra novidade do sistema
de manufaturas pode ser visualizada no deslocamento da propriedade dos meios de produção.
Os trabalhadores passaram a não deter mais os meios de produção, isto é, não eram mais os
donos de suas ferramentas, utilizando as ferramentas dos proprietários das manufaturas. Com
essa transformação, o trabalhador passou a ser dono apenas de sua força de trabalho, a qual
vendia em troca de pagamentos regulares.

Nessa gravura, de autor desconhecido, está retratada uma fábrica de confecção de cartas de jogos no
século XVIII. Nesse tipo de sistema manufatureiro, os trabalhadores eram responsáveis por pequenas
etapas da produção.

O sistema de manufaturas ajudou a dinamizar a economia europeia, embora dentro de


limites determinados. Para produzir mais mercadorias, era necessário ampliar o tamanho das
unidades produtivas e contratar mais trabalhadores, o que, por sua vez, diminuía o lucro dos
proprietários das manufaturas e não permitia um crescimento ilimitado da capacidade de
produção. Como consequência, muitos indivíduos passaram a procurar meios de melhorar as
ferramentas disponíveis, de modo que o mesmo número de trabalhadores pudesse produzir
maiorAvaliar
número de mercadorias, visando, assim, a um aumento na produtividade. 32

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A produção de novas ferramentas era um processo custoso, por isso, a Inglaterra, favorecida
por uma burguesia enriquecida, foi a nação que mais investiu nessa atividade. Os investimentos
fomentaram as pesquisas que permitiram a invenção de máquinas baseadas na queima de
fontes de energia, especialmente o carvão, para se movimentar. O uso dessas máquinas deu
início ao processo de substituição do sistema de manufatura pelo sistema de maquinofatura.
Com elas, os trabalhadores conseguiam maior produção em menos tempo. Nesse contexto, a
maquinofatura possibilitou a ampliação da produção de mercadorias e o crescimento da
economia inglesa. Além disso, intensificou ainda mais o processo de especialização e divisão do
trabalho, aprofundando a separação dos trabalhadores dos meios de produção.

Uma fábrica têxtil em gravura de 1835 elaborada por Thomas Allom. Com a maquinofatura, foram
intensificadas a especialização e a divisão do trabalho.

TOME NOTA

O processo de substituição da manufatura pela maquinofatura deu origem às primeiras


fábricas e é esse processo que recebeu o nome de Revolução Industrial. Como será visto
adiante, o impacto dessa alteração não se restringiu ao modo de produção das mercadorias,
mas afetou toda a estrutura das sociedades humanas.
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ONTEM E HOJE

A automação na indústria

Uma característica da maquinofatura é que ela permitiu o início da automação na produção


de mercadorias. Essa grande transformação significa que parte dos processos necessários
para produzir qualquer tipo de mercadoria ou serviço é controlada por máquinas,
prescindindo, assim, do trabalho humano para ser realizado. No início da industrialização, a
tecnologia disponível possibilitava a diminuição do número de operários na produção,
embora permanecessem necessários para a correta manutenção e funcionamento das
máquinas. Entre o século XIX e as primeiras décadas do século XX, ocorreu grande
desenvolvimento tecnológico, que levou à consideração da possibilidade de se criar um
sistema de produção automatizado, capaz de dispensar o trabalho direto de operários.
Porém, apenas na metade do século XX, as pesquisas científicas de inovação tecnológica
conseguiram desenvolver os primeiros computadores, aparelhos que funcionavam de modo
a operar outras máquinas, dando início aos primeiros sistemas automatizados de produção
industrial. Nesse sistema, tornou-se possível o uso de máquinas na montagem de peças e na
criação de mercadorias diversas sem nenhum tipo de força de trabalho humana. Apenas
quando as máquinas quebravam ou o sistema deixava de funcionar corretamente, técnicos
humanos precisavam ser mobilizados para recolocar a produção em funcionamento.

Atualmente, por exemplo, uma empresa pode automatizar parte do serviço de emissão de
notas de compra e venda, pagamentos, cobrança e outros aspectos burocráticos
anteriormente realizados por funcionários. Além disso, as linhas de montagem de muitas
fábricas (espaço no qual são produzidas mercadorias) são intensamente automatizadas, e
apenas uma pequena parcela do trabalho industrial é realizada por operários. Assim, torna-
se cada vez mais comum observar a utilização de robôs e máquinas computadorizadas nas
fábricas.

Se, por um lado, essa automação provoca o aumento da produção industrial e dos lucros
dos empresários, por outro, é responsável pelo crescimento acelerado do desemprego e da
desarticulação dos sindicatos e das organizações de trabalhadores, fragilizados pelo
número cada vez menor de pessoas contratadas. Com o advento da internet e o
desenvolvimento de sistemas cada vez mais autônomos e inteligentes, há quem acredite
que, no futuro próximo, mesmo serviços que exigem grande formação humana, como
atendimentos médicos ou ensino, poderão ser automatizados e parcialmente conduzidos
por sistemas especializados.

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AGORA É COM VOCÊ

Observe a imagem a seguir. Trata-se de um mapa com as principais rotas comerciais da


Inglaterra na metade do século XVIII. Com base na observação da imagem, responda ao que
se pede.

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Atlante Storico. Novara: Istituto Geografico De Agostini, 2011. (adaptado)

1. Aponte as principais regiões com as quais os ingleses estabeleceram relações


comerciais importantes no período.

2. Relacione as informações desse mapa com as transformações ocorridas na Inglaterra


entre o século XVII e o início do século XVIII.

3. De que modo esse mapa ajuda a entender o processo de industrialização da economia


inglesa? Justifique sua resposta.

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As primeiras máquinas da Revolução


Industrial
A mecanização da produção atingiu diversos ramos da economia inglesa. Um dos primeiros
campos em que foram utilizadas máquinas foi nas minas de carvão, valiosas fontes de energia, o
que estimulou a exploração de grande número delas em diversas regiões da Inglaterra. No
entanto, frequentemente ocorriam inundações nas minas e, para continuar a extração do carvão,
era necessário retirar toda a água de seu interior. Esse processo consumia tempo considerável,
diminuindo bastante a produtividade desse tipo de negócio.

