Você está na página 1de 318

SUMÁRIO

VOLUME 2
História Geral
Aula 19 – REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ....................................................................................................................... 1
Aula 20 – MOVIMENTOS SOCIAIS E IDEIAS POLÍTICAS DO SÉC. XIX ............................................................... 13
Aula 21 – IMPERIALISMO E NEOCOLONIALISMO ................................................................................................ 24
Aula 22 – AS UNIFICAÇÕES TARDIAS ALEMANHA E ITÁLIA ............................................................................... 38
Aula 23 – OS EUA NO SÉC. XIX .............................................................................................................................. 47
Aula 24 – PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL ............................................................................................................... 60
Aula 25 – REVOLUÇÃO RUSSA .............................................................................................................................. 73
Aula 26 – A CRISE INTERNACIONAL DO CAPITALISMO ...................................................................................... 85
Aula 27 – REGIMES TOTALITÁRIOS ...................................................................................................................... 95
Aula 28 – SEGUNDA GUERRA MUNDIAL ............................................................................................................. 110
Aula 29 – GUERRA FRIA (PARTE 1) ..................................................................................................................... 124
Aula 30 – GUERRA FRIA (PARTE 2) ..................................................................................................................... 138
Aula 31 – REVOLUÇÃO CHINESA ........................................................................................................................ 151
Aula 32 – REVOLUÇÃO CUBANA ......................................................................................................................... 162
Aula 33 – CONFLITO ÁRABE ISRAELENSE ......................................................................................................... 173
Aula 34 – OUTROS CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO ....................................................................................... 187
Aula 35 – O COLAPSO DO SOCIALISMO E O FIM DA URSS .............................................................................. 197

História do Brasil
Aula 15 – DOMINIO OLIGARQUICO DA PRIMEIRA REPÚBLICA ........................................................................ 209
Aula 16 – CONFLITOS SOCIAIS NA PRIMEIRA REPUBLICA .............................................................................. 216
Aula 17 – CRISE DA PRIMEIRA REPUBLICA E REVOLUÇÃO DE 30 ................................................................. 222
Aula 18 – ERA VARGAS GOVERNO PROVISORIO E CONSTITUCIONAL ........................................................ 227
Aula 19 – ERA VARGAS ESTADO NOVO ............................................................................................................. 232
Aula 20 – GOVERNOS POPULISTAS DEMOCRATICOS DUTRA E VARGAS.................................................... 239
Aula 21 – CRISE DO POPULISMO JK_ JANIO_ JANGO ..................................................................................... 244
Aula 22 – DITADURA MILITAR FORMAÇÃO POLÍTICA ....................................................................................... 250
Aula 23 – DITADURA MILITAR COSTA E SILVA E MEDICI ................................................................................. 255
Aula 24 – CRISE DA DITADURA MILITAR ........................................................................................................... 261
Aula 25 – GOVERNO SARNEY .............................................................................................................................. 269
Aula 26 – GOVERNO COLLOR ITAMAR FRANCO ............................................................................................... 275
Aula 27 – GOVERNO FHC LULA ........................................................................................................................... 284
Aula 28 – GOVERNO DILMA .................................................................................................................................. 295
Respostas e Comentários Exercícios de Fixação ................................................................................................... 303
História Geral
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
INTRODUÇÃO
Na Inglaterra, a partir da segunda metade do século XVIII, tem início REVOLUÇÃO OU EVOLUÇÃO?
uma série de transformações no processo de produção. A essas Uma das discussões envolvendo a Revolução Industrial trata
transformações dá-se o nome de Revolução Industrial. Em linhas da caracterização do processo como revolução ou evolução.
gerais, a Revolução Industrial proporcionou a mecanização da Apesar do impacto que Revolução Industrial trouxe para o
indústria, com a substituição da força motriz humana por outras como mundo, não podemos esquecer que a mesma proporcionou a
o carvão, o vapor, a eletricidade, o que desencadeou grandes mecanização da indústria, que já existia (na forma de
mudanças nas relações de trabalho, no uso da tecnologia, na manufaturas). Portanto, a Revolução Industrial não foi uma
economia dos países, na organização do espaço urbano e nos ruptura, mas sim a herdeira de toda uma cadeia de inovações
próprios fundamentos do sistema capitalista. tecnológicas.
“A Revolução Industrial assinala a mais radical transformação da vida
humana já registrada em documentos escritos. Durante um breve período ela coincidiu com a história de um único país, a Grã-Bretanha (...)
que por isso ascendeu temporariamente a uma posição de influência e poder mundiais sem paralelo na história de qualquer país com as
suas dimensões relativas, antes ou desde então, e que provavelmente não será igualada por qualquer Estado no futuro previsível.”
HOBSBAWM, Eric J. da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1986, p. 13.
O PIONEIRISMO INGLÊS
A Inglaterra foi pioneira no processo de mecanização da indústria. Foi somente na segunda metade do século XIX que a industrialização se
propagou para outros países da Europa e do mundo.
“Quando o reformador chinês Huang-Tsun-Hsien visitou Londres, cerca de 1890, custou-lhe a crer que, apenas um século antes, a
economia da sua pátria e da Grã-Bretanha se tivessem basicamente parecido. Viu a Grã-Bretanha com suas indústrias florescentes, ao
passo que a China, que acabava de deixar, era ainda uma terra de artes campesinas e arrozais. (...) Foi uma das maiores transformações
da História; em cerca de cem anos, a Europa de quintas, rendeiros, e artesãos tornou-se uma Europa de cidades abertamente industriais.
Os utensílios manuais e os dispositivos mecânicos simples foram substituídos por máquinas; a lojinha do artífice pela fábrica. O vapor e a
eletricidade suplantaram as fontes de energia – água, vento e músculo. Os aldeões, como as suas antigas ocupações se tornavam
supérfluas, emigravam para as minas e para as cidades fabris, tornando-se os operários da nova era, enquanto uma classe profissional de
empreiteiros, financeiros e empresários, de cientistas, inventores e engenheiros se salientava e se expandia rapidamente. Era a Revolução
Industrial.”
HENDERSON, W. O. A Revolução Industrial, 1780-1914. Lisboa: Verbo
FIQUE POR DENTRO
Propostos por Oliver Cromwell e aprovados pelo
Vejamos os principais elementos que favoreceram o pioneirismo inglês Parlamento, os Atos de Navegação (1651) impulsionaram
na Revolução Industrial: o desenvolvimento marítimo comercial da Inglaterra, uma
• acumulação de capitais, provenientes das atividades mercantilistas vez que estabeleciam que as mercadorias inglesas só
desenvolvidas pelo país, especialmente depois que os Atos de Navegação poderiam ser transportadas em navios ingleses ou em
(1651) entraram em vigor. navios de países com quem a Grã-Bretanha
• triunfo do liberalismo político e econômico, a partir da Revolução comercializasse.
Gloriosa (1688), que sepultou de vez o Absolutismo e as práticas
intervencionistas do Estado na economia.
• os cercamentos (enclosures), que, ao promoverem a SAIBA MAIS
transformação de fazendas agrícolas em pecuaristas, provocaram A partir da segunda metade do século XVII, muitas fazendas
desemprego no campo e a consequente migração de mão de obra inglesas tiveram suas terras cercadas para a criação de ovelhas,
para as cidades. devido ao crescimento das tecelagens que produziam tecidos de
• avanços tecnológicos, como a máquina a vapor patenteada lã (era lucrativo prover essas tecelagens com sua matéria prima).
por James Watt e os teares mecânicos e hidráulicos, que Esse processo, denominado cercamentos (ou enclosures), fez
proporcionaram um significativo aumento na produção. com que milhares de camponeses ficassem sem trabalho, uma
• abundância de matérias primas, como carvão, ferro, algodão vez que a pecuária exige menos mão de obra do que a
e lã. agricultura. Sem perspectivas no campo, essa massa miserável
AS PRINCIPAIS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS DA migrou para as cidades, transformando-se num exército reserva
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL de mão de obra abundante e barata.
O primeiro setor produtivo a se mecanizar foi o têxtil. O algodão foi sua principal matéria
prima e o carvão vegetal, usado para mover as máquinas a vapor, sua principal fonte de
energia.
Entre as inovações tecnológicas do período, destacam-se:
• a máquina de fiar (1767), de James Hargreaves, com capacidade para produzir
vários fios de forma simultânea, sob a assistência de um único operário.
• a máquina a vapor (1768), de James Watt, tornando possível o uso da energia
mecânica para mover diversas outras máquinas. Modelo didático da máquina a vapor, de James Watt.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

• o tear mecânico (1785), de Edmund Cartwright, movido a vapor.


• o descaroçador mecânico (1792), de Eli Whitney, que separava o caroço da fibra de algodão, permitindo uma espantosa
produtividade a baixo custo.
• o navio a vapor (1807), de Robert Fulton, permitindo maior rapidez aos transportes fluviais e marítimos.
• a locomotiva a vapor (1814), de George Stephenson, trazendo maior rapidez aos transportes terrestres.
AS FASES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Para fins didáticos, costuma-se dividir a Revolução Industrial em dois momentos, cada um com suas características:
• Primeira Revolução Industrial
- de 1760 a 1860;
- circunscrita à Inglaterra e poucos países da Europa Ocidental;
- conhecida como a “era do carvão e do ferro”;
- o carvão era a principal fonte de energia;
- o ferro era o principal produto da indústria de base.
• Segunda Revolução Industrial
- de 1860 a 1914;
- a expansão da industrialização atinge praticamente toda a Europa Ocidental, EUA e Japão;
- conhecida como a “era do aço e da eletricidade”;
- a eletricidade era a principal fonte de energia;
- o aço era o principal produto da indústria de base.
AS TRANSFORMAÇÕES PRODUZIDAS PELA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Industrial consolidou definitivamente o capitalismo e o
trabalho assalariado, separando de vez capital e trabalho.
Proporcionou o nascimento da classe operária e possibilitou a
polarização da mesma com a burguesia.
As manufaturas foram substituídas gradativamente pelas fábricas,
caracterizadas pela mecanização no processo produtivo, que
passou a ser em massa e em série. O trabalho dos artesãos sofreu
desvalorização, acarretando a falência das manufaturas e
corporações de ofícios.
A divisão e especialização do trabalho promoveram a alienação
doproletariado em relação ao processo produtivo. Especializando-se
em operar uma determinada máquina, o operário se transformou
numa espécie de robô, sujeito à monotonia que os repetitivos
movimentos na operação das máquinas impunham. Instalações de uma fábrica do século XIX. No primeiro plano, aquele que
parece ser o dono. Atente as condições do ambiente e a postura disciplinada e
Nas indústrias têxteis inglesas predominava o trabalho de mulheres
subserviente dos operários.
e crianças, mais barata e tida como mais dócil e obediente pelos
empresários. Não havia legislação trabalhista que estabelecessem garantias ou direitos legais à classe trabalhadora.
De acordo com o historiador americano Edmund Wilson, em Rumo à Estação Finlândia, a crescente demanda “(...) de mulheres e crianças
nas fábricas fazia com que muitos chefes de família se tornassem desempregados crônicos, prejudicava o crescimento das meninas,
facilitava o nascimento de filhos de mães solteiras e ao mesmo tempo obrigava as jovens mães a trabalharem grávidas ou antes de se
recuperarem plenamente do parto, terminando por encaminhar muitas delas à
prostituição; as crianças, que começavam a trabalhar nas fábricas aos cinco ou seis
anosde idade, recebiam pouca atenção das mães, que também passavam o dia
inteiro na fábrica, e nenhuma instrução de uma sociedade que só queria delas que
executassem operações mecânicas; quando deixavam-nas sair das verdadeiras
prisões que eram as fábricas, as crianças caíam exaustas, cansadas demais para
lavar-se ou comer, quanto mais estudar ou brincar – às vezes cansadas demais até
para ir para casa.”
As jornadas de trabalho eram extensas (em média de 15 horas diárias, sem
descanso semanal remunerado ou férias), as condições de traba-lho precárias e os
salários extremamente baixos. Acidentes de trabalho eram comuns e os operários Flagrante de crianças operárias nos EUA, século XIX.
vitimados pela mutilação de dedos e outros membros não tinham direito a nenhum
tipo de indenização.
Essas condições de trabalho e de vida levaram a classe operária a se organizar em torno de movimentos e/ou ideologias em favor dos seus
direitos e interesses, como veremos no próximo capítulo.
A paisagem urbana também foi afetada pela industrialização. Segundo Hobsbawm, a típica cidade industrial era “(...) uma cidade de
tamanho médio, mesmo por padrões atuais, embora (...) algumas cidades (que tendiam a ser muito grandes) também se tornaram centros
maiores de produção (...). A nova região industrial típica tomava em geral a forma de pequenas vilas, que se transformavam em pequenas
cidades, que depois se desenvolviam transformando-se em grandes cidades.”
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
2
Aula 19 – Revolução Industrial

Friedrich Engels, em A situação da classe trabalhadora na com o objetivo de atender ao mercado. Princípio da Idade Média.
Inglaterra, descreve o cenário de um bairro dessas cidades 2 – Sistema de corporações: produção realizada por mestres
industriais: “É uma massa de casas de três ou quatro andares, artesãos independentes, com dois ou três empregados, para o
construídas sem plano, com ruas tortuosas, estreitas e sujas onde mercado, pequeno e estável. Os trabalhadores eram donos tanto
reina uma animação tão intensa como nas principais ruas que da matéria prima que utilizavam como das ferramentas com que
atravessam a cidade com a diferença que (...) só se vêem pessoas trabalhavam. Não vendiam o trabalho, mas o produto do trabalho.
da classe operária. O mercado está instalado nas ruas: cestos de Durante toda a Idade Média.
legumes e de frutos, todos naturalmente de má qualidade, e 3 – Sistema doméstico: produção realizada em casa para um
dificilmente comestíveis, ainda reduzem a passagem e deles mercado em crescimento, pelo mestre-artesão com ajudantes, tal
emana, bem como dos açougues, um cheiro repugnante. As casas como no sistema de corporações. Com uma diferença importante:
são habitadas dos porões aos desvãos, são tão sujas no exterior os mestres já não eram independentes; tinham ainda a propriedade
como no interior e têm um tal aspecto que ninguém as desejaria dos instrumentos de trabalho, mas dependiam, para a matéria
habitar. Mas isto não é nada comparado às habitações nos prima, de um empreendedor que surgira entre eles e o consumidor.
corredores e vielas transversais onde se chega através de Passaram a ser simplesmente tarefeiros assalariados. Do século
passagens cobertas, e onde a sujeira e a ruína ultrapassam a XVI ao XVIII.
imaginação; não se vê, por assim dizer, um único vidro inteiro, as
4 – Sistema fabril: produção para um mercado cada vez maior e
paredes estão leprosas, os batentes das portas e os caixilhos das
oscilante, realizada fora de casa, nos edifícios do empregador e
janelas estão quebrados ou descolados, as portas – quando
sob uma rigorosa supervisão. Os trabalhadores perderam
existem – são feitas de pranchas velhas pregadas umas às outras
completamente sua independência. Não possuem a matéria prima,
(...). Em toda parte montes de detritos e de cinzas, e as águas
como ocorria no sistema de corporações, nem os instrumentos, tal
vertidas em frente às portas acabam por formar charcos. É aí que
como no sistema doméstico. A habilidade deixou de ser tão
habitam os mais pobres, os trabalhadores mais mal pagos, com os
importante como antes, devido ao maior uso da máquina. O capital
ladrões (...) e as vítimas da prostituição, todos misturados.”
tornou-se mais necessário do que nunca. Do século XIX até hoje.”
Em contrapartida, a classe burguesa habitava em magníficas e
LEITURA COMPLEMENTAR II: OUTRO OLHAR SOBRE A
luxuosas casas localizadas em largas alamedas, os boulevares,
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
margeadas por jardins bem cuidados, em zonas exclusivamente
residenciais, distantes da sujeira, do barulho e do burburinho dos Uma história bem conhecida da Revolução Industrial é a dos
bairros operários. trabalhadores “ludistas”, aqueles que se revoltaram contra as
máquinas por acharem que elas destruíam empregos e impunham
HISTÓRIA E ARTE
uma concorrência desleal. Esses protestos são tão antigos quanto
Pintado por Vincent Van Gogh (1885), durante a fase em que o as primeiras máquinas. Tão logo o carpinteiro e tecelão James
artista se encontrava sob a influência do realismo, “Os Comedores Hargreaves começou a vender sua fiandeira jenny, vizinhos e
de Batatas” denuncia a miséria das famílias trabalhadoras do colegas invadiram sua casa e destruíram os equipamentos. Os
século XIX. quebra-quebras ganharam força a partir de 1811, quando
costureiros da cidade Nottingham se armaram com machados e
porretes, invadiram fábricas de tecidos e arruinaram 60 fiandeiras
mecânicas.
Basta olhar para o lado para constatar como os ludistas
fracassaram. Daquela época até hoje, as fábricas foram tomadas
por uma onda inescapável de engrenagens, máquinas, motores
elétricos, esteiras rolantes, computadores e robôs; as cidades
passaram a abrigar carros, trens, tratores, aviões e lâmpadas
elétricas; o celular no bolso das pessoas tem processadores mil
vezes mais potentes que os usados na Apollo 11. E qual foi o
resultado desse enorme fracasso dos protestos dos trabalhadores?
O contrário do que eles imaginaram. O número de empregos na
Inglaterra (cerca de 6 milhões em 1750) não só não caiu como
Para conferir realismo à obra, Van Gogh destacou traços acompanhou o enorme crescimento populacional, chegando a 30
grosseiros nos trabalhadores, explorando os tons escuros, típicos milhões hoje. Foi uma elevação tão intensa que os ingleses – e
da luminosidade barroca. Para Van Gogh, a escuridão também boa parte dos países industrializados – precisaram contratar
poderia ser considerada uma cor, por isso os trabalhos que o pintor estrangeiros para cumprir a demanda por empregos.
produziu nessa fase são escuros e pesados.
O erro da idéia de que as máquinas roubam empregos é achar que
Vincent trabalhou as sombras com outros tons que, junto ao interior os desejos humanos, e os empregos para satisfazer esses
pouco iluminado pelo lampião, dão um aspecto frio ao ambiente. desejos, são finitos. Desse ponto de vista, se uma máquina tira a
LEITURA COMPLEMENTAR I: O SISTEMA DE TRABALHO função de um artesão, não vai sobrar outra atividade para
O escritor norte-americano Leo Huberman, em História da riqueza sustentá-lo. Quem primeiro espalhou esse equívoco foi Karl Marx.
do homem, apresenta uma classificação quanto à evolução do “O instrumento de trabalho, quando toma a forma de uma máquina,
sistema de trabalho, do período medieval à Revolução Industrial: se torna imediatamente um concorrente do operário. A expansão
do capital por meio da máquina está na razão direta do número de
1 – Sistema familiar: os membros de uma família produzem artigos
trabalhadores cujas condições de existência ela destrói”, escreveu
para o seu consumo, e não para a venda. O trabalho não se fazia
ele.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


3
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Não é nenhum milagre o fato de que, desde os primeiros protestos vítimas do progresso. São consumidores que usufruem dos
ludistas até hoje, o número de empregos cresceu tanto quanto o de prazeres infinitos que a inovação, a concorrência desleal e as
máquinas. A produção em série diminuiu o custo dos produtos que máquinas tornaram acessíveis.
ficaram acessíveis a mais pessoas ao redor do mundo, que criaram NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da história do mundo. São
uma demanda maior, que só pode ser cumprida com mais Paulo: Leya, 2013, p. 106-110.
trabalhadores para operar as máquinas, mais vendedores, LEITURA COMPLEMENTAR III: DEPOIMENTO
maquinistas e marinheiros para transportá-las, mais operários para Perante uma comissão do Parlamento inglês, em 1816, John Moss,
construir as próprias máquinas, assim como trens, navios etc. É o capataz de aprendizes numa tecelagem de algodão, prestou o
caso da produção de roupas. Feitos a mão, casacos e vestidos depoimento a seguir, acerca das condições de trabalho envolvendo
custavam quase o salário de um ano de um empregado doméstico crianças:
e constavam em testamentos e heranças. A concorrência livre e a Eram aprendizes órfãos? – Todos aprendizes órfãos.
mecanização fizeram o preço das roupas baixar continuamente. E com que idade eram admitidos? – Os que vinham de Londres
Com mais gente podendo comprar roupa, mais fábricas foram tinham entre 7 e 11 anos. Os que vinham de Liverpool tinham de 8
construídas. Em 1820, já havia na Inglaterra mais de 1.200 fábricas a 15 anos.
de tecidos de algodão, 1.300 de lã e mais de 600 moinhos de linho Até que idade eram aprendizes? – Até 21 anos.
e seda. Qual o horário de trabalho? – De 5 da manhã até 8 da noite.
Além disso, a mão de obra das pessoas que perderam o emprego Quinze horas diárias era um horário normal? – Sim
para teares movidos a vapor no século 19 ou tratores nas fazendas Quando as fábricas paravam para reparos ou falta de algodão,
do século 20 foi liberada para atividades mais produtivas ou tinham as crianças, posteriormente, de trabalhar mais para
criativas. É verdade que a “destruição criativa” das inovações recuperar o tempo parado? – Sim.
provoca falências de empresas, demissões, migrações, uma As crianças ficavam de pé ou sentadas para trabalhar? – De pé.
completa instabilidade e reorganização do trabalho. Mas, no fim Durante todo o tempo? – Sim.
das contas, há um benefício para todos. “A grande causa do Havia acidentes nas máquinas com as crianças? – Muito
aumento dos padrões de vida das nações industrializadas é o frequentemente.”
capital sendo usado para substituir trabalho, afirma o economista (HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1983, p.
americano Walter Williams. O exemplo mais evidente disso é o 191.)
sistema de produção de alimentos. Nos Estados Unidos do fim do LEITURA COMPLEMENTAR IV: O TRABALHO DAS MULHERES
século 18, mais de 90% das pessoas trabalhavam nos campos de
Depoimento de Betty Harris, 37 anos:
cultivo e pecuária. Para que alimentos chegassem à boca de quase
4 milhões de habitantes, era preciso que 19 a 20 americanos Casei-me aos 23 anos, e foi somente depois de casada que eu
adultos trabalhassem nas fazendas. Dois séculos depois, a desci à mina; não sei ler nem escrever. Trabalho para Andrew
mecanização da agricultura liberou 18 deles: hoje, apenas um em Knowles, da Little Bolton (Lancashire). Puxo pequenos vagões de
cada 20 trabalhadores americanos contribui para cultivar alimentos carvão; trabalho das 6 da manhã às 6 da tarde. Há uma pausa de
aos mais de 300 milhões de habitantes. O que aconteceria se cerca de uma hora, ao meio dia, para o almoço; dão-me pão e
alguma lei do governo proibisse a introdução de máquinas no manteiga, mas nada para beber. Tenho dois filhos, porém eles são
campo e impedisse as demissões nas plantações e fazendas? jovens demais para trabalhar. Eu puxava esses vagões, quando
estava grávida. Conheci uma mulher que voltou para casa, se
Vale imaginar um pouco mais: e se os manifestantes ingleses
lavou, se deitou, deu à luz e retornou o trabalho menos de uma
tivessem conseguido que o governo proibisse máquinas para
semana depois.
preservar empregos?
Tenho uma correia em volta da cintura, uma corrente que passa
O resultado seria que os descendentes daqueles trabalhadores
por entre as minhas pernas e ando sobre as mãos e os pés. O
teriam hoje uma vida imensamente mais difícil. Não só os
caminho é muito íngrime, e somos obrigados a segurar uma corda
alimentos e as roupas custariam mais, como não haveria gente
– e quando não há corda, nós nos agarramos a tudo o que
para projetar edifícios, carros, telefones celulares, máquinas de
podemos. Nos poços onde trabalho, há seis mulheres e meia dúzia
lavar roupa, sistemas de internet e para escrever livros. Nada de
de rapazes e garotas; é um trabalho muito duro para uma mulher.
iluminação elétrica na rua, em respeito ao emprego dos
No local onde trabalho, a cova é muito úmida e a água sempre
acendedores de lampião a gás (que trabalharam no Rio de Janeiro
cobre os nossos sapatos. Um dia, a água chegou até minhas
até 1933). Páginas da internet não poderiam mostrar mapas de
coxas. E o que cai do teto é terrível! Minhas roupas ficam
graça, para não acabar com o trabalho dos cartógrafos. Seria
molhadas durante quase o dia todo. Nunca fiquei doente em minha
preciso ligar para uma telefonista para completar cada ligação
vida, a não ser na época dos partos.
telefônica, pagar a ascensoristas nos elevadores não
automatizados, passar a maior parte do tempo na roça cultivando Estou muito cansada quando volto à noite para casa, às vezes
os próprios alimentos e usar o fim de semana para tricotar adormeço antes de me lavar. Não sou mais tão forte como antes,
casacos, já que as roupas continuariam pouco acessíveis aos mas não tenho mais a mesma resistência no trabalho. Puxei esses
pobres. Ou esperar meses até que elas chegassem à cidade por vagões até arrancar a pele; a correia e a corrente são ainda piores
meio do sistema de carroças (em respeito ao emprego dos quando se espera uma criança.”
fabricantes de carroça e dos criadores de cavalo, trens e (Depoimento extraído de um relatório parlamentar inglês, 1842.)
caminhões de carga seriam banidos). Por causa de uma lei CINEMATECA
imposta pelos sindicatos do transporte coletivo para evitar
Filmes relacionados com o tema do capítulo:
demissões, todo ônibus urbano teria, além do motorista, um
entediado cobrador (ops, esse ainda existe). • A Nós, a Liberdade (1931), do diretor René Clair, estabelece um
paralelo entre o trabalho forçado numa prisão e numa fábrica.
As pessoas que perdem o emprego para as máquinas não são
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
4
Aula 19 – Revolução Industrial
• Tempos Modernos (1936), dirigido por Charles Chaplin,
apresenta uma crítica à exploração dos trabalhadores e sua
transformação em ferramenta de trabalho.
• Oliver Twist (1948), do diretor David Lean, narra a trajetória de
um garoto de 12 anos, em meio à Revolução Industrial.
• Germinal (1993), dirigido por Claude Berri, retrata o cotidiano de
uma comunidade de mineiros de carvão na França rural do século
XIX.
• Ver-te-ei no Inferno (1969), do diretor Martin Ritt, a trama gira
em torno de uma comunidade de mineiros de origem irlandesa na
Pensilvânia do século XIX.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


5
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
A expressão Revolução Industrial tem sido utilizada para designar um conjunto de transformações
econômicas, sociais e tecnológicas que teve início na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII.
Em pouco tempo, essas mudanças afetariam outros países da Europa e outros continentes, alterando
definitivamente as relações entre as sociedades humanas.
FIGUEIRA, D. G. "História". São Paulo: Ática, 2005. p. 193.

Sobre a temática exposta no texto, pode-se inferir que


a) a produção de tecidos foi um dos primeiros setores a desenvolver o processo industrializador
juntamente com a metalurgia do aço.
b) ao aumentar a produtividade de cada trabalhador, aumentou a oferta de mercadoria e, por
consequência, possibilitou uma redução nos preços dos produtos.
c) o sucesso da Revolução Industrial foi tão significativo que facilitou uma ampla melhoria das
condições materiais da sociedade como um todo.
d) a industrialização foi um processo urbano com poucas relações com o meio rural
e) a indústria eliminou a produção artesanal e manufatureira na Europa.

Questão 02
"Um fato saliente chamou a atenção de Adam Smith, ao observar o panorama da Inglaterra: o
tremendo aumento da produtividade resultante da divisão minuciosa e da especialização de trabalho.
Numa fábrica de alfinetes, um homem puxa o fio, outro o acerta, um terceiro o corta, um quarto faz-lhe
a ponta, um quinto prepara a extremidade para receber a cabeça, cujo preparo exige duas ou três
operações diferentes: colocá-la é uma ocupação peculiar; prateá-la é outro trabalho. Arrumar os
alfinetes no papel chega a ser uma tarefa especial; vi uma pequena fábrica desse gênero, com apenas
dez empregados, e onde consequentemente alguns executavam duas ou três dessas operações
diferentes. E embora fossem muito pobres, e portanto mal acomodados com a maquinaria necessária,
podiam fazer entre si 48.000 alfinetes num dia, mas se tivessem trabalhado isolada e
independentemente, certamente cada um não poderia fazer nem vinte, talvez nem um alfinete por dia."
FARIA, Ricardo de Moura et all. "História". Vol. 1. Belo Horizonte: Lê, 1993. [adapt.].

O documento sobre a Revolução Industrial, na Inglaterra,


a) relaciona a divisão de trabalho com a alta produtividade, situação bem diferente da produção
artesanal característica da Idade Média.
b) enfatiza o trabalho em série e as condições do trabalhador nas fábricas, reforçando a importância
das leis trabalhistas, no início da Idade Moderna.
c) demonstra que a produtividade está diretamente relacionada ao número de empregados da fábrica,
ao contrário das Corporações de Ofício, em que a produção artesanal dependia do mestre.
d) destaca a importância da especialização do trabalho para o aumento da produtividade, situação
semelhante à que ocorria nas Corporações de Ofício, de que participavam aprendizes, oficiais e
mestre.
e) evidencia as ideias fisiocráticas e mercantilistas, ao realçar a divisão do trabalho, características
marcantes da Revolução Comercial.

Questão 03

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


6
Aula 19 – Revolução Industrial
Tendo como base de análise a figura e os aspectos que definiram a Primeira Revolução Industrial,
considere as afirmativas a seguir:
I. Inicia-se nas últimas décadas do século XVIII e estende-se até meados do século XIX. A invenção
Anotações
da máquina a vapor e o uso do carvão como fonte de energia primária marcam o início das mudanças
nos processos produtivos.
II. O Reino Unido foi o primeiro país a reunir condições básicas para o início da industrialização devido
à intensa acumulação de capitais no decorrer do Capitalismo Comercial.
III. Os mais destacados segmentos fabris desta fase foram o têxtil, o metalúrgico e o de mineração.
IV. As transformações produtivas desta fase atingiram rapidamente outros países como a Alemanha,
França e Estados Unidos ainda no Século XVIII recrutando operários com salários atrativos
promovendo, assim, um intenso êxodo rural.
Estão corretas
a) apenas I, II e III.
b) apenas I, II e IV.
c) apenas II, III e IV.
d) apenas I, III e IV.
e) I, II, III e IV.

Questão 04
"O duque de Bridgewater censurava os seus homens por terem voltado tarde depois do almoço; estes
se desculparam dizendo que não tinham ouvido a badalada da 1 hora, então o duque modificou o
relógio, fazendo-o bater 13 badaladas."
Este texto revela um dos aspectos das mudanças oriundas do processo industrial inglês no final do
século XVIII e início do século XIX. A partir do conhecimento histórico, pode-se afirmar que
a) os trabalhadores foram beneficiados com a diminuição da jornada de trabalho em relação à época
anterior à revolução industrial.
b) a racionalização do tempo foi um dos aspectos psicológicos significativos que marcou o
desenvolvimento da maquinofatura.
c) os empresários de Londres controlavam com mais rigor os horários dos trabalhadores, mas como
compensação forneciam remuneração por produtividade para os pontuais.
d) as fábricas, de modo em geral, tinham pouco controle sobre o horário de trabalho dos operários,
haja vista as dificuldades de registro e a imprecisão dos relógios naquele contexto.
e) os industriais criaram leis que protegiam os trabalhadores que cumpriam corretamente o horário de
trabalho.

Questão 05
O aumento populacional, a Revolução Industrial e o crescimento das cidades proporcionaram novos
estilos de vida, tanto para a classe média urbana quanto para a classe trabalhadora urbana. Sobre
essas mudanças, pode-se afirmar que
a) o principal investimento da maioria da classe trabalhadora era a educação dos filhos, pois garantia a
mobilidade social.
b) as moradias da classe média, localizadas nas proximidades das indústrias, simbolizavam lucro e
prosperidade.
c) o acesso ao mercado de trabalho, nas fábricas, restringiu-se às mulheres oriundas da classe média,
enquanto as de classe baixa dedicavam-se ao trabalho doméstico.
d) a contratação de mulheres e crianças, em lugar dos homens, provocava desagregação no sistema
de vida familiar.
e) o aumento da produção de bens duráveis (eletrodomésticos) garantiu o acesso a esses produtos
por parte dos operários.

Questão 06

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


7
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Anotações

Cenas do filme Tempos Modernos (Modern Times), EUA, 1936, Direção: Charles Chaplin, Produção: Continental.

A figura representada por Charles Chaplin critica o modelo de produção do início do século XX, nos
Estados Unidos da América, que se espalhou por diversos países e setores da economia e teve como
resultado
a) a subordinação do trabalhador à máquina, levando o homem a desenvolver um trabalho repetitivo.
b) a ampliação da capacidade criativa e da polivalência funcional para cada homem em seu posto de
trabalho.
c) a organização do trabalho que possibilitou ao trabalhador o controle sobre a mecanização do
processo de produção.
d) o rápido declínio do absenteísmo, o grande aumento da produção conjugado com a diminuição das
áreas de estoque.
e) as novas técnicas de produção que provocaram ganhos de produtividade, repassados aos
trabalhadores como forma de eliminar as greves.

Questão 07
Até o século XVII, as paisagens rurais eram marcadas por atividades rudimentares e de baixa
produtividade. A partir da Revolução Industrial, porém, sobretudo com o advento da revolução
tecnológica, houve um desenvolvimento contínuo do setor agropecuário. São, portanto, observadas
consequências econômicas, sociais e ambientais inter-relacionadas no período posterior à Revolução
Industrial, as quais incluem
a) a erradicação da fome no mundo.
b) o aumento das áreas rurais e a diminuição das áreas urbanas.
c) a maior demanda por recursos naturais, entre os quais os recursos energéticos.
d) a menor necessidade de utilização de adubos e corretivos na agricultura.
e) o contínuo aumento da oferta de emprego no setor primário da economia, em face da mecanização.

Questão 08
Este considerável aumento de produção que, devido à divisão do trabalho, o mesmo número de
pessoas é capaz de realizar, é resultante de três circunstâncias diferentes: primeiro, ao aumento da
destreza de cada trabalhador; segundo, à economia de tempo, que antes era perdido ao passar de
uma operação para outra; terceiro, à invenção de um grande número de máquinas que facilitam o
trabalho e reduzem o tempo indispensável para o realizar, permitindo a um só homem fazer o trabalho
de muitos.
(Adam Smith. “Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações (1776)”. In: Adam
Smith/Ricardo. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1984.)

O texto, publicado originalmente em 1776, destaca três características da organização do trabalho no


contexto da Revolução Industrial:
a) a introdução de máquinas, a valorização do artesanato e o aparecimento da figura do patrão.
b) o aumento do mercado consumidor, a liberdade no emprego do tempo e a diminuição na exigência
de mão de obra.
c) a escassez de mão de obra qualificada, o esforço de importação e a disciplinarização do
trabalhador.
d) o controle rigoroso de qualidade, a introdução do relógio de ponto e a melhoria do sistema de
distribuição de mercadorias.
e) a especialização do trabalhador, o parcelamento de tarefas e a maquinização da produção.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


8
Aula 19 – Revolução Industrial

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Questão 01
Leia as informações a seguir.
Em meados do século XVIII, James Watt patenteou na Inglaterra
seu invento, sobre o qual escreveu a seu pai: “O negócio a que me
dedico agora se tornou um grande sucesso. A máquina de fogo
que eu inventei está funcionando e obtendo uma resposta muito
melhor do que qualquer outra que tenha sido inventada até agora”.
Disponível em: <http://www.ampltd.co.uk/digital_guides/ind-rev-series-3-parts-1-to-
3/detailed-listing-part-1.aspx>. Acesso em: 29 out. 2012. (Adaptado).

A revolução histórica relacionada ao texto, a fonte primária de


energia utilizada em tal máquina e a consequência ambiental de Segundo esse esquema, do estágio primitivo ao tecnológico, o
seu uso são, respectivamente, consumo de energia per capita no mundo cresceu mais de 100
a) puritana, gás natural e aumento na ocorrência de inversão vezes, variando muito as taxas de crescimento, ou seja, a razão
térmica. entre o aumento do consumo e o intervalo de tempo em que esse
b) gloriosa, petróleo e destruição da camada de ozônio. aumento ocorreu. O período em que essa taxa de crescimento foi
c) gloriosa, carvão mineral e aumento do processo de desgelo das mais acentuada está associado à passagem
calotas polares. a) do habitante das cavernas ao homem caçador.
d) industrial, gás natural e redução da umidade atmosférica. b) do homem caçador à utilização do transporte por tração animal.
e) industrial, carvão mineral e aumento da poluição atmosférica. c) da introdução da agricultura ao crescimento das cidades.
d) da Idade Média à máquina a vapor.
Questão 02 e) da Segunda Revolução Industrial aos dias atuais.
A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros. Tudo se transformava
Questão 04
em lucro. As cidades tinham sua sujeira lucrativa, suas favelas
"... Um operário desenrola o arame, o outro o endireita, um terceiro
lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa, sua
corta, um quarto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do
ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas e alfinete; para fazer a cabeça do alfinete requerem-se 3 ou 4
os novos altos-fornos eram como as Pirâmides, mostrando mais a operações diferentes, ..."
escravização do homem que seu poder. SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua Natureza e suas
Causas. Vol. I. São Paulo: Nova Culturas, 1985.
DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado).

Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos


ocorridos no contexto da Revolução Industrial Inglesa e as
características das cidades industriais no início do século XIX?
a) A facilidade em se estabelecerem relações lucrativas
transformava as cidades em espaços privilegiados para a livre
iniciativa, característica da nova sociedade capitalista.
b) O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano A respeito do texto e do quadrinho são feitas as seguintes
aumentava a eficiência do trabalho industrial. afirmações:
c) A construção de núcleos urbanos integrados por meios de I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são
transporte facilitava o deslocamento dos trabalhadores das submetidos os operários.
periferias até as fábricas. II. O texto refere-se à produção informatizada e o quadrinho, à
d) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas produção artesanal.
revelava os avanços da engenharia e da arquitetura do período, III. Ambos contêm a ideia de que o produto da atividade industrial
transformando as cidades em locais de experimentação estética e não depende do conhecimento de todo o processo por parte do
artística. operário.
e) O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais Dentre essas afirmações, apenas
ocasionava o surgimento de aglomerados urbanos marcados por a) I está correta. d) I e II estão corretas.
péssimas condições de moradia, saúde e higiene. b) II está correta. e) I e III estão corretas.
c) III está correta.
Questão 03
Questão 05
O consumo diário de energia pelo ser humano vem crescendo e se
diversificando ao longo da História, de acordo com as formas de Homens da Inglaterra, por que arar para os senhores que vos
organização da vida social. O esquema apresenta o consumo mantêm na miséria?
típico de energia de um habitante de diferentes lugares e em Por que tecer com esforços e cuidado as ricas roupas que vossos
diferentes épocas. tiranos vestem?
Por que alimentar, vestir e poupar do berço até o túmulo esses

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


9
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

parasitas ingratos que exploram vosso suor — ah, que bebem d) tornaram-se hegemônicas dentro da organização das fábricas
vosso sangue? capitalistas sem nenhum tipo de sistema concorrente até a
SHELLEY. Os homens da Inglaterra. Apud HUBERMAN, L. História da Riqueza do atualidade.
Homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
e) ao baratearem excessivamente os preços contribuíram para a
estagnação do capitalismo nas décadas de 30 a 70 do século XX.
A análise do trecho permite identificar que o poeta romântico
Shelley (1792-1822) registrou uma contradição nas condições Questão 08
socioeconômicas da nascente classe trabalhadora inglesa durante
a Revolução Industrial. Tal contradição está identificada
a) na pobreza dos empregados, que estava dissociada na riqueza
dos patrões.
b) no salário dos operários, que era proporcional aos seus esforços
nas indústrias.
c) na burguesia, que tinha seus negócios financiados pelo
proletariado.
d) no trabalho, que era considerado uma garantia de liberdade.
e) na riqueza, que não era usufruída por aqueles que a produziam.

Questão 06 Uma rua de um bairro pobre de Londres (Dubley Street); gravura de Gustave Doré
de 1872. (fonte: BENEVOLO, 1999)
Considere o papel da técnica no desenvolvimento da constituição
de sociedades e três invenções tecnológicas que marcaram esse
A gravura do artista remete a um momento de grande ruptura
processo: invenção do arco e flecha nas civilizações primitivas,
tecnológica e social ocorrida na Inglaterra como se depreende em
locomotiva nas civilizações do século XIX e televisão nas
civilizações modernas. uma das afirmativas abaixo:
a) A população também foi beneficiada de imediato pelos avanços
A respeito dessas invenções são feitas as seguintes afirmações:
I - A primeira ampliou a capacidade de ação dos braços, da criação de novas máquinas.
provocando mudanças na forma de organização social e na b) Aqueles que passavam necessidade eram na maioria pessoas
que não buscavam trabalho nas indústrias.
utilização de fontes de alimentação.
II - A segunda tornou mais eficiente o sistema de transporte, c) A falta de emprego gerada pelo avanço das máquinas gerou
fome e miséria por toda Inglaterra durante o século XVIII.
ampliando possibilidades de locomoção e provocando mudanças
d) A pobreza e a miséria eram vistas apenas nos bairros mais
na visão de espaço e de tempo.
III - A terceira possibilitou um novo tipo de lazer que, envolvendo pobres não chegando a afetar as altas classes sociais protegidas
em seus castelos.
apenas participação passiva do ser humano, não provocou
mudanças na sua forma de conceber o mundo. e) A burguesia tentando amenizar as crises sociais, rapidamente
ampliou os direitos e salários dos trabalhadores.
Está correto o que se afirma em:
a) I, apenas.
b) I e II, apenas. Questão 09
c) I e III, apenas. O assalariado na sociedade capitalista é um homem livre. Não
d) II e III, apenas. pertence a um dono, como na escravidão, nem está preso ao solo,
e) I, II e III. como no regime feudal da servidão. (...) ele foi “libertado” não só
do senhor, mas também dos meios de produção. Vimos como os
Questão 07 meios de produção (terra, instrumentos, máquinas etc.) passaram
a ser propriedade de um pequeno grupo e já não eram distribuídos
O modelo T foi um sucesso. Ford aprimorou seus métodos de
geralmente entre todos os trabalhadores. Os que não são donos
produção reduzindo o trabalhador a uma mera engrenagem,
diminuindo o tempo de montagem – em fins de 1913 o tempo de dos meios de produção só podem ganhar a vida empregando-se –
por salários – aos que são donos. É evidente que o trabalhador
produção os chassis passara de 12 horas e meia para duas horas
e quarenta minutos – e baixando os preços. Ford aumentou os não se vende ao capitalista (isso faria dele um escravo), mas
salários e reduziu a carga horária. Um modelo T saia da linha de vende a única mercadoria que possui – sua capacidade de
trabalhar, sua força de trabalho.
montagem a cada 24 segundos e o preço estava em 290 dólares HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. 21. ed. Rio de Janeiro: LTC,
quando sua produção foi interrompida em 1927. 1959.
FURTADO, Peter. 1001 dias que abalaram o mundo. Rio de Janeiro: Sextante,
2009, p.629.
A descrição do mundo do trabalho e da propriedade dos meios de
produção retratados no texto acima se refere ao contexto histórico
A respeito das inovações técnicas introduzidas nas fábricas de
Henry Ford a partir de 1908 pode-se inferir que a) das grandes navegações, quando o capitalismo comercial se
consolidou como meio de produção, impondo o modelo de trabalho
a) os resultados obtidos deveram-se muito mais a uma nova
disciplinarização da mão de obra do que da tecnologia das assalariado.
máquinas. b) do nascimento das corporações de ofícios nas cidades
medievais, que baniu o trabalho escravo da sociedade europeia.
b) não foram capazes de serem aplicados em outros tipos de
produção, ficando restritas ao setor automobilístico. c) do renascimento comercial e urbano europeu, na Baixa Idade
Média, quando o trabalho servil foi substituído pelo modelo
c) a difusão do modelo fordista garantiu o aumento significativo dos
assalariado.
salários dos trabalhadores europeus.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


10
Aula 19 – Revolução Industrial
d) da revolução industrial, onde a alienação do trabalhador facilitou empregadores e assalariados, uma vez que as atividades agrárias
o processo de acumulação de riquezas pela burguesia. eram regidas pelos ritmos da natureza.
e) do entre guerras do século XX, quando todos os resquícios do b) o impacto do aparecimento dos relógios mecânicos, que
feudalismo foram banidos da Europa, em função do permitiram racionalizar o dia de trabalho, que passa a ser calculado
desmembramento dos impérios continentais europeus. em horas no campo e na cidade.
c) as mudanças trazidas pela organização industrial da produção,
Questão 10 que originou uma nova disciplina e percepção do tempo, regida
Considere a gravura. pela lógica da produtividade.
Fundição de cobre em Swansea, Gales, século XIX d) o conflito entre a Igreja Católica, que condenava os lucros
obtidos a partir da exploração do trabalhador, e os industriais, que
aumentavam as jornadas.
e) a luta entre a nobreza, que defendia os direitos dos camponeses
sobre as terras, e a burguesia, que defendia o êxodo rural e a
industrialização.

Questão 12
Analise os três textos seguintes.
Eu vi o ferro incandescente sair da fornalha; eu o vi como se tecer
em barras e fitas, com uma velocidade e facilidade que pareciam
maravilhosas.
(Engenheiro James Nasmyth, 1830)
(In: Divalte Garcia Figueira. "História". São Paulo: Ática, 2005. p. 193)
A partir da segunda metade do século XVIII, as chaminés ... como parecia estranho viajar naquilo, sem nenhuma causa
expelindo rolos de fumaça, como as da gravura, passaram a fazer visível do avanço a não ser a máquina mágica, com sua flutuante
parte da paisagem de algumas regiões inglesas, alterando o exalação branca e marcha ritmada, invariável, entre aquelas
equilíbrio natural. Essas chaminés eram, na verdade, apenas parte paredes rochosas ... Senti como se nenhum conto de fadas fosse
mais visível da fábrica que alterou completamente a sociedade tão maravilhoso quanto a metade do que via.
(Atriz Fanny Kemble, 1829)
humana. Dentre as alterações econômicas e sociais advindas do
fenômeno apresentado na gravura, pode-se destacar
Pobreza, pobreza, pobreza, em perspectivas quase infindáveis: e
a) o processo de desconcentração urbana, haja vista a decisão da
carência e desgraça cambaleando de braços dados por essas ruas
burguesia de construir as unidades fabris longe dos centros
miseráveis ... Ali, cerca de quinze pés abaixo da calçada,
urbanos.
agachada numa imundice indescritível, com a cabeça inclinada,
b) a melhoria do padrão de vida do trabalhador fabril, já que a
estava a figura do que fora uma mulher. Seus braços azuis cingiam
máquina o libertou das condições degradantes do trabalho rural.
no colo lívido duas coisas mirradas como crianças, que se
c) a preocupação do poder público com a questão ambiental,
inclinavam em direção a ela, uma de cada lado. A princípio eu não
impondo rapidamente uma legislação que eliminou os efeitos da
sabia se estavam vivas ou mortas.
poluição ambiental. (Herman Melville, 1839)
d) a redução do lucro dos capitalistas ingleses porque eram
obrigados a pagar elevadas indenizações aos operários que O contexto histórico dos textos apresentados refere-se
adoeciam nas fábricas. a) ao conflito entre capital e trabalho, na cidade e no campo,
e) o crescimento populacional próximo às fábricas, dando origem a provocado por migrações e pobreza nas pequenas cidades
graves problemas de urbanização, como a proliferação de cortiços. inglesas, onde estavam os antigos centros manufatureiros.
b) ao grande desenvolvimento industrial norte-americano e à
Questão 11 pobreza vivida por operários na cidade de Nova Iorque.
Leia os dois textos seguintes. c) à segunda etapa da Revolução Industrial, realizada pela
"No Ocidente Medieval, a unidade de trabalho é o dia [...] definido expansão da indústria do aço, e ao empobrecimento da população
pela referência mutável ao tempo natural, do levantar ao pôr-do- como consequência das revoltas operárias.
sol. [...] O tempo do trabalho é o tempo de uma economia ainda d) à expansão do imperialismo inglês na África e à miséria
dominada pelos ritmos agrários, sem pressas, sem preocupações desencadeada pela imposição às populações locais de um modo
de exatidão, sem inquietações de produtividade". de vida urbano e segregacionista.
(Jacques Le Goff. "O tempo de trabalho na 'crise' do século XIV".) e) às contradições geradas pela Revolução Industrial inglesa, que
promoveu desenvolvimento tecnológico e, ao mesmo tempo, gerou
"Na verdade não havia horas regulares: patrões e administradores desemprego e pobreza.
faziam conosco o que queriam. Normalmente os relógios das
fábricas eram adiantados pela manhã e atrasados à tarde e em Questão 13
lugar de serem instrumentos de medida do tempo eram utilizados
"Estas ruas são em geral tão estreitas que se pode saltar de uma
para o engano e a opressão".
(Anônimo. "Capítulos na vida de um menino operário de Dundee", 1887.) janela para a da casa em frente, e os edifícios apresentam por
outro lado uma tal acumulação de andares que a luz mal pode
Entre as razões para as diferentes organizações do tempo do penetrar no pátio ou na ruela que os separa. Nesta parte da cidade
trabalho, pode-se citar: não há nem esgotos nem lavabos públicos (...) nas casas, e é por
a) a predominância no campo de uma relação próxima entre isso que as imundícies, detritos ou excrementos de, pelo menos,

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


11
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

50.000 pessoas são lançados todas as noites nas valetas (...) que quais escreveu Charles Dickens, em Oliver Twist: ‘os pobres têm
não só ferem a vista e o olfato, como, por outro lado, representam duas escolhas, morrer de fome lentamente se permanecem no
um perigo extremo para a saúde dos habitantes. (...) Os depósito, ou de repente, se saem de lá’.
alojamentos da classe pobre são em geral muito sujos e ARRUDA, J. Nova História Moderna e Contemporânea. Bauru, SP: Edusc 2005, v.
2, p. 40.
aparentemente nunca são limpos (...) e compõem-se, na maior
parte das casas, de uma única sala
Quando examinei as três cabanas de barro que servem de hospital
(...) que muitas vezes é úmida e fica no subsolo, sempre mal aos nativos em Leopoldville, todas deterioradas e duas com o teto
mobiliada e perfeitamente inabitável, a ponto de um monte de de palha praticamente destruído, encontrei dezessete pacientes
palha servir frequentemente de cama para uma família inteira, com doença do sono, homens e mulheres, jogados na pior sujeira.
cama onde se deitam, numa confusão revoltante, homens, A maioria jazia no chão nu – muitos do lado de fora, em frente às
mulheres, velhos e crianças." casas e, pouco antes da minha chegada, uma mulher em estágio
(The Artisan, 1843. In: Friedrich Engels. A Situação da classe trabalhadora na final de insensibilidade tinha caído no fogo e se queimado
Inglaterra. Tradução Porto: Afrontamento, 1975. p.69.) horrivelmente.
FARIA, R.; MIRANDA, M., CAMPOS, H. Estudos de História, 2. São Paulo: FTD,
2009, p. 178. (adaptado)
O artigo da revista inglesa mostra as contradições de vida
a) dos camponeses que trabalhavam no interior das propriedades
burguesas logo após a realização dos cercamentos das terras. Os textos relatam duas manifestações do(a)
b) dos trabalhadores artesãos que viviam na periferia das cidades a) racismo dos europeus em relação aos nativos africanos.
industriais, exercendo, com seus próprios instrumentos, atividades b) espoliação dos trabalhadores na etapa imperialista do
em pequenas oficinas. capitalismo.
c) das famílias dos operários, que se aglomeravam nas cidades c) falência das políticas assistenciais propostas pelos socialistas.
industriais a partir da Revolução Industrial. d) despreparo das autoridades para lidar com moléstias pouco
d) dos mendigos de Londres que viviam marginalizados na conhecidas.
sociedade porque não se adaptavam ao trabalho disciplinado da e) insuficiência da missão civilizadora restringida à dimensão
fábrica. religiosa.
e) dos desempregados, já que não conseguiam pagar os aluguéis
das habitações sanitárias pelos industriais para as famílias
operárias.

Questão 14
"É curioso que quando a fabricação de algodão apenas começava,
todas as operações, desde o preparo da matéria-prima até a sua
transformação em tecido, se completavam sob o teto da cabana do
tecelão. O processo da manufatura determinou que o fio seria fiado
nas fábricas e seria tecido nas cabanas. Na época atual, quando a
manufatura chegou a sua etapa de maturidade, todas as
operações voltam a realizar-se em um único edifício, recorrendo-se
a meios superiores e máquinas mais complexas."
Guest, O efeito do tear mecânico sobre a produção.

O fragmento de texto anteriormente transcrito se refere:


a) à consolidação das estruturas capitalistas de produção, com a
valorização do trabalho artesanal.
b) às transformações verificadas na produção a partir da chamada
segunda fase da Revolução Industrial.
c) ao processo de evolução da produção têxtil, observado a
Inglaterra durante a transição feudal/capitalista.
d) ao desenvolvimento de um sistema econômico fundamentado no
trabalho de produtores autônomos.
e) à queima de etapas perceptível na industrialização dos
chamados países capitalistas de segunda geração.

Questão 15
Analise os textos:
A indústria foi modernizada na Inglaterra, durante o século XIX,
mas os velhos métodos de exploração do trabalho não mudaram:
as jornadas de trabalho foram prolongadas e os salários
diminuídos, fazendo crescer os lucros, especialmente nas minas de
carvão, com o trabalho infantil. Os escrúpulos humanitários
resumiram-se às casas para trabalhadores desvalidos, sobre as

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


12
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

MOVIMENTOS SOCIAIS E POLÍTICOS DO SÉCULO XIX


INTRODUÇÃO
As palavras que abrem este capítulo são as últimas da obra Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels, publicada pela primeira
vez em 1848. Ela retrata e, ao mesmo tempo, resume o espírito de uma época, em que o proletariado começava a se organizar na busca
por melhores condições de vida e de trabalho. É nesse período, século XIX, que se multiplicam as ideologias e os movimentos em defesa
da classe trabalhadora.
De acordo com o historiador Edward Burns, tanto as idéias de Marx e Engels como a de outros pensadores que defendiam os interesses da
burguesia (os teóricos do liberalismo) são historicamente importantes: “Em primeiro lugar, as idéias ajudaram muitos homens e mulheres a
compreender melhor a nova ordem social que havia surgido após a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, e o papel que poderiam
representar, como membros de uma classe, naquela ordem. Em segundo lugar, as próprias idéias contribuíram para inspirar as mudanças
e acontecimentos concretos – de natureza política, social e econômica (...).”
A PRIMEIRA REAÇÃO DOS TRABALHADORES
O avanço da industrialização e a intensa exploração do operariado, submetido
a longas jornadas diárias, baixos salários e condições insalubres no locais de
trabalho produziram, no fim do século XVIII, sua primeira reação. Trata-se do
ludismo, movimento que também ficou conhecido como o dos quebradores
de máquinas. De acordo com o filósofo e pensador italiano Norberto Bobbio,
em Dicionário de Política, “(...) o nome tem origem no lendário movimento
‘Nedd Ludd’ (conforme a tradição, teria sido ele o primeiro operário têxtil a
quebrar o tear do patrão, devido a um conflito com o mesmo, em
Loughborough, Leicestershire, lá pelo fim do século XVIII); por isso seus
sequazes se chamaram ludders ou luddites (ludistas)”.
Os ludistas protestavam contra a substituição da mão de obra humana por
máquinas e incitavam os trabalhadores a destruírem o maquinário nas
fábricas. Movimentos ludistas eclodiram em várias cidades da Grã-Bretanha, Gravura retratando a ação dos ludistas numa fábrica inglesa.
uns mais organizados, outros nem tanto. Ao contrário do que alguns
imaginam, os ludistas não eram contrários aos avanços tecnológicos. Por trás da quebra das máquinas escondia-se o protesto contra a
desvalorização do trabalhador, que se tornou um mero operador das máquinas, tal qual um robô.
A sabotagem das máquinas também era uma forma do operariado pressionar os donos das fábricas por melhores condições salariais e de
trabalho. Entretanto, o movimento começou a perder força à medida em que o Estado endurecia as punições aos destruidores de máquinas
e a própria classe trabalhadora percebeu que a luta política seria o caminho para alcançar seus objetivos.
CARTISMO SAIBA MAIS
Nas décadas de 30 e 40 do século XIX, surgiu na Inglaterra um As principais reivindicações dos cartistas eram:
movimento que daria um novo rumo às lutas do operariado: o cartismo. • voto universal secreto;
Ao contrário dos ludistas, os cartistas acreditavam na reforma das leis • igualdade de direitos eleitorais;
como caminho para que a classe operária alcançasse suas • limitação do mandato dos parlamentares (12 meses);
reivindicações. • remuneração das funções parlamentares.
Sob a organização de William Lovett e Feargus O’Connor e tendo as
organizações trabalhistas (trade unions) como plataforma de PROUDHON
projeção, o movimento tem seu nome derivado da Carta do Povo, um Para alguns historiadores, Pierre-Joseph Proudhon deveria
documento apresentado ao Parlamento inglês com as principais configurar entre os anarquistas (e não entre os socialistas
reivindicações dos trabalhadores. utópicos), devido às suas críticas ao Estado e à propriedade
privada. Entretanto, Proudhon era contrário às lutas de
Para Lovett e O’Connor, enquanto a burguesia controlasse o classes, defendendo que os próprios governantes deveriam
Parlamento, as leis por ele elaboradas não iriam favorecer a classe extinguir, aos poucos, a figura do Estado organizado.
operária. Seria necessário colocar os representantes dos
trabalhadores no Parlamento. As mudanças passariam pelo caminho
político.
Apesar da Carta do Povo ter sido apresentada com mais de um
milhão de assinaturas, o Parlamento a rejeitou. No entanto, o
movimento sinalizou o caminho através do qual o operariado trilharia
na conquista de seus direitos.
O SOCIALISMO UTÓPICO
Antes de Marx e Engels publicarem o Manifesto Comunista (1848),
alguns pensadores esboçaram idéias no sentido de construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Marx os chamou de socialistas
utópicos pelo fato dos mesmos pregarem reformas no sistema capitalista, ao invés da sua destruição. Apesar de criticarem a exploração
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

dos trabalhadores, não questionavam a propriedade privada (com exceção de Pierre-Joseph Proudhon).
A seguir, os principais utópicos e uma síntese do que defendiam:
• Charles Fourrier – propunha a criação de comunidades
(falanges ou falanstérios), onde a divisão da riqueza seria proporcional à quantidade e qualidade do trabalho individual.
• Saint-Simon – em sua visão de mundo, a sociedade se divide em dois grupos (trabalhadores e ociosos); os trabalhadores (burgueses,
profissionais liberais, operários etc.) devem formar uma administração conjunta (governo) sobre a produção.
• Robert Owen – empresário que implantou práticas em sua fábrica, como a redução na jornada de trabalho e o aumento nos salários.
Como já foi dito, os socialistas utópicos criticavam as desigualdades e a exploração do sistema capitalista ao mesmo tempo em que
propunham reformas no sentido de humanizar o sistema (ao invés de destruí-lo, conforme Marx e Engels defendiam). É por isso que se diz
que os socialistas utópicos estavam mais para capitalistas humanizados do que para socialistas de fato.
SOCIALISMO CIENTÍFICO (OU MARXISTA)
Em 1848, quando o continente europeu estava sendo varrido por uma onda
de revoluções, os alemães Karl Marx e Friedrich Engels publicaram o
Manifesto Comunista, obra que apresentou ao mundo os postulados
ideológicos daquilo que viria a ser conhecido como socialismo científico ou
socialismo marxista.
Antes de publicarem a obra, Marx e Engels mergulharam profundamente no
estudo dos mecanismos de funcionamento do sistema capitalista. A partir
desses estudos (que não se limitaram ao capitalismo, mas se estenderam
aos sistemas socioeconômicos que o precederam), Marx e Engels
elaboraram algumas importantes teorias:
• Teoria da mais-valia – em linhas gerais, a mais-valia é a diferença entre
a riqueza que o operário produz através de seu trabalho e o salário que Friedrich Engels (à esquerda) e Karl Marx.
recebe por isso (pode-se perceber um abismo colossal nessa diferença).
• Teoria do materialismo histórico – os fatos e acontecimentos são determinados pelas condições sociais e econômicas da sociedade.
• Teoria da luta de classes – as lutas de classes são o motor da história, logo conclui-se que a história da humanidade é a história da
luta de classes.
• Teoria do materialismo dialético – cada sistema ou modo de FIQUE POR DENTRO
produção carrega consigo certas contradições que acabarão por destruí- Nos países onde regimes socialistas foram instalados (Rússia,
lo, o que acarretaria sua substituição por outro. China, Cuba etc.) verificou-se a instalação de uma ditadura sobre
o proletariado, ao invés de uma ditadura do proletariado.
De acordo com o pensamento marxista, o capitalismo não pode ser
Ditaduras totalitárias e monopartidárias, controladas por uma
reformado, tem de ser derrubado por uma revolução armada do burocracia (alta cúpula do partido comunista local), passaram a
proletariado. A propriedade privada seria eliminada, mas o Estado governar esses países, num projeto de poder bem distante do que
mantido e colocado sob o governo da própria classe trabalhadora (a foi concebido por Marx e Engels. A esse modelo dá-se o nome de
ditadura do proletariado, como Marx a definiu). Posteriormente, quando socialismo real.
a figura do Estado se tornasse obsoleta, a sociedade atingiria o
comunismo. Portanto, na visão marxista, o socialismo seria a transição do capitalismo para o comunismo.

O ANARQUISMO também envolver a eliminação imediata da figura do Estado, ou


seja, o comunismo deveria ser instalado imediatamente após a
A palavra anarquia apresenta dois significados na Língua
revolução que destruiria o capitalismo, sem a necessidade de uma
Portuguesa: princípio ideológico pregado por uma ideologia
etapa transitória.
revolucionária (significado denotativo) e bagunça, desordem
(significado conotativo). O substantivo vem do grego e, numa O CATOLICISMO SOCIAL
tradução mais precisa, significa “ausência de governo autoritário”. Em meio às agitações sociais que sacudiam a Europa no século
O anarquismo se estruturou como ideologia revolucionária no XIX, a Igreja Católica, pressionada pela sociedade da época, que
século XIX, a partir de pensadores como Mikhail Bakunin, que lhe cobrava um posicionamento quanto à questão social,
defendia a violência como a única estratégia capaz de destruir o apresentou ao mundo a encíclica Rerum Novarum (“Das Coisas
Estado burguês e implantar uma sociedade igualitária, sem Novas”), que sintetizou o pensamento e a doutrina social da Igreja.
classes, sem propriedade privada e sem Estado. Ao contrário de Assinada pelo papa Leao XIII em 1891, o documento criticava tanto
Marx, que via no proletariado a força revolucionária, Bakunin, o capitalismo selvagem quanto o socialismo revolucionário.
proveniente da Rússia, um país rural e sem indústrias no século Defendia o respeito à propriedade privada e conclamava patrões e
XIX, considerava o campesinato como a grande força empregados a um relacionamento harmônico, apontando o Estado
revolucionária que subverteria o Estado capitalista burguês. como arbitro nas disputas de classes.
Outra diferença entre os marxistas e os anarquistas: para Marx, A socióloga Carmem Lúcia Evangelho Lopes diz, em O que Todo
o socialismo seria uma etapa transitória entre o capitalismo e o Cidadão Precisa Saber sobre Sindicatos no Brasil, que Leão XIII
comunismo; para Bakunin, a derrubada do capitalismo deveria “abria a discussão da chamada ‘questãosocial’ dentro da Igreja

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


14
Aula 20 – Movimento Sociais e Ideais Políticas do Século XIX
Católica, afirmando que ‘o capital e o trabalho deviam viver em de opressão, novas formas de luta.
colaboração um com o outro, obedecendo aos princípios da Entretanto, a nossa época, a era da burguesia, caracteriza-se por
caridade cristã’. Ou seja, os patrões deviam ser justos na ter simplificado os antagonismos de classes. A sociedade divide-se
exploração do trabalho operário, e estes não deviam perturbar a cada vez mais em dois grandes campos opostos, em duas classes
ordem social com manifestações. A sociedade ideal para a Igreja inimigas: a burguesia e o proletariado. (...)
seria uma sociedade em que não haveria luta de classes, porque
Com o desenvolvimento da burguesia, isto é, do capital,
os ricos não seriam tão ricos e os pobres não seriam tão pobres.”
desenvolve-se o proletariado, a classe dos operários modernos,
A ambigüidade ideológica da encíclica Rerum Novarum está em que só vivem sob a condição de achar trabalho, e que não
apontar o Estado como árbitro dos conflitos entre patrões e encontram trabalho senão quando este faz aumentar o capital. Os
empregados. Como poderia o Estado burguês ser um árbitro operários, constrangidos a vender-se dia a dia, são uma
imparcial se a burguesia era um dos lados envolvidos nos conflitos mercadoria como outra qualquer; experimentam, por conseguinte,
de classes? todas as vicissitudes da concorrência, todas as flutuações do
HISTÓRIA E ARTE mercado.
O quadro “Il Quarto Stato” foi pintado em 1901 pelo italiano A introdução das máquinas e a divisão do trabalho, despojando o
Giuseppe Pellizza da Volpedo e apresentado no ano seguinte, em trabalho do operário de seu caráter individual, tiraram-lhe todo
Turim, Itália. atrativo. O produtor torna-se um simples apêndice da máquina:
A obra reflete as posições políticas e ideológicas do pintor, ao exige-se dele apenas a operação mais simples, mais monótona,
retratar o avanço de uma nova força social, o “quarto estado” (o mais rapidamente aprendida. Por conseguinte, o que custa hoje o
proletariado). O termo foi empregado numa alusão ao Terceiro operário reduz-se, quase exclusivamente, aos meios de
Estado da França revolucionária, que derrubou o regime manutenção de que ele tem necessidade para viver e reproduzir-
absolutista e instituiu um governo burguês. Para Volpedo, o se. Ora, o preço do trabalho, como de toda mercadoria, é igual ao
proletariado seria a grande força revolucionária capaz de derrubar custo de sua produção. Portanto, quanto mais o trabalho se torna
o Estado burguês e instalar uma nova ordem social. repugnante, mais os salários baixam.
Observe, na tela, que os trabalhadores marcham de maneira firme, Ainda mais, a quantidade de trabalho cresce com o
segura, mas também contida, sem exageros, como se estivesse desenvolvimento do maquinismo e da divisão do trabalho, quer
prestes a entrar no cenário da história e assumir de vez seu lugar. pelo prolongamento do dia de trabalho, quer pela maior intensidade
do trabalho por hora, ou ainda pela aceleração do movimento das
máquinas etc.
A indústria moderna transformou a pequena oficina do antigo
patrão patriarcal na grande fábrica do burguês capitalista. Massas
de operários, amontoados na fábrica, são organizados
militarmente. São como soldados industriais, estão sob a vigilância
de uma hierarquia completa de oficiais e suboficiais. Não são
somente escravos da classe burguesa, do Estado burguês, mais
ainda diariamente, a toda hora, escravos da máquina, do contra-
mestre e, sobretudo, do dono da fábrica. Quanto mais esse
despotismo proclama abertamente o lucro como seu fim único,
As cores que o pintor usou também comunicam uma poderosa tanto mais é mesquinho, odioso e exasperador.
mensagem: os trabalhadores saem de um fundo escuro rumo à luz. MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. Rio de Janeiro:
É a mensagem de um futuro vislumbrado por Volpedo para a Editorial Vitória, 1948, p. 19-20, 27-28.
classe trabalhadora. LEITURA COMPLEMENTAR II: A PRIMEIRA INTERNACIONAL
LEITURA COMPLEMENTAR I: BURGUESIA E PROLETARIADO “No início dos anos 1860, em vários países, os trabalhadores
A história de toda a sociedade tem sido, até os nossos dias, a estavam organizados em sindicatos e associações para lutar por
história das lutas de classes. seus direitos.
Homem livre e escravo, patrícios e plebeus, barão e servo, mestre- Para Marx, era preciso unificar a atuação desses grupos, formar
artesão e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, em um organismo independente das práticas liberais que congregasse
constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora os operários e, ao mesmo tempo, conquistasse o apoio de outros
franca, ora disfarçada; uma guerra que terminava sempre, ou por setores sociais explorados no mundo capitalista.
uma transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela Em 1864, em Londres, realizou-se a primeira reunião da
destruição das duas classes em luta. Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT). Conhecida
Nas primeiras épocas históricas, verificamos, quase por toda a como Primeira Internacional, a nova organização tinha como
parte, uma divisão hierárquica da sociedade, uma escala graduada objetivos valorizar a ação sindical e outras formas de luta dos
de posições sociais. Na Roma antiga, encontramos patrícios, trabalhadores por seus direitos políticos e sociais e, sobretudo,
cavaleiros, plebeus e escravos; na Idade Média, senhores, viabilizar a conquista do poder pelos trabalhadores. Seus lemas
vassalos, mestres, companheiros, servos; e, em cada uma destas eram: a permanente solidariedade entre os trabalhadores e suas
classes, gradações especiais. lutas; promoção do trabalho cooperativo; redução da jornada de
trabalho das mulheres e das crianças; difusão da lei da jornada de
A sociedade burguesa moderna, edificada sobre as ruínas da 10 horas pelos países; estímulo à organização sindical.
sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes. Ela
apenas substituiu as antigas por novas classes, novas condições Participaram do encontro pessoas ligadas às mais variadas

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


15
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

tendências: sindicalistas, cooperativistas, democráticos radicais,


republicanos, antigas lideranças cartistas, blanquistas, anarquistas.
A proposta de Marx de fazer da AIT um partido de massas na luta
pelo poder político sofreu críticas de muitas organizações, como os
anarquistas. Para eles, um partido político, mesmo que da classe
operária, era um instrumento de poder.”
VAINFAS, Ronaldo. et al. História. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 441.
CINEMATECA
Filmes relacionados com o tema do capítulo:
• Os Companheiros (1963), do diretor Mario Monicelli, traz
como cenário a Itália do fim século XIX para narrar a trajetória de
um ativista em meio a uma greve.
• Sacco e Vanzetti (1971), dirigido por Giuliano Montaldo, relata
a história de dois anarquistas, de origem italiana, condenados à
morte nos EUA, no início do século XX.
• Danes, um grito de justiça (1992), dirigido por Stijn Conix,
conta a história do padre Daens, sacerdote revolucionário que
assume uma igreja numa cidade da Bélgica, no fim do século XIX,
e se choca com a exploração de crianças e mulheres nas fábricas
do local.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


16
Aula 20 – Movimento Sociais e Ideais Políticas do Século XIX

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
“Com machado, lança ou fuzil
Meus valentes cortadores
Os que com apenas um só forte golpe
rompem com as máquinas cortadeiras"

O fragmento acima é parte da letra de uma canção entoada pelos ludistas, operários de fábricas que,
no início do século XIX:
a) reivindicavam significativas alterações na legislação operária vigente, a fim de reduzir a jornada de
trabalho.
b) protestavam contra a substituição da mão de obra humana por máquinas destruindo essas últimas.
c) divulgavam entre seus companheiros os princípios revolucionários da ideologia do socialismo
utópico.
d) alertavam os líderes sindicais quanto à penetração da ideologia do liberalismo econômico entre os
trabalhadores.
e) opunham-se à intermediação do Estado nas lutas conflitos entre o proletariado e a classe patronal.

Questão 02
A “Carta do Povo” ou “Cartismo” foi bastante reveladora do avanço da luta do proletariado, pois, nela
estavam presentes reivindicações de caráter político. Os trabalhadores começavam a compreender
que sua luta não era apenas econômica, mas também política. (...) O movimento cartista atingiu seu
ponto culminante em 1842, quando a “Carta” foi apresentada ao Parlamento. Este recusou qualquer
tipo de reforma (...). Reconhecendo que o simples apelo ao Parlamento não era o único caminho
possível para melhorar sua sorte, os trabalhadores, sobretudo a partir de 1850, fortaleceram a ação
sindical.
MARQUES, Adhemar; BERUTTI, Flavio; FARIA, Ricardo. História: Os Caminhos do Homem. 2. ed. Belo Horizonte: Lê, 1991,
p. 48.

A Revolução Industrial na primeira metade do século XIX levou os trabalhadores a organizarem-se na


busca de transformações ao reivindicarem na “Carta do Povo” ou Cartismo
a) a autonomia do movimento sindical e representação proporcional da população no Parlamento.
b) a extinção do voto censitário visando à participação das classes trabalhadoras no sistema político
inglês.
c) o direito dos sindicatos em intervir diretamente nas decisões do parlamento britânico.
d) a manutenção do sistema censitário para reservar o direito de voto aos trabalhadores de maior
renda.
e) a limitação do número de máquinas por fábricas visando a manutenção dos empregos aos
operários.

Questão 03
Texto 01
Portanto, a propriedade privada, na forma que existe na sociedade capitalista – dando à classe dos
proprietários o direito de explorar os demais – deve ser abolida. Mas como? Pedindo-se aos donos das
propriedades que abram mão delas? Eliminando pelo voto seus direitos de propriedade? Na verdade,
não, disseram Marx e Engels. Como então? Qual o método advogado? A revolução.

HUBERMAN, Leo. História da Riqueza do Homem. 3 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1967, p. 242.

Texto 02
(...) Negou todo o absoluto e todas as instituições baseando-se unicamente na incondicional soberania
do indivíduo humano. Negou todas as leis naturais e uma humanidade comum. (Max Stirner)
(...) Odiou o Estado e as fronteiras ao mesmo tempo em que professou convicções nacionalistas. Uma
frase sua tornou-se slogan dos libertários do mundo inteiro: "A Propriedade é um Furto". (Pierre-
Joseph Proudhon)
COSTA, Caio Túlio. O Que é Anarquismo. 15 ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1990, p. 32-35.

A partir das informações dos textos acima, infere-se que


a) marxistas e anarquistas defendem a propriedade privada dos meios de produção na busca de uma
sociedade mais justa.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


17
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

b) marxistas consideram as condições materiais como expressão da verdade histórica e, por isso,
privilegiam as fontes históricas oficiais e escritas.
c) pensadores materialistas, como Marx e Engels, privilegiam a cultura e as artes em detrimento da
Anotações
revolução.
d) materialistas e anarquistas sustentam a tese da importância do Estado para a manutenção da
ordem social.
e) a revolução seria o método advogado por Marx para o proletariado destruir o capitalismo e assim
criar o Estado socialista, ao passo que os anarquistas não aceitam nenhuma forma de Estado.

Questão 04
Para nós, a autoridade não é necessária à organização social; ao contrário, acreditamos que ela é sua
parasita, que impede sua evolução e utiliza seu poder em proveito próprio de uma certa classe que
explora e oprime as outras. Enquanto houver harmonia de interesses em uma coletividade, enquanto
ninguém quiser ou puder explorar os outros, não haverá marca de autoridade;....
Enrico Malatesta

A respeito da doutrina professada por Enrico Malatesta, é correto afirmar que:


a) ambicionava construir uma ciência da natureza humana, não estabelecia distinção entre ciência
física e ciência social e identificava a teoria moral, religiosa e política existente como o principal
obstáculo à realização das leis da harmonia.
b) afirmava que, após a revolução, os trabalhadores estabeleceriam a ditadura do proletariado e, mais
tarde, com o crescimento da produção e da riqueza, o próprio Socialismo daria lugar ao Comunismo,
sociedade na qual não existiriam as classes sociais e o Estado.
c) considera que o Estado e a propriedade privada são a fonte de todos os males sociais e devem ser
substituídos por uma sociedade de homens livremente associados, sem leis codificadas, sem polícia,
sem tribunais ou forças armadas.
d) acreditava que o Estado, a Igreja e a burguesia financeira e industrial seriam extintas lentamente,
sem a necessidade de lutas sociais, ao longo do processo histórico de desenvolvimento do Socialismo
e de sua transição para a sociedade anarquista.
e) preconiza uma sociedade na qual não haveria luta de classes, porque os ricos não seriam tão ricos
e os pobres não seriam tão pobres. O capital e o trabalho deveriam viver em colaboração um com o
outro, obedecendo aos princípios da caridade cristã.

Questão 05
A cada 1o de maio, lembramos de Parsons, Spies e seus companheiros de patíbulo. Mas poucos
lembram do nome de James Towle, que foi, em 1816, o último "destruidor de máquinas" enforcado.
Caiu pelo poço da forca gritando um hino luddita [sic] até que suas cordas vocais se fecharam num só
nó.
FERRER, Christian. Os destruidores de máquinas. In: "Libertárias", n. 4, dez/1998, São Paulo, p. 5.

Sobre os destruidores de máquinas, de que trata o texto acima, é correto afirmar que eles:
a) foram trabalhadores ingleses que combateram com ações diretas a mecanização dos teares
durante a Revolução Industrial.
b) eram grupos de rebeldes irlandeses liderados pelos radicais jacobinos insatisfeitos com a
restauração da monarquia dos Bourbon na França.
c) eram integrantes das vanguardas das trade unions, os primeiros sindicatos de trabalhadores da
Inglaterra, que elaboraram a “Carta do Povo”.
d) foram trabalhadores anarquistas que morreram enforcados por terem lutado pela jornada de oito
horas durante a greve geral de Haymarket Riot, em Chicago.
e) eram grupos de indígenas do meio oeste dos EUA, entre eles os sioux, que atacavam os trens
(cavalos de aço) que dividiam as manadas de búfalos dentro de seus territórios.

Questão 06
A revolução industrial ocorrida no final de século XVIII transformou as relações do homem com o
trabalho. As máquinas mudaram as formas de trabalhar, e as fábricas concentraram-se em regiões
próximas às matérias-primas e grandes portos, originando vastas concentrações humanas. Muitos dos
operários vinham da área rural e cumpriam jornadas de trabalho de 12 a 14 horas, na maioria das
vezes em condições adversas. A legislação trabalhista surgiu muito lentamente ao longo do século XIX
e a diminuição da jornada de trabalho para oito horas diárias concretizou-se no início do século XX.
Pode-se afirmar que as conquistas no início deste século de decorrentes da legislação trabalhista,
estão relacionadas com

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


18
Aula 20 – Movimento Sociais e Ideais Políticas do Século XIX
a) expansão do capitalismo e a consolidação dos regimes monárquicos constitucionais.
b) a expressiva diminuição da oferta de mão de obra, devido à demanda por trabalhadores
especializados.
Anotações
c) a capacidade de mobilização dos trabalhadores em defesa dos seus interesses.
d) o crescimento do Estado ao mesmo tempo que diminuía a representação operária nos parlamentos.
e) a vitória dos partidos comunistas nas eleições das principais capitais europeias.

Questão 07
Documento 01
"... a conversão da propriedade privada em propriedade coletiva, tão preconizada pelo socialismo, não
teria outro efeito que não fosse o de tornar a situação dos operários mais precária, retirando-lhes a
livre disposição do seu salário... e toda a possibilidade de aumentar o seu patrimônio e melhorar a sua
situação ... A propriedade privada e pessoal é para o homem de direito natural ... O homem deve
tomar com paciência a sua condição; é impossível que, na sociedade civil, toda a gente seja elevada
ao mesmo nível ... Contra a natureza todos os esforços são vãos ... O erro capital .... é o de crer que
as duas classes são inimigas natas uma da outra, como se a natureza tivesse armado os ricos e os
pobres para se combaterem mutuamente ... Não pode haver capital sem trabalho, nem trabalho sem
capital. A concordância engendra a ordem e a beleza ... Toda a economia das verdades religiosas... é
de natureza a aproximar ... os ricos e os pobres, lembrando às duas classes os seus mútuos
deveres..."

Documento 02
"O Congresso reunido em Saint Imier declara:
1 - Que a destruição de todo poder político é o primeiro dever do proletariado.
2 - Que toda organização de um poder que pretende ser provisório e revolucionário para efetivar
aquela destruição é um engano, e seria tão perigoso para o proletariado como todos os governos que
existem hoje.
3 - Que, rejeitando todo compromisso para chegar à realização da Revolução Social, os proletários de
todos os países devem estabelecer, fora de toda política burguesa, a solidariedade da ação
revolucionária."

Os documentos anteriores correspondem a duas interpretações sobre a realidade social do século


XIX. Respectivamente,
a) ao Socialismo Científico e à Doutrina Social da Igreja.
b) à Doutrina Social da Igreja e ao Anarquismo.
c) ao Socialismo Libertário e ao Socialismo Utópico.
d) ao Socialismo Utópico e ao Socialismo Científico.
e) à Doutrina Social da Igreja e ao Socialismo Científico.

Questão 08
“A maneira como os indivíduos manifestam sua vida reflete exatamente o que são. O que eles são
coincide, pois, com sua produção, isto é, tanto com o que eles produzem quanto com a maneira como
produzem. O que os indivíduos são depende, portanto, das condições materiais da sua produção.”
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Martins Fontes, 1989, p. 13.

Com base nessa citação do livro A ideologia alemã, que trata da teoria marxista para a interpretação
da sociedade, é correto afirmar que:
a) o capitalismo teve origem no modo de produção socialista, a partir de uma revolução burguesa.
b) o capitalismo teve origem em ideias religiosas, a partir do Renascimento, e no crescimento da
burguesia.
c) a produção de ideias na vida social, no decorrer da história, está separada da produção da vida
material.
d) a perspectiva de análise marxista examina a sociedade levando em consideração as relações
sociais estabelecias no modo de produção.
e) o pensamento marxista surgiu no início da revolução francesa, com a defesa da igualdade e da
fraternidade entre todos os seres humanos.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


19
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO governo. Grande parte dos manifestantes protestou de maneira


pacífica, inclusive levando filhos às marchas. Algumas lideranças,
Questão 01 inspiradas no Anarquismo, usaram violência, enfrentaram a polícia
e causaram várias depredações em bancos, lojas, veículos, etc.
Observe a imagem a seguir, que apresenta uma das formas de luta
Dentre as principais ideias clássicas do Anarquismo, está
e resistência dos trabalhadores europeus contra a profunda
a) o fim da autoridade do Estado e da propriedade privada.
exploração que sofriam nas primeiras etapas da Revolução
b) a instauração de uma república anarquista, apenas com um
Industrial.
presidente e sem leis.
c) a criação de uma ditadura do proletariado, dirigida por
representações políticas.
d) a instauração de uma coletividade socialista, baseada em
valores cristãos e solidários.
e) a implantação de um regime coletivista, igualitário e estamental.

Questão 04
Na produção social que os homens realizam, eles entram em
determinadas relações indispensáveis e independentes de sua
vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio
definido de desenvolvimento das suas forças materiais de
produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura
econômica da sociedade — fundamento real, sobre o qual se
erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual
Analisando a imagem, é correto afirmar que a estratégia de luta correspondem determinadas formas de consciência social.
apresentada é o MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In: MARX, K.; ENGELS, F.Textos
a) anarquismo, no qual os trabalhadores recusam-se a trabalhar 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado).
até que os patrões ofereçam melhorias.
b) trotskismo, no qual os trabalhadores agridem fisicamente os Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no
patrões para negociar melhorias nas fábricas. sistema capitalista faz com que
c) ludismo, no qual os trabalhadores destroem as máquinas das a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.
fábricas, consideradas símbolos da opressão. b) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção
d) vandalismo, no qual os trabalhadores destroem as fábricas com material.
a intenção de prejudicar o governo. c) a consolidação das forças produtivas seja compatível com o
e) socialismo, no qual os trabalhadores quebram a propriedade progresso humano.
privada para construir o sindicato. d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao
desenvolvimento econômico.
Questão 02 e) a burguesia revolucione o processo social de formação da
“[...] o operário não se reconhece no produto que criou em consciência de classe.
condições que escapam a seu arbítrio e às vezes até a sua
compreensão, nem vê no trabalho qualquer finalidade que não seja Questão 05
a de garantir sua sobrevivência. E a própria ‘produção multiplicada
que nasce por obra da cooperação dos diferentes indivíduos sob a
ação da divisão do trabalho’ aparece aos produtores como um
poder alheio, sobre o qual não têm controle, não sabem de onde
procede e sentem como se estivesse situado à margem deles,
independente de sua vontade e de seus atos e que ‘até mesmo
dirige esta vontade e estes atos’.”
QUINTANEIRO, Tania. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2 ed. Belo
Horizonte. Editora: UFMG, 2009, p. 52.

De acordo com o texto, a situação vivida pelos operários no século


XIX revelava a
a) alienação no processo de trabalho nas indústrias.
b) interferência do Estado no controle das fábricas.
c) consolidação de uma legislação trabalhista na Europa.
Fonte: Machine breakers. Autor desconhecido, 1812. Disponível em:
d) ausência de movimentos operários em pequenas cidades. http://www.learnhistory.org.uk/cpp/luddites.htm. Acesso em 23/1/2012.
e) organização dos assalariados em cooperativas autossuficientes.
O trabalhador estava preocupado não com o progresso técnico
Questão 03 abstratamente, mas com problemas práticos, em impedir o
Recentemente, aconteceram no Brasil diversas marchas e desemprego e manter o padrão de vida habitual, que incluía fatores
manifestações de protesto em favor de mudanças em setores e em não monetários, tais como a liberdade e a dignidade, bem como os
serviços prestados especialmente pela máquina pública de salários. Assim, não era às máquinas como tal que o movimento

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


20
Aula 20 – Movimento Sociais e Ideais Políticas do Século XIX
[ludista] objetivava, mas a qualquer ameaça ao bem-estar do e) a ação dos ludistas visava enfraquecer o movimento dos
trabalhador – acima de tudo à mudança total nas relações sociais quebradores de máquinas, que ameaçavam, com suas ações
da produção que o ameaçavam. Se esta ameaça vinha da violentas, a harmoniosa relação entre industriais e operários nos
máquina, ou de alguma outra parte, dependia das circunstâncias. primeiros anos da Revolução Industrial.
Fonte: HOBSBAWM, Eric. Os Trabalhadores. SP: Paz e Terra. 2010, p. 24-25
(adaptado, com cortes). Questão 07
O movimento ludista atingiu o auge por volta de 1810-1812, em
Da leitura das informações anteriores, infere-se que seu conteúdo
Nottingham, Inglaterra. Tratava-se inicialmente, de uma reação do
a) defende a ideia de que o movimento ludista visava
operariado ao fato de os industriais do setor de tecelagem de
exclusivamente à destruição das máquinas, responsabilizadas pelo
meias diminuírem os salários, para melhor competir entre si. Os
aumento do desemprego e pelo agravamento da crise social para
ludistas agiam, geralmente, em grupos de cinquenta operários e,
os trabalhadores.
evidentemente, levaram as autoridades a agirem contra eles. Em
b) demonstra que o movimento ludista, ao contrário das imagens
1813, apenas em York, 17 ludistas foram enforcados.
difundidas pelos próprios capitalistas, não atuava de forma MARQUES, Adhemar; BERUTTI, Flavio; FARIA, Ricardo. História: Os Caminhos do
violenta, mas, sim, por meio de representantes do movimento Homem. 2. ed. Belo Horizonte: Lê, 1991, p. 48.
operário e dos sindicatos.
c) aponta para a proposta do movimento ludista de uma alternativa O trecho do texto faz referência às condições de trabalho dos
de construção social, centrada no ser humano em vez de nas operários ingleses no início da Revolução Industrial, levando-os a
máquinas, caracterizando-o como uma crítica ao sistema a) reivindicarem o surgimento de sindicatos organizados.
capitalista então vigente. b) redigirem a Carta do Povo com reivindicações políticas.
d) defende a concepção de que o movimento ludista teria sido c) organizarem greves as quais foram atendidas com exceção dos
estimulado pelos próprios industriais, objetivando, por meio da patrões de York.
destruição das máquinas de outros burgueses, a redução da d) reagirem às novas condições de trabalho quebrando máquinas
concorrência. nas fábricas.
e) demonstra que o movimento ludista, por meio da destruição de e) protestarem de modo amistoso, buscando a organização de
máquinas e da atuação de representantes operários junto aos cooperativas operárias.
industriais, forçou a burguesia a conceder uma série de benefícios
aos trabalhadores. Questão 08
A história de todas as sociedades tem sido a história das lutas de
Questão 06
classe. Classe oprimida pelo despotismo feudal, a burguesia
Que poderiam fazer os trabalhadores para melhorar sua sorte? conquistou a soberania política no Estado moderno, no qual uma
Que teria feito o leitor? Suponhamos que tivesse ganhado a vida exploração aberta e direta substituiu a exploração velada por
razoavelmente fazendo meias à mão. Suponhamos que ilusões religiosas.
presenciasse a construção de uma fábrica, com máquinas, que A estrutura econômica da sociedade condiciona as suas formas
dentro em pouco produzissem tantas meias, a preços tão baratos, jurídicas, políticas, religiosas, artísticas ou filosóficas. Não é a
que o leitor tivesse cada vez mais dificuldade em ganhar mais ou consciência do homem que determina o seu ser, mas, ao contrário,
menos sua vida, até ficar à beira da fome. Naturalmente, pensaria são as relações de produção que ele contrai que determinam a sua
nos dias anteriores à máquina. Olharia à sua volta e estremeceria consciência.
com a pobreza que estava atravessando. Perguntaria a si mesmo a (Adaptado de K. Marx e F. Engels, Obras escolhidas. São Paulo: AlfaÔmega, s./d.,
causa, como já teria feito mil vezes, chegando à mesma conclusão vol 1, p. 21-23, 301-302.0
– a máquina. Foi a máquina que roubou o trabalho dos homens e
reduziu o preço das mercadorias. A máquina – eis o inimigo. As proposições dos enunciados acima podem ser associadas ao
Adaptado de HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: pensamento conhecido como
Guanabara, 1986, p. 185.
a) materialismo histórico, que compreende as sociedades humanas
a partir de ideias universais independentes da realidade histórica e
A leitura das informações citadas permite-nos concluir que social.
a) o movimento ludista, ou dos quebradores de máquinas, foi uma b) materialismo histórico, que concebe a história a partir da luta de
reação imediata dos trabalhadores contra a concorrência desleal classes e da determinação das formas ideológicas pelas relações
das máquinas na produção, surgidas com o desenvolvimento do de produção.
capitalismo industrial. c) socialismo utópico, que propõe a destruição do capitalismo por
b) a ação dos quebradores de máquinas visava enfraquecer o meio de uma revolução e a implantação de uma ditadura do
movimento ludista, caracterizado pela parceria entre operários e proletariado.
industriais, com o objetivo de preservar seus empregos, d) socialismo utópico, que defende a reforma do capitalismo, com o
ameaçados pelo desenvolvimento tecnológico. fim da exploração econômica e a abolição do Estado por meio da
c) a parceria entre ludistas e quebradores de máquinas visava, por ação direta.
meio da sabotagem em indústrias, garantir a manutenção dos
empregos dos operários, ameaçados pelo aumento constante dos Questão 09
investimentos em novas tecnologias.
Leia, com atenção, os textos a seguir.
d) os ludistas, ou quebradores de máquinas, direcionavam suas
ações contra industriais concorrentes de seus patrões, garantindo, Documento 1:
com isso, o crescimento de determinados grupos de capitalistas, "Defendi por quarenta anos o mesmo princípio: liberdade em cada
em detrimento de outros. coisa, na religião, na filosofia, na literatura, na indústria, na política;

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


21
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

e por liberdade entendo o triunfo da individualidade, seja sobre a de interesses em uma coletividade, enquanto ninguém quiser ou
autoridade que gostaria de governar de forma despótica, seja puder explorar os outros, não haverá marcas de autoridade; mas,
sobre as massas que reclamam o direito de sujeitar a minoria à quando surgirem lutas internas e a coletividade se dividir em
maioria." vencedores e vencidos, então a autoridade aparecerá, autoridade
que, naturalmente, estará a serviço dos interesses dos mais fortes
Documento 2: e servirá para confirmar, perpetuar e reforçar sua vitória."
"Não sou socialista, porque o socialismo concentra e engole, em (Enrico Malatesta. Textos escolhidos. Porto Alegre: LPM, 1984, p. 25)
benefício do Estado, todas as forças da sociedade; porque conduz
inevitavelmente à concepção da propriedade nas mãos do Estado, O fragmento acima defende postura
enquanto eu proponho (...) a extinção definitiva do princípio mesmo a) humanista: acredita na harmonia entre os homens e opõe-se a
da autoridade e tutela, próprios do Estado, o qual, com o pretexto qualquer tipo de conflito social.
de moralizar e civilizar os homens, conseguiu (...) somente b) anarquista: rejeita a necessidade da autoridade e a vê como
escravizá-los, persegui-los e corrompê-los." instrumento de poder e de dominação.
c) autoritária: concebe a autoridade como natural e exclui qualquer
Nos documentos anteriores, estão expressas duas visões da tentativa de utilizá-la na vida em comunidade.
realidade social elaboradas no século XIX representativas das d) socialista: critica a autoridade exercida pela classe dominante e
ideias: defende o poder nas mãos dos trabalhadores.
a) do liberalismo e do socialismo utópico. e) liberal: celebra o valor universal da liberdade e recusa a
b) da doutrina social da Igreja e do socialismo científico. imposição da vontade de uns sobre outros.
c) do socialismo utópico e do anarquismo.
d) do liberalismo e do anarquismo. Questão 12
e) da doutrina social da Igreja e do socialismo utópico. Os anarquistas, senhores, são cidadãos que, em um século em
que se prega por toda a parte a liberdade das opiniões, acreditam
Questão 10 ser seu dever recomendar a liberdade ilimitada. (...)
O quadro a seguir, criado pelo italiano Giuseppe Pellizza, é uma Os anarquistas propõem-se, pois, a ensinar ao povo a viver sem
expressiva representação da emergência dos movimentos sociais governo, da mesma forma como ele começa a aprender a viver
no final do século XIX, ao mostrar uma multidão de trabalhadores sem Deus.
que, determinadamente, avança para reivindicar seus direitos. Declaração dos Anarquistas, 1883.
(VOILLIARD, Odette et alii. Documents d'Histoire Contemporaine (1851-1971).
Esse fenômeno de desenvolvimento das organizações coletivas, Paris: Armand Colin, 1964.)
como o movimento sindical e os partidos políticos, teve início na
Europa e Estados Unidos do século XIX, espalhando-se por todo o No texto acima, está apresentado o seguinte princípio do
mundo ocidental. anarquismo:
a) rejeição do poder instituído, negando a necessidade do Estado.
b) recusa das eleições, substituindo-as pelo sindicalismo
revolucionário.
c) fim do Estado e da Igreja, pregando sua substituição por ações
de um cooperativismo associacionista.
d) superioridade da ação profissional sobre a da política, buscando
a independência dos partidos políticos.

Questão 13
Leia com atenção as proposições abaixo:
Qual das afirmativas a seguir corresponde às condições sociais
I. "A história de qualquer sociedade até aos nossos dias foi apenas
daquele período?
a história da luta de classes. Homem livre e escravo, patrício e
a) A rígida estratificação social impedia que os camponeses plebeu, barão e servo, mestre e companheiro, numa palavra
procurassem trabalho fora dos limites feudais. opressores e oprimidos em oposição constante, desenvolveram
b) A estagnação do setor econômico-produtivo, centralizado num uma guerra que acabava sempre ou por uma transformação
mundo agrário incapaz de atender às necessidades humanas de revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das duas
subsistência. classes em luta."
c) Leis trabalhistas que reconheciam os direitos dos homens, II. "Se me pedissem para responder à pergunta - 'O que é a
mulheres e crianças. escravidão?' e eu respondesse numa só palavra: 'Assassinato!',
d) As péssimas condições de vida dos mais pobres, com longas todos entenderiam imediatamente o significado da minha resposta.
jornadas de trabalho e precárias condições de habitação. Não seria necessário utilizar nenhum outro argumento para
e) A expansão dos governos democráticos, abertos à participação demonstrar que o poder de roubar um homem de suas ideias, de
popular e à inclusão dos mais pobres na política. sua vontade e sua personalidade é um poder de vida ou morte e
que escravizar um homem é o mesmo que matá-lo. Por que, então,
Questão 11 não posso responder da mesma forma a essa outra pergunta: 'O
"Para nós, a autoridade não é necessária à organização social; ao que é a propriedade?' com uma palavra só: 'Roubo'."
contrário, acreditamos que ela é sua parasita, que impede sua Assinale a alternativa CORRETA.
evolução e utiliza seu poder em proveito próprio de uma certa a) A primeira proposição reproduz um trecho de uma das mais
classe que explora e oprime as outras. Enquanto houver harmonia importantes obras do filósofo alemão Karl Marx, que serviu de base
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
22
Aula 20 – Movimento Sociais e Ideais Políticas do Século XIX
para a ideologia liberal desenvolvida no século XIX.
b) A segunda proposição refere-se ao manifesto cristão proposto
por bispos da Igreja, indignados com a miséria que assolava as
classes trabalhadoras europeias no século XIX.
c) A "luta de classes" é um dos principais aspectos da doutrina
marxista e a definição da "propriedade como um roubo" tornou-se
um dos principais lemas do anarquismo desde o século XIX.
d) A segunda proposição é de Joseph Proudhon, teórico liberal
francês, indignado com a escravidão ainda praticada em
determinados continentes no século XIX.
e) A segunda proposição refere-se à região da Palestina na
perspectiva sionista, desenvolvida na Europa ao final do século
XIX.

Questão 14
"A história de toda sociedade existente até hoje tem sido a história
das lutas de classes. A sociedade moderna, burguesa, surgida das
ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes
Apenas estabeleceu novas classes, novas condições de opressão,
novas formas de luta em lugar das velhas."
As opções abaixo têm relação com o fragmento do texto acima,
extraído do Manifesto Comunista redigido por Marx e Engels há
150 anos, EXCETO:
a) Solidariedade entre as classes, com a superação de suas
rivalidades para abolir as injustiças sociais.
b) Materialismo Histórico, já que a história é feita a partir das
condições materiais da vida dos homens.
c) Materialismo Dialético, quando o capitalismo, pelas suas
contradições, dá origem ao socialismo.
d) Mais-Valia, em que ficam evidentes as condições de opressão a
que a classe trabalhadora é submetida.
e) Luta de Classes, quando finalmente os oprimidos se libertam de
seus opressores.

Questão 15
Leia o texto a seguir:
"Até hoje a história de todas as sociedades que existiram até os
nossos dias tem sido a história das lutas de classes (...). A
sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da sociedade
feudal, não aboliu os antagonismos de classe (...). De todas as
classes que ora enfrentam a burguesia, só o proletariado é uma
classe verdadeiramente revolucionária."

Deve-se atribuir esse texto


a) a Fidel Castro, sendo parte de seu discurso realizado em 16 de
outubro de 1953, conhecido como "A História me absolverá".
b) a Karl Marx e a Friedrich Engels, sendo trecho do Manifesto
Comunista de 1848, em que conclamavam os trabalhadores de
todas as nações a se unirem contra as injustiças da sociedade
capitalista.
c) a Luís Inácio Lula da Silva, sendo parte de seu discurso
realizado em março de 1979 no grande ABC, região da grande São
Paulo, no qual conclamava os proletários à greve geral.
d) a Trotsky, e ao documento em que incitava as organizações
operárias da França, Inglaterra e Estados Unidos a fazer
manifestações e greves em apoio ao governo Bolchevique.
e) a Lênin, sendo parte de seu discurso durante a abertura do II
Congresso do Partido Comunista da União Soviética em 16 de
fevereiro de 1922.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


23
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

IMPERIALISMO E NEOCOLONIALISMO
INTRODUÇÃO
Cecil John Rhodes foi um empresário britânico que viveu no século XIX e se tornou um dos maiores
incentivadores da ação imperialista de seu país na Ásia e na África. Externando seu pensamento
sobre o assunto, Rhodes disse: “O mundo está quase todo parcelado, e o que dele resta está sendo
dividido, conquistado, colonizado. Penso nas estrelas que vemos à noite, esses vastos mundos que
jamais poderemos atingir. Eu anexaria os planetas se pudesse; penso sempre nisso. Entristece-me
vê-los tão claramente e ao mesmo tempo tão distantes.”
Rhodes não estava sozinho quanto às concepções imperialistas, ele apenas exprimiu o pensamento
de muitos homens e governos europeus de seu tempo, que se lançaram, em meados do século XIX,
a uma verdadeira corrida pela dominação e partilha de vastas regiões da Ásia e da África.
Em Précis de législation et d'économie coloniale (LegisLação específica da economia colonial), cuja
primeira edição data de 1895, Jean-Paul-Claude Rougier faz coro ao pensamento imperialista
europeu do século XIX: “Colonizar é relacionar-se com os países novos para tirar benefícios dos
recursos de qualquer natureza destes países, aproveitá-los no interesse nacional, e ao mesmo tempo
levar às populações primitivas, que delas se encontram privadas, as vantagens da cultura intelectual, Cecil John Rhodes
social, científica, moral, artística, literária, comercial e industrial, apanágio das raças superiores. A
colonização é, pois, um estabelecimento fundado em país novo por uma raça de civilização avançada, para realizar o duplo fim que
acabamos de indicar.”
AS RAÍZES DA CORRIDA IMPERIALISTA
Com a expansão do processo de mecanização da indústria (Revolução Industrial) para além dos limites da Inglaterra, na primeira metade
do século XIX, ocorreu um considerável aumento na produção européia. Esse aumento da produção foi maior do que a capacidade do
mercado europeu em absorvê-la. Além disso, as barreiras protecionistas dificultavam, nesse momento de intensa competição, o comércio
entre os países do Velho Mundo. Era clara a necessidade de ampliar mercados consumidores. A dominação de regiões na Ásia e na África
e a transformação das mesmas em áreas coloniais apresentava-se como uma solução para o problema, pois essas colônias consumiriam o
excedente dos produtos de suas metrópoles.
As regiões coloniais dominadas poderiam fornecer às metrópoles matérias primas para
suas indústrias, bem como absorver os excedentes de capitais e de mão de obra do
Velho Mundo. Cecil John Rhodes, o empresário inglês do qual já falamos, disse a esse
respeito:
“A idéia que mais me acode ao espírito é a solução dos problema social, a saber: nós, os
colonizadores, devemos, para salvar os 40 milhões de habitantes do Reino Unido de
uma mortífera guerra civil, conquistar novas terras a fim de aí instalarmos o excedente
da nossa população, de aí encontrarmos novos mercados para os produtos das nossas
fábricas e das nossas minas. O Império, como sempre tenho dito, é uma questão de
estômagos. Se quereis evitar a guerra civil, é necessário que vos torneis imperialistas.”
Por fim, enumeramos a necessidade, por parte das potências européias, do Charge retratando a expansão imperialista inglesa do
século XIX.
estabelecimento de bases estratégicas para o fortalecimento de seu comércio
internacional, papel que as regiões coloniais dominadas poderiam cumprir de forma
eficiente. Na perspectiva da política internacional da época, a posse de colônias e áreas de influência era um atestado do poder e força dos
países europeus.
Na verdade, a corrida imperialista desenvolveu-se no contexto de transição do capitalismo industrial (ou concorrencial) para o capitalismo
financeiro (ou monopolista), quando algumas poderosas empresas passaram a dominar a produção e controlar o mercado, eliminando a
concorrência e monopolizando os preços dos produtos por elas fabricados.
Na obra O imperialismo, fase superior do capitalismo, o líder revolucionário russo Vladimir Ilitch, mais conhecido por Lenin, apresenta as
cinco características fundamentais do imperialismo:
1. concentração da produção e do capital, atingindo um grau de desenvolvimento tão elevado que origina os monopólios cujo papel é
decisivo na vida econômica;
2. fusão do capital bancário e do capital industrial, e criação, com base nesse ‘capital financeiro’, de uma oligarquia financeira;
3. diferentemente da exportação de mercadorias, a exportação de capitais assume uma importância muito particular;
4. formação de uniões internacionais monopolistas de capital que partilham o mundo entre si;
5. encerramento da partilha territorial do globo entre as maiores potências capitalistas.
O PRETEXTO IDEOLÓGICO PARA A DOMINAÇÃO
A ação imperialista européias sobre a África e a Ásia foi acompanhada pela crença de que os europeus deveriam assumir sua missão
civilizadora sobre o mundo. Essa crença deriva da idéia da suposta superioridade da raça branca sobre as demais, mito que se difundiu

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


Aula 21 – Imperialismo e Neocolonialismo
entre a intelectualidade européia no século XIX.
No fragmento de Jean-Paul-Claude Rougier, reproduzido na introdução deste capítulo, temos um perfeito exemplo da “missão civilizadora”
que os europeus reclamavam para si: “Colonizar é (...) levar às populações primitivas, que delas se encontram privadas, as vantagens da
cultura intelectual, social, científica, moral, artística, literária, comercial e industrial, apanágio das raças superiores. A colonização é, pois,
um estabelecimento fundado em país novo por uma raça de civilização avançada, para realizar o duplo fim que acabamos de indicar.”
Foi nesse espírito que o poeta inglês Rudyard Kipling, que ficou conhecido como o poeta do imperialismo, escreveu The White man’s
burden (“O fardo do homem branco”), onde podemos ler os versos abaixo:
“Assumi o fardo do homem branco,
Enviai os melhores dos vossos filhos,
Condenai vossos filhos ao exílio,
Para que sejam os servidores de seus cativos,
Para que velem, pesadamente ajaezados,
Os povos sublevados e selvagens,
Povos recém dominados, inquietos,
Meio demônios, meio infantis,
Assumi o fardo do homem branco,
Tudo o que fizerdes ou deixardes
Servirá a esses povos silenciosos e consumidos,
Para pesar vossas mercadorias e vós mesmos.”
O filósofo inglês Herbert Spencer apresentou uma reinterpretação da DARWINISMO SOCIAL
teoria da evolução, de Charles Darwin, ao pregar a existência de raças “A luta pela sobrevivência entre os animais correspondia
superiores e raças inferiores. Segundo Spencer, as raças superiors à concorrência capitalista; a seleção natural não era nada
tendem a dominar as raças inferiores, numa espécie de “seleção natural”. além da livre troca dos produtos entre os homens; a
Essa idéia ficou conhecida por darwinismo social e foi largamente utilizada sobrevivência do mais capaz, do mais forte era
pelos países europeus para justificar seus domínios na Ásia e na África, demonstrada pela forma criativa dos gigantes da
criando as condições para o aumento do preconceito contra os povos indústria, que engoliam os competidores mais fracos, em
desses continentes, vistos como inferiores. seu caminho para o enriquecimento.”
De acordo com o naturalista inglês Alfred Wallace, que viveu no século Herbert Spencer
XIX, “as qualidades morais e físicas dos europeus são superiores; a
mesma força e a mesma capacidade que levaram a sair, há alguns séculos, da condição de selvagem nômade para seu atual estado de
cultura e progresso concedem-lhe o direito, quando em contato com o selvagem, de ser o vitorioso na luta pela existência e de crescer à
custa de seu sacrifício”.
Em discurso no parlamento francês, em 1885, o primeiro ministro Jules Ferry disse: “As raças superiores têm um direito perante as raças
inferiores. Há para elas um direito porque há um dever para elas. As raças superiores têm o dever de civilizar as inferiores (...). Vós podeis
negar, qualquer um pode negar que há mais justiça, mais ordem material e moral, mais equidade, mais virtudes sociais na África do Norte
desde que a França a conquistou?”
Dez anos depois, outro político, o inglês Joseph Chamberlain, proclamava: “Sim, eu acredito nesta raça, a maior das raças governantes que
o mundo jamais conheceu, orgulhosa, tenaz, confiante em si, resoluta, que nenhum clima, nenhuma mudança pode degenerar e que,
infalivelmente, será a força predominante da história futura e da civilização. Eu creio no futuro deste império, grande como o mundo, do
qual um inglês não pode falar sem um arrepio de entusiasmo.”
O kaiser alemão Guilherme II, segundo o historiador Eric Hobsbawm, recomendava aos seus súditos: “Quando estiverdes entre os
chineses, lembrai que sois a vanguarda da Cristandade e atravessais com vossas baionetas todo odioso infiel de marfim que virdes. Fazei-
os compreender o que significa a nossa civilização ocidental.”
Outro arauto da suposta missão civilizadora dos europeus foi o magazine britânico The Edinburgh Review, um dos mais influentes do
século XIX: “(...) o moderno movimento europeu de expansão não é (...) um movimento meramente a favor de anexação territorial (...). Não
somos vorazes grileiros, mas os apóstolos de uma idéia, os missionários da civilização ocidental.”
É importante ressaltar também a ação missionária cristã (católica e protestante) que acompanhou a corrida imperialista. Na visão dos
cristãos europeus, o domínio colonial facilitava a propagação da palavra de Deus e dos preceitos da fé cristã. Esses missionários
dedicavam-se não só à pregação do Evangelho, mas também à educação e assistência médica e social.
O escocês David Livingstone, pastor protestante que se embrenhou pelo interior do continente africano, desbravando-o à medida em que
se dedicava à atividade missionária, deixou um minucioso relato de suas viagens em Missionary travels and researches in South Africa
(“Viagens missionárias e pesquisas na África do Sul”), obra publicada em 1857. Nela, Livingstone apresentou aos europeus um mundo
desconhecido e curioso, o que estimulou a organização de outras expedições exploradoras com o objetivo de conhecer o continente
africano.
A PARTILHA DA ÁFRICA
No início do ano de 2008, o mundo assistiu com perplexidade a uma onda de violência e horror no Quênia, país do leste da África. A
reeleição do presidente Mwai Kibaki foi acompanhada de denúncias de fraude no processo eleitoral. Os oposicionistas denunciaram que o
candidato vencedor manipulou os resultados do pleito e isso serviu de estopim para uma onda da protestos que logo se transformou num

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


25
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

choque armado entre as diversas etnias que disputam o poder no país, provocando um verdadeiro banho de sangue.
O caso recente no Quênia é apenas um retrato da situação que ocorre em outros países da África, continente onde as fronteiras
geopolíticas não correspondem à realidade étnica e cultural.
Observe o quadro abaixo:

Note que as fronteiras geopolíticas da África foram traçadas artificialmente pelos colonizadores europeus, que não levaram em conta a
diversidade étnica e cultural dos diversos povos africanos. Grupos étnicos que eram inimigos foram reunidos sob as mesmas fronteiras
pelos colonizadores. Enquanto o poder da metrópole pairou sobre eles, conflitos foram controlados pela força armada dos exércitos
coloniais. Após a descolonização (processo de independência), a partir da metade do século XIX e a consequente retirada dos exércitos
europeus, esses países mergulharam em guerras civis e violentos conflitos étnicos, realidade que acompanha o continente africano até os
nossos dias. Entretanto, deve-se lembrar que guerras entre tribos e povos africanos já ocorriam antes mesmo da chegada dos europeus ao
continente (e também a prática da escravidão entre os próprios africanos). Não se pode atribuir a culpa exclusiva aos europeus pelos
problemas atuais da África (ver Leitura IV ao fim do capítulo).
A partilha da África entre as potências européias ocorreu na Conferência de Berlim (1884-85). Ali foram traçadas as fronteiras artificiais de
que falamos. O mapa abaixo mostra o continente africano no início do século XX:

Inglaterra e França foram os países que mais se apoderaram de possessões naquele continente. Cerca de 90% da África caiu sob o
domínio colonial europeu. À medida em que esse domínio colonial avançou, avançou também a destruição das tradicionais formas de vida
e organização tribal dos povos da região.
“Antes do aparecimento dos europeus, todos os habitantes nativos do território eram economicamente auto-suficientes (...) Cada família
banto produzia sua alimentação, plantando e criando gado; também construía as próprias cabanas e fazia a maioria de suas roupas e
utensílios domésticos (...) Desde a vinda dos europeus, essa antiga auto-suficiência se desmoronou”, escreve Jack Woddis em África, as
Raízes da Revolta.
COLÔNIAS OU ÁREAS DE INFLUÊNCIA?
O imperialismo europeu sobre a África e a Ásia produziu não resultou apenas na organização de colônias, mas também na formação de
áreas de influência.
Quando a dominação imperialista ocorreu de forma plena, com o controle econômico e político da região subjugada pelos europeus, temos
uma colônia. A Índia é um exemplo de colônia, uma vez que foi anexada ao Império Britânico (a dominação inglesa se deu em todos os

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


26
Aula 21 – Imperialismo e Neocolonialismo
planos). As colônias podiam ser de dois tipo:
• de enraizamento (aquelas que experimentaram uma imigração dos colonizadores em massa);
• de enquadramento (os colonizadores eram minoria em relação à população local).
Quando o domínio imperialista alcançou apenas a esfera econômica, preservando o controle político nas mãos dos nativos (ainda que,
por vezes, esse governo não passasse de um fantoche manipulado pelos países europeus), temos uma área de influência. A China se
encaixa nessa categoria, pois o controle político permaneceu nas mãos dos nativos, ainda que o país tenha se transformado numa área de
influência.
COLONIALISMO X NEOCOLONIALISMO
Ao compararmos a dominação colonial praticada pelos europeus entre os séculos XVI a XVIII com a praticada nos séculos XIX e XX
(neocolonialismo), deparamo-nos com diferenças significativas.
O quadro comparativo abaixo, adaptado da obra História e Consciência do Mundo, do professor Gilberto Cotrim, nos fornece a exata
medida dessas diferenças.
COLONIALISMO NEOCOLONIALISMO
(SÉCULO XVI) (SÉCULO XIX)

Área principal de atuação América África e Ásia

capitalismo industrial e financeiro


Fase do capitalism capitalismo comercial
(período de transição)

Patrocinadores burguesia comercial e Estados burguesia financeiro industrial e Estados da


metropolitanos europeus Europa (além dos EUA e do Japão)

obtenção de metais preciosos, reserva de mercado para a produção


matérias primas e mercados industrial, obtenção de matérias primas e
Objetivos econômicos
para manufaturas européias absorção dos excedentes de capitais e mão
de obra

o homem branco tem a missão civilizadora de


Justificativa ideological expansão da fé cristã espalhar o progresso técnico científico pelo
mundo
A REAÇÃO DOS NATIVOS AO IMPERIALISMO
À dominação imperialista européia sobre a África e a Ásia seguiram-se SAIBA MAIS
diversas manifestações de reação dos nativos ao neocolonialismo. A Guerra dos Bôeres (1899-1902) foi um conflito entre os
As principais foram: a Guerra do Ópio, na China; a Revolta dos bôeres (colonos holandeses, também chamados de
Cipaios, na Índia; a Revolta dos Boxers, na China. Alguns autores africândres) e os ingleses, pela posse das colônias de
relacionam a Guerra dos Bôeres, no Sul do continente africano, como Orange e Transvaal, inicialmente ocupadas pelos holandeses.
uma reação dos nativos ao domínio colonial europeu. Essa percepção A descoberta de diamantes na região atraiu o interesse dos
é um equívoco, uma vez que esse conflito opôs os ingleses aos ingleses, que derrotaram os bôeres e anexaram Orange e
descendentes de holandeses (ou bôeres) pelo controle da região. Transvaal às colônia britância do Cabo, o que daria origem ao
O sentimento de humilhação e exploração que atingia os nativos era que conhecemos hoje por África do Sul.
reforçado pela postura racista e de superioridade dos europeus que
viviam nas regiões coloniais. Muitos desses europeus se recusavam a empregar em suas
casas criados nativos dos países dominados, preferiam trazer do Velho Mundo seus próprios
empregados. A discriminação era de tal ordem que atingia até mesmo aqueles provenientes
da elite colonial, como os príncipes hindus. A etiqueta britânica não permitia que os indianos,
mesmo os mais ricos, frequentassem os mesmos lugares que os súditos ingleses que viviam
na Índia. Um vietnamita assim se expressou quanto ao domínio colonial francês sobre seu
país: “Aos vossos olhos, somos selvagens, animais obscuros, incapazes de distinguir entre o
Bem e o Mal. Não somente vos recusais a nos tratar em pé de igualdade, como temeis até a
nossa aproximação, como se fôssemos objeto de asco. Nosso coração se enche de tristeza e
de vergonha, quando à noite, repassamos todas as humilhações que sofremos, durante o dia.
Presos a uma máquina que mina nossa energia, estamos reduzidos à impotência. Por isso é
que só os mendigos ousam apresentar-se nos escritórios dos franceses.”
A jornalista Sonia Bridi foi correspondente de uma emissora de televisão brasileira na China
por dois anos. Em sua obra Laowai (estrangeiro): histórias de uma repórter brasileira na A charge satiriza a partilha da
China, Bridi conta que na cidade de Xangai, à época em que o país caiu sob a influência China em áreas de influência
imperialista das potências europeias, foi posta uma placa diante do jardim Yi, “uma maravilha pelas potências européias.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


27
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

de paisagismo oriental”, onde se podia ler: “Proibida a entrada de cães e de chineses!”


Sonia diz que os reflexos dos anos em que o país viveu sob a dominação econômica europeia (fim do século XIX e início do século XX)
ainda podem ser percebidos hoje, em manifestações populares de aversão aos estrangeiros. Ela e o marido, o cinegrafista Paulo Zero,
foram vítimas de algumas delas, o que a levou a refletir sobre o assunto: “Há uma revolta dormente em cada chinês, à espera de uma
desculpa qualquer para explodir. A repressão e a falta de liberdade de expressão robustecem uma pressão interna em cada indivíduo, que
só é liberada em grupo. E a maneira mais fácil e segura de liberá-la é contra os estrangeiros. Segura porque é uma manifestação
nacionalista, não contra o governo. Os séculos de ocupação, as atrocidades sofridas nas mãos dos japoneses, a propaganda nacionalista
da Revolução Cultural, tudo se junta nesse sentimento que culpa os estrangeiros pelos problemas da China.”
Dois dos principais movimentos de resistência ao neocolonialismo tiveram a China como cenário. O primeiro foi a Guerra do Ópio (1840-
42), vencida pelos ingleses que obrigaram o governo chinês a assinar o Tratado de Nanquim, através do qual o país se comprometia a abrir
cinco de seus portos ao comércio exterior, além de entregar Hong Kong ao
domínio britânico. SAIBA MAIS
O imperador alemão (kaiser) Guilherme II assim se
O outro movimento foi a Revolta dos Boxers (1900), quando jovens chineses
referiu, em 1901, aos boxers e sua rebelião
xenofóbicos e ultranacionalistas (os boxers,como eram chamados pelos ingleses),
massacrada por um exército multinacional
praticantes de artes marciais, iniciaram uma série de ataques a estrangeiros que
europeu: “Tal como os unos, há mil anos, sob o
residiam na China, com o objetivo de afugentá-los do país e banir a crescente
comando de Átila, ganharam uma reputação que
influência cultural estrangeira na sociedade chinesa. Em resposta, as potências
ainda hoje vive na história, assim também possa o
européias organizaram um exército multinacional que invadiu a China, esmagou a
nome da Alemanha tornar-se de tal modo
rebelião dos boxers e consolidou de vez a submissão econômica do país aos
conhecido na China que nenhum chinês jamais
interesses do imperialismo europeu.
ouse novamente olhar com desdém um alemão.”
Por fim, chegamos à Revolta dos Cipaios (1857-59), na Índia, quando soldados
indianos mercenários, praticantes do hinduísmo (cipaios), que trabalhavam para a Companhia das Índias Orientais, uma empresa comercial
inglesa, se rebelaram contra a influência britânica em seu país. Acredita-se que a revolta dos soldados mercenários hindus fora
desencadeada a partir do boato de que os novos rifles utilizados pelas tropas inglesas eram lubrificados com sebo de vaca, um animal
considerado sagrado pela religião hindu (prova do desrespeito dos ingleses para com os costumes e tradições dos indianos). A revolta foi
sufocada e a Índia foi oficialmente anexada ao Império Britânico em 1876.
HISTÓRIA E ARTE
O pintor inglês Edward Duncan retratou a Guerra do Ópio (1840-42), entre chineses e ingleses, na tela Destroying Chinese War Junks
(“Detruindo Juncos de Guerra Chineses”), produzida em 1843. A pintura glorifica o poderio naval britânico, responsável pela derrota da frota
de juncos dos chineses no conflito que resultou na abertura comercial da China ao Ocidente.

Foi a partir desse conflito que Hong Kong se tornou um protetorado sob o domínio inglês, só retornando ao controle da China em julho de
1997.
A maior parte das telas de Duncan retrata belas vistas da costa e admiráveis embarcações, como na pintura acima reproduzida.

LEITURA COMPLEMENTAR I: A DEFESA DO IMPERIALISMO ou mantido com proveito, se tiver uma base moral. Para o povo da
mãe pátria, deve representar disciplina, inspiração e fé. Para o
George Nathaniel Curzon, estadista britânico, defendeu o domínio
povo da periferia, deve ser mais do que uma bandeira ou um
colonial inglês sobre a África e a Ásia:
simples nome; deve dar-lhe o que não pode obter de outra
“Por onde este Império estendeu suas fronteiras, miséria e maneira, nem gozar em qualquer outro lugar; não somente justiça
opressão, anarquia e desamparo, superstição e fanatismo e ordem, ou prosperidade material, mas o sentimento de associar-
tenderam a desaparecer e foram substituídas pela paz, a justiça, a se a uma grande idéia, a influência sagrada de um objetivo
prosperidade, o humanismo e a liberdade de pensamento, palavra elevado. Creio que no âmago de um empreendimento britânico
e ação (...) mas também surgiu, o que creio ser um fator único na arde essa centelha da flama celeste com que a Providência tem
história dos impérios, um sentimento de lealdade e entusiasmo, amplamente abençoado, até hoje, nossos empreendimentos.”
que faz vibrar o coração do mais remoto cidadão britânico, diante CURZON, G. N. O verdadeiro imperialismo. In: ROBERTS, J. M. História do século
da idéia do destino que ele compartilha, e faz com que reverencie XX. São Paulo: Abril, [s.d], v. 1, p. 314.
um pedaço de tecido colorido com o símbolo de tudo o que há de LEITURA COMPLEMENTAR II: UMA CRÍTICA AO
mais nobre em sua própria alma e do que há de mais importante IMPERIALISMO
para o bem do planeta. O que anima o imperialismo é (...) a idéia
suprema, sem a qual o senso do sacrifício e o conceito do dever Bernard Shaw, dramaturgo irlandês, na obra The Man of destiny
soariam falsos. O Império só pode ser satisfatoriamente efetivado, (“Homem do destino”), publicada em 1895, desfechou uma crítica

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


28
Aula 21 – Imperialismo e Neocolonialismo
ao imperialismo praticado pelo Império Britânico: saquear suas riquezas, como marfim, diamante e ouro. Um dos
“Todo inglês nasce com uma espécie de poder miraculoso que o primeiros livros a criar essa culpa coletiva foi Imperialismo: um
torna mestre do mundo. Quando quer alguma coisa, nunca Estudo, escrito pelo inglês J. A. Hobson em 1902. Com um pé no
confessa que a deseja. Espera, pacientemente, até que adquire, antissemitismo, o autor retrata o imperialismo europeu como uma
não se sabe como, a convicção inflamada de que é seu dever grande conspiração de banqueiros judeus como os Rothschild,
moral e religioso conquistar aqueles que possuem o que ele além de investidores e fabricantes de armas a quem interessava
deseja. A partir daí, torna-se irresistível. Como o aristocrata, faz o manter os africanos na miséria. Ainda hoje essa tese é repetida,
que bem lhe apraz, e toma o que deseja; como o comerciante, sem o toque antissemita. O diplomata Kofi Annan, ex-secretário
busca o que pretende com a diligência e a firmeza provenientes da geral da ONU, disse durante um discurso que “os recursos
profunda convicção religiosa e do senso de responsabilidade minerais da África, em vez de serem explorados em benefício do
moral. Nunca lhe falta a atitude moral necessária. Na qualidade de povo, têm sido tão mal administrados e saqueados que agora são
grande defensor da liberdade e da independência, conquista a a fonte de nossa miséria”.
metade do mundo e chama isso de Colonização. Quando precisa É verdade que os europeus não agiram como ursinhos carinhosos
de um novo mercado para suas mercadorias falsificadas de na África. Com a ideia de fazer os camponeses largarem a
Manchester, envia um missionário para ensinar o evangelho da agricultura de subsistência, movimentar a economia e assim
paz. Os nativos matam o missionário, e ele corre às armas em recriarem a civilização europeia no continente africano, os
defesa da Cristandade; e se apossa do mercado como uma dádiva colonizadores ingleses, franceses, belgas e portugueses caíram na
do céu.” tentação da engenharia social. Criaram impostos per capita,
LEITURA COMPLEMENTAR III: REFLEXÕES DE SARTRE obrigando os moradores a trabalhar para pagá-los, provocaram
migrações e tiraram terras de proprietários africanos para abrigar
O texto abaixo foi escrito pelo filósofo francês Jean-Paul Sartre.
nelas colonos brancos. Depois que parlamentares belgas se
Trata-se de uma reflexão a respeito dos preconceitos que se
recusaram a gastar dinheiro na África, o rei da Bélgica, Leopoldo II,
difundiram na Europa em relação aos povos afro asiáticos:
declarou o Congo como sua propriedade pessoal. A partir de
“Criança, eu era vítima do pitoresco: tinham tudo feito para tornar então, passou a extrair de lá borracha e marfim por meio de um
os Chineses apavorantes. Falavam-me de ovos podres – eles os sistema de escravidão que incluía cortar as mãos dos
adoravam –, de homens cerrados entre duas pranchas, de música trabalhadores que não atingissem cotas de produção. Quando a
delicada e dissonante. No mundo que me envolvia havia coisas e Maxim, a primeira metralhadora automática, chegou à África,
animais que chamavam, dentre todos, chineses: eles eram frágeis milhares de guerreiros armados com lanças e alguns fuzis
e terríveis, fiavam entre os dedos, atacavam por trás, explodiam-se passaram a ser mortos em minutos. Por fim, as fronteiras
repentinamente em alaridos ridículos, sombras que deslizavam delineadas na Europa causaram, sim, alguns problemas. No
como peixes ao longo de um vidro de aquário, lanternas apagadas, Congo, por exemplo, etnias rivais se viram sob o mesmo governo;
requintes inacreditáveis e fúteis, súplicas engenhosas, chapéus em Gana e no Tongo, a comunidade ewe foi cortada pela metade;
sonantes. Havia a alma chinesa, também, da qual me diziam no Chifre da África, os somalis se viram divididos entre franceses,
simplesmente que é impenetrável. ‘Os Orientais, veja você...’ Os ingleses e italianos.
negros não me inquietavam: ensinaram-me que eram bons cães;
Mas o colonialismo europeu não explica tudo – e não é a principal
com eles, permanecia-se entre mamíferos. Mas o Asiático
causa dos conflitos e das misérias da África. Nos anos 60, pouco
causava-me medo: como estes caranguejos de arrozais que
antes de a maioria dos países africanos se tornar independente,
correm entre dois sulcos, como gafanhotos que se precipitam
havia mais escolas, leitos de hospitais, comida e africanos
sobre a grande planície e devastam tudo. Somos reis dos peixes,
alfabetizados que 20 anos depois. Se os impérios praticaram
dos leões, dos ratos e dos macacos; o Chinês é um artrópode
atrocidades, também é verdade que construíram estradas, pontes,
superior; ele reina sobre os artrópodes.”
escolas; difundiram um sistema judiciário e financeiro; mantiveram
SARTRE, Jean-Paul. Colonialismo e neocolonialismo. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 1968, p. 7-8.
muitos reinos tradicionais e estabeleceram uma ordem mínima
para que famílias e negócios prosperassem.
LEITURA COMPLEMENTAR IV: O ENEM E A ÁFRICA
A ideia de que o imperialismo serviu para escoar o dinheiro de
Não há livro didático, prova de vestibular ou resposta correta do sobra dos investidores é uma completa bobagem: em muitos
Enem que não atribua a miséria e os conflitos da África a um fator casos, o imperialismo dava prejuízo, e a maioria dos investidores
principal: a partilha do continente pelos impérios europeus. A preferia botar dinheiro em países nos quais eles não tinham
Conferência de Berlim, entre 1884 e 1885, teria criado fronteiras domínio político. Os britânicos, por exemplo, investiam em projetos
artificiais “sem respeitar a antiga organização tribal e a distribuição de estradas e ferrovias nos Estados Unidos, na Europa e na
geográfica das etnias no continente”, como diz um exame de América Latina. Entre 1870 e 1913, foi para a África só 13% do
vestibular. Essas fronteiras acabariam acotovelando no mesmo dinheiro que os ingleses investiram fora de casa – e em boa parte
território diversas nações e grupos étnicos, fazendo o caos imperar das vezes as apostas fracassavam.
na África. No Enem de 2005, uma das respostas corretas para uma
pergunta sobre as principais causas dos problemas do continente Se as fronteiras artificiais ajudam a explicar alguns conflitos,
era: “as fronteiras artificiais, criadas no contexto do colonialismo, atribuir a elas a maioria dos problemas dos mais de 50 países da
após os processos de independência, fizeram da África um África, como faz a prova do Enem, é um raciocínio grosseiro e
continente marcado por guerras civis, golpes de estado e conflitos insuficiente. É incrível que uma teoria tão frágil e generalista tenha
étnicos e religiosos”. durado tanto – provavelmente isso acontece porque ela serve para
alimentar a condescendência de quem toma os africanos como
Esse raciocínio é o cerne da teoria externalista, que atribui todos “bons selvagens” e tenta isentá-los de qualquer responsabilidade
os problemas da África a causas externas. Além de empastelar por seus problemas. Na África, o costume de atribuir a miséria e as
fronteiras, os países europeus teriam sabotado o continente ao guerras aos europeus já está obsoleto – e isso há algumas
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
29
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

décadas. “No começo dos anos 80, os africanos estavam fartos da


ladainha do colonialismo/imperialismo e da recusa de seus líderes
a assumir a culpa por seu próprio fracasso”, escreveu o
economista George Ayittey, de Gana.
NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da história do mundo.
São Paulo: Leya, 2013, p. 277-280.
CINEMATECA
Filmes relacionados com o tema do capítulo:
• Marrocos (1930), dirigido por Joseph dit von Sternberg, conta
o romance de um soldado da Legião Estrangeira com uma cantora
de cabaré.
• Lanceiros da Índia (1935), do diretor Henri Hahaway, enfoca a
luta entre 41º Regimento de Lanceiros de Bangladesh contra o
rebelde Mohamed Khan.
• Kim (1950), dirigido por Victor Saville, apresenta as aventuras
de um garoto órfão, filho de um soldado inglês, criado por um
indiano.
• Lawrence da Arábia (1962), do diretor David Lean, narra a
trajetória de um oficial britânico que, em meio à corrida imperialista,
aceita uma missão no território que hoje corresponde à Arábia
Saudita.
• 55 dias em Pequim (1963), dirigido por Nicholas Ray, trata do
cerco de Pequim durante a Revolta dos Boxers.
• Zulu (1964), do diretor Cy Endfield, aborda o confronto entre os
zulus e o exército britânico na África, no fim do século XIX.
• O homem que queria ser rei (1975), do diretor John Huston,
conta a saga de dois ex soldados britânicos que resolvem ir para o
Kafiristão para se tornarem reis da região.
• Tai Pan (1986), dirigido por Daryl Duke, é baseado no romance
homônimo de James Clavell, onde o chefe de uma companhia
comercial inglesa enfrenta, na China, concorrentes desleais com o
apoio de uma jovem nativa.
• As montanhas da Lua (1989), sob a direção de Bob Rafelson,
apresenta a história de dois exploradores ingleses que se
embrenham pelo interior da África à procura da nascente do rio
Nilo.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


30
Aula 21 – Imperialismo e Neocolonialismo

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01

O mapa acima apresenta o Império Britânico no fim do século XIX, numa época em que as
possessões inglesas davam uma volta ao mundo, daí se dizer que nele “o Sol nunca se põe”. A
expansão colonial inglesa (e também de outros países europeus) está relacionada à propagação do
processo de industrialização (Segunda Revolução Industrial), que levou as potências da época a uma
verdadeira corrida imperialista. Portanto, umas das funções que os territórios coloniais assumiam era a
de
a) produzir artigos manufaturados para o consumo europeu.
b) consumir o excedente de produtos industrializados das metrópoles.
c) oferecer mão de obra escrava às colônias européias da América.
d) importar matérias primas e produtos agrícolas do continente europeu.
e) exportar excedentes populacionais e de capitais para suas metrópoles.

Questão 02
Lord Kitchener (Horatio Herbert Kitchener), renomado militar e diplomata britânico, foi um dos mais
entusiásticos defensores da política imperialista que o governo da Grã-Bretanha adotou na segunda
metade do século XIX. É dele a declaração abaixo:
“Foi essa consciência de nossa superioridade inata que nos permitiu conquistar a Índia. Por mais
educado e inteligente que seja um indiano, por mais valente que ele se manifeste e seja qual for a
posição que possamos atribuir-lhe, penso que jamais ele será igual a um oficial britânico”.
Considerando a declaração de Kitchener e o contexto histórico em que foi proferida, conclui-se que o
diplomata
a) ressalta as virtudes dos povos coloniais submetidos ao domínio imperialista inglês.
b) manifesta em suas palavras uma explícita ideologia a favor do anti-semitismo.
c) enxerga o processo de aculturação como uma barreira ao colonialismo europeu.
d) discrimina os nativos indianos, defendendo seu extermínio pelos colonizadores.
e) professa a crença na suposta superioridade do homem branco sobre as demais raças.

Questão 03
Entre as últimas décadas do século XIX e o início do século XX, as relações mundiais do capitalismo
sofreram uma reorganização, levando as potências europeias a dirigir uma política sistemática para
continentes como Ásia e África. O escritor inglês Rudyard Kipling (1865-1936), nascido na Índia,
abordou em seus livros as diferenças entre a Europa e o mundo oriental. São dele os seguintes
versos, que expressam um sentimento comum aos europeus da época:
Assumi o fardo do homem branco,
Enviai os melhores dos vossos filhos,
Condenai vossos filhos ao exílio,
Para que sejam servidores de seus cativos.
Apud VICENTINO, Cláudio. "História geral". São Paulo: Scipione, 2002. p. 337.

Os versos acima, relacionados à ação dos ingleses no Oriente, traduzem a


a) crença de que a ação colonizadora no Oriente era prejudicial aos técnicos e missionários europeus,
devido à influência dos fatores climáticos.
b) convicção numa missão civilizatória dos europeus, que incluía uma ação voltada para modificar os

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


31
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

costumes e as religiões dos povos do Oriente.


c) confiança na superioridade da cultura oriental, da qual os ingleses poderiam assimilar os princípios Anotações
de uma convivência cristã.
d) aspiração por uma política de miscigenação entre ingleses e orientais, de modo a fortalecer os
interesses ingleses em relação às demais nações europeias.

Questão 04
Três décadas – de 1884 a 1914 – separam o século XIX – que terminou com a corrida dos países
europeus para a África e com o surgimento dos movimentos de unificação nacional na Europa – do
século XX, que começou com a Primeira Guerra Mundial. É o período do Imperialismo, da quietude
estagnante na Europa e dos acontecimentos empolgantes na Ásia e na África.
ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo Cia. das Letras, 2012.

O processo histórico citado contribuiu para a eclosão da Primeira Grande Guerra na medida em que
a) difundiu as teorias socialistas.
b) acirrou as disputas territoriais.
c) superou as crises econômicas.
d) multiplicou os conflitos religiosos.
e) conteve os sentimentos xenófobos.

Questão 05
Em busca de matérias-primas e de mercados por causa da acelerada industrialização, os europeus
retalharam entre si a África. Mais do que alegações econômicas, havia justificativas políticas,
científicas, ideológicas e até filantrópicas. O rei belga Leopoldo lI defendia o trabalho missionário e a
civilização dos nativos do Congo, argumento desmascarado pelas atrocidades praticadas contra a
população.
NASCIMENTO, C. Partilha da África: o assombro do continente mutilado. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 7, n.
75, dez. 2011 (adaptado).

A atuação dos países europeus contribuiu para que a África – entre 1880 e 1914 – se transformasse
em uma espécie de grande “colcha de retalhos”. Esse processo foi motivado pelo(a)
a) busca de acesso à infraestrutura energética dos países africanos.
b) tentativa de regulação da atividade comercial com os países africanos.
c) resgate humanitário das populações africanas em situação de extrema pobreza.
d) domínio sobre os recursos considerados estratégicos para o fortalecimento das nações europeias.
e) necessidade de expandir as fronteiras culturais da Europa pelo contato com outras civilizações.

Questão 06
Ata Geral da Conferência de Berlim - 26 de fevereiro de 1885
"Capítulo I - Declaração referente à liberdade de comércio na bacia do Congo...
Artigo 6o - Todas as Potências que exercem direitos de soberania ou uma influência nos referidos
territórios comprometem-se a velar pela conservação dos aborígines e melhoria de suas condições
morais e materiais de existência e a cooperar na supressão da escravatura e principalmente no tráfico
de negros; elas protegerão e favorecerão, sem distinção de nacionalidade ou de culto, todas as
instituições e empresas religiosas, críticas ou de caridade, criadas e organizadas para esses fins ou
que tendam a instruir os indígenas e a lhes fazer compreender e apreciar as vantagens da
Civilização."
Pela leitura do texto anterior, podemos deduzir que ele
a) demonstra que os interesses capitalistas voltados para investimentos financeiros eram a tônica do
tratado.
b) caracteriza a atração exercida pela abundância de recursos minerais, notadamente na região, sul-
saariana.
c) explícita as intenções de natureza religiosa do imperialismo, através da proteção à ação dos
missionários.
d) revela a própria ideologia do colonialismo europeu ao se referir às "vantagens da Civilização".
e) reflete a preocupação das potências capitalistas em manter a escravidão negra.

Questão 07
No século XIX, surgiu um novo modo de explicar as diferenças entre os povos: o racismo. No entanto,
os argumentos raciais encontravam muitas dificuldades: se os arianos originaram tanto os povos da
Índia quanto os da Europa, o que poderia justificar o domínio dos ingleses sobre a Índia, ou a sua
superioridade em relação aos indianos? A única resposta possível parecia ser a miscigenação. Em
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
32
Aula 21 – Imperialismo e Neocolonialismo
algum momento de sua história, os arianos da Índia teriam se enfraquecido ao se misturarem às raças
aborígenes consideradas inferiores. Mas ninguém podia explicar realmente por que essa ideia não foi
aplicada nos dois sentidos, ou seja, por que os arianos da Índia não aperfeiçoaram aquelas raças em
Anotações
vez de se enfraquecerem?
(Adaptado de Anthony Pagden, Povos e impérios. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 188-94.)

O contexto no qual se deu o domínio dos ingleses sobre a Índia no século XIX pode ser caracterizado
a) pelo Neocolonialismo, no qual as metrópoles europeias passavam a buscar colônias na África e na
Ásia a fim de explorá-las como mercado consumidor de seus produtos e fonte de mão de obra
escrava.
b) pelo Imperialismo, cuja política colonialista visava enriquecer a metrópole pela busca de metais
preciosos e uma balança comercial favorável, mantida por meio do protecionismo exercido por um
Estado interventor.
c) pelo Neocolonialismo, que se caracterizava por uma nova forma de dominação sobre a África e a
Ásia, baseada na exploração econômica e no controle ideológico, sem necessidade de dominação
política e territorial.
d) pelo Imperialismo, caracterizado por uma política colonialista, motivada pela busca de matéria-prima
e mercados consumidores para a indústria europeia, que levou ao domínio da África e da Ásia.

Questão 08
"...Nós conquistamos a África pelas armas... temos direito de nos glorificarmos, pois após ter destruído
a pirataria no Mediterrâneo, cuja existência no século XIX é uma vergonha para a Europa inteira, agora
temos outra missão não menos meritória, de fazer penetrar a civilização num continente que ficou para
trás..."
("Da influência civilizadora das ciências aplicadas às artes e às indústrias". Revue Scientifique, 1889)

A partir da citação anterior e de seus conhecimentos acerca do tema, examine as afirmativas a seguir.
I - A ideia de levar a civilização aos povos considerados bárbaros estava presente no discurso dos que
defendiam a política imperialista.
II - Aquela não era a primeira vez que o continente africano era alvo dos interesses europeus.
III - Uma das preocupações dos países, como a França, que participavam da expansão imperialista,
era justificar a ocupação dos territórios apresentando os melhoramentos materiais que beneficiariam
as populações nativas.
IV - Para os editores da Revue Scientifique (Revista Científica), civilizar consistia em retirar o
continente africano da condição de atraso em relação à Europa.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente a afirmativa IV está correta.
b) Somente as afirmativas II e IV estão corretas.
c) Somente as afirmativas I e III estão corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


33
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO a) as desigualdades sociais e econômicas no mundo atual


originam-se exclusivamente das contradições materiais do
Questão 01 capitalismo.
b) o conhecimento histórico que privilegia a “óptica dos vencidos”
Em dezembro de 1945, começou uma greve de dois meses no
apresenta um grau superior de objetividade científica.
principal porto da África Ocidental Francesa, Dacar. As autoridades
c) na relação entre diferentes etnias, o etnocentrismo é um
só conseguiram levar os grevistas de volta ao trabalho com
fenômeno antropológico exclusivo dos países ocidentais modernos.
grandes aumentos de salário e, o que é ainda mais importante,
d) para explicar a existência dos atuais conflitos étnicos na África, é
pondo em prática todo o aparato de relações industriais usado na
necessário resgatar os pressupostos da ideologia colonialista.
França – em resumo, agindo como se os grevistas fossem
e) a tese filosófica sobre um “estado de natureza” livre e pacífico é
modernos operários industriais.
COOPER, F.; HOLT, T.; SCOTT. R. Além da escravidão. Rio de Janeiro:
insuficiente para explicar os conflitos étnicos atuais na África.
Civilização Brasileira, 2005 (adaptado).
Questão 04
Durante o neocolonialismo, o trabalho forçado – que não se Analise a imagem seguinte.
confunde com a escravidão – foi uma constante em diversas
regiões do continente africano até o século XX. De acordo com o
texto, sua superação deriva da
a) crítica moral da intelectualidade metropolitana.
b) pressão articulada dos organismos multilaterais.
c) resistência organizada dos trabalhadores nativos.
d) concessão pessoal dos empresários imperialistas.
e) baixa lucratividade dos empreendimentos capitalistas.

Questão 02
A Inglaterra deve governar o mundo porque é a melhor; o poder
deve ser usado; seus concorrentes imperiais não são dignos; suas
colônias devem crescer, prosperar e continuar ligadas a ela.
Somos dominantes, porque temos o poder (industrial, tecnológico,
militar, moral), e elas não; elas são inferiores; nós, superiores, e
assim por diante.
SAID, E. Cultura e imperialismo. São Paulo: Cia das Letras, 1995
(adaptado).

O texto reproduz argumentos utilizados pelas potências europeias


para dominação de regiões na África e na Ásia, a partir de 1870. No contexto da expansão imperialista na África, a imagem faz
referência às resoluções da Conferência de Berlim que
Tais argumentos justificavam suas ações imperialistas,
a) mantiveram a ajuda econômica aos países pobres atingidos pela
concebendo-as como parte de uma
a) cruzada religiosa. escravidão.
b) asseguraram a supressão do tráfico negreiro em respeito aos
b) catequese cristã.
c) missão civilizatória. povos africanos.
d) expansão comercial ultramarina. c) atestaram a superioridade dos europeus baseada na teoria do
darwinismo social.
e) política exterior multiculturalista.
d) declararam a ilegalidade dos territórios ocupados sem o
consentimento dos governantes locais.
Questão 03
e) proibiram a convivência entre os povos africanos dominados
Não há livro didático, prova de vestibular ou resposta correta do pelas diferentes potências europeias.
Enem que não atribua a miséria e os conflitos internos da África a
um fator principal: a partilha do continente africano pelos europeus. Questão 05
Essas fronteiras teriam acotovelado no mesmo território diversas
nações e grupos étnicos, fazendo o caos imperar na África. Porém, Em nome do direito de viver da humanidade, a colonização, agente
da civilização, deverá tomar a seu encargo a valorização e a
guerras entre nações rivais e disputas pela sucessão de tronos
existiam muito antes de os europeus atingirem o interior da África. circulação das riquezas que possuidores fracos detenham sem
benefício para eles próprios e para os demais. Age-se, assim, para
Graves conflitos étnicos aconteceram também em países que
o bem de todos. (...) [A Europa] está no comando e no comando
tiveram suas fronteiras mantidas pelos governos europeus. É
incrível que uma teoria tão frágil e generalista tenha durado tanto – deve permanecer.
Albert Sarrault, Grandeza y servidumbres coloniales Apud Hector Bruit, O
provavelmente isso acontece porque ela serve para alimentar a imperialismo, 1987, p. 11.
condescendência de quem toma os africanos como “bons
selvagens” e tenta isentá-los da responsabilidade por seus A partir do fragmento, é correto afirmar que
problemas.
NARLOCH, Leandro. Guia politicamente incorreto da história do mundo, 2013. a) a partilha afro-asiática da segunda metade do século XIX,
Adaptado.
liderada pela Inglaterra e França, fruto da expansão das relações
A partir da leitura do texto, é correto afirmar que: capitalistas de produção, garantiu o controle de matérias-primas

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


34
Aula 21 – Imperialismo e Neocolonialismo
estratégicas para a indústria e a colonização como missão tentativas para conciliá-lo inteiramente com a Europa vencedora e
civilizadora da raça branca superior. torná-lo um cidadão satisfeito e feliz."
b) o velho imperialismo do século XVI foi produto da revolução CarL Von Martius. O estado do direito entre os autóctones do
comercial pela procura de novos produtos e mercados para Brasil. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1982.
Portugal e Espanha que, por meio do exclusivo metropolitano e do
direito de colonização sobre os povos inferiores, validando os Com base nessa descrição, conclui-se que o naturalista Von
superlucros da exploração colonial. Martius
c) o novo imperialismo da primeira metade do século XIX, na África a) apoiava a independência do Novo Mundo, acreditando que os
e Oceania, consequência do capitalismo comercial, impôs o índios, diferentemente do que fazia a missão europeia,
monopólio da produção colonial, em especial, para a Grã-Bretanha respeitavam a flora e a fauna do país.
que, de forma pacífica, defendeu o direito de colonização sobre os b) discriminava preconceituosamente as populações originárias da
povos inferiores. América e advogava o extermínio dos índios.
d) o colonialismo do século XVI, na África e Ásia, tornou essas c) defendia uma posição progressista para o século XIX: a de
regiões fontes de matérias-primas e mercados para a Europa, em tornar o indígena cidadão satisfeito e feliz.
especial, Alemanha e França, que por meio da guerra, submeteram d) procurava impedir o processo de aculturação, ao descrever
os povos inferiores e promoveram a industrialização africana. cientificamente a cultura das populações originárias da América.
e) a exploração da África e da Ásia na segunda metade do século e) desvalorizava os patrimônios étnicos e culturais das sociedades
XVII, pelas grandes potências industriais, foi um instrumento eficaz indígenas e reforçava a missão "civilizadora europeia", típica do
para a missão colonizadora daquelas áreas atrasadas e ampliou o século XIX.
domínio europeu em nome do progresso na medida em que
implantou o monopólio comercial. Questão 08
"O francês P. Leroy-Beaulieu, professor do College de France,
Questão 06 escreveu em 1891:
William James Herschel, coletor do governo inglês, iniciou na Índia '(...) a fundação de colônias é o melhor negócio no qual se possa
seus estudos sobre as impressões digitais que firmavam com o aplicar os capitais de um velho e rico país, disse o filósofo inglês
governo. Essas impressões serviam de assinatura. Aplicou-as, John Stuart Mill. (...) A colonização é a força expansiva de um
então, aos registros de falecimentos e usou esse processo nas povo, é seu poder de reprodução, (...) é a submissão do universo
prisões inglesas, na Índia, para reconhecimento dos fugitivos. ou de uma vasta parte (...) a um povo que lança os alicerces de
Henry Faulds, outro inglês, médico de hospital em Tóquio, sua grandeza no futuro, e de sua supremacia no futuro. (...) Não é
contribuiu para o estudo da datiloscopia. Examinando impressões natural, nem justo, que os países civilizados ocidentais se
digitais em peças de cerâmica pré-histórica japonesa, previu a amontoem indefinidamente e se asfixiem nos espaços restritos que
possibilidade de se descobrir um criminoso pela identificação das foram suas primeiras moradas, que neles acumulem as maravilhas
linhas papilares e preconizou uma técnica para a tomada de das ciências, das artes, da civilização, que eles vejam, por falta de
impressões digitais, utilizando-se de uma placa de estanho e de aplicações remuneradas, os ganhos dos capitais em seus países, e
tinta de imprensa. que deixem talvez a metade do mundo a pequenos grupos de
Internet: <www.fo.usp.br> (com adaptações) ignorantes, impotentes, verdadeiras crianças débeis, dispersas em
superfícies incomensuráveis'."
Que tipo de relação orientava os esforços que levaram à SCHMIDT, Mário Furley. "Nova história crítica". São Paulo: Nova Geração, 1999.
descoberta das impressões digitais pelos ingleses e,
posteriormente, à sua utilização nos dois países asiáticos? O texto caracteriza a ideologia e a prática do
a) De fraternidade, já que ambos visavam os mesmos fins, ou seja, a) mercantilismo, durante a expansão marítima na Revolução
autenticar contratos. Comercial.
b) De dominação, já que os nativos puderam identificar os ingleses b) iluminismo da burguesia financeira, durante a Expansão
falecidos com mais facilidade. Marítima.
c) De controle cultural, já que Faulds usou a técnica para libertar os c) imperialismo europeu, na Idade Moderna, quando da partilha da
detidos nas prisões japonesas. América, da África e da Ásia.
d) De colonizador-colonizado, já que na Índia, a invenção foi usada d) capitalismo industrial, originário da Europa, nos séculos XVI e
em favor dos interesses da coroa inglesa. XVII, as quais legitimaram o escravismo colonial.
e) De médico-paciente, já que Faulds trabalhava em um hospital de e) etnocentrismo da burguesia industrial na fase do capitalismo
Tóquio. imperialista.

Questão 07 Questão 09
No início do século XIX, o naturalista alemão Carl Von Martius "O continente africano em seu conjunto apresenta 44% de suas
esteve no Brasil em missão científica para fazer observações sobre fronteiras apoiadas em meridianos e paralelos; 30% por linhas
a flora e a fauna nativas e sobre a sociedade indígena. Referindo- retas e arqueadas, e apenas 26% se referem a limites naturais que
se ao indígena, ele afirmou: geralmente coincidem com os de locais de habitação dos grupos
"Permanecendo em grau inferior da humanidade, moralmente, étnicos".
ainda na infância, a civilização não o altera, nenhum exemplo o (MARTIN, A. R. Fronteiras e Nações. Contexto, São Paulo, 1998.)
excita e nada o impulsiona para um nobre desenvolvimento
progressivo (...). Esse estranho e inexplicável estado do indígena Diferente do continente americano, onde quase que a totalidade
americano, até o presente, tem feito fracassarem todas as das fronteiras obedecem a limites naturais, a África apresenta as
características citadas em virtude, principalmente,
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
35
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

a) da sua recente demarcação, que contou com térmicas tão cara aos conquistadores do século XVI."
cartográficas antes desconhecidas. (FERRO, Marc. "História das colonizações: das conquistas às independências -
séculos XIII a XX". Trad. Rosa Freire d'Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras,
b) dos interesses de países europeus preocupados com a partilha
1996. p. 104.)
dos seus recursos naturais.
c) das extensas áreas desérticas que dificultam a demarcação dos No texto acima, que trata da partilha e da conquista da África, no
"limites naturais". século XIX, o autor defende que:
d) da natureza nômade das populações africanas, especialmente a) Os conquistadores fincavam suas bandeiras sem violar os
aquelas oriundas da África Subsaariana. direitos humanos da igualdade e da liberdade dos povos africanos.
e) da grande extensão longitudinal, o que demandaria enormes b) Os conquistadores desprezavam a glória, o heroísmo e as
gastos para demarcação. riquezas decorrentes da grande obra civilizadora na África.
c) Os conquistadores tinham a convicção de encarnar a razão e a
Questão 10 ciência e serem capazes de subjugar as sociedades africanas.
"A ideia que mais me acode ao espírito é a solução do problema d) Os conquistadores conseguiram que triunfasse a ideia de um
social, a saber: nós, os colonizadores, devemos, para salvar os 40 projeto colonial tirânico e violento, pois foram incapazes de cooptar
milhões de habitantes do Reino Unido de uma mortífera guerra lideranças políticas nativas.
civil, conquistar novas terras a fim de aí instalarmos o excedente e) Assim como Portugal, outros Estados europeus substituíram, na
de nossa população, de aí encontrarmos novos mercados para os África, os canhões pelas missões evangelizadoras jesuíticas.
produtos das nossas fábricas e das nossas minas."
(C. Rhodes, 1895) Questão 13
O texto anterior expõe a/o: O Imperialismo é o capitalismo chegado a uma fase de
a) única necessidade de novas áreas para o reaquecimento do desenvolvimento onde se afirma a dominação dos monopólios e do
comércio após as derrotas de 1914. capital financeiro, onde a exportação dos capitais adquiriu uma
b) problema da crise social e econômica, no Reino Unido, e a importância de primeiro plano, onde começou a partilha do mundo
opção por uma política imperialista e neocolonial; entre os trustes internacionais e onde se pôs a termo a partilha de
c) problema da desqualificação da mão de obra que leva ao todo o território do globo, entre as maiores potências capitalistas.
desaquecimento na economia do Reino Unido, provocando uma LENIN, V. I. "O Imperialismo: fase superior do Capitalismo". São Paulo, Global
política de abertura para novos mercados; Editora, 1979. p. 88.
d) busca por matéria-prima como questão fundamental para
solucionar a crise política e social no Reino Unido. A partir da definição acima, pode-se atribuir a seguinte
e) crise econômica nas colônias que deve receber uma política de característica ao Imperialismo:
incentivos aos assentamentos e à industrialização. a) a distribuição igualitária de produção e de capital, dando origem
aos monopólios, cujo papel é decisivo na vida econômica.
Questão 11 b) o desenvolvimento de pequenas empresas de capital nacional
"[...] o sentimento político contra nós na Índia, como estrangeiros e em grande parte dos países.
destruidores de tantas raças e estados, é o forte [...] O sentimento c) a divisão entre o capital bancário e o capital industrial formando
religioso contra nós e, em particular, o sentimento religioso dos o capital financeiro.
maometanos, é um elemento ainda mais perigoso". d) as maiores potências capitalistas, formando rede de apoio
(REZENDE, A. P.; DIDIER, M. T. "Rumos da História: novos tempos: o Brasil". São financeiro aos países mais pobres.
Paulo: Atual, 2005. p. 446).
e) a exportação de mercadorias, assim como a exportação de
O texto anterior é uma transcrição do depoimento de Charles capitais, assumindo grande importância.
Trevelyan, funcionário britânico. Após sua leitura, podemos afirmar:
a) Subjugados pela dominação britânica, os indianos estavam Questão 14
excluídos das decisões políticas, mas isso não significava que eles "Todo inglês nasce com uma espécie de poder miraculoso que o
aceitassem passivamente essa condição. torna mestre do mundo. Quando quer alguma coisa, nunca
b) O domínio britânico tornou a Índia economicamente dependente, confessa que a deseja. Espera, pacientemente, até que adquire
mas não excluiu os indianos da política institucional. não se sabe como, a convicção inflamada de que é de seu dever
c) Os governantes britânicos ignoravam completamente a moral e religioso conquistar aqueles que possuem o que ele
insatisfação dos indianos com relação à dominação britânica. deseja... Nunca lhe falta a atitude moral necessária. Na qualidade
d) Os governantes britânicos consideravam as especificidades de grande defensor da liberdade e da independência, conquista a
culturais dos territórios ocupados. metade do mundo e chama a isso de Colonização. Quando precisa
e) A coroa britânica nunca subjugou os indianos, eles é que se de um novo mercado para suas mercadorias falsificadas de
sentiam inferiores. Manchester, envia um missionário para ensinar o evangelho da
paz. Os nativos matam o missionário, e ele corre às armas em
Questão 12 defesa da Cristandade; e se apossa do mercado como uma dádiva
"Longe de serem uns monstros de espada, eles querem, do céu."
majoritariamente, ser os portadores de um grande destino. Por (Bernard Shaw apud J. M. Roberts. "História do Século XX". Trad. São Paulo: Abril,
mais que tenham passado populações inteiras pelo fio da espada - s/d., v.1, p. 314.)
como Gallieni em seus primeiros tempos - ou as tenham queimado
vivas - como Bugeaud na Argélia -, a seus olhos tais atos são O texto do dramaturgo Bernard Shaw é bastante crítico e irônico
apenas os meios necessários para a realização do projeto colonial em relação à penetração europeia (mais especificamente inglesa)
[na África], essa missão civilizadora que substitui a evangelização na África e Ásia.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


36
Aula 21 – Imperialismo e Neocolonialismo
Pode-se depreender, do texto,
a) a superioridade moral e a firmeza de caráter do colonizador.
b) a difusão dos ideais democráticos nas regiões conquistadas.
c) a resistência dos nativos à imposição da cultura europeia.
d) os conflitos religiosos impedindo o processo civilizatório dos
nativos.
e) a conquista de mercados consumidores de excedentes agrícolas
europeus.

Questão 15
"O mundo está quase todo parcelado e o que dele resta está sendo
dividido, conquistado, colonizado. Penso nas estrelas que vemos à
noite, esses vastos mundos que jamais poderemos atingir. Eu
anexaria os planetas se pudesse; penso sempre nisso. Entristece-
me vê-los tão claramente e ao mesmo tempo tão distantes."
(Cecil Rhodes)

Esta frase, proferida por um dos grandes incentivadores da


expansão imperialista de século XIX, expressa as novas formas de:
a) distribuição da riqueza global, norteadas pela manutenção do
equilíbrio ecológico entre as nações do hemisfério sul do
continente europeu.
b) constituição de megablocos econômicos, priorizando as
economias periféricas, potencialmente mais desenvolvidas e ricas
do que a Europa.
c) anexação territorial, objetivando a conquista de terras férteis e
importação de mão de obra imigrante para o centro do capitalismo
europeu.
d) globalização da economia e da informação, ultrapassando as
fronteiras nacionais, suprimindo a intermediação do Estado
Nacional.
e) cobiça pelos mercados da África e da Ásia, visando à
exportação de capitais e ao consumo de produtos industriais dos
países europeus.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


37
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

AS UNIFICAÇÕES TARDIAS: ALEMANHA E ITÁLIA


INTRODUÇÃO
Até meados do século XIX, as regiões que hoje conhecemos por Alemanha e Itália não
passavam de um amontoado de reinos e estados independentes, sem unidade política ou
um poder central. Na década de 70 do século XIX, um reino italiano (Piemonte) e um
reino alemão (Prússia) iniciaram uma série de guerras, anexando pela via militar os
outros reinos, o que resultou no nascimento dos países que hoje conhecemos.
Otto Von Bismarck, artífice da unificação alemã, acreditava no poderio militar prussiano
para empreender o projeto de união política dos reinos alemães. Para ele, a unificação
seria feita não através da diplomacia, mas “a ferro e sangue”.
Nas duas unificações (alemã e italiana), percebe-se o caráter unilateral do processo,
imposto pelo braço armado de um reino (na Alemanha, Prússia; na Itália, Piemonte), sem
levar em conta outros aspectos que contribuíam para que as regiões fossem, até meados
do século XIX, tão politicamente pulverizadas.
SITUAÇÃO ITALIANA E ALEMÃ ANTES DA UNIFICAÇÃO POLÍTICA
Otto Von Bismarck, premier prussiano.
A península itálica se encontrava fragmentada em 7 reinos: Piemonte, Lombardia-
Veneza, Parma, Módena, Toscana, Estados Pontifícios e Reino das Duas Sicílias. O único verdadeiramente governado por uma casa real
italiana, a Casa de Savóia, era o Piemonte. Os Estados Pontifícios pertenciam à Igreja Católica, o reino das Duas Sicílias era governado
por um ramo dos Bourbons, uma família franco espanhola e os demais reinos
estavam submetidos à tutela política da Áustria.
O mapa Itália dividida territorialmente apresenta a fragmentação política que
mencionamos.
O Piemonte (ou Reino Sardo-Pemontês) era o único estado italiano
industrializado. Sua forma de governo era a monarquia constitucional.
Camilo de Cavour foi um de seus primeiros ministros e o principal idealizador da
unificação política sob a Dinastia de Savóia.
A situação do território que hoje corresponde à Alemanha apresentava uma
fragmentação ainda maior do que a península itálica: 38 Estados agrupados
numa entidade denominada Confederação Germânica, sob a tutela política da
Áustria. Note que a Áustria controlava a Confederação Germânica e também 4
dos 7 reinos italianos.
A Prússia se destacava por ser o reino alemão mais industrializado e militarizado.
Sob o governo da Dinastia Hohenzollern e do premier Otto Von Bismarck, a
Prússia liderou o processo de unificação política dos Estados germânicos,
apoiada num poderoso exército. Vejamos a situação alemã antes da unificação no mapa abaixo.
O PAPEL DO NACIONALISMO NAS UNIFICAÇÕES
Os movimentos que levaram às unificações italiana e alemã
devem ser entendidos num contexto mais amplo, denominado
pelos historiadores de “política das nacionalidades”. A
expressão nos remete ao direito de cada nação se organizar
em Estados soberanos.
De acordo do sociólogo italiano Norberto Bobbio, “nação é
concebida como um grupo de pessoas unidas por laços
naturais [étnicos, linguísticos, culturais etc.] e portanto eternos
– ou pelo menos existentes – e que por causa destes laços se
torna a base necessária para a organização do poder sob a
forma de Estado Nacional.” Continua Bobbio: “Em nome da
nação se fazem guerras, revoluções, modificou-se o mapa
político do mundo. Na Idade Média uma pessoa (...) deveria se
sentir antes de tudo um cristão, depois um borgonhês e
somente em terceiro lugar um francês. (...) Na história recente
do continente do continente europeu, após a emergência do
fenômeno nacional, foi invertida a ordem (...). A nação adquiriu uma posição de total preponderância sobre qualquer outro sentimento.”
Para o filósofo francês Henri Berr, a nacionalidade “é o que justifica ou que postula a existência de uma nação”, pois uma nacionalidade
nada mais é que “um grupo humano que aspira a formar uma nação ou a fundir-se, por motivos de afinidade, com uma nação já existente”.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


Aula 22 – As Unificações Tardias Alemanha e Itália
Quando o Congresso de Viena, na segunda década do
século XIX, reformulou o mapa político europeu, ignorou a
questão das nacionalidades. Dezenas de povos, sem Estado
próprio,
ou dezenas de pequenos Estados foram submetidos aos
interesses das grandes potências que comandaram as
decisões do Congresso, como a Áustria, a Rússia e a
Prússia. O temor era o de que o nacionalismo acabasse
servindo de plataforma para a difusão de novas idéias de
caráter liberal, capazes de subverter a ordem do Antigo
Regime, que o congresso tentava restaurar.
Há, em nossos dias, diversos povos sem um Estado próprio,
como os palestinos e os curdos. Há também Estados ou
regiões subordinados a um outro Estado que aspiram à
completa autonomia, como no caso da Irlanda do Norte
(pertencente ao Reino Unido) e o País Basco (região ao
Norte da Espanha submetida ao governo de Madri).
Entretanto, nenhuma região, hoje, apresenta problemas mais
potencialmente explosivos do que a região do Cáucaso,
parte da Federação Russa. Chechenos, ossetas, inguches,
abkházios, darguins e outros povos foram anexados à Rússia
na época da expansão territorial promovida pelo regime dos
czares. A instalação e o colapso do socialismo não foram
capazes de criar condições para a autonomia desses povos
diante do governo de Moscou. Esses povos do Cáucaso não são eslavos (como os russos) e nem seguem o cristianismo ortodoxo (são, em
sua maioria, islâmicos). Apresentam profundas diferenças culturais em relação aos russos e não se sentem parte da Federação Russa.
Anseiam por autonomia e independência política. Esse ambiente estimula a formação de grupos separatistas radicais que lançam mão do
terrorismo como estratégia para alcançar seus objetivos.
OS MOVIMENTOS QUE PRECEDERAM AS UNIFICAÇÕES TARDIAS
Na península itálica, diversos grupos e sociedades secretas exerceram um importante papel na difusão dos ideais nacionalistas: Jovem
Itália, liderada por Giuseppe Mazzini; Sociedade dos Carbonários, uma sociedade secreta descendente da maçonaria; Risorgimento,
movimento da alta burguesia com o apoio do premier piemontês Camilo de Cavour. Apesar de algumas diferenças (o Risorgimento
defendia uma monarquia constitucional para a Itália unificada, ao passo que a Jovem Itália pregava a instalação de uma república após a
unidade política ser alcançada), esses movimentos tinham em comum a propagação do nacionalismo que serviu de combustível para as
guerras pela unificação italiana.
Na Alemanha, o nacionalismo encontrou um terreno fértil quando a Prússia, por inspiração do premier Bismarck, organizou o Zollverein,
uma liga aduaneira formada pelos 38 Estados alemães que alavancou o crescimento da economia e contribuiu para a expansão da
industrialização entre os reinos alemães. A integração econômica entre os Estados germânicos era parte de uma estratégia que visava o
estabelecimento de uma unidade política sob o comando da Prússia.
AS GUERRAS PELA UNIFICAÇÃO
O Piemonte conduziu diversas campanhas militares na península Itália com o objetivo de anexar e
unificar os demais Estados italianos. O principal obstáculo foi a Áustria, que controlava, como já
dissemos, 4 dos 7 reinos Itálianos. Victor Emanuel II, rei do Piemonte, buscou uma aliança com a
França, à época governada por Napoleão III. Em troca de apoio militar na luta contra os austríacos, o
Piemonte concordou em ceder os territórios de Nice e Savóia aos franceses. Em pouco tempo o
Piemonte alargava suas fronteiras, anexando os reinos que se encontravam sobre o controle da
Áustria.
Em seguida, o Reino das Duas Sicílias também foi anexado, graças à ação do revolucionário Giuseppe
Garibaldi e seu exército denominado “camisas vermelhas”. É mister notar que Garibaldi, partidário da
instalação de uma república após a unificação italiana ser alcançada, sacrificou suas convicções
políticas e apoiou o Piemonte nas guerras pela unificação,mesmo sabendo que os piemonteses
defendiam a monarquia constitucional para a Itália unifica-da.
Só em 1870 ocorreu a ocupação dos Estados Pontifícios, pertencentes à Igreja Católica, pelos Giuseppe Garibaldi
exércitos piemonteses. A França, que até ali vinha apoiando o Piemonte nas guerras pela unificação,
retirou seu apoio e passou a defender o papa Pio IX, argumentando que a Igreja deveria ao menos manter o controle sobre a cidade de
Roma. Napoleão III, imperador francês, temia a opinião pública em seu país, cuja maioria da população era católica. Assim, tropas
francesas permaneceram estacionadas em Roma, para evitar uma manobra militar do Piemonte.
Entretanto, com a eclosão da Guerra Franco Prussiana, que abordaremos adiante, os franceses retiraram suas tropas que protegiam
Roma, facilitando a conquista da cidade pelas tropas de Victor Emanuel II. A Itália estava finalmente unificada, mas alguns grandes

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


39
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

desafios já se apresentavam. De acordo com o historiador britânico


Eric Hobsbawm, quando a Itália foi unificada politicamente, “não SAIBA MAIS: A QUESTÃO ROMANA
mais do que 2,5% de seus habitantes falava a língua italiana no dia A Questão Romana foi um conflito diplomático entre o Estado
a dia, o resto falando idiomas de tal forma diferentes, que italiano e a Igreja Católica. O papa Pio IX não aceitou a perda
professores enviados pelo estado italiano para a Sicília, na década dos Estados Pontifícios e de Roma, que foram anexados pelo
de 1860, foram confundidos com ingleses”. E conclui: Piemonte. O pontífice não reconheceu o Estado italiano
“Provavelmente uma percentagem bem maior, mas ainda uma unificado e declarou-se prisioneiro do governo italiano, o que
modesta minoria, teria se sentido naquela data como italianos. Não provocou um mal estar nas relações entre o Estado e a
é de se admirar que Massimo d’Azeglio (1792-1866) tivesse população majoritariamente católica. Esse conflito foi
exclamado em 1860: ‘Fizemos a Itália, agora precisamos fazer os solucionado em 1929, quando Benito Mussolini e o papa Pio XI
italianos’.” assinaram o Tratado de Latrão, que criou o Estado do Vaticano
dentro de Roma.
Na Alemanha, a Prússia liderou as guerras pela unificação com o
apoio dos junkers, a aristocracia agrária. Três países (Dinamarca,
Áustria e Prússia) se opunham à unificação alemã, por exercerem influência sobre alguns estados germânicos e também por temerem a
ascensão de uma potência em suas fronteiras, temor que verdadeiramente se confirmou, uma vez que a Alemanha unificada emergiu como
um país industrializado e poderoso, rompendo o equilíbrio de forças que reinava na Europa desde o Congresso de Viena, organizado na
segunda década do século XIX.
A Dinamarca foi vencida na Guerra dos Ducados, a Áustria na Guerra das Sete Semanas e a França na Guerra Franco Prussiana.
Destacamos o último conflito, que garantiu à Prússia a anexação dos últimos reinos germânicos e a conseqüente unidade alemã em torno
do kaiser Guilherme I.
Derrotada, a França foi obrigada a assinar o Tratado de Frankfurt, que garantiu aos alemães o recebimento de uma indenização de guerra,
além da anexação das regiões da Alsácia e da Lorena, ricas em minérios.
A coroação de Guilherme I como imperador da Alemanha unificada ocorreu, de forma emblemática, em Paris, mais precisamente no
Palácio de Versalhes. Ali nascia o Segundo Reich Alemão, numa referência ao Sacro Império Romano Germânico (o Primeiro Reich
Alemão), extinto desde 1806.
O QUE MUDOU COM AS UNIFICAÇÕES ITALIANA E ALEMÃ
As unificações tardias lançaram novos competidores na corrida imperialista em direção à Ásia e à África. Alemanha e Itália passaram a
disputar colônias e áreas de influência, ao lado dos países que já se encontravam envolvidos no processo. Isso contribuiu para acentuar
ainda mais a rivalidade existente entre as potências européias.
Outra questão diz respeito ao Revanchismo Francês, uma vez que a
SAIBA MAIS: A COMUNA DE PARIS
França não aceitou a perda dos territórios da Alsácia e da Lorena, ao
A Comuna de Paris foi uma experiência de governo municipal
fim do conflito com a Prússia. A geração de franceses que nasceu no
autônomo, de caráter popular e viés socialista, implantado na
fim do século XIX, cresceu sob o signo do ódio aos alemães, jurando
cidade de Paris em março de 1871, pouco depois da queda do
vingança tão logo fosse possível. O Revanchismo é apontado como
II Império Francês.
uma das causas que levaram à eclosão da Primeira Guerra Mundial.
O governo republicano francês, sediado em Versalhes, sob a
Após a unificação, a Alemanha rapidamente ascendeu à condição de presidência de Adolphe Thiers, reagiu de forma enérgica
poderosa potência industrial. No início do século XX, ultrapassou a contra essa experiência, cercando Paris retomando o controle
Inglaterra na produção de aço. Seu desenvolvimento industrial e sobre a capital. O saldo de mortos ultrapassou 20 mil pessoas.
econômico era visto pelos ingleses como uma real ameaça à A experiência da comuna durou pouco mais de dois meses.
hegemonia do Império Britânico. Essa rivalidade anglo germânica é
também apontada como uma das causas da Primeira Guerra Mundial.
A derrota francesa para a Alemanha na Guerra Franco
Prussiana precipitou a queda do II Império Francês, o de
Napoleão III, que foi substituído por um regime republicano
(a Terceira República Francesa) em 1870. Em meio aos
problemas em que o país atravessava naquele momento
turbulento, foi proclamado um governo autônomo na capital
(1871), que ficou conhecido como Comuna de Paris.
Finalmente, convém enumerar, entre todas essas questões
já comentadas, o problema da “Itália Irredenta”. Algumas
regiões de maioria italiana foram deixadas fora das
fronteiras obtidas pelas guerras piemontesas: Tirol, Trentino
e Ístria. Esses territórios permaneceram em poder da
Áustria e só foram obtidos pela Itália ao fim da Primeira
Guerra Mundial, mediante o Tratado de Saint-Germain
(1919).

