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Capítulo 22
Capítulo 22
Revolução Industrial
Ainda não existe consenso entre os pesquisadores sobre o início do Antropoceno. De acordo
com algumas teorias, o início do processo humano de transformação das estruturas profundas
do planeta ocorreu por volta de 1800, momento inicial da primeira Revolução Industrial. A partir
de sua emergência, teve início o uso cada vez mais intenso de combustíveis fósseis para ampliar
a produção de mercadorias, o que foi acompanhado de novas formas de transformação do meio
ambiente pela ação humana. Outras teorias científicas, por seu turno, sustentam o começo
efetivo do Antropoceno apenas em 1950, quando a industrialização ganhou novo fôlego e o
padrão de consumo humano começou a crescer cada vez mais rápido.
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Segundo muitos cientistas, a Terra vive, desde a Revolução Industrial, uma nova época – o Antropoceno –,
marcada por sérias transformações e impactos resultantes da ação humana na paisagem global. A poluição
gerada pelas grandes fábricas é um dos exemplos mais claros da intervenção geológica que caracteriza o
Antropoceno.
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Vista da cidade de Londres em gravura produzida por Claes Jansz Visscher em 1616.
O governo inglês incentivou esse processo por meio de um amplo leque de ações, como a
formação de companhias comerciais, a criação de um sistema bancário mais robusto e capaz de
fornecer empréstimos para o desenvolvimento de novas atividades produtivas, bem como o
investimento na modernização da Marinha. Essas medidas possibilitaram não apenas o maior
controle do comércio, mas também o fortalecimento militar do país – levando os ingleses a se
tornarem uma das principais forças militares da Europa – e o acúmulo de riquezas nas mãos da
burguesia britânica.
Do artesanato à maquinofatura
No período entre a Baixa Idade Média e o final do século XVIII, a produção de mercadorias se
organizou segundo três sistemas diferentes. O sistema artesanal foi o primeiro e começou a se
desenvolver a partir do século XI, tendo como base as corporações de ofício, também
conhecidas como guildas. Como visto no capítulo sobre Baixa Idade Média, elas regulavam o
trabalho dos artesãos residentes nas cidades medievais. Cada corporação possuía suas próprias
regras, organizando-se com base em um sistema de mestres e aprendizes. Eles trabalhavam em
conjunto nas pequenas oficinas, tendo como objetivo produzir o necessário para a vida
cotidiana e abastecer o incipiente mercado urbano. Assim, uma característica central desse
sistema era a relatividade da divisão do trabalho, já que todo artesão sabia realizar todas as
etapas necessárias à produção de uma enxada ou de um armário. Além disso, os artesãos eram
proprietários das ferramentas utilizadas, sendo, portanto, os donos dos meios de produção e de
sua força de trabalho.
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A oficina do tecelão, pintura de 1656 produzida por Gillis Rombouts. No sistema artesanal, o trabalhador
tinha conhecimento de todas as etapas de produção.
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Esse avanço da divisão do trabalho pode ser visto como uma forma de acelerar a produção de
mercadorias nas oficinas manufatureiras. Como cada pessoa se especializava em uma única
tarefa, ela conseguia realizá-la com muito mais rapidez, o que contribuiu sensivelmente para a
diminuição do tempo necessário para a produção das mercadorias. Outra novidade do sistema
de manufaturas pode ser visualizada no deslocamento da propriedade dos meios de produção.
Os trabalhadores passaram a não deter mais os meios de produção, isto é, não eram mais os
donos de suas ferramentas, utilizando as ferramentas dos proprietários das manufaturas. Com
essa transformação, o trabalhador passou a ser dono apenas de sua força de trabalho, a qual
vendia em troca de pagamentos regulares.
Nessa gravura, de autor desconhecido, está retratada uma fábrica de confecção de cartas de jogos no
século XVIII. Nesse tipo de sistema manufatureiro, os trabalhadores eram responsáveis por pequenas
etapas da produção.
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A produção de novas ferramentas era um processo custoso, por isso, a Inglaterra, favorecida
por uma burguesia enriquecida, foi a nação que mais investiu nessa atividade. Os investimentos
fomentaram as pesquisas que permitiram a invenção de máquinas baseadas na queima de
fontes de energia, especialmente o carvão, para se movimentar. O uso dessas máquinas deu
início ao processo de substituição do sistema de manufatura pelo sistema de maquinofatura.