Em 1712, Thomas Newcomen inventou um dispositivo que chamou de motor atmosférico, o


qual queimava carvão para aquecer a água e produzir vapor. Esse vapor era utilizado para
movimentar uma bomba responsável pelo acionamento de alavancas que retiravam a água de
minas sem a necessidade de trabalho humano. Esta pode ser considerada uma das primeiras
máquinas da Revolução Industrial, tendo tido grande repercussão, pois esse mecanismo
baseado na queima do carvão e na produção de vapor passaria a ser utilizado em outras
máquinas.

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Diagrama do motor atmosférico de Newcomen em uma publicação bibliográfica norte-americana de 1913.

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Em 1733, John Kay criou outra máquina importante, a chamada lançadeira volante,
empregada na tecelagem de fios. Era um mecanismo que utilizava um sistema de rodas para que
a lançadeira (ferramenta usada na produção de fios) pudesse produzir fios mais longos, o que
aumentava a produtividade dessa mercadoria.

Anos depois, em 1764, James Hargreaves inventou a máquina de fiar hidráulica. Esta utilizava
um princípio semelhante ao mecanismo de Newcomen, embora sua aplicação se direcionasse à
produção de fios de algodão. Essa combinação de lançadeiras volantes e máquinas hidráulicas
possibilitou uma expansão sem precedentes na produção de tecidos ingleses, resultando em sua
exportação para novos mercados, como a Índia e a América, acelerando o crescimento
econômico da Inglaterra.

Uma máquina a vapor, segundo o modelo de James Watt, construída em 1859. Trata-se de uma das
primeiras instaladas na Espanha, atualmente conservada em um dos campi da Universidade Politécnica de
Madrid. Esse tipo de motor térmico, que explora a pressão do vapor, contribuiu para revolucionar a
industrialização no mundo.

Em 1769, James Watt patenteou o primeiro motor a vapor, o qual veio a se tornar o
dispositivo
Avaliarcentral para a construção de novas máquinas. O invento de Watt retomava
32as ideias
utilizadas nas máquinas anteriores e conseguiu criar um meio eficiente de aproveitar a energia
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do vapor para a alimentação de outras máquinas. Foi graças ao motor a vapor de Watt que a
mecanização da produção começou a se acelerar e a influenciar campos cada vez maiores da
economia inglesa. Em 1779, por exemplo, Samuel Crompton conseguiu criar o que chamou de
spinning mule, uma máquina de fiar automática mais eficiente do que a desenvolvida por
Hargreaves. Essa inovação possibilitou a criação de grandes fábricas, em que a maior parte do
trabalho de fiação era realizada por máquinas, reduzindo de modo significativo a demanda por
mão de obra operária, bem como aumentando os lucros dos donos dessas fábricas.

Parte importante desses lucros passou a ser investida no desenvolvimento de novas


tecnologias, por isso o período compreendido entre o final do século XVIII e as primeiras
décadas do século XIX foi marcado por grande aceleração do desenvolvimento tecnológico, que
propiciou a invenção de novas máquinas e meios de transportes. As ferrovias e os navios a
vapor, por exemplo, surgiram nesse contexto por meio da aplicação de tecnologias baseadas no
motor a vapor, tendo como objetivo acelerar o transporte de pessoas e de mercadorias por terra
e mares.

TOME NOTA

O avanço da industrialização e o acúmulo de riquezas possibilitaram uma transformação


importante na organização do capitalismo europeu. Este deixou de ser baseado na
expansão do comércio para se fundar na expansão da produção de mercadorias industriais.
Em virtude de tal alteração, pode-se dizer que a partir de finais do século XVIII começa a se
formar o capitalismo industrial, que ascenderá como o principal modelo econômico das
sociedades europeias durante grande parte do século XIX. Além disso, o enriquecimento
acelerado fez da burguesia o principal grupo social dessa nova fase do capitalismo.

As transformações sociais do capitalismo


industrial
O processo de industrialização da economia provocou a rápida transformação das estruturas
sociais típicas do Antigo Regime. Como visto anteriormente, a sociedade do Antigo Regime
estava dividida em três grupos sociais principais: a nobreza, o clero e o Terceiro Estado (no qual
estavam a burguesia e os camponeses). Essa forma de sociedade estamental dependia
principalmente da produção de riquezas agrícolas e comerciais, tendo como uma de suas
marcas uma mobilidade social muito limitada. Porém, com o desenvolvimento da economia a
partirAvaliar 32
da industrialização, a produção de riquezas iniciou um processo de intensa aceleração, o

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que levou a burguesia, cujos indivíduos eram ligados diretamente à criação de indústrias, a um
enriquecimento veloz e a um destacado papel social.

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Em razão desse fortalecimento burguês, em poucas décadas, a burguesia se transformou no


principal grupo social inglês. Já os trabalhadores das fábricas passaram a formar outro grupo
social, chamado de proletariado. Paralelamente, setores como a nobreza e o clero,
anteriormente hegemônicos, observaram o decrescimento de seu poder, embora tivessem
conservado relativo prestígio e força social. Com isso, ocorreu uma importante modificação na
forma como a sociedade inglesa estava organizada. Esta deixou de ser fundamentalmente
dividida em três grupos principais à medida que se estruturava em torno de dois polos
antagônicos no processo produtivo: a burguesia e o proletariado.

Enquanto a burguesia se transformou no grupo social privilegiado, o proletariado se


transformou em um grupo social subordinado aos interesses da burguesia. A razão disso pode
ser observada na propriedade burguesa dos meios de produção (as fábricas e suas máquinas),
enquanto o proletariado só possuía sua força de trabalho, vendida aos burgueses em troca de
um salário. Essa disparidade lançava um problema social: a burguesia pagava salários muito
menores do que a quantidade de riquezas produzidas pelo trabalho proletário. Assim, a
industrialização provocou o crescimento contínuo das riquezas da burguesia, ao mesmo tempo
que resultou no empobrecimento constante do proletariado.