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


40
Aula 22 – As Unificações Tardias Alemanha e Itália

HISTÓRIA E ARTE camponeses passaram a pagar impostos ao governo.”


Os pintores franceses Jules Didier e Jacques Gauiaud A modernização capitalista da agricultura européia liberou uma
quantidade tal de camponeses que a indústria, malgrado seu
Annonce produziram a tela L'abolition du régime impérial
espantoso crescimento, não foi capaz de absorver. A emigração
devant le palais du Corps Législatif, le 4 septembre 1870
para a América passou a ser uma alternativa para essa enorme
(Anúncio da abolição do regime imperial em frente ao palácio do
massa humana, colocando à disposição do latifúndio brasileiro a
legislativo, em 4 de setembro de 1870). A pintura retrata um
mão de obra de que precisava, e que não estava impregnada do
importante acontecimento, desencadeado pela derrota francesa
preconceito contra o trabalho braçal, além de ser conhecedora de
na Guerra Franco Prussiana: a queda do Segundo Império
técnicas agrícolas mais modernas.”
Francês e a instalação de um governo republicano em setembro
EDITORA NOVA CULTURAL. Brasil 500 Anos. São Paulo: Abril, 1999, 8 v., p. 457.
de 1870.
CINEMATECA
A derrota francesa nessa guerra abriu o caminho para os
prussianos anexarem, como já foi dito, os últimos estados Filmes relacionados com o tema do capítulo:
germânicos, concluindo assim as guerras pela unificação. • O Príncipe Rebelde (1930), dirigido por Pino Mercantil, conta a
A instalação do regime republicano na França, em 1870, história de um nobre italiano que lidera um grupo defensor da
mergulhou o país numa grave crise, levando ao estabelecimento unificação política do país.
da experiência de governo autônomo conhecida como Comuna de • Sedução da Carne (1954), do diretor Luchio Visconti, aborda
Paris, que durou pouco mais de setenta dias. uma história de amor entre uma nobre italiana e um oficial
LEITURA COMPLEMENTAR I: ORIGENS DO NACIONALISMO austríaco em meio às guerras pela unificação da Itália.
NO SÉCULO XIX • Sissi (1955), dirigido por Ernest Marischka, é o primeiro filme de
“Hoje, as pessoas se dizem inglesas, francesas, italianas ou uma trilogia e retrata o relacionamento do imperador Francisco
alemãs como se fosse natural esse sentimento de pertencer a uma José I com sua mulher Elisabeth, conhecida como Sissi.
nação, com território delimitado, sob um governo estabelecido. Na • O Leopardo (1963), dirigido por Luchino Visconti, aborda o
verdade, a idéia de nacionalidade ou de pertencimento a uma processo de unificação italiana e seus desdobramentos a partir da
nação é bastante recente na história do mundo ocidental. figura de um nobre siciliano.
De maneira geral, até o século XIX, os indivíduos se identificavam, • Mayerling (1968), do diretor Terence Young, traça um retrato do
antes de tudo, com a cidade ou a região em que haviam nascido cotidiano da corte austríaca no fim do século XIX.
ou onde criaram raízes, usando o termo pátria nesse sentido bem
restrito. Reconheciam-se também como súditos de algum rei ou • Em Nome do Papa-rei (1977), de Luigi Magni, enfoca as guerras
príncipe. Identificavam-se, ainda, pelo uso de uma língua comum, pela unificação da Itália a partir da vida de um clérigo.
sempre regional, muito diferente de um idioma nacional. • La Traviatta (1982), dirigido por Franco Zefirelli, retrata a alta
O termo nacionalismo, tal como o entendemos hoje, começou a sociedade da França no fim do século XIX.
ser utilizado na França nos anos 1830. Resultou, sem dúvida, da • A Trilha (1983), dirigido por Bernard Favre, retrata a história de
Revolução Francesa, que criou um sentimento de pátria vinculado um comerciante em meio aos conflitos militares que resultaram na
à idéia de um grupo de cidadãos com uma língua comum e direitos unificação italiana.
civis e políticos reconhecidos por um Estado soberano.
Nesse sentido, os movimentos revolucionários da primeira metade
do século XIX consideram a idéia de nacionalismo. Depois, a
participação cada vez maior do povo nas eleições ampliou a
acepção do termo, relacionando-o cada vez mais à cidadania
política e não só aos direitos civis.”
VAINFAS, Ronaldo. et al. História. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 433.
LEITURA COMPLEMENTAR II: UNIFICAÇÕES E IMIGRAÇÃO
EUROPEIA PARA O BRASIL
“Assim como a Revolução Industrial somente foi possível com base
no trabalho assalariado, o explosivo crescimento da atividade
cafeeira [no Brasil Imperial] pressupunha o trabalho livre. E este
estava disponível na Europa, onde a modernização capitalista
criava enormes contingentes de trabalhadores sem perspectivas de
futuro em países como a Itália e a Alemanha.
A Alemanha e a Itália só se incorporaram ao sistema capitalista no
decorrer do século XIX. Antes, a Alemanha estava dividida em
vários Estados autônomos e isolados, em muitos dos quais ainda
prevaleciam traços do feudalismo. Mesmo assim, apesar das
condições miseráveis de vida, os servos da gleba tinham sua
sobrevivência garantida pelo próprio trabalho. A Itália era também
fragmentada e com formas feudais na produção. Mas existiam,
além disso, as secas, as inundações e as epidemias. Com a
unificação, muitas terras foram confiscadas e todos os

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


41
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
"Fizemos a Itália, agora temos que fazer os italianos".
"Ao invés da Prússia se fundir na Alemanha, a Alemanha se fundiu na Prússia".
Estas frases, sobre as unificações italiana e alemã:
a) aludem às diferenças que as marcaram, pois, enquanto a alemã foi feita em benefício da Prússia, a
italiana, como demostra a escolha de Roma para capital, contemplou todas as regiões.
b) apontam para as suas semelhanças, isto é, para o caráter autoritário e incompleto de ambas,
decorrentes do passado fascista, no caso italiano, e nazista, no alemão.
c) chamam a atenção para o caráter unilateral e autoritário das duas unificações, imposta pelo
Piemonte, na Itália, e pela Prússia, na Alemanha.
d) escondem suas naturezas contrastantes, pois a alemã foi autoritária e aristocrática e a italiana foi
democrática e popular.
e) tratam da unificação da Itália e da Alemanha, mas nada sugerem quanto ao caráter impositivo de
processo liderado por Cavour, na Itália, e por Bismarck, na Alemanha.

Questão 02
As unificações políticas da Alemanha e da Itália, ocorridas na segunda metade do século XIX,
alteraram o equilíbrio político e social europeu. Entre os acontecimentos históricos desencadeados
pelos processos de unificações, encontram-se
a) a ascensão do bonapartismo na França e o levante operário em Berlim.
b) a aliança da Alemanha com a Inglaterra e a independência da Grécia.
c) o nacionalismo revanchista francês e a oposição do Papa ao Estado italiano.
d) a derrota da Internacional operária e o início da União Europeia.
e) o fortalecimento do Império austríaco e a derrota dos fascistas na Itália.

Questão 03
O dia 12 de setembro de 1990 marcou o fim da Segunda Guerra Mundial: a Alemanha, vencida há
quarenta e cinco anos, dividida e colocada sob a tutela de seus vencedores, encontrou através de sua
unificação a sua soberania plena e completa. A última unidade alemã tinha sido proclamada em 1871,
na galeria dos espelhos do palácio de Versalhes, depois de uma guerra vitoriosa contra a França.
("Adaptado de Le Monde", 13/09/90)

As conjunturas históricas indicadas no texto acima representam aspectos diferenciados.


Os dois momentos de unificação, no entanto, transformaram a Alemanha em:
a) um Estado unitário, com uma representação classista de deputados.
b) uma potência central, com um papel decisivo no equilíbrio de poder europeu.
c) uma república federal, com um regime parlamentar e uma constituição liberal.
d) uma nação democrática, com suas instituições liberais ampliadas do oeste para o leste.

Questão 04
A unificação política da Itália, ocorrida na segunda metade do século XIX, foi um processo tardio,
considerando o contexto histórico europeu. Sobre esta unificação é CORRETO afirmar que ela:
a) possibilitou a sua participação na corrida colonial, envolvendo-a no domínio do mercado
internacional juntamente com a Inglaterra e a França.
b) contribuiu em parte para romper o equilíbrio político-militar que, a partir do Congresso de Viena, foi
estabelecido entre as nações europeias.
c) acarretou o desenvolvimento do capitalismo a partir de um intenso surto de industrialização que se
estendeu por todo o seu território.
d) permitiu o reatamento das relações político-diplomáticas com o Vaticano e a garantia do direito de
liberdade religiosa aos cidadãos.
e) impediu o surgimento de fluxos de emigração de camponeses para o Continente Americano, através
da implantação de uma política de fechamento das suas fronteiras.

Questão 05
A unificação política da Alemanha (1870-1871) teve como consequências:
a) a ruptura do equilíbrio europeu, o revanchismo francês, a revolução industrial alemã e política de
alianças.
b) enfraquecimento da Alemanha e miséria de grande parte dos habitantes do sul, responsável pela
onda migratória do final do século XIX.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
42
Aula 22 – As Unificações Tardias Alemanha e Itália
c) a anexação da Alsácia e Lorena, o empobrecimento do Zollverein e retração do capitalismo.
d) corrida colonial, revanchismo francês, o enfraquecimento do Reich e anexação da Áustria.
e) o equilíbrio europeu, a aliança com a França, a formação da união aduaneira e a Liga dos Três
Anotações
Imperadores.

Questão 06
A unificação italiana, no final do século XIX, ameaçou a integridade territorial da Igreja. Esse impasse
resultou
a) no reforço dos sentimentos nacionalistas na Itália, provocando a expropriação das terras da Igreja.
b) no envolvimento da Igreja em lutas nacionais, criando congregações para a expansão do
catolicismo.
c) na adoção de atitudes liberais pelo Papa Pio IX, como forma de deter as forças fascistas.
d) na assinatura do Tratado de Latrão, em 1929, quando Mussolini criou o Estado do Vaticano.
e) no “Risorgimento”, processo em que segmentos ligados à Igreja defenderam a Itália independente.

Questão 07
Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela que está correta em relação ao processo de unificação
italiana, concluída na segunda metade do século XIX.
a) O Congresso de Viena concluiu o processo de integração nacional italiano na medida em que este
veio ao encontro dos interesses das elites locais.
b) O processo de unificação nacional resultou das fortes pressões da burguesia do sul do país, cuja
economia demandava um mercado interno homogêneo, dinâmico e integrado para a colocação da sua
moderna produção industrial.
c) A construção do Estado Nacional implicou enfrentar e expulsar as tropas de ocupação pertencentes
aos impérios britânico, russo e espanhol, estabelecidas na Península Itálica desde os acontecimentos
de 1848.
d) O movimento de unificação partiu das áreas mais industrializadas, teve forte presença de uma
burguesia interessada na ampliação do mercado interno e foi sustentado pela ideologia do
nacionalismo.
e) A consolidação da formação do Estado nacional italiano ocorreu com a anuência do papa Pio IX e o
reconhecimento, pelo primeiro-ministro Cavour, da existência e da soberania do Estado do Vaticano,
após as negociações da Questão Romana.

Questão 08
No Brasil, desde 2011, tem havido diversas comemorações dos 150 anos da Unificação Italiana,
relembrando os fortes laços culturais entre os dois países. Sobre a relação entre a Unificação Italiana
e a imigração de italianos para as Américas, é correto afirmar:
a) A Unificação Italiana foi o resultado de uma série de revoltas populares, que culminaram em 1861
com a formação de uma república socialista sob a direção de Giuseppe Mazzini. A burguesia, que não
concordava com o novo regime, emigrou para as Américas, levando capital suficiente para iniciar a
industrialização em países como a Argentina, o Brasil e os Estados Unidos.
b) O processo da Unificação Italiana contou com a intensa participação do Império brasileiro, pois D.
Pedro II almejava estabelecer relações comerciais com os italianos. É notória a participação de
Giuseppe Garibaldi na política brasileira do período imperial. Após a unificação, contudo, nem o Brasil
nem os demais países aliados conseguiram levantar a Itália de uma profunda crise econômica, o que
levou a uma grande leva emigratória para as Américas de 1880 a 1930.
c) A Unificação Italiana foi um processo iniciado no início do século XIX, que se concluiu em 1871, com
uma monarquia constitucionalista, sob o comando de uma aliança entre burgueses e latifundiários, que
afastou os setores populares do poder. Muitos italianos camponeses e trabalhadores saíram
empobrecidos após a unificação, o que estimulou uma intensa emigração para as Américas entre 1880
e 1930, engrossando fileiras de trabalhadores agrícolas e operários.
d) A Unificação Italiana durou de 1861 a 1870, agregando estados independentes sob a direção do
reino de Piemonte-Sardenha. Porém, sua conclusão só foi possível após a Unificação Alemã, que
marcou o fim da ingerência de Otto Von Bismark na política europeia. Após esse processo, o monarca
instituído perseguiu duramente seus inimigos políticos, que emigraram para as Américas.
e) A emigração italiana para as Américas teve início por conta de uma série de dificuldades financeiras
causadas por problemas climáticos, que, por volta de 1850, prejudicaram as colheitas. O volume de
emigrantes intensificou-se após a Unificação em 1861, em decorrência do fato de que o governo
anarquista instituído fracassou na tentativa de reerguer o país.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


43
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 03


Em 1860, um contemporâneo da unificação da Itália afirmou:
Questão 01 "Fizemos a Itália; agora precisamos fazer os italianos."
(D'AZEGLIO, Massimo (1792-1866). Apoud HOBSBAWM, E. "A era do capital:
Considere os textos a seguir, que se referem a dois momentos 1848-1875". Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.)
distintos da história alemã: respectivamente, à unificação do
Estado nacional, no século XIX, e ao período nazista, no século Essa frase traduz uma particularidade da construção da unidade
XX. italiana, que é identificada na:
"O próprio Bismarck parece não ter-se preocupado muito com o a) divergência entre nacionalismo e nação-estado.
simbolismo, a não ser pela criação de uma bandeira tricolor, que b) fusão entre nacionalismo de massa e patriotismo.
unia a branca e preta prussiana com a nacionalista liberal preta, c) adoção da língua italiana no dia da população.
vermelha e dourada (...)." d) união entre os interesses dos partidários da Igreja e da
(Eric Hobsbawn. A invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984, p. República.
281)
Questão 04
"Hitler escreve a propósito da bandeira: 'como nacional-socialistas,
vemos na nossa bandeira o nosso programa. Vemos no vermelho A expressão Risorgimento designa o conjunto de movimentos
a ideia social do movimento, no branco a ideia nacionalista, na heterogêneos que desejaram a unificação da Itália no século XIX.
suástica a nossa missão de luta pela vitória do homem ariano e, A vertente vitoriosa que promoveu a unificação da Itália foi:
pela mesma luta, a vitória da ideia do trabalho criador que como a) o projeto republicano de Giuseppe Mazzini, que criou o
sempre tem sido, sempre haverá de ser antisemita'." movimento Jovem Itália.
(Wilhelm Reich. Psicologia de massas do fascismo. São Paulo: Martins Fontes, b) o movimento popular e secreto dos Carbonários, que defendeu a
1988, p. 94-5) instituição de um Estado unitário e laico, contra a influência da
Igreja e do Império Austríaco.
A composição das duas bandeiras a que os textos se referem c) o Papado, que defendeu a instituição de uma monarquia
presta-se, nos dois casos, a teocrática com sede no Vaticano.
a) representar o caráter socialista do Estado alemão moderno, daí d) o movimento liderado pelo reino do Piemonte-Sardenha, que
a presença do vermelho nas duas bandeiras. adotou uma monarquia constitucional laica e favoreceu a
b) identificar o projeto político vitorioso e dominante com o conjunto industrialização.
da sociedade e com o Estado alemão.
c) defender a paz conquistada após os períodos de guerra, daí a Questão 05
presença do branco nas duas bandeiras.
As unificações alemã e italiana, em 1860/1871, aconteceram,
d) valorizar a diversidade de propostas políticas existentes,
segundo os historiadores, a partir da chamada "via prussiana". Isto
caracterizando a Alemanha como país democrático e plural.
significa que:
e) demonstrar o caráter religioso e cristão do Estado alemão, daí a
a) Foram realizadas de cima para baixo, isto é, a partir de uma
presença do preto nas duas bandeiras.
aliança entre a burguesia e a aristocracia.
Questão 02 b) As mudanças ocorridas naqueles países correspondiam às
expectativas plenas dos trabalhadores.
Estrangeiro é quem c) As mudanças foram feitas de baixo para cima, isto é, a partir de
mudou de país uma aliança entre setores populares e setores intelectuais da
mudou de paisagem classe média.
e fez da viagem d) As transformações políticas na Itália e na Alemanha se
um modo de estar. verificaram a partir de intervenções de potências estrangeiras,
Quem deixou para trás especialmente da Prússia.
o que tinha pela frente.
Quem era igual Questão 06
e se tornou diferente. Assinale a opção que apresenta uma afirmativa correta sobre o
Estrangeiro é quem processo de unificação da Alemanha (1871) e da Itália (1870):
mudou por inteiro: a) Na Itália, a proclamação da República por Giuseppe Garibaldi,
de ares, de amigos líder do movimento carbonário e republicano, estabilizou
e até de dinheiro. economicamente o país, permitindo a fixação das fronteiras
(Alberto Martins. A Floresta e o estrangeiro. São Paulo: internacionais italianas e sua unificação interna.
Companhia das Letrinhas, 2000. p. 6-7)
b) Na Itália, com o apoio do Papa Pio IX, o movimento unificador
No final do século XIX, a imigração europeia para o Brasil estava difundiu-se a partir da cidade de Roma, sendo contrário aos
relacionada ao processo de unificação da Itália e Alemanha. O interesses econômicos da burguesia do Piemonte e do norte do
movimento pela unificação desses dois países foi conduzido, país.
sobretudo, por grupos políticos que defendiam, a um só tempo, o c) Na Alemanha, Bismarck implementou a unificação com a ajuda
a) socialismo e o nacionalismo. econômica e militar do Império Austríaco, opondo-se à política
b) socialismo e o republicanismo. separatista da Prússia de Guilherme I.
c) liberalismo e o socialismo. d) A criação da União Alfandegária (Zollverein) entre os estados
d) liberalismo e o nacionalismo. alemães desenvolveu a industrialização e a economia, culminando
e) comunismo e o republicanismo. na unificação política com a criação do Segundo Reich (império)
Alemão.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
44
Aula 22 – As Unificações Tardias Alemanha e Itália
e) Ambos os processos unificadores resultaram da derrota dos imaginação e no coração do proletariado da Europa; sou seu
movimentos nacionalistas locais frente à reação das forças partidário sobretudo porque ela foi uma negação audaciosa, bem
monárquicas reunidas pelo Congresso de Viena. pronunciada, do Estado.
BAKUNIN, M. apud SAMIS, A. Negras tormentas: o federalismo e o
Questão 07 internacionalismo na Comuna de Paris. São Paulo: Hedra, 2011.

Até hoje se sonha com uma sociedade perfeita, justa e harmoniosa


A Comuna de Paris despertou a reação dos setores sociais
- utópica. No século XIX, o Romantismo produziu muitas utopias,
mencionados no texto, porque
que influenciaram duas correntes ideológicas diferentes: o
a) instituiu a participação política direta do povo.
socialismo e o nacionalismo. A partir de 1848, tais ideias passaram
b) consagrou o princípio do sufrágio universal.
para o campo concreto das lutas sociais na Europa. Já nas novas
c) encerrou o período de estabilidade política europeia.
áreas de domínio colonial, o nascente nacionalismo assumiu o
d) simbolizou a vitória do ideário marxista.
caráter de luta contra a exploração e a presença estrangeira.
e) representou a retomada dos valores do liberalismo.
Respectivamente, os movimentos que exemplificam o socialismo, o
nacionalismo na Europa e o nacionalismo contra o domínio
Questão 11
europeu são
a) a Comuna de Paris, a unificação da Alemanha e a Revolta dos A unidade italiana – o processo de constituição de um Estado único
Boxers. para o país – conserva o sistema oligárquico (...) Isto não impede a
b) o ludismo, a independência da Grécia e a Guerra dos Cipaios. formação do Estado, mas retarda a eclosão do fenômeno nacional.
(Leon Pomer, O surgimento das nações, 1985, p. 40-42)
c) a Internacional Socialista, a Revolução do Porto e a Guerra do
Ópio.
d) a Revolução Praieira, a independência da Bélgica e a Guerra Fizemos a Itália; agora, precisamos fazer os italianos.
(Massimo d’Azeglio apud E. J. Hobsbawm, A era do capital, 1977, p. 108)
dos Bôeres.
e) o Cartismo, a unificação da Itália e a Revolução Meiji. A partir dos textos, é correto afirmar que
a) apesar de ter nascido antes da nação, o Estado italiano,
Questão 08 unificado em 1871, representou os interesses dos não
Os movimentos nacionais, na Alemanha e na Itália, na 2a metade proprietários, o que implicou a defesa de mudanças
do século XIX, além das diferenças políticas têm como objetivo a: revolucionárias, que tornaram o Estado não autoritário e permitiram
a) unidade política e econômica como requisito para o a emergência do sentimento nacional, já fortificado pelas guerras
desenvolvimento capitalista através do fortalecimento do Estado e de unificação.
da integração geográfica dos mercados. b) o Estado italiano, nascido em 1848, na luta da alta burguesia do
b) independência econômica frente à intervenção econômica norte pelo poder, representava os interesses liberais, isto é, a
inglesa com a manutenção de estruturas de produção medievais. unidade do país como um alargamento do Estado piemontês, na
c) valorização do arianismo como instrumento de recuperação do defesa da pequena propriedade e do voto universal, condições
homem germânico e italiano e criador do "espaço vital". para a consolidação do sentimento nacional que cria os italianos. c)
d) construção de um estado forte inspirado nos modelos orientais em 1848, a criação do Estado italiano, pela burguesia do Reino das
como base política para a recuperação da posição que Itália e Duas Sicílias, foi uma vitória do liberalismo, pois a estrutura
Alemanha haviam ocupado no final do século XVIII. fundiária, baseada na grande propriedade, e a exclusão política
e) manutenção de uma política de proteção territorial contra os dos não proprietários permaneceram, encorajando os valores
interesses franceses resultantes da expansão napoleônica nacionais, condição para diminuir as diferenças regionais.
assentados numa perspectiva política conservadora. d) em 1871, o processo de unificação e o sentimento nacional
estavam intimamente ligados, na medida em que a classe
Questão 09 proprietária do centro da península, vitoriosa na guerra contra a
O desmonte do muro que dividia a cidade de Berlim e o acordo Áustria, absorveu os valores populares nacionais, o que legitimou a
sobre a reunificação alemã são fatores relevantes para a formação do Estado autoritário, defensor das desigualdades
construção de uma nova Europa. No entanto, a fundação do regionais.
Estado moderno alemão remonta ao século XIX e se relaciona com e) o Estado italiano nasceu antes da nação, em 1871, como uma
a: construção artificial, frágil e autoritária da alta burguesia do norte,
a) cooperação abrangente entre a Prússia e a União Soviética. cujos interesses de dominação excluíram as mudanças
b) multiplicação das taxas alfandegárias, a revogação da Liga revolucionárias e atrasaram a emergência do sentimento nacional,
Aduaneira, a aliança franco-prussiana e a ação do Papa. ainda estranho para a grande maioria das diferentes regiões da
c) cooperação pacífica, duradoura e estável entre todos os Estados península.
da Europa.
d) conhecida e inevitável neutralidade alemã na disputa de Questão 12
mercados. Desde o final do século XVIII, a criação de inúmeras associações
e) reorganização do exército prussiano e com o despertar do resultou num determinado patriotismo cultural e popular, num
sentimento nacionalista de união. território dividido em estados feudais dominados por uma
aristocracia retrógrada. Tais associações se dirigem à nação teuta,
Questão 10 enfatizando o idioma, a cultura e as tradições comunitárias,
Sou um partidário da Comuna de Paris, que, por ter sido elementos para a elaboração de uma identidade coletiva,
massacrada, sufocada no sangue pelos carrascos da reação independentemente do critério territorial. E, de fato, esse
monárquica e clerical, tornou-se ainda mais viva, mais poderosa na nacionalismo popular, romântico-ilustrado (uma vez que pautado

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


45
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

no princípio da cidadania e no direito à autodeterminação dos potências vizinhas.


povos), inspirará uma boa parcela dos revolucionários de 1848. Assinale a alternativa correta em relação às motivações e aos
Mas não serão eles a unificar a Alemanha. Seus herdeiros acontecimentos que desencadearam esse processo de unificação.
precisarão aguardar até 1871, quando Bismarck realiza uma a) A fragmentação política obstaculizava o pleno desenvolvimento
revolução de cima, momento em que, em virtude do poderio comercial e industrial da região. A unificação promoveria um
econômico e da força militar da Prússia, a Alemanha se unifica mercado ágil e ampliado, com condições de enfrentar a
como Estado forte, consolidando-se a sua trajetória rumo à concorrência inglesa através da proteção governamental.
modernização. b) A unificação foi liderada pela Áustria, o mais poderoso dos
Tendo-se como referência essas considerações, pode-se concluir Estados germânicos e sucessora do extinto Sacro-Império, capaz
que: de eliminar as pretensões da Prússia. Aliado da França, o país
a) o principal fator que possibilitou a unificação alemã foi o austríaco contou com o seu apoio para vencer as resistências
desenvolvimento econômico e social dos Estados germânicos, germânicas do sul.
iniciado com o estabelecimento do Zollverein – liga aduaneira que c) A constituição, redigida por Bismarck, inaugurou uma era
favoreceu os interesses da burguesia. democrática nos estados alemães, sob influência dos ideais da
b) a unificação alemã atendeu aos interesses de uma aristocracia Revolução Francesa, baseados na soberania e na participação
rural desejosa de formar um amplo mercado nacional para seus popular.
produtos, alicerçando-se na idéia do patriotismo cultural e do d) As decisões do Congresso de Viena, ao reconhecerem o direito
nacionalismo popular. de independência da Alemanha, foram fundamentais para a
c) Na Alemanha, a unificação nacional ocorreu, principalmente, em consolidação da unificação, pois inibiram as pretensões italianas
virtude da formação de uma identidade coletiva baseada no idioma, aos territórios do sul da Alemanha.
na cultura e nas tradições comuns. e) O processo de unificação alemã contou com o apoio da França,
d) na Alemanha, a unificação política pôde ultrapassar as barreiras que, acossada pela supremacia britânica, via no novo Estado um
impostas pela aristocracia territorial, que via no desenvolvimento importante aliado na corrida imperialista.
industrial o caminho da modernização

Questão 13
A unificação alemã foi articulada pelo reino da:
a) Prússia, após a derrota da Comuna de Paris na Guerra Franco-
Prussiana, apoiado em uma aliança com a aristocracia austríaca e
a burguesia prussiana.
b) Áustria, devido à sua superioridade industrial e militar dentro da
Confederação Germânica, apoiado em uma aliança com a
aristocracia prussiana.
c) Áustria, como resposta à ameaça prussiana de unificação após
a instituição do Zollverein na Confederação Germânica, apoiado
em uma aliança com a aristocracia austríaca.
d) Prússia, devido ao seu poderio militar e força econômica dentro
da Confederação Germânica, apoiado em uma aliança entre a
aristocracia e a alta burguesia.
e) Prússia, devido à mobilização nacionalista da Confederação
Germânica durante a Guerra Franco-Prussiana, apoiado em uma
aliança com a grande burguesia austríaca.

Questão 14
Assinale a alternativa incorreta a respeito da unificação italiana.
a) Os franco-piemonteses venceram os Austríacos em Magenta e
Soferino em 1859, com o auxílio de Napoleão III.
b) O Reino das Duas Sicílias, governado pelos Bourbons, foi
conquistado por Giuseppe Garibaldi e seus “camisas vermelhas”
em apenas alguns meses, em 1860.
c) Vítor Emanuel II tentou, em 1861, ser proclamado rei da Itália,
mas foi impedido pelo primeiro-ministro Camilo Benso, o conde de
Cavour.
d) A unificação italiana se completou em 1870 quando, ao eclodir a
Guerra Franco-Prussiana, as tropas francesas deixaram a Itália,
possibilitando a anexação de Roma, que se tornou a capital do
reino.

Questão 15
A Unificação Alemã, habilmente arquitetada por Otto Von
Bismarck, realizou-se em torno de guerras bem-sucedidas contra

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


46
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX


INTRODUÇÃO
Ao longo do século XIX os Estados Unidos da América experimentaram
uma expansão em suas fronteiras territoriais, superaram uma sangrenta
guerra civil, consolidaram as bases de seu processo de industrialização
e se firmaram de vez como uma potência regional, num début do que
viria a ser sua influência no século seguinte.
Além disso, o exemplo da emancipação política norte-americana (1776)
estimulou outros países do continente americano a trilhar os mesmos
passos. O regime republicano adotado oficialmente pela Constituição
norte-americana de 1787 inspirou outros povos a abraçarem essa
mesma forma de governo. Sua longa e vigorosa democracia serviu de
norte para outros governos ao redor do mundo.
Preâmbulo da Constituição dos Estados Unidos da América (1787).
A EXPANSÃO TERRITORIAL
Ao findar a Guerra de Independência (1776-1783) travada contra os ingleses, os americanos iniciaram um processo de alargamento de
suas fronteiras, resultando no controle do território que hoje corresponde aos Estados Unidos.
Esse processo, que os americanos, à época, denominaram “Marcha para o Oeste”, estendeu as fronteiras do país até o oceano Pacífico,
abrindo novos mercados para a economia, o que foi decisivo para o desenvolvimento do capitalismo nos EUA.
O historiador francês Frédéric Mauro, em História econômica mundial, refletindo sobre o que a expansão territorial representou para a
economia dos EUA, escreveu: “O Oeste tornou-se um mercado para produtos manufaturados do Leste. O leste tendeu a ser cada vez mais
uma zona industrial, o Oeste uma zona agrícola fornecendo os produtos alimentares, e o Sul, o país do algodão. Na primeira metade do
século [século XIX], o Leste enviava para o Oeste produtos manufaturados e o Oeste vendia seus produtos ao Sul, graças ao Mississipi. O
Sul vendia sua produção à Europa ou ao Leste. A abertura dos canais e a construção das estradas de ferro permitiram ao Oeste vender
também seus produtos ao Leste depois de 1850.”
Também devemos considerar que o controle sobre a costa do Pacífico deu aos americanos acesso aos disputados mercados do Oriente, o
que alavancou ainda mais sua expansão capitalista internacional.
Um elemento que contribuiu para a expansão territorial norte-americana foi o significativo aumento da população. Por volta de 1801, a
população dos EUA era de aproximadamente 4 milhões de pessoas. Em 1870, havia ultrapassado 40 milhões. O crescimento populacional
era alimentado pela chegada de imigrantes europeus, que enxergavam nos EUA uma terra de oportunidades e liberdade. Milhões de
ingleses, italianos, irlandeses, espanhóis, suecos, poloneses e russos desembarcaram nos EUA, atraídos pela perspectiva de trabalho ou
pelo ouro, descoberto na Califórnia em 1848.
O mapa abaixo apresenta a expansão das fronteiras americanas ao longo do século XIX.

Do ponto de vista ideológico, a expansão territorial foi justificada pela crença no Destino Manifesto, muito popular no século XIX, segundo a
qual os americanos foram escolhidos por Deus para conquistar e ocupar os territórios situados entre o Atlântico e o Pacífico. As raízes do
Destino Manifesto estão na crença calvinista da predestinação absoluta (lembrar que foram os calvinistas ingleses que iniciaram a
colonização dos EUA). Assim como Deus escolhe alguns para a salvação, escolhe também algumas nações para dominar vastos territórios
e levar a luz da civilização e da fé cristã a essas terras.
Os norte-americanos acreditavam que a Divina Providência os escolheu para tal missão.
A expansão das fronteiras americanas ocorreu a partir de vários mecanismos:

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

• compra de territórios – Flórida, Alasca e Louisiana se encaixam nessa categoria, pois foram comprados, respectivamente, da Espanha,
da Rússia e da França;
• diplomacia - o território do Oregon foi cedido pelos ingleses aos americanos;
• guerras contra mexicanos e indígenas – Califórnia, Novo México e Texas foram
conquistados pela força militar dos EUA, que obrigou os mexicanos a assinarem o Tratado de
Guadalupe-Hidalgo, instrumento oficial da incorporação dos citados territórios.
É importante perceber que a conquista e ocupação dos territórios a Oeste foram acompanhadas
do massacre de milhares de índios (os peles-vermelhas). Os que sobreviveram acabaram
confinados em reservas indígenas. O cinema norte-americano transformou a figura dos pioneiros
brancos, desbravadores do território, na de verdadeiros heróis. Quanto aos peles-vermelhas,
digamos que eles nunca conseguiram apresentar seu lado da história...
A GUERA CIVIL AMERICANA
Em 1861 eclodiu um violento conflito civil nos Estados Unidos, que se estendeu até 1865. Essa
guerra civil, também conhecida como Guerra de Secessão, foi o mais sangrento conflito do
século XIX, com um saldo de mortos que ultrapassou 600 mil pessoas.
Esse conflito tem suas raízes nas profundas diferenças entre os estados nortistas e sulistas que Nativos peles-vermelhas, que viviam nas
compunham a União. Refletindo a respeito disso, o escritor americano Leo Huberman, em Nós, o pradarias do Oeste dos EUA no século XIX.
povo, escreveu: “O país se chamava Estados Unidos, mas só no nome, não na realidade. Os
estados do sul e os do norte trabalhavam de maneira diferente, pensavam diferente, viviam diferente. No norte havia a lavoura em pequena
escala, o transporte por navios, as manufaturas que cresciam – tudo produzido pelo trabalho do branco; no sul havia a monocultura, com o
trabalho do negro. As duas divisões, tão diversas em sua maneira de viver, tinham que se separar. O comerciante, o industrial ou banqueiro
do norte, ganhando força nova com a Revolução Industrial, tinha que se haver com as classes proprietárias de terras do sul. Essa luta se
arrastou durante 60 anos, e finalmente eclodiu com a guerra civil.”
As diferenças entre os estado nortistas e os estados sulistas podem assim ser resumidas:
• estados nortistas – experimentando um crescente processo de industrialização, eram favoráveis ao fim da escravidão e à adoção de uma
política protecionista que dificultasse a entrada de produtos industrializados europeus;
• estados sulistas – sua aristocracia rural defendia a manutenção do trabalho escravo e a adoção de uma política de livre cambismo, capaz
de assegurar suas exportações para o mercado externo.
A expansão territorial do país, que levou à conquista de possessões a Oeste, contribuiu para acirrar a rivalidade entre nortistas e sulistas.
Os novos estados que se formaram com a anexação de territórios ficaram no meio de um verdadeiro “fogo cruzado”, pois tanto os nortistas
como os sulistas queriam que esses novos estados a Oeste adotassem seu modelo socioeconômico.
Na verdade, o fator que mais pesou na eclosão do conflito civil foi o da questão alfandegária, crucial tanto na visão da burguesia industrial
nortista como na da aristocracia rural sulista. “Os nortistas tinham como motivação algo mais que interesse pelo bem estar dos pretos
sulistas”, escreveu Edward Burns em História da Civilização Ocidental.
Entretanto, não podemos ignorar que um movimento humanitário em defesa da abolição florescia nos EUA desde a primeira metade do
século XIX. Em 1833 foi fundada a Sociedade Americana Contra a Escravidão, que defendia a abolição sem indenizações aos proprietários
de escravos. Em 1852, Harriet Beecher Stowe publicava o livro "A Cabana do Pai Tomás" (Uncle Tom's Cabin), que rapidamente se torna
um dos mais vendidos da época. O romance retratava a dura vida dos escravos das lavouras do Sul, tendo como personagem principal um
escravo idoso e generoso chamado Tomás. O livro comoveu milhões de leitores e conseguiu chamar a atenção de uma significativa parcela
da população branca para a causa abolicionista
A eleição do republicano Abraham Lincoln à presidência (1860) acabou se transformando no
estopim do conflito. Lincoln representava os interesses da burguesia industrial nortista. Em sua
campanha para a presidência, prometeu adotar uma política protecionista caso fosse eleito, o
que se voltava contra os interesses da aristocracia sulista. Além disso, a posição de Lincoln
quanto à questão da escravidão era pelo seu fim. “O governo não resiste para sempre em um
país metade livre, metade escravista”, declarou Lincoln durante a campanha presidencial de
1860.
Em 1861, pouco depois da posse do 16º presidente americano, 11 estados sulistas oficializaram
seu desligamento da União, proclamando a criação dos Estados Confederados da América, com
capital em Richmond, Virgínia. Seu primeiro e único presidente foi Jefferson Davis, um ex oficial
do Exército. O ataque dos confederados ao Forte Sumter, em Charleston, Carolina do Sul,
marcou o início da Guerra de Secessão.
Abraham Lincoln
De um lado, os exércitos dos confederados, os 11 estados separatistas, com 9 milhões de
habitantes (sendo 4 milhões escravos); do outro, as tropas da União, representando 21 estados com uma população de 20 milhões de
pessoas (em sua maioria livres). A superioridade do Norte ultrapassava seu poderio militar. A União contava com ferrovias, indústrias
bélicas e toda uma infra-estrutura capaz de sustentar sua máquina de guerra.
As principais batalhas ocorreram em Antietam (1862) e em Gettysburg (1863), com a vitória dos exércitos nortistas sobre as tropas dos

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


48
Aula 23 – Os EUA no Século XIX
confederados, comandadas pelo general Lee. Em Gettysburg, o presidente Lincoln inaugurou um cemitério para as vítimas da batalha,
ocasião em que proferiu um de seus mais famosos discursos (veja a 3ª leitura complementar ao fim do capítulo).
O conflito só chegou ao fim com a derrota final das tropas confederadas, comandadas pelo general Lee, aos exércitos da União, liderados
pelo general Grant, em Appomatox (1865) e a reincorporação dos estados separatistas à União.
PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS DO CONFLITO
A vitória das tropas da União sobre os confederados representou a vitória do SAIBA MAIS: A POLÍTICA EXTERNA DOS EUA
projeto nortista, industrial, protecionista e abolicionista para a nação. A NO SÉCULO XIX
escravidão foi declarada extinta em todo o país (6 de dezembro de 1865), uma A política externa dos EUA em relação aos países
política protecionista foi adotada, o trabalho livre cresceu e o setor industrial foi europeus foi marcada, do século XIX até 1917, pelo
o grande beneficiado nos anos que seguiram o do conflito. isolacionismo. Os EUA não se envolviam nos
A guerra deixou um saldo de aproximadamente 600 mil mortos. Apesar da conflitos políticos e guerras travadas entre os
enorme perda, a população do país continuou a crescer, como já vinha Estados europeus. Essa postura só mudaria em
ocorrendo desde o início do século XIX. Em 1865, ano em que terminou a 1917, com a entrada dos americanos na Primeira
Guerra de Secessão, estima-se que a população dos EUA era de 30 milhões de Guerra Mundial, ao lado os países da Entente.
pessoas. Em 1914, ano em que eclodiu a Primeira Guerra Mundial, a população
americana havia ultrapassado 90 milhões de pessoas.
A vitória nortista impediu que o país se fragmentasse. Os estados separatistas do
Sul foram reincorporados ao território da União. A manutenção da unidade
territorial foi decisiva para garantir sua ascensão dos EUA à condição de potência
mundial no século XX.
Abraham Lincoln foi assassinado no mesmo ano em que o conflito acabou (1865).
O local do assassinato foi o Teatro Ford, em Washington, onde Lincoln assistia
um espetáculo. O assassino era John Wilkes Booth, um jovem ator de 26 anos
que se identificava com a causa dos estados sulistas derrotados e acreditava que
os estava vingando ao assassinar Lincoln.
O ressentimento dos brancos sulistas pela derrota no conflito e a perda de seus
escravos foi o combustível para a formação de sociedades racistas secretas,
como a Ku Klux Klan, que perseguiam e aterrorizavam os ex escravos, com o
objetivo de impedir sua integração social. Seus integrantes usavam capuz branco
e roupão para esconder a identidade. Dessa forma, sentiam-se à vontade para
aterrorizar suas vitimas. Os negros, geralmente supersticiosos e sem instrução,
acreditavam se deparar com verdadeiros fantasmas. A Klan, como seus membros
simplesmente a chamavam, possuía uma rígida hierarquia e era presidida por um Flagrante de uma reunião da Ku Klux Klan.
“grande sacerdote”. Ainda há nucleos dessa organização em funcionamento em
cidades do Sul dos EUA. Hoje, seu discurso mescla a proclamação da supremacia branca, o ódio racial e o xenofobismo (aversão a
estrangeiros).
Leis segregacionistas contra os negros vigoraram nos EUA até a
primeira metade do
século XX. Elas ficaram conhecidas como “Leis Jim Crow” (numa
tradução livre, “Leis do Zé Ninguém”), impedindo que os negros
votassem nos estados do Sul. Nos cinemas, os negros eram obrigados
a entrar por portas laterais e sentar nas últimas poltronas.
Não podiam utilizar os mesmos bebedouros que os brancos utilizavam.
Em ônibus e
trens, havia assentos reservados especificamente para eles. Sua
entrada em parques e piscinas públicas destinadas aos brancos era
proibida. Não podiam frequentar muitos restaurantes porqueseus
proprietários se recusavam a atender os negros. Em viagens de carro
Flagrante de segregação em cidade do Sul dos EUA: observe a
para outras cidades não eram aceitos em hotéis e motéis em quase
diferença entre o bebedouro reservado aos brancos e o reservado
todas as cidades do Sul do país, dependendo do apoio de parentes e
aos negros.
amigos para conseguir hospedagem.
Essa situação perdurou até 1964, quando o presidente Lyndon
Johnson sancionou a nova Lei dos Direitos Civis, pondo fim a qualquer tipo de segregação contra os negros e eliminando qualquer
impedimento para que os mesmos votassem. A luta dos negros americanos por seus direitos civis será analisada no volume 2 da apostila
de Ciências Humanas IV.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


49
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

HISTÓRIA E ARTE Filipinas em 1898, durante a Guerra Hispano-Americana. Pouco


Em março de 1922 foi inaugurado o Memorial Lincoln, em mais de um século depois, o presidente George W. Bush relatou
Washington. Trata-se de um magnífico monumento, inspirado no algo semelhante ao falar sobre política externa para um grupo de
Partenon de Atenas, circundado por 36 colunas (cada uma com autoridades palestinas: Deus me disse para atacar a Al Quaeda, e
cerca de 13 metros) que representam os 36 estados americanos eu a ataquei. Então ele me deu a ordem de atacar Saddam, e foi
que formavam a União na época em que Lincoln governou o país. isso que eu fiz.” A inspiração divina é um elemento constante na
história dos Estados Unidos – ou, pelo menos, nos discursos de
seus dirigentes, que, mais de uma vez, utilizaram-na para justificar
a expansão das fronteiras do país e, mais tarde, a adoção de
políticas imperialistas. Afinal, isso seria o cumprimento de um
‘destino manifesto’. Ou seja, os americanos estão convencidos de
que têm a missão a eles dada por Deus de espalhar pelo mundo a
civilização e a liberdade, exatamente da maneira como foram
postas em prática nos Estados Unidos. Para os partidários dessa
concepção, trata-se de uma tarefa ao mesmo tempo óbvia (a saga
americana seria uma prova ou ‘manifestação’ desse fato) e
inevitável (ou seja, um ‘destino’). A expressão ‘destino manifesto’
surgiu às vésperas da guerra com o México, em 1846, quando o
jornalista John O’Sullivan defendeu a ‘realização do nosso destino
manifesto de nos espalharmos pelo continente que recebemos da
Providência’. Mas a idéia tem raízes mais antigas, que remontam
Dentro do monumento fica a estátua de Lincoln, com 6 metros de
aos puritanos do século 17. Em sua jornada através do Atlântico,
altura, projetada por Daniel Chester French e esculpida pelos
esses imigrantes se comparavam aos hebreus do Velho
irmãos Piccirilli. Ela fica sobre um pedestal de mármore e produz
testamento, cruzando o deserto em busca da Terra prometida.
um forte impacto aos que adentram o Memorial. O texto do famoso
John Winthrop, o líder puritano, definiu a sociedade construída
discurso de Gettysburg, proferido por Lincoln em 1863, está inscrito
pelos peregrinos como ‘uma cidade no alto da colina’, um farol
na parede sul do monumento. O Memorial Lincoln reverencia a
destinado a iluminar a humanidade. O escritor Herman Melville,
memória do presidente responsável pela libertação dos escravos e
autor do clássico Moby Dick, expressou a mesma visão. ‘Somos o
preservação da unidade do país.
povo peculiar, escolhido, o Israel do nosso tempo. Carregamos a
LEITURA COMPLEMENTAR I: OS EUA E A IMIGRAÇÃO arca das liberdades do mundo’, escreveu, em 1850. Mas nem
“À medida que os Estados Unidos continuavam a adquirir mais sempre a missão americana foi interpretada como uma carta
territórios no oeste (e o acréscimo mais importante resultou da branca para ocupar territórios. Thomas Jefferson, líder da
conquista de terras ao México, no sudoeste, em 1846), independência, acreditava que os EUA deveriam difundir os
enfrentavam outro problema além de juntar essas áreas e seus valores democráticos por meio do seu próprio exemplo, que
colonizadores à nação. Havia também a tarefa de assimilar os acabaria por ser imitado por outros povos, e não pelo uso da força.
milhares de imigrantes, que chegavam da Europa na primeira Quem concorda com isso é chamado ‘exemplarista’. Quem
metade do século. Muitos eram escoceses e ingleses; para estes acredita que dar o exemplo não basta e que é preciso dau uma
não eram grandes as dificuldades de se ajustarem a uma nova vida mãozinha para que os outros conheçam a verdade leva o nome de
num novo país, já que falavam a mesma língua de seus ‘vindicalista’. Quem pensa, porém, que a tese da predestinação só
concidadãos. Para outros os problemas eram muito maiores. Para voltou com Bush, que se autoproclama autorizado a exercer a
os irlandeses, que imigravam em grande número, principalmente liderança global em benefício de todos, está enganado. Madeleine
na década de 1840, havia a questão de sua religião, o catolicismo Albright, secretária de Estado na gestão de Bill Clinton, foi uma
romano. Para os alemães e outros grupos do continente europeu, defensora das mais entusiastas. Em 1997, ao justificar o
havia a barreira idiomática. A política dos Estados Unidos com lançamento de mísseis contra o Iraque, Albright afirmou, num
relação a seus imigrantes visava a impedir a criação de quaisquer programa de televisão: ‘Se nós temos que usar a força, é porque
encraves estrangeiros nacionalistas, separados do grupo maior dos somos a América. Somos a nação indispensável. Nós temos
cidadãos. Embora fossem tolerados jornais em línguas estatura. Nós enxergamos mais longe em direção ao futuro.’”
estrangeiras e os imigrantes tivessem liberdade de freqüentar as (FUSER, Igor. Os donos do mundo: em nome de Deus. Aventuras na História.
igrejas e reuniões sociais que desejassem, o inglês continuou a ser São Paulo, v. 35, p. 29, jun., 2006.)
a língua das escolas públicas, da polícia, dos tribunais e do LEITURA COMPLEMENTAR III: DISCURSO DE LINCOLN EM
governo. Para conseguir um emprego, um imigrante era quase GETTYSBURG
sempre obrigado a aprender ao menos um pouco de inglês. Dessa
forma, os Estados Unidos estimularam os imigrantes a deixar de “Oitenta e sete anos atrás, nossos antepassados criaram neste
lado os costumes ‘estrangeiros’ e ligar-se à sua pátria de adoção.” continente uma nova nação, concebida na liberdade e dedicada ao
(BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do homem das cavernas
conceito de que todos os homens foram criados em igualdade.
às naves espaciais – v. 2. 40. ed. São Paulo: Globo, 2001, p. 595.) Estamos agora envolvidos em uma grande guerra civil, para
LEITURA COMPLEMENTAR II: EM NOME DE DEUS determinar se aquela nação, ou qualquer nação concebida daquela
maneira e dedicada aos mesmos ideais, poderá perdurar.
“Uma noite, no fim do século 19, um homem se ajoelhou para
rezar e receber, diretamente de Deus, instruções para enviar Estamos reunidos em um dos grandes campos de batalha dessa
tropas a um arquipélago distante. Foi assim que o presidente guerra. Viemos para dedicar parte desse campo como local de
americano William McKinley explicou sua decisão de invadir as derradeiro repouso para aqueles que deram suas vidas aqui a fim
de garantir que a nação possa sobreviver. É justo e apropriado que
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
50
Aula 23 – Os EUA no Século XIX
assim o façamos. Trump, que já defendeu a expulsão de todos os imigrantes latinos
Mas, em um sentido mais amplo, não podemos dedicar... não ilegais do país e a proibição da entrada de qualquer muçulmano.
podemos consagrar... não podemos santificar este solo. Os bravos Muitos acreditam que a retórica incendiária de políticos como
soldados, vivos e mortos, que aqui lutaram já o consagraram de Donald Trump acabe legitimando grupos racistas como a KKK
maneira muito superior ao pouco que nos seria possível Mas o que é a KKK, e até que ponto se deve levar a sério essa
acrescentar ou subtrair. organização e seus membros, que costumam queimar cruzes
vestidos com capuzes brancos?
O mundo pouco atentará e tampouco recordará por muito tempo
aquilo que aqui dizemos, mas jamais poderá esquecer aquilo que Historiadores apontam que a Ku Klux Klan foi fundada no
eles fizeram. Tennessee pouco depois da guerra civil americana, ou Guerra de
Secessão (1861-1865), por um grupo de ex-soldados confederados
Cabe a nós, os vivos, portanto, dedicar nossas forças à tarefa
(da região sul do país, derrotada no conflito). O nome foi inspirado
inacabada que aqueles que aqui combateram conduziram adiante
na palavra grega para círculo: kuklos.
com tamanha nobreza até agora... que dos mortos a quem
honramos, adquiramos devoção ampliada à causa pela qual sua Originalmente concebida como um clube recreativo, a KKK
devoção foi expressa da maneira mais plena; que nós aqui rapidamente começou a atuar de forma violenta para intimidar
resolvamos da forma mais altaneira que esses mortos não tenham populações negras do sul dos EUA e garantir a supremacia dos
dado suas vidas em vão; que este país, sob a tutela de Deus, veja moradores de raça branca.
um renascimento da liberdade; e que o governo do povo, pelo povo O filme clássico "O Nascimento de uma Nação", de D.W Griffith,
e para o povo não pereça neste mundo.” marcou o primeiro "renascimento" da KKK E, segundo a
(Transcrito a partir do discurso gravado no interior do Memorial Lincoln, em organização de direitos civis SPLC (South Poverty Law Center),
Washington, EUA. Tradução de Paulo Migliacci.) houve elementos que deram mística ao grupo e contribuíram para
LEITURA COMPLEMENTAR IV: APÓS 150 ANOS, GRUPO sua popularidade: "títulos ridículos" (a autoridade máxima da KKK
RACISTA KU KLUX KLAN CONTINUA SE REUNINDO NOS EUA recebe, por exemplo, o nome de "mago imperial"), roupas com
"Tentam destruir a Klan desde seu nascimento, em 1865. Mas 150 capuzes, ações noturnas violentas e a ideia de que o grupo era
anos depois continuamos aqui." parte de um "império invisível".
Quem fala assim é James Moore, ou "Kludd Imperial" -- título Depois de um curto e violento período, a organização considerada
equivalente ao de capelão -- dos Cavaleiros Brancos Leais da pela Liga Antidifamação como "o primeiro grupo terrorista dos
KKK, enquanto se dirige aos presentes a um encontro da Ku Klux EUA" se desfez como resultado da pressão do governo federal,
Klan na zona rural do Alabama, nos EUA. mas teve seus objetivos garantidos pela manutenção de leis
segregacionistas no sul do país.
Pouco depois, Moore diria que a mais conhecida organização
supremacista branca do mundo conseguira 20 novos membros Na década de 1920, contudo, a crescente imigração católica e
durante aquele evento. judia e a popularidade do filme "O Nascimento de uma Nação", de
1915, em que a KKK aparece como "mocinho" da história,
A cena, registrada no documentário da BBC "KKK: a luta pela contribuíram para o renascimento do grupo.
supremacia branca", se deu quando ainda faltavam alguns meses
para o 150º aniversário da organização, fundada em 24 de Ainda segundo a SPLC, quando a KKK organizou uma enorme
dezembro de 1865. marcha em Washington em 1925, o grupo tinha quatro milhões de
membros e forte influência na política de Estados do sul dos EUA.
Um século e meio depois de seu nascimento, a Ku Klux Klan A influência da KKK na vida política dos EUA era notável na
parece estar recuperando certo protagonismo. década de 1920
A organização está longe dos números que alcançou na década de "Uma série de escândalos sexuais, disputas internas por poder e
1920, mas diz estar recrutando cada vez mais integrantes para a investigações jornalísticas rapidamente reduziram sua influência",
"guerra de raças" que, 150 anos depois da Guerra de Secessão, afirma a SPLC, fundada em 1971 para combater de forma legal as
parece estar em curso nos EUA. organizações supremacistas.
A luta por direitos civis na década de 1960 resultaria em um
interesse renovado pela filosofia do grupo, como o nome da KKK,
roupas, rituais e práticas sendo adotados por diferentes grupos.
Logo houve um novo recuo, resultado de mais disputas internas,
julgamentos e infiltrações por parte de agências de governo.
"Desde sua criação, a Ku Klux Klan passou por vários ciclos de
crescimento e colapso, e em alguns desses ciclos a KKK foi mais
radical que em outros", afirma a Liga Antidifamação, conhecida
pela sigla em inglês ADL.
A KKK mantém presença forte nos Estados do Sul dos EUA
Reunião de simpatizantes da KKK no Alabama, EUA "Mas, em todas as suas encarnações, ela manteve sua herança
A "ameaça islâmica" -- para a KKK exposta em ataques como o de dupla de ódio e violência", diz a organização, que estima haver
San Bernardino, na Califórnia, onde morreram 14 pessoas -- e a hoje cerca de 40 filiais da KKK nos EUA, com 5.000 membros
chegada de imigrantes não brancos proporcionaram novos A SPLC calcula esse número entre 5.000 e 8.000, "divididos entre
inimigos à organização, e, com eles, cada vez mais simpatizantes. dezenas de organizações diferentes - e muitas vezes antagônicas -
E muitos integrantes se sentem legitimados pelo discurso de que usam o nome da Klan."
políticos como o pré-candidato republicano à Presidência Donald Segundo a entidade de direitos civis, enquanto algumas dessas

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


51
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

expressões da KKK são abertamente racistas, outras "procuram mídia.


esconder seu racismo sob o manto de 'direitos civis para brancos'". E esse fenômeno também se expressa entre membros da KKK e
A lista de inimigos da KKK também se ampliou pouco a pouco, de outros grupos que promovem a supremacia branca.
para incluir não apenas negros, judeus e católicos (ainda que estes "A desmoralização é o pior inimigo (dessas organizações), e Trump
últimos tenham sido reconsiderados na década de 1970), mas está mudando isso", disse Black, segundo o site Politico.
também homossexuais e diferentes grupos de imigrantes, diz a "Ele fez com que seja aceitável falar sobre as preocupações dos
ADL. americanos de origem europeia", acrescentou.
"Os Estados Unidos nasceram como uma nação cristã e nossos "E certamente está criando um movimento que continuará
valores cristãos estão sendo atacados", resume um membro da independentemente de Trump, inclusive se ele recuar em algum
KKK, coberto pelo tradicional capuz branco, no documentário momento", concluiu o supremacista, em declaração que soa como
"KKK: A luta pela supremacia branca". uma advertência.
"Somos pessoas normais, viemos de todos os setores: um é Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2015/12/30/o-
ressurgimento-da-ku-klux-khan-no-ano-de-seu-150-aniversario.htm
professor de escola, outro trabalha em um hospital, há vários
políticos", afirma James Moore, o "Kludd Imperial" dos Cavaleiros CINEMATECA
Brancos Leais. Filmes relacionados com o tema do capítulo:
Um século e meio depois, integrantes da Ku Klux Klan continuam • O nascimento de uma nação (1915), dirigido por David Wark
pregando sua "guerra de raças" nos EUA Griffith, conta a história de duas famílias durante a guerra civil
"Nós, brancos, estamos infelizmente perdendo esta guerra, mas os americana.
brancos irão acordar. Uma pequena unidade militar pode derrotar • E o vento levou (1939), do diretor Victor Fleming, tornou-se um
os negros em questão de semanas, e a maior parte de nossa gente dos clássicos do cinema ao retratar uma história de amor em meio
vem das Forças Armadas. Vamos retomar os EUA", afirma no à Guerra de Secessão.
documentário da BBC, transmitido pela primeira vez em outubro. • Tempo de glória (1989), dirigido por Edward Zwuick, aborda em
Em uma primeira análise, a ameaça pode parecer uma simples seu enredo a história, em meio à guerra civil americana, de um
bravata amparada pela primeira emenda da Constituição oficial da União e de seu batalhão de soldados negros.
americana, que garante a liberdade de expressão e acaba • Um sonho distante (1992), de Ron Howard, narra a história de
protegendo a KKK e seus membros -- desde que não promovam uma garota mimada e um garoto pobre que fogem da Irlanda para
violência. os EUA no fim do século XIX, na esperança de conquistar terras.
Mas é fato que essa filosofia não deixa de ter consequências reais.
A lista é tão grande que iremos resumi-la assim:
Para integrantes da KKK como Charles Murphy - "Grande Dragão"
da KKK para a Carolina do Sul --, provocar essa "guerra de raças" • Filmes relacionados à expansão territorial americana: O
foi o objetivo declarado do jovem Dylann Roof, que em junho matador (1950), O último pistoleiro (1976), Matar ou morrer
matou nove pessoas em uma igreja frequentada por negros em (1952), O estigma da crueldade (1958), Os brutos também
Charleston. amam (1953), Sete homens e um destino (1960), Meu ódio será
Roof não tinha relação com a KKK, mas, segundo Murphy, "foi isso tua herança (1969), Em busca do ouro (1925), O pequeno
rincão de Deus (1958), O tesouro de Sierra Madre (1948),
(provocar guerra racial) que ele disse que queria".
Califórnia (1946), Caravana de Bravos (1950), O sangue
"Se (os negros) querem uma guerra de raças, que demos uma a
semeou a Terra (1952), O gigante de gelo (1960), Bandeirantes
eles antes que eu morra. Quero poder ver isso", acrescenta o do Norte (1940), Forte Apache (1948), Flechas de fogo (1950),
integrante da KKK no documentário. Flechas da vingança (1951), O levante dos apaches (1952), O
Por esses e outros motivos, o presidente dos EUA, Barack Obama, último bravo (1954), Rastros de Ódio (1956), Crepúsculo de
afirmou após o ataque em Charleston que o país "ainda não se uma raça (1964), Juramento de vingança (1965), Quando é
curou do racismo". preciso ser homem (1970), Pequeno grande homem (1970),
E mesmo que nenhum político americano endosse abertamente Dança com lobos (1990), Uma cidade que surge (1939),
atos racistas ou a própria KKK, há quem veja com preocupação os Consciências mortas (1943), Rio Vermelho (1948), A lança
rumos da atual pré-campanha presidencial no país. partida (1954), Nas garras da ambição (1955), Honra de um
O ex-líder da KKK David Duke, por exemplo, celebrou homem mau (1956), Da terra nascem os homens (1958), Onde
começa o inferno (1958), Sangue em Sonora (1966), A última
publicamente as propostas de Trump, e o descreveu como o
carroça (1956), No tempo das diligências (1939), A estrada de
melhor entre todos os pré-candidatos republicanos à Casa Branca.
Santa Fé (1940), Correio do inferno (1950), Jesse James (1939),
Em entrevista publicada em 23 de dezembro em seu canal no O intrépido general Custer (1941), Buffalo Bill (1944), Paixão
YouTube, Duke - que se afastou da KKK em 1980, depois de uma dos Fortes (1946), O homem que matou o facínora (1962),
tentativa frustrada de modernizar a organização - disse que Trump Butch Cassidy (1969), Roy Bean, o homem da lei (1972), Sem
é até mais radical do que ele. lei e sem alma (1975).
"Muitos grupos da KKK procuram se aproveitar do medo e da • Filmes relacionados à Guerra de Secessão: Jezebel (1938), A
incerteza usando sentimentos xenofóbicos para fins de árvore da vida (1957), Meu pecado foi nascer (1957), Rio Bravo
recrutamento e propaganda", alertou recentemente a Liga (1950), Dois homens, dois destinos (1959), Rio Lobo (1970), A
Antidifamação. mocidade de Lincoln (1939), O libertador (1940), Sete homens
Para o fundador o site supremacista branco Stormfront, Don Black, enfurecidos (1955), O dólar furado (1965), Califórnia, adeus
o discurso incendiário de Trump está alcançando o mesmo (1977), A grande cilada (1967), O estranho que nós amamos
objetivo. (1971), Shenandoah (1965).
Ele disse que seu site registra um aumento de audiência de até
40% toda vez que declarações racistas de Trump são destaque na

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


52
Aula 23 – Os EUA no Século XIX

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Observe o mapa abaixo:

Os Estados Unidos da América se formaram a partir das 13 Colônias Inglesas na América do Norte.
Após conquistarem sua independência política do domínio inglês, os americanos deram início a um
processo de expansão territorial que deu ao país as fronteiras que hoje possui, como se observa no
mapa acima.
Acerca do processo de formação dos Estados Unidos da América, pode-se afirmar que:
a) o modelo histórico de formação do Estado americano equipara-se ao brasileiro, pois em ambos o
bandeirismo atuou na ocupação de terras a oeste.
b) as fronteiras do país foram definidas mediante a compra de territórios, acordos diplomáticos e
guerras travadas contra indígenas e mexicanos.
c) a demarcação do território americano só foi finalizada por ocasião da Conferência de Versalhes
(1919), que reconheceu a anexação do Alaska.
d) os conflitos étnicos estiveram ausentes no processo histórico de incorporação de territórios pelo
Estado americano.
e) os traçados retilíneos das fronteiras internas apontam para a influência dos ideias de ordem e
disciplina do positivismo no processo de expansão territorial.

Questão 02
“Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de
escravos e os filhos dos descendentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da
fraternidade. (...)
Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas
não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!”
(Martin Luther king)

No dia 28 de agosto de 1963, sobre as escadarias do Memorial Lincoln em Washington, perante uma
audiência de mais de duzentas mil pessoas, o pastor protestante e ativista político Martin Luther King
proferiu seu mais famoso discurso “Eu tenho um sonho”. O fragmento acima deve ser entendido no
contexto:
a) da luta dos norte-americanos pela abolição da escravatura, instituição preservada após a
independência das Treze Colônias Inglesas na América.
b) do esforço de ativistas americanos pela aprovação de uma emenda constitucional capaz de suprimir
o voto censitário.
c) dos protestos que marcaram, em Washington, o aniversário da Crise dos Mísseis, uma ameaça à
democracia igualitária americana.
d) dos conflitos religiosos/étnicos entre a elite branca católica e as massas populares negras
protestantes.
e) do movimento dos negros norte-americanos pela conquista de direitos civis e convivência igualitária
com os brancos.

Questão 03
Leia este trecho de documento:
Odeio-a porque impede a nossa República de influenciar o mundo pelo exemplo da liberdade; oferece
possibilidade aos inimigos das instituições livres de taxar-nos, com razão, de hipocrisia e faz com que
os verdadeiros amigos da liberdade nos olhem com desconfiança. Mas, sobretudo, porque obriga

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


53
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

tantos entre nós, realmente bons, a uma guerra aberta contra os princípios da liberdade civil.
Discurso de Abraham Lincoln, em 1859. Anotações
Nesse trecho de discurso, Abraham Lincoln, que seria eleito Presidente dos Estados Unidos no ano
seguinte, faz referência
a) à política de segregação racial existente nos estados do sul dos Estados Unidos, que gerou a
formação de organismos voltados ao extermínio dos negros, à destruição de suas propriedades e a
atentados constantes contra suas comunidades.
b) à posição dos estados do sul de defesa intransigente de tarifas protecionistas, o que levava os
Estados Unidos a comprometer a crença na liberdade de mercado, numa conjuntura de predomínio do
capitalismo liberal.
c) à questão da escravidão, que levou a uma guerra civil, nos Estados Unidos, entre o Norte,
industrializado, e o Sul, que lutava para preservar a mão de obra escrava nas suas plantações de
produtos para a exportação.
d) à defesa, pelos imigrantes, do extermínio dos índios nas terras conquistadas a oeste, especialmente
após a edição do "Homestead Act", visando ao desenvolvimento da agricultura e da pecuária naquelas
áreas.

Questão 04
Leia o texto que se refere à Guerra de Secessão e responda ao que se pede.
A União compreendia 23 Estados, com cerca de 28 milhões de habitantes; os Confederados tinham 11
Estados com uma população de cerca de 9 milhões de indivíduos, dos quais 3 milhões e 500 mil eram
escravos. O sistema ferroviário da União era mais extenso e de melhor qualidade que o dos
confederados. Estes dependiam de armas, munições e medicamentos importados, o que não ocorria
com a União devido ao desenvolvimento industrial do Norte. Além do mais, os estaleiros do Norte
reforçavam sua esquadra cujos navios afundaram os dos confederados e bloquearam os portos
sulistas cortando ligações com o exterior.
AQUINO, R.S.L. et alli. "História das Sociedades: Das Sociedades Modernas às Sociedades Atuais." Rio de Janeiro: Ao Livro
Técnico, 1983, p. 174.

Sobre a Guerra de Secessão, ocorrida nos Estados Unidos entre 1861 e 1865, é correto afirmar que
a) as suas causas encontram-se nas medidas protecionistas tomadas pelos estados do Sul em
processo de industrialização, uma vez que estes estavam sufocados pela concorrência dos produtos
mais baratos do norte industrializado.
b) ela tem início como uma reação do Norte ao predomínio de sulistas no congresso americano, o que
fez com que os estados do Norte, apesar de altamente industrializados, ficassem com a fatia menor do
orçamento da União.
c) os exércitos confederados se levantam contra a política discriminatória de sucessivos presidentes
do Norte, que praticamente excluem o Sul de quaisquer investimentos para industrializar-se, aplicando
durante anos a quase totalidade de recursos em estados do Norte.
d) a classe dominante sulista, a burguesia mercantil, objetivava a constituição de um vigoroso mercado
interno para escoar a produção agrícola de sua região, ao contrário dos estados do Norte, cuja classe
dominante, a Burguesia Industrial, tinha como objetivo primeiro a ênfase no mercado externo.
e) o conflito teve como um dos principais motivos as rivalidades cada vez maiores entre o norte
industrializado e o Sul escravocrata em torno de problemas como a libertação dos escravos, desejada
por políticos do Norte, que desorganizaria de modo central a economia agrícola sulista.

Questão 05
"Em todos os sistemas sociais, é preciso haver uma classe para desempenhar as tarefas indignas,
para fazer o que é monótono e desagradável ... nós a chamamos escravos. (...) não chamarei a classe
existente no norte usando esse termo; mas vocês também os possuem; (...) A diferença entre nós, é
que os escravos são contratados pela vida toda, e são bem recompensados; não há fome, nem
mendicância, nem desemprego entre nós, e nem excesso de empregos, também. Os de vocês são
empregados por diárias, não são bem tratados, e têm escassa recompensa, o que pode ser provado,
da maneira mais deplorável, a qualquer hora, em qualquer rua de suas cidades. Ora, pois a gente
encontrava mais mendigos em uma dia, em uma só rua de Nova lorque, do que os que se encontram
durante toda uma vida no sul inteiro. Nossos escravos são pretos, de uma raça inferior; ... os de vocês
são brancos, de sua própria raça; são irmãos de um só sangue".
Senador Hammond, Carolina do Sul.
(ln: HUBERMAN, Leo. "História da Riqueza dos EUA". São Paulo, Brasiliense, 1978. p.158.)

No período anterior à Guerra de Secessão (1861-1865), o senador sulista norte-americano buscava

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


54
Aula 23 – Os EUA no Século XIX
mostrar, em defesa da manutenção da escravidão nos estados do Sul dos Estados Unidos da
América, que Anotações
a) enquanto os sulistas mantinham escravos negros descendentes de africanos, a nobreza feudal
nortista mantinha servos brancos descendentes de europeus.
b) o estilo de vida sulista tendia a ser muito mais moderno e civilizado que o nortista.
c) as indústrias do Sul funcionavam de maneira bem mais eficaz que a agricultura nortista.
d) a miséria decorrente da escravidão poderia ser tão danosa à economia nortista quanto era no sul
dos EUA.
e) os efeitos da implantação do capitalismo industrial no Norte eram piores para os trabalhadores do
que a escravidão.

Questão 06
Um ex-líder do grupo Ku-Klux-Klan foi preso anteontem acusado de ter matado, há quarenta anos, três
jovens no estado americano do Mississipi. O crime ficou famoso graças ao filme "Mississipi em
Chamas", do diretor Alan Parker. Edgar Rey Killen, setenta e nove anos, foi apresentado ontem à
Justiça e se declarou inocente. O caso foi reaberto em 1999.
"Folha de São Paulo", 08/01/2005

A Ku-Klux-Klan surgiu ao final da Guerra de Secessão, como uma sociedade secreta. Aponte a
alternativa que apresenta o tipo de atuação desenvolvida por essa sociedade secreta:
a) Promoviam a intolerância contra os negros e contra os brancos que com eles simpatizavam.
b) Lutavam para garantir a integração dos negros como homens livres, com direitos defendidos por lei.
c) Nascida na cidade de Nashville, no sul dos Estados Unidos, foi extinta em 1915 tendo desaparecido
definitivamente.
d) A atuação dessa sociedade demonstra que a Guerra de Secessão sepultou qualquer tipo de
intolerância nos Estados Unidos.
e) A atuação dessa sociedade ficou sempre restrita ao sul dos Estados Unidos e limitada a ação contra
os negros.

Questão 07
Leia os trechos de notícias de jornais publicados nos Estados Unidos no século XIX:
(...) um espírito de interferência hostil [de outras nações] para conosco, com o objetivo confesso de
deformar nossa política e prejudicar nosso poder, limitando nossa grandeza e impedindo a realização
de nosso Destino Manifesto, que é estendermo-nos sobre o continente que a Providência fixou para o
livre desenvolvimento de nossos milhões de habitantes, que ano após ano se multiplicam.
(Democratic Review)

A universal nação ianque pode regenerar e libertar o povo do México em poucos anos; e cremos que é
parte de nosso destino civilizar esse belo país e capacitar seus habitantes para apreciar algumas das
numerosas vantagens e bênçãos de que dispõem. (New York Herald)
(Citados por AQUINO, R.S.L. et al. "História das sociedades americanas". Rio de Janeiro: Livraria Eu e Você, 1981. p.140 e
141.)

Quanto à história do expansionismo norte-americano no século XIX, pode-se afirmar que:


a) na época, os Estados Unidos apossaram-se de várias áreas do território mexicano sem o
pagamento de indenizações e, da mesma forma, apropriaram-se de colônias da França, da Inglaterra
e da Rússia, orientados por seu "Destino Manifesto".
b) as ações expansionistas dos Estados Unidos visavam empurrar suas fronteiras até o Oceano
Pacífico e excluir a região sul do país porque nela predominava uma economia agrário-exportadora
que impedia o avanço da industrialização.
c) o expansionismo norte-americano sobre as colônias espanholas contou com o apoio da Santa
Aliança porque ela pretendia ver instauradas repúblicas, livres e democráticas, nas metrópoles
europeias e em suas colônias.
d) por força de seu "Destino Manifesto", a descoberta do ouro nas colinas californianas estreitou as
relações entre mexicanos e americanos evitando novos conflitos e disputas nas fronteiras, o que
permitiu o acesso dos Estados Unidos ao Oceano Pacífico.
e) a imprensa dos Estados Unidos, na época, acreditava que eles tinham uma predestinação: a
missão de civilizar povos inferiores do continente americano por causa de seu "Destino Manifesto", ou
seja, o seu domínio representava a vontade de Deus.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


55
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Questão 08
As eleições presidenciais de 1860 nos Estados Unidos foram vencidas por Abraham Lincoln, nortista e Anotações
líder do Partido Republicano. Nem todas as unidades da federação aceitaram o resultado eleitoral, e
alguns estados sulistas criaram os Estados Confederados da América. Era o início da Guerra de
Secessão, resultado das inúmeras divergências entre os estados do Norte e do Sul. Entre essas
divergências, pode-se apontar
a) a questão fundiária, na qual o Sul defendia o acesso à terra para negros libertos, e o Norte defendia
o acesso apenas por meio da compra.
b) a questão bancária, em que o Sul defendia a criação de um banco emissor nacional, e o Norte, a
formação de bancos regionais e particulares.
c) a proposta antagônica para a política alfandegária, em que o Norte defendia o protecionismo,
enquanto o Sul apoiava o livre-cambismo.
d) a questão da escravidão, na qual o Sul defendia a imediata abolição dessa instituição, e o Norte
queria o fim gradual do escravismo.
e) a defesa do Homestead Act pelo Norte e pelo Sul, apesar de que, na visão do Norte, essa lei só
deveria atender aos homens recém-libertos da escravidão.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


56
Aula 23 – Os EUA no Século XIX

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO igualdade feitas pelos citados chefes de Estado.


d) eliminação do uso de línguas diferentes do idioma oficial
Questão 01 reconhecido pelo Estado.
e) resistência à influência da religião católica, comum aos jesuítas
Na década de 30 do século XIX, Tocqueville escreveu as seguintes
e aos rebeldes.
linhas a respeito da moralidade nos EUA: “A opinião pública norte-
americana é particularmente dura com a falta de moral, pois esta
Questão 04
desvia a atenção frente à busca do bem-estar e prejudica a
harmonia doméstica, que é tão essencial ao sucesso dos negócios. Nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível.
Nesse sentido, pode-se dizer que ser casto é uma questão de Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de
honra”. oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque,
TOCQUEVILLE, A. Democracy in America. Chicago: Encyclopaedia um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de
Britannica, Inc., Great Books 44, 1990 (adaptado). liberdade e a segurança da justiça.
KING Jr., M. L. Eu tenho um sonho, 28 ago. 1963 Disponível em:
Do trecho, infere-se que, para Tocqueville, os norte-americanos do www.paLmares.gov.br. Acesso em: 30 nove. 2011 (adaptado).
seu tempo
a) buscavam o êxito, descurando as virtudes cívicas. O cenário vivenciado pela população negra, no sul dos Estados
b) tinham na vida moral uma garantia de enriquecimento rápido. Unidos nos anos 1950, conduziu à mobilização social. Nessa
c) valorizavam um conceito de honra dissociado do comportamento época, surgiram reivindicações que tinham como expoente Martin
ético. Luther King e objetivavam
d) relacionavam a conduta moral dos indivíduos com o progresso a) a conquista de direitos civis para a população negra.
econômico. b) o apoio aos atos violentos patrocinados pelos negros em espaço
e) acreditavam que o comportamento casto perturbava a harmonia urbano.
doméstica. c) a supremacia das instituições religiosas em meio à comunidade
negra sulista.
Questão 02 d) a incorporação dos negros no mercado de trabalho.
Na democracia estadunidense, os cidadãos são incluídos na e) a aceitação da cultura negra como representante do modo de
sociedade pelo exercício pleno dos direitos políticos e também pela vida americano.
ideia geral de direito de propriedade. Compete ao governo garantir
que esse direito não seja violado. Como consequência, mesmo Questão 05
aqueles que possuem uma pequena propriedade sentem-se
cidadãos de pleno direito.
Na tradição política dos EUA, uma forma de incluir socialmente os
cidadãos é
a) submeter o indivíduo à proteção do governo.
b) hierarquizar os indivíduos segundo suas posses.
c) estimular a formação de propriedades comunais.
d) vincular democracia e possibilidades econômicas individuais.
e) defender a obrigação de que todos os indivíduos tenham
propriedades.

Questão 03
O Marquês de Pombal, ministro do rei Dom José I, considerava os
jesuítas como inimigos, também porque, no Brasil, eles
catequizavam os índios em aldeamentos autônomos, empregando
a assim chamada língua geral. Em 1775, Dom José I aboliu a
escravidão do índio no Brasil, o que modificou os aldeamentos e
enfraqueceu os jesuítas. A tela de John Gast simboliza a difusão de progressos materiais,
Em 1863, Abraham Lincoln, o presidente dos Estados Unidos, como as ferrovias e o telégrafo, nos EUA, no decorrer do século
aboliu a escravidão em todas as regiões do Sul daquele país que XIX.
ainda estavam militarmente rebeladas contra a união em Essas mudanças contribuíram para a conquista de novos territórios
decorrência da Guerra de Secessão. Com esse ato, ele e foram justificadas pelo seguinte conjunto de ideias:
enfraqueceu a causa do Sul, de base agrária, favorável à a) Doutrina Monroe.
manutenção da escravidão. A abolição final da escravatura ocorreu b) Política do Big Stick.
em 1865, nos Estados Unidos, e em 1888 no Brasil. c) Política da Boa Vizinhança.
Nos dois casos de abolição de escravatura, observam-se d) Doutrina do Destino Manifesto.
motivações semelhantes, tais como
a) razões estratégicas de chefes de Estado interessados em Questão 06
prejudicar adversários, para afirmar sua atuação política. No caso da história americana, um dos eventos mais retratados
b) fatores culturais comuns aos jesuítas e aos rebeldes do Sul, pela memória social é, sem dúvida, a chamada Marcha para o
contrários ao estabelecimento de um governo central. Oeste. Mesmo antes do surgimento do cinema, esses temas já
c) cumprimento de promessas humanitárias de liberdade e faziam parte das imagens da história americana. A fronteira foi um
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
57
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

tema constante dos pintores do século XIX. A imagem das b) após a guerra contra o México (1846-1848), houve decréscimo
caravanas de colonos e peregrinos, da corrida do ouro, dos da imigração, em função da limitação do acesso aos novos
cowboys, das estradas de ferro cruzando os desertos, dos ataques territórios anexados.
dos índios marcam a arte, a fotografia e também a cinematografia c) o surto de industrialização, ocorrido nas décadas de 1840 e
americana. 1850, aumentou a oferta de empregos na indústria, atraindo uma
(CARVALHO, Mariza Soares de. In: multidão de emigrantes europeus.
http://www.historia.uff.br/primeirosescritos/files/pe02-2.pdf, acessado em
29.08.2009)
d) os atrativos oferecidos aos imigrantes ingleses entre as décadas
de 1840-1860 justificam a sua maior porcentagem na composição
Entre os fatores que motivaram e favoreceram a Marcha para o da imigração.
Oeste está e) as décadas de menor entrada de imigrantes nos Estados Unidos
a) a possibilidade de as famílias de colonos tornarem-se correspondem ao período de apogeu da expansão para o Oeste.
proprietárias, o que também atraiu imigrantes europeus.
b) o desejo de fugir da região litorânea afundada em guerras com Questão 08
tribos indígenas fixadas ali, desde o período da colonização. A ocupação do Oeste dos Estados Unidos provocou o
c) a beleza das paisagens americanas, o que atraiu muitos pintores desenvolvimento de um imaginário relativo à ambiência da época e
e fotógrafos para aquela região. do lugar que teve amplo espaço no cinema americano, como o
d) o avanço da indústria cinematográfica, que encontrou no Oeste gênero do Faroeste. Sobre esse gênero de narrativa é correto dizer
o lugar perfeito para a realização de seus filmes. que:
e) a existência de terras férteis que incentivaram a ida, para o a) é ambientado nas regiões frias, ao norte dos EUA, com
Oeste, de agricultores que buscavam ampliar suas plantações de presença de neve nos cenários.
algodão. b) retrata um clima amistoso entre índios e colonos.
c) retrata grandes construções prediais e a figura de executivos,
Questão 07 vestidos de terno e gravata.
Observe os gráficos a seguir sobre o movimento migratório para os d) é povoado de esteriótipos, como o lugar desértico, o sheriff, o
Estados Unidos entre as décadas de 1820 e 1860. cawboy, a linha férrea, os bandidos e os índios.
e) retrata a miséria dos negros ex-escravos do Sul dos EUA.

Questão 09
“Uma casa dividida contra si mesma não subsistirá. Acredito que
esse governo, meio escravista e meio livre, não poderá durar para
sempre. Não espero que a União se dissolva; não espero que a
casa caia. Mas espero que deixe de ser dividida. Ela se
transformará só numa coisa ou só na outra.” Abraham Lincoln, em
1858.
Esse texto expressa a
a) posição política autoritária do presidente Lincoln.
b) perspectiva dos representantes do sul dos EUA.
c) proposta de Lincoln para abolir a escravidão.
d) proposição nortista para impedir a expansão para o Oeste.
e) preocupação de Lincoln com uma possível guerra civil.

Questão 10
“A Guerra Civil Norte-americana (1861- 65) representou uma
confissão de que a sistema político falhou, esgotou as seus
recursos sem encontrar uma solução (para as conflitos políticos
mais importantes entre as grandes regiões norte-americanas, a
Norte e a Sul). Foi uma prova de que mesmo numa das
democracias mais antigas, houve uma época em que somente a
guerra podia superar os antagonismos políticos.
Eisenberg, Peter Louis. Guerra civil americana. S. Paulo,
Brasiliense,1982.
Dentre os conflitos geradores dos antagonismos políticos referidos
no texto está a
a) manutenção, pela sociedade sulista, do regime de escravidão, o
que impediria a ampliação do mercado interno para o escoamento
da produção industrial nortista.
b) opção do Norte pela produção agrícola em larga escala voltada
É CORRETO afirmar que: para o mercado externa o que chocava com a concorrência dos
a) durante as décadas de 1840 e 1850, o fluxo de imigrantes sulistas que tentavam a mesma estratégia.
cresceu substancialmente, sendo a maior parte deles originária da c) necessidade do Sul de conter a onda de imigração da população
Inglaterra e Alemanha. nortista para seus territórios, o que ocorria em função da maior

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


58
Aula 23 – Os EUA no Século XIX
oferta de trabalho e da possibilidade do exercício da livre-iniciativa. d) o incentivo à vinda de imigrantes e a definitiva ocupação do
d) ameaça exercida pelos sulistas aos grandes latifundiários oeste, cujas fronteiras, em 1865, ainda estavam nas Montanhas
nortistas, o que se devia aos constantes movimentos em defesa da Rochosas.
reforma agrária naquela região em que havia concentração da e) o empobrecimento e a humilhação do Sul que, derrotado pelo
propriedade da terra. Norte, foi alijado das esferas poder federal e teve sua reconstrução
e) adesão dos trabalhadores sulistas ao movimento trabalhista impedida.
internacional, o que ameaçava a estabilidade das relações
trabalhistas praticadas na região norte. Questão 14
Questão 11 Ao final da Guerra de Secessão, a constituição dos Estados Unidos
sofreu a XIII Emenda, que aboliu a escravidão. Os brancos
A saga de pioneiros e desbravadores (e também bandidos, sulistas:
exterminadores de índios, grileiros e pistoleiros) foi retratada em a) abatidos, emigraram em massa, para não conviver com os
uma série de filmes do gênero western, mais conhecidos no Brasil negros em condições de igualdade política e social.
como faroeste ou bangue-bangue. Ao contar a Marcha para o b) inconformados com a concessão de direitos aos negros,
Oeste, esses filmes mostraram também a formação de uma desenvolveram a segregação racial e criaram sociedades secretas
mentalidade tipicamente americana. Uma série de fatores, como a que os perseguiam.
escassez de terras na faixa atlântica, a necessidade dos estados c) arruinados, tiveram suas terras submetidas a uma reforma
do Norte, em fase de industrialização, de conseguir matérias- agrária e distribuídas aos ex-escravos.
primas e a construção de ferrovias, motivaram e favoreceram a d) desanimados, abandonaram a agricultura e voltaram-se para a
Marcha para oOeste que foi: indústria, a fim de se integrarem à prosperidade do capitalismo do
a) a corrida do ouro na Califórnia e a ocupação da Flórida recém norte.
adquirida da Espanha. e) recuperados, substituíram as plantações de algodão por café,
b) a ocupação de todos os territórios onde os americanos nativos contratando seus ex-escravos como assalariados.
eram hostis ao homem branco.
c) a colonização de terras do lado ocidental dos Apalaches e da Questão 15
margem leste do rio Mississipi, por imigrantes dispostos a
desbravar o interior do continente, acelerando a ocupação rumo ao "Os Estados Confederados podem adquirir novo território. [...] Em
Pacífico. todos esses territórios, a instituição da escravidão negra, tal como
d) A ocupação de áreas além do rio São Lourenço, para efetivar a ora existe nos Estados Confederados, será reconhecida e
posse da Louisiana. protegida pelo Congresso e pelo governo territorial; e os habitantes
e) a anexação dos estados do Texas, Utah, Arizona e Novo dos vários Estados Confederados e Territórios terão o direito de
México, conquistados junto ao México em 1848, depois de uma levar para esse território quaisquer escravos legalmente possuídos
guerra. por eles em quaisquer Estados ou Territórios dos Estados
Confederados [...]."
("Constituição dos Estados Confederados da América", Art. IV, seção 3, 1861.)
Questão 12
As lutas por direitos civis nos Estados Unidos na década de 60 O texto acima reflete um dos pontos centrais de discórdia que
(século XX) tiveram, entre suas características centrais, a geraram a Guerra Civil Americana. Esta guerra civil foi o resultado:
a) ausência de mulheres e a manutenção do caráter patriarcal da a) da ação imperialista americana que, a partir da Doutrina Monroe,
sociedade norte-americana. passou a intervir na América Latina.
b) defesa dos interesses das grandes corporações industriais e o b) da luta entre os colonos e a Metrópole Inglesa, o que redundaria
questionamento da legislação trabalhista. na independência dos Estados Unidos.
c) união entre os movimentos ambientalista e gay e a escolha do c) da Grande Depressão, intensificando a pobreza e o desemprego
arco-íris como símbolo comum desses dois grupos. nas grandes cidades americanas.
d) proposta de saídas pacíficas para os conflitos internos d) da luta pelos direitos civis, particularmente dos negros, forçando
americanos e a insistência numa política internacional belicosa. uma reinterpretação da Constituição Americana.
e) mobilização dos negros norte-americanos pela busca da e) da oposição dos interesses dos Estados do Sul e do Norte em
ampliação de seus direitos e pelo fim das leis raciais torno da questão da escravidão.
segregacionistas

Questão 13
Entre as mudanças ocorridas nos Estados Unidos, após a Guerra
de Secessão (1861-1865), destacam-se:
a) a garantia de direitos civis e políticos aos negros – incluindo o
direito ao sufrágio universal e o reconhecimento da cidadania dos
imigrantes recémchegados.
b) a consolidação da unidade nacional, a chegada de novas levas
de imigrantes, o aumento do mercado interno e um grande
desenvolvimento industrial.
c) graves desentendimentos em relação às fronteiras com o
México, levando a uma nova guerra, na qual os Estados Unidos
ganharam metade do território mexicano.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


59
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-18)


INTRODUÇÃO
O historiador britânico Eric Hobsbawm, em seu livro A Era dos Extremos: o breve século XX, defende a tese de que o século XX não
começou em 1901, mas sim em 1914, quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial, conflito que “assinalou o colapso da civilização
(ocidental) do século XIX”, uma civilização “capitalista na economia; liberal na estrutura legal e constitucional; burguesa na imagem de sua
classe hegemônica característica; exultante com o avanço da ciência, do conhecimento e da educação e também com o progresso material
e moral; e profundamente convencida da centralidade da Europa, berço das revoluções da ciência, das artes, da política e da indústria e
cuja economia prevalecera na maior parte do mundo, que seus soldados haviam conquistado e subjugado; uma Europa cujas populações
(incluindo-se o vasto e crescente fluxo de emigrantes europeus e seus descendentes) haviam crescido até somar um terço da raça
humana; e cujos maiores Estados constituíam o sistema da política mundial”.

Mapa político da Europa em 1914, com os regimes que dominavam os países na época.

Segundo Hobsbawm, até 1914 nunca houvera guerras mundiais. “Tudo isso mudou em 1914. A Primeira Guerra Mundial envolveu todas as
grandes potências, e na verdade todos os Estados europeus, com exceção da Espanha, os Países Baixos, os três países da Escandinávia
e a Suíça. E mais: tropas do ultramar foram, muitas vezes pela primeira vez, enviadas para lutar e operar fora de suas regiões. Canadenses
lutaram na França, australianos e neozelandeses forjaram a consciência nacional numa península do Egeu (...), os Estados Unidos
rejeitaram a advertência de George Washington quanto a ‘complicações européias’ e mandaram seus soldados para lá, determinando
assim a forma da história do século XX.”
AS CAUSAS DO CONFLITO
Ao findar o século XIX, os europeus ainda estavam embriagados pelo clima de
otimismo, progresso e desenvolvimento daBelle Epóque (Bela Época, expressão
cunhada pelos historiadores para especificar o período de 1870 a 1914, época em
que a sociedade europeia experimentava seu apogeu). Os europeus acreditavam que
esse clima de otimismo e confiança se estenderia por muitos séculos, que nada
poderia abalar a supremacia mundial da Europa.
Entretanto, a rivalidade entre as nações europeias aumentava a cada dia. À medida
em que o processo de industrialização avançava, os países disputavam cada vez
mais novos mercados consumidores e possessões coloniais na Ásia e na África.
A unificação italiana e alemã colocou dois novos competidores na corrida imperialista, La Rue de La Paix. Quadro de Jean Béraud, pintor
acirrando ainda mais as rivalidades de um continente que mais parecia um barril de impressionista que retratou a Paris da Belle
pólvora, preste a explodir. O imperialismo é considerado, portanto, como a principal
causa que deflagrou a Primeira Grande Guerra.
Paralelamente a esse cenário, crescia a produção de armas, como se os governos estivessem pressentindo a eclosão de um conflito de
grandes proporções. Esse período (1870-1914) tornou-se conhecido como Paz Armada: foi uma época de paz entre as potências
européias, apesar da corrida armamentista entre elas.
A rivalidade e disputas coloniais entre os países europeus foi o combustível para a efervescência de nacionalismos exacerbados nesse
período. “O reforço das ideologias nacionalistas, que as classes dominantes burguesas tinham conseguido implantar em largos setores da
classe média, não contribuiu para acalmar os ânimos. Ele acaboudegenerando sob a forma de chauvinismo [fanatismo], de racismo, de
agressivi-dade imperialista”, escreveu o historiador Mario Isnenghi em História da
Primeira Guerra Mundial. Entre osprincipais movimentos nacionalistas, destacam-se:
• Pan-germanismo – sob o pretext de unir os Estados de população germânica sob sua proteção, o pan-germanismo atendia aos
interesses do Império Alemão em submeter os povos de origem germânica ao seu poderio;
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
Aula 24 – Primeira Guerra Mundial
• Pan-eslavismo – defendendo a união dos povos de origem eslava sob sua proteção, o Império Russo caminhava na mesma direção do II
Reich Alemão, ou seja, desejava submeter os países de populações eslavas ao governo dos czares;
• Revanchismo – obrigada a entregar os territórios da Alsácia e da Lorena aos SAIBA MAIS: A QUESTÃO MARROQUINA
alemães (depois de sua derrota na Guerra Franco Prussiana), a França
ansiava por uma revanche e, ao mesmo tempo, pela recuperação dos Uma das principais disputas envolvendo países
territórios perdidos para a Alemanha. europeus e colônias ocorreu no Marrocos. Acordos
firmados em Madri (1880) garantiam aos franceses,
• Grande Sérvia – os sérvios, de origem étnica eslava, ambicionavam ingleses e alemães os mesmos direitos na exploração
estender seus domínios sobre a região dos Bálcãs, uma área que se comercial do país. Entretanto, a França, com o apoio
encontrava sob a influência do Império Austro-Húngaro e que era disputada da Inglaterra, passou a dominar o Marrocos, o que
por outras potências européias. desagradou aos alemães. O kaiser alemão Guilherme
Os nacionalismos exacerbados e o imperialismo alimentaram disputas entre II chegou a visitar a cidade de Tanger, declarando
as principais potências européias. Entre essas disputas, chama a atenção a seu apoio à independência do Marrocos. O impasse
rivalidade entre Inglaterra e Alemanha. Depois de se unificar politicamente sob foi resolvido na Conferência de Algeciras (1906), que
o comando da Prússia, a Alemanha rapidamente despontou como poderosa garantiu à França e à Alemanha os mesmos direitos
potência industrial, ameaçando a supremacia da Inglaterra. Em 1914, o na exploração do país. A disputa pela hegemonia
Império Alemão tinha superado a Inglaterra na produção de ferro e aço. As sobre o Marrocos continuou, até que os alemães
farpas entre alemães e ingleses se agravaram depois que a Alemanha abriram mão de explorar o Marrocos em troca do
anunciou a construção da ferrovia Berlim-Bagdá, que colocaria à disposição Congo francês. Nenhum dos lados saiu satisfeito com
dos alemães os ricos mercados do Oriente Médio, além das reservas de a solução da questão.
petróleo da região. Às vésperas da eclosão da Grande Guerra de 1914, o
jornal inglês Saturday Review publicava em suas páginas as impressionantes e hostis palavras: “Se a Alemanha fosse extinta amanhã, não
haveria depois de amanhã um único inglês no mundo que não fosse mais rico do que é hoje. (...) A Inglaterra despertou para o que é
inevitável (...). A Alemanha deve ser destruída.”
O agonizante Império Turco-Otomano (do qual restou a Turquia), apelidado à época de “O Homem Doente da Europa”, sofria uma dupla
pressão: da Rússia, que desejava controlar os estreitos de Bósforo e de Dardanelos (considerados estratégicos nas rotas de comércio
entre o Mediterrâneo e o Mar Negro, conforme mostra o mapa abaixo); e do Império Britânico, que incentivava as populações árabes sob o
domínio turco a se libertar, a fim de poder explorar as reservas de petróleo do Oriente Médio (o que levou o Império Otomano a se
aproximar da Alemanha, em busca de ajuda técnica e militar).

Os estreitos de Bósforo e de Dardanelos, separação entre Europa e Ásia.

A Questão Balcânica era, sem dúvidas, o foco de conflito mais tenso e


explosivo uma Europa castigada por rixas e disputas entre os países. A região,
localizada ao Sul da Europa, era disputada por várias nações:
• Império Otomano – a região dos Bálcãs pertenceu ao Império Otomano, que
acalentava o desejo de retomar o controle sobre a região;
• Império Russo – apresentando-se como a protetora dos povos eslavos que
viviam nos Bálcãs, a Rússia pretendia dominar a região, o quelhe
proporcionaria uma saída
marítima para o Mediterrâneo;
O Império Austro-Húngaro, às vésperas da Primeira Guerra
• Império Austro-Húngaro – o governo austríaco aproveitou a crise do ImPério
Mundial, com seus domínios se estendendo sobre os Bálcãs.
Otomano e a independência dos povos balcânicos que se encontravam sob o

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


61
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

domínio otomano para colocar alguns deles sob sua tutela (como a Bósnia-Herzegovina);
• Sérvia – localizada na região balcânica, pretendia estender seu domínio sobre os demais povos dos Bálcãs com o objetivo de construir a
Grande Sérvia (vale ressaltar que o governo sérvio não via com bons olhos a crescente influência do Império Austro-Húngaro na região
balcânica, es-pecialmente sobre a Bósnia-Herzegovina, recentemente anexada pelos austríacos).
Todas essas disputas que anteriormente mencionamos contribuíram para a formação de um sistema de alianças secretas entre os países
europeus: a Tríplice Aliança, formada por Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália, e a Tríplice Entente, formada por Grã-Bretanha,
França e Rússia.
O ESTOPIM DO CONFLITO
Em 28 de junho de 1914, Francisco Ferdinando (arquiduque, sobrinho e herdeiro do
imperador austríaco Francisco José), acompanhado de sua esposa Sofia, fazia uma
visita oficial a Sarajevo, capital da Bósnia, quando foi morto a tiros por um jovem
bósnio de origem sérvia, Gavrilo Princip.
O assassino, de apenas 20 anos, militava numa organização nacionalista
denominada Jovens Bósnios, que mantinha ligações com a organização terrorista
Ujedinjenje ili Smrt (Mão Negra). Financiada pela Sérvia, a Mão Negra agia na
região dos Bálcãs com o objetivo de desestabilizar o domínio do Império Austro-
Húngaro sobre a região, a fim de facilitar que o governo sérvio concretizasse o
projeto de construção da Grande Sérvia.
Responsabilizando o governo sérvio pelo crime, o Império Austro-Húngaro declarou
O arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa
guerra à Sérvia um mês depois do atentado de Sarajevo. De acordo com professor Sofia, momentos antes de serem assassinados em
Norman Lowe, autor de História do Mundo Contemporâneo, “os austríacos Sarajevo, Bósnia, em 28 de junho de 1914.
aproveitaram o assassinato como desculpa para uma guerra preventiva com a
Sérvia”. Lowe acredita que a construção da Grande Sérvia (projeto nacionalista e expansionista do governo sérvio na região dos Balcãs)
enfraqueceria o poder do Império Austro-Húngaro, daí a necessidade da guerra, pois “a Sérvia devia ser contida”. Como disse o professor
Cláudio Vicentino, o atentado de “Sarajevo foi apenas o gatilho que acionou uma arma há muito tempo preparada”.
Diante da declaração de guerra austríaca, os russos declararam seu apoio aos sérvios; os alemães, alegando solidariedade aos austríacos,
declararam guerra aos russos. O sistema de alianças secretas foi acionado, arrastando vários países para o conflito. Acreditava-se que a
guerra seria rápida, mas não foi o que se verificou na prática: quatro longos anos se arrastariam, milhões de vidas seriam sacrificadas, até
que se chegasse a um armistício.
O DESENROLAR DA GUERRA
Com a eclosão do conflito, o sistema de alianças se configurou da seguinte forma:
• Aliados – França, Império Britânico e Império Russo;
• Potências Centrais – Alemanha, Império Austro-Húngaro, Itália e Império Turco-Otomano.
Costuma-se dividir a Primeira Guerra Mundial em duas fases: a Guerra de Movimentos (1914-15) e a Guerra de Trincheiras (1915 em
diante). Na primeira fase os exércitos dos países em conflito se movimentaram pelo continente, ora avançando, ora recuando na ofensiva
contra as tropas inimigas. Nessa primeira fase da guerra, destaca-se o Plano Schlieffen, elaborado pela Alemanha, que visava derrotar
primeiramente a França para, em seguida, concentrar seus esforços contra a Rússia. Isso evitaria que o país lutasse, ao mesmo tempo, em
duas frentes de guerra (uma no Ocidente e outra no Oriente).
Em 1915, seduzida por promessas de compensações territoriais, a Itália abandonou o
lado das Potências Centrais (a antiga Tríplice Aliança), passando a apoiar os Aliados
(a antiga Tríplice Entente). França e Inglaterra prometeram aos italianos participação
na partilha das colônias alemãs da África, além dos territórios de Tirol, Trentino e
Ístria, em poder do Império Austro-Húngaro (esses três territórios possuíam uma
população de maioria italiana).
Ainda em 1915 uma nova fase começava no conflito: a Guerra de Trincheiras, que
duraria até 1918. Trincheiras foram cavadas por centenas de quilômetros ao longo do
continente europeu e os exércitos dos dois ladosdo conflito lá ficaram estacionados,
de forma monótona, sob sol, chuva e neve, atolados naqueles buracos, submetidos a
um racionamento de água e comida, sem poder sequer enterrar os que morriam, ora
de doenças, ora como conseqüência da própria continuidade da guerra.
Refletindo sobre essa fase do conflito, o historiador Luís de Alencar Araripe, membro
titular do Instituto de História Militar e Geografia do Exército escreveu: “Os dois lados
cavam trincheiras, para passar o inverno, até que a chegada da primavera permitisse
retomar a guerra de movimento. As trincheiras ficaram por três anos, até o fim, marca inesquecível da Grande Guerra. Os que viveram
nelas se foram, mas suas provações estão registradas nas cartas de combatentes, na literatura, no cinema. A presença constante da
morte, do ferimento, do gás tóxico, do medo, enfim, coexistia com a miséria da lama, dos piolhos, dos ratos, da imundície.”
Araripe diz que o pior momento era quando os soldados recebiam o temido co-mando “over the top” (para cima!): “Equipamento ajustado,

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


62
Aula 24 – Primeira Guerra Mundial
baioneta calada, o soldado transpõe o parapeito da trincheira e, seguindo seu comandante, se lança em direção à do inimigo, sob o fogo de
canhões, metralhadoras e granadas de mão, até o assalto final. Então, é a hora da baioneta, da faca e da pá de trincheira, de tudo o que
possa matar, ferir, eliminar o inimigo.”
O horror das trincheiras foi registrado em cartas e diários daqueles que sobreviveram ao conflito, como no relato de um soldado francês: “O
odor fétido nos penetra garganta adentro ao chegarmos na nossa nova trincheira, à direita dos Éparges. Chove torrencialmente e nos
protegemos com o que tem de lonas e tendas de campanha afiançadas nos muros da trincheira. Ao amanhecer do dia seguinte
constatamos estarrecidos que nossas trincheiras estavam feitas sobre um montão de cadáveres e que as lonas que nossos predecessores
haviam colocado estavam para ocultar da vista os corpos e restos humanos que
ali haviam."
O ano de 1917 representou uma reviravolta no conflito: a Rússia saiu da guerra e
os EUA entraram ao lado dos Aliados. Os russos abandonaram o conflito devido
à ascensão do governo revolucionário bolchevique, que instalou o socialismo no
país. Lenin, líder do movimento revolucionário vitorioso, via o conflito que se
desenrolava como essencialmente capitalista. Além disso, o país se encontrava
numa difícil situação financeira, sem condições sequer de alimentar seus
soldados no front de guerra. Por isso, tratou de oficializar a saída da Rússia
assinando o Tratado de Brest-Litovski (1918). No entanto, precisou entregar
Soldados alemães, utilizando máscaras contra gases
diversas possessões ao alemães (Lituânia, Letônia, Estônia, Polônia e Finlândia).
tóxicos, olham por cima da trincheira e atacam o inimigo.
Quanto à entrada dos EUA na guerra, havia dois objetivos por trás da declaração
de guerra às Potências Centrais:
• responder ao afundamento de navios americanos pela marinha alemã no Atlântico;
• garantir a vitória da França e da Inglaterra, países nos quais os EUA possuíam muitos investimentos (a possibilidade de derrota desses
países prejudicaria os interesses econômicos dos EUA na Europa).
A entrada dos EUA na Primeira Grande Guerra representou uma ruptura na política externa americana em relação ao Velho Mundo. O
primeiro presidente dos EUA, George Washington, recomendou que os americanos não se envolvessem em conflitos entre os países
europeus (Política do Isolacionismo). Desde o século XVIII os EUA vinham observando a recomendação de seu primeiro presidente.
Woodrow Wilson, que governava o país em 1917, valeu-se até mesmo do argumento de “tornar o mundo seguro para a democracia” para
justificar a declaração de guerra americana contra as potências centrais européias. Para o historiador Edward Burns, a principal razão da
entrada dos EUA no conflito foi a preocupacão do governo americano de manter o equilíbrio de poder na Europa: “Durante anos, fora
doutrina dominante no Departamento de Estado e entre oficiais do exército e da marinha que a segurança dos Estados Unidos dependia de
um equilíbrio de forças no Velho Mundo. Não era admissível que uma potência estabelecesse sua supremacia sobre toda a Europa.
Enquanto a Grã-Bretanha fosse bastante forte para impedir essa supremacia, os Estados Unidos não corriam perigo. Crêem alguns que as
autoridades norte-americanas estavam tão acostumadas a encarar a marinha britânica como o escudo da segurança americana que não
podiam conceber a idéia de uma situação diferente. A Alemanha, contudo, não só desafiava a supremacia naval britânica como ameaçava
levar o povo inglês à rendição pela fome e estabelecer hegemonia sobre toda a Europa.”
Com a entrada dos EUA no conflito, a superioridade bélica e tecnológica dos Aliados forçou a rendição das Potências Centrais, culminando
com a da Alemanha em 11 de novembro de 1918, através do Armistício de Compiegne.
AS CONSEQUÊNCIAS DO CONFLITO
Ao fim da Primeira Guerra Mundial, o saldo de mortos ultrapassava nove milhões de vítimas, sem contar os cerca de 20 milhões de feridos
e mutilados. O país que sofreu mais perdas humanas foi a Alemanha (21% de sua população ativa).
A Conferência de Versalhes (janeiro de 1919) foi organizada pelas potências vencedoras do conflito para fixar os termos do pós-guerra. O
presidente norte-americano Woodrow Wilson, o premier britânico Lloyd George e o premier francês Georges Clemenceau lideraram os
trabalhos da conferência, que ocorreu nas dependências do Palácio de Versalhes.
Apesar do posicionamento do presidente Wilson quanto à proposta de uma “paz
sem vencedores” (Wilson havia apresentado um plano composto por 14 pontos
que previa, entre outros, o estabelecimento de um acordo de paz sem revanches
que pudessem contribuir para a eclosão de novos conflitos), os líderes da França
e da Inglaterra decidiram adotar a política da “paz dos vencedores”.
Transformada na potência culpada pela eclosão da Grande Guerra Mundial, a
Alemanha foi obrigada a aceitar o Tratado de Versalhes, que lhe impunha uma
série de determinações, entre as quais destacamos:
• a devolução dos territórios da Alsácia e da Lorena à França;
• o pagamento de uma pesada indenização (cerca de 30 bilhões de dólares) às
potências vencedoras do conflito;
Conferência de Versalhes (da esquerda para a direita): Lloyd
• a extinção da Marinha alemã;
George (Inglaterra), Vittorio Emanuele Orlando (Itália), Goerges
• a limitação do contingente do Exército alemão a cem mil homens; Clemenceau (França) e Woodrow Wilson (EUA).
• a perda das colônias alemãs;
• a perda de uma faixa de terra do território alemão (essa faixa foi dada à Polônia, o que lhe garantiu um acesso marítimo).

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


63
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

É importante observar que o Tratado de Versalhes representou uma clara e deliberada tentativa anglo-francesa de enfraquecer e arruinar a
Alemanha, que vinha despontando desde sua unificação política, no fim do século XIX, como uma poderosa potência européia. O Tratado
de Versalhes contribuiu para a efervescência de um sentimento de humilhação e revanche entre os alemães, criando condições favoráveis
para a eclosão de um novo conflito mundial dentro de poucos anos.
Ainda na Conferência de Versalhes foi criada a Liga das Nações, uma organização internacional que tinha como principal finalidade
assegurar a paz num mundo que mal acabara de sair de um sangrento e devastador conflito. A idéia de criação da Liga das Nações partiu
do presidente Wilson e de outros estadistas. Entretanto, o Congresso norte-americano, à época dominado pelos republicanos, vetou o
Tratado de Versalhes e o ingresso dos EUA na Liga das Nações. O veto deve ser entendido como uma retomada da política de isolamento
(ou isolacionismo), que marcara as relações dos EUA com a Europa até a Primeira Grande Guerra. Os americanos não queriam se
envolver em questões ou problemas políticos europeus no pós-guerra (o que não significa que o país desejasse se fechar do ponto de vista
comercial).
A Rússia foi outro país que também não ingressou na Liga das Nações, devido à tomada do poder pelos bolcheviques em 1917. O novo
governo, socialista, passou a representar uma preocupação para os países europeus. A solução encontrada foi a “política do cordão
sanitário”, com o objetivo de isolar a Rússia para que a ideologia socialista não se propagasse e provocasse movimentos ou revoluções no
Velho Mundo.
Além do Tratado de Versalhes, o pós-guerra testemunhou a assinatura de outros tratados, como os de Saint-Germain, Trianon, Neuilly,
Sévres e Lausane, responsáveis pela remodelação das fronteiras européias e pelo descontentamento dos que se sentiram prejudicados por
seus termos, o que abriu caminho para o revanchismo e a
efervescência de movimentos nacionalistas exacerbados
que contribuíram para a ascensão de regimes totalitários
como o nazismo e o fascismo.
Quatro impérios desapareceram: o Alemão (o país passou
a ser uma república), o Austro-Húngaro (desmembrou-
se), o Russo (com a revolução bolchevique, se
transformou na URSS) e o Turco-Otomano (desmembrou-
se).
Novos países surgiram, como resultado do
desaparecimento desses impérios: Lituânia, Letônia,
Estônia, Polônia, Finlândia, Tchecoslováquia, Iugoslávia,
Áustria e Hungria. Resumindo: as fronteiras européias
não eram mais as mesmas de 1914. A Europa após a Primeira Guerra Mundial.

“No plano econômico, a guerra destruiu 40% do potencial No quadro, as figuras foram pintadas numa simultaneidade de
industrial europeu e 30% de sua agricultura. No plano financeiro, a planos, de forma fragmentada, em estilos diferentes. Perceba que
Europa transformou-se de credora em devedora dos Estados os rostos das mulheres da esquerda apresentam traços ibéricos,
Unidos. As exportações americanas, que em 1913 orçaram 2 ao passo que as duas da direita apresentam traços de máscaras
bilhões e 400 milhões de dólares, alcançaram em 1919 a quantia rituais africanas. A tela representa uma ruptura com os padrões
de 7 bilhões e 700 milhões. Sua produção industrial cresceu 40%. que ditavam a pintura européia. Nela fica evidente que o pintor não
Seu produto nacional bruto, de 33 bilhões de dólares em 1913, tem nenhum compromisso quanto a retratar as coisas como elas
elevou-se para 63 bilhões em 1919. Suas reservas de ouro são, ou seja, as figuras são decompostas, sem a perspectiva de
passaram de 1 bilhão e 800 milhões para 4,5 bilhões de dólares.” profundidade e realidade.
(MELLO, Leonel Itaussu. COSTA, Luís César Amad. História Moderna e
Contemporânea. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1994, p. 222.)
A ruptura que o quadro trouxe no campo da arte moderna era um
prenúncio da ruptura que a Primeira Grande Guerra produziria na
HISTÓRIA E ARTE conjuntura política, social e econômica da época.
O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973) tornou-se conhecido
em seu tempo por revolucionar a pintura. Em 1907, morando em LEITURA COMPLEMENTAR I: JUVENTUDE INTERROMPIDA
Paris, Picasso pintou a tela Les Demoiselles d’Avignon (As “Em que pensam estes jovens que embarcam, aparentemente
Senhoritas de Avignon), iniciando assim um novo estilo: o cubismo. alegres, em uma guerra que conforme todos dizem será curta?
Estes meninos entregues a jogos cuja crueldade ainda não
conhecem? Estas mulheres, jovens, ou não, que agitam seus
lenços, todas tomadas pela expressão necessária de um
patriotismo com o qual não atinam. Que lenços, que amores são
rompidos? Que esperanças estilhaçadas ou oferecidas? Que
passado? E que futuro? Vidas miúdas, semelhantes e diferentes,
por um instante convergem e se confundem em um só corpo que o
movimento da história arrebata.”
PERROT, Michelle. História da vida privada: da revolução francesa à primeira
guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
LEITURA COMPLEMENTAR II: AS RAÍZES DA GUERRA
Os historiadores Anthony Rowley e Bernard Droz, autores da obra
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
64
Aula 24 – Primeira Guerra Mundial
História do Século XX, acreditam que três antagonismos entre queriam instalar um regime socialista no país], a ala moderada do
potências européias arrastaram o mundo à Primeira Grande Partido Social-Democrata (SPD), com o apoio dos industriais
Guerra: alemães, assumiu o poder e proclamou a República [em Weimar].
“(...) O antagonismo franco-alemão, originado pela derrota [dos No dia 11 de novembro a Alemanha assinava o armistício.”
franceses para os prussianos] de 1871 e pela perda dos VISENTINI, Paulo G. Fagundes. PEREIRA, Analúcia Danilevicz. História do Mundo
Contemporâneo: da Pax Britânica do século XVIII ao Choque das Civilizações
departamentos da Alsácia-Lorena, alimenta nos dois países uma
do século XXI. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 113.
corrente nacionalista em que a ânsia de desforra rivaliza, do outro
lado do Reno, com a fobia do ressurgimento e do cerco dos LEITURA COMPLEMENTAR V: A GUERRA QUE NÃO ACABOU
franceses. (...) O antagonismo anglo-germânico, mais tardio, tem a “A Grande Guerra sacudiu e reorganizou o mundo. Durante os cem
sua origem na concorrência exercida pela Alemanha nos mercados anos seguintes, o xadrez da política global seria jogado no
mundiais e, especialmente, na ameaça que constitui o seu tabuleiro que emergiu dos escombros de 1918. Para começar, a
sobrearmamento naval. (...) Quanto ao antagonismo austro-russo, guerra pôs fim ao domínio supremo da Europa sobre o globo. Ao
sem dúvida o mais perigoso para a paz européia (pela longo do século XIX, a população europeia crescera sem parar: em
incapacidade de o controlar manifestada pelas grandes potências 1914, 40% da população global era formada por cidadãos de
não diretamente envolvidas), só irá assumir uma real gravidade a países europeus, residentes não só em seus países de origem
partir de 1906, quando a Rússia faz deslocar do Extremo Oriente como em colônias ao redor do planeta. A Grande Guerra pôs fim
para os Balcãs o eixo privilegiado da sua influência. O pan- ao crescimento demográfico do Velho Mundo: a maior parte dos 9
eslavismo russo irá então confrontar-se forçosamente com a milhões de mortos do conflito era formada por europeus.
determinação austro-húngara em manter intactas as estruturas
A Grande Guerra foi um terremoto. No meio do conflito, em 1917,
simultaneamente plurinacionais e centralizadoras herdadas do
estourou a revolução que pôs fim à monarquia nos Romanov na
dualismo.”
Rússia. Finlândia, Estônia, Látvia [ou Letônia] e Lituânia ganharam
LEITURA COMPLEMENTAR III: O CINEMA E A GUERRA DE independência do desfeito império czarista – enquanto a União
TRINCHEIRAS Soviética se preparava para espalhar a revolução pelo resto do
“Durante a Primeira Guerra Mundial, o cineasta D. W. Griffith mundo. Dos escombros do Império Austro-Húngaro nasceram a
(1875-1948) – grande mestre do cinema mudo – introduziu-se no Iugoslávia e a Tchecoslováquia – que ao longo do século XX se
front francês para rodar um filme de propaganda. O que viu foi um desmembrariam em Sérvia, Croácia, Bósnia, Kosovo, Montenegro,
conflito estático em que, para milhões de homens, a ação consistia República Tcheca e Eslováquia.
em se fixar camuflados nos territórios por meses ou até mesmo No Oriente Médio, as províncias do Império Otomano viraram butim
anos. Numa extensão de 640 quilômetros, os lados em confronto dos vencedores. Ingleses e franceses inventaram as fronteiras de
construíram uma rede de trincheiras com abrigos subterrâneos e Síria, Líbano, Iraque, Palestina e Jordânia. Alguns dos conflitos
cercas de arame farpado à frente delas. que assolam o mundo até hoje foram plantados na época – como a
Ganhos e perdas eram medidos em metros. Em 1915, por guerra entre Israel e os palestinos. Durante a Primeira Guerra, os
exemplo, após desfechar numerosos ataques, a França havia ingleses prometeram independência às terras habitadas por
conquistado uns 5 quilômetros. Mas esses pequenos ganhos lhe árabes, em troca de ajuda contra os turcos. Mas na década de 20
custaram mais de 1 milhão de vidas. passaram a estimular a imigração de judeus ao Oriente Médio – o
que levou à fundação de Israel, em 1948.
Entre as trincheiras não se via mais o combate corpo a corpo ou os
confrontos de cavalaria, elementos fundamentais da guerra até Além disso, a Grande Guerra viu o surgimento de um novo poder
então (hoje, a primeira divisão de cavalaria norte-americana, que global. Até então, os EUA seguiam uma política de não se
perseguiu um dia os índios no Oeste de seu país, é equipada com intrometer em assuntos internacionais – mas sua entrada na
helicópteros de combate). Desapontado com a realidade do campo guerra, em 1917, selou a derrota da Alemanha e abriu a era da
de batalha, Griffith retornou à Inglaterra, onde recriou as batalhas intervenção global americana. Quando a guerra terminou, em
que seu público preferia, no filme Hearts of the World, concluído 1918, o século de Washington havia começado.”
em 1918.” BOTELHO, J. F. A guerra que não acabou. Aventuras na História, São Paulo, n.
130, p. 35, mai. 2014.
CAMPOS, Flavio de. MIRANDA, Renan Garcia. A escrita da História. São Paulo:
Escala Educacional, 2005, p. 442. CINEMATECA
LEITURA COMPLEMENTAR IV: ALEMANHA – DO II REICH À Filmes relacionados com o tema do capítulo:
REPÚBLICA DE WEIMAR • Nada de novo no Front (1930), do diretor Lewis Milestone,
“Na Alemanha, a própria burguesia preocupava-se com a derrota conta a história de jovens que morreram nas trincheiras e campos
que se aproximava e com crise econômico-social, de batalhas da Primeira Grande Guerra.
responsabilizando os militares e o Kaiser Guilherme II por não • A Grande Ilusão (1937), de Jean Renoir, narra a história de três
obterem uma paz vantajosa. Em fins de outubro, o Comando pilotos franceses capturados pelos alemães durante a Primeira
alemão decidiu lançar uma nova batalha naval contra os ingleses, Guerra Mundial.
mas, ao receber ordem de zarpar, os marinheiros de Kiel se
rebelaram. O movimento espalhou-se rapidamente para outros • De Mayerling a Sarajevo (1939), do diretor Max Ophü, retrata a
portos e centros industriais alemães, sendo criados sovietes corte do Império Austro-Húngaro depois da morte de Francisco
[conselhos] de soldados e operários em várias cidades. A Entente Ferdinando.
[Aliados], que não se havia preocupado em responder ao pedido • Glória feita de sangue (1957), de Stanley Kubrick, conta a
de paz da Alemanha, comunicou-lhe rapidamente que aceitava a história de um general francês que, em meio à Primeira Grande
solicitação de armistício. Manobrando imediatamente para evitar a Guerra, ordena um ataque suicida contra os alemães.
radicalização revolucionária que se esboçava [os espartaquistas
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
65
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

• 1900 (1976), dirigido por Bernardo Bertolucci, apresenta uma


retrospectiva da história italiana, do início do século XIX ao fim da
Segunda Grande Guerra.
• O retorno de um soldado (1982), dirigido por Alan Bridges,
conta a volta para casa de um soldado, após a Primeira Guerra
Mundial.
• Adeus à inocência (1984), do diretor Richard Benjamin, cujo
roteiro aborda a vida de dois jovens que partem para a guerra, com
seus típicos problemas que caracterizam a transição para o mundo
adulto.
• No amor e na guerra (1996), dirigido por Richard Attenborough,
narra a trajetória de um jovem jornalista norte-americano, Ernest
Hemingway, que participa da Primeira Guerra Mundial como
motorista de ambulâncias, e seu romance com a enfermeira Agnes
von Kurowsky.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


66
Aula 24 – Primeira Guerra Mundial

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
O odor fétido nos penetra garganta adentro ao chegarmos na nossa nova trincheira, à direita dos
Éparges. Chove torrencialmente e nos protegemos com o que tem de lonas e tendas de campanha
afiançadas nos muros da trincheira. Ao amanhecer do dia seguinte constatamos estarrecidos que
nossas trincheiras estavam feitas sobre um montão de cadáveres e que as lonas que nossos
predecessores haviam colocado estavam para ocultar da vista os corpos e restos humanos que ali
haviam.
O relato acima, escrito por um soldado francês que lutou na Primeira Grande Guerra (1914-18), revela
a) os combates que marcaram o início do conflito no continente europeu.
b) a luta entre os exércitos oponentes nas terríveis trincheiras abertas no conflito.
c) os combates corpo a corpo que ocorreram na fase final da guerra.
d) a movimentação das tropas se posicionando para iniciar os combates.
e) o surto de epidemias que dizimou a maior parte das tropas francesas na guerra.

Questão 02
A Primeira Grande Guerra provocou profundos mudanças territoriais na Europa. Compare os mapas a
seguir, que retratam essas mudanças.

Com base na análise dos mapas e em seus conhecimentos, assinale a alternativa que retrata as
mudanças territoriais sofridas pela Europa em razão do conflito.
a) A Alemanha manteve seu território inalterado.
b) A França não se beneficiou da perda do território alemão.
c) Criou-se um corredor para que a Polônia tivesse acesso ao Báltico.
d) Alemanha e Áustria formaram um único território político.
e) Manteve-se o Império Alemão, abarcando a Rússia.

Questão 03
Artigos do Tratado de Versalhes (séc. XX):
Art. 45 - Alemanha cede à França a propriedade absoluta [...], com direito total de exploração, das
minas de carvão situadas na bacia do rio Sarre.
Art. 119 - A Alemanha renuncia, em favor das potências aliadas, a todos os direitos sobre as colônias
ultramarinas.
Art. 171 - Estão proibidas na Alemanha a fabricação e a importação de carros blindados, tanques, ou
qualquer outro instrumento que sirva a objetivos de guerra.
Art. 232 - A Alemanha se compromete a reparar todos os danos causados à população civil das
potências aliadas e a seus bens".
MARQUES, Adhemar Martins et all. "História Contemporânea Textos e documentos". São Paulo: Contexto, 1999.

De acordo com o texto e com seus conhecimentos, é correto afirmar que o Tratado de Versalhes:
a) Encerrou a 2a Guerra Mundial, fazendo com que a Alemanha perdesse as colônias ultramarinas
para os países dos Aliados.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


67
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

b) Extinguiu a Liga das Nações, propondo a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), em
1945, com o objetivo de preservar a paz mundial.
c) Estimulou a competição econômica e colonial entre os países europeus, culminando na 1a Guerra
Anotações
Mundial.
d) Permitiu que as potências aliadas dividissem a Alemanha no fim da 2a Guerra Mundial, em quatro
zonas de ocupação: francesa, britânica, americana e soviética.
e) Impôs duras sanções à Alemanha, no fim da 1a Guerra Mundial, fazendo ressurgir o nacionalismo e
reorganizando as forças políticas do país.

Questão 04
Uma ameaça que não se cumpriu em 1937, em Genebra, no plenário da Sociedade das Nações, o
embaixador japonês barão Shudo levantou a tese de que as regiões inexploradas de vários países
deveriam ser cedidas a nações ricas e populosas, como o Japão, naturalmente. Nesse caso o Brasil
Central desértico era uma preocupação crescente. (...) Os estrategistas brasileiros concluíram que a
Amazônia se autodefendia do colonizador branco com suas doenças, suas selvas e seu calor. Não
havia porquê recear ali uma investida do Eixo. A mortandade provocada nos estrangeiros pela
construção da ferrovia Madeira-Mamoré, na atual Rondônia, também corroborava essa tese.
Muito diferente, no entanto, era a situação da pré-Amazônia mato-grossense e goiana, com suas
extensas faixas de campos e cerrados habitáveis, colonizáveis sem maiores esforços. Era o caso
típico da região do Araguaia-Xingu, que continha a Serra do Roncador e seus prodígios, além dos
garimpos de diamantes do alto Araguaia, em parte contrabandeados para a Alemanha.
(Adaptado da Revista Especial Temática. O Brasil que Getúlio sonhou. Nº 4. São Paulo: Duetto, 2004. p.71)

A Sociedade das Nações mencionada no texto, também conhecida como Liga das Nações, foi criada
em 1919 com o objetivo de
a) promover a paz armada, após o Tratado de Versalhes, através da liderança do governo dos Estados
Unidos, que presidiu essa organização.
b) unir as nações democráticas e economicamente mais poderosas, para impedir a volta do nazi-
fascismo, cuja expansão causara a Primeira Guerra Mundial.
c) executar as determinações previstas pelo documento conhecido como "14 pontos de Wilson" e que
favoreciam os países da Tríplice Aliança.
d) promover o neocolonialismo na África, Ásia e Oceania, condição fundamental para a expansão
mundial do capitalismo monopolista.
e) intermediar conflitos internacionais a fim de preservar a paz mundial, fiscalizando o cumprimento
dos tratados pós-guerra.

Questão 05
"As lâmpadas estão se apagando na Europa inteira. Não as veremos brilhar outra vez em nossa
existência".
Sobre esta frase, proferida por Edward Grey, secretário das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, em
agosto de 1914, pode-se afirmar que exprime:
a) a percepção de que a guerra, que estava começando naquele momento e que iria envolver toda a
Europa, marcava o fim de uma cultura, de uma época conhecida como a Belle Époque;
b) a desilusão de quem sabe que a guerra, que começava naquele momento, entre Grã-Bretanha e
Alemanha, iria sepultar toda uma política de esforços diplomáticos visando evitar o conflito.
c) a compreensão de quem, por ser muito velho, consegue perceber que também aquela guerra,
embora longa e sangrenta, iria terminar um dia, permitindo que a Europa voltasse a brilhar;
d) a ilusão de que, apesar de tudo, a guerra que estava começando, iria, por causa de seu caráter
mortal e generalizado, ser o último grande conflito armado a envolver todos os países da Europa;
e) a convicção de que à guerra que acabava de começar, e que iria envolver todo o continente
europeu, haveria de suceder uma outra, a Segunda Guerra Mundial, antes da paz definitiva ser
alcançada.

Questão 06
Dentre as causas da Primeira Grande Guerra, destaca-se a questão balcânica, que pode ser
associada:
a) à formação de novas nacionalidades, como a Iugoslava sob a tutela da Alemanha.
b) às disputas coloniais na Ásia e na África entre a França e a Inglaterra.
c) ao interesse russo em abrir os estreitos de Bósforo e Dardanelos, o nacionalismo eslavo e ao temor
austríaco quanto à formação da Grande Sérvia.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


68
Aula 24 – Primeira Guerra Mundial
d) às desavenças entre o Império Austro-Húngaro e a Inglaterra ligadas à anexação da Bósnia-
Herzegovina.
e) ao assassinato do Príncipe Herdeiro, Francisco Ferdinando, e as questões pendentes relacionadas
Anotações
ao Tratado de Brest-Litowsky e o desmembramento da Áustria-Hungria.

Questão 07
Em relação às causas da Primeira Guerra Mundial é correto afirmar que
a) a incapacidade dos Estados liberais em solucionar a crise econômica do século XIX colocou em
xeque toda a estrutura do sistema capitalista. A instabilidade política e social das nações europeias
impulsionou as disputas colonialistas e o conflito entre as potências.
b) a desigualdade de desenvolvimento das nações capitalistas europeias acentuou a rivalidade
imperialista. A disputa colonial marcada por um nacionalismo agressivo e pela corrida armamentista
expandiu os pontos de atrito entre as potências.
c) o sucesso da política de apaziguamento e do sistema de aliança equilibrou os sistema de forças
entre as nações europeias, acirrando as lutas de conquistas das colônias da África e da Ásia.
d) o expansionismo na Áustria, a invasão da Polônia pelas tropas alemãs assustaram a Inglaterra e a
França que reagiram contra a agressão declarando guerra ao inimigo.
e) o desequilíbrio entre produção e consumo incentivou a conquista de novos mercados produtores de
matérias-primas e consumidores de bens-de-produção reativando as rivalidades entre os países
europeus e os da América do Norte.

Questão 08
Observe a gravura.

A imagem simboliza o fim da Primeira Guerra Mundial. Ao associar a imagem aos acontecimentos
daquele momento histórico, pode-se afirmar que
a) os conflitos prosseguiram depois da assinatura dos Tratados de Versalhes, já que a França não
concordou em ceder à Alemanha as regiões da Alsácia e Lorena.
b) não foram resolvidos os problemas que deram origem à Primeira Guerra, já que os tratados de paz
previam apenas uma trégua, com a suspensão dos conflitos bélicos.
c) na verdade não houve paz, uma vez que a Alemanha recusou-se a assinar o Tratado de Versalhes,
elaborado pela França e Inglaterra, que estabelecia o término dos conflitos.
d) os países europeus não tinham condições bélicas de prosseguir os conflitos, motivo pelo qual pode-
se explicar a rendição de todos os países envolvidos na guerra.
e) apesar da paz estabelecida, a guerra afetou profundamente a economia dos países europeus, que
tiveram que arcar com prejuízos imensos, mesmo os países vitoriosos.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


69
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO d) de terem ocorrido, entre as duas guerras mundiais, rebeliões e


revoluções como na década de 1640.
Questão 01 e) de, em ambas as guerras mundiais, o conflito ter sido travado
por motivos ideológicos, mais do que imperialistas.
Tirinha publicada no Dia dos Veteranos norte-americano
Questão 04
"Estamos no promontório dos séculos! De que serve olhar para
trás... Queremos glorificar a guerra - a única cura para o mundo - o
militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas... e o
desprezo pelas mulheres. Queremos demolir os museus, as
bibliotecas, combater a moralidade, o feminismo e toda a covardia
No quadrinho, uma aranha diz para o Garfield: “Se você me oportunista e utilitária".
esmagar, eu ficarei famoso”. A aranha continua: “Eles irão criar um Essa citação, extraída do Manifesto Futurista de 1909, expressa
dia anual de celebração em minha honra”. No terceiro quadrinho, uma estética que contribuiu ideologicamente para a
uma “aranha professora” pergunta, diante da sala de aula: “Alguém a) negação da ideia de progresso e, posteriormente, para a reação
aqui sabe por que nós celebramos o ‘dia nacional da estupidez’”? conservadora.
A celebração do Dia dos Veteranos ocorre em 11 de novembro e b) Guerra Civil Espanhola e, posteriormente, para o movimento
marca o aniversário do armistício que pôs fim à Primeira Guerra vanguardista.
Mundial (1914-1918). Trata-se de feriado nacional nos EUA. c) Revolução Russa de 1917 e, posteriormente, para a Segunda
Disponível em: <www.entretenimento.uol.com.br>. Acesso em 13/11/2010. Guerra Mundial.
d) Primeira Guerra Mundial e, posteriormente, para o fascismo.
Assinale a alternativa incorreta. e) afirmação do surrealismo e, posteriormente, para a polarização
a) A tirinha mostra a existência do consenso nacional em torno da dos anos vinte.
defesa das minorias sociais.
b) O autor deixa a entender que considera estúpida a celebração Questão 05
do Dia dos Veteranos. Analise a tabela.
c) A tirinha satiriza a onda do politicamente correto na sociedade GASTOS MILITARES DA ALEMANHA, ÁUSTRIA-
norte-americana. HUNGRIA, GRÃ-BRETANHA, RÚSSIA, ITÁLIA E FRANÇA
d) O autor concede à escola o lugar de transmissão dos valores
nacionais norte-americanos. Ano Valor (milhões de libras)
Questão 02 1880 132
A primeira metade do século XX foi marcada por conflitos e 1890 158
processos que a inscreveram como um dos mais violentos 1900 205
períodos da história humana. 1910 288
Entre os principais fatores que estiveram na origem dos conflitos 1914 397
ocorridos durante a primeira metade do século XX estão (Eric J. Hobsbawm. A era dos impérios, 1875-1914, 1988)
a) a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo e do
totalitarismo. Sobre o crescimento dos gastos militares, é correto afirmar que
b) o enfraquecimento do império britânico, a Grande Depressão e a a) foi um subproduto das crescentes disputas que envolveram
corrida nuclear. esses países, que buscavam se fortalecer no cenário externo.
c) o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e a b) foi motivado pela necessidade de enfrentar os movimentos
Revolução Cubana. armados nas colônias da África e Ásia, que começavam a se
d) a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o expansionismo rebelar.
soviético. c) incentivou a formação de grupos pacifistas, que combatiam os
e) a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a unificação da gastos com armas por meio de campanhas junto aos empresários.
Alemanha. d) deveu-se ao oligopólio da produção de equipamentos militares,
cujos preços eram impostos pelas poucas empresas do setor.
Questão 03 e) resultou da necessidade de os Estados armarem-se para
Para o historiador Arno J. Mayer, as duas guerras mundiais, a de controlar a mobilização dos trabalhadores urbanos e suas greves.
1914-1918 e a de 1939-1945, devem ser vistas como constituindo
um único conflito, uma segunda Guerra dos Trinta Anos. Essa Questão 06
interpretação é possível pelo fato A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) resultou de uma alteração
a) de as duas guerras mundiais terem envolvido todos os países da da ordem institucional vigente em longo período do século XIX.
Europa, além de suas colônias de ultramar. Entre os motivos desta alteração, destacam-se
b) de prevalecer antes da Segunda Guerra Mundial o equilíbrio a) a divisão do mundo em dois blocos ideologicamente antagônicos
europeu, tal como ocorrera antes de ter início a primeira Guerra e a constituição de países industrializados na América.
dos Trinta Anos, em 1618. b) a desestabilização da sociedade europeia com a emergência do
c) de, apesar da paz do período entre guerras, a Segunda Guerra socialismo e a constituição de governos fascistas nos países
ter sido causada pelos dispositivos decorrentes da Paz de europeus.
Versalhes de 1919. c) o domínio econômico dos mercados do continente europeu pela
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
70
Aula 24 – Primeira Guerra Mundial
Inglaterra e o cerco da Rússia pelo capitalismo. unificação alemã, e a incorporação da Alsácia e da Lorena à
d) a oposição da França à divisão de seu território após as guerras Alemanha.
napoleônicas e a aproximação entre a Inglaterra e a Alemanha. d) o confronto secular entre a França e a Inglaterra e a crise da
e) a unificação da Alemanha e os conflitos entre as potências economia inglesa provocada pelo bloqueio continental.
suscitados pela anexação de áreas coloniais na Ásia e na África. e) a política do "equilíbrio europeu", praticada pelo Congresso de
Viena, e o fortalecimento militar da Rússia na Península Balcânica.
Questão 07
Questão 10
"Não é necessário entrar em detalhes da história do entreguerras
para ver que o acordo de Versalhes não podia ser a base de uma Segundo o historiador Eric J. Hobsbawn, a discussão sobre a
paz estável. Estava condenado desde o início, e portanto outra gênese da Primeira Guerra Mundial tem sido ininterrupta desde
guerra era praticamente certa. (...) os EUA quase imediatamente agosto de 1914.
se retiraram e (...) nenhum acordo não endossado pelo que era A questão permaneceu viva porque o problema das origens das
agora uma grande potência mundial (...) podia se sustentar. guerras mundiais infelizmente tem se recusado a desaparecer
Como veremos, isto se aplicava tanto às questões econômicas do desde 1914. De fato, em nenhum outro ponto a vinculação entre as
mundo quanto à sua política." preocupações passadas e presentes é mais evidente que na
(Adaptado de HOBSBAWM, Eric. "Era dos extremos: o breve século XX; 1914- história da Era dos Impérios.
1991". São Paulo: Companhia das Letras, 1996.) Assinale a alternativa que apresenta as causas da I Guerra
Mundial.
A partir do texto, uma interpretação mais atenta do período do a) O imperialismo, o rompimento do equilíbrio europeu, o
entreguerras evidencia um processo de: nacionalismo, a política das alianças, as questões balcânicas, o
a) recuo do eurocentrismo. incidente de Sarajevo.
b) fragilização do nacionalismo. b) A ascensão militar dos EUA, o fascismo, o desemprego, a
c) afirmação da multipolarização. partilha da África, o neocolonialismo e o desmembramento da
d) reaparecimento de superpotências. Tchecoslováquia.
c) O Anschluss, a Política de apaziguamento, a crise da Etiópia, a
Questão 08 formação do Eixo, a Conferência de Versalhes.
Leia estes trechos de depoimentos de ex-combatentes da Primeira d) O fim dos Impérios Otomano e Áustro-Húngaro, a formação da
Grande Guerra: Tríplice Entente, o Plano Schlieffen, o assassinato do Arquiduque
Uma certa ferocidade surge dentro de você, uma absoluta Ferdinando.
indiferença para com tudo o que existe no mundo, exceto o seu e) A crise do Marrocos, o Pan-eslavismo russo, a ascensão de
dever de lutar. Você está comendo uma crosta de pão, e um Lênin, a partilha da África e da Ásia, e o surgimento da Liga das
homem é atingido e morto na trincheira perto de você. Você olha Nações.
calmamente para ele por um momento e continua a comer o seu
pão. Por que não? Questão 11
Aqui desapareceu para sempre o cavalheirismo. Como todos os O equilíbrio da ordem política internacional entre as nações
sentimentos nobres e pessoais, ele teve de ceder o lugar ao novo europeias, rompido com a eclosão da Primeira Guerra Mundial
ritmo da batalha e ao poder da máquina. Aqui a nova Europa se (1914 - 1918), fundamentava-se no(a):
revelou pela primeira vez no combate. a) fim da política de compensações territoriais praticada pelas
(Citados por EKSTEINS, Modris. "A sagração da primavera". Rio de Janeiro: Rocco,
nações imperialistas em seu processo de expansão mundial.
1992.)
b) enfraquecimento do nacionalismo em virtude da ascensão das
Com base na leitura desses trechos, é CORRETO afirmar que o democracias liberais nos países europeus.
impacto dessa guerra c) sistema de alianças que agrupavam as potências europeias em
a) acelerou o processo de libertação das colônias afro-asiáticas, dois blocos políticos, a Tríplice Aliança e a Tríplice Entende.
que se tornaram Estados independentes a partir de então. d) autoridade política da Liga das Nações em arbitrar os conflitos
b) deu origem a um influente movimento contra as guerras, que internacionais e situações de beligerância entre seus países
criou uma ordem internacional pacífica. membros.
c) levou ao fortalecimento e consolidação dos regimes liberais já e) liderança internacional dos Estados Unidos, que subordinavam
existentes, além de contribuir para o surgimento de novas política e economicamente os países ocidentais.
democracias.
d) provocou uma crise nos valores dominantes até então, gerando Questão 12
descrédito em relação ao humanismo e ao racionalismo. Muitos historiadores consideram a Primeira Guerra Mundial como
fator de peso na crise das sociedades liberais contemporâneas.
Questão 09 Assinale a opção que contém argumentos todos corretos a favor de
As raízes da 1a Guerra Mundial encontram-se, em grande parte, tal opinião.
na história do século XIX. Pode-se citar como alguns dos fatores a) A economia de guerra levou a um intervencionismo de Estado
que deram origem ao conflito desencadeado em 1914 sem precedentes; a "união sagrada" foi invocada em favor de
a) a concentração da industrialização na Inglaterra e o escasso sérias restrições às liberdades civis e políticas e, em função da
crescimento econômico das nações do continente europeu. guerra recém-terminada, eclodiram em 1920 graves dificuldades
b) a emergência de ideologias socialistas e revoluções operárias econômicas que abalaram os países liberais sobretudo através da
que desajustaram as relações entre os países capitalistas. inflação.
c) a derrota militar da França pela Prússia, no processo de b) Em todos os países, a economia de guerra forçou a abolir os

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


71
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

sindicatos operários, a confiscar as fortunas privadas e a fechar os Estado Alemão, recuperação econômica e incorporação de
Parlamentos, pondo assim em cheque os pilares básicos da Gdansk.
sociedade liberal. c) anexação das colônias de Togo e Camarões, a afirmação dos
c) Durante a guerra foi preciso instaurar regimes autoritários e ideais liberais e democráticos e a valorização do marco alemão.
ditatoriais em países antes liberais como a França e a Inglaterra, d) prosperidade econômica, rearmamento alemão,
num prenúncio do fascismo ainda por vir. desmembramento da Alemanha e fortalecimento dos partidos
d) A guerra transformou Estados antes liberais em gestores de liberais.
uma economia militarizada que utilizou de novo o trabalho servil e) surgimento da República Democrática Alemã e da República
para a confecção de armas e munições, em flagrante desrespeito Federal Alemã, fortalecimento do nazismo, militarismo e diminuição
às liberdades individuais. do desemprego.
e) Derrotadas na Primeira Guerra Mundial, as grandes potências
liberais foram, por tal razão, impotentes para conter, a seguir, o
desafio comunista e o fascismo.

Questão 13
Em 1919, Wílson (Estados Unidos), Lloyd George (Inglaterra) e
Clemenceau (França) definiram a Paz de Versalhes, em que
a) a Alemanha foi considerada culpada pela Guerra e submetida a
indenizações e retaliações territoriais, semeando o
descontentamento e o revanchismo.
b) os bolcheviques, liderados por Lenin, tiveram apoio inglês para
assumir o governo russo, estabelecendo o primeiro Estado
socialista.
c) os russos brancos, estabeleceram uma aliança com a Alemanha
e conduziram a Rússia à Guerra Civil.
d) a Itália, sob a liderança de Mussolini pode organizar, financiada
pela França, a marcha sobre Roma.
e) estabeleceu a nazificação alemã que se fundamentou no
armamentismo e na busca do "espaço vital", ou seja, na geopolítica
da conquista territorial.

Questão 14
"Foi em 1994 que acabou o século XIX (...) De 1815 a 1914, a
Europa (...) desfrutara um século de paz (...) Nesse século, a
burguesia pôde consolidar o seu poder (...) E o imperialismo
colonialista ia bem, obrigado, na África e Ásia. A guerra de 1914
caiu como uma bomba neste paraíso.”
A 1ª Guerra Mundial descortinou uma série de conflitos camuflados
neste "paraíso" tais como:
a) a luta pelas terras conquistadas na América e a manutenção do
tráfico de escravos.
b) a disputa de mercados mundiais pelas nações europeias
imperialistas como a Inglaterra, Alemanha e França e a opressão
aos movimentos nacionalistas na África e na Ásia.
c) a difusão do movimento socialista em países como a Inglaterra e
França com o advento da Revolução Russa.
d) a disputa dos mercados consumidores europeus pelas nações
independentes da África e da Ásia.
e) a luta dos americanos e brasileiros pelo controle dos mercados
fornecedores de matérias-primas japoneses e africanos.

Questão 15
Ao término da Primeira Grande Guerra, as potências vencedoras
responsabilizaram a Alemanha pela guerra e foi-lhe imposto um
tratado punitivo, o Tratado de Versalhes, que teve como
consequências:
a) degradação dos ideais liberais e democráticos, agitações
políticas de esquerda - como o movimento espartaquista - crise
econômica e desemprego.
b) enfraquecimento dos sentimentos nacionais, militarização do

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


72
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

REVOLUÇÃO RUSSA (1917)


INTRODUÇÃO
O século XX testemunhou a eclosão de revoluções de caráter socialista, inspiradas nas
idéias de Karl Marx e Friedrich Engels. Esses movimentos contestaram a ordem do
sistema capitalista, propondo a construção de uma sociedade sem a existência da
propriedade privada e dos conflitos de classes.
A história do século XX se confunde, em parte, com a história das revoluções socialistas
que redesenharam a geopolítica internacional e se apresentaram ao mundo como uma
alternativa capaz de substituir o capitalismo e todas as suas contradições, como a
concentração da renda nas mãos de uma minoria, em detrimento de uma maioria que
verdadeiramente produz a riqueza, mas dela não se apropria.
“Parecia óbvio que o velho mundo estava condenado. A velha sociedade, a velha
economia, os velhos sistemas políticos tinham, como diz o provérbio chinês, ‘perdido o
mandato do céu’. A humanidade estava à espera de uma alternativa. (...) Os partidos so-
cialistas, com o apoio das classes trabalhadoras em expansão de seus países, e
inspirados pela crença na inevitabilidade histórica de sua vitória, representavam essa
alternativa na maioria dos Estados da Europa (...). Aparentemente, só era preciso um O Manifesto Comunista, publicado em 1848 por
sinal para os povos se levantarem, substituírem o capitalismo pelo socialismo, e com isso
Karl Marx, em parceria com Friedrich Engels.
transformarem os sofrimentos sem sentido da guerra mundial em alguma coisa mais
positiva: as sangrentas dores e convulsões do parto de um novo mundo.”
(HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremo: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 62.)
A RÚSSIA PRÉ-REVOLUCIONÁRIA
No alvorecer do século XX, a Rússia ainda era governada por uma monarquia de caráter absolutista, fundamentada no direito divino dos
reis. Governado por Nicolau II, da dinastia Romanov, o Império Russo não possuía uma constituição e parecia ter parado no tempo, uma
vez que, nos demais Estados europeus, os regimes absolutistas foram substituídos por regimes liberais. Seu território, que se estendia da
Europa à Ásia, fazia do país o maior do mundo. Esse vasto império foi fruto de um processo expansionista deflagrado pelos czares
(imperadores russos) no final do século XVII. Povos de uma grande diversidade étnica, cultural, lingüística e religiosa foram submetidos ao
domínio russo por meio de sua força militar. Esses povos incorporados ao Império Russo experimentaram um processo que ficou
conhecido por russificação das nacionalidades, ou seja, a eles foi imposta a cultura do dominador eslavo, bem como seu idioma (a Língua
russa) e também sua religião (cristianismo ortodoxo). O objetivo da russificação das nacionalidades era clara: eliminar a identidade cultural
dos povos anexados ao império, facilitando sua assimilação e reduzindo os movimentos de contestação ao domínio russo.
Apesar de ser o maior país do mundo, o Império Russo era pobre e possuía cerca de 85% de sua população no campo. Em pleno século
XX o processo de industrialização ainda dava os primeiros passos, financiado por capitais estrangeiros. A economia ainda era baseada
numa agricultura de técnicas arcaicas e baixa produtividade. A massa camponesa e o incipiente proletariado viviam em condições de
extrema miséria e opressão. Um imenso abismo social separava os mais ricos dos mais pobres.

O Império Russo em seu apogeu territorial (início do século XX).

O pensamento marxista começou a penetrar na Rússia nas duas últimas décadas do século XIX. Em 1898 foi fundado o Partido Operário
Social-Democrata Russo (POSDR), de orientação ideológica socialista. Seus membros acabaram se dividindo em duas facções:
• os mencheviques (minoritários, em russo), liderados por Martov e Plekhanov, que acreditavam na implantação do socialismo de forma
gradual e pacífica, a partir da ascensão da burguesia ao poder;

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

• os bolcheviques (majoritários, em russo), liderados por Lenin, que defendiam a tomada do poder mediante uma revolução armada feita
por soldados, camponeses e operários.
É curioso observar que Karl Marx não acreditava na possibilidade de deflagração
de uma revolução socialista na Rússia, país agrário e com uma massa
camponesa analfabeta. O filósofo alemão teria reagido com surpresa ao saber
que seu livro O Capital fora traduzido do alemão para o russo.
Para ele, era mais provável a eclosão de uma revolução que conduziria ao
socialismo em países industrializados e com uma classe operária forte e
organizada.
Em meio às disputas ideológicas entre bolcheviques e mencheviques, a Rússia
mergulhava num turbilhão. “Para desviar a atenção do povo do atraso econômico
e dos problemas sociais, o Império Russo continuava tentando expandir-se.
Como dizia um ministro de Nicolau II, ‘precisamos de uma pequena e vitoriosa
guerra para deter a revolução na Rússia’. Mas o feitiço virou contra o feiticeiro, e A família Romanov (da esquerda para a direita): Olga,
a ‘pequena guerra’, iniciada contra o Japão, resultou em uma derrota humilhante Maria, Nicolau II, Alexandra, Anastácia, Alexei e Tatiana.
para o exército russo”, escreveu Philip Clark em A Revolução Russa.
A derrota do país para o Japão agravou ainda mais a crise econômica que assolava a população. Manifestações eclodiram em vários
lugares da Rússia. Em São Petersburgo, num domingo, 22 de janeiro de 1905, uma manifestação popular pacífica, liderada pelo padre
Gapon, da Igreja Ortodoxa, com a participação de aproximadamente 200 mil pessoas, foi recebida à bala pela tropa de elite real na porta do
Palácio de Inverno do czar Nicolau II. Estima-se em mais de mil o número de mortos e feridos. O episódio, que ficou conhecido como
“Domingo Sangrento”, contribuiu para que a população deixasse de vez de enxergar o czar como o “pai protetor do povo russo”. Lenin, líder
dos bolcheviques, esboçou uma precisa análise dos acontecimentos que marcaram aquele terrível dia quando disse que “o prestígio do
czarismo foi destruído definitivamente depois do Domingo Sangrento”.
Uma onda de manifestações, greves e rebeliões varreu o país depois SAIBA MAIS: RASPUTIN E SUA INFLUÊNCIA NA CORTE
do “Domingo Sangrento”. Até nas Forças Armadas foram registradas DE NICOLAU II
rebeliões, como a dos marinheiros do encouraçado Potemkin. Uma das figuras de maior influência na corte do czar Nicolau II
Em todo o Império Russo foram organizados soviets, conselhos era Grigori Rasputin, um místico siberiano com supostos
populares formados por operários, camponeses e soldados. poderes miraculosos. A doença do príncipe Alexei (hemofilia)
Pressentindo que uma revolução estava prestes a se desencadear, o abriu caminho para que Rasputin fosse introduzido na corte
czar Nicolau II decidiu fazer algumas concessões, entre elas a criação real. Nicolau II e sua mulher Alexandra acreditavam que as
de um Parlamento (Duma). Entretanto, em pouco tempo as preces de Rasputin curaram o filho, que fora desenganado
concessões foram suprimidas, a Duma dissolvida e uma feroz pelos médicos. A partir daí se estabeleceu uma relação de
perseguição contra revolucionária desencadeada pelo governo. dependência do czar para com o místico. Dizia-se que
Diversos líderes de oposição foram obrigados a se exilar, entre eles nenhuma decisão real era tomada sem antes Rasputin ser
Lenin, líder dos bolcheviques. consultado. Essa influência despertou o ódio em vários setores
Com a eclosão da Primeira Grande Guerra, em 1914, o Império Russo da elite e do próprio povo. Responsabilizado de influenciar o
entrou no conflito contra as Potências Centrais (Império Austro- czar a colocar o país na Primeira Grande Guerra e acusado de
Húngaro, Alemanha e Império Turco-Otomano), em apoio à Sérvia, uma vida dissoluta, mergulhada em orgias, Rasputin acabou
país de população majoritariamente eslava. Para Nicolau II, o conflito sendo assassinado em 1916, numa conspiração que teve a
era uma oportunidade para a Rússia exercitar sua política participação de aristocratas e oficiais do governo.
expansionista, além de desviar a atenção do povo dos problemas
internos.
Em pouco tempo as tropas russas começaram a colecionar
humilhantes derrotas nos campos de batalhas, expondo a fragilidade
bélica do país. Além disso, faltavam provisões para abastecer os
soldados. Acredita-se que morreram mais soldados russos de fome, do
que propriamente lutando contra seus inimigos!
O ANO DE 1917 NA RÚSSIA
A guerra se tornara um desastre e o Czar Nicolau II era tido como o
grande responsável pelo sofrimento imposto ao povo. As pressões
sobre a monarquia cresciam à medida em que a crise econômica
avançava e o povo padecia de fome. Mas parecia que a monarquia
ainda não enxergara a gravidade da situação, como se percebe num
telegrama que a czarina Alexandra enviou a Nicolau II em fevereiro de 1917 (ela se encontrava em São Petersburgo e ele num quartel
militar em Moguilev): “(...) As greves e as desordens na cidade são mais do que desafiadoras (...). É um movimento de arruaceiros,
rapazinhos e meninas correm e gritam que não têm pão, só para provocar efervescência, e operários que impedem os outros de trabalhar.
Se estivesse muito frio, todos eles teriam provavelmente ficado em casa.”
Enquanto a oposição ao czarismo crescia, as manifestações populares tomavam conta das principais cidades do país. Bolcheviques,
mencheviques, burguesia liberal, camponeses, operários, todos queriam o estabelecimento de um novo governo, capaz de arrancar o país
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
74
Aula 25 – Revolução Russa
da situação em que se encontrava. No dia 27 de fevereiro de 1917 forma-se um Governo Provisório, de caráter liberal burguês, sob o
comando de Lvov e kerensky. Pressionado, Nicolau II renuncia ao trono. É o triunfo da primeira fase da Revolução de 1917, quando a
monarquia absolutista é substituída por um governo liberal burguês, apoiado pelos mencheviques.
No entanto, o novo governo decidiu manter o país na Primeira Grande Guerra, o que frustrou as expectativas da maior parte da população.
Além da permanência do país no conflito, o Governo Provisório não foi capaz de realizar reformas sociais que impactassem a vida da
população de forma positiva. Refletindo sobre o novo governo, liberal burgês, Leon Trotsky, em A revolução russa, escreveu: “A burguesia
tomou o poder de costas para o povo. Não tinha nenhum ponto de apoio nas classes trabalhadoras, mas com o poder conseguiu algo
assim como um ponto de apoio de segunda mão: os mencheviques e socialistas revolucionários, elevados às alturas pela massa, deram
um voto de confiança à burguesia.” Essa situação fortaleceu os bolcheviques que, através
dos soviets, foram conquistando cada vez mais espaço junto à população.
Lenin, líder bolchevique, retornou do exílio em abril de 1917. Nesse mesmo mês, sob o
slogan “todo o poder aos soviets”, apresentou aos bolcheviques as Teses de Abril, uma
série de propostas que incluíam, entre outras, a derrubada do Governo Provisório, a
nacionalização dos bancos, a distribuição de terras aos camponeses e a retirada do país da
guerra.
As agitações revolucionárias se alastram, bem como a crise econômica e a escassez de
alimentos. O historiador francês Charles-Olivier Carbonell, em El gran octubre ruso, relata o
registro de um diplomata estrangeiro que vivia na Rússia e testemunhou a situação em que
se encontrava o país: “Alguns dias não há pão, nem leite, nem açúcar, nem legumes. E,
quando há, o leite tem gosto de sabão e o pão é uma coisa escura e viscosa com restos de
palha e de madeira. O vinho está hipocritamente proibido; a cerveja não aparece... e todos
aconselham: principalmente não beba água.”
Em outubro de 1917, um levante armado bolchevique finalmente derruba o Governo
Provisório. É a segunda fase da Revolução de 1917, quando o governo liberal burguês
chefiado por Lvov e Kerensky é substituído por um comandado pelos líderes bolcheviques.
Forma-se o Conselho de Comissários do Povo, chefiado por Lenin (presidente), Trotsky Lenin apresenta suas Teses de Abril aos
(relações exteriores) e Stalin (negócios internos). bolcheviques (4/4/1917).
O GOVERNO DE LENIN (1918-24)
Uma das primeiras medidas do governo de Lenin foi retirar a Rússia da guerra que se desenrolava na Europa. Para isso, os russos tiveram
que assinar o Tratado de Brest-Litovski (1918), pelo qual abriam mão de uma vasta
porção de seu Território (Lituânia, Letônia, Estônia, Polônia e Finlândia) em troca da
paz com os alemães.
No plano interno, os revolucionários bolcheviques tiveram que enfrentar uma guerra
civil, combatendo os brancos (contra revolucionários financiados por potências
estrangeiras que não viam com bons olhos o triunfo dos bolcheviques e de seu
projeto revolucionário). John Reed, jornalista americano que viveu na Rússia e
testemunhou a tomada do poder pelos bolcheviques, relata em Os dez dias que
abalaram o mundo a esperança da burguesia russa de que uma intervenção Stalin (à esquerda), Lenin (ao centro) e Trotsky.
estrangeira pusesse fim à revolução socialista: “Na casa onde eu residia, durante as
refeições só se falava na próxima chegada dos alemães, que viriam restabelecer ‘a ordem, a lei’ etc. Uma tarde, tomando chá em casa de
um negociante de Moscou, perguntei às onze pessoas presentes se preferiam Guilherme II [imperador da Alemanha] aos bolcheviques. Os
votos foram dez a um a favor de Guilherme.”
Durante a guerra civil russa (1918-21), foram decisivos para garantir a vitória final dos bolcheviques:
• a atuação do Exército Vermelho Operário e Camponês, organizado sob
o comando de Trotsky; SAIBA MAIS: O DESTINO DOS ROMANOV
• o comunismo de guerra, estratégia do governo bolchevique que Desde que renunciara ao trono, em fevereiro de 1917,
centralizou a produção, eliminou a economia de mercado e confiscou a Nicolau II e sua família eram mantidos prisioneiros na
produção agrícola para garantir o abastecimento das tropas do Exército cidade de Ekaterinburg. Com a tomada do poder pelos
Vermelho na luta contra os brancos. bolcheviques, os Romanov foram executados a mando
do governo de Lenin. Nicolau II, sua mulher Alexandra,
Com o fim da guerra civil, o governo de Lenin tinha diante de si um país as filhas (Olga, Anastácia, Maria e Tatiana) e o filho
economicamente arrasado, com milhões de vidas dizimadas (tanto na (Alexei) foram fuzilados em julho de 1918. A execução
Primeira Grande Guerra como na guerra civil) e uma população padecendo da família Romanov dividiu opiniões entre os
de fome e sofrendo pela ação de doenças. Foi nesse contexto que Lenin revolucionários bolcheviques. Muitos defendiam que o
instituiu a Nova Política Econômica (NEP), que garantiria a transição de uma czar deveria ser julgado por um tribunal. Outros eram
economia de mercado (capitalista) para uma economia planificada e favoráveis a uma execução sem julgamento, uma vez
estatizada (socialista). O governo toleraria algumas práticas capitalistas que o país se encontrava em meio a uma guerra civil.
(como as diferenças salariais, a liberdade de comércio e a pequena Acredita-se que a execução tenha ocorrido sob ordens
propriedade privada), a fim de fortalecer a economia e garantir a implantação diretas de Lenin.
do socialismo. Lenin teria justificado as medidas da NEP com o argumento
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
75
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

de que, às vezes, é necessário dar “um passo atrás, para dar dois passos à frente”. A NEP vigorou até 1928, quando o país já se
encontrava sob o governo de Stalin.
Paralelamente ao fim da guerra civil e à adoção da NEP, o governo bolchevique, através da Tcheka (polícia política) passou a perseguir
todos os opositores do novo regime. Felix Dzerjinsky, fundador e chefe da Tcheka, afirmava que a mesma tinha que “defender a Revolução
e vencer o inimigo, mesmo que sua espada caia ocasionalmente sobre as cabeças dos inocentes”.
A liberdade de crítica foi suprimida e campos de trabalhos forçados (eufemicamente chamados de “campos de reeducação”) foram criados
para abrigar todos aqueles considerados dissidentes ou inimigos do socialismo. Isso era apenas um “ensaio” do que viria na Era Stalinista
(após a morte de Lenin). A “ditadura do proletariado”, como Marx idealizou, aos poucos se transformava na “ditadura sobre o proletariado”.
Em 1922 foi adotado oficialmente um novo nome para o país: União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A mudança no nome não trouxe
consigo alteração na questão da russificação das nacionalidades. O que o
governo bolchevique prometera (autonomia para as diversas nacionalidades
que viviam no território soviético) em seus primeiros dias no poder não passou
de palavras jogadas ao vento. Os russos continuaram a impor sua língua e
seus costumes aos demais povos que formavam a URSS.
Em 21 de janeiro de 1924, Lenin faleceu. Ele tinha apenas 53 anos. À época, o
Partido Comunista Soviético divulgou como causa da morte aneurisma
cerebral.
No entanto, estudos recentes, baseados em documentos que só foram O corpo de Lenin, mumificado.
liberados depois da desintegração da URSS (registros médicos e o resultado
da autópsia) revelaram que o líder bolchevique morreu de sífilis. Isso explica a preocupação do governo soviético de encobrir a verdadeira
causa da morte, afinal de contas a imagem do líder revolucionário seria arranhada se associada à de um sifilítico.
O funeral de Lenin foi assistido por cerca de 1 milhão de soviéticos, que enfrentaram o rigoroso inverno russo para se despedir do líder
bolchevique. O corpo foi embalsamado e posto num magnífico mausoléu na Praça Vermelha, ao lado do Kremlin (sede do governo), no
centro de Moscou. Um verdadeiro culto a Lenin foi instaurado sob as bênçãos do Politiburo, o mais alto órgão executivo do Partido
Comunista Soviético.
A DISPUTA PELO PODER APÓS A MORTE DE LENIN
Com a morte de Lenin, Stalin e Trotsky passaram a disputar o poder. O primeiro era Secretário Geral do Partido Comunista Soviético; o
segundo, chefe do Exército Vermelho. A polarização ideológica entre eles envolvia, entre outras coisas, a questão da expansão da
revolução socialista:
• para Trotsky, era necessária a imediata expansão da revolução pelo mundo (tese da revolução permanente);
• para Stalin, a revolução deveria ser consolidada internamente, para depois expandir-se por outros países (tese do socialismo num só
país).
A vitória de Stalin foi possível devido às alianças que o mesmo SAIBA MAIS: O ASSASSINATO DE TROTSKY
costurou com outros lideres da alta cúpula do Partido Comunista. Depois de se exilar no México, devido às perseguições que sofreu
Perseguido por Stalin, Trotsky exilou-se no México, onde foi morto sob o governo stalinista, Leon Trotsky foi assassinado em sua
a mando do governante soviético. casa, em agosto de 1940, por um agente soviético, Ramon
Sob o longo governo de Stalin (1924-53), consolida-se o Mercader, a mando de Stalin. O assassino conseguiu se
sócialismo real (ou stalinismo): monopartidarismo, extrema aproximar de Trotsky, fingindo ser um simpatizante de suas
burocratização, ultracentralização econômica, negação da idéias. Numa certa oportunidade, Mercader foi à casa de Trotsky
existência de classes ou diferenças sociais (embora elas e lhe apresentou um artigo, pedindo-lhe sua opinião. Aproveitando
continuassem a existir), expurgos políticos (eliminação física das que o velho revolucionário se encontrava absorto na leitura do
oposições internas), glorificação da figura do líder. Estima-se que texto, Ramon o golpeou na cabeça com uma picareta de alpinista
a ditadura stalinista tenha sido responsável pelo assassinato de que trazia sob a roupa. “O homem gritou, um grito que nunca vou
30 milhões de soviéticos. O regime socialista havia se convertido, poder esquecer. Trotsky levantou-se como um louco. Atirou-se
de vez, num regime totalitário. sobre mim bateu em minha mão. Eu o empurrei e ele caiu. Mas
ele ainda se levantou do chão e, não sei como, conseguiu sair da
O historiador polonês Moshe Lewin, em O Século Soviético, disse
sala”, disse Mercader, depois que foi preso. Trostky não resistiu
que falar em “socialismo soviético” é mergulhar numa comédia de
ao ferimento e acabou falecendo no hospital, para onde fora
erros: “O que vimos na União Soviética foi a propriedade estatal
levado.
da economia e uma burocratização da economia e da nação, de
modo semelhante.
Se, ao confrontar com um hipopótamo, alguém insistir que se trata de uma girafa, ele ou ela receberia uma cátedra em zoologia? As
ciências sociais são realmente tão menos exatas que a zoologia?”
Foi durante a era stalinista que a URSS empreendeu sua indústrialização e a coletivização forçada das terras. A economia passou a seguir
os planos quinquenais, elaborados pela GOSPLAN (Comitê Estatal de Planejamento). O país lançou as bases do desenvolvimento que o
transformaria numa potência mundial após a Segunda Guerra Mundial.
A história da URSS, de Stalin à desagregação do país (1991) será objeto de estudo posterior em nosso curso.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


76
Aula 25 – Revolução Russa
LEITURA COMPLEMENTAR: A REVOLUÇÃO RUSSA PELO OLHAR DE UM NORTE-AMERICANO
O jornalista norte-americano John Reed acompanhou o desenrolar da Revolução Russa e, como testemunha ocular, deixou um relato
impressionante daquele acontecimento em Dez dias que abalaram o mundo. Reed adotou a Rússia como segunda pátria e lá faleceu em
1920, com apenas 33 anos. Seus restos repousam logo atrás do mausoléu de Lenin, em Moscou. Eis um fragmento do livro de Reed, onde
o mesmo relata o clima revolucionário na cidade de São Petersburgo:
“Na quarta-feira, 7 de novembro [24 de outubro pelo calendário Juliano, que vigorava na Rússia naquela época], levantei-me da cama muito
tarde. Quando o canhão da Fortaleza Pedro e Paulo disparou o tiro do meio dia, eu me achava descendo a Avenida Nevski. Fazia um
tempo frio e úmido. Vi um grupo de soldados, com baionetas caladas, montando guarda diante das portas fechadas do Banco do Estado.
- Vocês, de que lado estão? – perguntei. – Do governo?
- Não há mais governo – respondeu-me um deles, com riso de deboche. – Slava Bogu! (Graças a Deus!) – foi tudo o que consegui arrancar
deles...
Os bondes estavam passando na Avenida Nevski, com homens, mulheres e garotinhos pequenos pendurados nos balaústres. As lojas
achavam-se abertas e dir-se-ia que os transeuntes na rua pareciam ainda menos inquietos do que na véspera. (...)
O jornal bolchevique vinha com esta manchete: ‘Todo o Poder aos Sovietes de Operários, Soldados e Camponeses! Paz! Terra!’ O artigo
de fundo trazia a assinatura de Zinoviev, companheiro de Lênin na clandestinidade. Começava assim:
‘Todo soldado, todo operário, todo verdadeiro socialista democrata sincero compreende que a situação atual só oferece duas alternativas:
ou o poder permanece nas mãos dos burgueses e proprietários de terras, e isso significará todo tipo de repressão para os operários,
soldados e camponeses, a continuação da guerra, a fome e a morte inevitáveis (...); ou o poder se transfere para as mãos dos operários,
soldados e camponeses revolucionários; e, nesse caso, significará a abolição total da tirania dos donos de terras, o aniquilamento imediato
dos capitalistas, a proposta urgente de uma paz justa. A terra estará garantida para os camponeses, o controle da indústria assegurado aos
operários. Haverá pão para os que têm fome e essa guerra absurda chegará ao fim.’”
HISTÓRIA E ARTE
Durante o governo de Joseph Stalin na URSS (1924-53), o Estado totalitário passou a controlar de tal forma a vida dos cidadãos que até
mesmo a produção artística sucumbiu aos seus rígidos mecanismos de dominação. No campo artístico, o Estado soviético impôs um estilo
oficial, em sintonia com a linha ideológica do Partido Comunista, que ficou conhecido como realismo socialista.
A arte (e também a literatura, o teatro e o cinema) passa a ser instrumento de formação e educação das massas na ideologia do socialismo
stalinista. Pinturas, desenhos e cartazes publicitários retratam a “realidade” da sociedade que o regime idealizava para o país: homens e
mulheres felizes, saudáveis, aparentando corpos vigorosos, olhando na direção do horizonte, como a contemplar o futuro glorioso do
socialismo, em cenas de trabalho árduo, como no quadro “Celebrando a Colheita” (1951), do pintor Alla Zaimai.
Nos cartazes de propaganda política, a imagem de Stalin é sempre retratada de forma paternal, apresentando à nação o líder que a
conduzirá ao topo do mundo, como no exemplo abaixo:

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


77
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
A conduta de Kerenski também mostrava o quanto sua visão era estreita. Durante as últimas semanas
do governo provisório, seu comportamento assemelhou-se ao de Nicolau II: ambos recusaram-se a
reconhecer que tinham sua autoridade ameaçada pelo espectro da revolução. No czar, tamanha
complacência decorria de um desespero completo e de uma resignação fatalista, mas em Kerenski era
produto de um otimismo tolo. Seu prestígio nacional dos primeiros tempos da revolução subira-lhe à
cabeça. Ele passara a acreditar que recebera um “chamado providencial” para guiar “o povo” à
liberdade. Ainda a exemplo do soberano, ele se cercara de admiradores dedicados que não ousavam
contrariá-lo e mantinha seu gabinete enfraquecido por causa de constantes rumores de exonerações.
Ele não imaginava – ou simplesmente não queria fazê-lo – a exata dimensão de sua impopularidade.
Adaptado de FIGES, Orlando. A tragédia de um povo: a Revolução Russa (1891-1924). Rio de Janeiro: Record, 1999, p. 594.