Com elas, os trabalhadores conseguiam maior produção em menos tempo. Nesse contexto, a
maquinofatura possibilitou a ampliação da produção de mercadorias e o crescimento da
economia inglesa. Além disso, intensificou ainda mais o processo de especialização e divisão do
trabalho, aprofundando a separação dos trabalhadores dos meios de produção.
Uma fábrica têxtil em gravura de 1835 elaborada por Thomas Allom. Com a maquinofatura, foram
intensificadas a especialização e a divisão do trabalho.
TOME NOTA
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ONTEM E HOJE
A automação na indústria
Atualmente, por exemplo, uma empresa pode automatizar parte do serviço de emissão de
notas de compra e venda, pagamentos, cobrança e outros aspectos burocráticos
anteriormente realizados por funcionários. Além disso, as linhas de montagem de muitas
fábricas (espaço no qual são produzidas mercadorias) são intensamente automatizadas, e
apenas uma pequena parcela do trabalho industrial é realizada por operários. Assim, torna-
se cada vez mais comum observar a utilização de robôs e máquinas computadorizadas nas
fábricas.
Se, por um lado, essa automação provoca o aumento da produção industrial e dos lucros
dos empresários, por outro, é responsável pelo crescimento acelerado do desemprego e da
desarticulação dos sindicatos e das organizações de trabalhadores, fragilizados pelo
número cada vez menor de pessoas contratadas. Com o advento da internet e o
desenvolvimento de sistemas cada vez mais autônomos e inteligentes, há quem acredite
que, no futuro próximo, mesmo serviços que exigem grande formação humana, como
atendimentos médicos ou ensino, poderão ser automatizados e parcialmente conduzidos
por sistemas especializados.
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Em 1733, John Kay criou outra máquina importante, a chamada lançadeira volante,
empregada na tecelagem de fios. Era um mecanismo que utilizava um sistema de rodas para que
a lançadeira (ferramenta usada na produção de fios) pudesse produzir fios mais longos, o que
aumentava a produtividade dessa mercadoria.
Anos depois, em 1764, James Hargreaves inventou a máquina de fiar hidráulica. Esta utilizava
um princípio semelhante ao mecanismo de Newcomen, embora sua aplicação se direcionasse à
produção de fios de algodão. Essa combinação de lançadeiras volantes e máquinas hidráulicas
possibilitou uma expansão sem precedentes na produção de tecidos ingleses, resultando em sua
exportação para novos mercados, como a Índia e a América, acelerando o crescimento
econômico da Inglaterra.
Uma máquina a vapor, segundo o modelo de James Watt, construída em 1859. Trata-se de uma das
primeiras instaladas na Espanha, atualmente conservada em um dos campi da Universidade Politécnica de
Madrid. Esse tipo de motor térmico, que explora a pressão do vapor, contribuiu para revolucionar a
industrialização no mundo.
Em 1769, James Watt patenteou o primeiro motor a vapor, o qual veio a se tornar o
dispositivo
Avaliarcentral para a construção de novas máquinas. O invento de Watt retomava
32as ideias
utilizadas nas máquinas anteriores e conseguiu criar um meio eficiente de aproveitar a energia
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do vapor para a alimentação de outras máquinas. Foi graças ao motor a vapor de Watt que a
mecanização da produção começou a se acelerar e a influenciar campos cada vez maiores da
economia inglesa. Em 1779, por exemplo, Samuel Crompton conseguiu criar o que chamou de
spinning mule, uma máquina de fiar automática mais eficiente do que a desenvolvida por
Hargreaves. Essa inovação possibilitou a criação de grandes fábricas, em que a maior parte do
trabalho de fiação era realizada por máquinas, reduzindo de modo significativo a demanda por
mão de obra operária, bem como aumentando os lucros dos donos dessas fábricas.
TOME NOTA
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que levou a burguesia, cujos indivíduos eram ligados diretamente à criação de indústrias, a um
enriquecimento veloz e a um destacado papel social.
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A industrialização não repercutiu unicamente na organização dos grupos sociais. Ela também
afetou a relação entre o mundo urbano e o rural na Inglaterra. Desde o século XVII, devido aos
cercamentos, vinha ocorrendo um processo de êxodo rural, provocado por grande parte dos
camponeses que perdiam o acesso à terra e se deslocavam em direção às cidades em busca de
trabalho. A industrialização acelerou esse processo, e as cidades inglesas cresceram
rapidamente. Na metade do século XIX, a população que vivia nas cidades inglesas já era
superior à população que vivia no campo.