A invenção de novas máquinas aumentava o lucro da burguesia, já que o salário poderia


continuar em seu patamar anterior ou mesmo diminuir, enquanto as riquezas produzidas
aumentavam com equipamentos mais velozes e eficientes. Por isso, pode-se dizer que o
enriquecimento da burguesia estava diretamente relacionado à exploração do trabalho do
proletariado.

A industrialização não repercutiu unicamente na organização dos grupos sociais. Ela também
afetou a relação entre o mundo urbano e o rural na Inglaterra. Desde o século XVII, devido aos
cercamentos, vinha ocorrendo um processo de êxodo rural, provocado por grande parte dos
camponeses que perdiam o acesso à terra e se deslocavam em direção às cidades em busca de
trabalho. A industrialização acelerou esse processo, e as cidades inglesas cresceram
rapidamente. Na metade do século XIX, a população que vivia nas cidades inglesas já era
superior à população que vivia no campo.

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Uma das ruas de Londres em gravura de 1837, produzida por J. Hopkins e Thomas Hosmer Shepherd.

O crescimento acelerado e desordenado das cidades provocou diversos problemas sociais,


tendo em vista a ausência de condições adequadas de vida para todos os seus moradores. Os
proletários viviam frequentemente em habitações apertadas e com pouco ou nenhum
saneamento básico. Isso fazia das cidades um local propício para a disseminação constante de
epidemias de cólera, de febre tifoide, de varíola, de tuberculose e de outras doenças com grau
elevado de letalidade.

Outro efeito da industrialização foi a intensificação das transformações ambientais


provocadas pela ação humana. A queima de carvão nas fábricas aumentou significativamente a
emissão de poluentes. Além disso, a extração desse recurso de minas ou mesmo a produção de
carvão vegetal (a partir da transformação de madeira em carvão) tiveram grande impacto
ambiental. No mesmo contexto, o crescimento das cidades também afetou o meio ambiente,
poluindo rios e outras fontes de água, contribuindo, inclusive, para a ampliação da poluição
atmosférica.

O trabalho nas primeiras fábricas


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Entre finais do século XVIII e início do século XIX, a burguesia utilizou diversas estratégias
para ampliar a exploração do trabalho do proletariado. A forma mais importante foi a
substituição de muitos trabalhadores por máquinas, o que propiciava a redução dos salários
pagos e garantia que um número muito menor de pessoas operasse máquinas diversas e
conseguisse produzir mais riquezas.

Porém, a substituição do trabalho humano por máquinas não foi a única forma utilizada pela
burguesia para ampliar a produção de suas fábricas. Os burgueses passaram a obrigar os
proletários a trabalhar períodos cada vez mais longos em suas fábricas. Como os salários eram
baixíssimos e o desemprego constituía um fenômeno de grande amplitude, as pessoas eram
obrigadas a aceitar jornadas de trabalho superiores a quinze horas diárias e que podiam se
estender por todos os dias da semana.

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Outro mecanismo empregado na ampliação de lucros e no pagamento de salários menores


era a contratação de mulheres e crianças. Estas recebiam salários inferiores aos pagos aos
homens, sendo comum as fábricas contarem com muitas crianças pequenas. Elas
desempenhavam as mais diversas tarefas, inclusive a operação de máquinas perigosas,
tornando-se frequentes os acidentes e até a morte de muitas crianças nas fábricas e em outros
locais de trabalho.

Além disso, as condições de trabalho nas fábricas inglesas eram péssimas. O ambiente era
muito poluído, quente e sujo. As longas jornadas faziam com que os trabalhadores comumente
sofressem acidentes, permanecendo debilitados e doentes. Como os salários eram muito baixos,
parte significativa do operariado não mantinha uma dieta alimentar adequada, o que também
contribuía bastante para enfraquecê-los. Por isso, a expectativa de vida do proletariado era
baixa.

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Fábrica de fundição de ferro em Londres, em ilustração de uma edição de 1855 do jornal inglês The
Illustrated London News.

Para garantir a lucratividade e o máximo de produção, o ambiente de trabalho era


rigidamente controlado. O controle do tempo era rigoroso, sendo comum as fábricas contarem
com capatazes responsáveis pela vigilância dos trabalhadores. Os momentos de descanso e de
alimentação eram muito curtos, sendo prática recorrente a penalização de qualquer atraso com
cortes salariais ou demissões. Como a população urbana crescera muito rápido a partir dos
cercamentos e da industrialização da economia, os donos das fábricas podiam demitir seus
trabalhadores e conseguir substitutos com rapidez, uma vez que o desemprego era elevado. Esse
aspecto contribuía para manter os salários baixos e obrigava os proletários a aceitar essas
péssimas condições de trabalho.

AGORA É COM VOCÊ

A imagem a seguir é uma representação de uma mina de carvão inglesa entre o final do
século XVIII e o início do século XIX. Após observá-la atentamente, responda ao que se pede.

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1. Descreva a imagem.

2. Quais elementos da imagem indicam a presença de máquinas na extração do carvão


nessa mina?

3. Com base na imagem, é possível afirmar que a industrialização foi um processo que
ocorreu de forma súbita e substituiu imediatamente outras formas de trabalho?
Justifique sua resposta.

Página 40

A organização do proletariado e a luta por


direitos
Avaliar 32

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A exploração do proletariado nas primeiras fábricas estimulou a emergência de diversos


movimentos de contestação às mazelas vigentes. Os trabalhadores passaram a exigir melhores
condições de trabalho, maiores salários, menores jornadas de trabalho, proibição do trabalho
infantil, entre outros. Essas pautas visavam enfrentar a precariedade da situação operária, tendo
como objetivo a redução da pobreza e a melhoria de sua condição de vida. Ao longo do século
XIX, esses movimentos foram se organizando cada vez mais, ampliando seu alcance e
conquistando importantes vitórias.