Na história da Revolução Russa, o fragmento refere-se


a) à crise do governo provisório liderado por Kerenskyi que levou à tomada do poder pelos
bolcheviques.
b) à deposição do czar Nicolau II, levando ao poder os bolcheviques liderados por Lenin.
c) à crise do governo dos bolcheviques que levou à tomada do poder pelos mencheviques.
d) à desagregação do governo provisório russo que abriu espaço para uma contrarrevolução
monarquista.
e) ao início da guerra civil entre bolcheviques, apoiados por Martov, e mencheviques, apoiados por Lenin.

Questão 02
A Revolução Socialista Russa produziu de longe o mais formidável movimento revolucionário
organizado na história moderna. Sua expansão global não tem paralelo desde as conquistas do islã
em seu primeiro século. Apenas trinta ou quarenta anos após a chegada de Lenin à Estação Finlândia
em Petrogrado, um terço da humanidade se achava vivendo sob regimes diretamente derivados do
movimento revolucionário russo e do modelo organizacional de Lenin, o Partido Comunista.
HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremo: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. (adaptado)

Poucos eventos históricos foram tão profundamente distorcidos pelo mito quanto os registrados em 25
de outubro de 1917. A Revolução Socialista de Outubro, rótulo pomposo criado pela mitologia
soviética, não passou de um acontecimento em pequena escala, nada mais que um golpe militar,
despercebido pela maior parte dos habitantes de Petrogrado. Teatros, restaurantes e bondes
funcionaram normalmente, enquanto os bolcheviques galgavam o poder.
FIGES, Orlando. A tragédia de um povo: a Revolução Russa (1891-1924). Rio de Janeiro: Record, 1999. (adaptado)

A partir dos dois fragmentos, infere-se que


a) os dois textos defendem a ideia de que a Revolução Russa de 1917 não passou de um golpe militar
desfechado pelos bolcheviques para tomar o poder, sem mobilização popular.
b) enquanto o primeiro texto enaltece a Revolução Russa como o mais formidável movimento
revolucionário moderno, o segundo a apresenta como um evento em pequena escala.
c) os dois fragmentos abordam o movimento revolucionário russo de 1917 e defendem a concepção da
ativa participação e apoio popular na tomada do poder pelos bolcheviques.
d) enquanto o primeiro texto apresenta a Revolução Russa como um mero golpe militar que levou à
tomada do poder pelos bolcheviques, o segundo exalta o movimento e sua expansão global.
e) os fragmentos não se contradizem, pois defendem que a ascensão dos bolcheviques ao poder
produziu um impacto de proporções mundiais, só comparado à expansão do islã no passado.

Questão 03
As fotografias abaixo apresentam o ditador Joseph Stalin, que governou a URSS de 1924 a 1953. Na
versão original, à esquerda, Stalin aparece ao lado de Nikolai Yezhov, um dos líderes da NKVD, a
polícia secreta soviética. Na versão modificada, à direita, Yezhov, vítima dos expurgos stalinistas, foi
removido da fotografia.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


78
Aula 25 – Revolução Russa
A comparação das imagens nos permite concluir que
a) o governo soviético não permitia que seu líder supremo fosse fotografado ao lado de oficiais
subordinados ou burocratas do Partido Comunista.
Anotações
b) os dirigentes dos órgãos de inteligência do governo soviético não poderiam ter suas identidades
reveladas em prejuízo de seu trabalho.
c) a ditadura stalinista costumava apagar de fotos e registros oficiais pessoas que se transformaram
em inimigos internos do regime.
d) os soviéticos já dominavam técnicas de manipulação e retoques em fotografias, só acessíveis a
outros países com o advento da fotografia digital.
e) o regime stalinista não reverenciava a memória dos líderes bolcheviques que morreram lutando
contra as tropas militares do czarismo.

Questão 04
Depois de se exilar no México, devido às perseguições que sofreu sob o governo stalinista, Leon
Trotsky foi assassinado em sua casa, em agosto de 1940, por um agente soviético, Ramon Mercader,
a mando de Stalin. O assassino conseguiu se aproximar de Trotsky, fingindo ser um simpatizante de
suas idéias. Numa certa oportunidade, Mercader foi à casa de Trotsky e lhe apresentou um artigo,
pedindo-lhe sua opinião. Aproveitando que o velho revolucionário se encontrava absorto na leitura do
texto, Ramon o golpeou na cabeça com uma picareta de alpinista que trazia sob a roupa. “O homem
gritou, um grito que nunca vou poder esquecer. Trotsky levantou-se como um louco. Atirou-se sobre
mim bateu em minha mão. Eu o empurrei e ele caiu. Mas ele ainda se levantou do chão e, não sei
como, conseguiu sair da sala”, disse Mercader, depois que foi preso. Trostky não resistiu ao ferimento
e acabou falecendo no hospital, para onde fora levado.
Apostila de Ciências Humanas II, volume 2 – autor: Prof. Monteiro Jr.

No fragmento acima, identificamos uma prática que marcou o período em que Stalin governou a URSS
(1924-53), a saber:
a) o antissemitismo. d) o xenofobismo.
b) os expurgos políticos. e) o nacionalismo exacerbado.
c) o pan-eslavismo.

Questão 05
Observe o cartaz abaixo:

Sua confecção e distribuição está relacionada à história da URSS, quando a poderosa máquina de
propaganda do governo atuava no sentido de:
a) celebrar a primazia dos soviéticos na corrida especial, quando os russos lançaram o primeiro
satélite na órbita terrestre.
b) glorificar a figura de Joseph Stálin, apresentando-o como líder idolatrado e amado pelos povos
soviéticos.
c) exaltar o caráter revolucionário do movimento de 1917, que derrubou um governo de viés fascista
pela luta armada popular.
d) condenar os valores e a cultura da sociedade capitalista burguesa, associando-a à opressão e
miséria sobre as massas.
e) incutir na população o ódio e desprezo pelos povos não eslavos, considerados inferiores em relação
aos russos.

Questão 06
Leia o trecho a seguir:
"O povo estava farto da guerra e havia perdido toda a confiança no czar. (...) O próprio czar fora para o
Quartel General para proteger-se; e quando tentou voltar para Petrogrado os trabalhadores ferroviários
detiveram seu trem. Todo o mecanismo da monarquia havia parado; o czar (...) havia tentado dissolver

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


79
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

a Quarta Duma, tal como fizera com as anteriores, mas desta vez os parlamentares se recusaram a se
dispersar, e formaram um Comitê Provisório, que nomeou o Governo Provisório."
(Wilson, Edmund. Rumo à Estação Finlândia. SP: Companhia das Letras, 1987).
Anotações
Sobre as circunstâncias em que se desenvolveram os fatos descritos acima, é correto afirmar que
a) a derrubada da monarquia, em março de 1917, na Rússia, foi conduzida pelos bolcheviques -
parlamentares que controlaram o poder na Duma, durante todo o Governo Provisório.
b) a precipitação do processo revolucionário russo foi produzida pela manutenção desse país na
Primeira Guerra Mundial, o que resultou em 4 milhões de baixas, aproximadamente.
c) os sovietes - comitês locais de trabalhadores - funcionaram, desde sua criação em 1906, sob
liderança dos bolcheviques, que buscavam espaço de atuação no governo czarista.
d) as movimentações sociais que resultaram na queda da monarquia russa, em 1905, tornaram-se
conhecidas como "Ensaio Geral", já que funcionaram como antecâmara da revolução socialista.
e) o deputado Kerensky representou, no governo provisório, em 1917, as posições mencheviques que,
com a palavra de ordem "Todo Poder aos Sovietes", reivindicavam maior participação popular.

Questão 07
Em 1917, o governo czarista russo sofria a oposição de várias forças políticas, especialmente dos
mencheviques e dos bolcheviques. Às dificuldades econômicas e resistências ao absolutismo dos
Romanov somaram-se os efeitos da Primeira Guerra Mundial e as derrotas russas. Em fevereiro de
1917, o czar Nicolau II foi deposto com a revolução liberal liderada por Kerensky. Sobre o desenrolar
da Revolução Russa e surgimento da U.R.S.S. é INCORRETO afirmar que:
a) o governo de Kerensky, ao manter a Rússia na Primeira Guerra, enfraqueceu-se, favorecendo seus
opositores, liderados por Lênin, que defendia as "teses de abril", sintetizadas no slogan "paz, terra e
pão".
b) em outubro (novembro no calendário gregoriano) de 1917, teve início a Revolução Socialista,
liderada por Lênin, que fez o Tratado de Brest-Litovsk, que tirou a Rússia da Primeira Guerra.
c) a resistência nacional e internacional ao governo revolucionário socialista mergulhou a Rússia numa
sangrenta guerra civil, contrapondo os "vermelhos" (revolucionários) contra os "brancos"
(monarquistas, reacionários e imperialistas). Com a vitória dos seguidores de Lênin, o governo
socialista implementou a NEP (Nova Política Econômica), ao mesmo tempo que era constituída a
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (U.R.S.S.).
d) a morte de Lênin, em 1924, abriu a disputa pelo poder soviético entre Stálin, favorável ao socialismo
num só país e Trotsky, favorável à internacionalização da revolução.
e) Trotsky saiu vitorioso e implantou planos quinquenais de desenvolvimento, nos quais procurou-se a
socialização total da economia, ampla burocratização da administração e a eliminação física dos
opositores ao regime, entre eles, Stálin, assassinado em 1940, no México.

Questão 08
Um dos acontecimentos mais significativos do século XX foi a Revolução Socialista na Rússia, em
1917, por colocar em xeque a ordem socioeconômica capitalista.
Com respeito ao desencadeamento do processo revolucionário, é CORRETO afirmar que:
a) a participação da Rússia, na Primeira Guerra Mundial, desencadeou uma série de greves e de
revoltas populares em razão da crise de abastecimento de alimentos, provocando o início do
movimento
b) os mencheviques tiveram um papel fundamental no processo revolucionário, por defenderem a
implantação das Teses de Abril que consistiam, dentre outras exigências, na retirada do país da guerra
e na entrega do poder aos sovietes
c) os bolcheviques representavam a ala mais conservadora dos socialistas, chegando a ocupar o
poder com a Revolução de Fevereiro de 1917, através de Alexander Kerenski
d) Stalin, a partir de outubro de 1917, estabeleceu a tese de que era necessária a revolução em um só
país, em oposição a Trotsky, líder do exército vermelho
e) o governo revolucionário de Stálin conseguiu superar os conflitos que existiam no seu interior,
quando estabeleceu a Nova Política Econômica que representava os interesses dos setores mais
conservadores

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


80
Aula 25 – Revolução Russa

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO a) Stálin empreendeu um governo autoritário, com características


totalitárias, espalhando o terror, massacrando grupos considerados
Questão 01 oposicionistas, cujas práticas foram denunciadas e apuradas após
sua morte, o que desencadeou uma grande crise do socialismo
Os operários das fábricas e das usinas, assim como as tropas
real e do marxismo ocidental.
rebeldes, devem escolher sem demora seus representantes ao
b) No plano econômico, foram estabelecidos os chamados Planos
governo revolucionário provisório, que deve ser constituído sob a
Quinquenais, responsáveis pela implementação da reforma agrária
guarda do povo revolucionário amotinado e do exército.
(Manifesto de 27 de fevereiro de 1917, In: FERRO, Marc. A Revolução Russa de
com distribuição de pequenas propriedades aos camponeses e
1917, 1974.) incentivo ao consumo de bens domésticos que promoveu a
melhoria do padrão de vida dos trabalhadores em relação ao
O manifesto, lançado em meio às tensões de 1917 na Rússia, mundo capitalista.
revela a posição dos c) A segunda fotografia, ao retirar a figura de Trotsky, demonstra a
a) czaristas, que buscavam organizar a luta pela retomada do tentativa de eliminar não só a presença deste líder dos documentos
poder. oficiais, mas a sua própria memória em relação à Revolução
b) bolcheviques, que chamavam os operários a se mobilizarem nos Russa, quando defendia que a revolução socialista deveria ser
sovietes. limitada ao território russo para depois estendê-la a outros países,
c) social-democratas, que pretendiam controlar o governo provisório. na chamada política do socialismo em um só país.
d) mencheviques, que defendiam o caráter democrático do novo d) A imagem de Stálin como o grande líder da revolução pode ser
governo. atestada pela sua postura diante dos trabalhadores na foto e pela
e) militares, que tentavam controlar a revolta popular. técnica de adulteração de fotografias que retirou Trotsky da
segunda imagem. Estas iniciativas foram também implementadas
Questão 02 nos programas radiofônicos e na produção de filmes pelo governo
A Revolução Russa, ocorrida em 1917, deixou o mundo abalado. de Stálin, a fim de justificar as suas medidas impopulares no
Pela primeira vez, tentava-se estabelecer um tipo de governo no chamado "comunismo de guerra".
qual os trabalhadores teriam participação ativa. Os líderes do novo
Estado tinham plena convicção de que estava nascendo a Questão 04
sociedade socialista, em que as diferenças entre as classes sociais Em 1921, o problema nacional central era o da recuperação
deveriam desaparecer. Era o aparecimento de um novo modo de econômica - o índice de desespero do país é eloquente: naquele
organizar a produção, que substituiria o capitalismo. ano, 36 milhões de pessoas não tinham o que comer. Nas novas e
Adaptado de: PEDRO, Antonio. História do Mundo Ocidental. São Paulo, 2005. ruinosas condições da paz, o "comunismo de guerra" revelava-se
p.379 insuficiente: era preciso estimular mais efetivamente os
mecanismos econômicos da sociedade. Assim, ainda em 1921, no
Assinale a alternativa correta. X Congresso do Partido, Lenin propõe um plano econômico de
a) Quando os operários das fábricas e das fazendas da Rússia se emergência: a Nova Política Econômica.
mobilizaram para tomar o pode não encontraram resistência por NETO, J. P. "O que é Stalinismo". São Paulo: Brasiliense, 1981.
parte do grupo que estava no poder.
b) Após a Revolução Russa, o Estado desapareceu juntamente Sobre a chamada Nova Política Econômica é correto afirmar que
com o fim das classes sociais e os operários passaram a ser os a) ela reintroduziu práticas de exploração econômica anteriores à
donos das fábricas. Revolução Russa de 1917 que se traduziram num abandono
c) A Revolução Russa causou uma Guerra Mundial envolvendo de temporário de todas as transformações socialistas já feitas e um
um lado os países capitalistas e de outro lado, os socialistas. retorno ao capitalismo.
d) O sistema descrito no texto acima, baseou-se na teoria do b) ela consistiu na manutenção de elementos econômicos
filosofo Karl Marx que tinha como uma de suas características a socialistas, na organização da economia (como o planejamento) e
propriedade coletiva dos bens de produção. na permissão para o estabelecimento de elementos capitalistas por
e) O exemplo da Revolução Russa espalhou-se fazendo com que o meio da livre iniciativa em certos setores.
sistema capitalista desaparecesse do mundo no século XX, dando c) ela significou fundamentalmente uma reforma agrária radical que
lugar ao sistema comunista. promoveu a coletivização forçada das propriedades agrárias e a
construção de fazendas coletiva, os Kolkhozes.
Questão 03 d) seu resultado foi catastrófico, mesmo permitindo a volta
Interprete as imagens a seguir. controlada de relações capitalistas na economia, já que ela ampliou
ainda mais o nível de desemprego e produziu fome em grande
escala.
e) ela significou, com a abertura para o capitalismo, um aumento
substancial da produção industrial, mas, ao mesmo tempo, por ter
retirado todos os incentivos anteriormente concedidos à produção
agrícola, foi a razão da ruína do campo.

Questão 05
Essas imagens apresentam um dos recursos utilizados pelo O retorno a uma semi-economia de mercado provocou o
stalinismo para a anulação dos "inimigos" do regime soviético. reaparecimento da moeda e, durante o ano de 1921, renasceu o
A respeito do stalinismo na União Soviética, marque a alternativa mercado propriamente dito. A desnacionalização de empresas
correta.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
81
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

começou respectivamente pelo pequeno e grande comércio, d) introdução da Nova Política Econômica, que permitiu a
atingindo, mais tarde, a indústria leve. As cooperativas foram manutenção da pequena propriedade privada e assegurou a
devolvidas aos seus antigos acionistas e, no final do ano, permanência da aliança operário-camponesa.
permaneciam nas mãos do Estado apenas os setores
economicamente estratégicos, o crédito e a indústria pesada. Questão 07
(Martin Malia. Entender a Revolução Russa.)
"Levantou-se, então, um trabalhador, de aspecto rude, terrivelmente
indignado, furibundo: - Falo em nome dos proletários de Petrogrado,
O trecho apresentado refere-se a um momento da Revolução
disse brutalmente - Somos pela insurreição. Vocês façam o que o que
Russa, no qual
bem entenderem. Mas eu os previno: se deixarem que os Sovietes
a) o Estado soviético implementa a Nova Política Econômica,
sejam destruídos, vocês morrerão para nós."
procurando superar as dificuldades econômicas e sociais advindas (John Reed)
do Comunismo de Guerra.
b) o partido bolchevista promove um processo de abertura política, O texto anterior relaciona-se com:
instaurando um regime político democrático e pluripartidário. a) a atuação dos conselhos de representantes de trabalhadores,
c) o governo leninista, enfraquecido pela guerra civil, é obrigado a soldados e camponeses, na Revolução Russa de outubro de 1917.
fazer concessões à tradicional nobreza czarista. b) a resistência dos comunistas, integrantes do Congresso dos
d) o Estado soviético aplica uma política de planificação econômica Sovietes da União, à eleição de Boris Yeltsin como presidente da
e de coletivização de terras denominada de Planos Quinquenais. URSS.
e) o conflito entre facções dentro do Estado resulta na oposição do c) a organização do Exército Vermelho por Stálin, durante a
partido bolchevista ao ideário socialista. Revolução Russa de fevereiro de 1917.
d) ao golpe político implementado por membros do Soviete
Questão 06 Supremo, em agosto de 1991, contra as reformas de Michail
Gorbatchev.
e) a resistência do proletariado e militares ao programa intitulado
Nova Política Econômica, defendida e posta em prática por Lenin.

Questão 08
A Revolução Russa, que iniciou o processo de construção do
socialismo na antiga URSS, teve o seu desfecho, em 1917,
marcado por dois momentos. O primeiro, em fevereiro, quando os
mencheviques organizaram o governo provisório e o segundo, em
outubro, quando os bolcheviques assumiram a condução da
revolução e a tornaram vitoriosa.
A respeito dos mencheviques e bolcheviques, afirma-se:
I) Os mencheviques defendiam a construção do socialismo por
meio de alianças com os burgueses ligados ao grande capital.
II) Os bolcheviques consideravam o capitalismo consolidado na
Rússia e pretendiam a mobilização das massas em direção ao
http://www.apaginavermelha.hpg.ig.com.br
socialismo, sem quaisquer alianças com os setores burgueses.
III) Mencheviques e bolcheviques eram denominações decorrentes
Camaradas, a vida de nosso bem-amado Stalin pertence ao povo da origem geográfica dos revolucionários: os mencheviques tinham
inteiro. Stalin é nosso guia, nosso sol. Morte a todos os restos do sua origem social nos núcleos urbanos e os bolcheviques estavam
bando fascista. ligados a bases rurais.
Sokorine, militante do Partido Comunista da URSS, 1936. Com relação a estas afirmativas, conclui-se que:
Apud FERREIRA, Jorge. O socialismo soviético. In: REIS, Daniel Aarão Filho (org.) a) Apenas a I e a II são corretas.
O século XX: o tempo das crises . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. b) Apenas a I e a III são corretas.
c) Apenas a II e a III são corretas.
O terror e a propaganda foram dois lados complementares do d) Apenas a II é correta.
regime stalinista. Contudo, muitos historiadores afirmam que eles e) Apenas a III é correta.
não são suficientes para explicar o grau de aprovação conseguido
por este regime tanto dentro como fora da União Soviética. Questão 09
O apoio político dado a Stalin dentro da URSS também é explicado Há controvérsias entre historiadores sobre o caráter das duas
pela: grandes revoluções do mundo contemporâneo, a Francesa de
a) eclosão da segunda revolução russa, que modificou as bases 1789 e a Russa de 1917; no entanto, existe consenso sobre o fato
ideológicas do bolchevismo e excluiu lideranças como a de Trotski. de que ambas
b) manipulação estatal do nacionalismo, que possibilitou a a) fracassaram, uma vez que, depois de Napoleão, a França voltou
mobilização popular e revitalizou o caráter messiânico da cultura ao feudalismo com os Bourbons e a União Soviética, depois de
russa. Gorbatchev, ao capitalismo.
c) entrada de capitais estrangeiros após a Segunda Guerra b) geraram resultados diferentes as intenções revolucionárias, pois
Mundial, que facilitou a retomada da industrialização e permitiu a tanto a burguesia francesa quanto a russa eram contrárias a todo
diminuição do desemprego. tipo de governo autoritário.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


82
Aula 25 – Revolução Russa
c) puseram em prática os ideais que as inspiraram, de liberdade e de poder da monarquia czarista, substituídos pela burguesia e o
igualdade e de abolição das classes e do Estado. operariado.
d) efetivaram mudanças profundas que resultaram na superação c) substituição da autocracia czarista por um governo
do capitalismo na França e do feudalismo na Rússia. fundamentado em uma monarquia parlamentar liberal, que ampliou
e) foram marcos políticos e ideológicos, inspirando, a primeira, as os direitos políticos individuais fortalecendo os partidos políticos,
revoluções até 1917, e a segunda, os movimentos socialistas até a inclusive os mencheviques revolucionários.
década de 1970. d) Revolução burguesa de 1905, que concedeu autonomia política
e administrativa às nacionalidades que formavam o Império Russo,
Questão 10 implementando uma política de reforma agrária que extinguiu os
A Revolução russa de 1917 estabeleceu uma nova ordem política, privilégios da aristocracia fundiária e da Igreja Ortodoxa.
econômica e social. Para o triunfo da revolução contribuíra: e) vitória dos bolcheviques e mencheviques nas eleições da Duma
a) a existência na Rússia de uma única classe social formada pelos legislativa (1906) convocada pelo Czar, após o "Domingo
camponeses. Sangrento", na qual obtiveram uma maioria parlamentar que
b) a incompetência do governo czarista, associada ao despotismo possibilitou a implantação de diversas reformas econômicas
da aristocracia e à extrema miséria dos camponeses e das classes socializantes.
operárias.
c) a distribuição de terras aos camponeses. Questão 13
d) a nacionalização dos meios de produção, promovida no governo Vladimir Ilitch Lênin justificou a Nova Política Econômica sob a
de Nicolau II. alegação de que ia dar "um passo atrás, para dar dois passos à
e) a indiferença da Igreja Ortodoxa Russa. frente".
A NEP (1921 - 1927) pretendia:
Questão 11 a) a concessão de empréstimos aos fazendeiros arruinados e o
A Revolução Socialista na Rússia, em 1917, foi um dos desenvolvimento da previdência social.
acontecimentos mais significativos do século XX, uma vez que b) criar um estado corporativo organizado pelo povo e partido e
colocou em xeque a ordem socioeconômica capitalista. Sobre o encontrar a harmonização do capital e do trabalho.
c) instaurar os planos quinquenais, estatizando toda a economia.
desencadeamento do processo revolucionário, é correto afirmar
d) manter a economia planejada, permitindo, entretanto, a
que:
existência de uma economia de mercado e livre iniciativa em certos
a) os mencheviques tiveram um papel fundamental no processo setores.
revolucionário por defenderem a implantação ditadura do e) implantar as fazendas estatais (Sovkhozes) e as cooperativas
proletariado. (Kolkhozes).
b) os bolcheviques representavam a ala mais conservadora dos
socialistas, sendo derrotados, pelos mencheviques, nas jornadas Questão 14
de outubro.
c) foi realimentado pela participação da Rússia na Primeira Guerra "A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da
Mundial, o que desencadeou uma série de greves e revoltas sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes. Não fez
populares em razão da crise de abastecimento de alimentos. senão substituir novas classes, novas condições de opressão,
d) foi liderada por Stalin, a partir de outubro, que estabeleceu a novas formas de lutas às que existiam no passado."
(MARX, K. e ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista "Obras Escolhidas". São
tese da necessidade da revolução em um só país, em oposição a Paulo, Alfa-Omega,1953. p.22. v.1.)
Trotsky, líder do exército vermelho.
e) o Partido Comunista conseguiu superar os conflitos que existiam O elemento presente na Revolução Russa de 1917 que caracteriza
no seu interior quando estabeleceu a Nova Política Econômica que a luta de classes, apontada no Manifesto Comunista, publicado em
representava os interesses dos setores mais conservadores. 1848, é
a) a transformação profunda e permanente, conduzida pela
Questão 12 burguesia através dos avanços tecnológicos.
"Desde os primeiros dias da Revolução, o nosso partido teve a b) o apoio do czar russo à luta contra a exploração burguesa,
convicção de que a lógica dos acontecimentos o levaria ao poder." promovido pelo proletariado, exemplificando a solidariedade entre
(Leon Trotsky) as classes sociais.
c) a liderança revolucionária, assumida pelos camponeses,
Tal convicção foi posteriormente confirmada e a Revolução Russa confirmando a força de mobilização dos mais espoliados.
de 1917 caracterizou-se como um dos mais importantes d) o caráter transnacional do capitalismo, que permitiu a unidade
acontecimentos históricos da primeira metade do século XX, na do proletariado nos países vizinhos à Rússia e a posterior invasão
medida em que significou a tentativa de se implantar o primeiro e tomada do País.
Estado socialista, experiência até então, sem precedentes. Dentre e) o confronto entre o proletariado e as forças dominantes (czar,
os fatores que favoreceram a eclosão dessa Revolução, exército e burguesia), indicando que a luta de classes está no
identificamos corretamente o(a): centro da história de qualquer sociedade.
a) acirramento da crise econômica e social decorrente da
participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, que agravou a Questão 15
carestia generalizada de alimentos e as greves, e enfraqueceu a "O socialismo é a abolição das classes... Para abolir as classes
autoridade governamental do Czar. devemos abolir as diferenças entre o operário e o camponês,
b) desenvolvimento tardio do capitalismo industrial na Rússia, que devemos transformá-los todos em operários."
favoreceu o afastamento da aristocracia rural e do exército da base (Lênin, 1918)

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


83
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

A Revolução Russa caracterizou-se como um importante


movimento social, que marcou historicamente o século XX, em
virtude das transformações estruturais que empreendeu. Sobre o
processo de construção do socialismo na Rússia, assinale a
afirmativa correta.
a) As anexações territoriais conquistas pelo exército russo na
Polônia e na Ucrânia, durante a Primeira Guerra Mundial (1914 -
1918), fortaleceram política e economicamente a monarquia
czarista.
b) A revolta armada ocorrida na Guarda Vermelha possibilitou o
lançamento do Manifesto de Outubro, com o qual foi deposto o
Czar Nicolau II e instalada a República da Duma (1917), chefiada
pelo líder comunista Trótski.
c) A vitória dos extremistas revolucionários mencheviques,
liderados por Alexandre Kerenski, foi acompanhada da criação da
República Soviética Russa (1918).
d) No governo de Lênin, instituiu-se a Nova Política Econômica
(1921), NEP, que se caracterizou por estimular a produção em
pequenas manufaturas e o comércio privado.
e) A industrialização da Rússia socialista foi alcançada no início do
governo de Stálin (1924), com a extinção dos planos quinquenais e
a liberação de investimentos estrangeiros nas indústrias russas.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


84
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

A CRISE INTERNACIONAL DO CAPITALISMO


INTRODUÇÃO
Os feitos da Primeira Guerra Mundial se fizeram sentir na Europa
por longos anos. Primeiro por suas cidades e campos terem
servido de palco para as batalhas, além disso, o conflito
desarticulou por completo a produção agrícola e industrial no Velho
Continente, sobretudo nos países diretamente envolvidos no
confronto, como Alemanha, Inglaterra e França. A crise pós-
Primeira Guerra se refletiu nas exportações dos países
industrializados europeus (França, Inglaterra, Alemanha, Bélgica e
Ford T − considerado o primeiro veículo "popular" devido o seu preço acessível para
Holanda) para suas áreas coloniais e para regiões que a classe média.
tradicionalmente dependiam dos seus investimentos e
fornecimento de produtos industrializados, como as Américas A euforia atingiu a todos. O presidente Herbert Hoover afirmava
Central e do Sul. Diante dessa nova realidade, verificou-se em que “com a ajuda de Deus, logo iremos alcançar o dia em que a
países como o Brasil a chamada “substituição de importações”, pobreza será banida da nação”. John Raskob, líder do Partido
que consistiu em um surto industrial, a fim de suprir a carência de Democrata, escreveu um artigo intitulado “Todos devem ser
produtos industrializados provocada pelas dificuldades europeias. ricos”,onde explicava que cada cidadão que economizasse 60
dólares por mês, ao final de 20 anos teria 80 mil dólares e poderia
É nesse vazio de produção industrial que países como os EUA e o viver dos rendimentos mensais que alcançariam 400 dólares.
Japão aproveitaram para tomar para si alguns dos tradicionais
mercados consumidores de produtos europeus, ocasionando um No entanto, tal realidade iria se dissolver de forma brusca em
grande crescimento econômico para ambos, embora tal fenômeno outubro de 1929. Os sinais de problemas na economia surgiram
tenha sido mais notável nos EUA. antes do colapso da Bolsa de Valores. A taxa de desemprego
crescia ano após ano, chegando a 15% em 1927. A lucratividade
A DÉCADA DE 1920 NOS EUA da produção agrícola não havia sequer se igualado aos números
Os EUA haviam conseguido algo fantástico: passaram de grande anteriores à Grande Guerra; a queda do poder aquisitivo do
devedor mundial, antes da Primeira Guerra Mundial, para outra trabalhador rural e do pequeno proprietário era notória, apesar do
ponta da tabela como maior credor do mundo. Em decorrência da aumento considerável da produção industrial; as máquinas mais
Grande Guerra (1914-1918), os norte-americanos passaram a avançadas haviam substituído ainda mais o trabalhador; como
vender seus produtos industrializados para os europeus em conflito resultado temos o desemprego e a diminuição do poder de compra
e os demais mercados continentais, dantes atendidos pelos países também nas cidades.
do Velho Mundo. Além disso, financiaram parte da guerra para A superprodução era notória: os estoques das indústrias
ingleses e franceses. Os bancos da América alcançaram lucros aumentavam ano após ano, e só eram esvaziados devido à grande
absurdos. A prosperidade econômica era percebida nos lares quantidade disponível de crédito para os compradores, em
norte-americanos: automóveis, relógios de pulso, geladeiras, decorrência dos lucros que os bancos obtinham dos pagamentos
aparelhos de barbear, enceradeiras, comida enlatada, máquinas de realizados pelos países europeus que quitavam parte das suas
lavar e gramofones, passaram a ser comuns nas casas das dívidas. Mesmo assim, os industriais aumentavam ainda mais a
classes médias e altas. O american way of life (modo de vida produção para reduzirem seus custos e, dessa maneira, venderem
americano) que tem por principio básico o consumismo surgia e se seus produtos mais barato. A classe operária já encontrava
espalhava pelo mundo como modelo de felicidade. As camadas dificuldades para usufruir das novidades tecnológicas que as
populares norte-americanas e de todo o mundo queriam vivenciar fábricas lhes apresentavam diariamente, e passou a restringir seus
essa nova realidade, que era divulgada pelas revistas e por uma gastos ao que era extremamente necessário (alimentação, moradia
arte e forma de comunicação que começavam a se popularizar. O e transporte), gerando assim o subconsumo, resultante da perda
cinema, o jazz, os carros Ford, a Aspirina, as frutas da United Fruit, do poder aquisitivo do proletariado. Tal fenômeno logo atingiu a
as calças Lee, os aparelhos de barbear e as máquinas Singer classe média também, dessa maneira houve um encolhimento
apareciam nas telas de cinema e encantavam/iludiam o grande drástico do mercado consumidor norte-americano.
público. Nos EUA quem não tinha dinheiro para comprar, bastava ir
a um banco e financiar os “desejos” de consumo. A especulação financeira nas bolsas de valores foi sem dúvida o
pior dos males do período de euforia econômica, pois a classe
média e grandes investidores retiravam seu dinheiro do setor
produtivo, não abriam novos negócios e não ampliavam os já
existentes, uma vez que o lucro das ações era muito atraente;
assim, postos de trabalho eram fechados, e consequentemente, o
mercado consumidor diminuía ano após ano.
A QUINTA FEIRA NEGRA, 24 DE OUTUBRO DE 1929
Os discursos otimistas começaram a diminuir no início de 1929
quando as primeiras falências viraram notícia nos principais jornais.
Em setembro, batia-se o martelo: o auge econômico estava perto
do fim. Diante desse quadro, os investidores começaram a correr
O Jazz saiu do gueto e virou sinônimo de sofisticação. para vender suas ações, o que culminou com a fatídica “Quinta-
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Feira Negra”, (24/10/1929), quando mais de 16 milhões de ações dos preços) - causando grade prejuízos aos empresários que
foram postas à venda de uma única vez, o que provocou forte utilizaram as tradicionais medidas liberais para solucionar o
desvalorização das mesmas. Fortunas inteiras se dissolveram, problema -, estoque da produção e demissão em massa. O Estado
projetos de aposentadoria foram jogados fora, reservas financeiras teve que abrir mão dos princípios liberais e passou a intervir na
deixaram de existir, o desespero tomou conta de todos. economia (promoveu a desvalorização da libra esterlina, para
garantir seu poder de concorrência no mercado externo e adotou
uma política de protecionismo alfandegário, prática abominada
pelos britânicos há mais de um século).
A França foi atingida pela Crise mundial de forma direta em 1931:
os preços dos seus produtos eram mais altos do que da maioria
dos demais países industrializados (dessa forma, os únicos
mercados disponíveis de fato eram suas áreas coloniais que, no
entanto, tinha sua capacidade de consumo reduzida), a renda
nacional diminuía mês a mês, e o Estado permanecia inerte. No
máximo promovia a desvalorização do franco, sua moeda nacional
à época.
A Alemanha foi o país europeu que mais sentiu o peso da Crise de
1929. Derrotado na Grande Guerra, perdeu áreas coloniais, teve
que pagar indenizações aos vencedores, foi proibido de reativar
Bolsa de Vaores de Nova Iorque (24/10/1929, Quinta-feira Negra). sua indústria bélica, um dos carros chefes de sua economia, e
O sistema bancário ianque mostrou as garras e as presas ao aumentou sua dívida externa, sobretudo com os EUA e a
mesmo tempo: temendo não recuperar seus empréstimos, Inglaterra. Com o início da Crise em outubro de 1929, os capitais
executou hipotecas de casas, lojas, fazendas e tudo mais que externos (empréstimos e empresas), decisivos na reconstrução do
tivesse direito, pois precisava, também, devolver o dinheiro aos país, deixaram a Alemanha e, ao contrário de França e Inglaterra,
clientes que haviam lhes confiado suas reservas econômicas. ela não podia recorrer às áreas coloniais ou à sobras de capitais
Nesse momento, cria-se uma “bola de neve”: os devedores não nos bancos públicos e privados. Tudo havia sido levado pela
honram seus compromissos, o banco não tem como pagar seus guerra. Em desespero, o governo alemão proibiu a retirada de
clientes/credores e muitas instituições financeiras acabaram capital estrangeiro do país e estabeleceu uma política de
falindo, entre 1929 e 1933. O número de bancos nos EUA passou protecionismo alfandegário, mas já era impossível deter a recessão
de 25 mil para 15 mil. Os credores/investidores que não receberam e a crise. O povo alemão se viu em desespero completo pela
seu dinheiro de volta dos bancos, acabaram falindo também. segunda vez em dez anos.
Apenas os donos das grandes fortunas conseguiram enfrentar a Os países tradicionalmente exportadores de alimentos e
crise de frente pois, além de terem muito dinheiro, uma boa parte matérias primas (Austrália, Nova Zelândia, Brasil e Argentina) se
dos seus investimentos fora convertidos em ouro, antes do Crack viram em apuros. Desde 1919, os produtos agrícolas sofriam com
da Bolsa. uma queda generalizada dos preços, em decorrência de uma crise
A sociedade de consumo vivia mais um momento de plena de superprodução, o que havia reduzido drasticamente seus
contradição, pois o ápice da sua produção acabou por gerar uma lucros, e agora eram atingidos por uma queda significativa do
nova crise de superprodução. Essa nova crise liberal teve consumo por parte dos países ricos. O fundo do poço foi alcançado
características únicas, até então, como: e todos tiveram que reinventar sua estrutura econômica. No caso
do Brasil, o Estado varguista adotou uma política econômica
• sua amplitude e universalidade, atingindo direta ou indiretamente industrialista, voltada para o mercado interno, sem abandonar por
dezenas de países; completo o agronegócio de exportação.
• sua diversidade econômica por ter atingido, ao mesmo tempo, a O “NEW DEAL” (OU “NOVO ACORDO”)
agricultura, as finanças e a indústria;
Desde 1926 governo dos EUA já havia percebido que a economia
• sua longa duração, pois apesar da forte intervenção do Estado na passava por sérios problemas. No entanto, o presidente Herbert
economia, sua dissipação só ocorreu, de fato, a partir de 1939, Clark Hoover, do Partido Republicano, não tomou medidas efetivas
com o início da Segunda Guerra Mundial. para combater o agravamento dos problemas econômicos;
A CRISE SE ESPALHA restringiu-se às medidas clássicas do liberalismo econômico, como
A Europa foi atingida duramente pela crise. Desde o fim da a leve desvalorização da moeda e a liberação de empréstimos para
Primeira Grande Guerra (1914-1918) sua economia passava por salvar algumas empresas, mas nada disso foi suficiente. O
dificuldades para se recuperar: vultuosos empréstimos foram feitos prestígio dos republicanos ficou em baixa, o desemprego atingiu
a bancos norte-americanos e enquanto seu parque industrial ia mais de 15 milhões de pessoas em 1930 e milhares de empresas
sendo reerguido, os países europeus compravam de tudo aos faliram. Era a vez dos Democratas tentarem solucionar a Crise de
EUA, tinham dificuldades de abastecer os mercados consumidores 1929. Nas eleições de 1932 o democrata Franklin D. Roosevelt
coloniais e foram perdendo espaço para Japão e EUA nas áreas foi eleito com grande vantagem de votos. Em seus discursos,
periféricas do capitalismo (América Latina e alguns países Roosevelt costumava passar mensagens de otimismo como: “A
independentes da África e Ásia). única coisa a temer é o próprio medo” e “Somente um otimista
A Inglaterra havia restabelecido seu ritmo de produção industrial pode negar as realidades sombrias do momento”.
de antes da Primeira Guerra em 1928, para no ano seguinte ser Sem meias palavras e com ações incisivas, Roosevelt inverteu a
atingida pela Crise de 1929. Houve forte deflação (queda brusca lógica da economia norte-americana praticada até então. Se antes

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


86
Aula 26 – A Crise Internacional do Capitalismo
o Estado permitia a liberdade plena para as atividades Apesar das medidas serem extremamente populares, a crítica veio
econômicas, agora intervém, regula e participa da economia. com força máxima. Roosevelt foi acusado de ser comunista, por
Não houve o estabelecimento de um plano prévio voltado para a causa da intervenção do Estado na economia e da sua política de
macroeconomia, no estilo marxista, e sim uma série de medidas proteção ao trabalhador, além da liberdade dada aos sindicatos e a
emergenciais de curta, média e longa duração, cujos objetivos criação do direito de greve.
básicos consistiam em promover a recuperação das empresas Em 1937, ano da primeira reeleição de Roosevelt, o desemprego
(agrícolas, industriais e de serviços), garantir a estabilidade e o fora reduzido de 17 milhões (1933), para 11 milhões. As
fortalecimento do dólar e, sobretudo, combater o desemprego e a dificuldades ainda eram notórias, mas a recuperação já era sentida
miséria dos trabalhadores norte-americanos. em vários setores. A grande virada da crise veio a partir de 1939,
quando a possibilidade de uma nova guerra na Europa se tornava
mais evidente, a indústria bélica e o esforço de guerra norte-
americano após 1941 afastaram de vez qualquer chance de um
retorno da crise.
LEITURA COMPLEMENTAR I: A UNIÃO SOVIÉTICA (URSS)
NÃO FOI ATINGIDA PELA CRISE DE 1929
A URSS vivia um momento de isolamento político e econômico em
relação à Europa, desde a eclosão da Revolução Bolchevique de
1917. Os contatos diplomáticos entre Moscou e o restante do
continente europeu nunca foram dos melhores, em decorrência dos
avanços territoriais russos no Leste europeu, na tentativa de
consolidar um domínio eslavo nessa parte do continente.
A foto acima, de Dorothea Lange, tornou-se um símbolo da Grande Esse histórico de desavenças foi agravado com a ascensão de um
Depressão. Nela, Florence Thompson, viúva e mãe de varias governo socialista ao poder em 1917 que, dentre outras coisas,
filhos, foi retratada com um olhar desolador e sem esperança. aboliu a propriedade privada dos meios de produção. Inicialmente,
As ações do governo Roosevelt eram norteadas pelas ideias do o novo governo russo não queria contato algum com os países
economista inglês John Maynard Keynes, que era anticomunista e capitalistas e buscava atender, parcialmente, às
opositor do liberalismo total. Keynes afirmava que era papel do vontades/necessidades dos camponeses e operários. Além disso,
Estado, em períodos de crise, fazer investimentos maciços na o “exército vermelho” havia vencido a Guerra Civil russa,
economia, criando frentes de trabalho, recuperando o poder derrotando as tropas contrarrevolucionárias de seu país, que
aquisitivo dos trabalhadores, auxiliando os desempregados e contaram com o apoio militar e econômico dos Estados capitalistas
incentivando o consumo. Os recursos para essas ações deveriam europeus.
sair do aumento dos impostos sobre os ricos. Segundo Keynes, a Diante desse fato, foi estabelecida a chamada política diplomática
partir dessas medidas e de uma política de incentivo ao consumo a do “Cordão Sanitário” por parte das potencias europeias em
economia de qualquer país em crise se recuperaria. Mas, logo que relação à URSS, cujo objetivo era isolá-la em definitivo do mundo
a crise passasse o Estado deveria retirar-se o máximo possível da capitalista, e assim, enfraquecê-la economicamente ao ponto do
vida econômica para que a iniciativa privada retomasse as rédeas povo se rebelar e derrubar o governo bolchevista. Mas não houve
da economia, sem repetir os exageros e descontrole que haviam rebelião popular contra o governo de Lênin, e esse isolamento
gerado os problemas anteriores. acabou por promover uma espécie de “blindagem” econômica
Seguindo a doutrina keynesiana, Roosevelt implantou uma contra a Crise de 1929.
política dirigista que visava defender o capitalismo mediante Outro efeito da Crise de 1929 que ocorreu sobre o universo político
novas medidas, que foram implantadas a partir de 1933, e ao longo popular (camponeses e operários) europeu foi o crescimento
dos seus 12 anos de mandato (1933- 1945 foram quatro mandatos vertiginoso dos partidos e sindicatos adeptos da doutrina
consecutivos, o que era permitido por lei): política marxista. Tal fato se explica, dentre outros fatores, pelo
• fechou os bancos por um período temporário e requisitou seus fato dos trabalhadores estarem vivenciando a pior crise
estoques de ouro; econômica do capitalismo até então e, quando recebiam notícias
• manteve uma política inflacionária moderada; do que estava acontecendo na antiga Rússia, a “prisão dos povos”,
• investiu na construção de grandes obras públicas; ficavam maravilhados diante da possibilidade de terem um Estado
• comprou os estoques dos fazendeiros e das indústrias, que na a serviço das classes pobres (e não da nobreza ou da
maioria das vezes, foram queimados, para promover a manutenção burguesia). Assim, passavam a enxergar que isso só ocorreria em
dos preços; seus países se eles promovessem uma revolução semelhante à
• pagava aos fazendeiros e industriais para não produzirem, até que ocorreu na Rússia.
que vendessem os estoques restantes; LEITURA COMPLEMENTAR II: OS ANOS 1920 E A LEI SECA
• foi criado um código de concorrência leal para as indústrias, Desde o século XIX, várias lideranças políticas e religiosas dos
dentre outras coisas, proibia a comercialização de produtos a Estados Unidos defendiam que as bebidas alcoólicas deveriam ser
preços que indicassem a formação de monopólios; amplamente combatidas pelo governo. Muitos defensores da ideia,
• estabeleceu o salário mínimo e o seguro desemprego; além de contarem com argumentos religiosos e morais, saiam por
• proibição do trabalho infantil; aí dizendo que a proibição das bebidas poderia ajudar no
• jornada de trabalho de 8 horas/dia; desenvolvimento da nação e poderia evitar o risco de
• legalização dos sindicatos; autocombustão. No ano de 1917, essa possibilidade ganhou novos
• criação do direito de greve; reforços.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
87
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Nesse ano, os EUA entraram na Primeira Guerra Mundial contra as


tropas alemãs e austro-húngaras. Os custos gerados pelo conflito
exigiam que o país racionasse os alimentos de todas as formas
possíveis. Assim, o gasto de trigo e outros cereais para a
fabricação de bebida era algo a ser evitado. Além disso, havia
outra justificativa nacionalista: consumir cerveja e vinho (bebidas
típicas dos alemães) consistia em ato antipatriótico.
Em 1920, o Ato Volstead ou Ato de Proibição Nacional entrava em
vigor dizendo que qualquer bebida com mais de 0,5% de teor
alcoólico seria intoxicante e, portanto, teria sua fabricação, venda,
distribuição e consumo terminantemente proibidas. Apesar de
rigorosa, a lei não conseguia conter o desejo de milhares de
pessoas que desejavam consumir algum tipo de bebida alcoólica.
Em alguns casos foram montados vários speakeasies, bares
clandestinos em que seus frequentadores consumiam seus tragos
de forma discreta. Outros consumidores faziam de tudo para
produzir bebidas caseiras de baixa qualidade e, em alguns casos,
extremamente tóxicas. Contudo, quem acabou ganhando espaço
em meio à ilegalidade foram os gângsteres, que contrabandeavam
o produto do Canadá e da Austrália para os vários centros urbanos
dos EUA.
Com o estouro da crise econômica, em 1929, a oposição à Lei
Seca acabou ganhando mais força. Desta vez, os partidários da
revogação alegavam que a liberação das bebidas seria uma boa
alternativa para a geração de novos empregos no país. Em março
de 1933, o governo americano liberou a produção de cerveja. Nove
meses mais tarde, a Lei Seca foi derrubada por completo e, ainda
hoje, é a única lei revogada na Constituição dos Estados Unidos da
América.
Do ponto de vista prático, o fracasso da Lei Seca mostrou que a
criação de leis que atingem a liberdade individual é um assunto de
grande delicadeza. Segundo alguns estudiosos, a violência ligada
ao contrabando acabou ocupando e alargando o espaço de todos
os crimes ligados ao consumo de álcool. Além disso, ficou claro
que nenhuma imposição jurídica tem autonomia para banir hábitos
já instalados em uma cultura.
Fonte: http://www.mundoeducacao.com.br/historiaamerica/lei-seca-dos-eua.htm

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


88
Aula 26 – A Crise Internacional do Capitalismo
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
A crise de 1929 e dos anos subsequentes teve sua origem no grande aumento da produção industrial
e agrícola, nos EUA, ocorrido durante a Primeira Guerra Mundial, quando o mercado consumidor,
principalmente o externo, conheceu a ampliação significativa. O rápido crescimento da produção e das
empresas valorizou as ações e estimulou a especulação, responsável pela “pequena crise” de 1920-
21. Em outubro de 1929, a venda cresceu nas Bolsas de Valores, criando uma tendência de baixa no
preço das ações, o que fez com que muitos investidores ou especuladores vendessem seus papéis.
De 24 a 29 de outubro, a Bolsa de Nova York teve um prejuízo de US$ 40 bilhões. A redução da
receita tributária que atingiu o Estado fez com que os empréstimos ao exterior fossem suspensos e as
dívidas, cobradas; e que se criassem também altas tarifas sobre produtos importados, tornando a crise
internacional.
RECCO, C. História: a crise de 29 e a depressão do capitalismo. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u11504.shtml>. Acesso em: 26 out. 2008 (adaptado).

Os fatos apresentados permitem inferir que


a) as despesas e prejuízos decorrentes da Primeira Guerra Mundial levaram à crise de 1929, devido à
falta de capital para investimentos.
b) o significativo incremento da produção industrial e agrícola norte-americana durante a Primeira
Guerra Mundial consistiu em um dos fatores originários da crise de 1929.
c) a queda dos índices nas Bolsas de Valores pode ser apontada como causa do aumento dos preços
de ações nos EUA em outubro de 1929.
d) a crise de 1929 eclodiu nos EUA a partir da interrupção de empréstimos ao exterior e da criação de
altas tarifas sobre produtos de origem importada.
e) a crise de 1929 gerou uma ampliação do mercado consumidor externo e, consequentemente, um
crescimento industrial e agrícola nos EUA.

Questão 02
A história dos vinte anos após 1973 é a de um mundo que perdeu suas referências e resvalou para a
instabilidade e a crise. Só no início da década de 1990 encontramos o reconhecimento de que os
problemas econômicos eram de fato piores que os da década de 1930. Em muitos aspectos, isso era
intrigante. Por que deveria a economia mundial ter-se tornado menos estável?
Eric Hobsbawm. Era dos extremos, 1995 (adaptado).

Os problemas econômicos da década de 1930, citados no texto, derivaram, entre outros fatores,
a) dos fortes movimentos sociais e mobilizações revolucionárias na América Latina, em especial no
México, que impediram a exportação de produtos industrializados norte-americanos para a região.
b) do conjunto de reformas financeiras e sociais realizadas na União Soviética após a Revolução de
1917, que fechou os mercados do bloco socialista aos países capitalistas do Ocidente.
c) da ascensão do nazismo alemão e dos regimes fascistas na Itália, na Espanha e em Portugal, que
provocaram a Segunda Guerra Mundial e paralisaram a produção industrial europeia.
d) de uma ampla crise do liberalismo, que ganhou contornos mais nítidos após a Primeira Guerra
Mundial e desembocou na quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929.
e) do forte crescimento econômico da Alemanha na passagem do século XIX para o XX e da acirrada
competição comercial e naval desse país com a Grã-Bretanha e a França.

Questão 03
Quando se processaram as eleições de novembro de 1932, o país estava numa situação pior do que
nunca. Todas as “curas” do Sr. Hoover não conseguiram dar vigor ao paciente moribundo. Os
trabalhadores eram assolados pelo desemprego; os lavradores eram arrasados pela crise da
agricultura; a classe média tinha perdido suas economias nas falências dos bancos e temia pela sua
segurança econômica. Em 8 de novembro de 1932 o povo americano elegeu Franklin D. Roosevelt
para presidente dos Estados Unidos. O “New Deal” do Sr. Roosevelt foi chamado de revolução. Era e
não era. Era uma revolução quanto às ideias, mas não na sua parte econômica.
Leo Huberman, História da riqueza dos EUA (Nós, o povo).

Não era uma revolução econômica, pois


a) o volume de recursos destinados à recuperação econômica era pequeno e beneficiou apenas as
regiões industrializadas.
b) não ocorreu qualquer alteração no direito à propriedade privada, assim como foi mantida a mesma
estrutura de classe.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
89
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

c) os operários e produtores rurais não tiveram nenhum ganho importante, uma vez que os benefícios
atingiram exclusivamente as classes médias.
d) os principais causadores da crise – os grandes conglomerados oligopolistas – foram os que mais
Anotações
recursos receberam do governo americano.
e) privilegiaram-se os investimentos diretos em agentes econômicos tradicionais, como as grandes
casas bancárias e as principais corporações.

Questão 04
Esses anos [pós-guerra] também foram notáveis sob outro aspecto, pois à medida que o tempo
passava, tornava-se evidente que aquela prosperidade não duraria. Dentro dela estavam contidas as
sementes de sua própria destruição.
J. K. Galbraith, Dias de boom e de desastre In J. M. Roberts (org), História do século XX, 1974, p. 1331.

Segundo Galbraith,
a) a crise do capitalismo norte-americano em 1929 não abalou os seus fundamentos porque foi gerada
por ele mesmo, isto é, o funcionamento da economia provocou a superprodução agrícola e industrial, a
especulação na bolsa de valores e a expansão do crédito, o que garantiu os lucros aos empresários,
diminuindo a desigual distribuição de renda com o recuo do desemprego.
b) a época referida no texto diz respeito à crise dos anos 1950, pós-Segunda Guerra, portanto externa
ao capitalismo dos Estados Unidos, uma vez que os Estados europeus, endividados e destruídos,
continuaram a contrair empréstimos e a comprar produtos norte-americanos, e os empresários,
internamente, especularam na Bolsa de Valores, para minimizar os efeitos do desemprego.
c) nos fins dos anos 1920, com a economia desorganizada pela Primeira Guerra Mundial, o
capitalismo norte-americano cresceu rumo à superprodução, com investimentos na indústria, à
restrição ao crédito e ao controle da especulação na Bolsa de Valores, pois a crise foi motivada
apenas por motivos internos, o que facilitou a intervenção do Estado.
d) a crise de 1929 foi gerada pelo próprio funcionamento do capitalismo nos Estados Unidos dos anos
1920, em um clima de euforia com o aumento da produção, a especulação na Bolsa de Valores, a
concentração de renda e o crédito fácil, sem intervenção do Estado, apesar da diminuição das
importações europeias e dos crescentes índices de desemprego.
e) a crise dos anos pós-Segunda Guerra Mundial mostrou a importância da ação do Estado, na
medida em que a intervenção reduziu os desequilíbrios causados pelo próprio funcionamento da
economia norte-americana, isto é, preservou o lucro dos empresários, baixou os índices da produção
agrícola e industrial, e controlou os altos níveis do desemprego.

Questão 05
A depressão econômica gerada pela crise de 1929 teve no presidente americano Franklin Roosevelt
(1933-1945) um de seus vencedores. New Deal foi o nome dado à série de projetos federais
implantados nos Estados Unidos para recuperar o país, a partir da intensificação da prática da
intervenção e do planejamento estatal da economia. Juntamente com outros programas de ajuda
social, o New Deal ajudou a minimizar os efeitos da depressão a partir de 1933. Esses projetos
federais geraram milhões de empregos para os necessitados, embora parte da força de trabalho norte-
americana continuasse desempregada em 1940. A entrada do país na Segunda Guerra Mundial, no
entanto, provocou a queda das taxas de desemprego, e fez crescer radicalmente a produção
industrial. No final da guerra, o desemprego tinha sido drasticamente reduzido.
EDSFORD, R. America’s response to the Great Depression. Blackwell Publishers, 2000 (adaptado).

A partir do texto, conclui-se que


a) o fundamento da política de recuperação do país foi a ingerência do Estado, em ampla escala, na
economia.
b) a crise de 1929 foi solucionada por Roosevelt, que criou medidas econômicas para diminuir a
produção e o consumo.
c) os programas de ajuda social implantados na administração de Roosevelt foram ineficazes no
combate à crise econômica.
d) o desenvolvimento da indústria bélica incentivou o intervencionismo de Roosevelt e gerou uma
corrida armamentista.
e) a intervenção de Roosevelt coincidiu com o início da Segunda Guerra Mundial e foi bem-sucedida,
apoiando-se em suas necessidades.

Questão 06
Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929, a situação da economia cafeeira se apresentava como se
segue. A produção, que se encontrava em altos níveis, teria que seguir crescendo, pois os produtores
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
90
Aula 26 – A Crise Internacional do Capitalismo
haviam continuado a expandir as plantações até aquele momento. Com efeito, a produção máxima
seria alcançada em 1933, ou seja, no ponto mais baixo da depressão, como reflexo das grandes
plantações de 1927-1928. Entretanto, era totalmente impossível obter crédito no exterior para financiar
Anotações
a retenção de novos estoques, pois o mercado internacional de capitais se encontrava em profunda
depressão, e o crédito do governo desaparecera com a evaporação das reservas.
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1997 (adaptado).

Uma resposta do Estado brasileiro à conjuntura econômica mencionada foi


a) a atração de empresas estrangeiras.
b) a reformulação do sistema fundiário.
c) o incremento da mão de obra imigrante.
d) o desenvolvimento de política industrial.
e) o financiamento de pequenos agricultores.

Questão 07
Após a Primeira Guerra Mundial, a febre de negócios baseada na especulação provocou a Crise de
1929. Identifique, nas alternativas a seguir, os principais fatos que a produziram.
a) Aparecimento de ideologias como o Fascismo e o Nazismo.
b) Superprodução de mercadorias e saturação dos mercados consumidores.
c) Retraimento do crédito e proibição das exportações.
d) Equilíbrio entre a agricultura e o comércio.
e) Má colheita e demanda ilimitada da indústria.

Questão 08
Considerando-se a crise econômica mundial iniciada, em 1929, com a quebra da Bolsa de Nova
Iorque, é CORRETO afirmar que:
a) a Alemanha sofreu impacto imediato e violento desse evento, em razão dos laços econômicos
estreitos que vinha mantendo com os Estados Unidos.
b) a escassez de matérias-primas e de crédito, entre outras causas do crash norte-americano, muito
contribuiu, na época, para alimentar a espiral inflacionária.
c) a URSS foi um dos países atingidos por esse evento, pois a recessão no mundo capitalista
prejudicou as exportações de petróleo do país.
d) os países da América do Sul sentiram os efeitos desse evento, devido à repatriação do capital
estrangeiro anteriormente investido nessa região.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


91
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO em consequência do “Crack da Bolsa de Nova York de 1929”. Para


se ter ideia da extensão dos danos, um quarto da força de trabalho
Questão 01 norte-americana estava desempregado, sem contar os
trabalhadores subempregados e os que tinham desistido de
O final dos anos 1920 e o início dos anos 1930 foram marcados
procurar emprego.
por uma crise financeira generalizada, agravada pela quebra da
Assinale a única alternativa INCORRETA.
Bolsa de Nova York, que, no Brasil, afetou mais fortemente a
a) Roosevelt foi eleito uma vez e reeleito mais três vezes seguidas
a) economia cafeeira.
— caso único na história americana. Mas isso só foi possível pelas
b) produção algodoeira.
circunstâncias da época. A Grande Depressão e a Segunda Guerra
c) manufatura açucareira.
Mundial criaram as condições para que ele obtivesse até mesmo
d) indústria automobilística.
um quarto mandato, encerrado precocemente devido à sua morte,
em abril de 1945.
Questão 02
b) Roosevelt recebeu apoio total para governar. O Congresso
A economia dos Estados Unidos, favorecida pelas condições americano e o Judiciário foram fundamentais para que o “New
internacionais do pós-Primeira Guerra, conheceu um período de Deal” fosse um sucesso. A Suprema Corte dos EUA julgou o plano
forte expansão e euforia nos anos 1920. Todavia, ao final dessa constitucional e deu plenos e absolutos poderes para que
década, o país seria um dos principais focos da crise mundial de Roosevelt governasse, de tal forma que ele tomava decisões sem
1929 e da Grande Depressão internacional dos anos 1930. Um dos ter que consultar os outros poderes.
motivos dessa reversão de expectativas foi c) Roosevelt foi eleito presidente dos EUA, não aceitando a visão
a) a falência das principais medidas estabilizadoras do New Deal. de que crises são movimentos normais da economia. Ele defendia
b) a política antitruste determinada pela Sociedade das Nações. que a economia americana vivia um estado patológico incomum e
c) a perda de mercados devido à descolonização afro-asiática. que nenhuma teoria econômica poderia justificar o sofrimento da
d) a retomada da capacidade de produção dos países europeus. população.
e) o crescimento da dívida norte-americana com as principais d) Roosevelt teve como marca maior de seus governos o chamado
potências europeias. “New Deal” (novo contrato), que não defendia um conjunto de
medidas preestabelecidas, mas que o governo deveria se
Questão 03 comprometer a assumir a responsabilidade de agir pela
Nos primeiros anos da década de 1930, o mundo assistiu a uma prosperidade da economia e pela melhoria do bem-estar da
grave crise econômica que atingiu boa parte do mundo capitalista. população.
Para combatê-la, o governo dos Estados Unidos da América e) Roosevelt foi eleito por ter oferecido ao povo americano um
adotou um conjunto de medidas que ficou conhecido como New projeto pelo qual o governo interviria na economia com os
Deal. Esse programa instrumentos necessários para que se pudesse combater a grande
a) diminuiu a intervenção do Estado na economia. depressão. Em sua posse, ele pronunciou a frase, que se tornaria
b) aumentou a intervenção do Estado na economia. o lema de seu governo: “Não há o que temer, senão o próprio
c) retirou a presença do Estado da economia. medo”.
d) tornou a economia americana mais liberal.
e) provocou a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, dando Questão 06
origem ao episódio que ficou conhecido como a “quinta-feira Em 18 de janeiro de 1930, a capa do jornal norte-americano The
negra”. Saturday Evening Post trazia uma ilustração na qual todos os
personagens observavam atentamente um cartaz com as cotações
Questão 04 da Bolsa de Valores.
O New Deal caracterizou-se por um conjunto de medidas
econômicas que visavam
a) superar a crise econômica da década de 1920 com medidas
liberais que dessem maior autonomia à dinâmica dos mercados
internacionais.
b) estabelecer acordos entre patrões e operários com o objetivo de
redistribuir rendas e permitir experiências de cogestão
administrativa.
c) garantir mais empregos através da intervenção do Estado na
economia, sobretudo através do financiamento de obras públicas.
d) reformar a economia soviética planificada duramente afetada
pela crise econômica registrada a partir de 1929.
e) diminuir o consumo e estimular a recessão econômica como
forma de diminuir os altos índices de inflação registrados na
década de 1920.

Questão 05 A imagem satiriza o período imediatamente anterior à quebra da


Em 1933, Franklin Delano Roosevelt tomou posse para cumprir Bolsa, no qual a sociedade norte-americana vivenciou um
mandato como o 32° presidente dos Estados Unidos da América. a) ímpeto especulativo que afetava todas as camadas sociais.
Os EUA experimentavam a mais aguda de todas as suas crises, b) clima de decadência que atingia os grandes investidores.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


92
Aula 26 – A Crise Internacional do Capitalismo
c) impulso econômico que impossibilitava o pleno emprego. contra o avanço comunista do Vietnã do Norte, tendo gasto
d) estado de miséria que afligia as grandes parcelas da população. milhões de dólares em uma guerra infrutífera.
d) depressão de 1929, causada pela existência de uma
Questão 07 superprodução, acompanhada de um subconsumo, crise típica de
“Na política, ele aplicou o princípio do Nunca mais. Com tantos um Estado Liberal.
pobres, com tantos famintos nos Estados Unidos, nunca mais o e) primeira Guerra do Golfo, quando o Iraque invadiu o Kuwait e os
mercado como fator exclusivo de obtenção de recursos. Por isso, EUA, na defesa de seus interesses petrolíferos, invadiram o Iraque
decidiu realizar sua política do pleno emprego. E desse modo não na defesa de seu pequeno estado aliado.
somente atenuou os efeitos sociais da crise como seus eventuais
efeitos políticos de fascistização com base no medo massivo. O Questão 09
sistema de pleno emprego não modificou a raiz da sociedade, mas Inicialmente favorecida pelas condições internacionais do pós-
funcionou durante décadas. Funcionou razoavelmente bem nos Primeira Guerra, os Estados Unidos conheceram um período de
Estados Unidos, funcionou na França, produziu a inclusão social forte expansão econômica e euforia nos anos 1920. Todavia, ao
de muita gente, baseou-se no bem-estar combinado com uma final dessa década, o país seria um dos focos da crise mundial de
economia mista que teve resultados muito razoáveis. [...] Alguns 1929 e da Grande Depressão que a seguiu.
Estados foram mais sistemáticos, como a França, que implantou o Um dos motivos dessa violenta reversão de expectativas foi
capitalismo dirigido, mas em geral as economias eram mistas e o a) a falência das principais medidas estabilizadoras do New Deal.
Estado estava presente de um modo ou de outro.” b) a política antitruste determinada pela Sociedade das Nações.
Fonte: Entrevista do historiador Eric Hobsbawm, argentino, p. 12. Disponível em: c) a perda de mercados devido à descolonização afro-asiática.
<www.vermelho.org.br/base.asp?texto=53413>.
d) a superprodução no setor primário dos Estados Unidos.
e) o crescimento da dívida norte-americana em relação às
O texto faz referência às iniciativas do presidente norte-americano principais potências europeias.
Franklin Roosevelt e remete
a) à política protecionista implantada em quase todos os países Questão 10
industrializados em resposta ao crescimento da rivalidade
internacional e à crise econômica das décadas de 1870 e 1880, No fim da década de 20, anos de prosperidade, uma grave crise
quando apenas a Grã-Bretanha, na ocasião a maior potência econômica, conhecida como a Grande Depressão, começou nos
mundial, insistiu na política de livre comércio. EUA e atingiu todos os países capitalistas. J. K. Galbraith,
b) ao conjunto de medidas liberais tomadas na Europa e nos economista norte-americano, afirma que “à medida que o tempo
Estados Unidos durante as décadas de 1980 e 1990, que visavam passava tornava-se evidente que aquela prosperidade não duraria.
diminuir o papel do Estado na economia, desregulamentar a Dentro dela estavam contidas as sementes de sua própria
circulação do capital financeiro e diminuir os direitos sociais dos destruição.” (Dias de boom e de desastre in J.M. Roberts (org),
trabalhadores. História do Século XX.).
C) ao New Deal implantado nos Estados Unidos na década de A aparente prosperidade pode ser percebida nas seguintes
1930, um conjunto de políticas públicas que visavam responder à características:
crise econômica iniciada em 1929 e que influenciou a política de a) o aumento da produção automobilística, a expansão do mercado
bem-estar social verificável em alguns países da Europa após a de trabalho e a falta de investimentos em tecnologia.
Segunda Guerra Mundial. b) a destruição dos grandes estoques de mercadorias, o aumento
d) às medidas de recuperação da economia europeia implantadas dos preços agrícolas e o aumento dos salários.
logo após a Primeira Guerra Mundial, recuperação impulsionada c) a cultura de massa com a venda de milhões de discos, as
pelo vertiginoso crescimento da economia norte-americana até a dívidas de guerra dos EUA e o aumento do número de empregos.
crise global de 1929. d) a crise de superprodução, a especulação desenfreada nas
bolsas de valores e a queda da renda dos trabalhadores.
Questão 08 e) o aumento do mercado externo, o mito do American way of life e
a intervenção do Estado na economia.
Em seu discurso de posse, em 1933, o presidente dos EUA,
Franklin Delano Roosevelt, tentou encorajar seus compatriotas: “O Questão 11
único medo que devemos ter é do próprio temor. Uma multidão de
cidadãos desempregados enfrenta o grave problema da O colapso deflagrado no mundo pela crise financeira dos anos 20
subsistência e um número igualmente grande recebe pequeno teve como principal ato o craque da Bolsa de Valores de Nova
salário pelo seu trabalho. Somente um otimista pode negar as York, em outubro de 1929. Como consequência dessa crise,
realidades sombrias do momento.” podemos destacar:
O problema que atemorizava os EUA, cujos efeitos foram a) os preços e salários subiram, aumentando a oferta de empregos
desemprego e baixos salários, referido pelo presidente Roosevelt, na área industrial europeia.
era a b) a Europa recuperou sua prosperidade com altos investimentos
a) Primeira Guerra Mundial, em que os EUA lutaram ao lado da dos fundos particulares norte-americanos.
Tríplice Entente contra a Tríplice Aliança, obtendo a vitória após c) o Brasil manteve-se fora da crise com contínuos aumentos das
três anos de combate. Entretanto, a vitória não trouxe crescimento exportações do café.
econômico, mas, sim, desemprego e fome. d) o mundo todo foi afetado drasticamente, devido à interligação
b) Segunda Guerra Mundial, quando os norte-americanos lutaram das economias dos países capitalistas.
ao lado dos Aliados contra o Eixo nazifascista. Embora e) nos primeiros anos da década de 30, a indústria alemã duplicou
vencedores, o ônus financeiro da guerra foi muito pesado. a sua produção, acarretando o crescimento do comércio mundial.
c) Guerra do Vietnã, quando os EUA apoiaram o Vietnã do Sul
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
93
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Questão 12 Questão 15
"A crise atingiu o mundo inteiro. O operário metalúrgico de O 'crash' da Bolsa de Nova York em 1929 afetou a economia
Pittsburgo, o plantador de café brasileiro, o artesão de Paris e o mundial. Os Estados Unidos, sob o comando do Presidente
banqueiro de Londres, todos foram atingidos". Franklin Delano Roosevelt, adotaram o 'New Deal', como saída
Paul Raynaud - LA FRANCE A SAUVÉ L'EUROPE, T. I. Flamarion. para a crise que o país atravessava. São características do 'New
Deal':
O autor se refere à crise mundial de 1929, iniciada nos Estados I. a intervenção deliberada do Estado na economia, contrapondo-
Unidos, da qual resultou: se à tradição liberal americana.
a) o abalo do liberalismo econômico e a tendência para a prática II. a criação de um amplo plano de obras públicas, como barragens
da intervenção do Estado na economia. e autoestradas, para gerar novos empregos.
b) o aumento do número das sociedades acionárias e da III. o incentivo ao aumento da produção para alimentar a população
especulação financeira. desempregada.
c) a expansão do sistema de crédito e do financiamento ao IV. a criação de um fundo monetário destinado a financiar os
consumidor. países europeus em crise.
d) a imediata valorização dos preços da produção industrial e fim V. a adoção de medidas visando ao equilíbrio entre o custo da
da acumulação de estoques. produção e o valor final das mercadorias.
e) o crescimento acelerado das atividades de empresas industriais Das alternativas abaixo, assinale aquela que apresenta apenas as
e comerciais, e o pleno emprego. características CORRETAS:
a) I, II e V.
Questão 13 b) I, III e IV.
"Para Keynes (...) para criar demanda, as pessoas deveriam obter c) I, IV e V.
meios para gastar. Uma conclusão daí decorrente é que os salários d) II, III e IV.
de desemprego não deveriam ser considerados simplesmente e) II, III e V.
como débito do orçamento, um meio por intermédio do qual a
demanda poderia aumentar e estimular a oferta. Além do mais,
uma demanda reduzida significava que não haveria investimento
suficiente para produzir a quantidade de mercadorias necessárias
para assegurar o pleno emprego. Os governos deveriam, portanto,
encorajar mais investimentos, baixando as taxas de juros (...), bem
como criar um extenso programa de obras públicas, que
proporcionaria emprego e geraria uma demanda maior de produtos
industriais”.
O texto refere-se a uma teoria cujos princípios estiveram
presentes:
a) no "New Deal", planejamento econômico baseado na
intervenção do Estado, elaborado devido à crise de 1929.
b) na obra MEIN KAMPF, que desenvolveu os fundamentos do
nazismo: ideia da existência da raça ariana.
c) no Plano Marshall, cujo objetivo era recuperar a economia
europeia através de maciços investimentos.
d) na criação da Comunidade Econômica Europeia, organização
que visa o livre comércio entre os países.
e) no livro O CAPITAL, onde se encontram os princípios básicos
que fundamentam o socialismo marxista.

Questão 14
Sobre a crise do capitalismo, na década de 1930, e o colapso do
socialismo, na década de 1980, pode-se afirmar que:
a) a primeira reforçou a concepção de que não se podia deixar
uma economia ao sabor do mercado, e o segundo a de que, uma
economia não funciona sem mercado.
b) ambos levaram à descrença sobre a capacidade do Estado
resolver os problemas colocados pelo desemprego em massa.
c) assim como a primeira, também o segundo está provocando
uma polarização ideológica que ameaça o Estado de Bem-estar
Social.
d) ambos, provocando desemprego e frustração, fizeram aparecer
agitações fascistas e terroristas contando com amplo respaldo
popular.
e) enquanto a primeira reforçou a convicção dos defensores do
capitalismo, o segundo fez desaparecer a convicção dos
defensores do socialismo.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
94
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

REGIMES TOTALITÁRIOS busca da alternativa que achavam mais pertinente para solucionar
a Crise mundial, ou seja, indivíduos da classe trabalhadora e das
1. INTRODUÇÃO camadas médias, apoiaram, em diferentes países e momentos, o
A Europa pós Primeira Guerra Mundial é um continente em fascismo, o socialismo e o keynesianismo. Os grupos
reconstrução, não apenas material, mas também nos aspectos conservadores (alto clero, industriais, latifundiários e a grande
políticos e socioeconômicos. A desilusão com os Estados burguesia) se dividiram entre o fascismo e o keynesianismo.
nacionais, com o liberalismo, com o mundo que todos conheciam Se na Rússia, agora União das repúblicas Socialistas Soviéticas
era profunda, apesar de certa recuperação econômica entre 1920 e (URSS), o socialismo foi implantado em 1917; na Itália, Alemanha,
1927, as mentes continuavam cansadas e esperançosas de dias Espanha e Portugal, o fascismo assumiu o poder a partir de 1922 e
melhores. manteve-se no poder até a década de 1970, com reflexos na
A Crise de 1929 veio a solapar qualquer possibilidade de crença política contemporânea.
em uma recuperação plena se mantida o mesmo modelo político e 2. PRINCIPAIS IDEIAS FASCISTAS
econômico baseado no liberalismo, mudanças eram necessárias e “• Totalitarismo: o sistema fascista era antidemocrático e
urgentes, e foi nesse cenário que se digladiaram as ideologias concentrava poderes totais nas mãos do líder de governo. Este
comunista e fascista, ambas se apresentaram para o povo líder podia tomar qualquer tipo de decisão ou decretar leis sem
europeu como a solução de todos os seus problemas. consultar políticos ou representantes da sociedade.
1.1. A “ameaça comunista” • Nacionalismo Xenófobo: entre os fascistas era a ideologia
Os grupos sociais conservadores (clero católico, latifundiários, baseada na ideia de que só o que é do país tem valor. Valorização
industriais, banqueiros e grandes comerciantes) temiam o avanço extrema da cultura do próprio país em detrimento das outras, que
comunista pela Europa. A Revolução Russa de 1917 havia tirado o são consideradas inferiores.
socialismo/comunismo do papel, as teorias marxistas estavam • Militarismo: altos investimentos na produção de armas e
sendo postas em prática em um grande império, onde além de equipamentos de guerra. Fortalecimento das forças armadas como
buscar atender às necessidades dos trabalhadores (campo e forma de ganhar poder entre as outras nações. Objetivo de
cidade), ainda protegeu o país da Crise de 1929, por não estar expansão territorial através de guerras. Um homem só seria
mais inserido no mercado capitalista e isolado politicamente do completo e pleno de existência se participasse de uma guerra.
restante do continente desde o fim da sua Guerra Civil em 1922.
• Culto à força física: Nos países fascistas, desde jovens os
Tal fato estimulou o início de várias greves e manifestações jovens eram treinados e preparados fisicamente para uma possível
populares em toda a Europa. Por exemplo, a derrubada da guerra. O objetivo do estado fascista era preparar soldados fortes e
monarquia alemã em 1918 foi liderada pelo partido Social- saudáveis. O estudo intelectual era deixado de lado, ensinavam os
Democrata Alemão que proclamou a república, onde um ano jovens a obedecer de forma inconteste ao seu líder.
depois, comunistas de extrema esquerda passaram a agir de forma
mais enérgica, através da Liga Espartaquista (nome que remetia a • Censura: Hitler e Mussolini usaram este dispositivo para coibir
rebelião de escravos romanos comandada por Spartacus), liderada qualquer tipo de crítica aos seus governos. Nenhuma notícia ou
por Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo, que propôs a formação ideia, contrária ao sistema, poderia ser veiculadas em jornais,
imediata de conselhos operários que assumissem a gestão das revistas, rádio ou cinema. Aqueles que arriscavam criticar o
fábricas e de territórios inteiros sem submissão qualquer ao Estado governo eram presos e até condenados a morte.
alemão. • Propaganda: os líderes fascistas usavam os meios de
O número de filiados, candidatos e eleitores comunistas se comunicação (rádios, cinema, revistas e jornais) para divulgarem
multiplicaram em toda Europa. O motivo dessa onda vermelha não suas ideologias. Os discursos de Hitler eram constantemente
deve ser entendida como uma grande “tomada de consciência” da transmitidos pelas rádios ao povo alemão. Desfiles militares eram
classe operária, mas sim como uma reação à absoluta desilusão realizados para mostrar o poder bélico do governo.
em relação ao liberalismo político e econômico, onde o comunismo • Culto à violência: A violência contra as minorias era comum na
era uma alternativa real de sobrevivência e esperança, tanto Alemanha, os nazistas perseguiram, enviaram para campos de
quanto o fascismo. concentração e mataram milhões de judeus, ciganos,
1.2. O fracasso do liberalismo homossexuais e até mesmo deficientes físicos. Além disso, eles
acreditavam que a verdade é aquilo que o mais forte determina que
Com o Crack da Bolsa de Nova York, algo ficou claro e cristalino seja a verdade, e não o resultado de uma argumentação lógica a
era necessária a imediata intervenção do Estado na economia para respeito de um tema que venha a convencer os outros dessa
solucionar os problemas econômicos e garantir o mínimo de bem verdade.
estar para a população. Nesse sentido apresentaram-se três
• Antissocialismo: os fascistas eram totalmente contrários ao
alternativas:
sistema socialista, pois afirmavam que as diferenças entre os
• o capitalismo monopolista de Estado (keyneisianismo); indivíduos é natural, a prova disso era a superioridade da raça
• o Estado fascista; ariana em relação as outras. Defendiam amplamente o capitalismo,
• o Estado socialista. tanto que obtiveram apoio político e financeiro de banqueiros, ricos
comerciantes e industriais alemães e italianos.”
Cada país, de acordo com suas realidades e conjunturas, adotou Fonte: www.suapesquisa.com/historia/fascismo.htm (adaptado)
plenamente, ou parcialmente, os princípios políticos econômicos
3. O FASCISMO ITALIANO
dessas três vertentes. Os grupos sociais caminharam divididos em
A economia italiana entrou em colapso logo após o fim da Primeira
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Guerra Mundial. Apesar de vitoriosa no conflito que varreu a


Europa, os italianos não foram atendidos em suas reivindicações e
requisições dos despojos de guerra, nem conseguiram novas áreas
colônias na África e no Oriente Médio como desejavam.
A morte de 500 mil italianos parecia ter sido em vão, a realidade
era difícil, havia escassez de alimentos, aumento generalizado dos
preços, desemprego em massa, greves violentas e a ocupação das
fábricas por operários. O governo de rei Vítor Emanuel III se viu em
apuros, pois não estava conseguindo atender às reivindicações
dos trabalhadores, e ainda perdia a confiança da burguesia, do
exército e dos latifundiários.
Benito Mussolini, ex-combatente e ex-dirigente socialista, criou o
Partido Fascista em 1919. Aproveitando-se da instabilidade política
do país, fazia discursos inflamados por seu nacionalismo que
atraíam os descontentes, desiludidos e desajustados. Militares das Marcha Sobre Roma.
forças armadas, policiais e ex-combatentes atenderam de pronto
Liderando o governo com extrema violência Musssolini convocou
seu chamado para mudar a Itália, e transforma lá em uma grande
eleições parlamentares em 1924, e utilizando-se da máquina
potência. Depois vieram jovens e intelectuais nacionalistas, que
administrativa, de fraudes e da violência contra opositores, os
não gostavam de ver o socialismo ganhando força. No início as
fascistas passaram a ocupar 65% das cadeiras do parlamento.
ações do Partido Fascista de resumiam a discursos, panfletagem e
Entre 1925 e 1926 eliminou quase toda oposição, fechou jornais,
treinamento militar, depois passaram a atacar os participantes de
sindicatos, substituiu funcionários públicos de postos estratégicos
greves e líderes sindicais, o que lhes rendeu a simpatia e o apoio
do governo por membros do partido fascista. De posse do poder
financeiro de industriais e banqueiros. Com forte apoio popular e
político, os fascistas prenderam e mataram diversas lideranças
financeiro, Mussolini transformou os membros do seu partido em
sindicais e políticas que faziam oposição. Estava sendo instaurada
uma força paramilitar chamada de “Camisas Negras”. Essa milícia
a ditadura fascista na Itália.
passou a assombrar a todos os seus opositores, fossem eles
comunistas, socialistas ou liberais. Qualquer um poderia ser vítima A Carta Del Lavoro foi imposta em 1927. Esse documento
da violência impetrada pelos fascistas. estabeleceu a política trabalhista italiana, toda ela baseada no
corporativismo, principio político que institucionalizava o fim das d
i spu t a s ent re empregados e empregadores, que a partir de
então fariam parte de um mesmo sindicato, onde todas as suas
diferenças seriam negociadas e arbitradas por um membro do
partido fascista. Dessa maneira, os representantes do trabalho e
do capital, resolveriam suas pendências de forma “harmoniosa”
para o bem do país que poderia prosperar de forma rápida e
consolidada. Na prática o que ocorria era o favorecimento total da
classe patronal, que havia patrocinado a ascensão de Mussolini ao
poder e queria garantias que a propriedade privada e o lucro
estariam garantidos através de ações efetivas do Estado fascista.
O Tratado de São João de Latrão foi um acordo de apoio mútuo
entre a Igreja Católica e o regime fascista de Mussolini, onde o
Estado italiano reconhecia o Vaticano como uma Cidade-Estado,
instituía o ensino religioso nas escolas e transformava o
catolicismo em religião oficial e em contrapartida a Igreja apoiaria o
Benito Mussolini, ditador italiano. governo fascista. Essa negociação fortaleceu ainda mais Mussolini,
A “Marcha Sobre Roma” é o marco fundador da ascensão fascista pois a chamada “Questão Romana” causava grande desconforto
ao poder. Em 1921 o partido Fascista contava com 700 mil ao Estado italiano desde sua unificação em 1871, pois, A Igreja
membros, possuía jornais e representações em quase todas as Católica não aceitava que o surgimento do Estado italiano
cidades italianas, brigava com socialistas e comunistas quase que unificado significasse para ela a perda de territórios que lhes
diariamente, e quando foi convocada uma grande greve geral para pertenciam desde a Idade Média e a transformação de Roma em
1921, Mussolini e seus principais assessores interpretaram que capital e sede do poder político do novo país. Para muitos
esse seria o momento de tomar o poder em definitivo. Os fascistas analistas, fora as questões locais, já citadas aqui. Outro fator que
prepararam uma grande manifestação de repúdio e oposição ao levou a Igreja Católica a aceitar o Tratado de Latrão foi a oposição
comunismo, além de reivindicarem o poder político para si (Marcha que a mesma fazia ao comunismo, e o fato da doutrina fascista ser
Sobre Roma). antissocialista acabou por aproximar as lideranças laicas e
O rei Vitor Emanuel III tinha plenas condições de impedir a religiosas em torno de um objetivo comum, que era impedir a
manifestação fascista, no entanto, ele quis utilizar o momento para ascensão do comunismo na Itália.
fortalecer sua, já desgastada, imagem junto ao povo italiano Apesar de se promover como defensor dos pequenos proprietários
aproveitando-se da popularidade de Mussolini, a quem convidou e do povo, o governo de Mussolini, promoveu o aumento
para formar um governo de direita, mesmo que o partido fascista considerável das diferenças sociais e econômicas entre ricos e
fosse minoria no Parlamento (35 das 535 cadeiras do parlamento). pobres. Enquanto os lucros dos empresários cresceram em ritmo

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


96
Aula 27 – Regimes Totalitários
alucinante, o poder aquisitivo das classes trabalhadoras foi liberaram suas fortunas para o governo investir em armas e
inversamente proporcional. munição, e, por fim, dos comunistas que eram traidores da pátria
3. O NAZISMO ALEMÃO alemã, por defenderem uma revolução universal do operariado e
não terem se dedicado de forma correta aos interesses alemães
Com o fim da Primeira Guerra Mundial os problemas econômicos,
durante o conflito.
políticos e sociais típicos de um pós-guerra se acumulavam na
Alemanha, tal realidade foi catalisada por diversos fatores, tais • O combate aos banqueiros que, por serem gananciosos,
como, a acirrada disputa pelo poder após a derrubada do II Reich impediam a reconstrução harmoniosa do país. Eles não se
Alemão, entre liberais, sociais-democratas, Partido Comunista importavam com o povo, e só cobravam juros e mais juros da
Alemão (Liga Esparataquista) e Partido dos Trabalhadores população, impedindo uma melhora de vida para os trabalhadores.
Alemães, mais tarde, rebatizado de Partido Nacionalista-Socialista • A divisão do mundo em raças superiores e inferiores em luta pela
dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista). sobrevivência. Os alemães como parte da raça ariana seriam
Os sociais-democratas assumiram o poder de imediato, no entanto, superiores a todas as outras raças e tinha o direito de dominálas,
os sucessivos fracassos de tentativas de resolução dos problemas por isso, a construção, de um “espaço vital” era necessária e
sociais e econômicos enfraqueceram o Partido Social Democrata. correta, e as primeiras vítimas dessa expansão seriam os povos
Foram convocadas eleições parlamentares para elaboração de eslavos, considerados inferiores por Hitler.
uma nova constituição, a Assembleia Nacional Constituinte se • O antissemitismo era uma das suas principais bandeiras, ele
reuniu em Weimar, daí o nome República de Weimar para o acreditava que perseguir e destruir os judeus significava acabar
período histórico da Alemanha que vai de 1919 a 1932. com tudo aquilo que ele desprezava, como, o liberalismo, o
Os membros da Liga Espartaquista, não tiveram paciência para intelectualismo, o parlamentarismo, o pacifismo, o individualismo e
esperar as mudanças que um governo de orientação socialista o comunismo. Hitler não criou o antissemitismo, mas o catalisou de
pudesse por em prática, e sob a liderança de Rosa Luxemburgo, maneira jamais vista na história.
tentaram dar um golpe de Estado em janeiro de 1919. Eles • A necessidade de vingança sobre os vencedores da Primeira
declararam deposto o governo socialdemocrata, mas tal Guerra Mundial, que humilharam o seu país através do Tratado de
movimento acabou desmantelado por brigadas de voluntários Versalhes, a acusação de ser o único responsável pela guerra
anticomunistas. Sua líder, Rosa Luxemburgo, acabou assassinada destruiu o Estado alemão, na visão de Hitler, pois a partir daí teve
pela polícia de Berlim. que aceitar todas as exigências dos vencedores, Inglaterra, França
A situação econômica da Alemanha ficou como uma “gangorra”: e EUA, como fechamento das fábricas de armas, diminuição
subia e descia abruptamente. Logo após o conflito o caos. O drástica no tamanho das forças armadas, confisco e destruição da
Tratado de Versalhes inviabilizava o funcionamento pleno da aviação e marinha de guerra, perda total do império colonial e a
economia alemã, as pesadas indenizações de guerra que os obrigatoriedade da indenização de guerra aos vencedores.
alemães teriam que pagar, somada ao déficit comercial e as 3.2. O nazismo chega ao poder
dívidas de guerra, levaram a economia e o povo alemão à A Crise de 1929 levou o povo alemão ao desespero. A descrença
bancarrota. O único período de alivio se deu entre 1924 e 1929. no governo da República de Weimar era total. A queda do Governo
Empresários estrangeiros, sobretudo norte-americanos, passaram através de um golpe de Estado não era mais vista como um
a investir no país. O baixo custo da mão de obra e as altas taxas absurdo, mas como uma possibilidade real, e para alguns até como
de juros se mostraram atraentes, a produção de ferro, aço, carvão uma necessidade.
e da indústria química retornaram as patamares de antes da
As orientações ideológicas do Partido Nazista estavam fundadas
guerra, parecia que os problemas estavam se resolvendo, mas
em princípios antidemocráticos. Contraditoriamente, os
veio a Queda da Bolsa de Novas York e a economia alemão foi
representantes nazistas chegaram ao poder na Alemanha por
novamente desestruturada. A descrença nos modelos político e
meios democráticos. Nas eleições parlamentares de 1932, o
econômico existentes se tornaram evidentes entre a população
Partido Nazista obteve 13,7 milhões de votos enquanto os
alemã, e foi se aproveitando desse sentimento, que os nazistas
comunistas, seus principais adversários, apenas 6 milhões de
ascenderam ao poder.
votos.
3.1. Adolf Hitler
Adolf Hitler era austríaco e havia lutado como voluntário no exército
bávaro. Admirador confesso do Império Alemão, ele concebia a
possibilidade de ver seu país, por adoção, derrotado e humilhado.
Ele e alguns membros do partido nazista já haviam tentado dar um
golpe de Estado em 1923, no chamado “putsch da cervejaria” ou
“putsch de Munique”. A aventura fracassou e eles acabaram
presos. Foi nesse momento que Hitler começou a ganhar
notoriedade. Seus discursos apaixonados, e carregados de
nacionalismo, que denunciavam os abusos do Tratado de
Versalhes, encontraram eco na sociedade alemã. Prova disso, é
que sua pena foi de apenas 5 anos. No período em que esteve
preso ele escreveu seu livro Mein Kampf (“Minha Luta”), base da Sob pressão política, o presidente alemão Paul Hindenburgo, que
ideologia nazi fascista alemã, onde dentre outras coisas defendeu: havia derrotado Hitler nas eleições presidenciais de 1930, o
• Que a derrota da Alemanha na Primeira Grande Guerra teria sido convidou para assumir o cargo de primeiro-ministro em 1933, no
culpa da incompetência dos liberais, que não souberam organizar a que foi prontamente atendido. A partir desse momento temos a
máquina de guerra germânica, da ganância dos judeus, que não tomada do aparelho estatal alemão pelo partido nazista. Em
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
97
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

fevereiro de 1933 Hitler ordenou que o braço armado do partido objetivo demonstrar uma coesão em torno da reconstrução da
nazista, a SA (Sessão de Assalto), eliminasse as lideranças Alemanha, enquanto potência. Os espetáculos de massa serviam
comunistas e socialdemocratas. Em 1934, Hitler recebeu do também para minimizar no povo alemão os sentimentos de
Parlamento o direito de governar por decreto, e em um desses individualismo.
decretos, ele declarou dissolvido o parlamento, dando início a um
regime totalitário de partido único.
Entre 1933 e 1934 todas as instituições políticas e jurídicas da
República de Weimar foram sendo fechadas, e os membros e
organismos do Partido Nazista foram assumindo seus lugares. Não
podia haver separação entre vida privada e pública. Todas as
organizações deviam ficar sob o controle do Partido. A ideologia
nazista devia estar presente em todas as fases da vida cotidiana,
ou seja, trabalho, educação, política e família.
3.3. A propaganda nazista
O Ministério do Esclarecimento Popular, dirigido por Joseph
Goebbels, controlava a imprensa, a publicação de livros, o rádio, o
teatro e o cinema. As emoções eram utilizadas para manter os
alemães em clima de mobilização permanente. A propaganda
nazista passava a imagem de um Estado alemão sólido e Concentração nazista em Nuremberg
hierarquicamente organizado, cujo topo era ocupado pelo Führer. 3.4. O governo de Hitler
Adolf Hitler se aproveitou do sentimento de revanchismo que havia
na Alemanha em relação aos países vencedores de 1914-1918 e
tomou várias medidas no sentido de desobedecer ao Tratado de
Versalhes, como por exemplo, a convocação de um milhão de
jovens para o exercito alemão, quando o Tratado de Versalhes não
permitia um número superior a 100 mil, a reabertura das fábricas
de armas, navios e aviões de guerra, que deveriam permanecer
fechadas.
Na economia, Hitler seguiu o receituário econômico pós-Crise de
1929; muita intervenção do estado na economia com muitas obras
públicas e políticas assistencialistas aos mais pobres, se
assemelhando em muitos momentos ao New Deal dos EUA.
3.5. O Antissemitismo na prática
A ideologia fascista pregava a suposta pureza e superioridade
ariana. Para garantir que isso fosse mantido, Hitler deu inicio a um
projeto de eugenia. Várias medidas e leis foram tomadas nesse
“O estudante alemão luta pelo Führer e pelo povo” sentido: os médicos foram imbuídos dessa responsabilidade, ou
seja, impedir a “degeneração” racial alemã. Os que se negaram a
participar dessa política pública de “saúde” foram expulsos das
associações médicas e cientificas, mas a grande maioria se tornou
colaboracionista, pois, dessa maneira garantiam uma rápida
ascensão profissional. Dentre as ações/leis de promoção da
eugenia, podemos destacar:
• Os indivíduos considerados “degenerados”, como portadores de
doença mental e déficit cognitivo, criminosos e pessoas com
doenças incuráveis, foram esterilizados.
• Em 1935, pelas leis de Nuremberg, ficou determinada a divisão
da sociedade por critérios raciais: arianos puros, não arianos e
mestiços. A cidadania era exclusiva dos arianos puros, que
deveriam provar sua descendência até a terceira geração. Os
judeus perderam seus direitos civis e foram proibidos de se
casarem com alemães.
• Após a “Noite dos Cristais” as medidas contra os judeus se
tornaram mais repressivas ainda. Eles foram proibidos de
exercerem profissões liberais, de manter contato com a população
“Viva a Alemanha” ariana, todos os seus bens e propriedades foram confiscados e
Os diversos comícios, marchas e eventos públicos, todos deu-se início à transferência de judeus para os campos de
ornamentados com suásticas, águias e bandeiras carregadas de concentração.
simbolismos, que eram promovidos pelo partido, tinham por A participação consciente ou inconsciente do povo alemão na

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


98
Aula 27 – Regimes Totalitários
construção e fortalecimento do nazismo é uma dos grandes temas estrela Ursa Maior; e os bascos representam por meio da suástica
acadêmicos na atualidade. Uma onda de novas pesquisas nos a imagem de uma dupla espiral. Ainda assim, entre tantos outros
revela que parte considerável dos alemães passou a atuar aceitar usos e significações, a mais conhecida foi difundida pela poderosa
o nazismo sem muitas restrições. máquina de propaganda nazista.
Em busca de ascensão pessoal dentro do novo aparelhamento do
Estado alemão, muitos colaboraram com a política discriminatória
antissemita. Comerciantes que desejavam se livrar da concorrência
colocavam em duvida a pureza racial de outros comerciantes,
desafetos pessoais e vizinhos eram denunciados a Gestapo
(polícia secreta nazista) afim de serem retirados da sua
convivência.
A cooperação de juízes, autoridades policiais, advogados se tornou
notória, pois todos os principios jurídicos eram lançados fora
quando se tratava de um julgamento que envolvesse qualquer
questão racial, provas e testemunhos falsos eram aceitos sem
problemas, além do cerceamento do direito de defesa pleno. Outra
A associação entre a suástica e o nazismo teria sido feita pelo
realidade que se comprova é o silencio, quase que absoluto, de
poeta alemão Guido List, que sugeriu o uso do símbolo como
padres e pastores diante das prisões e mortes de milhares de
síntese do orgulho nacionalista alemão e o repúdio ao povo judeu.
judeus.
Estudos recentes indicam que o encontro entre o nacionalismo
Foram feitas cobranças políticas às grandes potências da alemão e a suástica foi possível graças às precipitadas
época, Inglaterra, França e EUA, no sentido de explicarem por qual interpretações do arqueólogo alemão Heinrich Schliemann.
motivo ficaram em silêncio diante das medidas discriminatórias
No final do século XIX, esse estudioso coordenava uma pesquisa
alemãs contra os judeus, e outras minorias, como homossexuais,
no estreito de Dardanelos, onde presumidamente haveria sido
comunistas, ciganos e eslavos, antes da guerra começar. Outro
construída a cidade de Tróia. Durante algumas escavações,
questionamento feito é a explicação do não ataque aos alemães,
Heinrich encontrou vários artefatos com suásticas bastante
por parte desses países, após estes terem quebrado quase todas
semelhantes a outras que ele havia encontrado nas proximidades
as clausulas do Tratado de Versalhes. Um dos possíveis motivos
do Rio Oder, na Alemanha. A partir disso, ele presumiu que havia
para essa inércia política e militar, tenha sido o declarado
algum elo entre os antigos povos gregos e os teutões, que
anticomunismo nazista, concretizado na formação da aliança militar
primeiramente ocuparam a Alemanha.
do Eixo (Berlim, Roma e Tóquio) que declarava ter como objetivo a
destruição do comunismo, com um possível ataque a Moscou. Entretanto, ao contrário do que possa aparentar, a suástica
apareceu no mundo Ocidental antes do movimento nazista ganhar
LEITURA COMPLEMENTAR I: A SUÁSTICA
força na Europa. Os membros da Sociedade Teosófica, fundada
A suástica foi incorporada em diferentes civilizações dos mundos por Madame Blavatsky, incorporaram a suástica entre seus
ocidental e oriental foi um símbolo carregado de uma memória símbolos. No início do século XX, a Coca-cola distribuiu vários
triste que marcou o século XX, pelas atrocidades acontecidas na pingentes promocionais com a suástica. Ironicamente, os
Alemanha Nazista. Essa seria a primeira definição que alguém, combatentes da 45ª Divisão de Infantaria Americana utilizaram
com poucos conhecimentos históricos, ofereceria no momento que uma suástica laranja durante a Primeira Guerra Mundial.
visse o célebre escudo que um dia estampou a bandeira alemã.
Na Alemanha, o símbolo seria primeiramente incorporado por
Entretanto, poucos conhecem a trajetória da suástica, um antigo
algumas organizações nacionalistas e militares. A escolha do
símbolo que teve os mais diferentes significados ao longo do
símbolo para o Partido Nazista foi justificada por Hitler em seu livro
tempo.
“Minha Luta”. De acordo com o líder nazista, a suástica teria a
Alguns estudos apontam que esse mesmo símbolo, também capacidade de representar a luta em prol do triunfo do homem
conhecido pelo nome de “cruz gamada”, apareceu a mais de 3000 ariano e o desenvolvimento da nação alemã por meio da
anos atrás em algumas moedas utilizadas na antiga Mesopotâmia. campanha antissemita. Com isso, a suástica viria a ganhar a sua
Além disso, diversas outras antigas civilizações – como os índios mais reconhecida interpretação.
navajos e os maias – também registraram essa mesma marca em
Na atualidade, grupos religiosos procuram combater as ideias
artefatos de sua cultura material. A primeira significação definida
negativas que foram vinculadas à cruz gamada por meio do
da suástica surgiu entre os praticantes do hinduísmo.
nazismo alemão. Um grupo norte-americano conhecido como
Em sânscrito, a palavra suástica significa “aquilo que traz sorte”. “Amigos da Suástica” promove a divulgação dos significados
Entretanto, o posicionamento dos braços que compõe o símbolo originais do símbolo e faz questão de demonstrar veementemente
tinha significações religiosas completamente opostas. Quando que são completamente contrários ao nazismo ou qualquer outra
seus braços estão em sentido horário (conforme observado na ideologia racista.
bandeira nazista) a suástica seria um ícone mágico capaz de Fonte: www.brasilescola.com/historiag/suastica.htm
chamar a atenção das divindades malévolas. Se estivesse disposta
LEITURA COMPLEMENTAR II: A NOITE DOS CRISTAIS NA
de maneira inversa, poderia atrair boas energias, bem como servir
PERSPECTIVA JUDAICA
como uma referência ao deus Sol.
O assassinato de Von Rath, em 7 de novembro de 1938, foi o
Em outras culturas também é possível observar usos bastante
pretexto que os nazistas esperavam para iniciar o processo de
variados para essa mesma simbologia. Os chineses adotavam a
extermínio dos judeus. A inércia e a indiferença do mundo a esse
suástica para representar o número 10.000; a maçonaria a utiliza
abominável acontecimento deram a Hitler o ‘sinal verde’ para
como meio de representação de uma constelação próxima à
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
99
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

continuar sua macabra tarefa que culminou com o Holocausto.


Decretadas em 15 de setembro de 1935, as leis de Nüremberg
aboliram pura e simplesmente os direitos que os judeus ainda
possuíam devido à sua nacionalidade alemã. Privados dos
mínimos direitos como cidadãos, voltaram praticamente a viver na
penúria reinante na Idade Média. Entre outras restrições, seus
bens foram confiscados, foi-lhes proibido exercer profissões
liberais; seus estabelecimentos passaram a ser supervisionados
por comissários arianos e suas contas bancárias congeladas.
Naquela época, 80 mil judeus de procedência polonesa viviam na
Alemanha. Preocupado com as restrições às atividades
econômicas dos judeus na Alemanha, o governo polonês Menos de três anos mais tarde, em 31 de julho de 1941, Herman
determinou, no verão de 1938, que todos os portadores de Goering incumbiu Reinhard Heydrich, mentor do pogrom da Noite
passaportes poloneses teriam de revalidá-los. O objetivo era evitar dos Cristais, de preparar a solução "definitiva e final do problema
que um grande número de judeus empobrecidos pela política judaico", cujo saldo foram 6 milhões de judeus exterminados
nazista retornasse à Polônia, agravando os problemas econômicos durante o Holocausto.
desse país; como também que fosse aumentado o número de uma A Noite dos Cristais constituiu para Hitler um balão de ensaio para
minoria que então não era vista com bons olhos pelo governo e a verificar a reação mundial frente ao primeiro atentado físico aos
população polonesa. judeus após ter assumido o poder. E o mundo silenciou, inclusive
Assim, qualquer motivo servia para que os passaportes dos judeus, judeus nas Américas. O mais revoltante neste episódio é o fato da
que viviam no estrangeiro, fossem declarados vencidos e nulos. liderança judaica ter exercido influência nos Estados Unidos para
Tal procedimento deu a Hitler um bom pretexto para se livrar dos vetar a emissão de vistos de entrada para os judeus alemães com
judeus que se tornaram apátridas. Assim, em 28 de setembro de a alegação que a sua vinda provocaria maior desemprego e, em
1938, um ano antes da guerra ter começado, a polícia alemã, com consequência, desencadearia uma onda de antissemitismo.
a colaboração da SS e da SA, retirava de suas casas homens, Ben Abraham: jornalista, escritor e presidente da Sherit Hapleitá do Brasil ACESSO
mulheres e crianças que, ainda recentemente, possuíam a EM 25/01/2012
http://www.visaojudaica.com.br/Novembro2003/Artigos%20e%20reportagens/anoite
nacionalidade polonesa. Obrigados a deixar todos os seus bens, doscristais.htm
foram amontoados em caminhões e vagões de carga e levados à
LEITURA COMPLEMENTAR III: A GUERRA CIVIL ESPANHOLA
fronteira polonesa. Após concentrá-los num campo, foram
conduzidos a pauladas e chicotadas através da fronteira. Nos primeiros anos do século XX, a Espanha era regida por uma
Perplexos, os guardas poloneses da fronteira, sem saber como agir monarquia. O descontentamento com o governo, entretanto, levou
contra uma massa humana que corria em sua direção, deixaram à sua dissolução e à proclamação da república em abril de 1931.
que passasse. Entre os repatriados, encontrava-se um sapateiro Imediatamente, os republicanos iniciaram uma série de reformas
chamado Gerson Grynszpan e sua mulher. Seu filho Herschel, de sociais: separação entre Estado e Igreja, reforma agrária,
17 anos, vivia em Paris. Este, quando soube das circunstâncias em estabelecimento de direitos trabalhistas etc.
que seus pais haviam sido expulsos da Alemanha, resolveu fazer Na década de 1930, as reformas republicanas polarizaram as
justiça com as suas próprias mãos. forças políticas no país. Por um lado, o movimento operário as
No dia 7 de novembro, Herschel comprou um revólver e dirigiu-se à considerava insuficientes. De outro, a direita monarquista e
Embaixada alemã com o objetivo de matar o embaixador nazista católica, assustada com o ritmo das mudanças, decidiu organizar
Conde von Welczek. Pedindo audiência, foi conduzido até o um golpe de Estado. Assim, em julho de 1936, um grupo de
gabinete do conselheiro da Embaixada, von Rath. Pensando estar generais, entre eles Francisco Franco, tentou depor o governo
diante do embaixador, atirou no conselheiro, ferindo-o republicano.
mortalmente. A tentativa de golpe não foi bem sucedida, e o território espanhol
Quando a notícia da morte de von Rath chegou à Alemanha, uma rachou-se em dois: uma parte controlada pelo governo republicano
atividade febril começou imediatamente a reinar na Prinz legítimo e a outra invadida pelo exército de Franco. O governo
Albrechtstrasse − sede da central da Gestapo. A ordem da ação foi republicano manteve o governo da marinha, da guarda civil e da
assumida pessoalmente pelo temível Reinhard Heydrich que há guarda de assalto, mas não tinha como se defender sem o
tempos havia preparado os planos de um programa de vulto, exército.
esperando só um pretexto. Para dar ao mundo a impressão de que
a vingança partira do povo e fora espontânea ordenou a todos os
grupos da SA e SS que participassem da ação vestindo roupas
civis.
Na noite de 9 de novembro de 1938, iniciaram-se os ataques. A
polícia recebeu ordens para não interferir. Sinagogas, casas e lojas
judaicas foram depredadas e incendiadas. Inúmeros judeus foram
abatidos a pauladas enquanto dezenas de milhares, presos e
internados nos campos de concentração, dos quais praticamente
ninguém voltou. O terror prosseguiu nos dias 10 e 11 de novembro.
Por causa das vitrines quebradas essa ação foi denominada
"Kristalnacht" − A Noite dos Cristais.
Juventude filiada à Falange, partido conservador ligado ao general Franco.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
100
Aula 27 – Regimes Totalitários
Os integrantes do governo decidiram, assim, fornecer armas ao Modern de Londres e o MoMA e o Metropolitan de Nova York. De
povo, que começou a se organizar em milícias coordenadas pelo acordo com o Reina Sofía, será possível ver a transformação pela
movimento operário. Alem disso, para cooperar com os qual a arte de Picasso passa, "do otimismo inicial do cubismo à
republicanos, formaram unidades de voluntários que viviam na busca nos anos 1930 por uma imagem do mundo que recaísse
própria Espanha ou que vinham de outras partes do mundo para entre a beleza e a monstruosidade."
compor as Brigadas Internacionais. Eram 60 mil combatentes
oriundos de 53 países e dispostos a lutar na Guerra Civil
Espanhola para impedir a vitória do fascismo na Espanha. Hitler e
Mussolini também forneceram equipamentos aos exércitos de
Franco. Diante dessa situação, os republicanos recorreram à União
Soviética de Stalin, que lhes fornecia armas, equipamentos e um
corpo de especialistas militares.
Em 1938, a ajuda soviética começou a diminuir até cessar
completamente. Isso desequilibrou os lados em conflito em favor
das forças franquistas, já que Franco contava com o apoio maciço
da Itália e da Alemanha. Internamente divididos e sem apoio do
exterior, os revolucionários foram derrotados pelas forças
franquistas no início de 1939.
ALVES, Alexandre. OLIVEIRA, Letícia Fagundes de. Conexões com a História.
São Paulo: Moderna, 2010. Picasso trabalhou na pintura entre 1 de maio e 4 de junho de 1937, em seu estúdio
LEITURA COMPLEMENTAR IV: "GUERNICA", DE PICASSO, em Paris Foto: Dora Maar / Divulgação Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía
COMEMORA 80 ANOS EM 2017 E É CELEBRADA PELO MUNDO O Reina Sofía também celebrará a obra com novas publicações e
Ao apresentar Guernica na abertura da Exposição Internacional de um arquivo digital de documentos que será disponibilizado no site
Paris, em 1937, Pablo Picasso (1881–1973) alertou: "Não é uma do museu. Um dos livros mapeará os lugares por onde o quadro
pintura de bom gosto para decorar apartamentos. Ela é uma arma passou em seu período de "exílio" – entre eles o Brasil. Em 1953, a
de ataque e defesa contra um inimigo terrível chamado fascismo." obra foi exibida na 2ª Bienal de São Paulo após uma longa
Em Paris, o pintor lia horrorizado as reportagens acerca do negociação com o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA).
bombardeio da força aérea alemã sobre Guernica, em 26 de abril A pintura estava sob custódia americana a pedido do próprio
daquele ano. Ao receber uma encomenda do governo republicano Picasso, que não autorizou sua exibição na Espanha até que o
espanhol, decidiu denunciar a barbárie que depois seria país voltasse a ser uma democracia. A pintura desembarcaria na
considerada um teste para os bombardeios aéreos na II Guerra Espanha só em 1981, inicialmente sob os cuidados do Museu do
Mundial (1939–1945). O regime nazista apoiava o ditador Prado. A "Bienal da Guernica", como ficou conhecida, rendeu
Francisco Franco na Guerra Civil Espanhola. anedotas: os montadores teriam retirado a preciosa carga de um
caminhão atolado na lama do Parque Ibirapuera, que ainda estava
Passados 80 anos, a obra tornou-se uma denúncia universal das em construção. Diante da obra exposta, houve quem debochasse
catástrofes da guerra. Pintada em preto e branco, com quase oito e, por outro lado, quem se deslumbrasse.
metros de largura por quatro de altura, a pintura é vista por mais de
3 milhões de visitantes todo ano no Museu Reina Sofía, em Madri. A façanha não deve ocorrer novamente, segundo Paulo Miyada,
Para comemorar o 80º aniversário da obra e os 25 anos em que curador do Instituto Tomie Ohtake, que recebeu no ano passado a
está sob sua guarda, a instituição realiza, entre 4 de abril e 4 de retrospectiva Picasso: Mão Erudita, Olho Selvagem. Além dos
setembro, a exposição Piedad y Terror en Picasso: El Camino a custos estratosféricos de transporte e segurança, retirá-la do Reina
Guernica. Sofía seria como retirar a Monalisa do Louvre.
– A obra só viajou por um compromisso direto do Picasso na
época. Ele entendeu que Guernica atestava uma situação política
europeia que precisava ser discutida em todo o mundo – diz
Miyada.

"Guernica" tem 349,3 cm de altura por 776,6 cm de largura Foto: Joaquín


Em 2017, o Museu Reina Sofía comemora também os 25 anos que marcam a Cortés/Román Lores / Divulgação Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía
chegada do quadro na instituição Foto: Joaquín Cortés / Divulgação Museo Nacional
Centro de Arte Reina Sofía O ano de 2017 reserva outras homenagens ao quadro, com
A mostra contextualizará o quadro na produção de Picasso e atividades nos museus do Louvre (Paris), ThyssenBornemisza
reunirá 150 trabalhos do artista vindos de 30 instituições de todo o (Madri) e Picasso (Barcelona), entre outros. O Louvre se adiantou
mundo, entre elas Centre Georges Pompidou de Paris, a Tate à efeméride e apresentou um ciclo de filmes sobre a obra em

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


101
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

janeiro, exibindo curtas de diretores como Alain Resnais e Emir Esses grupos motivaram estudos, tanto profissionais quanto de
Kusturica. Na ocasião, o cineasta Carlos Saura, que tem um modo amador pela sociedade em geral, que buscavam explicações
projeto de filme sobre a criação do quadro, ministrou uma aceitáveis para esse movimento.
masterclass e assumiu ser obcecado pela pintura. No início da década de 1980, em meio à ebulição do movimento
Se para uns a obra tem qualidades cinematográficas – o grande punk, o movimento neonazista surgiu no Brasil. O contexto
formato, as narrativas que se desenrolam em seu interior –, para socioeconômico do País, marcado pelo enfraquecimento do
outros, seus movimentos a aproximam da dança. É o caso da “milagre econômico” do Regime Militar e consequente perspectiva
produtora cultural Laura Haddad, diretora do espetáculo Guernica, de um futuro sombrio, facilitou a absorção da influência do
em cartaz em Curitiba até o dia 5 de março. Segundo Laura, a movimento neonazista internacional.
montagem ambiciona construir "uma tela viva" e sua itinerância Atualmente, existem mais de uma dezena de grupos neonazistas
deve chegar a Porto Alegre, embora não tenha datas fechadas. no País, espalhados sobretudo nos estados de São Paulo (com
– É uma tela universal, um clamor por justiça, contra todos os maior concentração na capital e na região do ABC), Paraná, Santa
regimes políticos totalitários que vemos ainda hoje. É só ver a Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Distrito Federal e
situação de Aleppo (Síria), do Congo, do Haiti – explica a diretora. Espírito Santo.
Um dos motivos dessa atualidade, na avaliação de Paulo Miyada, é Esses grupos são tradicionalmente divididos em duas vertentes:
que a obra não registra fatos específicos, mas utiliza alegorias uma dedicada ao ativismo político e outra mais agressiva, que
como o cavalo atormentado e a figura que segura uma lâmpada: frequentemente pratica ataques a minorias. Os trabalhadores
– É uma pintura que conta uma história, mas que faz isso numa nordestinos que migraram para o Sudeste em busca de trabalho
espacialidade inusual, com figuras sem verossimilhança, em preto são frequentemente atacados pelos neonazistas brasileiros.
e branco, usando dobras e fragmentações que são uma herança Apesar de os grupos nazistas brasileiros apresentarem
do cubismo. Isso tudo nos afasta de uma descrição documental do divergências, paradoxos e discórdias relacionadas com a ideologia
evento e enfatiza a potência emotiva e dramática da e objetivos, existem características comuns a todos, destacando-se
representação. É mais tocante reencontrar a tragédia da Guernica a apologia à intolerância. Da mesma forma que o movimento
pela pintura do Picasso do que pelas fotos dos bombardeios ou os internacional, esses grupos propagam ideais ultranacionalistas,
dados sobre os mortos. xenófobos, discriminatórios e racistas. A ideologia ligada ao
Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/entretenimento/arte/noticia/2017/02/guernica-de- nazismo e ao fascismo, seja ela assumida ou dissimulada, também
picasso-comemora-80-anos-em-2017-e-e-celebrada-pelo-mundo-9727859.html é uma característica comum a quase todos os grupos.
LEITURA COMPLEMENTAR V: NEONAZISMO Fonte: http://www.estudopratico.com.br/neonazismo-historico-e-oneonazismo-no-
brasil/Acesso em 28 jan. 2016 (adaptado)
Associado ao resgate do nazismo, ideologia política difundida pelo
alemão Adolf Hitler, o movimento neonazista origina-se a partir da
intolerância e do racismo, promovendo, em sua maioria, a
discriminação contra minorias e grupos específicos, como negros,
homossexuais, estrangeiros, ameríndios e judeus, comunistas,
imigrantes islâmicos e caboclos, defendendo a “superioridade da
raça pura ariana”.
Existe uma importante diferença entre o nazismo clássico e o
neonazismo: o primeiro defendia o expansionismo nacional em
termos militares e imperialistas; já o segundo propunha a expulsão
dos estrangeiros (eslavos, africanos, asiáticos, árabes, turcos) da
Europa Ocidental.
Após a Segunda Guerra Mundial, o nazismo praticamente
desapareceu, no entanto, nos anos 1970, alguns pequenos grupos
denominados neonazistas começavam a aparecer na Europa. Na
década de 1990, o movimento neonazista despontou devido a
algumas razões, dentre as quais são citadas o desemprego (alguns
segmentos da sociedade culparam os estrangeiros pela falta de
emprego) e o desmantelamento da URSS e o fracasso do
socialismo.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


102
Aula 27 – Regimes Totalitários

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01

A tela Guernica foi pintada por Pablo Picasso em 1937, em meio à Guerra Civilil Espanhola. A tela,
quase um painel (350,5 X 782,3), foi o instrumento de protesto do pintor contra:
a) a destruição da cidade basca de Guernica pela Força Aérea Alemã durante o conflito civil na
Espanha.
b) a ascensão do governo republicano, de viés socialista, sob a liderança da Frente Popular.
c) o envolvimento da Espanha na política expansionista e militarista promovida pelos países do Eixo.
d) a anexação dos Sudetos, território tcheco, pelas forças militares do Terceiro Reich Alemão.
e) o pacto de não agressão que Hitler e Stalin firmaram entre si e que acabou contribuindo para a
eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Questão 02

“A propaganda política busca imbuir o povo, como um todo, com uma doutrina. A propaganda para o
público em geral funciona a partir do ponto de vista de uma idéia, e o prepara para quando da vitória
daquela opinião". Adolf Hitler escreveu tais palavras em 1926, em seu livro Mein Kampf, no qual
defendia o uso de propaganda política para disseminar seus ideais.
No cartaz acima, vemos um exemplo do material produzido pelo Ministério do Reich para
Esclarecimento Popular e Propaganda, encabeçado por Joseph Goebbels. O cartaz apresenta uma
característica ideológica do regime nazista, a saber:
a) Antissemitismo. d) Nacionalismo.
b) Xenofobismo. e) Liberalismo.
c) Anticomunismo.

Questão 03
Ser interrogado por amadores com os dedos no gatilho em busca de contra revolucionários nunca é
uma experiência relaxante. Confesso que estava nervoso quando (...) mandaram-me caminhar pela
estrada escura de volta à fronteira da França com a arma do miliciano apontada para as minhas
costas. Assim, meu rápido contato com a Guerra Civil Espanhola terminou com a minha expulsão da
República espanhola.
(Eric Hobsbawm, "Tempos interessantes")

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


103
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Para alguns historiadores, é possível considerar a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) um laboratório
da Segunda Guerra Mundial, isto porque
a) a Alemanha e a Itália optaram por não estabelecer qualquer nível de interferência na guerra
Anotações
espanhola, considerando que se tratava de uma questão interna dos espanhóis.
b) as mesmas forças político ideológicas - o fascismo e o antifascismo - que se confrontaram na
Espanha durante a Guerra Civil estiveram em conflito na Segunda Guerra.
c) esse conflito foi solucionado com a intervenção direta da Inglaterra e da França, que obtiveram o
compromisso das forças beligerantes de respeitar os acordos de paz.
d) a imponente vitória militar das forças republicanas nessa guerra civil permitiu que a Espanha tivesse
participação decisiva na Segunda Guerra, ao lado das forças aliadas.
e) a vitória das forças progressistas espanholas gerou o descrédito da Liga das Nações, incentivando
atos de rebeldia, como a invasão da Manchúria pelo Japão.

Questão 04
Ein Volk, ein Reich, ein Führer (“Um povo, um império, um líder”)
Essa frase, estampada como divisa de um cartaz de propaganda política da década de 1930, sintetiza
os ideais do Partido Nacional-Socialista, que dominou por mais de uma década a vida do povo alemão.
Uma das alternativas abaixo resume uma característica ou princípio que NÃO pertence ao movimento
nacional-socialista. Assinale-a.
a) O anti-semitismo, que sustentava serem os judeus uma “raça degenerada, cujo contágio põe em
risco a saúde do povo alemão”.
b) O belicismo, que valorizava a guerra de conquista “como caminho necessário rumo à construção da
Grande Alemanha”.
c) O socialismo revolucionário, que pregava “a superação histórica do capitalismo por meio da luta de
classes e sua consumação: a revolução proletária”.
d) O regime de partido único, identificado ao Estado e baseado na submissão incondicional à
autoridade do líder, o qual reuniria em si “um poder ilimitado e uma responsabilidade absoluta”.
e) O totalitarismo, segundo o qual não deveria haver direitos individuais opostos às “necessidades do
Estado, a que todos se acham completamente subordinados”.

Questão 05

Fonte: http://museujudaicorj.blogspot.com/2009/03/o-poder-da-propagandanazista.html (acesso em 31/10/2010)

O cartaz acima foi usado pela máquina de propaganda do governo nazista, à época chefiada por
Joseph Goebbels. No poster está escrito: “Por trás do poder inimigo: o judeu”. A mensagem
comunicada pelo cartaz costurava cuidadosamente um argumento comprovando a vilania judaica, o
que permitia ao regime nazista incitar a população do país:
a) ao militarismo;
b) ao antissemitismo;
c) ao liberalismo;
d) ao expansionismo;
e) ao unipartidarismo.

Questão 06
"Os verdadeiros chefes não têm nenhuma necessidade de cultura e ciência".
(H. Goering)
"Quando ouço a palavra cultura, ponho a mão no revólver."
(J. Goebbels)
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
104
Aula 27 – Regimes Totalitários
"Os intelectuais são como as rainhas que vivem das abelhas trabalhadoras."
(A. Hitler)
"Sem espírito militar a escola alemã não poderá existir. Um professor pacifista é um palhaço ou um
Anotações
criminoso. Deve ser exterminado."
(Ministro Schewemm - Bavária)
"Professores alemães... nenhum menino e nenhuma menina da escola devem sair de vossas aulas
sem o sagrado propósito de ser um inimigo mortal do bolchevismo judeu, na vida e na morte."
(F. Weachter)

Contextualizando historicamente as declarações anteriores, de lideranças nazistas na Alemanha,


pode-se afirmar que
a) o nazismo não tinha nenhum projeto para as áreas de educação e cultura, pois dentro da
perspectiva do culto ao corpo e da obediência sem questionamentos, aquelas lhes eram
completamente indiferentes.
b) ao contrário da produção cultural, à qual eram refratários, os nazistas permitiram a permanência das
diretrizes educacionais da República de Weimar.
c) tanto a educação como a cultura foram áreas enquadradas dentro dos pressupostos básicos do
regime transformando-se em instrumentos ideológicos de controle e propaganda.
d) o Estado nazista interveio fortemente somente nas escolas frequentadas por alunos não-arianos e
filhos de pais bolcheviques.
e) educação e militarização da sociedade eram projetos excludentes dentro do projeto nazista de
dominação.

Questão 07
"O Fascismo italiano e o Nazismo alemão conquistaram o respaldo de muitos setores da população,
conseguindo um financiamento junto à alta burguesia. Assim puderam resolver a crise do capitalismo,
com a instalação de ditaduras de direita que garantiram a ordem do sistema, os lucros e as
propriedades."

Servindo de exemplo a muitos países também atingidos pelos efeitos da Grande Depressão, o
totalitarismo
a) reforçou o desenvolvimento armamentista, preparando o terreno para a eclosão da Segunda Guerra
Mundial.
b) transformou a Alemanha no país mais rico e poderoso da Europa, ameaçada em sua supremacia
apenas pela Dinamarca.
c) organizou e contribuiu para a evolução do bloco capitalista, sob o controle dos Estados Unidos.
d) desenvolveu a tendência de cooperação entre os Estados.
e) reacendeu as velhas disputas nacionalistas existentes, desde o século XIX, entre a Grécia e a
Turquia.

Questão 08
Considerando a ideologia do partido Nacional-Socialista na Alemanha nos anos 1930 e 1940, examine
as afirmativas:
I. Um dos pilares da ideologia nacional-socialista era seu apelo ao anticomunismo e a rejeição ao
projeto político que estava em curso na União Soviética.
II. O nacional-socialismo alemão conseguiu ter sucesso econômico rápido devido a medidas
direcionadas para o livre comércio e para a liberdade cambial. Com isso houve a estabilização da
moeda após a crise da hiperinflação e um período de crescimento acelerado da economia.
III. O partido Nacional-Socialista foi vitorioso nas eleições de 1932, o que demonstrou a seus líderes
que a democracia – mesmo com falhas – era o melhor sistema político para realizar seus projetos.
IV. O ideário do nacional-socialismo sempre deixou clara a ideia de “pureza racial”. Com isso, desde
os primeiros anos de governo, foram emitidas diversas leis contra judeus, homossexuais e ciganos,
consideradas – entre outras – como populações “impuras”.
Assinale:
a) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas
b) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas
c) se somente as afirmativas II e IV estiverem corretas
d) se somente as afirmativas I e IV estiverem corretas
e) se somente as afirmativas III e IV estiverem corretas

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


105
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO e) pelos métodos políticos populistas e pela organização de


comícios multitudinários.
Questão 01
Questão 04
As Brigadas Internacionais foram unidades de combatentes
formadas por voluntários de 53 nacionalidades dispostos a lutar em Observe a figura.
defesa da República espanhola. Estima-se que cerca de 60 mil
cidadãos de várias partes do mundo — incluindo 40 brasileiros —
tenham se incorporado a essas unidades. Apesar de coordenadas
pelos comunistas, as Brigadas contaram com membros socialistas,
liberais e de outras correntes político ideológicas.
SOUZA, I. I. A Guerra Civil Europeia. História Viva, n. 70, 2009 (fragmento).

A Guerra Civil Espanhola expressou as disputas em curso na


Europa na década de 1930. A perspectiva política comum que
promoveu a mobilização descrita foi o(a)
a) crítica ao stalinismo.
b) combate ao fascismo.
A Europa já não é a liberdade e a paz, mas a violência e a guerra.
c) rejeição ao federalismo.
Durante a ocupação alemã de Paris, a alguns críticos alemães que
d) apoio ao corporativismo.
virão lhe falar de Guernica, Picasso responderá com amargura:
e) adesão ao anarquismo.
Não fui eu que a fiz, fizeram-na vocês.
(Giulio Carlo Argan. Arte moderna, 1992.)
Questão 02
A primeira produção cinematográfica de propaganda nitidamente O comentário de Pablo Picasso, em relação à sua obra Guernica,
antissemita foi Os Rotschilds (1940), de Erich Waschneck. refere-se
Ambientado na Europa conturbada pelas guerras napoleônicas, o a) à separação entre manifestações artísticas e realidade histórica.
filme mostrava como essa importante família de banqueiros judeus b) ao bombardeio alemão da cidade basca em apoio ao general
beneficiou-se das discórdias entre as nações europeias, Franco.
acumulando fortuna à custa da guerra entre as nações europeias, c) aos massacres cometidos pelos nazistas durante a Segunda
acumulando fortuna à custa da guerra, do sofrimento e da morte de Guerra Mundial.
milhões de pessoas. O judeu é retratado como uma criatura d) à denúncia da anexação do território espanhol pelas tropas
perigosa, de mãos aduncas, rosto encarniçado e olhar sádico e nazistas.
maléfico. e) à aliança dos nazistas com os comunistas no início da Segunda
PEREIRA, W. Cinema e genocídio judaico: dimensões da memória audiovisual do Guerra Mundial.
nazismo e do holocausto. In: Educando para a cidadania e a democracia. 6ª
Jornada Interdisciplinar. Rio de Janeiro: SME; UERJ, jun. 2006 (fragmento).
Questão 05
Os Rotschilds foi produzido na Alemanha nazista. A partir do texto Leia.
e naquela conjuntura política, o principal objetivo do filme foi A Itália deseja a paz, mas não teme a guerra.
a) defender a liberdade religiosa. A justiça sem a força é uma palavra sem sentido.
b) controlar o genocídio racial. Nós sonhamos com a Itália romana.
c) aprofundar a intolerância étnica. Os três lemas acima foram amplamente divulgados durante o
d) legitimar o expansionismo territorial. governo de Benito Mussolini (1922-1943) e revelam características
e) contestar o nacionalismo autoritário. centrais do fascismo italiano:
a) a perseguição aos judeus, a liberdade de expressão e a
Questão 03 valorização do direito romano.
Os regimes totalitários da primeira metade do século XX apoiaram- b) o culto ao corpo, o pacificismo e a ânsia de voltar ao passado.
se fortemente na mobilização da juventude em torno da defesa de c) o nacionalismo, a valorização do espírito clássico e o
ideias grandiosas para o futuro da nação. Nesses projetos, os materialismo.
jovens deveriam entender que só havia uma pessoa digna de ser d) a beligerância, o culto à ação e o esforço expansionista.
amada e obedecida, que era o líder. Tais movimentos sociais e) o revanchismo, a socialização da economia industrial e a
juvenis contribuíram para a implantação e a sustentação do perseguição aos estrangeiros.
nazismo, na Alemanha, e do fascismo, na Itália, Espanha e
Portugal. Questão 06
A atuação desses movimentos juvenis caracterizava-se As agressões e os assassinatos por motivos raciais são cada vez
a) pelo sectarismo e pela forma violenta e radical com que mais frequentes na Rússia. Segundo organizações de direitos
enfrentavam os opositores ao regime. humanos, existem cerca de 50 mil neonazistas na Rússia, além de
b) pelas propostas de conscientização da população acerca dos outros milhares de ativistas de agrupamentos nacionalistas que
seus direitos como cidadãos. compartilham a ideologia xenófoba. Além dos estrangeiros, os
c) pela promoção de um modo de vida saudável, que mostrava os racistas atacam cidadãos russos de outras etnias, em particular os
jovens como exemplos a seguir. oriundos das repúblicas do norte do Cáucaso.
d) pelo diálogo, ao organizar debates que opunham jovens Adaptado de O Estado de S. Paulo. Estudante indiano é assassinado a punhaladas
na Rússia, 25 de setembro de 2006.
idealistas e velhas lideranças conservadoras.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
106
Aula 27 – Regimes Totalitários
A respeito do assunto, é possível afirmar que: A bênção Urbi et Orbi, dirigida à cidade de Roma e ao mundo, foi
a) esses grupos neonazistas parecem ignorar o passado recente proferida pelo Papa Francisco logo após sua eleição, durante os
de seu país, pois durante a Segunda Guerra milhões de russos ofícios da Páscoa cristã, diretamente da Basílica de São Pedro, na
morreram combatendo os nazistas. cidade do Vaticano. O Vaticano é uma cidade-estado encravada na
b) esses grupos neonazistas têm relação com a antiga política de urbe romana e conquistou sua autonomia política por meio do
apartheid imposta pela União Soviética (1922-1991) às repúblicas Tratado de
vizinhas. a) Methuen, assinado por Childerico, em 830.
c) o conceito de “raça ariana” inventado por Hitler incluía os russos, b) Presburgo, assinado pelo Papa Inocêncio I, em 1314.
pois eles também possuem pele e olhos claros. c) Santo Ildefonso, assinado pelo Duque de Ferrara, em 1754.
d) a existência de neonazistas na Rússia está relacionada ao Pacto d) Latrão, assinado por Benito Mussolini, em 1929.
Ribbentrop-Molotov (1939), que uniu russos e alemães na Primeira e) Roma, assinado pelo Papa João XXIII, em 1963.
Guerra.
e) os neonazistas comparam os muçulmanos do Cáucaso aos Questão 09
judeus alemães, já que os islâmicos também têm imensa força A primeira metade do século XX foi marcada por conflitos e
política e econômica dentro da Rússia. processos que a inscreveram como um dos mais violentos
períodos da história humana. Entre os principais fatores que
Questão 07 estiveram na origem dos conflitos ocorridos durante a primeira
"Quando pensamos em Weimar [na República de Weimar], metade do século XX estão
pensamos em modernismo em arte, literatura e pensamento; a) a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo e do
pensamos em rebelião, dos filhos com os pais, dos dadaístas totalitarismo.
contra a arte, berlinenses contra os musculosos filisteus, libertinos b) o enfraquecimento do império britânico, a Grande Depressão e a
contra moralistas retrógrados; pensamos em "A Ópera dos três corrida nuclear.
vinténs", "O Gabinete do Dr. Caligari", "A Montanha Mágica", c) o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e a
Bauhaus, Marlene Dietrich. E pensamos, acima de tudo, nos Revolução Cubana.
exilados que exportaram a cultura de Weimar para todo o Mundo." d) a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o expansionismo
GAY, Peter. "A cultura de Weimar". São Paulo: Paz e Terra, 1978. soviético.
e) a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a unificação da
Podemos relacionar o trecho "os exilados que exportaram a cultura Alemanha.
de Weimar para todo o Mundo" com:
a) O final da Grande Guerra em 1918, quando a Alemanha, Questão 10
obrigada a assinar o Tratado de Versalhes, caiu numa forte crise
Em 1937, Guernica, na Espanha, foi bombardeada sob o comando
política e econômica.
da força aérea da Alemanha nazista, que apoiou os franquistas
b) A quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929, que afetou a
durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
Alemanha, em melhores condições econômicas nesse momento, e
levou-a ao colapso.
c) O início da Primeira Guerra Mundial em 1914, quando a
Alemanha e a Áustria-Hungria declararam guerra à Rússia e à
França.
d) A ascensão do nazismo em 1933, que trouxe consigo a
suspensão dos direitos civis e a gradativa marginalização dos
judeus.

Questão 08
Observe a figura a seguir.
PICASSO, P. Guemica. Pintura-mural.
Disponível em: www.museoreinasofia.es.

Disponível em: http://mrzine.monthlyreview.org.

Figura: Mapa do Vaticano A pintura-mural de Picasso e a fotografia retratam os efeitos do


Disponível em: <http://codigodacultura.files.wordpress.com/2010/04/mapa- bombardeio, ressaltando, respectivamente,
vaticano.gif>. Acesso em: 6 ago. 2013. a) crítica social – conformismo político.
b) percepção individual – registro histórico.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


107
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

c) realismo acrítico – idealização romântica.


d) sofrimento humano – destruição material. O texto, um discurso de Mussolini, expõe duas das mais
e) objetividade artística – subjetividade jornalística. conhecidas características do fascismo italiano:
a) a valorização dos princípios democráticos e da fraternidade.
Questão 11 b) o nacionalismo e a descrença no uso das armas.
c) a forte hierarquia partidária e a valorização do aparato militar.
d) o igualitarismo e a desconfiança diante dos movimentos de
massa.
e) a valorização da política institucional e o respeito à legalidade.

Questão 14
O que os líderes latino-americanos tomaram do fascismo europeu
foi sua deificação de líderes populistas com fama de agir. Mas as
massas que eles queriam mobilizar, e se viram mobilizando, não
eram as que temiam pelo que poderiam perder, mas sim as que
Retirada da última estátua equestre do General Francisco Franco,
nada tinham a perder. E os inimigos contra os quais eles as
na cidade de Santander, na Espanha, em 18 de dezembro de 2008. mobilizavam não eram estrangeiros e grupos de fora (embora seja
g1.globo.com inegável o conteúdo antissemita no peronismo e outras políticas
argentinas), mas a “oligarquia”, os ricos, a classe dominante local.
Em 2007, na Espanha, aprovou-se uma lei que possibilitou HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos, o breve século XX: 1914-1991 Trad. São
indenizar vítimas da Guerra Civil (1936-1939) e do governo de Paulo: Cia das Letras, 1991. p. 137.
Francisco Franco (1939-1975). A ação retratada na fotografia
também é decorrente dessa lei. No contexto das denúncias e O texto permite afirmar que, para o autor, os movimentos latino-
apurações acerca dos crimes cometidos pelo governo franquista, a americanos influenciados pelo fascismo,
retirada da estátua equestre está associada à seguinte proposta: a) não foram capazes de mobilizar a sociedade latinoamericana
a) rejeição da história política. como os movimentos de características nazifascistas que
b) reforço da identidade nacional. ocorreram na Europa ocidental.
c) redistribuição do patrimônio cultural. b) não possuíam caráter fascista de importância nacional,
d) redimensionamento da memória social. ocorrendo em determinadas comunidades de imigrantes que
trouxeram consigo essa ideologia.
Questão 12 c) foram incentivados pelas correntes políticas que consideravam
as democracias liberais responsáveis pela desordem social e
É possível afirmar que a Alemanha nazista desenvolveu, econômica vigente.
simultaneamente, duas guerras que, na sua perspectiva, eram d) não apresentaram as mesmas características do fascismo
complementares: europeu, podendo ser visto como parte integrante do declínio e
a) a guerra social, que afirmava a supremacia do proletariado queda do modelo liberal.
sobre a burguesia, e a guerra política, de rejeição dos valores e) foram realizados por meio de uma mobilização paramilitar
democráticos. semelhante à que ocorreu na Itália, com a marcha chefiada pelo
b) a guerra ideológica, de afirmação dos valores do comunismo, e líder fascista sobre Roma.
a guerra religiosa, de contestação ao judaísmo e ao islamismo.
c) a guerra industrial, que buscava ultrapassar a produção fabril
Questão 15
britânica, e a guerra comercial, na luta pelo controle do mercado
consumidor norte-americano. A viagem levou uns vinte minutos. O caminhão parou; via-se um
d) a guerra diplomática, desenvolvida dentro da Liga das Nações, e grande portão e, em cima do portão, uma frase bem iluminada
a guerra colonial, contra as possessões francesas e britânicas no (cuja lembrança ainda hoje me atormenta nos sonhos): ARBEIT
norte da África. MACHT FREI – o trabalho liberta.
e) a guerra de expansão territorial, levada adiante por seu aparato Descemos, fazem-nos entrar numa sala ampla, nua e fracamente
militar, e a guerra étnica, de perseguição sistemática a judeus, aquecida. Que sede! O leve zumbido da água nos canos da
ciganos e negros. calefação nos enlouquece: faz quatro dias que não bebemos nada.
Há uma torneira e, acima, um cartaz: proibido beber, água poluída.
Besteira: é óbvio que o aviso é um deboche. “Eles” sabem que
Questão 13
estamos morrendo de sede [...]. Bebo, e convido os companheiros
“Ou bem eles nos entregam o governo ou nós haveremos de tomá- a beber também, mas logo cuspo fora a água: está morna,
lo, ocupando Roma. É uma questão de dias, talvez de horas (...) adocicada, com cheiro de pântano.
Voltem para suas cidades e esperem nosso chamado. Se Isto é o inferno. Hoje, em nossos dias, o inferno deve ser assim:
necessário, serão dadas ordens. Enquanto isso, podem se uma sala grande e vazia, e nós, cansados, de pé, diante de uma
dispersar e manifestar sua solidariedade com as Forças Armadas: torneira gotejante, mas que não tem água potável, esperando algo
Viva o Exército! Viva o fascismo! Viva a Itália! (...) Nós, fascistas, certamente terrível acontecer, e nada acontece, e continua não
não queremos entrar no governo pela porta dos fundos. No fim das acontecendo nada.
contas, tudo pode ser decidido pela força, pois na história é a força (Primo Levi. É isto um homem?, 1988.)
que decide tudo.”
Benito Mussolini, outubro de 1922. Apud: Donald Sassoon. Mussolini e a ascensão A descrição, por Primo Levi, de sua chegada a Auschwitz em 1944
do fascismo. Rio de Janeiro: Agir, 2009, p. 137.
revela
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
108
Aula 27 – Regimes Totalitários
a) o reconhecimento da própria culpa, por um prisioneiro recolhido
a um campo de concentração nazista.
b) o alívio com o fim da viagem em direção à prisão e a aceitação
das condições de vida existentes no campo de concentração.
c) a expectativa de que, apesar dos problemas na chegada,
houvesse tratamento digno aos prisioneiros dos campos de
concentração.
d) a falta de entendimento do funcionamento do campo de
concentração e a disposição de colaborar com as autoridades
nazistas.
e) a sensação de horror, angústia e submissão que caracterizavam
a condição dos prisioneiros nos campos de concentração nazistas.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


109
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-45)


INTRODUÇÃO
Em discurso proferido no parlamento inglês, no dia 21 de agosto de 1941, o premier
Winston Churchill declarou a frase acima citada (“Esta guerra, de fato, é uma
continuação da anterior.”). Mal se passaram vinte anos desde o fim da Primeira Grande
Guerra (1914-1918) e um novo conflito voltava a assolar o mundo.
“O conceito que a humanidade tinha de si mesmo nunca voltará a ser o mesmo”, disse o
historiador britânico Robert Parker. Seis anos de guerra, dezenas de nações envolvidas,
mais de cinquenta milhões de mortos entre militares e civis, cidades completamente
devastadas, mais de 1 trilhão e 500 bilhões de dólares em prejuízos, o saldo do conflito,
que superou qualquer outro ocorrido até então, ainda se apresenta de forma trágica e
assombrosa, mesmo decorridos quase setenta anos de seu fim.
“Embora a II Guerra Mundial não fosse uma mera continuação ou uma sequela da I
Guerra Mundial, a semelhança de causas e características foi mais que superficial.
Ambas foram precipitadas por ameaças ao equilíbrio de poder, e ambas foram conflitos
entre povos, entre nações inteiras, e não entre governos. Por outro lado, houve
diferenças acentuadas. Os métodos de luta utilizados na II Guerra Mundial pouco tiveram
Premier inglês Winston Churchill
em comum com os do conflito anterior. A guerra de trincheiras [que caracterizou a I
Guerra Mundial] foi em grande parte substituída por bombardeios e súbitos ataques aéreos (Blitzkrieg), com exércitos altamente móveis,
contra populações civis e instalações militares. Dado o fato de um número tão grande de pessoas estar agora vulnerável às devastações da
guerra, parece seguro afirmar que as distinções entre combatentes e civis foram obliteradas de modo mais complexo no segundo conflito do
que no primeiro”, escreveu Edward Burns em História da Civilização Ocidental.
AS ORIGENS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
A assinatura do Armistício de Compiegne, em 11 de novembro de 1919, assinalou a rendição da Alemanha e o fim da Primeira Guerra
Mundial. No ano seguinte (1919), durante a Conferência de Versalhes, definiu-se a ordem internacional que marcaria as relações entre os
países nos próximos anos. Foi nessa conferência que os vencedores da Primeira Grande Guerra impuseram aos alemães o Tratado de
Versalhes, visto pelos historiadores como uma das causas deflagradoras da Segunda Grande Guerra. Condenando a Alemanha a perder
territórios na Europa, a abrir mão de suas colônias africanas, a pagar pesadas indenizações por danos causados aos aliados da Entente e a
aceitar um plano de desmilitarização, os duros termos do Tratado de Versalhes foram responsáveis pelo revanchismo alemão, largamente
explorado por Hitler antes e depois de chegar ao poder. O ditador alemão frequentemente se referia ao Tratado de Versalhes como um
“Diktat”, numa alusão ao caráter imposto do acordo. Refletindo sobre esses acontecimentos, o renomado historiador britânico Eric
Hobsbawm, em Era dos Extremos: o breve século XX, escreveu: “Impôs-se à Alemanha uma paz punitiva, justificada pelo argumento de
que o Estado era o único responsável pela guerra e todas as suas consequências (...), para mantê-la permanentemente enfraquecida. Isso
foi conseguido não tanto por perdas territoriais (...); essa paz punitiva foi, na realidade, assegurada privando-se a Alemanha de uma
marinha e uma força aérea efetivas; limitando-se seu exército a 100 mil homens; impondo-se ‘reparações’ (...) teoricamente infinitas; (...) e,
não menos, privando-se a Alemanha de todas as suas antigas colônias no ultramar.”
No período entre as duas grandes guerras mundiais, a Crise de 1929 e a Grande Depressão ressuscitaram o fantasma da competição e
rivalidade entre os países, o mesmo fantasma que atormentara as relações entre as nações nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial.
Disputas por mercados consumidores, colônias e áreas de influência foram retomadas, barreiras alfandegárias foram reconstruídas e a
política de alianças secretas voltou a vigorar. Aos poucos, acentuaram-se “as diferenças entre as ‘potências ricas’, que possuíam grandes
impérios coloniais e reservas financeiras e materiais (Estados Unidos, Grã-Bretanha e França), e as ‘potências pobres’, carentes de
colônias e recursos naturais, além de relativamente superpovoadas (Alemanha, Itália e Japão)”, escreveram Paulo Visentini e Analúcia
Pereira em História do Mundo Contemporâneo: da Pax britânica do século XVIII ao Choque das Civilizações do ‘seculo XXI.
Criada após a Primeira Guerra Mundial, a Liga das Nações (cujo objetivo principal era o da conservação da paz entre os países), revelou-se
uma organização diplomática frágil e ineficaz no cumprimento de suas atribuições. Sem contar com a participação dos EUA (os americanos
retomaram a política do isolacionismo a partir de 1919), a Liga das Nações acabou se transformando numa instituição controlada pela
França e Inglaterra, vista como um instrumento a serviço dos interesses das duas potências. Além disso, não foi enérgica para condenar a
escalada militarista e expansionista adotada pela Alemanha, pelo Japão e pela Itália na década de 30, como veremos adiante.
A ascensão do nazismo e do fascismo, regimes totalitários construídos sobre uma agressiva política militarista e expansionista, agravou as
rivalidades imperialistas e contribuiu para fomentar ainda mais o
clima de tensão crescente que, aos poucos, empurrava o mundo SAIBA MAIS: O ESPAÇO VITAL ALEMÃO
para a eclosão de um novo conflito de grandes proporções. Uma das ideologias nazistas era a do Lebensraum, segundo a qual o povo
ANOS TRINTA: OS PASSOS PARA A GUERRA alemão necessitava conquistar um “espaço vital” necessário ao seu
desenvolvimento. Esse “espaço vital” se conquistado por meio da
Ao longo da década de 30, Alemanha, Itália e Japão expansão da Alemanha pelos territórios do Leste europeu e da integração
promoveram uma série de anexações territoriais, como parte de das comunidades germânicas dispersas pela Europa (como os Sudetos, a
um projeto militarista e expansionista. Isso tudo foi feito sob o Áustria e o “corredor polonês” ou Dantzig, sobre o qual falaremos adiante).

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


Aula 28 – Segunda Guerra Mundial
olhar complacente da Liga das Nações, controlada pela França e Inglaterra. Acredita-se que essa postura passiva das democracias
ocidentais diante do expansionismo nazifascista deve ser entendida à luz da ameaça que o regime sovié-
tico representava à época. Os governos da França e da Inglaterra acreditavam que Hitler e Mussolini lhes poderiam ser úteis para destruir a
URSS, sem ameaçar a segurança da Europa Ocidental
(o que acabou se revelando um desastroso erro de cálculo). Assim, a Liga das Nações fez “vistas grossas” quando Hitler rasgou o Diktat de
Versalhes e pôs em prática, ao lado da Itália e do Japão,
seu projeto expansionista, fruto do “Espaço Vital” (em alemão, Lebensraum).
Vejamos os principais momentos que marcaram a política expansionista da Alemanha, da Itália e do Japão:
• em 1931 o governo japonês ordenou a invasão e ocupação da Manchúria, território pertencente à China;
• em 1932 a Alemanha abandonou a Liga das Nações e em 1935 Hitler deu início à remilitarização do país (com o restabelecimento do
serviço militar obrigatório);
• em 1935 a Itália invadiu e ocupou a Etiópia (ou Abissínia);
• em 1936 Hitler começou a concentrar tropas na Renânia, na fronteira da Alemanha com a França (essa região fora desmilitarizada pelo
Tratado de Versalhes);
• ainda em 1936 o governo alemão assinou dois importantes acordos de SAIBA MAIS: A CONFERÊNCIA DE MUNIQUE (1938)
cooperação militar, o Eixo Roma-Berlim (com a Itália) e o Pacto Anti- Depois de anexar a Áustria, Hitler tornou pública sua
Komintern (com o Japão), esse último dirigido contra a URSS; intenção de incorporar os Sudetos, território pertencente à
• também em 1936 o governo alemão interveio na Guerra Civil Espanhola, ao Tchecoslováquia, onde vivia uma significativa população de
lado das forças que apoiavam o general Francisco Franco (foi nessa ocasião origem germânica. Temendo uma reação militar tcheca
que Hitler ordenou o teste de armas que seriam usadas na Segunda Grande diante do avanço nazista, França e Inglaterra puseram em
prática uma vergonhosa política de apaziguamento. Na
Guerra, como ocorreu no episódio em que a Força Aérea Alemã destruiu a
Conferência de Munique, em 1938, Chamberlain (Inglaterra),
pequena cidade de Guernica, ao Norte da Espanha); Deladier (França), Hitler (Alemanha) e Mussolini (Itália)
• em 1937 o Japão aumentou sua ocupação sobre a China, expandindo-se decidiram o futuro dos Sudetos: em troca do compromisso de
para além da Manchúria; Hitler quanto a não fazer novas exigências ou anexações
• em 1938, o governo alemão promoveu o Anschluss, anexando a Áustria; territoriais, França e Inglaterra concordavam com a anexação
• também em 1938 Hitler anexou os Sudetos (território tcheco habitado por dos Sudetos pela Alemanha, sacrificando a Tchecoslováquia
uma população de origem germânica); em nome de uma paz que em breve desmoronaria e
arrastaria o mundo a uma nova grande guerra.
• em 1939 o governo alemão anexou o restante da Tchecoslováquia, numa
clara violação do que fora acordado na Conferência de Munique;
• ainda em 1939 a Itália anexou a Albânia;
• também em 1939 Hitler e Stalin assinaram o Pacto de Não Agressão, que previa a divisão da Polônia entre Alemanha e URSS e o
compromisso de não agressão entre os dois países caso uma guerra eclodisse na Europa.
ÀS VÉSPERAS DO CONFLITO
Em 1939, depois de ocupar o restante da Tchecoslováquia, o governo alemão tornou pública suas pretensões de invadir a Polônia e
recuperar a região conhecida como Corredor Polonês. Ao fim da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha teve uma parte de seu território
cedida à Polônia, o que deu aos poloneses uma saída para o Mar Báltico. Com isso, a Alemanha passou a ter seu território descontinuado
(a Prússia Oriental ficou separada do restante do país), devido à faixa de terra cedida (Corredor Polonês), como pode ser observado no
mapa abaixo.

Segundo os termos do acordo, a cidade de Dantzig, localizada geograficamente na área cedida aos poloneses, teria um governo autônomo.
Como já foi dito, a criação do Corredor Polonês separou o território alemão e contribuiu para aumentar ainda mais sentimento de revanche
que a nação alemã alimentava desde a imposição do Tratado de Versalhes (1919).

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


111
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Hitler sabia que se invadisse a Polônia para recuperar o Corredor Polonês, teria de enfrentar tanto a oposição da Inglaterra, que havia dado
garantias ao governo polonês, quanto a da URSS, uma vez que Stalin alimentava planos de reaver a Polônia (o país pertenceu à Rússia até
o Tratado de Brest Litovski, assinado pelo governo bolchevique em 1918).
Com o objetivo de não ter de enfrentar uma guerra em duas frentes (contra os soviéticos, a leste, e contra os ingleses, a oeste), Hitler se
aproximou de Stalin e costurou um Pacto de Não Agressão (1939). O acordo, também conhecido como Pacto Ribentrop-Molotov (numa
alusão, respectivamente, aos representantes da Alemanha e URSS que firmaram o pacto em nome de seus governos), previa a partilha do
território polonês entre os países signatários e o compromisso de que, caso eclodisse uma guerra na Europa, Alemanha e URSS não se
atacariam.
Assim, sem a preocupação de enfrentar uma guerra em duas frentes ao mesmo tempo, Hitler ordenou a invasão da Polônia pelas forças
armadas da Alemanha (Wehrmacht) em 1 de setembro de 1939. Dispostos a não mais tolerar a política expansionista da Alemanha nazista
e obrigados pelos compromissos de ajuda assumidos junto à Polônia, os governos da França e da Inglaterra declararam guerra ao Terceiro
Reich alemão, desencadeando assim a Segunda Guerra Mundial.
FATOS QUE MARCARAM O CONFLITO
No início do conflito, a Alemanha se valeu de uma estratégia denominada Blitzkrieg (ou guerra-relâmpago): ofensivas fulminantes
envolvendo blindados, aviões e navios de guerra, sem dar tempo ao inimigo reagir. Dessa forma, os alemães ocuparam a Polônia, a
Dinamarca, a Noruega, a Holanda, a Bélgica e uma significativa parte da França, encurralando o exército francês, comandado pelo general
Charles de Gaulle, em Dunquerque e forçando-o a uma retirada estratégica para a Inglaterra.
A França ficou, portanto, dividida em duas zonas: uma, ao norte (incluindo Paris), sob a ocupação nazista; outra, ao sul, livre, com o
governo sediado na cidade de Vichy (República de Vichy), nas mãos do marechal Pétain.
Pétain, durante a guerra, fez um jogo duplo, ora colaborando com os nazistas que ocupavam o norte do país, ora colaborando com os
países que lutavam contra o nazifascismo.
Voltando-se contra a Grã-Bretanha, Hitler pôs em prática a Operação Leão do Mar, com o objetivo de invadir a Inglaterra. A Luftwaffe
(Força Aérea Alemã) passou a bombardear diariamente Londres,
como parte da estratégia nazista de flagelar ao máximo os ingleses, SAIBA MAIS: CHURCHILL ESPERAVA A AJUDA DOS EUA NA
a fim de enfraquecê-los e facilitar a invasão das forças alemãs. GUERRA
Apesar das enormes perdas civis, os ingleses reagiram: os céus das “Não me tornei primeiro-ministro para presidir à liquidação do Império
Britânico”, disse Winston Churchill em meio à Segunda Guerra
ilhas britânicas testemunharam a Batalha da Inglaterra, entre a
Mundial. O premier inglês sabia que uma aliança com os EUA seria
Luftwaffe e a Royal Air Force (Real Força Aérea Britânica). Utilizan- decisiva para garantir a sobrevivência da Grã-Bretanha. Ao longo do
do radares que detectavam a aproximação dos aviões alemães, a conflito, Churchill manteve uma troca de mensagens com o presidente
RAF acabou por apresentar melhor combatividade que a Luftwaffe, Roosevelt. Numa delas, em meio ao avanço dos exércitos alemães
impedindo assim que os planos de Hitler em relação ã Inglaterra se pela Europa, escreveu: “Sr. Presidente, com grande respeito devo
concretizassem. Em reconhecimento ao esforço da RAF, o premier dizer-lhe que, na longa história do mundo, esta é uma coisa a fazer
inglês Winston Churchill proferiu uma das mais famosas frases de imediatamente (...). Sei que fará tudo o que puder, mas me sinto
sua trajetória política: “Nunca tantos deveram tanto a tão poucos”. habilitado e no dever de lhe expor a gravidade e urgência da situação.
A esperança de Churchill era a dos EUA entrarem na guerra. A
Apesar de ter conseguido deter a invasão alemã ao território inglês, percepção dessa esperança levou o próprio embaixador americano em
Churchill necessitava de um aliado para derrotar Hitler. “Ele Londres, Joseph Kennedy, a telegrafar ao presidente Roosevelt: “Que
precisava de um aliado para uma vitória futura (...). Ao contrário de ninguém se engane: essa guerra, do ponto de vista da Grã-Bretanha,
Hitler, Churchill precisava de um aliado a bem da sobrevivência: para está sendo conduzida daqui para a frente, com os olhos num só lugar,
a sobrevivência de uma Grã-Bretanha que, pelo menos naquele que são os Estados Unidos. A menos que haja um milagre, eles
momento, era uma causa inseparável de sua própria sobrevivência
como líder. Esse aliado não era mais a França. Eram os Estados Unidos da América. Mesmo sem a França, a Grã-Bretanha de Churchill
poderia – talvez – sobreviver a curto prazo. Sem os Estados Unidos – pelo menos a longo prazo -, a Grã-Bretanha não poderia sobreviver”,
escreveu o historiador húngaro-americano John Lukacs em O duelo: Churchill x Hitler: 80 dias cruciais para a Segunda Guerra Mundial.
Entretanto, os EUA tinham retomado, desde a Conferência de Versalhes, sua tradicional política de isolacionismo (não envolvimento em
conflitos do Velho Mundo). Seria necessário mais do que os apelos de Churchill ao presidente americano Roosevelt para que os EUA
entrassem na guerra.
Em 1941, necessitando de recursos (cereais, minérios e petróleo) para continuar na guerra, Hitler ordenou a Operação Barbarossa, nome
dado à operação militar nazista de invasão ao território da URSS. Rompia-se, assim, o Pacto de Não Agressão que alemães e soviéticos
tinham assinado em 1939, pouco antes da eclosão da Segunda Grande Guerra. Apanhado de surpresa diante da invasão alemã, Stalin
conseguiu organizar uma contra-ofensiva ao avanço das tropas nazistas sobre Moscou. “Mais do que o frio, a vitória soviética deveu-se às
motivação dos soldados e, principalmente, à capacidade organizativa da URSS, que transferiu indústrias para a Sibéria e mobilizou a
população, deitando por terra a previsão alemã de encontrar um povo apático e um regime desacreditado. Pelo imenso volume de recursos
humanos e materiais empregados na frente leste, a guerra na Europa constituía principalmente um conflito terrestre entre o III Reich e a
URSS, travado dentro do território desta última, a um custo incrivelmente elevado. Desde a invasão alemã, Churchill e Stalin começaram a
discutir uma aliança anglo-soviética, que se formalizaria posteriormente com a adesão dos Estados Unidos, após sua entrada na guerra”,
escreveram Paulo Visentini e Analúcia Pereira.
Enquanto a guerra se desenrolava na Europa, a tensão crescia na região do Pacífico. O Japão, governado por militares ultranacionalistas,
expandia-se como potência imperialista, ameaçando os interesses dos EUA na Ásia. A ocupação da Indochina (Vietnã, Laos e Camboja)
pelos japoneses levou o governo americano a impor um embargo na venda de petróleo e aço ao Japão. Era uma estratégia para
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
112
Aula 28 – Segunda Guerra Mundial
desacelerar a ofensiva imperialista japonesa na Ásia.
Em represália ao embargo americano, o Japão bombardeou de surpresa a base militar
americana de Pearl Harbor, no arquipélago do Havaí, onde se concentrava a frota
americana no Pacífico. Eram 6 horas da manhã do dia 7 de dezembro de 1941. O
ataque deixou um saldo de 334 mortos, 1341 feridos, além de destruir diversos navios
e dezenas de aeronaves. A ofensiva foi um grave erro de cálculo do governo japonês,
um verdadeiro suicídio. “O Japão talvez aproveitasse sua única oportunidade de
estabelecer rapidamente seu império sulista; mas como calculava que isso exigia a
imobilização da marinha americana, a única força que podia intervir, também
significava que os EUA, com suas forças e recursos esmagadoramente superiores,
seriam imediatamente arrastados para a guerra. Não havia como o Japão vencer essa
guerra, escreveu o historiador britânico Eric Hobsbawm em Era dos Extremos: o breve
século XX.
Em resposta ao ataque japonês, o governo dos EUA, à época nas mãos do presidente O ataque japonês à base americana de Pearl
Harbor no Havaí (7/12/1941).
Franklin Roosevelt, declarou formalmente guerra não só ao Japão, mas também aos
seus aliados do Eixo (Alemanha e Itália). “Churchill estava em Chequers na noite de
domingo, 7 de dezembro, quando as notícias sobre Pearl Harbor chegaram pelo rádio. Oito anos depois, relembrou: ‘Nenhum americano
me interpretará mal se eu proclamar que contar com os Estados Unidos ao nosso lado foi, para mim, a maior alegria... Muitas desventuras,
imensuráveis perdas e tribulações se estendiam adiante, porém não havia mais dúvida quanto ao fim... depois de dezessete meses de luta
solitária e dezenove meses de minha responsabilidade na angustiosa tensão, vencêramos a guerra.’”, conta John Lukacs.
Enquanto Churchill celebrava a entra-da americana na guerra, dando como certa a vitória sobre o Eixo, na Europa Oriental o conflito entre
as tropas alemãs e as forças militares russas se intensificava. Os nazistas cercaram a cidade de Stalingrado, tendo início uma das mais
importantes batalhas da Segunda Guerra Mundial. Por quase dois anos(1942-43), as forças soviéticas e os civis que viviam na cidade
permaneceram em Stalingrado, cercados, com frio e fome, resistindo de rua em rua, lutando de casa em casa contra o invasor alemão, até
sua definitiva expulsão em 1943. A derrota dos nazistas em Stalingrado é considerado o marco na virada da guerra na frente leste. Estima-
se que mais de 500 mil solados alemães morreram na ocasião, sem contar as dezenas de milhares que caíram prisioneiros dos soviéticos.
A notícia da vitória soviética repercutiu em todo o mundo, ascendendo uma chama de esperança quanto à derrota final da Alemanha.
No Pacífico, os EUA viraram o rumo da guerra contra o Japão na batalha de
Midway (1942). Pouco a pouco as forças americanas retomaram o controle das
ilhas que ocupadas pelos japoneses. No entanto, o Japão não dava sinais de que
estava disposto a se render, mesmo que as evidências apontassem para a vitória
final dos norte-americanos. Nessa altura do conflito, os pilotos japoneses
adotaram a tática de missões suicidas (kamikaze), lançando suas aeronaves
diretamente contra navios e aviões americanos. Apesar dessasações kamikaze,
as vitórias americanas continuaram, como em Okinawa e Iwo Jima.
Na Europa, os Aliados conseguiram desembarcar tropas no sul da Itália, a partir
de uma extraordinária operação militar a partir do norte da Áfica. Mussolini foi
deposto e a Itália assinou sua rendição. No entanto, a guerra contra a Alemanha
continuava. Do leste, o exército soviético avançava em direção a Berlim. Contudo,
uma nova frente de guerra foi aberta quando os Aliados conseguiram
desembarcar mais de 185 mil homens na praia de Omaha, Normandia, norte da
França, libertando a região do país que se encontrava sob o domínio nazista
desde o início da guerra. Marines hasteiam a bandeira dos EUA no cume do monte
Suribachi, na ilha de Iwo Jima, depois de derrotar os japoneses.
Comandada pelo general norte-americano Eisenhower, a Operação Overlord (ou
Dia D) representou, portanto, a abertura da terceira frente de avanço dos Aliados sobre o Terceiro Reich.
O avanço dos Aliados despertou em muitos oficiais do alto comando alemão a percepção de que a guerra estava perdida. Aos poucos uma
conspiração foi se desenhando: assassinar Hitler e negociar um armistício com os Aliados, evitando uma derrota humilhante para o país.
Denominada de Operação Valquíria (numa alusão a uma deusa da mitologia dos antigos germânicos), a ação dos conspiradores fracassou
quando o coronel Claus von Stauffenberg entrou no quartel-general de Hitler (“Toca do Lobo”) com uma bomba escondida numa pasta,
que foi deixada sob uma mesa de reunião, perto de onde Hitler se encontrava sentado. Stauffenberg deixou a sala pouco antes do artefato
explodir. Entretanto, um dos oficiais presentes, sem dar conta de seu ato, empurrou com a perna a pasta onde se encontrava a bomba,
afastando-a de Hitler. O Führer sobreviveu ao atentado e ordenou a execução dos envolvidos, incluindo o coronel Claus von Stauffenberg.
Em 30 de abril de 1945, quando o Exército Vermelho já se encontrava em Berlim, Hitler, escondido em seu bunker (abrigo subterrâneo), se
suicidou com um tiro de pistola. Seu corpo foi queimado, de acordo com as ordens que ele mesmo deixara junto aos seus colaboradores.
Em 7 de maio de 1945 a Alemanha assinava sua rendição incondicional. Era o fim da guerra na Europa.
No Pacífico, o Japão, como já foi dito, não mostrava nenhuma disposição em se render. Decidido a forçar a rendição japonesa e, ao mesmo
tempo, demonstrar seu poderio militar aos soviéticos (a partilha do mundo em áreas de influência entre EUA e URSS já havia começado,
antes mesmo da guerra chegar ao fim por completo!), o governo norte-americano, em agosto de 1945, ordenou o lançamento de duas
bombas-atômicas: uma sobre a cidade japonesa de Hiroshima e outra sobre a cidade de Nagasaki. O poder das explosões varreu, em cada

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


113
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

cidade, uma área de mais de 3 quilômetros, reduzindo tudo o que se lá se encontrava a escombros. A coluna de fumaça se elevou a mais
de 10 mil metros de altura. Centenas de milhares de pessoas morreram na hora; os que sobreviveram foram expostos aos terríveis efeitos
da radiação. Em 2 de setembro de 1945, numa cerimônia oficial a bordo do encouraçado USS Missouri, representantes do governo japonês
assinaram a rendição incondicional do Japão diante do general Sutherland (EUA).
AS CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA
Seis anos de guerra, mais de 60 milhões de mortos (sem contar os milhões de feridos e mutilados entre civis e militares). O número de
vítimas do conflito ultrapassa qualquer cifra dos conflitos anteriores. A URSS foi o país que mais perdeu vidas na guerra: estima-se que
pelo menos 20 milhões de sovieticos tenham morrido em decorrência da guerra.
Os prejuízos materiais também foram impressionantes: estima-se em cerca de 1 trilhão e 500 milhões de dólares o custo total da guerra.
Apesar os enormes gastos, a economia americana se beneficiou com o conflito. Os EUA gastaram 300 bilhões de dólares na guerra;
entretanto, seu PIB cresceu mais de 80% durante os anos do conflito (1939-45). Sua produção industrial aumentou em 75% e sua balança
comercial apresentou um superávit de 11 bilhões de dólares.
O fim da Segunda Guerra Mundial assinalou o declínio global da Europa e a formação de uma nova ordem geopolítica, marcada pela
bipolaridade e pela hegemonia das superpotências (EUA e URSS), conforme estudaremos no próximo capítulo.
Países africanos e asiáticos, sob o domínio colonial europeu, aproveitaram o fim da guerra para dar início a movimentos em prol de sua
emancipação política. A oportunidade lhes era favorável, afinal a devastação econômica que o conflito trouxe para a Europa criava
condições oportunas para que essas nações rompessem o jugo colonial europeu sobre as mesmas.
Merece destaque a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, substituindo a fracassada Liga das Nações. A ONU tem
como objetivo principal a manutenção da paz e da segurança internacionais, respeitando o direito dos povos à autodeterminação e
estimulando a cooperação entre as nações.
HISTÓRIA E ARTE
Por ocasião da Guerra Civil Espanhola (1936-39), conflito que precedeu a Segunda Guerra Mundial, o pintor espanhol Pablo Picasso
produziu o painel Guernica, denunciando o bombardeio da pequena cidade do norte da Espanha (País Basco) pela Luftwaffe, a Força
Aérea Alemã.
Hitler se envolveu na Guerra Civil Espanhola, enviando tropas e aviões para ajudar o general Francisco Franco, que lutava para derrubar o
governo republicano espanhol. Os nazistas aproveitaram o conflito civil na Espanha para testar armas que seriam usadas na Segunda
Guerra Mundial.