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Uma das ruas de Londres em gravura de 1837, produzida por J. Hopkins e Thomas Hosmer Shepherd.
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Entre finais do século XVIII e início do século XIX, a burguesia utilizou diversas estratégias
para ampliar a exploração do trabalho do proletariado. A forma mais importante foi a
substituição de muitos trabalhadores por máquinas, o que propiciava a redução dos salários
pagos e garantia que um número muito menor de pessoas operasse máquinas diversas e
conseguisse produzir mais riquezas.
Porém, a substituição do trabalho humano por máquinas não foi a única forma utilizada pela
burguesia para ampliar a produção de suas fábricas. Os burgueses passaram a obrigar os
proletários a trabalhar períodos cada vez mais longos em suas fábricas. Como os salários eram
baixíssimos e o desemprego constituía um fenômeno de grande amplitude, as pessoas eram
obrigadas a aceitar jornadas de trabalho superiores a quinze horas diárias e que podiam se
estender por todos os dias da semana.
Página 39
Além disso, as condições de trabalho nas fábricas inglesas eram péssimas. O ambiente era
muito poluído, quente e sujo. As longas jornadas faziam com que os trabalhadores comumente
sofressem acidentes, permanecendo debilitados e doentes. Como os salários eram muito baixos,
parte significativa do operariado não mantinha uma dieta alimentar adequada, o que também
contribuía bastante para enfraquecê-los. Por isso, a expectativa de vida do proletariado era
baixa.
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Fábrica de fundição de ferro em Londres, em ilustração de uma edição de 1855 do jornal inglês The
Illustrated London News.
A imagem a seguir é uma representação de uma mina de carvão inglesa entre o final do
século XVIII e o início do século XIX. Após observá-la atentamente, responda ao que se pede.
Avaliar 32
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1. Descreva a imagem.
3. Com base na imagem, é possível afirmar que a industrialização foi um processo que
ocorreu de forma súbita e substituiu imediatamente outras formas de trabalho?
Justifique sua resposta.
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A quebra de máquinas pelo movimento luddista em uma gravura da primeira metade do século XIX.
Uma das primeiras formas de luta dos trabalhadores recebeu o nome de luddismo. A origem
desse movimento remonta à figura lendária de Ned Ludd. Segundo a tradição, ele viveu no final
do século XVIII e destruiu uma máquina de fiar tecidos em razão dos maus-tratos que recebia na
fábrica. No início do século XIX, grupos de trabalhadores começavam a se organizar e passaram a
se chamar luddistas. Para lutar contra a exploração no interior das fábricas, adotaram como
fundamento
Avaliar de suas ações a destruição de máquinas em várias regiões da Inglaterra.32Na
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O luddismo foi uma estratégia muito utilizada pelos trabalhadores, mas não conseguiu
resultados concretos, uma vez que não apreendia o problema decisivo da exploração industrial.
Este não residia no uso das máquinas, mas no teor das relações estabelecidas entre burgueses e
operários. Em consequência, gradativamente, os trabalhadores passaram a se organizar para
lutar contra a exploração imposta pela burguesia. Foi assim que nasceram as primeiras
associações de trabalhadores. A princípio, sua função consistia em arrecadar recursos para
auxiliar aqueles que passassem necessidade, fosse por adoecimento ou pela perda do trabalho.
Porém, progressivamente, essas associações ampliaram suas funções, organizando ações para
exigir melhores condições de trabalho nas fábricas.
Esse tipo de organização fez com que as associações de auxílio dessem origem aos primeiros
sindicatos de trabalhadores. Essas organizações representavam os interesses de diferentes
categorias profissionais e foram responsáveis por importantes conquistas. Em virtude desse
movimento de organização e luta, diversas leis foram criadas para regulamentar as relações
trabalhistas, diminuindo, assim, a exploração do proletariado no interior das fábricas.
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TOME NOTA
Salário mínimo, direito a férias, descanso semanal remunerado, proteção contra acidente
de trabalho, proibição do trabalho infantil são alguns dos exemplos de conquistas
alcançadas devido ao vasto processo de luta dos trabalhadores desde o século XIX.