A quebra de máquinas pelo movimento luddista em uma gravura da primeira metade do século XIX.

Uma das primeiras formas de luta dos trabalhadores recebeu o nome de luddismo. A origem
desse movimento remonta à figura lendária de Ned Ludd. Segundo a tradição, ele viveu no final
do século XVIII e destruiu uma máquina de fiar tecidos em razão dos maus-tratos que recebia na
fábrica. No início do século XIX, grupos de trabalhadores começavam a se organizar e passaram a
se chamar luddistas. Para lutar contra a exploração no interior das fábricas, adotaram como
fundamento
Avaliar de suas ações a destruição de máquinas em várias regiões da Inglaterra.32Na

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perspectiva luddista, as máquinas tinham contribuído para ampliar a exploração e a violência,


por isso destruí-las era uma forma de combater essa situação.

O luddismo foi uma estratégia muito utilizada pelos trabalhadores, mas não conseguiu
resultados concretos, uma vez que não apreendia o problema decisivo da exploração industrial.
Este não residia no uso das máquinas, mas no teor das relações estabelecidas entre burgueses e
operários. Em consequência, gradativamente, os trabalhadores passaram a se organizar para
lutar contra a exploração imposta pela burguesia. Foi assim que nasceram as primeiras
associações de trabalhadores. A princípio, sua função consistia em arrecadar recursos para
auxiliar aqueles que passassem necessidade, fosse por adoecimento ou pela perda do trabalho.
Porém, progressivamente, essas associações ampliaram suas funções, organizando ações para
exigir melhores condições de trabalho nas fábricas.

Nesse cenário de tensão social, os trabalhadores começaram a organizar passeatas,


manifestações e, principalmente, greves. Suas ações objetivavam afetar os lucros da burguesia
com a diminuição da produção industrial. A partir disso, os burgueses seriam pressionados a
entrar em negociação com os trabalhadores, estabelecendo melhores salários ou atendendo a
outras reivindicações por melhores condições de vida.

Esse tipo de organização fez com que as associações de auxílio dessem origem aos primeiros
sindicatos de trabalhadores. Essas organizações representavam os interesses de diferentes
categorias profissionais e foram responsáveis por importantes conquistas. Em virtude desse
movimento de organização e luta, diversas leis foram criadas para regulamentar as relações
trabalhistas, diminuindo, assim, a exploração do proletariado no interior das fábricas.

Manifestação de operários, na França, por melhores condições de trabalho, em 1º de maio de 1891. A


repressão pela polícia, nessa ocasião, resultou na morte de dez manifestantes. O 1º de Maio havia sido
estabelecido dois anos antes, em um congresso socialista em Paris, como homenagem a operários norte-
americanos mortos em uma reivindicação em 1886.
Avaliar 32

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Ideias socialistas e anarquistas


As transformações sociais provocadas pela industrialização da economia também resultaram
na formação de novas ideias e teorias sobre a sociedade. Como visto no capítulo sobre
Revolução Inglesa e Iluminismo, entre o final do século XVII e o século XVIII, diversos pensadores
lançaram as bases do chamado pensamento liberal, que se tratava de uma forma de pensar a
sociedade segundo valores convergentes aos princípios da burguesia, como a ideia de liberdade
individual e não intervenção do Estado na economia e na organização das relações sociais.
Assim, o liberalismo passou a ser utilizado para defender os interesses burgueses,
especialmente na crítica a qualquer tipo de intervenção estatal cujo objeto fosse a
regulamentação dos direitos trabalhistas, ou, ainda, a organização das relações de trabalho no
interior das fábricas.

TOME NOTA

Salário mínimo, direito a férias, descanso semanal remunerado, proteção contra acidente
de trabalho, proibição do trabalho infantil são alguns dos exemplos de conquistas
alcançadas devido ao vasto processo de luta dos trabalhadores desde o século XIX.

Porém, nas primeiras décadas do século XIX, surgiram teorias sociais críticas às ideias
liberais e aos privilégios da burguesia. Duas das principais formas de crítica que surgiram nesse
período foram chamadas de socialismo e anarquismo. Tais ideias tiveram grande aceitação entre
muitos setores do proletariado, desempenhando um papel destacado na organização da luta
desses grupos por melhores condições de vida.

As ideias socialistas foram inspiradas em alguns princípios iluministas, especialmente na


convicção da igualdade entre todos os seres humanos. De modo similar, exerceu grande
influência a confiança na razão humana como meio pelo qual a sociedade poderia ser
reorganizada para funcionar de modo racional e promover a felicidade de todos. Nesse contexto,
pensadores como Robert Owen (1771-1858), Saint-Simon (1760-1825) e Charles Fourier (1772-
1837) foram os pioneiros na defesa de medidas para reformar a sociedade e criar meios para
garantir que todos vivessem de modo mais igualitário.
Avaliar 32

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Esses pensadores não formularam uma crítica radical do funcionamento do capitalismo,


restringindo-se a postular reformas, como a criação de comunidades de trabalhadores em que
todos seriam iguais ou a mudança na maneira como as fábricas se organizavam, de modo que os
trabalhadores participassem das decisões relativas ao trabalho. Nesse sentido, os primeiros
pensadores socialistas sustentaram a negociação entre o proletariado e a burguesia como meio
para superar as contradições sociais do desenvolvimento capitalista e garantir a reorganização
da sociedade. Por isso, eles foram chamados de socialistas utópicos, já que, na prática, essas
ideias não poderiam resolver a questão central do capitalismo, uma vez que o lucro da burguesia
era dependente da exploração do proletariado.

A partir da metade do século XIX, no entanto, novos pensadores socialistas elaboraram uma
crítica muito mais radical à dinâmica e à lógica próprias ao sistema capitalista. Nesse caso, os
dois principais autores foram Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), responsáveis
pela criação do chamado socialismo científico. Para isso, ambos estudaram longamente o
funcionamento do capitalismo e as ideias liberais, formulando uma análise na qual
desenvolviam uma teoria sobre a possibilidade de se superar radicalmente a sociedade
capitalista.