O painel tem dimensões grandiosas (3,5m X 7,82m) e foi pintado em 1937, ano em que Guernica foi destruída pelos nazistas. Picasso
escolheu matizes de branco, preto e cinza para pintar a tela, cores que conferem um aspecto sombrio à obra, evocando o desastre que se
abatera sobre a cidade espanhola. O estilo segue as linhas do cubismo e os elementos (pessoas, animais, construções) se sobrepõem,
lembrando ao observador o caos que se instaurou em Guernica à medida em que as bombas alemãs caíam sobre a cidade.
Guernica foi exibida pela primeira vez na Exposição Internacional de Paris (1937). Conta-se que um oficial alemão que estava na exposição
se aproximou do espaço onde a tela era exposta e, depois de observá-la por alguns minutos, perguntou a Picasso: “Foi você quem fez?” Ao
que o mestre do cubismo espanhol respondeu: “Não, foram vocês que fizeram!
A tela não é apenas uma denúncia dos horrores do conflito civil espanhol; ela chama a atenção, através de poderosas imagens, para a
agonia da guerra em si.
Entregue aos cuidados do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MOMA), durante a Segunda Guerra Mundial, Guernica só retornou à
Espanha na década de 80, quando o país já se encontrava redemocratizado. Hoje a tela ocupa uma sala especial no Centro Nacional de
Arte Rainha Sofia, em Madri.
LEITURA COMPLEMETAR I: HITLER FOI O RESPONSÁVEL?
“Durante e imediatamente após a guerra, houve um consenso geral fora da Alemanha, segundo o qual Hitler era o culpado. (...)
A que conclusão chegamos? Hoje, (...) poucos historiadores aceitam a teoria de que Hitler não tivesse planos de longo prazo para a guerra.
(...) É verdade que alguns dos êxitos de Hitler se concretizaram através de um oportunismo inteligente, mas havia muito mais por trás disso.
Embora provavelmente não tivesse um plano formulado passo a passo, detalhado, de longo prazo, está claro que ele tinha uma visão

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


114
Aula 28 – Segunda Guerra Mundial
básica, pela qual trabalhava em todas as oportunidades. Essa visão era uma Europa dominada pela Alemanha, e ela só poderia ser
realizada através da guerra.
Restam poucas dúvidas, então, de que Hitler foi amplamente responsável pela guerra. O historiador alemão Eberhard Rickel, escrevendo
em 1984, afirmou que ‘Hitler estabeleceu para si dois objetivos: uma guerra de conquistas e a eliminação dos judeus... [seu] objetivo
máximo era o estabelecimento de uma grande Alemanha que nunca havia existido antes na história. O caminho rumo a essa grande
Alemanha era uma guerra de conquistas travada principalmente à custa da Rússia Soviética... onde a nação alemã deveria ganhar espaço
vital para gerações futuras... militarmente, a guerra seria fácil porque a Alemanha só enfrentaria a oposição de um país de bolcheviques
judeus e eslavos incompetentes.’
Sendo assim, provavelmente não era uma guerra mundial que Hitler tinha em mente. Alan Bullock acreditava que ele não queria guerra com
a Grã-Bretanha; tudo o que ele pedia era que a Grã-Bretanha não interferisse em sua expansão na Europa e lhe permitisse derrotar a
Polônia e a URSS em campanhas separadas.”
LOWE, Norman. História do Mundo Contemporâneo. 4. ed. São Paulo: Penso, 2011, p. 102-104.
LEITURA COMPLEMENTAR II: O HOLOCAUSTO
"Holocausto" é uma palavra de origem grega que significa "sacrifício pelo fogo".
O significado moderno do Holocausto é o da perseguição e extermínio sistemático,
apoiado pelo governo nazista, de cerca de seis milhões de judeus. Os nazistas,
que chegaram ao poder na Alemanha em janeiro de 1933, acreditavam que os
alemães eram "racialmente superiores" e que os judeus eram "inferiores", sendo
uma ameaça à auto-entitulada comunidade racial alemã. Durante o Holocausto as
autoridades alemãs também destruíram grandes partes de outros grupos
considerados "racialmente inferiores": os ciganos, os deficientes físicos e mentais,
e eslavos (poloneses, russos e de outros países do leste europeu). Outros grupos
eram perseguidos por seu comportamento político, ideológico ou comportamental,
tais como os comunistas, os socialistas, as Testemunhas de Jeová e os
homossexuais.
Em 1933, a população judaica europeia era de mais de nove milhões de pessoas.
A maioria dos judeus europeus vivia em países que a Alemanha nazista ocuparia ou viria a influenciar durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1945, os alemães e seus colaboradores já haviam assassinado dois entre cada três judeus europeus, em uma operação por eles
denominada "Solução Final", que era a política nazista para matar todos judeus. Embora os judeus fossem as principais vítimas do racismo
nazista, existiam também outras vítimas, incluindo duzentos mil ciganos, e pelo menos 200.000 pessoas com deficiências físicas ou
mentais, em sua maioria alemães, que viviam em instituições próprias e foram assassinados no chamado Programa Eutanásia.
Conforme a tirania alemã se espalhava pela Europa, os nazistas e seus colaboradores perseguiram e mataram milhões de pessoas de
outros povos. Entre dois a três milhões de soviéticos prisioneiros de guerra foram assassinados, ou morreram de inanição, enfermidades,
negligência, ou maltrato. Os alemães queriam aniquilar a elite intelectual polonesa, judia e não judia, bem como levar cidadãos poloneses e
soviéticos para o trabalho forçado na Alemanha e na Polônia ocupada, onde eles trabalhavam como escravos e muitas vezes morriam sob
terríveis condições. Desde o início do regime nazista as autoridades alemãs perseguiram os homossexuais e outros grupos que se
comportavamse diferentemente das normas sociais vigentes, mesmo que fossem pacíficos. Os oficias da polícia alemã focalizaram seu
trabalho de destruição contra oponentes políticos do nazismo - comunistas, socialistas e sindicalistas - e também contra dissidentes
religiosos, tais como as Testemunhas de Jeová. Muitas destas pessoas morreram como resultado de encarceramento e maus tratos.
No início do regime nazista o governo Nacional-Socialista criou campos de concentração para deter seus oponentes políticos e ideológicos.
Nos anos que antecederam a Guerra as SS e as autoridades policiais prenderam um número grande de judeus, ciganos e outras vítimas do
seu ódio étnico e racial naqueles campos. Para concentrar, monitorar, e facilitar a deportação futura da população judaica, os alemães e
seus colaboradores criaram guetos, campos de transição e campos de trabalho escravo para judeus. As autoridades alemãs também
estabeleceram um grande número de campos que exploravam o trabalho forçado de não judeus, tanto no chamado Grande Reich Alemão
quanto nos territórios ocupados pela Alemanha.
Após a invasão da União Soviética, em junho de 1941, as Einsatzgruppen, unidades móveis de extermínio, e posteriormente os batalhões
policiais militarizados atravessaram as linhas fronteiriças alemãs para realizar operações de assassinato em massa de judeus, ciganos, e
autoridades governamentais do estado soviético e do Partido Comunista. As unidades das SS e da polícia alemã, apoiadas pelas unidades
da Wehrmacht-SS e das Waffen-SS, assassinaram mais de um milhão de homens, mulheres e crianças judias, além de outras centenas de
milhares de pessoas de outras etnias. Entre 1941 e 1944, as autoridades nazistas alemãs deportaram milhões de judeus da Alemanha, dos
territórios ocupados e dos países aliados ao Eixo para guetos e campos de extermínio, muitas vezes chamados de centros de extermínio,
onde eram mortos nas instalações de gás criadas para cumprir esta finalidade.
Nos meses que antecederam o final da Guerra os guardas das SS transferiram os prisioneiros dos campos em trens, ou em marchas
forçadas conhecidas como "marchas da morte", na tentativa de evitar que os Aliados os libertassem. Conforme as forças Aliadas
atravessavam a Europa, em uma série de ofensivas contra a Alemanha, elas começaram a encontrar e a libertar prisioneiros dos campos
de concentração e aqueles que estavam sendo levados de um campo para outro. Estas marchas continuaram até o dia 7 de maio de 1945,
o dia em que as forças armadas da Alemanha se renderam incondicionalmente aos Aliados. Para os Aliados ocidentais a Segunda Guerra
Mundial terminou oficialmente na Europa no dia seguinte, em 8 de maio, o (V-E Day, o Dia da Vitória, no entanto as forças soviéticas
proclamaram seu "Dia da Vitória" como 9 de maio de 1945.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
115
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Após o Holocausto muitos sobreviventes encontraram abrigo nos campos para deslocados de guerra (DP) administrados pelos poderes
Aliados. Entre 1948 e 1951, cerca de 700.000 sobreviventes emigraram da Europa para Israel. Muitos outros judeus deslocados de guerra
emigraram para os Estados Unidos e para outras nações, tais como o Brasil. O último campo para deslocados de guerra foi fechado em
1957. Os crimes cometidos durante o Holocausto devastaram a maiorias das comunidades judaicas da Europa, eliminando totalmente
centenas destas comunidades centenárias.
Fonte: http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10005143

LEITURA III: A BARBÁRIE SOVIÉTICA EM BERLIM


(...) Em um livro [publicado em 2002], o historiador inglês Antony Beevor traz à tona imagens bem menos heróicas do avanço final do
Exército Vermelho [sobre Berlim em ruínas]. Elaborado com base em quatro anos de pesquisas nos arquivos soviéticos antes inacessíveis
e em entrevistas com mais de 50 sobreviventes, russos e alemães, Berlin: The Downfall, 1945 (Berlim: A Queda, 1945) descreve as
atrocidades cometidas pelas tropas vencedoras contra civis indefesos no país derrotado, principalmente contra as mulheres, vítimas de
violência sexual numa escala nunca vista nos tempos modernos. De acordo com as estimativas de dois hospitais da cidade, citadas por
Beevor, entre 95 mil e 130 mil mulheres foram estupradas pelos russos em Berlim – muitas delas várias vezes seguidas, por grupos que
chegavam a mais de dez soldados.
O sexo forçado com as mulheres dos inimigos vencidos figura na história de todas as guerras, desde a Antiguidade, como parte do butim
dos conquistadores. Na ocupação da Alemanha pelas forças soviéticas, essa prática – agora se sabe – atingiu dimensões de pura
selvageria. “Nossos soldados violaram todas as alemães que acharam em seu caminho, dos 8 aos 80 anos”, relatou a jornalista russa
aposentada Natalya Gesse, que acompanhou a ofensiva, como correspondente de guerra. “Eram um exército de estupradores.” Berlinenses
idosos, entrevistados pelo autor, ainda se lembram dos gritos das vítimas noite adentro. Era impossível não ouvi-los, pois todas as janelas
da cidade estavam quebradas. Num convento nos arredores de Berlim, a fúria sexual dos soldados não poupou ninguém. Foram
violentadas freiras, meninas pequenas, mulheres grávidas e até mesmo mães que tinham acabado de dar à luz. Igual destino tiveram as
russas, judias e polonesas libertadas do trabalho escravo na Alemanha nazista. Beevor deixava claro que nem todas as unidades soviéticas
participaram dos abusos.
Houve tentativas de manter a disciplina, como a de um general que matou um tenente ao vê-lo organizar uma fila de soldados para se
servirem de uma alemã deitada no chão. Mas, como regra geral, a barbárie correu solta, estimulada pelo álcool e pelo desejo de vingar os
horrores praticados pelos nazistas na URSS, onde deixaram mais de 20 milhões de mortos. As notícias da orgia de estupros na Alemanha
ocupada chegaram até o ditador Josef Stalin, que preferiu se omitir. “O Exército Vermelho convenceu a si mesmo de que, por ter assumido
a missão moral de libertar a Europa do fascismo, poderia fazer tudo o que quisesse, tanto no campo político quanto no pessoal, analisa o
autor.
(...) a denúncia dos crimes soviéticos é só uma faceta do livro [de Antony Beevor], que também revela episódios inéditos da derrocada
nazista. Em meados de abril de 1945, por exemplo, a Orquestra Filarmônica de Berlim deu o último concerto durante a guerra: O
Crepúsculo dos Deuses, de Wagner. À saída, militantes da Juventude Hitlerista distribuíam cápsulas de cianido -–um veneno fulminante –
para quem preferisse a morte a encara o apocalipse iminente. Muitos, se soubessem o que os esperava, teriam aceitado a oferta.
Adaptado do artigo de Igor Fuser na revista Época, 27/05/2002.

LEITURA IV: OPERAÇÕES MILITARES NA ÁFRICA


As campanhas militares da Segunda Guerra Mundial no norte da África foram travadas entre 13 de setembro de 1940 e 13 de maio de
1943. Elas foram estatisticamente tão importantes tanto para os Aliados quanto para os países do Eixo. Estes últimos queriam garantir e
aumentar seu acesso ao petróleo, além de impedir que os Aliados conseguissem aquele combustível, e assim interromper o fluxo de
recursos materiais e humanos das colônias britânicas na Ásia e na África para a Inglaterra.
Além disto, após sua fragorosa derrota na Europa ocidental, no início de 1940, as campanhas no norte da África ofereceram aos Aliados a
oportunidade de abrir uma nova frente contra os países do Eixo, diminuindo assim a pressão alemã na frente oriental após a invasão
nazista à União Soviética em junho de 1941.
Durante todas aquelas campanhas, os alemães e italianos tiveram 620.000 mortos, enquanto os ingleses perderam 220.000 homens, e as
mortes norte-americanas na Tunísia foram de mais de 18.500 homens. A vitória dos Aliados na África do Norte destruiu, ou neutralizou,
cerca de 900.000 soldados alemães e italianos, abrindo uma segunda frente contra o Eixo, além de permitir a invasão da Sicília e da parte
continental da Itália em meados de 1943, além de aniquilar a ameaça do Eixo aos campos de petróleo do Oriente Médio e às linhas de
abastecimento para a Ásia e a África. Isso foi extremamente importante para o desenrolar da Segunda Guerra Mundial.
Adaptado de http://www.ushmm.org/wlc/ptbr/article.php?ModuleId=10007301

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


116
Aula 28 – Segunda Guerra Mundial

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Nossos contatos com os soldados dos dois exércitos foram igualmente diferentes. Os alemães
costumavam vir todas as manhãs até o quintal nos fundos, pedindo educadamente um pouco de água
para se barbearem... Os russos requisitavam apenas água para beber e pediam que lhes
mostrássemos nossas mãos. Era uma espécie de exame político, para descobrir se pertencíamos à
classe trabalhadora ou à detestável burguesia, o inimigo odiado... Um jovem e resoluto soldado, ao ver
as minhas mãos relativamente limpas, apesar de todas as batatas descascadas, perguntou-me:
- Ei, você, burguesa, você nunca trabalhou com as mãos?
- Sou estudante – respondi.
- E como você fala russo tão bem?
- Minha mãe era russa.
- Sua mãe era russa? E onde está ela agora, essa sua mãe russa?
- Ela está morta – era mentira...
Percebi tudo pela primeira vez. Nós estávamos vivendo na linha de frente entre o oeste e o leste...
DAVIES, Norman. Europa na guerra. Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 427.

As memórias relatadas acima foram escritas por Natalie Kisovska, uma moradora de Brest, Belarus, e
remetem
a) à resistência da população de Brest, com o apoio dos russos, diante da tentativa alemã de
conquistar a cidade durante a Primeira Grande Guerra.
b) à Guerra Franco-Prussiana, no fim do século XIX, quando os exércitos alemão e russo se
enfrentaram na disputa pela Alsácia-Lorena.
c) às disputas entre russos e alemães pelo controle dos estreitos de Bósforo e Dardanelos, nos anos
que antecederam à Primeira Grande Guerra.
d) aos embates entre os exércitos da Alemanha nazista e da URSS no território da Europa Oriental,
durante a Segunda Grande Guerra.
e) à disputa entre russos e alemães, durante a Primeira Guerra Mundial, pelo controle da região
conhecida como Bálcãs.

Questão 02
O objetivo de tomar Paris marchando em direção ao Oeste era, para Hitler, uma forma de consolidar
sua liderança no continente. Com esse intuito, entre abril e junho de 1940, ele invadiu a Dinamarca, a
Noruega, a Bélgica e a Holanda. As tropas francesas se posicionaram na Linha Maginot, uma linha de
defesa com trincheiras, na tentativa de conter a invasão alemã.
Para a Alemanha, o resultado dessa invasão foi
a) a ocupação de todo o território francês, usando-o como base para a conquista da Suíça e da
Espanha durante a segunda fase da guerra.
b) a tomada do território francês, que foi então usado como base para a ocupação nazista da África do
Norte, durante a guerra de trincheiras.
c) a posse de apenas parte do território, devido à resistência armada do exército francês na Linha
Maginot.
d) a vitória parcial, já que, após o avanço inicial, teve de recuar, devido à resistência dos blindados do
general De Gaulle, em 1940.
e) a vitória militar, com ocupação de parte da França, enquanto outra parte ficou sob controle do
governo colaboracionista francês.

Questão 03

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


117
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Em 1938, o cartão postal exibido acima foi difundido por toda a Alemanha. Nele, encontra-se um dos
slogans da propaganda nazista: “Um povo, uma nação, um líder”. O lançamento do referido cartão
postal era parte da estratégia do governo de Hitler para justificar:
Anotações
a) a política de eliminação física de todos os judeus que viviam na Alemanha, resultando no episódio
conhecido como Holocausto.
b) a reunião de todas as populações germânicas sob o Estado nazista, como se verifica na anexação
da Áustria (Anschluss).
c) a oposição aos princípios ideológicos do marxismo, manifesto na perseguição aos partidos de
esquerda.
d) a remilitarização do país, num claro desafio às cláusulas do Tratado de Versalhes, imposto à
Alemanha ao fim da Primeira Grande Guerra.
e) a participação da Alemanha na Guerra Civil Espanhola, mediante o envio de tropas e aviões para
ajudar as forças do General Franco.

Questão 04
A CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE MUNIQUE, em 1938, às vésperas da Segunda Grande
Guerra Mundial, corresponde ao ponto mais alto da política de "apaziguamento", levada a efeito pela
Inglaterra e pela França, quando estas mais cederam diplomaticamente.
A principal decisão da Conferência consistiu em
a) reconhecer o direito alemão à posse dos Sudetos, que deveriam ser entregues pela
Tchecoslováquia.
b) reincorporar ao território alemão a região do Sarre, independentemente do plebiscito a que sua
população deveria submeter-se, em virtude do Tratado de Versalhes.
c) aceitar a remilitarização da Renânia por parte de Hitler.
d) admitir como irreversível a anexação da Áustria pela Alemanha.
e) reconhecer o direito da Alemanha ao porto de Dantzig, até então em poder da Polônia.

Questão 05

O pacto germano-soviético, satirizado pelos traços de Belmonte, representou um elemento chave para
a eclosão da 2a Guerra Mundial em 1939. E, apesar do texto da charge, podemos afirmar que uma das
intenções do acordo seria de
a) garantir para a União Soviética a posse da Ucrânia e da Bielorússia, perdidas com a saída da
Rússia da 1a Guerra Mundial no início de 1918.
b) permitir à Alemanha que, no caso de ocorrência de guerra não fosse necessário o combate em
duas frentes, evitando o conflito imediato a leste (União Soviética).
c) estabelecer com a invasão da Polônia, ocorrida logo após a assinatura do Pacto, que esta tivesse
seu território dividido por Rússia, Áustria e Alemanha repetindo o ocorrido em 1815, ao final das
Guerras Napoleônicas.
d) evitar que a União Soviética e a Alemanha, as duas superpotências de então, se destruíssem
mutuamente, fortalecendo os projetos dos governos democráticos da França e Itália no continente
europeu.
e) desestabilizar a política de alianças na Europa levando os governos francês e inglês a declararem
guerra à Alemanha, a qual acabaria reagindo com apoio italiano e soviético (Eixo Berlim/Roma/
Moscou).

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


118
Aula 28 – Segunda Guerra Mundial
Questão 06
Observe a foto a seguir. Anotações

Essa foto apresenta o desembarque de tropas na praia da Normandia (França), em 6 de junho de


1944 - o Dia D.
Sobre esse combate da 2ª Guerra Mundial, assinale a alternativa CORRETA.
a) Os países do Eixo realizaram essa investida no sul da França, objetivando a destruição das tropas
Aliadas.
b) O desembarque da Normandia configurou-se como o início do fim da chamada Batalha do Pacífico.
c) O ataque das forças aliadas tinha como objetivo desestruturar as tropas alemãs no norte da França.
d) A ocupação da porção setentrional francesa pelo exército do Eixo visava à destruição das tropas
alemãs.

Questão 07
As bombas atômicas, lançadas contra Hiroshima e Nagasaki em 1945, resultaram na morte de
aproximadamente 300.000 pessoas, vítimas imediatas das explosões ou de doenças causadas pela
exposição à radiação. Esses eventos marcaram o início de uma nova etapa histórica na corrida
armamentista entre as nações, caracterizada pelo desenvolvimento de programas nucleares com
finalidades bélicas.
Considerando essa etapa e os efeitos das bombas atômicas, analise as afirmações a seguir.
I. As bombas atômicas que atingiram Hiroshima e Nagasaki foram lançadas pelos Estados Unidos,
único país que possuía esse tipo de armamento ao fim da Segunda Guerra Mundial.
II. As radiações liberadas numa explosão atômica podem produzir mutações no material genético
humano, que causam doenças como o câncer ou são transmitidas para a geração seguinte, caso
tenham ocorrido nas células germinativas.
III. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, várias nações desenvolveram armas atômicas e,
atualmente, entre as que possuem esse tipo de armamento, têm-se China, Estados Unidos, França,
Índia, Israel, Paquistão, Reino Unido e Rússia.
Está correto o que se afirma em:
a) I, somente. d) II e III, somente.
b) II, somente. e) I, II e III.
c) I e II, somente.

Questão 08
“O inimigo é cruel e implacável. Pretende tomar nossas terras regadas com o suor de nossos rostos,
tomar nosso cereal, nosso petróleo, obtidos com o trabalho de nossas mãos. Pretende restaurar o
domínio dos latifundiários, restaurar o czarismo... germanizar os povos da União Soviética e torná-los
escravos de príncipes e barões alemães...
(...) em caso de retirada forçada... todo o material rodante tem que ser evacuado. Ao inimigo não se
deve deixar um único motor, um único vagão de trem, um único quilo de cereal ou galão de
combustível. Todos os artigos de valor (...) que não puderem ser retirados, devem ser destruídos sem
falta.”
Após 70 anos da 2ª Guerra Mundial, o discurso acima, de Joseph Stálin, nos remete
a) à invasão soviética ao território alemão, marco na derrocada nazista frente à ofensiva Aliada nos
fronts Ocidental e Oriental.
b) à Operação Barbarosa, decorrente da assinatura do Pacto Ribbentrop-Molotov, estopim para a 2ª
Guerra Mundial.
c) ao Anschluss, quando a anexação da Áustria pelo Terceiro Reich provocou a reação soviética
contra os alemães.
d) à estratégia soviética frente à invasão alemã, conhecida como tática da ‘terra arrasada’, a mesma
utilizada pelos russos contra Napoleão, no início do século XIX.
e) à Batalha de Stalingrado, uma das mais sangrentas e memoráveis de todo o conflito, decisiva para
a vitória Nazista.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


119
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO c) o poder soviético, durante a Guerra Fria.


d) o movimento comunista, na Guerra do Vietnã.
Questão 01 e) o terrorismo internacional, após 11 de setembro de 2001.
Em discurso proferido em 17 de março de 1939, o primeiro-ministro
Questão 03
inglês à época, Neville Chamberlain, sustentou sua posição
política: "Não necessito defender minhas visitas à Alemanha no O ataque japonês a Pearl Harbor e a consequente guerra entre
outono passado, que alternativa existia? Nada do que pudéssemos americanos e japoneses no Pacífico foi resultado de um processo
ter feito, nada do que a França pudesse ter feito, ou mesmo a de desgaste das relações entre ambos. Depois de 1934, os
Rússia, teria salvado a Tchecoslováquia da destruição. Mas eu japoneses passaram a falar mais desinibidamente da “Esfera de
também tinha outro propósito ao ir até Munique. Era o de coprosperidade da Grande Ásia Oriental”, considerada como a
prosseguir com a política por vezes chamada de 'apaziguamento “Doutrina Monroe Japonesa”.
europeu', e Hitler repetiu o que já havia dito, ou seja, que os A expansão japonesa havia começado em 1895, quando venceu a
Sudetos, região de população alemã na Tchecoslováquia, eram a China, impôs-lhe o Tratado de Shimonoseki passando a exercer
sua última ambição territorial na Europa, e que não queria incluir na tutela sobre a Coreia. Definida sua área de projeção, o Japão
Alemanha outros povos que não os alemães." passou a ter atritos constantes com a China e a Rússia. A área de
Internet: <www.johndclare.net> (com adaptações). atrito passou a incluir os Estados Unidos quando os japoneses
ocuparam a Manchúria, em 1931, e a seguir, a China, em 1937.
Sabendo-se que o compromisso assumido por Hitler em 1938, REIS FILHO, D. A. (Org.). O século XX, o tempo das crises. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2008.
mencionado no texto, foi rompido pelo líder alemão em 1939,
infere-se que
Sobre a expansão japonesa, infere-se que
a) Hitler ambicionava o controle de mais territórios na Europa além
a) o Japão tinha uma política expansionista, na Ásia, de natureza
da região dos Sudetos.
bélica, diferente da doutrina Monroe.
b) a aliança entre a Inglaterra, a França e a Rússia poderia ter
b) o Japão buscou promover a prosperidade da Coreia, tutelando-a
salvado a Tchecoslováquia.
à semelhança do que os EUA faziam.
c) o rompimento desse compromisso inspirou a política de
c) o povo japonês propôs cooperação aos Estados Unidos ao
'apaziguamento europeu'.
copiarem a Doutrina Monroe e proporem o desenvolvimento da
d) a política de Chamberlain de apaziguar o líder alemão era
Ásia.
contrária à posição assumida pelas potências aliadas.
d) a China aliou-se à Rússia contra o Japão, sendo que a doutrina
e) a forma que Chamberlain escolheu para lidar com o problema
Monroe previa a parceria entre os dois.
dos Sudetos deu origem à destruição da Tchecoslováquia.
e) a Manchúria era território norte-americano e foi ocupado pelo
Japão, originando a guerra entre os dois países.
Questão 02
Questão 04
O Massacre da Floresta de Katyn foi noticiado pela primeira vez
pelos alemães em abril de 1943. Numa colina na Rússia, soldados
nazistas encontraram aproximadamente doze mil cadáveres.
Empilhado em valas estava um terço da oficialidade do exército
polonês, entre os quais, vários engenheiros, técnicos e cientistas.
Os nazistas aproveitaram-se ao máximo do episódio em sua
propaganda antissoviética. Em menos de dois anos, porém, a
Alemanha foi derrotada e a Polônia caiu na órbita da União
Soviética — a qual reescreveu a história, atribuindo o massacre de
Katyn aos nazistas. A Polônia inteira sabia tratar-se de uma
mentira; mas quem o dissesse enfrentaria tortura, exílio ou morte.
Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 19 maio 2009 (adaptado).
Disponível em: http://dn.sapo.pt. Acesso em: 19 maio 2009 (adaptado).

Com sua entrada no universo dos gibis, o Capitão chegaria para Como o Massacre de Katyn e a farsa montada em torno desse
apaziguar a agonia, o autoritarismo militar e combater a tirania. episódio se relacionam com a construção da chamada Cortina de
Claro que, em tempos de guerra, um gibi de um herói com uma Ferro?
bandeira americana no peito aplicando um sopapo no Führer só a) A aniquilação foi planejada pelas elites dirigentes polonesas
poderia ganhar destaque, e o sucesso não demoraria muito a como parte do processo de integração de seu país ao bloco
chegar. soviético.
COSTA, C. Capitão América, o primeiro vingador: crítica. Disponível em : b) A construção de uma outra memória sobre o Massacre de Katyn
www.revistastart.com.br. Acesso em: 27 jan. 2012 (adaptado). teve o sentido de tornar menos odiosa e ilegítima, aos poloneses, a
subordinação de seu país ao regime stalinista.
A capa da primeira edição norte-americana da revista do Capitão c) O exército polonês havia aderido ao regime nazista, o que levou
América demonstra sua associação com a participação dos Stalin a encará-lo como um possível foco de restauração do Reich
Estados Unidos na luta contra após a derrota alemã.
a) a Tríplice aliança, na Primeira Guerra Mundial. d) A Polônia era a última fronteira capitalista do Leste europeu e a
b) os regimes totalitários, na Segunda Guerra Mundial. dominação desse país garantiria acesso ao mar Adriático.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


120
Aula 28 – Segunda Guerra Mundial
e) A aniquilação do exército polonês e a expropriação da burguesia outras, para que só suas cabeças ficassem visíveis. Quase todas
daquele país eram parte da estratégia de revolução permanente e tinham sangue correndo da cabeça para os ombros. Algumas
mundial defendida por Stalin. pessoas baleadas ainda se mexiam. Erguiam os braços e a cabeça
mostrando que ainda viviam. A cova estava cheia, pelo menos 2/3.
Questão 05 Estimo que já continham umas mil pessoas naquela lugar. As
Observe a imagem abaixo: vítimas, completamente nuas, desciam os degraus feito nas
paredes de barro da cova e puxavam as cabeças das pessoas
deitadas lá para o lugar que o homem da SS mandava. Elas
deitavam na frente dos morto ou feridos. Alguns acariciavam
aqueles que ainda estavam vivos e falavam com eles em voz
baixa. Depois, ouvi uma série de tiros, olhei de novo pra dentro da
cova e vi que os corpos tinham espasmos e as cabeças, caídas,
sem movimento, estavam em cima dos corpos deitados abaixo
delas (...).
(Adaptado dos Anais do Tribunal de Nuremberg)

Considerando o contexto histórico do depoimento, infere-se que o


mesmo retrata
a) a política de eliminação física dos judeus, praticada pela
Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
b) o tratamento dispensado, pelos alemães, aos prisioneiros de
guerra provenientes dos países do Leste europeu.
c) o assassinato de ucranianos que colaboraram com os Aliados,
prejudicando assim o desempenho da Alemanha na guerra.
d) a eliminação de velhos, doentes e deficientes físicos, parte da
política alemã de construção do “homem forte e viril”.
O cartaz acima, confeccionado pelo governo soviético à época em e) os crimes praticados, pelos alemães, contra a população
que o país se encontrava sob a ditadura de Stalin (1924-53), foi ucraniana de origem curda, tida como raça inferior aos olhos dos
amplamente difundido nas principais cidades da URSS. Nele, o nazistas.
soldado soviético triunfa sobre um dos principais inimigos do
regime bolchevique, a saber: Questão 07
a) o nazifascismo.
b) o pangermanismo.
c) o pan-arabismo.
d) o liberalismo.
e) o pan-americanismo.

Questão 06
Perante o Tribunal de Nuremberg (1945-46), organizado pelas
potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial (EUA, URSS,
Inglaterra e França) com o objetivo de julgar os crimes cometidos
pelos nazista durante a guerra, a promotoria leu o depoimento de
Hermann Friedrich Graeber, um administrador de construções,
alemão, civil, empregado pelo Exército Alemão na Ucrânia, país
que esteve sob ocupação nazista de 1941 a 1944:
Em 5 de outubro de 1942, perto da cidade de Dobno, (...) eu vi,
próximo a grandes montes de terra vários caminhões da SS
parados em frente a eles. (...) Aqueles que tinham acabado de sair
dos caminhões, homens, mulheres e crianças de todas as idades,
tinham que se despir, por ordem de um homem da SS que trazia
um chicote. (...) E sem gritar ou chorar, essas pessoas nuas
ficavam em grupos familiares, beijavam-se, davam adeus. Vi uma
família grande, um homem e uma mulher com seus filhos e duas
irmãs crescidas. Uma mulher idosa com os cabelos brancos como A charge de J. Carlos na capa da revista Careta representa a
a neve segurava o mais novo, talvez uma criança de um ano, em ofensiva dos aliados, em julho de 1944, que delineou os rumos da
seus braços, cantando para ele e fazendo cócegas. E a criança ria Segunda Guerra Mundial.
de prazer. Todas as pessoas ao redor olhavam com lágrimas nos No que se refere às relações internacionais, a vitória dos aliados
olhos. O pai segurava a mão de um menino de uns dez anos e provocou mudanças que tiveram como um dos seus efeitos:
falava docemente com ele. O garoto tentava não chorar. O pai a) extinção dos regimes totalitários.
apontou para o céu e tocou na cabeça do menino, para explicar b) redefinição da ordem geopolítica.
alguma coisa a ele. (...) Dei a volta no monte e me confrontei com c) controle do expansionismo tecnológico.
uma cova enorme, imensa. Pessoas deitadas umas sobre as d) multipolaridade das relações diplomáticas.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


121
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Questão 08 Ela indica


Considere o texto e a charge para responder à questão. a) o interesse da Alemanha em transformar a Inglaterra em sede
GDANSK - O presidente e o primeiro-ministro da Polônia, Lech do cristianismo ocidental em oposição ao ateísmo comunista.
Kaczynski e Donald Tusk, comandaram nesta terça-feira, 1, em b) o pacto de não agressão entre Alemanha e União Soviética,
Gdansk, a cerimônia que lembrou o momento exato dos 70 anos interessadas na submissão europeia.
do início da Segunda Guerra Mundial. c) o processo de separação entre Europa Ocidental e Oriental, ao
Às 4h45 de 1º de setembro de 1939, o encouraçado alemão final do conflito que desencadearia a Guerra Fria.
Schleswig-Holstein abriu fogo contra a guarnição da península de d) a concepção do nazismo como uma força viril capaz de vencer o
Westerplatte, nas cercanias de Gdansk, dando início à Segunda bolchevismo internacional e garantir a prosperidade da Europa.
Guerra Mundial. “Westerplatte é o símbolo da luta do fraco contra o
forte”, assinalou Kaczynski, em discurso no qual reivindicou o papel Questão 10
de vítima da Polônia contra “os totalitarismos nazista e A viagem levou uns vinte minutos. O caminhão parou; via-se um
bolchevique”. grande portão e, em cima do portão, uma frase bem iluminada
(http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,polemica-historica-marca (cuja lembrança ainda hoje me atormenta nos sonhos): ARBEIT
cerimonia-de-70-anos-da-2-guerra, 427842, 0.htm acessado em 05.09.2009)
MACHT FREI - o trabalho liberta. Descemos, fazem-nos entrar
numa sala ampla, nua e fracamente aquecida. Que sede! O leve
zumbido da água nos canos da calefação nos enlouquece: faz
quatro dias que não bebemos nada. Há uma torneira e, acima, um
cartaz: proibido beber, água poluída (...). Isto é o inferno. Hoje, em
nossos dias, o inferno deve ser assim: uma sala grande e vazia, e
nós, cansados, de pé, diante de uma torneira gotejante, mas que
não tem água potável, esperando algo certamente terrível
acontecer, e nada acontece, e continua não acontecendo nada.
(LEVI, Primo. "É isto um homem?" Rio de Janeiro: Rocco, 1988. p. 20.)

A descrição acima - de um prisioneiro chegando a Auschwitz -


O trecho do artigo e a charge de Belmonte remontam a um revela angústia e horror. Os campos de concentração nazistas
importante e polêmico episódio ligado à 2ª Guerra Mundial. Esse eram
episódio foi a) lugares de reabilitação de doentes mentais, criminosos comuns
a) a divisão da Alemanha, logo após a 2ª Guerra Mundial, em e prisioneiros políticos, adversários do Nazismo.
Alemanha Ocidental, pertencente ao bloco capitalista, e Alemanha b) instalados apenas na Alemanha e, neles, foram alojados,
Oriental, pertencente ao bloco comunista. durante a Segunda Guerra Mundial, judeus, homossexuais e
b) a operação Barba Ruiva, executada pela Alemanha e por ela comunistas.
descrita como uma cruzada para salvar a Europa do bolchevismo c) lugares de execução sumaria e imediata de inimigos nacionais
judaico. alemães e de pessoas que se recusavam a trabalhar.
c) a batalha de Stalingrado, em que soldados e civis russos d) instalados para acolher os imigrantes que, vindos da Europa
defenderam a cidade de Stalingrado do ataque alemão, Oriental, tentavam penetrar no território do Terceiro Reich sem
interessado no domínio do centro industrial existente às margens autorização.
do rio Volga. e) lugares onde os considerados indesejáveis eram submetidos a
d) o Dia D, momento que marcou o avanço da força aliada, humilhações, trabalhos forçados ou execuções em massa.
liderada pela Rússia, sobre o exército alemão, ocorrido na região
da Normandia. Questão 11
e) a assinatura do pacto de não agressão, assinado pela Rússia
"Asa Heshel lia o jornal; campos de concentração, câmaras de
comunista e pela Alemanha nazista, pacto esse que previa, em
tortura, prisões, execuções. Diariamente chegavam da Alemanha
segredo, a divisão da Polônia entre as duas partes.
levas de judeus expatriados. Na Espanha, continuavam a liquidar
os legalistas. Na Etiópia, os fascistas assassinavam os nativos. Na
Questão 09
Manchúria, os japoneses matavam os chineses. Na Rússia
A imagem reproduzida a seguir é um cartaz de propaganda alemã soviética, continuavam os expurgos. A Inglaterra tentava ainda
veiculada durante a Segunda Guerra Mundial. Ela indica chegar a um entendimento com Hitler. Entretanto emitia um Livro
Branco sobre a Palestina, proibindo a venda de terras aos judeus.
Os poloneses começavam, finalmente, a perceber que Hitler era
seu inimigo; a imprensa alemã fazia campanha de ódio declarado
contra a Polônia. Mas no Sejm (parlamento) polonês os deputados
ainda tinham tempo para discutir longamente as minúcias dos
rituais judaicos para o abate do gado."
SINGER, Isaac Bashevis, "A família Moskat". Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1982,
p. 474-475.

O trecho do romance de Bashevis Singer oferece um panorama


sobre a situação do mundo às vésperas da Segunda Guerra
Mundial. A esse respeito, é CORRETO afirmar:
a) O regime nazista desencadeou uma ampla campanha de
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
122
Aula 28 – Segunda Guerra Mundial
perseguição a grupos considerados inferiores e degenerados, oriundos das repúblicas do norte do Cáucaso.
como judeus, comunistas, homossexuais e ciganos, reunindo-os Adaptado de O Estado de S. Paulo. Estudante indiano é assassinado a punhaladas
na Rússia, 25 de setembro de 2006.
em campos de concentração onde eram submetidos a torturas,
trabalhos forçados e experiências médico científicas, culminando
na chamada "Solução Final", ou seja, no extermínio da população A respeito do assunto, é possível afirmar que:
aprisionada. a) esses grupos neonazistas parecem ignorar o passado recente
b) A posição da Inglaterra em negociar com Hitler devia-se ao de seu país, pois durante a Segunda Guerra milhões de russos
receio da expansão comunista na Europa, mas foi alterada com o morreram combatendo os nazistas.
crescente processo de militarização da Alemanha e com a b) esses grupos neonazistas têm relação com a antiga política de
anexação da Áustria, em 1938. apartheid imposta pela União Soviética (1922-1991) às repúblicas
c) O temor com relação aos comunistas eram comum a quase vizinhas.
todos os governantes capitalistas da década de 1930, mas o c) o conceito de “raça ariana” inventado por Hitler incluía os russos,
preconceito contra os judeus era um traço específico da cultura pois eles também possuem pele e olhos claros.
alemã, habilmente explorado por Hitler. d) a existência de neonazistas na Rússia está relacionada ao Pacto
d) Os expurgos que se processavam na União Soviética dirigiam- Ribbentrop-Molotov (1939), que uniu russos e alemães na Primeira
se sobretudo contra os bolcheviques nacionalistas, críticos do Guerra.
acordo Ribentrop-Molotov, que estabelecia um pacto de não
agressão entre a Alemanha e a URSS. Em nome da revolução Questão 14
permanente e de uma renovação contínua dos quadros dirigentes, Realizar o “Anchluss” era um velho sonho dos nazistas. E isso
o stalinismo promoveu uma furiosa perseguição a suspeitos e começou a ser conseguido por Hitler em março de 1938. A
opositores, lançando mão de processos e julgamentos viciados, expressão entre aspas e a data são suficientes para elucidar o
torturas e execuções sumárias. sonho nazista de:
e) O fortalecimento de ideologias nacionalistas, militaristas e a) ocupação da região do Reno, desmilitarizada pelo Tratado de
autoritárias ocorreu como uma resposta à crise da democracia Versalhes.
após a Primeira Guerra Mundial, num contexto de expansão b) anexação do corredor polonês, restabelecendo a relação com a
econômica que garantia pleno emprego, estabilidade monetária e Prússia.
investimentos de capitais privados. c) repúdio total às imposições do Tratado de Versalhes.
d) ascensão de Hitler ao poder.
Questão 12 e) marchar sobre a Áustria, a sua anexação e a concretização da
"No caso de Hiroshima, trata-se da catástrofe mais concentrada ideia do pangermanismo (reunificação das etnias alemãs).
que já se abateu sobre os homens. Numa passagem de seu diário,
o dr. Hachiya [que testemunhou o fato] pensa em Pompéia. Mas Questão 15
nem mesmo esta oferece termo de comparação. Sobre Hiroshima Os cartazes foram um importante meio de publicidade utilizado
se abateu uma catástrofe que foi planejada e executada com a pelos países beligerantes durante a II Guerra Mundial,
maior precisão por seres humanos. A 'natureza' está fora do jogo." expressando a imagem que cada um tinha de seus inimigos e de si
(Canetti, Elias. A Consciência das Palavras. SP: companhia das Letras, 1990). próprio. Frente a isso, analise o cartaz abaixo:

O texto refere-se à explosão atômica


a) com a qual os EUA conseguiram a capitulação dos japoneses,
último núcleo de resistência do Eixo, ao fim do conflito mundial
ocorrido entre 1939-45.
b) que funcionou como demonstração do poder militar americano,
para intimidar a China que havia aderido ao bloco comunista no fim
da Segunda Guerra.
c) cujo objetivo foi colocar fim ao conflito dos EUA com o Vietnã,
onde os guerrilheiros locais impunham derrotas sistemáticas aos
soldados americanos.
d) que resultou de acidente aéreo envolvendo caças americanos e
soviéticos, quando realizavam operações conjuntas com arsenal O cartaz acima expressa a:
nuclear no Oceano Pacífico. a) entrada dos ingleses na II Guerra Mundial.
e) resultante do bombardeio promovido pelos EUA, durante o b) a vitória dos estadunidenses sobre os japoneses.
Segundo Conflito Mundial, a Pearl Harbour, base militar japonesa c) a entrada dos estadunidenses na II Guerra Mundial.
onde era desenvolvida a bomba de hidrogênio. d) a vitoria dos estadunidenses sobre os italianos.

Questão 13
As agressões e os assassinatos por motivos raciais são cada vez
mais frequentes na Rússia. Segundo organizações de direitos
humanos, existem cerca de 50 mil neonazistas na Rússia, além de
outros milhares de ativistas de agrupamentos nacionalistas que
compartilham a ideologia xenófoba. Além dos estrangeiros, os
racistas atacam cidadãos russos de outras etnias, em particular os

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


123
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

GUERRA FRIA (PARTE I)


INTRODUÇÃO
Relembrando o período que ficou conhecido como Guerra Fria, o presidente russo Vladimir Putin declarou: “Naqueles tempos havia
equilíbrio e medo de destruição mútua. Naqueles tempos, uma parte tinha medo de dar um passo extra sem consultar as outras. Era com
certeza uma paz frágil e assustadora, mas vista de hoje ela nos parece suficientemente confiável. Hoje parece que a paz não é tão
confiável.”
Para o jornalista e historiador José Arbex Jr., a Guerra Fria “foi um dos períodos mais fascinantes e dramáticos da história da humanidade”,
uma vez que, pela primeira vez, “o planeta foi dividido em dois sistemas inimigos e antagônicos: o capitalista, com sede em Washington, e
o socialista, com sede em Moscou”. E continua: “Em defesa de seus interesses e da consolidação de seus territórios, os dois blocos
criaram exércitos colossais, tecnologia militar e arsenais nucleares com poder mais do que o suficiente para destruir completamente a vida
humana. O jogo político foi transformado em retórica de terror e destruição. Durante aproximadamente cinco décadas, a partir do final da
Segunda Guerra Mundial, a ameaça permanente do holocausto nuclear lançou sua sombra sobre todas as atividades humanas.”
O sociólogo e professor Raymond Aron referiu-se à Guerra Fria como um período em que a guerra era improvável, mas a paz era
impossível. A guerra era improvável porque, dado o arsenal nuclear nas mãos das superpotências (EUA e URSS), não haveria vencedores
no caso de eclosão de uma conflito armado direto entre elas. A paz era impossível pela incompatibilidade ideológica entre o sistema
capitalista e o sistema socialista, o que produziu um permanente conflito de interesses.
AS ORIGENS DA GUERRA FRIA
Apesar de não existir um consenso entre os historiadores quanto ao início e o fim da Guerra Fria, adotaremos a periodização mais
comumente aceita: a Guerra Fria começou em 1947, com o lançamento da Doutrina Truman, e chegou ao fim em 1991, com a
desintegração da URSS. Mas a verdade é que a ordem mundial que emergiu das
ruínas da guerra, começou a ser desenhada em importantes conferências de paz.
Antes mesmo da Segunda Guerra Mundial chegar ao fim, os Aliados (EUA, URSS e
Inglaterra) passaram a tomar decisões quanto ao destino dos vencedores e vencidos
no conflito. Os “três grandes” se reuniram em fevereiro de 1945, em Yalta, na URSS.
Churchill (Inglaterra), Roosevelt (EUA) e Stalin (URSS) decidiram que uma nova
organização (Nações Unidas) substituiria a desgastada Liga das Nações. Stalin
convenceu Churchill e Roosevelt a reconhecerem o Leste europeu como área de
influência da URSS (o Exército Vermelho libertou os países da Europa oriental da
ocupação nazista).
Em abril de 1945, na Conferência de São Francisco (EUA), representantes de 51
Da esquerda à direita: Churchill, Roosevelt e
países assinaram a Carta das Nações Unidas, documento que criou a ONU
Stalin na Conferência de Yalta (fevereiro de
(Organização das Nações Unidas). Composta por cinco órgãos (Assembleia Geral, 1945).
Conselho de Segurança, Secretariado, Corte Internacional de Justiça e Conselho
Econômico e Social), a ONU substituiu, como já foi dito, a Liga das Nações. Encarregada de zelar pela paz e segurança mundiais, a ONU
nem sempre conseguiu cumprir sua primordial função, pois as potências que
controlam o Conselho de Segurança frequentemente lançam mão do seu direito
de veto para assegurar seus interesses.
Em julho de 1945, os líderes dos três países voltam a se encontrar, dessa vez
em Potsdam, na Alemanha. Clement Attlee substituiu Churchill; Truman
substituiu Roosevelt, que morrera em abril. Stalin, que continuava no poder na
URSS, também estava lá. A guerra na Europa tinha terminado, mas o Japão
continuava resistindo na região do Pacífico. Em Potsdam foi fixada o pagamento
de uma indenização, pelos alemães, para compensar os danos que o conflito
provocou. A Alemanha foi dividida em 4 zonas de ocupação (francesa, inglesa,
americana e soviética), o mesmo ocorrendo com sua capital, Berlim (que ficou na
zona de ocupação soviética). Também foi aprovada a criação de um tribunal
internacional que julgaria os crimes de guerra. Flagrante de uma das sessões do Tribunal de
Nuremberg, onde se vê diversos criminosos nazistas
Esse tribunal se reuniu na cidade de Nuremberg (Alemanha), entre novembro de
escoltados por policiais de capacetes brancos.
1945 e agosto de 1946, julgando diversas autoridades do derrotado regime
nazista.
A maioria dos réus utilizou em sua defesa o argumento de que agiu no cumprimento das ordens do Füher. Entretanto, essa argumentação
não impediu que a promotoria, sob o comando do americano Robert Jackson, garantisse a condenação de quase todos os réus.
AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA GUERRA FRIA
• Clima de tensão psicológica;
• Constante ameaça de eclosão de uma guerra nuclear;

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


Aula 29 – Guerra Fria (Parte 1)
• Rivalidade política, econômica, tecnológica e militar entre EUA e URSS;
SAIBA MAIS: A REAÇÃO SOVIÉTICA AO PLANO MARSHALL
• Bipolarização da ordem mundial.
Os soviéticos reagiram à estratégia americana para contenção
A DOUTRINA TRUMAN: MARCO INICIAL DA GUERRA FRIA da expansão socialista na Europa (Plano Marshall) criando o
Em março de 1947, o presidente norte-americano Harry Truman proferiu Kominform, Comitê de Informação Comunista. O objetivo desse
um inflamado discurso no Congresso, lançando uma poderosa órgão era unificar as ações dos partidos comunistas dentro do
conclamação no sentido dos países capitalistas se unirem para conter a bloco socialista, o que asseguraria aos soviéticos um maior
expansão mundial do socialismo e o aumento da influência soviética. controle político sobre os outros países socialistas. Além disso,
Segundo Truman, “a política dos EUA deve consistir no apoio aos povos foi criado o Comecon, Conselho de Assistência Econômica
livres que estão resistindo à subjugação por minorias armadas ou Mútua, com o objetivo de integrar as economias dos países do
pressões externas”. Cristalizava-se a partir daí a Doutrina Truman, bloco socialista, fomentando seu progresso mediante uma
considerada por muitos historiadores como o marco inicial da Guerra Fria. espécie de mercado comum.
Uma das estratégias adotadas pelo governo dos EUA para conter o
avanço do socialismo foi o Plano Marshall (1947), um planode ajuda financeira para a recuperação econômica dos países europeus.
Mediante a liberação de empréstimos a juros baixos (e até mesmo doações em dinheiro para os países que se comprometessem a comprar
produtos norte-americanos), os EUA esperavam reerguer a economia europeia, colocando-a sob a tutela do capitalismo americano (além
de barrar a escalada internacional do socialismo). Para o historiador e cientista político Edgard Luiz de Barros, “o fato de o governo
americano lançar seu poderio econômico em apoio de sua campanha anticomunista era muito mais importante que seus atos de
intervenção militar”.
Stalin não permitiu que os países do Leste europeu, estados satélites soviéticos, recebessem a ajuda americana do Plano Marshall. O
único país que desafiou as ordens do ditador soviético foi a Iugoslávia, à época governada pelo marechal Tito. Os iugoslavos não
necessitaram da ajuda do Exército Vermelho para expulsar os nazistas de seu território. A opção desse país ao regime socialista não
ocorreu por influência da URSS, e sim devido a Josip Broz, o marechal Tito, que comandou a resistência iugoslava ao domínio nazista.
Portanto, a Iugoslávia, embora socialista, manteve-se independente da tutela que Moscou exercia sobre os demais países do Leste
europeu.
A ALEMANHA NO CENTRO DA GUERRA FRIA
Durante a Conferência de Potsdam (1945), a Alemanha foi oficialmente dividida em 4 áreas, ocupadas por tropas dos EUA, da Inglaterra,
da França e da URSS. A capital, Berlim, apesar de ficar dentro da zona de ocupação soviética, também foi dividida em 4 áreas, cada uma
ocupada pelas tropas dos Aliados. Observe as imagens abaixo: à esquerda, a Alemanha divida em 4 zonas de ocupação; à direita, Berlim,
a capital, também dividida em 4 zonas.

A Alemanha dividida em 4 zonas de ocupação. Observe


que Berlim ficou dentro da zona ocupada pelos soviéticos.
Berlim, na zona soviética, também foi dividida entre os 4 Aliados.
Em 1949, as zonas ocupadas pela França, Inglaterra e EUA formaram um governo unificado, dando origem à República Federal da
Alemanha (RFA), também conhecida como Alemanha Ocidental, com a capital na cidade de Bonn, alinhada ao bloco de países capitalistas.
A zona ocupada pela URSS tornou-se a República Democrática Alemã (RDA), ou Alemanha Oriental, com a capital em Berlim Oriental,
alinhada ao bloco socialista. O problema é que dentro da Alemanha Oriental havia uma parte de Berlim (Berlim Ocidental) que pertencia à
Alemanha Ocidental. O mapa abaixo nos dá uma exata noção de como ficou a região.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


125
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

As duas Alemanhas: RFA e RDA. Observe que a parte ocidental de Berlim pertencia à Alemanha Ocidental (apesar da cidade ficar
encravada na Alemanha Oriental).

A crescente tensão entre os blocos socialista e capitalista e as constantes fugas de cidadãos da Alemanha Oriental (socialista) para a
Alemanha Ocidental (capitalista), em busca de melhores
empregos e de uma vida mais confortável, levaram o governo da
RDA a reforçar as grades eletrificadas ao longo dos mais de 2 mil
quilômetros de fronteira entre os dois países e a construir um muro
cercando todo o setor ocidental da cidade de Berlim, que pertencia
à Alemanha Ocidental (RFA). Assim, o setor ocidental de Berlim
foi emparedado por um muro de quase 165 quilômetros de
extensão e 3,6 metros de altura, que cortou 193 ruas e avenidas
da cidade. Famílias e amigos foram separados pelo paredão de
concreto, guarnecido de arame farpado, torres de observação com
atiradores armados, soldados e armadilhas. O efeito psicológico
foi tão devastador que o Muro de Berlim acabou se transformando
no principal símbolo físico da Guerra Fria. Estima-se que cerca de
200 pessoas morreram ao tentar transpor o muro.
Entretanto, algumas poucas pessoas conseguiram a façanha de
cruzar a terrível barreira, como o farmacêutico Wolfgan Fuchs, que
se arrastou por um túnel cavado a uma profundidade de 12 O Muro de Berlim, construído em 1961.
metros, alcançando assim o setor ocidental da cidade e
escapando do regime socialista da RDA.
Discorrendo sobre a construção do Muro de Berlim, o historiador José Arbex Jr., em Guerra fria: terror de Estado, política e cultura,
escreveu: “Com o Muro, o governo socialista queria também controlar o contrabando de moedas e de mercadorias, que começavam a
inundar a Alemanha Oriental. Oficialmente, um marco alemão-oriental tinha o mesmo valor que um marco alemão-ocidental, mas no câmbio
negro a moeda capitalista valia muito mais. Muitas mercadorias só poderiam ser compradas na Alemanha Oriental com dinheiro ocidental.
Por isso, a entrada sem controle de marcos ocidentais ameaçavam desorganizar completamente a economia da Alemanha socialista. Era
algo inadmissível para o governo alemão-oriental.
(...) havia ainda questões de natureza ideológica. Berlim Ocidental era considerado um grande portão de entrada de espiões para o lado
oriental. O Muro foi uma tentativa de, pelo menos, controlar esse fluxo. E o bloco socialista estava sendo desmoralizado pelo êxodo em
massa de pessoas que buscavam melhores condições de vida no lado capitalista. Aquela situação não poderia durar muito tempo. Para
alguns historiadores, o Muro evitou um mal pior: a confrontação direta entre os blocos.”

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


126
Aula 29 – Guerra Fria (Parte 1)

O Muro de Berlim (repare nos grafites do lado de Berlim Ocidental).

A CAÇA ÀS BRUXAS NA GUERRA FRIA


No início da década de 50, nos EUA, o senador Joseph McCarthy liderou uma campanha que se transformou numa espécie de “caça às
bruxas” (no caso, aos supostos simpatizantes do comunismo). De acordo com McCarthy, os EUA estavam sendo tomados por uma rede de
espionagem e de simpatizantes pró-URSS. Comandando o Comitê Parlamentar de Investigação de Atividades Antiamericanas, Joseph
McCarthy desencadeou uma onda de perseguição a artistas, intelectuais,
professores, políticos, funcionários públicos e outros segmentos que gozavam de
posição de destaque na sociedade. Os acusados tinham suas vidas devassadas
pelas investigações, sendo, frequentemente, expostos à humilhação pública. Um
clima de histeria coletiva tomou conta da nação à medida em que McCarthy
estimulava a delação de toda e qualquer pessoa suspeita de envolvimento em
atividades antiamericanas.
Um dos casos mais notáveis envolveu o casal de cientistas Ethel e Julius
Rosenberg, acusado de revelar segredos militares aos soviéticos. Os dois foram
presos, julgados e condenados à morte, sendo executados na cadeira elétrica em
1953. O caso ganhou repercussão internacional, levando o filósofo francês Jean Senador Joseph McCarthy, em um de seus inflamados
Paul-Sartre a declarar: “Vocês, americanos, são responsáveis, de forma coletiva, discursos anticomunistas.
por esse assassinato.
Alguns de vocês, por terem patrocinado, e os demais, por terem consentido. Vocês permitiram que os EUA se tornassem o berço de um
novo fascismo.”
A partir de 1954, o macartismo começou a perder força, pois a opinião pública norte-americana, indignada com a flagrante violação dos
direitos individuais do cidadãos, voltou-se contra o senador McCarthy, que morreu desacreditado e alcoólatra em 1957.
A COEXISTÊNCIA PACÍFICA
Com a morte de Joseph Stalin (1953), Nikita Kruschev tornou-se o novo líder da URSS.
Kruschev imprimiu um novo traço à política externa do país, ao defender a coexistência
pacífica, ou seja, uma aproximação diplomatica entre os blocos socialista e capitalista.
Além disso, o novodirigente soviético promoveu a dessestalinização, denunciado os
crimes cometidos por seu antecessor e combatendo o culto que Stalin erigira em torno de
sua personalidade.
A coexistência pacífica (ou détente, “distenção”), pregada por Krushev, encontrou forte
oposição no líder chinês Mao Tsé-tung, que a considerava inconciliável com a essência
revolucionária do socialismo. Esse foi um das causas que levaram ao rompimento das
relações diplomáticas entre a China e a URSS em 1960, como veremos ao estudar a
Revolução Chinesa.
No entanto, a retórica soviética, que defendia um novo relacionamento com os EUA,
esbarrou-se em algumas questões que recrudesceram o clima de tensão entre as O líder soviético Nikita Kruschev.
superpotências, como a Guerra do Vietnã e a Crise dos Mísseis.
AS ALIANÇAS MILITARES NA GUERRA FRIA
Em 1949, os EUA e a maioria dos países capitalistas da Europa firmaram um pacto militar que ficou conhecido como Organização do

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


127
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O objetivo era a união dos membros da aliança contra um possível ataque proveniente do bloco
socialista.

Em resposta à organização da OTAN, a URSS e os países socialistas europeus (com exceção da Iugoslávia e Albânia) firmaram o Pacto
de Varsóvia (1955), aliança militar que visava se contrapor à organização do Tratado do Atlântico Norte.
OTAN e Pacto de Varsóvia nunca entraram num conflito direto, mas representaram, por quase quatro décadas, toda a tensão que
aterrorizava o mundo no período da Guerra Fria. O Pacto de Varsóvia foi dissolvido na década de 90, depois da desintegração da URSS. A
OTAN, entretanto, continua a existir. Além de assegurar a defesa militar do continente europeu e da América do Norte, sua atuação, hoje,
também envolve a intervenção em conflitos como a Guerra de Kosovo (1998) e a crise na Líbia (2011) que levou à queda do ditador Kadafi.
A DOUTRINA BREJNEV E A PRIMAVERA DE PRAGA
Leonid Brejnev tornou-se o novo líder da URSS em 1964, com o afastamento de Kruschev do poder pela alta cúpula do Partido Comunista
Soviético. Com a ascensão de Brejnev, ocorreu uma retomada do autoritarismo, da censura e da perseguição às oposições que marcaram
o período stalinista.
Em 1968, a Tchecoslováquia, país do Leste europeu, Estado satélite de Moscou, iniciou, sob o comando de Alexander Dubcek, uma série
de reformas internas que pretendiam construir um modelo de socialismo independente da tutela soviética. O objetivo não era o de
transformar a Tchecoslováquia num país capitalista, e sim, conforme o próprio Dubcek garantiu, “emprestar uma face mais humana ao
socialismo”. Em resposta às reformas de Dubcek, tanques e tropas do Pacto de Varsóvia (a aliança militar entre a URSS e os países
socialistas do Leste europeu) ocuparam Praga, capital tcheca. A Primavera de Praga chegava ao fim com a repressão soviética ao
movimento e a queda do reformista Dubcek. Consolidava-se a partir do episódio a Doutrina Brejnev, que apregoava o direito da URSS
promover intervenções militares nos países considerados “área de influência de Moscou”, a fim de eliminar qualquer distúrbio que abalasse
o poder soviético nas mesmas.

Tanques e tropas soviéticas ocupam Praga em 1968, enquanto a juventude tcheca, que apoiava as reformas de Dubcek, procurou fazer
oposição, de forma pacifica, à presença das tropas estrangeiras. A juventude tcheca reagiu à ocupação de forma bem humorada, ora
escrevendo nos muros da cidade frases como “Circo russo na cidade – favor não alimentar os animais” ou “Lenin, eles enlouqueceram”, ora
dirigindo-se aos próprios soldados russos, de forma sarcástica, com expressões como “Ivan, volta para casa”. Como bem definiu a jornalista
Sonia Goldfeder, em A Primavera de Praga, os conselhos dados à juventude pelos próprios líderes reformistas tchecos eram: “(...) ignorem
os soviéticos, tratem-nos como coisas, beijem e namorem sob seus narizes. Vivam. Mas façam em torno deles barragens invisíveis.”

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


128
Aula 29 – Guerra Fria (Parte 1)

HISTÓRIA E ARTE inventados pela ciência e pela tecnologia, como o aspirador de pó,
o liquidificador, as roupas de fibra sintética. Problemas existiam, é
Denomina-se realismo socialista à tendência artística que
claro, mas eles poderiam ser democraticamente debatidos e
predominou durante a maior parte da história da URSS
resolvidos. Já a vida do lado socialista era triste, sombria e
(especialmente durante o governo de Joseph Stalin, 1924-53).
obscura, controlada pela polícia política e pelo Partido Comunista.
Caracterizou-se como uma reação aos estilos burgueses (como o
Filmes e documentários políticos exibiam longas filas de cidadãos
impressionismo, o surrealismo, o dadaísmo e o cubismo),
amargurados que tentavam comprar pão, leite e artigos básicos de
transformando-se em política oficial do Estado soviético no período
consumo.
stalinista. Seu objetivo era o de doutrinar, através das
manifestações artísticas, a sociedade nos valores da ideologia No lado socialista, as imagens revelavam o contrário. A vida no
socialista. Assim, as pinturas sempre retratam camponeses fortes e socialismo era alegre e brilhante. Os cidadãos não precisavam
saudáveis, envolvidos com a colheita, ou paisagens industriais mais se preocupar com emprego, educação e moradia. A terra, que
exibindo a pujança da economia soviética. Stalin e seus feitos havia sido coletivizada, prometia colheitas fartas e abundantes. A
heroicos também apareciam com frequência nas obras. Era a “arte cada dia, novas conquistas tecnológicas, especialmente nas áreas
com compromisso social”, como se dizia na época. militar e espacial, mostravam a superioridade do socialismo. Se
havia problemas, eles deveriam ser resolvidos por toda a
coletividade. Segundo os socialistas, o lado capitalista garantia vida
boa para alguns, ao passo que a maioria vivia uma situação de
miséria, privações e desemprego.
Mas a ‘guerra fria das imagens’ passou por um momento de sério
descrédito nos anos 60, quando explodiram, nos dois blocos,
movimentos de jovens pela democracia e pela liberdade. Os jovens
denunciavam as hipocrisias e falsidades de discursos políticos que
falavam em felicidade e que, no entanto, não garantiam nada disso
aos cidadãos. No lado socialista foi a Primavera de Praga, na
antiga Tchecoslováquia, em 1968. No lado capitalista foram os
movimentos de jovens franceses, em maio de 1968, e em outros
centros importantes, como Londres, Los Angeles, São Francisco,
São Paulo e Rio de Janeiro. Tudo isso culminou com uma grande
A tela acima, O Primeiro Trator, de Vladímir Krijatzki, exemplifica o manifestação pacifista, contra a Guerra do Vietnã e o racismo, que
realismo socialista. Os camponses encontram-se maravilhados foi o festival de rock de Woodstock, em 1969.”
com a modernização tecnológica proporcionada pelo governo, que (ARBEX JR., José. Guerra Fria: terror de Estado, política e cultura. São Paulo:
Moderna, 1997, p. 11-13.)
lhes possibilitava utilizar, pela primeira vez, um trator em suas
plantações. A tela glorifica os valores cultuados pelo Estado LEITURA COMPLEMENTAR II: PRIMAVERA SEM FLORES
socialista, tais como o trabalho coletivo, a vida simples e a “Na antiga Tchecoslováquia, a primavera de 1968 anunciava novos
felicidade desvinculada da odiosa sociedade capitalista de ares de liberdade para o país. O céu azul, os dias mais longos, os
consumo. jardins floridos e o sorriso dos jovens refletiam a chegada não
LEITURA COMPLEMENTAR I: O IMPACTO CULTURAL DA apenas de uma nova estação, mas de um novo tempo. Em Praga,
GUERRA FRIA o ar estava perfumado de alegria e otimismo. Os estudantes
desfilavam pelo centro histórico de sua bela cidade vestidos como a
“A Guerra Fria se manifestou em todos os setores da vida e da
juventude das metrópoles da Europa ocidental: cabelos compridos,
cultura. No plano cultural, ela significou a oposição entre dois ideais
jeans, sandálias e minissaias. Clubes, boates e cafés brotavam
de felicidade: o ideal comunista ou socialista e o capitalista. Para os
como cogumelos, enchendo as ruas com o som de ritmos
comunistas, a sociedade justa é a sociedade igualitária, em que o
americanos como jazz e rock. As revistas, os jornais, o rádio e a
Estado é o dono dos bancos, das fábricas, das terras. É o Estado
televisão, apesar de totalmente controlados pelo governo,
que deve distribuir as riquezas e garantir uma vida decente aos
veiculavam, com uma liberdade até então desconhecida, notícias
cidadãos: o bem público e coletivo deve ser colocado acima do
do que acontecia pelo país e o mundo. A censura, praticamente
bem privado e individual. Para os capitalistas, o raciocínio é o
tinha deixado de existir e, na defesa dos valores democráticos, as
inverso. A felicidade individual é mais importante. O Estado justo é
publicações ousavam cada vez mais, testando cautelosamente os
aquele que garante a cada indivíduo poder procurar livremente seu
limites do que era aceitável e do que era proibido.
lucro e construir, dessa forma, uma vida feliz. A solução dos
problemas sociais vem depois. É por isso que a implantação Os acontecimentos haviam se acelerado no dia 5 de janeiro,
internacional, em termos globais, de um dos dois sistemas, só quando um discreto e cauteloso burocrata eslovaco de 46 anos
poderia acontecer mediante o desaparecimento do outro. Nenhum chamado Alexander Dubcek assumiu a liderança do Partido
país poderia ser, ao mesmo tempo, capitalista e comunista. Comunista no lugar de Antonin Novotny, um político corrupto e
oportunista que durante algum tempo comandou os destinos da
Durante os anos 40 e parte dos anos 50, o mundo foi bombardeado
Tchecoslováquia, acumulando as funções de chefe do partido e do
com imagens que tentavam provar como os indivíduos do ‘outro
Estado. (...)
lado’ eram sofredores.
Dubcek, apoiado por um grupo de jovens intelectuais comunistas,
Os capitalistas mostravam que em seu próprio setor a vida era
tinha como plataforma um plano de ação que propunha reformas na
brilhante. Os cidadãos comuns possuíam carros e bens de
estrutura política para livrá-la dos derradeiros resquícios de
consumo, gozavam de liberdade de trânsito e de opinião. As donas
autoritarismo e despotismo. Ele jamais questionava o comunismo e
de casa tinham a vida facilitada pelos novos aparelhos ou produtos
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
129
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

a amizade entre os países ditos socialistas que se alinhavam sob a liberdades que floresceram no curto espaço de uma primavera
liderança do Partido Comunista da União das Repúblicas foram parar na lata de lixo da história.”
Socialistas Soviéticas. Mas, para ele, era o momento de ‘dar uma (ZAPPA, Regina. SOTO, Ernesto. 1968: eles só queriam mudar o mundo. Rio de
face humana ao socialismo’. (...) Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008, p. 184-190.)
Mesmo sendo absolutamente sincero nas suas repetidas LEITURA COMPLEMENTAR III: A CORTINA DE FERRO
declarações de fidelidade ao socialismo, Dubcek não percebia que Cortina de Ferro é uma expressão célebre utilizada para designar
os desvios e aberrações que marcavam a existência do bloco dito o domínio da extinta União Soviética sobre os países do leste da
socialista não permitiriam o desabrochar dos valores democráticos Europa. Tal nome surgiu de um discurso do primeiro-ministro
em um país atrás da Cortina de Ferro [expressão usada para britânico Winston Churchill, proferido a 5 de março de 1946 no
designar o domínio e a influência que a URSS exercia sobre os Westminster College, na cidade de Fulton, Missouri, nos Estados
países do Leste europeu] e integrante do Pacto de Varsóvia. Unidos.
Reformas políticas e econômicas, Judiciário independente,
Afirmava Churchill em seu famoso discurso que “…uma cortina de
imprensa livre, tolerância religiosa, garantia dos direitos civis,
ferro desceu sobre a Europa…”, dando a entender que havia sido
federalização efetiva que respeitasse plenamente os direitos dos
estabelecida uma severa divisão político-ideológica entre os
tchecos e eslovacos e liberdade de organização partidária (que
regimes autoritários comunistas e os sistemas liberais capitalistas,
significava o fim do monopólio do Partido Comunista) eram valores
com a imagem do bloco socialista pintada como a vilã da contenda.
impossíveis de serem aceitos pelos aliados de Moscou. (...)
A URSS, vencida as potências do eixo, era agora a principal
Terça-feira, dia 20 de agosto. Um dia quente e abafado. inimiga da coligação anglo-saxâ, defensora dos valores da
Precisamente às onze horas da noite, 165 mil soldados de cinco sociedade ocidental contemporânea.
países do Pacto de Varsóvia – Hungria, Alemanha Oriental, É neste cenário que a política dos EUA sofre então uma guinada,
Polônia, Bulgária e União Soviética – 4.600 tanques, 250 aviões pois além do já citado antagonismo com seu novo inimigo, a União
estacionados nas fronteiras norte, sul, leste e oeste e no interior da Soviética, o país abre mão de sua histórica política externa de
Tchecoslováquia foram mobilizados tendo como alvos e destinos neutralidade para iniciar um período de maior interferência nas
Praga, Bratislava e as principais cidades do país. Começava a principais questões mundiais. A única grande potência capitalista
Operação Danúbio. Informado da invasão, o governo deu ordem restante passa a atuar ativamente no plano internacional, numa
para que seu Exército não resistisse. fase esta que se estende até os nossos dias, e que recebe a
(...) Dubcek não renunciou, permaneceu no cargo e rafirmando ser denominação de “globalismo”.
o único poder legal no país, e a população indefesa reagiu com Mas é a partir da construção do Muro de Berlim, que separava os
implacável tenacidade e extraordinária coragem, enfrentando os setores comunista e capitalista da cidade de Berlim, que o termo
tanques russos com pedras e coquetéis molotov. Jornalistas da TV “cortina de ferro” ganhou renovado fôlego entre a imprensa e
tcheca conseguiram contrabandear para Viena, e dali para todo o opinião pública dos países ocidentais, sugerindo também o modo
mundo, cenas dos tanques esmagando as improvisadas ferrenho com que os países socialistas buscavam delimitar suas
barricadas, construídas às pressas, e disparando contra jovens fronteiras, evitando qualquer “contaminação” dos países
desarmados. As imagens chocaram o mundo, criaram um forte capitalistas. De certo modo, tal associação fazia sentido, pois
embaraço para os comunistas e despertaram um grande naquela parte da Europa, recortada politicamente de uma ponta à
movimento de solidariedade para com o povo da Tchecoslováquia. outra, via-se um cenário de milhares de quilômetros fortificados
com muros de concreto, arame farpado, fossas e equipamentos de
Em Praga e Bratislava, estudantes se aproximavam dos tanques ativação de armas automáticas.
tripulados por jovens russos e perguntavam o que eles estavam
Esta guerra ideológica, travada entre os dois sistemas políticos,
fazendo ali e por que não iam embora. Na tragédia ainda
causou um isolamento social, econômico e cultural que durou
sobreviveu um pouco de humor e nos muros podiam ser lidos aproximadamente 45 anos, onde em muitos casos ocorreu o
grafites que diziam: ‘Lênin, acorde! Brejnev enlouqueceu!’ e ‘O circo isolamento até mesmo de caráter emocional, dividindo famílias,
russo chegou trazendo gorilas amestrados.’ Quando os russos casais, amigos, separados pela competição ferrenha entre as
bombardearam e tiraram do ar a Rádio Praga, rádios piratas mentes dos povos da Europa.
entraram imediatamente em cena com notícias da resistência,
A cortina de ferro, por sua vez, só seria levantada entre 1989 e
passando instruções para a população e difundindo o lema
1991, com a queda dos vários regimes de esquerda que
‘Estamos com vocês. Estejam conosco.’ dominavam o leste europeu, numa espiral de revolta e
O mundo reagiu com indignação à invasão. Entre os próprios descontentamento com a falência da retórica socialista, em
países e partidos comunistas houve protestos. Apenas dez especial no campo econômico.
aprovaram a invasão. A então Iugoslávia e a Romênia protestaram Disponível em: http://www.infoescola.com/historia/cortina-de-ferro/ Acesso em: 30
abertamente. Estudantes foram às ruas em Belgrado e Bucareste. mai. 2013 (adaptado)
Alguns dos maiores partidos comunistas – o japonês, o italiano e o
francês – se manifestaram contra. Para decepção dos jovens latino-
americanos, Fidel Castro aprovou.
Milhares de tchecos foram forçados a deixar seu país e buscar
asilo. Quando o verão da liberdade chegou ao fim, o sonho que
embalara a Primavera de Praga havia acabado. Seiscentos e
cinquenta mil soldados estrangeiros e quase 7 mil tanques
ocupavam o país. A censura à imprensa havia voltado e as

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


130
Aula 29 – Guerra Fria (Parte 1)
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Em consequência da II Guerra Mundial, as relações de poder viram-se drasticamente alteradas. (…)
com [as superpotências] competindo pela supremacia e esforçando-se por arrastar os estados
restantes para suas órbitas.
Burns, Lerner & Meacham. História da Civilização Ocidental, p. 737-738.

O fragmento acima faz referência à instauração da Guerra Fria, que marcou a história mundial até
1991 e
a) destacou-se como período de tensão entre duas potências, os EUA e a China democrática, na
disputa pelo controle da economia mundial.
b) desencadeou a descolonização de países na África, Ásia e América, até então domínio dos
impérios europeus.
c) caracterizou-se pela bipolaridade nas relações internacionais com a hegemonia de sistemas
antagônicos - o capitalista dos EUA e o comunista da URSS.
d) ocorreu sob o signo do terrorismo das armas nucleares, monopólio da URSS contra os países do
Leste europeu, com vistas à expansão e conquista da Europa ocidental.
e) foi marcada pelo papel da União Europeia em oposição à política externa dos EUA no Oriente
Médio, sob a égide do terrorismo internacional.

Questão 02
Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria dividiu a Europa em dois blocos. Essa divisão propiciou a
formação de alianças antagônicas de caráter militar, como a OTAN, que aglutinava os países do bloco
ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que concentrava os do bloco oriental.
É importante destacar que, na formação da OTAN, estão presentes, além dos países do oeste
europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão histórica atingiu igualmente os âmbitos político e
econômico que se refletia pela opção entre os modelos capitalista e socialista.

Essa divisão europeia ficou conhecida como:


a) Cortina de Ferro.
b) Muro de Berlim.
c) União Europeia.
d) Convenção de Ramsar.
e) Conferência de Estocolmo.

Questão 03
A condição norte-americana de superpotência consolidou-se realmente no momento da rendição da
Alemanha e do Japão e da realização das conferências de Yalta e Potsdam, que selaram o
encerramento da guerra. O crescimento do poderio soviético e a decadência das velhas potências
europeias formavam o pano de fundo para que Washington assumisse finalmente a vocação de
liderança do Ocidente capitalista.
A hegemonia global dos Estados Unidos da América (EUA) traduzia-se nas esferas econômica e
estratégica. Os conglomerados transnacionais americanos tornam-se grandes investidores. Na
condição de credores das nações capitalistas, os EUA organizam programas voltados para a
reconstrução europeia (Plano Marshall) e asiática (Plano Colombo). Os acordos de Bretton Woods
transformavam o dólar em “moeda do mundo”, ao estabelecerem um sistema de paridade fixa e
convertibilidade entre o dólar e o ouro. Cria-se uma nova arquitetura financeira global, cujos
instrumentos eram o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD, ou Banco
Mundial) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
MAGNOLI, Demétrio. O Mundo Contemporâneo. São Paulo: Atual, 2004, p. 71-2.

A respeito da situação geopolítica do mundo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), infere-se
que
a) os EUA saíram fortalecidos do conflito e se afirmaram como a única potência hegemônica, tanto no
cenário econômico como no militar.
b) a Europa buscou compensar seu declínio político, mantendo a repressão e o controle sobre suas
colônias africanas e asiáticas.
c) ocorreu o armamentismo nos EUA e na União Soviética, assim como, em menor escala, nos países
europeus e na China.
d) o clima de disputa e rivalidades entre os países da Europa Ocidental intensificou-se, sobretudo após

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


131
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

a construção do muro de Berlim.


e) ocorreu o declínio econômico dos EUA em função do aumento da dívida pública do governo devido
a ajuda para a reconstrução europeia e asiática.
Anotações
Questão 04
Em agosto de 1968, milhares de tchecos saíram às ruas de Praga, protestando contra a ocupação de
seu país por tanques e tropas da URSS. Apesar do caráter de protesto, a maioria das manifestações
não fez uso da violência contra os agressores soviéticos. Um exemplo disso encontra-se num grafite
escrito, nessa época, num dos muros da cidade: “Circo russo na cidade: favor não alimentar os
animais!”.
A ocupação da Tchecoslováquia por tanques e tropas da URSS e a consequente mobilização da
população tcheca devem ser analisadas no contexto:
a) da política externa soviética de oposição aos movimentos de descolonização que marcaram os anos
pós-guerra.
b) da retaliação do governo de Moscou à tentativa tcheca de se separar da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas.
c) da oposição de Moscou à tentativa tcheca de construir um modelo de socialismo independente da
tutela soviética.
d) da repressão armada soviética aos movimentos de contracultura que marcaram o fim da década de
60.
e) das frequentes intervenções militares soviéticas nos países da Europa Ocidental, área de influência
de Moscou.

Questão 05
Durante a Guerra Fria, desenvolveu-se, nos Estados Unidos, uma ideologia conhecida como
macartismo.
Essa ideologia tinha como objetivo:
a) Caracterizar as bases da política externa dos Estados Unidos para a América Latina depois da
Revolução Cubana.
b) Definir os fundamentos da doutrina geopolítica dos Estados Unidos para as Américas e para a
região do oceano Pacífico.
c) Definir os princípios da presença das multinacionais americanas nas regiões de grande interesse
estratégico dos Estados Unidos.
d) Fundamentar organizações internacionais, como a ONU, a OEA e a OTAN, que se tornaram
grandes instrumentos de execução da política externa americana durante a Guerra Fria.
e) Vigiar e impedir que simpatizantes de ideologias de esquerda ocupassem cargos de liderança e
influência no funcionalismo público, no governo, nas universidades, nos meios de comunicação e nas
grandes corporações econômicas americanas.

Questão 06
"Naqueles tempos havia equilíbrio e medo de destruição mútua. Naqueles tempos, uma parte tinha
medo de dar um passo extra sem consultar as outras. Era com certeza uma paz frágil e assustadora,
mas vista de hoje ela nos parece suficientemente confiável. Hoje parece que a paz não é tão
confiável."
A declaração do presidente russo Vladimir Putin, dada em fevereiro de 2007, evoca:
a) O período anterior à Segunda Guerra Mundial.
b) A "belle époque", que julgava impossível uma nova guerra geral.
c) A situação vigente após a Primeira Guerra Mundial.
d) A era stalinista, auge da URSS como potência.
e) O mundo bipolarizado da guerra fria.

Questão 07
"É lógico que os EUA devem fazer o que lhes for possível para ajudar a promover o retorno ao poder
econômico normal no mundo, sem o que não pode haver estabilidade política nem garantia de paz."
(Plano Marshall 5. VI. 1947)

Esse plano
a) assegurava a penetração de capitais norte-americanos no continente europeu, sobretudo em sua
parte oriental.
b) garantia, aos norte-americanos, o retorno a uma política isolacionista, voltada unicamente para os
seus interesses internos.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


132
Aula 29 – Guerra Fria (Parte 1)
c) pretendia deter as ameaças soviéticas sobre os países do Oriente Médio, cuja produção de petróleo
era vital para as economias ocidentais.
d) era um instrumento decisivo na luta contra o avanço do comunismo na Europa arrasada pelo pós-
Anotações
guerra.
e) representava uma tomada da tradicional política da "boa vizinhança" dos EUA em relação à América
Latina.

Questão 08

Os quadrinhos ironizam a bipolaridade característica da Guerra Fria, ordem de poder mundial que
marcou a maior parte da segunda metade do século XX.
a) formação de blocos militares, que deu origem à política do "Big Stick"
b) corrida armamentista, que gerou a doutrina da "Destruição Mútua Assegurada"
c) conflitos bélicos diretos entre EUA e URSS, que estabeleceram o "Equilíbrio do Terror"
d) confrontos regionais manipulados pelas superpotências, que resultaram na "Détente"

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


133
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Questão 01
Todas as tardes de segundas e terças-feiras do segundo semestre,
dou aula na Universidade de Yale sobre História da Guerra Fria.
Preciso sempre lembrar a mim mesmo que quase nenhum de
meus alunos tem recordações de qualquer dos acontecimentos
que descrevo.
Quando falo de Stalin e Truman e até mesmo de Reagan e
Gorbatchev, é como se contasse histórias de Napoleão, César ou O diálogo de Mafalda com a mãe indica que
Alexandre, o Grande. A maioria da classe de 2005, por exemplo, a) as relações internacionais se baseiam na hegemonia
tinha apenas cinco anos quando veio abaixo o muro de Berlim. econômica e financeira de alguns grupos e não nos princípios
Eles sabem que a Guerra Fria lhes enformou a vida de várias éticos de autonomia dos povos.
maneiras porque ouviram dizer que ela afetou suas famílias. b) o poder de um presidente é soberano, independentemente das
Alguns – não todos – percebem que, se algumas decisões relações econômicas estabelecidas, o que garante a ética na
tivessem sido diferentes, em certos instantes críticos daquele política.
conflito, eles poderiam nem ter tido uma vida a viver. Mas meus c) nas relações políticas e econômicas o que prevalece é a
alunos se inscrevem no curso com pouquíssima noção da forma esperteza, postura que não fere princípios éticos.
como terminou. Para eles, é história: em nada diferente da Guerra d) existem instituições que, por serem internacionais, adotam
do Peloponeso. princípios éticos precisos na sua conduta.
GADDIS, John Lewis. História da Guerra Fria. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, e) princípios éticos são relativos e dependem da avaliação
2005. daqueles que detém o poder em um país.
Com base no texto e em seus conhecimentos, pode-se afirmar que Questão 03
o autor
a) evidencia a grande afinidade da nova geração pós Guerra Fria Em conflitos regionais e na guerra entre nações tem sido
com o conhecimento histórico e valoriza o entendimento dos observada a ocorrência de sequestros, execuções sumárias,
fenômenos sociais e políticos e da evolução e da dinâmica torturas e outras violações de direitos. Em 10 de dezembro de
geopolítica mundial. 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou a Declaração
b) entende que o enorme distanciamento do fim da Guerra Fria Universal dos Direitos do Homem, que, em seu artigo 5º, afirma:
mostra um processo de esquecimento coletivo que atinge a Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos
totalidade da nova geração. Esta estaria apenas interessada em cruéis, desumanos ou degradantes.
seu passado recente, desprezando o universo cultural do período Assim, entre nações que assinaram essa Declaração, é coerente
analisado pelo autor. esperar que
c) constata que os alunos, na maioria, têm preocupações diretas a) a Constituição de cada país deva se sobrepor aos Direitos
com o processo de formação do mundo capitalista no pós Guerra Universais do Homem, apenas enquanto houver conflito.
Fria e sabem identificar a posição histórica de cada personagem b) a soberania dos Estados esteja em conformidade com os
histórico, individualizando-os no espaço e tempo. Direitos Universais do Homem, até mesmo em situações de
d) observa que seus alunos, talvez pelo dinamismo do mundo conflito.
atual, perderam, relativamente, a noção de passado recente. c) a violação dos direitos humanos por uma nação autorize a
Apenas alguns deles conseguem distinguir a importância e a mesma violação pela nação adversária.
periculosidade, para a humanidade, de um processo como a d) sejam estabelecidos limites de tolerância, para além dos quais a
Guerra Fria. violação aos direitos humanos seria permitida.
e) entende que fenômenos sem importância como a Guerra Fria e) a autodefesa nacional legitime a supressão dos Direitos
realmente não apresentam pontos de interesse para a geração Universais do Homem.
atual, mais interessada em grandes líderes do passado e em fatos
relevantes para a cultura ocidental, como, por exemplo, a Guerra Questão 04
do Peloponeso entre gregos e persas.

Questão 02
Leia os quadrinhos a seguir, com a personagem Mafalda, de
autoria do argentino Quino.

Texto do Cartaz: ”Amor e não guerra“


(Foto de jovens em protesto contra a Guerra do Vietnã. Disponível em:
http://goldenyears66to69.blogspot.com. Acesso em: 10 out. 2011.)

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


134
Aula 29 – Guerra Fria (Parte 1)
Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra, movimentos como o a) o fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial que dividiu
Maio de 1968 ou a campanha contra a Guerra do Vietnã o mundo em dois blocos ideológicos opostos.
culminaram no estabelecimento de diferentes formas de b) a inserção de alguns países do Leste Europeu em organismos
participação política. Seus slogans, tais como “Quando penso em supranacionais, com o intuito de exercer o controle ideológico no
revolução quero fazer amor”, se tornaram símbolos da agitação mundo.
cultural nos anos 1960, cuja inovação relacionava-se c) a crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia levando à
a) à contestação da crise econômica europeia, que fora provocada polarização ideológica da antiga URSS.
pela manutenção das guerras coloniais. d) a confrontação dos modelos socialistas e capitalista para deter o
b) à organização partidária da juventude comunista, visando o processo de unificação das duas Alemanhas.
estabelecimento da ditadura do proletariado. e) a prosperidade as economias capitalistas e socialistas, com o
c) à unificação das noções de libertação social e libertação consequente fim da Guerra Fria entre EUA e a URSS.
individual, fornecendo um significado político ao uso do corpo.
d) à defesa do amor cristão e monogâmico, com fins à reprodução, Questão 07
que era tomado como solução para os conflitos sociais. A divisão da Alemanha entre os Aliados, no final da Segunda
e) ao reconhecimento da cultura das gerações passadas, que Guerra Mundial (1939-1945), expressa a relação entre as disputas
conviveram com a emergência do rock e outras mudanças nos políticas e a definição de fronteiras territoriais.
costumes.
Considerando as tensões europeias nessa circunstância, conclui-
Questão 05 se que a
Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim a) zona de influência francesa em território alemão pretendia pôr
da União Soviética, não foram um período homogêneo único na fim ao revanchismo entre esses países, presente desde o Tratado
história do mundo. (...) dividem-se em duas metades, tendo como de Versalhes.
divisor de águas o início da década de 70. Apesar disso, a história b) intervenção aliada desejava controlar os desejos expansionistas
deste período foi reunida sob um padrão único pela situação alemães, sustentados pela permanência da propaganda nazista.
internacional peculiar que o dominou até a queda da URSS. c) atuação dos ingleses na partilha das zonas alemãs visava apoiar
(HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos. São Paulo: Cia das Letras, 1996) a presença soviética na região do Leste Europeu.
d) constituição das zonas de influência na Alemanha expunha o
O período citado no texto e conhecido por "Guerra Fria" pode ser temor europeu em relação aos interesses nacionalistas que
definido como aquele momento histórico em que houve agitavam os Bálcãs.
a) corrida armamentista entre as potências imperialistas europeias e) criação da República Democrática Alemã e da República
ocasionando a Primeira Guerra Mundial. Federal Alemã expôs a força política soviética e norte-americana
b) domínio dos países socialistas do sul do globo pelos países no Continente Europeu.
capitalistas do Norte.
c) choque ideológico entre a Alemanha Nazista/União Soviética Questão 08
Stalinista, durante os anos 30.
Os anos posteriores à Segunda Guerra Mundial foram tensos entre
d) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente
as grandes potências mundiais. Considerando-se a Organização
e as potências orientais, como a China e Japão.
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e o Pacto de Varsóvia,
e) constante confronto das duas superpotências que emergiam da
criados nesse período, é correto afirmar que:
Segunda Guerra Mundial.
a) A OTAN visava a apaziguar os conflitos relacionados à divisão
da cidade de Berlim, bem como a proteger os países sob sua
Questão 06
influência econômica das ameaças de invasão externa e de
Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais veiculados nos conflitos militares.
jornais era o que tratava da moeda única europeia. Leia a notícia b) Ambos desenvolveram políticas que incentivaram a chamada
destacada a seguir. Corrida Armamentista, que, durante o período da Guerra Fria,
O nascimento do Euro, a moeda única a ser adotada por onze colocou o Planeta sob a ameaça de uma guerra nuclear.
países europeus a partir de 1 de janeiro, é possivelmente a mais c) Ambos foram estabelecidos, simultaneamente, para defender os
importante realização deste continente nos últimos dez anos que interesses dos países que disputavam, após a Segunda Guerra,
assistiu à derrubada do Muro de Berlim, à reunificação das uma reordenação dos espaços europeu e americano.
Alemanha, à libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da d) Os países signatários do Pacto de Varsóvia se aliaram e, para
União Soviética. Enquanto todos esses eventos têm a ver com a defender seus interesses financeiros, formaram um bloco
desmontagem de estruturas do passado, o Euro é uma ousada econômico, a fim de competir com a Alemanha, a Inglaterra e os
aposta no futuro e uma prova da vitalidade da sociedade europeia. Estados Unidos.
A "Euroland", região abrangida por Alemanha, Áustria, Bélgica,
Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Questão 09
Portugal, tem um PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase
Sobre o período denominado "Guerra Fria", da segunda metade do
80% do americano, 289 milhões de consumidores e responde por
século XX até a Queda do Muro de Berlim, em 1989, é correto
cerca de 20% do comércio internacional. Com este cacife, o Euro
afirmar que:
vai disputar com o dólar a condição de moeda hegemônica.
(Gazeta Mercantil, 30/12/1998) a) Destacou-se como período de tensão entre duas potências, os
EUA e a China democrática, na disputa pelo controle da economia
A matéria refere-se à "desmontagem das estruturas do passado" mundial.
que pode ser entendida como b) Desencadeou a descolonização de países na África, Ásia e
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
135
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

América, até então domínio dos impérios europeus. Questão 12


c) Caracterizou-se pela bipolaridade nas relações internacionais "A Segunda Guerra Mundial mal terminara quando a humanidade
com a hegemonia de sistemas antagônicos - o capitalista dos EUA mergulhava no que se pode encarar, razoavelmente, como
e o comunista da URSS. Terceira Guerra Mundial, embora uma guerra muito peculiar. Pois
d) Deu-se sob o signo do terrorismo das armas nucleares, como observou o grande filósofo Thomas Hobbes, "guerra consiste
monopólio da URSS contra os países do Leste europeu, com vistas não só na batalha, ou no ato de lutar: mas num período de tempo
à expansão e conquista da Europa ocidental. em que a vontade de disputar pela batalha é suficientemente
e) Foi marcado pelo papel da União Europeia em oposição à conhecida" (Hobbes, capítulo 13). A Guerra Fria entre EUA e
política externa dos EUA no Oriente Médio, sob a égide do URSS, que dominou o cenário internacional na segunda metade do
terrorismo internacional. Breve Século XX, foi sem dúvida um desses períodos."
(Hobsbawm, Eric. "Era dos Extremos, o breve século XX -1914-1991", São Paulo,
Questão 10 Cia das Letras, 1995.)
O "Muro de Berlim" foi construído em 1961 e derrubado em 1989.
Sobre ele, é possível dizer que Com relação ao período conhecido como Guerra Fria, verificamos
a) tinha o mesmo objetivo do muro que os Estados Unidos que:
pretendem construir em sua fronteira com o México: impedir a a) a humanidade vivia sob constante ameaça de uma guerra
imigração ilegal de ocidentais, interessados nos benefícios do nuclear, em que dois países decidiriam o destino do mundo.
socialismo. b) o bloco socialista sempre defendeu o desarmamento, apesar da
b) provocou a divisão da Alemanha em duas partes, com o rivalidade entre as duas potências.
surgimento, a leste, da Alemanha Democrática (ou Oriental) e da c) o texto fez referência a uma Terceira Guerra Mundial, porém o
Alemanha Federativa (ou Ocidental), a oeste. bloco capitalista nunca interferiu na política latino-americana.
c) desempenhava a mesma função do muro que Israel está d) ao longo do século XX, não se observaram movimentos
construindo na Palestina: evitar a entrada de terroristas em seu contestatórios à bipolarização.
território e aumentar a segurança do Estado e da população. e) o mundo assistiu passivamente à disputa entre as duas
d) foi destruído pelas tropas soviéticas quando tomaram Berlim ao potências, portanto não podemos concordar com a ideia de a
final da Segunda Guerra Mundial, derrotando o nazismo e Guerra Fria ser um fenômeno mundial.
obrigando a Alemanha a se tornar socialista.
e) simbolizou a divisão do mundo durante a Guerra Fria, separando Questão 13
em dois a cidade de Berlim e estabelecendo contraste entre o Leia os trechos da mensagem do presidente Harry Truman, dos
mundo capitalista e o mundo socialista. Estados Unidos da América, ao Congresso, em 1947.
No momento atual da história do mundo quase todas as nações se
Questão 11 veem na contingência de escolher entre modos alternativos de
vida. E a escolha, algumas vezes, não é livre. Acredito que a
política dos Estados Unidos deve ser a de apoiar os povos livres
que estão resistindo à subjugação tentada por minorias armadas
ou por pressões vindas de fora. Acredito que precisamos ajudar os
povos livres a elaborar os seus destinos à sua maneira. (...) Se
fraquejarmos em nossa liderança, poderemos pôr em perigo a paz
do mundo e poremos seguramente em perigo o bem-estar da
nossa nação.
(Ricardo de Moura Faria e outros. "História".
Belo Horizonte: Lê, 1993. p. 366-7)

Os princípios contidos na mensagem serviram como justificativa


para que o governo dos Estados Unidos da América
a) ajudasse, militar e economicamente, a luta de independência
dos países africanos e asiáticos.
b) contribuísse para a proliferação de governos democráticos em
todo o continente americano.
c) desse continuidade à política intervencionista visando garantir
A charge, de autoria de Belmonte e publicada em 20 de agosto de sua hegemonia no mundo.
1946, apresenta Truman e Stálin como jogadores e o mundo como d) reconhecesse os direitos políticos e a liberdade de expressão
a bola em jogo. Através desse desenho, o autor procurou dos cidadãos do seu próprio país.
expressar: e) desencadeasse uma política de pacificação e ajuda econômica
a) a importância que os esportes em geral adquiriram no contexto no Oriente Médio.
da ordem internacional bipolarizada.
b) a disputa entre as duas superpotências querendo assegurar sua Questão 14
hegemonia no cenário internacional. "O aspecto mais marcante da ordem geopolítica bipolar foi a
c) os interesses políticos presentes nos torneios de futebol, chamada Guerra Fria. Ela consistiu simultaneamente numa disputa
principalmente naqueles de caráter internacional. e numa conivência entre Estados Unidos e ex União Soviética. Foi
d) a preocupação das principais lideranças no sentido de se uma disputa tanto político-militar e econômica como diplomática,
garantir um equilíbrio de forças na esfera global. cultural e ideológica. Pode-se dizer que ela representou uma
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
136
Aula 29 – Guerra Fria (Parte 1)
espécie de prolongamento da Segunda Guerra Mundial, só que
sem as batalhas, sem os conflitos militares diretos."
(VESENTINI, José William. "A nova ordem mundial". São Paulo: Ática, 1995, p.12.)

A partir da leitura do texto, pode-se compreender que a ausência


de conflitos militares diretos entre as duas superpotências significa
que:
a) a competição econômica neutralizou os conflitos militares
durante os anos da Guerra Fria.
b) as disputas militares ocorreram de forma indireta em outros
países, como os do Terceiro Mundo.
c) a ideia de democracia presente na ideologia capitalista e na
socialista impediu a eclosão de movimentos militares.
d) a paz predominou no mundo a partir do pleno funcionamento
das relações diplomáticas.
e) o progressivo desarmamento no planeta ocorreu com o fim da
Segunda Guerra Mundial.

Questão 15
Leia esta notícia de primeira página da Folha de S. Paulo de
20/08/61:
MOSCOU REJEITA OS PROTESTOS DOS ALIADOS SOBRE A
CRISE DE BERLIM.
(...) o Kremlin 'compreende e apoia plenamente o fechamento
“temporário” da fronteira, ordenado pelo governo comunista alemão
(...)

(...) Uma boa parte da resposta soviética está dedicada a reafirmar


que a zona oriental de Berlim procura fechar o caminho às
atividades subversivas empreendidas, da zona ocidental, contra a
República Democrática Alemã e os demais países da comunidade
socialista."

Sobre o contexto histórico, ao qual se refere a notícia, é correto


afirmar que:
I. A divisão da Alemanha em duas se deu alguns anos após a
ocupação pelos Aliados, já no período da Guerra Fria.
II. A República Federal Alemã era um país socialista e a República
Democrática Alemã era capitalista.
III. Berlim Oriental pertencia à Alemanha socialista e Berlim
Ocidental pertencia à Alemanha capitalista.
IV. A comunidade socialista era integrada por países do Leste
Europeu.

Estão corretas
a) II e III, somente.
b) II e IV, somente.
c) I, II e IV, somente.
d) I, III e IV, somente.
e) I, II, III e IV.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


137
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

A GUERRA FRIA (PARTE 2)


A DESCOLONIZAÇÃO AFRO-ASIÁTICA
Durante a Guerra Fria, os países afro-asiáticos conseguiram se libertar do domínio colonial europeu. A esse processo dá-se o nome de
“descolonização”. Com o esfacelamento dos impérios coloniais europeus, novos países surgiram, alterando a geopolítica internacional.
Entre os principais fatores que estimularam a descolonização, destacam-se:
• o enfraquecimento das potências europeias após a Segunda Grande Guerra, que
comprometeu sua capacidade de reagir aos movimentos de libertação colonial;
• a eclosão de uma onda nacionalista afro-asiática que estimulou a luta pela independência
nas colônias;
• o interesse das superpotências (EUA e URSS) em ampliar seu raio mundial de influência,
o que resultou no apoio das mesmas aos movimentos de descolonização;
• a criação da ONU (1945), que passou a defender o direito dos povos à autodeterminação
e ao autogoverno.
Em 1955, vinte e nove países afro-asiaticos já independentes se reuniram em Bandung,
Indonésia. Debateram seus problemas, discutiram os rumos do movimento de A Conferência de Bandung (1955).
descolonização, manifestaram seu apoio aos países que ainda não tinham conseguido a
emancipação política, condenaram toda forma de racismo e colonialismo e proclamaram-se
pertencentes ao Terceiro Mundo, rejeitando o alinhamento automático às superpotências. A Conferência de Bandung foi um poderoso
marco no processo de descolonização dos povos afro-asiáticos; entretanto, os países reunidos em Bandung não foram capazes de traçar
com clareza ações práticas que pudessem livrar as ex colônias do trágico signo do subdesenvolvimento e da pobreza.
Destacamos aqui o processo de descolonização da Índia (1947), comandado por Mahatma Gandhi.
Colônia inglesa desde o século XIX, a Índia conseguiu sua independência graças à desobediência
civil, estratégia que Gandhi e seus seguidores adotaram para dobrar as autoridades britânicas. Os
indianos deveriam ignorar as ordens dos colonizadores, desobedecendo-os de forma aberta e
deliberada, sem reagir com violência às retaliações que viriam. Além de desobedecer às autoridades
coloniais, os indianos deveriam boicotar o consumo de produtos ingleses.
Um dos mais importantes momentos da desobediência civil foi a “marcha do sal”, produto cujo
monopólio se encontrava nas mãos da metrópole. Gandhi e um grupo de indianos percorreram, a pé,
centenas de quilômetros, até chegar ao litoral para ferver a água do mar e, dessa forma, produzir sal,
em mais uma demonstração de desobediência aos colonizadores britânicos. Mahatma Gandhi.
Estimulado a continuidade do movimento, Gandhi disse: “A primeira coisa, portanto, é dizer-vos a vós
mesmos: Não aceitarei mais o papel de escravo. Não obedecerei às
ordens como tais, mas desobedecerei quando estiverem em conflito
com a minha consciência. O assim chamado patrão poderá surrar-vos
e tentar forçar-vos a servi-lo. Direis: Não, não vos servirei por vosso
dinheiro ou sob ameaça. Isso poderá implicar sofrimentos. Vossa
prontidão em sofrer acenderá a tocha da liberdade que não poderá
jamais ser apagada.”
Incapaz de reprimir o movimento de desobediência civil, o governo
britânico seretirou da Índia em 1947. Com a saída dos colonizadores,
vieram à tona, de forma ainda mais forte, as diferenças entre os
índianos que professavam a fé hindu e os que professavam a fé
islâmica. O país acabou se dividindo em dois: Índia (abrigando a
população de maioria hindu) e Paquistão (abrigando a população de
maioria islâmica). Um terceiro país surgiu no ano seguinte, na ilha do
Ceilão, adotando o nome de Sri Lanka (população de maioria budista).
No meio de toda essa agitação, a Caxemira, cuja população é de
maioria islâmica, acabou incorporada à Índia, desagradando a vontade
da maior parte de seus habitantes, que desejavam a incorporação do
território ao Paquistão.
De olho na situação, o governo paquistanês passou a apoiar um movimento separatista na Caxemira, o que transformou a região numa
permanente zona de tensão entre a Índia e o Paquistão.
A GUERRA DA CORÉIA
Ocupada por tropas japonesas durante a Segunda Grande Guerra, a Coréia foi libertada pelas forças militares dos Aliados ao fim do conflito
mundial. Dividida em duas zonas de ocupação, na altura do paralelo 38, a península da Coréia deu origem a dois países: ao norte, a

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


Aula 30 – Guerra Fria (Parte 2)
República Popular Democrática da Coréia, de orientação socialista, com a capital
na cidade de Pyongyang; ao sul, a República da Coréia, capitalista, com a capital
em Seul.
A situação apresentava tonalidades extremamente explosivas para a paz, uma
vez que tanto o governo de Pyongyang como o de Seul reivindicavam a totalidade
do território da península coreana. A fronteira entre as duas Coréias se
transformou numa das principais zonas de tensão do pós guerra.
Em 1950, sob as ordens do líder norte-coreano Kim II Sung, tropas da República
Popular Democrática da Coréia invadiram a República da Coréia com o objetivo
de unificar os dois países sob o regime socialista. Tropas norte-americanas foram
mobilizadas em socorro da Coréia do Sul. Depois de 3 anos de conflito, que A península coreana, dividida em dois países após a Segunda
deixou um saldo de mais de 3 milhões de mortos, os dois países assinaram o Guerra Mundial.
armistício de Pan Munjon (1953), encerrando o conflito e restabelecendo os
antigos limites de fronteiras e criando uma zona desmilitarizada entre a Coréia do Norte e a Coréia do Sul.
Depois do conflito, a Coréia do Sul passou a receber investimentos estrangeiros, transformando-se numa potência capitalista asiática.
Quanto à Coréia do Norte, o regime socialista ainda resiste, mesmo com o fim da URSS em 1991 e a consequente suspensão da ajuda
financeira de Moscou ao país (veja a Leitura Complementar I ao fim deste capítulo).
A GUERRA DO VIETNÃ
Localizado no sudeste asiático, o Vietnã foi dominado pela França na segunda metade do século XIX. Em 1954, depois de uma longa
guerra de independência, os vietnamitas derrotaram de vez os franceses da histórica batalha de Diem Bien Phu.
Ainda no mesmo ano ocorreu em Genebra, na Suíça, uma reunião entre representantes do governo francês e os líderes vietnamitas que
comandaram a luta contra o domínio colonial. Em Genebra, a França reconheceu a independência do Vietnã; entretanto, divergências entre
os próprios líderes vietnamitas quanto ao sistema sócio econômico que deveria ser adotado no país independente (socialismo ou
capitalismo) levaram à divisão do Vietnã em dois:
• Vietnã do Norte, socialista, com a capital em Hanói, governado por Ho Chi Minh;
• Vietnã do Sul, capitalista, com a capital em Saigon, governado por Bao Daí.
Ficou decidido ainda a realização de um plebiscito nos dois países, em 1956, para decidir o futuro da região (se haveria ou não a
reunificação e, caso houvesse, qual seria o sistema sócio econômico do país reunificado).
Às vésperas da realização do plebiscito, tudo indicava que o resultado seria a reunificação do país sob a bandeira do socialismo. Então, no
Vietnã do Sul, Ngo Dinh Diem (que sucedeu Bao Daí no governo) proibiu a realização do plebiscito, desencadeando a reação da
população, que organizou uma guerrilha para derrubar o governo e reunificar os dois países.
A guerrilha vietcongue, formada pela população do Vietnã do Sul, começou a receber ajuda da URSS e do Vietnã do Norte. Os EUA
passaram a enviar, a partir de 1964, “conselheiros militares” (tropas armadas) para ajudar o governo do Vietnã do Sul a esmagar a
guerrilha. Os americanos temiam que a vitória da guerrilha vietcongue abrisse caminho para a reunificação do país sob a tutela do governo
socialista do Vietnã do Norte, o que influenciaria outras nações do Sudeste asiático a abraçar regimes socialistas (Teoria do Dominó).

Soldados americanos atravessam um rio no Vietnã do Sul (1965). Calcula-se que o governo dos EUA enviou ao Vietnã do Sul, entre 1964 e 1968, mais de 500 mil
“conselheiros militares”, a fim de ajudar o governo sul vietnamita a esmagar a guerrilha vietcongue (que era apoiada pelo Vietnã do Norte e pela URSS).
Sem treinamento adequado para enfrentar uma guerra de guerrilhas, os soldados americanos enfrentaram um verdadeiro pesadelo durante
o conflito: a surpresa do ataque inimigo. Afinal de contas, o inimigo estava em toda parte, uma vez que a guerrilha vietcongue recebia cada
vez mais adesão da população do Vietnã do Sul. Em resposta, as tropas americanas começaram a promover ataques indiscriminados
contra a população civil, bombardeando aldeias no interior sob o argumento de que se tratavam de focos guerrilheiros. Um dos episódios
mais dramáticos ocorreu numa pequena aldeia sul vietnamita, My Lai, onde a população civil foi vítima de uma chacina praticada pelas
tropas americanas, que acreditavam ser o local um abrigo de guerrilheiros vietcongues.
O Vietnã do Norte também foi bombardeado pelas forças militares dos EUA, em retaliação à colaboração do governo de Ho Chi Minh à
guerrilha sul vietnamita. Foi num desses bombardeios que um fotógrafo registrou a imagem que se tornaria o maior símbolo do conflito:

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


139
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

crianças fugindo de sua aldeia, destruída pelas bombas americanas, com destaque para uma menina, nua, com o corpo queimado pelo
napalm que os americanos usavam em suas bombas.
Ela se transformou no símbolo da Guerra do Vietnã. A foto da menina queimada,
fugindo nua após seu vilarejo ser devastado pelos americanos, correu o mundo.
Hoje, Phan Thi Kim Phuc ainda carrega as marcas do bombardeio, mas se esforça
para superar o trauma. "Estive no inferno e percebi que, se mantivesse o ódio,
nunca sairia dele", disse a vietnamita em entrevista ao Estado durante sua
passagem por Genebra, na semana passada.
Phan conta que jamais esquecerá o dia 8 de junho de 1972. "Estávamos em casa
e, de repente, começamos a ver nossa vila sendo atacada. Corremos para um
templo, que depois também foi bombardeado. Decidimos sair correndo. Ao sair,
senti meu corpo inteiro queimar, como se estivesse em um forno. Era o napalm,
que eu, sinceramente, não tinha ideia do que fosse até aquele momento", disse
Phan, que teve 65% de seu corpo queimado.
Seu vilarejo, Trang Bang, fica no sul do Vietnã, a cerca de 40 quilômetros de
Saigon. A bomba foi lançada por soldados do Vietnã do Sul contra tropas norte-vietnamitas. A operação foi coordenada por militares
americanos, ainda que Washington jamais tenha admitido seu envolvimento.
Em 1972, ela tinha 9 anos. Hoje, aos 45, é casada e mora no Canadá com seus dois filhos. Sua foto, tirada por Huynh Cong Ut, fotógrafo da
agência Associated Press, ganhou o Prêmio Pulitzer do ano seguinte e se transformou no símbolo do conflito.
Enquanto a foto corria o mundo, sua vida mudava de forma radical. Após o ataque, ela foi levada para um hospital em Saigon pelo próprio
fotógrafo. "Só me lembro que jogava água no meu corpo."
Quando chegou ao hospital, as enfermeiras disseram que a garota não sobreviveria. "Fiquei 14 meses internada e passei por 17 cirurgias",
diz. A última ocorreu na Alemanha Oriental, em 1984. Mas, nem assim, as marcas desapareceram. "Continuo sentindo muita dor a cada
movimento."
Um ano após o ataque, ela voltou ao vilarejo. "Alguns dias depois, meu pai me trouxe um jornal e me mostrou a foto. Fiquei horrorizada e
chorei sem parar por vários dias. Foi naquele momento que comecei a entender o que eu tinha vivido. Além disso, estava muito
envergonhada. Não suportava me ver nua em uma foto que o mundo inteiro viu."
Phan relata que estava vestida com uma roupa leve no momento do ataque, a qual que foi queimada em alguns segundos. "Se estivesse
usando uma roupa mais pesada, que levasse mais tempo para queimar, estaria morta. Muitos morreram exatamente desta forma."
Aos 13 anos, ela foi estudar em Saigon. No regime comunista, obteve a autorização, alguns anos mais tarde, para estudar medicina em
Cuba, onde conheceu seu marido. Na viagem de lua de mel, o avião fez uma escala no Canadá, de onde o casal nunca mais saiu.
Phan tentou viver no anonimato, mas foi descoberta nos anos 90. "Um dia, estava andando na rua em Toronto e alguém me disse que
sabia quem eu era. Foi aí que eu entendi que não poderia mudar o passado, mas que poderia alterar o significado do que ocorreu."
A vietnamita passou a atuar como ativista de direitos humanos, tornou-se embaixadora da Unesco e criou uma fundação. Até hoje, Phan se
lembra com ironia dos comentários do então presidente americano Richard Nixon, que duvidava da autenticidade da foto.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-destino-da-menina-que-foi-a-cara-de-uma-guerra,481141,0.htm

Apesar de contar com armas mais poderosas, as tropas norte-americanas não conseguiam sufocar com eficiência a guerrilha vietcongue,
que cada vez mais contava com a simpatia da opinião pública internacional.
A própria opinião pública americana, a partir de 1968, passou a condenar a
participação do país no conflito. Quase 60 mil soldados americanos tinham
morrido no conflito até então. Nos campus universitários, jovens
organizavam grandes manifestações contra a guerra. Os pais não queriam
que seus filhos fossem enviados para lutar num país distante, numa guerra
em que sequer conseguiam compreender muito bem o motivo de
envolvimento dos EUA.
Pressionado por todos os lados, o presidente Richard Nixon ordenou, em
1973, a retirada das tropas americanas do Vietnã. A guerra entrou, a partir
daí, numa fase denominada de “vietnamização do conflito”, sem a presença
das tropas estrangeiras enviadas por Washington. Em dois anos, a guerrilha
vietcongue conseguiu derrubar o governo do Vietnã do Sul. O país foi
finalmente reunificado sob o signo do socialismo.
A GUERRA DO AFEGANISTÃO Manifestação contra a Guerra do Vietnã em Washington, 1967.
Sob a justificativa de proteger um governo alinhado a Moscou, tropas da
URSS invadiram e ocuparam o Afeganistão, país do Oriente Médio, na Ásia (1979). Começava a partir daí um conflito que se arrastaria por
dez longos anos e cujos desdobramentos teriam ligação com os atentados de 11 de setembro de 2001, nos EUA.
O Afeganistão possui uma longa história de Guerras e invasões. Ocupado por macedônicos, muçulmanos, mongóis, turco otomano e,

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


140
Aula 30 – Guerra Fria (Parte 2)
finalmente, britânicos, o país conquistou sua independência em 1919.
A partir da independência do domínio britânico, o país foi agitado por disputas internas
pelo poder envolvendo diversos grupos. Em 1979, às vésperas da invasão soviética, o
Afeganistão era governado por Mohamed Taraki, que havia instalado um governo de
viés socialista. Entretanto, a situação de fragilidade do governo de Taraki, frente à
oposição crescente de grupos fundamentalistas islâmicos, levou a URSS a ocupar o
Afeganistão em 1979, entregando o poder a Babrak Karmal, líder ainda mais alinhado
aos interesses de Moscou na região.
Reagindo à ocupação do país pelos soviéticos, vistos pelos afegãos como “ateus
infiéis”, a população organizou uma guerrilha armada (movimento mujahedin) que
passou a lutar contra a ocupação do país.
Os mujahedins (ou combatentes) passaram a receber ajuda financeira e militar dos
EUA. Também receberam ajuda de um milionário saudita, Osama Bin Laden, que
acreditava ser o dever de todo muçulmano ajudar um país islâmico na luta contra os
infiéis.

Osama Bin Laden, participando da guerrilha mujahedin no Afeganistão, nos anos 1980.
Depois de dez anos de conflitos, que resultaram na morte de mais de 15 mil soldados soviéticos, Moscou ordenou a retirada de suas tropas
do Afeganistão. É por isso que se diz que o Afeganistão foi para a URSS o que o Vietnã foi para os EUA
LEITURA COMPLEMENTAR I: O REINADO DA FAMÍLIA KIM
Três anos depois, em 1948, quando a União Soviética estabeleceu a República Democrática Popular na Coreia do Norte, como líder oficial
do Partido dos Trabalhadores Coreano, Kim Il-Sung passou a ter um poder quase que total sobre o país, ao exercer um papel similar ao
que Mao Tsé Tung (1893 – 1976) desempenhou na China. Entre 1950 e 1953, liderou os norte-coreanos na guerra contra a Coreia do Sul,
na época, protegida pelos Estados Unidos e Nações Unidas. Após o acordo de paz entre as duas Coreias, intensificou seu governo
ditatorial, tendo como base o culto à personalidade. Desde então, passou a ser tratado como "Grande Líder". Ao mesmo tempo, seu filho
Kim Jong-il (1942), ao ganhar o atributo de "Estimado Líder", acabou designado à sucessão. Embora houvesse pleitos eleitorais na Coreia
do Norte, antes de morrer de parada cardíaca em 1994, aos 82 anos, Kim Il-Sung conseguiu empossar seu filho no cargo de secretário-
geral do Partido dos Trabalhadores da Coreia, partido que governa de fato a República Popular Democrática da Coreia do Norte,
assegurando a sucessão familiar. Embora, haja quem diga que essa situação tenha sido decidida de forma quase que ditatorial, o certo é
que Kim Jong-il foi preparado, desde cedo, para substituir o pai.

Ao longo de sua vida escolar, Kim Jong-il foi preparado para atuar na política, tanto que participou de grupos de estudo de teoria política
marxista e, ao entrar na universidade, dedicou-se a economia política marxista. Em 1961, juntou-se ao Partido dos Trabalhadores da
Coreia, ao mesmo tempo em que começou a acompanhar o pai em tours de orientação em fábricas, fazendas e outros locais de trabalho.
Nessa época, ele ainda era chamado de playboy, por gostar de mulheres, bebidas e filmes de faroeste. Contudo, após graduar-se em 1964,
deu inicio à própria ascensão na hierarquia do poder. Como instrutor chefe do Comitê Central do Partido, trabalhou para que as atividades
da entidade não se afastassem da linha ideológica definida por seu pai. Ele também colocou em prática medidas para garantir o sistema
ideológico do Partido, atuando sobre os meios de comunicação, escritores e artistas, enquanto supervisionava as atividades de
propaganda.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
141
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Entre 1967-1969, voltou sua atenção para os militares, por acreditar que os burocratas do Exército do Povo Coreano oprimiam
organizações políticas do Exército. Por conseguinte, durante a Quarta Reunião Plenária do Comitê, expôs certos oficiais que foram
posteriormente expulsos. Em 1973, tornou-se encarregado de assuntos de organização e, simultaneamente, de propaganda e assuntos do
partido, posição que lhe permitiu se firmar como intérprete oficial de Kim Il-Sung. e de suas ideias. Em 1974, foi eleito para o Comitê
Político do Partido, período em que lançou um novo método de guiar a revolução que, por sua vez, ofereceu formação política, científica e
técnica em cursos de curta duração. No final da década de 1970, já estava
envolvido no planejamento econômico e em várias campanhas para desenvolver
rapidamente determinados setores da economia, ao mesmo tempo em que
trabalhava em iniciativas destinadas a construir uma massa de movimentos
políticos dentro das Forças Armadas. Também foi ativo nos esforços para criar uma
campanha para a reunificação da Coreia. Em paralelo, o governo começou a
construir o culto de sua personalidade e Kim Jong-il passou a ser regularmente
aclamado pela mídia como o "destemido líder" e "o grande sucessor à causa
revolucionária”. Surgiu, então, a figura mais poderosa por trás de Kim Il-Sung. No
final de 1991, foi nomeado comandante supremo das forças armadas norte-
coreanas. Considerando que o exército é a base real de poder na Coreia do Norte,
este foi um passo fundamental para a ascensão política, planejada pelo pai que,
em 1992, declarou publicamente que seu filho estava no comando de todos os
assuntos internos da Coreia do Norte. Logo em seguida, as transmissões de rádio
começaram a se referir a Kim Jong-il como o "Querido Pai", já sugerindo uma Mapa da Coréia, dividida em Norte e do Sul, pelo paralelo 38
promoção. Com a morte de Kim Il-Sung, o filho Kim Jong-Il que já ocupava o cargo
de secretário-geral do Partido dos Trabalhadores da Coreia desde 1997, também assumiu a presidência da Comissão Nacional de Defesa.
Em 1998, quando sua colocação foi declarada como sendo "o mais alto cargo do Estado", ele passou a ser considerado o líder máximo da
República Democrática Popular da Coreia do Norte, posição que ocupa até hoje.
Em junho de 2009, como já era esperado, Kim Jong-il também Na história, os monarcas sempre procuraram ser cultuados de
nomeou o seu filho Kim Jong-un para a sucessão. O jovem que diversas maneiras. Na China Imperial, no Antigo Egito, no Japão,
também é conhecido como Kim Jong-woon ou Kim Jung Woon é o no Tibete, no Império Romano, entre outros, eles eram
terceiro e mais jovem filho do atual líder coreano com sua última considerados deuses. Já os reis europeus afirmavam governar por
esposa Ko Young-hee (1953 – 2004). A informação se tornou vontade de Deus e, em consequência, exerciam o direito divino
pública por meio do impresso JoongAng Daily. Porém, pouco se sobre a Terra. Com o posterior desenvolvimento da fotografia, da
sabe de Kim Jong-un. gravação sonora, do cinema e da comunicação de massa, bem
Provavelmente, ele nasceu em 1983 ou no principio de 1984. Por como da educação pública e das técnicas de publicidade, os
muito tempo, apenas uma fotografia, de quando tinha 11 anos, líderes políticos puderam projetar uma imagem positiva de si
confirmava sua existência. É certo que estudou na Suíça, época mesmos, como nunca antes fora possível. Nessas circunstâncias,
em que usou um pseudônimo para fingir ser filho de um motorista, no século XX, surgiram os recentes cultos à personalidade, cuja
embora estivesse sob a tutela de Ri Tcheul, embaixador norte- estratégia é a propaganda política baseada na exaltação das
coreano no país. Sabe-se que, ao retornar à sua terra natal, virtudes (reais ou supostas) e na figura do governante, que passa a
renunciou às influências ocidentais. Somente em 28 setembro de se destacar em cartazes gigantescos, que impregnam a mente do
2010, sua imagem oficial foi divulgada. Fisicamente, o jovem povo que é incitado, pelos meios de comunicação, a bajulá-lo como
general de quatro estrelas do Exército Popular da Coreia do Norte, um ser perfeito, protetor da nação.
é bem parecido com o pai; inclusive, ambos partilham de alguns Na Coreia da Norte, por volta de 1950, Kim Il-Sung começou tirar
problemas de saúde idênticos, como coração e diabetes. A proveito desse recurso, de início para si próprio, depois para
imprensa noticia que parte dos preparativos para a consagração de promover a sucessão de seu filho que, por sua vez, também vem
Kim Jong-un, como sucessor de seu pai, já começou. No entanto, empregando a mesma estratégia para se consagrar como líder e
analistas de política internacional acreditam que, diante de uma projetar seu jovem sucessor. No caso do “eterno” Presidente da
morte inesperada de Kim Jong-il, devido a inexperiência do jovem Coréia do Norte, o culto à personalidade lhe rendeu mais de 500
para liderar o país de imediato, seu tio, Chang Sung-Taek (1946), estátuas, nas quais os cidadãos ainda depositam tributo anual por
vice-presidente da Comissão de Defesa Nacional, poderá atuar ocasião do aniversário oficial ou de morte. Sua imagem também
como regente da Coreia do Norte. De qualquer forma, no momento aparece associada ao transporte público. Cartazes e fotos se
que Kim Jong-un se tornar lider da Coreia do Norte, seu país e o destacam em cada estação de trem, nos aeroportos e nas
Nepal serão as únicas duas monarquias comunistas do mundo... passagens fronteiriças que levam a China. Se não bastasse, seu
retrato ainda estampa as notas de 100 norte won. Portanto, fica
difícil esquecê-lo, diante do bombardeio visual que, de forma direta
ou indireta, induz ao culto de sua imagem.
(Adaptado de http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/36/artigo194297-
1.asp)
LEITURA COMPLEMENTAR II: LIÇÕES DA GUERRA DO
VIETNÃ
“A Guerra do Vietnã deixou algumas lições para as duas
superpotências mundiais daquela época.
Kim Jong-um, atual dirigente da Coréia do Norte
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
142
Aula 30 – Guerra Fria (Parte 2)
Em primeiro lugar, verificou-se que o poderio armamentista não Deveria ser um regime igualitário, mas não conseguiu abolir as
evita uma derrota numa guerra prolongada. Apesar disso, a União desigualdades sociais e a exploração do homem pelo homem.
Soviética veio a se envolver mais tarde num conflito semelhante, no Sabe-se, ao contrário do que dizia a propaganda desses governos,
Afeganistão. que não só os trabalhadores eram controlados por burocratas que
Tanto os norte-americanos como os russos possuem armamentos possuíam inúmeros privilégios, como seus salários baixos
estocados, de tecnologia superavançada, como bombas nucleares, diminuíram o nível de consumo da população. Porém, os
mísseis intercontinentais, armas químicas e biológicas, que burocratas contavam com ‘lojas especiais’ onde, sem filas, tinham
poderiam exterminar a vida humana do planeta. acesso inclusive a produtos importados do exterior. Por outro lado,
Porém, numa guerra como a do Vietnã, não é possível utilizar tratava-se de governos autoritários, que não reconheciam as
armas nucleares, pois, se o pretexto para a intervenção militar no liberdades individuais e os direitos de livre organização das
estrangeiro é ‘proteger o povo’, como justificar o uso de bombas população.
que matam indiscriminadamente milhões de pessoas, tanto Com relação à hipótese do declínio do capitalismo, é verdade que
inimigos quanto aliados? no final do século XX ele tem sido atingido por uma crise quase
Além do mais, a radioatividade liberada pela explosão de tais sem precedentes, mas esse fato não significa, pelo menos até o
bombas seria carregada pelos ventos, podendo atingir países momento [1997] que ele esteja em vias de desaparecer, pelo
vizinhos - como a China e a própria União Soviética, no caso dessa contrário. Basta dizer que, após várias décadas de planificação
guerra -, com os quais não conviria entrar diretamente em choque. econômica, os países socialistas, que adotaram esse ‘modelo’ de
organização social, passaram a conduzir (quase todos) sua
Em segundo lugar, viu-se que é impossível vencer um movimento
economia pelas leis do mercado.
guerrilheiro apoiado pela população, mesmo que ele seja mais
fraco em armas e treino militar. Por outro lado, é certo que, para enfrentar as desigualdades sociais
que o capitalismo gera entre pessoas e países, a conquista de
Numa guerra como essa, os guerrilheiros nunca são
direitos democráticos é indispensável. Em outras palavras, a
completamente vencidos, pois eles sempre ressurgem a partir do
conquista da democracia é o grande desafio para os países do Sul
próprio povo. Isso acaba abatendo o moral dos invasores,
na virada do século XX, sejam os do Terceiro Mundo ou aqueles
inferiorizando-os psicologicamente, pois eles sentem cada vez mais
que recentemente abandonaram a planificação.
que não são ‘salvadores’, como apregoam, mas estranhos
rejeitados pelo povo que eles teoricamente estariam protegendo. Finalmente, a história da civilização humana mostra que a
imposição de experiências típicas de uma sociedade em outra pode
Com o final da Guerra do Vietnã surgiram alguns mitos ou
gerar situações verdadeiramente dramáticas, que tendem a levar a
explicações falsas para a derrota norte-americana. Uma delas dizia
guerras violentas. Ou seja, cada sociedade deve buscar o seu
que o principal exército do mundo foi derrotado por bandos de
próprio caminho para atingir os seus objetivos.
guerrilheiros mal armados, que apenas conheciam melhor o espaço
(VESENTINI, J. William. VLACH, Vânia. Geografia Crítica: Geografia do Terceiro
dos conflitos. Isso não é verdade. Nem o exército norte-americano Mundo. 12a. ed. São Paulo: Ática, 1997, p. 159-160.)
era o mais poderoso do mundo nem as tropas guerrilheiras eram
mal armadas. LEITURA COMPLEMENTAR III: SOVIÉTICOS INVADEM O
AFEGANISTÃO
O exército americano podia ser considerado no máximo o segundo
do mundo. Na verdade, o soviético era bem mais eficiente, tanto no Era madrugada do dia 24 de dezembro de 1979 quando os
efetivo das tropas quanto nas armas convencionais, como tanques, blindados do exército da União Soviética invadiram o Afeganistão
lança mísseis etc. Os Estados Unidos deram mais atenção ao sob o pretexto de garantir o cumprimento do Tratado de Amizade e
desenvolvimento de submarinos e navios de guerra, além dos Cooperação, assinado em 1978.
mísseis transcontinentais. Enquanto se aproximava a meia-noite de 23 para 24, os soviéticos
Por outro lado, as tropas guerrilheiras representavam um braço do organizaram também uma formidável ponte-aérea com destino à
poderoso exército do Vietnã do Norte, extremamente bem equipado capital Cabul, que seria desencadeada horas depois, envolvendo
pela União Soviética, com um grande efetivo de tropas e um aproximadamente 280 aviões de transporte de tropa e cerca de
treinamento aprimorado. três divisões com cerca de 8.500 homens cada. Em poucos dias,
os soviéticos já controlavam toda a cidade, tendo deslocado uma
Além disso, afirmar que os guerrilheiros conheciam melhor o unidade especial para tomar de assalto o palácio governamental de
terreno que os americanos não é inteiramente correto. Os mapas Tajberg. Membros do exército afegão leais ao presidente Hafizullah
militares, elaborados pelas grandes potências a partir de imagens Amin opuseram uma feroz, porém breve, resistência.
precisas de satélites espaciais, são extremamente detalhados.
Porém a grande vantagem dos guerrilheiros estava no apoio da O interesse pelo Afeganistão remonta aos tempos da Rússia
população, que os escondia, fornecia novos combatentes etc. tzarista, devido ao interesse interesse geo-estratégico,
especialmente na saída para o Mar da Arábia. Em 1972,
Outra falsa explicação dizia que o final da guerra apenas assistentes soviéticos foram enviados para treinar as forças
confirmava o declínio do capitalismo, liderado pelos Estados armadas locais. Em 1978, os governos assinaram um acordo que
Unidos, e o avanço do ‘mundo socialista’, liderado pela União permitiu o envio de 400 consultores soviéticos. Em dezembro do
Soviética. mesmo ano, a URSS e o Afeganistão assinaram o tratado de
Essa afirmativa é incorreta por vários motivos. Veja por quê. cooperação, que permitia a entrada de tropas soviéticas caso o
Era duvidoso que a economia planificada, iniciada em 1917 pela governo afegão o solicitasse.
Rússia, representasse de fato o fim do capitalismo. Como o regime de esquerda do Partido Democrático Popular do
Esse ‘socialismo’ posto em prática em alguns países era bem Afeganistão havia se tornado dependente dos equipamentos
diferente do que imaginaram seus idealizadores no século XIX. militares e da assessoria soviética, e sentindo-se ameaçado por
forças de oposição interna e de países vizinhos, autorizou
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
143
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

formalmente o ingresso do exército soviético.


Os soviéticos invadiram o Afeganistão para derrocar o presidente
Hafizullah Amin, que não tinha conseguido enfrentar os mujahedin,
inimigos da União Soviética ateia. Amin foi substituído por Babrak
Karmal. A União Soviética justificou a invasão com a necessidade
de preservar o regime esquerdista afegão de seus inimigos
internos e externos e manter a paz na Ásia Central.
Em 27 de dezembro, Karmal, líder exilado da facção Parcham do
Partido Democrático Marxista do Povo, foi empossado como novo
chefe de governo do Afeganistão. Simultaneamente, forças
terrestres soviéticas vindas do norte avançavam sobre o território
afegão.
Os soviéticos, entretanto, viram-se diante de uma forte resistência
quando avançaram para o interior. Os combatentes da resistência
chamados de mujahedin viam os soviéticos ateus controlando o
Afeganistão como uma profanação ao Islã, bem como à sua cultura
tradicional. Proclamando a jihad (guerra santa) contra os invasores,
eles ganhavam o apoio do mundo muçulmano.
Os mujahedin empregaram táticas de guerrilha contra os
soviéticos. Atacavam de surpresa em emboscadas para
desaparecer em seguida entre as montanhas e grutas de uma
geografia excepcionalmente complicada, causando grande
destruição, importante quantidade de baixas e uma pressão
psicológica elevada, sem que os guerrilheiros sofressem perdas ao
evitar as batalhas campais. Os combatentes afegãos valiam-se de
armamento capturado dos soviéticos e, principalmente, do material
bélico que os Estados Unidos lhes forneciam.
O curso da guerra mudou definitivamente quando Washington
passou a abastecer os mujahedin, a partir de 1987, com mísseis
antiaéreos Stingers, facilmente transportados e disparados dos
ombros dos combatentes. Esse armamento permitiu-lhes abater
regularmente helicópteros e aviões que voavam a baixa altitude.
RETIRADA
O novo líder soviético, Mikhail Gorbachev, decidiu então que era
hora de se retirar. Desmoralizadas, as forças soviéticas
começaram deixar o campo de batalha em 1988. Foi em 15 de
fevereiro de 1989 que o último soldado cruzou a fronteira de volta
ao seu país.
Foi a primeira expedição militar soviética além de sua área de
influência na Europa Oriental desde a Segunda Guerra Mundial, e
marcou o fim de um período de melhora de relações entre as duas
superpotências em plena Guerra Fria. Em decorrência, acordos de
desarmamento foram arquivados e os Estados Unidos puseram-se
a se rearmar.
A União Soviética teve 15 mil soldados mortos na guerra, sem
contar os milhares de feridos. O impacto a longo prazo foi
profundo. Primeiro, os soviéticos jamais se recuperaram das
perdas em termos de imagem pública internacional e dos
dispêndios financeiros, fatores que contribuíram significativamente
para o fim da URSS em 1991. Por outro lado, criou um fértil terreno
para a ascensão de Osama Bin Laden, o corvo que havia sido
alimentado pelos Estados Unidos e que anos mais tarde lhes
furaria os olhos.
Fonte: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/2360/conteudo+opera.shtml

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


144
Aula 30 – Guerra Fria (Parte 2)

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01

A foto revela um momento da Guerra do Vietnã (1965-1975), conflito militar cuja cobertura jornalística
utilizou, em grande escala, a fotografia e a televisão. Um dos papéis exercidos pelos meios de
comunicação na cobertura dessa guerra, evidenciado pela foto, foi
a) demonstrar as diferenças culturais existentes entre norte-americanos e vietnamitas.
b) defender a necessidade de intervenções armadas em países comunistas.
c) denunciar os abusos cometidos pela intervenção militar norte-americana.
d) divulgar valores que questionavam as ações do governo vietnamita.
e) revelar a superioridade militar dos Estados Unidos da América.

Questão 02

O cartum, publicado em 1932, ironiza as consequências sociais das constantes prisões de Mahatma
Gandhi pelas autoridades britânicas, na Índia, demonstrando
a) a ineficiência do sistema judiciário inglês no território indiano.
b) o apoio da população hindu à prisão de Gandhi.
c) o caráter violento das manifestações hindus frente à ação inglesa.
d) a impossibilidade de deter o movimento liderado por Gandhi.
e) a indiferença das autoridades britânicas frente ao apelo popular hindu.

Questão 03
Para muitos norte-americanos, Vietnã é o nome de uma guerra, não de um país. Os vietnamitas
parecem figuras sombrias, sem nome nem rosto, vítimas desamparadas ou agressores cruéis. A
história começa apenas quando os Estados Unidos entram em cena.
(Adaptado de Marvin E. Gettleman et. alli (Ed.), Vietnam and America: a documented history. New York: Grove Press, 1995, p. xiii.)

Esse desconhecimento dos norte-americanos quanto a seus adversários na Guerra do Vietnã pode ser
relacionado ao fato de os norte-americanos
a) promoverem uma guerra de trincheiras, enquanto os vietnamitas comunistas movimentavam seus
batalhões pela selva. Contando com um forte apoio popular, os Estados Unidos permaneceram por
anos nesse conflito, mas não conseguiram derrotar os vietnamitas.
b) invadirem e ocuparem o território vietnamita, desmantelando os batalhões comunistas graças à
superioridade americana em treinamento militar e armamentos. Apesar do apoio popular à guerra, os
Estados Unidos desocuparam o território vietnamita.
c) desconhecerem as tradições dos vietnamitas, organizados em torno de líderes tribais, que eram os
chefes militares de seus clãs. Sem ter um Estado como adversário, o conflito se arrastou e, sem apoio
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
145
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

popular, os Estados Unidos acabaram se retirando.


d) encontrarem grande dificuldade em enfrentar as táticas de guerrilha dos vietnamitas comunistas, Anotações
conhecidos como vietcongues. Após várias derrotas e sem apoio popular em seu próprio país, os
Estados Unidos retiraram suas tropas do Vietnã.

Questão 04
Observe o mapa a seguir.

Considere as seguintes afirmações em relação à região destacada no mapa.


I - Ela foi alvo dos únicos ataques com artefatos nucleares contra seres humanos registrados na
história.
II - Ela foi cenário de importante conflito da Guerra Fria, no início dos anos 50, envolvendo os EUA.
III - Ela foi palco da maior derrota militar sofrida pelos EUA, apesar do enorme poder de fogo utilizado
contra a população local.

Quais estão corretas?


a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.

Questão 05
Observe as imagens abaixo.

Elas foram extraídas do documentário “O Grande Camarada”, produzido pela TV estatal norte-
coreana. O homem que aparece em destaque nos quadros à esquerda, ao lado do ditador Kim Jong-
um, é seu tio, Jang Song-thaek, tido como a segunda autoridade mais poderosa do regime de
Pyongyang. Acusado dos crimes de traição e corrupção, Jang foi julgado e executado por um tribunal
militar norte-coreano. Nos quadros à direita, o tio do ditador Kim Jong-um não aparece, pois as
imagens foram editadas de forma a apagá-lo do documentário, depois que o mesmo caiu em
desgraça. Essa situação remete à prática
a) da solução final, empregada pelo governo de Hitler na Alemanha nazista.
b) do culto ao líder, estimulada por Benito Mussolini na Itália fascista.
c) da revolução cultural, desencadeada por Mao Tsé-tung na China.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


146
Aula 30 – Guerra Fria (Parte 2)
d) do macarthismo, cultivada durante a presidência de Harry Truman nos EUA.
e) dos expurgos políticos, adotada por Joseph Stalin na antiga URSS. Anotações
Questão 06
A União Soviética invadiu o Afeganistão em 1979, instalando no poder deste país um regime pró-
soviético. O mundo ainda vivia o período da chamada Guerra Fria. Os Estados Unidos apoiaram
grupos armados de oposição no Afeganistão, para prejudicar os interesses soviéticos.
Sobre estes grupos é correto afirmar que
a) receberam treinamento no Irã, apoiado pela China, interessada no comércio com os EUA.
b) um deles foi liderado pelo Taleban, organização de esquerda ligada ao Partido Comunista do
Afeganistão.
c) um deles era liderado por Osama Bin Laden, que foi armado e treinado em técnicas terroristas pela
CIA.
d) receberam treinamento da CIA no Iraque, principalmente o grupo Al Fatah, que cometeu vários
atentados suicidas contra as forças soviéticas.
e) um deles era liderado por Saddam Hussein, que nessa época era aliado dos EUA contra o Irã.

Questão 07
"A primeira coisa, portanto, é dizer-vos a vós mesmos: Não aceitarei mais o papel de escravo. Não
obedecerei às ordens como tais, mas desobedecerei quando estiverem em conflito com a minha
consciência. O assim chamado patrão poderá sussurrar-vos e tentar forçar-vos a servi-lo. Direis: Não,
não vos servirei por vosso dinheiro ou sob ameaça. Isso poderá implicar sofrimentos. Vossa prontidão
em sofrer acenderá a tocha da liberdade que não pode jamais ser apagada." (Mahatma Gandhi)
In: MOTA, Myriam; BRAICK, Patrícia. História das cavernas ao Terceiro Milênio. São Paulo: Moderna, 2005. p.119.

"Acenderá a tocha da liberdade que não pode jamais ser apagada" são palavras de Mahatma Gandhi
(1869-1948) que, no contexto da Guerra Fria, inspiraram movimentos como
a) o acirramento da disputa por armamentos nucleares entre os EUA e a URSS, objetivando a
utilização do arsenal nuclear como instrumento de dissuasão e amenização das disputas.
b) a reação dos países colonialistas europeus visando a diminuir o poder da Assembleia Geral da ONU
e reforçar o poder do Secretário Geral e do Conselho de Segurança.
c) as concessões unilaterais de independência às colônias que concordassem em formar alianças
econômicas, políticas e estratégicas com suas antigas metrópoles, como a Comunidade Britânica de
Nações e a União Francófona.
d) o reforço do regime de "apartheid" na África do Sul que, após prender o líder Nelson Mandela e
condená-lo à prisão perpétua, procurou expandir a segregação racial para os países vizinhos, como a
Rodésia e a Namíbia.
e) o não alinhamento político, econômico e militar aos EUA ou à URSS, decisão tomada pelos países
do Terceiro Mundo reunidos na Conferência de Bandung, na Indonésia.

Questão 08
A intervenção dos Estados Unidos da América no Vietnã, no contexto dos conflitos militares da Guerra
Fria, tinha como propósito:
a) evitar a reunificação do Vietnã sob o poder do governo socialista do Norte, o que representaria a
ampliação da zona de influência soviética.
b) garantir a realização de eleições gerais e diretas em todo o Vietnã a fim de possibilitar a
desocupação militar americana da Coréia do Sul.
c) retirar as bases militares soviéticas estabelecidas em território vietnamita com a finalidade de pôr fim
à corrida armamentista.
d) restituir o domínio colonial francês no território a fim de salvaguardar o regime democrático na
Coréia.
e) impedir o massacre de civis do Vietnã do Sul pelo governo socialista do Norte, que seguia a
orientação de práticas stalinistas.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


147
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Esta foto de Huynh Ut, chamada de The Terror of War (O Terror da
Guerra), ganhou o Prêmio Pulitzer em 1973 e tornou-se uma das
Questão 01 célebres imagens do século XX, ao mostrar a menina Kim Phuc
fugindo durante um ataque americano na Guerra do Vietnã. Com
Uma série de fotografias divulgadas recentemente do líder norte-
base na fotografia e nos conhecimentos sobre o tema, considere
coreano Kim Jong-un chamaram a atenção por um detalhe em
as afirmativas a seguir.
comum: em todas elas, ele está rodeado por oficiais e generais
I. A Guerra do Vietnã foi a primeira a ter cobertura televisiva em
fazendo anotações em cadernos idênticos.
tempo real, transmitida diretamente das frentes de batalha.
Mas quem são aqueles homens fazendo tantas anotações? Eles
II. A imprensa contribuiu para a revolta da opinião pública
não são jornalistas, e sim soldados, membros do partido ou
americana, ao divulgar imagens da guerra e oferecer espaço aos
funcionários do governo, segundo o professor James Grayson,
movimentos pacifistas.
especialista em Coreia do Norte da Universidade de Sheffield, na
III. The Terror of War documenta a dor e o desespero dos sul-
Inglaterra.
vietnamitas após o uso, pelos americanos, de armas químicas
De acordo com Grayson, o que se quer demonstrar ali é o suposto
como o napalm.
poder do líder, seu conhecimento, sabedoria e preparação. É uma
IV. A superioridade tecnológica norte-americana e o apoio dos
espécie de "aula in loco" que Kim dá a seus seguidores, uma
camponeses, enriquecidos sob o domínio colonial francês, foram
prática que começou com seu avô Kim Il-sung nos anos 1950.
decisivos para a vitória dos EUA na Guerra.
"São imagens que vão ser mostradas na televisão e na mídia
Estão corretas apenas as afirmativas:
estatal, então os homens que estão ali querem ser vistos
registrando cada palavra de Kim Jong-un", diz Grayson. a) I e IV. b) II e III. c) II e IV.
Disponível em: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2014/04/28/coreia-do- d) I, II e III. e) I, III e IV.
norte-quem-sao-os-homens-que-anotam-cada-palavra-de-kim-jong-
un.htm#fotoNav=1. Acesso em: 20 jun. 2014 (adaptado). Questão 04
Entre junho de 1950 e julho de 1953, transcorreu a chamada
A prática descrita no fragmento está associada a uma Guerra da Coréia, sobre a qual é correto afirmar:
característica dos regimes socialistas que floresceram ao longo do a) O conflito foi provocado pelos interesses expansionistas do
século XX, a saber: governo sul-coreano, que procurava estabelecer sua hegemonia
a) Expurgos políticos. político-militar na região.
b) Negação da existência de classes. b) O conflito foi provocado pela negativa japonesa em aceitar a
c) Culto à figura do líder. desmilitarização imposta após a Segunda Guerra Mundial.
d) Sistema monopartidário. c) A ameaça de uma revolução socialista levou o governo da
e) Planificação da economia. Coréia do Sul a solicitar ajuda norte-americana, o que provocou a
reação do governo da Coréia do Norte.
Questão 02 d) Tratou-se de uma guerra civil que resultou na divisão da Coréia
Ao longo do período conhecido como Guerra Fria, eclodiram vários em dois Estados independentes.
conflitos nas zonas de influência disputadas pelas duas e) O conflito teve início com a tentativa de unificação da Coréia sob
superpotências que, então, pretendiam controlar o mundo. iniciativa do regime comunista da Coréia do Norte, com apoio da
Um dos conflitos gerados no contexto da Guerra Fria foi a China.
a) Guerra da Coréia, ocasionada pela invasão da Coréia do Sul,
zona de ocupação norte-americana, por tropas norte-coreanas, Questão 05
seguida da intervenção dos EUA no País. Na década de 80, a URSS enfrentou uma guerra, ao invadir o
b) Guerra da Criméia, resultante da disputa entre soviéticos e Afeganistão para apoiar o governo daquele país. Em relação a
norte-americanos pela posse da Península da Criméia, ponto essa guerra, é correto afirmar que
estratégico para o lançamento de mísseis teleguiados. I - os oponentes dos soviéticos eram identificados como os
c) Guerra do Ópio, motivada pela disputa de interesses comerciais "combatentes da liberdade" pelo presidente Reagan, sendo
entre ingleses e russos na China, em razão do enorme mercado apoiados pelos EUA.
consumidor deste país. II - os soviéticos se retiraram durante o governo de Gorbatchev,
d) Guerra dos Bôeres, iniciada com a invasão norte-americana na sem ter derrotado os guerrilheiros afegãos.
África do Sul, em função das violências do 'apartheid', regime III - a resistência afegã contou com a participação de Osama Bin
apoiado pela União Soviética. Laden, molionário saudita que teria sido treinado pela CIA.
Quais estão corretas?
Questão 03 a) Apenas I. b) Apenas I e II.
Analise a figura a seguir. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

Questão 06
O Vietnã, após a rendição japonesa, em 1945, resistiu ao retorno
dos seus antigos senhores - os franceses. Daí uma sucessão de
conflitos e negociações, tais como:
I - a derrota dos franceses em Dien Bien Phu, (1954), que afastou
definitivamente a hipótese de se manter o domínio francês nessa
região;
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
148
Aula 30 – Guerra Fria (Parte 2)
II - a divisão provisória do Vietnã em duas partes, uma comunista pública dos EUA contra a guerra, o que pressionou ativamente o
(Norte), e a outra capitalista (Sul), pelos Acordos de Genebra seu fim.
(1956); e) a violência contra a população civil e o emprego de armas
III - o progressivo desenvolvimento dos Estados Unidos no conflito químicas são recursos de guerra aos quais se deve recorrer com
para conter o Vietcong e evitar a queda de toda a Indochina em moderação.
poder dos comunistas;
IV - o triunfo militar norte-americano sobre os guerrilheiros Questão 09
comunistas, prejudicado pelas manobras diplomáticas que A condição norte-americana de superpotência consolidou-se
entregaram aos comunistas o Vietnã do Sul. realmente no momento da rendição da Alemanha e do Japão e da
Assinale se estão corretas apenas: realização das conferências de Yalta e Potsdam, que selaram o
a) I e II. b) II e III. c) III e IV. encerramento da guerra. O crescimento do poderio soviético e a
d) I, II e III. e) I, III e IV. decadência das velhas potências europeias formavam o pano de
fundo para que Washington assumisse finalmente a vocação de
Questão 07 liderança do Ocidente capitalista.
A hegemonia global dos Estados Unidos da América (EUA)
traduzia-se nas esferas econômica e estratégica. Os
conglomerados transnacionais americanos tornam-se grandes
investidores. Na condição de credores das nações capitalistas, os
EUA organizam programas voltados para a reconstrução europeia
(Plano Marshall) e asiática (Plano Colombo). Os acordos de
Bretton Woods transformavam o dólar em “moeda do mundo”, ao
estabelecerem um sistema de paridade fixa e convertibilidade entre
o dólar e o ouro. Cria-se uma nova arquitetura financeira global,
cujos instrumentos eram o Banco Internacional para a
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD, ou Banco Mundial) e o
Fundo Monetário Internacional (FMI).
MAGNOLI, Demétrio. O Mundo Contemporâneo. São Paulo: Atual, 2004, p. 71-2.

O mapa mostra a região do Sudeste Asiático e apresenta: A respeito da situação geopolítica do mundo após a Segunda
Guerra Mundial (1939-1945), infere-se que
a) A situação do Vietnã, em 1945, logo após o término da Segunda
a) os EUA saíram fortalecidos do conflito e se afirmaram como a
Guerra Mundial;
única potência hegemônica, tanto no cenário econômico como no
b) A situação do Vietnã após o término da Guerra da Indochina e militar.
conforme o estabelecido pela Conferência de Paz de Genebra, em b) a Europa buscou compensar seu declínio político, mantendo a
1954; repressão e o controle sobre suas colônias africanas e asiáticas.
c) A situação do Vietnã após o término da guerra em que os c) ocorreu o armamentismo nos EUA e na União Soviética, assim
vietnamitas derrotaram os Estados Unidos, em 1975; como, em menor escala, nos países europeus e na China.
d) A situação do Vietnã antes do início da Segunda Guerra d) o clima de disputa e rivalidades entre os países da Europa
Mundial, quando o seu território era dividido entre franceses e Ocidental intensificou-se, sobretudo após a construção do muro de
japoneses; Berlim.
e) A atual situação do Vietnã, país que continua dividido e sofrendo e) ocorreu o declínio econômico dos EUA em função do aumento
os efeitos da Guerra Fria. da dívida pública do governo devido a ajuda para a reconstrução
europeia e asiática.
Questão 08
A Guerra do Vietnã, polêmico e violento conflito armado da Questão 10
segunda metade do século XX, envolveu as guerrilhas do Vietnã Entre 1961 e 1973, um total de 57.939 norte-americanos morreram
do Sul e o governo comunista do Vietnã do Norte. O conflito atingiu no conflito da Indochina, a mais longa e custosa guerra externa na
maiores proporções com a participação dos Estados Unidos da história dos Estados Unidos. A Força Aérea dos EUA jogou sobre o
América (EUA) ao lado das tropas do Vietnã do Sul. Entretanto, foi Vietnã uma tonelagem de bombas mais de três vezes superior ao
também uma guerra com imagens que divulgavam, amplamente e que foi jogado na Alemanha durante a Segunda Guerra.
de forma crua, o sofrimento da população civil – crianças com os KEYLOR, William R. The twentieth-century world: an international history. New York:
Oxford University Press, 1996. p. 375.
corpos queimados por napalm, mulheres violentadas, velhos
feridos – e de jovens soldados americanos mutilados ou mortos e Considerando-se a Guerra do Vietnã, é CORRETO afirmar que
ensacados. a) o conflito foi motivado pela intenção do governo norte-americano
Considerando-se o fato histórico descrito, é correto afirmar que de impedir a expansão do comunismo no Sudeste asiático.
a) o Vietnã do Sul usava, na guerra, os mesmos métodos de b) os norte-americanos deram apoio decidido às ações de seu
combate dos comunistas do Vietnã do Norte. Governo no Vietnã e manifestaram insatisfação quando suas
b) os EUA tinham interesse direto na guerra, por sua aliança tropas foram retiradas de lá.
estratégica com o governo comunista do Vietnã do Norte. c) os vietnamitas que enfrentavam o exército dos EUA lutavam em
c) os civis, por serem ativos colaboradores dos comunistas do condições difíceis, pois não dispunham de apoio externo.
Vietnã do Norte, foram considerados alvos legítimos. d) a saída das tropas norte-americanas e a subsequente derrota
d) a imprensa, ao divulgar os fatos ocorridos, colocou a opinião das forças locais pró-Ocidente levou à divisão do Vietnã.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
149
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Questão 11 c) deriva sobretudo das dificuldades de formação dos Estados


"A Conferência está de acordo em declarar que o colonialismo, em nacionais africanos, que não conseguiram romper totalmente, após
todas as suas manifestações, é um mal a que deve ser posto fim a independência, com os sistemas econômicos, culturais e político
imediatamente." administrativos das antigas metrópoles.
d) é resultado exclusivo da globalização econômica, que submeteu
(DECLARAÇÃO DA CONFERÊNCIA DE BANDUNG, abril de 1955)
as economias dos países pobres às dos países ricos, visando à
Após a Segunda Guerra Mundial, a dominação ocidental no exploração econômica direta e estabelecendo a hegemonia norte-
continente asiático e no continente africano foi contestada por americana sobre todo o planeta.
movimentos locais de confronto com as nações imperialistas, em e) deriva sobretudo do desperdício provocado pelas guerras
prol da independência e da autodeterminação dos povos desses internas no continente africano, que tiveram sua origem no período
continentes. anterior à colonização européia e se reacenderam em meio às
Dentre os fatores que possibilitaram o processo de descolonização lutas de independência e ao processo de formação nacional.
afro-asiático, NÃO podemos apontar a(o):
a) influência da doutrina socialista, principalmente nas áreas Questão 14
coloniais que sofreram transformações revolucionárias, tais como o Ao final da Segunda Guerra Mundial, a ruptura do acordo que unira
Vietnã. os aliados vitoriosos gerou um ordenamento político internacional
b) transferência para as áreas coloniais de uma ideologia baseado na bipolaridade. Nesse contexto, crises políticas e
humanista e antinacionalista, expressa na organização doutrinária tensões sociais desencadearam um processo de construção do
do Bloco dos Não-Alinhados. socialismo em diversos países.
c) deslocamento dos centros hegemônicos das decisões políticas Assinale a opção que apresenta uma afirmativa correta sobre a
internacionais da Europa para os EUA e a U.R.S.S. construção do socialismo no mundo do pós-guerra:
d) enfraquecimento das potências coloniais européias provocado a) Na Iugoslávia (1945), o regime comunista implantado pelo
por sua participação na Segunda Guerra Mundial. Marechal Tito submeteu-se à hegemonia política e econômica
e) fim do mito da inferioridade dos povos afro-asiáticos, em virtude soviética, o que acarretou sua expulsão do movimento dos países
dos novos posicionamentos assumidos pela ciência. não alinhados.
b) Na Tchecoslováquia (1968), o socialismo reformista, baseado na
Questão 12 descentralização e liberalização do sistema frente ao modelo
Na segunda metade do século XX, após décadas de dominação soviético, foi interrompido pela repressão russa, encerrando a
européia, os povos da África conseguem se libertar. São marcas "Primavera de Praga".
dos Estados Africanos hoje, EXCETO: c) Na China (1949), a revolução comunista derrubou o regime
a) o domínio exercido por uma elite africana em lugar do antigo imperial e expulsou os invasores japoneses da Manchúria,
dominador. reunindo os nacionalistas e os comunistas maoístas em um
b) o falso desenvolvimento econômico realizado em proveito do governo de coalizão que instituiu uma república popular no país.
capital externo. d) Na Coréia (1950-53), a intervenção militar norte-americana
c) a independência formal associada à manutenção do domínio de impediu o avanço das forças revolucionárias comunistas que
"tipo colonial". ocupavam o norte do país, reunificando as duas Coreias sob a
d) a solidariedade dos povos negros em luta contra os resíduos da tutela do Conselho de Segurança da ONU.
europeização. e) Em Cuba (1959), a vitória dos revolucionários castristas foi
e) a tendência autoritária e violenta dos pequenos Estados recém- favorecida pela promulgação da Emenda Platt no Senado
formados. americano, que regularizou o envio de armamentos aos
guerrilheiros contrários à ditadura de Fulgêncio Batista.
Questão 13
Questão 15
"A economia dos países africanos caracteriza-se por alto
endividamento externo, elevadas taxas de inflação, constante Sobre a Guerra da Coréia (1950-1953), é correto afirmar, EXCETO:
desvalorização da moeda e grande grau de concentração de a) O teatro de operações estendeu-se pelo território chinês, ficando
renda, mantidos pela ausência ou fraqueza dos mecanismos de a população submetida a um clima de "fogo cruzado" entre os
redistribuição da riqueza e pelo aprofundamento da dependência norte-americanos e russos.
da ajuda financeira internacional, em uma escala que alguns b) O início do conflito está relacionado com a invasão da Coréia do
países não tiveram nem durante o colonialismo". sul por tropas da Coréia do Norte sob a influência dos russos e
Leila Leite Hernandez. "A África na sala de aula". São Paulo: Selo chineses.
Negro Edições, 2005, p. 615. c) O sul da Coréia, área de influência norte-americana, tendia para
O fragmento caracteriza a atual situação geral dos países africanos o regime democrático e a Coréia do Norte, para o regime socialista,
que obtiveram sua independência na segunda metade do século sendo que as duas partes não conseguiram chegar a um acordo
XX. Sobre tal caracterização pode-se afirmar que político.
a) deriva sobretudo da falta de unidade política entre os Estados d) A Coréia era uma antiga possessão japonesa que fora ocupada
nacionais africanos, que impede o desenvolvimento de uma luta durante a Segunda Guerra Mundial e, após o conflito, com a vitória
conjunta contra o controle do comércio internacional pelos grandes dos aliados, transformou-se em cenário da Guerra Fria.
blocos econômicos. e) As tropas da ONU, comandadas pelo general Mac Arthur,
b) é resultado da precariedade de recursos naturais no continente conseguiram rechaçar os norte-coreanos, sendo, posteriormente,
africano e da falta de experiência política dos novos governantes, fixadas as fronteiras entre os dois países na altura do paralelo 38°.
que facilitam o agravamento da corrupção e dificultam a contenção
dos gastos públicos.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


150
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

REVOLUÇÃO CHINESA (1949)


INTRODUÇÃO
Durante o século XX, a China passou por três grandes revoluções: a socialista, em 1949, uma verdadeira revolução em termos de
transformações e alterações profundas nas estruturas do país; a cultural, na década de 60, uma manobra do governo de Mao Tsé-tung com
o objetivo de promover uma doutrinação em massa para fortalecer sua autoridade dentro do Partido Comunista Chinês; e, finalmente, a
econômica, a partir dos anos 80, quando o governo, sob a liderança de Deng Xiaoping, abriu a economia aos ventos do capitalismo,
preservando o controle do Partido Comunista sobre a política.
Para entendermos como tudo isso aconteceu, retrocederemos ao início do século XX, quando o
regime imperial chinês, uma dos mais antigos do mundo, foi derrubado por um golpe republicano
comandado pelo médico Sun Yat-sen.
Após a instalação da República, foi organizado o Partido Nacionalista (ou Kuomitang), cuja ideologia
era mais entreguista do que nacionalista. No início da década de 20 foi fundadoo Partido Comunista
Chinês (PCCh), que passou a fazer oposição ao Kuomitang, à época chefiado por Chiang Kai-shek.
Mao Tsé-tung, futuro líder da Revolução Chinesa, ingressou nos quadros do PCCh pouco depois que
o mêsmo foi organizado. Em pouco tempo, Mao havia se tornado um dos principais líderes do partido.
Na juventude, Mao pertencera a um grupo que reuniu intelectuais, professores universitários e
estudantes que se dedicava a estudar filosofia ocidental. Mao se sentia atraído pelo marxismo; no
entanto, com o passar do tempo, convenceu-se de que a grande força revolucionária na Cinha não
seria o proletariado (como Marx afirmava), e sim o campesinato – a China era uma nação
essencialmente agrária. Sun Yat-sem, fundador do Kuomitang.

Em 1927 eclodiu uma guerra civil, opondo os nacionalistas, comandados por Chiang Kai-shek, e os
comunistas, liderados por Mao Tsé-tung. No início da década de 30, o Japão ocupou a Manchúria, região ao Norte da China. Os
nacionalistas passaram, então, a lutar em duas frentes: contra os invasores
japoneses e contra os comunistas. Em 1934, acossado pelas forças militares do
Kuomitang, MaoTsé-tung ordenou a retirada dos comunistas para o Norte do país.
Foi um êxodo penoso, que envolveu o deslocamento (a pé!) de aproximadamente
100 mil homens por 10 mil quilômetros, sob ataques do Kuomitang, intempéries
climáticas, doenças e fome. Estima-se que apenas 10 mil homens tenham
sobrevivido. Apesar da perda da maior parte de suas forças durante a Longa
Marcha, os comunistas conseguiram se reorganizar e ganhar o apoio da massa
camponesa. A ocupação japonesa sobre a China, a partir de 1937, permitiu uma
trégua na guerra civil que se desenrolava entre nacionalistas e comunistas. Com a
derrota do Japão ao fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45) e a consequente
retirada das tropas japonesas do território chinês, a guerra civil é retomada. Mao Tsé-tung (montado) liderando a Longa Marcha (1934-35).
Finalmente, em 1949, dá-se a vitória final das forças comunistas, comandadas por Mao, sobre os nacionalistas do Kuomitang. A República
Popular da China é proclamada. Chiang Kai-shek e a maior parte da elite chinesa fogem para a ilha de Formosa (Taiwan), onde fundam,
com a proteção dos EUA, a China Nacionalista.
“(...) A vitória comunista na China representava para a diplomacia americana um sério revés, pois o país chinês era o principal aliado de
Washington na região da Ásia Oriental e do Pacífico.
Os Estados Unidos (...) decidiram então restaurar a economia japonesa e criar um novo centro de poder para apoiar sua política na região”,
escreveram os professores Paulo Visentini e Analúcia Danilevicz em História do Mundo Contemporâneo: da Pax britânica do século XVIII
ao Choque de Civilizações do século XXI.
De acordo com Jon Halliday e Jung Chang, em Mao: a história desconhecida, a transição para o socialismo não produziu, de imediato,
grandes rupturas. “Muitos administradores antigos permaneceram em seus
cargos, sob a nova direção do PCC [Partido Comunista Chinês], e durante um
tempo a economia marchou da mesma forma que antes. Foi dito aos empresários
que suas propriedades não seriam tocadas por muito tempo e que eles deveriam
manter suas fábricas em funcionamento e suas lojas abertas. Por alguns anos,
indústria e comércio não foram estatizados e a coletivização da agricultura só
ocorreria em meados da década de 1950. Nesses poucos anos, com grande parte
da economia ainda em mãos da iniciativa privada, o campo rapidamente se
recuperou de mais de uma década de guerra. A agricultura teve um crescimento
considerável, já que o novo governo concedeu empréstimos e investiu em
sistemas hidráulicos. Nas cidades, foram distribuídos subsídios para mitigar a
fome. As taxas de mortalidade caíram.”
Uma típica execução chinesa, praticada em público (o costume
Apesar da economia não ter sofrido mudanças imediatas, o mesmo não ocorreu remonta ao governo de Mao Tsé-tung).
com outros setores, como a Justiça e os meios de comunicação, controlados de
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

imediato pelo Partido Comunista. Em seguida, o novo regime lançou-se, como relatam Halliday e Chang, contra os inimigos internos da
revolução: “O alvo eram os remanescentes do regime nacionalista, rotulados de ‘inimigos de classe’ (...). Em torno de 3 milhões de pessoas
pereceram vitimas de execuções, violência da multidão ou suicídio. Mao queria que as matanças fossem feitas com o máximo impacto e
isso significava execuções públicas. Em 30 de março de 1951, instruiu: ‘Muitos lugares [...] não ousam matar contra-revolucionários em
escala grandiosa com publicidade. Essa situação deve ser mudada’. (...) Mao queria que a maio-ria da população – adultos e crianças –
testemunhassem a violência e as mortes. Seu objetivo era atemorizar e brutalizar toda a população, em um grau que ia muito mais longe do
que Stálin ou Hitler, que mantiveram a maior parte de seus crimes fora de vista. (...) No total, o durante o regime de Mao, o número dos que
foram executados e tiveram morte prematura em prisões e campos de trabalho forçado pode ter chegado a 27 milhões. (...) Mao disse
várias vezes que suas matanças ‘eram extremamente necessárias’. ‘Somente depois que essa coisa é feita de forma correta, nosso poder
pode estar seguro’, declarou.”
Uma das estratégias de Mao para “fazer as serpentes saírem de suas
Cartaz de propaganda oficial enaltecendo o Grande Salto
tocas”, ou seja, para descobrir quem se opunha, no plano interno, ao seu para a Frente.
governo, foi a Campanha das Cem Flores. O líder chinês estimulou a
população a expressar livremente suas críticas e reivindicações. “Que
cem flores desabrochem, que cem correntes de pensamento rivalizem
entre si”, disse Mao ao lançar oficialmente a campanha. Entretanto,
quando as críticas e reclamações começaram a chegar, Mao as utilizou
para perseguir seus supostos inimigos.
Na segunda metade da década de 1950, o governo chinês lançou o
Grande Salto para a Frente, um plano cujo objetivo principal era o de
acelerar o desenvolvimento econômico do país, tanto no plano agrícola
quanto no plano industrial. Para isso, Mao Tsé-tung contava com a
cooperação da URSS, de quem a China se aproximou depois da vitória da
Revolução de 1949. A ajuda soviética não se limitou ao plano financeiro;
técnicos e especialistas russos foram enviados à China para assessorar
as autoridades na execução do projeto de Mao.
O Grande Salto para a Frente acabou sendo apenas um “passinho adiante”, ou seja, fracassou. Nos dois primeiros anos de
implementação do programa, a produção agrícola experimentou uma brutal queda. “O resultado foi uma epidemia de fome que matou cerca
de 20 milhões de pessoas entre 1959 e 1962! Isso ocorreu em decorrência do desequilíbrio entre a parcela da renda nacional investida na
indústria e as necessidades de alimentação do povo”, escreveram os professores José Mao Junior e Lincoln Secco em A Revolução
Chinesa.
Outro elemento que também contribuiu para o fracasso do Grande Salto para a Frente foi o rompimento das relações diplomáticas entre
China e URSS em 1960 (conflito sino-soviético). Com isso, os russos retiraram seus técnicos e seus capitais da China, privando os
chineses da assessoria e ajuda financeira necessárias ao processo.
As relações entre Moscou e Pequim começaram a se desgastar com a subida
de Nikita Khrushchev ao poder na URSS (1955). O novo líder soviético
abraçou a coexistência pacífica, ou seja, adotou uma política externa que
pregava a aproximação diplomática entre os blocos capitalista e socialista, a
qual Mao Tsé-tung não era favorável. Para o dirigente chinês, a coexistência
pacífica, baseada na diplomacia, corrompia a essência revolucionária do
socialismo (“A revolução é uma insurreição, é um ato de violência pelo qual
uma classe derruba a outra”, disse Mao). Além disso, Khrushchev iniciou a
desestalinização na URSS, denunciando os crimes da ditadura de Stalin e
combatendo o culto à personalidade do ex líder soviético, morto de 1953. Mao Cartaz oficial de propaganda do governo de Mao criticando a
Tsé-tung “vestiu a carapuça”: sentia-se incomodado com a desestalinização política do dirigente soviético Khrushchev.
porque perseguia seus opositores na China, ao mesmo tempo em que erigia
um culto em torno da sua própria personalidade entre os chineses.
Outros fatores que agravaram a crise sino-soviética:
• disputas pela liderança dentro do bloco socialista;
• recusa soviética em transferir tecnologia nuclear aos chineses.
O rompimento de relações com a URSS produziu um isolamento da China que só
seria rompido no início da década de 1970, quando o governo de Pequim começou
a se aproximar dos EUA. Logo os frutos começaram a ser colhidos: a China foi
admitida na ONU (1971) e o presidente americano Richard Nixon visitou o país
(1972).
Na metade da década de 1960, preocupado com o crescimento das disputas
dentro do PCCh, Mao lançou a Revolução Cultural, com o objetivo de fortalecer O engajamento da juventude foi decisivo para a Revolução
seu poder e expurgar aqueles considerados uma ameaça à sua autoridade. Para Cultural (na foto, jovens erguem o Livro Vermelho,
isso, uma estratégia foi traçada: a mobilização da juventude, mediante uma exaus- demonstrando seu fervor pelo movimento).