Porém, nas primeiras décadas do século XIX, surgiram teorias sociais críticas às ideias
liberais e aos privilégios da burguesia. Duas das principais formas de crítica que surgiram nesse
período foram chamadas de socialismo e anarquismo. Tais ideias tiveram grande aceitação entre
muitos setores do proletariado, desempenhando um papel destacado na organização da luta
desses grupos por melhores condições de vida.
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A partir da metade do século XIX, no entanto, novos pensadores socialistas elaboraram uma
crítica muito mais radical à dinâmica e à lógica próprias ao sistema capitalista. Nesse caso, os
dois principais autores foram Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), responsáveis
pela criação do chamado socialismo científico. Para isso, ambos estudaram longamente o
funcionamento do capitalismo e as ideias liberais, formulando uma análise na qual
desenvolviam uma teoria sobre a possibilidade de se superar radicalmente a sociedade
capitalista.
Avaliar 32
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Monumento em homenagem a Karl Marx, localizado em uma praça que também leva o nome do pensador,
na cidade de Rostov do Don (Rússia).
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21/09/2022 18:06 Estante de Conteúdo
burgueses e proletários nunca seria capaz de alcançar essa mudança radical. A única forma para
a implantação do socialismo seria, portanto, por meio da luta dos trabalhadores, o que iniciaria
a revolução. Além disso, para se atingir o ideal de uma sociedade igualitária, impunha-se como
necessidade o controle do poder político pelos trabalhadores, o que deveria ser acompanhado
pelo uso do Estado como forma de modificar a sociedade e acabar com os privilégios da
burguesia.
As ideias anarquistas também defendiam uma revolução que provocaria mudanças radicais
no modo como a sociedade se organizava. Porém, diferentemente dos socialistas científicos, os
pensadores anarquistas eram contrários à ideia de que se deveria tomar o poder do Estado para
modificar a sociedade. Segundo eles, o Estado era um dos fatores que contribuíam para a
desigualdade social, impondo-se como única forma de criação de uma sociedade igualitária a
sua destruição e a supressão da propriedade privada. Entre os principais pensadores
anarquistas, destacam-se Mikhail Bakunin (1814-1876) e Piort Kropotkin (1842-1921).
Como será visto em estudos posteriores, as ideias socialistas e anarquistas tiveram grande
influência a partir do século XIX, inspirando movimentos sociais e revoluções em diversas partes
do planeta. Isso ajudou a provocar mudanças importantes na forma pela qual as sociedades
humanas se organizam até o presente.
ENQUANTO ISSO...
Até o início do século XVIII, contudo, os europeus não tinham provas da existência dessa
região. Com o objetivo de alcançar esse feito, o navegante holandês Jacob Roggeveen, com
o apoio da Companhia das Índias Ocidentais – a mesma companhia de comércio envolvida
na conquista de Pernambuco pelos holandeses no século anterior –, partiu da Europa em
1721 em busca desse continente. Após um longo período de navegação marítima, ele
chegou à Ilha de Páscoa, localizada no sul do Oceano Pacífico e atualmente território do
Chile. A ilha recebeu esse nome por ter sido encontrada na Páscoa de 1722.
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Nesse mapa do século XVII (de um atlas de Jan Janssonius), traços do que poderia ser o suposto
continente Terra Australis aparecem marcados ao centro.
Essa ilha, desconhecida até então pelos europeus, era habitada por uma sociedade que
construíra gigantes estátuas de pedra chamadas de moai. O navegador holandês não se
limitou a explorar e continuou desbravando a região, ajudando a identificar diversas ilhas
do sul do Pacífico. Ainda que Roggeveen não tivesse provado definitivamente que a Terra
Australis não existia, contribuiu para o desenvolvimento do conhecimento geográfico
europeu no período, o que foi decisivo para a chegada de navegantes ingleses ao continente
australiano nas décadas posteriores. Foi só então que a tese da Terra Australis foi
definitivamente refutada.
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21/09/2022 18:06 Estante de Conteúdo
Página 43
O texto a seguir foi escrito pelo pensador anarquista Piotr Kropotkin. Leia-o atentamente e
depois responda ao que se pede.
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21/09/2022 18:06 Estante de Conteúdo
Piotr Kropotkin
Precisamos, com efeito, de um governo para instruir nossos filhos? Basta que o trabalhador
tenha ao menos a possibilidade de instruir-se, e vereis como surgirão em toda parte, em
nome da livre iniciativa dos pais, das pessoas dedicadas à pedagogia, milhares de
sociedades de instrução, escolas de todo tipo, rivalizando entre si pela superioridade do
ensino. Se não fôssemos esmagados por impostos e explorados por nossos patrões como o
somos, não poderíamos fazê-lo infinitamente melhor nós próprios? [...]