Segundo essa teoria, denominada Materialismo Histórico, a transformação de toda a


sociedade se vinculava às lutas entre diferentes grupos sociais. No caso da sociedade capitalista,
essa luta de classe ocorria entre burgueses e proletariados. Segundo esses autores, quando os
proletários se organizassem adquirindo uma efetiva consciência de classe, eles se tornariam
uma força social capaz de iniciar uma nova forma de revolução, que eliminaria o poder burguês
e realizaria a socialização dos meios de produção. Essa revolução teria como consequência a
criação de uma sociedade igualitária, sem nenhum tipo de propriedade privada e na qual todos
poderiam viver em harmonia e felicidade. Nessa sociedade, todos trabalhariam juntos e a
riqueza produzida seria repartida entre todos.

Avaliar 32

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Monumento em homenagem a Karl Marx, localizado em uma praça que também leva o nome do pensador,
na cidade de Rostov do Don (Rússia).

Página 42

Assim, o socialismo científico defendia que a superação das contradições do capitalismo só


Avaliar 32
ocorreria por meio de uma profunda mudança nas estruturas sociais, pois a negociação entre

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burgueses e proletários nunca seria capaz de alcançar essa mudança radical. A única forma para
a implantação do socialismo seria, portanto, por meio da luta dos trabalhadores, o que iniciaria
a revolução. Além disso, para se atingir o ideal de uma sociedade igualitária, impunha-se como
necessidade o controle do poder político pelos trabalhadores, o que deveria ser acompanhado
pelo uso do Estado como forma de modificar a sociedade e acabar com os privilégios da
burguesia.

As ideias anarquistas também defendiam uma revolução que provocaria mudanças radicais
no modo como a sociedade se organizava. Porém, diferentemente dos socialistas científicos, os
pensadores anarquistas eram contrários à ideia de que se deveria tomar o poder do Estado para
modificar a sociedade. Segundo eles, o Estado era um dos fatores que contribuíam para a
desigualdade social, impondo-se como única forma de criação de uma sociedade igualitária a
sua destruição e a supressão da propriedade privada. Entre os principais pensadores
anarquistas, destacam-se Mikhail Bakunin (1814-1876) e Piort Kropotkin (1842-1921).

Como será visto em estudos posteriores, as ideias socialistas e anarquistas tiveram grande
influência a partir do século XIX, inspirando movimentos sociais e revoluções em diversas partes
do planeta. Isso ajudou a provocar mudanças importantes na forma pela qual as sociedades
humanas se organizam até o presente.

ENQUANTO ISSO...

Com o avanço da expansão marítima europeia, a partir do século XV, os europeus


formularam diversas teorias sobre o formato da Terra e a existência de continentes
desconhecidos. Uma dessas teorias defendia a existência de uma grande massa de terra
chamada de Terra Australis. Segundo os defensores dessa hipótese, esse continente iria
desde a região da Antártica até o Oceano Pacífico e seria repleto de riquezas e recursos que
poderiam ser explorados por navegadores que conseguissem chegar até o continente. Essa
crença incentivou a organização de diversas expedições para localizar o continente perdido.

Até o início do século XVIII, contudo, os europeus não tinham provas da existência dessa
região. Com o objetivo de alcançar esse feito, o navegante holandês Jacob Roggeveen, com
o apoio da Companhia das Índias Ocidentais – a mesma companhia de comércio envolvida
na conquista de Pernambuco pelos holandeses no século anterior –, partiu da Europa em
1721 em busca desse continente. Após um longo período de navegação marítima, ele
chegou à Ilha de Páscoa, localizada no sul do Oceano Pacífico e atualmente território do
Chile. A ilha recebeu esse nome por ter sido encontrada na Páscoa de 1722.

Avaliar 32

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Nesse mapa do século XVII (de um atlas de Jan Janssonius), traços do que poderia ser o suposto
continente Terra Australis aparecem marcados ao centro.

Essa ilha, desconhecida até então pelos europeus, era habitada por uma sociedade que
construíra gigantes estátuas de pedra chamadas de moai. O navegador holandês não se
limitou a explorar e continuou desbravando a região, ajudando a identificar diversas ilhas
do sul do Pacífico. Ainda que Roggeveen não tivesse provado definitivamente que a Terra
Australis não existia, contribuiu para o desenvolvimento do conhecimento geográfico
europeu no período, o que foi decisivo para a chegada de navegantes ingleses ao continente
australiano nas décadas posteriores. Foi só então que a tese da Terra Australis foi
definitivamente refutada.

Avaliar 32

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Ilha de Páscoa (Chile). Em destaque, um moai.

Página 43

AGORA É COM VOCÊ

O texto a seguir foi escrito pelo pensador anarquista Piotr Kropotkin. Leia-o atentamente e
depois responda ao que se pede.

Avaliar 32

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Piotr Kropotkin

Precisamos, com efeito, de um governo para instruir nossos filhos? Basta que o trabalhador
tenha ao menos a possibilidade de instruir-se, e vereis como surgirão em toda parte, em
nome da livre iniciativa dos pais, das pessoas dedicadas à pedagogia, milhares de
sociedades de instrução, escolas de todo tipo, rivalizando entre si pela superioridade do
ensino. Se não fôssemos esmagados por impostos e explorados por nossos patrões como o
somos, não poderíamos fazê-lo infinitamente melhor nós próprios? [...]

O Estado é necessário ainda que para defender um território? Se bandidos armados vêm
atacar um povo livre, esse povo armado, bem equipado, não é o bastião mais seguro aos
agressores estrangeiros? Os exércitos permanentes são sempre derrotados pelos invasores,
e — a história está aí para dizê-lo — se conseguir expulsá-los, é sempre por uma sublevação
popular.

Excelente máquina para proteger o monopólio, o governo soube nos proteger contra os
poucos indivíduos que entre nós seriam inclinados a causar mal? Ao criar a miséria, ele não
aumenta o número de crimes, em vez de diminuí-los? Ao criar as prisões, onde populações
inteiras de homens e crianças vêm abismar-se para delas sair infinitamente piores do que
entraram, o Estado não mantém, à custa dos contribuintes, viveiros de vícios?