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


152
Aula 31 – Revolução Chinesa
tiva doutrinação ideológica baseada no “Livro Vermelho” (ou “Pensamento de Mao Tsé-tung”). Milhões de jovens se engajaram no
movimento com um fervor e devoção inacreditáveis, aderindo à Guarda Vermelha. Os burocratas do PCCh que se opunham a Mao foram
perseguidos, universidades foram fechadas, intelectuais foram presos e deportados para campos de trabalhos forçados, a fim de serem
reeducados.
De acordo com Mao, a Revolução Cultural deveria combater os “quatro velhos” (velhas ideias, velhos hábitos, velha cultura e velhas
tradições), resgatando o fervor da revolução socialista.
O historiador Stéphane Courtois, em O Livro Negro do Comunismo, apresenta o testemunho de um chinês que participou, quando jovem,
da Guarda Vermelha e testemunhou toda a efervescência da Revolução Cultural: “Éramos jovens. Éramos fanáticos. Acreditávamos que o
presidente Mao era grande, que detinha a verdade, que era a verdade. Eu acreditava em tudo o que Mao dizia. E acreditava que havia
razões para a Revolução Cultural. Julgávamos ser revolucionários e que, à medida que éramos revolucionários, que seguíamos o
presidente Mao, poderíamos resolver qualquer problema, todos os problemas da sociedade.”
O professor Norman Lowe, em História do Mundo Contemporâneo, diz
que a Revolução Cultural instaurou uma situação caótica que beirou
uma guerra civil: “Uma vez mobilizadas, as massas estudantis
denunciaram e atacaram fisicamente qualquer pessoa com autoridade, e
não apenas os críticos de Mao. Professores, profissionais, dirigentes
partidários locais, todos eram alvo. Milhõesde pessoas caíram em
desgraça e foram destruídas.
Em 1967, os extremistas entre os Guardas Vermelhos estavam quase
fora de controle, e Mao teve que chamar o exército, comandado por Lin
Biao, para restaurar a ordem. (...) A Revolução Cultural gerou grande
desagregação, destruiu milhões de vidas e provavelmente atrasou o
desenvolvimento econômico da China em 10 anos.”
O movimento começou a perder força no início da década de 1970,
chegando ao fim com a morte de Mao Tsé-tung em 1976. A viúva de Mao, Cartaz de propaganda oficial durante a Revolução Cultural (observe a
figura de Mao pairando sobre os jovens que portam nas mãos
Chiang Ching, que durante a Revolução Cultural determinava o que podia
exemplares do Livro Vermelho).
ser pintado, escrito, dramatizado, cantado ou exibido no país, acabou se
suicidando em 1991, na cadeia (ela e outros líderes foram presos depois da morte de Mao, acusados de crimes e atrocidades cometidos na
época da Revolução Cultural maoísta).
Com a morte de Mao Tsé-tung, o poder passou para as mãos de Deng Xiaoping, que havia sido perseguido na Revolução Cultural. Com a
ascensão de Deng, a China inicia uma impressionante guinada em relação ao caminho que vinha percorrendo desde a instalação do
regime maoísta. O novo governo adota reformas que foram denominadas de Quatro Modernizações, com o objetivo de desenvolver a
indústria, a agricultura, a defesa e a ciência e tecnologia.
Foram criadas as Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), estabelecendo uma abertura ao capitalismo. As Zonas Econômicas Especiais são
áreas do território chinês abertas ao capital privado, onde funciona uma economia de mercado. Nas ZEEs vigora uma legislação econômica
e tributária diferenciada em relação ao restante da China, o que garante o funcionamento de empresas de capital privado nacional e
estrangeiro. O Estado continua presente, pois é ele quem diz onde, quando e em que áreas o capital privado deve ser aplicado. Nessas
regiões a renda é bem superior à média das outras regiões do país, o que cria um brutal contraste social. Hoje, a renda média dos 10%
mais ricos é 12 vezes maior do que a dos 10% mais pobres (uma década atrás, essa diferença era de apenas 4 vezes). Empresas
multinacionais começam a se estabelecer no país, criando milhares de novos empregos e estimulando o desenvolvimento econômico. Aos
poucos, a China, por tanto tempo fechada e voltada para si mesma, começa a incorporar-se à economia capitalista globalizada.
Quando questionado se a China era capitalista ou socialista, o líder Deng Xiaoping
respondeu: “Não importa se o gato é preto ou branco, desde que ele pegue os ratos.”
Alguns denominam o modelo chinês de socialismo de mercado, enquanto outros
preferem chamá-lo de socialismo misto.
O PIB chinês cresceu, nas últimas décadas, em média 9% ao ano. Mão de obra
abundante e barata, subsídios estatais, entrada de investimentos estrangeiros
(atraídos pelas condições favoráveis da economia), instalação de fábricas montadoras
(que importam peças e tecnologia, apenas montando seus produtos na China) e
exportação de produtos baratos parecem ser a receita para o espetacular crescimento
econômico da China, que conseguiu arrancar cerca de 500 milhões de chineses da
pobreza absoluta em pouco mais de duas décadas.
De acordo com o professor Paulo Henrique Martinez, em Socialismo: caminhos e
alternativas, os principais elementos que indicam a abertura chinesa ao capitalismo ão:
“a prioridade colocada sobre a produção com o objetivo de lucro; a volta do sistema
salarial por produção; o comando unificado e hierarquizado, sem a participação dos
trabalhadores; a imposição de regulamentos e a rigidez disciplinar; a privatização de
muitas empresas e portos; a abertura da economia ao ingresso de capitais e empresas O dirigente chinês Deng Xiaoping, responsável pela
multinacionais e a abertura do comércio exterior.” modernização do país.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


153
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

A abertura econômica que a China experimentou não foi acompanhada de uma abertura política. É comum entre os historiadores se dizer
que a China experimentou uma “perestroika sem glasnost”, numa alusão às reformas que Mikhail Gorbatchev implementou na URSS na
segunda metade da década de 1980 (“perestroika”, em russo, significa restruturação; “glasnost” significa transparência). As reformas
econômicas avançaram, os salários e as condições de vida melhoraram de forma significativa (pelo menos nas ZEEs), mas o Partido
Comunista Chinês continuou a controlar a estrutura política com mão de ferro, como numa típica ditadura socialista.
Em 1989 eclodiu um movimento que ficou conhecido como Primavera de Pequim. Entusiasmados com os ventos de liberdade política
e mudanças que sopravam no Leste europeu e na URSS, universitários, professores e intelectuais da Universidade de Pequim ocuparam a
Praça Tiananmen (ou Praça da Paz Celestial), no centro da capital chinesa, exigindo do governo reformas políticas, fim da corrupção,
transparência nos atos do governo, liberdade de imprensa e respeito aos direitos humanos.
A ocupação da Praça da Paz celestial pelos manifestantes começou em abril de 1989. Em maio, o movimento havia atingido proporções
gigantescas, pois o número de manifestantes ali reunidos ultrapassara um milhão de pessoas, chamando cada vez mais a atenção da
comunidade internacional e despertando preocupação no governo de Deng Xiaoping.
Em junho de 1989, a tolerância do governo ao movimento chegou ao fim:
tropas fortemente armadas do Exército Vermelho marcharam até Tiananmen,
avançando sobre os manifestantes ali concentrados. Milhares de pessoas
foram mortas no episódio que ficou conhecido como o Massacre da Praça
da Paz Celestial. Um dos mais poderosos registros desse trágico episódio
está na foto ao lado, quando o jovem chinês Wang Weilin tentou deter uma
coluna de tanques que se aproximava do local onde os manifestantes
estavam reunidos. Ele foi preso e executado poucos dias depois da
repressão armada aos manifestantes.
Comentando, à época, o episódio do jovem que tentou deter os tanques em
Pequim, o jornalista Augusto Nunes escreveu no jornal O Estado de São
Essa imagem se tornou o símbolo da repressão do governo chinês à
Paulo (18/06/1989): “(...) sozinho no meio da praça, o corpo magro Primavera de Pequim.
modestamente emoldurado pela calça escura e a camisa branca, um jovem
chinês, desarmado, detém uma coluna de tanques. Imobilizados os mamutes de aço, o chinesinho sobe ao dorso do primeiro deles e grita
algo para o soldado que o pilota. Desce em seguida para o chão e novamente hasteia o próprio corpo diante da coluna. O tanque se move
para a direita, o chinesinho acompanha seu movimento. É possível adivinhar a perplexidade do soldado que comanda a máquina assassina
– a perplexidade que precede a fúria. O tanque avança alguns centímetros, o jovem o encara desafiadoramente. Há uma tragédia em seu
começo: o soldado não poderá recuar. Mas alguns braços providenciais convergem para o meio da praça e resgatam o combatente solitário
(...).”
A repressão à Primavera de Pequim desencadeou uma onda de críticas da comunidade internacional ao governo chinês. Entretanto, Deng
Xiaoping não recuou em sua postura de recrudescimento político, deixando claro que seu governo não faria concessões democráticas.
Estava definitivamente consolidada a “perestroika sem galsnost” da China.
A morte de Deng Xiapoping, em fevereiro de 1996, não afetou o porcesso de abertura econômica. Jiang Zemin, que o sucedeu no poder,
deu continuidade à política reformista em vigor no país, marcada pela mescla de uma economia de mercado com a ditadura
monopartidária.
Hoje, sob o governo de Xi Jinping, a China avança em sua trajetória para a definitiva
consolidação como potência mundial. O incontestável sucesso dos Jogos Olímpicos
de 2008, sediados em Pequim, foram uma prova defi-nitiva do espaço que o país
conquistou no cenário internacional.
“A nação que sediou o maior evento esportivo do planeta não lembra em nada a China
de 1968. O contraste entre as duas realidades, separadas por apenas quarenta anos,
fica evidente quando se compara a vida dos jovens chineses naquele tempo e hoje.
Um rapaz ou uma moça típicos de 1968 não estudava, porque as instituições de
ensino superior haviam sido fechadas pelo líder comunista Mao Tsé-tung. Era
integrante das Guardas Vermelhas maoístas e havia passado os meses anteriores
participando como claque de expurgos de intelectuais, professores universitários, O dirigente chinês Xi Jinping.
membros do Partido Comunista e dirigentes de estatais. Além disso, preparava-se
para trabalhar numa colônia rural, a fim de ‘purificar-se’ ideologicamente por meio do contato diário com camponeses. Em suma, o jovem
de 1968 vivia o fim da Revolução Cultura, iniciada por
Mao em 1966, para exterminar o que o Grande Timoneiro considerava ser uma classe de políticos e intelectuais corrompida por valores
ocidentais e, portanto, fora dos trilhos do socialismo. (...) O jovem chinês de 2008 [e de hoje] vive em outro país – um país em que a
Revolução Cultural é um assunto tabu. Ele usufrui de uma economia aberta e que mantém, desde o fim da década de 90, o título de
segundo maior receptor de investimentos externos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. (...) A universidade não é o centro de
doutrinação marxista, mas trampolim para uma profissão bem remunerada. Além disso, ele tem acesso aos bens de consumo – em
especial, produtos eletrônicos – que fazem a alegria da juventude ocidental. (...) Diz-se que o século XXI será da China, da mesma forma
que o século XX foi dos Estados Unidos. Se a tendência de crescimento se mantiver, em uma década os chineses terão a segunda maior
economia do mundo.”
(Revista Veja, edição especial de 40 anos. São Paulo: Abril, 2008, p. 204-05.)

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


154
Aula 31 – Revolução Chinesa
LEITURA COMPLEMENTAR: RELAÇÕES COMPLICADAS COM TIBETE E TAIWAN
“No fim da guerra civil chinesa, em 1949, as forças derrotadas por Mao Tsé-tung fugiram para a ilha de Taiwan, estabelecendo um governo
próprio. A China considera Taiwan uma província rebelde e ameaça entrar em guerra caso essa formalize a sua independência.
Com a entrada da China na ONU, em 1971, Taiwan teve de sair da organização e desfez laços diplomáticos com quase o mundo todo. Os
EUA, que financiaram a industrialização de Taiwan, permanecem como aliados e ajudam na defesa da ilha.
Hoje em dia, as relações entre Taiwan e China atravessam a sua melhor fase em seis décadas. Ampliaram-se os laços de viagem e turismo
(já existem vôos diretos), e os dois governos estão prestes a assinar um acordo de livre comércio. Até o momento, a agenda da
aproximação deixou de fora o tema da reunificação política. A maioria dos taiwaneses almeja cooperação econômica, mas quer a
independência.
O Tibete, território de tradição budista com status de região autônoma, foi anexado à China em 1950. A ocupação tentou suprimir a
identidade do povo tibetano. Por causa disso, Tenzin Gyatso, o 14º dalai-lama, líder os tibetanos, partiu para o exílio em 1959. Desde
então, tem corrido o mundo divulgando a causa tibetana e ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1989.
Em 2008, antes dos Jogos Olímpicos, protestos contra o domínio chinês levaram à pior onda de violência em 20 anos. Mesmo assim, o
dalai-lama prosseguiu o diálogo com o governo. Ele afirma não querer a independência, mas a autonomia real, que garanta ao Tibete a
preservação de suas tradições. A China, porém, empenha-se em desenvolver o Tibete para romper seu isolamento natural e diluir a cultura
local. Grandes projetos de infraestrutura – como a ferrovia que liga Lhasa, a capital tibetana, a Golmud, na província de Qinghai – têm
estimulado a imigração em massa dos chineses. Como resultado, a população tibetana perde importância em seu território.”
GE Atualidades Vestibular + ENEM 2011. São Paulo: Abril, 2011, p. 79.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


155
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01

A foto acima, capturada pelas lentes da câmera de um fotógrafo da agência de notícias Reuters,
tornou-se o principal testemunho da repressão do governo chinês à Primavera de Pequim, movimento
de jovens estudantes universitários por uma abertura política, na noite de 3 a 4 de junho de 1989, na
Praça da Paz Celestial (Tiananmen, em mandarim). No entanto, o governo chinês mantém até hoje um
silêncio sobre o episódio. Vinte anos depois, o massacre de Tiananmen continua condenado ao
esquecimento da sociedade e do governo chineses, mas com a comunidade internacional a aumentar
a pressão para que Pequim liberte os participantes dos protestos que ainda permanecem detidos.
Sobre a Primavera de Pequim (1989), infere-se que
a) as autoridades chinesas agem em função das pressões da própria população, visto que o
movimento refletia os interesses e insatisfações de parte da cúpula do partido comunista chinês e de
seus apoiadores.
b) hoje, passados mais de vinte anos do episódio “Massacre da Praça da Paz Celestial”, o governo
chinês já permite que, nas escolas, se estude sobre tal acontecimento.
c) o uso da repressão e da censura pelo partido comunista chinês é uma estratégia que visa reprimir a
memória sobre o movimento e reforçar o poder governamental no país.
d) o movimento de Pequim contou com a participação de ativistas tibetanos, que aproveitaram a
oportunidade e conseguiram a emancipação do Tibet em relação ao domínio chinês.
e) apesar de terem reprimido brutalmente o movimento de 1989, as autoridades chinesas não
impedem que a população acesse sites que tratam sobre o assunto e nem proíbe debates sobre o
mesmo.

Questão 02
Observe as imagens abaixo.

As fotos da senhora chinesa revelam uma prática da cultura daquele país que dava aos pés femininos,
uma vez calçados, uma aparência delicada e diminuta, tal qual sapatinhos de boneca. A tradição foi
banida com a Revolução Socialista de 1949. Entretanto, milhares de mulheres ainda são um
testemunho vivo de uma prática dolorosa que deformava seus pés, conferindo-lhes a aparência
conhecida como “flor de lótus”, que tanto agradava aos homens.
Refletindo sobre a prática dos “pezinhos de chinesa”, podemos associá-la
a) a um costume tribal que os chineses herdaram dos mongóis quando seu império caiu sob o domínio
desse povo asiático.
b) a um procedimento da tradicional medicina chinesa, que acreditava que o mesmo traria mais força e
resistência às mulheres.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
156
Aula 31 – Revolução Chinesa
c) às dificuldades da economia chinesa, que exigia esforços no sentido de economizar matérias primas
na fabricação de calçados.
d) à subjugação feminina na sociedade chinesa imperial, uma vez que os pés atrofiados contribuíam
Anotações
para a submissão da mulher ao homem.
e) a um costume que os chineses herdaram da tradicional sociedade japonesa, assentada
ideologicamente sobre o pensamento xintoísta.

Questão 03
O principal articulador do atual modelo econômico chinês argumenta que o mercado é só um
instrumento econômico, que se emprega de forma indistinta tanto no capitalismo como no socialismo.
Porém os próprios chineses já estão sentindo, na sua sociedade, o seu real significado: o mercado
não é algo neutro, ou um instrumental técnico que possibilita à sociedade utilizá-lo para a construção e
edificação do socialismo. Ele é, ao contrário do que diz o articulador, um instrumento do capitalismo e
é inerente à sua estrutura como modo de produção. A sua utilização está levando a uma polarização
da sociedade chinesa.
OLIVEIRA, A. A Revolução Chinesa. Caros Amigos, 31 jan. 2011 (adaptado).

No texto, as reformas econômicas ocorridas na China são colocadas como antagônicas à construção
de um país socialista. Nesse contexto, a característica fundamental do socialismo, à qual o modelo
econômico chinês atual se contrapõe é a
a) desestatização da economia.
b) instauração de um partido único.
c) manutenção da livre concorrência.
d) formação de sindicatos trabalhistas.
e) extinção gradual das classes sociais.

Questão 04
“A China é agora a segunda economia do mundo, superando o Japão. Nesse inacreditável laboratório
da modernidade, há muitos perigos à espreita, quer eles venham da ecologia, do sistema político ou
do próprio crescimento vertiginoso da economia. Mas a China é hoje um lugar onde acontecem coisas
surpreendentes....”
HORTA, Luiz Paulo. “O Império do Meio manda chamar Confúcio”.
O Globo. Caderno Opinião, 1º caderno, 22/08/2010, p.06.

Com as reformas econômicas iniciadas por Deng Xiaoping, a partir de 1979 e do início da década de
80, a China deixou de ser um país atrasado e agrícola para se converter numa potência industrial,
ingressando, já no início do século XXI, na Organização Mundial do Comércio (OMC). Ao combinar
uma economia de mercado com a ditadura de um partido único, a China ainda possui desafios para se
sustentar e se integrar ao cenário da economia mundial.
Com base nos conhecimentos das mudanças geoeconômicas atuais, afirma-se que a(o)
a) China se tornou um centro produtor e exportador mundial de produtos têxteis e manufaturados de
baixo valor, a partir do crescente uso de mão de obra barata, do amplo mercado consumidor e de altos
investimentos, vindos dos países asiáticos.
b) manutenção das Zonas Econômicas Especiais é uma das metas do novo modelo de
desenvolvimento econômico, cujo principal objetivo é a aproximação da China com países africanos,
como Angola e Nigéria, fornecedores de petróleo, produto essencial ao crescimento industrial.
c) início do processo de abertura da China ao comércio exterior se deu com a implantação do
socialismo, logo após o término da Guerra do Ópio, mas retroagiu com a eclosão do movimento
xenófobo conhecido como Guerra dos Boxers.
d) novo modelo de desenvolvimento chinês para o século XXI aponta para a diminuição da
desigualdade social com o aumento do consumo interno e investimentos em setores estratégicos de
produção, como os de alta tecnologia e serviços, apesar da recente expansão de sua economia e
dependência em relação ao comércio exterior.
e) rompimento das relações sino-soviéticas na década de 70, a partir da desestalinização promovida
na União Soviética, favoreceu a autonomia chinesa e ampliou os investimentos na produção, até
então, controlados exclusivamente pelos russos.

Questão 05
"Questiona-se atualmente qual o fôlego do desenvolvimentismo do peculiar socialismo chinês e se
suas reformulações econômicas exigirão iguais mudanças políticas, dando os contornos a uma
verdadeira 'glasnost' chinesa."
VICENTINO, Cláudio e SCALZARETTO, Reinaldo. "Cenário Mundial. A nova ordem internacional". São Paulo: Scipione, 1992.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


157
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Tomando como referência a citação acima, assinale a alternativa correta.


a) Embora sejam reconhecidos os avanços no plano econômico, politicamente o governo chinês
mantém o centralismo e o autoritarismo, tal como se verificou em Pequim no massacre da Praça da
Anotações
Paz Celestial. Naquele momento, os estudantes lutavam contra a influência cultural norte-americana,
contra as privatizações e pelo fortalecimento do Partido Comunista Chinês.
b) A base das reformas econômicas na China, a partir da década de 1980, foi a criação de uma
economia mercantil planificada, com investimentos na importação de tecnologia e abertura para
empresas estrangeiras, aproveitando o potencial da farta mão de obra e do excelente mercado
consumidor.
c) Em função da supervalorização da mão de obra, com os altos salários pagos aos operários
chineses, e da concorrência da exportação de produtos agrícolas feita por Taiwan, os produtos
chineses ficaram restritos ao comércio com o sudeste asiático.
d) A devolução de Hong Kong pelos ingleses à China foi fruto de intensos conflitos que envolveram
recentemente os dois países, culminando com a implantação de eleições livres e a formação de uma
bolsa de valores naquela região.

Questão 06
Em 1842, Hong Kong foi cedida para o Reino Unido pelo Tratado de Nanquim. No ano de 1984, após
inúmeras negociações, um comunicado conjunto (China - Reino Unido) aceita a reincorporação de
Hong Kong à China a partir de 1997.
A reincorporação
a) gerou forte oposição da Rússia, que se sentiu ameaçada pela economia chinesa.
b) ocasionou o boicote, pelo Japão, aos produtos vindos de Hong Kong, por temor da concorrência.
c) ocasionou um acordo recusado pela população de Hong Kong, que se declarou anexada a
Formosa.
d) fez com que Hong Kong, após anos de domínio imperialista americano, finalmente voltasse a fazer
parte do território chinês.
e) gerou apreensão nos habitantes de Hong Kong, receosos de medidas chinesas de restrição aos
direitos democráticos e à economia capitalista.

Questão 07
O mundo todo se volta para o Oriente para entender o "milagre chinês", fruto da política reformista de
Deng Xiaoping.
Sobre a China hoje, é correto afirmar que, EXCETO:
a) a abertura da economia aos investimentos externos está associada ao planejamento e controle do
Estado.
b) no campo político, há um profundo desrespeito aos direitos humanos e um forte autoritarismo
governamental.
c) o grande desenvolvimento industrial é o responsável pelo declínio acentuado da economia agrária.
d) a mão de obra farta e barata é um dos grandes atrativos para os investimentos estrangeiros.
e) a prosperidade é regionalizada, havendo ainda grandes bolsões de pobreza e de arcaísmos no
interior.

Questão 08
"O drama foi tão vasto quanto a própria China. Encorajados pelos ventos da libertação vindos de
Moscou e da Europa do Leste, quase um milhão de manifestantes foram se juntando na Praça da Paz
Celestial, em Pequim, para pedir reformas. Após sete semanas, sobrou um núcleo de três mil
estudantes que pediam a democracia.
(Revista "Veja" - Editora Abril)
O trecho acima refere-se à:
a) Revolução Cultural, na qual grupos políticos antagônicos assumiram posições marcadas pelo
radicalismo.
b) proclamação da República Popular da China, após o vitorioso movimento liderado por Mao Tse-
Tung.
c) cisão entre a China e a União Soviética, devido a divergências relativas à tese de coexistência
pacífica.
d) manifestação que obrigou os seguidores de Chiang Kai-Shek a fundar a China nacionalista em
Taiwan (Ilha de Formosa).
e) repressão comunista contra o movimento por abertura política e contra a corrupção e privilégios de
altos funcionários do Partido Comunista Chinês.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


158
Aula 31 – Revolução Chinesa

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO cooperação com os países ocidentais, através do Pacto de


Varsóvia.
Questão 01 II. A China realizou sua revolução socialista na década de 1940,
definindo uma política de cooperação econômica e militar com o
"(...) Para os mais velhos, Mao é um constrangimento. É raro
Japão e a Índia.
encontrar quem o defenda. Ao fim da viagem, quando eu já me
III. A Revolução Cultural instalada na China, entre as décadas de
conformava com o ritmo lento e as respostas esquivas dos
1960 e 1970, pretendia estabelecer uma grande transformação
chineses, testemunhei a única reação direta, quase intempestiva,
ideológica, alterar profundamente as estruturas socioculturais e
de um professor de Economia da Universidade de Tsing-Hua,
garantir o poder de Mao-Tsé-Tung.
Denggao Long. Ao indagar se as mudanças na China mostravam
IV. A instalação do regime socialista na ilha de Cuba entrou em
uma verdadeira revolução de Deng, Long deu um pulo na cadeira e
choque com a política capitalista norte-americana, resultando no
até arriscou o inglês: 'Revolução? Não! Reforma.' Eu sorri, e ele
episódio de invasão da Baía dos Porcos.
continuou: 'Revolução, nunca mais na China. A Revolução Cultural
V. Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão estabeleceu uma
foi uma tragédia, um erro (...)'."
Revista "Época", 06/2008
política de reconstrução nacional, proclamando a república e
organizando um governo de base socialista.
Que aspecto da Revolução Cultural Chinesa, ocorrida entre as VI. A América Latina manteve-se distante das influências
décadas de 1960/1970, justificaria a afirmação destacada no trecho socialistas, como resultado da severa vigilância dos seus governos
anterior? Assinale a alternativa que responde, corretamente, à e da incapacidade de trabalhadores e intelectuais para organizar
questão. partidos e associações de caráter socialista.
a) A Revolução Cultural agiu em favor da burocratização do Estado
Pode-se afirmar que:
Chinês e da planificação excessivamente centralizada da
a) todas as proposições são verdadeiras.
economia.
b) apenas as proposições I, III e V são verdadeiras.
b) No plano econômico, a Revolução Cultural atrasou o avanço
c) apenas as proposições II, IV e V são verdadeiras.
tecnológico do país, entre outros aspectos, devido às inúmeras
d) apenas as proposições III e IV são verdadeiras.
perseguições a intelectuais, cientistas e educadores.
e) apenas as proposições V e VI são verdadeiras.
c) Por meio da mudança de mentalidade, o governo maoísta
pretendia consolidar os ideais revolucionários burgueses, em
Questão 04
detrimento da massa camponesa.
d) A Revolução Cultural combateu, duramente, o isolamento Quanto à Revolução Chinesa, podemos afirmar que:
tradicional da cultura chinesa, valorizando o cosmopolitismo e a I - a partir de 1905, com a pressão do Partido Nacionalista
inovação criadora trazida pelo Comunismo. (Kuomitang), se iniciam as tentativas de deposição da dinastia
e) Defendendo uma revolução proletária urbana, nos moldes da Mandchu, ao mesmo tempo em que as rivalidades no interior do
Revolução Russa, Mao Tse-tung precisou usar de extrema partido acabam por dividir a China provocando conflitos entre
violência para conter a participação da massa camponesa, o que republicanos e partidários da manutenção do domínio dinástico.
resultou em massacre. II - os focos de resistência ao domínio dinástico, de tendência
comunista, iniciam-se em Xangai após a fundação, em 1921, do
Questão 02 Partido Comunista Chinês e acabam por provocar tensões entre os
nacionalistas, chefiados por Chiang Kai Shek, e os comunistas,
A China desponta nos dias de hoje como uma das possíveis
chefiados por Mao Tsé Tung, fato que dará início à Grande Marcha
grandes potências do próximo século. Todavia, até meados do
de 1934 e conduzirá à proclamação da República Popular da China
século XIX, ela era um país em grande parte isolado do restante do
em 1949.
mundo e que, apesar de apresentar uma economia enfraquecida,
III - a partir do término da 2a Guerra Mundial, em função dos
resistia à voracidade dos interesses ocidentais. Naquela época os
acordos firmados entre EUA e URSS, as duas Chinas, a de
primeiros a quebrarem esse isolamento foram os ingleses
Formosa e a continental, se unem sob a liderança de um colegiado
Assinale a ÚNICA alternativa que corresponde aos meios
que incluía comunistas e nacionalistas e que desempenhou papel
empregados pelos ingleses para impor à China o comércio e outras
importante na realização da Revolução Cultural de 1960.
influências ocidentais:
Assinale a opção que contém a(s) afirmativa(s) correta(s):
a) a monopolização do comércio da região, pela Companhia das
a) Apenas I
Índias Ocidentais;
b) Apenas I e II
b) a Guerra do Ópio, com ataques às cidades portuárias chinesas;
c) Apenas II
c) a assinatura de tratados de livre comercialização do chá chinês;
d) Apenas II e III
d) a Guerra dos Boers, levando ao extermínio os nativos da região;
e) Apenas III
e) a imposição à China de uma nova forma de governo com feições
ocidentais.
Questão 05
Questão 03 Sobre as etapas do processo de construção do socialismo na
China, é correto afirmar que:
Considere a expansão do bloco socialista no mundo, entre o fim da
a) durante o governo republicano do Partido Nacionalista
Segunda Guerra Mundial e a década de 1960, e analise as
(Kuomintang), de Sun Yat-sen, que havia proclamado a república
proposições abaixo:
em 1911, a aliança com os chefes militares regionais ("Senhores
I. A União Soviética contentou-se com os territórios ocupados no da Guerra") permitiu a extinção das zonas de influência ocidentais
Leste europeu e estabeleceu uma política de alinhamento e e japonesas na China.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


159
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

b) o Tratado de Versalhes, em 1919, definiu a soberania chinesa realmente um marxista, enquanto outros argumentaram que seu
diante do Japão, o que permitiu a formação de um governo de pensamento estava baseado no stalinismo e não acrescentava
coligação nacional com o apoio popular, do qual participavam os nada de novo no marxismo-leninismo. As ideias de Mao só foram
"senhores da guerra", o Kuomintang e os comunistas. reconhecidas internacionalmente pelo termo “maoísmo” depois da
c) a Longa Marcha, em 1934-35, foi uma reação popular contra a Revolução Cultural.
invasão da Manchúria pelos Russos, em 1931, que reuniu as Adaptado de LAWRENCE, Alan. China under communism. Londres/Nova Iorque:
Routledge, 2000, p.6.
forças militares do Kuomintang e do Partido Comunista Chinês
para a libertação dessa região.
d) ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, acirraram-se as O fato dos estudiosos ocidentais questionarem a filiação marxista
rivalidades entre o Partido Comunista Chinês e a União Soviética dos ideais de Mao Tsé-tung estava relacionado:
Stalinista, que passou a ajudar militarmente o Kuomintang em sua a) ao chamado conflito sino-soviético, que resultou na ruptura de
luta contra os comunistas, lançando a China em um período de relações entre China e URSS.
guerra civil. b) à aliança de Mao e do Partido Comunista Chinês com Chang
e) após a vitória dos comunistas, em 1949, foram implantadas Kai-shek e o Kuomintang durante a II Guerra Mundial.
diversas reformas, que não conseguiram atender às exigências c) à organização da Revolução Chinesa a partir de uma base
sociais, o que provocou críticas crescentes que ameaçavam o camponesa e não operária.
governo do Partido Comunista, culminando no "Movimento das d) à Revolução Cultural e às críticas que surgiram à burocracia do
Cem Flores", em 1956. Partido Comunista Chinês.

Questão 06 Questão 08
A China atravessava grandes dificuldades econômicas em 1966, A Grande Marcha empreendida nos anos 30 por Mao Tsé-tung e
quando Mao Tsé-tung deu início à Revolução Cultural, que se seus seguidores foi:
declarava contrária a “quatro velharias”: velhas ideias, velha a) uma fuga dos contingentes comunistas que estavam sendo
cultura, velhos costumes e velhos hábitos”. perseguidos pelas tropas do Kuomitang.
Apesar de propagar transformações nessas áreas, a revolução b) uma fuga dos seguidores de Mao perseguidos pelas tropas
Cultural foi também um movimento político, pois: japonesas que invadiram a Manchúria.
a) fortaleceu o poder de Mao Tsé-tung, em razão da repressão aos c) uma tentativa das tropas comunistas de cortar as linhas de
líderes acusados de direitistas e do expurgo dos que faziam abastecimento das tropas nacionalistas.
d) uma tentativa das tropas de Mao de cercar as tropas japonesas
(a) Movimento de contestação do que haviam invadido a Manchúria e o norte da China.
poder do Partido Comunista, que e) a marcha empreendida pelos comunistas sobre Nankim para
I - Grande Salto em Frente posteriormente foi liderado por Mao derrotar as tropas do Kuomitang.
Tsé-tung, colocando-o contra seus
inimigos. Questão 09
(b) Recuo das forças do Partido Para conseguir estimular a industrialização chinesa, Mao Tsé-tung
Comunista Chinês pelo território do lançou um programa de planejamento econômico que ficou
II – Kuomintang
país, durante a guerra civil contra os conhecido como:
nacionalistas.
a) Plano Quinquenal.
(c) Plano quinquenal que pretendia
b) Grande Marcha.
III - Grande Marcha impulsionar a industrialização
c) Plano Salte.
chinesa.
d) Revolução Cultural.
e) Grande Salto Adiante.
(d) Partido Nacionalista da China,
liderado por Chiang Kai-shek, e que
IV - Revolução Cultural Questão 10
governou entre as décadas de 1920
e 1940. Utilizando seus conhecimentos sobre a Revolução Chinesa,
relacione as duas colunas abaixo:
oposição ao grupo maoísta.
A alternativa que indica corretamente a relação das duas colunas
b) possibilitou a consolidação da Guarda Vermelha no poder, a
é:
qual reimplantou o burocratismo, o autoritarismo e o nepotismo
a) I-d; II-a; III-b; IV-c.
típico do modelo soviético.
b) I-b; II-a; III-c; IV-d
c) ampliou a influência do modelo soviético sobre o comunismo
c) I-c; II-a; III-d; IV-b
chinês, com o investimento de muitos capitais e contando com a
d) I-c; II-d; III-b; IV-a
cooperação de técnicos soviéticos no planejamento da economia.
d) traçou uma nova diretriz para o país, com a qual Mao Tsé-tung
Questão 11
buscava o desenvolvimento de relações internacionais que
atraíssem capitais e empresas estrangeiras. “Em 1976, esgotava-se na China o fôlego da Revolução Cultural,
iniciada em 1966. Nesse ano morria Mao Tsé-tung, seu principal
Questão 07 idealizador. Em 1978, sob a liderança de Deng Xiaoping, o país
começaria a flexibilizar o regime socialista. Buscava-se então uma
No Ocidente, as relações de Mao Tsé-tung com o marxismo foram
difícil conciliação entre a abertura econômica em direção à
objeto de discussão. Alguns estudiosos questionaram se Mao era
economia de mercado e à preservação do regime político

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


160
Aula 31 – Revolução Chinesa
autoritário sob a hegemonia do Partido Comunista Chinês.” b) Território da democracia, em desacordo com as ambiguidades
(ARRUDA, J. J. de A. e PILETTI, N. Toda a História. São Paulo: Ática, 2003. p. políticas das nações desenvolvidas e com o autoritarismo do antigo
465.)
terceiro-mundo.
c) Nação urbanizada, em contraposição com a decadência parcial
A respeito da História da China, assinale a alternativa correta. do setor imobiliário americano e com a ruralização dos países
a) Mao Tsé-Tung chegou ao poder por meio da revolução armada africanos e latino-americanos.
de orientação socialista que ficou conhecida como revolução d) Potência emergente, em contraste com o relativo declínio das
cultural. demais potências econômicas e com a insignificância dos países
b) O denominado Grande Salto para a Frente, realizado pela subdesenvolvidos.
Revolução Chinesa ocorreu quando Mao-Tsé Tung conduziu a
China ao capitalismo. Questão 14
c) A abertura econômica iniciada a partir de 1978 com Deng
Xiaoping promoveu um intenso desenvolvimento da China que a Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo,
coloca, hoje, entre as maiores economias do planeta. referentes República Popular da China.
d) A abertura econômica iniciada por Deng Xiaoping estendeu-se ( ) No final da década de 1950, o Partido Comunista Chinês
também à política e, hoje, a China vive uma democracia contestou a hegemonia soviética sobre o bloco comunista, mas
semelhante aos países do Ocidente europeu. nunca rompeu diretamente com Moscou.
e) Mesmo tendo uma população superior a 1,3 bilhão de ( ) A Grande Revolução Cultural perseguiu diversos intelectuais e
habitantes, a China constituiu-se no maior exportador de alimentos tinha, como objetivo, depurar o Partido Comunista Chinês das
do planeta. propostas revisionistas.
( ) O líder Deng Xiaoping promoveu mudanças a partir de um
Questão 12 plano de reformas que reestruturou a economia chinesa.
( ) A China, após as reformas econômicas, entrou em uma fase
Qual foi o principal objetivo de Mao Tsé-Tung (ou Mao Zendong) de crescimento acelerado, tornando-se a segunda potência
com a promoção da Revolução Cultura Chinesa em 1966? econômica mundial.
a) estabelecer uma abertura à liberdade de pensamento e de
expressão na China. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima
b) promover a integração das culturas tradicionais do Oriente e do para baixo, é:
Ocidente. a) V–V–F–F.
c) reconquistar a hegemonia dentro do Partido Comunista e do b) F–V–V–V.
Estado Chinês. c) F–F–V–V.
d) estabelecer vínculos com os Estados Unidos e com a d) V–V–F–V.
contracultura. e) V–F–V–F.
e) desenvolver a cultura chinesa nas áreas da música erudita e das
artes plásticas. Questão 15
Questão 13 Em 12 de março de 1947, em mensagem enviada ao Congresso, o
presidente norte-americano Harry Truman, declarou "que
acreditava que a política dos Estados Unidos deve consistir no
apoio aos povos livres que estão resistindo à subjugação por
minorias armadas ou pressões externas".
Esse é o ponto de partida da Doutrina Truman. Essa doutrina é
reforçada em 1949, pois
a) começam a Guerra do Vietnã e a revolução socialista na
Mongólia.
b) a Iugoslávia comanda a criação do Pacto de Varsóvia e eclode a
revolução iraniana.
c) ocorre a Revolução Chinesa e há o primeiro experimento nuclear
bélico soviético.
d) forma-se o Mercado Comum Europeu e Stalin é afastado do
poder soviético.
e) a União Soviética invade a Hungria e o Egito nacionaliza o canal
de Suez.

A imagem acima, publicada na capa da revista americana The


Economist, em março de 2009, apresenta, de forma caricaturada, a
visão de mundo da atual elite chinesa.
De acordo com essa perspectiva, a China face ao restante do
mundo poderia ser percebida como:
a) Pátria do isolacionismo, em divergência com os problemas
comerciais da União Europeia e com a integração política na
África.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


161
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

REVOLUÇÃO CUBANA (1959)


INTRODUÇÃO
No dia 31 de julho de 2006, faltando poucos dias para completar 80 anos, “el
comandante em jefe” Fidel Castro, há 48 anos no poder em Cuba, foi afastado do
governo devido à necessidade de se submeter a uma cirurgia de emergência. A nota
oficial do governo cubano falava de uma “hemorragia intestinal atribuída ao stress”,
nada mais. Com o afastamento de Fidel seu irmão Raúl Castro, outrora Ministro da
Defesa, a quem os cubanos chamam pejorativamente de “China” (devido aos traços
orientais), assumiu o poder.
A partir dessa situação, algumas delicadas questões passaram a ser levantadas:
O que acontecerá depois da morte de Fidel? Como ficará Cuba sem seu líder
revolucionário? Será o fim do regime castrista? Voltará Cuba a se reaproximar dos
EUA?
A fim de analisarmos todas essas questões, será necessário retrocedermos ao Fidel Castro, convalescendo num hospital cubano em 2006.
século XX, quando ocorreu a Revolução Cubana (1959), que levou Fidel Castro ao poder e colocou a maior ilha do Caribe no foco da
atenção internacional.
Cuba, colônia da Espanha desde 1492, ocupava um importante papel nos primeiros séculos da colonização espanhola na América. Sua
capital, Havana, era um ponto de encontro dos navios que transportavam produtos das colônias americanas para a metrópole européia. A
partir da segunda metade do século XVIII, o açúcar se tornou o principal produto local, o que exigiu o crescimento do tráfico negreiro para
suprir a economia açucareira com a mão-de-obra do escravo africano.

Mapa da Cuba (repare na proximidade geográfica da ilha em relação ao estado da Flórida (EUA).

No século XIX os EUA já eram uma nação independente e começavam sua trajetória de crescimento e desenvolvimento rumo ao “topo do
mundo”. A proximidade geográfica com o território cubano (menos de 200 Km separam Cuba de Key Islands, ao Sul da Flórida) levou a
uma aproximação econômica dos norte-americanos com o empreendimento açucareiro cubano. Os EUA financiaram a modernização da
produção açucareira cubana, obtendo da Espanha permissão para comprar diretamente dos cubanos o açúcar que os mesmos produziam
(o que, em tese, violava o pacto colonial: “a colônia só pode comercializar diretamente com sua própria metrópole”).
No final do século XIX, o governo norte-americano iniciou sua política de dominação das regiões do Caribe e América Central (Porto Rico,
Panamá e Cuba) como parte de uma estratégia de controle da região de ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Os EUA sempre
tiveram clara a importância da posição geográfica de Cuba dentro dessa política. Thomas Jefferson, um dos líderes do movimento de
independência norte-americana, disse em 1817: “Se nós conquistarmos Cuba, seremos senhores da América”.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


Aula 32 – Revolução Cubana
Em 1895 eclodiu a guerra de independência dos cubanos contra o
SAIBA MAIS
domínio espanhol, sob a liderança do poeta José Martí. OsEUA A política do Big Stick (“Grande Porrete”)
intervieram no conflito, combatendo as tropas espanholas e garantindo Foi uma readaptação da Doutrina Monroe (“A América para os
a independência de Cuba (1899). O argumento do governo norte- americanos.”), sob o governo de Theodore Roosevelt (1901-09). Os
americano para justificar tal intervenção foi o de que era necessário EUA reservaram-se o direito de promover intervenções militares na
proteger as propriedades e as vidas de cidadãos norte-americanos que América Latina “para proteger a democracia e as liberdades” no
viviam na ilha ou tinham negócios e investimentos em Cuba. A própria continente. A frase do presidente Roosevelt que sintetiza a essência
elite cubana tinha interesses em manter os laços econômicos com os da política externa norte-americana em relação à América Latina é:
EUA; muitos, inclusive, defendiam a incorporação de Cuba à “Devemos falar macio, mas carregar um grande porrete”.
federação dos estados norte-americanos.
Cuba Livre
Em 1901, os EUA, sob a orientação da política do Big Stick, Nome de um drink preparado pela mistura de Coca-Cola e rum.
formulada durante o governo do presidente Theodore Roosevelt (1901- Segundo a tradição, foi criada para evocar a independência cubana
09), conseguiram inserir na Constituição de Cuba uma emenda que conquistada com a ajuda dos EUA. Os ingredientes deixam tal idéia
ficou conhecida pelo nome do senador norte-americano que a bem clara: a Coca-Cola norte-americana e o típico rum cubano.
elaborou. A Emenda Platt reconhecia o direito dos EUA promoverem
intervenções militares na ilha “para proteger a vida, a liberdade e os bens de seus cidadãos”, além de permitir a instalação de uma base
militar norte-americana numa área de 117 km² na região de Guantánamo (observe o mapa abaixo).

A partir de sua independência, Cuba foi governada por governos colaboracionistas


e fiéis aos interesses de Washington. Grande parte das terras cubanas foram
arrendadas à United Fruit ou às empresas açucareiras.
A REVOLUÇÃO DE 1959
Em 1933, o Sargento Fulgêncio Batista lidera um golpe que o leva ao poder.
Batista deixou o poder em 1944, retornando em 1952, mediante um novo golpe.
Nesse período, cresce a oposição à ditadura de Fulgêncio Batista. E é nesse
contexto que, da Universidade de Havana, começam a despontar importantes
personagens da história do país, como Fidel Castro e Camilo Cienfuegos.
Em 1953, Fidel Castro, um jovem advogado, liderou um levante armado contra o
quartel de La Moncada, em Santiago de Cuba, com o objetivo de derrubar a
ditadura de Fulgêncio Batista. O ataque foi um fracasso: dos 120 homens que
participaram da operação sob a liderança de Fidel, a maioria foi presa, embora
muitos tenham morrido na ocasião.
Fidel foi condenado à prisão, sendo exilado, com outros companheiros, na Ilha de
Pinos. No entanto, Fidel conseguiu escapar da prisão, exilando-se no México. Foi lá
que Fidel conheceu um médico argentino, Ernesto “Che” Guevara, que se iria unir
aos exilados revolucionários cubanos para a derrubada do regime de Batista na
ilha.
O grupo, formado por 82 pessoas, desembarcou em Cuba no final de 1956,
iniciando uma guerra de guerrilha a partir do sudeste de Cuba (região da Sierra
Maestra) contra as forças de Batista. Aos poucos a guerrilha recebeu a adesão dos
camponeses da região, conquistando toda a ilha. Em janeiro de 1959, Fidel e seus
homens entravam vitoriosos em Havana. Fulgêncio Batista e alguns de seus
partidários fugiram para a República Dominicana, depois que os EUA se negaram a
conceder-lhes asilo.
A Revolução Cubana foi uma revolução socialista? Não, a princípio. Nos primeiros
momentos, foi, seguramente, um movimento nacionalista. No dia 17 de abril de
Entrada de Fidel Castro em Havana (janeiro de 1959). Che
1959, numa conferência à imprensa, Fidel Castro afirmou: “Eu disse de maneira
Guevara é o terceiro, da esquerda para a direita.
clara e definitiva que nós não somos comunistas (...). É absolutamente impossível

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


163
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

que nós possamos progredir se não nos entendermos com os Estados Unidos”. Ainda em abril de 1959, Fidel esteve em Nova Iorque, nos
EUA. No dia 27 de abril, num discurso em pleno Central Park, disse: “A vitória só nos foi possível porque nós reunimos os cubanos de
todas as classes e de todos os setores em torno de uma única e mesma aspiração”.
Os primeiros meses após a chegada do novo governo ao poder foram de euforia e, ao mesmo tempo, de pânico. Fidel tomou várias
medidas de grande simpatia popular (fim da polícia política de Batista, nulidade da Emenda Platt e a volta da Constituição de 1940, a mais
democrática que Cuba havia tido). No entanto, a decisão do governo quanto à implementação de um programa de reforma agrária (que
incluía a indenização dos proprietários) entrava em choque não só com os interesses da elite latifundiária, mas também das grandes
companhias norte-americanas instaladas na ilha. A nacionalização de empresas estrangeiras, especialmente refinarias norte-americanas, o
êxodo de milhares de cubanos para Miami e a postura nacionalista e independente do novo governo provocaram a ruptura nas relações
entre Havana e Washington.
Os planos de Fidel, ao assumir o governo em janeiro de 1959, não eram no sentido de implantar o socialismo e se aliar à União Soviética.
Entretanto, a postura dos
EUA diante do governo castrista acabou “empurrando” Cuba para a esfera de influência da URSS. Eis um resumo do que aconteceu:
• Em 1960, o governo norte-americano parou de importar o açúcar cubano e se recusou a fornecer crédito a Cuba.
• Em 1961, a URSS já era o maior comprador do açúcar cubano e maior
fornecedor de petróleo para a ilha. Refinarias norte-americanas se recusaram a
refinar o petróleo soviético. O governo cubano resolveu a questão
nacionalizando tais empresas.
• Ainda em 1961, um grupo de exilados cubanos, armados pela CIA, tentou
dessembarcar na praia Girón, na Baía dos Porcos, em Cuba, para iniciar um
levante contra o novo governo, mas acabou derrotado e expulso em apenas 72
horas após a invasão. A Casa Branca acreditava que a população cubana
apoiaria o ataque e derrubaria o governo de Fidel, o que não se confirmou (pelo
contrário, o episódio demonstrou a disposição dos cubanos em proteger o novo
regime!). Fidel não perdeu a oportunidade de usar, na tensa ocasião, sua
retórica: "Armaremos até os gatos", pilheriou ele, "se pudermos ensiná-Ios como
segurar uma arma." Cubanos se preparam para enfrentar a invasão dos dissidentes
do regime na Baía dos Porcos (1961).
• Foi nesse mesmo ano (1961) que Fidel proclamou oficialmente uma revolução
socialista no país e o alinhamento de Cuba com a URSS.
• Em 1962, a URSS iniciou a instalação de ogivas nucleares em Cuba, capazes de atingir Washington em apenas 15 minutos. Isso gerou a
chamada Crise dos Mísseis, considerada o momento mais tenso de todo o
period da Guerra Fria, quando o governo norte-americano, à época presidido
por John Kennedy, exigiu a imediata retirada das ogivas. A crise foi solucionada
com um acordo segundo o qual o governo de Moscou, à época sob a liderança
de Khrushchev, retiraria seu arsenal nuclear de Cuba em troca da promessa
norte-americana de que não invadiria ou ocuparia a ilha.
• A expulsão de Cuba da OEA (Organização dos Estados Americanos) ocorreu
em 1962, por pressão dos EUA sobre os demais países.
• Com o alinhamento cubano ao governo de Moscou, Fidel proibiu o
pluripartidarismo, instalando um sistema monopartidário. O único partido
legítimo passa a ser o Partido Comunista Cubano.
A partir de seu alinhamento com a URSS (1961), Cuba pode contar com a ajuda Charge satirizando a Crise dos Mísseis (à esquerda, Khrushchev,
de um significativo parceiro. Os soviéticos, para manter o regime cubano, líder da URSS; à direita, o presidente americano John Kennedy).
compravam o açúcar produzido pela ilha por um preço até três vezes mais caro
que o valor de mercado, fornecendo aos cubanos, por preços reduzidos,
petróleo e outros produtos. Foi isso que permitiu ao Estado cubano estender à
população os serviços de educação, saúde e previdência que tanto marcaram a
história da ilha até os anos 80.
No entanto, com o colapso do socialismo e a desintegração da URSS (1991),
Cuba mergulhou em crescentes dificuldades. Como o bloqueio econômico dos
EUA persiste, a solução foi buscar no turismo e nas relações com a América
Latina e com a União Européia os sonhados recursos. O potencial turístico da
ilha, posto de lado desde a chegada de Fidel ao poder, foi ressuscitado. Com
praias de areia branca e um mar de águas transparentes, Cuba vem atraindo
cerca de 2 milhões de turista ao ano. Muitos dos que visitam a ilha o fazem
atraídos também por história, música e cultura. Hotéis e resorts internacionais
tiveram permissão do governo para se estabelecer em Cuba, proporcionando Fidel Castro discursando perante uma multidão em Havana.
uma estrutura capaz de receber o fluxo crescente de visitantes.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


164
Aula 32 – Revolução Cubana
O governo da Venezuela, aliado do regime castrista, envia com regularidade petróleo à ilha. Graças à ajuda venezuelana, os cortes de
energia elétrica em Cuba ficaram no passado. A China vem oferecendo crédito ao governo cubano, o que tem permitido uma modesta
renovação na frota de ônibus e caminhões, datada dos anos 50.
Fidel costumava discursar por horas, todos os domingos, na capital, alardeando os feitos e conquistas obtidos com a Revolução. No
entanto, antes da Revolução os cubanos usufruíam a quarta maior renda per capita da América Latina. De lá para cá caíram para a 29ª
posição. Em 2005, a produção de açúcar, que continua a ser o principal item de exportação, atingiu seu menor volume desde 1907. Baixos
salários (a média é de 265 pesos, cerca de 10 dólares americanos), desemprego, racionamento de comida, falta de produtos básicos de
higiene pessoal (como pasta de dentes, sabonetes, papel higiênico etc.), frota de veículos dos anos 50, um grande mercado negro de
dólares e produtos ilegais são alguns dos problemas diários com que os cubanos são obrigados a conviver em seu cotidiano. Além disso,
os cubanos são proibidos de viajar para fora da ilha. Apesar disso, é inegável que certos progressos ocorreram, como a erradicação do
analfabetismo e a montagem de um sistema de saúde que atende gratuitamente a população.

A ditadura castrista sufocou internamente as oposições. Desde o início começaram as prisões e fuzilamentos de desertores e opositores do
regime. Em 2003, 75 “contra-revolucionários” foram condenados a penas de
até 28 anos de prisão e 3 homens foram fuzilados por terem sequestrado um
barco para tentar chegar aos EUA. Esses atos motivaram protestos em todo o
mundo. Até mesmo simpatizantes do governo cubano, como o escritor
português José Saramago, romperam publicamente com o regime. Em abril de
2004, a ONU, através de sua Comissão dos Direitos Humanos, aprovou uma
moção de censura à ditadura de Fidel Castro pelo desrespeito aos direitos dos
dissidentes políticos.
A partir de 2004, o governo americano, sob a liderança do presidente George
W. Bush, aprovou medidas que restringem as visitas de cubanos radicados nos
EUA a parentes em Cuba (de uma por ano para uma em cada três anos). Isso
Cubanos tentam deixar a ilha em direção aos EUA, transformando
visa conter a entrada de dólares em Cuba, já que a maior parte deles entra no
um caminhão numa espécie de balsa (flagrante de 2003).
país através dos cubanos que vivem nos EUA. O objetivo, claro, é o de
enfraquecer ainda mais o combalido governo cubano, visando à queda da ditadura castrista e a redemocratização do país.
Muitos culpam o embargo econômico dos EUA pelos problemas que Cuba enfrenta. No entanto, não há unanimidade de opinião quanto a
isso. O sociólogo cubano Héctor Palacios Ruiz, dissidente do regime castrista, assim se posicionou, numa entrevista ao repórter Thomaz
Favaro, da revista Veja, em relação ao embargo americano: “O embargo econômico a Cuba não é significativo, pois os Estados Unidos são
um dos maiores parceiros comerciais da ilha. Cuba importa dos americanos quase 500 milhões de dólares por ano. As compras incluem
produtos agrícolas, subsidiados, que são revendidos por um preço muito mais alto no país. Os Estados Unidos são um grande negócio para
Cuba, mas na cabeça das pessoas persiste a idéia de que há um boicote. Ou seja, o embargo americano só dá mais força a Fidel. O
verdadeiro embargo é o do governo ao povo cubano. Quem pode imaginar que
neste século, na América, onde todos já lutaram pela democracia, possa ainda
existir um sistema de partido único?”
O que acontecerá agora, uma vez que Fidel morreu em novembrode 2016? Essa é
uma pergunta difícil de responder, dada as condições nebulosas de transição do
poder em ditaduras socialistas. O que se pode afirmar com certeza é que a
população cubana está cansada da repressão político ideológica e da penúria
material em que o país se encontra.
Diante de toda essa incerteza, vários cenários parecem possíveis. Há quem
acredite que a morte de Fidel provocará a gradativa abertura da ilha para os ventos
da democracia, uma vez que isso conta com as bênçãos dos EUA e da
comunidade cubana que vive em Miami. Há os que falam na adoção do modelo Fidel Castro (à direita) e seu irmão Raul, que lhe sucedeu na
liderança do regime cubano.
chinês por Cuba, o chamado “socialismo de mercado” (uma abertura econômica
com a manutenção do poder concentrado no Partido Comunista). E há também os que acreditam que o governo cubano não realizará as
reformas políticas e econômicas necessárias, o que desencadeará protestos e manifestações da população, culminando numa revolução
que restabelecerá a democracia e o capitalismo na ilha.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


165
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

LEITURA COMPLEMENTAR I: UM PAÍS DE MUITO PASSADO Muitos políticos americanos acreditam que o embargo é
AGORA TEM ALGUM FUTURO contraproducente e fornece uma desculpa para o fracasso
“O desafio de suceder a Fidel é grande. O regime perdeu a econômico e social de Fidel Castro. Melhor seria revogá-lo e afogar
lealdade dos jovens. Num encontro recente, transmitido pela o regime comunista num banho de dólares. Não é má idéia. Mas
televisão, dois jovens universitários colocaram Ricardo Alarcón, o há razões para tanta hostilidade. O embargo foi uma resposta
presidente da Assembléia Nacional, numa saia-justíssima. Eles direta ao confisco de propriedades americanas no valor de 2
fizeram isso com umas poucas perguntas básicas: bilhões de dólares no início da revolução. Além do mais, é bom
lembrar, num momento de absoluto fanatismo, Fidel tentou
• Por que os cubanos não podem viajar para fora do país? deflagrar a III Guerra Mundial. Em 1962, ele conseguiu que Nikita
• Por que os produtos de consumo são cobrados em pesos Kruchev instalasse mísseis nucleares em Cuba. Nos treze dias
conversíveis, que têm seu valor atrelado ao dólar, se os febris que se seguiram, a humanidade esteve perto da aniquilação.
trabalhadores cubanos recebem em pesos normais, que não valem Por fim, Moscou aceitou retirar o armamento em troca da promessa
quase nada? de que a ilha não seria invadida. Sabe-se que Fidel tentou
• Por que os cubanos não podem freqüentar os hotéis e os empurrar a União Soviética a levar o confronto até o limite do
restaurantes abertos só para turistas? inimaginável. Assustados com a gravidade do que tinham vivido,
John Kennedy e Kruchev deram início ao processo de coexistência
• Que sentido faz realizar eleições para a Assembléia Nacional se
pacífica entre as superpotências. Vamos ver a figura por este
os eleitores desconhecem totalmente quem são os candidatos?
ângulo: Fidel Castro é um sobrevivente daqueles tempos
É compreensível que Alarcón não tenha conseguido articular tenebrosos. Já vai tarde.”
respostas inteligíveis. A verdadeira resposta veio dias depois. Os Fonte: http://veja.abril.com.br/270208/p_068.shtml.
jovens foram forçados a se retratar diante das câmeras da
LEITURA COMPLEMENTAR II: O QUE AINDA IMPEDE A
televisão oficial.
APROXIMAÇÃO ENTRE EUA E CUBA?
Nesse quadro tormentoso, surpreende como ainda se repete que ‘é
preciso preservar as conquistas da revolução’. O mito
propagandista sugere que Fidel tomou o poder em Uganda e agora
o está devolvendo na Suíça. Na verdade, os indicadores sociais
cubanos pré-Fidel eram excelentes nos quesitos educação e
saúde. A contribuição castrista consiste sobretudo na destruição da
infra-estrutura física e humana da ilha, que já foi rica em escritores,
artistas e músicos e hoje é um deserto de idéias. O motivo da
tolerância existente em relação a Cuba é de difícil explicação. O
ensaísta argentino Mariano Grondona atribui esse fascínio pelo
ditador caribenho ao realismo fantástico que domina não apenas
na literatura, mas também no campo minado da política latino-
americana. Esse pensamento se traduz basicamente pela crença
de que nossos fracassos não são produto de nossos erros, mas Governos anunciaram reabertura de embaixadas, mas ainda há temas
uma conseqüência de algo maior, a opressão americana. Seria a espinhosos a debater.
utopia cubana como uma terra a salvo dos americanos que Na foto, Barack Obama (EUA) e Raul Castro (Cuba).
entusiasma políticos e intelectuais que, em sua própria terra, fazem Um "passo histórico". Foi como o presidente dos Estados Unidos,
questão de viver num regime democrático. Barack Obama, descreveu o restabelecimento da embaixada do
Os índices sociais de Cuba são razoáveis para uma ilha do Caribe. país em Havana e da embaixada de Cuba em Washington, que
acontecerá no próximo dia 20 de julho.
O país não reproduz os altos índices de criminalidade da vizinha
Jamaica ou a pobreza abjeta do Haiti. Sem Fidel talvez o país Histórico, mas não definitivo. O anúncio desta quarta-feira (1º)
fosse socialmente mais desigual. Mas implantar uma realidade de sobre a reabertura das embaixadas é somente mais um passo no
caminho longo e difícil para normalizar as relações diplomáticas
zoológico – ou seja, aquela em que todos têm comida, escola e
entre os dois países depois de meio século sem elas.
saúde, mas vive enjaulado – não paga o preço do atraso, da falta
de liberdade e da pequenez intelectual. Sobretudo por ser falsa a "É um passo positivo, mas, de nenhuma maneira, final no processo
existência de uma dicotomia entre democracia e justiça social. A de normalização", disse Eduardo Gómez, especialista em Cuba e
Costa Rica desfruta uma posição melhor que a de Cuba no IDH, professor de Desenvolvimento Internacional e Economias
sem ter para isso abolido as eleições livres, prendido opositores ou Emergentes do King's College, em Londres, à BBC Mundo.
impedido seus cidadãos de viajar para o exterior. Entre os mitos Praticamente ao mesmo tempo em que Obama fazia seu discurso,
mais divulgados por Havana está o de que a pobreza cubana é o governo de Raúl Castro publicava no Granma, jornal oficial, a
uma conseqüência direta do embargo comercial decretado pelos declaração onde confirmava o processo e expressava
Estados Unidos nos anos 60. Trata-se de uma balela, visto que o concretamente os temas ainda pendentes entre os dois governos.
restante do mundo está ávido por negociar com Cuba. O próprio "Não poderá haver relações normais entre Cuba e os Estados
embargo não é tão fechado quanto parece. Os cubanos compram Unidos enquanto se mantenha o bloqueio econômico, comercial e
500 milhões de dólares em alimentos e remédios americanos. financeiro", afirmou o governo cubano. E esta não é a única
Outro 1 bilhão de dólares, uma das três maiores fontes de renda da condição.
ilha, é enviado pelos cubanos que vivem nos Estados Unidos a "Para alcançar a normalização, será indispensável também que se
seus parentes em Cuba. devolva o território ilegalmente ocupado pela base naval em

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


166
Aula 32 – Revolução Cubana
Guantánamo, que cessem as transmissões radiofônicas e papel fundamental na hora de tomar decisões de política
televisivas a Cuba (...), que se eliminem os programas destinados internacional.
a promover a subversão e a desestabilização internas e que se Mas há outras vozes importantes nos Estados Unidos que
compense o povo cubano pelos prejuízos humanos e econômicos condenaram o embargo e pediram sua suspensão. Entre elas, a
provocados pelas políticas dos Estados Unidos." atual candidata democrata à Presidência, Hillary Clinton.
Por sua vez, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, A ex-secretária de Estado, ex-senadora e ex-primeira-dama disse
mencionou, ao anunciar a abertura da sede diplomática em em várias ocasiões que as restrições não respondem aos
Havana, uma série de diferenças fundamentais que persistem: interesses atuais do país e nem ajudam a promover mudanças na
visões sobre direitos humanos e sobre a liberdade de expressão e ilha caribenha.
de reunião.
"(Para levantar o embargo) seria muito positivo que Hillary Clinton
EMBARGO POR DEMOCRATIZAÇÃO? fosse a próxima presidente. Com um republicano, o processo será
Nos últimos meses, ocorreram avanços significativos na muito mais lento e com mais travas", diz Eduardo Gómez.
aproximação dos países. Em maio, os Estados Unidos retiraram E Clinton não é a única a apoiar publicamente o fim do embargo.
Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo, onde estava Mais de 40 altos funcionários do governo, empresários e
desde 1982. E também foram levantadas diversas restrições a intelectuais enviaram, no ano passado, uma carta aberta ao
viagens, às finanças e ao comércio com a ilha. presidente Barack Obama pedindo que ele suavizasse a política
Mas um dos assuntos mais difíceis de resolver é a suspensão em relação a Cuba.
completa do embargo. Isto só pode acontecer por decisão do A eles se somaram, posteriormente, 78 figuras do mundo político e
Congresso americano, e não por medidas executivas do econômico para demonstrar seu apoio ao novo rumo que as
presidente. relações com Havana tomaram.
"O embargo não será levantado nos próximos três anos", diz à O PROBLEMA DE GUANTÁNAMO
BBC Mundo Diego Moya-Ocampos, analista sobre Cuba da
A base naval americana de Guantánamo, no sudeste da ilha,
consultoria de risco IHS.
também é uma pedra no sapato de Obama e de Raúl Castro.
De acordo com ele, a aprovação da suspensão do embargo pelo
O governo cubano assinalou explicitamente que quer o território de
Congresso está condicionada a duas coisas: que Raúl Castro deixe
volta como condição sine qua non para a normalização das
o poder e que Cuba dê início a um processo de democratização.
relações
No entanto, do ponto de vista cubano, são os Estados Unidos que
O fechamento da prisão foi uma das promessas eleitorais da
devem reconhecer sua forma de "democracia popular e
primeira campanha de Obama em 2008 que ele ainda não cumpriu.
participativa", como chamam o sistema do governo do país. E não
Mas nunca se falou em devolver o território.
eles que devem mudá-lo.
"No sei se ele terá força para fechar Guantánamo. Evidentemente
Tanto Moya-Ocampos quanto Gómez acreditam que o principal
estava oficialmente em sua agenda", comenta Moya-Ocampos.
problema é que, ao passo que os Estados Unidos querem impor
seus "valores democráticos", Cuba quer que seu sistema de "É uma situação muito difícil, porque é parte da área de Defesa e
"democracia participativa" com partido único seja reconhecido. Segurança dos Estados Unidos e os republicanos não vão
negociar a manutenção e o aumento de sua presença e segurança.
"Estas relações (com os Estados Unidos) deverão alicerçar-se no
Vai ser um tremendo desafio, mas a restituição da área a Cuba é
respeito absoluto a nossa independência e soberania, ao direito
um passo necessário", diz Gómez.
inalienável de todo Estado a eleger seu sistema político,
econômico, social e cultural sem nenhum tipo de ingerência", diz a Justamente porque afeta diretamente os planos de Defesa e
declaração de Cuba. Segurança do país é que as negociações sobre este ponto não
foram tão públicas como as do embargo. "É um tema que está
Já os Estados Unidos não parecem ter problemas para manter o
sendo tratado nos bastidores", diz Moya-Ocampos.
comércio com outros países não democráticos ou de partido único,
Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/07/o-que-ainda-impede-a-
como a China. aproximacao-entre-eua-e-cuba.html (Acesso em 11.02.2016)
Eduardo Gómez, no entanto, acredita que esta parte do problema
provavelmente se resolverá com uma declaração de intenções por
parte de Cuba, em que o país se comprometa a aderir aos
"valores" democráticos sem realizar reformas estruturais em seu
sistema político.
"Há muitos países no mundo que se dizem democráticos, mas, na
prática, não são democracias", diz.
A BATALHA NO CONGRESSO
Para além das declarações de intenção, é pouco provável que o
Congresso americano aprove a suspensão do embargo antes que
Castro saia do poder, o que deve acontecer em 2018. É também
no Capitólio que Obama tem seus principais oponentes: Robert
Menéndez, senador democrata de Nova Jersey, e Marco Rubio,
senador republicano da Flórida.
Ambos os senadores, descendentes de cubanos, foram membros
ativos do Comitê de Relações Exteriores do Senado, que tem um

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


167
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
A Revolução Cubana foi uma revolução socialista? Não, a princípio. Nos primeiros momentos foi,
seguramente, um movimento nacionalista. No dia 17 de abril de 1959, numa conferência à imprensa,
Fidel castro afirmou: “Eu disse de maneira clara e definitiva que nós não somos comunistas (...). É
absolutamente impossível que nós possamos progredir se não nos entendermos com os Estados
Unidos”. Ainda em abril de 1959, Fidel esteve em Nova Iorque, nos EUA. No dia 27 de abril, num
discurso em pleno Central Park, disse: “A vitória só nos foi possível porque nós reunimos os cubanos
de todas as classes e de todos os setores em torno de uma única e mesma aspiração”.
Os primeiros meses após a chegada do novo governo ao poder foram de euforia e, ao mesmo tempo,
de pânico. Fidel tomou várias medidas de grande simpatia popular (fim da polícia política de Batista,
nulidade da Emenda Platt, a volta da Constituição de 1940, a mais democrática que Cuba havia tido
etc.). No entanto, a decisão do governo quanto à implementação de um programa de reforma agrária
(que incluía a indenização dos proprietários) entrava em choque não só com os interesses da elite
latifundiária, mas também das grandes companhias norte-americanas instaladas na ilha. A
nacionalização de empresas estrangeiras, especialmente refinarias norte-americanas, o êxodo de
milhares de cubanos para Miami e a postura nacionalista e independente do novo governo provocaram
a ruptura nas relações entre Havana e Washington.
Trecho da apostila de História Geral da Vestcursos, elaborada pelo Prof. Monteiro Jr.

A partir do fragmento acima, é possível inferior que


a) a guerrilha liderada por Fidel Castro que derrubou a ditadura de Fulgêncio Batista, subserviente aos
interesses dos EUA na ilha, implantou um regime democrático de base popular em Cuba.
b) as relações entre Havana e Washington passaram por um processo de deterioração a partir da
subida de Castro ao poder, o que contribuiu para a aproximação de Cuba com o bloco socialista.
c) desde os primeiros momentos de seu governo, ainda em 1959, Fidel Castro abraçou o socialismo,
implementando medidas como a abolição da propriedade privada e a coletivização dos meios de produção.
d) o movimento revolucionário que derrubou Fulgêncio Batista e colocou Fidel Castro no poder foi
financiado pelo governo soviético, interessado na expansão internacional do socialismo.
e) a vitória do movimento armado sob a liderança de Castro não obteve nenhuma repercussão entre
os países da America Latina, pois contrariava as teses marxistas de uma revolução liderada pelo
proletariado.
Questão 02
Em 1989, o líder soviético Mikhail Gorbatchev visita a ilha de Cuba. Nos tempos da Perestroika, o
presidente russo tem como meta:
a) reaproximar o líder cubano do governo norte-americano com o objetivo de derrubar o bloqueio
econômico imposto à ilha caribenha.
b) convencer Fidel Castro a abrir o regime para garantir o ingresso de Cuba na nova ordem mundial
capitalista.
c) informar ao dirigente cubano a retirada dos investimentos soviéticos em Cuba, devido à grave crise
econômica em curso na URSS.
d) integrar a URSS à nova Organização Latino Americana de Solidariedade patrocinada pelo ditador
Fidel Castro.
Questão 03
Nas décadas de 1960 e 1970, a relação dos EUA com a América Latina
a) caracterizou-se pela ausência de investimentos econômicos significativos, uma vez que a região
oferecia menores oportunidades de lucro do que os chamados tigres asiáticos.
b) alterou-se quando os norte-americanos condicionaram a ajuda financeira aos relatórios de
organizações internacionais que avaliavam o respeito aos direitos humanos e à democracia.
c) desenvolveu-se de acordo com o programa do Departamento de Estado Norte-americano, com o
objetivo de suplantar o domínio político e cultural dos países europeus na região.
d) particularizou-se pela aplicação da "política da boa vizinhança", que objetivava industrializar e
desenvolver o sul do continente, ainda que sob o controle dos norte-americanos.
e) pautou-se por um clima tenso, sobretudo depois da subida ao poder de Fidel Castro e da crise dos
mísseis na baía dos Porcos.
Questão 04
A chamada "Crise dos Mísseis", de 1962, que levou as relações Washington - Moscou a um ponto
crítico no contexto da Guerra Fria, foi resultante
a) da aproximação entre o governo de Fidel Castro e a URSS.
b) do escândalo político internacional conhecido como Watergate.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


168
Aula 32 – Revolução Cubana
c) do fim da política continental norte-americana da "Aliança Para o Progresso".
d) da afirmação do stalinismo na política interna da URSS. Anotações
e) do avanço do macarthismo no Congresso norte-americano.

Questão 05
"Não há esperança de que o velho modelo estatal tenha muito tempo de sobrevida. Os cubanos
parecem apenas desejar que a transição não seja muito dramática e se conservem as conquistas nos
campos da educação e da saúde, os dois principais cartões de visita do regime."
(Luiz Zanin Oricchio. "A Ilha de Fidel. Estado de S. Paulo", 05/01/97)

A Revolução Cubana de 1959 emergiu no contexto da Guerra Fria, elevando ainda mais as tensões
existentes entre as superpotências a partir do alinhamento de Cuba à URSS, em 1961. No fim da
década de 1980, a crise do socialismo real no Leste Europeu provocou grandes repercussões
econômicas e políticas na Ilha. Com base no conhecimento histórico e no texto, pode-se afirmar que,
nos últimos anos, Cuba
a) conseguiu manter suas realizações no âmbito das políticas públicas sociais.
b) superou os entraves econômicos impostos pelo Bloqueio dos EUA.
c) realizou as reformas democráticas que viabilizarão a transição política.
d) mostrou seus melhores resultados econômicos após libertar-se da URSS.
e) adotou um modelo econômico cujo princípio básico consiste na não intervenção estatal.

Questão 06
Com o afastamento de Fidel Castro do poder, muitos especulam sobre o destino de Cuba sem Fidel.
Sobre a história de Cuba, desde a independência, é correto afirmar que
a) a guerra de libertação contra a Espanha ocorreu somente no final do século XIX, com apoio da Grã-
Bretanha, maior investidora de capital na produção de açúcar na ilha, e também dos Estados Unidos.
b) a imposição da Emenda Platt à Constituição de Cuba assegurou aos Estados Unidos o direito de
nomear os presidentes cubanos, de intervir na ilha e de instalar bases, como a de Guantánamo.
c) o movimento guerrilheiro, que derrubou o ditador cubano Fulgêncio Batista, liderado por Fidel Castro
e Che Guevara, declarou-se comunista desde o início, o que provocou a imediata oposição norte-
americana.
d) a instalação de mísseis soviéticos em Cuba desencadeou, além da invasão à baía dos Porcos, um
conflito militar entre os Estados Unidos e a União Soviética, no auge da Guerra Fria.
e) o fim da União Soviética fez Cuba perder seu grande parceiro comercial, o que agravou os efeitos
do bloqueio norte-americano e forçou o país a buscar novos mercados e a atrair o turismo.

Questão 07
Em janeiro de 1959, tropas revolucionárias comandadas por Fidel Castro tomaram o poder em Cuba.
A luta revolucionária:
a) foi dirigida por uma guerrilha comunista que pôde derrotar o exército de Fulgêncio Batista, graças ao
apoio militar oferecido pela União Soviética.
b) foi dirigida pelo Partido Comunista de Cuba, que conseguiu mobilizar camponeses e trabalhadores
urbanos contra a ditadura de Fulgêncio Batista.
c) foi dirigida por dissidentes do governo de Fulgêncio Batista, com apoio inicial do governo dos
Estados Unidos, interessado em democratizar a região do Caribe.
d) foi dirigida por uma guerrilha nacionalista e anti-imperialista, que angariou apoios da oposição
burguesa e de setores da esquerda cubana.
e) foi dirigida por um movimento camponês espontâneo que, gradativamente, foi controlado pelos
comunistas liderados por Fidel Castro.

Questão 08
No contexto do início dos anos 1960, quando a Revolução Cubana soava como uma nova
possibilidade de mudança política radical no continente americano, o Brasil teve um momento de
aproximação formal com Cuba. Esse momento foi:
a) o fornecimento de armas a Cuba por parte das Forças Armadas Brasileiras.
b) o estabelecimento de acordos revolucionários entre Brasil e Cuba para a formação de uma liga
única pelo comunismo na América.
c) a condecoração de Ernesto “Che” Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul.
d) a participação do Brasil em defesa de Cuba na “Crise dos Mísseis”.
e) a participação de Cuba junto no “Golpe de 1964”.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


169
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 04


O episódio conhecido como “a crise dos mísseis”, de 1962, que
Questão 01 pôs em grande risco a paz mundial, resultou da:
a) invasão do território sul-coreano pelo exército da Coreia do
A Revolução Cubana veio demonstrar que os negros estão muito Norte, então apoiada pela União Soviética e pela China.
mais preparados do que se pode supor para ascender socialmente.
b) intervenção militar realizada pela URSS na Hungria, com a
Com efeito, alguns anos de escolaridade francamente aberta e de
ocupação de Budapeste e a deposição de I. Nagy.
estímulo à autossuperação aumentaram, rapidamente, o
c) descoberta, pelos EUA, dos trabalhos de instalação de armas
contingente de negros que alçaram aos postos mais altos do
nucleares soviéticas em Cuba.
governo, da sociedade e da cultura cubana. Simultaneamente, toda
d) ereção de um muro em Berlim, pelo governo comunista,
a parcela negra da população, liberada da discriminação e do
dividindo fisicamente a cidade e a República Democrática Alemã.
racismo, confraternizou com os outros componentes da sociedade,
e) ruptura das relações diplomáticas entre a China e a URSS, em
aprofundando o grau de solidariedade.
razão das acusações de “revisionismo” feitas pelo PCC a dirigentes
Tudo isso demonstra, claramente, que a democracia racial é
soviéticos.
possível, mas só é praticável conjuntamente com a democracia
social. Ou bem há democracia para todos, ou não há democracia
Questão 05
para ninguém, porque à opressão do negro condenado à dignidade
de lutador da liberdade corresponde o opróbrio do branco posto no “(...) Fidel se beneficiou da Guerra Fria e vendeu a importância
papel de opressor dentro de sua própria sociedade. geopoIítica de Cuba à União Soviética, em troca de generosos
RIBEIRO, D. O povo brasileiro: A formação e o sentido do Brasil. São Paulo: subsídios. Cuba é muito mais importante no mundo como um
Companhia das Letras, 1999 (adaptado). símbolo. E ela é um símbolo por causa de Fidel. Sem Fidel, o
regime cubano perde o símbolo da vanguarda do comunismo
Segundo Darcy Ribeiro, a ascensão social dos negros cubanos, internacional ou, ao menos, do antiimperialismo, especialmente do
resultado de uma educação inclusiva, com estímulos à antiamericanismo. A Revolução Cubana nunca se viu como uma
autossuperação, demonstra que: mudança de governo em Cuba apenas. A atuação de Ernesto Che
a) a democracia racial está desvinculada da democracia social. Guevara na África e na América do Sul era parte da mística em
b) o acesso ao ensino pode ser entendido como um fator de pouca torno dos combatentes de Sierra Maestra. Para a América Latina,
importância na estruturação de uma sociedade. especificamente, Fidel foi o ícone das mudanças que organizações
c) a questão racial mostra-se irrelevante no caso das políticas de esquerda do Continente inteiro buscavam”.
educacionais do governo cubano. (Revista Época, fevereiro de 2008).
d) as políticas educacionais da Revolução Cubana adotaram uma
perspectiva racial antidiscriminatória. A saída de Fidel Castro da liderança do governo reacendeu o
e) os quadros governamentais em Cuba estiveram fechados aos debate acerca da controvertida História Cubana. A respeito do
processos de inclusão social da população negra. tema, considere as afirmações abaixo.
I. No contexto internacional da Guerra Fria, Cuba foi um palco
Questão 02 importante na disputa entre os EUA e a ex-URSS, com destaque
No ano de 1962, os EUA e a URSS estiveram à beira de um para a ‘Crise dos Mísseis’, em 1962, quando o mundo esteve à
confronto militar que ameaçou o planeta com uma guerra nuclear. beira de um confronto nuclear.
Sobre esta crise, é INCORRETO afirmar que ela II. A Revolução Cubana inspirou movimentos de esquerda na
a) ocorreu quando governavam os EUA e a URSS, América Latina, a partir da década de 1960, sendo adotada como
respectivamente, John Kennedy e Nikita Krutschev. modelo para os grupos guerrilheiros pró-socialistas, a exemplo da
b) foi deflagrada com a descoberta da instalação de mísseis Guerrilha do Araguaia, no Brasil.
soviéticos em Cuba. III. Para superar a crise vivida por Cuba desde o fim da URSS, o
c) terminou com a retirada dos mísseis e com o compromisso de país busca ampliar suas relações econômico-comerciais,
não-invasão militar a Cuba pelos EUA. sobretudo na América Latina, destacando-se sua aproximação com
d) resultou de uma provocação dos partidários de Fulgêncio Batista a Venezuela de Hugo Chávez.
exilados em Miami.
e) foi consequência da deterioração nas relações entre os EUA e Dessa forma,
Cuba após a vitória da Revolução Cubana de 1959. a) apenas as afirmações I e II estão corretas.
b) apenas as afirmações II e III estão corretas.
Questão 03 c) apenas as afirmações I e III estão corretas.
d) apenas a afirmação III está correta.
Os líderes da Revolução Cubana de 1959 logo se associaram ao e) todas as afirmações estão corretas.
comunismo internacional encabeçado pelo bloco soviético no
contexto da Guerra Fria. É correto dizer que essa associação Questão 06
resultou em, entre outras coisas:
a) bloqueio econômico da URSS a Cuba. “Condenem-me, não importa. A História me Absolverá”. Essa frase
b) apoio do governo dos Estados Unidos aos revolucionários cubanos. foi pronunciada por Fidel Castro, principal líder da Revolução
c) abertura gradual dos Estados Unidos às práticas políticas Cubana, na ocasião em que ele
comunistas. a) foi acusado de assassinar o presidente Fulgêncio Batista, 1959.
d) fim do capitalismo na América Central. b) comandou as execuções de militares americanos partidários de
e) apoio a outros grupos armados revolucionários da América Fulgêncio Batista.
Latina. c) foi julgado pelo assalto ao quartel de Moncada, em 1953.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


170
Aula 32 – Revolução Cubana
d) associou-se à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Questão 10
e) associou-se ao governo de Hugo Chávez, presidente da Na década de 1950, Cuba era considerada “quintal” dos Estados
Venezuela. Unidos da América (EUA). Em 1952, o General Fulgêncio Batista
implantou uma ditadura caracterizada pela corrupção e pela
Questão 07 brutalidade com que tratava seus adversários políticos. A reação a
A Revolução Cubana, vitoriosa em 1959, teve como principal esse regime veio através do movimento guerrilheiro, liderado por
característica Fidel Castro e Che Guevara, que foi vitorioso.
a) a mobilização popular por meio de manifestações de massas e a Sobre esse contexto, marque a alternativa CORRETA.
organização de seguidas greves gerais que interromperam as a) Che Guevara pretendia expandir a ideia da revolução socialista
atividades econômicas de Cuba. por todo o continente americano, porém, somente a Bolívia aderiu
b) a prática do “foquismo”, com grupos armados que se dedicavam a essa ideia, em 1967, permanecendo como aliada de Cuba até
à luta armada caracterizada pela tática de guerrilhas. 1972.
c) a mobilização internacional por meio de campanhas que b) O regime cubano socialista alcançou vários resultados sociais,
denunciavam o desrespeito aos direitos humanos por parte do tais como a redução do analfabetismo e os expressivos avanços na
governo cubano. medicina e saúde pública, promovendo grandes avanços nessas
d) a intervenção soviética, que enviou tropas de apoio aos áreas.
revolucionários e bombardeou bases do governo cubano. c) Com o fim dos conflitos, Fidel Castro implantou uma democracia
e) a vitória eleitoral dos revolucionários no pleito de 1958 e a social e política, o que contrariou os interesses dos Estados
gradativa implementação de medidas socializantes por Fidel Unidos, que romperam relações diplomáticas com Cuba.
Castro. d) Ao chegar ao poder, Fidel Castro lançou as bases de uma
ditadura democrática, regime adequado ao povo cubano que
Questão 08 estava acostumado com a tradição do caudilhismo da América
A ocasião em que o governo brasileiro mais explicitamente Espanhola.
estreitou relações diplomáticas com o governo revolucionário e) Fiéis à sua política imperialista, os EUA enviaram seu exército
cubano foi: para combater o regime cubano socialista que resistiu
a) quando médicos cubanos vieram atuar no Brasil durante o heroicamente. Porém, nesse conflito, foi morto Che Guevara, que
governo de Dilma Rousseff. se tornou um ícone da rebeldia latino-americana.
b) quando Che Guevara recebeu, do presidente Jânio Quadros, a
comenda da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul. Questão 11
c) quando Lionel Brizolla recebeu dinheiro de Fidel Castro para Se há apenas cinco ou dez anos dissessem a alguém em Cuba
montar uma guerrilha revolucionária contra o Regime Militar que um presidente norte-americano visitaria a Ilha, a resposta seria
instaurado em 1964. um sorriso irônico; mas se fosse mencionada a possibilidade de ver
d) quando a blogueira cubana Yoani Sánchez veio ao Brasil, em os Rolling Stones tocando em Havana, a reação teria sido uma
2013. gargalhada – ou um grito, se a pessoa assim informada tivesse
e) quando houve a posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva, seus 60 ou 70 anos de vida. Porque aqueles que fomos jovens em
em 2003. Cuba na década de 1960 dificilmente esqueceremos as críticas
políticas quando confessávamos ouvir os Beatles ou os Stones.
Questão 09 Quem poderia ter previsto? Definitivamente, os tempos estão
A Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro, estimulou a mudando.
LEONARDO PADURA. Adaptado de Folha de S. Paulo, 12/03/2016.
intelectualidade de esquerda na América Latina na busca por um
futuro melhor para os povos latino-americanos.
As considerações do escritor sobre a sociedade cubana indicam
Em relação à Revolução Cubana, é CORRETO afirmar que:
que, na década de 1960 e no momento atual, as diferenças entre
01. a tomada do palácio La Moneda deu início ao processo
as condições de vida são contextualizadas, respectivamente, pelos
revolucionário em Cuba.
seguintes aspectos das relações internacionais:
02. contou com a participação decisiva do grupo guerrilheiro de
a) expansão mundial de regimes totalitários – supremacia das
inspiração marxista chamado Sendero Luminoso.
concepções neoliberais
04. no processo da Revolução, o governo corrupto e repressivo de
b) crescimento da influência global soviética – afirmação da
Fulgêncio Batista foi derrubado do poder por meio de um golpe
hegemonia norte-americana
apoiado pelos EUA.
c) bipolaridade entre capitalismo e socialismo – multipolaridade da
08. na década de 1950, a economia cubana, controlada por capital
ordem econômica
norte-americano, baseava-se fundamentalmente na produção de
d) política externa independente na América Latina – integração
açúcar.
das nações subdesenvolvidas
16. com a vitória da Revolução, empresas foram estatizadas e as
propriedades rurais submetidas à reforma agrária. Em represália,
Questão 12
os EUA suspenderam a compra do açúcar cubano, criando
dificuldades econômicas e forçando Cuba a se aproximar da Pretendemos criar um novo capítulo na relação histórica entre os
URSS. dois países. A afirmação foi feita pelo presidente Barack Obama
32. teve início em 1959 e o seu significado para a América Latina sobre o reatamento das relações diplomáticas entre Estados
equivale ao significado que a Revolução Russa (1917) teve para a Unidos e Cuba.
Europa e a Revolução japonesa (1949) para a Ásia. O rompimento entre os dois países ocorreu no contexto histórico
da:

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


171
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

a) Guerra de independência contra a Espanha. apoiaremos qualquer amigo, obstaremos qualquer inimigo, para
b) Eleição de Fulgêncio Batista como presidente cubano. assegurar a sobrevivência e o triunfo da liberdade."
c) Guerra Fria, após a Revolução Cubana. John F. Kennedy, Discurso de Posse. Citado por NEVINS, A. e COMMAGER, H.S.
"Breve História dos Estados Unidos", S.P.: Alfa-Omega, 1986, p. 591.
d) Independência das colônias latino-americanas.
e) Anexação pelos Estados Unidos do território mexicano.
Baseando-se na citação e na política externa do governo norte-
Questão 13 americano na década de 1960, assinale a alternativa INCORRETA.
a) No início do governo Kennedy, ocorreram intervenções e
conflitos envolvendo Cuba e União Soviética. Os Estados Unidos
apoiaram a invasão da Baía dos Porcos, promoveram o bloqueio
naval e aéreo à ilha e exigiram a retirada dos foguetes soviéticos
instalados em Cuba.
b) Ao enfatizar a aplicação do Plano Marshall e da Doutrina
Truman, o governo Kennedy foi marcado pelas negociações com a
União Soviética e a China, que objetivaram solucionar os conflitos
envolvendo a Coréia e o Vietnã e evitaram a expansão do
comunismo na Ásia.
c) Em relação à América Latina, o governo norte-americano
formulou a Aliança para o Progresso, cuja proposta era conceder
A charge faz alusão à intensa rivalidade entre as duas maiores ajuda e financiamentos para o desenvolvimento econômico, a fim
potências do século XX. de evitar o crescimento da influência comunista sobre as
O momento mais tenso dessa disputa foi provocado pela populações latino-americanas.
a) ampliação da Guerra do Vietnã. d) O governo norte-americano organizou iniciativas de treinamento
b) construção do muro de Berlim. das forças armadas e dos serviços de repressão da América
c) instalação dos mísseis em Cuba. Latina, a fim de reprimir manifestações populares e opositores aos
d) eclosão da Guerra dos Sete Dias. governos favoráveis à influência norte-americana.
e) invasão do território do Afeganistão.

Questão 14
[...] A CIA [Agência Central de Inteligência norte-americana] e o
arcebispo titular da arquidiocese de Miami arquitetaram um plano
de transferência massiva de crianças de Cuba para os Estados
Unidos, para o qual contaram com o apoio da Igreja cubana. Bati-
zada de Operação Peter Pan, inspiradora de livros e filmes, a ação
teve início numa noite de outubro de 1960. Um locutor da rádio de
uma estação da CIA, instalada em território hondurenho, transmitia
a seguinte mensagem: “Mães cubanas! O governo revolucionário
está planejando roubar seus filhos! Quando fizerem 5 anos, seus
filhos serão retirados de suas famílias e só retornarão aos 18 anos,
transformados em monstros materialistas!” Segundo uma ONG
norte-americana, foram retirados de Cuba cerca de 14.000
menores, de ambos os sexos, que foram instalados em orfanatos
católicos e em instituições de caridade. No começo de 1962
chegava ao fim a Operação Peter Pan.
(Texto adaptado: MORAIS, Fernando. Os últimos soldados da Guerra Fria. São
Paulo: Companhia das Letras, 2011. p.64,66,68.)

No contexto acima descrito, é correto inferir que a


a) preocupação com a formação de seus filhos como cidadãos
solidários, nos anos 1960, levou mães cubanas a enviá-los para
outro país.
b) harmonia entre as crenças religiosas, na década de 1960, levou
igrejas de dife-rentes países a se unirem em causas humanitárias.
c) indústria cinematográfica norte-americana, desde meados do
século XX, difun-diu valores que interessavam a todos os povos.
d) bipolarização das forças políticas mundiais, na segunda metade
do século XX, acirrou conflitos regionais.

Questão 15
Leia o trecho do discurso a seguir.
"Que toda nação saiba... que pagaremos qualquer preço,
suportaremos qualquer fardo, enfrentaremos qualquer privação,
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
172
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

CONFLITO ÁRABE-ISRAELENSE
INTRODUÇÃO
Desde a criação do Estado de Israel (1948), uma série de conflitos armados tem ocorrido na região conhecida, desde os tempos bíblicos,
como Terra Santa. Localizada no Oriente Médio, numa área geograficamente estratégica, no entroncamento de três continentes (Ásia,
Europa e África), a Terra Santa foi, ao longo da história, um cenário de sucessivas invasões e conflitos pela sua posse.

A área em destaque é o Estado de Israel. Na Antiguidade, a região recebeu várias denominações: Terra Santa, Canaã, Reino de Israel e Judá. Os romanos a
chamavam de Judéia, uma das províncias de seu vasto império. Na Idade Média, os árabes a chamaram de Palestina (“terra dos filisteus”), numa alusão a um dos
povos que ocuparam a região na Antiguidade.

No século XX, o mundo testemunhou quatro violentas guerras entre árabes e judeus pela posse dessa região. A perspectiva de paz entre
esses povos parece ser algo cada vez mais remoto.
Para entendermos melhor o conflito entre os dois povos, retrocederemos dois mil anos antes de Cristo, quando os judeus, povo que se diz
descendente do patriarca Abraão, se estabeleceram na região.
RECORDANDO UM POUCO DA HISTÓRIA
“Por volta de 1850 a.C., um velho mercador da cidade de Ur, na Mesopotâmia (atual Iraque), recebeu um chamado de Deus. O Senhor
ordenou-lhe que juntasse todos os seus pertences, abandonasse seu país natal e partisse em busca de um novo lar, rumo ao oeste: a terra
de Canaã. Lá o mercador devia estabelecer sua descendência e dedicar-se ao culto de seu benfeitos, Jeová, o Deus único – uma novidade
naqueles tempos politeístas. E lá se foi Abraão, com seu séquito de parentes, escravos e concubinas.
Ao longo da jornada, o favorito divino teve dois filhos. O mais velho, nascido de sua serva Agar, foi batizado de Ismael. O segundo, filho de
Sara, esposa legítima do patriarca, recebeu o nome de Isaac. O país prometido aos descendentes de Abraão era uma terra de desertos e
oliveiras, banhada pelas águas do rio Jordão. Ficou conhecida ao longo dos séculos como a Terra Santa – paisagem dos grandes dramas
da Bíblia, adorada pelas três maiores religiões do planeta e, hoje, palco do conflito mais importante de nosso tempo. Segundo a lenda, os
tataranetos de Abraão deram origem a dois povos de aparência, língua e cultura muito parecidas, mas que agora se entrincheiram em
lados opostos no front da política internacional: árabes e judeus.
(...) Essa história vem inteiramente de relatos religiosos. A Torá, livro sagrado judaico que corresponde ao Velho Testamento cristão,
aponta Isaac como o antepassado dos judeus. O Alcorão, por sua vez, remonta a genealogia dos árabes até Ismael, o primogênito de
Abraão. (...) o estreito parentesco entre árabes e judeus é consenso científico. Em 2000, cientistas europeus, israelenses e africanos
coletaram os cromossomos de 1,3 mil homens de ambas as etnias, em mais de 30 países ao redor do mundo. A conclusão dos estudos é
que os DNAs árabe e judeu são idênticos. As duas nações descendem de uma mesma tribo que viveu em algum lugar do Oriente Médio
por volta de 4000 a.C. – muito antes de Abraão. Israelenses, palestinos, sírios, egípcios e libaneses não são apenas primos. São irmãos
genéticos.
(...) Por volta do ano 2000 a.C., a Terra Santa era habitada por diversas tribos aparentadas, que lutavam entre si pela posse de fontes de
água e pasto para os animais: amoritas, canaanitas, jebulitas, hebreus. Os últimos levaram a melhor: em 1030 a.C., unificaram a região,
criando os poderosos reinos de Judá e Israel. (...) Jerusalém virou a capital dos judeus e tornou-se uma das maiores cidades da época. No
século I a.C., a região – conhecida como Judéia, caiu sob o domínio de Roma. [Em 70 d.C., os romanos, com o objetivo de sufocar o
crescente nacionalismo judaico, arrasaram Jerusalém e espalharam os judeus por diversas províncias de seu vasto império, proibindo-os
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

de retornar à terra de seus antepassados. Esse evento ficou conhecido como Diáspora.]
Após a queda do Império Romano, a antiga Judéia foi conquistada pelo Islã. Saídos dos desertos da Península Arábica (...), os árabes
espalharam-se pelo Oriente Médio na Antiguidade, como guerreiros e comerciantes. (...) Exércitos muçulmanos unificaram o Oriente Médio
a partir do século 7° d.C., criando um império gigantesco que se estendia das fronteiras da Índia até a Espanha.
O califa árabe Omar, sucessor de Maomé, ocupou Jerusalém (...), sem derramamento de sangue, e permitiu famílias judias voltassem a
habitar a cidade. Os árabes deram o nome de Jund Filistin à região que fica entre o rio Jordão e o mar mediterrâneo – o que hoje equivale
mais ou menos a Israel, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. Durante a Idade Média, os judeus da Terra Santa viveram sob governo
muçulmano. O convívio foi marcado por alguns surtos de perseguição e longos períodos de convivência pacífica.
A partir do século 13, o poder do Império Árabe decaiu. Pouco a pouco,
SAIBA MAIS: O SIONISMO
os árabes e judeus do Oriente Médio foram subjugados por outro povo No século XIX, quando a Terra Santa encontrava-se sob o domínio do
muçulmano: os turcos. No século 15, a região foi unificada sob o Império Império Turco Otomano, foi organizado o Sionismo (do hebraico “Sion”,
Turco Otomano, com capital em Istambul (atual Turquia), que dominou a um dos nomes bíblicos de Jerusalém) um movimento político liderado por
antiga Terra Santa até o final da Primeira Guerra Mundial. Theodor Herzel, um jornalista judeu austro-húngaro. O Sionismo defendia
o direito do povo judeu retornar à terra de seus antepassados, de onde
Os atuais conflitos no Oriente Médio são em grande parte consequência foram expulsos pelos romanos no primeiro século da Era Cristã. Herzel
de um terremoto político e social que abalou o mundo no início do século foi um visionário ao sonhar com uma pátria judaica numa época em que
20: a queda do Império Turco Otomano. Na época, esse estado imenso a maioria dos judeus que viviam na Europa encontravam-se acomodados
e aculturados. Sua principal obra, O Estado Judeu, repercutiu junto à
dominava uma bela fatia do Oriente Médio, o norte da África e o leste da comunidade judaica e inspirou a realização do Primeiro Congresso
Europa –incluindo as regiões que hoje formam a Síria, o Iraque, Israel e Sionista (1897) em Basle, Suíça. Herzel morreu em 1904, sem ver com
os territórios palestinos. Mas, na metade do século 19, o gigante turco já seus próprios olhos a criação do Estado de Israel (1948).
andava mal de saúde – tanto que os diplomatas europeus se referiam a
ele como “o Homem Enfermo do Oriente”. Empobrecido, o Estado otomano entrou em colapso e, pouco a pouco, foi perdendo território
para as potências europeias. A partilha culminou em 1919, logo após a Primeira Guerra Mundial. Os turcos aliaram-se ao lado perdedor
[Alemanha e Império Austro-Húngaro] e perderam a maior parte de suas posses. Assim, o Líbano e a Síria viraram “protetorados”
franceses. Já a Palestina, que havia sido província dos otomanos durante 600 anos, ficou sob a administração inglesa.
O problema é que a região era habitada por dois povos cansados do jugo estrangeiro. Árabes e judeus queriam chutar os colonizadores e
formar seus próprios estados. Foram à luta – primeiro contra os britânicos, e depois uns contra os outros. Foi durante o período de
dominação inglesa que o conflito entre os dois povos tomou forma, até explodir com a controversa criação do Estado de Israel, em 1948.”
(Aventuras na História. Coleção Grandes Guerras. São Paulo: Abril, novembro de 2006, p. 30-33.)
A PARTILHA DA TERRA SANTA
Como vimos no tópico anterior, com o fim da Primeira Guerra Mundial e a SAIBA MAIS: A DECLARAÇÃO BALFOUR
desintegração do Império Turco Otomano, a Terra Santa caiu sob o domínio A Declaração Balfour foi um documento expedido pelo Ministro das
da Inglaterra. Foi no período do protetorado que a imigração judaica para a Relações Exteriores da Grã-Bretanha Arthur Balfour, em 1917, onde
o mesmo afirma a disposição do governo inglês de apoiar a criação
região experimentou um significativo crescimento, estimulada pela influência
de uma pátria judaica na Terra Santa, desde que isso não fosse
do Sionismo e pela repercussão da Declaração Balfour (veja o quadro ao prejudicial aos direitos das comunidades não judaicas que viviam na
lado). região. Ao tornar público seu apoio à criação de um Estado judaico
na Terra Santa, o governo britânico indiretamente estimulou a
Essa emigração judaica foi acelerada nas décadas de 30 e 40, devido à imigração judaica para a região, uma vez que a mesma foi colocada
perseguição aos judeus que a Alemanha nazista passou a promover. Estima- sob o protetorado inglês a partir de 1919.
se que por volta de 1940, metade da população da Terra Santa era composta
de judeus. Não tardou para que eclodissem os primeiros conflitos entre a população árabe e os judeus que não paravam de chegar. O
governo britânico, preocupado com a possibilidade dos conflitos aumentarem, tentou, sem sucesso, limitar a imigração judaica.
Terminada a Segunda Guerra Mundial (1945), todo o horror do Holocausto judaico,
promovido pelos nazistas, veio à tona. À medida em que as imagens dos campos de
concentração e de seus sobre-viventes corriam o mundo, crescia a simpatia da
comunidade internacional para a solução do problema judaico (“um povo sem uma
pátria”). Em novembro de 1947, numa sessão da ONU presidida pelo brasileiro Osvaldo
Aranha, foi aprovado um plano de partilha da Terra Santa em dois Estados: um para a
população judaica e outro para a população palestina, ou seja, de origem árabe. A cidade
de Jerusalém, apesar de localizada na área destinada ao Estado palestino, ficaria sob
uma administração internacional. Apesar do plano de partilha contemplar o Estado judaico
com mais terras do que o palestino, este último recebeu as melhores e mais férteis
regiões da Terra Santa. Por outro lado, o território reservado ao Estado palestino não se
constituía uma área contínua; era fragmentado em três porções, o que não foi aceito
pelos árabes. Os britânicos teriam um
prazo para se retirar da Terra Santa, deixando a região livre para a constituição dos dois
Estados.
A proposta da ONU foi recebida com entusiasmo pela comunidade judaica, que
oficializou, sob a liderança de David Ben Gurion, a fundação do Estado de Israel em 14 de maio de 1948. Entretanto, os países da Liga
Árabe (Egito, Líbano, Síria, Iraque e Jordânia) rejeitaram o plano da ONU e incentivaram os palestinos a pegarem em armas e se juntarem
aos seus exércitos na luta contra o recém criado Estado judaico.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
174
Aula 33 – Conflito Árabe Israelense
A GUERRA DE INDEPENDÊNCIA (1948-49)
O primeiro conflito eclodiu um dia depois dos judeus proclamarem a fundação do Estado de Israel. De um lado, as forças armadas de um
país que mal acabara de nascer; do outro, os exércitos dos cinco países da Liga Árabe, reforçado por voluntários da população palestina.
“A maioria das pessoas esperava que os árabes vencessem com facilidade,
mas, contra probabilidades aparentemente muito grandes, os israelenses os
derrotaram e conquistaram ainda mais territórios do que a divisão lhes tinha dado,
acabando com cerca de três quartos da Palestina, mais o porto egípcio de Eilat, no
Mar vermelho. Os israelenses venceram porque lutaram desesperadamente, e
porque muitos de seus soldados tinham adquirido experiência lutando no exército
britânico na Segunda Guerra Mundial (cerca de 30.000 homens judeus se ofereceram
para lutar pelos britânicos como voluntários). Os países árabes estavam divididos
entre si e mal equipados. Os próprios palestinos estavam desmoralizados (...)”,
relembra o historiador Norman Lowe em História do Mundo Contemporâneo.
Observe o mapa ao lado: ele mostra a situação das fronteiras após a vitória
israelense. O Estado de Israel passou a controlar cercade 70% do total do território.
Quanto ao que restou daquilo que deveria ter sido o Estado palestino, os países
árabes não demoraram em dividir o despojo entre si. O Egito anexou a Faixa de
Gaza, enquanto a Jordânia fez o mesmo em relação à Cisjordânia. A cidade de
Jerusalém ficou dividida: uma parte sob o controle israelense, outra parte sob o
controle da Jordânia. As fronteiras após a vitória israelense na Guerra de
Apesar do cessar-fogo e da fixação das fronteiras, os países árabes derrotados não Independência (1948-49).
reconheceram o Estado judaico e começaram apreparar um novo ataque.
A primeira guerra árabe-israelense produziu uma multidão de meio milhão de refugiados palestinos. “Embora alguns tivessem sido
expulsos, um grande número, inclusive a liderança palestina árabe, partiu por conta própria. A maioria dos refugiados foi para a Jordânia.
Outros escaparam para a Faixa de Gaza. Desde o primeiro momento o governo de Israel se opôs ao retorno desses refugiados a seus
lares”, escreveram Dan Cohn-Sherbok e Dawoud El-Alami em O Conflito Israel-Palestina.
A GUERRA DE SUEZ (1956)
A derrota dos países da Liga Árabe para o Estado de Israel não foi bem digerida
pela liderança dos cinco membros da referida liga. No Egito, o presidente Nasser,
encabeçando um movimento em prol da unidade do mundo árabe (panarabismo) e
da causa palestina, decidiu nacionalizar o Canal de Suez (que faz a ligação entre o
Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho, criando assim uma via navegável ao Oceano
Índico), construído no século XIX por um consórcio anglo-francês.
O objetivo de Nasser era o de utilizar os Lucros da travessia do canal para construir
uma barragem em Assuã. A nacionalização do Canal de Suez (1956) feria
interesses da França e da Inglaterra, que investiram capitais na construção do canal
e eram seus controladores. Segundo o professor Norman Lowe, franceses, ingleses
e israelenses estabeleceram, a partir de negociações secretas, um plano: “Israel
invadiria o Egito pela península do Sinai e tropas britânicas e francesas ocupariam o canal com o pretexto de que o estariam protegendo de
sofrer danos na luta. O controle anglo-francês do canal seria restabeleci-do e
a derrota, esperava-se, derrubaria Nasser do poder.” SAIBA MAIS: O PAN-ARABISMO
O pan-arabismo foi um movimento nacionalista que pregava a
A ofensiva israelense sobre o Egito foi fulminante: em poucos dias as tropas união dos países de maioria árabe-muçulmana, a fim de fortalecê-
de Israel controlavam toda o Sinai. Entretanto, a ONU negociou um cessar- los política, econômica e culturalmente. Tendo no presidente
fogo e a retirada das tropas israelenses do Sinai, mantendo as fronteiras de egípcio Gamal Abdel Nasser seu principal articulador, o pan-
arabismo floresceu no contexto da descolonização afro-asiática,
1949. No entanto, o Egito manteve seu controle sobre a zona do canal, encampando em seu discurso a luta contra o colonialismo e o
frustrando os planos dos franceses e ingleses. Além disso, o presidente sionismo. A morte de Nasser (1970) representou um declínio para o
Nasser saiu fortalecido do conflito, o que reforçou seu discurso acerca do movimento.
nacionalismo árabe.
A CRIAÇÃO DA OLP (1964)
“Durante quase toda a década de 50, a insatisfação dos palestinos com a situação de ser um povo sem
terra levou-os a fazer ataques esporádicos contra Israel. No entanto, eles não tinham uma organização que
definisse, de modo claro, seus objetivos e suas estratégias de luta. Só em 1959 é que surgiu a primeira
organização voltada para a criação de um estado palestino – a Al Fatah, liderada por Yasser Arafat, um
engenheiro nascido em Jerusalém.
Desde o início a Al Fatah definiu-se como anti sionista, anti-imperialis-ta e com o objetivo de criar um
estado laico e democrático na antiga Palestina. Em 1964, com o patrocínio de vários países árabes como o
Egito, a Argélia e a Tunísia, era criada a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), que englobaria
a Al Fath e todos os pequenos grupos palestinos existentes. Em sua carta de fundação, a OLP destacava Yasser Arafat, líder da OLP.
os seguintes pontos:
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
175
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

• ‘A Palestina é a pátria do povo palestino, parte indivisível da vasta pátria árabe, e o povo palestino é parte da nação árabe.’
• ‘Ao povo palestino assistem direitos legais à sua terra natal, onde, libertada a pátria, exercerá a autodeterminação segundo sua vontade.’
• ‘A luta armada é o único caminho para libertar a Palestina.’
• ‘A libertação da Palestina é dever nacional, necessária para repelir a agressão sionista e imperialista contra a vasta pátria árabe. Ela tem
por meta a eliminação da presença sionista na Palestina.’
• ‘A partilha da Palestina em 1947 e a criação do Estado de Israel são inteiramente ilegais, independentemente do decorrer do tempo,
porque foram contrárias à vontade do povo palestino e ao seu direito natural à pátria.’
• ‘O povo árabe palestino, atuando na revolução armada palestina, rejeita qualquer solução que não a libertação total da Palestina.’
Ficava claro que a OLP estava vinculada ao conjunto do mundo árabe e pregava a luta armada e a destruição de Israel. A partir de 1965
teria início sua ação guerrilheira e, também as consequentes represálias israelenses (...).
(...) [A partir da 1974] a OLP começou a descartar o terrorismo como arma política (a não ser nos territórios ocupados de Gaza, da
Cisjordânia e Israel) e passou a buscar seus objetivos pela via diplomática. Os reflexos dessa estratégia política se fizeram sentir logo em
1974, quando Arafat falou pela primeira vez à Assembleia Geral da ONU e a OLP foi admitida como ‘observador permanente’ daquele
organismo.
Até o início da década de 90, mais de 120 países reconheciam a OLP como a única e legítima representante do povo palestino, mantendo
com ela relações diplomáticas e intercâmbio culturais. A partir do momento em que a OLP passou a seguir uma estratégia mais
diplomática, começou a tomar corpo a ideia da criação de um estado palestino não mais em toda a Palestina, mas apenas na Faixa de
Gaza e na Cisjordânia.”
(OLIC, Nelson Bacic. Oriente Médio: uma região de conflitos. 5a. ed. São Paulo: Moderna, 1991, p. 70-72.)
A GUERRA DOS SEIS DIAS (1967)
A ofensiva israelense sobre o Egito na Guerra de Suez (1956) aumentou ainda mais o
clima de tensão no Oriente Médio. Egito, Síria, Jordânia e Líbano começaram a
concentrar tropas em suas fronteiras com Israel. A resposta de Israel foi rápida: suas
forças armadas atacaram de surpresa, por terra e ar, o Egito, a Síria e a Jordânia. Em
apenas 6 dias (5 a 10 de junho de 1967), as tropas israelenses conquistaram a Faixa
de Gaza e a península do Sinai (em poder do Egito), a Cisjordânia (em poder da
Jordânia) e as Colinas de Golan (em poder da Síria). Assim, o Estado de Israel
passou a controlar toda a superfície da Terra Santa, o que agravou a situação dos
palestinos, pois os israelenses construíram assentamentos na Faixa de Gaza e na
Cisjordânia, fazendo com que as esperanças palestinas de um Estado próprio se
tornassem cada vez mais remotas.
Uma das principais consequências desse conflito foi a unificação de Jerusalém,
dividida desde 1949, quando terminou a Guerra de Independência (o setor ocidental
ficou em poder dos israelenses e o setor oriental em poder da Jordânia). Com o
controle sob a totalidade da cidade, os israelenses tiveram acesso aos lugares
sagrados da fé judaica, como o Muro das Lamentações, resquício do templo sagrado
que foi destruído pelos romanos no ano 70.
“Consta que, algumas horas após o fim da guerra-relâmpago, Moshe Dayan [Ministro
da Defesa de Israel] levou o já velho Ben Gurion para um passeio de helicóptero sobre
os territórios anexados. Voaram sobre Gaza, Cisjordânia, Jerusalém Oriental. Quando
o helicóptero aterrissou, o fundador de Israel segurou Dayan pelo braço e disse-lhe
algo que, hoje, é quase um consenso entre os estudiosos: se Israel quisesse um dia ter paz, devia devolver a maior parte do que
conquistara em 1967.”
(Aventuras na História. Coleção Grandes Guerras. São Paulo: Abril, novembro de 2006, p. 47.)
A GUERRA DO YOM KIPPUR (1973)
Yom Kippur (ou “Dia do Perdão”) é o mais importante feriado religioso na religião
judaica. Em 6 de outubro de 1973, o Egito e a Síria, dispostos a recuperar os territórios
perdidos na Guerra dos Seis Dias (1967), lançaram um ataque surpresa a Israel,
exatamente no referido feriado, quando os israelenses estavam absorvidos nas
cerimônias que envolvem jejum, orações e pedidos de perdão pelos pecados.
Apesar de acumular um grande número de perdas nos primeiros momentos da guerra,
as forças militares de Israel conseguiram virar o jogo em seu favor e impor sua
superioridade aos dois exércitos inimigos. As fronteiras de 1967 foram mantidas ao fim
do conflito.
Durante o conflito, países árabes produtores de petróleo, com o intuito de pressionar
os EUA e a Europa Ocidental a se colocar contra Israel, iniciaram um embargo na Da esquerda para a direita: Sadat (Egito), Carter (EUA) e
venda de petróleo. Isso provocou uma grande crise de desabastecimento do produto Begin (Israel) firmam os Acordos de Camp David (1979).
no Ocidente, fazendo com que a OPEP (Organização dos Países Exportadores de

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


176
Aula 33 – Conflito Árabe Israelense
Petróleo) se aproveitasse da situação para elevar às alturas o preço do barril de petróleo.
OS ACORDOS DE CAMP DAVID (1979)
Em 1979, os EUA, à época sob a presidência de Jimmy Carter, intermediaram negociações de paz entre Anwar Sadat (Egito) e Menachem
Begin (Israel) que culminaram na assinatura dos Acordos de Camp David. O Egito reconheceu o Estado de Israel (foi o primeiro país árabe
a fazê-lo), recebendo em troca a península do Sinai (anexada por Israel desde 1967).
Sadat recebeu duras críticas no mundo árabe por ter negociado com os israelenses.
Na verdade, o presidente egípcio percebeu aquilo que seu an-tecessor, Nasser, não foi capaz de fazê-lo: a via militar não seria o caminho
para o país recuperar o Sinai, dada a superioridade bélica do Estado de Israel.
Em outubro de 1981, no Cairo, durante uma parada militar, Anuar Sadat foi assassinado por extremistas egípcios, que o acusavam de trair
a causa árabe-palestina. O presidente egípcio pagou um alto preço pelos acordos de paz firmados com os israelenses.
Foi sucedido por Hosni Moubarak, deposto em 2011 pelo movimento que ficou conhecido como Primavera Árabe, do qual falaremos
adiante.
A INTIFADA (1987)
Depois de anexar a Faixa de Gaza e a Cisjordânia na Guerra dos Seis Dias (1967), o governo israelense estimulou a construção de
assentamentos judaicos nos novos territórios. “Casais judeus jovens, com pouco dinheiro, foram incentivados a adquirir ali casas a baixos
preços, e a oportunidade atraiu inúmeros militantes de extrema direita. Para eles, assim como para muitos partidos religiosos de Israel, a
Cisjordânia é parte do ‘reino de Salomão’, a terra de Israel bíblica”, escreveu o sociólogo e jornalista Jayme Brener em Ferida Aberta: o
Oriente Médio e a nova ordem mundial.
E ele continua: “A presença de colonos judaicos, é claro, esquentou os ânimos nos territórios ocupados. (...) Não se pode dizer que os
colonos ‘viviam’ nos territórios ocupados. Na verdade, eles ocupavam parcelas de território, que só não eram retomadas porque milhares
de soldados israelenses se encarregavam de protegê-los. Todos eles tinham água encanada, serviço que estava presente em menos da
metade das residências palestinas. A água, bastante rara, foi militarizada pelos israelenses; tornou-se um alvo de guerra. (...) A ocupação
transformou-se inclusive em um grande negócio para israel. Em artigo publicado em 1985 na Folha de S. Paulo, o jornalista Len Berg dizia
que apenas a ocupação de Gaza e Cisjordânia permitia um superávit fiscal israelense, devido aos impostos pagos nos territórios.
Sem direito de eleger seus representantes, de administrar suas próprias vidas, submetidos a um cotidiano humilhante – que incluía longas
revistas para as pessoas que diariamente iam trabalhar em Israel – e liderados por uma organização [OLP] que em tantos anos de luta só
acumulara derrotas, os palestinos de Gaza e Cisjordânia decidiram dar um grito de basta em novembro de 1987: era o início da intifada.
Intifada em árabe quer dizer ‘sobressalto’. E foi com um sobressalto que as autoridades
israelenses (...) receberam a revolta palestina na Cisjordânia e em Gaza. Os
instrumentos da rebelião não eram mais as metralhadoras e coquetéis molotov de
terroristas contra aviões de passageiros, mas sim pedras e pedaços de pau, atirados por
mulheres e crianças contra soldados. A imagem dos palestinos, gravada na retina da
opinião pública internacional, deixava de ser a de um terrorista barbudo e feio. (...) Israel
revelou-se totalmente despreparado para a rebelião. Seus soldados, acostumados a
enfrentar tropas árabes regulares ou terroristas, viram-se disparando para todos os
lados. Até 1992, mais de dois mil palestinos haviam sido mortos na intifada, 20 mil foram
feridos e nada menos que 120 mil presos, pelas mais distintas razões.
Civis palestinos enfrentam os soldados israelenses
A intifada representou um sobressalto também para os países árabes e para a própria durante a intifada (1987).
OLP. Isso porque nem a OLP nem qualquer de suas facções esteve na origem da
rebelião.
E os países árabes, apesar de nunca terem deixado de financiar a OLP, não apostavam um tostão na intifada, que afinal poderia consolidar
um movimento palestino independente, fora de suas asinhas.
Só com o tempo e à custa de muito esforço, a OLP e Yasser Arafat foram ocupando
espaço e conquistando a direção política da intifada. Mas o movimento deixou
profundas marcas na linha política olipista. Ficou claro que os palestinos de
Cisjordânia e Gaza estavam cansados de bonitas palavras de ordem e de esperar
pelo dia mágico, quando os israelenses seriam expulsos de sua antiga terra.”
OS ACORDOS DE WASHINGTON (1993) E OSLO (1994)
A repressão israelense à intifada palestina repercutiu perante a opinião pública
internacional, arranhando a imagem do governo de Israel, já desgastada por
episódios como a intervenção armada no Líbano em 1982 (veja a Leitura
Complementar I). Os EUA pressionavam Israel em direção às conversações de paz
com os líderes da OLP.
Yitzak Rabin, premier israelense, acreditava na possibilidade de um acordo de paz Yitzak Rabin (à esquerda), sério, cumprimenta Yasser Arafat
com os palestinos, apesar das desconfianças e do clima de hostilidade entre as (à direita), sorridente, enquanto Bill Clinton (ao centro),
partes. observa com satisfação a cena histórica.
Sob a intermediação do presidente americano Bill Clinton, Yitzak Rabin e Yasser

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


177
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Arafat iniciaram negociações em Washington (1993), que foram esten-didas a Oslo (1994).
Do encontro em Washington foi redigido um importante documento, a Declaracão de Princípios, que estabelecia uma gradual concessão de
autonomia para os palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Ao mesmo tempo, os palestinos reconheciam o direito de existir de Israel
e se comprometiam a abrir mão do terrorismo.
Vale mencionar que a Declaração de Princípios não estabelecia nenhuma jurisdição palestina sobre Jerusalém. O próprio Yitzak Rabin foi
muito claro quando disse que Jerusalém permaneceria sob a soberania israelense, portanto fora de qualquer esfera de negociação com os
palestinos.
As negociações continuaram no ano seguinte (1994), em Oslo, quando os líderes de Israel e da OLP ratificaram as decisões firmadas em
Washington, o que abriu caminho para o estabelecimento de um autogoverno palestino sobre Gaza e Cisjordânia. Nascia assim a
Autoridade Palestina (AP).
Entretanto, em novembro de 1995 o premier israelense Yitzak Rabin foi assassinado por Yigal Amir, um judeu extremista que se opunha às
concessões feitas por Israel aos palestinos.
A SEGUNDA INTIFADA E OS DESDOBRAMENTOS DA QUESTÃO JUDAICO-PALESTINA AOS NOSSOS DIAS
Em 2000 irrompeu uma nova revolta palestina: a segunda intifada. Também
conhecida como intifada de Al-Aqsa (numa alusão à mesquita de Al-Aqsa, em
Jerusalém, local onde teve seu início), a nova revolta palestina foi precipitada de-
pois que o general Ariel Sharon, à época um dos líderes da direita radical israelense,
contrária à paz com os palestinos, visitou, num ato de provocação, a esplanada das
mesquitas em Jerusalém. O ato de Sharon foi provocativo porque o governo
israelense estudava a possibilidade de incluir Jerusalém nas futuras negociações
com os palestinos.
A visita de Sharon à esplanada das mesquitas desencadeou uma onda de violentos
confrontos entre palestinos e judeus. Ao contrário da primeira intifada (1987), onde
os manifestantes se valiam de paus e pedras, na segunda intifada foram utilizados A provocativa visita de Ariel Sharon (de terno e óculos
fuzis, metralhadoras e armas de grosso calibre. A revolta vitimou milhares de escuros, ao centro) à esplanada das mesquitas, em
palestinos (quase 4 mil ao todo). Também do lado israelense ocorreram perdas Jerusalém, desencadeou a segunda intifada (2000).
(cerca de mil pessoas).
Com o objetivo de conter a onda de violência e a entrada de terroristas palestinos em seu
território, o governo israelense ordenou a construção de uma cerca na fronteira com a Faixa
de Gaza e de um muro na fronteira com a Cisjordânia. As duas obras aumentaram ainda
mais as hostilidades entre as partes, além de tornar insuportável a vida dos palestinos que
precisam atravessar diariamente essas fronteiras. Nos postos de fiscalização a rotina é
estressante, tanto para os soldados israelenses, cuja missão é a de impedir a entrada de
terroristas em Israel, como para os civis palestinos, que ficam à mercê de longas filas e
horas de espera (veja a Leitura Complementar III).
Em 2004 Yasser Arafat, presidente da Autoridade Palestina (AP) morreu. Em janeiro de
2005 Mahmud Abbas foi escolhido como seu sucessor. Nesse mesmo ano, o governo de
Israel removeu todos os assentamentos judaicos da Faixa de Gaza e também alguns da
Cisjordânia, prometendo aumentar o número para os próximos anos. Entretanto, isso não
foi suficiente para o apetite dos radicais palestinos.
O muro que separa Israel da Cisjordânia.
Hoje os territórios palestinos (Gaza e Cisjordânia) se encontram sob governos diferentes:
• a Cisjordânia é governada pela Autoridade Palestina, sob a presidência de Mahmoud Abbas, favorável à retomada das negociações com
Israel;
• a Faixa de Gaza é governada pelo Hamas e seu líder Khaled Mashaal , contrários a qualquer tipo de acordo de paz com os israelenses.
O que o futuro reserva à Terra Santa? Essa é uma resposta que os historiadores e cientistas políticos gostariam de ter. Israelenses e
palestinos serão capazes, algum dia, de viver juntos, em paz?
LEITURA COMPLEMENTAR I: OS MASSACRES EM SABRA E SHATILA
“Por volta de 1982, Israel tinha se retirado do Sinai (...). Mesmo com o assassinato de Sadat por fundamentalistas egípcios em setembro de
1981, as fronteiras com o Egito estavam pacificadas, bem como as áreas fronteiriças com a Síria e a Jordânia. No norte, porém, Israel
enfrentava novas dificuldades. A Organização para a Libertação da Palestina tinha estabelecido seu quartel-general em Beirute e quartéis
no sul do Líbano, de onde lançava repetidos ataques ao norte de Israel. Adicionalmente, terroristas da OLP conseguiram penetrar nas
fronteiras israelenses e realizar ataques a vítimas inocentes.
Em retaliação, Israel atacou campos de refugiados palestinos e outros alvos. Determinado a defender a nação contra seus inimigos ao
norte, Sharon [Ariel Sharon, Ministro da Defesa de Israel] elaborou um plano para expulsar a OLP do Líbano e ao mesmo tempo fortalecer
os cristãos libaneses que poderiam ser persuadidos a expulsar tanto a OLP como as tropas sírias que estavam estacionadas no país.
Numa reunião com Sharon, em janeiro de 1982, o líder da Falange (as forças cristãs libanesas), Bashir Gemayel, concordou em unir-se a
Israel nas ações contra os palestinos.
Em 6 de junho de 1982, oitenta mil soldados israelenses invadiram o Líbano numa tentativa de estabelecer uma zona de segurança de 25
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
178
Aula 33 – Conflito Árabe Israelense
milhas. Entretanto, no terceiro dia, o exército de Israel tinha penetrado 25 milhas ao norte com o objetivo de unir-se às forças da Falange
em Beirute para cortar a auto estrada Beirute Damasco. Perturbada por esse avanço, a Síria interrompeu a incursão de Israel. Mas na área
de Beirute, as tropas israelenses puderam se unir com a Falange. Depois de uma semana de luta, as tropas israelenses acamparam fora
de Beirute.
Como resultado dessa batalha, as forças da OLP retornaram ao lado ocidental de Beirute. Embora Sharon estivesse ansioso por expulsar
esses combatentes, houve relutância em arriscar a vida dos soldados israelenses. Apesar de ter sido acordado que a Falange
empreenderia essa operação, ela se recusou. Quando Begin [Menachem Begin, premier israelense] insistiu que os palestinos se
retirassem, Arafat [Yasser Arafat, líder da OLP] recusou. Os israelenses, então, lançaram uma ofensiva com a qual esperavam persuadir a
OLP a partir. Devido à intervenção americana, os combatentes se retiraram por mar. Mesmo que essa retirada parecesse ser uma derrota
para a OLP, eles partiram como guerrilheiros triunfantes. Sharon, porém, estava determinado a expulsar as forças da OLP do Líbano. Em
face das negativas dos palestinos, ele insistiu que cerca de dois mil homens estavam escondidos em campos de refugiados. (...) Com o
apoio do exército israelense, tropas da Falange entraram nos campo palestinos de Sabra e Shatila, ao sul de Beirute. De acordo com
testemunhas, esses soldados não fizeram qualquer tentativa de distinguir palestinos de libaneses, ou homens de mulheres e crianças. Mais
de trezentos refugiados foram massacrados.”
(COHN-SHERBOK, Dan. EL-ALAMI, Dawoud. O Conflito Israel-Palestina. São Paulo: Palíndromo, 2005, p. 84-85.)
LEITURA COMPLEMENTAR II: AS COLINAS DA DISCÓRDIA
“Território onde ficam as nascentes de vários rios, como as do Jordão, o mais
importante da região, as Colinas de Golã estão no centro de uma longa disputa entre a
Síria e Israel, que ocupou militarmente o local após vencer a Guerra dos Seis Dias, em
1967. A área está logo ao norte do Estado judeu, que lá implantou diversas colônias.
Para tentar coagir o governo de Israel a devolver a região, a Síria há anos financia a
guerrilha islâmica do Hezbollah, que ataca o norte israelense de suas bases no sul do
Líbano. Israel responde aos ataques, fazendo da fronteira uma terra em perene conflito.
Na década de 1990, na época do primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, o mundo
assistiu esperançoso ao início das negociações sobre as colinas. As duas nações, no
entanto, não conseguiram chegar a um acordo, sobretudo no ponto relativo ao domínio
das fontes de água – Israel exige o controle das regiões próximas às nascentes do rio
Jordão.
Em 2000, com o início da segunda Intifada palestina, pararam as conversações. Para a Síria, um pré-requisito para qualquer negociação é
a devolução completa da área, exigência não aceita por Israel.”
(Almanaque Abril - Atualidades Vestibular 2006. São Paulo: Abril, 2006, p. 63.)

LEITURA COMPLEMENTAR III: A TENSÃO NOS POSTOS DE juntamente com a propaganda anti-Israel, sugerem que Israel está
FISCALIZAÇÃO constrangendo mulheres palestinas nos postos de verificação.
Infelizmente, as mulheres não podem ser ignoradas como
“É comum que as nações protejam suas fronteiras e estabeleçam
ameaças potenciais à segurança. Policiais de fronteira de um posto
postos de inspeção para impedir que pessoas entrem ilegalmente
de verificação ao norte de Jerusalém, por exemplo, prenderam
em seus países. Os Estados Unidos têm postos em suas fronteiras
uma mulher palestina empurrando um carrinho de bebê que
e aeroportos e, como os americanos puderam ver em 11 de
continha uma pistola, dois pentes de munição e uma faca.
setembro (de 2001), estas são precauções de segurança
necessárias, embora não infalíveis. Bens comerciais, comida, medicamentos, ambulâncias e
profissionais da área de saúde continuam a circular livremente,
No caso de Israel, a necessidade de postos foi criada pelos
impedidos tão somente pelos ataques contínuos. Os trabalhadores
palestinos. Ao realizarem uma violenta campanha de terror contra
palestinos que têm empregos em Israel também podem passar
cidadãos israelenses, eles forçam Israel a erguer barreiras que
pelos postos de verificação com a devida identificação; as
dificultem o máximo possível que terroristas entrem no país ou
restrições são impostas apenas quando necessárias, devido à
viajem ao longo dos territórios com o objetivo de cometer atos de
questão da segurança.
violência. Os postos são inconvenientes para os palestinos
inocentes, mas eles de fato evitam o terror e poupam vidas. As barreiras não existem para humilhar palestinos, mas para
garantir a segurança de cidadãos israelenses. Infelizmente, toda
Por exemplo, em 2 de novembro de 2002, uma perua carregada de
vez que Israel relaxa esta prática, os terroristas palestinos tiram
caixas de calças jeans foi retida em um destes postos. Os soldados
vantagem da oportunidade para lançar novos ataques contra
verificaram as carteiras de identidade dos homens que estavam na
israelenses inocentes.”
perua e descobriram que um dos passageiros era procurado. A
(BARD, Mitchell G. Mitos e Fatos – A verdade sobre o conflito árabe-israelense. São
perua foi esvaziada e, quando os soldados abriram a última caixa, Paulo: Sêfer, 2004, p. 259.)
descobriram um cinto com explosivos que estava sendo enviado a
um homem-bomba. Duas semanas depois, um táxi foi detido no LEITURA COMPLEMENTAR IV: MEU INIMIGO SOU EU
mesmo posto. Os soldados encontraram dois computadores no “Um jornalista judeu, Yoram Binur, fez uma experiência bastante
bagageiro que pareciam pesados demais. Eles abriram as caixas e interessante sobre as relações entre palestinos e judeus. Repórter
encontraram dois cintos com explosivos. Foi encontrada também respeitado, resolveu passar por palestino durante algum tempo e
uma sacola com um revólver. olhar a questão com outros olhos. Ex- militar, especialista em
As reportagens sensacionalistas dos meios de comunicação, combates antiterroristas, Binur passou a vestir-se como palestino:

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


179
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

‘...deixei o rosto sem barbear e carreguei comigo meu velho e fiel (FREITAS NETO, José Alves de. TASINAFO, Célio Ricardo. História geral e do
Brasil. São Paulo: Harbra, 2006, p. 801.)
keffiyeh vermelho, o tradicional pano que os árabes usam na
cabeça’. LEITURA COMPLEMENTAR VI: O TERRORISMO PALESTINO É
Binur empregou-se num salão de festas pertencente a um judeu de APENAS PARTE DE UM CICLO DE VIOLÊNCIA?
Tel-Aviv e passou a trabalhar intensamente, ganhando pouco. “A suposição subjacente ao argumento do ciclo de violência é que
Descobriu, então, como a mão de obra barata palestina é o terrorismo é um ato de vingança, de motivação emocional, no
importante na economia israelense. Num novo emprego, uma qual se envolvem indivíduos frustrados que não tem outro recurso.
oficina elétrica, o jornalista narra a seguinte cena entre o A história do terrorismo contra Israel solapa essa suposição e
empregador judeu e o suposto palestino: prova que o terrorismo palestino é uma tática racional, escolhida
‘- Você limpa chão e faz café? – perguntou. por líderes, porque se provou eficaz.
- Sim, senhor, mas sou muito bom mecânico, faço revisão e Pode ser mais fácil recrutar homens-bomba no meio de uma
conserto em todos os motores. população de indivíduos frustrados à procura de vingança, mas
homens-bomba e outros terroristas não partem por conta própria
- Você esteja aqui toda manhã das oito em ponto até as cinco da para missões de morte. Eles são enviados por líderes de elite que
tarde, e ganha dez shekels. fazem um cálculo racional baseado em custos e benefícios. Os
Para não levantar a menor das suspeitas, tentei barganhar o custos são bastante baixos, uma vez que os grupos terroristas
salário, que não era suficiente para a minha subsistência, o que radicais se beneficiam de cada morte, tanto de israelenses como
dirá para sustentar uma família. de palestinos. Os palestinos são tratados como mártires e suas
- Os árabes aqui valem um centavo a dúzia, e estão todos famílias são homenageadas e bem pagas.
procurando trabalho. Não há razão para eu lhe pagar o que devo – Um dos objetivos dos terroristas é provocar uma reação exagerada
afirmou Yosi com determinação, mas sem nenhum sinal de dos israelenses, de modo a gerar apoio à própria causa terrorista.
malícia.’ Essa foi certamente a consideração mais forte na bem planejada
Passando por vários locais e situações, Binur traça um quadro escalada de bombardeios-suicidas que se seguiu à rejeição feita
ainda mais curioso por ter sido feito por um jornalista judeu. A obra, por Arafat às ofertas de [Ehud] Barak e [Bill] Clinton em Camp
que leva o título de Meu inimigo sou eu, apresenta uma conclusão David e Taba em 2000-2001. A comunidade internacional, que
interessante: estava se voltando contra Arafat por rejeitar essas ofertas
razoáveis, logo se virou contra Israel, em seguida às respostas de
‘No fim, as impressões que acumulei formaram um quadro
Israel aos ataques suicidas.
deprimente de medo e desconfiança dos dois lados. Os palestinos,
empregados como mão de obra barata, são obrigados a Um outro objetivo – em particular dos que se opõem radicalmente
desempenhar o papel de observadores ativos da sociedade à paz, como o Hamas – é encaminhar o eleitorado israelense para
israelense, enquanto os judeus israelenses não fazem sequer isso a direita a fim de reduzir a possibilidade de uma paz negociada que
e se satisfazem em governar sem demonstrar a menor curiosidade tornaria Israel um Estado judeu. Esse foi, certamente, um efeito
sobre como vive o outro lado. Minha conclusão mais definitiva é importante na escalada dos bombardeios suicidas que ajudou a
que uma continuação da presença militar na Cisjordânia e na faixa assegurar a eleição de [Ariel] Sharon, para a satisfação do Hamas
de Gaza arrisca transformar Israel num lugar em que algumas e de outros que rejeitam o direito de Israel de existir.
pessoas, inclusive eu, acharão insuportável viver.’” Um terceiro objetivo é matar tantos israelenses quantos for
(KARNAL, Leandro. Oriente Médio. São Paulo: Scipione, 1994, p. 51-52.) possível e tentar atemorizar Israel para levá-lo à submissão. Um
LEITURA COMPLEMENTAR V: OS PRINCIPAIS GRUPOS quarto objetivo é satisfazer o povo árabe, que por excessivas
TERRORISTAS PALESTINOS vezes aprendeu nas escolas, nas mesquitas e na mídia que
derramar sangue judeu é uma obrigação. Apenas o primeiro
“Hezbollah – criado em 1982 para combater as forças israelenses
desses objetivos pode ser influenciado por respostas mais
no Líbano, contou, na época, com o apoio da Arábia Saudita. É
moderadas de Israel, mas a um custo alto. Israel deveria ser
muito popular entre os jovens palestinos, que são recrutados como
moderado e proporcional na sua resposta ao terrorismo porque
seus militantes. Tem como objetivos destruir Israel e criar um
essa é a coisa certa a fazer. Mas acreditar que a moderação
Estado islâmico sob o controle dos palestinos. Recebe apoio do
israelense reduziria de modo significativo o terrorismo é supor
Irã.
erroneamente que este é parte de um ciclo de violência mais do
Hamas – foi o primeiro a usar homens-bomba na região (1992). que uma tática de primeira escolha que funcionou para os
Fundado em 1987, visa destruir Israel e criar um Estado islâmico palestinos.”
sob o controle dos palestinos. Por fazer um trabalho social intenso (DERSHOWITZ, Alan. Em defesa de Israel. São Paulo: Nobel, 2004, p. 239-240.)
nos campos de refugiados, tornou-se muito popular entre os
palestinos e mantém um verdadeiro exército de voluntários com
mais de 2 mil integrantes. No poder desde 2006, controlando o
Parlamento Palestino, continuou com o discurso agressivo, mas
deu uma trégua em suas ações terroristas. A crise entre o
Hezbollah e Israel, nesse mesmo ano, deixou a ação política em
segundo plano.
Jihad Islâmica – é o grupo terrorista mais independente que atua
contra Israel, embora também seja financiado pelo Irã. Não tem
grande popularidade entre os palestinos, embora seus objetivos
sejam os mesmos das demais facções extremistas acima citadas.”

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


180
Aula 33 – Conflito Árabe Israelense

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou um plano de partilha da Palestina que
previa a criação de dois Estados: um judeu e outro palestino. A recusa árabe em aceitar a decisão
conduziu ao primeiro conflito entre Israel e países árabes.
A segunda guerra (Suez, 1956) decorreu da decisão egípcia de nacionalizar o canal, ato que atingia
interesses anglo-franceses e israelenses. Vitorioso, Israel passou a controlar a Península do Sinai. O
terceiro conflito árabe-israelense (1967) ficou conhecido como Guerra dos Seis Dias, tal a rapidez da
vitória de Israel.
Em 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemoravam o Yom Kippur (Dia do Perdão), forças
egípcias e sírias atacaram de surpresa Israel, que revidou de forma arrasadora. A intervenção
americano-soviética impôs o cessar-fogo, concluído em 22 de outubro.
A partir do texto acima, assinale a opção correta.
a) A primeira guerra árabe-israelense foi determinada pela ação bélica de tradicionais potências
europeias no Oriente Médio.
b) Na segunda metade dos anos 1960, quando explodiu a terceira guerra árabe-israelense, Israel
obteve rápida vitória.
c) A guerra do Yom Kippur ocorreu no momento em que, a partir de decisão da ONU, foi oficialmente
instalado o Estado de Israel.
d) A ação dos governos de Washington e de Moscou foi decisiva para o cessar-fogo que pôs fim ao
primeiro conflito árabe-israelense.
e) Apesar das sucessivas vitórias militares, Israel mantém suas dimensões territoriais tal como
estabelecido pela resolução de 1947 aprovada pela ONU.

Questão 02
O Estado de Israel, que completou 60 anos em maio deste ano, teve suas fronteiras definidas a partir
de várias guerras com países vizinhos. A esse respeito, avalie as afirmativas a seguir:
I - O plano de Partilha da ONU (Resolução 181) de 1947 previa a retirada das tropas do Império russo,
a criação de um Estado judaico e de um Estado independente árabe-palestino na região da Palestina.
II - Os árabes rejeitaram o plano de partilha da Palestina aprovado pela Assembleia Geral das Nações
Unidas e atacaram o recém-formado Estado de Israel em 1948: era o começo dos conflitos árabe-
israelenses e do dilema dos refugiados palestinos.
III - A vitória israelense na Guerra dos Seis Dias (1967) permitiu a ocupação de quase toda a
Palestina, isto é, do Sinai, da Faixa de Gaza, da Cisjordânia, de Jerusalém e o do Iraque.
IV - A partir de 1987, a população civil palestina começou a série de levantes (Intifada) contra a
ocupação israelense usando paus, pedras e atentados.
Assinale a alternativa CORRETA.
a) Somente as afirmativas I e III estão corretas.
b) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
c) Somente as afirmativas II e IV estão corretas.
d) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
e) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.

Questão 03
Em discurso proferido em 20 de maio de 2011, o presidente dos EUA, Barack Obama, pronunciou-se
sobre as negociações relativas ao conflito entre palestinos e israelenses, propondo o retorno à
configuração territorial anterior à Guerra dos Seis Dias, ocorrida em 1967.
Sobre o contexto relacionado ao conflito mencionado é correto afirmar que:
a) a criação do Estado de Israel, em 1948, marcou o início de um período de instabilidade no Oriente
Médio, pois significou o confisco dos territórios do Estado da Palestina que existia até então e
desagradou o mundo árabe.
b) a Guerra dos Seis Dias insere-se no contexto de outras disputas entre árabes e israelenses, por
causa das reservas de petróleo localizadas naquela região do Oriente Médio.
c) a Guerra dos Seis Dias significou a ampliação territorial de Israel, com a anexação de territórios,
justificada pelos israelenses como medida preventiva para garantir sua segurança contra ações
árabes.
d) o discurso de Obama representa a postura tradicional da diplomacia norte-americana, que defende
a existência dos Estados de Israel e da Palestina, e diverge da diplomacia europeia, que condena a
existência dos dois Estados.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


181
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Questão 04
Quanto aos conflitos entre árabes e israelenses, podemos dizer que: Anotações
I - se aceleram com a partilha da Palestina realizada pela ONU em 1947, que deu origem ao Estado de
Israel e de que decorreu a guerra de 1948/49, que terminou com um acordo de cessar fogo em que
ficava estabelecida a divisão de Jerusalém e a fixação das fronteiras entre Israel e os países árabes.
II - na década de 1960, os conflitos adquirem maior violência em função do aumento dos atos
terroristas palestinos e da aliança militar e política entre Egito, Síria e Jordânia, o que leva à eclosão
da Guerra dos Seis Dias.
III - na década de 1970, os conflitos determinam a explosão da Guerra do Yom Kippur, em 1973, de
que resulta a fixação dos limites territoriais no Oriente Médio e o reconhecimento por parte de Israel,
da OLP, comandada por Arafat, como representante legítima dos interesses palestinos.
Assinale a opção que contém a(s) afirmativa(s) correta(s):
a) Apenas I b) Apenas I e II c) Apenas II
d) Apenas II e III e) Apenas III

Questão 05
Um fator preponderante que deu origem às tensões e lutas entre palestinos e israelenses é
apresentado na seguinte alternativa:
a) diáspora palestina ocorrida a partir de 1945, acarretando a migração de palestinos para os kibutzin
israelenses
b) movimento sionista surgido a partir de 1917, definindo a Palestina como o "lar nacional" de judeus e
palestinos
c) fundação da Organização para a Libertação da Palestina na década de 1950, iniciando o processo
de luta liderado por Yasser Arafat
d) partilha da Palestina aprovada pela Organização das Nações Unidas na década de 1940,
provocando rejeição pelos países árabes

Questão 06

"[...] o Estado israelense anexou a Península do Sinai e a Faixa de Gaza (então pertencentes ao
Egito), a Cisjordânia (da Jordânia) e as Colinas de Golam (da Síria). A guerra foi particularmente
trágica para os palestinos. Novos contingentes de dezenas de milhares engrossaram a diáspora."
ARBEX JR., José. Guerra Fria: terror de Estado, política e cultura. 3a ed. São Paulo: Moderna, 1997. [adapt.].

Os textos referem-se à
a) ocupação israelense sobre o sul do Líbano (2006), antiga Fenícia, aprofundando a Diáspora
hebraica como forma de contenção à ação do Hezbollah.
b) Guerra dos Seis Dias (1967), quando Israel expandiu seu território, promovendo um continuado
conflito.
c) Guerra do Yom Kippur (1973), quando Egito e Síria, embasados pelo nacionalismo de Nasser,
ameaçaram a soberania israelense.
d) formação do Estado de Israel (1948), apoiada pela ONU, na região onde, na Antiguidade, se
localizaram os reinos de Israel e Judá.
e) Guerra do Yom Kippur (1973), quando a OLP (Organização para a Libertação da Palestina),
liderada por Yasser Arafat, entrou em conflito com os sionistas.

Questão 07
No Oriente Médio, as disputas políticas existentes mostram o fortalecimento das crenças Islâmicas nas
últimas décadas. Uma análise histórica da trajetória do Islamismo nos afirma que essa religião:
a) teve uma atuação pouco importante para a vida cultural do povo árabe na Idade Média, mas foi
aceita pelos grupos mais tradicionais.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


182
Aula 33 – Conflito Árabe Israelense
b) representou uma crença ética e escatológica, fundada em profetas do bem, sem ter semelhança
com o cristianismo. Anotações
c) contribuiu com suas crenças monoteístas para a construção da identidade política de todos os
asiáticos
d) restringiu sua atuação a países do Oriente Médio e da África, sem repercussões nos povos do
Ocidente
e) justificou a participação dos líderes religiosos na política, ideia que mantém na contemporaneidade

Questão 08
Os conflitos entre o Estado de Israel e os países árabes no decorrer da segunda metade do século
XX, entre outros desdobramentos, influenciaram na ampliação das fronteiras territoriais israelenses,
frente ao que havia sido estabelecido, originalmente, em 1948. Sobre tais conflitos, podemos afirmar
que:
I - no momento da criação do Estado de Israel, houve enfrentamentos militares entre o novo país e a
Liga Árabe; a intermediação da ONU estabeleceu o controle da Cisjordânia pelo Governo da Jordânia
e o da faixa de Gaza pelo Egito.
II - na Guerra de Suez (1956), desentendimentos entre o governo do Egito, que declarou a
nacionalização do Canal de Suez, e o governo de Israel levaram esse último a controlar a península
do Sinai, posteriormente desocupada em função de pressões soviéticas e norte-americanas.
III - na Guerra dos Seis Dias (1967), envolvendo Israel contra os governos do Egito, da Jordânia e da
Síria, o Estado de Israel ocupou a Península do Sinai, a faixa de Gaza, a Cisjordânia e as Colinas de
Golã.
IV - na Guerra do Yom Kippur (1973), o Estado de Israel, respondendo a ataques militares dos
governos do Egito e da Síria, conseguiu manter o controle sobre as áreas ocupadas como resultado
da Guerra dos Seis Dias.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
b) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
c) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.
d) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


183
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Sobre as causas que levaram à constituição do Estado de Israel, é


INCORRETO afirmar que
Questão 01 a) ao término do conflito da 2a Guerra Mundial, o Reino Unido
permitiu a entrada dos refugiados judeus na Palestina.
Um gigante da indústria da internet, em gesto simbólico, mudou o
b) à medida que as tropas britânicas desguarneciam o território, as
tratamento que conferia à sua página palestina. O site de buscas
organizações judaicas armadas apoderavam-se dele e expulsavam
alterou sua página quando acessada da Cisjordânia. Em vez de
a população árabe.
“territórios palestinos”, a empresa escreve agora “Palestina” logo
c) uma vez retirados os contingentes militares britânicos em maio
abaixo do logotipo.
BERCITO, D. Google muda tratamento de territórios palestinos. Folha de S. Paulo,
de 1948, foi possível a proclamação do Estado de Israel.
4 maio 2013 (adaptado). d) a partilha do território, entre judeus e palestinos, foi realizada
pela recém-criada Liga das Nações, no ano de 1947, contando
O gesto simbólico sinalizado pela mudança no status dos territórios com o apoio dos EUA e URSS.
palestinos significa o
a) surgimento de um país binacional. Questão 04
b) fortalecimento de movimentos antissemitas. "É um quadro de perplexidade, este pintado no limiar do século
c) esvaziamento de assentamentos judaicos. XXI: nascidos sob o signo da modernização ocidentalizante, os
d) reconhecimento de uma autoridade jurídica. Estados Nacionais do Oriente Médio se deparam, cada vez mais,
e) estabelecimento de fronteiras nacionais. com movimentos que unem política e religião, criando fundamentos
históricos em acontecimentos ocorridos há séculos e séculos para
Questão 02 as opções que defendem, quase nunca pela via da negociação e
A crise que envolveu a nacionalização do canal de Suez pelo Egito do direito. Isto muda completamente a situação com a qual
conjugou questões políticas, econômicas e militares numa escala israelenses e árabes estavam acostumados a lidar há quase um
internacional. O coronel Gamal Abdel Nasser, governante egípcio, século, quando o inimigo era o vizinho. Agora, o perigo está do
anunciou a nacionalização em julho de 1956, provocando ataques lado de dentro."
(GRINBERG, Keila. O mundo árabe e as guerras árabe-israelenses. In: REIS
militares contra o Egito por Israel, Grã-Bretanha e França. FILHO, Daniel Aarão, et.al. O século XX: o tempo das dúvidas. Rio de Janeiro:
Que condições históricas internacionais dos anos 50 permitiram a Civilização Brasileira, 2002. v.3. p.p.123)
nacionalização do canal de Suez e o fracasso dos movimentos
armados contra o Egito? Com relação ao texto, assinale a afirmativa que sintetiza a ideia
a) Os Estados Unidos da América iniciavam em 1956 sua escalada central.
militar no Vietnã e o bloco comunista estava cindido pela crescente a) O terrorismo árabe sempre atuou contra Israel em defesa da
aproximação da China à política internacional das nações Palestina, partindo seus ataques de países vizinhos. Hoje, grupos
capitalistas. terroristas árabes estão infiltrados no próprio Estado israelense.
b) Os países árabes ameaçavam suspender o fornecimento de b) Árabes e israelenses defenderam durante séculos o direito à
petróleo para os Estados Unidos, caso as hostilidades militares não soberania dos povos. No limiar do século XXI, ambos procuram
cessassem, e o movimento operário inglês era favorável à assegurar que a autonomia política e religiosa dos palestinos seja
expansão do islamismo. de fato respeitada.
c) O desenlace da crise foi condicionado pela divisão internacional c) As guerras entre árabes e israelenses, antes vinculadas às
de forças entre as potências durante a guerra fria e pela expansão questões territoriais e fronteiriças, estão cada vez mais amparadas
do nacionalismo nas regiões do Oriente Médio e do Norte da em grupos de caráter político e religioso.
África. d) A ortodoxia fundamentalista dos povos árabes e judeus é o pilar
d) O canal de Suez era pouco importante para a economia do que sedimenta e une os grupos em nome da política,
capitalismo europeu e o governo egípcio era uma barreira à transformando pessoas comuns, cidadãos árabes e israelenses,
expansão do islamismo no Oriente Médio. em soldados da nação.
e) A Grã-Bretanha e a França, recém-saídas da segunda Guerra
Mundial, estavam militarmente enfraquecidas e o Estado de Israel Questão 05
conseguiu estabelecer relações políticas pacíficas com os aliados "O Oriente Médio é, sem dúvida, o local mais explosivo do mundo
árabes do Egito. contemporâneo. A região fazia parte do Império Otomano,
tornando-se protetorado franco-britânico após a I Guerra Mundial.
Questão 03 Tal como ocorria na Ásia e na África, após a II Guerra iniciou-se o
Observe o mapa a seguir, que diz respeito à constituição do Estado processo de descolonização, mas, em função da Guerra Fria e dos
de Israel. interesses petrolíferos, esse processo foi extremamente
tumultuado."
(Marques,A.; Berutti, F. e Faria, R. História do tempo presente,Textos e Documentos
7. São Paulo: Ed. Contexto, 2003, p.169.)

Em relação ao Oriente Médio, os fatos relacionados às questões


explosivas na região são:
a) Criação do Estado de Israel, Formação da OLP e Guerra do
Golfo.
b) Guerra Irã x Iraque, Guerra do Yom Kippur e Revolução
Sandinista.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


184
Aula 33 – Conflito Árabe Israelense
c) Guerra dos Seis dias, Formação da OLP e Guerra das Coréias. Questão 08
d) Formação do Estado da Palestina, Ocupação da faixa de Gaza e "Subsiste, agora, o dilema. A que Estado pertence Jerusalém? É
Nacionalização do canal de Suez. absolutamente injusto exigir que os palestinos arquem com a
e) Guerra do Vietnã, Guerra do Irã x Iraque e Guerra do Golfo. responsabilidade de uma decisão, 'até o final de outubro' (de
2000), para 'evitar um banho de sangue'. Jerusalém, patrimônio da
Questão 06 humanidade, é um problema da humanidade. Ai de ti, Jerusalém!
(ARBEX JR., José. "Ai de ti, Jerusalém! ", in: Revista "Caros amigos." n. 43, outubro
2000.)

A citação acima apresenta um dos principais elementos


relacionados à recente explosão de violência envolvendo
israelenses e palestinos no Oriente Médio. A esse respeito,
assinale a alternativa INCORRETA.
a) Jerusalém, com seus locais sagrados e mesquitas, é berço das
três mais importantes religiões monoteístas - judaísmo, catolicismo
e islamismo - ocasionando confrontos e tensões entre Israel e a
Autoridade Palestina, liderada por Yasser Arafat.
b) A fundação do novo Estado palestino esbarra no problema de
acomodação dos refugiados palestinos na pequena e miserável
Faixa de Gaza e na Cisjordânia e na presença de colônias judaicas
ainda estabelecidas nos territórios ocupados.
c) A escalada de violência deve ser atribuída à presença de grupos
(Fonte: Belmonte, "Caricatura dos tempos". São Paulo, Círculo do
Livro/Melhoramentos, 1982.) de extrema direita entre os palestinos, causadores do maior
número de vítimas, pois os judeus mantêm sua unidade interna,
A caricatura do brasileiro Belmonte, datada de 1946, retrata um política e religiosa, na busca da paz negociada, liderados pelos
aspecto do conflito árabe-israelense, ainda existente nos dias de ultra-ortodoxos.
hoje. A caricatura mostra as: d) Entre os antecedentes do conflito, podemos citar a criação do
a) negociações entre palestinos e israelenses sobre o processo de Estado de Israel, em 1948, que gerou a revolta dos países árabes,
paz, conduzidas por mediadores europeus e norte-americanos. o envolvimento dos Estados Unidos e da União Soviética com os
b) tensões entre ingleses e judeus decorrentes do apoio britânico problemas do Oriente Médio durante a Guerra Fria e as sucessivas
ao estabelecimento de um Estado muçulmano autônomo em todo o disputas militares por territórios na região.
território palestino.
c) lutas entre palestinos e israelenses durante a 'Intifada', Questão 09
movimento conhecido como a revolta das pedras. O conflito entre Israel e palestinos, que se agudizou no ano de
d) dificuldades do Império Britânico em lidar com a crescente 2000, tem vários fatores originadores fundamentais.
tensão entre judeus e palestinos, ambos reivindicando autonomia Leia os itens abaixo.
sobre o território da Palestina. I - A "Declaração Balfour", que prometeu um lar nacional judaico na
e) disputas entre israelenses e árabes pela cidade de Jerusalém, Palestina, feita pelo governo inglês na Primeira Guerra Mundial.
considerada a capital de Israel e reivindicada como sede do futuro II - A imigração massiva de judeus sobreviventes do Holocausto,
Estado palestino. que provocou um desequilíbrio demográfico e reações na região da
Palestina, pertencente à época ao império turco otomano.
Questão 07 III - A oposição dos estados árabes à divisão da Palestina e à
Leia a citação abaixo. criação do estado de Israel, o que levou à guerra de 1948.
"De todas as mãos do mundo, aquela era a que eu não queria ou Quais deles contêm fatores originadores desse conflito?
jamais havia sonhado apertar" a) Apenas I. d) Apenas II e III.
ITZHAK, Rabin. In: BRENER, Jayme; CAMARGO, Cláudio. "Guerra e Paz no b) Apenas I e II. e) I, II e III.
Oriente Médio". São Paulo: Contexto, 1995. p. 89. c) Apenas I e III.
O texto acima é parte da descrição de Itzhak Rabin sobre o apertar Questão 10
de mãos entre ele e Yasser Arafat.
Essa cena se tornaria o símbolo do processo de pacificação no A charge a seguir, publicada antes das primeiras negociações do
Oriente Médio, que se encontra ainda sem solução definitiva processo de paz iniciado no final dos anos 70, retratava a postura
devido a diversos fatores, dentre eles dos Estados Unidos em relação a seu apoio a Israel.
a) a divisão ideológica resultante da Guerra Fria.
b) a vitória dos árabes na Guerra dos Seis Dias, que dificultou o
equilíbrio armado na região.
c) a mágoa deixada pela derrota de Israel na Guerra do Yon
Kippur.
d) a expansão colonialista de Israel sobre os territórios ocupados
nas últimas guerras.
e) a postura das lideranças israelenses de analisarem o conflito
apenas sob o aspecto religioso. ("Jornal do Brasil", 15/06/97)

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


185
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

A oposição norte-americana de ajuda a Israel, desde sua criação guerra do Yom Kippur (1973).
em 1948, em oposição ao mundo árabe, é explicada pelo seguinte e) legalização da ocupação militar e administrativa exercida pela
fato: Síria sobre o sul do Líbano e a Palestina, reconhecida pelos
a) constituição de Israel como um estado democrático, situado num Estados Unidos nos acordos de Camp David (1979).
território concedido aos palestinos pela ONU
b) situação estratégica de Israel como baluarte do ocidente, Questão 13
encravado numa região de conflitos, como o Oriente Médio As dificuldades de construção da paz no Oriente Médio estão
c) desempenho de Israel como ponto de apoio para o mundo ligadas a diversos conflitos históricos que marcaram a convivência
capitalista, localizado numa área alinhada ao mundo comunista dos povos da região ao longo do século XX.
d) formação de um Estado Livre Palestino como sustentáculo do Assinale a opção que apresenta corretamente um desses conflitos:
mundo árabe, num região pertencente, por direito, a Israel a) Na Palestina, a origem do conflito árabe-israelense remonta à
Declaração Balfour (1917) que, ao final da Primeira Guerra
Questão 11 Mundial, submeteu esse país à administração inglesa
Os mapas abaixo descrevem o crescimento territorial de Israel comprometida com a criação do Estado de Israel.
muito além do que a ONU havia estipulado em 1947. b) No Egito, o protetorado francês sobre a monarquia árabe
reinante impediu o golpe de estado liderado por Gamal Nasser,
reconhecendo a soberania de Israel sobre o canal de Suez (1956).
c) Em Israel, a Guerra dos Seis Dias (1967) acarretou a perda dos
territórios da península do Sinai e da faixa de Gaza para a
Coligação Árabe, o que agravou os conflitos na região até a
devolução desses territórios pelos acordos de Camp David.
d) No Líbano, a guerra civil (1975), que opôs cristãos, palestinos e
muçulmanos, encerrou-se com a invasão jordaniana do território
libanês e a divisão do norte do país entre a Síria e a Turquia.
e) No Irã, a revolução liderada pelo aiatolá Khomeini (1979)
substituiu a dinastia Pahlevi, aliada política e militarmente à União
(adaptado de Leandro Kamal. "Oriente Médio".São Paulo:Scipione.1994.p26.) Soviética, por uma República Islâmica fundamentalista.