O Estado é necessário ainda que para defender um território? Se bandidos armados vêm
atacar um povo livre, esse povo armado, bem equipado, não é o bastião mais seguro aos
agressores estrangeiros? Os exércitos permanentes são sempre derrotados pelos invasores,
e — a história está aí para dizê-lo — se conseguir expulsá-los, é sempre por uma sublevação
popular.
Excelente máquina para proteger o monopólio, o governo soube nos proteger contra os
poucos indivíduos que entre nós seriam inclinados a causar mal? Ao criar a miséria, ele não
aumenta o número de crimes, em vez de diminuí-los? Ao criar as prisões, onde populações
inteiras de homens e crianças vêm abismar-se para delas sair infinitamente piores do que
entraram, o Estado não mantém, à custa dos contribuintes, viveiros de vícios?
Ao nos obrigar a transferir para outros a responsabilidade de nossos interesses, não cria ele
o vício mais terrível das sociedades — a indiferença em matéria pública?
In: BAKUNIN, Mikhail. O princípio do Estado e outros ensaios. São Paulo: Hedra, 2007. p. 88-89.
ASSISTA
LEIA
Germinal é um dos grandes clássicos da literatura do século XIX. Sua trama se desenrola na
França durante uma greve de mineiros na segunda metade do século XIX, refletindo sobre a
exploração do proletariado e a luta por melhores condições de vida. Essa edição foi
adaptada para o público jovem, por isso é ideal para se conhecer essa obra do escritor
francês Émile Zola.
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Página 44
Questão 01
Observe atentamente a tabela a seguir e explique qual é a relação do processo apresentado com
as transformações sociais provocadas pela Revolução Industrial.
Avaliar 32
Expandir
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Expandir
O texto a seguir, publicado em um jornal inglês do início do século XIX, descreve um tipo de
estratégia utilizada pelos trabalhadores ingleses para lutar contra a exploração do trabalho nas
fábricas. Leia-o atentamente e responda às questões 2 e 3.
Só quebraram as armações dos que tinham reduzido o valor dos salários dos empregados; os
que não tinham abaixado o valor, ficaram com suas armações intactas; num estabelecimento, na
noite passada, quebraram quatro entre seis armações; as outras duas, que pertenciam a mestres
que não tinham abaixado seus salários, não mexeram nelas.
THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa. v. 3. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. p. 126.
Questão 02
Que tipo de estratégia de resistência dos trabalhadores o documento selecionado descreve?
Questão 03
Além da estratégia indicada no texto, quais outras estratégias foram utilizadas pelos
trabalhadores ao longo do século XIX para resistir à exploração do trabalho nas fábricas?
Avaliar 32
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11 - 16 1 169 1 123
17 - 21 736 1 240
22 - 26 612 780
27 - 31 355 295
32 - 36 215 100
37 - 41 168 81
42 - 46 98 38
47 - 51 88 23
52 - 56 41 4
57 - 61 28 3
Expandir
Questão 04
Quais são os grupos que representavam a maior parcela de trabalhadores nas fábricas de
Lancashire?
Questão 05
De que modo as informações da tabela ajudam a entender o processo de redução dos salários
Avaliar 32
iniciais dos trabalhadores durante o início da Revolução Industrial? Justifique sua resposta.
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ATIVIDADES PROPOSTAS
Questão 01
(UFJF-PISM) Leia a frase a seguir.
Por meio de tudo isso – pela divisão de trabalho, supervisão do trabalho, multas, sinos e
relógios, incentivos em dinheiro, pregações e ensino, supressão das feiras e dos esportes –
formaram-se novos hábitos de trabalho e impôs-se uma nova disciplina de tempo.
THOMPSON, E. P. Costumes em comum. São Paulo: Cia das Letras, 2000. p. 297.
O relógio era um aparelho pouco utilizado até o século XVIII. O tempo era marcado pelos
movimentos naturais e atividades agrícolas da maioria da população da Inglaterra. A partir da
Revolução Industrial, o relógio passou a ser considerado o principal marcador do tempo nas
sociedades capitalistas. Sobre a relação entre a marcação do tempo e o processo de
industrialização na Europa, marque a resposta correta.
b) O controle do tempo servia para ampliar as horas de lazer dos trabalhadores da indústria,
garantindo melhor qualidade de vida.
d) A preocupação com o controle do tempo do relógio servia para a realização das tarefas na
agricultura, de modo que a família pudesse trabalhar coletivamente.
e) O controle do tempo, por meio do relógio, não gerou benefício para o capitalismo industrial,
uma vez que o trabalhador não podia ser disciplinado.