Ao nos obrigar a transferir para outros a responsabilidade de nossos interesses, não cria ele
o vício mais terrível das sociedades — a indiferença em matéria pública?

In: BAKUNIN, Mikhail. O princípio do Estado e outros ensaios. São Paulo: Hedra, 2007. p. 88-89.

1. Segundo o autor do texto, o Estado é importante para garantir o bem-estar da


população? Justifique sua resposta.
Avaliar 32
2. Para Kropotkin, o que deveria substituir o Estado na organização de serviços essenciais
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para a vida em sociedade, como a educação?

3. De que modo as ideias de Kropotkin e as de outros anarquistas se diferenciavam das


ideias defendidas por pensadores socialistas, como Karl Marx e Friedrich Engels?

ASSISTA

http://qr.portalsas.com.br/Xww. Acesso em: 23 mar. 2021.

Vídeo em inglês explicando o funcionamento e a evolução das máquinas a vapor.

LEIA

Germinal, de Émile Zola (2016).

Germinal é um dos grandes clássicos da literatura do século XIX. Sua trama se desenrola na
França durante uma greve de mineiros na segunda metade do século XIX, refletindo sobre a
exploração do proletariado e a luta por melhores condições de vida. Essa edição foi
adaptada para o público jovem, por isso é ideal para se conhecer essa obra do escritor
francês Émile Zola.

Avaliar 32

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ESTE CAPÍTULO ABORDOU

Antecedentes da Revolução Industrial.

A passagem das manufaturas para as maquinofaturas.

As primeiras máquinas da Revolução Industrial.

As transformações sociais provocadas pela Revolução Industrial.

As condições de trabalho nas primeiras fábricas.

A organização do proletariado no século XIX.

O pensamento socialista e anarquista.

Página 44

ATIVIDADES PARA SALA

Questão 01
Observe atentamente a tabela a seguir e explique qual é a relação do processo apresentado com
as transformações sociais provocadas pela Revolução Industrial.

População de algumas cidades na Inglaterra na Revolução Industrial

Cidades 1801 1841

Avaliar 32
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População de algumas cidades na Inglaterra na Revolução Industrial

Cidades 1801 1841

Manchester 35 000 353 000

Leeds 53 000 153 000

Birmingham 23 000 183 000

Sheffield 46 000 111 000

Expandir

Source: Korn, 1953, p. 67.

O texto a seguir, publicado em um jornal inglês do início do século XIX, descreve um tipo de
estratégia utilizada pelos trabalhadores ingleses para lutar contra a exploração do trabalho nas
fábricas. Leia-o atentamente e responda às questões 2 e 3.

Só quebraram as armações dos que tinham reduzido o valor dos salários dos empregados; os
que não tinham abaixado o valor, ficaram com suas armações intactas; num estabelecimento, na
noite passada, quebraram quatro entre seis armações; as outras duas, que pertenciam a mestres
que não tinham abaixado seus salários, não mexeram nelas.

THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa. v. 3. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. p. 126.

Questão 02
Que tipo de estratégia de resistência dos trabalhadores o documento selecionado descreve?

Questão 03
Além da estratégia indicada no texto, quais outras estratégias foram utilizadas pelos
trabalhadores ao longo do século XIX para resistir à exploração do trabalho nas fábricas?
Avaliar 32

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Tabela para as questões 4 e 5.

Idade dos trabalhadores nos moinhos de algodão em Lancashire em 1883

Idade Homens Mulheres

Abaixo de 11 246 155

11 - 16 1 169 1 123

17 - 21 736 1 240

22 - 26 612 780

27 - 31 355 295

32 - 36 215 100

37 - 41 168 81

42 - 46 98 38

47 - 51 88 23

52 - 56 41 4

57 - 61 28 3

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Questão 04
Quais são os grupos que representavam a maior parcela de trabalhadores nas fábricas de
Lancashire?

Questão 05
De que modo as informações da tabela ajudam a entender o processo de redução dos salários
Avaliar 32
iniciais dos trabalhadores durante o início da Revolução Industrial? Justifique sua resposta.
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ATIVIDADES PROPOSTAS

Questão 01
(UFJF-PISM) Leia a frase a seguir.

Por meio de tudo isso – pela divisão de trabalho, supervisão do trabalho, multas, sinos e
relógios, incentivos em dinheiro, pregações e ensino, supressão das feiras e dos esportes –
formaram-se novos hábitos de trabalho e impôs-se uma nova disciplina de tempo.

THOMPSON, E. P. Costumes em comum. São Paulo: Cia das Letras, 2000. p. 297.

O relógio era um aparelho pouco utilizado até o século XVIII. O tempo era marcado pelos
movimentos naturais e atividades agrícolas da maioria da população da Inglaterra. A partir da
Revolução Industrial, o relógio passou a ser considerado o principal marcador do tempo nas
sociedades capitalistas. Sobre a relação entre a marcação do tempo e o processo de
industrialização na Europa, marque a resposta correta.

a) O relógio se tornou o principal objeto de troca comercial durante o processo de


industrialização europeia.

b) O controle do tempo servia para ampliar as horas de lazer dos trabalhadores da indústria,
garantindo melhor qualidade de vida.

c) A utilização do tempo do relógio passou a servir para controlar o trabalho e disciplinar os


trabalhadores nas fábricas, garantindo maior produtividade.

d) A preocupação com o controle do tempo do relógio servia para a realização das tarefas na
agricultura, de modo que a família pudesse trabalhar coletivamente.

e) O controle do tempo, por meio do relógio, não gerou benefício para o capitalismo industrial,
uma vez que o trabalhador não podia ser disciplinado.

Página 45

Questão 02
(UEM-Adaptada) No século XVIII ocorreram diversas mudanças que se manifestaram na
economia, na política e também no campo social. Especialmente na Europa, sobretudo na
Inglaterra, vivia-se um momento de forte desenvolvimento econômico e tecnológico 32
Avaliar
que se
convencionou chamar de Revolução Industrial
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convencionou chamar de Revolução Industrial.