Dentre as alternativas, NÃO constitui causa dessa expansão: Questão 14


a) A aliança dos países árabes nunca significou uma estratégia Gamal Abdel Nasser, líder egípcio, governou o país de 1953 a
unificada, apesar de Israel ser seu inimigo comum. 1970, quando morreu. Ele adotou uma linha política que foi
b) Os EUA nunca deixaram de favorecer o exército israelense, em importantíssima para o Oriente Médio. Suas principais
que pesem as ambiguidades e o jogo duplo com os árabes. características foram:
c) A Inglaterra sempre se mostrou simpática à criação de um "lar a) Estado semiliberal, aristocracia agrária, sem nacionalismo
judeu" na região, embora mantivesse o controle sobre a Palestina acentuado.
desde a Primeira Guerra. b) Estado forte, militarizado, sem nacionalismo acentuado, pan-
d) A URSS, apesar dos seus desentendimentos com os EUA, arabismo.
apoiou, incondicionalmente, com armas e munições, o avanço do c) Orientação nacionalista, militarismo, pan-arabismo, alinhamento
exército israelense. à esquerda.
e) A grande Lei do Retorno, assinada em 1950, proporcionou uma d) Orientação nacionalista, intervenção do Estado na economia,
imigração em massa do povo judeu para Israel, garantindo a neutralismo positivo, pan-arabismo.
manutenção das áreas conquistadas. e) Neutralismo positivo, pan-arabismo.
Questão 12 Questão 15
"Trocaremos Terra por paz" Na origem dos conflitos entre árabes e judeus, podemos destacar
(Yitzhak Rabin)
I - o acelerado aumento da população judaica em áreas até então
A questão palestina envolve árabes e judeus em diversos conflitos habitadas pelos palestinos, após a Segunda Guerra Mundial.
e antagonismos, cujas origens históricas remontam, dentre outros II - a aprovação da criação de um Estado judeu na Palestina pela
fatos, à: Assembleia Geral da ONU, em 1947.
a) subordinação do território palestino à tutela do governo britânico, III - a aproximação, promovida pela OLP, entre os palestinos e o
envolvido com a criação de um Estado nacional judeu, expressa na partido Likud de Israel.
Declaração Balfour (1917). Quais estão corretas?
b) ocupação militar do território palestino pelo Iraque como a) Apenas I.
resultado da Primeira Guerra Árabe-Israelense (1948-49), que b) Apenas II.
desestabilizou politicamente a região. c) Apenas III.
c) invasão da Península do Sinai, das colinas de Golam e da d) Apenas I e II.
Palestina pelo Egito, liderada pelo presidente Nasser, durante a e) I, II e III.
Crise do Canal, como de Suez (1956).
d) imposição da autoridade policial da Organização para a
Libertação da Palestina sobre os territórios da Cisjordânia e da
faixa de Gaza, como resultado do acordo de paz que encerrou a

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


186
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

OUTROS CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO opositor dos Estados Unidos e também da União Soviética. Por se
tratar de um Estado fundamentado nas doutrinas religiosas do
REVOLUÇÃO ISLÂMICA islamismo, a questão em vigor era declarar inimizade com os
A Revolução Islâmica fez do Irã uma república baseada nos “infiéis”, fossem capitalistas ou socialistas. A revolução mudou a
preceitos religiosos do islamismo. vida dos iranianos, os castigos corporais foram liberados, a pena
O Irã é um país do Oriente Médio muito presente nos noticiários de morte entrou em vigor contra os defensores do xá, prostitutas,
por conta de seu governante autoritário e agressivo. Muito do que o homossexuais, marxistas e judeus, além de hábitos ocidentais
país é hoje é fruto de uma revolução ocorrida na década de 1970 como vestuário, minissaia, maquiagem, música ocidental, jogos e
que colocou os dogmas da religião islâmica acima de todos os cinema.
valores democráticos comuns nos outros países do mundo. A postura do governo iraniano se manteve radical mesmo após a
Na década de 1970 o Irã era governado pelo xá Reza Pahlevi, o Guerra Fria, Bill Clinton chegou muito perto de reabrir diálogos
qual desenvolvia um governo concentrando os poderes em um com o Irã, mas seu sucessor na presidência dos Estados Unidos,
pequeno círculo de amigos e aliados. Desde a década de 1940 o George W. Bush, colocou o país no “eixo do mal”, juntamente com
líder do país se mantinha no governo do Estado, sem se preocupar Iraque e Coréia do Norte. Desse modo, as relações voltaram a uma
muito com as diferenças entre os pobres e os ricos, esta se situação extrema, até hoje o diálogo do Ocidente com o Irã é
intensificou no decorrer da década de 1970. O regime do xá Reza complicado.
Pahlevi gerava críticas ao plano econômico, mas principalmente Fonte: http://www.infoescola.com/historia/revolucao-islamica/
quanto ao seu modo autoritário de conduzir a política no país. GUERRA ENTRE IRÃ E IRAQUE
A monarquia autoritária do xá possuía grande afinidade com o A rivalidade que durante séculos pautou a convivência entre persas
Ocidente, o que suscitava mais críticas dos opositores. O e árabes nunca permitiu que a fronteira entre o Irã e o Iraque fosse
personagem com voz mais expressiva na oposição ao governante um território tranquilo. Mas, em 1980, a animosidade entre os dois
do Irã era o aiatolá Ruhollah Khomeini. O líder religioso e da países se transformou numa guerra de grandes proporções: no dia
oposição vivia exilado em Paris e de lá mesmo comandou as 22 de setembro, movido por uma série de disputas políticas e
forças de oposição ao governo do xá, defendendo reformas sociais territoriais, o Iraque invadiu o país vizinho. O governo de Saddam
e econômicas no Irã, além de recuperar os valores religiosos e Hussein queria se precaver contra a "exportação da revolução
tradicionais do islamismo. islâmica" pregada pelo Aiatolá Khomeini, líder do movimento
Somente no ano de 1979 que o líder da oposição conseguiu fundamentalista que derrubara, em 1979, o governo pró-ocidental
retornar ao Irã, no dia 1º de fevereiro, o que intensificou um quadro do Irã.
de estabilidade social e protestos. Nas vésperas do retorno de Saddam temia que os fundamentalistas iranianos instigassem, não
Khomeini ao Irã, a população do país deu início a um levante de só com palavras, mas também com armas, uma revolta da maioria
oposição ao tipo de governo desenvolvido pelo xá Pahlevi, a xiita da população iraquiana. No campo territorial, Saddam
chegada de Khomeini fez aguçar os protestos. Por vários lugares desejava reafirmar a soberania iraquiana sobre o canal de Shatt al-
estouraram os confrontos entre os opositores e os partidários do Arab, via crucial de acesso ao Golfo Pérsico, e cobiçava o
regime vigente. Cuzistão, província iraniana rica em petróleo.
O clima de enfrentamento no país se intensificou e atingiu níveis O Iraque atacou aproveitando-se da aparente confusão política
cruéis para o Irã. Além dos protestos violentos, greves foram provocada pela mudança de governo no Irã, mas não atingiu seu
deflagradas em protesto e atingiram em cheio o seio da economia principal alvo no Cuzistão, a refinaria de Abadã. Militarmente
iraniana. Opositores de esquerda, liberais e xiitas, todos se uniram menos preparado, o Irã se organizou em pouco tempo, contando
contra o governante em função e deram início a um processo com uma motivação difícil de ser mensurada em números: o
revolucionário. fanatismo da população, inflada pelos argumentos de que aquela
Finalmente, em 1979, o xá Pahlevi foi deposto do poder, no dia 1º não era uma guerra comum, mas uma guerra santa, do Islã, contra
de abril, e o Irã foi declarado uma República Islâmica. Reza Pahlevi o "infiel Hussein".
fugiu do país e o aiatolá Khomeini assumiu o cargo de chefe Com a ajuda da guarda revolucionária do regime fundamentalista,
religioso e governante do país. A Revolução Islâmica alterou o Exército iraniano retomaria, em 1982, as posições perdidas. A
profundamente a estrutura social do país, estabelecendo novas partir daí, foi o impasse — militar e político. Saddam tentou um
doutrinas que passavam em primeiro lugar pela questão religiosa. acordo, mas Khomeini, imbuído da missão de derrubar o regime
O processo revolucionário que inicialmente era guiado por anseios iraquiano, insistia no confronto.
democráticos e de melhorias das condições de vida dos iranianos,
Os dois continuaram a atacar, esporadicamente, cidades inimigas
resultou no governo de um chefe religioso que transformou o país
e navios-tanque estacionados no Golfo Pérsico. Finalmente, em 11
em um Estado teocrático.
de março de 1988, quando o conflito contabilizava um milhão de
A postura do governo assumida pelo novo chefe do país foi mortos e 1,7 milhão de feridos, o Irã concordaria com um cessar-
extremamente radical, novas leis, baseadas no islamismo, fogo mediado pela ONU. Em 1990, uma década depois do início da
entraram em vigor, e uma ação de militantes islâmicos tomou guerra, Irã e Iraque reataram relações. Saddam retirou-se do
americanos como reféns na embaixada dos Estados Unidos em território vizinho e dividiu com Teerã a soberania sobre Shatt al-
Teerã. O Irã decretava o fim das afinidades com os Estados Unidos Arab. Em 5 de março de 1991, o Iraque libertou todos os
e o rompimento das relações. prisioneiros da Guerra do Golfo.
Ao longo da Guerra Fria, o governo iraniano se posicionou como Fonte: http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/guerra-ira-iraque-durou-dez-
anos-contabilizou-um-milhao-de-mortos-10264306

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

A GUERRA DO GOLFO outros 145 morreram em outras situações, como ataques


A Guerra do Golfo foi um conflito bélico ocorrido no Oriente Médio, realizados por engano nas próprias tropas aliadas.
no início de 1991, que opôs o Iraque, presidido por Saddam Outro fato marcante da Guerra do Golfo foi o desastre ambiental
Hussein, e uma coalização de forças aliadas lideradas pelos EUA. causado pela queima de centenas de poços de petróleo que
Além do conflito em si, a Guerra do Golfo também ficou marcada resultou em uma intensa poluição do ar, que se espalhou por
pelas imagens que correram o mundo, principalmente a milhares de quilômetros. Foram necessários dez meses para que o
transmissão ao vivo pela TV dos bombardeios liderados pelos fogo fosse apagado. Milhões de barris de petróleo foram
EUA, e pelo despejo de milhares de litros de petróleo no Golfo despejados no Golfo Pérsico, resultando na contaminação das
Pérsico, a mando de Saddam Hussein. águas do Oceano Índico e na zona costeira do Kuwait, além da
O motivo da guerra foi a invasão do Kuwait pelo Iraque em agosto morte de milhares de espécies animais que habitavam a região.
de 1990. Os argumentos apresentados pelo Iraque foram os de Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/guerra-golfo.htm
que o Kuwait não existia, sendo uma criação da Inglaterra. O AL-QAEDA
Iraque pretendia também suspender sua dívida com o país vizinho Criada por Osama Bin Laden, na década de 1990, a Al-Qaeda (“A
decorrente dos gastos com a Guerra Irã-Iraque. Além disso, o Base” em árabe) é uma organização terrorista formada,
Iraque afirmava que o Kuwait estava vendendo o petróleo a preço principalmente, por fundamentalistas islâmicos e árabes. Com a
muito baixo, causando prejuízos. Com a invasão, o Kuwait tornou- Guerra do Golfo e a instalação de bases militares estadunidenses
se uma província do Iraque, e a família real kuwaitiana refugiou-se na península arábica, sede dos principais santuários do Islã, Bin
na Arábia Saudita. Laden iniciou uma campanha contra os estadunidenses. Esse fato
A ONU manifestou-se contrária à ocupação do Kuwait pelo Iraque fez com que o rei Fahd expulsasse Bin Laden da Arábia Saudita,
e deu um prazo até o início de janeiro de 1991 para que houvesse em 1991.
a desocupação do país. O Conselho de Segurança da ONU ainda O líder da Al-Qaeda, após ser expulso da Arábia Saudita, passou
impôs sanções econômicas ao Iraque, autorizando o uso de todas cinco anos no Sudão, local onde comandou seus primeiros
as forças necessárias para a desocupação do país. atentados contra instalações militares dos Estados Unidos. Em
Os EUA foram aliados do Iraque na Guerra Irã-Iraque, mas foram 1998, a organização assumiu a autoria da explosão de duas
os estadunidenses que lideraram as forças aliadas que embaixadas estadunidenses, localizadas na África, causando 224
pressionaram pela desocupação iraquiana do Kuwait. Passado o mortes. Bin Laden passou a utilizar um discurso ideológico contra
tempo dado pela ONU para a desocupação, as forças aliadas os Estados Unidos, alegando que esse país realizava uma política
deram início à Operação Tempestade no Deserto, em 17 de janeiro de opressão aos mulçumanos, considerados, portanto, seus
de 1991. Foi o maior aparato militar colocado em operação desde a principais inimigos.
Segunda Guerra Mundial. Consistindo primordialmente em ataques A Al-Qaeda passou a ser conhecida, mundialmente, após o maior
aéreos e no lançamento de mísseis de cruzeiros, durante a atentado terrorista da história. No dia 11 de setembro de 2001, 19
Tempestade no Deserto foram realizadas mais de 116 mil viagens integrantes dessa organização sequestraram quatro aviões
de ataque ao Iraque, a partir das quais foram lançadas mais de 85 comerciais nos Estados Unidos, onde duas aeronaves foram
mil toneladas de bombas. lançadas contra as torres gêmeas do World Trade Center,
Os ataques foram transmitidos por TVs do mundo todo, com a promovendo a destruição dos prédios mais altos de Nova York.
autorização das Forças Armadas dos EUA, que lideravam a Outro avião caiu em Washington, no Pentágono. A quarta
coalizão. Foi possível acompanhar ao vivo o ataque a bases aeronave caiu em um campo próximo à Pittsburgh.
militares, campos de pouso, pontes, prédios do governo e usinas. Esses atentados terroristas provocaram a morte de
O Iraque não tinha capacidade técnico-militar para enfrentar os aproximadamente 3 mil pessoas, além de gerar um prejuízo
ataques. Sua resposta consistiu primordialmente no lançamento de financeiro de 90 bilhões de dólares aos Estados Unidos.
mísseis Scud, de fabricação soviética, sobre os alvos localizados A Al-Qaeda juntou-se ao regime do Talibã, no Afeganistão. Foram
em Israel e sobre as forças estadunidenses estacionadas na construídos campos de treinamentos nesse país, ocorrendo
Arábia Saudita. também um grande recrutamento de soldados para a organização.
No dia 24 de fevereiro de 1991, foi lançada ainda uma ofensiva Porém, após os atentados de 11 de setembro houve uma
aérea, terrestre e marítima que, em cem horas, acabou com todas intervenção de tropas estadunidenses e britânicas em solo afegão.
as possibilidades de reação por parte do exército iraquiano. No dia Cabul, capital afegã, foi bombardeada, e os campos de
seguinte, os iraquianos incendiaram centenas dos próprios poços treinamento da Al Qaeda, destruídos.
de petróleo. As tropas aliadas conseguiram forçar a retirada das O regime Talibã foi deposto e, após quase 10 anos da invasão,
forças de Saddam Hussein do Kuwait em 26 de fevereiro. No dia Osama Bin Laden foi capturado e morto na cidade de Abbottabad,
seguinte, um cessar-fogo foi anunciado sem que a capital iraquiana próximo a Islamabad, capital do Paquistão, conforme
Bagdá fosse invadida ou que Saddam Hussein fosse deposto. pronunciamento realizado em 1 de maio de 2011 pelo atual
Várias vítimas civis foram feitas com os ataques das forças presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
lideradas pelos EUA, que denominaram essas mortes como efeitos Atualmente, a Al-Qaeda possui bases em vários países (Somália,
colaterais. Inclusive um abrigo antiaéreo foi bombardeado, Argélia, Líbia, Chade, etc.), suas ações terroristas ocorrem em
resultando na morte de, no mínimo, 315 pessoas, dentre elas 130 nações ocidentais e em países muçulmanos que apoiam os
crianças. Centenas de refugiados dirigiram-se para a fronteira com Estados Unidos, como, a Arábia Saudita, a Turquia e a Indonésia.
a Jordânia para escapar dos ataques. Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/alqaeda.htm
De baixas militares houve entre 60 mil e 200 mil soldados A SEGUNDA GUERRA DO GOLFO
iraquianos. Do lado aliado, 148 soldados caíram em batalha e
No ano de 2003, os Estados Unidos realizaram uma ocupação ao
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
188
Aula 34 – Outros Conflitos no Oriente Médio
território iraquiano sob a alegação de que o presidente Saddam
Hussein mantinha um arsenal de armas químicas que ameaçavam
a paz mundial. Mesmo não provando a existência do arsenal bélico
iraquiano, o governo norte-americano conseguiu promover o
julgamento e a posterior condenação do ditador Saddam Hussein.
O novo governo empossado ainda não conseguiu legitimar-se e
seu poder se mantém com o auxílio direto de tropas militares
internacionais que chegam a um contingente de 150 mil soldados
estrangeiros. Ao invés de afugentar os grupos radicais do cenário
político iraquiano, a intervenção dos EUA incentivou o crescimento
dos grupos fundamentalistas islâmicos do Oriente Médio.
De acordo com alguns analistas, o governo norte-americano tinha
outras intenções com o processo de ocupação. Segundo estes,
vários acordos financeiros foram criados para que os Estados
Unidos garantissem a posse sob as reservas de petróleo daquele
país. Passados mais de cinco anos da invasão, o Iraque ainda
sofre com um grande problema de infraestrutura que, depois da
guerra, se tornou ainda mais grave.
A população civil parece viver uma situação ainda mais
complicada. Depois da invasão, os vários atentados contra civis
colocam o país sob ameaça terrorista. Algumas estimativas dizem
que a presença norte-americana já foi responsável por mais de 40
mil mortes. Ainda assim, os Estados Unidos comemoraram a prisão
de alguns importantes lideres de organizações terroristas
escondidas no Iraque.
Nos Estados Unidos e em outros países algumas manifestações se
colocam contra a presença norte-americana no Oriente. Várias
nações aliadas aos EUA já fizeram a retirada de suas forças dos
territórios iraquianos. Enquanto isso, os conflitos se estendem e as
incertezas distanciam a autonomia política das instituições e da
população iraquiana sob seu país.
Fonte: http://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/invasao-americana-
no-iraque.htm

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


189
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM Anotações


Questão 01
"Queremos um Exército livre, orgulhoso e sólido. (...) Unam-se [os militares] à maioria do povo e
deixem de assassinar os filhos do Irã. (...) Queremos que vocês (os generais iranianos) sejam
independentes dos assessores norte-americanos. Vocês não desejam isso generais? Aconselho-os a
ficarem do lado do povo. (...) Não desejamos um sistema militar que alguém [Estados Unidos] possa
dirigir para nós (...). Demos petróleo aos EUA e eles nos deram de volta armas, mas isso foi uma
trapaça. Os EUA nos forçaram a manter bases e assessores militares. Assim, eles usaram nossas
reservas de petróleo em seu próprio benefício (...). Peço a Deus que corte a mão [pena que deve ser
imposta aos ladrões, segundo o Corão] de todos os assessores e funcionários estrangeiros que vivem
no Irã (...). Nossa luta continuará até deportamos os principais criminosos (...). Nossa vitória final será
quando todos os estrangeiros deixarem o país e deixarem de orientar nosso Exército.”
O fragmento acima é parte do discurso proferido pelo aiatolá Ruhollah Khomeini em Teerã, no dia 1 de
fevereiro de 1979, após retornar de um exílio de 15 anos. O retorno do velho clérigo islâmico assinala
um momento decisivo no processo que ficou conhecido como Revolução Islâmica (ou Revolução
Iraniana). O trecho do discurso de Khomeini aponta para:
a) a tendência de instalação de um governo laico e neutro em relação às disputas entre os EUA e a
URSS no período da Guerra Fria;
b) a iminência do retorno do xá Rheza Pahlevi, que abandonara o país e se refugiara na Europa, para
sufocar o processo revolucionário;
c) a formação de um governo de conciliação entre a facção sunita, favorável à modernização do Irã, e
a facção xiita, notadamente conservadora.
d) o conflito entre os interesses dos EUA no Irã e o caráter antiamericano da revolução liderada por
Khomeini;
e) a pressão da URSS para que Khomeini rompesse com a influência militar dos EUA no Irã, filiando o
país ao Bloco Socialista.

Questão 02
Foi na tevê de uma lanchonete do aeroporto de Curitiba que vi a imagem, um tanto onírica, de uma
das torres do World Trade Center perfurada no terço superior e emitindo labaredas que subiam num
rolo de fumaça contra o límpido céu azul de uma manhã de outono. (...)
Naquele dia, George Bush se escondeu. Quando reapareceu, o mundo estava irremediavelmente
transformado. Começava a “primeira guerra do século 21”, um conflito que a Casa Branca crismou,
numa desastrada declaração inicial, como uma “cruzada” em defesa da “civilização” (...).
MAGNOLI, Demétrio. Terror Global. São Paulo: Publifolha, 2008, p. 5-6.

No fragmento acima, o professor e jornalista Demétrio Magnoli relembra os atentados de 11 de


setembro de 2001 nos Estados Unidos, que mataram 3 000 pessoas de 54 nacionalidades e das
principais religiões – inclusive muçulmanos – e alteraram, de forma decisiva, os rumos do século XXI.
Entre as principais transformações/consequências do 11 de Setembro, destaca-se
a) a derrocada da supremacia mundial dos Estados Unidos da América e a ascensão de uma nova
ordem internacional centrada no Oriente Médio.
b) a projeção da figura de Osama Bin Laden, líder da rede terrorista Al Quaeda, como herói na maior
parte do mundo islâmico.
c) a crescente simpatia da sociedade ocidental para com o Islã, contribuindo de forma decisiva para a
expansão da fé muçulmana.
d) o recrudescimento do fundamentalismo islâmico sob a tutela do governo sunita dos aiatolás
iranianos.
e) a redefinição da política externa norte-americana com base no direito de ações armadas unilaterais
contra Estados que apoiam o terrorismo.

Questão 03
No dia 1˚ de maio de 2011, Barack Obama comunicou ao mundo a morte de Osama bin Laden.
Enclausurado numa casa-bunker situada na cidade paquistanesa de Abbottabad, o líder da al-Quaeda
foi morto a tiro durante uma invasão noturna montada pelos agentes do SEAL, a tropa especial naval
americana. Obama também revelou que os comandos resgataram o cadáver de bin Laden,
transportando-o para o porta-aviões USS Carl Vinson, e, depois, observados os ritos fúnebres
islâmicos, lançaram-no ao Mar da Arábia. Chegava assim ao término da caça ao homem que quase
uma década levou os Estados Unidos a prosseguir em um “guerra global contra o terrorismo”,
dispendiosa e repleta de sangue.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
190
Aula 34 – Outros Conflitos no Oriente Médio
Não obstante as esporádicas manifestações de regozijo popular que acompanharam o anúncio do
presidente Obama, a morte de Osama bin Laden suscitou uma interrogação mais profunda e Anotações
consideravelmente mais premente: terminara a guerra global contra o terrorismo desencadeada por
George W. Bush na sequência dos ataques a Nova York e Washington?
RATO, Vasco. Compreender o 11 de Setembro. São Paulo: Babel, 2001, p. 13.

A morte do terrorista Osama bin Laden, responsável por comandar os ataques de 11 de setembro de
2001 contra alvos civis e militares nos EUA, encerra uma etapa da “guerra global contra o terrorismo”
empreendida pela Casa Branca como parte da política externa conhecida como
a) Destino Manifesto. d) Doutrina Truman.
b) Doutrina Bush. e) Aliança para o Progresso.
c) Política do Big Stick.

Questão 04
“No próximo domingo, o atentado terrorista às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e
a outros alvos nos Estados Unidos completa 10 anos. O ataque mudou a história do país e marcou o
mundo todo.
Em 11 de setembro de 2001, dois aviões sequestrados por terroristas da Al Qaeda foram jogados
contra as torres gêmeas. Outra aeronave caiu no prédio do Pentágono, em Washington DC. Um
quarto avião foi derrubado em uma cidade do estado da Pensilvânia. Ele ia em direção a Washington,
mas caiu quando os passageiros e a tripulação tentaram dominar os terroristas e retomar o controle.
Quase três mil pessoas morreram nos ataques. Quem tinha idade suficiente para se dar conta do
impacto daquele acontecimento ainda hoje consegue se lembrar de onde estava quando recebeu a
notícia. Com a ajuda da cobertura ao vivo da imprensa internacional, as cenas da tragédia ganharam o
mundo e chocaram até os que não eram exatamente fãs dos EUA.”
(Disponível em: <http://exame.abril.com.br/economia/mundo/album-de-fotos/11 de-setembro-cenas-do-dia-que-mudou- a-
historia-dos-eua>. Acesso em: 3 set. 2011).

A imprensa tem divulgado muitas notícias acerca dos atentados terroristas, nos Estados Unidos, há
dez anos. O governo norte-americano vem tomando medidas no sentido de evitar que novos ataques
aconteçam.
Sobre esses ataques, podemos afirmar que:
a) foram planejados por Saddam Hussein, notável inimigo dos Estados Unidos, que se aliou à rede
terrorista Al Qaeda.
b) no dia 11 de setembro de 2001, dois aviões foram jogados sobre o principal símbolo religioso dos
norte- americanos, o World Trade Center, lugar que estava repleto de pessoas em oração.
c) o ódio da Al Qaeda aos Estados Unidos se justifica, em grande parte, devido à perseguição norte-
americana ao Estado de Israel.
d) os atentados de 11 de setembro mudaram a forma de os norte-americanos se comportarem,
desencadeando uma verdadeira caça aos comunistas.
e) os atentados de 11 de setembro mostraram ao mundo a vulnerabilidade dos Estados Unidos e
despertaram nos norte-americanos um sentimento de ódio a Osama Bin Laden, culminando com sua
morte, no Paquistão, em maio de 2011.

Questão 05
O site Wikileaks, que tem como fundador o australiano Julian Paul Assange, ficou conhecido em 2010
por revelar milhares de documentos diplomáticos confidenciais do Departamento de Estado dos EUA.
Uma mensagem da Secretaria de Estado dos EUA à embaixada americana em Assunção relatou a
preocupação do governo americano da época, com a suposta presença de organizações como Al
Qaeda, o Hizbollah e o Hamas na tríplice fronteira (entre Brasil, Argentina e Paraguai), o que nunca foi
confirmado.
Estas três organizações são, respectivamente:
a) uma organização paramilitar então chefiada por Osama bin Laden, uma milícia fundamentalista
islâmica xiita sediada no Líbano e uma organização palestina, de orientação sunita, que governa a
faixa de Gaza.
b) uma organização paramilitar sediada no Afeganistão, uma milícia fundamentalista chechena e uma
organização palestina xiita que controla a faixa de Gaza.
c) um grupo paramilitar iraquiano xiita, uma milícia fundamentalista saudita e um grupo paramilitar
iraniano.
d) uma milícia fundamentalista iraniana, uma organização palestina que controla a faixa de Gaza e
uma organização terrorista Líbia que era controlada por Muammar al-Gaddafi.
e) uma organização terrorista síria, um grupo paramilitar afegão e uma organização palestina de
orientação sunita, que comanda a faixa de Gaza.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


191
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Questão 06
A imagem acima foi capturada no mês de julho de 2010, na região conhecida como Times Square, em Anotações
New York, EUA. Patrocinado pela organização UANI, o gigantesco painel foi instalado numa área de
grande movimentação de pessoas. Estima-se que seja visto, diariamente, por mais de 200 mil
transeuntes, incluindo norte-americanos e estrangeiros que visitam a cidade.

A mensagem comunicada pelo painel deve ser analisada no contexto


a) do esforço da Casa Branca em combater os regimes totalitários que ainda se mantém de pé em
várias partes do mundo.
b) da reação do mundo ocidental à escalada de violência nos conflitos entre israelenses e palestinos
na Faixa de Gaza.
c) da oposição dos norte-americanos ao presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, visto como o
próximo aiatolá a assumir o poder.
d) das tensões diplomáticas entre Washington e Teerã, devido à recusa dos iranianos em abandonar
seu programa nuclear.
e) do Decreto Patriota, que prevê intervenções armadas norte-americanas em países pertencentes ao
“eixo do mal”.

Questão 07
A Guerra anglo-americana contra o Iraque desconsiderou os apelos internacionais por uma saída
diplomática e a posição do próprio Conselho de Segurança. Entre os argumentos dessa coalizão para
a guerra, estão:
I - a suspeita de que o Iraque tivesse armas de destruição em massa.
II - a suspeita de que o governo iraquiano estivesse dando apoio aos vários grupos terroristas.
III - a suspeita de que o Iraque estivesse se preparando para atacar Israel, seu inimigo mais próximo.
IV - a necessidade de atacar preventivamente o Iraque antes que ocorressem outros ataques
semelhantes ao 11 de Setembro.
V - o “estado de exceção”, argumento usado pela coalizão para desconsiderar as convenções de
guerra e a posição do Conselho de Segurança da ONU.
Assinale a alternativa correta:
a) Todas as afirmativas estão corretas.
b) Somente as afirmativas I, II, III e IV estão corretas.
c) Somente as afirmativas I, II, IV e V estão corretas.
d) Somente as afirmativas III, IV e V estão corretas.
e) Nenhuma das afirmativas está correta.

Questão 08
Em março de 2002, duas colunas de luz preencheram os lugares vazios das Torres Gêmeas
destruídas no 11 de setembro de 2001. Na solenidade, que assinalou os seis meses dos atentados,
rodeado por parentes das vítimas e representantes dos Estados que participaram da “coalizão contra o
terror”, o presidente dos EUA evocou a “causa e a missão” nacionais: “Cada uma das nações deve
saber que, para os Estados Unidos, a guerra ao terror não é apenas uma política – é um
compromisso”. Nessa guerra, “não há imunidade e não pode existir neutralidade”.
Fonte: Magnoli, Demétrio. O Grande Jogo – Política, Cultura e Idéias em Tempo de Barbárie. São Paulo: Ediouro, 2006, p. 42
(com cortes e adaptado)

Considerando as relações de poder entre as nações, o episódio descrito no texto acima apresenta o
seguinte significado histórico-geográfico:
a) Crise do capitalismo no continente asiático.
b) Derrubada do regime fundamentalista islâmico.
c) Crescimento do poder da Organização das Nações Unidas.
d) Expressão de nascimento e consolidação da Doutrina Bush.
e) Adoção de normas éticas de conduta para o fortalecimento do direito internacional.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


192
Aula 34 – Outros Conflitos no Oriente Médio

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO dominarem o país, construíram um corredor de transporte seguro


para o escoamento de sua produção de petróleo para o Golfo
Questão 01 Pérsico.
d) A concepção religiosa politeísta da Índia traduziu os textos
Cerca de 90% da população do Oriente Médio é muçulmana. O
divinos, "Devas", em ensinamentos apreendidos por cristãos e
Islã, no entanto, está longe de ser uma fé monolítica. (...) Ainda
muçulmanos que os utilizaram na realização de uma guerra de
que não disponhamos de estatísticas confiáveis, um cálculo criável
cisão interna, levando à criação dos estados do Paquistão e do Sri
aponta que 65% dos muçulmanos do Oriente Médio são sunitas e
Lanka.
uns 30%, xiitas.
(SMITH, Dan. O Atlas do Oriente Médio. São Paulo: Publifolha, 2008.)
e) No conflito da Bósnia-Herzegovina, os sérvios, em sua maioria
muçulmanos entraram em guerra contra os albaneses, por estes
terem ocupado militarmente a região da Eslovênia e realizado um
massacre contra os habitantes que professam o islamismo.

Questão 03
Em janeiro de 1979, Reza Pahlevi, Xá do Irã, frente à crescente
oposição política e popular, fugiu do país criando uma crise política
que culminou com a vitória dos partidários do clérigo xiita Ruholá
Khomeini.
Assinale a alternativa que indica corretamente a política da
República Islâmica do Irã após a revolução:
a) A nacionalização dos recursos naturais impedia o processo de
exploração do petróleo pelas grandes empresas multinacionais
Em relação aos conflitos religiosos do Oriente Médio, é possível que, até então, tinham sede no país.
afirmar que b) A adesão do Irã à União das Repúblicas Socialistas Soviética, o
a) a disputa religiosa entre judeus e muçulmanos nunca que agravou ainda mais tensões da chamada segunda Guerra
atrapalhou o amplo intercâmbio comercial na região. Fria.
b) os muçulmanos se mantêm politicamente unidos e xiitas e c) A criação de um sistema político multipartidário e democrático.
sunitas jamais se opuseram ou se enfrentaram. d) A imediata declaração de "guerra santa" contra os sunitas do
c) islamismo, judaísmo e cristianismo nasceram na região, mas só Iraque, governado nessa época por Saddam Hussein.
os muçulmanos conservaram seus lugares santos. e) Aceitação da existência de um Estado judeu na Palestina e o
d) os judeus reivindicam o controle territorial completo do Oriente estabelecimento de relações diplomáticas com Israel.
Médio, pois são maioria em todos os países da região.
e) a maior população muçulmana não impediu a formação de um Questão 04
Estado judeu, nem proporcionou a criação de um Estado O fundamentalismo islâmico começa a ser mais comentado como
palestino. fenômeno político e religioso a partir do final da década de 70
deste século.
Questão 02 Identifique a opção que contém os principais eventos que
Leia o texto a seguir: inauguraram tal notoriedade:
"As religiões, que em princípio, deveriam servir para aperfeiçoar o a) Invasão do Kuwait pelo Iraque e Guerra do Golfo.
ser humano, aproximando-o da divindade têm sido responsáveis b) Exílio do xá do Irã e proclamação de uma República Islâmica
por manifestações acabadas de fanatismo. Massacres, torturas, naquele país, sob liderança dos aiatolás.
guerras, perseguições, intolerância e outras atitudes e práticas c) Crise de Suez e intervenção franco-britânica na Zona do Canal.
deploráveis têm testemunhado o que de pior o ser humano d) Deposição do rei da Líbia e estabelecimento de um regime
apresenta, e muitas vezes tais atrocidades são feitas em nome de islâmico por Muammar Khadafi.
Deus." e) Deposição do rei Farouk do Egito e proclamação de uma
(PINSKY, J.; PINSKY, C. Orgs. "Faces do fanatismo". São Paulo: Contexto, 2004. República Islâmica por Gamal Abdel Nasser.
p.15.)
Questão 05
Sobre os conflitos históricos e religiosos que ocorrem no período
contemporâneo, é correto afirmar: As dificuldades de construção da paz no Oriente Médio estão
a) A derrubada pelos aiatolás xiitas da monarquia iraniana ligadas a diversos conflitos históricos que marcaram a convivência
protegida do governo estadunidense, reacendeu na região uma dos povos da região ao longo do século XX.
série de conflitos de caráter religioso, político e cultural, tendo se Assinale a opção que apresenta corretamente um desses conflitos:
desdobrado em um conflito contra o Iraque. a) Na Palestina, a origem do conflito árabe-israelense remonta à
b) Os cristãos ortodoxos radicados em Istambul são resultantes da Declaração Balfour (1917) que, ao final da Primeira Guerra
diáspora árabe e utilizam-se de sua concepção política e religiosa Mundial, submeteu esse país à administração inglesa
para combater, ao lado dos aliados, a presença militar sionista que comprometida com a criação do Estado de Israel.
ocupou a Cisjordânia para explorar os poços de petróleo da b) No Egito, o protetorado francês sobre a monarquia árabe
região. reinante impediu o golpe de estado liderado por Gamal Nasser,
c) No período da Guerra Fria, a URSS, aliada dos Talebans, reconhecendo a soberania de Israel sobre o canal de Suez (1956).
infiltrou-se no Afeganistão com uma ideologia religiosa e, ao c) Em Israel, a Guerra dos Seis Dias (1967) acarretou a perda dos
territórios da península do Sinai e da faixa de Gaza para a

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


193
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Coligação Árabe, o que agravou os conflitos na região até a b) Guerra Irã-Iraque, entre 1980 e 1989, conflito típico da Guerra
devolução desses territórios pelos acordos de Camp David. Fria, pois os dois países representavam, respectivamente, os
d) No Líbano, a guerra civil (1975), que opôs cristãos, palestinos e interesses dos Estados Unidos e da União Soviética, em sua
muçulmanos, encerrou-se com a invasão jordaniana do território disputa pelo controle global.
libanês e a divisão do norte do país entre a Síria e a Turquia. c) ocupação do Kuwait, país vizinho, por tropas do Iraque, em
e) No Irã, a revolução liderada pelo aiatolá Khomeini (1979) 1990, na disputa por campos petrolíferos, com a intenção explícita
substituiu a dinastia Pahlevi, aliada política e militarmente à União de aumentar a produção de petróleo iraquiana e diminuir seu preço
Soviética, por uma República Islâmica fundamentalista. no mercado internacional.
d) Primeira Guerra do Golfo, em 1991, quando os Estados Unidos
Questão 06 atacaram o Iraque a pedido dos governos iraniano e kuwaitiano,
"Depois de enfrentar problemas financeiros, que repercutiram na depuseram o regime islâmico e implantaram uma democracia
situação política interna, as monarquias do Golfo Pérsico se representativa.
beneficiam de um fluxo extraordinário de divisas, graças ao alto e) Segunda Guerra do Golfo, em 2003, quando a Organização das
preço do petróleo. (...) em todos esses países, há dois Nações Unidas (ONU) convocou os Estados Unidos e a Inglaterra
denominadores comuns: Estados ineficientes e perdulários e para que invadissem o Iraque e expropriassem suas áreas
desemprego alto. O desemprego atinge a geração jovem, do petrolíferas.
chamado baby boom da alta do petróleo dos anos 70. Os
desempregados se escoram no generoso sistema de proteção Questão 09
social, outro traço comum dessas monarquias, que têm como O Governo do Presidente Jimmy Carter (1977-1980) correspondeu
tradição, calcada nos petrodólares, garantir o conforto dos a um contexto em que
cidadãos do nascimento à morte. (...) Essas regalias, que sempre a) a política externa dos EUA encobriu as denúncias de violação de
amorteceram qualquer descontentamento político, tiveram que ser direitos humanos, como torturas, prisões políticas e assassinatos
revistas nos últimos anos, por causa do alto custo da Guerra do cometidos pelas ditaduras militares latino-americanas.
Golfo, bancado sobretudo pela Arábia Saudita..." b) a Revolução Islâmica no Irã, liderada pelo Aiatolá Khomeini,
O texto permite estabelecer uma relação de causa e efeito entre derrubou o governo do Xá Reza Pahlevi, aliado dos EUA, para
a) miséria e dívida externa. implantar um regime antiocidente e que defendia os fundamentos
b) austeridade e petrodólares. do islamismo.
c) preço do petróleo e estabilidade política. c) a Revolução Sandinista, na Nicarágua, de inspiração Marxista,
d) gastos excessivos e baixo preço do petróleo. terminou com o longo período de dominação da família Somoza,
e) incompetência administrativa e esgotamento do petróleo. instalando um governo aliado dos EUA.
d) na América Central, intensificou-se a Guerra Fria, pois o governo
Questão 07 de Carter financiou guerrilhas pró-EUA na Nicarágua e em El
"O Oriente Médio é, sem dúvida, o local mais explosivo do mundo Salvador.
contemporâneo. A região fazia parte do Império Otomano, e) no Brasil, a Ditadura militar não permitiu qualquer medida para a
tornando-se protetorado franco-britânico após a I Guerra Mundial. abertura política e anistia àqueles que tinham participado da luta
Tal como ocorria na Ásia e na África, após a II Guerra iniciou-se o armada.
processo de descolonização, mas, em função da Guerra Fria e dos
interesses petrolíferos, esse processo foi extremamente Questão 10
tumultuado."
(Marques,A.; Berutti, F. e Faria, R. História do tempo presente,Textos e Documentos
7. São Paulo: Ed. Contexto, 2003, p.169.)

Em relação ao Oriente Médio, os fatos relacionados às questões


explosivas na região são:
a) Criação do Estado de Israel, Formação da OLP e Guerra do
Golfo.
b) Guerra Irã x Iraque, Guerra do Yom Kippur e Revolução
Sandinista.
c) Guerra dos Seis dias, Formação da OLP e Guerra das Coréias.
d) Formação do Estado da Palestina, Ocupação da faixa de Gaza e Tavares, F. O Dia em que Getúlio matou Allende. 4a. ed.,
Rio de Janeiro: Record, 2004.
Nacionalização do canal de Suez.
e) Guerra do Vietnã, Guerra do Irã x Iraque e Guerra do Golfo.

Questão 08
Do final dos anos 1970 até hoje, Irã e Iraque estiveram
constantemente no noticiário internacional.
Entre outros motivos, devido à:
a) revolução no Irã, em 1978-1979, que acabou com a monarquia
pró-Estados Unidos no país e instalou um regime islâmico xiita,
controlado pelos aiatolás, que passaram a pregar a guerra santa
contra seus opositores.
Disponível em: www.oglobo.globo.com, capturado em 25/08/2009.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


194
Aula 34 – Outros Conflitos no Oriente Médio
As fotografias publicadas pela imprensa brasileira, embora a) teve uma atuação pouco importante para a vida cultural do povo
separadas no tempo, guarda algumas semelhanças, dentre as árabe na Idade Média, mas foi aceita pelos grupos mais
quais: tradicionais.
a) nos dois episódios, grupos extremistas islâmicos estavam b) representou uma crença ética e escatológica, fundada em
envolvidos. profetas do bem, sem ter semelhança com o cristianismo.
b) tanto no episódio chileno como no de Nova York, os c) contribuiu com suas crenças monoteístas para a construção da
governantes acabaram sendo depostos. identidade política de todos os asiáticos.
c) ambas tiveram no âmago da questão, o poderio imperialista d) restringui sua atuação a países do Oriente Médio e da África,
norte-americano. sem repercussões nos povos do Ocidente.
d) são episódios isolados e sem qualquer consequência futura. e) justificou a participação dos líderes religiosos na política idéia
e) no caso do Chile, foi uma ação terrorista e, no caso de Nova que mantém na contemporaneidade
York, uma retaliação do Iraque pelo apoio dos EUA ao Irã, inimigo
secular daquele país. Questão 14
Leia o texto a seguir: “Eu até mesmo lancei a seguinte tese, que
Questão 11 pode chocar: o terrorismo islâmico é o reflexo monstruoso do
O "mundo globalizado" de hoje representa, segundo algumas Ocidente cristão que ele abomina. Isso está claro na sua retórica
opiniões, maior liberdade e universalização de valores de vitimização. Basta ler os escritos de Bin Laden: é em nome das
democráticos; segundo outras, hegemonia ocidental, padronização vítimas japonesas das bombas atômicas americanas que os
e perda de identidade. São exemplos adequados a cada uma kamikaze islâmicos atacaram os Estados Unidos. Alguns meses
dessas opiniões, respectivamente, a antes dos atentados do 11 de setembro, o chefe da Al Qaeda
a) atuação da ONU (Organização das Nações Unidas) como enviou uma comunicação às suas tropas para anunciar que ele
mediadora nos conflitos internacionais e o surgimento de novos preparava uma “Hiroshima contra a América”. Em todas as partes é
países no Leste Europeu.
em nome das vítimas que os outros fizeram que se persegue, que
b) abertura da economia chinesa a investimentos estrangeiros e o
se mata, que se massacra ou mutila.”
surgimento de Estados islâmicos no norte da África e no Oriente (Dupuy, Jean-Pierre. Crer é não crer. As crenças religiosas, a violência e o sagrado.
Médio. In: Revista do Instituto Hamanitas Unisinos On-line. Disponível em:
c) aceitação por todos os governos do princípio de liberdade de http://www.ihuonline.unisinos.br/index.phpoption=com_content&view=article&id=444
imprensa e a derrubada do Taleban no Afeganistão. 8&secao=393)
d) regularidade das eleições presidenciais diretas na América
Latina e o recente teste nuclear realizado pela Coréia do Norte. Neste texto, o matemático e filósofo francês Jean-Pierre Dupuy
e) ampla circulação de informações possibilitada pela internet e a quer destacar:
intervenção militar norte-americana no Iraque. a) que os terroristas islâmicos, autores dos ataques de 11 de
setembro de 2001, tinham auxílio do governo japonês, que queria
Questão 12 se vingar do ataque atômico que os EUA fizeram em 1945.
A invasão do Kwait por tropas do Iraque, iniciada em 02 de Agosto b) que os terroristas, chefiados por Bin Laden, empreenderam os
de 1990, deu início à Guerra do Golfo. ataques de 11 de setembro, em dada medida, motivados pela
abominação que eles tinham do Ocidente Cristão (na figura dos
Sobre esse conflito militar são feitas as seguintes afirmações: Estados Unidos) sendo que tal abominação foi justificada pelos
I. Sem a sanção da ONU, o conflito teve uma longa duração. Não terroristas com o exemplo das vítimas da bomba de Hiroshima, de
foram utilizados armamentos ou técnicas avançadas de guerra. Os 1945.
Estados Unidos não se preocuparam em empregar armas
c) que o objetivo de Bin Laden, expresso na frase “Hiroshima
sofisticadas e avançadas tecnológicamente.
contra a América”, era lançar uma bomba nuclear em solo
II. Ficou conhecida como "a guerra pós-moderna" devido a
americano. Plano este que não deu certo.
utilização de sofisticados equipamentos eletrônicos, bombas
guiadas a laser e mísseis teleguiados. Se constituiu em uma d) que os terroristas islâmicos não eram como os kamikazes
intervenção militar eficaz e rápida. japoneses, já que aqueles (os islâmicos) não se suicidaram como
III. Foi travada por uma coalização internacional liderada pelos estes (os japoneses), tendo saltado dos aviões antes que
Estados Unidos, Grã-Bretanha e países do Oriente Médio, como colidissem com os alvos do dia 11 de setembro.
Arábia Saudita e o Egito, contra o Iraque. Obteve a sanção da e) que o terrorismo islâmico é o “reflexo monstruoso” do Ocidente
ONU. cristão por ser o Ocidente cristão terrorista com o radicalismo
Assinale o correto. islâmico.
a) Apenas as afirmações I e II são verdadeiras.
b) Apenas as afirmações I e III são falsas. Questão 15
c) Apenas as afirmações II e III são verdadeiras. Leia o texto a seguir: “O presidente Bush estava lendo um texto
d) Apenas as afirmações I e III são verdadeiras. para os alunos do segundo ano da escola primária de Emma E.
Booker, em Sarasota, Florida, quando Rove lhe deu a notícia de
Questão 13 que um avião havia atingido a torre norte do World Trade Center.
No Oriente Médio, as disputas políticas existentes mostram o Primeiro parecia que tinha sido um acidente, um erro do piloto ou
fortalecimento das crenças Islâmicas nas últimas décadas. Uma talvez, Bush pensou, o piloto tivesse tido um ataque cardíaco.”
análise histórica da trajetória do Islamismo nos afirma que essa (Woodward, Bob. Bush em guerra.
São Paulo: Arx, 2003, p. 37.)
religião:

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


195
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Esse trecho do livro Bush em guerra, de autoria do premiado


jornalista Bob Woodward, faz referência a qual acontecimento do
século XXI?
a) Ao ataque kamikaze japonês à base de Pearl Harbor.
b) Ao ataque cardíaco de um grande piloto dos EUA que ocasionou
a queda de um avião comercial em Nova Iorque.
c) Ao ataque terrorista islâmico de 11 de setembro de 2001, no
qual um dos alvos principais foi o edifício de torres gêmeas, World
Trade Center.
d) Ao ataque terrorista islâmico de 11 de setembro de 2001,
organizado por Bin Laden e levado a cabo por integrantes das
FARC (Forças Armadas Revolucionária da Colômbia).
e) Ao ataque terrorista islâmico de 11 de setembro de 2001,
idealizado por Vladimir Putin e organizado e executado pela Al
Qaeda.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


196
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL
Prof. Monteiro Jr.

O COLAPSO DO SOCIALISMO E O FIM DE URSS Porém, alegando que os países do Ocidente estariam conspirando
para que as forças anti-socialistas assumissem o poder, a URSS
INTRODUÇÃO forjou para que os governos de coalizão fossem substituídos por
No fim da década de 80 e início dos anos 90 do século XX, o regimes de um só partido, controlados pelos partidos comunistas
mundo testemunhou um turbilhão de acontecimentos e locais.
transformações na URSS e nos países do Leste europeu (à época Assim, a escolha do caminho socialista não foi resultado da opção
pertencentes ao bloco socialista) que alterou o mapa geopolítico da da maioria dos povos do Leste Europeu, mas fruto da imposição
Europa e da Ásia, pôs fim aos regimes socialistas nesses países, pela URSS de um modelo de vida em sociedade.
encerrou mais de quatro décadas sob a Guerra Fria, sepultou a
ordem mundial bipolar e redefiniu um novo cenário no panorama (...) Esse sistema, chamado mais tarde de ‘socialismo real’ (em
internacional. oposição ao ‘socialismo ideal’, pensado no século XIX por Karl
Marx), tinha as seguintes características principais:
Para os professores Paulo Visentini e Analúcia Pereira, em História
do Mundo Contemporâneo, o colapso do socialismo na URSS e no 1) Politicamente a vida era dividida e regulada por um só partido, o
Leste europeu ocorreu “de forma desconcertante, tomando de que caracterizava os regimes políticos da região em foco como não
surpresa inclusive os serviços de inteligência ocidentais e muitos democráticos ou totalitários, já que não se abria a possibilidade de
analistas renomados. A segunda superpotência, detentora de alternância de partidos no poder. Os regimes de partido único
imensos recursos econômico sociais e político militares, permitiram que os comunistas mantivessem o controle de
desapareceu de forma insólita, deixando um vazio de poder, de praticamente todas as instituições políticas e organizações sociais.
forma relativamente pacífica. Foi um caso inédito de ‘renúncia de Assim, o partido se confundiu com o Estado a ponto de as
poder’ e desorganização por parte da envelhecida elite soviética, principais figuras desses regimes serem quase sempre os
que se tornara uma espécie de ‘gerontocracia’ (governo de secretários-gerais desses partidos.
velhos).” 2) A economia era extremamente centralizada e planificada. Um
O SOCIALISMO NO LESTE EUROPEU grupo de técnicos e burocratas decidia, sem nenhuma consulta ou
oposição, o que produzir, quanto e quando produzir, isto é, a priori
“O socialismo se implantou no Leste Europeu após a Segunda estabelecia todas as instâncias de produção (fábricas, fazendas
Guerra Mundial como resultado da expulsão dos nazistas, que bancos etc.) estavam nas mãos do Estado. Como não havia
haviam ocupado a região. Isso aconteceu na Bulgária, na concorrência, a maior parte dos bens produzidos deixava muito a
Romênia, na Polônia, na Tchecoslováquia, na Hungria e em desejar em termos de qualidade.
algumas regiões da Alemanha e foi resultado do avanço do
Exército soviético sobre essas regiões. 3) A industrialização nos países do leste europeu teve um
expressivo crescimento. Esse crescimento, no entanto, mostrava
Na Iugoslávia e na Albânia isso não aconteceu. Nesses dois países uma clara distorção: quase sempre valorizavam-se mais as
as forças de ocupação alemãs não foram expulsas pelo Exército indústrias de bases (indústrias que fornecem matérias primas para
vermelho, mas sim por movimentos guerrilheiros que tinham a sua outras indústrias, como a siderúrgica, por exemplo), em detrimento
frente líderes de esquerda. das indústrias de bens de consumo. Uma das consequências
Por conta desse fato a Iugoslávia e a Albânia, apesar de no pós- dessa estratégia foi a falta crônica de bens de consumo para a
guerra terem adotado o mesmo sistema dos outros países da população, fato que era agravado pela baixa qualidade dos
região, tiveram evoluções políticas posteriores bem diferenciadas, produtos oferecidos. Assim, em muitos países do Leste Europeu,
o que resultou na maior independência desses dois países em os cidadãos eram obrigados muitas vezes a enfrentar longas filas
relação a Moscou. para comprar uma parte considerável dos bens de consumo de que
necessitava.
4) Como a industrialização era quase sempre a prioridade, a
agricultura recebia menos incentivos. Além disso, a coletivização
forçada das terras resultou, em muitos casos, na diminuição da
produção e da produtividade e em contínuos fracassos do setor.
5) Por fim, insistia-se na ideia de que nos países socialistas
inexistiam classes sociais, ou melhor, existiria apenas a classe
trabalhadora. Mas na realidade não era bem assim: um grupo de
privilegiados usufruía de uma série de regalias que a maioria dos
cidadãos nem de longe podia ter. Essa ‘camada social’, formada
basicamente por técnicos e burocratas ligados ao aparelho
administrativo do Estado (e, portanto, do partido), podia adquirir,
Na conferência de Yalta, realizada quando a Segunda Guerra por exemplo, produtos de consumo em lojas especiais, ter acesso
estava por terminar (fevereiro de 1945), discutiu-se sobre o destino a carros e residências de forma facilitada etc.
dos países do leste da Europa. Nessa conferência ficou Como todas essas características foram ‘testadas’ e cristalizadas
estabelecido a formação de governos provisórios, que deveriam na URSS durante a época stalinista (período entre 1923 e 1953,
representar todo o espectro das forças políticas que haviam quando os soviéticos foram governados com ‘mão de ferro’ por
combatido o nazismo. Além disso, seriam garantidas a realização Stalin), existe muita simetria entre a implantação do socialismo no
de eleições e condições para o pleno funcionamento das Leste Europeu e o stalinismo. Deve-se lembrar que para estreitar
instituições democráticas. ainda mais os laços entre a URSS e os países do Leste Europeu
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

foram criados o Conselho de Assistência Econômica Mútua (Caem Uma das primeiras medidas do novo chefe soviético foi declarar,
ou Comecom), em 1949, e o Pacto de Varsóvia. em agosto de 1985, que a União Soviética suspenderia
O Comecom permitiu que a URSS isolasse a economia do Leste imediatamente os testes nucleares subterrâneos. A moratória
Europeu do resto dos países do continente, criando um esquema nuclear unilateral surpreendeu o mundo, mas ainda parecia mais
de interdependência entre os estados membros dessa uma peça de propaganda comunista. Ninguém apostava, ainda,
organização. que as reformas eram pra valer. Mas, em fevereiro de 1986,
quando se realizou o vigésimo sétimo Congresso do Partido
O domínio de Moscou tomou formas definitivas quando foi criado o
Comunista, Gorbatchov causou estardalhaço no mundo ao expor
Pacto de Varsóvia. Essa organização político-militar unia a URSS
um audacioso programa de reformas políticas e econômicas. No
aos países do Leste Europeu e visava dar uma resposta conjunta
plano político, Gorbatchov já falava em uma ‘nova era’, que
em caso de ameaça à integridade territorial de algum dos países
enterraria a corrida armamentista e estabeleceria um processo de
membros. Entretanto essa organização era usada sobretudo como
colaboração entre as nações. No plano econômico, o dirigente
instrumento de pressão ou de intervenção quando algum
fazia duras críticas à era Brejnev [1964 a 1982, quando a URSS foi
componente da organização não seguia as linhas políticas
governada por Leonid Brejnev], por ele qualificada como ‘período
traçadas por Moscou.”
de estagnação’, e propunha um plano de ‘revitalização’ da
(OLIC, Nelson Bacic. A desisntegração do leste: URSS, Iugoslávia, Europa Oriental.
São Paulo: Moderna, 1993, p. 13-15.)
sociedade e do país.
COMEÇAM AS MUDANÇAS NA URSS SAIBA MAIS: AS REPÚBLICAS QUE FORMAVAM A URSS
“No início dos anos 80, a economia soviética, que era totalmente 1. Federação Russa
controlada pelo Estado, estava à beira de um colapso. Informações 2. Geórgia
que são hoje conhecidas, mas que na época eram consideradas 3. Cazaquistão
segredo de Estado, mostram que a maior parte da indústria 4. Turcomênia
soviética estava obsoleta, os níveis de produção caíam a cada ano, 5. Quirguistão
a qualidade de vida era cada vez pior. Embora, oficialmente, não 6. Uzbequistão
houvesse desemprego no país, a verdade é que em algumas 7. Tadjiquistão
regiões, como no Cáucaso (formada pela Armênia, Arzebaijão e 8. Azerbaijão
Geórgia), mais de um terço da população ativa estava sem 9. Armênia
trabalho. Mesmo em alguns bairros de Moscou havia fome, falta de 10. Ucrânia
médicos e precariedade de serviços elementares, como telefone, 11. Moldova
água e luz. Por causa do desabastecimento, formavam-se filas 12. Bielorrússia
gigantescas para comprar pão, leite e outros produtos essenciais. 13. Lituânia
A vida, em resumo, ‘ia de mal a pior’ para a imensa maioria da 14. Letônia
população. 15. Estônia
Não se falava, ainda, em abolição do socialismo, do estatismo e
muito menos em pluralismo político. Mas algo de novo estava
acontecendo, isso era evidente. Os conceitos de glasnost e
perestroika começavam a se tornar frequentes nos jornais do
mundo inteiro. Glasnost, em russo, significa ‘transparência’. Com
esse conceito, Gorbatchov queria expressar uma nova relação
entre o poder e a sociedade. Ele dizia que a censura deveria ser
abolida, de tal forma que os problemas pudessem aparecer e ser
discutidos sem medo da repressão e da polícia. Perestroika quer
dizer ‘reconstrução’. O termo indicava a necessidade de reconstruir
(...) Finalmente, em março de 1985, quando [Konstantin] a economia soviética sobre novas bases. Embora Gorbatchov
Tchernenko [dirigente soviético] morreu, o Partido Comunista tinha defendesse o estatismo socialista e o igualitarismo econômico, ele
um nome para apresentar ao mundo. Seu novo chefe seria um já dizia que tudo isso era compatível com a iniciativa criadora dos
advogado de 54 anos, relativamente jovem para os padrões indivíduos e que o Estado não deveria ser uma camisa de força
soviéticos e portador de algumas ideias realmente inovadoras. para aqueles que quisessem progredir.
Começava, então, a era de Mikhail Sergueievitch Gorbatchov. Esses conceitos, que hoje nos parecem óbvios e corriqueiros, na
época tiveram o efeito de uma bomba. O único dirigente soviético
que havia tentado fazer algumas reformas no sentido proposto por
Gorbatchov fora Nikita Khrushev, nos anos 50, e isso lhe havia
custado o cargo. Dentro da própria União Soviética, aliás, muitos
apostavam que Gorbatchov teria o mesmo destino de Khrushev,
caso prosseguisse naquela linha.
(ARBEX JÚNIOR, José. Guerra fria: terror de Estado, política e cultura. São Paulo:
Moderna, 1997, p. 178-182.)
GLASNOST E PERESTROIKA: NOVOS VENTOS SOPRAM NA URSS
“Gorbatchov não queria acabar com o (...) [socialismo], e sim
substituir o sistema existente, que ainda era basicamente stalinista,
O líder soviético Mikhail Gorbatchov. por um sistema socialista que fosse humano e democrático. Ele

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


198
Aula 35 – O Colapso do Socialismo e o Fim da URSS
acreditava sinceramente que isso poderia ser realizado dentro do soubessem que isso geraria grandes dificuldades para o povo
quadro do Estado marxista-leninista de partido único. Ele não teve russo no curto prazo. Por outro lado, conservadores (...) achavam
o mesmo sucesso em casa que teve no exterior, pois suas políticas que as reformas eram drásticas demais e que o partido corria o
não conseguiram dar resultados com a rapidez suficiente e levaram risco de perder o controle. Isso causou uma divisão perigosa no
ao colapso do (...) [socialismo], ao desmembramento da URSS e Partido Comunista e dificultou a Gorbachov satisfazer a ambos os
ao fim de sua carreira política. grupos. (...)
A Glasnost logo começou a ser vista em áreas de direitos humanos
e questões culturais. Vários dissidentes conhecidos foram
libertados (...).O [jornal] Pravda teve permissão de publicar uma
matéria criticando Brejnev por sua reação exagerada contra os
dissidentes e foi introduzida uma nova lei para impedir que eles
fossem enviados a instituições mentais (janeiro de 1988). (...)
Em questões culturais e nos meios de comunicação como um todo,
houve eventos impressionantes. Em maio de 1986, tanto a União
de Cineastas Soviéticos quanto a União de Escritores puderam
demitir seus chefes reacionários e eleger líderes com pensamento
mais independente. Filmes e romances contrários a Stalin, há
muito proibidos, foram apresentados e publicados (...). Grande aglomeração na inauguração da primeira loja do
Havia uma nova liberdade na cobertura jornalística: em abril de McDonalds em Moscou, em janeiro de 1990.
1986, por exemplo, quando explodiu um reator nuclear em As reformas econômicas não produziram resultados com a rapidez
Chernobyl, na Ucrânia, matando centenas de pessoas e liberando suficiente. A taxa de crescimento econômico de 1988 e 1989
uma imensa nuvem radioativa pela maior parte da Europa, o permaneceu exatamente a mesma dos anos anteriores. Em 1990,
desastre foi discutido com franqueza inédita. (...) a renda nacional até caiu e continuou a cair, em cerca de 15%, em
1991.
(...) A inflação explodiu, junto com o déficit orçamentário do
governo. Bens básicos como sabão, sabão em pó, lâminas de
barbear, xícaras e pratos, televisores e alimentos tinham uma
oferta muito baixa, e as filas nas cidades foram ficando maiores.
Em pouco tempo, havia decepção com Gorbachov e suas
reformas, e com as expectativas elevadas pelas promessas do
dirigente, as pessoas ficaram indignadas com a escassez. (...)
No início dos anos de 1990, calculava-se que cerca de um quarto
da população estava vivendo abaixo da linha da pobreza. Os mais
afetados eram as famílias grandes, os desempregados, os
aposentados. Gorbachov perdia rapidamente o controle do
movimento reformista que tinha iniciado (...).
[A situação de crise na economia e as pressões da sociedade]
Acidente na usina nuclear em Chernobyl. também contribuíram para o fracasso de Gorbachov e levaram ao
Em pouco tempo, houve mudanças importantes em andamento. desmembramento da URSS, até então um Estado federal que
Em novembro de 1986, Gorbatchov anunciou que ‘1987’ [seria] o consistia em 15 repúblicas separadas, cada uma com seu próprio
ano para a ampla aplicação dos novos métodos de gestão parlamento. A República Russa era apenas uma das 15, com seu
econômica’. Seriam permitidos empreendimentos privados de parlamento em Moscou (a cidade também era o local de reunião do
pequeno porte, como restaurantes familiares, empresas familiares Soviete Supremo e do Congresso dos Deputados do Povo). As
que confeccionassem roupas ou artesanato, que prestassem repúblicas foram mantidas sob rígido controle desde a época de
serviços como consertos de carros, televisores, pintura e Stalin, mas a glasnost e a perestroika incentivaram suas
decoração, aulas particulares, assim como cooperativas de esperanças de mais poderes para seus parlamentos e mais
trabalhadores de até 50 membros. Uma razão por trás dessa independência em relação a Moscou.”
reforma era o desejo de proporcionar concorrência aos serviços (LOWE, Norman. História do Mundo Contemporâneo. 4. ed. Porto Alegre: Penso,
lentos e ineficientes oferecidos pelo Estado, na esperança de 2011, p. 409-413.)
estimular um aprimoramento rápido. Outra era a necessidade de O FIM DO IMPÉRIO SOVIÉTICO
oferecer trabalhos alternativos à medida que mudariam os padrões “No interior da URSS essa maior liberdade de expressão
de emprego na década seguinte, pois estava claro que, com a [resultante das reformas de Gorbatchov] fez com que crescessem
introdução de mais automação e informatização nas fábricas e movimentos que questionavam o poder central exercido por
escritórios, a necessidade de trabalhadores formais diminuiria. (...) Moscou como também cresceram movimentos que visavam à
À medida que as reformas avançavam, Gorbachov se deparou com revisão das fronteiras internas do país. Esses fatos indicavam que
problemas. Alguns membros do partido (...) eram mais radicais do a URSS caminhava perigosamente para a desintegração política.
que Gorbachov, e achavam que as reformas não eram drásticas o Para evitar que isso acontecesse, Gorbatchov e seus
suficiente. Eles queriam uma mudança para uma economia de colaboradores idealizaram o chamado Tratado da União, pelo qual
mercado em estilo ocidental o mais rápido possível, embora cada uma das repúblicas teria muito mais autonomia. Moscou,

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


199
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

porém, continuaria sediando o centro das decisões que


interessassem ao conjunto do país.
Em agosto de 1991, quando estava para ser votada a adoção
desse tratado, a ala mais ortodoxa do Partido Comunista deu um
golpe de estado visando destituir Gorbatchov e interromper o
conjunto de mudanças que vinha ocorrendo.
Mas os golpistas não esperavam a resistência popular que se
seguiu ao anúncio do golpe. Tendo à frente Bóris Iéltsin, que Símbolo da CEI.
meses antes havia sido eleito presidente da Federação Russa (a
primeira eleição livre e democrática da história da URSS), a A QUEDA DO MURO DE BERLIM
resistência frustrou rapidamente o golpe. Gorbatchov voltou ao “Em outubro de 1989, no quadragésimo aniversário de fundação
poder, porém Iéltsin já havia se transformado no homem forte da da Alemanha Oriental, o dirigente Erich Honecker proclamou que
URSS. seu governo iria durar, ainda, mil anos. Honocker reprimiu com
violência manifestações de protesto que se alastravam por Berlim
Oriental e pelas principais cidades do país Honecker foi obrigado a
convidar Gorbatchov para os festejos. Ele odiava o dirigente
soviético e chegou a proibir a venda de seu livro Perestroika na
Alemanha Oriental. Quando Gorbatchov visitava o túmulo ao
soldado desconhecido, no coração de Berlim
Oriental, um grupo de estudantes perguntou ao dirigente soviético
sua opinião sobre a crise no país. Gorbatchov respondeu que ‘um
Bóris Iéltsin e Mikhail Gorbatchov. governo que não muda com a vida está condenado ao
Aproveitando-se da situação criada pelo golpe, várias repúblicas desaparecimento’.
que já vinham reivindicando soberania ou independência A mensagem era clara. Moscou não iria socorrer o regime de
aceleraram esse processo. As repúblicas bálticas [Lituânia, Letônia Honocker. Era a senha que todos esperavam para liquidar o
e Estônia] foram as primeiras a conseguir a independência total, regime socialista. As passeatas se multiplicaram por todo o país.
sendo reconhecidas por inúmeros países, entre eles a própria Em cinco semanas, em 9 de novembro de 1989, o Muro de Berlim
União Soviética (um mês mais tarde). viria abaixo. Naquele dia, exatamente às 18h30, um representante
Depois do frustrado golpe de agosto, as várias repúblicas da do Partido Comunista alemão oriental declarou, durante uma
URSS, especialmente a Rússia, passaram a se assenhorar de entrevista coletiva, que a passagem pelo Muro estava livre. O que
bens e atribuições que anteriormente pertenciam ao poder central. se seguiu foi um delírio.
A URSS era cada vez menos união, socialista e soviética.
Apesar disso Gorbatchov ainda acreditava num plano miraculoso
que permitisse a sobrevivência da URSS. O segundo, e definitivo,
golpe nessa possibilidade veio em 8 de dezembro de 1991.
Reunidos em Brest, cidade da Bielo-Rússia, os presidentes do
chamado grupo eslavo (Rússia, Bielo-Rússia e Ucrânia) divulgaram
ao mundo o seguinte comunicado: ‘Declaramos que a URSS, como
sujeito do direito internacional e realidade geopolítica, deixa de
existir’. Era fundada a Comunidade de Estados Independentes
(CEI), que, nos dias seguintes, receberia a adesão de todas as
outras repúblicas que então compunham a URSS [com exceção da
Geórgia e do Arzebaijão, que só ingressaram na CEI em 1993] (...).
Governante de uma nação que não mais existia, restou a
Gorbatchov o caminho da renúncia, fato que realmente ocorreu na
última semana de dezembro de 1991.” Derrubada do Muro de Berlim (1989).
(OLIC, Nelson Bacic. A desisntegração do leste: URSS, Iugoslávia, Europa Oriental. Eu acompanhei pessoalmente a crise dos refugiados, a
São Paulo: Moderna, 1993, p. 73-74.) comemoração do quadragésimo aniversário da República
SAIBA MAIS: O QUE É A CEI (COMUNIDADE DE ESTADOS Democrática Alemã e a queda do Muro de Berlim. Às vezes, tenho
INDEPENDENTES) a impressão de ter participado de um sonho. Lembro-me de
A Comunidade de Estados Independentes é uma organização dezenas de milhares de pessoas cruzando o Muro naquela noite
econômica e política, tida como uma espécie de “herdeira” da antiga fria de outono, dos encontros de familiares e casais que durante
URSS. De acordo com J. William Vesentini e Vânia Vlach, em anos não puderam encontrar-se, dos fogos de artifício, das
Geografia Crítica: Geografia do Mundo Industrializado, logo depois cervejas e champanhes, das conversas, dos risos e dos choros de
que ocorreu a dissolução da URSS, “a maioria dos novos países
emoção. Eu tinha a nítida sensação de estar presenciando a
independentes, que durante quase todo o século tiveram moeda
comum, forças armadas e governo central unificados, percebeu que própria história. Era óbvio que dali para a frente o socialismo na
tinha profundas ligações econômicas e militares e precisava de Europa do Leste havia chegado ao fim.”
acordos ou tratados econômicos para resolver uma série de (ARBEX JR., José. Guerra Fria: terror de Estado, política e cultura.
questões importantes”. Isso contribuiu para a fundação desse bloco, São Paulo: Moderna, 1997, p. 107.)
que tem sua sede localizada em Minsk, capital da Bielorrússia.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


200
Aula 35 – O Colapso do Socialismo e o Fim da URSS
Khruschev, Brajnev, Andropov, Chernenko e Gorbachev], um deles
por mais de trinta anos, e dois deles por pouco mais de um ano.
(...) nenhum dos sete chefes jamais foi eleito para o cargo pela
população. Foram todos, nos termos de hoje, ilegítimos. O poder
passava simplesmente de mão em mão, muitas vezes depois de
uma luta feroz mas imperceptível no topo, dentro do pequeno clã
de ‘revolucionários profissionais’. O poder supremo permaneceu
nas mãos dos chefes do partido que executou o coup d’état [golpe
de estado] de outubro de 1917. Por todo o perído soviético, o país
foi governado por gente que não tinha direito legal de governar.
Todos os sete chefes consideravam-se marxistas e sempre se
SAIBA MAIS: A DERROCADA DOS REGIMES SOCIALISTAS NO esforçaram para parecer ‘leninistas’ortodoxos. (...) Todos os sete
LESTE EUROPEU deixaram a moralidade num nível bem baixo entre suas
(Fonte: Revista Época, 8 de novembro de 1999.) prioridades. Exaltaram a massa, a classe, o coletivo, tudo em
detrimento do indivíduo. (...)
LEITURA COMPLEMENTAR I: ESFREGANDO OS OLHOS Nenhum deles era um proletário ‘puro’ de origem, mesmo que
“Você já ouviu falar da fábula de Rip Van Winkle? Ela é muito todos reconhecessem e exaltassem o papel de ponta da classe
conhecida nos Estados Unidos e conta a história de um homem operária. Mas não foi a classe operária que governou, e sim uma
que dormiu por 20 anos, para fugir à zanga de sua esposa. ‘partidocracia’ burocrática que rapidamente se formou. Os chefes
Quando acordou, além da barba enorme, Rip Van Winkle percebeu sempre mantiveram grande distância dos trabalhadores, dos
que sua família, sua cidade e seu mundo estavam totalmente camponeses e da intelligentsia, exatamente por terem saído da
mudados. profundeza do núcleo dos ‘partidocratas profissionais’. Afora o
O ‘causo’ se passou no século XIX, mas se Rip Van Winkle vivesse último deles [Gorbachev], o nível intelectual, educacional e cultural
em nossos dias só precisaria tirar uma soneca de dois anos – mais dos chefes foi baixo. Mesmo Lênin, sem dúvida uma cabeça
especificamente, entre 1989 e 1991. Quando acordasse, mesmo poderosa, em termos intelectuais foi estritamente unidimensional;
que sua barba ainda estivesse curta, nosso herói não acreditaria mente puramente política, o que por certo muito o empobreceu
nas mudanças que ocorreram no mundo enquanto ele cochilava. como pessoa. Tinha pouco apreço pela cultura russa e por seus
Quer ver? Em menos de 24 meses, a União Soviética expoentes. (...)
desapareceu, o bloco socialista esfarelou-se, a Guerra Fria acabou A história do governo na URSS revela duas tendências opostas e
(...), a Alemanha se reunificou e a Iugoslávia se decompôs. Ufa, conflitantes. A primeira, iniciada por Lênin e Stalin e perseguida por
que correria! E isso para citar apenas alguns dos fatos mais Brejnev, Andropov e Chernenko, foi indisfarçavelmente
importantes desses dois anos que viraram o mapa múndi de bolchevique ortodoxa e profundamente conservadora. Nenhuma de
pernas para o ar, levando à loucura analistas políticos, sociólogos, suas ‘transformações’arranhou os alicerces ou os contrafortes do
professores e jornalistas. Sem contar os especialistas em elaborar sistema criado depois da Revolução de Outubro. (...)
mapas, que, coitados, tiveram que refazer seu trabalho A segunda tendência, reformista, encontrou sua expressão no
praticamente mês a mês. terceiro e no sétimo chefes, Khruschev e Gorbachev. Enquanto as
Se ao ler as linhas acima você teve dificuldade para imaginar todas reformas de Khruschev foram essencialmente voltadas para purgar
as grandes mudanças do mundo no período, calcule então as e repudiar o culto à personalidade (embora não o stalinismo em si),
dores de cabeça de nosso amigo Rip Van Winkle.” o último chefe foi o iniciador da maior e mais importante reforma do
(BRENER, Jayme. O mundo pós-guerra fria. São Paulo: Scipione, 1994, p. 8.) século XX.”
LEITURA COMPLEMENTAR II: A TRILHA DOS CHEFES (VOLKOGONOV, Dimitri Antonovich. Os sete chefes do império soviético. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2008, p. 14-20.)
“Por sete décadas do século XX, a União Soviética seguiu a trilha
LEITURA COMPLEMENTAR III: A CRISE NOS BÁLCÃS
riscada por Lênin. Tornou-se uma superpotência militar temida pelo
resto do mundo e criou uma poderosa indústria tecnológica, militar “A Iugoslávia [país do Leste europeu] era formada por seis
e científica. Mas fracassou em fazer seu povo feliz e livre. Foi o repúblicas (Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia,
primeiro país a enviar um homem ao espaço exterior, mas nada fez Montenegro e Macedônia) e duas regiões autônomas, situadas na
para aprimorar os direitos humanos de seus cidadãos. O povo que Sérvia (Voivodina e Kosovo).
executou a ‘Grande Revolução Socialista de Outubro’, venceu a
‘Grande Guerra Patriótica’ e avançou para as ‘Grandes
Construções do Comunismo’ não ganhou nem liberdade nem
prosperidade por tantos esforços. ‘Ombro a ombro’, marchou ao
longo da trilha de Lênin, que expulsou o indivíduo do caminho, pois
só tinha espaço para as massas.
Depois de séculos sob o mando de uma sucessão de czares, a
Rússia voltou-se em 1917 para uma forma nova de absolutismo
denominada chefia bolchevique para um ‘chefismo’, para a vontade
do vozhd, chefe, guia, ente condutor. Na Itália, Mussolini logo
surgiria como Il Dulce, enquanto Hitler seria mais tarde Der Führer
na Alemanha. Aconteceu que, pelas sete décadas de sua
existência, a União Soviética foi governada [Lênin, Stalin,
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
201
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

A Sérvia alimentava antigas pretensões hegemônicas sobre a


região balcânica, onde se situava a Iugoslávia. Em 1989 foi eleito
presidente da Sérvia, Slobodan Milosevic. Por ser a república mais
populosa, com maioria cristã-ortodoxa, o dirigente pretendia
submeter os outros Estados à liderança sérvia. Em 1990, a
Eslovênia e a Croácia, as duas repúblicas mais ricas, iniciaram a
busca por sua independência, obtida no ano seguinte. Milosevic
declarou guerra primeiramente contra os eslovenos e depois contra
os croatas, pois temia que os sérvios fossem expulsos das áreas
que habitavam quando ainda existia a Iugoslávia. A guerra civil
matou milhares de pessoas. A Macedônia e a Bósnia-Herzegoviba
seguiram o mesmo caminho da independência.
Milosevic, no entanto, não aceitou a independência bósnia e
iniciou, em 1992, com a ajuda dos sérvios que habitavam a Bósnia,
uma guerra que teve um caráter de ‘limpeza étnica’, cercando
inicialmente a cidade de Sarajevo, matando mais de dez mil
pessoas. Houve um verdadeiro genocídio na Bósnia, o que
significou expulsar, torturar, mutilar e assassinar bósnios e croatas
[que viviam na Bósnia]. Em uma única ação, realizava-se o desejo
de vingança contra dois povos distintos, já que a Croácia havia
obtido sua independência. Com a perseguição dos sérvios a
bósnios e croatas, os dois povos se uniram contra o exército de
Milosevic. A comunidade internacional fez pressão para que o
conflito terminasse e interveio, usando forças contra o exército de
Milosevic e derrotando-o em 1995. A Bósnia, enfim, tornava-se
independente.
Em 1998, a província de Kosovo, situada na Sérvia, tentou sua
autonomia. A reação de Milosevic foi idêntica, iniciando uma guerra
em 1999. Só que desta vez promovendo uma limpeza étnica contra
os albaneses que lá moravam e os kosovares mulçumanos. A
OTAN interferiu na guerra em junho de 1999, bombardeando a
Sérvia e obrigando o ditador sérvio a recuar. O Kosovo tornou-se
um protetorado internacional, sendo administrado pela ONU e
contando com a presença de uma força de paz da OTAN.
Milosevic foi preso por crimes contra a humanidade e seria julgado
pela Corte Internacional de Haia, por seus crimes nas guerras da
Bósnia e do Kosovo, mas morreu em 2006 antes que o julgamento
chegasse ao fim.

Slobodan Milosevic, presidente da Sérvia e responsável pela


guerra civil na ex Iugoslávia.
Da antiga Iugoslávia, a última divisão ocorreu em 2006, quando por
meio de um plebiscito as regiões de Sérvia e Montenegro
decidiram se separar, desta vez sem guerra.”
(FREITAS NETO, José Alves de. TASINAFO, Célio Ricardo. História geral e do
Brasil. São Paulo: Harbra, 2006, p. 896.)

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


202
Aula 35 – O Colapso do Socialismo e o Fim da URSS

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Foi em meados da década de 70 que a União Soviética começou a perder o “bonde da história”.
Ficava evidente, mesmo para os próprios soviéticos, que o império vermelho era uma superpotência
apenas pelo poderio militar, pelo arsenal nuclear e pela capacidade de destruição em massa. Devido
ao seu baixo dinamismo econômico, a produtividade industrial não acompanhava, nem de longe, os
avanços dos países capitalistas desenvolvidos mais competitivos. Seu parque industrial, sucateado,
era incapaz de produzir bens de consumo em quantidade e qualidade suficientes para abastecer a
própria população. As filas intermináveis eram parte do cotidiano dos soviéticos e o descontentamento
se generalizava.
Em outras palavras, na União Soviética,
a) a falta de dinamismo econômico e de progresso social era devida à economia liberal.
b) o parque industrial era obsoleto, não atendendo à demanda da população.
c) o descontentamento popular expressava-se em imensas filas de protesto contra a carência de
certos bens.
d) a incapacidade de produzir bens de consumo era compensada pela indústria pesada, em qualidade
e em quantidade.
e) o descontentamento popular foi agravado pela política de incentivo à importação de produtos
ocidentais.

Questão 02
As meninas da família Salikhov vivem perto da fronteira da Rússia com a Géorgia e o Azerbaidjão.
Quando os funcionários da escola local – situada no extremo leste de Stavropol, região esparsamente
povoada – anunciaram que as meninas que usam hijab (espécie de véu que cobre toda a cabeça e os
cabelos das mulheres islâmicas) não poderiam mais frequentar escolas do governo, os Salikhov
tiveram que fazer algumas mudanças. Raifat, 15, chorou com a notícia de que ela seria enviada para
estudar na região vizinha do Daguestão.
BARRY, Ellen. Proibição do véu em região da Rússia revolta população muçulmana.
Disponível em: www.noticias.uol.com.br (acesso em 22 abr. 2013)

O texto, publicado em um portal de notícias, retrata em fenômeno social que, resguardas as


especificidades culturais, tem sido recorrente. Uma das motivações desse tipo é(são):
a) a falta de lógica para o uso de véus nas escolas.
b) o respeito às diferenças culturais e aos regionalismos.
c) os conflitos de origem étnica, religiosa e política.
d) a compreensão da existência de culturas atrasadas.
e) as opiniões distintas a respeito de aspectos estéticos.

Questão 03
"O novo secretário-geral do PC soviético, Mikhail Gorbachev, de 54 anos, assumiu o poder (...).
Gorbachev é o mais jovem líder soviético desde Josef Stalin (...)."
(Jayme Brener, "Jornal do século XX")

Sobre esse governo, é correto afirmar que foi caracterizado


a) pela ampliação do arsenal atômico da União Soviética e dos aliados no leste europeu, como
decorrência direta do Programa Guerra nas Estrelas do presidente Ronald Reagan.
b) pelo projeto e execução de profundas reformas econômicas e políticas, que superassem a
estagnação econômica e garantissem o desenvolvimento da democracia.
c) pelo aumento constante da produtividade soviética na indústria e na agricultura, com o consequente
aumento do PIB, que superou o dos Estados Unidos em 1990.
d) pela realimentação da Guerra Fria com a acusação formal contra espiões norte-americanos e
ingleses, além do rompimento das relações diplomáticas com a China.
e) pela recuperação de vários princípios da era stalinista, como os planos quinquenais, a coletivização
da terra e a obrigatoriedade de salários iguais para os operários industriais.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


203
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

Questão 04
Desde o início da década de 90 (séc. XX), a área assinalada no mapa tem sido palco de sangrentos Anotações
conflitos.

Uma das causas desses conflitos e o país ao qual pertenciam as regiões retratadas no mapa são
respectivamente identificados numa das alternativas abaixo:
a) Ideal sérvio de construir a Grande Sérvia; Tchecoslováquia.
b) Rivalidades étnicas, religiosas, históricas, culturais e territoriais; Iugoslávia.
c) Domínio estrangeiro e exploração econômica; União Soviética.
d) Ideais separatistas reforçados pela glasnost; Bulgária.
e) Abertura econômica (perestroika); Romênia.

Questão 05
Em meados de 1980, as estratégias político-econômicas conduzidas pelo novo secretário-geral do
Partido Comunista, Mikhail Gorbachev, acabaram contribuindo para o colapso da União Soviética e de
seu regime socialista.
Sobre essas estratégias, considere as seguintes afirmações.
I - A "Glasnost" tinha por finalidade revitalizar o socialismo através, entre outras reformas, de uma
relativa democratização do sistema.
II - A não-concessão de maior independência política aos Estados membros da União Soviética rendeu
a Gorbachev o apoio da ala conservadora do partido.
III - A "Perestroika" buscou reestruturar a economia estatal planificada, com o objetivo de impedir a
crescente privatização dos meios de produção e a concentração fundiária.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III. e) I, II e III.

Questão 06
Sob a liderança de Mikhail Gorbachev, a "perestroika" buscou criar nova economia na URSS e a
"Glasnost" buscou abertura política. Desapareceu a URSS e foi criada a CEI (Comunidade de Estados
Independentes). Na política externa, o resultado mais importante das reformas no Leste Europeu foi:
a) o aumento do poderio bélico americano com a "Guerra nas Estrelas".
b) a militarização do Japão em função das ameaças da Coréia do Norte.
c) o enfraquecimento da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
d) o fim da Guerra Fria.
e) a reestruturação do Pacto de Varsóvia.

Questão 07

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


204
Aula 35 – O Colapso do Socialismo e o Fim da URSS
Tendo em vista os mapas, pode-se afirmar que a região considerada
a) está marcada, desde a Idade Média, por conflitos entre árabes e muçulmanos em disputas por
terras na região de Chipre e de Bizâncio que levaram à unificação após a Primeira Guerra Mundial,
Anotações
através da formação da Iugoslávia sob a liderança do Marechal Tito.
b) possui a marca da instabilidade, resultante de questões de ordem cultural e étnica, promovedoras
de avanços territoriais que resultaram em guerras e chacinas, como as praticadas por Soblodan
Milosevic em nome da purificação étnica.
c) propiciou a continuidade das políticas raciais decorrentes das ações nazistas, levando ao extermínio
de milhares de sérvios e croatas e tendo como consequência o isolamento da região e a crise
econômica de 2009 com o fim do socialismo real.
d) definiu-se como área de disputas entre americanos e russos durante o período da Guerra Fria,
fazendo com que, com o fim dessa guerra, a região se dividisse em vários estados independentes
patrocinadores da União dos Povos Eslavos, sob a liderança da Albânia.
e) afirmou-se como campo de disputas econômicas entre Estados Unidos e União Europeia,
representando no cenário internacional o único caso em que o processo de globalização levou a
guerras fratricidas que envolveram questões raciais.

Questão 08

A ilustração, de autoria do cartunista norte-americano Peter Kuper, nos remete à nova ordem mundial
pós-guerra fria, que apresenta as seguintes características:
a) apesar da resistência iraquiana à ocupação norte-americana do Iraque, os EUA demonstram
respeito aos Direitos Humanos com o fechamento das prisões de Abu Ghraib (Iraque) e Guantanamo
(Cuba).
b) a desintegração de blocos regionais que buscam submeter-se ao poderio norte-americano, como é
o caso da União Europeia.
c) decadência econômica e militar na China, que combina um sistema político de partido único com
uma economia que se abre, seletivamente, ao capital externo.
d) adoção do neoliberalismo em países latino-americanos como Brasil e Argentina, com aumento do
papel do Estado na economia, através das privatizações de empresas estatais e maior despesa em
gastos sociais, diminuindo o desemprego.
e) os EUA assumiram a condição de única superpotência mundial, sem considerar a posição da ONU,
como no caso da invasão do Iraque, em 2003.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


205
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO d) do avanço do capitalismo e da ideologia neoliberal no mundo


ocidental.
Questão 01 e) da necessidade de alguns países subdesenvolvidos ampliarem
seus territórios.
O taxista Gennaddi Vihristina não anda pelas ruas de Tiraspol sem
o seu passaporte amarfanhado, onde se lê CCCP (URSS).
Questão 03
“Ninguém mais reconhece isso. Mas, aqui em Transnístria, é o
único documento oficial.” A força real da xenofobia é percebida no fato de que a ideologia do
Pouco conhecida até dentro da Europa, a Transnístria vive no capitalismo globalizado dos mercados fracassou redondamente no
limbo. A região tem presidente, ministros, moeda, bandeira, estabelecimento da livre movimentação internacional da força de
Constituição, Parlamento e controles fronteiriços próprios. Mas a trabalho, ao contrário do que ocorreu com o capital e o comércio.
HOBSBAWM, Eric. Globalização, Democracia e Terrorismo. São Paulo:
sua independência não é reconhecida nem mesmo pela aliada Companhia das Letras, 2007, p. 91 (adaptado).
Rússia, que mantém algumas centenas de soldados ali há 20 anos.
[...] A xenofobia reflete o colapso ético do fim do século XX e início do
Quase tudo em Transnístria tem a aura do período soviético: século XXI, pois:
blocos de apartamentos mal conservados, a bandeira oficial com a a) incentiva o desrespeito às lutas e movimentos sociais.
foice e o martelo, estátuas de Lenin, ônibus elétricos enferrujados, b) promove a rápida assimilação linguística de grupos minoritários.
viaturas Lada da polícia, militares russos nos postos de fronteiras e c) estimula a hostilidade restrita aos grupos religiosos protestantes.
fábricas cinzentas. d) provoca práticas policiais violentas para o combate à
MAISONNAVE, Fabiano. República fantasma. Folha de S. Paulo, São Paulo, 5 dez.
2011. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 31 dez. 2014. criminalidade.
(adaptado) e) representa uma aceleração da aversão descabida aos
estrangeiros.
A região pouco conhecida da Transnístria pode ser considerada
um exemplo daquilo que está diretamente relacionado. Questão 04
a) à mal distribuição de renda existente entre as nações da União
O colapso e o fim da União Soviética, no princípio da década de
Europeia, que terminam por isolar países menos desenvolvidos.
1990, derivaram, entre outros fatores,
b) a uma consequência direta da crise econômica pela qual a
a) da ascensão comercial e militar da China e da Coreia do Sul, o
União Europeia vem passando desde 2008 e que levou diversos
países a uma falência econômica. que provocou acelerada redução nas exportações soviéticas de
c) ao fato de que o socialismo, presente de forma tão imperiosa armamentos para os países do leste europeu.
durante a Guerra Fria, ainda existe em diversos países da Europa b) da implantação do socialismo nos países do leste europeu e da
tanto ocidental quanto oriental. perda de influência política e comercial sobre a África, o Oriente
d) a um vestígio da antiga Ordem Bipolar durante a Guerra Fria Médio e o sul asiático.
que, após o fim da União Soviética, ainda não conseguiu se c) dos altos gastos militares e das disputas internas do partido
enquadrar em um mundo multipolar. hegemônico, que facilitaram a eclosão de movimentos separatistas
e) a uma nova fase expansionista por parte da Rússia, que busca nas repúblicas controladas pela Rússia.
anexar política, econômica e territorialmente pequenas nações com d) da derrubada do Muro de Berlim, que representava a principal
o objetivo de construir uma nova União Soviética. proteção, por terra, do mundo socialista, o que facilitou o avanço
das tropas ocidentais.
Questão 02 e) da ascensão política dos partidos de extrema direita na Rússia e
Os mapas a seguir revelam como as fronteiras e suas do surgimento de um sindicalismo independente nas repúblicas da
representações gráficas são mutáveis. Ásia.

Questão 05
Sobre a importância e o significado políticos da queda do Muro de
Berlim (nov/1989), assinale a afirmativa CORRETA:
a) A queda do Muro significou a extensão do socialismo para
Berlim ocidental.
b) A queda do Muro foi o primeiro momento no processo de
unificação da Europa.
c) A queda do Muro ampliou o turismo na Alemanha Oriental.
Essas significativas mudanças nas fronteiras de paises da Europa d) A queda do Muro deu início ao processo de reunificação da
Oriental nas duas ultimas décadas do século XX, direta ou Alemanha.
indiretamente, resultaram: e) A crise política provocada pela queda do Muro quase levou as
a) do fortalecimento geopolítico da URSS e de seus países aliados, duas Alemanha à guerra.
na ordem internacional.
b) da crise do capitalismo na Europa, representada principalmente Questão 06
pela queda do muro de Berlim. “No outono de 1989, a expressão revolução de veludo foi cunhada
c) da luta de antigas e tradicionais comunidades nacionais e para descrever uma mudança de regime pacífica, teatral e
religiosas oprimidas por Estados criados antes da Segunda Guerra negociada em um pequeno país da Europa central que não existe
Mundial. mais. Esse rótulo sedutor foi então aplicado de forma retrospectiva

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


206
Aula 35 – O Colapso do Socialismo e o Fim da URSS
aos acontecimentos de importância cumulativa que se conflitos étnicos locais.
desenrolaram na Polônia, na Hungria e na Alemanha Oriental [...]”. d) repúblicas independentes surgiram a partir do desmembramento
TIMOTHY, G. Rebelião a sangue frio. Folha de S. Paulo, 22 nov. 2009. da URSS, como a Estônia, a Lituânia e a Letônia.

O texto acima refere-se ao processo histórico representado pelo Questão 10


a) surgimento, na Europa, do bloco de repúblicas socialistas sob
"A uma Era de Catástrofe, que se estendeu de 1914 até depois da
influência da União Soviética no início da Guerra Fria.
Segunda Guerra Mundial, seguiram-se cerca de 25 ou 30 anos de
b) desmoronamento do bloco de repúblicas socialistas na Europa,
extraordinário crescimento econômico e transformação social, anos
concomitante ao início da crise que conduziu ao fim da União
que provavelmente mudaram de maneira mais profunda a
Soviética.
sociedade humana que qualquer outro período de brevidade
c) conjunto de rebeliões que sacudiram o bloco das repúblicas
comparável. Retrospectivamente, podemos ver esse período como
socialistas da Europa Oriental e foram duramente reprimidas pela
uma espécie de Era de Ouro, e assim ele foi visto quase
União Soviética.
imediatamente depois que acabou, no início da década de 1970. A
d) conjunto de conflitos políticos entre Estados Unidos e União
última parte do século foi uma nova era de decomposição,
Soviética que conduziu, na Europa Central, à construção do Muro
incerteza e crise - e, com efeito, para grandes áreas do mundo,
de Berlim.
como a África, a ex-URSS e as partes anteriormente socialistas da
Europa, de catástrofe."
Questão 07 Fonte: HOBSBAWN, E. "A era dos extremos". Tradução de Marcos Santarrita, São
Nas décadas finais do Séc. XX, a União Soviética passou por uma Paulo: Companhia das Letras, 1995, p.15.
série de transformações que levaram ao fim do socialismo. Essas
mudanças foram marcadas por: Com base no texto é correto afirmar que:
a) acordos de eliminação de mísseis entre as superpotências, a) Os trinta anos de intenso crescimento econômico e
interrompidos com a entrada soviética no Afeganistão em 1988. transformação social, denominado pelo autor do texto de Era de
b) políticas que levaram a uma abertura política e econômica, Ouro, justificam-se pelo processo histórico de grande extração de
conhecidas como glasnost e perestróika. riquezas minerais: ouro, prata e cobre, principalmente da América
c) aprofundamento do processo de distensão e fortalecimento do Latina.
Pacto de Varsóvia. b) A Era de Catástrofe representou para a sociedade humana o
d) fim do monopólio do Partido Comunista, implantação do momento dos grandes problemas advindos da avançada tecnologia
unipartidarismo e instauração de eleições diretas em 1989. do início do século: o afundamento do Titanic, o incêndio do
e) restabelecimento dos Kolkoses e Sovekoses nos campos, dirigível de Hindenburg e as epidemias que atingiram a saúde
abertura do país a empresas estrangeiras e intensificação das pública.
alianças geopolíticas bipolares. c) O intenso crescimento econômico, verificado anteriormente à
Segunda Guerra, é fruto de um processo histórico dos grandes
Questão 08 impérios mundiais que, estabelecendo o liberalismo e a social
democracia, estendeu os seus avanços e direitos ao restante do
Sobre o fim dos regimes socialistas no leste europeu, ocorrido no
mundo.
final do século XX, assinale a afirmativa incorreta:
d) Os impérios coloniais, que se conflagraram mundialmente,
a) as duas Alemanhas reunificaram-se em 1990, após a queda
utilizaram-se reciprocamente da URSS, grande potência científica
simbólica do Muro de Berlim, em 1989;
e militar, no intuito geopolítico de desestruturar as nações africanas
b) em 1993, a antiga Tchecoslováquia dividiu-se em duas
independentes, provocando, desta forma, a grande catástrofe na
repúblicas independentes: a República Tcheca e a Eslováquia;
África.
c) no caso polonês, participação decisiva para a crise do
e) Os últimos anos do século passado apresentaram um processo
socialismo teve o Sindicato Solidariedade, sob a liderança de Lech
de estilhaçamento e desestruturação da ordem vigente devido à
Walesa, que mais adiante terminou sendo eleito presidente do
crise na economia e aos problemas de representação política dos
país;
países da Cortina de Ferro e do continente africano.
d) na Romênia, o ditador Nicolae Ceausescu terminou sendo
fuzilado, juntamente com a esposa dele, na noite de Natal de 1989.
Questão 11
e) a Iugoslávia terminou originando seis repúblicas independentes
em um processo extremamente pacífico, como no caso da "É exatamente esta relação de interdependência entre o aparelho
Tchecoslováquia. partidário e o aparelho de Estado, no controle da economia e da
sociedade, que explica a necessidade de uma transformação
Questão 09 global, envolvendo as instituições políticas e o próprio Estado, a fim
de assegurar a reconstrução da economia. E é isto que diferencia a
Sobre as transformações políticas do Leste Europeu, da URSS e
'perestroika' das reformas econômicas que a precederam. A
do mundo socialista, a partir da década de 1980, é INCORRETO
perestroika, mais que uma reforma econômica, pretende
afirmar que:
reconstruir todo o sistema, promovendo ao mesmo tempo uma
a) na Polônia, o descontentamento com o caráter centralizador da
reforma política e social. O processo foi deslanchado
URSS expressou-se no sindicato Solidariedade e na eleição
concomitantemente com uma abertura democrática ('glasnost')
presidencial do líder sindical Lech Walesa.
que, como a própria 'perestroika', foi se ampliando de modo
b) em 1989, ocorreu a queda do muro de Berlim e a posterior
gradativo ao longo destes anos; e por uma redefinição da política
unificação da Alemanha Ocidental e da Oriental.
exterior da URSS."
c) a Iugoslávia tornou-se a região politicamente mais estável do (POMERANZ, Lenina. "Perestroika: desafios da transformação social na URSS".
Leste Europeu após a separação da URSS, pois superou os São Paulo: Edusp, 1990, p. 14.)

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


207
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA GERAL – Prof. Monteiro Jr.

A chegada ao poder de Mikhail Gorbatchev na extinta União das Questão 14


Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), em 1985, propiciou um Leia o texto a seguir.
forte abalo no regime socialista inaugurado com a Revolução As Revoluções que transformaram a Europa nos três últimos
Russa de 1917. meses de 1989 foram aquele tipo de evento muito raro, de evento
Sobre o tema, é correto afirmar: que realmente abala o mundo. Os esforços para captar a escala
a) Um exemplo marcante das contradições que existiam na URSS desses acontecimentos há muito se transformaram em lugares-
foi o acidente nuclear de Chernobyl, ocorrido em 1986, e que comuns. O terremoto ocorrido no leste, porém, representa mais do
explicitou os problemas do modelo de desenvolvimento soviético. que o colapso de seis regimes (Polônia, Hungria, Alemanha
b) A "perestroika" foi uma reformulação da economia soviética sem Oriental, Bulgária, Tchecoslováquia e Romênia) ou a consequente
grandes repercussões na estrutura social da URSS. reorganização do sistema estatal internacional.
c) A primazia da indústria soviética na área tecnológica, em relação CALLINICOS, A. "A Vingança da História: O Marxismo e as Revoluções do Leste
aos seus rivais capitalistas, foi responsável pelo fracasso da Europeu." Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992.
reestruturação econômica proposta por Gorbatchev.
d) A eficiência do modelo descentralizado de gestão que vigorava Em relação ao processo de desconstituição da União Soviética e
na República Soviética constituiu-se no principal obstáculo para as do Bloco Socialista, é correto afirmar que
transformações preconizadas pela "glasnost". a) o Golpe de Estado que dissolveu a União Soviética em 1987,
e) A principal contribuição das transformações lideradas por comandado pelo então presidente da Rússia, Boris Yeltsin,
Gorbatchev foi a sobrevivência do chamado "socialismo real". desencadeou uma reação em cadeia na qual foram caindo, um a
um, os regimes socialistas da Europa do Leste, encerrando-se o
Questão 12 processo com a famosa queda do Muro de Berlim.
"Uma após outra, as repúblicas declaravam a soberania ou a b) o colapso do Bloco Socialista foi um processo originado nas
independência. Do Báltico ao Cáucaso e à Ásia Central, como num reformas levadas a cabo na própria União Soviética, através das
jogo de dominó, as peças que formavam o monolítico Estado políticas conhecidas como Glasnost e Perestroika, adotadas a
multinacional (...) embarcaram num movimento centrífugo de partir de meados dos anos de 1980.
ruptura e separação. As repúblicas bálticas (...) conseguiram o c) a desintegração das assim chamadas "democracias populares"
reconhecimento de sua independência pelo Ocidente (...) e foi um processo iniciado em novembro de 1985 com uma revolta
ganhavam novos lugares na ONU. Iniciavam-se complexas popular em Berlim Oriental, responsável por derrubar o muro de
negociações, visando à formação de uma nova União". Berlim, e espalhou-se posteriormente para os outros países do
MAGNOLI, Demétrio. "O mundo contemporâneo. Relações internacionais 1945- Bloco dentre os quais a própria URSS.
2000". São Paulo: Moderna, 1996, p. 118. d) as reformas realizados em países, como Polônia e Hungria,
foram responsáveis, em função da íntima vinculação entre os
O texto descreve o colapso e o consequente desaparecimento, em países do Bloco Socialista, por uma reação em cadeia na qual a
1991, da URSS foi obrigada a adotar as políticas reformistas, conhecidas
a) Iugoslávia. como Glasnost e Perestroika, que levaram a sua desintegração.
b) Tchecoslováquia. e) as políticas de reformas conhecidas como Glasnost e
c) União Soviética. Perestroika, desenvolvidas em países do Leste Europeu que
d) República Democrática Alemã. queriam se libertar do jugo da URSS, tiveram um incansável
e) Comunidade de Estados Independentes. adversário em Gorbatschov, o então líder da União Soviética, que
queria impedir a dissolução do Bloco Socialista.
Questão 13
"... a morte da URSS foi a maior catástrofe geopolítica do século. Questão 15
No que se refere aos russos, ela se tornou uma verdadeira A queda do Muro de Berlim provocou não só o fim da Guerra Fria,
tragédia" mas também a instauração de um novo mundo baseado em novas
(Vladimir Putin, presidente da Rússia, abril de 2005) relações econômicas e geopolíticas dominadas pelo capitalismo.
A Nova Ordem Internacional, ou Globalização que se instaurou,
"Para mim, o maior evento do século XX foi o colapso da URSS, conforme a afirmação acima, tem como características
que completou o processo de emancipação das nações" fundamentais:
(Adam Rotfeld, chanceler da Polônia, abril de 2005)
a) o fortalecimento do "Estado de bem-estar", o desenvolvimento
de políticas públicas e a eliminação de barreiras protecionistas
As duas declarações b) o fechamento das fronteiras nacionais ao capital especulativo, o
a) coincidem, a partir de pontos de vistas opostos, sobre a investimento maciço na agricultura e a geração do emprego
importância do desaparecimento da União Soviética. c) a ampliação do papel do Estado protecionista, a criação de uma
b) revelam que a Polônia, ao contrário da Rússia e dos demais ex- moeda-padrão internacional e o fortalecimento das culturas
países do Pacto de Varsóvia, beneficiou-se com o fim da União nacionais
Soviética. d) a busca do "Estado mínimo", a formação de blocos econômicos
c) mostram ainda ser cedo para afirmar que o desaparecimento da supranacionais e a eliminação das barreiras protecionistas
União Soviética não foi historicamente importante. e) a formação de blocos com propósitos belicistas, a intensificação
d) consideram que o fim da União Soviética, embora tenha sido da produção industrial e uma forte barreira ao capital especulativo
uma tragédia, beneficiou russos e poloneses.
e) indicam já ser possível afirmar, em caráter definitivo, que o fim
da União Soviética foi o acontecimento mais importante da história.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


208
História do Brasil
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL

Prof. Márcio Michiles

BRASIL REPÚBLICA FORMAÇÃO POLÍTICA (1889- CORONELISMO


1895) O título de coronel surgiu no período regencial era normalmente
concedido aos grandes fazendeiros que faziam parte da Guarda
A República Velha, ou Primeira República, é o nome dado ao
Nacional. Com a proclamação da república e o fim da Guarda
período compreendido entre a Proclamação da República, Nacional, os coronéis mantiveram o prestigio e o respeito político
em 1889, e a eclosão da Revolução de 1930.
conquistados, atuando como chefes políticos locais. Cultivando a
A República da Espada abrange os governos dos marechais pratica política da troca de favores, eles mantinham sob sua
Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Foi durante a República proteção uma serie de afilhados em troca de obediência total
da Espada que foi outorgada a Constituição que iria nortear as apoiados por ele.
ações institucionais durante a Primeira República. Além disso, o
Essa indução de escolha ficou conhecida como voto de cabresto.
período foi marcado por crises econômicas, como a do
Eram inclusos nas lista de eleitores nomes de pessoas mortas ou
Encilhamento, e por conflitos entre as elites brasileiras, como a
mesmo inexistente, essas práticas eram facilitadas pelo sistema
Revolução Federalista e a Revolta da Armada. eleitoral no qual o voto era aberto. Para votar, o cidadão dirigia-se
A República Oligárquica foi marcada pelo controle político exercido a mesa eleitoral, escrevia o nome de seu candidato, como era fácil
sobre o governo federal pela oligarquia cafeeira paulista e pela elite em quem o eleitor tinha votado, o coronel podia pressiona-lo.
rural mineira, na conhecida “política do café com leite”. Foi nesse POLITICA ECONOMICA
período ainda que se desenvolveu mais fortemente o coronelismo,
garantindo poder político regional às diversas elites locais do país. FUNDING LOAN
O período marca também a ascensão e queda do poder econômico O governo brasileiro continuava passando por uma crise
dos fazendeiros paulistas, baseado na produção do café para a econômica, criando uma nova possibilidade para sair dela, um
exportação. Além disso, os capitais acumulados com a exportação empréstimo para o pagamento dos juros da dívida externa já
do produto garantiram o início da industrialização do país, ao existente, para que os interesses dos cafeicultores não fossem
menos na região Sudeste. abalados.
Essa industrialização proporcionou mudanças na estrutura social CONVENIO DE TAUBATE
brasileira, com a formação de uma classe operária e o crescimento Os oligarcas fizeram o governo contrair empréstimos para a
do espaço urbano. As mudanças políticas e sociais, também conservação dos preços do café no mercado internacional,
conhecidas pelo termo modernização, resultaram ainda em agudos ocorrendo o absurdo da queima das safras e absorção dos
conflitos sociais, tanto no campo, como no caso da Guerra de prejuízos por parte do governo federal, o governo assumiria o
Canudos, quanto nas cidades, como a Revolta da Vacina e as papel da compra do excedente da produção para manter o preço
greves operárias na década de 1910. mas isso nem resolveu o problema da crise do café e ainda criou
um vício, os produtores não diminuíam a produção porque o
A crise das oligarquias rurais e a crise econômica mundial,
governo comprava o excedente.
atingindo profundamente a produção cafeeira, representaram a
agonia da República Velha. A insatisfação com a eleição de Júlio
Prestes, em 1930, deu à elite os motivos para derrubar os
fazendeiros paulistas que estavam no poder, através da Revolução
de 1930. Era o fim da República Velha e o início da Era Vargas.
REPUBLICA VELHA
Enquanto o exército esmagava os focos de descontentamento
armado, os grupos oligárquicos principalmente os cafeeiros
preparavam-se para assumir o controle da república. A partir desse
momento o poder político passou a ser controlado pelas elites
agrarias de Minas Gerais e São Paulo que ficou conhecido como
Republica oligárquica.
Para garantir-se no poder, as elites rurais criaram 3 instrumentos: a
política dos governadores, a política do café-com-leite e a
comissão de verificação. A política dos governadores visava
assegurar um amplo apoio do congresso nacional. O presidente
firmou um acordo com os governadores, eles apoiariam candidatos
fieis ao governo federal e em troca o governo federal não interferia
nas eleições estaduais.
Para viabilizar a política dos governadores o governo federal criou
a comissão de verificação, essa comissão ganhou o direito de
diplomar os candidatos que interessavam e degolar os opositores.
Com o controle do processo político e a consolidação do
compromisso entre os estados e o governo federal além de
economicamente dominantes, eles montaram uma alternância
entre paulistas e mineiros na presidência da república.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
"Voto de cabresto", "curral eleitoral", "eleição a bico de pena", "juiz nosso", "delegado nosso",
"capangas" e "apadrinhamento" são expressões que lembram em nosso país o:
a) liberalismo.
b) totalitarismo.
c) messianismo.
d) coronelismo.
e) comunismo.

Questão 02
Considere os excertos a seguir.
I. "... a classe dos fazendeiros de café se conservava e se eternizava no Governo graças a uma
máquina eleitoral que se estendia por todo o país, mergulhando suas raízes na terra..."
II. "... o Estado (...) é todo ele marcado pelo arbítrio dos governantes contra setores populares que se
organizavam para reduzir a exploração..."
III. "... a política dos governadores permitia às classes dominantes dos Estados mais poderosos (...)
preservar e fortalecer o poder do grupo que dominava o aparelho estatal..."
Os governos da Primeira República Brasileira ficaram conhecidos como oligárquicos, em virtude de
apenas um grupo estar ali representado. Esses governos estão corretamente identificados em
a) apenas II
b) apenas I e II
c) apenas I e III
d) apenas II e III
e) I, II e III

Questão 03
A identificação dos governos da República Velha com os interesses da economia cafeeira pode ser
expressa pelo(a):
a) financiamento, através do Banco do Brasil, para o plantio de novas lavouras, no Encilhamento.
b) estatização das exportações, com o objetivo de garantir os preços, durante a Primeira Guerra
Mundial.
c) adoção de uma política de valorização, reduzindo a oferta do produto, a partir do Convênio de
Taubaté.
d) controle da mão-de-obra camponesa e apoio à imigração, com a Lei Adolfo Gordo.
e) isenção de tributos assegurada no programa de estabilização de Campos Sales.

Questão 04
"Cabo de enxada engrossa as mãos - o laço de couro cru, machado e foice também. Caneta e lápis
são ferramentas muito delicadas. A lida é outra: labuta pesada, de sol a sol, nos campos e nos currais
(...) Ler o quê? Escrever o quê? Mas agora é preciso: a eleição vem aí e o alistamento rende a estima
do patrão, a gente vira pessoa."
(Palmério, Mario. "Vila dos Confins")

Com base no texto é correto afirmar que, na República velha,


a) o predomínio oligárquico, embora vinculado à manipulação do processo eleitoral, estava longe de
estabelecer qualquer compromisso entre "patrão" e empregados.
b) a campanha eleitoral levada a cabo pelos chefes políticos locais visava a atingir, principalmente, os
trabalhadores urbanos já alfabetizados e menos embrutecidos pela "labuta pesada".
c) a transformação operada no trabalhador durante o período eleitoral representava a marca de um
sistema político que estendia o poder dos grandes proprietários rurais, dos "campos e currais", aos
Municípios Às esferas estaduais e federais.
d) o predomínio oligárquico, baseado em favores pessoais, buscava, sobretudo, dissolver os focos de
tensão social e oposição política, representados nas diversas formas de organização dos
trabalhadores rurais naquele momento.
e) o período eleitoral era o único momento em que os chefes locais se voltavam para os seus
subordinados, impondo-lhes seus candidatos e dispensando-os dos trabalhos que "engrossavam as
mãos".

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


210
Aula 15 – Domínio Oligárquico da Primeira República
Questão 05
I. Na primeira República a expressão "socialização de perdas" pode ser aplicada às sucessivas Anotações
compras de excedentes da produção da indústria leve nacional por parte do governo.
II. Apesar de seus limites regionais, a burguesia do café constitui-se numa classe articulada, capaz de
expressar seus interesses através do PRP (Partido Republicano Paulista) e de suas associações de
classe.
III. Controlados por uma elite reduzida, os partidos republicanos decidiam os destinos da política
nacional e indicavam os candidatos à presidência da República.
IV. A República concretizou a autonomia estadual, dando plena expansão aos interesses de cada
região. No plano político, houve a formação de partidos republicanos restritos a cada Estado, sendo
que fracassaram ou tiveram vida efêmera as tentativas de organização de partidos nacionais.
V. A maioria da população brasileira votou, ao longo da Primeira República, para a escolha de seus
representantes junto às Assembléias Legislativas, Câmara do Deputados, Senado e Presidência da
República, sendo que o presidente eleito indicava os Governadores.
Acerca da Primeira República (1889-1930) é correto APENAS o afirmado em
a) I, II e IV.
b) I, III e V.
c) II, III e IV.
d) II, IV e V.
e) III, IV e V.

Questão 06
Recentemente as páginas de um jornal paulista foram ocupadas pela polêmica entre um renomado
filósofo e um conhecido político do nordeste brasileiro. Este último foi apontado por seu debatedor
como sendo praticante de "coronelismo".
A expressão "coronelismo", cunhada na década de 30, no Brasil, diz respeito a uma prática política
que se define
a) pela articulação de governadores dos estados mais poderosos com o objetivo de sustentar algum
candidato ao poder executivo.
b) pelo controle político regional exercido através de favorecimentos e constrangimentos pessoais.
c) pelo comando de "lobbies" no Congresso Nacional com a finalidade de assegurar posições
pessoais.
d) pela aliança de proprietários de terras com setores politizados do Exército.
e) pela utilização de canais de comunicação de massa com objetivos políticos.

Questão 07
Leia o texto.
"Na Bruzundanga, como no Brasil, todos os representantes do povo, desde o vereador até o
presidente da república, eram eleitos por sufrágio universal e, lá, como aqui, de há muito que os
políticos tinham conseguido quase totalmente eliminar do aparelho eleitoral este elemento perturbador
- 'o voto'. Julgavam os chefes e capatazes políticos que apurar os votos dos seus concidadãos era
anarquizar a instituição e provocar um trabalho infernal na apuração porquanto cada qual votaria em
um nome, visto que, em geral, os eleitores têm a tendência de votar em conhecidos ou amigos. Cada
cabeça, cada sentença; e para obviar os inconvenientes de semelhante fato, os mesários de
Bruzundanga lavravam as atas conforme entendiam e davam votações aos candidatos, conforme
queriam. (...) Às vezes semelhantes eleitores votavam até com nome de mortos, cujos diplomas
apresentavam aos mesários solenes e hieráticos que nem sacerdotes de antigas religiões".
(BARRETO, Lima. OS BRUZUNDANGAS. Rio de Janeiro: Ediouro, s/d. p. 65-66)

Todas as alternativas contêm afirmações que confirmam o comportamento eleitoral criticado na sátira
de Lima Barreto, EXCETO
a) O domínio político dos coronéis rurais garantia a mecânica eleitoral fraudulenta operada através do
voto de curral.
b) O interesse das elites agrárias e a exclusão das demais classes sociais da política estavam
garantidos nesse sistema político-eleitoral.
c) O sistema eleitoral descrito como corrupto estava na base da política dos governadores, posta em
prática pelas oligarquias na chamada República Velha.
d) O sistema eleitoral fraudulento foi consolidado, no fim dos anos 20, através da ação decisiva da
Aliança Liberal.
e) O voto de cabresto era uma forma de manipulação do eleitorado seja através da compra de voto
seja através da troca do voto por favores.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


211
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

Questão 08
A POLÍTICA DOS GOVERNADORES, instituída no governo Campos Sales (1898-1902), significou a Anotações
resolução da contradição instituída pela Constituição de 1891.
Essa contradição se dava entre
a) a naturalização compulsória e a livre escolha da cidadania brasileira.
b) a política de valorização do café e a indústria nascente.
c) o bicameralismo e a democracia indireta.
d) o federalismo e o presidencialismo.
e) os presidentes militares e os cafeicultores paulistas.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


212
Aula 15 – Domínio Oligárquico da Primeira República

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 05


Leia, a seguir, um trecho de um discurso pronunciado em 1914,
Questão 01 pelo então senador Rui Barbosa, atacando o governo do marechal
A política dos governadores, introduzida por Campos Sales, teve Hermes da Fonseca, que o havia derrotado nas eleições
como consequência para o processo político da República Velha: presidenciais (Campanha Civilista).
a) o predomínio do poder executivo nas esferas federal, estadual e A sustentação da verdade atualmente, na política brasileira, é um
municipal, consolidando os grupos oligárquicos no poder. verdadeiro trabalho de Sísifo. Toda vez que ela consegue chegar à
b) a redução dos desequilíbrios regionais, graças ao equilíbrio das altura da montanha, conduzida por esforços ingratos da imprensa
forças políticas. ou da tribuna, todos os interesses lhes metem os ombros para fazê-
c) a depuração do processo eleitoral, sendo eliminadas as fraudes la rolar outra vez montanha abaixo, até o seu ponto de partida. Eu
e o voto de cabresto. já não sinto atrações por esses excessos, por este desporto ocioso,
d) o fortalecimento da oposição, através da Comissão Verificadora por estes diálogos estéreis de tribuna, por esta luta de discursos
de Poderes, evitando-se o continuísmo político. ante um auditório indiferente, uma Câmara indissoluvelmente
e) a redução do poder político de paulistas e mineiros, em virtude matrimoniada com o Governo, um país cadavericamente impassível
da pouca expressão econômica deste grupo. a todas as desgraças que o acabam. (...) Tolerância!! Mas que têm
sido estes quarto anos de Governo militar, senão uma época de
Questão 02 privilégios, de exclusivismos, de favores, de nepotismos, de
desigualdades clamorosas em favor dos homens da situação, de
Dos doze presidentes da Primeira República, sete procediam de
perseguições audazes, acintosas, cruentas contra os seus
São Paulo e Minas Gerais. Excetuando-se os dois primeiros, que
antagonistas?
eram militares, apenas três políticos de outros estados chegaram à
Com o auxílio do texto, julgue os itens que se seguem.
presidência. Tal predominância no poder ficou conhecida por:
(1) O início do governo de Hermes da Fonseca foi marcado pela
a) Política de Valorização do Café.
Política das Salvações, apeando do poder muitas oligarquias
b) Política de Salvações.
estaduais; no fim, sob inspiração de Pinheiro Machado, retomou-se
c) Política do Café com Leite.
a prática de apaziguamento entre as elites.
d) Política Jacobinista.
(2) Ao ser derrotado por Hermes da Fonseca, Rui Barbosa
e) Política Populista.
protagonizou um fato único na República Velha: um candidato da
situação perder uma eleição presidencial.
Questão 03
(3) A partir da análise do texto de Rui Barbosa, é correto concluir
Eleição dá despesa: registro de nascimento, que a criançada vai que a revolução de 1930 significou uma ruptura no processo
nascendo e só se registra quando chega a hora de votar, meia histórico brasileiro, alterando radicalmente as práticas políticas
dúzia de retratos, lanche, passagem. Fora a distribuição de existentes no país.
máquinas de costura, empréstimos de vaca com cria pra quem tá (4) Nem só de mudanças se faz a História: em 1999, uma
carecendo de leite, ainda tem matuto querendo ver direito o nome Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para examinar atos do
dos candidatos. Pode não, oxente! (...) Poder Judiciário teve na denúncia da prática de nepotismo uma das
(RIBEIRO, Marcus Venício et alii. Brasil Vivo. Petrópolis, Ed. Vozes, 1992.)
fortes razões para sua constituição.
O mecanismo político existente na "República oligárquica" no Brasil Questão 06
e caricaturado no trecho acima é:
a) Lei de Terras A "Política dos Governadores", iniciada, na República Velha, por
b) voto de cabresto Campos Sales baseava-se no(a):
c) política dos governadores a) domínio das elites oligárquicas estaduais sobre as populações
d) Comissão de Verificação de Poderes rurais, através da repressão violenta às constantes revoltas
armadas.
Questão 04 b) controle exercido pelas oligarquias sobre os oficiais da Guarda
Nacional, os quais influenciavam fortemente a condução da política
A economia brasileira, nas primeiras décadas do século XX, no nacional.
período conhecido como República Velha, pode ser sintetizada em c) elaboração de uma política de correção dos vícios do sistema
duas características: a permanência do café como principal eleitoral, advinda de articulações entre as oligarquias e o governo
atividade econômica do país e o avanço do processo de federal.
industrialização. d) teia de relações políticas ligada ao poder oligárquico, a qual
Assinale a opção que expressa uma ação dos governos partia do presidente e se estendia até os eleitores nos municípios
republicanos relacionada às características apontadas. tutelados pelos coronéis.
a) Adoção de sucessivos mecanismos de sustentação e
valorização dos preços do café. Questão 07
b) Política de diversificação produtiva e regional, beneficiando os
estados cafeeiros. "Certo dia de eleição, na pitoresca cidade de Pacatuba (...) cobriu-
c) Decretação de medidas de protecionismo alfandegário, a favor se de luto uma família de muitos filhos, que ficara na mais negra
da indústria. miséria. O pai fora assassinado depois de uma discussão
d) Livre-cambismo favorecendo a inversão maciça de capitais acalorada, em defesa do chefão político. Tombou o pobre homem,
estrangeiros nas atividades produtivas. que fora arrastado como um autômato para votar, ou por outras,
e) Intervencionismo estatal no setor industrial de bens de consumo. servir (...) ao dono de engenho e senhor de grande prestígio. Mal
sabia assinar o nome (...) uma semana antes recebera um par de
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
213
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

botinas, uma camisa de chita e um chapéu de palha desabado." O Estado de Minas acha-se destinado a representar o mais
O texto, que narra um dia de eleição no período da República importante papel na verificação dos poderes da futura Câmara. A
Velha, refere-se DIRETAMENTE reforma do regimento, ao findar-se a passada legislatura, deu ao
a) à política do café-com-leite e dos governadores. Dr. Vaz de Melo, deputado mineiro, a investidura da presidência
b) ao coronelismo e ao voto de cabresto. interina desta casa do Congresso na próxima sessão. A ele caberá
c) à oligarquia do café e ao curral eleitoral. formar a comissão, à qual incumbe o início, a base dos trabalhos
d) à política dos governadores e ao coronelismo. na verificação dos poderes. É deste ponto de partida que
e) ao curral eleitoral e ao direito de voto do analfabeto. dependerá essencialmente a constituição legítima do mais
importante ramo do Congresso, principalmente se, como presumo,
Questão 08 o presidente interino firmar o prestígio da sua ação preliminar no
Durante a República Velha no Brasil (1889-1930), vigorou o apoio decidido e resoluto da poderosa representação mineira, da
conhecido "voto de cabresto", que se relaciona com, EXCETO: qual ele faz parte".
(Carta de Campos Sales a Silviano Brandão - 8/2/1900, citada em Manuel Ferraz
a) pouca politização das camadas populares rurais e urbanas. Campos Sales, DA PROPAGANDA À PRESIDÊNCIA. Brasília, Ed. Univ. de Brasília,
b) utilização de formas de violência por parte dos coronéis. 1983).
c) votação aberta, permitindo a formação dos "currais eleitorais".
d) predomínio de interesses dos grandes proprietários rurais. "Nesta república monstruosa, onde não há justiça, nem instrução,
e) troca de favores, melhorando as condições de vida dos nem eleição, nem responsabilidades, a bandeira da federação é a
trabalhadores. bandeira negra do corso cobrindo todas as depredações da
pirataria política".
Questão 09 (Martim Soares, O BABAQUARA. SUBSÍDIO PARA A HISTÓRIA DA OLIGARQUIA
NO CEARÁ. Rio de Janeiro, s/ed., 1912).
I. "Para sua 'clientela', isto é, para a massa de agregados que
dispunha de seus favores em troca de absoluta fidelidade, (...) era
Estes são dois documentos relativos à organização política da
cedido terras para o cultivo, ajuda nas doenças, proteção nos
Primeira República. No primeiro documento, o presidente Campos
problemas policiais etc., para os amigos e membros da família, (...)
Sales promove entendimentos com o governador de Minas Gerais
ele distribuía cargos na administração pública, arranjava
no sentido de interferir no processo de verificação de poderes para
empréstimos."
a composição da Câmara dos Deputados. Estabelecido o acordo
II. "As disputas eleitorais também davam origem às chamadas
do governo federal com Minas Gerais e outros importantes estados,
eleições a bico de pena, ou seja, eleições fraudulentas onde se
entrava em Vigor um dos mais importantes acordos políticos da
registravam votos de pessoas que não existiam ou que já haviam
Primeira República - a política dos governadores. O segundo
falecido..."
documento é um pequeno trecho de um vigoroso libelo contra o
predomínio das oligarquias na Primeira República.
Os textos I e II descrevem fenômenos que identificam, no Brasil, o
a) Explique de que forma a política dos governadores contribuiu
a) populismo e a Nova República.
para o fortalecimento das oligarquias estaduais.
b) tenentismo e o Regime Militar.
b) Justifique a indignação do autor do segundo documento por meio
c) mandonismo e o Estado Novo.
de dois exemplos.
d) coronelismo e a República Velha.
e) parlamentarismo e o Segundo Império.
Questão 12
Questão 10 O Convênio de Taubaté, em 1906, inaugurou a primeira política de
valorização do café.
Tratava-se de reduzir o poder das oligarquias nas áreas onde isto
Considere tal política e analise as ocorrências enumeradas a
parecia mais fácil e onde eram mais chocantes as desigualdades
seguir:
sociais. Tendo muitos laços com a política local, não conseguiram
I) manutenção dos lucros em todo o setor cafeeiro nacional e seu
mais do que substituir velhas oligarquias por novas.
reinvestimento na própria cafeicultura;
(Boris Fausto)
II) descompasso entre os padrões de desempenho da cafeicultura
nas distintas regiões produtoras do centro-sul do país;
O texto identifica uma política característica da República Velha e
III) manutenção dos lucros da cafeicultura paulista e diversificação
utilizada pelo governo Hermes da Fonseca, através de
agrícola das demais regiões produtoras de café;
interventores militares. Assinale-a nas alternativas abaixo.
IV) fortalecimento do Partido Republicano fluminense e mineiro.
a) Política do Café com Leite
Dentre estas ocorrências, as que são consequências da política
b) Política de Valorização do Café
mencionada estão indicadas por:
c) Política das Salvações
a) I e II d) II e III
d) Política dos Governadores
b) I e III e) III e IV
e) Política de Parceria
c) I e IV
Questão 11
Questão 13
"Espero que a representação mineira, correspondendo aos nobres
"Diante do meu charuto muito doutor de lei ficou menor do que um
intuitos de V.Ex.a., virá trazer o importante concurso do seu apoio
anão de circo de cavalinho"
para a realização da grande obra que o meu governo tem em mãos (Ponciano de Azeredo Furtado, personagem criado por José Candido de Carvalho,
e que, felizmente, para levá-lo a conclusão, não carece senão da em O CORONEL E O LOBISOMEM).
firmeza dos bons elementos que constituírem o futuro Congresso. Tomando como referência o texto, identifique o fenômeno nele
(...) retratado e explique suas raízes e permanências.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
214
Aula 15 – Domínio Oligárquico da Primeira República
Questão 14
"Entendi que não era lícito assistir indiferentemente a esta luta
[política na Câmara Federal], cujos resultados poderiam acarretar a
ruína da República. Dirigi-me para este fim aos governadores dos
Estados, onde reside iniludivelmente a força política deste regime.
(...) Outros deram à minha política a denominação de Política dos
Governadores. Teriam acertado se dissessem Política dos
Estados."
(Campos Sales: DA PROPAGANDA À REPÚBLICA)

A partir do texto acima, explique o fenômeno político denominado


"Política dos Governadores" e relacione algumas de suas
consequências para a República Velha.

Questão 15
Qual a situação econômica do Brasil quando Campos Sales
assumiu a presidência? Que medidas adotou frente a esta
situação?

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


215
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL

Prof. Márcio Michiles

CONFLITOS SOCIAIS NA PRIMEIRA REPÚBLICA perseguidos pelas patrulhas volantes das policias estaduais, essas
forças agiam com tanta brutalidade quanto os cangaceiros, e no
(1889-1914) meio da luta quem mais sofria eram os sertanejos.
GRUPOS SOCIAIS E CRISE DA REPUBLICA VELHA URBANOS
REVOLTAS RURAIS REVOLTA DA VACINA
CANUDOS No mandato de Rodrigues Alves foi articulado um programa de
Canudos representou um movimento messiânico, ligado ao reurbanização do Rio de Janeiro, objetivando transformar a então
catolicismo popular, sob a liderança de Antônio Conselheiro, que capital em um cartão postal internacional. Com a destruição de
significava para os nordestinos uma saída, diante do panorama de casebres e cortiços principalmente no centro da cidade, para
profunda miséria e opressão do coronelismo. Antônio Conselheiro aumentar as tensões foi implantada a lei de vacinação obrigatória.
fazia oposição a separação entre a Igreja e o Estado, e ao fato do O desconhecimento sobre o efeito da vacina, mais a imoralidade
Estado estar desempenhando funções que eram da Igreja. de sua aplicação somado ao autoritarismo do governo com as
Conselheiro nunca foi monárquico mas defendia a princesa Isabel reformas urbanas, provocou a revolta da Vacina.
como a protagonista da abolição, além de defender o
REVOLTA DA CHIBATA
sebastianismo.
No governo de Hermes da Fonseca eclodiu a revolta da Chibata,
O movimento acabou representando uma ameaça para a Igreja
causada pela combinação de diferentes fatores que geraram o
pelo fato de retirar parte dos fieis do controle do clero, e batia de
caos na marinha brasileira, os baixos salários, os castigos
frente com os interesses dos fazendeiros por tirar mão-de-obra e
corporais, a péssima alimentação além das humilhações pela
eleitores dos seus currais eleitorais.
condição da maioria dos marinheiros serem pobres e negros.
Depois de intensas batalhas e de incrível resistência, a quarta
Os marinheiros liderados por Joao Candido, o mestre-sala dos
expedição conseguiu que a comunidade fosse exterminada mas
mares, tornaram o encouraçado Minas Gerais, ameaçando
sua existência foi depois mantida pela Os Sertões de Euclides da
bombardear o Rio de Janeiro. Foram rendidos depois de um
Cunha.
acordo falso na cadeia tentaram um motim e foram condenados.
CONTESTADO
A região do Contestado era disputada por Santa Catarina e Paraná
devido a rica floresta e a extensa plantação de erva-mate. A área
atraiu grandes companhias, que expulsavam os posseiros locais. A
situação agravou-se com a construção de um trecho de uma
estrada de ferro São Paulo-Rio Grande do Sul. No final da obra,
grande parte dos trabalhadores contratados tinha o projeto de
permanecer na região.
A multiplicação de trabalhadores sem-terra criou um clima propicio
a agitações e conflitos. Foi nesse contexto que surgiu Miguel
Boaventura ex-soldado conhecido como monge Jose Maria. Beato
e curandeiro, o monge ajudava os caboclos e pregava uma
sociedade igualitária. No povoado de Taquaruçu ele organizou um
grupo chamado Os doze pares da França mais tarde criou a
Monarquia Celeste, seu proposito era resistir aos que pretendiam
expulsar a população cabocla, que seguiu i líder na promessa da
justiça divina.
Os primeiros choques armados ocorreram em 1912, de um lado os
pelados, os soldados da Monarquia Celeste e do outro os peludos,
que eram os jagunços contratados pelas empresas, policiais e
soldados do exército. Apesar de inferior em armas a irmandade
cabocla resistiu até 1915. A guerra matou mais de 6 mil pessoas e
estendeu-se por mais de 20 mil quilômetros.
CANGAÇO
O movimento do cangaço teve início no final do século XIX, e
estendeu-se até meados da década de 1940, os cangaceiros
integravam grupos armados violentos, que sobreviviam por meio
de saques e pilhagens. Em geral, homens e mulheres do sertão
que aderiram para fugir da miséria ou para vingar-se de alguém
poderoso.
Os primeiros bandos de cangaceiros atuavam vinculados as
ordens de um coronel, na defesa de seus interesses, mais tarde
formaram-se grupos independentes. Os cangaceiros eram

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


Aula 16 – Conflitos Sociais na Primeira República
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
"Não é por acaso que as autoridades brasileiras recebem o aplauso unânime das autoridades
internacionais das grandes potências, pela energia implacável e eficaz de sua política saneadora [...].
O mesmo se dá com a repressão dos movimentos populares de Canudos e do Contestado, que no
contexto rural [...] significavam praticamente o mesmo que a Revolta da Vacina no contexto urbano".
(Nicolau Sevcenko. "A revolta da vacina".)

De acordo com o texto, a Revolta da Vacina, o movimento de Canudos e o do Contestado foram vistos
internacionalmente como
a) provocados pelo êxodo maciço de populações saídas do campo rumo às cidades logo após a
abolição.
b) retrógrados, pois dificultavam a modernização do país.
c) decorrentes da política sanitarista de Oswaldo Cruz.
d) indícios de que a escravidão e o império chegavam ao fim para dar lugar ao trabalho livre e à
república.
e) conservadores, porque ameaçavam o avanço do capital norte-americano no Brasil.

Questão 02
"Na manhã do dia seis
Canudos foi destruída
Com bombardeios e incêndios
Não ficou nada com vida
Dizem que o Conselheiro
Tinha morrido primeiro
Na Belo Monte querida"
(FRANÇA, Antônio Queiroz de e RINARÉ, Rouxinol do. "Antonio Conselheiro e a Guerra de Canudos." Fortaleza, Tupynanquim,
2002, p 32.)

Em relação aos movimentos como o de Canudos é correto afirmar que:


a) foram movimentos que se limitaram às regiões Norte e Nordeste do Brasil, marcadas pela presença
dos latifúndios.
b) foram movimentos sem grande repercussão, visto que se situavam no campo e a maior parte dos
trabalhadores do país encontrava-se nas cidades.
c) no campo o domínio dos coronéis era absoluto, e esses movimentos sociais tiveram que se
disfarçar como um movimento de conteúdo religioso, para evitar a repressão.
d) foram movimentos nos quais se combinavam conteúdos religioso e social, pois questionavam o
poder das autoridades civis e religiosas.
e) foram movimentos de conteúdo exclusivamente religioso, marcados pelo fanatismo, reprimidos por
Pedro II e pelos republicanos que se esforçavam para construir um país civilizado.

Questão 03
Veja a tabela a seguir:
Mortalidade pelas Principais Moléstias Transmissíveis
Rio de Janeiro (DF) - 1886-1910

(Damazio, Sylvia. "Retrato Social do Rio de Janeiro na Virada do Século", RJ, UERJ,1996.)

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


217
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

I - Rodrigues Alves (1902-1906) adotou uma política de saúde, com base nas reformas de Pereira
Passos e na participação de Oswaldo Cruz, o que fez diminuir a mortalidade pelas doenças
transmissíveis.
Anotações
II - As reformas sanitárias e as campanhas de vacinação, realizadas por Oswaldo Cruz, não tiveram
efeito positivo na queda da mortalidade.
III - A mortalidade por moléstias transmissíveis não sofreu uma queda percentual progressiva.
IV - A ação governamental concentrou esforços no combate à febre amarela.
Podemos afirmar que a opção correta é:
a) I e IV
b) III e II
c) IV e III
d) I e III
e) II e IV

Questão 04
Comparando-se os movimentos sócio-político-religioso de Canudos e do Contestado, semelhanças e
diferenças podem ser estabelecidas.
A respeito do tema, assinale a alternativa correta.
I - Ambos tinham ideologia definida no que se refere à propriedade privada da terra, que consagravam.
II - Ambos apresentam-se como reflexo do determinismo geográfico, tendo em vista a aridez do solo,
sua pequena fertilidade e prolongadas secas.
III - Enquanto os rebeldes de Canudos mostravam-se simpáticos à forma de governo republicana
instalada pouco tempo antes, no Contestado essa simpatia era ainda mais ampliada.
IV - Os dois movimentos foram finalmente derrotados por tropas do exército.
V - O misticismo, sob a forma de um catolicismo em que ocorria a ausência de sacerdotes na vida
comunitária, estava presente nos dois movimentos de contestação à República Oligárquica.
Estão corretas:
a) II, III e V
b) I, III e IV
c) apenas III e IV
d) apenas IV e V
e) apenas I e II

Questão 05
Em 1904, o governo brasileiro decretou a vacinação obrigatória contra a varíola, suscitando tensões
sociais na cidade do Rio de Janeiro. Nesse contexto histórico emergiu um movimento popular
conhecido por Revolta da Vacina, cujos anseios acabaram se traduzindo numa luta contra
a) o movimento grevista dos funcionários dos postos de saúde, que impedia a população pobre de
tomar a vacina.
b) a cobrança do imposto sindical e a modernização patrocinada pelos cafeicultores nas regiões
centrais da cidade do Rio de Janeiro.
c) o alto custo de vida, o desemprego, a falta de liberdade política, a opressão do poder público e a
demolição dos cortiços naquela cidade.
d) o presidente do Congresso Nacional que aprovou a lei da vacina, mas não garantia a sua aplicação
para toda a população.
e) as fábricas que produziam as vacinas, em razão da desorganização da distribuição do medicamento
aos postos de saúde.

Questão 06
Leia este texto referente ao Arraial de Canudos:
O arraial foi crescendo num ritmo espantoso, à custa tanto da vizinhança, quanto de pontos
longínquos do sertão: de Pernambuco, do Piauí, do Ceará, de Alagoas, de Sergipe, de Minas Gerais e
até de São Paulo. A zona nordestina, porém, dava-os em maior quantidade e a mais atingida pelo
êxodo era a região das secas e das fazendas de criação. No seu apogeu calculava-se em oito mil a
quantidade de habitantes do Império de Monte Belo. Sua composição era heterogênea [...] Tipos
físicos os mais diversos; raros os brancos puros, os negros puros; em grande e maioria toda sorte de
mestiços [...] Econômica e socialmente eram em sua maioria indivíduos de algumas posses.
(QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. "O messianismo no Brasil e no mundo". São Paulo: Alfa-Omega, 1976. p.229-230.)

Com base na leitura desse trecho, é INCORRETO afirmar que o temor dos proprietários de terra e das
autoridades políticas com a movimentação em torno de Antônio Conselheiro relacionava-se

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


218
Aula 16 – Conflitos Sociais na Primeira República
a) à desestabilização social e política associada à adesão de famílias de criadores e sitiantes, que não
relutavam em se desfazer de seus bens para se juntar ao Conselheiro.
b) à fuga de mão-de-obra das fazendas, com a consequente adesão de famílias inteiras, que
Anotações
migravam para o arraial com o objetivo de ir viver junto com o "messias".
c) à prosperidade econômica do arraial, que crescia e se transformava num centro comercial ativo,
devido à concentração de pessoas que vinham de todas as partes.
d) ao desvio crescente de recursos financeiros dos grupos industriais emergentes da região de
Canudos para outras partes do País, onde não havia ameaça de convulsão social.

Questão 07
A submissão do trabalhador rural ao poder do violento chefe local, "coronel", a expulsão de posseiros,
a política opressora, o isolamento das culturas rústicas, geraram na Primeira República movimentos
místicos que foram dizimados pelo governo republicano. Identifique estes movimentos nas alternativas
abaixo.
a) Revoltas de Chibata e Quebra Quilos.
b) Revoltas de Canudos e Contestado.
c) Revoltas de Armada e Federalista.
d) Revoltas de Vacina e Tenentista.
e) Intentona Comunista e Greve Geral de 1917.

Questão 08
Na República Velha, pobres, marginais, desempregados, filhos rebeldes eram praticamente forçados a
ingressar na Marinha, onde não podiam dar baixa antes de 15 anos de serviço; sujeitos a trabalho
pesado, disciplina rigorosa, castigos físicos. Tais fatos provocaram a revolta liderada pelo marinheiro
João Cândido, conhecida por:
a) Revolta da Vacina.
b) Revolta do Contestado.
c) Revolta de Juazeiro.
d) Revolta da Chibata.
e) Revolta do Caldeirão.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


219
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 06


No início da República, ocorreram vários movimentos na zona rural
Questão 01 brasileira, identificados como banditismo social, revolucionarismo e
"Todos esses pobres seres tristes vivem do cisco, do que cai nas milenarismo. Dentre eles destacam-se:
sarjetas, dos ratos, dos magros gatos dos telhados, são os heróis 01) A "Guerra do Contestado", ocorrida numa região disputada
da utilidade, os que apanham o inútil para viver, os inconscientes pelos Estados do Paraná e de Santa Catarina, em que muitas
aplicadores à vida das cidades daquele axioma de Lavoisier - nada famílias de posseiros lutaram para não perder suas terras e para
se perde na natureza". não serem expulsas da região.
(João do Rio, citado por SEVCENKO, Nicolau. "Literatura como Missão: 02) A "Guerra dos Emboabas", que se travou na divisa de São
tensões sociais e criação cultural na Primeira República." São Paulo): Brasiliense, Paulo com Minas Gerais, por causa de uma região rica em ouro,
1999, p. (60). provocando a morte de muitos colonos.
04) A "Revolução Farroupilha", ou "Guerra dos Farrapos", ocorrida
A partir do cenário descrito, justifique o episódio da Revolta da no Rio Grande do Sul, que durou dez anos, unindo classes
Vacina, ocorrido no Rio de Janeiro na Primeira República. dominantes e mobilizando massas rurais.
08) O movimento de "Canudos", liderado pelo beato Antônio
Questão 02 Conselheiro, que, após percorrer várias regiões do Nordeste, fixou-
Caracterize os objetivos das reformas ocorridas na gestão do se na Comarca de Belo Monte, na Bahia, e aí organizou uma
prefeito Pereira Passos no início do século XX. experiência comunitária autônoma, provocando a reação dos
coronéis, que exigiram a intervenção do Governo Federal e a
Questão 03 destruição de "Canudos."
"Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu
até o esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, quando Soma ( )
caíram os seus últimos defensores, que morreram. Eram quatro
apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, à frente dos Questão 07
quais rugiam raivosamente cinco mil soldados." Euclides da Cunha, "Restauração e Antônio Conselheiro tornam-se sinônimos, pois
"Os Sertões". ambos surgem como antípodas de republicanismo e jacobinismo.
Este fato aconteceu em outubro de 1897 e tem uma relação direta Os jornais são os maiores veículos desta propaganda imaginativa,
com a existência do latifúndio. Analise: de conseqüências trágicas"
(0) Os latifundiários se apropriaram do poder a República devido à (Edgar Carone. "A República Velha".)
fraqueza e à debilidade da burguesia nacional.
(1) Canudos foi um levante camponês mesclado de fanatismo A citação relaciona-se a:
religioso. a) Monarquismo e Guerra de Canudos.
(2) As classes dominantes ligadas ao latifúndio sentiam-se b) Federalismo e Revolução Farroupilha.
horrorizadas pela quebra do monopólio da terra e exigiam do c) Revolução Federalista e Proclamação da República.
governo republicano uma ação repressiva definitiva. d) Deposição de D. Pedro II e Abolição.
(3) A posição do exército diante de Canudos revelou o grau de e) Guerra do Paraguai e Questão Militar.
deterioração a que esta instituição fora submetida pelas forças que
sucederam a Floriano Peixoto. Questão 08
(4) O movimento de protesto que surgiu em Canudos, liderado por "Não se pode refletir sobre o lugar da violência na história
Antônio Conselheiro, visava exclusivamente a volta da monarquia. brasileira, sem destacar três tipos de movimentos sociais que, em
épocas diferentes, se manifestaram em conflito com os governos:
Questão 04 as revoltas dos negros, os movimentos messiânicos e o
No final do século passado, a "Guerra de Canudos" foi um(a): banditismo."
01. movimento messiânico no Nordeste brasileiro. (Henri H. Keith, CONFLITO E CONTINUIDADE NA SOCIEDADE BRASILEIRA.)
02. movimento messiânico no Rio Grande do Sul.
04. movimento comandado por Antônio Conselheiro. a) Relacione os nomes de Zumbi, Antônio Conselheiro e Lampião
08. tentativa isolada de retorno à Monarquia. aos nomes dos movimentos sociais que lhes correspondem.
16. revolta que enfrentou diversos contingentes do exército b) Caracterize, sucintamente, o movimento social em que se
brasileiro até ser dominada. destacou Antônio Conselheiro.

Questão 05 Questão 09
No final do século XIX e no início do século XX, ocorreu, no oeste Em março de 1897, assim se pronunciou o jornal carioca O PAIZ
de Santa Catarina e do Paraná, o conflito conhecido como Guerra sobre o movimento de Canudos:
do Contestado. Algumas de suas causas foram: "O que de um golpe abalava o prestígio da autoridade constituída e
01. surgimento de líderes religiosos carismáticos. abatia a representação do brio de nossa pátria no seu renome, na
02. criação de novos municípios, como Mafra e Porto União. sua tradição e na sua força era o movimento armado que, à sombra
04. conflito de fronteiras entre Brasil e Bolívia. do fanatismo religioso, marchava acelerado contra as próprias
08. construção da ferrovia São Paulo-Rio Grande do Sul. instituições (...).
16. a revolução de 1893 em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Não há quem a esta hora não compreenda que o monarquismo
revolucionário quer destruir (...) a unidade do Brasil."
(citado por Euclides da Cunha em OS SERTÕES)

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


220
Aula 16 – Conflitos Sociais na Primeira República
a) Quais os temores existentes no Brasil com relação ao partida para OS SERTÕES.
movimento de Canudos? e) O exército brasileiro utilizou, para reprimir o movimento, o que
b) Que motivos levaram os sertanejos da Bahia a aderirem àquele havia de mais moderno, na época, em armamentos, como canhões
movimento? Krupp e bombas de dinamite.

Questão 10 Questão 14
"O bandido social é, em geral, membro de uma sociedade rural e, "Em abril de 1897 organizou-se a chamada 4ª Expedição, sob o
por razões várias, encarado como proscrito ou criminoso pelo comando do General Arthur Oscar de Andrade Guimarães. Desde
Estado e pelos grandes proprietários. Apesar disso, continua a que essa tropa - uma poderosa máquina de guerra - foi posta em
fazer parte da sociedade camponesa de que é originário e é funcionamento, até outubro do mesmo ano, quando Canudos foi
considerado herói por sua gente, seja ele um justiceiro, um arrasada, 8 mil homens lutaram contra os conselheiristas, usando o
vingador, ou alguém que rouba dos ricos." mais moderno equipamento".
(Carlos Alberto Dória, SAGA. A GRANDE HISTÓRIA DO BRASIL) (Douglas T. Monteiro. "UM CONFRONTO ENTRE JUAZEIRO,
CANUDOS E CONTESTADO". IN. HISTÓRIA GERAL DA CIVILIZAÇÃO
BRASILEIRA. O BRASIL REPUBLICANO; SOCIEDADE E INSTITUIÇÕES (1889 -
Utilizando a definição anterior, explique o movimento do cangaço
1930), Tomo III, 2º vol. Rio de Janeiro - São Paulo. Difel. 1977, p. 61.)
brasileiro.
A partir do texto, explique o movimento de Canudos levando em
Questão 11 consideração os conceitos de Messianismo e Mandonismo Local.
A República Brasileira, na última década do Século XIX, caminhava
para a consolidação da oligarquia dos coronéis-fazendeiros. A crise Questão 15
econômico-financeira agravava as condições de vida na cidade e "O nome CANGAÇO vem do conjunto de armas carregadas por
no campo. A rebelião de Canudos pode ser entendida como homens que prestavam serviços de proteção e defesa a chefes
movimento de: políticos locais. Suas armas eram tantas que pesavam sobre seus
a) hesitação dos mandatários políticos em desfechar medidas ombros como pesa a CANGA sobre o pescoço do boi. Daí o nome
repressivas contra a gente oprimida. CANGACEIROS. Entretanto, nem sempre estiveram à disposição
b) tensão social agravada pela expulsão dos camponeses que dos chefes políticos locais".
atuavam nas frentes pioneiras catarinenses e paranaenses. Responda:
c) resistência da população sertaneja contra a estrutura agrário- a) Qual era a zona de ação do cangaço?
latifundiária e as medidas repressivas oficiais. b) Por que surgiu esse fenômeno social?
d) descontentamento dos fanáticos que buscavam efetivar práticas c) Quais acontecimentos e transformações estruturais concorreram
liberais burguesas. para seu fim?
e) rebeldia dos jagunços que se opunham à rede de açudes e às
campanhas de combate às secas.

Questão 12
"...o maior líder sertanejo do Brasil e comandante do maior e mais
importante movimento camponês de luta pela posse da terra e de
resistência à opressão dos latifundiários da história brasileira."
A frase acima refere-se a:
a) Manoel Vinagre, líder da Cabanagem.
b) Francisco Sabino Alvares da Rocha Vieira, líder da Sabinada.
c) Raimundo Gomes, líder da Balaiada.
d) Antonio Conselheiro, líder de Canudos.
e) Luis Carlos Prestes, líder Tenentista.

Questão 13
Em 1893, o peregrino Antônio Conselheiro se instalou, com seus
seguidores, na fazenda abandonada de Canudos, às margens do
rio Vaza-Barris, no nordeste da Bahia.
Todas as alternativas apresentam afirmações corretas sobre o
movimento de Canudos, EXCETO
a) A República proclamada em 1889 mostrou a sua face ditatorial
na crueza com que massacrou Canudos, onde praticamente não
deixou sobreviventes.
b) Belo Monte ou Canudos foi criado como refúgio sagrado contra
as secas da região e as leis seculares da República.
c) Canudos se destacou, entre outros movimentos messiânicos da
época, pela oposição frontal à Monarquia e pela adoção da
República como sistema de governo.
d) Euclides da Cunha, enviado ao front como correspondente de O
Estado de São Paulo, escreveu uma série de reportagens, ponto de

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


221
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL

Prof. Márcio Michiles

CRISE DA PRIMEIRA REPUBLICA E A REVOLUÇÃO levantes como o episodio dos 18 do Forte de Copacabana, a
revolução tenentista de São Paulo e Rio Grande do Sul.
DE 30 (1914-1930)
Depois de rebeliões tenentistas fracassadas, os participantes
POLITICA EXTERNA uniram suas forças e formaram a Coluna Prestes, um
O Brasil ganhou um novo referencial ao criar o cargo de diplomata, destacamento militar que atravessou mais de 24 mil quilômetros do
o Barão do Rio Branco foi o pioneiro. Em 1903, foi assinado o território brasileiro, escapando a sucessivos cercos das policias,
Tratado de Petrópolis, que oficializava a anexação do Acre, em tropas estaduais e federais.
troca o governo brasileiro indenizaria monetariamente e construiria O caráter elitista dos tenentes impediu que os integrantes do grupo
uma ferrovia. fossem aclamados pela descontente com a ordem vigente, como
Em 1906, o Rio de Janeiro sedia a Terceira Conferencia Pan- líderes e representantes populares.
Americana, aproximando o Brasil de relações cordiais com a REVOLUÇAO DE 30
América Latina e os EUA.
A crise dos anos 20 principalmente depois da crise de 29, agravou
O fato de maior relevância da política externa foi a entrada do a política interna dividindo as oligarquias, segundo o esquema
Brasil na Primeira Guerra Mundial, motivada pelo afundamento de café-com-leite, inesperadamente, o presidente Washington Luís
navios brasileiros. O que fez nosso país romper relações preferiu apoiar para seu sucessor outro paulista ao invés de indicar
diplomáticas com a Alemanha. Nossa participação no conflito foi o um mineiro como era de regra.
fornecimento de alimentos, envio de médicos, um corpo de
Descontentes, as elites mineiras romperam com o governo e
aviadores e a presença de nossa marinha no patrulhamento do
aliaram-se aos políticos do Rio Grande do Sul, Paraíba e grupos de
Atlântico Sul.
oposição de outros estados e formaram a Aliança Liberal. Foi
QUESTAO OPERARIA lançado a candidatura de Getúlio Vargas a presidência e Joao
Em 1906, com a criação da Confederação Operaria Brasileira que Pessoa a vice. A campanha ocorreu em um clima de tensão, com
buscava reunir os trabalhadores para reivindicarem justiça social agressões verbais e até choques armados, mas a força política do
diante da condição de trabalho que estavam submetidos, os governo deu vitória ao candidato paulista.
patrões começaram a combater as organizações operarias e a Alguns líderes da Aliança Liberal estavam conspirando, quando
produção de revistas e jornais. Joao Pessoa foi assassinado por um de seus adversários na
É nesse contexto que nasce a Lei Celerada, uma lei de repressão política paraibana. Surgiu o boato de que Washington Luís tinha
ao anarquismo autorizando a expulsão de líderes operários do encomendado o crime, foi o estopim da rebelião.
Brasil. Os choques entre as tropas federais e os revoltosos se espalharam
POLITICA INTERNA por todo o país, as próprias forças governamentais aconselhavam
Washington a reconhecer a derrota e renunciar.
Uma das políticas mais notáveis foi a criação do Serviço de
Proteção ao Índio, defendendo que os índios poderiam viver
segundo os seus costumes, o que acabou levando a preservação
de várias comunidades indígenas.
No governo de Hermes da Fonseca foi criada a Política das
Salvações, esta derrubava as oligarquias regionais contrarias ao
governo federal, em outras palavras, não poderiam ser oposição ao
executivo federal, pois se corria o risco de ser acusado de
confabular fraudes e, portanto ser destituído da governabilidade da
política dos governadores.
A semana de arte moderna pregava a ruptura com a república,
ousava arquitetar uma produção cultural alicerçada nos valores
nacionais. O movimento verde-amarelo esboçava um nacionalismo
exacerbado, acabou estimulando politicamente o fascismo no
Brasil. O movimento antropofágico, buscava utilizar os padrões
culturais diferentes e transforma-los em valores nacionais.
TENENTISMO
No contexto da republica oligárquica, o movimento tenentista
expressou o inconformismo político dos setores médios urbanos
contra a ordem oligárquica. Ao mesmo tempo que reclamava os
baixos salários e sua marginalização política. Eles exigiam voto
secreto e o fim da corrupção oligárquica.
A insatisfação militar começou a vir a tona com a campanha
eleitoral de 22, publicação de cartas falsas atribuídas a Arthur
Bernardes insultando o exército. Bernardes venceu as eleições o
que era já previsível sendo ele o candidato das oligarquias. Os
militares opositores a política do café-com-leite, realizaram vários

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


Aula 17 – Crise da Primeira República e Revolução de 30
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Se no interior das fábricas e estabelecimentos de trabalho a situação era árdua para os proletários de
então, a vida cotidiana fora das fábricas não era menos sofrida.
Mesmo em São Paulo e no Rio de Janeiro, os salários operários nas primeiras décadas republicanas
revelaram um pobre poder aquisitivo, um pequeno poder de compra. Isso pode ser constatado não só
através da manutenção de padrões alimentares deficientes e inadequados; a baixa qualidade
habitacional, os precários níveis de saúde e higiene, o exíguo e modesto vestuário, as pequenas
possibilidades de instrução, o escasso tempo de lazer também podem atestar a vida difícil da classe
operária em seus primeiros tempos de existência.
O modo de vida do operariado e das camadas mais pobres da população era bastante semelhante, o
que possibilitou, pelo menos nas cidades mais industrializadas do país, sua união em tomo de
interesses e objetivos comuns desde os primórdios da atividade industrial.'
DECCA, Maria Auxiliadora Guzzo de. Indústria, trabalho e cotidiano: Brasil 1889 a 1930. p. 14-16.

Questão 01
O tema central do texto refere-se:
a) ao mundo das fábricas no Brasil até 1930, destacando o cotidiano na vida dos trabalhadores.
b) à organização do movimento operário no Brasil, no período que antecede a Era Vergas.
c) à exploração do trabalho infantil em substituição ao trabalho adulto nas fábricas brasileiras.
d) às dificuldades do operariado frente ao empresariado, devido à falta de organização sindical.
e) à expansão da atividade industrial no Brasil a partir da crise da economia agrário-exportadora.

Questão 02
Sobre as condições de trabalho do operariado brasileiro no período anterior a 30, é correto afirmar
que, EXCETO:
a) não há legislação social, garantindo os direitos trabalhistas aos operários.
b) os baixos salários dos trabalhadores urbanos reduzem o seu poder de compra.
c) os regulamentos das fábricas objetivam a disciplina e a produtividade do trabalho.
d) a vida dos operários e da população urbana é motivo para sua organização social.
e) as mulheres operárias são discriminadas e excluídas dos direitos trabalhistas.

Questão 03
Sobre o cotidiano dos trabalhadores nas vilas operárias, é correto afirmar que, EXCETO:
a) os operários, nessas vilas, vivem a extensão da vida das fábricas.
b) a empresa exerce forte controle sobre a vida privada dos trabalhadores.
c) a igreja faz parte das instituições responsáveis pela submissão do operariado.
d) as instituições como a creche e a escola estão a serviço do empresariado.
e) o lazer é a forma encontrada pelo operariado para burlar a vigilância do patrão.

Questão 04
Sobre o Movimento Tenentista é correto afirmar:
01. o tenentismo foi o braço armado do movimento comunista na República Velha.
02. as revoltas tenentistas ocorreram principalmente em Mato Grosso e Bahia.
04. o tenentismo tem sua origem no descontentamento militar com a política oligárquica.
08. a ideologia política do tenentismo pode ser classificada como conservadora e elitista.
16. o tenentismo expressou os anseios do movimento operário na Primeira República.

Soma ( )

Questão 05
Ao negar apoio à Aliança Liberal, Luís Carlos Prestes manifestava-se a respeito do movimento
contestatório, nos seguintes termos:
"Mais uma vez os verdadeiros interesses populares foram sacrificados e vilmente mistificado todo um
povo por uma campanha aparentemente democrática, mas que no fundo não era mais que uma luta
entre os interesses contrários de duas correntes oligárquicas."
Prestes referia-se ao movimento que ficou conhecido como:
a) Revolução de 1964. d) lntentona Comunista.
b) Revoltas Tenentistas. e) Ação lntegralista.
c) Revolução de 1930.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


223
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

Questão 06
É um homem calmo numa terra de esquentados. Um disciplinador numa terra de indisciplinados. Um Anotações
prudente numa terra de imprudentes. Um sóbrio numa terra de esbanjadores. Um silencioso numa
terra de papagaios.
(Érico Veríssimo)

A descrição refere-se ao líder da Revolução de 1930, Getúlio Vargas, que chegou ao poder através:
a) da vitória nas urnas sobre o candidato oficial Júlio Prestes.
b) do movimento armado, que se seguiu a derrota da Aliança Liberal nas eleições, agravada pelo
assassinato de João Pessoa.
c) da coluna Prestes e do apoio incondicional à liderança tenentista.
d) da formação de um grupo homogêneo, composto de novas lideranças políticas e sem vínculos com
as velhas oligarquias.
e) da definição de uma política voltada exclusivamente para o setor agrário, atingido pela crise do café.

Questão 07
A Revolução de 1930 marcou o fim da República Velha e inaugurou uma nova forma de atuação do
Estado frente às transformações da sociedade brasileira, como exemplifica o
a) atendimento de demandas de diferentes setores sociais como operários e empresários.
b) afastamento do Estado da gestão da economia.
c) abandono dos setores produtores agrícolas tradicionais.
d) controle da alta hierarquia militar sobre os principais órgãos estatais.
e) apoio às oligarquias dominantes nos Estados.

Questão 08
A revolução de 1924, movimento tenentista, relacionou-se:
a) aos desejos de reformas econômicas e sociais de caráter socialista que acarretassem a superação
da República oligárquica e elitista.
b) à violência praticada pelos governos republicanos controlados pelas oligarquias paulista e mineira
contra lideranças operárias e camponesas.
c) aos anseios por reformas políticas moralizadoras de cunho liberal que não se chocavam com os
princípios de ordenação constitucionais da República.
d) ao caráter conservador do governo Epitácio Pessoa, cuja política repressiva desencadeou o
movimento de intervenção federal nos estados oposicionistas.
e) à luta pela superação de caráter espoliativo e dependente da economia brasileira, visando obter
maior prestígio no concerto internacional.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


224
Aula 17 – Crise da Primeira República e Revolução de 30

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Explique esta afirmação dos operários socialistas brasileiros do


final do século XIX.
Questão 01
Questão 06
O anarquismo é uma doutrina política que, a partir da segunda
metade do século XIX, teve presença marcante no movimento "Ao despontar do Século XX, quase alheios à evolução da cultura
operário internacional. brasileira e com certo atraso, vários estilos europeus continuavam
a) Cite 3 características do anarquismo. chegando ao Brasil. Coube ao Movimento de 22 imprimir, de modo
b) Que atividades político-sociais os anarquistas realizaram no ruidoso, uma reviravolta e novo rumo à criação cultural brasileira."
movimento operário brasileiro nas duas primeiras décadas do A partir do texto anterior, estabeleça os vínculos entre as
século XX? transformações sociais urbanas e o fenômeno cultural denominado
Semana de Arte Moderna.
Questão 02
Questão 07
Em 26 de setembro de 1924, o presidente Arthur Bernardes
decretava: A década de 20 apresenta, como consequência das profundas
"É considerado feriado nacional o dia Primeiro de Maio, consagrado transformações econômicas e políticas decorrentes da Primeira
à confraternidade universal das classes operárias e à Guerra Mundial, uma autêntica revolução intelectual, rompendo
comemoração dos mártires do trabalho. Revogam-se as com a estética tradicional. No Brasil o rompimento ocorreu com a
disposições em contrário." Semana de Arte Moderna de 1922. O que representou, do ponto de
a) Por que o governo de Arthur Bernardes se apropriou de uma vista político, esta Semana?
data símbolo das lutas operárias?
b) Explique a origem dessa data para o movimento operário Questão 08
internacional. A Semana de Arte Moderna de 1922, que reuniu em São Paulo
escritores e artistas, foi um movimento:
Questão 03 a) de renovação das formas de expressão com a introdução de
Peri tinha vencido; era o primeiro de sua tribo, e o mais forte de modelos norte-americanos.
todos os guerreiros. (...). b) influenciado pelo cinema internacional e pelas ideias propagadas
Os guerreiros chegaram e disseram: Peri, chefe dos goitacás, filho nas universidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.
de Ararê, tu és o mais valente da tribo e o mais temido do inimigo; c) de contestação aos velhos padrões estéticos, às estruturas
os guerreiros te obedecem. mentais tradicionais e um esforço de repensar a realidade
(O GUARANI, José de Alencar) brasileira.
d) desencadeado pelos regionalismos nordestino e gaúcho, que
Quando o português chegou defendiam os valores tradicionais.
Debaixo duma bruta chuva e) de defesa do realismo e do naturalismo contra as velhas
Vestiu o índio tendências românticas.
Que pena!
Fosse uma manhã de sol Questão 09
O índio tinha despido No 1º Congresso Operário Brasileiro realizado em 1906, a
O português tendência predominante foi a libertária, que pode ser identificada
(ERRO DE PORTUGUÊS, Oswald de Andrade) pelos registros das discussões e conclusões do congresso, todas
de cunho anarquista e anarcossindicalista.
a) Como é caracterizado o índio em cada um dos textos anterior? a) O que representou esta tendência libertária do movimento
b) A que movimentos culturais estão associadas essas duas visões operário num Estado como São Paulo que, no início deste século,
de índio? Caracterize esses movimentos. estava em fase de grande crescimento econômico decorrente da
produção agrícola e industrial?
Questão 04 b) Quais os princípios dessa tendência política no movimento
"O Exército Brasileiro, ligado ao advento e à consolidação da forma operário?
republicana de governo, cresceu e passou a abrigar em suas Questão 10
fileiras elementos provenientes das classes médias. Os tenentes,
No dia 24 de junho de 1922, a sede do Clube Militar do Rio de
ao contrário da alta oficialidade solidária aos reclamos da
Janeiro viveu uma de suas sessões mais agitadas. O clima
oligarquia, passaram a constituir grupo coeso na identificação dos
nacional era tenso, expressando o descontentamento civil e militar
interesses mais gerais da nação."
em relação à situação política do país, em particular à eleição
A partir do texto, discorra:
presidencial de Arthur Bernardes. O ponto culminante dessa
a) acerca da posição assumida pelos oficiais de baixa patente em
agitação ocorreu nos quartéis e nas colunas armadas.
relação aos vícios da vida republicana;
a) Nomeie este movimento militar.
b) sobre as principais reivindicações do movimento tenentista.
b) Dê as suas principais características.
Questão 05 Questão 11
"Tens que combater três inimigos: a sacristia, o capital e o quartel. A industrialização brasileira no início do século XX é definida como
O primeiro é a noite, o segundo é a fome, o terceiro é a morte." um "processo de substituição de importações", como pode ser
(Jornal A QUESTÃO SOCIAL, publicado em Santos em 1896.)
observado na:
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
225
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

a) relação entre o crescimento da indústria e o declínio das vendas IV - A greve, apesar de contar no início com a adesão apenas da
do café, após o Convênio de Taubaté. metade da classe trabalhadora da cidade de São Paulo, constituiu-
b) instalação de empresas multinacionais no Brasil, desde o século se em grande sucesso, todas as reivindicações foram atendidas
XIX, atraídas pelo fim da escravidão. pelas entidades patronais e as lideranças operárias elogiadas
c) adoção de políticas protecionistas, desde o Império, tornando publicamente pela realização do movimento.
proibitivas as importações. V - O município sofreu intervenção do governo federal, as
d) transferência maciça de mão-de-obra industrial e capitais norte- lideranças operárias detidas e enviadas para campos de
americanos para o Brasil. prisioneiros em outros estados do país e a jornada de 8 horas de
e) expansão industrial, durante a Primeira Guerra Mundial, quando trabalho foi legalizada.
ficaram restritas as importações pelo Brasil. É correto afirmar apenas o contido em:
a) I, II, III. d) I, III, IV.
Questão 12 b) I, II, IV. e) II, IV, V.
No Brasil, a década de 20 foi um período em que: c) II, III, V.
a) velhos políticos da República, como Rui Barbosa, Pinheiro
Machado e Hermes da Fonseca, alcançaram grande projeção Questão 15
nacional. O tenentismo foi um movimento empreendido por jovens oficiais
b) as forças de oposição às chamadas "oligarquias carcomidas" se militares durante a Primeira República. Dentre as alternativas a
organizaram, sem contudo apresentar alternativas de mudança. seguir, aponte a que se identifica com as aspirações desse
c) as propostas de reforma permanecendo letra morta, não se movimento.
configurou nenhuma polarização político-ideológica. a) A moralização dos costumes e a ideia de soldados-corporação.
d) a aliança entre os partidos populares e as dissidências b) A ideia do soldado-cidadão que devia intervir no processo
oligárquicas culminou com a derrubada da República Velha nas político, a defesa do voto secreto, a centralização do poder e a
eleições de 1º de março de 1930. independência do poder judiciário, e o ensino público.
e) ocorreram agitações sociais e políticas, movimentos armados, c) A defesa do voto secreto e universal, incluindo os analfabetos e
entre eles a Coluna Prestes, e várias propostas de reforma foram mulheres e a reforma administrativa na direção da descentralização
debatidas. do poder.
d) A centralização do poder do Estado, a reforma do Ensino e a
Questão 13 intervenção "moderadora" nos movimentos populares e nos
A crise da dominação oligárquica, que culminou com a Revolução governos civis despreparados, dentro do princípio do "soldado-
de 1930, resultou de um processo crescente de transformações profissional."
vividas pelo país dentre os quais se destaca: e) Apoio às oligarquias locais, incentivo ao ensino privado e
a) a lenta politização dos trabalhadores rurais, após a Abolição, religioso, moralização da administração pública e o recolhimento
contestando o domínio dos "coronéis". dos militares aos quartéis.
b) a emergência de uma classe operária ligada à industrialização,
que assumiu na década de 1920 formas políticas mais organizadas,
como o BOC (Bloco Operário Camponês).
c) o movimento Tenentista, disputa política no interior do Estado,
sem ligação com as classes da sociedade.
d) o caráter modernizante dos setores oligárquicos, cada vez mais
ligados aos empreendimentos urbano-industriais.
e) a crescente insatisfação dos Estados mais pobres contra o
domínio do eixo "café-com-leite", expressa em rebeliões como as
"guerras" do Cariri e de Princesa, ocorridas no Nordeste.

Questão 14
Acerca da greve geral de 1917, em São Paulo:
I - A greve teve início em duas fábricas têxteis, abrangendo
praticamente toda a classe trabalhadora da cidade, num total de 50
mil pessoas e, durante alguns dias, controlando os bairros
operários do Brás, da Moóca e do Ipiranga.
II - O comitê de Defesa Proletária, formado em São Paulo no curso
da greve geral de 1917, tinha como pontos principais de seu
programa: aumento dos salários, proibição do trabalho de menores
de 14 anos, abolição do trabalho noturno de mulheres e menores
de 18 anos, jornada de 8 horas de trabalho, garantia de emprego e
respeito ao direito de associação.
III - O governo mobilizou tropas, a Marinha mandou dois navios de
guerra para Santos e, com a mediação de um comitê de jornalistas,
os trabalhadores obtiveram um aumento salarial e promessas de
atendimento das demais reivindicações.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


226
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL

Prof. Márcio Michiles

ERA VARGAS GOVERNO PROVISORIO E construção de um governo popular reformista, a nacionalização de


empresas estrangeiras, combate ao fascismo.
CONSTITUCIONAL (1930-1937)
A ANL planejava uma insurreição cujo objetivo era a derrubada do
ERA VARGAS governo Vargas, o levante eclodiu em Natal, Rio de Janeiro e
GOVERNO PROVISORIO (1930-1934) Recife. Não logrou êxito foi reprimido pelas forças legalistas, a
A tendência política foi o centralismo, a nomeação de interventores Intentona Comunista. A perseguição a parlamentares que haviam
para os estados, a dissolução do Congresso Nacional e das apoiado a ANL e o decreto de Estado de Sítio.
câmaras municipais e estaduais. As relações entre o Estado e a A divulgação de que a Intentona Comunista tinha espiões de
Igreja foram marcadas por posturas de afinidade, como por Moscou levou o governo a lançar um alerta nacional mediante uma
exemplo a inauguração do Cristo Redentor e permitia que o possível guerra. O golpe de Estado foi o Plano Cohen, um suposto
catolicismo fosse difundido nas escolas públicas. plano comunista utilizado por Vargas para permanecer no poder e
impedir eleições.
Em relação a economia do café o governo comprou o excedente e
nunca antes o governo brasileiro gastou tanto dinheiro público para
beneficiar os cafeicultores.
As relações trabalhistas foram alteradas com a criação do
Ministério do Trabalho, Indústria e Comercio submetendo os
trabalhadores ao Estado, a liberdade sindical desapareceria,
algumas leis foram criadas como limites de trabalho feminino e
infantil, a jornada de trabalho passaria para 8 horas.
Em 1930, o Ministério Da Educação e Saúde foi montado, a
preocupação de Vargas além de criar uma elite com uma visão
mais ampla e preocupada com o apoio de grupos populares. A
criação de universidades
Mas o desgaste entre os civis oposicionistas e os militares foi
inevitável acabou gerando a Revolução Constitucionalista. A elite
paulista reivindicava o retorno dos civis ao poder no Estado, duas
forças políticas rivais se uniram o PRP e o PD, formando a Frente
Paulista, que objetivava derrubar Getúlio e fazer os paulistas
retornarem ao centro das decisões políticas.
A superioridade bélica do governo central levou a derrota dos
paulistas, mesmo vitorioso o governo varguista passou a
considerar a elite paulista precisando negociar com a mesma,
abrindo espaço para uma nova constituição.
Em 1934, a Constituição foi promulgada, entre outros elementos
apresentava como novidade: aprovação de direitos trabalhistas,
(salário mínimo, indenização em caso de demissão por justa
causa, descanso semanal, férias remuneradas, voto secreto e
feminino), além do estabelecimento do ensino primário gratuito.
Getúlio foi eleito por voto indireto por meio da Assembleia Nacional
Constituinte, posteriormente as outras eleições seguiriam o caráter
direto e secreto.
GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934 - 1937)
No Brasil influencias das novas ideologias europeias fizeram
nascer o Integralismo e a Aliança Nacional Libertadora.
A Ação Integralista Brasileira, apresentava orientação fascista,
nacionalismo exacerbado, uma sociedade hierarquizada,
antiliberalíssimo, antissocialista e defendiam o lema Deus, Pátria e
Família. Eram contrários aos judeus e acreditavam que os mesmo
eram responsáveis pela desigualdade econômica.
Os integralistas eram muito organizados, conhecidos como os
camisas verdes, utilizavam símbolos e manifestações públicas,
identificavam-se com as tradições católicas levando a simpatia de
grupos tradicionais.
Nesse contexto, surgiu a Aliança Nacional Libertadora de
orientação comunista, formada por tenentes de esquerda e
comunistas, defendia o cancelamento da dívida externa, a

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
"Maria, filha de Maria (...) tem trinta e um desgostos. Lava a roupa, lava a louça, varre que varre, e a
patroa - Jesus Maria José! - a patroa ralhando. (...) Sempre em casa estranha, dormindo em cama-de-
vento, comendo em pé ao lado do fogão. Trabalhadeira, de confiança, não tem boca pra pedir."
("As Marias", de Dalton Trevisan.)

A personagem citada retrata um tipo social presente na fase de crescimento da cidade industrial. Esse
tipo social encontra no líder populista um
a) porta-voz da inserção brasileira ao capitalismo internacional.
b) incentivador da luta de classes e do fim da exploração.
c) pai protetor, agente de um Estado emancipador dos trabalhadores.
d) redentor da economia agrária e dos camponeses sem terra.

Questão 02
"Em outubro de 1930, iniciou-se um largo período - podemos dizer um quarto de século - em que
Getúlio Vargas foi a figura predominante no cenário político nacional; isso parece propiciar uma certa
ideia de continuidade para uma história política vista a partir das grandes figuras, como a que
predominou muito tempo na historiografia e permanece até hoje no senso comum."
(BORGES, V. P. Anos trinta e política: história e historiografia. In: FREITAS, M. C. (org.) "Historiografia brasileira em
perspectiva". São Paulo: Contexto, 1998. p.159.)

Sobre os anos 30 e a figura de Getúlio Vargas, considere as seguintes afirmativas:


I - A década de 1930 iniciou-se com uma ruptura jurídico-política, consagrada como "Revolução de
30", que remete ao importante tema dos dilemas da democracia no Brasil.
II - A partir dos acontecimentos de 30, passou a vigorar um acordo entre as elites políticas de Minas
Gerais e São Paulo, que se revezaram na presidência da República.
III - Por muito tempo, memorialistas e historiadores conceberam Getúlio Vargas como o responsável
pela concessão dos direitos trabalhistas no Brasil.
IV - Como alternativa à tradicional conciliação dos detentores do poder, surgiu a Liga de Ação
Revolucionária, que teve seu projeto nacionalista e democrático derrotado pelos eventos de outubro
de 1930.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas as afirmativas I, III e IV são verdadeiras.
b) Apenas as afirmativas I, II e III são verdadeiras.
c) Apenas as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
d) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.

Questão 03
Em 3 de outubro eclodiu a Revolução de 1930, pondo fim à República Velha. Dentre as causas deste
episódio histórico destacamos:
a) a vitória da oposição nas eleições e o temor de revanchismos nas oligarquias derrotadas.
b) a dissidência das oligarquias nas eleições de 1930, fortalecendo a Aliança Liberal, derrotada,
contudo, pela fraude da máquina do governo.
c) o programa da Aliança Liberal não identificado com as classes médias urbanas.
d) a sólida situação econômica do núcleo cafeeiro no início da década de trinta.