Página 45
Questão 02
(UEM-Adaptada) No século XVIII ocorreram diversas mudanças que se manifestaram na
economia, na política e também no campo social. Especialmente na Europa, sobretudo na
Inglaterra, vivia-se um momento de forte desenvolvimento econômico e tecnológico 32
Avaliar
que se
convencionou chamar de Revolução Industrial
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convencionou chamar de Revolução Industrial.
( ) Inicialmente, ocorreu na Inglaterra por diversos fatores, entre os quais a riqueza do seu
solo (ferro, carvão etc.), os cercamentos (enclousures), a Revolução Gloriosa.
( ) A rotina de trabalho dos operários das fábricas era de oito horas diárias e os ambientes em
que as atividades se realizavam eram asseados e organizados. Os trabalhadores eram
amparados por direitos trabalhistas como férias, horas extras e descanso semanal
remunerado.
( ) A utilização dos trabalhos feminino e infantil era uma das opções empregadas pelos
industriais com o objetivo de baratear os custos de produção das mercadorias, uma vez
que os salários pagos eram bem menores que os dos homens.
( ) Na cidade, os bairros proletários eram bem organizados e se destacavam por alamedas
largas e funcionais e por infraestrutura com redes de esgoto, de energia e de água tratada.
Questão 03
(UFPR) Considere o fragmento a seguir.
Afirmo que cada homem, e cada mulher, e cada criança deve obter algo mais, na distribuição
geral dos frutos do trabalho, além de alimento, farrapos e uma miserável rede com uma manta
pobre a cobri-la: e isso, sem ter de trabalhar doze ou quatorze horas por dia [...] dos seis aos
sessenta anos. – Eles têm uma reivindicação, uma sagrada e inviolável reivindicação por um
pouco de comodidade e divertimento [...] por algum tempo livre razoável para essas discussões,
e por alguns meios ou informações que possam levá-los à compreensão dos seus direitos.
THELWALL, John. Os direitos da natureza. In: THOMPSON, Edward P. A formação da classe operária inglesa.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004. p. 175-176.
Sobre o período destacado no excerto, identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as
seguintes afirmativas.
Avaliar 32
( ) O contexto se dá na Revolução Industrial na Inglaterra, em que as condições de trabalho
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eram insalubres, motivo pelo qual muitos trabalhadores adoeciam ou faleciam, causando a
diminuição habitacional das cidades inglesas, uma das principais características do
período.
( ) Nesse período, houve a primeira Divisão Internacional do Trabalho, na qual as matérias-
primas eram transformadas em produtos manufaturados que provinham do Império
Chinês, como o tecido.
( ) O aumento populacional foi uma das características da Revolução Industrial; entre os
fatores que levaram a esse aumento está a intensa migração do campo para a cidade.
a) F – V – V – F
b) V – V – F – F
c) V – F – V – F
d) F – V – F – V
e) V – F – F – V
Questão 04
(UFU)
Desta vala imunda a maior corrente da indústria humana flui para fertilizar o mundo todo. Deste
esgoto imundo jorra o ouro puro. Aqui a humanidade atinge o seu mais completo
desenvolvimento e sua maior brutalidade, aqui a civilização faz milagres e o homem civilizado
torna-se quase um selvagem.
TOCQUEVILLE, A. de. Journeys to England and Ireland. Ed. Mayer, 1958. p. 107-108.
Avaliar 32
O advento das revoluções burguesas na Europa, atrelado ao industrialismo, gerava, ao mesmo
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ç g p , Estante de Conteúdo ,g ,
tempo, perplexidade e deslumbramento ao promover mudanças sociais radicais e ambíguas,
fomentadas pelos avanços tecnológicos em diferentes esferas.
Assinale a alternativa que apresenta a principal mudança no sistema produtivo dos países
pioneiros em promover a industrialização.
c) A manutenção das terras comunais para a produção de alimentos voltados à subsistência dos
camponeses europeus.
d) A adoção da divisão técnica do trabalho, com grande utilização de maquinários nas fábricas e
aumento da acumulação de capitais.