Sobre essa revolução, assinale V para verdadeiro e F para falso.

(    ) Inicialmente, ocorreu na Inglaterra por diversos fatores, entre os quais a riqueza do seu
solo (ferro, carvão etc.), os cercamentos (enclousures), a Revolução Gloriosa.

(    ) A rotina de trabalho dos operários das fábricas era de oito horas diárias e os ambientes em
que as atividades se realizavam eram asseados e organizados. Os trabalhadores eram
amparados por direitos trabalhistas como férias, horas extras e descanso semanal
remunerado.

(    ) A utilização dos trabalhos feminino e infantil era uma das opções empregadas pelos
industriais com o objetivo de baratear os custos de produção das mercadorias, uma vez
que os salários pagos eram bem menores que os dos homens.

(    ) Na era industrial, houve o parcelamento e a divisão do trabalho. O trabalhador perdeu a


visão global do processo de produção, passando a ser o responsável por apenas uma parte
do ciclo produtivo de uma mercadoria.

(    ) Na cidade, os bairros proletários eram bem organizados e se destacavam por alamedas
largas e funcionais e por infraestrutura com redes de esgoto, de energia e de água tratada.

Questão 03
(UFPR) Considere o fragmento a seguir.

Afirmo que cada homem, e cada mulher, e cada criança deve obter algo mais, na distribuição
geral dos frutos do trabalho, além de alimento, farrapos e uma miserável rede com uma manta
pobre a cobri-la: e isso, sem ter de trabalhar doze ou quatorze horas por dia [...] dos seis aos
sessenta anos. – Eles têm uma reivindicação, uma sagrada e inviolável reivindicação por um
pouco de comodidade e divertimento [...] por algum tempo livre razoável para essas discussões,
e por alguns meios ou informações que possam levá-los à compreensão dos seus direitos.

THELWALL, John. Os direitos da natureza. In: THOMPSON, Edward P. A formação da classe operária inglesa.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004. p. 175-176.

Sobre o período destacado no excerto, identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as
seguintes afirmativas.
Avaliar 32
(    ) O contexto se dá na Revolução Industrial na Inglaterra, em que as condições de trabalho
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eram insalubres, motivo pelo qual muitos trabalhadores adoeciam ou faleciam, causando a
diminuição habitacional das cidades inglesas, uma das principais características do
período.

(    ) O trecho se refere aos movimentos de trabalhadores que sofriam as consequências da


Revolução Industrial. Um exemplo desses movimentos foram os luddistas, que se opunham
ao desenvolvimento industrial destruindo máquinas, em revolta contra as condições de
trabalho sub-humanas e os baixos salários.

(    ) Nesse período, houve a primeira Divisão Internacional do Trabalho, na qual as matérias-
primas eram transformadas em produtos manufaturados que provinham do Império
Chinês, como o tecido.

(    ) O aumento populacional foi uma das características da Revolução Industrial; entre os
fatores que levaram a esse aumento está a intensa migração do campo para a cidade.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.

a) F – V – V – F

b) V – V – F – F

c) V – F – V – F

d) F – V – F – V

e) V – F – F – V

Questão 04
(UFU)

Desta vala imunda a maior corrente da indústria humana flui para fertilizar o mundo todo. Deste
esgoto imundo jorra o ouro puro. Aqui a humanidade atinge o seu mais completo
desenvolvimento e sua maior brutalidade, aqui a civilização faz milagres e o homem civilizado
torna-se quase um selvagem.

TOCQUEVILLE, A. de. Journeys to England and Ireland. Ed. Mayer, 1958. p. 107-108.

Avaliar 32
O advento das revoluções burguesas na Europa, atrelado ao industrialismo, gerava, ao mesmo
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tempo, perplexidade e deslumbramento ao promover mudanças sociais radicais e ambíguas,
fomentadas pelos avanços tecnológicos em diferentes esferas.

Assinale a alternativa que apresenta a principal mudança no sistema produtivo dos países
pioneiros em promover a industrialização.

a) A formação de mão de obra com os cercamentos dos campos cultiváveis, expulsando-se os


trabalhadores dos grandes centros urbanos.

b) O declínio do proletariado enquanto grupo social hegemônico, arrefecendo-se os conflitos de


classe.

c) A manutenção das terras comunais para a produção de alimentos voltados à subsistência dos
camponeses europeus.

d) A adoção da divisão técnica do trabalho, com grande utilização de maquinários nas fábricas e
aumento da acumulação de capitais.

Página 46

Questão 05
(UECE) Atente ao seguinte excerto.

“O crime [...] consistiu em herdar as piores feições do sistema doméstico num contexto em que
inexistiam as compensações do lar: ‘ele sistematizou o trabalho das crianças pobres e
desocupadas, explorando-o com uma brutalidade tenaz...’ [...] Na fábrica a máquina ditava as
condições, a disciplina, a velocidade e a regularidade da jornada de trabalho, tornando-as
equivalentes para o mais delicado e o mais forte.”

THOMPSON, Edward P. A formação da classe operária inglesa: a maldição de Adão. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
v. 2, 1987. p. 207.

Considerando os processos de transformação ocorridos na sociedade ocidental, é correto


afirmar que esse trecho da obra do historiador inglês Edward P. Thompson se refere à

a) Revolução Gloriosa, ocorrida na Inglaterra entre 1688 e 1689, que garantiu o fim do
absolutismo na Inglaterra e possibilitou o desenvolvimento social e econômico daquele país.

b) Revolução
Avaliar Francesa, que no final do século XVIII criou um novo modelo social e econômico
32
para o mundo ocidental.
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c) Revolução Industrial, que, principiando no século XVIII, estabeleceu novas formas de


organização do trabalho na sociedade capitalista.

d) Revolução Haitiana, que teve início em 1791 e marcou a independência do país caribenho do
domínio francês, mas colocou-o sob o controle do capital industrial inglês.