Questão 04
Luiz Carlos Prestes fundou, em 1935, a Aliança Nacional Libertadora, frente de oposição ao fascismo
e ao imperialismo, que se confrontava no plano interno com a organização criada pelo escritor Plínio
Salgado, a Ação Integralista Brasileira, de declarada inspiração fascista, cujo programa político
propunha:
a) combate ao comunismo, extração dos partidos políticos, nacionalismo extremado e fiscalização das
atividades artísticas.
b) instauração de um governo popular, Estado onipotente, ampliação das liberdades civis e hegemonia
de um único partido.
c) suspensão do pagamento da dívida do Brasil, ampliação das liberdades civis, nacionalização das
empresas Imperialistas e reforma agrária.
d) proteção aos pequenos e médios proprietários de terras, combate ao comunismo, pluripartidarismo,
suspensão do pagamento da dívida do Brasil.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


228
Aula 18 – Era Vargas Governo Provisório e Constitucional
Questão 05
Leia o texto Anotações
"Os deputados das profissões serão eleitos na forma da lei ordinária, por sufrágio indireto das
associações profissionais, compreendidas para este efeito, com os quatro grupos afins respectivos,
nas quatro divisões seguintes: lavoura e pecuária; indústria; comércio e transportes; profissões liberais
e funcionários públicos."
(BRASIL. Constituição de 1934).

A partir desse texto, pode-se afirmar que a Constituição Brasileira de 1934 inspirou-se no
a) anarquismo.
b) comunismo.
c) corporativismo.
d) sindicalismo.

Questão 06
Decretada a extinção da Aliança Nacional Libertadora em 1935, seus membros, os não moderados,
organizaram a insurreição comunista que foi abafada pelo Governo Vargas. Assinale a alternativa que
apresenta a ação política subsequente e relacionada com a referida insurreição.
a) A proposta anti-imperialista e antilatifundiária, contida no programa da ANL, foi completamente
abandonada.
b) Vargas, em proveito de seus planos ditatoriais, explorou o temor que havia ao comunismo.
c) Dois meses após a Intentona, todos os presos políticos que aguardavam julgamento, foram
colocados em liberdade.
d) A campanha anticomunista das classes dominantes contribuiu para que Vargas abandonasse seus
planos continuístas.

Questão 07
O governo instalado com a Revolução de 1930 distinguiu-se do Estado Oligárquico por promover:
a) o modelo liberal defendido pelo Partido Democrático, porta-voz da classe média paulista.
b) uma economia exclusivamente agroexportadora e a descentralização das decisões econômico-
financeiras.
c) as reformas preconizadas pelos Tenentes, sobretudo a partir de 1932.
d) a industrialização, tendo como suporte o aparelho do Estado, as forças armadas e a aliança entre
burguesia e setores do operariado.

Questão 08
Os anos trinta do século XX foram marcados por disputas ideológicas, por propostas revolucionárias e
pela emergência de regimes centralizadores e autoritários. No Brasil, a polarização ideológica
intensificou-se em 1935, opondo
a) a Ação Integralista Brasileira, partido político simpatizante do fascismo, à Ação Nacional
Libertadora, que lutava pela instalação de um governo popular revolucionário.
b) os anarco-sindicalistas, líderes do movimento operário em toda a Primeira República, ao Partido
Comunista do Brasil, de tendência revolucionária bolchevista.
c) os católicos ultramontanos do Centro Dom Vital, situado no Rio de Janeiro, aos partidários do
fascismo italiano e, sobretudo, do nazismo hitlerista.
d) a social-democracia, representada pelo Partido Democrático de São Paulo, às tendências políticas
autoritárias do movimento tenentista.
e) os constitucionalistas paulistas, que haviam combatido na Revolução de 1932, ao Estado Novo,
dominado pelo presidente Getúlio Vargas.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


229
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO a) Explicite o que o autor apresenta como "Estado de


Compromisso".
Questão 01 b) Qual a relação entre "O Estado de Compromisso" e a
"intocabilidade sagrada das relações sociais no campo"?
A partir do golpe de 1930 fora possível apresentar inovações em
todas as esferas de poder, de tal modo que, impulsionados pela
Questão 04
corroída imagem da República Velha, os assim chamados
"revolucionários de 30" puderam, com o apoio popular, acabar com A Revolução de 1930 conduziu à adoção de diversas medidas em
a existência dos partidos políticos, o produto-tipo da cultura política favor dos operários do Brasil. Quais foram essas medidas? Essas
liberal. Com o golpe de 1930, sequer houve um partido para a medidas podem ser consideradas como meramente paternalistas?
arregimentação das massas que, não só começaram a identificar- Em caso de resposta negativa, até que ponto elas trouxeram um
se prontamente com a proposta de um estado totalitário, como benefício real?
demonstravam cada vez mais seu clamor por Getúlio Vargas.
Elizabeth Cancelli, O MUNDO DA VIOLÊNCIA. Questão 05
Compare e explique as relações entre o governo brasileiro e o
Com referência às "inovações em todas as esferas de poder" a que operariado, antes e depois de 1930.
o texto se refere, julgue os itens a seguir.
( ) Os revolucionários de 1930 mantiveram instituições políticas Questão 06
liberais, como o sistema partidário da República Velha. Diferenças significativas distinguem o sindicalismo operário
( ) Vargas, depois de liderar a Revolução de 1930, e brasileiro das primeiras décadas do século 20, do sindicalismo
especialmente depois de promover o golpe do Estado Novo, criou criado após 1930 pela legislação trabalhista do governo Vargas.
um regime com pouca ou nenhuma intermediação de instituições Quais são essas diferenças?
políticas autônomas entre a sociedade e o Estado.
( ) O golpe de 1937 veio a ser a comprovação definitiva das Questão 07
características centralistas e autoritárias que vinham se
Depois de muitos movimentos operários; lutas e reivindicações
desenhando desde a Revolução de 1930.
trabalhistas, os sindicatos foram legalizados:
( ) A mentalidade de massa, o Estado de massa, o
a) no decurso da Revolução Paulista de 1924.
personalismo carismático do líder e as formas corporativas foram
b) através do Ato Institucional número 5 de 1968.
características típicas da Era Vargas.
c) no Governo Provisório de Vargas (1930-1934).
d) durante a Campanha do Contestado.
Questão 02
e) nos primórdios da República Oligárquica.
"Subitamente, parecia que a esquerda havia ganho vida. Mais de
1600 sedes locais da "Aliança Nacional Libertadora" haviam Questão 08
brotado (...). A plataforma da "Aliança" pedia o cancelamento das
"Batemo-nos pelo Estado Integralista. Queremos a reabilitação do
'dívidas imperialista', a nacionalização das empresas estrangeiras e
princípio de autoridade, que esta se respeite e faça respeitar-se.
a liquidação dos latifúndios. Os radicalizantes estavam igualmente
Defendemos a família, a instituição fundamental cujos direitos mais
ativos na direita. Um movimento fascista chamado Integralismo
sagrados são proscritos pela burguesia e pelo comunismo."
vinha por igual força...".
(Thomas Skidmore, DE GETÚLIO A CASTELO). Este texto, pelas ideias que defende, é provável que tenha sido
escrito por:
O texto refere-se a dois importantes e antagônicos movimentos, a) Jorge Amado
sobre os quais é verdadeiro afirmar que ocorreram: b) Carlos Drummond de Andrade
a) na Primeira República e motivaram a Revolução de 1930. c) Mário de Andrade
b) no governo Jânio Quadros e provocaram a sua renúncia. d) Oswald de Andrade
c) na década de 30 e antecederam o golpe de Estado de 1937. e) Plínio Salgado
d) no Estado Novo e foram importantes para o processo de
redemocratização. Questão 09
e) no segundo governo Vargas (1951-54) e contribuíram para o "A fixação do ano de 1930 como um primeiro marco divisor da
agravamento da crise política que levou ao suicídio do Presidente. História do Brasil contemporâneo tem a artificialidade implícita em
qualquer periodização, mas se justifica por razões que se situam
Questão 03 além da história política ou da simples tradição."
"Vitoriosa a revolução, abre-se uma espécie de vazio de poder por Sintetize algumas razões dessa periodização historiográfica.
força do colapso político da burguesia do café e da incapacidade
das demais frações de classe para assumi-lo, em caráter exclusivo. Questão 10
O Estado de Compromisso é a resposta para esta situação. A Revolução Constitucionalista de 1932 mobilizou amplos setores
Embora os limites da ação do Estado sejam ampliados para além de São Paulo contra o governo federal. Sobre esta revolta é correto
da consciência e das intenções de seus agentes, sob o impacto da afirmar que:
crise econômica, o novo governo representa mais uma transação a) Significou o levante da população paulista contra os
no interior das classes dominantes, tão bem expressa na desmandados do governo autoritário de Getúlio Vargas após o
intocabilidade sagrada das relações sociais no campo". golpe do Estado Novo.
(Boris Fausto, A REVOLUÇÃO DE 1930: b) os paulistas pretendiam a imediata instalação de uma
HISTORIOGRAFIA E HISTÓRIA) assembleia Popular Constituinte, eleita livremente pela população
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
230
Aula 18 – Era Vargas Governo Provisório e Constitucional
trabalhadora e que defendesse uma solução socialista para os O texto anterior faz uma clara referência:
problemas brasileiros. a) à Ação Integralista Brasileira.
c) representou uma reação das oligarquias ao regime instalado em b) ao Bloco Operário e Camponês.
1930, pretendendo restaurar o regime constitucional dominado pela c) ao Partido Comunista Brasileiro.
"política dos governadores". d) ao Partido Democrático Paulista.
d) resultou de uma cisão entre as oligarquias paulistas a respeito e) à Aliança Nacional Libertadora.
do candidato a Presidente nas eleições de 1934.
Questão 15
Questão 11 Leia o texto.
Getúlio Vargas, depois de outorgar a Constituição de 1934, ampliou "A enorme simpatia da massa popular às lutas revolucionárias de
sua política intervencionista de modo a ter pleno controle sobre a novembro, especialmente em Pernambuco, Rio Grande do Norte e
sociedade e, assim, impor seu plano político. Discorra sobre três demais estados do nordeste [faziam surgir] naturalmente os grupos
características importantes deste governo e indique como terminou. guerrilheiros, cada dia em maior número, em todo o País,
especificamente no nordeste, heroicos brasileiros - operários,
Questão 12 camponeses, soldados, populares - levantam, de armas nas mãos,
Getúlio Vargas, dono de enorme carisma, era acusado de ditador o cartel do desafio lançado à Nação por Getúlio e seus amigos
pelos liberais, de representante do populismo latino-americano e imperialistas. [...] A insurreição de novembro foi o início de grandes
ainda de último dos caudilhos. Em qualquer hipótese, Vargas combates. As guerrilhas são uma forma de seu prosseguimento."
marcou a História do século XX no Brasil porque: Esse trecho, extraído de um folheto de época, faz referência a um
a) fez a transição do Brasil rural para o urbano através de uma movimento da história do Brasil republicano provocado pelo(a):
política de defesa do Estado na vida econômica e incorporação das a) desejo de Getúlio de se aliar aos nacional-libertadores para
massas urbanas ao processo político. combater o imperialismo.
b) marcou sua longa trajetória por um estilo antinacionalista, b) denúncia de que o movimento de libertação nacional preparava a
antidemocrático e anti-personalista. morte de Getúlio.
c) eliminou drasticamente o coronelismo e a economia agrária. c) revolta dos comunistas com a violência da reação de Getúlio ao
d) defendeu um Estado descentralizado e sem participação na movimento de 1935.
economia, voltado para a industrialização. d) embate entre getulistas e petistas por ocasião do massacre da
e) durante a Segunda Guerra, desde o início, manteve-se ao lado Coluna.
dos aliados, combatendo o nazi-fascismo.

Questão 13
A Revolução de 1930, ponto de partida de uma nova fase da
História brasileira, atingiu principalmente São Paulo, que perdeu
sua tradicional hegemonia política realizada pela "política do café
com leite". O sistema de interventorias, posto em prática pelo
governo provisório, em nada melhorou o relacionamento deste com
São Paulo.
Como consequência disso ocorreu:
a) a revolução constitucionalista a favor da imediata
constitucionalização do país, o que abriria possibilidades de retorno
dos paulistas ao poder.
b) a Intentona Comunista, liberada pela exterma-esquerda cujo
lema era "Deus, Pátria, Família".
c) a Intentona Integralista, que chegou a ocupar o palácio
presidencial, controlado poder por quatro dias.
d) convocação imediata da Assembleia Constituinte que colocaria
em prática a Constituição de 1935.
e) o movimento tenentista, cujos revoltosos de Minas Gerais
exigiam a formação de um governo provisório, a eleição de uma
Constituinte e a adoção do voto secreto.

Questão 14
A justeza de seu programa, difundido de extremo a extremo do
País, conquistou vertiginosamente amplas camadas da população
das cidades e dos campos. Em três meses de existência, essa
frente popular acolhia, sob a bandeira heroica que desfraldara,
cerca de 3 milhões de brasileiros. Seu quadro social estava, em
maio de 1935, aumentando numa média de 3 mil membros por dia,
ou seja, 90 mil por mês. Mantido esse ritmo, teria ultrapassado um
milhão em um ano.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


231
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL

Prof. Márcio Michiles

ERA VARGAS ESTADO NOVO (1937 - 1945)


ERA VARGAS
ESTADO NOVO (1937 – 1945)
Com o Estado de sitio instalado Vargas outorgou a Constituição de
37, conhecida como Polaca entre outras alterações foram: DIP
(departamento de imprensa e propaganda), DASP (departamento
de administração de serviço público), fim do cargo de vice-
presidente, interventorias municipais e estaduais, sindicalismo
estatal.
Vargas manipulava os meios de comunicação como o rádio,
criando a imagem de herói nacional e pai dos trabalhadores,
censurando a imprensa e controlando os sindicatos impedindo
greves.
No plano econômico o Estado Novo foi orientado pela implantação
de uma estrutura industrial, facilitando a entrada de empresas de
bens duráveis e não duráveis. Foram criados nesse período o
Conselho Nacional do Petróleo e o Conselho Nacional de Águas e
Energia Elétrica. Em 1938, já com a eleição marcada, e que tinha como candidatos
José Américo de Almeida e Armando de Sales Oliveira, o governo
Mesmo assim a iniciativa privada não apresentava o folego delatou a existência de um plano comunista – o Plano Cohen – que
necessário para a aplicação de recursos para a montagem de uma pretendia assumir a força, o poder e aqui instituir o comunismo.
infraestrutura tão ampla. Mas por causa da Segunda Guerra, e a O sistema político tornou-se instável, permanecendo então, no
pressão que o governo brasileiro sofria para se decidir, Vargas usa poder, como garantia de estabilidade, o então presidente Getúlio
esta oportunidade para negociar diplomaticamente com o lado Vargas.
fascista e o liberal. Não demorou muito para que a máscara caísse e a mentira viesse
A decisão de Vargas foi pragmática atrelando-se aos EUA, em à tona, tudo fora antecipadamente planejado por um capitão de
troca de empréstimos para a montagem da Companhia Siderúrgica nome Olympio Mourão Filho, partidário do integralismo –
Nacional e a construção da mineradora Vale do Rio Doce, o Brasil movimento de base fascista que era contra a democracia –, a
mesma pessoa que um pouco mais tarde daria o pontapé inicial na
se aliaria aos americanos cedendo o litoral do nordeste brasileiro
direção do golpe militar de 1964.
para construção de bases militares.
Assim foi implantado um golpe de Estado na história de nosso
Com essa aliança, navios brasileiros foram afundados por país, durante o qual o Presidente, com o aval das Forças Armadas,
submarinos alemães, o governo brasileiro organizou então a FEB e invalidou o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas
a FAB. Com a derrota do Eixo na Segunda Guerra ocorria a Estaduais e as demais Câmaras Municipais, simultaneamente
falência dos regimes totalitários de extrema direita (fascistas), impondo ao povo brasileiro uma nova Constituição, que ficou
levando a pressões internas pelo retorno ao processo democrático conhecida como “Polaca”, por ter se baseado na Constituição da
Polônia, partidária do fascismo.
brasileiro.
O golpe contou com a afinidade e o assentimento de uma grande
Getúlio pôs fim ao estado de sítio, marcando eleições e participou parte da sociedade, pois já durante o final do ano de 1935 o
da fundação de 2 novos partidos: PTB e PDS. O PCB foi tornado Governo Federal, por intermédio da propaganda, foi implantando
legal novamente e a UDN funcionava como ponto de oposição. no seio da sociedade o quanto era letal o comunismo, fazendo com
Mesmo com discursos nacionalistas, trabalhistas e se que a sociedade se amedrontasse e o repelisse caso houvesse
autopromovendo como restaurador da democracia Getúlio uma tentativa de implantá-lo no país.
estimulou o movimento Queremista, mas a alta cúpula militar Indiretamente, desde 1935, o governo fez com que o povo
promoveram um golpe e depuseram Vargas era o fim da ditadura “aceitasse” a centralização política como a melhor maneira de
defender o país dos comunistas.
varguista.
O ano de 1937 e o mês de novembro ficaram marcados como o
Sistema político de caráter ditatorial que foi implantado no país, na período em que se implantou a censura aos meios de comunicação
pessoa do Presidente Getúlio Vargas, a partir de 10 de novembro – rádios, revistas e jornais. Além disso, censuraram-se também as
de 1937. artes, como o cinema, teatro e música.
Através da cadeia de estações rádio difusoras, Getúlio anunciou a Getúlio Vargas criou, em 1943, a CLT – Consolidação das Leis
implantação do Estado Novo, instituindo um período de Trabalhistas -, a qual proporcionou aos trabalhadores diversos
despotismo que duraria até 29 de outubro do ano de 1945. direitos trabalhistas, tais como: criação da Justiça do Trabalho, da
carteira de trabalho, instituição do salário mínimo, do descanso

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


Aula 19 – Era Vargas Estado Novo
semanal recompensado, da jornada de trabalho de oito horas e
regulamentação do trabalho feminino de menores de idade.
Porém, diversas medidas despóticas também foram implantadas
durante o Estado Novo, entre elas a fundação, em 1939, do DIP -
Departamento de Imprensa e Propaganda -, que tinha como
obrigação concentrar, organizar, encaminhar e inspecionar a
propaganda nacional – interna ou externa.
Estabeleceu-se o "estado de emergência", que ampliava ainda
mais os poderes do Presidente, admitindo que o Estado entrasse à
força nas casas, prendesse indivíduos supostamente desfavoráveis
à forma de governo vigente e os banisse do país. A pena de morte
passou a ser o castigo para crimes considerados políticos.
As Forças Armadas começaram a exercer o controle sobre as
forças públicas, com o apoio da Polícia Secreta, encabeçada por
Filinto Müller e catedrática em fazer uso de métodos violentos,
como torturas e assassinatos.
As notícias sobre os feitos do governo chegavam à imprensa por
intermédio de um órgão criado pelo DIP – a Agência Nacional -,
que abasteceria jornais e revistas com cerca de 60% das matérias
que deveriam ser publicadas ou comunicadas pelo rádio. As únicas
informações que chegavam às pessoas eram a exaltação do
Estado e a valorização nacionalista.
Foi criado um novo valor cambial – o cruzeiro -, criou-se a CSN –
Companhia Siderúrgica Nacional -, e a Vale do Rio Doce. O Brasil
tomou parte na Segunda Guerra Mundial apoiando os países
aliados - Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética -, e enviou a
Força Expedicionária Brasileira para lutar na Itália.
O Estado Novo remodelou as Forças Armadas, ampliou o número
de soldados do exército e instituiu o Ministério da Aeronáutica,
contribuindo assim para o progresso da aviação militar; fundou
cinco novas jurisdições federais: Amapá, o qual foi separado do
Estado do Pará; Rio Branco – que, em 1962, passou a denominar-
se Roraima -, também separado do Estado do Amazonas; Guaporé
- hoje Rondônia -, separado dos Estados do Amazonas e Mato
Grosso; Ponta Porã – separada do Estado do Mato Grosso; e
Iguaçu, separado do Estado do Paraná.
Ponta Porã e Iguaçu foram abolidos pela Constituição de 1946,
retornando para os Estados dos quais haviam sido separados.
Ao término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, com os países
fascistas vencidos, o povo passou a negar o governo ditatorial de
Getúlio Vargas, e em conjunto com vários intelectuais, artistas e
profissionais liberais passaram a exigir a volta da liberdade ao país,
todos queriam o retorno da democracia.
O povo clamava pela renúncia de Vargas, até que, em 29 de
outubro de 1945, um movimento militar chefiado por generais o
tirou do governo.
O poder ficou, temporariamente, sob a responsabilidade do Dr.
José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal, pois na
Constituição de 1937 não existia vice-presidente. Este permaneceu
no cargo durante o período de três meses, quando então transmitiu
o comando ao general Eurico Gaspar Dutra, Presidente escolhido
no dia 02 de dezembro de 1945.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


233
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Inconformado com a dissolução de seu partido, inspirado nas ideias fascistas, liderado por Belmiro
Valverde e Severo Fournier, na madrugada de 11 de maio de 1938, atacou o Palácio Guanabara
sitiando o Presidente Vargas. Tratava-se de um grupo:
a) comunista.
b) aliancista.
c) integralista.
d) queremista.

Questão 02
Leia o texto abaixo.
"O par de interlocutores legítimos estava formado: de um lado o povo, a quem se apelava como fonte
e base do governo e que era identificado na população de trabalhadores corporativamente
hierarquizada; de outro, o Estado, corporificado funcional e pessoalmente na figura do presidente
Getúlio Vargas."
(GOMES, Ângela de C. "A política brasileira em busca da modernidade: na fronteira entre o público e o privado". ln
SCHWARCZ, Lilia M. (org.) "História da Vida Privada no Brasil". Vol. 4: Contrastes da intimidade contemporânea. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998, p.525.)

A partir da citação acima, assinale a alternativa que indica corretamente as relações mantidas, no
contexto do trabalhismo, entre a população trabalhadora no Brasil e o presidente Vargas.
a) As campanhas destinadas aos trabalhadores enfatizavam a necessidade de organização em torno
dos sindicatos e partidos políticos, principais interlocutores do Presidente.
b) As liberdades políticas permitiam o estabelecimento, durante o Estado Novo, de uma permanente
negociação entre os trabalhadores e o governo através do Parlamento.
c) O sindicalismo corporativo era combatido pelo governo, pois permitia a livre expressão das lutas de
classes e dos conflitos no interior da sociedade brasileira.
d) A ideologia do Estado Novo pretendia estabelecer uma ligação direta entre o governante e o povo,
através de cartas, programas de rádio e outros mecanismos de comunicação.

Questão 03
Em 1939, o Estado Novo criou um Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) que estava
encarregado de realizar a censura às ideias contrárias ao regime e difundir a propaganda política do
governo. O DIP lançou mãos de vários meios de comunicação para atingir o maior número de
cidadãos com a ideologia do Estado Novo, visando mobilizar a sociedade em torno de seu programa
político. Entre esses meios de comunicação e propaganda, podemos destacar um novo meio, que, em
especial, permitiu às ideias estado-novistas atingirem as classes médias urbanas e o operariado.
Estamos nos referindo
a) à imprensa operária.
b) ao rádio.
c) à televisão.
d) ao cinema.

Questão 04
Em 1937, com a instauração do Estado Novo por Getúlio Vargas, o Brasil passou a viver sob uma
nova Constituição, que ficou conhecida como "Polaca", em virtude de sua clara inspiração na
Constituição da Polônia. Essa Constituição deu ao presidente Getúlio Vargas os poderes para a
organização política, econômica e administrativa do Estado Novo.
Dentre as alternativas a seguir assinale a que apresenta uma característica da Constituição de 1937:
a) Instauração do direito de greve e de locaute.
b) Instauração do direito de livre associação em sindicatos oficialmente reconhecidos.
c) Descentralização administrativa.
d) Internacionalização da economia.

Questão 05
Analise as seguintes afirmativas referentes ao Estado Novo (1937-1945).
I- Os dois principais partidos políticos existentes no período do Estado Novo eram a AIB (Ação
Integralista Brasileira) e a ANL (Aliança Nacional Libertadora).
II- O pretexto utilizado por Vargas para o desfecho do golpe de Estado de 1937 foi o Plano Cohen,

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


234
Aula 19 – Era Vargas Estado Novo
documento forjado que denunciava um suposto movimento revolucionário comunista.
III- Durante o Estado Novo a política externa brasileira oscilou entre a Alemanha nazista e os Estados
Unidos, alinhando-se a este último país no princípio da década de 1940.
Anotações
Quais estão corretas?
a) Apenas III.
b) Apenas I e II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.

Questão 06
No Brasil, o Golpe de Estado de 1937 revelou um importante e poderoso componente no jogo político:
o aperfeiçoamento da propaganda como instrumento de dominação. Sobre a máquina de propaganda
no Estado Novo, assinale a alternativa correta.
a) Atuava na perseguição e punição dos adeptos da ideologia nacionalista, considerados inimigos da
pátria.
b) Com a criação do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), democratizou-se o acesso aos
meios de comunicação, que passaram a atuar com maior liberdade de expressão.
c) A propaganda do Estado Novo procurou vincular a liderança de Getúlio à imagem do político
generoso e conciliador.
d) O DIP teve como função disseminar a cultura independente e criativa dos músicos, artistas e
literatos nacionais.

Questão 07
"O aspecto técnico-consumista do americanismo não era visto com bons olhos por uma significativa
fração do oficialato das Forças Armadas brasileiras. Os militares identificavam a produção em massa
das indústrias de bugigangas dos norte-americanos com os desvarios de uma sociedade
excessivamente materializada e mercantilizada. Naquele momento, o modelo autárquico
experimentado pela Alemanha nazista era um paradigma aparentemente mais adequado para muitos
militares brasileiros."
(Antônio Pedro Tota, "O Imperialismo Sedutor." São Paulo, Companhia das Letras, 2000, p.23.)

O fragmento acima retrata divisões nos meios militares brasileiros dentro do contexto da Segunda
Guerra Mundial. Essa divisão
a) manifesta-se na primeira metade da década de 1930 e é provocada, sobretudo, pela presença, nas
Forças Armadas brasileiras de grande quantidade de oficiais formados na Alemanha nazista.
b) ocorre nos últimos anos de guerra e é fruto das vitórias obtidas pela Alemanha nessa fase,
associadas, principalmente, ao medo de que a vitória aliada significasse o início do expansionismo
militar dos Estados Unidos sobre a América Latina.
c) inicia-se com o final da guerra e dá ao Brasil uma posição neutra no cenário da Guerra Fria que se
instalou após os acordos de paz assinados pelos países participantes no conflito armado.
d) ilustra a posição ambígua que o Brasil teve nos primeiros anos da guerra, oscilando entre o apoio às
forças aliadas e a simpatia, inclusive de setores governamentais, pelos países do Eixo.
.
Questão 08
O Estado Novo, período que se seguiu ao golpe de Getúlio Vargas (10/11/1937 até 29/10/1945)
caracterizou-se:
a) pela centralização político-administrativa, eliminação da autonomia dos estados e extinção dos
partidos políticos;
b) pela proliferação de partidos políticos, revogação da censura, descentralização político-
administrativa;
c) pelo apoio ao comunismo internacional;
d) pelo movimento tenentista, reconhecimento dos partidos de esquerda e estabelecimento das
eleições diretas;
e) pela formação de uma Assembleia Constituinte que votaria a Constituição de 1937, conhecida como
a mais liberal da República.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


235
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO "(...) o rádio servia, eficazmente, para se espalhar a imagem


onipresente de Vargas por todo o país (...). Pelo rádio, o poder se
Questão 01 faz presente e pessoaliza a relação política com cada cidadão".
(SACRALIZAÇÃO DA POLÍTICA, Campinas, Papirus/Ed. Unicamp, 1986, p.42).
A política cultural do Estado Novo com relação aos intelectuais
caracterizou-se: a) Por que era importante para o Estado Novo que cada cidadão se
a) pela repressão indiscriminada, por serem os intelectuais considerasse próximo de Vargas?
considerados adversários de regimes ditatoriais. b) Cite duas práticas utilizadas pelo Estado Novo, além do uso dos
b) por um clima de ampla liberdade pois o governo cortejava os meios de comunicação de massa, para assegurar o poder de
intelectuais para obter o apoio ao seu projeto nacional. Vargas.
c) pela indiferença, pois os intelectuais não tinham expressão e o
governo se baseava nas forças militares. Questão 07
d) pelo desinteresse com relação aos intelectuais, pois o governo
-"Meu chapéu de lado
se apoiava nos trabalhadores sindicalizados.
Tamanco arrastado
e) por uma política seletiva através da qual só os adversários
Lenço no pescoço
frontais do regime foram reprimidos.
Navalha no bolso
Eu passo gingando
Questão 02
Provoco e desafio
Como se expressa a ação do governo na economia brasileira no Eu tenho orgulho
período do Estado Novo? De ser tão vadio"
(Lenço no Pescoço, 1933)
Questão 03
Dentre as causas que levaram ao fim do Estado Novo, instituído "Quem trabalha é quem tem razão
por Getúlio Vargas, destacam-se: Eu digo e não tenho medo de errar
a) o atentado da Rua Toneleiros contra o líder de oposição, Carlos O bonde São Januário
Lacerda, que levou Vargas ao suicídio. Leva mais um operário
b) a insatisfação popular contra Getúlio Vargas, expressa no Sou eu que vou trabalhar"
(Bonde São Januário, 1940, com Ataulfo Alves)
movimento queremista, e a privatização da Petrobrás.
e) a formação da Aliança Liberal e o Golpe Militar promovido pelo
General Góes Monteiro. Com base nas letras destas canções de Wilson Batista, assinale a
d) a aliança entre U.D.N. e militares contra o queremismo e o golpe alternativa que expressa corretamente uma das faces da política
militar que levou Vargas à renúncia. cultural no período do Estado Novo:
e) a recusa de Getúlio Vargas em sancionar a Lei Antitruste, a) o ambiente democrático do período getulista favorecia a livre
aprovada pelo Congresso e o Golpe dos Tenentes. manifestação artística e o governo não se preocupava com a
proliferação da vadiagem nos grandes centros urbanos
Questão 04 b) toda atividade cultural deveria ser autorizada e financiada pelo
governo, o que garantiu a livre manifestação artística de todos os
"Neste mesmo mês, três mil integralistas - a 'luz da nova era', segmentos sociais, desde os mais pobres até os mais ricos
segundo seu chefe, Plínio Salgado - promovem seu Segundo c) os órgãos governamentais divulgavam permanentemente as
Congresso Nacional... Sob o ridículo das saudações, da diretrizes para todas as atividades culturais, não intervindo, porém,
indumentária, do rituais, havia planos concretos de influir no na criação artística nem na escolha dos temas a serem abordados
processo de decisão política. Além dos gestos e dos textos, eles pelos artistas
saíam às ruas. Aparentemente, a Lei de Segurança Nacional se d) através do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), o
dirigia aos camisas verdes. Na realidade, o que visava eram as governo reprimia a malandragem e estimulava a ideia de trabalho
ameaças de mobilização... como a da Aliança Nacional árduo como alavanca para o progresso individual e coletivo.
Libertadora."
(Paulo Sérgio Pinheiro, ESTRATÉGIAS DA ILUSÃO.)
Questão 08
a) A que período de nossa história correspondem os fatos A respeito da política desenvolvida no Brasil de 1937 a 1945, é
mencionados no texto? INCORRETO afirmar que o Estado Novo:
b) Caracterize de maneira sumária o movimento chefiado por Plínio a) empreendeu uma política modernizadora e industrializante, que
Salgado. beneficiou os setores industriais e capitalistas, sobretudo através
do investimento estatal na criação de indústrias de base.
Questão 05 b) obteve a adesão dos setores agrários, que se beneficiaram com
a intervenção reguladora do governo na criação de organismos de
Nos dias de hoje, a imprensa tem se referido ao desmantelamento
apoio e incentivo à agricultura e com a manutenção da estrutura
da Era Vargas. Comente o significado dessa expressão no que diz
agrária.
respeito à legislação trabalhista.
c) exerceu uma política paternalista em relação à classe operária,
promovendo a legislação trabalhista, enquanto permitia a
Questão 06
representação das classes dominantes no Congresso através dos
Ao estudar o Estado Novo, o historiador Alcir Lenharo (1946-1996) partidos políticos.
destacava o papel desempenhado pelo rádio: d) reprimiu o pluralismo e a autonomia sindicais do operariado e
criou uma estrutura corporativista de controle, intervenção e
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
236
Aula 19 – Era Vargas Estado Novo
atrelamento dos sindicatos oficiais ao Ministério do Trabalho. b) expansão do ensino básico para as camadas populares
e) centralizou e racionalizou a máquina administrativa através da c) conscientização do povo para o exercício da cidadania
criação do DASP (Departamento de Administração e Serviço d) elevação da cultura popular estigmatizada na República Velha
Público) e exerceu forte controle e censura aos meios de
comunicação através do DIP (Departamento de Imprensa e Questão 12
Propaganda). Em 10 de novembro de 1937, para justificar o golpe que instaurava
o Estado Novo, Getúlio Vargas discursava:
Questão 09 "Colocada entre as ameaças caudilhescas e o perigo das
Qual das afirmações a seguir NÃO É verdadeira, no que se refere formações partidárias sistematicamente agressivas, a Nação,
ao Brasil de 1937 a 1945: embora tenha por si o patriotismo da maioria absoluta dos
a) durante o Estado Novo, houve aporte de financiamentos brasileiros e o amparo decisivo e vigilante das forças armadas não
externos, principalmente norte-americanos, para manter o regime dispõe de meios defensivos eficazes dentro dos quadros legais,
brasileiro no concerto das nações democráticas contra o nazi- vendo-se obrigada a lançar mão das medidas excepcionais que
fascismo; caracterizam o estado de risco iminente da soberania nacional e da
b) o regime do Estado Novo estendeu a cidadania social aos agressão externa."
trabalhadores sindicalizados e estimulou o crescimento da Baseando-se no texto anterior, pode-se entender que
indústria; a) Vargas fala em nome da Nação, considerando-se o intérprete de
c) Getúlio Vargas acabou na prática com o regime do Estado Novo seus anseios e necessidades;
no primeiro semestre de 1945, quando decretou a liberdade de b) a defesa da Nação está exclusivamente nas mãos do Exército e
organização partidária, a anistia aos presos políticos e a realização do patriotismo dos brasileiros;
de eleições; c) Vargas delega às forças armadas o poder de lançar mão de
d) Foi uma incoerência do Brasil ter entrado na Segunda Guerra medidas excepcionais;
contra o fascismo, quando o regime do Estado Novo era fascista, d) as medidas excepcionais tomadas estão na relação direta da
tendo como base os camisas-verdes do Partido Integralista; falta de formações políticas atuantes;
e) As primeiras exigências para a redemocratização do país e) Vargas estabelece uma oposição entre o patriotismo dos
durante o Estado Novo partiram do Manifesto dos Mineiros de 1943 brasileiros e a ação da forças armadas.
e das manifestações da UNE em 1944.
Questão 13
Questão 10 "Restauremos a Nação na sua autoridade e liberdade de ação: na
Seguem-se as afirmativas que caracterizam a fase do Estado Novo: sua autoridade, dando-lhe os instrumentos de poder real e efetivo
I - poder passou a ser descentralizado, aumentando a autonomia que possa sobrepor-se às influências desagregadoras internas e
dos Estados com a nomeação de interventores estaduais; externas ..."
II - a política de intervencionismo estatal teve papel destacado no (Getúlio Vargas - 10 de novembro de 1937)
Estado Novo, principalmente no setor da indústria de base, com a O discurso de Getúlio Vargas anunciando o Estado Novo faz
criação da Companhia Siderúrgica Nacional; menção às características da sua organização política e ao
III - em 1937, apesar do golpe de Estado, Vargas mantém aberto o contexto da década de 1930. Identifique e explique uma
Congresso e privilegia os partidos políticos mais fortes; característica de cada um dos elemento citados.
IV - as realizações no Estado Novo no setor petrolífero foram muito
importantes, destacando-se a criação da Petrobrás que instituiu o Questão 14
monopólio do petróleo no Brasil;
A figura de Getúlio Vargas, como personagem histórica, é bastante
V - o governo passou a ficar, no Estado Novo, com o poder de
polêmica, devido à complexidade e à magnitude de suas ações
controlar a propaganda nacional e a censura à imprensa através do
como presidente do Brasil durante um longo período de quinze
Departamento de Imprensa e Propaganda - DIP.
anos (1930-1945). Foram anos de grandes e importantes
Escolha:
mudanças para o país e para o mundo. Pode-se perceber o
a) se apenas as afirmativas II e V estiverem corretas;
destaque dado a Getúlio Vargas pelo simples fato de este período
b) se apenas as afirmativas II, IV e V estiverem corretas;
ser conhecido no Brasil como a "Era Vargas".
c) se apenas as afirmativas IV e V estiverem corretas;
Entretanto, Vargas não é visto de forma favorável por todos. Se
d) se apenas as afirmativas I, II, III e IV estiverem corretas;
muitos o consideram como um fervoroso nacionalista, um
e) se apenas as afirmativas III e IV estiverem corretas.
progressista ativo e o "Pai dos Pobres", existem outros tantos que o
definem como ditador oportunista, um intervencionista e amigo das
Questão 11
elites.
Quem estiver com o rádio ligado, de segunda a sexta-feira das 19 Considerando as colocações apresentadas, responda à questão
às 20 horas, ouvirá acordes da famosa ópera de Carlos Gomes, O seguinte, assinalando a alternativa correta:
Guarani. É a abertura do programa oficial A Voz do Brasil, presente Provavelmente você percebeu que as duas opiniões sobre Vargas
obrigatoriamente nas rádios brasileiras desde 1934 - são opostas, defendendo valores praticamente antagônicos. As
obrigatoriedade que hoje é questionada por vários segmentos da diferentes interpretações do papel de uma personalidade histórica
sociedade. Este programa simbolizou uma determinada época da podem ser explicadas, conforme uma das opções a seguir.
república no Brasil, o Estado Novo (1937-45). Assinale-a.
A afirmativa que melhor explica a importância da Voz do Brasil a) Um dos grupos está totalmente errado, uma vez que a
durante o Estado Novo é: permanência no poder depende de ideias coerentes e de uma
a) exaltação das ações do presidente da República política contínua.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
237
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

b) O grupo que acusa Vargas de ser ditador está totalmente errado.


Ele nunca teve uma orientação ideológica favorável aos regimes
politicamente fechados e só tomou medidas duras forçado pelas
circunstâncias.
c) Os dois grupos estão certos. Cada um mostra Vargas da forma
que serve melhor aos seus interesses, pois ele foi um governante
apático e fraco - um verdadeiro marionete nas mãos das elites da
época.
d) O grupo que defende Vargas como um autêntico nacionalista
está totalmente enganado. Poucas medidas nacionalizantes foram
tomadas para iludir os brasileiros, devido à política populista do
varguismo, e ele fazia tudo para agradar aos grupos estrangeiros.
e) Os dois grupos estão errados, por assumirem características
parciais, e às vezes conjunturais, como sendo posturas definitivas e
absolutas.

Questão 15
O Estado Novo (1937 - 1945) representou um dos regimes
ditatoriais destacados pela História do Brasil Republicano. Em
alguns aspectos é considerado como uma forma brasileira do
fascismo europeu.
a) Indique uma característica legal que dê suporte a tal
comparação.
b) Analise o Estado Novo, tomando como foco principal as
conquistas efetivadas pelas legislações trabalhista e sindical por ele
consagradas.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


238
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL

Prof. Márcio Michiles

GOVERNOS POPULISTAS DEMOCRÁTICOS DUTRA- que ficou conhecido como Atentado da Rua Toneleros, foi morto o
major da aeronáutica Rubens Vaz. O exercito exigia a renuncia do
VARGAS (1945-1954) presidente, pressionado pelos militares e alguns setores da
POPULISMO - GOVERNO DUTRA (1946-1950) sociedade Vargas redigiu uma carta-testamento e suicidou-se com
Foi promulgada uma nova constituição em 46, prevalecendo um tiro no peito.
características liberais com sentido conservador, manutenção da Com a morte de Vargas a presidência passou para o vice Café
republica, voto secreto e universal. Filho, o PSD e PTB lançaram a candidatura de Juscelino e Joao
Goulart. Com o afastamento de Café Filho por motivos de saúde
Dutra procurou apoiar-se em vários partidos afim de combater o assumiu o cargo o presidente da câmara Carlos Luz que era
crescimento do PCB e de movimentos populares, adotando adversário de Juscelino. Suspeitando de um golpe o então ministro
medidas que proibiam a existência do Movimento Unificador dos da Guerra Lott, ordenou que as forças do exercito ocupassem
Trabalhadores (MUT), decretou, em seguida, a suspensão das prédios públicos, estações de rádio e os principais jornais do Rio
eleições sindicais, determinou a ilegalidade do PCB. de Janeiro.
Em relação a política externa Dutra acentuou seus vínculos com os
EUA, o governo decretou o rompimento das relações com a União
Soviética. Em 1948 fundou-se a Organização dos Estados
Americanos (OEA), com a forte participação do Brasil.
Dutra tentou colocar em pratica o primeiro planejamento global de
nossa economia, o plano SALTE (saúde, alimentação, transporte e
energia), no campo econômico foram consumidos os saldos
acumulados durante a Segunda Guerra, principalmente graças a
liberação das importações.
Verificou-se também uma pesada inflação, pois o papel-moeda e o
crédito cresceram muito rápido. Diminuiu o poder aquisitivo da
maioria da população, a partir de 48, as importações passaram a
depender de uma licença previa do governo, o que favoreceu a
indústria nacional.
GOVERNO VARGAS (1951-1954)
De volta ao poder, Getúlio procurou direcionar a economia para
uma linha intervencionista e nacionalista, preocupado
principalmente com o desenvolvimento da indústria de base. Em
dezembro de 51, Getúlio projetou o monopólio estatal do petróleo
com uma campanha sob o slogan O PETROLEO É NOSSO,
mobilizando a população resultando na criação da Petrobras,
empresa estatal monopolizadora da exploração e refinaria do
petróleo.
A ampliação do setor industrial de base implicava o aumento de
divisas, para prosseguir com o crescimento econômico da
indústria, era preciso acabar com os privilégios do capital
estrangeiro e reduzir relativamente os salários, além disso seria
necessário criar canais de transferência das divisas do setor
agroexportador para o setor industrial.
A estratégia econômica resultou também em uma rápida espiral
inflacionaria. Os reajustes salariais deixaram de acompanhar o
ritmo do custo de vida, provocando descontentamentos entre os
trabalhadores. O governo de Getúlio estava em crise.
No início de 54, o ministro do Trabalho Joao Goulart concedeu um
aumento salarial de 100%, a pressão oposicionista foi violenta
fazendo o ministro renunciar e o governo a suspender o aumento.
Os grupos de oposição se manifestavam através da imprensa
acusando Vargas de querer criar uma república sindicalista. No dia
do trabalho o governo cedeu o aumento salarial usando os
trabalhadores a participarem da política nacional. O nível de
conscientização e organização dos trabalhadores não era
suficiente para mobiliza-los.
Embora nunca tivesse ficado provado a participação de Getúlio,
pessoas ligadas a ele tentaram assassinar Lacerda, no episódio

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Em 1945 Getúlio Vargas foi deposto, após exercer o poder desde 1930. Cinco anos depois, em 1950,
foi eleito com 48,7% dos votos do povo para o novo mandato. Sobre esse novo período de Getúlio
Vargas, é correto afirmar que:
01) Foi um período de absoluta centralização do poder, prescindindo do Congresso Nacional.
02) Caracterizou-se pelo nacionalismo e pelo populismo. Ideologicamente, buscava-se associar os
interesses da burguesia com os de todo o povo.
04) A estratégia política e econômica não exigia o rompimento com o capital internacional.
08) A industrialização voltou a ser a meta fundamental do Estado e a "política de massas" foi o maior
instrumento político de Getúlio.
16) A campanha "O Petróleo é nosso" e a criação da Petrobrás exemplificam o nacionalismo
econômico desse período.

Soma = ( )

Questão 02

A charge da revista ilustra


a) os conflitos do governo de Getúlio Vargas com as companhias norte-americanas para nacionalizar a
extração e produção de petróleo.
b) a pressão de empresas internacionais contra o processo de nacionalização do petróleo brasileiro,
intensificado após a 2ª Guerra Mundial.
c) a crise de produção de petróleo, após a 2ª Guerra Mundial, que levou as "sete irmãs" a exigirem a
desnacionalização da produção no Brasil.
d) o momento da criação da Petrobrás, com o apoio das companhias de petróleo internacionais,
interessadas em explorar o solo brasileiro.
e) as dificuldades de extração de petróleo pela Petrobrás que foi obrigada a recorrer ao capital e a
técnicos estrangeiros.

Questão 03
"Bota o retrato do velho outra vez
Bota no mesmo lugar
O sorriso do velhinho
Faz a gente se animar, oi
Eu já botei o meu
E tu não vais botar?
Já enfeitei o meu
E tu vais enfeitar?
O sorriso do velhinho
Faz a gente trabalhar"
(RETRATO DO VELHO, de Mário Pinto e Haroldo Lobo)

Esse samba, muito popular na época, foi utilizado como instrumento de propaganda pelo movimento
político que visava o retorno do seu líder. Identifique esse movimento e seu líder.
a) Jacobinismo e Floriano Peixoto.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


240
Aula 20 – Governos Populistas Democráticos Dutra e Vargas
b) Monarquismo e D. Pedro II.
c) Janismo e Jânio Quadros.
d) Queremismo e Getúlio Vargas.
Anotações
Questão 04
São características do segundo governo Vargas (1951-1954):
a) instabilidade política, crescente aumento do custo de vida, oposição sistemática do PTB e PSD às
medidas governamentais, não participação do capital estrangeiro nas atividades econômicas;
b) estabilidade política, desenvolvimento econômico, monopólio estatal do petróleo, apoio de ampla
frente partidária (UDN, PTB, PSD, PCB) ao programa de governo;
c) crescente instabilidade política, aumento da atividade sindical, monopólio estatal do petróleo,
sistemática oposição da UDN ao governo;
d) intransigente defesa dos interesses populares, apoio sistemático do Partido Comunista, monopólio
estatal do petróleo, proibição da entrada de capital estrangeiro no país;

Questão 05
Os governos de Getúlio Vargas (1930-45/1951-54), no Brasil, de Juan Domingo Perón (1946-55), na
Argentina, de Victor Paz Estensoro (1952-56/1960-64), na Bolívia, e de Lázaro Cárdenas (1934-40), no
México, foram, alguns dos mais significativos exemplos do populismo latino-americano que se
caracterizou notadamente:
a) pela aliança com as oligarquias rurais na luta contra os movimentos de caráter socialista.
b) pelo predomínio político do setor agrário-exportador em detrimento do setor industrial.
c) pelo nacionalismo, e intervenção do Estado na economia, priorizando o setor industrial.
d) por propostas radicais de mudanças nas estruturas sócio-econômicas, em oposição ao capitalismo
internacional.

Questão 06
"(...) é fenômeno das regiões atingidas pela intensificação do processo de urbanização. Estabelece
suas raízes mais fortes em São Paulo, região de mais intenso desenvolvimento industrial no país (...)
é, no essencial, a exaltação do poder público; é o próprio Estado colocando-se através do líder, em
contato direto com os indivíduos reunidos na massa. (...) A massa se volta para o Estado e espera
dele o sol ou a chuva ou seja, entrega-se de mãos atadas aos interesses dominantes."
Este texto de F. Weffort
a) faz considerações sobre o coronelismo no Brasil.
b) caracteriza a política brasileira pós-64.
c) descreve uma forma de dominação política que emergiu com a revolução constitucionalista de 1932.
d) trata do populismo no Brasil.

Questão 07
A Segunda Guerra Mundial e as transformações subsequentes abalaram profundamente o equilíbrio
de poderes até então existente, abrindo caminho para uma nova ordem político-econômica e militar,
com evidentes implicações no Terceiro Mundo. Neste contexto, a política externa do Governo Eurico
Gaspar Dutra expressava:
a) favorecimento ao bloco socialista.
b) alinhamento à política norte-americana.
c) postura neutralista.
d) visão terceiro-mundista de resistência ao imperialismo.

Questão 08
A redemocratização do Brasil, em 1945, e o fim da Segunda Guerra Mundial consolidaram uma política
externa, já esboçada durante o conflito Mundial, que pode ser caracterizada pelo(a):
a) "pragmatismo responsável", no qual os interesses econômicos prevaleceram sobre as posições
políticas.
b) alinhamento aos Estados Unidos e ao Bloco Capitalista no contexto da Guerra Fria.
c) "política externa independente", que priorizava a aproximação com as antigas colônias recém-
independentes.
d) valorização da integração e formação de blocos, dentro de uma concepção latino-americanista.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


241
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 04


Depois da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos
Questão 01 conquistaram um lugar hegemônico tanto no plano mais geral da
Assinale a opção que apresenta uma característica do quadro América Latina quanto no plano mais específico do Brasil. Isto
partidário brasileiro, entre 1945 e 1964. ocorreu, também, na área cultural.
a) Todos os Partidos surgidos ao final do Estado Novo Discorra sobre esta afirmativa, fundamentando seus argumentos.
representavam as forças de oposição à ditadura.
b) A UDN (União Democrática Nacional), principal força de Questão 05
oposição a Getúlio Vargas, foi a grande vencedora nas eleições Esta questão deve ser respondida com base na tabela e nos itens a
nacionais do período. seguir.
c) A permanente e radical oposição entre PSD (Partido Social
Democrático) e PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) pode ser
associada à oposição rural X urbano.
d) Os maiores Partidos Políticos (PSD, UDN e PTB) eram
organizações criadas a partir de cúpulas tendo limitadas bases
populares.
e) Os Partidos do período eram instituições fortemente marcadas
por práticas democráticas e rigor doutrinário.

Questão 02
O desenvolvimento foi um dos elementos de maior importância nos
Fonte: SANTOS, Wanderley Guilherme dos. QUE BRASIL É ESTE? Manual de
debates políticos e intelectuais ocorridos no Brasil, a partir da indicadores políticos e sociais. Rio de Janeiro: UPER/Vertice, 1990 p.40. apud:
década de 40, sendo também a preocupação das políticas FAUSTO, B. História do Brasil. 2. ed. São Paulo: EDUSP/FDE, 1995. p. 409.
governamentais do período.
Assinale a opção que NÃO expressa uma política governamental I. A forte alta dos preços internacionais do café gerou um aumento
no período. da receita em divisas que, convertida na moeda da época
a) O segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954) imprimiu um (cruzeiros), resultam em aumento do volume de moeda em
caráter nacional ao desenvolvimentismo com restrições ao capital circulação, estimulando a procura de bens e a elevação de preços.
estrangeiro e criação de empresas estatais. II. A eclosão de guerra da Coréia levou o governo a endividar-se no
b) Os "cinquenta anos em cinco", "slogan" do Programa de Metas exterior, financiando importações, em decorrência do conflito.
de JK, caracterizado por um rápido crescimento industrial, foi III. Entre as principais razões que explicam o aumento dos preços
facilitado pela atração de capitais estrangeiros. estavam os gastos governamentais com a construção de Brasília e
c) A política desenvolvimentista, em todas as suas etapas, foi o atendimento às reivindicações salariais de setores do
acompanhada por crescente interferência do Estado no domínio funcionalismo, aprovados pelo Congresso.
econômico através da formulação de planos, criação de agências Os dados da tabela confirmam o que está afirmado em APENAS,
de financiamento e de empresas estatais. a) I b) II c) III d) I e II e) II e III
d) A abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro, a partir
do Estado Novo, com a participação dos Estados Unidos no Questão 06
desenvolvimento da siderurgia, foi o principal fator de estímulo ao "... criou em 1945 um partido social-democrata que, como todos
desenvolvimento brasileiro. sabemos, se consolidou como o mais importante partido agrário do
e) As empresas estatais de grande porte criadas no período, como país. (...) criou também um partido trabalhista, e há quem diga que
a Vale do Rio Doce, a Petrobrás e a Eletrobrás, colocavam sob o buscou inspirar-se no Labour Party..."
controle do governo setores de base considerados estratégicos, O texto permite associar
que exigiam vultosos investimentos. a) Jânio Quadros ao PDS e ao PSB.
b) Eurico Gaspar Dutra ao PCB e ao PFL.
Questão 03 c) Juscelino Kubitschek ao PRM e ao PDT.
A redemocratização do Brasil, em 1945, e o fim da Segunda Guerra d) Getúlio Vargas ao PSD e ao PTB.
Mundial consolidaram uma política externa, já esboçada durante o e) João Batista Figueiredo ao MDB e ao PRN.
conflito Mundial, que pode ser caracterizada pelo(a):
a) "pragmatismo responsável", no qual os interesses econômicos Questão 07
prevaleceram sobre as posições políticas. "Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do
b) alinhamento aos Estados Unidos e ao Bloco Capitalista no povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia
contexto da Guerra Fria. não abateram meu ânimo. Vos dei a minha vida. Agora vos ofereço
c) "política externa independente", que priorizava a aproximação a minha morte ( .. ). "
com as antigas colônias recém-independentes. O trecho acima está relacionado aos acontecimentos de 24 de
agosto de 1954, que culminaram:
d) valorização da integração e formação de blocos, dentro de uma
a) na morte do recém eleito Presidente Tancredo Neves, em função
concepção latino-americanista. de graves problemas de saúde.
e) aproximação com os países europeus, visando a recuperar os b) no fim do período populista, com a queda do Presidente João
mercados perdidos durante a Segunda Guerra. Goulart.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


242
Aula 20 – Governos Populistas Democráticos Dutra e Vargas
c) no afastamento do Presidente Costa e Silva, devido a problemas empresas estrangeiras, desestabilizando suas bases políticas.
de saúde e o impedimento do Vice-Presidente civil Pedro Aleixo. c) o Manifesto dos Coronéis, que, oferecendo seu apoio ao governo
d) na renúncia do Presidente Jânio Quadros, gerada pela oposição de Vargas, gerou um estado de inquietação nas Forças Armadas.
da UDN à política externa independente. d) a forte oposição do jornal "A última Hora" ao governo,
e) no suicídio do Presidente Getúlio Vargas, pressionado por denunciando corrupção e escândalos do governo de Vargas.
setores conservadores e grupos internacionais. e) o episódio da Rua Toneleros, no qual morreu assassinado por
pistoleiros o chefe da guarda presidencial.
Questão 08
Gláuber Rocha, João Gilberto, Décio Pignatari, Gianfrancesco Questão 12
Guarnieri e Caetano Veloso foram representantes de movimentos Em 1947, o Partido Comunista foi colocado na ilegalidade no Brasil.
culturais das décadas de 50 e 60. Cite os nomes desses Esta decisão se explica basicamente
movimentos. a) pela bipartição do mundo em blocos antagônicos, consequência
da guerra fria.
Questão 09 b) pela linha insurrecional dos comunistas que pretendiam iniciar
No Brasil pós-1945, Getúlio Vargas, procurando apoiar-se na uma revolução a curto prazo.
grande massa popular para sustentar o seu programa econômico, c) por ser o Partido Comunista frágil e destituído de expressão
concedeu especial atenção social.
a) aos partidos socialistas. d) ao movimento trabalhista. d) por um acordo partidário firmado pela UDN, o PSD e o PTB.
b) às facções integralistas. e) às organizações tenentistas. e) pelo desejo de acalmar as Forças Armadas que ameaçavam
c) aos políticos comunistas. interromper o jogo democrático.

Questão 10 Questão 13
DESASTRE NO PARANÁ: 4 MILHÕES DE LITROS DE ÓLEO NO Na década de 1950, durante o segundo governo de Getúlio Vargas
AMBIENTE (1950-1954), setores da sociedade brasileira se mobilizaram numa
"Até quando? campanha:
Petrobras - Acidentes acontecem, mas a paciência tem limite!" a) por uma política externa independente, que fez com que o
("Superinteressante", nº 8, agosto, 2000, p. 26.) Presidente criasse, sem a ajuda de capitais estrangeiros, a
Companhia Siderúrgica Nacional.
O ESPÍRITO SANTO NA CORRIDA DO PETRÓLEO b) pela nacionalização da pesquisa, exploração e refino do
"Os novos desafios estão lançados. Na corrida do petróleo a petróleo, que culminou com a criação da Petrobrás, símbolo do
Petrobras procura definir sua linha de atuação no Estado." nacionalismo econômico.
("Talismã", edição 32, 2000, p. 11.) c) que exigia reformas de base, forçando o Congresso a votar leis
que permitissem a reforma agrária o a nacionalização das
As citações acima referem-se aos problemas que a Petrobras vem empresas estrangeiras.
enfrentando e ao propósito de ampliar sua atuação no Espírito d) pela entrada sem restrições do capital estrangeiro no país, que
Santo. A Petrobras foi criada na década de 50, no seguinte culminou com a formulação, por setores governamentais, do Plano
contexto: de Metas.
a) Estado Novo, decretado por Getúlio Vargas, com base no e) pela modernização tecnológica do país, que resultou no
autoritarismo político e no nacionalismo econômico. investimento estatal em novas fontes de energia e na criação de
b) Governo de João Figueiredo, cuja política populista previa a usinas nucleares.
prospecção petrolífera em várias partes do Brasil.
c) Presidência de Getúlio Vargas, eleito pelo voto no seu segundo Questão 14
governo, com grande apelo nacionalista. Explique o contexto histórico brasileiro do aparecimento da
d) Governo de Juscelino Kubitschek, marcado pelo anti- expressão "O petróleo é nosso!" e os resultados da campanha que
nacionalismo e voltado para os interesses norte-americanos no se seguiu.
setor automobilístico.
e) Governo provisório de Getúlio Vargas, numa situação de Questão 15
colaboração ao esforço de guerra imposto pelos ingleses e
americanos. Nos governos latino-americanos caracterizados como populistas,
"... os humilhados e ofendidos, os homens simples, ou LOS
Questão 11 OLVIDADOS no sistema oligárquico, adquirem alguns direitos".
Esses direitos expressam o limite da participação política desses
A estratégia econômica resultou também em uma rápida espiral homens trabalhadores nas lutas relativas tanto aos problemas de
inflacionaria. Os reajustes salariais deixaram de acompanhar o classe quanto às questões nacionais.
ritmo do custo de vida, provocando descontentamentos entre os a) DEFINA Populismo.
trabalhadores. O governo de Getúlio estava em crise. A crise de b) IDENTIFIQUE os direitos adquiridos pelos trabalhadores nos
agosto de 1954, que terminou com o suicídio do Presidente Vargas, governos populistas latino-americanos.
teve como antecedentes: c) EXPLIQUE por que, apesar dos direitos adquiridos, os
a) a oposição dos setores conservadores e anti-populistas à política trabalhadores encontraram limitações à sua participação política
nacionalista de Vargas na criação da Petrobrás e no aumento de nos governos populistas.
100% do salário mínimo.
b) o apoio de Vargas à remessa de lucros sem limites das

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


243
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL

Prof. Márcio Michiles

CRISE DO POPULISMO (1955-1964) GOVERNOS JK; reprimidas, Joao Goulart foi obrigado a se exilar no Uruguai tinha
início o período da Ditadura Militar.
JANIO; JANGO
GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961)
Teve seu governo marcado por intenso e acelerado
desenvolvimento econômico, sua política econômica delineada no
plano de metas, privilegiou o setor industrial. A política econômica
adotada por Juscelino baseava-se na realização de investimentos
diretos, quase sempre precedidos de intensa emissão monetária e
na abertura ao capital estrangeiro. Tal estratégia econômica
resultou na expansão e consolidação de um capitalismo
dependente.
A intensa emissão monetária agravou o processo inflacionário,
enquanto a expansão do capital estrangeiro atraído por privilégios
ocasionou uma desnacionalização econômica. Os lucros obtidos
eram enviados para o exterior, muitas vezes burlando as leis
locais. A política econômica de Juscelino era bem diferente de
Vargas.
A gestão de Juscelino foi marcada pela construção de um
programa de obras públicas na qual se destacou a construção da
nova capital Brasília. Foi criada a SUDENE, órgão com finalidade
de auxiliar o nordeste e integra-lo ao Brasil, criou-se também o
GEIA, visando estabelecer a indústria automobilística.
GOVERNO JANIO QUADROS (1961)
Tomado posse, Jânio passou a governar um país marcado por
uma grave crise financeira, inflação e forte dívida externa. Para
enfrentar essa crise criou uma política anti-inflacionária restringindo
os créditos, congelando salários e incentivando exportações.
Sofrendo forte oposição.
Em relação a política externa tentou estabelecer uma política
neutra em relação aos EUA, buscou um relacionamento mais
próximo com a URSS, condecorou com a Ordem do Cruzeiro do
Sul ao Che Guevara. Lacerda lidera um movimento de oposição
alegando que o presidente estava preparado para um golpe de
Estado. Sem apoio dos setores de direita e esquerda Jânio
renuncia acreditando que retornaria ao poder nos braços do povo.
O que não aconteceu.
GOVERNO DE JOAO GOULART (1961-1964)
O congresso aprovou um ato adicional estabelecendo o sistema
parlamentarista, essa medida limitava os poderes do presidente, foi
a condição para que Jango assumisse o poder, com forte apoio
popular convocou um plebiscito que decidiu a favor do retorno do
presidencialismo devolvendo os poderes a Jango.
Foi montado o Plano Trienal para combater a inflação e realizar o
desenvolvimento econômico principalmente da indústria. As
tensões ressurgiram agravadas pela proposta da criação do 13
salário. O congresso recusou e os trabalhadores entraram em
greve.
Jango então prepara as Reformas de Base, que incluía reforma
agraria, reforma eleitoral, reforma educacional e a lei de remessas
de lucros limitando o envio dos lucros para o exterior. As
manifestações do governo para a aprovação das Reformas se
tornaram comícios populares, provocando a reação dos
latifundiários e de setores da burguesia utilizando inclusive a
Marcha da Família com Deus e pela Liberdade.
O governo Jango acabou sendo abandonado pelos militares
legalistas, a greve geral fracassou e as manifestações civis foram

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


Aula 21 – Crise do Populismo
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
"Industrializar aceleradamente o país; transferir do exterior para o nosso território as bases do
desenvolvimento autônomo; fazer da indústria manufatureira o centro dinâmico das atividades
econômicas nacionais - isto resume o meu propósito, a minha opção."
O texto pode ser considerado o resumo do programa de governo de:
a) Café Filho d) Juscelino Kubitschek
b) Eurico Gaspar Dutra e) Washington Luiz
c) Nereu Ramos

Questão 02
Presidente Bossa Nova
Bossa Nova mesmo é ser Presidente
Desta terra descoberta por Cabral
Para tanto basta ser tão simplesmente
Simpático, risonho e original (...)
(Juca Chaves)

A letra da música se refere ao presidente JK, e o termo Bossa Nova, que aparece no final da década
de 50 como movimento musical, passa a designar tudo que é novidade, diferente, inusitado, inclusive
o Presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), segundo Juca Chaves.
As novidades na cultura, nessa fase, se davam paralelamente à euforia desenvolvimentista, resultante
da política econômica, que tinha como um dos objetivos:
a) nacionalizar o setor mineral e transformar o setor estatal e o privado nacionais em principais
agentes do desenvolvimento econômico.
b) acelerar o desenvolvimento econômico, em particular o das indústrias, ainda que por meio de uma
política inflacionária e de abertura para o capital estrangeiro.
c) desencadear um surto de progresso industrial e agrícola, com a redistribuição de terras, resolvendo
todos os problemas estruturais do campo.
d) transformar os camponeses em trabalhadores assalariados com a consequente elevação da
produtividade agrícola e dos investimentos no setor.
e) possibilitar o desenvolvimento agrícola, por meio de um vigoroso monopólio nacional dos chamados
setores de ponta da nossa economia, obtendo grande apoio da burguesia nacional.

Questão 03
Afirmou o economista Luís Carlos Bresser Pereira sobre o período em que Juscelino assumiu a
Presidência do Brasil:
"... as empresas estrangeiras exportadoras de produtos manufaturados (...) em face do surgimento de
empresas nacionais e às barreiras cambiais e tarifárias à entrada de seus produtos no Brasil, viram-se
diante da alternativa de ou realizar grandes investimentos industriais no Brasil ou perder o mercado
brasileiro. É evidente que optaram pela primeira solução".
Nesse período,
a) a entrada maciça de investimento foi dificultada pela Instrução de 113 da SUMOC
(Superintendência da Moeda e do Crédito).
b) a vertiginosa expansão industrial ocorrida entre 1956 e 1961 significava que a chamada Revolução
Industrial Brasileira, iniciada nos anos 30 por Getúlio, consolidava-se e encerrava a primeira fase.
c) pela Instrução 113, as empresas estrangeiras eram prejudicadas em relação às empresas
nacionais.
d) visando ao "desenvolvimento", o governo cercou-se de uma equipe de técnicos, notadamente
economistas, ligados à Comissão do Petróleo Brasileiro para a América Latina (CEPAL).
e) diminuíram as diferenças entre as populações dos grandes centros industrializados (como São
Paulo e Rio de Janeiro) e as esfomeadas populações do Norte-Nordeste, concentradas em latifúndios,
pois estes também receberam investimentos externos.

Questão 04
"No plano da política partidária, o acordo entre o PSD e o PTB garantiu o apoio aos principais projetos
do Governo Juscelino Kubitschek no Congresso."
O traço comum que aproximava os dois partidos era:
a) A preocupação dominante com a sorte das camadas médias urbanas, articuladas em torno dos
sindicatos de serviços e de funcionários autônomos.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
245
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

b) O getulismo do PSD (setores dominantes no campo, a burocracia governamental e setores da


burocracia industrial e comercial) e o getulismo do PTB (burocracia sindical e do Ministério do
Trabalho, a burguesia industrial nacionalista e a maioria dos trabalhadores urbanos organizados).
Anotações
c) O autoritarismo esclarecido do PTB (organizando as massas urbanas dos pequenos e médios
centros do país) e o despotismo do PSD (criando as condições básicas para a sobrevivência de
pequenos sindicatos).
d) A atuação junto aos setores despossuídos (os chamados "marmiteiros") das grandes metrópoles,
que sempre atuaram no sentido de alcançar uma melhor situação de vida.
e) A defesa incondicional da instrução 113 da SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito) que,
ao propiciar uma fuga de capitais estrangeiros do país, permitia que o capital industrial nacional
encontrasse condições para a sua ampliação.

Questão 05
A base do programa administrativo do governo de Juscelino Kubitschek era constituída pelo trinômio:
a) estradas, energia e transportes.
b) comércio, educação e privatização.
c) indústria, exportação e importação.
d) agricultura, pecuária e reforma agrária.
e) saúde, estabilidade monetária e habitação.

Questão 06
Leia o texto.
"O IPES (Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais) foi fundado no final de 1961, por empresários e
militares do eixo Rio-São Paulo que, unidos em torno do projeto de readequação e reformulação do
Estado nos moldes ambicionados pelo setor multinacional-associado, procuraram estimular em todo o
país uma 'reação empresarial ao que foi percebido como a tendência esquerdista da vida política-
brasileira'."
(STARLING, Heloísa Maria Murguel. OS SENHORES DAS GERAIS. Petrópolis: Vozes, 1986. p.46)

Todas as alternativas contêm afirmações corretas sobre o papel do IPES, EXCETO


a) A derrubada do governo do presidente João Goulart foi um dos principais alvos estratégicos do
IPES nos anos 60 por temor da formação de uma república sindicalista.
b) A desarticulação das forças sociais do bloco nacional-populista foi fruto de uma sofisticada
campanha político-ideológica desenvolvida pelo IPES entre 1961 e 1964.
c) A setorização do IPES, expandindo agências e similares para outros estados, como o de Minas
Gerais, visava a uma ação política em âmbito nacional.
d) O comando político efetivo do aparelho de Estado não estava incluído nos planos do IPES, que
visava somente ao desmantelamento dos grupos de esquerda no país.
e) O IPES empreendeu uma articulação para fundir as forças e os grupos de oposição, do que resultou
uma mobilização conservadora da sociedade civil.

Questão 07
As Reformas de Base, propostas no Governo João Goulart, não tiveram um sentido revolucionário,
correspondendo, na verdade, às necessidades da consolidação do capitalismo industrial.
Todas as alternativas contêm objetivos das Reformas de Base, EXCETO
a) A ampliação do mercado interno para os bens manufaturados.
b) A criação de novas condições institucionais.
c) A estatização do sistema bancário.
d) O aumento da produção agrícola.
e) O controle dos conflitos sociais através da redistribuição de terras.

Questão 08
Leia o texto.
"... Espero que nestas circunstâncias V.Exa. sentirá que o seu país deseja unir-se ao nosso,
expressando os seus sentimentos ultrajados frente a este comportamento cubano e soviético e que
V.Exa. achará por bem expressar publicamente os sentimentos do seu povo."
"Quero convidar V.Exa. para que suas autoridades militares possam conversar com os meus militares
sobre a possibilidade da participação em alguma base apropriada com os Estados Unidos e outras
forças do Hemisfério em qualquer ação militar que se torne necessária pelo desenvolvimento da
situação em Cuba..."
(Do arquivo pessoal de João Goulart, citada por Moniz Bandeira.)

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


246
Aula 21 – Crise do Populismo
Esse é um trecho de uma carta pessoal enviada por John Kennedy, presidente dos Estados Unidos, a
João Goulart, presidente do Brasil, no início da década de 60.
Os termos dessa carta podem ser associados
Anotações
a) à critica à política externa independente adotada pelo Brasil, desde o governo Jânio Quadros, a qual
identificava o país com os governos não-alinhados.
b) à pressão sobre o governo brasileiro para que fossem adotadas medidas drásticas contra o
crescimento das idéias comunistas no país.
c) à sugestão para o governo brasileiro apoiar o programa ALIANÇA PARA O PROGRESSO que
fornecia recursos aos estados e municípios brasileiros.
d) ao estímulo às ações da Escola Superior de Guerra (ESG) que baseava suas ações no binômio
DESENVOLVIMENTO E SEGURANÇA.
e) ao incentivo aos investimentos privados, à livre concorrência e à abertura do mercado brasileiro ao
capital estrangeiro.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


247
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 07


Cinquenta anos de progresso em cinco anos de governo foi o
Questão 01 slogan do período de JK, caracterizado por:
"Na memória dos brasileiros, os cinco anos do governo Juscelino a) conseguir eleger seu sucessor, graças à estabilidade econômica
são lembrados como um período de otimismo, associado a grandes gerada pelo Plano de Metas.
realizações cujo maior exemplo é a construção de Brasília." b) reprimir as oposições, anulando os direitos democráticos e a
(Boris Fausto, HISTÓRIA DO BRASIL, 1994, pág. 429.) liberdade de imprensa.
c) reduzir a produção de bens de consumo duráveis, voltando-se
a) A que outras realizações se refere o texto? totalmente para a indústria de base.
b) Foram elas planejadas? Comente. d) acelerar o desenvolvimento industrial, internacionalizar nossa
economia, gerando, contudo, endividamento e inflação.
Questão 02 e) acentuar o caráter nacionalista de nossa economia, conforme o
No nordeste do Brasil desde 1955, a luta pela terra assumiu a modelo varguista.
importância da luta política. Nesse ano surgiu, no município de
Vitória de Santo Antão, a Sociedade Agrícola e Pecuária dos Questão 08
Plantadores, mais tarde denominada Ligas Camponesas. As Ligas Comente dois aspectos que caracterizam o modelo industrial
Camponesas constituíram, sob a liderança de Francisco Julião, o brasileiro na década de 50.
centro de mobilização popular no campo.
Buscando solucionar o problema agrário, o governo João Goulart Questão 09
tomou, a partir de 1963, algumas medidas concretas. "Boa viagem! Boca do Acre! Água Branca! Vargem Alta! Amargosa!
a) APRESENTE uma das medidas adotadas pelo governo João Xique-xique! Palmares! Taperoá! Triunfo! Aurora! Campanário!
Goulart que visava amenizar o problema agrário do Brasil. Águas Belas! Passagem Franca! Bom Conselho! Brumado! Pedra
b) CITE duas dificuldades encontradas pelo governo na Azul! Diamantina! Capelinha! Capão Bonito! Campinas! Canoinhas!
implementação dessas medidas. Porto Belo! Passo Fundo!
c) APRESENTE a posição das Ligas Camponesas quanto às - Cruz Alta...
medidas adotadas pelo governo João Goulart para resolver o - Que foram chegando de todos os lados da imensa pátria...
problema agrário no Brasil. - Para construir uma cidade branca e pura ..."
(Antônio Caros Jobim e Vinícius de Moraes. Brasília: Sinfonia da Alvorada.)
Questão 03
No dia 13 de março de 1964 realizou-se no Rio de Janeiro, na O texto se refere aos candangos,
Central do Brasil, o comício pelas Reformas de Bases. Analise o a) funcionários públicos oriundos da antiga capital rio de janeiro que
contexto político em que se inscreveu esse comício se transferiram para Brasília, em 1961.
b) trabalhadores simples, vindos de vários lugares do Brasil, para
Questão 04 trabalhar na construção civil, em Brasília.
c) profissionais qualificados, oriundos dos lugares citados no texto,
Comente as reais intenções do "Plano de Metas" de Juscelino
para trabalhar na construção civil, em Brasília.
Kubitschek e o resultado de sua implantação para o povo brasileiro.
d) bóias-frias que foram morar em Brasília, para trabalhar na
agricultura e na indústria.
Questão 05
e) tipos de carro produzidos pela DKW, indústria automobilística
A realização mais importante do governo Juscelino Kubitschek alemã que se instalou em Brasília.
(1956-1960) foi o seu Programa de Metas. Segundo Juscelino, o
objetivo principal do programa era "acelerar o processo de Questão 10
acumulação aumentando a produtividade dos investimentos
"Na presidência da República, em regime que atribui ampla
existentes e aplicando novos investimentos em atividades
autoridade e poder pessoal ao chefe de governo, o Sr. João Goulart
produtoras". Tal Programa pretendia, como resultado, melhorar o
constituir-se-á, sem dúvida alguma, no mais evidente incentivo a
nível de vida da população, com novas oportunidades de emprego
todos aqueles que desejam ver o país mergulhado no caos, na
e elevar a taxa de crescimento econômico.
anarquia, na luta civil."
Apresente dois aspectos do Programa de Metas. Manifesto dos ministros militares à Nação, em 29 de agosto de 1961.

Questão 06 Este Manifesto revela que os militares


"A contradição inerente do governo provocou um clima de a) estavam excluídos de qualquer poder no regime de democracia
equilíbrio precário, cuja ruptura esperava-se a qualquer momento. presidencial.
A dramaticidade em que viveu o período era sempre renovada b) eram favoráveis à manutenção do regime democrático e
pelas atitudes inesperadas e, às vezes, burlescas do Presidente da parlamentarista.
República. O episódio de condecoração de Che Guevara, então c) justificavam uma possibilidade de intervenção armada em regime
ministro de Castro, com a Ordem do Cruzeiro do Sul, foi momento democrático.
capital desse drama de curta duração." d) apoiavam a interferência externa nas questões de política interna
(Nilo Odália - BRASIL EM PERSPECTIVA). do país.
e) eram contrários ao regime socialista implantado pelo presidente
a) A partir do texto, identifique o presidente que governava o país. em exercício.
b) Caracterize os novos rumos da política externa no período.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


248
Aula 21 – Crise do Populismo
Questão 11 Questão 15
"A radicalização de posições entre a esquerda e a direita, num O período imediatamente anterior ao golpe de 64 foi de intensas
confronto cada vez mais aberto e violento, paralisava o Governo movimentações sociais e manifestações públicas. Sobre as
João Goulart...". "passeatas" que ocorreram durante este período, pode-se dizer
"Sob o comando das Centrais Sindicais, greves gigantescas se corretamente:
multiplicavam por todo o país, nos tempos de Jango". a) não só a "esquerda" se movimentou, mas também outros setores
(VALADARES, V.T. et al. "História": manifestaram-se publicamente, como as "Marchas da Família com
Assim caminha a humanidade, 1993, p.50.)
Deus pela Liberdade" organizadas por grupos conservadores
contra o governo de João Goulart
Os trechos citados se referem ao Governo João Goulart, contexto b) foram monopolizadas pelas organizações comunistas lideradas
no qual ocorreu o Golpe de 1964 desencadeado pela pelo Partido Comunista do Brasil para derrubar o governo populista
a) anistia para presos políticos com o fim de apaziguar o de João Goulart e impedir a efetivação das reformas de base
radicalismo do Partido Comunista. c) as manifestações de rua foram intensamente reprimidas pelas
b) crise internacional do petróleo, que determinou a entrega da organizações de soldados e marinheiros que se formaram para
produção e do refinamento aos grupos estrangeiros. defender o governo e a hierarquia militar ameaçada pelos
c) tentativa de aprovação das chamadas reformas de base feitas comunistas
por João Goulart e que provocaram a reação de setores d) as passeatas aconteceram somente em São Paulo e Belo
conservadores. Horizonte, refletindo o descontentamento destas cidades para com
d) aprovação da Lei Falcão pela Justiça Eleitoral, que limitava a o governo centralizador de Juscelino Kubitschek
propaganda dos candidatos militares no rádio e na televisão.
e) elaboração do Plano Trienal do governo, que criava uma nova
ordem político-administrativa, prevendo a implantação do
Parlamentarismo .

Questão 12
Em 1963 o eleitorado brasileiro foi convocado para um plebiscito
para se manifestar a favor ou contra uma proposta do governo.
a) Sobre qual questão os eleitores deveriam opinar?
b) Qual o resultado da consulta
c) Qual a consequência política imediata desse resultado?

Questão 13
A famosa portaria 113 da SUMOC, Superintendência da Moeda e
do Crédito, do Ministério da Fazenda, na gestão de Café Filho, foi
uma das bases para a implantação dos "cinquenta anos em cinco"
de JK porque:
a) possibilitou a ampliação das exportações brasileiras para atrair
divisas.
b) atraiu investimentos estrangeiros para o setor agroindustrial, que
precisava modernizar-se.
c) inseriu o Brasil no mercado econômico internacional, por alterar
as taxas cambiais.
d) possibilitou a atração do capital estrangeiro associado ao capital
nacional.
e) diminuiu a oferta de moedas e dificultou a concessão de
empréstimos para conter a inflação.

Questão 14
Em 06 de janeiro de 1963, realizou-se o plebiscito que reuniu os
votos de mais de 12 milhões de cidadãos. Após o resultado do
plebiscito, Goulart assumiu plenamente o poder presidencial.
Que questão foi discutida no plebiscito anterior citado?
a) A validade da eleição de João Goulart.
b) A implementação das reformas de base por Jango.
c) O sistema de governo (presidelicialista X parlamentarista).
d) A renúncia do Presidente Jânio Quadros.
e) A Lei de Remessa de Lucros, reforma urbana e tributária.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


249
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL

Prof. Márcio Michiles

FORMAÇÃO DA DITADURA MILITAR (1964-1967) salários. Entre 1964 e 1967 várias empresas de pequeno porte
faliram.
O Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco era cearense, Enquanto isso, a classe média industrial e a nata rural se
de Fortaleza, veio ao mundo no dia 20 de setembro de 1897. beneficiavam com as aplicações estrangeiros no país, estimuladas
Entrou para a carreira militar e em 1962 ele foi elevado à classe de pelo governo, com o aumento nas exportações e na produção
general-de-exército. Nos anos de 1963 e 1964 exerceu o cargo de interna de bens duradouros. O mercado consumista desenvolveu-
Chefe do Estado-Maior do Exército e foi um dos que contribuíram se consideravelmente, porém tais benefícios foram usufruídos
para instituir o golpe militar que destituiu o presidente João Goulart apenas por aqueles que pertenciam às classes médias – os únicos
em 1964. que tinham dinheiro em mãos para gastar. A centralização da
Desferido o golpe militar, foi estabelecido o Ato Institucional n◦1 – receita nas mãos de poucos não permitiu que as camadas
AI-1 – e chamou-se eleições indiretas para presidente. O Ato populares fossem favorecidas.
Institucional n◦1 suprimiu a constância dos cargos públicos Em 1965 é determinado por decreto o AI n◦2 – as eleições para
determinada pela Constituição, o Presidente teria também o poder presidente tornam-se indiretas e todos os partidos políticos são
de invalidar mandatos e a faculdade legal de suspender por dez suprimidos. Deste momento em diante só é permitida a existência
anos os poderes políticos de qualquer indivíduo que possuísse de dois partidos políticos no país: Arena (situação) e MDB
direitos civis e políticos - nomes como João Goulart, Leonel Brizola, (oposição). O AI-3 estabelece eleições indiretas também para
Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros sofreram essa restrição. Ele governadores e prefeitos das capitais. O AI-4 reabre o Congresso
podia igualmente impor retificações à Constituição e, se preciso, Nacional, fechado desde 1966, para a aprovação da nova
decretar estado de sítio. Constituição.
Associações sindicais e artífices toleraram a interposição dos Para substituir o Marechal Castelo Branco foi indicado o Marechal
militares, várias alianças campesinas foram abolidas. As Costa e Silva, considerado um militar radical. No Congresso
persecuções e as prisões se intensificaram. Foram aprisionados Nacional pôs-se em cena novamente um plebiscito que o elegeria
líderes sindicais, operários, religiosos, bem como estudantes, indiretamente. Não era da vontade de Castelo Branco tal eleição,
professores, campesinos e militares acusados de agitação. porém ele lhe passou o cargo. Costa e Silva seria o presidente a
Durante o governo do marechal Castelo Branco o Brasil aprovar o temido AI-5, que limitou a liberdade de expressão, de
interrompeu sua relação diplomática com Cuba, contando a partir associação, entre outros.
de então com amparo econômico, político e militar dos Estados Castelo Branco viria a falecer somente quatro meses depois de
Unidos. deixar a presidência, em uma colisão aérea com um avião militar
O Golpe de 1964 não foi aceito com fogos de artifício, ao contrário, fora da rota.
ocorreram vários conflitos com o povo. O governo militar se
contrapôs interpondo sua autoridade e intervindo nas atividades
dos sindicatos, na supressão das instituições estudantis, ocupando
as universidades e decretando prisões injustas, levando muita
gente a optar pelo exílio.
A gestão do Marechal Castelo Branco caracterizou-se pela
obrigatoriedade de se cumprir leis impostas pelos Atos
Institucionais, as quais pretendiam fortalecer, gradualmente, o novo
sistema político que governaria a nação. Os Atos Institucionais
foram responsáveis também pela expansão dos poderes do
Executivo.
Em seu governo, mais precisamente no ano de 1964, ele criou o
SNI – Serviço Nacional de Informações –, órgão responsável por
manter o governo informado de tudo que se passava à sua volta, o
Conselho Monetário Nacional e o Banco Central. Em 1966 o
governo instituiu o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS) e o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).
Em 1967, estabeleceu duas leis essenciais para deliberar os limites
do novo sistema político vigente: a Lei de Imprensa, que abrandava
a liberdade de expressão, e a Lei de Segurança Nacional.
Foi também durante o governo de Castelo Branco que se pôs em
prática o PAEG – Plano de Ação Econômica do Governo –, o qual
tinha por objetivo refrear a inflação, recuperar o crescimento
econômico do país e principalmente melhorar a imagem do Brasil
lá fora, ampliando assim as possibilidades de se contrair
empréstimos. A economia era conduzida pelo então Ministro do
Planejamento, Roberto Campos. Este, na intenção de controlar a
inflação, levou o Brasil a uma onda de desemprego com
consequências desastrosas, como uma queda abrupta dos
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
Aula 22 – Ditadura Militar Formação Política
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Leia o texto.
"A situação brasileira apresenta assim perspectiva de agravamento das principais contradições entre o
povo e o governo, entre a esmagadora maioria da nação e o imperialismo norte-americano, tendendo
a adquirir caráter mais agudo. Qualquer das saídas presentemente tentadas pelas classes dominantes
não amainará as divergências entre os grupos políticos em choque e muito menos o
descontentamento e a luta popular. Os imperialistas ianques, aliados à reação interna, se esforçarão
para consolidar o que obtiveram a 1º de abril e intensificarão sua atividade neocolonialista no Brasil."
(Extrato de documento do Partido Comunista do Brasil, 1966)

Todas as afirmativas traduzem corretamente as ideias contidas no texto, EXCETO


a) A constatação de que o imperialismo americano é aliado das forças da reação.
b) A percepção de que o povo está desencantado e disposto a lutar contra a ditadura.
c) A preocupação da esquerda brasileira com a situação política do país no pós-64.
d) O entendimento de que à crise interna deve se somar a pressão dos interesses externos.
e) O entendimento de que só as classes dominantes serão capazes de pôr fim à crise.

Questão 02
O golpe político-militar de 1964 acarretou transformações na economia brasileira originadas das
mudanças nas relações de trabalho, das novas necessidades do desenvolvimento capitalista no país e
das mudanças na conjuntura internacional.
Todas as alternativas apresentam indicadores corretos das transformações na economia brasileira
pós-64, EXCETO
a) A abertura do país às empresas multinacionais a partir da abolição das restrições à remessa de
lucros para o exterior.
b) A adoção de uma nova política salarial e a implantação do Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS) substituindo o sistema de estabilidade no emprego.
c) A consolidação do setor industrial nacional através da elevação dos salários urbanos e do aumento
da oferta e do consumo de bens não duráveis.
d) A elevação do volume de impostos e a consequente falência de um grande número de pequenas e
médias empresas.
e) A expansão da indústria petroquímica, siderúrgica e do alumínio, realizada sob o patrocínio do
Estado, com a participação de conglomerados nacionais e estrangeiros.

Questão 03
O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) esteve no centro da crise que resultou no golpe político-militar
de 1964.
Todas as alternativas apresentam afirmações corretas sobre o PTB, EXCETO
a) Alguns setores do PTB, após o suicídio de Vargas, conseguiram uma grande autonomia e
defenderam a formação de uma frente popular, a Frente Parlamentar Nacionalista, para neutralizar a
ala de centro do Partido.
b) O fortalecimento da ARENA (Aliança Renovadora Nacional) junto às classes trabalhadoras urbanas
deslocou o PTB de sua posição hegemônica e rompeu o equilíbrio político da década de 60.
c) O partido surgiu como instrumento de manipulação do governo Vargas e buscou, em especial,
conter o avanço do Partido Comunista Brasileiro no controle da classe trabalhadora.
d) O PTB manteve uma coligação eleitoral histórica com o PSD (Partido Social Democrático), que tinha
sua base política no campo e era sustentado pelo localismo e coronelismo.
e) O PTB tinha características marcadamente nacionalistas, defendia uma política estatizante em
relação à economia e apresentava feição reformista.

Questão 04
A vitória do golpe militar de 1964 foi fruto da:
a) decisão dos militares de implementarem o programa nacionalista e reformista proposto pelo
Governo Goulart, desde que o povo não participasse ativamente das decisões políticas.
b) crise do Estado Populista, da radicalização do movimento de massas exigindo reformas de base a
da retirada do apoio ao Governo Goulart de significativos setores da burguesia nacional.
c) incapacidade do Governo Goulart de levar avante a luta anti-imperialista e do compromisso dos
militares com o programa de nacionalização das empresas estrangeiras, defendido pela burguesia
nacional.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
251
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

d) união dos interesses dos militares e do capital estrangeiro contra a totalidade dos interesses da
burguesia nacional, defensoras ferrenhas do nacionalismo econômico.
e) decisão da maioria absoluta do Congresso de votar as reformas de base o do descontentamento
Anotações
dos militares, que representavam as forças conservadoras e os interesses americanos.

Questão 05
Considere as seguintes características do Regime Militar instaurado no Brasil em 31 de março de
1964.
I - Intervenção do Estado na economia.
II - Regime de cunho autoritário, baseado na Doutrina de Segurança Nacional.
III - Poder controlado pela cúpula militar, órgãos de informação e repressão e burocracia técnica do
Estado.
Quais estão corretas?
a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas II e III e) I, II e III

Questão 06
Quanto aos planejamentos econômicos, após o movimento político-militar de 1964, podemos afirmar
que
I - os planos econômicos baseavam-se no binômio "segurança e desenvolvimento".
II - os governos apresentavam um modelo econômico baseado na redistribuição da renda e na
privatização das empresas estatais.
III - logo após a posse de Castelo Branco, foi apresentado o PAEG - Plano de Ação Econômica
Governamental.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) I, II e III.

Questão 07
A respeito dos traços gerais do regime militar que governou o Brasil de 1964 a 1985, julgue os itens
seguintes.
( ) Os militares que comandaram o regime dividiram-se em diversas correntes, como os
castelistas, a linha-dura e os nacionalistas.
( ) Um condomínio de poder que envolvia não apenas militares, mas também civis, permitiu formar
um grupo decisório composto por uma burocracia técnica de Estado e dirigentes de empresas estatais.
( ) Apesar de seu caráter autoritário, o regime conviveu com o pluripartidarismo e a liberdade de
imprensa.
( ) O regime de 1964 manteve, e até ampliou, o princípio da firme presença do Estado na atividade
econômica e na regulação da economia
a) VFVV b) VVVF c) VVFV d) FVFV e) FFVV

Questão 08
“A ditadura brasileira, assim como qualquer outra, não está desvinculada da sociedade. Ao contrário,
constituiu-se e organizou-se em função de referências nela enraizadas. É, antes de tudo, seu produto.
A permanência do regime militar por tantos anos não se explicaria, exclusiva nem fundamentalmente,
devido à repressão, à tortura, à censura, ao arbítrio, etc., e sim por relações de identidade, afinidade,
consenso e consentimento – de variados matizes e que se alteraram ao longo do tempo –, de parcelas
expressivas da sociedade com ideias, valores e propostas ao regime”
(ROLLEMBERG, Denise. Prefácio. In: CORDEIRO, Janaína Martins. Direitas em movimento. Rio de Janeiro: FGV, 2009, p. 15).

O estudo do período da história brasileira recente (1964-1985), governado por presidentes militares
(generais do Exército), passa por uma importante revisão. A respeito podemos inferir que:
a) os militares agiram sozinhos e os civis foram submetidos pelos militares contra a sua vontade, o que
caracterizou a imposição de frequentes atos institucionais.
b) a memória negativa sobre o regime militar é uma realidade comprovada e irrestrita, já que os
militares executaram seu projeto de modernização conservadora do país com o intuito mal disfarçado
de prejudicar significativos setores sociais.
c) os Importantes setores sociais organizados respaldaram o golpe de 31 de março de 1964, contudo
se ausentaram de qualquer sustentação política aos governos que se instalaram desde então.
d) a chamada “resistência” ao golpe foi numericamente insignificante no âmbito das principais forças
políticas do país, na conjuntura do acontecimento.
e) o golpe de 64 foi inexpressivo na conjuntura política nacional, fato naturalmente explicado pela
confrontação de grupos que atuaram em sentidos contrários.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


252
Aula 22 – Ditadura Militar Formação Política

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO seu significado central: sabe-se que a palavra se aplica para
designar mudanças drásticas e violentas na estrutura da
Questão 01 sociedade."
(Florestan Fernandes. "O que é Revolução". S.P.: Brasiliense, 1981, p.7 e 8.)
Leia atentamente as afirmativas a seguir:
I - Nos anos 60, sob o regime da ditadura militar, iniciou-se no Explique por que, segundo o conceito proposto por Florestan
Brasil uma fase de desenvolvimento na agricultura caracterizada Fernandes, o movimento político de 1964 não foi uma revolução.
como "modernização conservadora".
II - O governo JK pautou-se por um projeto de crescimento Questão 07
econômico baseado no setor industrial, pela implementação do
"Estávamos, pois, diante de três alternativas. A primeira ceder aos
Plano de Metas que privilegiava os setores de geração de energia,
exaltados e mergulhar na ditadura total (...) A segunda, era
transportes, alimentação, educação e construção civil.
desamparar o presidente e deixá-lo a mercê dos que haviam
III - O Plano Trienal do governo João Goulart compreendia as
desencadeado a guerrilha de inspiração comunista. A terceira era
Reformas de Base, entendidas como um projeto de caráter
aceitar um Ato Institucional para conter a contrarrevolução (...)."
conservador.
Sobre as afirmativas apresentadas é CORRETO afirmar que:
Questão 08
a) somente a afirmativa I é correta.
b) somente a afirmativa II é correta. Na década de 60, um grupo teatral paulistano se destacou por
c) somente a afirmativa III é correta. produções não tradicionais apresentadas em um espaço cênico
d) são corretas as afirmativas I e II. diferenciado do edifício teatral "a italiana" (que tem como modelos
e) são corretas as afirmativas I, II e III. em Santa Catarina, por exemplo, o TAC e o teatro CIC). Esse
grupo, chamado Arena, aproximou o palco da platéia, encenando
Questão 02 textos como "Eles não usam black tie" e "Marido Magro, Mulher
Chata", além de criações coletiva importantes para a vida teatral
A imagem a seguir retrata a cena de um período recente da História
recente do país.
do Brasil.
a) Que dois grandes autores brasileiros contemporâneos
a) Qual o regime político vigente no Brasil nesse período?
encenaram o Arena e qual o cunho ideológico de seus textos,
b) Considerando a imagem anterior, cite 3 características desse
responsável pela ruptura dessa nova dramaturgia com a praticada
regime político.
até então?
b) Duas criações coletivas do grupo contam as estórias de dois
Questão 03
mitos da história do Brasil. Qual o título das peças quem são esses
Manifestações de repúdio ao Governo Goulart precederam o personagens históricos?
movimento militar que golpeou as instituições do país a partir de 31
de março de 1964. Nos protestos veiculavam soluções Questão 09
salvacionistas sobre a pátria, a ordem democrática, a liberdade,
O Ato Institucional nº 2, baixado em outubro de 1965 pelo regime
Deus e a família, habilmente articuladas por forças políticas de
militar brasileiro, extinguiu os partidos políticos então existentes,
direita, membros da Igreja Católica, grandes proprietários rurais,
abrindo caminho para a instituição do bipartidarismo.
banqueiros e empresários nacionais e estrangeiros, que visavam a
Aponte as características básicas do bipartidarismo e suas
adesão do povo. Ao final de 1965, estava na praça a seguinte peça
principais consequências.
musical de Zé Queti: 'Marchou com Deus pela democracia, agora
chia, agora chia (...)'.
Questão 10
Com base no texto:
a) esclareça o rumo que os militares, detentores do poder, "Intensa radicalização política e cultural caracterizou o processo
imprimiram ao regime instalado; político brasileiro entre 1964 e 1968".
b) a partir da expressão 'agora chia', procure indicar a quem o autor Essa afirmação pôde ser observada
da composição dirigia sua sátira. a) nas manifestações artísticas e culturais, e no movimento
estudantil consubstanciado nas passeatas.
Questão 04 b) nos movimentos estudantis de apoio à revisão constitucional e
ao novo regime.
A Proclamação da República, o Estado Novo e o Golpe Militar de
c) na formação da "Frente Ampla", que abocanhava os Partidos de
1964 são algumas das balizas convencionais da história política do
apoio ao Governo.
Brasil contemporâneo. Identifique e contextualize quatro marcos
d) por meio da promulgação do AI-5, que liberalizou o regime
significativos no campo cultural, dentro do mesmo período histórico.
autoritário introduzido pelo AI-1.
e) na radicalização da política externa, que se manifesta no
Questão 05
afastamento em relação aos Estados Unidos.
O regime político instalado em 1964 conseguiu, em cinco anos,
reduzir consideravelmente a inflação. Enumere alguns problemas Questão 11
graves que os governantes militares não conseguiram resolver,
No período imediatamente anterior ao golpe de 31 de março de
apesar dos poderes excepcionais que a legislação lhes conferia.
1964, podemos visualizar dois grandes grupos políticos, formados
por:
Questão 06
1 - aqueles que apoiam o governo João Goulart e seu programa de
"A palavra revolução tem sido empregada de modo a provocar reformas;
confusões... No essencial, porém, há pouca confusão quanto ao
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
253
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

2 - aqueles que conspiram para a derrubada do governo João d) O seu objetivo era despolitizar a classe operária obrigando os
Goulart. desobedientes a lutar na clandestinidade.
Relacione os nomes a seguir com as orientações políticas e) O silêncio imposto à classe operária foi mantido com a
numeradas anteriormente: aquiescência de suas principais lideranças.

( ) Leonel Brizola Questão 15


( ) Carlos Lacerda Acerca do regime militar, que assumiu o poder em 1964, com o
( ) Magalhães Pinto apoio de uma parcela da classe política, de setores da sociedade e
( ) Miguel Arraes do governo dos Estados Unidos, é incorreto afirmar que:
( ) Adhemar de Barros a) procurou reprimir as oposições, formadas por políticos,
intelectuais, padres progressistas, estudantes e líderes sindicais.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima b) utilizou os chamados atos institucionais, que alteravam a
para baixo, é Constituição, tornando legais as medidas ditatoriais.
a) 1 - 2 - 2 - 1 - 2 d) 2 - 1 - 1 - 2 - 2 c) revogou a lei de remessa de lucros e o projeto de reforma agrária
b) 1 - 1 - 2 - 1 - 2 e) 1 - 1 - 1 - 2 - 2 aprovados no governo do presidente João Goulart.
c) 2 - 2 - 2 - 1 - 1 d) reconduziu o País à prática democrática de eleições
presidenciais diretas.
Questão 12 e) anunciou que a intervenção militar era por um curto período,
Carcará, necessária apenas para sanear e salvar o país do comunismo, da
Pega, mata e come. corrupção e da inflação.
Carcará,
Mais coragem do que homem.
Carcará,
Não vai morrer de fome.

Os versos anteriores integram uma canção de um espetáculo


artístico que denunciava o autoritarismo político imposto pelo golpe
militar de 1964. Tal espetáculo denominava-se
a) Opinião.
b) Lampião, Rei do Cangaço.
c) Arena Conta Zumbi.
d) Festival de Música da Record.
e) Terra em Transe.

Questão 13
"Quem manda agora não são os políticos profissionais, nem o
Congresso, é uma instância decisória importante. Mandam a alta
cúpula militar, os órgãos de informação e repressão, a burocracia
técnica de Estado (...) O regime pôs fim ao populismo."
Boris Fausto

O texto caracteriza uma fase histórica brasileira. Identifique-a nas


alternativas a seguir.
a) Estado Novo
b) República Nova
c) Governos militares entre 1964 e 1985
d) República Oligárquica
e) República da Espada

Questão 14
O estado "autoritário e militarista que se instalou no pós-64 não
permitia qualquer mobilização ou qualquer sinal de vida combativo
por parte movimento operário".
Tendo em vista esse Estado, assinale a opção INCORRETA:
a) A sua preocupação era manter o controle social através de
mecanismos de repressão e coerção.
b) A eleição de diretorias autênticas para os sindicatos era proibida
com rigor.
c) Incentivava a prática de uma política assistencialista com o
objetivo de controlar os operários.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


254
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL

Prof. Márcio Michiles

FORMAÇÃO DA DITADURA MILITAR (1967-1974) Entre a população civil, houve essa mesma preocupação com o
estabelecimento de grupos visivelmente contra setores de
GOVERNO COSTA E SILVA 1967-1969 esquerda. O Centro de Caça aos Comunistas (CCC); o grupo
Após a saída de Castelo Branco do governo, em março de 1967, o católico Tradição, Família e Propriedade (TFP) e o Movimento Anti-
aumento dos protestos contra o regime militar abriu caminho para que Comunista (MAC) completava esse processo de vigília permanente
os militares da chamada “linha dura” guiasse a vida política do país contra os possíveis inimigos da ditadura. Contudo, seria outra
com o objetivo de desarticular as oposições. Dessa maneira, a medida autoritária do governo que garantiria a desarticulação dos
candidatura de Arthur Costa e Silva – expressivo líder dos setores mais comunistas.
repressivos – ganhou força para que as liberdades democráticas No final do ano de 1968, o presidente Costa e Silva anunciou a
fossem aniquiladas e o regime finalmente consolidado. instalação do Ato Institucional nº 5. Mais conhecido como AI-5, o
No campo econômico, o governo Costa e Silva buscou aplicar uma decreto federal dava fim a todos os direitos civis, permitia a
política de desenvolvimento capaz de aproximar os setores médios cassação dos mandatos parlamentares e o fechamento do
ao novo regime. Por isso, Costa e Silva convocou os tecnocratas Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e Câmaras
para assumir dois importantes postos ministeriais: Delfim Neto para Municipais sob a ordem direta do presidente. Ao mesmo tempo,
o Ministério da Fazenda e Hélio Beltrão no Ministério do limitava os poderes do Judiciário ao suspender o direito de hábeas
Planejamento. Com o apoio dessas duas figuras, o governo corpus em crimes que iam contra a “segurança nacional”.
desenvolveu o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG). Com tal medida, a perseguição política entrava em seus “anos de
Esse plano tinha como principais metas conter o processo chumbo”, marcados pelas torturas, mortes e prisões que
inflacionário e a retomada do crescimento econômico nacional. comporiam os sombrios “porões da ditadura”. Enquanto a
Para tanto, o governo empreendeu uma série de mudanças que repressão se fortalecia, um novo episódio autoritário tomou conta
reduziam o consumo por meio do congelamento salarial e a do governo com o afastamento do presidente Costa e Silva, então
abertura da economia ao capital estrangeiro. Ao mesmo tempo, os vítima de um derrame cerebral.
militares favoreceram os trabalhadores especializados de classe O vice-presidente, Pedro Aleixo, foi impedido de assumir o cargo
média abrindo a concessão de créditos para que essa parcela da presidencial pelas lideranças militares que dirigiam o regime e
população vivesse uma eufórica possibilidade de consumo. indicaram o ex-chefe do Serviço Nacional de Informações, Emilio
No cenário político da época observamos uma interessante Garrastazu Médici, como novo presidente do Brasil. Dessa forma, o
movimentação onde apoiadores do regime passaram a se voltar grupo da chamada “linha-dura” impediu a flexibilização do regime e
contra o mesmo. Carlos Lacerda, um dos colaboradores do golpe, deu início a um dos períodos mais radicais da ditadura militar
se uniu a outras figuras políticas da época para formar a chamada Após a saída de Castelo Branco do governo, em março de 1967, o
Frente Ampla, grupo político que exigia a reinstalação dos aumento dos protestos contra o regime militar abriu caminho para
governos civis e a preservação da soberania nacional. Entretanto, que os militares da chamada “linha dura” guiasse a vida política do
a extinção dos direitos políticos e o fechamento dos partidos país com o objetivo de desarticular as oposições. Dessa maneira, a
enfraqueceu a continuidade da Frente. candidatura de Arthur Costa e Silva – expressivo líder dos setores
O fechamento das vias oficiais de atuação política acabou mais repressivos – ganhou força para que as liberdades
transferindo um importante papel de oposição aos estudantes, que democráticas fossem aniquiladas e o regime finalmente
passaram a criticar a repressão e o desmando dos militares. O consolidado.
enfrentamento acabou provocando um grave incidente, o estudante
secundarista Edson Luís de Lima Souto acabou sendo morto pelas
autoridades. Sua morte acabou incitando um grande protesto
contra o regime militar que tomou as ruas do Rio de Janeiro e ficou
conhecido como a Passeata dos Cem Mil.
O endurecimento do regime também motivou os grupos políticos a
adotarem a luta armada como via de combate aos militares.
Inspirados pela Teoria do Foco Guerrilheiro, que garantiu a vitória
da Revolução Cubana, esses oponentes pegaram em armas
esperando empreender a derrubada do regime militar. Entre outros
movimentos armados podemos destacar a Ação Libertadora
Nacional (ALN), O Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8)
e a Ação Popular Marxista Leninista (APML).
Em contrapartida, o próprio governo e determinados grupos civis
organizaram ações para desestabilizar a ação dos grupos de
esquerda no país. As Forças Armadas criaram serviços de
informação responsáveis pelo controle das atividades. O Centro de
Informações do Exército (CIEX), o Centro de Informações da
Aeronáutica (CISA) e o Centro de Informações da Marinha
(CENIMAR) eram os três órgãos que investigavam as atividades
políticas daqueles que eram considerados “uma ameaça à ordem
nacional”.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
CENSURA AO 'PARALAMAS' TRAZ TESOURA DE VOLTA
Extinta oficialmente em 1985, a censura treina novos cortes nos tempos de abertura: o grupo
Paralamas do Sucesso foi proibido de cantar a música "Luís Inácio" num show em Brasília.
("O Globo", 19-07-95)

O conteúdo da notícia, embora em situação e contexto diferentes, faz-nos lembrar a época em que a
censura foi aplicada com intensidade na ditadura militar, especialmente após 1968, quando a
repressão se tornou mais rigorosa com o AI-5, imposto num ambiente marcado por vários fatores,
dentre eles o
a) fim oficial do FGTS, o que irritou os trabalhadores pela perda dos valores depositados.
b) enfraquecimento da base política do governo no Congresso, com a recusa dos parlamentares em
permitir a perda da imunidade de um deputado para processo judicial.
c) apoio do chamado Tropicalismo, manifestação cultural de defesa da ditadura, principalmente por
meio da música.
d) movimento de revolta de Jacareacanga, no Pará, que contestava o regime, conseguindo, entre os
militares, cada vez maior número de adeptos.
e) apoio garantido pela compra pelo Brasil de um porta-aviões para ser incorporado à Marinha como
suporte aeronaval às medidas repressoras do governo.

Questão 02
... que várias vezes seguidas procederam á imersão da cabeça do interrogado, a boca aberta, num
tambor de gasolina cheio d’água, conhecida essa modalidade “banho chinês”.
... que, inclusive, ameaçaram de tortura seus dois filhos, que torturaram seu marido também; que seu
marido foi obrigado a assistir as torturas que fizeram consigo...
... sofreu violências sexuais na presença e na ausência do marido...

A respeito da prática da tortura durante o regime militar, é correto afirma que:


a) Era admitida publicamente pelos governos militares, que alegavam não serem os terroristas
cidadãos comuns, e que não se conseguiria combatê-los apenas com as leis normais, eficientes para
os cidadãos comuns.
b) A Constituição elaborada pelo regime militar permitia, em casos de segurança nacional, o uso de
práticas de interrogatório heterodoxas, a fim de garantir a manutenção de ordem e da segurança no
país.
c) O regime instalado no Brasil, após 1964, institucionalizou a tortura, na medida em que foram
suspensas as garantias civis e constitucionais dos cidadãos. Os presos políticos ficaram
completamente á mercê da violência, da atrocidade e do desrespeito aos direitos humanos.
d) O abrandamento do regime militar, após a decretação do AI-5, provocou uma profunda alteração
nesse quadro da política brasileira, permitindo a possibilidade da existência da oposição legal,
capitaneada pela ARENA-Aliança Renovadora Nacional.
e) Casos de tortura e violações aos direitos humanos foram exceções praticadas exclusivamente por
militares da chamada linha dura, setor mais ortodoxo das forças armadas, em quartéis do exército, da
marinha e da aeronáutica. Não houve participação direta de políticas civis, militares e delegados
nessas ações dos órgãos de repressão.

Questão 03
Sobre a cultura no Brasil e no mundo nos anos 1960 e 1970, analise as afirmações abaixo:
I - As instituições mais contestadas no período foram à família tradicional e as igrejas, com exigências
como a do controle de natalidade, incluído o aborto e o direito ao divorcio.
II - Uma peculiaridade da cultura juvenil do período foi o seu intenso nacionalismo, que levava os
jovens a recusarem estilos de vida e gostos artísticos de outros países.
III - Os leitores e a crítica da Europa e dos Estados Unidos descobriram a literatura latino-americana,
especialmente o chamado realismo fantástico, valorizando autores como o argentino Borges, o
colombiano Garcia Márquez e o brasileiro Guimarães Rosa, entre outros.
IV - A identificação política com os valores da esquerda prejudicou a formação de grupos com outras
identidades como etnia e gênero, enfraquecendo movimentos como o dos negros e das mulheres.
V - Os ídolos da juventude no Brasil eram, entre outros, músicos como Roberto Carlos, Chico Buarque,
Caetano Veloso e, vindos de fora, os Beatles.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


256
Aula 23 – Ditadura Militar Costa e Silva e Medici
Agora assinale a alternativa correta.
a) Somente I e IV são verdadeiras.
b) Somente I, III e V são verdadeiras.
Anotações
c) Somente II, III e V são verdadeiras.
d) Somente I, II e IV são verdadeiras.
e) Somente II, III, IV e V são verdadeiras.

Questão 04
Na Copa do Mundo de 1958, o povo cantou a vitória brasileira com:
"A taça do mundo é nossa!
Com brasileiro, não há quem possa!
Eeeta, esquadrão de ouro
(...), é bom no samba, é bom no couro (...)"

Em 1970, cantou-se:
"Noventa milhões em ação
Pra frente Brasil, do meu coração
Todos juntos vamos
Pra frente Brasil, salve a seleção
De repente é aquela corrente pra frente (...)"

Essas duas formas de celebrar a vitória brasileira estão relacionadas, em 1958 e em 1970,
respectivamente, aos contextos de:
a) alienação frente aos valores nacionais - investimentos do governo no setor esportivo
b) ênfase na capacidade criativa do brasileiro - tentativa de legitimação do governo militar
c) reconhecimento do subdesenvolvimento nacional - exaltação à arrancada para o desenvolvimento
d) mobilização após a vitória aliada na Segunda Guerra Mundial - campanha popular pela superação
da pobreza

Questão 05
“O golpe militar de 1º de abril de 1964 causou perplexidade na esquerda e nos nacionalistas
brasileiros. Neste sentido, alguns impasses se colocaram para os criadores culturais identificados com
a esquerda cuja consciência política envolvida diretamente as tarefas culturais.”
NAPOLITANO, Marcos. Seguindo a Canção, engajamento político e industrial cultural na MPB (1959- 1969).

Em relação às crises culturais durante o regime militar considere as seguintes afirmativas:


I - Entre 1964 e 1968 havia uma relativa liberdade de criação e expressão, mesmo sob a vigilância do
regime militar.
II - O regime militar instaurado não impediu, de imediato, as criações artísticas, mas, cortou os elos de
comunicação com o grande publico.
III - O regime popular em abril de 1964 ao mesmo tempo que dissolvia as organizações populares e
perseguia parlamentares e ativistas, paradoxalmente não se preocupou com artistas e intelectuais
durante todo o tempo que vigorou.
Marque a alternativa verdadeira:
a) I e II são verdadeiras.
b) I e III são falsas.
c) I e III são verdadeiras.
d) II e III são falsas.

Questão 06
Observe atentamente os dois cartuns de Ziraldo.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


257
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

O cartunista ironiza alguns aspectos da política governamental do período da ditadura militar no Brasil.
Observando os seus detalhes, pode-se afirmar que os cartuns revelam
a) as contradições da política governamental que, apesar da repressão à liberdade de manifestação e
Anotações
expressão, se baseava nos princípios de igualdade social, promovendo a distribuição equitativa da
renda.
b) a intolerância do governo em relação à oposição e a utilização da conquista do tricampeonato para
encobrir as desigualdades sociais, oriundas do modelo econômico adotado.
c) que a "repartição do bolo", apregoada pelos idealizadores do modelo econômico do regime, foi
concretizada, motivo pelo qual os brasileiros saíram às ruas para grifar frases como "Brasil: ame-o ou
deixe-o".
d) que os brasileiros comemoraram com ardor o tricampeonato mundial de futebol, num clima de
fraternidade, onde até mesmo os setores oposicionistas saudaram o esforço do governo para alcançar
essa vitória.
e) que o governo respeitou as diferenças ideológicas que existiam no interior da sociedade brasileira, o
que garantiu a execução das medidas econômicas de promoção da igualdade econômica.

Questão 07
Em 1969 e 1973, combinando crescimento econômico e taxas baixas de inflação, o país viveu o
chamado "milagre econômico". Dentre seus aspectos negativos, ressaltamos:
a) o crescimento do déficit público e a redução do comércio exterior.
b) a redução das exportações agrícolas, sobretudo da soja.
c) a ausência de inflação limitando a expansão econômica.
d) o desenvolvimento sustentável, preservando-se a natureza e evitando-se o endividamento externo.
e) o descompasso entre os avanços econômicos e os programas sociais além da alta concentração
de renda.

Questão 08
No período de 1968 a 1973, conhecido como a época do "milagre econômico", o Produto Interno Bruto
(PIB) brasileiro obteve crescimento em torno de 11%, taxa que, em meados de 2001, esteve em torno
de 3,0% ao ano.
Das alternativas abaixo, aquela que NÃO se refere ao período do "milagre brasileiro" é:
a) o crescimento da indústria automobilística, da construção civil e, em menor escala, da produção
agrícola.
b) a instituição da Constituição de 1969, que, dentre outros direitos, estendeu o voto aos analfabetos e
aos jovens entre 16 e 18 anos.
c) a forte repressão militar sobre os movimentos de estudantes, de trabalhadores e de artistas que se
opunham ao regime militar.
d) a construção de grandes obras como a Transamazônica e a ponte Rio-Niterói com o intuito de
integrar e controlar as várias regiões do país.
e) a concentração da renda em benefício das elites ligadas ao setor urbano-industrial, ao mesmo
tempo em que ocorria contenção salarial.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


258
Aula 23 – Ditadura Militar Costa e Silva e Medici

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 04


No período em que o Brasil foi dirigido por governos militares a
Questão 01 decretação do AI 5 (Ato Institucional número 5) representou um
A crítica subjacente na charge a seguir remete às seguintes "endurecimento" do regime instalado em 1964, que pode ser
conjunturas históricas: explicado pela(s):
a) inquietação dos setores militares favoráveis à redemocratização.
b) ação dos grupos de oposição, que trocaram a luta armada pela
oposição parlamentar ao regime.
c) crise decorrente do impedimento do Presidente Costa e Silva.
d) crise econômica resultante do esgotamento do milagre brasileiro.
e) crescentes manifestações oposicionistas de líderes políticos,
estudantes e intelectuais contra o regime.

Questão 05
O Ato Institucional nº 5, editado durante o governo do General
Costa e Silva, permitiu a esse presidente da República, entre outras
medidas:
a) convocar uma Assembleia Nacional Constituinte
b) criar novos ministérios e empresas estatais
(01) Legislação autoritária e imprensa amordaçada compuseram a c) decretar o recesso parlamentar e promover cassações de
conjuntura política do Brasil tricampeão, enquanto a luta pela mandatos e de direitos políticos
cidadania ganha espaço no Brasil tetracampeão. d) contratar maiores empréstimos no exterior
(02) Crescimento econômico e reajuste salarial demonstram que, e) promover uma reformulação do sistema partidário
tanto no Brasil tricampeão quanto no tetracampeão, a renda
nacional é equitativamente distribuída. Questão 06
(04) Elevados níveis de pobreza, no Brasil do tricampeonato, Em 1968, Caetano Veloso, ao defender num festival a sua
persistem no Brasil do tetracampeonato, provocando a composição "É Proibido Proibir", assim respondeu às vaias do
multiplicação das "doenças da miséria", como a malária e a cólera. público: "Mas é isso que é a juventude que quer tomar o poder.
(08) Repressão armada e tortura de presos políticos marcaram o Vocês tem coragem de aplaudir este ano uma música que vocês
Brasil tricampeão, enquanto crises de governabilidade e não teriam coragem de aplaudir o ano passado! São a mesma
escândalos políticos estão presentes no Brasil tetracampeão. juventude que vai sempre, sempre matar o velhote inimigo que
(16) Soluções emergências, algumas de caráter assistencial, como morreu ontem. Vocês não estão entendendo nada, nada, nada
a Campanha contra a Fome, procuram, no Brasil tetracampeão, Absolutamente nada (...) O problema é o seguinte: estão querendo
combater a situação de apartheid social, já grave no Brasil policiar a música brasileira. Mas eu e o Gil já abrimos o caminho
tricampeão. (...). Nós, eu e ele tivemos coragem de enfrentar em todas as
(32) Pluripartidarismo e eleições diretas para preenchimento de estruturas e sair de todas. E vocês? E vocês? Se vocês em política
todos os cargos eletivos caracterizam tanto o Brasil do forem como estética estamos feitos."
tricampeonato quanto o Brasil do tetracampeonato. (HOLLANDA, Heloisa Buarque e GONÇALVES, Marcos A. Cultura e
Participação. Anos Sessenta, COLEÇÃO TUDO É HISTÓRIA, vol.41, Brasiliense,
são Paulo, 1982, p.6)
Soma ( )

Questão 02 Quando Caetano fala sobre o policiamento da música brasileira ele


se refere a um conjunto de medidas repressivas tomadas pelos
"Os artistas que participaram do tropicalismo queriam entender o governos militares, que culminaria:
país em que viviam e comunicar-se com o povo, mas de um modo a) na promulgação do Ato Institucional nº 05 (AI-5).
diferente daquele proposto pelo CPC (Centro Popular de Cultura) b) na criação do Departamento de Censura.
da UNE (União Nacional dos Estudantes), no início dos anos 60." c) no fechamento da UNE.
(Adaptado de Marcus Venicio Ribeiro, Chico Alencar e Claudius Ceccon,
BRASIL VIVO, 1991). d) na criação do Departamento de Ordem Política Social.
e) na extinção dos partidos políticos.
a) O que foi o Tropicalismo?
b) Quais os argumentos utilizados pela UNE para afirmar que os Questão 07
tropicalistas eram alienados? Em outubro de 1969, assumiu a presidência do Brasil Emílio
Garrastazu Médici. No seu governo, o general tentou o estilo
Questão 03 populista. É a fase do "Brasil Grande", do "Milagre Econômico",
A política econômica adotada no início dos anos 70 pelo então com crescimento industrial e execução de obras grandiosas, como
ministro do planejamento Delfim Neto, tornou-se conhecida como a Transamazônica, a ponte Rio-Niterói, etc.
"Milagre Econômico Brasileiro". Essa política afirmava que a Considerando o período pós-64, caracterize:
riqueza era comparável a um "bolo" e, enquanto tal, precisava a) a fase do "Milagre Econômico", no que se refere à distribuição de
primeiro crescer para depois ser dividida. renda para a camada mais pobre dos assalariados;
a) Caracterize o chamado "Milagre Econômico Brasileiro". b) o governo Médici, com relação à vigência das normas
b) Explique as relações entre esse "milagre" e a imagem a seguir. democráticas.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


259
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

Questão 08 e) exercido por uma Junta Militar das três armas, devido à
A vitória do Brasil na Copa do Mundo de 1970 desconfiança dos militares em relação aos civis.
a) não teve qualquer repercussão no campo político, por se tratar
de um acontecimento estritamente esportivo. Questão 12
b) alentou o trabalho das oposições que deram destaque à Em 13 de Dezembro de 1968, foi decretado no Brasil o Ato
capacidade do povo brasileiro de realizar grandes proezas. Institucional nº 5. Entre outras medidas, o AI-5:
c) propiciou uma operação de propaganda do governo Medici, I. dava ao presidente poderes para fechar o Congresso Nacional,
tentando associar a conquista ao regime autoritário. as Assembleias Estaduais e Câmaras Municipais e suspender
d) favoreceu o projeto de abertura do general Geisel, ao criar um direitos políticos de qualquer cidadão por 10 anos;
clima de otimismo pelas realizações do governo. II. suspendia a garantia do Habeas-Corpus;
e) alcançou repercussão muito limitada, pois os meios de III. foi escrito por Gama e Silva e teve a sua redação modificada
comunicação não tinham a eficácia que têm hoje. pelo Marechal Castelo Branco;
IV. permitia que o presidente pudesse demitir ou aposentar
Questão 09 sumariamente funcionários públicos e juízes de tribunais.
Em dezembro de 1968, o governo militar editou o Ato Institucional Estão corretos apenas os itens:
nº5 (AI-5), que determinava: a) I e II d) I, II e IV
a) que o Presidente da República teria poderes para fechar o b) II e IV e) II, III e IV
Congresso, intervir nos Estados e suspender os direitos políticos de c) I, II e III
qualquer cidadão.
b) as eleições para Governadores dos Estados e Presidente da Questão 13
República passariam a ser decididas no Colégio Eleitoral. "Brasil, ame-o ou deixe-o" foi um dos célebres 'slogans' do regime
c) a extinção dos partidos políticos existentes até então, e a criação militar, em torno de 1970, época em que o Governo Médici
do Movimento Democrático Brasileiro - MDB - e da Aliança divulgava a imagem do "Brasil Grande" e proclamava o "Milagre
Renovadora Nacional - ARENA. Econômico" que faria do país uma grande potência. Assinale a
d) a obrigatoriedade da transmissão, por todas as emissões de opção que melhor caracteriza a política econômica correspondente
rádio, do programa "A Voz do Brasil" e do horário eleitoral gratuito ao chamado "Milagre".
no rádio e TV. a) Fusão do capital industrial e do bancário, gerando monopólios
e) a concessão habeas-corpus pelo Supremo Tribunal Federal e a capazes de impor preços inflacionários, dos quais resultaram o
cassação de mandatos de deputados e senadores pelo Congresso crescimento econômico e o aumento do mercado consumidor nos
Nacional. grandes centros urbanos.
b) Desenvolvimento de obras de infraestrutura, a exemplo de
Questão 10 hidrelétricas e rodovias, com base na poupança nacional e no
Na década de 70, slogans ufanistas (do tipo "Brasil: ame-o ou investimento de bancos públicos.
deixe-o") evidenciavam uma tentativa do regime militar em ganhar c) Crescimento econômico e aquecimento do mercado de bens
popularidade e apoio popular. Marque a alternativa que expressa duráveis ancorados em políticas salariais redistributivas e na
corretamente o contexto político em que estas iniciativas indexação de rendimentos do mercado financeiro.
aconteceram: d) Elevados investimentos no setor de bens de capital e na
a) era o momento da "abertura", em que já se havia decretado a indústria automobilística combinados a uma vigorosa agricultura
anistia aos presos políticos e se admitiu a eleição direta de comercial de médio porte.
governadores e prefeitos e) Incentivo à entrada maciça de capitais estrangeiros combinada
b) o AI-5 proporcionou ao governo militar a habilidade de derrotar ao arrocho salarial, resultando em elevados índices de crescimento
politicamente seus adversários, sem os recursos da repressão, o econômico e inflação baixa.
que ocasionou grande euforia popular
c) após 1968 e o AI-5, a repressão aos opositores políticos Questão 14
aumentou, assim como a resistência armada aos militares,
colocando a opinião pública contra o governo Em 13 de dezembro de 1968, o governo brasileiro promulgou o Ato
d) sem base parlamentar e sem apoio popular, o governo partiu Institucional nº5, que, segundo opiniões da época, transformava o
para uma campanha de massas para obter o apoio da população regime militar em uma ditadura "sem disfarces".
ao processo de abertura política a) Qual o pretexto utilizado pelo regime militar para editar este Ato?
b) Cite duas das principais medidas adotadas por esse Ato.
Questão 11 c) Caracterize dois elementos da democracia que a diferenciam da
ditadura.
Em agosto de 1969, quando o presidente Costa e Silva adoeceu
gravemente, ficando impedido de exercer o governo, o poder foi
Questão 15
a) devolvido ao grupo político civil rival do governo Goulart, que
havia apoiado o Golpe de 1964. Durante o regime militar no Brasil (1964-1985), a oposição à
b) passado ao vice-presidente civil Pedro Aleixo, que reabriu o ditadura também se expressou por meio da arte (música, literatura,
Congresso Nacional, fechado pelo AI5. cinema, teatro).
c) delegado ao Congresso Nacional, até a eleição do general Comente a afirmação, dando, pelo menos, dois exemplos dessas
Médici para um novo mandato. formas artísticas de expressão.
d) equilibrado entre a ARENA e o MDB, que passaram a exercer o
poder de forma colegiada.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


260
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL

Prof. Márcio Michiles

CRISE DA DITADURA MILITAR (1974-1985) agravou a situação interna, propulsando o projeto do Pró-Álcool.
Acordos com a Alemanha para a criação da usina de Angra
GOVERNO GEISEL (1974-1979) também foram profundamente criticados, visto que o país deveria
Com a saída de Médici da presidência, o regime entrou em uma inicialmente resolver seus problemas internos, como o
fase de distensão de forma lenta e gradual, controlada congelamento dos salários e as greves no ABC Paulista. O
rigorosamente pelo Estado. O novo presidente Ernesto Geisel fazia governo ainda construiu a Usina Hidrelétrica de Itaipu em um
parte do grupo castelista, e o início de seu governo foi marcado acordo binacional com o Paraguai.
pela tentativa de diálogo com os grupos de oposição e pela Por um lado, as atitudes democráticas mostravam a flexibilização
abertura à democracia. As próprias circunstâncias pelas quais o do regime com o reconhecimento de Angola como país
país atravessava naquele momento, em 1974, obrigavam uma independente, o reatamento de relações diplomáticas com a China,
mudança no comportamento e na forma de governar do Regime a extinção do AI-5 e o fim das bases do “milagre econômico”,
Militar. invalidando o aparelho repressivo. Por outro, atitudes arbitrárias,
A guerrilha armada estava praticamente desarticulada, mas o como prisões, cassações e mortes, fizeram o governo entrar em
crescimento do MDB era latente. Em 1973, Ulisses Guimarães contradição.
concorreu à eleição para presidência da República, tendo como Das mortes dos opositores, duas foram bastante significativas. A
vice Barbosa Lima Sobrinho. A “anticandidatura”, como ficou primeira foi a do operário Manoel Fiel Filho, metalúrgico
conhecida a campanha, era inviável porque não havia eleição assassinado sob tortura, preso em 1976, na fábrica onde
direta para presidente; no entanto, era uma forma da oposição, trabalhava, acusado de pertencer ao Partido Comunista Brasileiro.
sem violência, conseguir contrapor-se às forças da ARENA. Em No dia seguinte, os órgãos de segurança emitiram uma nota oficial
1974, o MDB venceu a eleição para prefeito em 90 cidades com afirmando que o metalúrgico havia se enforcado em sua cela com
mais de 100 mil habitantes. No Senado, o partido conseguiu as próprias meias. Desculpa semelhante foi dada pela morte do
praticamente 60% de todos os votos válidos no país, o que jornalista Vladimir Herzog, que tinha sido chamado para prestar um
contribuiu para que o regime criasse o Pacote de Abril e a Lei simples depoimento e foi, posteriormente, apresentado como
Falcão. suicida em uma cela da Polícia do Exército. Os jornalistas, a
O Pacote de Abril foi um conjunto de leis e decretos-leis Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os estudantes ligados à
outorgados em abril de 1977, que permitiam ao presidente fechar o UNE e outros setores iniciaram uma campanha a fim de denunciar
Congresso temporariamente. Entre os dispositivos, foram criadas os abusos e crimes praticados pelos governos militares.
medidas para evitar as eleições de 1978 e, com a renovação do Para os mais radicais, as mudanças que o governo se propunha a
Senado, o pacote estabeleceu que metade das vagas seria fazer eram intoleráveis. Nos quartéis, circulavam ideias para tentar
escolhida pelo voto indireto do recém-criado Colégio Eleitoral, dar o poder ao militar Sylvio Frota, que pertencia à linha mais dura.
composto por membros da Assembleia Legislativa e por delegados O próprio Sylvio Frota começou uma campanha a seu favor,
das Câmaras Municipais. Dessa forma, um terço do Senado seria levando Geisel a demiti-lo. A reação do ministro consistiu em
indicado pelo presidente, o que permitia a continuidade do regime. enviar a todos os quartéis um manifesto acusando o presidente de
Eram os chamados “senadores biônicos”. Entre os slogans estar coligado com forças da esquerda, tendo comunistas no alto
difundidos pelo governo, estavam também: “Pra frente Brasil”, escalão do seu governo. Estabeleceu-se, a partir disso, um
“Ninguém segura esse país” e “Este é um país que vai pra frente”. cronograma do processo de abertura que determinava que os
Ernesto Geisel e Armando Ribeiro Falcão, ministro da Justiça do próximos dois presidentes seriam eleitos pelo voto indireto do
Brasil na época. Colégio Eleitoral.
O pacote também estabeleceu a extensão do mandato presidencial Nas eleições de 1978, para sucessão de Geisel, o MDB e a
de cinco para seis anos, a manutenção de eleições indiretas para ARENA praticamente empataram no número de votos, mas o
governador e o aumento da representação dos estados menos partido do governo obteve a maioria dos votos do Congresso,
populosos no Congresso Nacional. Outra medida repressiva foi a conseguindo, assim, controlar o Colégio Eleitoral e eleger como
mudança no quórum para as votações, que passou de 2/3 para a sucessor o general João Baptista Figueiredo.
maioria simples. A Lei Falcão proibia, na propaganda, os debates
políticos e restringia a ação das campanhas a meras formalidades
de apresentação, tirando dos opositores a possibilidade de
divulgação mais ampla de suas ideias tanto no rádio como na
televisão.
Nesse período, o “milagre econômico” estava marcado pela
imagem do grande fracasso social, e as taxas do PIB caíram
acentuadamente. O governo optou pela formulação do II Plano
Nacional de Desenvolvimento, definido pelo ministro Mário
Henrique Simonsen, substituto de Delfim Neto.
O objetivo do plano era conter a inflação e manter o crescimento
industrial, investindo maciçamente no setor estatal, com o intuito de
elevar a taxa de juros. A crise do petróleo em 1974, devido à
elevação do preço do barril pela OPEP (Organização dos Países Vladimir Herzog foi encontrado enforcado em uma cela do DOI-
Exportadores de Petróleo), que subiu de 2,8 para 9,5 dólares, CODI, em 1975.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

REDEMOCRATIZAÇÃO governadores e centenas de deputados, senadores, prefeitos e


O último governo militar deu um dos passos mais importantes vereadores. A derrotado PDS desmoralizou o partido e o próprio
para o processo de transição democrática: a Lei de Anistia. A lei já governo. A luta pela democracia uniu todos os grupos para criar
havia sido apresentada no Governo Geisel, mas foi rechaçada no uma rede de reivindicações, surgindo, assim, o projeto
Congresso porque excluía os atos terroristas, os sequestros e os apresentado em forma de emenda pelo então deputado Dante de
assaltos a banco. Desde 1978, foi fundado no Rio de Janeiro o Oliveira, a Emenda Dante de Oliveira, a qual exigia as próximas
Comitê Brasileiro pela Anistia, que englobava várias entidades eleições diretas para presidente, selando a volta dos princípios
sociais e lutava pela anistia plena. A rejeição ao projeto democráticos.
apresentado pelo Governo Geisel foi marcada por passeatas, Os comícios pelo Brasil reuniram milhares de pessoas que
mobilizações no Congresso e manifestações nos discursos de cantavam o Hino Nacional em um sinal claro de civilidade e amor
membros da ARENA. pela sua pátria. O país parecia preparar-se para novos tempos,
mas o Congresso permanecia irredutível. Depois de uma
No projeto apresentado em 1979, a lei adquiriu traços mais
tumultuada reunião, a emenda não foi aprovada pelo Colégio
democráticos, atingindo estudantes, professores, funcionários e
Eleitoral por vinte e dois votos. Os eleitores esperariam mais cinco
cientistas que foram afastados de seus cargos durante a Ditadura.
anos para votar para presidente. Mesmo derrotada, a oposição
Entretanto, essas pessoas não eram reintegradas imediatamente
acreditava ser quase impossível a sucessão de Figueiredo por
às suas funções; antes, passavam pelo julgamento de comissões
outro militar. Os membros do PDS debandaram para os novos
especiais que analisavam cada caso. Outra restrição dizia respeito
partidos que surgiam. Na eleição para presidente, um civil deveria
às pessoas condenadas pelos chamados “crimes de sangue”,
ser colocado no poder, mesmo pelo voto indireto. A derrota, na
vinculados à luta armada contra a Ditadura. Sobre isso, o Supremo
realidade, foi um passo para a democracia, sobretudo por indicar a
Tribunal Militar, dos 52 exilados analisados, inicialmente, só liberou
impopularidade da política de Estado autoritário. Assim, ainda que
17. As mobilizações sociais novamente foram fortes e aceleraram o
a campanha “Diretas Já!” não tenha concretizado sua principal
processo de anistia para quase 5 mil pessoas.
causa, o restabelecimento do voto direto para presidente da
Muitos políticos voltaram do exílio, como Luís Carlos Prestes, República, a grande adesão de forças políticas, artísticas e
Leonel Brizola, Miguel Arraes e Vladimir Palmeira. populares foi fundamental para o avanço em direção ao retorno da
Conjuntamente, ocorreram mudanças no sistema partidário, com a democracia.
volta do pluripartidarismo. Assim, surgiram o Partido Democrático
Social (PDS), ligado à ARENA, e o Partido dos Trabalhadores (PT),
o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), o Partido
Democrático Trabalhista (PDT) e o Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB), ligados ao MDB. Em 1980, os eleitores participaram das
eleições diretas para governador de estado.
Entretanto, algumas tragédias ainda ocorreriam no Brasil. Em
1974, em uma greve em São Paulo, o operário Santos Dias da
Silva foi morto, e, em 1980, a sede da OAB no Rio de Janeiro
recebeu uma carta com uma bomba que explodiu, ferindo várias
pessoas. No mesmo período, o jurista Dalmo Dallari, membro ativo
da Comissão de Justiça e Paz, foi sequestrado e espancado.
Houve ainda um episódio protagonizado por membros do próprio
regime, conhecido como o Atentado do Riocentro, que consistiu na
detonação acidental de uma bomba durante os preparativos para
um grande show em homenagem ao Dia do Trabalho, matando um
dos militares que carregava a arma.

Diretas Já!
A oposição, aproveitando-se de tais acontecimentos, articulou-se
para gerar maior conscientização na sociedade, nos sindicatos,
nas universidades, nas associações e no próprio Congresso sobre
a necessidade do fim da Ditadura. Em 1982, o PMDB elegeu 10

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


262
Aula 24 – Crise da Ditadura Militar
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Vai passar
Nessa avenida um samba popular.
Cada paralelepípedo
Da velha cidade
Essa noite vai
Se arrepiar
Ao lembrar
Que aqui passaram sambas imortais,
Que aqui sangraram pelos pés,
Que aqui sambaram nossos ancestrais
Num tempo,
Página infeliz da nossa História,
Passagem desbotada da memória
Das nossas gerações.
Dormia
A nossa pátria mãe tão distraída,
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações.
Chico Buarque de Holanda. Rio de Janeiro: Polygram, 1984. In: Leonel Itaussu e Luís C. A. Costa. História moderna e
contemporânea. São Paulo: Scipione, 1999, p. 402.

Os versos acima pertencem à música Vai Passar, composta por Chico Buarque em 1984, num
momento da realidade histórica brasileira que pode ser associado
a) à campanha das “Diretas Já”, que marcou o auge da luta pela redemocratização, embora o fim da
Ditadura Militar só ocorresse por meio do Colégio Eleitoral.
b) aos movimentos estudantis liderados pela UNE, que adotaram os versos e a música como hino nas
manifestações contra o governo militar.
c) ao repúdio manifestado pela intelectualidade do País ao ufanismo difundido pelos órgãos de
publicidade do governo militar e encampado por parte das elites.
d) às greves operárias do ABC, deflagradas na década de 1980, que contribuíram para a implantação
do período conhecido como "anos de chumbo".
e) às manifestações populares contra a arbitrariedade dos Atos Institucionais, que limitaram o
exercício da cidadania durante o governo militar.

Questão 02
A lei que marcou o fim da ditadura
José Renato Salatiel*

Cartaz pela anistia amplamente divulgado na época da votação da lei


Trinta anos depois de promulgada no Brasil, a Lei 6.683, mais conhecida como Lei da Anistia, é
considerada um dos mais importantes marcos do fim do regime militar (1964-1985). Porém, a polêmica
envolvendo o acerto de contas com o passado do país continua mais viva do que nunca. O presidente
da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, disse ontem que a tortura não pode ser
considerada crime político. E por isso os torturadores devem ser punidos.
A Lei de Anistia foi sancionada em 28 de agosto de 1979. Ela beneficiou mais de 100 presos políticos
e permitiu o retorno de 150 pessoas banidas e 2000 exiladas, que não podiam voltar ao país sob o
risco de serem presas. O problema é que a lei também conferiu autoanistia para militares acusados

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


263
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

de crimes de violação dos direitos humanos. Esta interpretação é contestada judicialmente e a decisão
- se a Lei da Anistia perdoa ou não abusos da ditadura - ficará a cargo do Supremo Tribunal Federal
(STF).
Anotações
A respeito do tema, depois do período mais duro da repressão, sob vigência do Ato Institucional nº 5, o
governo militar iniciou uma abertura política lenta e gradual no Brasil.
A abertura política lenta e gradual no Brasil adotada no final da década de 1980 foi pressionada pelas
manifestações populares que tomavam conta do país, bem como uma crise interna no regime devido
aos assassinatos do jornalista Vladimir Herzog e da campanha das Diretas Já
O projeto foi aprovado numa sessão tumultuada na Câmara dos Deputados em 1979. Na época, havia
apenas dois partidos legitimados pelo governo: a Aliança Renovadora Nacional (Arena), que fazia
oposição, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que apoiava a ditadura e tinha maioria no
Legislativo
Desde o início do regime, em 1964, todos os políticos e intelectuais que se opunham ao golpe militar
tiveram seus direitos políticos cassados. Outros militantes viram na clandestinidade e na luta armada a
única forma de combater a repressão.
O Estado dosou o fim da ditadura, a lei foi usada para que crimes de tortura e assassinato de presos
políticos não fossem a julgamento.

Questão 03
O refrão Um, dois, três, quatro, cinco, mil, queremos eleger o presidente do Brasil! foi entoado nos
vários comícios do movimento Diretas Já, iniciado em fins de 1983 e que tomou conta das ruas do país
em 1984. Sobre esse movimento, é correto afirmar que
a) resultou na eleição do Presidente Fernando Collor de Mello, que não chegou a terminar o seu
mandato.
b) preocupou os militares, que tentaram acalmar os ânimos por meio da lei que anistiou os presos
políticos.
c) renovou o cenário político nacional, pois foi a causa do surgimento de novos partidos e lideranças
políticas.
d) contou com o apoio do Presidente Figueiredo, que autorizou a realização dos comícios e retirou o
exército das ruas.
e) terminou por não atingir seus objetivos, pois não se obtiveram os votos necessários para alterar a
Constituição então em vigor.

Questão 04
O processo de redemocratização brasileiro, no final da década de 1970, combinou pressões da
sociedade civil e a estratégia de distensão/abertura do próprio regime militar, como pode ser
observado na(no):
a) vitória do movimento popular das "Diretas Já", permitindo eleições gerais diretas em 1982.
b) concessão de anistia "ampla, geral e irrestrita", por lei de iniciativa do governo, mas que excluía as
principais lideranças ligadas ao governo derrubado em 1964.
c) total autonomia do movimento sindical, forçada pelas greves do ABCD paulista.
d) revogação dos Atos Institucionais, por iniciativa do governo, após negociação com setores
representativos da sociedade civil.
e) "pacote de abril" de 1977, que transformou o Congresso Nacional em Assembleia Constituinte.

Questão 05
O governo Ernesto Geisel associou-se ao processo de abertura política, definida, pelo presidente,
como lenta, gradual e segura. Contudo, sérios obstáculos dificultaram sua proposta. Entre eles,
destacam-se:
a) A aprovação da Lei de Anistia, incluindo, por pressões da Linha Dura, os acusados de práticas de
tortura.
b) O envio de carta-bomba à OAB e o sequestro de lideranças da sociedade civil.
c) As mortes de Wladimir Herzog e Manuel Fiel Filho, que desencadearam seria crise com o
comandante do II Exército em São Paulo.
d) A emenda Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas e colidia com a abertura lenta e
gradual.
e) O episodio do Riocentro e a manipulação do inquérito a ele referente, pelas autoridades.

Questão 06
O chamado “pacote de abril”, conjunto de medidas promulgadas pelo presidente Ernesto Geisel em
1977, representou:
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
264
Aula 24 – Crise da Ditadura Militar
a) A institucionalização da ditadura militar, na medida em que criava mecanismos de repressão à
oposição, através se uma serie de atos institucionais, entre eles o Al-5.
b) A inauguração da política de abertura lenta e gradual, na medida em que estabelecia o voto direto e
Anotações
universal para a escolha se senadores e deputados.
c) A reação do governo às conquistas eleitorais da oposição, na medida em que impunha restrições,
como a eleição indireta de um terço dos senadores por colégios eleitorais estaduais.
d) O retrocesso na política de abertura lenta e gradual, na medida em que empunha a censura, ate
então inexistente, a todos os órgãos de comunicação.
e) O fim da ditadura militar, na medida em que estabeleceu as eleições diretas para todos os cargos
de governo, inclusive a presidência da República.

Questão 07
"A anistia, portanto, não é apenas um reencontro de pessoas. É também uma luta onde trabalhadores,
estudantes e intelectuais, profissionais liberais, bancários, comerciários e todos os que se movem hoje
no Brasil, vão se encontrar para trocar suas idéias, para juntar suas forças. Anistia é união. Unir
brasileiros já em um passo da luta contra a ditadura que desde 64 não busca outra coisa a não ser a
separação, seja pela morte, seja pela cadeia, seja pelo exílio ou mesmo pela desconfiança, o medo e
a delação.
(Fernando Gabeira, 1978)

Sobre a anistia política brasileira pós-64, é INCORRETO afirmar que:


a) A lei de anistia, de agosto de 1979, não respondeu efetivamente aos interesses dos familiares de
desaparecidos políticos, na medida em que não instituiu a obrigação do Estado em reconhecer seus
crimes e apurá-los;
b) A lei de anistia, de agosto de 1979, possibilitou o retorno de muitos exilados e banidos políticos,
entre estes o educador Paulo Freire, o ex-governador Leonel Brizola e o dirigente comunista Luís
Carlos Prestes;
c) As lutas pela anistia política reuniram diferentes grupos sociais em prol da reorganização da vida
democrática no Brasil;
d) Foi resultado apenas da vontade civil-militar da ditadura, que fez dela um marco do momento de
abertura lenta e gradual proposta por Geisel;
e) A lei de anistia, de agosto de 1979, excetuou de benefícios os que foram condenados por crimes de
terrorismo, assalto, sequestro e atentado pessoal".

Questão 08

A caricatura de Glauco, no "Folhetim" de 18/11/79, critica


a) os programas televisivos que não eram submetidos à censura prévia e favoreciam a inculcação de
hábitos consumistas nos telespectadores.
b) a censura dos anos ditatoriais, que obrigava os donos das redes de televisão a substituírem os
programas normais por comerciais.
c) a indústria cultural em crescente desenvolvimento, na época do autoritarismo, que criava hábitos e
valores consumistas.
d) a mediocridade de programas televisivos durante o regime militar, submetidos a um sistema de
monopólio estatal das redes de difusão.
e) a televisão comercial, como veículo do sistema político implementado na fase da ditadura militar,
para divulgar propagandas anticomunistas.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


265
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO de medidas repressivas, ora estimulou a aprovação de medidas


que favoreceram a liberalização do regime.
Questão 01 Explique duas medidas adotadas pelo presidente João Figueiredo,
no âmbito da "abertura política", que favoreceram a liberalização do
No processo de abertura política e redemocratização (1974-1985),
regime.
a campanha das "Diretas Já" foi seu momento mais empolgante. O
que você sabe sobre ela?
Questão 05
Questão 02
"Vejam bem, se o MDB vencer [as eleições de 15 de novembro] e
somar a isso essa questão de Constituinte, bem os militares não
estão preparados para isso. E aí a coisa explode: ou eu explodo
junto ou me componho com eles e vamos para um regime muito
pior do que este."
("Jornal do Brasil", 5/2/78)

"Eu continuo cada vez mais militar. Estou fazendo um força


desgraçada para ser político. (...) O que eu gosto é de clarin e de
quartel.
("Jornal do Brasil", 11/8/78)

Os trechos acima citados revelam bem mais do que o caráter e a


visão de mundo do general João Batista Figueiredo. Na verdade, aí
estão esboçados parte dos conflitos que marcaram o processo de (RODRIGUES, M. "O Brasil da abertura: de 1974 à Constituinte".
São Paulo: Atual, 1980.)
transição democrática no Brasil. Explique esse processo,
destacando a conjuntura econômica e político-partidária do governo
A campanha das diretas já, iniciada no final de 1983, tinha como
Figueiredo.
objetivo pressionar os políticos e o governo a aceitarem a emenda
Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas para presidente.
Questão 03
Cite um desdobramento da campanha das "diretas já" que
O movimento das Diretas-Já em 1984 chegou a reunir centenas e possibilitou a conclusão do processo de abertura política.
milhares de pessoas na Praça da Sé em São Paulo e em outras
cidades do Brasil. Ao final de cada comício, cantava-se o Hino Questão 06
Nacional, que expressava o descontentamento da sociedade civil
O governo do General João Baptista Figueiredo (1979-1985), último
com o regime político, cada vez mais, antipopular e deslegitimado.
presidente indicado pelo regime militar, foi marcado por
a) O que foi o movimento Diretas-Já?
acontecimentos de ampla repercussão na opinião pública brasileira.
b) De que maneira o Hino Nacional, cantado nas praças públicas,
Entre eles, podem ser incluídos:
marcava uma nova relação entre o estado e a nação?
a) Ato lnstitucional n° 5 - Pacote de Abril - Plano Cruzado
b) Extinção do bipartidarismo - Lei da Anistia - Morte de Vladimir
Questão 04
Herzog
c) Lei da Anistia - Atentado Riocentro - Campanha das Diretas Já
d) Pragmatismo Responsável - Fechamento do Congresso -
Campanha das Diretas Já
e) Instalação do Parlamentarismo - Atentado Riocentro - Plano
Cruzado

Questão 07
"O rancho da goiabada / os bóias-frias / Quando tomam umas
biritas / Espantando a tristeza / Sonham com bife a cavalo / Batata
frita / E a sobremesa. / É goiabada cascão / com muito
queijo / Depois café, cigarro / E um beijo da mulata [...] / Ai, são
paus-de-arara ... (João Bosco e Aldir Blanc).
A charge anterior, do cartunista Chico Caruso, diz respeito às Nesses versos da música "Rancho da goiabada", composta durante
dúvidas do general João Figueiredo no início do seu governo, sobre o regime militar brasileiro, os compositores
como deveria conduzir o principal projeto da sua administração: a a) retratam pejorativamente o bóia-fria e mascaram o problema da
"abertura política". O novo presidente tanto poderia vestir a farda fome, indo ao encontro dos interesses dos governos militares.
militar e acentuar a face dura do regime, por meio de medidas b) ironizam o bóia-fria, por migrar do Nordeste para São Paulo e
discricionárias, como se compor com trajes civis dando Rio de Janeiro, o que era bem visto aos olhos dos governos
prosseguimento à política de "distensão gradual e segura" militares.
desenvolvida pelo governo anterior. c) apresentam a fome e o desemprego como os problemas mais
Ao longo do seu governo, João Figueiredo terminou por se utilizar imediatos a serem solucionados com a criação do salário mínimo
de ambos os trajes: ora fez questão de demonstrar força por meio pelo governo militar.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


266
Aula 24 – Crise da Ditadura Militar
d) criticam o governo militar, apresentando as péssimas condições surgimento de novos partidos, como o Partido Democrático Social e
de vida dos trabalhadores urbanos. o Partido dos Trabalhadores.
e) criticam o governo militar, destacando a repressão política aos ( ) O Partido dos Trabalhadores, que tinha como base o novo
trabalhadores. sindicalismo do ABC paulista e setores da intelectualidade, lançou,
em 1982, Luís Inácio da Silva, Lula, como candidato ao governo de
Questão 08 São Paulo.
"Hoje você é quem manda ( ) A revogação do AI-5, em 1979, no final do governo Ernesto
Falou, tá falado Geisel, concorreu para que ocorressem mudanças no campo
Não tem discussão político e, dessa maneira, fosse possível a instalação da
A minha gente hoje anda Assembleia Constituinte.
Falando de lado ( ) O Brasil, que no início da década de 60 ocupava o
E olhando pro chão, viu quinquagésimo lugar entre as economias capitalistas mundiais,
Você que inventou esse estado passou para o 8° lugar, na década de 70, através de uma política
E inventou de inventar econômica que procurou diminuir as desigualdades sociais, a
Toda a escuridão espoliação e a miséria da classe trabalhadora.
Você que inventou o pecado ( ) O movimento das Diretas-Já mobilizou milhões de pessoas,
Esqueceu-se de inventar com o objetivo de sensibilizar o Congresso, para que este
O perdão aprovasse a Emenda Dante de Oliveira, que pretendia estabelecer
eleições diretas para Presidente da República.
Apesar de você
Amanhã há de ser Questão 10
Outro dia Um homem de direita, que já foi de esquerda, se une a um homem
Eu pergunto a você de esquerda, para fins de direita.
(QUEIRÓS, Raquel de. In: "Nosso Século" (1960/1980). São Paulo: Abril Cultural,
1980.)
Onde vai se esconder
Da enorme euforia ..."
HOLANDA, Chico Buarque de. Rio de Janeiro: Phillips / Polygram,1978. A frase acima exemplifica o clima de tensão gerado pelo avanço
Lado 2, faixa 6. dos segmentos mais autoritários do exército brasileiro no pós-1964.
O avanço dessas ações mais repressivas promoveu "alianças
Apesar de Você foi editada e fez grande sucesso em 1978. impossíveis" de serem imaginadas antes de 1964, como aquela
Com base no fragmento da canção e levando em conta os seus que uniu o presidente da República deposto, João Goulart,
conhecimentos sobre o período da História do Brasil em que foi vinculado ao movimento trabalhista, e o primeiro governador do
escrita, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as proposições Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, um dos principais líderes do
adiante. movimento de 1964.
( ) A canção de Chico Buarque retrata um momento de grande Identifique duas ações dos governos militares que possam explicar
euforia na sociedade brasileira, em virtude da redemocratização do essas "alianças impossíveis".
país.
( ) "Apesar de Você" foi sucesso no período dos governos Questão 11
militares, quando a militância política sofreu restrições e existia a "( ... ) fiquei à janela vendo uns meninos maiores jogar bola com os
censura da produção artística e musical. pés ( ... ). Nesse momento não compreendi a arma política
( ) "Apesar de Você" é um libelo contra a escravidão. Chico nascente, nem a revolução social que se aproximava. Até hoje me
Buarque e outros intelectuais defendiam o fim da escravatura que é difícil compreender o fenômeno. Uma bola, um pé que bate, outro
ainda persistia no Brasil em meados do século passado. que rebate. Várias xingações, um 'juiz ladrão', estará aí a política
( ) A canção mencionada foi escrita num momento em que as geral, será este o destino do mundo?"
liberdades democráticas tinham sido cerceadas e processos (Jorge Americano. "São Paulo nesse tempo".)
estavam sendo instaurados contra os que se opunham ao sistema
vigente. Considere as rememorações de Jorge Americano sobre São Paulo
( ) Os versos de Chico Buarque retratam uma época de dos anos 20 e responda.
restrição às liberdades, o "Estado Novo": A minha gente hoje anda a) Por que o autor qualifica o futebol como uma "revolução social"?
falando de lado e olhando pro chão. b) Dê um exemplo de momento histórico no qual o futebol foi usado
como "arma política".
Questão 09
Após os militares ocuparem o poder em 1964, a luta pela volta ao Questão 12
estado de direito será uma constante. No entanto, a partir de 1979, "a ideologia do desenvolvimento tem necessariamente de ser um
à medida que a sociedade alcançava redefinições no campo social, fenômeno de massas. (...) o processo de desenvolvimento é função
político e econômico, a redemocratização apresentava-se como da consciência das massas. (...) a ideologia do desenvolvimento
alternativa para garantir a governabilidade. Sobre este tema, é tem de proceder da consciência das massas."
correto afirmar o que segue. (Pinto, Álvaro Vieira. CONSCIÊNCIA E REALIDADE NACIONAL.
( ) As reformas políticas, propostas pelo governo, promoveram a Rio, ISEB, 1960)
reestruturação dos partidos existentes (ARENA e MDB), a volta de
antigos partidos, como o Partido Trabalhista Brasileiro, o "... a revolução modernizadora de 1964 fundamenta toda a sua
doutrina estratégica no binômio do desenvolvimento e da
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
267
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

segurança, reconhecido desde logo que, em essência, o primeiro é Não tem beleza para se ver
dominante (...) para a nação brasileira (...)." E a gente morre sem querer morrer!"
(Geisel, E. Discursos. Brasília, Assessoria de Imprensa da Presidência da
República, 1976)
O cantor e compositor Zé Ketti, na letra que você acabou de ler:
a) clama por justiça diante da violência observada nos morros
A ideia de desenvolvimento está presente nos dois textos acima, dominados pelos traficantes.
representativos de dois momentos históricos distintos, os dos b) conclama a população carente a se mobilizar e derrubar o
governos João Goulart (1961-1964) e Ernesto Geisel (1974-1979), regime vigente no país.
respectivamente. Em ambos, essa ideia refere-se a projetos c) aborda a questão social, em que o lirismo se entrelaça com o
políticos orientados por concepções bem definidas no que diz desânimo em face às injustiças.
respeito aos compromissos sociais desses governos. d) denuncia o descaso dos postos de saúde instalados pelo
a) Indique uma iniciativa do governo João Goulart que evidencie governo nas favelas e nas periferias.
seu projeto de desenvolvimento.
b) Compare as visões dos projetos de desenvolvimento expressas
nos documentos apresentados.

Questão 13
A crise do petróleo, em 1973, atingiu toda a economia mundial.
Nesse ano, os países integrantes da OPEP (Organização dos
Países Exportadores de Petróleo), que respondiam por mais de
60% da produção mundial e quase 90% das exportações, tomaram
medidas unilaterais para controlar a produção e distribuição dessa
matéria-prima.
a) Quais foram as medidas tomadas pela OPEP que resultaram na
crise do petróleo de 1973?
b) Quais foram as consequências dessas medidas sobre a
economia brasileira?

Questão 14
"A vontade geral contra a vontade do general"
(Censier)

"Não tome o elevador, tome o poder."


(Avenida de Choisy, 107)

"A imaginação toma o poder."


(Escadaria da Faculdade de Ciências Políticas de Paris)

Os textos anteriores são pixações realizadas pelos estudantes


revoltados contra o governo do General Charles de Gaulle a partir
de maio de 1968. Esse movimento refletiu o clima de
transformações políticas, sociais e culturais ocorridas na época em
diversos países do mundo.
a) Cite um objetivo e um limite das ações dos estudantes
franceses.
b) Relacione os acontecimentos de 1968 em França, aos da
mesma época no Brasil.

Questão 15
Leia, com atenção, a letra que se segue. Ela é de uma música de
protesto surgida durante a repressão desencadeada pelos
governos militares brasileiros.
"Acender as velas já é profissão
Quando não tem samba tem desilusão
É mais um coração que deixa de bater
Um anjo que vai ao Pai do Céu
Deus me perdoe
Mas vou te dizer
O doutor chegou tarde de mais
Porque no morro não tem automóvel
Para subir
Não tem telefone para chamar

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


268
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL

Prof. Márcio Michiles

GOVERNO SARNEY (1985-1989) Consumidores observam prateleiras vazias no supermercado. O


desaparecimento das mercadorias foi consequência do
Sarney sofria com uma alta inflação resultante da ditadura militar, congelamento de preços durante o Plano Cruzado, no Governo
além de crises internacionais. Para tentar "desafogar o país", o Sarney.
governo criou diversos planos econômicos. Promulgada em outubro de 1988, a nova Carta Constitucional
Pelo Plano Cruzado, o cruzeiro, moeda vigente na época, foi apresentou, entre outras determinações, as seguintes medidas:
mudada para o cruzado. Os salários foram congelados, tendo
• Voto obrigatório para pessoas entre 18 e 70 anos, facultativo
reajuste sempre que a inflação atingisse 20% (gatilho salarial). A
para analfabetos, jovens de 16 e 17 anos e pessoas com mais de
correção monetária foi extinta, e, foi criado o seguro-desemprego.
70 anos.
No início, o plano conseguiu atingir seus objetivos, diminui o
desemprego e reduziu a inflação. • Democracia liberal com separação dos três poderes.
Esse plano caracterizava-se pelo congelamento de preços e de • Eleição direta para todos os cargos do Executivo e do Legislativo,
salários durante um ano e pela implementação de uma nova prevendo a realização de dois turnos nas eleições para os cargos
moeda, o cruzado, que correspondia a mil cruzeiros. A ideia era executivos mais importantes (presidente, governador e prefeito de
que, em pouco tempo, o país retomasse seu crescimento, e a cidades com mais de 200 mil eleitores), caso nenhum candidato
população se acostumasse com a realidade dos preços obtenha maioria absoluta dos votos (50% + 1).
controlados. Com a estabilidade econômica inicial, a euforia tomou • Fim da censura prévia, garantia do direito de greve, liberdade
conta da população. sindical.
Surgiram os “fiscais do Sarney”, que se dispunham a controlar os • Intervenção do Estado na economia, atribuindo-lhe uma série de
valores dos produtos nos mercados e exigiam o cumprimento da funções reguladoras e gerenciadoras.
lei, já que o reajuste não era permitido. Assim, populares
denunciavam os aumentos dos preços à Superintendência • Seguridade social e prevalência dos direitos humanos.
Nacional de Abastecimento (Sunab), órgão fiscalizador do governo. • Soberania nacional e igualdade entre os estados confederados.
No entanto, o furor e o bem-estar na economia durante a • Descentralização administrativa e financeira, afetando estados e
administração de Sarney foram ilusórios, uma vez que, para os municípios.
produtores, os preços congelados eram inviáveis, ocasionando o
• Instituição de garantias às crianças, jovens, adolescentes e
desabastecimento de produtos como carne, leite e gasolina.
idosos, além do reconhecimento dos direitos originários dos índios
Com isso, surgiu o ágio, ou seja, as pessoas pagavam uma a posse das terras que ocupam.
diferença sobre o preço tabelado durante a compra para obter os
produtos. Esse fato foi o grande responsável pelo fracasso do • Qualificação do racismo como crime inafiançável e imprescritível.
plano, ocasionando a volta da inflação. Somente em novembro de
1986, quando houve a eleição do grupo de parlamentares
responsáveis pela Assembleia Constituinte, ocorreu um ajuste
econômico, o Plano Cruzado II, descongelando os preços
tardiamente. Corroído pela inflação que atingiu altos índices,
chegando a 365% em 1987, o país se declarou em estado de
moratória técnica, isto é, o Brasil não tinha dinheiro para pagar a
dívida externa e estava impossibilitado de cumprir seus
compromissos internacionais. Sarney tentou ajustar a situação com
a implantação do Plano Bresser (1987) e do Plano Verão (1989),
fazendo com que a moeda do país fosse desvalorizada novamente,
surgindo, assim, o cruzado novo, que correspondia a mil cruzados.
No entanto, o desequilíbrio econômico não foi controlado, e, em
1989, com um índice final de inflação de aproximadamente 85% ao
mês, os cidadãos brasileiros foram obrigados a usar recursos como
os fundos de aplicações e a caderneta de poupança. A crise atingiu
o âmbito político com a saída de membros antigos do PMDB, como
Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro, José Serra, Pimenta
da Veiga, Mário Covas e Tasso Jereissati, para a formação de um
novo partido, o PSDB (Partido Social Democrático Brasileiro).
CONSTITUIÇÃO DE 1988
A elaboração da nova Constituição contou com o apoio popular e a
participação de diferentes setores sociais. Assim, criou-se a mais
democrática Carta Magna brasileira, apelidada de “Constituição
cidadã” pelo presidente da Assembleia Nacional Constituinte,
Ulysses Guimarães, conhecido pela sua atuação na campanha
“Diretas Já!”. Ulysses Guimarães, em Brasília, apresentando a
Constituição de 1988.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Sobre o governo José Sarney (1985-1990) pode-se afirmar:
a) Para manter a ordem social, lançou mão de um governo autoritário, abolindo conquistas políticas
anteriores.
b) Durante os cincos anos desse governo, o país enfrentou recordes de taxas de inflação, diversas
crises ministeriais (só da Fazenda foram quatro) e vários planos econômicos que alteraram as regras
da economia.
c) Cancelou a moratória, que havia sido requerida no governo anterior.
d) Devido às grandes agitações sociais, Sarney não conseguiu renegociar a dívida externa, e a
redução dos juros só foi possível com o auxílio do FMI.

Questão 02
O agravamento da questão da dívida externa, o Plano Cruzado que visava estabilizar a economia do
país, a legalização dos partidos clandestinos, o reatamento diplomático com Cuba e maior ênfase a
problemas sociais foram características de um governo da história recente da república brasileira.
Identifique-o.
a) Fernando Collor de Mello
b) José Sarney
c) Itamar Franco
d) Fernando Henrique Cardoso

Questão 03
A 15 de janeiro de 1989, foi criado pelo presidente Sarney o Plano Verão, cujas principais medidas
foram:
a) combate ao déficit público; realização de eleições municipais; criação do cruzado novo; diminuição
das taxas de juros.
b) aumento da quantidade de dinheiro em circulação; fim da OTN e da URP; novo mecanismo de
reajustes mensais de salário, de acordo com a inflação do mês anterior; realização de eleições
municipais.
c) congelamento de preços e salários; criação do cruzado novo; fim da OTN e da URP; elevação das
taxas de juros.
d) assinatura de um novo acordo externo normalizando as relações do país com o mercado financeiro
internacional; criação do cruzado; fim das taxas de juros; congelamento de preços e salários.

Questão 04
A economia brasileira, desde o final da década de 1970, apresenta índices de inflação alta, redução do
crescimento econômico e dificuldades com endividamento externo e interno que caracterizam os anos
80 como a chamada "década perdida". Assinale a opção que expressa corretamente uma
característica do período.
a) Os planos de estabilização (Cruzado, Bresser, etc.) eliminaram momentaneamente a inflação, mas
seus resultados foram de curta duração.
b) A elevação da inflação brasileira está ligada à diminuição da produção de alimentos, decorrente do
direcionamento da produção agrícola para o mercado externo.
c) O crescente endividamento brasileiro no exterior não repercutiu na economia interna, porque foi
compensado pelos investimentos estrangeiros no país.
d) A Constituição de 1988 agravou a crise brasileira, ao reduzir a carga de impostos e limitar os
benefícios trabalhistas e previdenciários.

Questão 05
No mesmo dia da morte de Tancredo Neves, José Sarney assumiu a Presidência da República do
Brasil. O consenso sobre o processo democrático foi uma das válvulas mestras que impulsionaram
Sarney a enviar ao Congresso, em maio de 1985, uma série de medidas democratizantes,
transformadas em lei.
Com essas medidas,
a) restabeleceram-se as eleições diretas para prefeito das capitais, das áreas consideradas de
segurança nacional e das estâncias hidrominerais.
b) restabeleceram-se as eleições diretas para presidente e vice, e consequentemente manteve-se o
colégio eleitoral.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


270
Aula 25 – Governo Sarney
c) criou-se a Lei Falcão, que permitiu a propaganda eleitoral nos veículos de comunicação,
principalmente tevê e rádio.
d) apesar da liberdade de organização de novos partidos políticos, não foi permitida a legalização dos
Anotações
partidos que viviam na clandestinidade.

Questão 06
A Constituição Brasileira de 1988 ficou conhecida como a “Constituição cidadã”. Dentre suas decisões,
instaurou e possibilitou a vigência de medidas e de códigos legais relacionados aos direitos de grupos
específicos, entre os quais pode-se identificar os seguintes.
I. O Estatuto da Criança e do Adolescente.
II. O Estatuto do Idoso.
III. A afirmação do racismo como crime inafiançável.
IV. A demarcação das terras indígenas.

Dentre as afirmações, assinale


a) se apenas a afirmativa I está correta.
b) se apenas as afirmativas I e III estão corretas.
c) se apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
d) se apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
e) se todas as afirmativas estão corretas.

Questão 07
CONSTITUIÇÃO DE 1937
Dos Direitos Sociais
Art. 139 – A greve e o lockout [paralisação de empresários] são declarados recursos antissociais,
nocivos ao trabalho e ao capital e incompatíveis com os superiores interesses da produção nacional.

CONSTITUIÇÃO DE 1988
Dos Direitos Sociais
Art. 9º – É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre os interesses
que devam por meio dele defender.

Com base nas citações extraídas das Constituições de 1937 e 1988, é possível afirmar que o direito
de greve
a) ajudou a desenvolver a indústria nacional depois de 1937, durante a ditadura de Getúlio Vargas.
b) é uma conquista social recente, concedida pela ditadura militar dos anos 60 e confirmada durante o
processo de redemocratização que se seguiu.
c) foi proibido durante a ditadura de Getúlio Vargas e reconquistado em 1988, dentro de um contexto
de abertura democrática.
d) foi concedido em 1937 a apenas algumas categorias profissionais, estendendo-se a todas elas
somente em 1988.
e) é pouco utilizado atualmente, dadas as boas relações existentes entre patrões e empregados.