Página 46
Questão 05
(UECE) Atente ao seguinte excerto.
“O crime [...] consistiu em herdar as piores feições do sistema doméstico num contexto em que
inexistiam as compensações do lar: ‘ele sistematizou o trabalho das crianças pobres e
desocupadas, explorando-o com uma brutalidade tenaz...’ [...] Na fábrica a máquina ditava as
condições, a disciplina, a velocidade e a regularidade da jornada de trabalho, tornando-as
equivalentes para o mais delicado e o mais forte.”
THOMPSON, Edward P. A formação da classe operária inglesa: a maldição de Adão. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
v. 2, 1987. p. 207.
a) Revolução Gloriosa, ocorrida na Inglaterra entre 1688 e 1689, que garantiu o fim do
absolutismo na Inglaterra e possibilitou o desenvolvimento social e econômico daquele país.
b) Revolução
Avaliar Francesa, que no final do século XVIII criou um novo modelo social e econômico
32
para o mundo ocidental.
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d) Revolução Haitiana, que teve início em 1791 e marcou a independência do país caribenho do
domínio francês, mas colocou-o sob o controle do capital industrial inglês.
Questão 06
(FAMEMA)
Nassau Senior, economista de renome, passou por Manchester em 1837, e assim descreveu o que
viu: “Num lugar encontramos toda uma rua seguindo o curso de um canal, porque dessa forma
era possível conseguir porões mais profun dos, sem o custo de escavações, porões destinados
não ao armazenamento de mercadorias ou de lixo, mas à residência de seres humanos.
Nenhuma das casas dessa rua esteve isenta do cólera”.
A média de vida era determinada pelo lugar onde se morava – segundo o relatório do Dr. P. H.
Holland, que realizou uma investigação num subúrbio de Manchester, em 1844. “Quando
verificamos ser a taxa de mortalidade quatro vezes maior em algumas ruas do que em outras, e
duas vezes maior em grupos de ruas do que em outros, não podemos deixar de concluir que
multidões de nossos irmãos, centenas de vizinhos próximos, são anualmente destruídos por
falta das precauções mais simples.”
O relatório alude
b) às causas das epidemias nas áreas rurais da Inglaterra, devido à concentração dos
camponeses em aldeias sob condições degradantes.
d) aos resultados do planejamento urbano das metrópoles, cujo objetivo principal foi integrar
Avaliar
socialmente a população trabalhadora das periferias. 32
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Questão 07
(MACKENZIE)
c) com os cercamentos dos campos, no século XVIII, e pela consequente expropriação dos
trabalhadores de seus meios de trabalho, o país contava com um enorme contingente de mão
de obra desempregada nas cidades, disponível para o trabalho industrial.
d) a grave crise agrícola de 1815, acompanhada pela epidemia de peste bubônica que atacou,
principalmente, o interior agrícola do país, acabou por gerar um grande êxodo rural e um
enorme fluxo populacional, disposto a trabalhar nas cidades, mesmo com baixo índice
salarial.
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Página 47
Questão 08
(UPE)
CANÊDO, Letícia Bicalho. A revolução industrial. São Paulo: Atual, 1991. p. 31. (adaptado)
Sob o aspecto apontado pelo texto, apenas uma indústria estava em condições de expandir sua
produção de forma simples e barata. Trata-se da indústria
a) do aço.
b) têxtil.
c) petrolífera.
d) siderúrgica.
e) da mineração.
Questão 09
(UEFS)
Avaliar 32
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A comparação entre os três estágios da produção, no quadro apresentado, indica que a mudança
mais expressiva entre eles ocorreu com a
c) retirada da posse dos meios de produção do trabalhador, o que levou à introdução da divisão
do trabalho e ao surgimento das fábricas.
e) extinção da força de trabalho por parte das famílias, que foram proibidas de praticar as
atividades nas oficinas domésticas.
Questão 10
(UEMG)
“Uma sociedade de bem-estar social teria sem dúvida distribuído alguns destes vastos acúmulos
para fins sociais. Na Inglaterra do período de 1780 a 1840 nada era menos provável. Virtualmente
livre de impostos, as classes médias continuaram a acumular em meio a um populacho faminto,
cuja fome era o reverso daquela acumulação.”
HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções: Europa, 1789-1848. Tradução de Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos
Penchel. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. p. 75.
Avaliar 32
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