Questão 06
(FAMEMA)

Nassau Senior, economista de renome, passou por Manchester em 1837, e assim descreveu o que
viu: “Num lugar encontramos toda uma rua seguindo o curso de um canal, porque dessa forma
era possível conseguir porões mais profun dos, sem o custo de escavações, porões destinados
não ao armazenamento de mercadorias ou de lixo, mas à residência de seres humanos.
Nenhuma das casas dessa rua esteve isenta do cólera”.

A média de vida era determinada pelo lugar onde se morava – segundo o relatório do Dr. P. H.
Holland, que realizou uma investigação num subúrbio de Manchester, em 1844. “Quando
verificamos ser a taxa de mortalidade quatro vezes maior em algumas ruas do que em outras, e
duas vezes maior em grupos de ruas do que em outros, não podemos deixar de concluir que
multidões de nossos irmãos, centenas de vizinhos próximos, são anualmente destruídos por
falta das precauções mais simples.”

HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem, 1986. (adaptado)

O relatório alude

a) aos efeitos sociais da industrialização, com a formação de bairros operários em que as


condições de habitação e higiene eram precárias.

b) às causas das epidemias nas áreas rurais da Inglaterra, devido à concentração dos
camponeses em aldeias sob condições degradantes.

c) aos ideais do socialismo científico, que formulava críticas à organização industrial da


produção, mas não oferecia meios práticos de mudança.

d) aos resultados do planejamento urbano das metrópoles, cujo objetivo principal foi integrar
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socialmente a população trabalhadora das periferias. 32

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e) aos motivos da distribuição de renda na economia britânica, devido ao aumento da massa


salarial e da produtividade proporcionada pelas fábricas.

Questão 07
(MACKENZIE)

[...] Em termos de produtividade econômica, a transformação social foi um êxito imenso; em


termos de sofrimento humano, uma tragédia, aumentada pela depressão agrícola depois de
1815 que reduziu o pobre rural à miséria mais desmoralizadora [...]. Porém, do ponto de vista da
industrialização havia consequências benéficas, pois uma economia industrial necessita de
trabalhadores, e onde se podia obtê-los senão no antigo setor não industrial?

HOBSBAWN, Eric. A Revolução Industrial. In: As Revoluções Burguesas.

No trecho anterior, o autor analisa consequências da Revolução Industrial na Inglaterra. Sobre o


texto e o contexto, é correto afirmar que

a) a Revolução Industrial na Inglaterra marcou a passagem da sociedade rural para a industrial,


apontando que, mesmo antes da introdução das máquinas, as manufaturas domésticas
sediadas no campo tendiam a desaparecer pela falta de competitividade de seus produtos.

b) a tendência à estabilização das populações campesinas e de pequenos burgueses, no interior


rural inglês, foi um empecilho que acabou por gerar medidas governamentais, sancionadas
pelo Parlamento a fim de solucionar tal problema social.

c) com os cercamentos dos campos, no século XVIII, e pela consequente expropriação dos
trabalhadores de seus meios de trabalho, o país contava com um enorme contingente de mão
de obra desempregada nas cidades, disponível para o trabalho industrial.

d) a grave crise agrícola de 1815, acompanhada pela epidemia de peste bubônica que atacou,
principalmente, o interior agrícola do país, acabou por gerar um grande êxodo rural e um
enorme fluxo populacional, disposto a trabalhar nas cidades, mesmo com baixo índice
salarial.

e) a ganância dos grandes proprietários de terra ingleses, interessados em exportar seus


produtos para os novos centros industriais do país, acabou por ocasionar a situação de
penúria, relatada no texto, em que se encontrava a população rural na época.
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Questão 08
(UPE)

A Revolução Industrial não dependeu só de um tipo qualquer de expansão econômica, técnica


ou científica, mas da criação da fábrica, isto é, de um sistema fabril mecanizado, a produzir em
quantidades tão grandes e a um custo tão rapidamente decrescente, a ponto de não depender
de uma demanda existente, mas de criar seu próprio mercado.

CANÊDO, Letícia Bicalho. A revolução industrial. São Paulo: Atual, 1991. p. 31. (adaptado)

Sob o aspecto apontado pelo texto, apenas uma indústria estava em condições de expandir sua
produção de forma simples e barata. Trata-se da indústria

a) do aço.

b) têxtil.

c) petrolífera.

d) siderúrgica.

e) da mineração.

Questão 09
(UEFS)

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A comparação entre os três estágios da produção, no quadro apresentado, indica que a mudança
mais expressiva entre eles ocorreu com a

a) proibição do trabalho feminino, decorrente da extinção da atividade manual familiar.

b) drástica diminuição do mercado de trabalho, decorrente da introdução do trabalho com


máquinas.

c) retirada da posse dos meios de produção do trabalhador, o que levou à introdução da divisão
do trabalho e ao surgimento das fábricas.

d) divisão de trabalho entre homens, mulheres e crianças, obrigados a apresentar resultados


específicos de produtividade.

e) extinção da força de trabalho por parte das famílias, que foram proibidas de praticar as
atividades nas oficinas domésticas.

Questão 10
(UEMG)

“Uma sociedade de bem-estar social teria sem dúvida distribuído alguns destes vastos acúmulos
para fins sociais. Na Inglaterra do período de 1780 a 1840 nada era menos provável. Virtualmente
livre de impostos, as classes médias continuaram a acumular em meio a um populacho faminto,
cuja fome era o reverso daquela acumulação.”

HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções: Europa, 1789-1848. Tradução de Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos
Penchel. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. p. 75.

Em resposta às transformações anteriores salientadas, os trabalhadores organizaram-se para


lutar por seus direitos, formando

a) partidos operários de composição camponesa e de multidões em paralisação.

b) manifestações fabris de exigência de salário e de impedimento de grevistas.

c) associações políticas de discussões sindicais e de simpatia pelos cercamentos.


Avaliar 32
d) movimentos sociais de destruição de máquinas e de reivindicações por escrito.
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