Questão 08
Sobre a eleição presidencial de 1989, considere as seguintes afirmações:
I - A eleição em dois turnos objetiva fazer com que o eleito some sempre a maioria absoluta (metade
mais um) dos votos. Se esse resultado não for obtido por qualquer um dos candidatos no primeiro
turno, os dois primeiros colocados disputam o segundo, evitando assim que o chefe do poder
legislativo (municipal, estadual ou federal) chegue a esse posto contando apenas com os votos de
uma parcela do eleitorado.
II - Um dos efeitos políticos da eleição em dois turnos é possibilitar que as diversas correntes políticas
apresentem candidaturas próprias no primeiro turno, deixando as composições e articulações eleitorais
para o segundo turno.
III - Na eleição presidencial de 89, a primeira em dois turnos do país, apresentaram-se 22 candidatos
para a disputa do primeiro turno.
A respeito dessas afirmações devemos dizer que:
a) apenas a II e a III estão corretas. d) apenas a I e a II estão corretas.
b) apenas a I está correta. e) todas estão corretas.
c) apenas a I e a III estão corretas.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


271
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO a adoção de um plano econômico que provocou impacto imediato


em toda a sociedade, pois
Questão 01 a) no primeiro mês de sua implantação, a inflação saltou de 200%
ao ano para 400% ao ano.
A respeito da transição democrática no Brasil, assim escreveu o
b) provocou um aumento imediato no abastecimento de
historiador Marcos Napolitano:
mercadorias nos supermercados, principalmente pela atuação dos
“Se a transição democrática começou contrariando a vontade de
policiais federais, chamados de fiscais do Sarney.
milhões de brasileiros que não puderam influenciar no destino
c) com mais dinheiro no bolso e com juros baixos para aquisições a
político do país, os valores democráticos exercitados nos últimos
prazo, muita gente foi às compras, o que provocou expansão nas
anos pela oposição civil como um todo marcaram época e foram o
atividades industriais.
contraponto das dinâmicas políticas do regime. Aquela derrota não
d) criou uma nova moeda, o Real, cuja estampa é atraente,
poderia apagar a presença de amplos setores da sociedade que
moderna e estabilizou o valor do dinheiro brasileiro em âmbito
desejavam participar, após 21 anos de coerção social e política em
internacional.
nome da Segurança Nacional”.
Marcos Napolitano. O regime militar brasileiro, 1964-1985. São Paulo: Atual, 1998, p. 99.
e) nas eleições de novembro de 1986, devido ao sucesso do plano
econômico, conseguiu que Fernando Collor de Melo, se elegesse a
Assinale a alternativa correta acerca do contexto referido pelo texto. Presidência da República como seu sucessor.
a) A Lei da Anistia, de 1979, concedeu liberdade ampla e irrestrita a
todos os envolvidos, direta ou indiretamente, na luta contra a Questão 04
Ditadura. Exemplo disso foi a condenação de militares envolvidos Nos últimos 30 anos, o Brasil deu passos importantes para a
em práticas de torturas. consolidação do regime democrático, com a conquista de vários
b) A eleição direta de Tancredo Neves e José Sarney marcou a direitos, como a liberdade de expressão e o direito de escolher, por
transição para o regime democrático no Brasil. A morte prematura meio de eleições diretas, todos os governantes do país.
de Tancredo, por sua vez, mergulhou o país em uma crise política Sobre esse período, considere as proposições abaixo.
institucional. I. A Nova República, que pôs fim a 21 anos de ditadura militar,
c) A derrota das Diretas-Já não impediu a mobilização da começou de forma trágica: Tancredo Neves, o presidente eleito
sociedade civil. Reflexo disso foi a instalação da Assembleia pelo Colégio Eleitoral, não pôde assumir por motivo de doença. Em
Constituinte, em 1987, resultando na promulgação da “Constituição 15 de março de 1985, José Sarney, eleito vice-presidente, assumiu
Cidadã”, no ano seguinte. o cargo de presidente da República. Tancredo Neves veio a falecer
d) A transição democrática foi marcada por intensos debates sobre em 21 de abril do mesmo ano.
os artigos da nova Constituição. Exemplo disso foi a pressão II. A Constituição de 1988, conhecida como Constituição Cidadã,
exercida pelo presidente Sarney para a aprovação da emenda da assegurou amplamente os direitos civis, sendo as práticas do
reeleição. racismo e da tortura classificadas como crimes inafiançáveis.
e) Apesar de consolidada, a democracia no Brasil passou, desde o III. Em 1989 o Brasil realizou a sua primeira eleição presidencial,
início da Nova República, por momentos instáveis. Reflexo disso foi desde 1960, polarizada entre Fernando Collor e Ulysses
a vitória fraudulenta de Fernando Collor de Mello, em 1989. Guimarães. O primeiro era identificado com os políticos apoiadores
do regime militar; o segundo simbolizava a oposição à ditadura.
Questão 02 Das afirmativas acima, pode-se dizer que
A partir da eleição pelo Colégio Eleitoral do Presidente Tancredo a) apenas I está correta.
Neves, em 1985, inicia-se um novo período republicano brasileiro, b) apenas II está correta.
que alguns autores chamam de Nova República. c) apenas I e II estão corretas.
Sobre esse período, assinale a única resposta que associa d) apenas II e III estão corretas.
corretamente uma característica do governo ao respectivo e) I, II e III estão corretas.
governante.
a) No dia de sua posse, Fernando Collor de Mello confiscou cerca Questão 05
de 80% do dinheiro que circulava no país. O Governo José Sarney (PMDB), 15 de março de 1985 a 15 de
b) No governo do Presidente Itamar Franco, restabeleceu-se o março de 1990, foi uma transição do período militar para o período
cruzeiro como moeda nacional, extinguindo- se o cruzado. de eleições diretas para Presidente da República, pois a eleição da
c) Alguns meses após assumir a Presidência da República, chapa Tancredo-Sarney foi realizada pelo colégio eleitoral. Sarney,
Fernando Henrique Cardoso anunciou o Plano Real, o qual passou mesmo sendo vice, foi empossado, já que o Presidente eleito,
a vigorar no País em 1º de julho de 1994. Tancredo Neves, adoentado, não pôde tomar posse, vindo a falecer
d) Fernando Henrique Cardoso, na campanha eleitoral, expunha em 21 de abril de 1985.
uma imagem de político renovador, preocupado em caçar O Governo Sarney caracterizou-se por
“marajás”. a) implantar o Plano Real, que controlou a inflação originada no
e) No dia 2 de outubro de 1992, o vice-presidente Itamar Franco período militar e criou uma nova moeda, além de ter abolido o
assumiu, governando interinamente, até 29 de dezembro, quando o bipartidarismo.
Congresso Nacional declarou vaga a presidência, por falecimento b) ter enfrentado uma inflação altíssima, não controlada pelos
de Tancredo Neves. planos econômicos, e convocado eleições para a Assembleia
Nacional Constituinte que promulgaria a atual constituição do
Questão 03 Brasil.
Em março de 1985, José Sarney assumiu de forma inesperada a c) ter tentado controlar a inflação através de um plano lançado no
Presidência da República. Em fevereiro do ano seguinte, anunciou dia seguinte à sua posse e que congelou contas e poupanças por

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


272
Aula 25 – Governo Sarney
18 meses, além de abrir o país aos produtos importados, com a) garantiu a continuidade do "Milagre Brasileiro".
redução dos impostos. b) assegurou o fim dos desequilíbrios econômicos regionais.
d) ter promovido o acesso de milhões de brasileiros à classe média c) alicerçou sua política de salários no princípio da livre negociação.
e realizado um conjunto de políticas sociais que serve de referência d) combateu a carestia com a instituição do congelamento de
para diversos países. preços.

Questão 06 Questão 09
“Sarney assume como vice-presidente no exercício da Presidência Em relação à Nova República, é COERENTE afirmar que:
da República. É efetivado em 21 de abril de 1985, devido à morte a) o Plano Cruzado, no governo Sarney, marcou o processo de
de Tancredo Neves, atribuída à infecção generalizada, após sete estabilização da economia brasileira, pondo fim à especulação
cirurgias e 38 dias de agonia, em tragédia que une e comove o financeira e à centralização da renda
país. A travessia está concluída. A transição se completou. Não foi b) no processo eleitoral de 1989, confirmou-se a implantação da
apenas o governo que mudou, mas o regime político. A maior democracia no Brasil, com a participação de candidatos de várias
prioridade agora é consolidar a transição”. tendências políticas, em que o vencedor, no final do segundo turno,
COUTO, Ronaldo Costa. História indiscreta da ditadura e da abertura – Brasil: 1964- foi o candidato do PT, Lula, que assumiu a presidência pela
1985. São Paulo: Editora Record, 1999. p. 443.
primeira vez
c) o Plano Real, lançado no primeiro ano de governo de Fernando
O fator que definiu esse processo de transição no Governo Sarney Henrique Cardoso, deixou o povo brasileiro num período de
(1985-1990) foi a(o) expectativa de consumo; após as eleições de 1998, foi substituído
a) fomento de reformas políticas para eliminar o pluripartidarismo por outro plano que causou grande frustração na população, com a
existente no país. perda do poder aquisitivo
b) emergência de uma nova carta constitucional para restabelecer o d) o Plano Collor, que ficou marcado pelo confisco das poupanças,
processo democrático. tanto garantiu a segurança dos direitos sociais dos trabalhadores
c) incremento da reforma econômico-financeira para estatizar o como rejeitou as imposições neoliberais do FMI
sistema bancário do país. e) no governo Lula, um dos principais aspectos da política social é
d) retomada dos atos institucionais dos governos da década o programa Fome Zero, que caracteriza muito claramente a
anterior para garantir a organização social. preocupação do governo com as camadas mais humildes do país
Questão 07 Questão 10
Lei do Máximo, de 29/09/1793. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Fixa limites para os preços e salários, aprovada sob pressão Condições de moradia do operário industrial
popular pela Convenção Nacional. À medida que as novas cidades industriais envelheciam,
multiplicavam-se os problemas de abastecimento de água,
Plano Cruzado saneamento, superpopulação, além dos gerados pelo uso de casas
"[...] Se, por um lado, lançou o Plano Cruzado congelando preços e para serviços industriais, culminando com as estarrecedoras
salários, reduzindo bruscamente a inflação que penalizava os condições reveladas pelas investigações sobre moradia e
trabalhadores de baixo poder aquisitivo, por outro foi extremamente condições sanitárias, na década de 1840. Essas condições, nas
inoperante em relação às elites quando estas iniciaram o boicote ao vilas rurais ou nas aldeias têxteis, eram, muito precárias, mas a
Plano e passaram a reter produtos provocando a escassez no dimensão do problema era certamente maior nas grandes cidades,
mercado, assim pressionando para a elevação dos preços através pela facilidade de proliferação de epidemias.
da formação de mercado paralelo. Com isso, a corrosão dos (...) Os habitantes das cidades industriais tinham frequentemente
salários se manifestava na prática, sem entrar, contudo, nos de suportar o mau cheiro do lixo industrial e dos esgotos a céu
cálculos oficiais da inflação." aberto, enquanto seus filhos brincavam entre detritos e montes de
AQUINO, Rubim et al. "Sociedade Brasileira: uma história através dos
movimentos sociais. Da crise do escravismo ao apogeu do neoliberalismo". Rio de esterco. Na verdade, alguns desses fatos persistem ainda hoje
Janeiro: Record, 2000. (década de 1960), no panorama industrial do norte e da região
central da Inglaterra. (...)
A legislação brasileira contemporânea imitou aquela estabelecida Adaptado de: E. P. Thompson. A formação da classe operária inglesa. In: Alceu
Pazzinato e Maria Helena Senise. História moderna e contemporânea. São Paulo:
pela Convenção Nacional.
Ática, 2003. p.102
As conjunturas históricas a que correspondem os textos,
respectivamente, são Em São Paulo, um grande surto de desenvolvimento econômico,
a) a da Revolução Francesa e a do governo Sarney. que levou à formação de parques industriais e ao aumento da
b) a da Revolução Industrial e a do governo Collor de Mello. população nordestina, vivendo em condições não muito diferentes
c) a da Revolução Americana e a do governo Itamar Franco. das descritas no texto, ocorreu nos anos
d) a da Revolução Inglesa e a do governo Fernando Henrique a) 20, com acúmulo de capital decorrente da produção cafeeira.
Cardoso. b) 30, com o incentivo às indústrias de bens de consumo promovido
e) a do Império Napoleônico e a do governo João Figueiredo. pelo Estado Novo.
c) 50, com a execução do Plano de Metas e da política
Questão 08 desenvolvimentista.
A resposta à crise econômica, vivenciada pelo Brasil no governo d) 60, com a implementação das Reformas de Base por João
Sarney (1985-1990), foi a elaboração e a implantação do Plano Goulart.
Cruzado. Esse plano e) 80, com a aplicação de planos econômicos pelo governo Sarney.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


273
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

Questão 11 Questão 14
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO A respeito da transição democrática no Brasil, assim escreveu o
O FIM DE UMA ERA historiador Marcos Napolitano:
Em seu discurso de despedida do Senado, em dezembro de 1994, “Se a transição democrática começou contrariando a vontade de
o presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou o fim da Era milhões de brasileiros que não puderam influenciar no destino
Vargas, como um prenúncio das mudanças que estavam por vir. político do país, os valores democráticos exercitados nos últimos
Supunha-se sepultado um modelo econômico que tinha como anos pela oposição civil como um todo marcaram época e foram o
principal ator o intervencionismo do Estado, como atração política o contraponto das dinâmicas políticas do regime. Aquela derrota não
paternalismo de cooptação e como modelo social a previdência poderia apagar a presença de amplos setores da sociedade que
pública e a legislação trabalhista. desejavam participar, após 21 anos de coerção social e política em
(NOGUEIRA, Octaciano. "Jornal da Tarde", 11/11/1998.) nome da Segurança Nacional”.
Marcos Napolitano. O regime militar brasileiro, 1964-1985.
Embora a citação acima apresente a legislação trabalhista de São Paulo: Atual, 1998, p. 99.
Getúlio Vargas como parte de um ultrapassado modelo econômico,
é possível apontar aspectos que, no sentido contrário, revelem o Quais os impactos da emenda Dante de Oliveira sobre a campanha
significado da contribuição trazida pela Consolidação das Leis do das Diretas Já.
Trabalho - CLT - para as relações de trabalho.
Um aspecto dessa contribuição está indicado em: Questão 15
a) manutenção da ação sindical e de direitos trabalhistas durante a A década de 80 no plano econômico brasileiro ficou conhecida
ditadura militar como década perdida, por conta dos fracassos sucessivos em
b) estabelecimento da pluralidade sindical e de partidos trabalhistas tentar recuperar nosso país. Comente sobre a década perdida da
durante o Estado Novo economia brasileira.
c) criação de normas legais para os aumentos salariais reais e do
gatilho salarial durante o governo Sarney
d) instituição do estatuto político dos trabalhadores e do Tribunal
Superior do Trabalho durante o segundo governo Vargas

Questão 12
Observe a charge.

Nessa charge, faz-se referência


a) à política econômica do Governo Juscelino Kubitschek,
responsável pelo ingresso do Brasil em uma nova fase da sua
economia industrial e pela presença maciça de capital estrangeiro
no País.
b) ao Plano Cruzado, adotado no Governo Sarney, responsável por
uma relativa estabilidade de preços e pela escassez de produtos da
cesta básica.
c) à política econômica adotada por Getúlio Vargas no contexto do
Estado Novo, responsável pela ampliação da oferta de produtos
nacionais à população.
d) ao II PND, implementado no Governo Geisel, responsável pela
construção de mega-estradas, como a Transamazônica, e outras
obras faraônicas.

Questão 13
A constituição de 1988 é considerada a constituição cidadã por
todas prerrogativas legais que ela implantou. Analise o contexto
político brasileiro da época.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


274
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL

Prof. Márcio Michiles

GOVERNO COLLOR – ITAMAR FRANCO (1990-1994)


Em 1989, ocorreu a primeira eleição direta para presidente depois de mais de duas décadas de regime civil-militar. Nessas campanhas
eleitorais, o PMDB lançou como candidato Ulysses Guimarães, e o recém-criado PSDB apresentou o nome de Mário Covas. Já a esquerda,
que ameaçava a continuidade das forças mais conservadoras na presidência, era representada principalmente por Leonel Brizola, do
Partido Democrático Trabalhista (PDT), e por Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT).
Entre todos os candidatos, Fernando Collor de Mello, o menos conhecido até aquela data, trazia consigo o fato de não ter o estigma de
político tradicional. Collor personificava o governante ideal, seu passado político era praticamente desconhecido, seu apelo visual era
fortíssimo, e sua campanha, que prometia acabar com a corrupção, conquistou o povo brasileiro, principalmente as classes menos
favorecidas, chamadas por ele de os “descamisados”. O partido de Fernando Collor, Partido da Reconstrução Nacional (PRN), foi criado
para reforçar a imagem do seu candidato.
Em 15 de novembro de 1989, Collor venceu as eleições após disputa com o candidato Lula no segundo turno. Ao assumir o governo, o
novo presidente diminuiu a participação do Estado na economia, concepção ligada à ideologia neoliberal que ele aplicou no Brasil. Era
necessário reestruturar (ou reconstruir) o país, que enfrentava uma grave crise inflacionária deixada pelo Governo Sarney. Assim, o Plano
Brasil Novo, mais conhecido como Plano Collor, foi criado pela ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello para reequilibrar os saldos da
balança comercial, reintroduzir o cruzeiro, que equivalia a mil cruzados novos, e organizar um rápido congelamento de preços, seguido de
gradual liberalização e da livre negociação de salários.
Para evitar o deslocamento de recursos da caderneta de poupança para o mercado de
consumo, o que acarretaria uma elevação de preços ou um novo desabastecimento, ainda foi
realizado um confisco de todas as contas correntes, poupanças e demais aplicações
financeiras que excedessem 50 mil cruzeiros. Tal confisco permaneceu pelo prazo de 18
meses.
Fernando Collor de Melo durante passeata no Rio de Janeiro, em 1989.
Após primeiro turno apertado entre Lula e Collor, o candidato do PT recebeu apoio de Leonel
Brizola e Mário Covas, mas Collor acabou vitorioso após disputa em um segundo turno.
As ações de Collor não se limitaram a uma simples modificação bancária, ele também realizou
inúmeras demissões de funcionários do governo e aumentou os impostos sociais, com o
objetivo de ampliar os recursos públicos. A atividade das indústrias nacionais entrou em crise
com a forte abertura de produtos das multinacionais, provocando demissões em massa diariamente e agravando a situação econômica do
país.
Em 1991, a fim de controlar a inflação, o presidente apresentou o Plano Collor II, que congelava preços e salários e elevava as taxas de
juros, com o objetivo de estimular a poupança. Por conta do descaso do governo, que oferecia benefícios a grupos privados, todas essas
tentativas de melhoria do setor econômico foram em vão. A situação se agravou quando houve a investigação sobre a ligação de Paulo
César Farias, tesoureiro da campanha de Collor, com a pressão imposta aos presidentes de estatais para a realização de negócios que
procuravam favorecer grupos particulares em detrimento da própria estatal. Com isso, deu-se início a uma série de denúncias sobre
desvios de verbas e de corrupção dos ministros ligados ao presidente. Em maio de 1992, revelações de Pedro Collor, irmão do presidente,
também indicaram ilegalidades na política da época. No mesmo ano, o Congresso instalou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)
para investigar as denúncias de corrupção ligadas a PC Farias. Nela, descobriram-se transações ilícitas entre governo e empresários. A
sociedade brasileira, inclusive os que haviam votado em Collor para presidente, exigiu a cassação do seu mandato, ação conhecida como
impeachment. Com a intenção de articular a salvação pública de sua imagem, Collor convocou a população para que saísse às ruas
usando verde e amarelo, mas, em uma ação contrária, as pessoas foram às ruas de preto.
Com isso, as principais cidades brasileiras foram tomadas pelos “caras-pintadas”, que exigiam o afastamento do presidente, e não a sua
permanência no poder. No dia 29 de setembro de 1992, foi aberta a sessão no Congresso Nacional que aprovou o início do processo de
impeachment de Fernando Collor de Melo. Com 441 votos favoráveis, 38 contrários, 23
ausências e 1 abstenção, a Câmara dos Deputados decidiu pelo afastamento imediato do
presidente da República. No dia 1o de outubro de 1992, foi instaurado o processo de
impeachment no Senado Federal e, no dia seguinte, Collor foi notificado e afastado da
presidência até a conclusão do processo, assumindo, provisoriamente, o vice-presidente
Itamar Franco.
No dia 29 de dezembro de 1992, iniciou-se o julgamento do presidente Fernando Collor no
Senado. Tentando evitar a perda de seus direitos políticos, a pedido de seus advogados,
Collor renunciou ao cargo de presidente da República por meio de uma carta lida no
plenário. Apesar da renúncia, o processo continuou e, por 76 votos a favor e 3 contra,
Fernando Collor teve seu mandato presidencial cassado e foi condenado à perda de seus
direitos políticos por oito anos. Contudo, dois nos depois, o ex-presidente obteve uma
importante vitória jurídica, sendo absolvido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por falta de provas.
Pessoas vão às ruas para pedir o afastamento do então presidente Collor, em 1992

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

GOVERNO ITAMAR FRANCO


Com a saída de Collor, Itamar Franco, vice-presidente do país, assumiu o poder. Seguindo os exemplos do México e da Argentina, o novo
presidente pediu a suspensão do pagamento da dívida externa (moratória). Como consequência, houve o reaquecimento da economia
nacional, que atingiu, em 1994, um crescimento de 5%.
Em 28 de fevereiro de 1994, o governo apresentou um plano de estabilização da moeda, criado por uma equipe ligada ao PSDB para
combater os índices inflacionários. Essa estratégia econômica, denominada Plano Real, caracterizava-se pelo uso de uma moeda forte,
que acabava com a indexação, ou seja, com o repasse automático da inflação para salários, prestações e aluguéis, e se vinculava ao dólar
norte-americano. Conseguiu-se, assim, manter o câmbio elevado, sustentado com a manutenção de dólares em reserva, gerando taxas
elevadas de juros. A entrada maciça dos capitais externos gerou a falência de empresas nacionais e aumentou o desemprego.
No entanto, a inflação atingiu baixos índices, e a aparente eficácia foi rapidamente percebida no cotidiano das pessoas, permitindo que o
governo utilizasse esse fato para explicar o sucesso do plano. O Governo Itamar foi apenas uma etapa de transição entre uma crise
econômica e outra. Em seu mandato, os efeitos da miséria social do país, tais como a violência e a criminalidade, foram evidenciados.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


276
Aula 26 – Governo Collor Itamar Franco
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
"(...) Temos, no governo Collor, a distância entre duas publicidades: uma publicidade favorável ao
governo, por ele suscitada e mesmo paga, que se expressava na encarnação da força física, melhor
dizendo, de uma positividade que não remetia a nenhuma virtude moral ou política, mas se reduzia ao
mero abuso da animalidade; e outra publicidade, que lhe foi fatal, quando o irmão veio a público
denunciar o presidente enquanto pessoa pública, por corrupção, e enquanto pessoa privada, por atos
ilegais, quer imorais, nem todos, porém, de relevância para a sociedade brasileira, como os que se
referiam à sua vida sexual."
(RIBEIRO, R. Janine. In: DAGNINO, Evelina (org.). "Anos 90: Política e sociedade no Brasil". São Paulo: Brasiliense, 1994.)

Este texto apresenta algumas reflexões sobre a crise que desencadeou o impedimento do Presidente
Fernando Collor de Mello.
A crítica política que apóia as preocupações do autor acerca daquele período pode ser traduzida por:
a) O predomínio da imagem pública é prejudicial à democracia.
b) A propaganda positiva é fundamental na consolidação dos governos atuais.
c) A ênfase na pessoa privada decorre da fragilidade das instituições públicas.
d) A imagem pública fica prejudicada com a difusão dos meios de comunicação.

Questão 02
Responder à questão numerando a coluna II de acordo com os planos econômicos citados na coluna I.
COLUNA I
1. Plano Cruzado
2. Plano Collor
3. Plano Real
4. Plano Bresser

COLUNA II
( ) Volta do cruzeiro como moeda nacional, bloqueio por 18 meses dos saldos de contas
correntes, poupanças e investimentos financeiros, e abertura da economia ao capital estrangeiro.
( ) Retenção de 15% de todos os impostos e contribuições federais pelo Fundo Social de
Emergência, controle da emissão de moeda e criação da URV como indexador diário vinculado ao
dólar comercial.
( ) Congelamento de preços, tarifas e salários pelo prazo de um ano e criação do gatilho salarial, a
ser disparado sempre que a inflação acumulada superasse os 20%.
A sequência correta dos números na coluna da direita, de cima para baixo, é a seguinte:

a) 2 - 3 – 4 b) 1 - 4 – 3 c) 2 - 3 – 1 d) 3 - 2 – 1

Questão 03
O desemprego nas áreas metropolitanas cresce, impulsionado por uma selvagem política de redução
de custos e de modernização tecnológica posta em prática especialmente no setor industrial. (...) A
tendência ao crescimento do trabalho autônomo, precário, de remuneração incerta e baixa se acentua.
(...) Em contrapartida assistimos à crescente imobilização do Estado, dilapidado pelas altas taxas de
juros, afogado em dívidas, incapaz de levar avante políticas de desenvolvimento ou políticas sociais.
Fernando A. Novais e João M. Cardoso de Mello

Esse contexto histórico descreve a economia brasileira no período:


a) da década de sessenta.
b) da República Velha.
c) do Estado Novo.
d) da década de noventa.

Questão 04
As eleições presidenciais brasileiras, ocorridas neste ano, envolveram oito candidatos, concorrendo
por partidos ou alianças diversas. Alguns dos candidatos fizeram, em suas campanha, referências a
episódios ou a personagens da história política brasileira do século XX.
Entre tais referências pode-se mencionar a lembrança do
a) nascimento de vários partidos entre 1979 e 1982, momento da "reforma partidária", quando
surgiram, entre outros, o PMDB de Orestes Quércia e o PRN de Carlos Gomes.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


277
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

b) golpe militar de 1964, defendido àquela época pelo PFL e pelo PSC, que instalou no poder o
almirante Fortuna, presidenciável nas últimas eleições.
c) desenvolvimentismo de Juscelino Kubitschek, que governou de 1956 a 1961, e que fez aparecer a
Anotações
proposta social-democrata, defendida por Esperidião Amin e por Enéas Carneiro.
d) "impeachment" do presidente Fernando Collor de Mello, ocorrido em 1992 e que contou com a
participação favorável, entre outros, de Luis Inácio Lula da Silva e de Fernando Henrique Cardoso.

Questão 05
Ao assumir a presidência em março de 1990, Collor tinha um efetivo apoio dos meios de comunicação.
O governo norte-americano sugeria ao presidente a adoção de uma política neoliberal. Em julho de
1992, 69% desaprovam o governo de Collor. Em setembro desse ano a Câmara dos Deputados vota o
impedimento do presidente. Collor renunciou horas antes da votação no Senado que reitera o
impedimento. São características desse curto período presidencial:
a) o congelamento das contas de poupança de todos os brasileiros, o aumento das tarifas de
importação e a proteção da indústria nacional.
b) a definição de uma política de privatização das empresas estatais, um amplo plano de combate às
desigualdades sociais e as boas relações entre os poderes executivo e legislativo.
c) o uso permanente das "medidas provisórias", a desenfreada corrupção em todos os escalões do
governo e a política anti-privatista das empresas estatais.
d) o congelamento de poupança de todos os brasileiros, a redução drástica das tarifas de importação e
a política de defesa da privatização das empresas estatais.

Questão 06
"Estudos mostram avanço positivo do Plano Real: com a queda da inflação e o crescimento
econômico, o País reduziu significativamente o número de miseráveis. (...) é fundamental, no entanto,
que não se cometa o erro absurdo e imperdoável de avaliar que já somos menos injustos..."
Tendo em vista a realidade brasileira pode-se afirmar, a partir das idéias do texto, que
a) apesar dos aspectos positivos, possuímos uma das maiores desigualdades de renda do mundo.
b) a queda da inflação foi acompanhada pela redução no consumo de bens das camadas populares.
c) o crescimento econômico permitiu solucionar o problema do déficit habitacional nos grandes
centros.
d) a população situada na categoria de miseráveis é pequena e concentrada nas zonas rurais.
e) a injustiça social permanece, pois os índices de analfabetismo foram reduzidos apenas para 50% do
total de habitantes.

Questão 07
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse nesta segunda-feira [30/5] que o
impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello foi apenas um “acidente” na história do
Brasil. Sarney minimizou o episódio em que Collor, que atualmente é senador, teve seus direitos
políticos cassados pelo Congresso Nacional. “Eu não posso censurar os historiadores que foram
encarregados de fazer a história. Mas acho que talvez esse episódio seja apenas um acidente que não
devia ter acontecido na história do Brasil”, disse o presidente do Senado.
Correio Braziliense, 30/05/2011.

Sobre o “episódio” mencionado na notícia acima, pode-se dizer acertadamente que foi um
acontecimento
a) de grande impacto na história recente do Brasil e teve efeitos negativos na trajetória política de
Fernando Collor, o que faz com que seus atuais aliados se empenhem em desmerecer este episódio,
tentando diminuir a importância que realmente teve.
b) nebuloso e pouco estudado pelos historiadores, que, em sua maioria, trataram de censurá-lo,
impedindo uma justa e equilibrada compreensão dos fatos que o envolvem.
c) acidental, na medida em que o impeachment de Fernando Collor foi considerado ilegal pelo
Supremo Tribunal Federal, o que, aliás, possibilitou seu posterior retorno à cena política nacional,
agora como senador.
d) menor na história política recente do Brasil, o que permite tomar a censura em torno dele,
promovida oficialmente pelo Senado Federal, como um episódio ainda menos significativo.
e) indesejado pela imensa maioria dos brasileiros, o que provocou uma onda de comoção popular e
permitiu o retorno triunfal de Fernando Collor à cena política, sendo candidato conduzido por mais
duas vezes ao segundo turno das eleições presidenciais.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


278
Aula 26 – Governo Collor Itamar Franco
Questão 08
Em 29 de setembro de 1992, o presidente Collor de Mello era afastado do poder. Três meses depois, o Anotações
Senado aprovava a perda de mandato e suspensão dos direitos políticos por oito anos.
Dentre as causas deste desfecho apontamos:
a) a vasta cadeia de denúncias pela imprensa, escândalos, desemprego e recessão.
b) o fracasso total no processo de privatização da economia e liberalização de preços.
c) a forte oposição do governo a um modelo neo-liberal.
d) a hiperinflação que não pôde ser evitada, gerando forte crise social.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


279
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO b) estabeleceu o tabelamento dos preços dos principais gêneros


alimentícios de consumo, mas permitiu a livre negociação de
Questão 01 salários, o que beneficiou a classe trabalhadora.
c) deu início ao programa de privatizações estatais e preconizava a
Leia o texto abaixo:
necessidade de se realizar um violento corte de gastos públicos,
“Do outro lado, tínhamos um presidente moralmente desmoralizado
porém, na prática, não houve uma expressiva demissão de
e repudiado pela opinião pública. Apoiado por políticos que insistem
funcionários.
em manter viva a tradição da impunidade, que permanecem cegos
d) confiscou os depósitos bancários que ultrapassassem o valor de
às exigências da sociedade, Collor, com seus auxiliares, desfiou o
500 mil cruzados, durante um breve período de 3 meses, para
argumento de que está sofrendo um linchamento político. Na
evitar o remessa de capital nacional para o exterior.
verdade, quem sofreu um linchamento político e moral foi o povo
e) confiscou depósitos bancários em contas correntes e cadernetas
brasileiro, enganado quanto às promessas de moralidade pública,
de poupança, no valor que excedesse a quantia de 50 mil
de bem-estar social e de modernização do país. Este governo deixa
cruzeiros, para evitar deslocamento de recursos para o consumo.
como herança uma situação de pós-guerra, com uma realidade
social miserável e um Estado próximo da falência.”
Questão 03
(José Genoíno. “Novo início para o Brasil”. Folha de S. Paulo, 30/09/92).
Ao longo da história republicana brasileira, houve várias crises
A partir da leitura do texto e da compreensão sobre o governo políticas de alta intensidade que puseram em xeque a posse de
neoliberal de Fernando Collor de Mello (1990-1992), indique a(s) presidentes ou abreviaram o término de mandatos. A respeito
afirmação(ões) que melhor traduz(em) as diretrizes econômicas desses episódios, assinale o que for correto.
daquele período. 01) Em agosto de 1954, envolvido em um escândalo de corrupção
I. o plano Collor recorreu ao congelamento de preços e aumento de e pressionado pela imprensa e pelos partidos oposicionistas,
salários como saída para a crise econômica e restaurou o Cruzado Getúlio Vargas renunciou à presidência da República. A manobra
Novo em substituição ao Cruzeiro. tinha o objetivo de poupá-lo do processo de impeachment e
II. O governo realizou o confisco dos depósitos bancários em preservar seus direitos políticos para embates eleitorais futuros.
contas correntes, em aplicações financeiras e em cadernetas de 02) Em 1930, o resultado eleitoral consagrou a vitória do candidato
poupanças. Júlio Prestes ao cargo de presidente da República, derrotando a
III. O governo federal aumentou os gastos públicos, apoiando chapa da Aliança Liberal, encabeçada por Getúlio Vargas. Em
iniciativas do setor artístico e cultural e estimulando o outubro daquele ano, porém, irrompeu o movimento político
desenvolvimento de pesquisas científicas. conhecido como “Revolução de 1930”, que implicou a deposição do
IV. Seu plano econômico resultou em recessão quase imediata: presidente Washington Luiz, o impedimento da posse do presidente
falências, queda nas vendas, perda do poder aquisitivo dos salários eleito e a ascensão de Getúlio Vargas ao poder.
e demissões dos trabalhadores, com milhares de desempregados. 04) Em agosto de 1961, por discordar de manobras oposicionistas
Assinale a alternativa verdadeira: que tentavam implantar o sistema parlamentarista para diminuir
a) apenas I. seus poderes, Jânio Quadros renunciou à presidência da
b) apenas II. República. O casuísmo da manobra parlamentarista ficou evidente
c) apenas II e III. porque, logo em seguida, o vice-presidente João Goulart assumiu o
d) apenas II e IV. cargo com plenos poderes presidenciais, com todas as
e) apenas I, III e IV. prerrogativas para implantar seu programa de reformas de base.
08) Em novembro de 1955, como forma de debelar as fortes
Questão 02 evidências de que era tramado o impedimento da posse do
presidente eleito Juscelino Kubitschek, o Marechal Henrique Lott
comandou um golpe preventivo, depondo o presidente interino
Carlos Luz, que substituía o presidente licenciado, Café Filho. Até a
posse de Juscelino Kubitschek, a presidência da República foi
confiada ao presidente do Senado, Nereu Ramos.
16) Primeiro presidente eleito pelo voto direto da população
brasileira em quase três décadas, Fernando Collor de Mello
enfrentou um pedido de impeachment logo no primeiro ano de seu
mandato. A motivação foi o descontentamento popular com os
efeitos do plano de estabilização econômica adotado pelo novo
presidente, que se baseava no confisco de contas bancárias.
Durante sua campanha eleitoral, Fernando Collor de Mello, Pressionado por vigorosas manifestações populares, o Congresso
prometia modernizar o país e liquidar com a nossa inflação. Nacional abriu o processo de impeachment, em setembro de 1990,
Entretanto, como ironiza a charge acima, seus pacotes econômicos e o concluiu nos últimos dias do mesmo ano.
não foram bem sucedidos. A respeito do Plano Collor, conjunto de
medidas a fim de revitalizar nossa economia e que foi divulgado Questão 04
logo no dia seguinte à sua posse, ocorrida em 15 de março de Um condicionante decisivo para o triunfo de Collor foi o “agressivo”
1990, é correto afirmar que marketing de sua campanha. Collor e sua assessoria apostaram na
a) instaurou o congelamento imediato de preços de produtos construção da imagem de um candidato jovem, moderno, decidido
básicos, acompanhado de gradual liberalização de salários, como e, principalmente, diferente dos demais políticos. Além disso,
também retomava o padrão monetário do cruzado. prometia moralizar a política e se apresentava como protetor dos

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


280
Aula 26 – Governo Collor Itamar Franco
“descamisados” e “pés-descalços”, prometendo-lhes solucionar b) criou taxas de importação para dificultar a entrada de produtos
todos os seus problemas. estrangeiros.
MACHADO, Fabiana Michelle de Sousa. Política econômica e política externa do c) renunciou à presidência cassado em seus direitos políticos pelos
governo Collor 1990-1992. Belo Horizonte: Centro Universitário, 2007.
congressistas.
d) investiu no marketing político com sua imagem atrelada à ideia
No campo político-econômico, esse curto governo foi caracterizado
de jovialidade.
pela
e) adotou o neoliberalismo ao iniciar o processo de privatização de
a) retração do Brasil para o mercado externo.
empresas estatais.
b) extinção da inflação e desvalorização cambial.
c) desindustrialização do país, ampliando a agricultura familiar.
Questão 07
d) substituição das importações, retomando o desenvolvimento.
e) adoção de um novo modelo econômico, chamado de Plano
Collor.

Questão 05

Na imagem, encontram-se referências a um momento de intensa


agitação estudantil no país. Tal mobilização se explica pela
a) divulgação de denúncias de corrupção envolvendo o presidente
A imagem acima retrata um momento conturbado da recente da República.
história política do Brasil, o governo Fernando Collor de Mello b) criminalização dos movimentos sociais realizada pelo Governo
(1990-1992). Federal.
Sobre essa conjuntura, analise as afirmações que seguem e c) adoção do arrocho salarial implementada pelo Ministério da
marque V para as verdadeiras e F para as falsas. Fazenda.
( ) Fernando Collor de Mello venceu as primeiras eleições d) compra de apoio político promovida pelo Poder Executivo.
diretas para presidente da República após o término da ditadura e) violência da repressão estatal atribuída às Forças Armadas.
militar,com um programa que prometia conter a inflação, a
corrupção e “caçar” marajás. Questão 08
( ) O confisco da poupança foi uma das medidas tomadas pela Analise o fragmento a seguir.
então ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Melo para controlar a A CPI por si só, em mãos de correligionários, muitos
inflação. profundamente envolvidos em atos de corrupção – como se verá
( ) A política econômica de Collor de Mello era a de forte em seguida no escândalo dos Anões do Orçamento – não seria o
presença do Estado na economia, com fechamento do mercado bastante para chegar ao impeachment. Este foi, em verdade, obra
nacional ao capital internacional. de brasileiros humildes, como o motorista Eriberto com seu
( ) A grave crise econômica aliada aos escândalos de depoimento, e uma maioria revoltada que ocupava as ruas. A
corrupção, a acusações de tráfico de influência e a empréstimos jovem democracia brasileira vivera sua prova de fogo.
fraudulentos levou às ruas, além de outros manifestantes, uma (LINHARES, Maria Yedda (org.) História Geral do Brasil.
multidão de estudantes, os “cara pintadas”, que exigiam o “Fora Rio de Janeiro: Elsevier,1990)
Collor”.
( ) Em 1992, houve a instalação de CPI que acabou O contexto mencionado acima se refere ao governo do presidente:
desencadeando o primeiro impeachment de um presidente no a) Juscelino Kubitschek.
Brasil. Collor ficou inelegível por oito anos, assumindo o vice- b) Tancredo Neves.
presidente Itamar Franco. c) Floriano Peixoto.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima d) Fernando Henrique Cardoso.
para baixo, é: e) Fernando Collor de Mello.
a) V – V – F – V – V.
b) F – V – F – V – V. Questão 09
c) V – F – F – V – V. Em 1989, a sociedade brasileira elegeu, democraticamente,
d) V – V – V – F – V. Fernando Collor de Mello, Presidente do Brasil, um governante que
e) F – F – V – V – F. prometia combater a corrupção e colocar o país no caminho do
desenvolvimento. A esse respeito, assinale a(s) alternativa(s)
Questão 06 correta(s).
01) Em meio a denúncias de corrupção, Fernando Collor de Mello
Sobre o governo Collor (1990-1992), NÃO é correto afirmar que
renunciou à Presidência, às vésperas de sofrer o impeachment do
a) combateu a inflação ao congelar depósitos bancários para conter
Congresso Nacional.
o consumo.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
281
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

02) O governo Collor promoveu a suspensão ou a diminuição d) Os escândalos deixados por Collor no governo de Alagoas, que
drástica de tarifas de importação de alguns produtos e impulsionou só foram descobertos após ele ter assumido a presidência.
uma abertura que possibilitou uma modernização da economia
brasileira. Questão 12
04) A política econômica do Governo Collor gerou uma permanente A partir de 1985, o Brasil está em fase de redemocratização. Deste
estabilidade na economia brasileira, com o fim definitivo das altas momento em diante, governos civis passam a exercer a soberania
taxas inflacionárias. republicana do País. Neste sentido, leia os itens abaixo e assinale a
08) O Plano Collor de estabilização e de modernização econômica opção que estiver correta com relação ao período.
promoveu um confisco temporário das contas de poupança, dos a) Na presidência de Itamar Franco, foi realizado o plebiscito que
depósitos nas contas correntes e um congelamento de preços e de decidiu pela continuidade do sistema republicano presidencialista
salários. que o Brasil vive atualmente.
16) Durante o governo Collor, foi criado o Mercosul, formado por b) Em 1985, o governo José Sarney, objetivando conter a inflação,
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, com o objetivo de ser um elaborou o seu plano econômico mais famoso: plano real.
bloco econômico regional. c) Em 1988, foi aprovada a primeira Constituição do Brasil
republicano, cujo documento final foi chamado de “Constituição
Questão 10 Cidadã”.
Na primeira metade da década de 1980, o Brasil passou por d) O governo de Fernando Collor, praticando uma administração
grandes agitações sociais, que provocaram mudanças significativas neoliberal, iniciou o processo de privatização das empresas de
no campo político. Entre elas, estão as "campanhas das Diretas capital privado brasileiras.
Já", que resultaram em mudanças importantes sobre a escolha e) A presidência de Fernando Henrique Cardoso se caracterizou
para presidente através do voto direto, no entanto, mesmo pelo processo de retomada, pelo Estado, das empresas
acontecendo as eleições no ano seguinte, a população não teve privatizadas no Governo Collor de Mello.
direito à escolha do presidente com o voto direto, pois só houve
eleições diretas para presidente em 1989. Questão 13
O primeiro presidente eleito com o voto direto foi O escândalo é um fenômeno produzido por ações que envolvem
a) Tancredo Neves. transgressões de códigos morais levadas ao domínio público,
b) Collor de Melo. provocando reações que podem afetar a reputação de pessoas ou
c) José Sarney. instituições. Na esfera política, em geral os escândalos estão
d) Itamar Franco. associados à corrupção e ao suborno e constituem materiais
e) Luís Inácio (Lula). explorados pela imprensa. No Brasil, neste ano de 2012, o
Supremo Tribunal Federal julgou o escândalo do “Esquema de
Questão 11 compra de votos de parlamentares”, conhecido por “Mensalão”,
Eleito em novembro de 1989, chega ao poder, no Brasil, um denunciado durante o governo do presidente Lula.
presidente de raízes cariocas e de carreira política em Alagoas Anteriormente, os dois maiores escândalos políticos da história
(onde administrou o Gazeta Alagoana), vindo de um pequeno republicana brasileira haviam acontecido no segundo governo
partido, o PRN (Partido da Reconstrução Nacional). Durante o Vargas (1951-1954) e no governo Collor (1990-1992). Ambas as
governo de Fernando Affonso Collor de Mello, vários escândalos situações suscitaram crises políticas que afetaram os governantes.
eclodiram, enfraquecendo a base aliada e a aceitação popular, em Caracterize a crise política (seus motivos e efeitos) em cada um
meio aos protestos dos “caras pintadas”, nome pelo qual ficou destes momentos:
conhecida a juventude desse período, que saiu às ruas clamando a) Segundo Governo Vargas
pelo impeachment do presidente. O movimento popular surtiu b) Governo Collor
efeito, e o presidente Collor deixou o poder.
Questão 14
Recentemente, em julho de 2011, faleceu o ex-presidente Itamar
Franco. A respeito da sua chegada ao poder e do seu governo, é
correto afirmar:
a) Venceu Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno das eleições
disputadas em 1994, graças ao sucesso do Plano Real,
implementado no governo de Fernando Henrique Cardoso.
b) Venceu Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 1989 e
organizou um governo de coalizão nacional, do qual participaram
O que motivou a retirada de Fernando Collor da presidência da todos os demais partidos políticos brasileiros, inclusive o PT.
república? c) Assumiu a presidência após o processo de impeachment do
a) A rede de corrupção montada por Collor e por seu tesoureiro, presidente Fernando Collor de Mello e, com seu ministro Fernando
Paulo César Farias, conhecida como "Esquema PC". Henrique Cardoso, implementou o Plano Real.
b) A demissão de uma grande aliada de Collor, a ministra Zélia d) Foi eleito em janeiro de 1985, em eleição direta pelo colégio
Cardoso de Mello, que, temendo sofrer represália, deixou o eleitoral, e organizou um governo de reformas políticas e
Ministério da Fazenda. econômicas que permitiram sua reeleição em 1994.
c) O fracasso da abertura econômica para produtos importados, e) Foi eleito em 1994 devido ao sucesso do Plano Real
que reduziu impostos para promover a modernização da indústria implementado no governo do presidente Fernando Henrique
brasileira. Cardoso, do qual participou como ministro da Fazenda.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


282
Aula 26 – Governo Collor Itamar Franco
Questão 15 (Ufrj 2010)
“A violência da inflação e a quase destruição do sistema de preços
já ameaçavam o funcionamento da economia [...]. Para sustentar
de forma duradoura a estabilidade de preços, impõe-se uma
reforma monetária austera, capaz de devolver ao Estado o controle
sobre a moeda. [...] não deve se traduzir apenas na mudança de
denominação do padrão de referência de preços e contratos, mas
deve atingir profundamente as formas de acesso à liquidez e os
processos de criação do poder de compra. [...] As medidas [...]
buscam, sobretudo, preservar os direitos adquiridos pelos
cidadãos.”
(Discurso do presidente Fernando Collor de Mello, apresentando o plano de
estabilização, na reunião ministerial de 16/3/1990)

Em 16 de março de 1990, dia seguinte a sua posse, Fernando


Collor de Mello anunciou um plano econômico com diversas
medidas. A impopularidade desse plano e a de outras medidas
adotadas, somadas ao desgaste político agravado no ano de 1992,
acabariam levando ao fim de seu governo, por decisão do
Congresso Nacional.
Explique duas consequências econômicas do Plano Collor.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


283
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL

Prof. Márcio Michiles

GOVERNO FHC – LULA (1995- 2010) entregá-lo ao seu sucessor com as finanças devidamente
organizadas.
ECONOMIA As principais marcas positivas do governo FHC foram a
A política de estabilidade e da continuidade do Plano Real foi a continuidade do Plano Real, iniciado por Itamar Franco que tinha o
principal bandeira da campanha eleitoral de 1998 para a reeleição próprio Cardoso como Ministro da Fazenda; o fim da hiperinflação,
de FHC. Ele foi reeleito já no primeiro turno. Promoveu inúmeras e a criação de programas sociais pioneiros como o bolsa-escola, o
privatizações em setores como telecomunicações, distribuição de vale-gás e o bolsa-alimentação. Além de mudanças amplas no
energia elétrica, mineração e financeiro. Essas privatizações essas Estado brasileiro, com a implementação da Advocacia Geral da
contestadas por sua oposição, principalmente do PT. União, da Lei de Responsabilidade Fiscal, do Ministério da Defesa
Ao longo de seu mandato presidencial a economia brasileira[ se e a implantação do PROER - programa de restruturação do
manteve estável, em consequência do controle da inflação sistema financeiro brasileiro - concentrando e transformando os
conseguido com o Plano Real. bancos brasileiros em instituições fortemente fiscalizadas o que
INÍCIO DA EXPANSÃO ECONÔMICA rendeu elogios do próprio presidente Lula na ocasião da crise
econômica mundial de 2008.
Durante o Plano Real e sucessivamente, houve um maciço
ingresso de investimentos externos na área produtiva, sendo essa LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL
entrada de dólares uma das âncoras do plano. Só na área da A Lei de Responsabilidade Fiscal provocou uma mudança
indústria de automóveis, entraram com fabricação no país durante substancial na maneira como é conduzida a gestão financeira dos
o governo de Fernando Henrique nada menos que onze marcas três níveis de governo. Até então, o governo federal não tinha
(Peugeot, Renault, Citroën, Audi, Mitsubishi, Nissan, Land Rover, mecanismos para medir o endividamento total do país. Como
Toyota - até então uma pequena fabrica artezanal de jipes, Honda, medida de contingênciamento para a implantação da LRF, o
Mercedes-Benz automóveis, Dodge-Chrysler, fora a (na época) governo tomou para si as dívidas públicas estaduais e municipais,
brasileira Troller. Ainda no setor de caminhões a Volkswagem tornando-se credor dos estados e municípios altamente
implantou fábrica em Resende-RJ, a Iveco em Minas e a endividados. Com a LRF, impediu que os prefeitos e governadores
Internacional/Agrale no Rio Grande do Sul. Entraram em atividade endividassem novamente os estados e municípios além da
também montadoras de motocicletas como Kasinski e Sundown capacidade de pagamento.
em Manaus. A produção de veículos no país cresceu SAÚDE
expressivamente ultrapassando a marca de 2 milhões/ano. O programa de combate à AIDS foi copiado por outros países e
Investimentos perderam fôlego por causa das crises em vários apontado como melhor programa de combate a Aids pela ONU[ No
países emergentes que ainda afetavam o Brasil. período, foi criada também a lei de incentivo aos medicamentos
Nesse período o país começava a viver uma expansão econômica, genéricos, o que possibilitou a queda preço dos medicamentos no
depois de sofrer os efeitos de várias crises internacionais nos anos Brasil. Eliminou os impostos federais dos medicamentos de uso
anteriores. A expansão econômica embrionária, no entanto, trouxe continuado. Foi regulamentada ainda a lei de patentes, com
efeitos colaterais sérios, gerados pela ausência de investimento e resolução encaminhada à Organização Mundial do Comércio para
planejamento em produção de energia no Brasil, que não se licenciamento compulsório de fármacos em caso de interesse da
organizara para seu crescimento. saúde pública. Foi organizado também o Sistema Nacional de
FHC enfrentou diversas crises mundiais durante seu governo, Transplantes e a Central Nacional de Transplantes
como a crise do México em 1995, a crise asiática em 1997-98, a Durante o Governo FHC, foi sancionado a Lei nº 10.167, de 2000
crise russa em 1998-99 e, em 2001, a crise argentina, os atentados que tornou mais rigorosa a política antitabagista no Brasil, com a
terroristas nos EUA em 11 de setembro de 2001, a falsificação de proibição da publicidade e a introdução das imagens de impacto
balanços da Enron/Arthur Andersen. Internamente, enfrentou uma em embalagens de cigarro. Também foi introduzida a vacinação
crise em 1999, quando houve uma forte desvalorização do real, dos idosos contra a gripe e criada a Agência Nacional de Saúde
depois de o Banco Central abandonar o regime de câmbio fixo e Suplementar (ANS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
passar a operar em regime de câmbio flutuante. Em 2002, a (Anvisa). Também tinha os "Mutirões da Saúde".
própria eleição presidencial no Brasil, em que se previa a vitória de CRISES E ACUSAÇÕES DE CORRUPÇÃO
Lula, causou mais uma vez a fuga de hot-money, elevando o preço
do dólar a quase R$ 4,00. Reeleição
Opositores de seu governo afirmam entretanto que tendo Fernando No primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, foi aprovada
Henrique incentivado o fluxo de capitais externos especulativos de uma emenda constitucional que permitiu a reeleição para os cargos
curto prazo no Brasil (hot-money) - que supostamente inundariam o executivos em todos os níveis. Tornando-se FHC o primeiro
país para equilibrar o balanço de dólares, exatamente o oposto do presidente brasileiro a ser reeleito posteriormente. Gravações
desejado se deu: a cada crise que surgia em outros países colocaram sob forte suspeita a emenda que permitiu a reeleição do
emergentes, a economia brasileira sofria uma retirada abrupta FHC. Dois deputados do PFL admitiram terem desembolsado
desses capitais internacionais especulativos, o que obrigava FHC a dinheiro junto a Sérgio Motta(Ministro das comunicações) para
pedir socorro ao FMI, o que fez três vezes. sendo a última já com votar a favor da emenda. Os deputados acusados, após serem
concordância de Lula, recem-eleito. Seus defensores lembram que investigados pela Comissão de Constituição e Justiça, se viram
FHC pegou o país falido, praticamente sem divisas em dólar e com obrigados a renunciar para evitar a cassação de seus mandatos.
uma hiper-inflação que chegou a mais 70% em um único mês, Tendo formado uma base de sustentação coesa, principalmente
tendo que abrir mão de diversas frentes para estabilizar o país e através do apoio total do PFL e de parte do PMDB, FHC manteve

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


Aula 27 – Governo FHC Lula
uma relativa estabilidade política neste período. econômica em seu governo.Nomeou o médico sanitarista e ex-
Em maio de 1997 grampos telefônicos publicados pela Folha de S. prefeito de Ribeirão Preto Antônio Palocci, pertencente aos
Paulo revelaram conversas entre o então deputado Ronivon quadros do PT, como Ministro da Fazenda. Após seguidas
Santiago e outra voz identificada no jornal como Senhor X. Nas denúncias contra Palocci feitas pela mídia, no caso conhecido
conversas, Ronivon Santiago afirma que ele e mais quatro como "Escândalo da quebra do sigilo bancário do caseiro
deputados receberam 200 mil reais para votar a favor da reeleição, Francenildo", este pediu demissão (em 27 de agosto de 2009, o
pagos pelo então governador do Acre, Orleir Cameli STF arquivou a denúncia feita contra Palocci).O seu substituto foi o
economista e professor universitário Guido Mantega, que assumiu
A oposição ao governo, liderada pelo PT, baseada em gravações
o ministério em 27 de março de 2006.
de conversas telefonicas divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo
que demonstravam como quatro deputados federais venderam O Governo Lula caracterizou-se pela baixa inflação, que ficou
seus votos por US 200 mil cada, passou a acusar pessoalmente controlada, redução do desemprego e constantes recordes da
Fernando Henrique Cardoso, de ter comprado os votos dos balança comercial.Na gestão do presidente Lula observou-se o
deputados. Esse, por sua vez, defendeu-se, alegando que vários recorde na produção da indústria automobilística em 2005, e o
foram os beneficiados pela emenda, uma vez que governadores e maior crescimento real do salário mínimo.
prefeitos também poderiam ser reeleitos e que as escutas Em 2010, Alan Mulally, presidente mundial da Ford afirmou que
mostravam o envolvimento de um governador e seus deputados, graças aos programas de incentivo do Governo Lula foi possível ao
não o governo federal. país sair de forma efetiva da crise mundial.Durante a crise a
O episódio foi investigado na época pela Comissão de Constituição retração do PIB foi de apenas 0,2%, mostrando um resultado
e Justiça - numa investigação que durou poucas horas - e anos melhor que as grandes economias do mundo obtiveram.
depois foi abordada pela CPI do Mensalão. Em ambas as INFLAÇÃO
circunstâncias, não se conseguiu comprovar a efetiva compra de Nos oito anos do Governo Lula, a taxa de inflação oficial do País,
votos diretamente por FHC representada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
Após a investigação da CCJ os deputados Ronivon Santiago e ficou em sete oportunidades dentro da meta estabelecida pelo
João Maia renunciaram a seus mandatos, para evitar sua Conselho Monetário Nacional (CMN).[16] A exceção ficou por conta
cassação. justamente do primeiro ano da gestão, em 2003, quando o IPCA,
CRISE DO APAGÃO mesmo mostrando uma alta menor, de 9,30%, ante a taxa de
12,53% de 2002, ficou acima da meta ajustada de 8,5% anunciada
Após toda uma década sem investimentos na geração e
pelo Banco Central.
distribuição de energia elétrica no Brasil, na passagem de 2000
para 2001, um racionamento de energia foi elaborado às pressas e Em 2004, depois de o CMN estipular uma meta de inflação
atingiu diversas regiões do Brasil, principalmente a Região Sudeste acumulada de 5,5% para aquele ano, com tolerância de 2,5 pontos
do Brasil. O Governo FHC foi surpreendido pela necessidade porcentuais para baixo ou para cima, o IPCA atingiu uma taxa final
urgente de cortar em 20% o consumo de eletricidade em quase de 7,60%, bem próxima do teto estabelecido.[Em 2005, a inflação
todo o País (a região sul não participou do racionamento, tendo em oficial do País fechou o período com uma alta acumulada de
vista que suas represas estavam cheias). Enquanto a energia 5,69%, dentro da meta de 4,5%, com tolerância de 2,5 pontos para
sobrava em alguns estados, onde chovia muito, como no Rio cima ou para baixo.
Grande do Sul,faltava em outros onde não chovia. A ausência de A partir de 2006, o CMN manteve o ponto central da meta
linhas de transmissão com capacidade suficiente para transferir as inflacionária do Brasil em 4,5%, mas reduziu as margens para 2
cargas gerava essa desigualdade. pontos porcentuais para cima ou para baixo. Foi exatamente nesse
O governo estipulou benefícios aos consumidores que cumprissem ano que o IPCA atingiu a marca de 3,14%, a menor taxa desde o
a meta e punições para quem não conseguisse reduzir seu início de implantação das metas, em 1999.
consumo de luz. Introduziu também no Brasil em tempo recorde Em 2007 e 2008, a inflação acumulada avançou para os níveis de
uma rede de usinas termoelétricas para funcionar como segunda 4,46% e de 5,90%, respectivamente, mas ainda continuaram
opção em casos de estiagens longas. Até então o país era dentro do intervalo perseguido pelo Banco Central.Em 2009, em
totalmente dependente da geração de energia através de recursos virtude principalmente da alta menor no preços dos alimentos, o
hídrico IPCA acumulado desacelerou para a marca de 4,31%. No último
No final de 2001, o nível de chuvas melhorou e o racionamento ano do governo Lula, a inflação apresentou importante aceleração,
pôde ser suspenso em fevereiro de 2002. registrando alta de 5,91%. Apesar de ainda ter ficado dentro da
meta do CMN, de 4,5%, com tolerância de 2 pontos para cima ou
Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) publicada em 15
para baixo, o IPCA foi o maior desde 2004.
de julho de 2009 mostrou que o apagão elétrico gerou um prejuízo
ao Tesouro de R$ 45,2 bilhões DESEMPREGO
ERA LULA De acordo com o IBGE, em dezembro de 2010, a taxa de
desemprego atingiu 5,3% da população economicamente ativa
Economia
(PEA), o que representou o menor resultado da série histórica,
A gestão Lula iniciou dando segmento à política econômica do iniciada em 2002 pelo instituto.Em dezembro de 2002, o
governo anterior, FHC.Para tanto, nomeou Henrique Meirelles, desemprego representava 10,5% da PEA.Em 2003, no mesmo
deputado federal eleito pelo PSDB de Goiás em 2002, para a mês, a taxa ficou em 10,9%.Em dezembro de 2004, atingiu 9,6%
direção do Banco Central do Brasil dando um forte sinal para o da PEA e, no mesmo mês dos anos seguintes, a taxa sempre
mercado - principalmente o Internacional, em que Meirelles é mostrou números menores: 8,4% (2005 e 2006); 7,5% (2007);
bastante conhecido por ter sido presidente do Bank Boston - de 6,8% (2008 e 2009).
que não haveria mudanças bruscas na condução da política
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
285
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

O desemprego médio do último ano do Governo Lula foi de 6,7%, REFORMAS


também o menor da série histórica. Em 2009, essa mesma taxa Uma das plataformas de campanha de Lula foi a necessidade de
era de 8,9%. reformas constitucionais.Uma reforma relevante ocorrida no
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Governo Lula foi a aprovação da Emenda Constitucional 45, de
Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego 2004, que ficou conhecida como Reforma do Judiciário. Seus
(MTE), o volume de vagas criadas em 2010 foi o melhor do principais aspectos foram a inclusão do princípio da celeridade
Governo Lula na geração de emprego com carteira de trabalho processual como direito fundamental; a criação do Conselho
assinada e também representou resultado histórico. Descontadas Nacional de Justiça, além de outras normas que objetivam desde
as demissões de 2010, foram criados 2.524.678 postos de trabalho um processo judicial mais célere até a moralização e a
formal. No acumulado de oito anos da era Lula, o Ministério do transparência do Poder Judiciário.
Trabalho contabilizou a criação de 15.048.311 novas vagas com PROGRAMAS SOCIAIS
carteira assinada, já descontadas as demissões.
A desilgualdade entre os mais ricos e os mais pobres teria
CRISE DE 2009 aumentado entre 2001 e 2003, conforme publicação do O Globo
O Brasil sofreu pouco com a crise econômica de 2008-2009, e isso em fevereiro de 2005.Após a posse de Lula, porém, um relatório do
foi reconhecido internacionalmente por outros países.De acordo IBGE, do fim de novembro de 2007, afirmou que o governo do
com estudos da fundação da Alemanha Bertelsmann publicados presidente Lula estaria fazendo do Brasil um país menos desigual.
em 2010, o Brasil foi um dos países que melhor reagiram perante a Com base no PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de
crise.Segundo os relatórios publicados, a fundação elogia os Domicílios), a FGV divulgou estudo mostrando comparaçõe
programas sociais do país e o controle austero sobre as percentuais desde o ano em que Lula tomou posse.
instituições financeiras, e revela que o país alcançou posições COMBATE À ESCRAVIDÃO
econômicas melhores.
O combate à escravidão e ao trabalho degradante foram
PRIVATIZAÇÕES fortificados do governo do presidente Lula. Quando Lula assumiu,
O governo Lula foi responsável pela concessão de cerca de 2,6 mil FHC tinha deixado um Plano Nacional de Erradicação do Trabalho
quilômetros de rodovias federais, que foram a leilão em 9 de Escravo, uma base sobre a qual o governo Lula poderia trabalhar
outubro de 2007.O vencedor do leilão para explorar por 25 anos O resultado foi que, entre 1995 a 2002 houve o resgate de 5.893
pedágios nas rodovias foi o grupo espanhol OHL.Houve também a pessoas do trabalho escravo e entre 2003 a 2009, o Brasil
privatização de 720 quilômetros da Ferrovia Norte-Sul para a Vale resgatou 32.986 mil pessoas da condição de trabalho escravo, a
do Rio Doce pelo valor de R$ 1,4 bilhão.Entre outras privatizações maioria no Governo Lula. Porém, as punições ao trabalho escravo
do governo Lula, estão a da Hidrelétrica Santo Antônio, Usina no Brasil, algumas vezes, se restringem a idenizações trabalhistas,
Hidrelétrica de Jirau e a linha de transmissão Porto Velho – como as assumidadas pelo Grupo Votorantim, mas já há evolução
Araraquara. e condenações contra tal crime. Segundo a OIT (Organização
REDUÇÃO DA POBREZA E DISTRIBUIÇÃO DE RENDA Internacional do Trabalho), até hoje houve no país apenas uma
condenação com efetivo cumprimento de pena de prisão, sendo
Em 2010, o Bird afirmou que o país avançou na redução da
aplicadas normalmente apenas multas, indenizações às vítimas e
pobreza e distribuição de renda.Segundo a entidade, apesar da
bloqueio de ficha de empresas para o recebimento de
desigualdade social ser ainda elevada, conseguiu-se reduzir a taxa
financiamentos.
de pobreza de 40% em 1990 para 9,1% em 2006, graças à
avanços perpetrados pelos governos Collor, Itamar, FHC e Lula.[ EDUCAÇÃO
Alguns dos motivos para a redução teriam sido a inflação baixa e Na área do ensino superior, o ProUni (Programa Universidade
os programas de transferência de renda Para Todos) foi o, segundo as declarações do MEC, maior
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO programa de bolsas de estudo da história da educação
brasileira. De 2005 a 2009, o ProUni ofereceu quase 600 mil
Entre 2002 e 2007, o Brasil, embora tenha melhorado seu IDH
bolsas de estudo em aproximadamente 1,5 mil instituições de
(Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,790 para 0,813, caiu da
ensino em todo o país, que receberam para isto o benefício da
63º posição para a 75ª posição no ranking dos países do mundo.O
isenção de tributos.
estudo é divulgado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento), que esclareceu o recuo do País para 75ª Entre os beneficiados com bolsas, 46% eram autodeclarados
posição com dois fatores: a entrada de novos países no afrodescendentes.
levantamento e a atualização de dados, que beneficiaram países O governo também criou onze universidades públicas federais
como a Rússia.Países considerados de "Alto Desenvolvimento até setembro de 2009, superando o marco do presidente
Humano" são aqueles com IDH superior a 0,800.[No levantamento Juscelino Kubitschek. Em janeiro de 2010 a Unila
referente a 2007, uma nova categoria de países foi incluída no (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) era a
ranking: o IDH "Muito Elevado", com número superior a 0,900. décima terceira universidade criada, com perspectica de início
No levantamento referente a 2010, último ano do Governo Lula, o de aulas para agosto de 2010, com sua primeira turma de 200
Brasil ficou ainda na distante 73ª posição entre 169 países. Por alunos entre brasileiros, paraguaios, uruguaios e argentinos;
conta de mudanças na metodologia, os organizadores do uma universidade que contará com um investimento para
levantamento enfatizaram que o IDH de 2010 não pode ser construção dos edifícios no montante de 550 milhões, uma
comparado ao IDH de anos anteriores, que utilizavam uma construção portentosa prevista para findar em 2014, com o
metodologia diferente. Conforme o relatório, o IDH do Brasil projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer Até agosto de 2010,
apresenta "tendência de crescimento sustentado ao longo dos as universidades federais ofereciam 113 mil vagas gratuitas e
anos". apresentavam que os investimentos teriam passado de 20

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


286
Aula 27 – Governo FHC Lula
bilhões para 60 bilhões durante o governo Lula, prometendo o recém aleito presidente Fernando Hugo decidiu não mais cumprir
um aumento das vagas para 250 mil até 2014. Contudo, o o contrato assinado com o Brasil, a respeito da energia elétrica de
programa é criticado por professores e estudiosos de Itaipú. Com isto, o Brasil triplicou a quantia que paga ao vizinho
instituições de ensino federais. Algumas universidades se pela energia elétrica com a qual o Paraguai abastece a região
encontrariam em processo de sucateamento por falta de sudeste brasileira. O novo acordo de setembro de 2009 ajustaria
repasse de recursos federais e pela falta de autonomia das de US$ 120 milhões para US$ 360 milhões. O acordo permite
universidades. um anseio que foi parcialmente almejado em também que o Paraguai venda energia ao mercado brasileiro sem
junho de 2010, próximo ao final do Governo Lula, com a a mediação da estatal Eletrobrás.[Sobre a ocupação no Haiti, a
assinatura do Decreto 7.233, que resultaria na esperança por organização sindical Batay Ouvriye (Batalha Operária)
melhoria na autonomia e gestão dos recursos a partir de 2011, denunciam que a forças de ocupação se prestaram a reprimir
trabalhadores que protestaram contra as multinacionais que
no Governo da Dilma.
se instalaram no país. Segundo o dirigente sindical Didier
O investimento em educação, realizado no Governo Lula, vem Dominique, considera que a intervenção no Haiti passará a
sendo considerado insuficiente, perante especialistas e entidades história como uma mancha na biografia de governantes que se
do setor. O percentual de gastos na educação superior federal, em elegeram com o apoio de movimentos populares, como o
2005, estava estagnado em 0,6% do PIB.Em 2008 alcançou 4,7% presidente Lula
do PIB. Porém, considera-se que o ideal seria um investimento Em 2010 o Governo Lula obteve vitória no caso dos subsídios para
entre 8 e 12% do PIB, face ao déficit educacional brasileiro atual, os produtores de algodão dos Estados Unidos.A Organização
algo pouco visto na história brasileira. Mundial do Comércio concedeu o direito do Brasil retaliar com
Segundo Roberto Leher, Professor da Faculdade de Educação impostos de importação diversos produtos de origem norte-
da UFRJ, coordenador do GT Universidade e Sociedade do americana devido aos gastos de Washington para financiar a
CLACSO, em matéria publicada em 2005 pela Revista Adusp, produção de algodão, o que prejudicava o setor no
aponta que a universidade no Governo Lula foi uma Brasil.[107][108] Todavia, o Brasil permitiu maiores negociações
continuidade das agendas do Banco Mundial, do BID e da com os EUA com o objetivo de acabar com a disputa.O Governo
Cepal, de modo a conformar a universidade pública em um Brasileiro também fez a doação de 172 milhões de dólares para o
setor mercantil balizado pelos valores neoliberais, que Haiti reconstruir seu país depois do Sismo do Haiti de 2010 que
dificilmente mereceria o conceito de pública devastou o país.
POLÍTICA EXTERNA Entre 2005 e 2009, Cuba recebeu cerca de 33,5 milhões de reais
No plano internacional, o Brasil sob a administração de Lula em ajuda humanitária do governo do então presidente Luiz Inácio
exerceu uma posição de destaque no grupo de países emergentes Lula da Silva. No mesmo período, o Brasil também forneceu ajuda
frente aos mais ricos no G20 , destacando-se no caso da iraniana humanitária ao Território Palestino, com o destino de 19 milhões de
Sakineh Ashtiani, que havia sido condenada à morte por reais (ou 12%) dos recursos.
apedrejamento; destacou-se como sendo membro ativo no ESCÂNDALO DO MENSALÃO
Conselho de Direitos Humanos; nas operações de paz no Haiti; e As crises políticas tiveram seu ápice em julho de 2005 quando
na Comissão de Construção da Paz na Guiné-Bissau em 2010. denunciaram o esquema de compra de votos de deputados no
Mais de um ano do mandato foi utilizado pelo presidente na visita a Congresso e o financiamento de campanhas por "Caixa 2".
mais de 200 países, para, de acordo com Daniel Castelán, reduzir Conhecido como o "Escândalo do Mensalão", foi o momento mais
as resistências ao fortalecimento do país no cenário internacional, crítico da gestão Luiz Inácio Lula da Silva e considerado o pior
já que algumas demandas brasileiras ficam mais difíceis com escândalo de seu governo e resultou na cassação do mandato de
países opondo-se. José Dirceu em dezembro de 2005, detentor do principal posto de
Um dos grandes feito do governo Lula foi a integração da coordenação política do país naquele momento, sendo tratado pela
América do Sul através da expansão do Mercosul. imprensa como o verdadeiro homem forte da administração
Porém, o governo Lula tomou decisões controversas em matéria federal, a quem caberia as decisões. E os desdobramentos das
de política externa. Uma delas foi o reconhecimento da China investigações se estenderam até 2008 na Operação Satiagraha.
como economia de mercado, o que derrubou diversas barreiras Em 2011, já depois do fim dos dois mandatos do presidente Lula,
comerciais impostas aos produtos chineses, facilitando sua entrada reportagem de capa da Revista Época trouxe a informação de que
no mercado brasileiro prejudicando a economia nacional em alguns um relatório final da Polícia Federal confirmou a existência do
setores.Mas esse movimento não surtiu o efeito desejado, que é o mensalão.O documento de 332 páginas foi a mais importante peça
apoio da China à demanda brasileira por um assento no Conselho produzida pelo governo federal para averiguar o esquema de
de Segurança das Nações Unidas, já que o Japão, apoiado pelos desvio de dinheiro público e uso para a compra de apoio político no
EUA, também quer um assento permanente e isso seria inaceitável Congresso durante o Governo Lula. A reportagem da Revista
para os chineses. O Governo Lula também acumula algumas Época foi contestada uma semana depois pela revista Carta
derrotas em suas tentativas na criação de um bloco econômico Capital, que destacou que não havia "uma única linha no texto" da
compreendido por países subdesenvolvidos e emergentes. O PF que confirmava a existência do esquema de pagamentos
Governo Lula patrocinou uma missão de paz no Haiti, almejando mensais a parlamentares da base governista em troca de apoio a
crédito com a ONU.Cerca de 1200 militares brasileiros projetos do governo no Congresso Nacional.
desembarcaram no Haiti em uma missão pacífica visando a Até o final do primeiro mandato de Lula, outras denúncias de
reestruturação do estado haitiano. escândalos foram sendo descobertas, como o caso da quebra
O governo Lula também acumula algumas derrotas no campo de sigilo de um caseiro pelo do estado, que levou a demissão
internacional: Depois de investir 3,5 bilhões de dólares na Bolívia, a do ministro Antonio Palocci, além de a tentativa de compra de
Petrobrás teve suas usinas nacionalizadas por Evo Morales, sem a um dossiê por parte de agentes da campanha do PT de São
devida resposta diplomática. Cedeu também ao Paraguai, quando Paulo.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


287
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
Segundo o diagnóstico do Governo Fernando Henrique Cardoso, a globalização era um processo
inevitável: ou os países se ajustavam a ela ou ficariam à margem das grandes transformações que o
mundo estaria vivendo no final do século XX. As medidas que visavam adaptar o Brasil às condições
requeridas por esse processo consistiam em
a) elevar o nível de emprego, praticar juros baixos no mercado interno e investir na infraestrutura
nacional.
b) ampliar os gastos públicos, estimular o combate da inflação e consolidar o processo de substituição
de importações.
c) valorizar a herança nacionalista, aprofundar o reajuste de preços e salários e abrir o país para a
entrada de capitais externos.
d) promover a desregulamentação financeira, reduzir o papel do Estado na economia e implementar
programas de ajustes fiscais.

Questão 02
Em outubro de 1994, embalado pelo sucesso do Plano Real, Fernando Henrique Cardoso foi eleito
Presidente da República. Em seu discurso de despedida do Senado, se comprometia a acabar com o
que denominava “Era Vargas”: “(...) Eu acredito firmemente que o autoritarismo é uma página virada
na história do Brasil. Resta, contudo, um pedaço do nosso passado político que ainda atravanca o
presente e retarda o avanço da sociedade. Refiro-me ao legado da Era Vargas.” (14/12/1994)
O presidente eleito governou o Brasil por dois mandatos, iniciando a consolidação da política
neoliberal no país, principiada pelos presidentes ColIor e Itamar Franco. Sobre os dois mandatos
(1995-2002), pode-se afirmar que se caracterizam
a) pela manutenção do poder aquisitivo dos que se aposentavam; estabelecimento do monopólio
nacional sobre as telecomunicações, através das empresas estatais; e nacionalização do sistema
financeiro.
b) pelo elevado crescimento econômico, com média anual de cerca de 5% ao ano; grande
investimento em infraestrutura e educação; distribuição de renda; e aumento da capacidade
econômica do Estado.
c) pela política social de inclusão, com a criação da Bolsa Família; facilitação do ingresso de carentes
na Universidade; restrição aos investimentos estrangeiros; e elevados incentivos à agricultura familiar.
d) pelo rompimento com a política econômica originada pelo “Consenso de Washington”; consolidação
do sistema financeiro estatal; e reforço da legislação trabalhista gestada na primeira metade do século
XX.
e) pelo limitado crescimento econômico; privatização das empresas estatais; diminuição do tamanho
do Estado; e apagão energético, que levou ao racionamento e ao aumento do custo da energia.

Questão 03

Nas eleições para a Câmara do Deputados (1994) mostrado na tabela acima, o Estado de São Paulo
elegeu 70 parlamentares através de 13 partidos políticos. Acerca dessas eleições é possível afirmar
que nesta unidade da Federação:
a) PT, PC do B e PDT, partidos com forte representação em todo o território nacional, conseguiram
eleger mais de 30% dos parlamentares paulistas à Câmara dos Deputados.
b) PSB, PRN e PT, partidos com programas de governo praticamente idênticos, elegeram em conjunto
menos de 20% dos deputados federais do Estado de São Paulo.
c) PPR, PTB, e PSD elegeram, conjuntamente, dezoito deputados, o que representa cerca de 50% do
total dos representantes de São Paulo eleitos pelos três maiores partidos.
d) PSDB, PMDB e PFL, partidos que em nível federal apoiam o governo Fernando Henrique Cardoso,
elegeram em conjunto cerca de 45% dos deputados federais por São Paulo.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


288
Aula 27 – Governo FHC Lula
Questão 04
A vitória de Fernando Henrique Cardoso nas eleições presidenciais de 1994 possibilitou a continuidade Anotações
e o aprofundamento do modelo de desenvolvimento baseado no Plano Real, que fora lançado em
julho daquele ano, sob a articulação do futuro presidente, à época Ministro da Fazenda do governo
Itamar Franco.
Compõem esse modelo de desenvolvimento os itens a seguir, com EXCEÇÃO da
a) necessidade de aprofundar a internacionalização da economia brasileira.
b) preservação da estabilidade da moeda.
c) ampliação da atuação direta do Estado em setores estratégicos da economia.
d) liberação dos mecanismos de mercado como forma de estímulo à competitividade.

Questão 05
Analise os textos.
"Diante dos documentos internacionais que começam a expor a verdadeira situação do Brasil, depois
das reformas neoliberais da Constituição e da economia, o único álibi que os responsáveis pelo
resultado clamoroso podem invocar é que o 'processo não está concluído'."
(Janio de Freitas. "Folha de S. Paulo". 19/09/99. Cad. 1. p. 5)

"Nos anos 80 e 90, sob o paradigma neoliberal, diluiu-se a 'legitimidade' dos projetos de
desenvolvimento e debilitaram-se os Estados nacionais. Liberalização, desregulação e privatização
passaram a constituir os pilares de uma suposta 'nova ordem' que promoveria a modernização e o
progresso por força das virtudes da eficiência alocativa dos mercados de capitais".
(Luciano Coutinho. "Folha de S. Paulo", 12/9/99. Cad. 2. p. 2)

Os dois autores referem-se ao Projeto Neoliberal implantado no Brasil pelos últimos governos da
Federação. A partir da análise dos textos, pode-se depreender que o Projeto Neoliberal, no Brasil,
a) acelerou o processo de distribuição de renda no país.
b) fortaleceu o poder de intervenção do Estado na economia.
c) não alcançou ainda os objetivos pretendidos pelos seus idealizadores.
d) ultrapassou a fase de implantação do progresso e da modernização econômica.

Questão 06
Leia os textos.
"A crise econômica recente no Brasil demonstra que qualquer país está ameaçado por turbulências
informativas e movimentos especulativos nos mercados financeiros globais."
(Manuel Castells. "Folha de S. Paulo", 23/05/99. Cad. Mais, p. 5)

(...) uma crise aguda da economia brasileira seria transmitida a toda a América Latina e provocaria
uma catástrofe nos Estados Unidos, que destinam 20% de suas exportações a essa região. A Europa,
evidentemente, também não seria poupada por uma crise geral da economia. Foi menos o futuro do
Brasil do que o medo de uma tal crise mundial que mobilizou uma ajuda internacional considerável
para livrar o país dos apuros."
(Alain Touraine. "Folha de S.Paulo". 31/01/99. Cad. Mais. p. 5)

O Plano Real, adotado pelo Governo de Itamar Franco, em 1994, contribuiu para a eleição do
Presidente Fernando Henrique Cardoso. No início de 1999, o Plano Real sofreu uma crise que fez cair
os índices de popularidade do Presidente.
De acordo com os textos, essa crise estava relacionada, principalmente,
a) à fuga de capitais ocorrida no final de 1998, que provocou uma redução nas divisas e a
desvalorização cambial.
b) aos conflitos entre Brasil e Argentina, na definição das taxas alfandegárias para
importação/exportação de alimentos.
c) aos baixos investimentos do Governo nas áreas sociais, especialmente na saúde, educação e
moradia.
d) à falta de decisão política do Governo para enfrentar os problemas decorrentes da baixa oferta de
trabalho.

Questão 07
I. "Na relação Estado/mercado, o presidente opta pelo privilégio deste, fonte do dinamismo, da
modernização, dos gastos racionais - o mercado como 'melhor alocador de recursos', em
contraposição ao Estado ineficiente, desperdiçador, irracional. Bastaria o Estado ser passado a limpo,
para que a crise brasileira fosse superada, conduzida pela economia privada, livre das travas do
Estado."
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
289
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

II. "Não é uma estabilidade ancorada num desenvolvimento econômico que, ao expressar a força de
nossa economia, pudesse determinar a paridade com o dólar pela equiparação das duas economias.
É um mecanismo basicamente financeiro, que se apoia na entrada maciça de capitais especulativos,
Anotações
pressionando o preço do dólar para baixo."
Os textos identificam, respectivamente, uma crítica à política
a) intervencionista do presidente Ernesto Geisel e ao 11 Plano Nacional de Desenvolvimento.
b) autoritária do presidente João Batista Figueiredo e ao Plano Cruzado II.
c) liberal do presidente Fernando Collor de Mello e ao Plano Brasil Novo.
d) neoliberal do presidente Fernando Henrique Cardoso e ao Plano Real.

Questão 08
A crítica feita através da charge refere-se um aspecto da política econômica adotada pela
administração FHC.

(Fonte: IMPRENSA, nº 20, setembro de 1997, p. 86.)

Leia as afirmações a seguir sobre a administração FHC.


I - A administração FHC tem privilegiado a abertura e a desnacionalização da economia do País, a
privatização do setor público e uma política de compressão dos salários do funcionalismo público
federal.
II - O governo FHC nega ser um governo de perfil neoliberal e justifica a política de desmantelamento
do setor estatal com o discurso da necessidade de modernizar a economia brasileira como condição
para inserir-se competitivamente no processo de globalização.
III - O sucesso do Plano Real e o processo de privatização da economia provocaram sensíveis
melhorias sociais junto às massas dos excluídos do campo, esvaziando quase por completo a luta
política dos movimentos sociais organizados no meio rural.
Quais estão corretas?
a) Apenas I
b) Apenas II
c) Apenas I e II
d) Apenas II e III

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


290
Aula 27 – Governo FHC Lula

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO essa tendência.


Assinale a alternativa que apresenta as características atuais do
Questão 01 sistema produtivo brasileiro:
a) uso intensivo de robótica, fortalecimento dos sindicatos e
O rompimento da barragem da Samarco Mineração no distrito de
regulação estatal.
Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais, no dia 05 de
b) uso de alta tecnologia, terceirização e mundialização da
novembro de 2015, retomou o debate sobre a privatização da
produção.
Companhia Vale do Rio Doce. Sobre essa medida do Governo
c) sindicatos fortalecidos, altos salários e neoliberalismo.
Federal, assinale a alternativa CORRETA.
d) neoliberalismo, economia de mercado e pleno emprego.
a) A privatização da Vale do Rio Doce foi encabeçada pelo governo
e) estado de bem-estar social, uso intensivo de eletrônica e
de Fernando Collor de Mello, que tinha uma postura política
globalização.
vinculada ao neoliberalismo mundial.
b) A privatização da Vale do Rio Doce, no governo de Fernando
Questão 04
Henrique Cardoso, e teve como principal objetivo atrair o capital
produtivo internacional. Durante a campanha para a reeleição em 2006, Luiz Inácio Lula da
c) A privatização da Vale do Rio Doce foi negociada no governo do Silva utilizou o jingle de campanha que explanava "Lula de novo,
Itamar Franco, como medida de combate à inflação, que alcançou o nos braços do povo". Segundo pesquisadores, quem primeiro
percentual de 1764 no ano de 1989. voltou "nos braços do povo" ao poder foi Getúlio Vargas, em 1950.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0207200610.htm>
d) A privatização da Vale do Rio Doce foi encabeçada pelo governo Acesso em: 28ago.2013
de Fernando Henrique Cardoso e foi uma medida consensual do
ponto de vista político, uma vez que nenhum partido se opôs à O período do governo varguista de 1930 a 1945 é melhor
ação. representado apenas na alternativa:
e) A privatização da Vale do Rio Doce foi feita durante o primeiro a) O motivo alegado para Vargas decretar a ditadura do Estado
governo Lula e teve como principal objetivo atrair o capital Novo foi a certeza da explosão da II Guerra Mundial.
especulativo internacional. b) Em 1930, Vargas mandou ao Congresso Nacional o projeto de
lei que se transformaria na Consolidação das Leis do Trabalho.
Questão 02 c) Entre 1930 e 1934, houve um período de muita abertura política
“O que se denominava partido político, na primeira metade do na Ditadura de Getúlio Vargas, uma vez que se permitiram eleições
século XIX diferencia-se da compreensão atual: era mais do que nesta etapa de seu governo.
‘tomar um partido’ e constituía-se em formas de agrupamento em d) A Revolução de 1930 põe fim à hegemonia dos produtores de
torno de um líder, ou através de palavras de ordem e da imprensa café e, apesar de não banir o produto, inicia no País a fase da
em determinados espaços associativos ou de sociabilidade e a indústria de substituição das importações.
partir de interesses ou motivações específicas, além de se e) A partir de 1937, iniciou-se uma nova relação entre o governo
delimitarem por lealdades ou afinidades (intelectuais, econômicas, varguista e os intelectuais, os quais, sem exceção, passaram a
culturais etc.) entre seus participantes. Tais grupos eram trabalhar juntos a partir da fundação do Departamento de Imprensa
identificados por rótulos ou nomeações, pejorativos ou não”. e Propaganda (DIP).
MOREL, Marco. O período das Regências (1831-1840).
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. p.32).
Questão 05
Embora a análise do historiador seja do século XIX, o atual quadro Em 1993, no Brasil, anunciou-se um novo plano de estabilização
político no Brasil tem retomado as mesmas caracterizações ao econômica, o Plano Real, que entrou em vigor efetivamente em
partido que se encontra no poder. Como exemplo disso podemos julho de 1994.
evidenciar: O Plano Real foi planejado e implantado no governo do presidente
I. Desqualificação do PT e do governo pela mídia. a) José Sarney.
II. Negação das contribuições sociais, obtidas no Brasil pelo b) Fernando Collor de MelIo.
governo do Partido dos Trabalhadores. c) Itamar Franco.
III. Ofuscamento da imagem do ex-presidente Lula como líder d) Fernando Henrique Cardoso.
político. e) Luís Inácio Lula da Silva.
IV. Interdição do atual governo, sob a alegação de superação para
a conjuntura atual. Questão 06
No final do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, a
São verdadeiras eleição foi vencida pelo candidato do PT, um partido de oposição,
a) I, II, III e IV. d) apenas, I, III e IV. que, após três tentativas, elege seu candidato Luiz Inácio Lula da
b) apenas I, II e III. e) apenas I e IV. Silva, que assume a presidência em 2003.
c) apenas III e IV. Sobre este governo, assinale a alternativa CORRETA.
a) O governo “Lula” nacionaliza todas as empresas multinacionais,
Questão 03 nega a dívida externa e instala um estado socialista no Brasil.
Em 2009, o jornal L'Osservatore Romano afirmou que a máquina b) No seu primeiro mandato, é criado o Plano Real que estabiliza a
de lavar roupas fez mais pela liberação das mulheres que a pílula economia do país, acabando com os altos índices de inflação e
anticoncepcional, pois elas deixaram de ficar horas junto ao tanque troca o nome da moeda.
e puderam ocupar-se em atividades mais interessantes e c) Pela primeira vez, na história da república brasileira, um líder
produtivas. No Brasil, a economia e a sociedade acompanharam político de origem autenticamente popular, um torneiro mecânico,

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


291
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

assumia a presidência da República por dois mandatos. A partir da tira, é possível inferir, a respeito do impacto das novas
d) Logo que assume, o novo presidente acaba com as políticas tecnologias nas sociedades contemporâneas,
sociais, como o programa bolsa-família, criada pelo governo de a) o aumento do tempo dedicado ao lazer, devido à diminuição da
Fernando Henrique. jornada de trabalho.
e) O presidente “Lula” não foi reeleito em 2006, devido à queda do b) a diminuição das horas de trabalho e a massificação do uso de
PIB e ao crescimento do desemprego, fazendo com que a fontes de energia alternativas, associadas à valorização do ócio e
desigualdade social aumentasse durante o seu governo. da vida natural.
c) a transformação das cidades em espaços de vida
Questão 07 socioeconômica harmonizados com os ritmos do corpo e da
Luiz Inácio Lula da Silva, ou simplesmente Lula, foi líder sindical e natureza.
esteve à frente das famosas greves do ABC Paulista no final dos d) a presença constante dos meios de comunicação na vida
anos 70, chegando à Presidência da República brasileira em 2003, cotidiana e a difusão de ideologia anticonsumista.
após vencer as eleições em que tinha por oponente o paulista José e) a aceleração do tempo histórico, devido a mudanças
Serra. Com relação ao governo Lula, no seu primeiro mandato, econômicas, sociais e políticas cada vez mais rápidas.
analise as seguintes proposições.
( ) Um dos atos iniciais do Presidente Lula foi a reforma da Questão 10
Previdência Social, pela qual aumentaram-se as exigências para os
trabalhadores se aposentarem.
( ) A estabilidade da moeda e o controle da inflação foram
objetivos concretizados pelo seu governo.
( ) Instituiu o Plano Real como forma de conter a histórica
inflação que se abatia sob o país, desde os governos militares.
( ) No meio da primeira fase de seu governo, surgiram, na
imprensa, alguns escândalos políticos, entre os quais sobressaía a
acusação de que parlamentares eram pagos para aprovar projetos
do governo.
( ) Considerando os carros de fabricação nacional verdadeiras
“carroças”, o governo passou a favorecer a importação de
automóveis e outros produtos de luxo. Um slogan busca divulgar uma ideia importante de forma simples e
direta, além de traduzir valores e intenções, sobretudo se utilizado
Questão 08 para fins de propaganda política.
Em janeiro de 2003, o presidente Lula assinou a Lei 10.639 que As propostas do governo Médici e do governo Lula relacionadas
instituiu a obrigatoriedade do ensino de cultura e história africanas aos slogans acima estão identificadas, respectivamente, na
nas escolas brasileiras. NÃO foi objetivo norteador dessa lei seguinte alternativa:
a) valorizar os saberes de origem afro-descendentes. a) defesa da segurança nacional − integração sociocultural
b) promover a autoestima de estudantes negros do país. b) distribuição equilibrada de renda − socialização da riqueza
c) favorecer o desenvolvimento de uma cidadania inclusiva. c) diminuição das desigualdades jurídicas − democracia racial
d) garantir o acesso a uma renda mínima para os desfavorecidos. d) qualificação da mão de obra fabril − desenvolvimentismo
e) problematizar a visão eurocêntrica presente nos livros didáticos. econômico

Questão 09 Questão 11
Observe a figura: Leia o fragmento do texto e, após, assinale a(s) alternativa(s)
correta(s).
“Em maio de 2006, uma organização criminosa ligada ao tráfico de
drogas e comandada de dentro de presídios desencadeou uma
onda inédita de violência, com o ataque em larga escala a forças
policiais e civis, atingindo pelo menos seis estados brasileiros. A
cidade de São Paulo foi paralisada; a população se recolheu a suas
casas e a polícia iniciou operações de represália, com violência
sem precedentes. Outros ataques do crime organizado continuaram
acontecendo tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro.”
(VICENTINO, Cláudio e DORIGO,Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo:
Scipione, 2010, p.805).

01) O programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado


pelo Governo Lula em janeiro de 2007, constituiu-se em uma
resposta direta, imediata e incisiva às ações do crime organizado,
promovendo uma melhor distribuição de renda e uma redução do
desemprego no Brasil.
02) O quadro acima descrito resultou, dentre outros fatores, da
incapacidade das instituições do Estado em conter as ações do
crime organizado.
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
292
Aula 27 – Governo FHC Lula
04) A criminalidade que persiste no Brasil vincula-se a causas A foto anterior, publicada na "Folha de S. Paulo", em 07 de maio de
variadas e complexas que incluem, entre outros, elevados índices 2005, mostra imagens de uma marcha dos trabalhadores sem-
de pobreza e ineficiência e corrupção dos órgãos policiais. terra, entre Goiânia e Brasília. Ao final da marcha, representantes
08) A superação do quadro descrito acima, com uma expressiva do movimento foram recebidos em audiência pelo Presidente Luiz
diminuição dos índices de violência urbana e a desarticulação do Inácio Lula da Silva.
crime organizado, somente foi possível em razão dos grandes Sobre os significados políticos dessa marcha e sobre o
investimentos do governo do presidente Fernando Henrique relacionamento entre o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra e
Cardoso em infraestrutura e em educação básica. o governo Lula, assinale a alternativa correta.
16) O quadro acima descrito refere-se apenas às cidades do Rio de a) A defesa do "impeachment" do Presidente Lula, em função das
Janeiro e de São Paulo, não tendo atingido o interior desses denúncias de corrupção no seu governo, foi a principal bandeira
estados e nem o Estado do Paraná. levantada pelo movimento dos trabalhadores sem-terra, na marcha
de Goiânia à Brasília.
Questão 12 b) Na audiência com o Presidente da República, os representantes
do movimento dos trabalhadores sem-terra entregaram-lhe um
documento que continha, entre outras reivindicações, a
necessidade do governo aumentar significativamente o número de
famílias assentadas até o fim de seu mandato, além de liberar
crédito especial para os trabalhadores assentados.
c) A marcha de Goiânia à Brasília unificou as organizações dos
trabalhadores sem-terra que externaram, em documento, a sua
completa desconfiança em relação ao Presidente da República,
considerando-o representante dos setores conservadores da
sociedade brasileira, portanto, sem nenhuma credibilidade para
implementar os assentamentos de reforma agrária pretendidos.
Sexta-feira, 12 de maio de 2006. Graças à comunicação
d) A decisão do Presidente Lula de compor seu governo com
instantânea, via telefone celular, a direção do PCC (Primeiro
ministros do campo progressista foi determinante para lhe
Comando da Capital) ordena rebeliões nos presídios paulistas e
assegurar maioria no Congresso Nacional, possibilitando o
ataques às delegacias de polícia. Até segunda-feira, dia 15, 80
cumprimento das promessas de campanha relativas ao número de
presídios se rebelam, ocorrem 227 atentados e 56 ônibus são
assentamentos de reforma agrária e colocando fim aos conflitos e à
incendiados. O número de mortos chega a 75 e serão 161 até
violência no campo. Por isso, a marcha objetivou explicitar o apoio
quinta-feira, dia 17.
Revista "Isto É", 24 de Maio de 2006. p. 38-41. (adaptado) do movimento ao Presidente da República.

Diante desse quadro, é possível afirmar: Questão 14


( ) Apesar da modernização tecnológica e da complexa Responder à questão a partir da leitura e análise das letras das
organização político-social, a cidade moderna tem dificuldades em músicas a seguir.
lidar com os comportamentos divergentes. GERAÇÃO COCA-COLA - Letra: Renato Russo
( ) O conflito entre ordem e desordem, lícito e ilícito, permeia o Quando nascemos fomos programados
mundo e instaura tensão política e social. A receber o que vocês nos empurraram
( ) O sentimento de abandono e insegurança que toma conta Com os enlatados dos USA, de 9 a 6.
da população ordeira leva-a a desaprovar a ação policial violenta e Desde pequenos nós comemos lixo
arbitrária. Comercial e industrial
( ) A estruturação das ações criminosas em organizações Mas agora chegou nossa vez
complexas e hierarquizadas se explica pelo crescente Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês.
desenvolvimento moral e tecnológico da sociedade brasileira. Somos os filhos da revolução
A sequência correta é Somos burgueses sem religião
a) V - V - F - F. d) F - V - V - V. Somos o futuro da nação
b) F - F - V - V. e) F - F - F - V. Geração Coca-Cola.
c) V - V - V - F. Depois de vinte anos na escola
Não é difícil aprender
Questão 13 Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser
Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então, vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis (...)

QUE PAÍS É ESSE? - Letra: Renato Russo


Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


293
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

Que país é esse? (...)

As letras das músicas "Geração Coca-cola" e "Que país é esse?",


da banda de rock Legião Urbana, referem-se a um contexto
particular de transformações na política, na sociedade e na
economia brasileira. A sensação de frustração frente às promessas
de mudança e de maior participação popular e estudantil na
política, presente nas letras dessas músicas, refere-se a um
determinado contexto político.
Qual é esse contexto?
a) A crise institucional causada pela corrupção no governo de João
Goulart.
b) A derrota do movimento "Diretas Já" e a eleição indireta para
Presidente.
c) A censura e a repressão do governo do último Presidente militar,
o General Médici.
d) As privatizações e a globalização da economia brasileira do
Governo de FHC.
e) A crise atual do governo de Luis Inácio Lula da Silva, causada
pelo "mensalão".

Questão 15
Em 2005, a população acompanhou mais uma grave crise da
história política recente no Brasil. A esse respeito, analise:
UMA semelhança e UMA diferença entre a crise política do governo
Lula e a vivenciada em 1992 pelo governo Collor, no chamado
"Collorgate".

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


294
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL

Prof. Márcio Michiles

GOVERNO DILMA ROUSSEF (2011- 2016) educação, além de uma insatisfação causada pela corrupção
desenfreada e pelos excessivos gastos com as obras da Copa do
GOVERNO DILMA ROUSSEFF Mundo de 2014. Foi um momento de ampla rejeição à classe
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), proposto por política.
Lula, não atingiu seu objetivo totalmente, pois várias obras ficaram Esses protestos contaram com a participação de milhões de
inacabadas e outras não saíram do papel, mas foi por meio dele e pessoas, os quais reivindicavam melhorias para o Brasil. O impacto
das ações tomadas à frente da Casa Civil que se projetou o nome de tudo isso foi uma queda vertiginosa de 27% na popularidade de
de sua sucessora, Dilma Rousseff, para as eleições de 2010. Dilma Rousseff.
Os conflitos internos entre Aécio Neves e José Serra e a demora Como resposta ao conjunto de manifestações, a presidente propôs
na escolha de um candidato desgastaram as estratégias políticas a ampliação da desoneração de impostos para o óleo diesel, que
do PSDB e de seus aliados. Já o PT, com um grande leque de abastece os ônibus, e para a energia elétrica usada nos trens; o
alianças, coligado ao PMDB, lançou a campanha de Dilma investimento de R$ 50 bilhões para obras de mobilidade urbana,
Rousseff e de seu vice, Michel Temer. Fazendo uso da máquina do como metrôs e corredores de ônibus; a realização de um plebiscito
Estado e da forte aceitação popular do presidente Lula no país, a sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte para tratar da
campanha manteve certa vantagem sobre a de Serra, no entanto reforma política; a transformação de atos de corrupção em crimes
foi insuficiente para vencer no 1o turno, pois atingiu apenas 46% hediondos; a contratação de médicos estrangeiros, como medida
dos votos válidos. emergencial para áreas mais remotas, observando-se a prioridade
A ida das eleições para o segundo turno, promoveu o acirramento dos profissionais brasileiros; a ampliação das vagas nas
da disputa política, com Serra enfatizando as denúncias de universidades e nos hospitais para médicos residentes; e a
corrupção do governo anterior e Dilma salientando a ideia de destinação de 100% dos royalties do petróleo e de 50% dos
continuidade do Governo Lula, que alcançou ótimos índices de recursos do pré-sal para a educação. Dilma Rousseff reafirmou
aceitação. Dilma Rousseff, aos 63 anos, foi eleita a primeira mulher ainda o compromisso com o controle da inflação e dos gastos
presidente do Brasil com pouco mais de 56% dos votos válidos, públicos.
contra quase 44% de José Serra. Nesse contexto, o pleito eleitoral de 2014 foi bastante conturbado.
Dilma abriu espaço para a Comissão Nacional da Verdade, que fez Dentro do PT, havia um grupo que defendia o retorno de Lula, fato
um levantamento de casos de desaparecimento e de tortura entre que foi contornado pelo próprio ex- presidente.
1946 e 1985 e criou novos modelos de apoio às classes menos Durante o período eleitoral, no dia 13 de agosto de 2014, um
favorecidas. O governo passou a manter uma linha governamental acidente aéreo vitimou fatalmente o presidenciável do Partido
mais ligada ao neoliberalismo e a priorizar ações assistencialistas. Socialista Brasileiro (PSB), Eduardo Campos, gerando um clima de
comoção nacional e elevando a ex-senadora Marina Silva, vice da
campanha de Eduardo, ao segundo lugar nas pesquisas e com
possibilidades de vitória em um possível segundo turno. No
entanto, a candidata Marina, na reta final, começou a declinar nas
pesquisas de intenção de votos. Mais uma vez, a disputa eleitoral
ficou entre petistas e tucanos.
O senador Aécio Neves surpreendeu, no primeiro turno, ao obter
33% dos votos, contra 41% da presidente Dilma. O clima mostrava-
se favorável ao senador mineiro, porém o governo petista foi mais
forte e, na mais disputada eleição presidencial da história do Brasil
redemocratizado, a presidente Dilma Rousseff foi reeleita com
51,64% (54 501 118 votos), contra 48,36% (51 041 155 votos) de
Aécio Neves.
Nesse mesmo ano, dois temas tomaram os noticiários e os
debates políticos do Brasil. O primeiro foi a deflagração da
Lula passa a faixa presidencial para Dilma Rousseff, primeira Operação Lava Jato, a maior investigação de corrupção e lavagem
mulher a comandar o Brasil, durante a cerimônia de posse no de dinheiro da história do Brasil; o segundo, a pressão pós-eleição
Palácio do Planalto, em 1o de janeiro de 2011. à presidente reeleita Dilma Rousseff.
Fabio Rodrigues Pozzebom/Abr/Wikimedia Commons
A Operação Lava Jato prosseguiu no dia a dia da vida política e
Os dois primeiros anos do governo de Dilma Rousseff foram de judiciária do Brasil, com um histórico de centenas de prisões e
relativa estabilidade política e econômica e com boa aceitação depoimentos de empresários, funcionários dos setores público e
popular. No entanto, no ano de 2013, que marcou o início de uma privado e ex-políticos.
nova disputa eleitoral ao Palácio do Planalto, ocorreram intensas
manifestações por todo o Brasil. As pressões de grande parte dos grupos políticos e de uma parcela
da população brasileira conduziram a presidente ao processo de
Tendo início em São Paulo, devido ao aumento da tarifa do impeachment. Apesar das manifestações dos grupos partidários,
transporte coletivo urbano, as manifestações propagaram-se pelas Dilma foi denunciada por crime de responsabilidade fiscal. O
cidades mais populosas do país, demonstrando uma insatisfação processo de impeachment de Dilma Rousseff transcorreu de
de parte da sociedade brasileira em relação à precariedade dos dezembro de 2015, quando o pedido foi aceito na Câmara dos
serviços públicos fundamentais, como saúde, segurança e Deputados, até 31 de agosto de 2016, quando ela foi afastada
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

definitivamente pelo Senado. Em seu lugar, assumiu o então vice-


presidente Michel Temer.

Manifestantes ocuparam a cobertura e os jardins do Congresso


Nacional, em 2013.
Valter Campanato/Abr/Wikimedia Commons

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


296
Aula 28 – Governo Dilma
EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM
Anotações
Questão 01
No ano de 2014, a Copa do Mundo da FIFA ocorreu no Brasil. No ano anterior, 2013, ocorreram
manifestações contrárias à Copa do Mundo e aos vários problemas que o Brasil vem enfrentando,
principalmente políticos. Sobre outros movimentos De protesto no Brasil republicano, é CORRETO
afirmar que:
a) O golpe militar de 1964 foi muito incentivado por jovens militares conhecidos como tenentes,
conhecido como Movimento Tenentista.
b) No início do século XX, ocorreu a Revolta da Vacina. Muitos jovens manifestantes reivindicavam
que ocorresse a vacinação no Rio de Janeiro.
c) A conhecida Revolta da Chibata foi uma manifestação de escravos querendo o fim dos castigos
físicos pelos seus senhores.
d) Em 1992, ocorreu o movimento conhecido como Caras-Pintadas reivindicando o impeachment do
então presidente Fernando Collor.
e) A famosa “Marcha por Deus e pela Família” foi uma última tentativa de manter João Goulart na
presidência do Brasil.

Questão 02
Observe a charge a seguir

A charge, inserida no contexto das reflexões sobre os 50 anos do golpe militar que instituiu a Ditadura
no Brasil, indica que
a) as pesquisas acadêmicas do século XXI confirmaram a tese de que o “golpe militar” foi na verdade
uma “revolução” que plantou as bases do atual desenvolvimento do país.
b) a anistia, realizada durante a década de 1980, foi implementada num ambiente de ódio e rancor
político contra os militares e, por isso, deve ser revista.
c) o contexto atual é caracterizado pela mobilização de um segmento da juventude que defende ideais
políticos conservadores e se afasta dos ideais da esquerda.
d) o impeachment do presidente Collor de Mello abriu os olhos da juventude para a mobilização
política e para retomada dos ideais comunistas da década de 1960

Questão 03
Durante a realização da Copa das Confederações em 2013 ocorreram manifestações por todo o Brasil.
As “manifestações de junho” foram comparadas, muitas vezes, a manifestações realizadas em outros
momentos da história recente do país.
Em relação às manifestações ocorridas nos últimos 50 anos, assinale a alternativa correta.
a) As manifestações pelo impeachment do presidente Collor se deviam à desaprovação das suas
políticas neoliberais, que quebraram a indústria nacional e geraram muito desemprego e inflação,
fazendo com que fosse necessária a intervenção militar para conter os saques aos supermercados.
b) Após o golpe militar de 1964, com a derrota da oposição civil nas urnas, houve em 1968 uma ampla
mobilização de setores da classe média contra o regime, culminando em junho com a “Passeata dos
Cem Mil” no Rio de Janeiro, que pedia o impeachment do presidente Costa e Silva e a convocação
imediata de eleições presidenciais.
c) Em 1979, com o processo de reabertura democrática, uma das preocupações dos militares era com
a falta de mobilização da classe trabalhadora, que se encontrava apática diante do processo político e
eleitoral, desorganizada e incapaz de reivindicar melhorias até mesmo em relação aos seus próprios
salários.
d) A manifestação ocorrida na frente da Estação Ferroviária Central do Brasil, em 13 de março de
1964, convocada pelo presidente João Goulart para apoiar o seu anúncio dos decretos que dariam
início às Reformas de Base, provocou ampla reação de setores conservadores que aderiram às
“marchas da família com Deus pela Liberdade” para impedir a implantação do comunismo no Brasil,
embora o programa de governo de Jango não tivesse esse objetivo.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


297
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

e) Durante as manifestações pelas eleições diretas em 1984, não era permitido que bandeiras de
partidos políticos fossem erguidas, nem que os líderes dos partidos políticos, criados em 1979,
falassem no palanque, já que o principal objetivo dos organizadores era não partidarizar o movimento.
Anotações
Questão 04
A partir do início de junho de 2013, testemunhamos no Brasil intensas manifestações nas principais
capitais e regiões metropolitanas do país para protestar contra o aumento das passagens de ônibus,
trem e metrô e reclamar contra o aumento dos alimentos, dos aluguéis, e contra o empobrecimento da
qualidade dos serviços públicos no Brasil (saúde, educação, moradia e respeito aos direitos civis).
Sem lideranças unânimes, sem predomínio de grandes partidos políticos, as manifestações surgiram
como uma forte onda social nas principais praças e ruas, reunindo milhares de pessoas que
compartilhavam a pergunta já presente no consciente coletivo há tempo:
“Como um país que financia 20 bilhões de reais para construção de estádios para a Copa 2014 não
pode financiar e investir a nossa verba para construção de escolas de alto nível, hospitais de
excelência e segurança pública?”.
Fernando Rebouças
Disponível em: <http://www.infoescola.com/atualidades/ensaio-sobre-as-manifestacoes-no-brasil-em-2013/> [Adaptado]
Acesso em: 16 out. 2013.

Sobre as manifestações populares ao longo da história do Brasil e suas consequências, é CORRETO


afirmar que:
01) em 1964, a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” levou cerca de 500 mil pessoas às ruas
da cidade de São Paulo com o objetivo de defender o governo de João Goulart e evitar um golpe
militar no país.
02) a campanha “Diretas Já”, de 1984, articulou diversos setores da sociedade brasileira em grandes
comícios populares por todo o país. A enorme mobilização foi decisiva para a aprovação da emenda
Dante de Oliveira, que restabeleceu o voto direto nas eleições para a Presidência do Brasil em 1985.
04) o processo de impeachment contra o presidente Fernando Collor ganhou força com o movimento
“Fora Collor”, promovido em 1992 por jovens que ficaram conhecidos como caras-pintadas.
08) nas primeiras décadas do século XX, o movimento operário brasileiro começou a se articular em
sindicatos. Estimulados principalmente pelos ideais de anarquistas italianos, realizaram uma série de
mobilizações e greves pelas ruas de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.
16) por causa da enorme e violenta repressão durante o período da ditadura militar (1964-1985), não
ocorreram grandes mobilizações populares de resistência contra o regime.
32) o movimento conhecido como “Novembrada”, ocorrido em 1979, colocou Santa Catarina no
cenário político nacional por expressar apoio ao então presidente general João Baptista Figueiredo

Questão 05
O Brasil conquistou o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos de 2016 e um
clima de otimismo e euforia cerca o país. Esse clima, no entanto, esconde um processo que ocorre
internamente, desde pelo menos o início da década de 1990, a chamada desindustrialização.
No Brasil, o atual processo de desindustrialização caracteriza-se, especificamente, pela
a) retração da flexibilização das relações trabalhistas nas últimas décadas.
b) Entrada de indústrias multinacionais, concorrentes das empresas brasileiras.
c) Desvalorização atual do real, face à alta generalizada de moedas estrangeiras.
d) Persistência de taxas de juros baixas, vinculada à alta rotatividade no emprego.
e) Diminuição da proporção de empregados no setor industrial, frente aos demais setores.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


298
Aula 28 – Governo Dilma

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO na camada Pré-Sal, impedindo o loteamento desta camada para


empresas estrangeiras.
Questão 01
Questão 03
Durante o governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso –
marcado positivamente pela contenção da desenfreada inflação O processo de impeachment da Presidente do Brasil, Dilma Vana
que dominou os governos anteriores – ocorreu uma alteração na Rousseff, ocorrido no ano de 2016, alimentou um intenso debate
Constituição de 1988, que possibilitou a reeleição para cargos sobre política, cultura política e formas de organização do Estado.
majoritários do poder executivo nos três níveis: federal, estadual e Sobre o contexto político atual no Brasil, é correto afirmar que:
municipal. O processo de aprovação da Emenda Constitucional 01) O sistema de participação política é multipartidário com
Nº16/1997, entretanto, não foi tranquilo, pois enfrentou acusações diversos partidos disputando as esferas governamentais, sejam
de corrupção, veiculadas a partir de grandes órgãos da imprensa elas municipais, estaduais ou nacional.
nacional como o Jornal Folha de São Paulo, em 13 de maio de 02) O impeachment da Presidente Dilma Vana Rousseff foi possível
1997, e a revista Veja, em 21 de maio de 1997, ambos referindo-se porque o sistema político brasileiro é parlamentarista.
à denúncia de compra de votos de deputados federais para que 04) O patriarcalismo caracteriza-se pelo poder e pela
estes aprovassem a referida Emenda Constitucional Nº16, que, preponderância do homem na organização social, quer seja na
publicada em 04 de junho de 1997, permitiu a reeleição para cargos família, em um grupo religioso ou na política.
de chefia do Poder Executivo; e mais, tornou possível a reeleição já 08) O nepotismo é uma prática política comum no Brasil atual e um
a partir das eleições para presidente e governadores dos estados e exemplo típico da apropriação do público pelo privado.
Distrito Federal que ocorreriam no ano seguinte. Em 1998, após 16) As mulheres só conseguiram o direito de votar nas eleições
vencer o pleito presidencial, FHC tornou-se o primeiro presidente brasileiras a partir da publicação da Constituição de 1988.
reeleito do Brasil.
Sobre a Emenda Constitucional Nº16/1997, que modificou o texto Questão 04
constitucional, permitindo reeleição para cargos majoritários do Leia atentamente o trecho e as informações no quadro a seguir:
poder executivo nos níveis federal, estadual e municipal, é correto Nas cidades gregas e em Roma durante a Antiguidade, existiram
afirmar que duas principais maneiras de governar. Numa, a sociedade era
a) surtiu pouco efeito, pois nenhum governador dela se beneficiou e governada por uma só pessoa: o rei ou monarca. Era a monarquia.
somente a Presidente Dilma Roussef conseguiu de fato ser reeleita Noutra, a sociedade era dirigida por um grupo pequeno de homens
para um segundo mandato. ricos. Era a aristocracia. Em algumas cidades da Grécia, como em
b) apesar de o Presidente Fernando Henrique Cardoso ter sido Atenas, foi experimentada uma terceira forma de governo. Era a
reeleito, essa emenda à Constituição não possibilitou a reeleição a democracia.
nenhum outro presidente desde então.
c) transformou profundamente a política, pois diversos gestores Dados Indivíduos com direito a voto
População
locais (prefeitos e governadores) e dois presidentes da república estatísticos
Total Números absolutos %
que se seguiram a FHC (Lula e Dilma) foram reeleitos para um aproximados
segundo mandato. ATENAS
340 mil 38 mil 15,8%
d) essa Emenda à Constituição foi revogada após o Governo do (Vº século a.C.)
Presidente Fernando Henrique Cardoso, por isso, nenhum outro Brasil – 2014 203 milhões 143 milhões 70,4%
presidente, governador ou prefeito foi reeleito no Brasil.
KONDER, Leandro. Muito além das Urnas. Revista Ciência hoje das crianças, nº 64. Adaptado
Disponível em: http://chc.cienciahoje.uol.com.br/muito-alem-das-urnas - Acessado 04/09/2015
Questão 02
Em relação ao Brasil do início do século XXI, é correto afirmar-se Com base no texto, no quadro e em seus conhecimentos, responda
que ao que se pede:
a) teve, com a eleição do presidente Lula, a continuidade das a) O que era necessário para que um indivíduo participasse das
propostas neoliberais, tendo em vista ser este presidente forte decisões políticas durante a democracia em Atenas?
defensor das ideias do Partido da Social Democracia Brasileira. b) Analise as motivações que explicam a diferença do percentual
b) no segundo governo Lula, 2007 a 2010, o programa social Bolsa existente entre indivíduos com direito a voto na democracia
Família foi extinto, tendo em vista o modelo econômico brasileiro ter ateniense e no modelo democrático existente no Brasil atual.
ultrapassado a inclusão social, não necessitando mais de ações
assistencialistas. Questão 05
c) com a eleição de Dilma Rousseff à Presidência da República, os Considere os dados estatísticos apresentados abaixo.
partidos PSDB e PFL passaram a compor o governo, apoiando o
novo programa de desenvolvimento econômico do país, o
PRONATEC, que defende a nacionalização de todas as empresas
estrangeiras.
d) o governo de Dilma Rousseff sofreu uma forte crise de
contestação às suas ações, como contra a corrupção em diversos
setores e esferas no país, no período que antecedeu a Copa das
Confederações em 2013.
e) em atitude semelhante à de Getúlio nos anos de 1950, ao criar a
PETROBRÁS, a Presidente Dilma Rousseff conseguiu, com apoio
do Congresso Nacional, garantir a exclusiva exploração do Petróleo
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
299
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

era possível na Grécia, devido ao controle de poder dos generais.

Questão 07
Leia o excerto abaixo, retirado da “Carta do MST [Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem-Terra] aos Candidatos e Candidatas [à
presidência da República]”, publicada em 02 de setembro de 2014:

“Lutamos por mudanças na relação com os bens da natureza, na


produção de alimentos e nas relações sociais no campo. (...). A
terra precisa ser democratizada e cumprir com sua função social.
(...) Lutamos e exigimos uma política efetiva, estruturante e
massiva de Reforma Agrária Popular, indispensável para a
permanência das famílias no campo, com produção e distribuição
Com base nas informações fornecidas nos gráficos, assinale abaixo de riquezas.”
a alternativa correta sobre a atualidade histórico-social brasileira. (http://www.mst.org.br/node/16467).
a) A violência, no Brasil contemporâneo, é um fenômeno
exclusivamente cultural que atinge toda a população de maneira Considerando seus conhecimentos sobre a questão da reforma
equânime. agrária em diferentes períodos da História, responda:
b) O fim da escravidão, no século XIX, ocasionou a igualdade de
condições sociais para as diferentes raças que constituem a Por que há grupos, como o MST, que reivindicam uma reforma
sociedade brasileira. agrária no Brasil atual? Por que os irmãos Tibério e Caio Graco
c) A democracia racial é um dos fundamentos que constituem as tentaram estabelecer a reforma agrária entre 133 e 121 a.C.,
relações sociais no Brasil e assegura condições igualitárias entre durante o período republicano romano?
negros e brancos.
d) O rendimento dos empregados na indústria de transformação no Questão 08
Brasil atual varia somente de acordo com o nível de escolaridade
Cavaleiros circulam vigiando as pessoas
dos indivíduos.
Não importa se são ruins, nem importa se são boas
e) A existência de desigualdades raciais é um fato histórico da
E a cidade se apresenta centro das ambições
sociedade brasileira.
Para mendigos ou ricos e outras armações
Coletivos, automóveis, motos e metrôs
Questão 06
Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs
Observe a charge e leia o trecho.
A cidade não para, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade não para, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce

A cidade se encontra prostituída


Por aqueles que a usaram em busca de saída
Ilusora de pessoas de outros lugares
A cidade e sua fama vai além dos mares
No meio da esperteza internacional
A cidade até que não está tão mal
A Ágora ou praça central era o espaço onde se reuniam os E a situação sempre mais ou menos
cidadãos para discutir a vida política e decidir sobre as ações a Sempre uns com mais e outros com menos
serem tomadas. (...)
(Vainfas, 2010.) Chico Science. A cidade. Da lama ao caos. Sony Music, 1994.
Ao analisarmos a charge e o texto, e tendo em vista o contexto da A letra da música acima aponta para alguns problemas vividos na
Grécia Antiga e o do Brasil atual em relação à participação política, contemporaneidade. Assinale a alternativa que melhor explicita o
é possível inferir que contexto e as referências ao Brasil atual.
a) em ambos os casos, apesar da ideia de democracia preconizar a a) A ortodoxia econômica de governos recentes tem adotado uma
participação de todos, existiam (e existem) limites para o exercício postura mais crítica em relação ao modelo neoliberal, aproximando-
pleno desse direito. se de políticas socialdemocratas. De efeito duvidoso, tal política
b) na Grécia, cidadão era apenas aquele que participava das aponta para uma nova perspectiva, com a resolução das
gerúsias, por ser considerado “homo politicus”. No Brasil, só se desigualdades encontradas até então.
considera cidadão o indivíduo com mais de 18 anos. b) Vivencia-se a emergência de políticas públicas voltadas para a
c) tanto na Grécia quanto no Brasil, a democracia era (e é) resolução de certos problemas sociais, em particular as
caracterizada pela participação universal, ou seja, de toda a desigualdades geradas pelo modelo neoliberal até então adotado.
população votante e em dia com suas obrigações eleitorais. Daí o rompimento com o FMI feito recentemente.
d) como no Brasil o voto atual é direto e secreto, o processo c) Procura-se acomodar crescimento econômico com um modelo
democrático torna-se mais transparente e incorruptível, o que não
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
300
Aula 28 – Governo Dilma
que priorize investimentos nas questões sociais. Práticas populistas O texto, do jornalista Roldão Arruda, leva a pensar que, ao longo da
que em nada contribuem para a real superação das desigualdades história brasileira, sempre houve limitações para que alguns
existentes no país. segmentos da sociedade participassem do voto. Há exemplos disso
d) De um lado, estabilização econômica. De outro, marginalização, também nos EUA, quando houve a restrição de mulheres e homens
insegurança, aprofundamento das desigualdades econômicas e que não tinham renda compatível com as exigências da época.
sociais, insatisfações em relação a esse contexto. Faces da mesma Relacionando o contexto da matéria jornalística com a participação
moeda apontam para a necessidade de reformulação da política de popular na política ao longo da história brasileira, responda:
desenvolvimento adotada. a) Como a Primeira Constituição de 1824 organizou a participação
e) A marginalização tem sido uma realidade crescente no país, da sociedade na política?
contrariando uma tendência mundial de redução desses níveis de b) Quais foram as principais mudanças eleitorais implantadas no
desigualdade. Isso se deve ao insucesso de programas sociais período Vargas?
atuais, abrindo caminho, por sua vez, para abusos cometidos por
autoridades policiais e divulgados pela imprensa. Questão 11
Durante o governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso –
Questão 09 marcado positivamente pela contenção da desenfreada inflação
Observe a imagem. que dominou os governos anteriores – ocorreu uma alteração na
Constituição de 1988, que possibilitou a reeleição para cargos
majoritários do poder executivo nos três níveis: federal, estadual e
municipal. O processo de aprovação da Emenda Constitucional
Nº16/1997, entretanto, não foi tranquilo, pois enfrentou acusações
de corrupção, veiculadas a partir de grandes órgãos da imprensa
nacional como o Jornal Folha de São Paulo, em 13 de maio de
1997, e a revista Veja, em 21 de maio de 1997, ambos referindo-se
à denúncia de compra de votos de deputados federais para que
estes aprovassem a referida Emenda Constitucional Nº16, que,
publicada em 04 de junho de 1997, permitiu a reeleição para cargos
de chefia do Poder Executivo; e mais, tornou possível a reeleição já
a partir das eleições para presidente e governadores dos estados e
Distrito Federal que ocorreriam no ano seguinte. Em 1998, após
vencer o pleito presidencial, FHC tornou-se o primeiro presidente
A fala do personagem da charge faz referência ao reeleito do Brasil.
a) período histórico da Ditadura Militar no Brasil (1964-1984). Sobre a Emenda Constitucional Nº16/1997, que modificou o texto
b) desvio de recursos públicos e à corrupção no Brasil atual. constitucional, permitindo reeleição para cargos majoritários do
c) problema da crise econômica atual e das indenizações poder executivo nos níveis federal, estadual e municipal, é correto
trabalhistas. afirmar que
d) período histórico do Estado Novo (1937-1945). a) surtiu pouco efeito, pois nenhum governador dela se beneficiou e
somente a Presidente Dilma Roussef conseguiu de fato ser reeleita
Questão 10 para um segundo mandato.
Leia o texto a seguir. b) apesar de o Presidente Fernando Henrique Cardoso ter sido
reeleito, essa emenda à Constituição não possibilitou a reeleição a
Associação propõe suspender voto de quem recebe Bolsa
Família nenhum outro presidente desde então.
No Paraná, associação comercial propõe a candidatos a defesa da c) transformou profundamente a política, pois diversos gestores
'suspensão do direito ao voto' para beneficiários de programa. Se locais (prefeitos e governadores) e dois presidentes da república
fosse adotada agora, medida prejudicaria Dilma Rousseff. que se seguiram a FHC (Lula e Dilma) foram reeleitos para um
segundo mandato.
A ideia já tinha aparecido em redes sociais e até em cartazes nas
manifestações de rua de 2013. Agora, porém, foi assumida d) essa Emenda à Constituição foi revogada após o Governo do
formalmente pela Associação Comercial, Industrial e Empresarial Presidente Fernando Henrique Cardoso, por isso, nenhum outro
presidente, governador ou prefeito foi reeleito no Brasil.
de Ponta Grossa, município paranaense de 334 mil habitantes, a
quase cem quilômetros de Curitiba. Em documento que está
apresentando aos candidatos a cargos do Legislativo, a entidade Questão 12
propõe o fim do voto para quem é beneficiário do Bolsa Família. Tratando do julgamento do impeachment de Dilma Rousseff, o
O texto não cita o programa, que beneficia 13,8 milhões de famílias colunista Elio Gaspari escreveu:
no País. Mas é explícito, ao propor ao candidato a defesa do Começa amanhã o julgamento de Dilma Rousseff. Ela será
seguinte ponto: “Suspensão do direito ao voto para beneficiados de condenada. Os julgamentos que decidem o destino dos presidentes
qualquer programa de transferência direta de renda, nas esferas são políticos.
municipal, estadual ou federal.” Quando Dilma entregar as chaves do Palácio da Alvorada, estará
O documento provocou reações. Foi criticado por ferir direitos encerrando um ciclo de 13 anos de poder do Partido dos
previstos na Constituição. [...] Trabalhadores. Em 2003, Lula vestiu a faixa e a oposição foi para o
ARRUDA, Roldão. O Estado de São Paulo. 10 Set. de 2014. Disponível em: poder. Hoje, ninguém haverá de dizer o mesmo, Michel Temer era
<http://politica.estadao.com.br/blogs/roldao-arruda/associacao-propoe-suspender- o vice-presidente de Dilma e seu primeiro escalão ampara-se em
voto-de-quem-recebe-bolsa-familia/> Acesso em: 23 abr. 2017.
figuras que sustentaram o governo petista.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


301
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

O PT foi apeado do governo e, de uma maneira geral, abriu espaço tem efetuado prisões, proferido sentenças e acordado delações
para quem nunca saiu dele. premiadas com envolvidos no escândalo do “Petrolão”. O PT
Folha de São Paulo; 24/08/2016. (Partido dos Trabalhadores), ao lado do PMDB e outras siglas, tem
sido alvo das investigações a cargo da justiça brasileira. Sobre o
Assinale a alternativa com o nome de um ministro do governo Partido dos Trabalhadores, considere as afirmativas que se
interino de Michel Temer que confirma a constatação apresentada seguem.
no texto: I. Foi fundado em 1980, no contexto da “abertura política”
a) Alexandre Moraes. d) Renan Calheiros. promovida ainda pelos últimos presidentes do regime militar.
b) Raul Jungmann. e) Mendonça Filho. II. Tem, entre seus destacados representantes, o ex-presidente
c) Gilberto Kassab. Luis Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff, afastada
recentemente do poder num processo de impeachment.
Questão 13 III. Devido às suas propostas claramente de cunho socialista,
No doloroso processo político que uma parcela da sociedade elegeu, na última eleição de 2014, governadores para a imensa
brasileira reconhece como impeachment, enquanto outra denúncia maioria dos estados brasileiros.
como golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff, a alternativa IV. Criado pelo presidente Getúlio Vargas, na década de 1940,
que identifica corretamente a(s) personagem(ns) envolvida(s) é: ressurgiu com a Nova República, notabilizando-se por suas
a) Ex-procurador geral da República, José Eduardo Cardoso atuou propostas assistencialistas, a exemplo do “Bolsa Família”.
como advogado da ex-presidente. V. Se apresenta como um partido de extrema esquerda,
b) Os juristas Janaína Pachoal, Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo defendendo uma revolução proletária no País e a abolição do
foram os responsáveis pela elaboração do processo que culminou sistema capitalista nacional.
com a cassação do mandato da presidente. Está(ão) CORRETO(S)
c) O ministro do supremo Ricardo Lewandowski coordenou os a) apenas I e II. d) apenas III e IV.
trabalhos do processo na Câmara dos Deputados, uma vez que b) apenas V. e) I, II, III, IV e V.
esse é o precedente jurídico para cassação do chefe do Executivo. c) apenas II, III e V.
d) O presidente Michel Temer assumiu com a legitimidade de quem
fora um dos deputados federais mais bem votados do estado de
São Paulo nas últimas eleições.
e) O senador pelo PSDB e ex-candidato à presidência da República
Aécio Neves foi o elaborador da ação que culminou com a perda de
mandato da ex-presidente.

Questão 14
A Operação Lava Jato, que começou a partir das investigações da
Polícia Federal sobre lavagem de dinheiro por uma rede de doleiros
no Brasil, acabou descobrindo um esquema de corrupção na
Petrobras que envolve inúmeros políticos e partidos brasileiros.
Com relação a esse tema, assinale o que for correto.
01) Alberto Youssef, doleiro que já havia sido processado por
lavagem de dinheiro no processo de privatização do Banestado, é
considerado um dos principais operadores do esquema de
corrupção na Petrobras.
02) Até agora, a Polícia Federal já prendeu executivos de diversas
empreiteiras acusadas de participação no esquema de corrupção.
Entre eles estão diretores de duas das maiores empreiteiras do
país: Andrade Gutierrez e Odebrecht.
04) O juiz Sérgio Moro, que conduz as investigações sobre
corrupção na Petrobras, abriu inquérito contra a presidente Dilma
Rousseff por compreender que existem elementos que apontam
para o envolvimento pessoal dela com o esquema de desvio de
dinheiro na estatal.
08) Antonio Anastasia (PSDB), Antônio Palocci (PT), Eduardo
Cunha (PMDB) e Sérgio Cabral (PMDB) são alguns dos políticos
que tiveram seus nomes citados durante as investigações da
Operação Lava Jato.

Questão 15
Nos últimos meses, a sociedade brasileira tem convivido com
inúmeras denúncias de corrupção envolvendo altos escalões da
administração pública, além de renomados políticos de diversas
siglas partidárias. É atuante a famosa “Operação Lava Jato” que

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


302
Respostas e Comentários
Profs. Monteiro Jr. e Márcio Michiles

HISTÓRIA GERAL AULA 22

AULA 19 QUESTÃO 01: Alternativa B


QUESTÃO 02: Alternativa D
QUESTÃO 01: Alternativa E QUESTÃO 03: Alternativa A
QUESTÃO 02: Alternativa E QUESTÃO 04: Alternativa D
QUESTÃO 03: Alternativa E QUESTÃO 05: Alternativa A
QUESTÃO 04: Alternativa E QUESTÃO 06: Alternativa D
QUESTÃO 05: Alternativa E QUESTÃO 07: Alternativa A
QUESTÃO 06: Alternativa B QUESTÃO 08: Alternativa A
QUESTÃO 07: Alternativa A QUESTÃO 09: Alternativa E
QUESTÃO 08: Alternativa C QUESTÃO 10: Alternativa A
QUESTÃO 09: Alternativa D QUESTÃO 11: Alternativa E
QUESTÃO 10: Alternativa E QUESTÃO 12: Alternativa A
QUESTÃO 11: Alternativa C QUESTÃO 13: Alternativa D
QUESTÃO 12: Alternativa E QUESTÃO 14: Alternativa C
QUESTÃO 13: Alternativa C QUESTÃO 15: Alternativa A
QUESTÃO 14: Alternativa C
QUESTÃO 15: Alternativa B AULA 23

AULA 20 QUESTÃO 01: Alternativa D


QUESTÃO 02: Alternativa D
QUESTÃO 01: Alternativa C QUESTÃO 03: Alternativa A
QUESTÃO 02: Alternativa A QUESTÃO 04: Alternativa A
QUESTÃO 03: Alternativa A QUESTÃO 05: Alternativa D
QUESTÃO 04: Alternativa B QUESTÃO 06: Alternativa A
QUESTÃO 05: Alternativa C QUESTÃO 07: Alternativa C
QUESTÃO 06: Alternativa A QUESTÃO 08: Alternativa D
QUESTÃO 07: Alternativa D QUESTÃO 09: Alternativa E
QUESTÃO 08: Alternativa B QUESTÃO 10: Alternativa A
QUESTÃO 09: Alternativa D QUESTÃO 11: Alternativa C
QUESTÃO 10: Alternativa D QUESTÃO 12: Alternativa E
QUESTÃO 11: Alternativa B QUESTÃO 13: Alternativa B
QUESTÃO 12: Alternativa A QUESTÃO 14: Alternativa B
QUESTÃO 13: Alternativa C QUESTÃO 15: Alternativa E
QUESTÃO 14: Alternativa A
QUESTÃO 15: Alternativa B AULA 24

QUESTÃO 01: Alternativa A


AULA 21 QUESTÃO 02: Alternativa A
QUESTÃO 03: Alternativa C
QUESTÃO 01: Alternativa C QUESTÃO 04: Alternativa D
QUESTÃO 02: Alternativa C QUESTÃO 05: Alternativa A
QUESTÃO 03: Alternativa E QUESTÃO 06: Alternativa E
QUESTÃO 04: Alternativa C QUESTÃO 07: Alternativa A
QUESTÃO 05: Alternativa A QUESTÃO 08: Alternativa D
QUESTÃO 06: Alternativa D QUESTÃO 09: Alternativa C
QUESTÃO 07: Alternativa E QUESTÃO 10: Alternativa A
QUESTÃO 08: Alternativa E QUESTÃO 11: Alternativa C
QUESTÃO 09: Alternativa B QUESTÃO 12: Alternativa A
QUESTÃO 10: Alternativa B QUESTÃO 13: Alternativa A
QUESTÃO 11: Alternativa A QUESTÃO 14: Alternativa B
QUESTÃO 12: Alternativa C QUESTÃO 15: Alternativa A
QUESTÃO 13: Alternativa E
QUESTÃO 14: Alternativa C AULA 25
QUESTÃO 15: Alternativa E
QUESTÃO 01: Alternativa B
QUESTÃO 02: Alternativa D
QUESTÃO 03: Alternativa A

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


303
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

QUESTÃO 04: Alternativa B QUESTÃO 11: Alternativa A


QUESTÃO 05: Alternativa A QUESTÃO 12: Alternativa A
QUESTÃO 06: Alternativa B QUESTÃO 13: Alternativa A
QUESTÃO 07: Alternativa A QUESTÃO 14: Alternativa E
QUESTÃO 08: Alternativa A QUESTÃO 15: Alternativa C
QUESTÃO 09: Alternativa E
QUESTÃO 10: Alternativa B AULA 29
QUESTÃO 11: Alternativa C
QUESTÃO 12: Alternativa A QUESTÃO 01: Alternativa D
QUESTÃO 13: Alternativa D QUESTÃO 02: Alternativa A
QUESTÃO 14: Alternativa E QUESTÃO 03: Alternativa B
QUESTÃO 15: Alternativa D QUESTÃO 04: Alternativa C
QUESTÃO 05: Alternativa E
AULA 26 QUESTÃO 06: Alternativa A
QUESTÃO 07: Alternativa E
QUESTÃO 01: Alternativa A QUESTÃO 08: Alternativa B
QUESTÃO 02: Alternativa D QUESTÃO 09: Alternativa C
QUESTÃO 03: Alternativa B QUESTÃO 10: Alternativa E
QUESTÃO 04: Alternativa C QUESTÃO 11: Alternativa B
QUESTÃO 05: Alternativa B QUESTÃO 12: Alternativa A
QUESTÃO 06: Alternativa A QUESTÃO 13: Alternativa C
QUESTÃO 07: Alternativa C QUESTÃO 14: Alternativa B
QUESTÃO 08: Alternativa D QUESTÃO 15: Alternativa D
QUESTÃO 09: Alternativa D
QUESTÃO 10: Alternativa D AULA 30
QUESTÃO 11: Alternativa D
QUESTÃO 12: Alternativa A QUESTÃO 01: Alternativa C
QUESTÃO 13: Alternativa A QUESTÃO 02: Alternativa A
QUESTÃO 14: Alternativa A QUESTÃO 03: Alternativa B
QUESTÃO 15: Alternativa A QUESTÃO 04: Alternativa E
QUESTÃO 05: Alternativa E
AULA 27 QUESTÃO 06: Alternativa D
QUESTÃO 07: Alternativa B
QUESTÃO 01: Alternativa B QUESTÃO 08: Alternativa D
QUESTÃO 02: Alternativa C QUESTÃO 09: Alternativa C
QUESTÃO 03: Alternativa A QUESTÃO 10: Alternativa A
QUESTÃO 04: Alternativa B QUESTÃO 11: Alternativa B
QUESTÃO 05: Alternativa D QUESTÃO 12: Alternativa D
QUESTÃO 06: Alternativa A QUESTÃO 13: Alternativa C
QUESTÃO 07: Alternativa D QUESTÃO 14: Alternativa B
QUESTÃO 08: Alternativa D QUESTÃO 15: Alternativa A
QUESTÃO 09: Alternativa A
QUESTÃO 10: Alternativa D AULA 31
QUESTÃO 11: Alternativa D
QUESTÃO 12: Alternativa E QUESTÃO 01: Alternativa B
QUESTÃO 13: Alternativa C QUESTÃO 02: Alternativa B
QUESTÃO 14: Alternativa D QUESTÃO 03: Alternativa D
QUESTÃO 15: Alternativa E QUESTÃO 04: Alternativa B
QUESTÃO 05: Alternativa E
AULA 28 QUESTÃO 06: Alternativa A
QUESTÃO 07: Alternativa C
QUESTÃO 01: Alternativa A QUESTÃO 08: Alternativa A
QUESTÃO 02: Alternativa B QUESTÃO 09: Alternativa E
QUESTÃO 03: Alternativa A QUESTÃO 10: Alternativa D
QUESTÃO 04: Alternativa B QUESTÃO 11: Alternativa C
QUESTÃO 05: Alternativa A QUESTÃO 12: Alternativa C
QUESTÃO 06: Alternativa A QUESTÃO 13: Alternativa D
QUESTÃO 07: Alternativa B QUESTÃO 14: Alternativa B
QUESTÃO 08: Alternativa E QUESTÃO 15: Alternativa C
QUESTÃO 09: Alternativa D
QUESTÃO 10: Alternativa E

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


304
RESPOSTAS E COMENTÁRIOS DOS EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

AULA 32 QUESTÃO 05: Alternativa D


QUESTÃO 06: Alternativa B
QUESTÃO 01: Alternativa D QUESTÃO 07: Alternativa B
QUESTÃO 02: Alternativa D QUESTÃO 08: Alternativa E
QUESTÃO 03: Alternativa E QUESTÃO 09: Alternativa C
QUESTÃO 04: Alternativa C QUESTÃO 10: Alternativa E
QUESTÃO 05: Alternativa E QUESTÃO 11: Alternativa A
QUESTÃO 06: Alternativa C QUESTÃO 12: Alternativa C
QUESTÃO 07: Alternativa B QUESTÃO 13: Alternativa A
QUESTÃO 08: Alternativa B (8 + 16 = 24) QUESTÃO 14: Alternativa B
QUESTÃO 09: 24 QUESTÃO 15: Alternativa D
QUESTÃO 10: Alternativa B
QUESTÃO 11: Alternativa C
QUESTÃO 12: Alternativa C
QUESTÃO 13: Alternativa C HISTÓRIA DO BRASIL
QUESTÃO 14: Alternativa D
QUESTÃO 15: Alternativa B AULA 15

Questão 01: Alternativa A


AULA 33 Questão 02: Alternativa C
Questão 03: Alternativa B
QUESTÃO 01: Alternativa D Questão 04: Alternativa A
QUESTÃO 02: Alternativa C Questão 05: VFFV
QUESTÃO 03: Alternativa D Questão 06: Alternativa D
QUESTÃO 04: Alternativa C Questão 07: Alternativa B
QUESTÃO 05: Alternativa A Questão 08: Alternativa E
QUESTÃO 06: Alternativa D Questão 09: Alternativa D
QUESTÃO 07: Alternativa D Questão 10: Alternativa C
QUESTÃO 08: Alternativa C Questão 11:
QUESTÃO 09: Alternativa C Resolução:
QUESTÃO 10: Alternativa B a) 1- a política dos governadores assegurou AMPLA LIBERDADE
QUESTÃO 11: Alternativa D DE AÇÃO AOS GRUPOS OLIGÁRQUICOS DOMINANTES EM
QUESTÃO 12: Alternativa A CADA ESTADO em contrapartida ao APOIO ASSEGURADO POR
QUESTÃO 13: Alternativa A ESSES GRUPOS AO GOVERNO FEDERAL NO CONGRESSO
QUESTÃO 14: Alternativa C NACIONAL.
QUESTÃO 15: Alternativa D 2- a política dos governadores foi baseada em um ACORDO
POLÍTICO que resultou no RECONHECIMENTO NAS DUAS
AULA 34 CASAS LEGISLATIVAS FEDERAIS de parlamentares vinculados
diretamente aos grupos oligárquicos dominantes dos estados.
QUESTÃO 01: Alternativa E
QUESTÃO 02: Alternativa A b) A FALTA DE INDEPENDÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO
QUESTÃO 03: Alternativa A frente às pressões dos grupos oligárquicos dominantes; a
QUESTÃO 04: Alternativa B FRAUDE E A VIOLÊNCIA ELEITORAL constantemente presentes
QUESTÃO 05: Alternativa A nos pleitos.
QUESTÃO 06: Alternativa C
QUESTÃO 07: Alternativa A Questão 12: Alternativa D
QUESTÃO 08: Alternativa A Questão 13:
QUESTÃO 09: Alternativa B Resolução:
QUESTÃO 10: Alternativa C Gabarito
QUESTÃO 11: Alternativa E Trata-se do "coronelismo" praticado principalmente na Primeira
QUESTÃO 12: Alternativa C República. Grandes produtores rurais tornaram-se chefes políticos
QUESTÃO 13: Alternativa E locais e determinavam através de diversos métodos quais
QUESTÃO 14: Alternativa B deveriam ser os candidatos eleitos.
QUESTÃO 15: Alternativa C
Questão 14:
AULA 35 Resolução:
Consolidação da Política do Café com Leite. Baseava-se na
QUESTÃO 01: Alternativa D autonomia para os Estados, em contrapartida estes não fariam
QUESTÃO 02: Alternativa D oposição no Governo Federal.
QUESTÃO 03: Alternativa E
QUESTÃO 04: Alternativa C

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


305
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

Questão 15: Questão 10:


Resolução: Resolução:
Crise financeira decorrente da política do "encilhamento" Movimento considerado banditista (fora da lei), mas que deve ser
promovida por Rui Barbosa. Campos Sales, antes de assumir a inserido na condição miserável gerada pelos latifundiários do
presidência da República, conseguiu um grande empréstimo nordeste na primeira metade so século XX.
("funding loan") aos ingleses e prorrogou o pagamento da dívida
externa com esses mesmos credores. Saneou a economia Questão 11: Alternativa C
nacional com medidas austeras como o congelamento de créditos Questão 12: Alternativa D
e salários, novos impostos e aumento da arrecadação tributária. Questão 13: Alternativa C
Com essas medidas Campos Sales consegue sanear a economia
nacional. Questão 14:
Resolução:
AULA 16 Canudos surgiu em decorrência da pobreza e miséria vivida pelos
camponeses no interior da Bahia e no nordeste, graças ao poder
Questão 01: dos latifundiários. Surgiu um líder carismático e messiânico que
Resolução: conduziu aquele povo.
a insalubridade das moradias e população de baixa renda, que
gerava freqüentes epidemias, cujo tratamento autoritário dado Questão 15:
pelas autoridades sanitárias desencadearam a Revolta. Resolução:
- a falta de esclarecimento das populações de baixa renda, quanto a) O sertão nordestino, pequenas vilas e lugarejos.
às vantagens da vacinação preventiva. b) Pela miséria, pobreza e concentração latifundiária.
- o precário saneamento público e péssimas condições de moradia c) A necessidade de controle social com a ameaça "Banditista".
favorecendo o surgimento de epidemias que assustavam às
populações urbanas. AULA 17
- o deslocamento da população de baixa para os subúrbios.
- o contexto econômico-social marcado pela alta da inflação, Questão 01:
desemprego e carestia. Resolução:
a) Combate as formas capitalistas, burguesas, sem estado e contra
Questão 02: qualquer forma de opressão.
Resolução: b) Formaram o movimento anarco-sindicalista, comissão operária
a modernização da cidade através de reformas urbanas de brasileira, etc.
alargamento de ruas; o arejamento das vias de comunicação; o
favorecimento de um amplo espaço para o desenvolvimento dos Questão 02:
"negócios" das elites republicanas e a ampliação do porto. Resolução:
a) Como forma de manipulação da classe trabalhadora.
Questão 03: b) Massacre de trabalhadores em greve nos EUA no século
Resolução: V V V V F passado.

Questão 04: Questão 03:


Resolução: 01 + 04 + 08 + 16 = 29 Resolução:
a) O primeiro de forma mítica (romântica) e o segundo irônica.
Questão 05: b) Romantismo e modernismo, visão mítica, heróica e nativista.
Resolução: 01 + 08 = 09
Questão 04:
Questão 06: Resolução: .
Resolução: 01 + 08 = 09 a) Eram positivistas e pretendiam reformas às velhas oligarquias.
b) Voto secreto e universal, ensino básico obrigatório.
Questão 07: Alternativa A
Questão 08: Questão 05:
Resolução: Resolução:
a) Zumbi - Palmares; Antônio Conselheiro - Canudos; Lampião - O texto refere-se a igreja, a burguesia cafeeira, aos pequenos
Cangaço. industriais e ao exército. O contexto é a condição dos operários e
b) Movimento de caráter messiânico popular, ocorrido no sertão camponeses no Brasil.
nordestino contra as oligarquias dos coronéis.
Questão 06:
Questão 09: Resolução:
Resolução: A década de 20 no Brasil, marca-se pela crise das velhas
a) A acusação do movimento ser monarquista e fanático religioso. oligarquias e uma série de movimentos políticos e sociais que
b) A miséria e a pobreza em que os camponeses viviam. desembocaram na revolução de 1930. A Semana de Arte Moderna
expressou a busca por uma identidade nacionalista de cultura.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


306
RESPOSTAS E COMENTÁRIOS DOS EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Questão 07: Questão 09:


Resolução: Resolução: Foi o fim das velhas oligarquias, fim do café com leite,
Representou uma luta pelo nacionalismo e o apoio de muitos início da Era Vargas e com ele uma série de mudanças como o
intelectuais à Revolução de 30 que pôs fim ao domínio cafeeiro. sistema eleitoral, partidos e industrialização, sindicatos

Questão 08: Alternativa C Questão 10: Alternativa C


Questão 09:
Resolução: Questão 11:
a) Um grande conjunto de manifestações, culminando em 3 greves, Resolução: Período dito constitucional, polarizado entre AIB e
sendo a de 1917 em São Paulo a mais importante. ANL. Teve seu desfecho em 1937, com um golpe de estado, após
b) Eram movimentos divididos em dois ramos distintos. No Rio de o suposto Pano Cohen.
Janeiro um movimento de resultados e em São Paulo um
movimento com mudanças estruturais. Questão 12: Alternativa A
Questão 13: Alternativa A
Questão 10: Questão 14: Alternativa E
Resolução: Questão 15: Alternativa C
a) Revolta dos 18 do Forte de Copacabana.
b) Tenentista, pretendiam reformas civis e o fim das oligarquias no AULA 19
poder
Questão 01: Alternativa E
Questão 11: Alternativa E Questão 02:
Questão 12: Alternativa E Resolução: Getúlio praticava um nacionalismo econômico,
Questão 13: Alternativa B intervindo no setor industrial, especialmente na indústria da base
Questão 14: Alternativa A (ex. CSN)
Questão 15: Alternativa B
Questão 03: Alternativa D
AULA 18 Questão 04:
Resolução:
Questão 01: Resolução: FVVV a) Era Vargas (1930-1945) na fase constitucional
Questão 02: Alternativa C b) Ação Integralista Brasileiro, caracterizado por um chefe único,
Questão 03: nacionalismo, anticomunismo e totalitarismo
Resolução: Resposta: Alternativa
a) "Compromisso" entre a classe dominante, agregando setores
sociais e econômicos e o proletariado urbano em torno das Questão 05:
propostas populistas de Getúlio Vargas, para a manutenção dos Resolução:
'status quo' vigente. Relaciona-se ao fim do paternalismo e assistencialismo da
b) O "Estado de compromisso" não abrange o homem do campo no legislação, como a revisão da C. L. T., o fim da mediação
que concerne aos direitos trabalhistas. governamental no conflito capital-trabalho e o fim do juiz classista.

Questão 04: Questão 06:


Resolução: Getúlio Vargas criou em 1930 o Ministério do Resolução:
Trabalho, Indústria e Comércio. Aprovou a legislação trabalhista a) Para dar legitimidade à ditadura varguista.
que garantia salário mínimo, previdência social, sindicatos, etc. b) O desenvolvimento do nacionalismo e da legislação trabalhista.
Com essas medidas Vargas consegue ter o operariado como
aliado. O caráter paternalista de certas medidas é inegável mas Questão 07: Alternativa D
trouxe um mínimo de direitos aos trabalhadores. Questão 08: Alternativa C
Questão 09: Alternativa D
Questão 05: Questão 10: Alternativa A
Resolução: Antes os operários eram tratados como marginais e Questão 11: Alternativa A
eram duramente reprimidos pelo governo. Posteriormente, Vargas Questão 12: Alternativa A
criou uma legislação trabalhista procurando tutelar o operariado Questão 13: Resolução:
pelo governo. A organização política do Estado Novo seguiu o modelo dos
regimes nazifascistas, em expansão na Europa. Podem ser
Questão 06: indicados como características do regime: centralização do Estado,
Resolução: Antes o operariado e o sindicalismo era tratado como fortalecimento da figura do Presidente da República, política de
caso de polícia. Com Vargas houve a incorporação dos sindicatos propaganda, organização e valorização da burocracia estatal, etc.
ao Estado (corporativismo) O comentário sobre a(s) característica(s) escolhida(s) deve ser
encaminhado no sentido de justificar a forma autoritária de Estado.
Questão 07: Alternativa C O contexto da década de 30 pode ser caracterizado por vários
Questão 08: Alternativa E elementos como: depressão econômica, avanço internacional do
movimento comunista e expansão dos regimes fascistas.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


307
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

Questão 14: Alternativa E Questão 02:


Resolução:
Questão 15: a) Reforma Agrária.
Resolução: b) Determinar o que são terras improdutivas e devolutas; forte
a) Constituição de 1937, também conhecida com a "Polaca", reação conservadora no Congresso.
inspirada na Carta Del Lavoro do fascismo italiano. c) Simpatia e apoio ao programa, além de contínua mobilização.
b) O Estado Novo representou a consagração de alguns direitos
trabalhistas importantes, tais como a instituição do salário mínimo Questão 03:
(1940), o estabelecimento da consolidação das Leis de Trabalho Resolução: O comício de João Goulart na Central do Brasil em
(CLT, 1943) e a cristalização das juntas de conciliação e defesa das Reformas de Base, insere-se no contexto da crise
julgamento do Ministério do Trabalho (1939). Também veio a política gerada após o governo JK que colocou em conflito o
consagrar o sindicato único por profissão (Lei Sindical de 1939), nacionalismo e o desenvolvimentismo apoiado no capital
verticalizado, atrelado ao Estado e a ele totalmente subordinado, estrangeiro. As reações populares contra a inflação, o aumento do
de modo a impedir qualquer outra modalidade de organização dos custo de vida e as distorções sociais em face ao desenvolvimento
trabalhadores. industrial incrementado por Jucelino Kubitschek, alarmaram os
setores conservadores que pregavam o "perigo comunista" e os
AULA 20 Estados Unidos que temiam a política enocômica desvinculafa dos
interesses do capital estrangeiro, cuminando com o Golpe militar
Questão 01: Alternativa D de 31 de Mar de 1964.
Questão 02: Alternativa D
Questão 03: Alternativa B Questão 04:
Questão 04: Resolução: Plano de caráter populista que pretendia manipular a
Resolução: opinião pública. Seu desenvolvimentismo trouxe inflação, dívida
A preponderância cultural americana no Brasil pode ser observado externa e dependência do capital externo.
no cinema, com a criação de companhias cinematográficas; na
música, com a influência do jazz na Bossa Nova. Questão 05:
Resolução: Desenvolvimento econômico do país e a dificuldade
Questão 05: Alternativa D industrial principalmente a de bens de consumo.
Questão 06: Alternativa D
Questão 07: Alternativa E Questão 06:
Questão 08: Resolução:
Resolução: a) Jânio da Silva Quadros
Cinema novo, bossa nova, poesia concreta, teatro de arena e b) O Presidente queria adotar uma política de "independência"
tropicalismo externa, não submeter-se às influências de quaisquer países.

Questão 09: Alternativa D Questão 07: Alternativa D


Questão 10: Alternativa C Questão 08:
Questão 11: Alternativa A Resolução: Indústria de bens de consumo duráveis
Questão 12: Alternativa A (automobilística), capital internacional (multinacionais) concentrada
Questão 13: Alternativa B no sudeste.
Questão 14:
Resolução: Questão 09: Alternativa B
Interesse no contexto do 2º Governo de Vargas e de sua política Questão 10: Alternativa C
nacionalista, cujo resultado foi a criação da Petrobrás. Questão 11: Alternativa C
Questão 12:
Questão 15: Resolução:
Resolução: a) Entre uma República Parlamentarista ou Presidencialista.
a) Política estatal de manipulação das aspirações populares. b) Não ao Parlamentarismo.
b) A legislação trabalhista e a sindicalização. c) João Goulart teve restabelecido seus poderes plenamente.
c) Porque os sindicatos eram atrelados ao governo e a oposição
reprimida. Questão 13: Alternativa D
Questão 14: Alternativa C
AULA 21 Questão 15: Alternativa A

Questão 01: AULA 22


Resolução:
a) Implantação da indústria automobilística, telefonia e bens de Questão 01: Alternativa D
consumo.
b) Estavam contidas no seu Plano de Metas. Questão 02:
Resolução:
a) Ditadura militar - Estado autoritário.
b) Ditadura, autoritarismo, repressão, censura
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
308
RESPOSTAS E COMENTÁRIOS DOS EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Questão 03: Questão 03:


Resolução: Resolução:
a) Regime autoritário, sem democracia. a) Surgiu com o primeiro plano nacional de desenvolvimento, onde
b) A aqueles que inicialmente apoiaram as forças reacionárias, o PIB e as exportações aumentaram.
ligadas a igreja católica. b) Foi um falso "milagre" pois a riqueza aumentou mas não houve
distribuição de renda.
Questão 04:
Resolução: O Realismo literário de Lima Barreto, no início da Questão 04: Alternativa E
República; A Semana de Arte Moderna, na crise da República Questão 05: Alternativa C
Oligárquica; A Bossa Nova e o Cinema Novo com o Questão 06: Alternativa A
desenvolvimento do governo JK.
Questão 07:
Questão 05: Resolução:
Resolução: Os problemas dos trabalhadores urbanos e rurais, a) Não houve distribuição de renda. Pelo contrário, houve uma
reforma agrária, miséria, pobreza, dívida externa, saúde pública, concentração da riqueza gerada.
educação e etc.. b) Foi o período de maior repressão política, social e cultural,
culminando com desaparecimentos, torturas e mortos.
Questão 06:
Resolução: Foi realizada por um setor minoritário para conservar a Questão 08: Alternativa C
"ordem vigente" ou o "Status Quo" Questão 09: Alternativa A
Questão 10: Alternativa C
Questão 07: Questão 11: Alternativa E
Resolução: Questão 12: Alternativa D
a) Foi decretado o AI nº 5. Questão 13: Alternativa E
b) Costa e Silva.
c) Aumento do poder do presidente, implantando censura, Questão 14:
cassações, expurgos, suspensão do habeas corpus, etc. Resolução:
a) A recusa da Câmara dos Deputados em autorizar que o governo
Questão 08: militar processasse o deputado federal Márcio Moreira Alves, do
Resolução: MDB, devido ao discurso por ele proferido, o qual fora considerado
a) Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal - crítica popular. ofensivo pelas Forças Armadas.
b) Arena conta Zumbi, Arena conta Tiradentes. b) Restabelecimento das cassações de mandatos e da suspensão
de direitos políticos; suspensão do direito de "habeas corpus".
Questão 09: c) Na democracia, existe liberdade de expressão, a qual é
Resolução: O bipartidarismo foi caracterizado pelos partidos cerceada na ditadura. Na democracia, há também a liberdade de
ARENA (Aliança Renovadora Nacional) que congregava partidários organização político-partidária e, consequentemente, a liberdade
do Regime Militar e MDB (Movimento Democrático Brasileiro) que de voto, as quais inexistem na ditadura
se apresentava como oposição.
O Sistema bipartidário mantinha a aparência democrática porém, Questão 15:
na prática dificultava a representação da sociedade civil sujeita às Resolução: As manifestações de oposição ao regime militar
imposições do Estado. ocorreram até a publicação do AI-5 destacando-se a peça teatral
"Roda Viva" de Chico Buarque de Holanda e a "Musica de
Questão 10: Alternativa A protesto" como "Pra não dizer que não falei das flores" de Geraldo
Questão 11: Alternativa A Vandré.
Questão 12: Alternativa A
Questão 13: Alternativa C AULA 24
Questão 14: Alternativa E
Questão 15: Alternativa D Questão 01:
Resolução: A Campanha pretendia devolver ao povo o direito
AULA 23 soberano de escolher, por si mesmo, seus governantes e
radicalizar o processo de abertura.
Questão 01: Resolução: 01+04+08+16=29
Questão 02: Questão 02:
Resolução: Resolução: O Brasil enfrentava grave crise econômica decorrente
a) Movimento estético artístico surgido no contexto do regime do aumento da inflação e o governo militar enfrentava protestos
autoritário. dos mais diversos setores da sociedade, com destaque para as
b) Entre os tropicalistas, supostamente, não havia um greves no ABC paulista.
"engajamento" político-partidário. Durante o governo Figueiredo foi restaurado o pluripartidarismo
suprimindo-se o bipartidarismo (ARENA e MDB)

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


309
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

Questão 03: b) O projeto do governo João Goulart, expressa um momento de


Resolução: forte pressão dos mais diversos setores da sociedade por
a) Mobilização popular em prol da emenda do deputado Dante de reformas, diante das transformações que ocorrem no Brasil a partir
Oliveira pelas eleições direitas. do governo JK.
b) Era o clamor popular exigindo, pela maioria, a democratização O projeto do governo Geisel fundamentado no binômio
plena so país. desenvolvimento e segurança, evidencia a estreita ligação entre o
regime militar e o capital externo, sobretudo norte-americano.
Questão 04:
Resolução: A anistia política iniciada em 1979 favoreceu o retorno Questão 13:
de políticos, intelectuais e artistas exilados durante o período de Resolução:
linha dura. a) Elevação dos preços no mercado internacional e redução da
A reformulação partidária acabou com o bipartidarismo (ARENA E produção.
MDB), possibilitando o surgimento de novos partidos como o PDS, b) a Crise do Petróleo comprometeu o "Milagre Econômico"
PMDB, PP, PTB, PDT e PT. aumentando a dívida externa e estimulando programas alternativos
de produção de energia como o Proalcool e a produção de energia
Questão 05: nuclear.
Resolução:
Um dentre os desdobramentos: Questão 14:
- articulação política entre conservadores e liberais Resolução:
- fundação do PFL a) Entre os objetivos do movimento a derrubada do governo de
- eleição de Tancredo Neves Gaulle e o processo de revolução social e cultural e como limite
- fim dos governos militares deverá mencionar a ausência de um projeto mais definido e as
divisões das diferentes correntes (anarquistas e comunistas) dentro
Questão 06: Alternativa C do movimento estudantil e dos demais setores sociais.
Questão 07: Alternativa D b) A luta estudantil no Brasil contra o regime autoritário imposto em
Questão 08: F V F V F 1964 e a reivindicação por mais vagas e verbas para as
Questão 09: V-V-F-F-V universidades públicas são reflexos dos acontecimentos na França.
Questão 10: Resposta: Alternativa
Resolução:
Duas dentre as ações: Questão 15: Alternativa C
- adiamento das eleições presidenciais marcadas para 1965, sem
nova data AULA 25
- instituição dos IPM e cassações de políticos que apoiavam o
golpe em 1964 Questão 01: Alternativa C
- aumento da repressão, provocando divisões no interior das Questão 02: Alternativa A
facções presentes no movimento de 1964 Questão 03: Alternativa C
- aumento da repressão ao movimento sindical e a eliminação dos Questão 04: Alternativa C
partidos tradicionais, provocando maior controle sobre os Questão 05: Alternativa B
oposicionistas Questão 06: Alternativa B
- controle, de forma mais contundente, por parte das agências Questão 07: Alternativa A
oficiais de informação e repressão, que se constituiu em um poder Questão 08: Alternativa D
paralelo dentro do Estado Questão 09: Alternativa E
Questão 10: Alternativa C
Questão 11: Questão 11: Alternativa A
Resolução: Questão 12: Alternativa A
a) Porque apesar da origem elitista o futebol passou a ser um meio Questão 13:
de ascensão social para muitos jovens provenientes das camadas Resolução: A Nova República começou após 21 anos de ditadura
menos favorecidas. militar com a vitória do político mineiro Tancredo de Almeida Neves
b) Durante o regime militar a conquista da copa de 1970 serviu que acabou falecendo e, seu vice, José Sarney governou todo o
como propaganda ufanista para fortalecer o prestígio do governo. mandato. A constituição de 1988 intitulada de “Cidadã” foi liderada
pelo doutor Ulysses Guimarães trazendo em seu texto direitos civis
Questão 12: importantes como o direito a greve, crime inafiançável para a
Resolução: prática de racismo, entre outros pontos importantes.
a) A formulação do Plano Trienal, regulamentação do Código
Brasileiro de Telecomunicações (nacionalização dos serviços), Questão 14:
criação da Eletrobrás, concessão à Petrobrás do monopólio de Resolução: Napolitano expressa no texto que a derrota da
fornecimento de derivados de petróleo aos órgãos de governo, mobilização popular na campanha pelas “Diretas Já” não tirou o
autarquias e estatais, proibição do registro de financiamento ímpeto da sociedade na busca pela volta da democracia. Assim, a
estrangeiro para a importação de máquinas e equipamentos que a escritura da Constituição de 1988 é resultado dessa busca.
indústria nacional pudesse fabricar, inauguração Usiminas e
Cosipa.

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


310
RESPOSTAS E COMENTÁRIOS DOS EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Questão 15: No congresso Nacional foi aberto o processo de impeachment,


Resolução: O bem-estar na economia durante a administração de levando o presidente Fernando Collor a renunciar ao cargo. Ainda
Sarney foram ilusórios, uma vez que, para os produtores, os assim, teve seus direitos políticos cassados por oito anos, até
preços congelados eram inviáveis, ocasionando o 2000.
desabastecimento de produtos como carne, leite e gasolina. Com
isso, surgiu o ágio, ou seja, as pessoas pagavam uma diferença Questão 14: Alternativa C
sobre o preço tabelado durante a compra para obter os produtos.
Esse fato foi o grande responsável pelo fracasso do plano, Questão 15:
ocasionando a volta da inflação. Resolução: Plano Collor é o nome dado ao conjunto de reformas
econômicas e planos para estabilização da inflação, criados
AULA 26 durante a presidência de Fernando Collor de Mello (1990-1992),
sendo o plano estendido até 31 de julho de 1993. O nome oficial
Questão 01: Alternativa D era Plano Brasil Novo.
Questão 02: Alternativa E O plano Collor combinava liberação fiscal e financeira com
Questão 03: 02 + 08 = 10. medidas radicais para estabilização da inflação, dentre as quais o
Questão 04: Alternativa E bloqueio da liquidez de contas-correntes, cadernetas de poupança
Questão 05: Alternativa A e outras aplicações, com impactos fortemente impopulares. As
Questão 06: Alternativa B principais medidas de estabilização da inflação foram
Questão 07: Alternativa A acompanhadas de programas de reforma de comércio externo
Questão 08: Alternativa E (abertura para importações) e um programa de privatizações de
Questão 09: 01 + 02 + 08 + 16 = 27. empresas estatais intitulado Programa Nacional de Desestatização,
Questão 10: Alternativa B conhecido como PND.
Questão 11: Alternativa A
Questão 12: Alternativa A AULA 27
Questão 13:
Resolução: Questão 01: Alternativa B
a) Segundo Governo Vargas – Desde 1953, o governo Vargas Questão 02: Alternativa A
vinha sendo alvo de uma série de críticas da oposição política: a Questão 03: Alternativa B
denúncia do favorecimento do governo nos empréstimos ao jornal Questão 04: Alternativa D
Última Hora; o Manifesto dos coronéis, em fevereiro de 1954, Questão 05: Alternativa C
criticando a política econômica e trabalhista do governo; a Questão 06: Alternativa C
revelação de uma suposta ação conjunta entre Vargas e Perón Questão 07: V – V – F – V – F.
para a formação de uma república sindicalista no Brasil, em Questão 08: Alternativa D
oposição à liderança dos EUA. Questão 09: Alternativa E
Com a concessão do aumento de 100% no salário mínimo, a Questão 10: Alternativa A
oposição, liderada por Carlos Lacerda, da UDN, propõe o Questão 11: 02 + 04= 06
impeachment do presidente. Embora rejeitado no Congresso, a Questão 12: Alternativa A
campanha antigetulista continuou. O atentado contra Carlos Questão 13: Alternativa B
Lacerda, na rua Tonelero, em Copacabana, em que morre o major Questão 14: Alternativa B
Rubem Vaz coloca Vargas contra a parede. Descobre-se que as Questão 15:
ordens para o atentado tinham partido do chefe da guarda pessoal Resolução: Senelhança: Em ambos os casos a partir de
de Vargas, Gregório Fortunato. A imprensa denuncia o “mar de denúncias de corrupção no governo veiculadas por orgãos de
lama”, e militares pedem a renúncia ou a deposição do presidente. imprensa, foram estabelecidas Comissões Parlamentares de
O desfecho da crise foi o suicídio de Vargas em 24 de agosto de Inquérito (CPIs) que através de investigações e depoimentos
1954. comprovaram parte das denúncias e evidenciaram esquemas de
b) Governo Collor – O escândalo político começou com a denúncia tráfico de influências e corrupção no governo.
feita pelo irmão do presidente, no início de 1992, Pedro Collor, que Diferença: A partir da comprovação das denúncias e de um grande
acusava o tesoureiro da campanha presidencial, o empresário esforço do presidente Fernando Collor em poupar sua imagem,
Paulo César Farias, de articular um esquema de corrupção de uma grande mobilização popular, em particular as manifestações
tráfico de influência, loteamento de cargos públicos e cobrança de dos "Caras Pintadas", levou o Congresso Nacional a mover um
propina dentro do governo. processo de impeachement que resultou no afastamento do
Este esquema teria como beneficiários integrantes do alto escalão presidente. No caso do presidente Lula, apesar do esforço de parte
do governo e o próprio presidente. No mês seguinte, o Congresso de seus opositores em querer vincular sua pessoa diretamente aos
Nacional instalou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) esquemas de corrupção comprovadamente existentes no governo,
para investigar o caso. nada se comprovou contra ele gozava ainda de grande apoio
Em agosto, durante os trabalhos da CPI, a população brasileira popular, sendo reeleito no ano seguinte.
começou a sair às ruas para pedir o impeachment. Com cada vez
mais adeptos, os protestos tiveram como protagonista a juventude, AULA 28
que pintava no rosto "Fora Collor", com um “L” verde e o outro
amarelo, e "Impeachment Já" - foi o movimento dos "caras- Questão 01: Alternativa C
pintadas". Questão 02: Alternativa D

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência


311
CURSO ANUAL DE HISTÓRIA DO BRASIL – (Prof. Márcio Michiles)

Questão 03: 01 + 04 + 08 = 13. universalizantes, a saber: a idade mínima passa a ser de 18 anos e
o voto tornava-se secreto.
Questão 04:
Resolução: Em Atenas eram considerados cidadãos os homens, Questão 11: Alternativa C
maiores de 21 anos e que fossem atenienses natos, ou seja, 15% Questão 12: Alternativa C
da população; Questão 13: Alternativa B
No Brasil atual, o acesso à cidadania, no que tange ao direito ao Questão 14: 01 + 02 + 08 = 11.
voto, é amplo: todo e qualquer cidadão brasileiro (nascido ou Questão 15: Alternativa A
naturalizado), ao atingir a idade mínima necessária, pode votar.

Questão 05: Alternativa E


Questão 06: Alternativa A

Questão 07:
Resolução: Desde a Antiguidade Clássica Ocidental, Grécia e
Roma, ocorreu um processo de concentração fundiária nas mãos
da aristocracia agrária surgindo uma oligarquia que monopolizava
a economia e a política. Na Roma, durante o período da República,
509-27 a.C. surgiram lideranças políticas que defenderam a
reforma agrária como forma de resolver os problemas sociais,
segurar o homem no campo evitando o êxodo rural, gerando
alimento para abastecer as cidades e aliviar as tensões sociais. Os
irmãos Gracos, Tibério e Caio, lutaram pela causa dos
camponeses, no entanto, foram mortos pela elite agrária que não
possuía nenhum interesse na reforma agrária. No Brasil, desde o
Período Colonial, em 1534 com a criação das Capitanias
Hereditárias, iniciou-se o processo de concentração fundiária nas
mãos de poucos. Este modelo de concentração fundiária perpetuou
por toda a História do Brasil. No início da República Brasileira
desenvolveu-se a ideia de fazer uma reforma agrária visando
“mudanças na relação com os bens da natureza, na produção de
alimentos e nas relações sociais no campo. (...). A terra precisa ser
democratizada e cumprir com sua função social. (...) Lutamos e
exigimos uma política efetiva, estruturante e massiva de Reforma
Agrária Popular, indispensável para a permanência das famílias no
campo, com produção e distribuição de riquezas.” Tanto em Roma
no período da República quanto na história do Brasil recente, os
trabalhadores entendem a necessidade da democratização da
terra. Vale destacar que ocorreu e ainda ocorre um processo
violento contra estes trabalhadores rurais bem como contra índios
e quilombolas que lutam por suas terras e direitos. Historicamente,
a posse da terra é monopólio da elite e os pobres buscam seus
direitos

Questão 08: Alternativa D


Questão 09: Alternativa A
Questão 10:
Resolução: a) Em 1824 foi elaborada a primeira constituição do
Brasil. A Carta foi outorgada e o poder público se dividiu em 3
poderes, no entanto, criou-se um "quarto poder", o Moderador,
exercido exclusivamente por D. Pedro I, que ficaria acima dos
outros três poderes. O sistema eleitoral adotado foi elitista e
seletivo, pois estabeleceu o voto censitário, masculino e com idade
superior a 25 anos, havendo uma concessão aos casados e oficiais
militares acima de 21 anos e a todos os clérigos e bacharéis. Ou
seja, esta magna carta excluiu a grande maioria de exercer a
cidadania.
b) Na Era Vargas (1930-1945), exatamente no ano de 1932, foi
elaborado um Código Eleitoral que assegurava o direito de votar a
todos os brasileiros de ambos os sexos e acima de 21 anos, bem
como aos estrangeiros registrados no país. Este documento foi
mantido na Constituição de 1934 com pequenos reparos, todos
VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência
312

Você também pode gostar