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FICHAMENTO

MANTOUX, Paul. A Revolução Industrial no século XVII: Introdução. Editora


Hucitec: São Paulo, 1890, 4ª edição.
O presente trabalho refere-se a um breve resumo sobre o capítulo
introdutório do livro: A Revolução Industrial no século XVII, do historiador
francês Paul Mantoux.

O referido capítulo tem como foco discutir o processo de surgimento da


chamada “grande indústria moderna”, baseando-se para tanto, na função de
grande relevância cumprida pela produção têxtil Inglesa nesse momento
histórico.

A primeira diferenciação feita pelo autor é sobre o conceito de grande


indústria, afinal, já havia certa mecanização nos processos produtivos antes da
Revolução Industrial. O que faz a indústria emergente no século XVII ser
chamada de grande indústria é o fato desta não ter mais o trabalhador como
fator principal da produção, mas sim como peça quase acessória, tornando-se
a máquina o centro do processo.

Dessa forma a fábrica ganha uma função importante, revolucionando a


forma de organização da sociedade. Esse é o principal foco do autor ao longo
da obra, demonstrar o quanto o advento da Indústria teve um cunho
revolucionário, ao sacudir a forma de organização social

Os grandes volumes de produtos fabricados impulsionam uma nova


organização do mercado, desembocando em uma necessidade insaciável de
vendas por parte do capitalista. Todo esse processo gera por exemplo, guerras
comerciais por mercados já consolidados e a busca por novos, transformando
os mais longínquos cantos do globo, em prováveis mercados consumidores.

O autor ressalta brilhantemente, a forma piramidal que podemos


enxergar a referida organização social proposta pela grande indústria. Na base
da pirâmide, o acumulo do trabalho duro humano, no topo “estritamente
concentrado, o amontoado crescente dos capitais”.
Foi a Grande Industria, dessa maneira, a fomentadora da forma como
hoje se organiza a sociedade europeia atualmente, influenciando por exemplo
no grande crescimento demográfico registrado na Inglaterra após o fim do
Feudalismo e ascensão das indústrias. A verdade é que a sociedade se
organiza dentro de certos padrões, a grande indústria determinando a ordem
econômica, a ciência positiva no campo intelectual e a democracia na ordem
política.

Ainda são muito comuns as confusões com o conceito de grande


indústria, muitos dizem que a grande indústria pode assim ser considerada por
abarcar um mercado consumidor muito maior do que seria uma indústria local.
No entanto essa não é uma afirmação verdadeira, o que de fato caracteriza a
grande indústria é esta ser um regime de produção, movimentando um sistema
social muito mais complexo do que só sua questão comercial.

Alguns autores argumentam que já existia grande Indústria na França no


reinado de Luís XVI, no entanto, o que esses autores consideram como grande
indústria não se trata de uma instituição de surgimento “espontâneo” como foi
na Inglaterra, mas sim de uma indústria gerada por influência da coroa
francesa e com recursos advindos da mesma.

Na Inglaterra, o processo de instituição da grande indústria se iniciou


com a atividade de mercadores do norte e oeste do país, que começaram a
produzir, ainda que de forma simples e limitada, seus tecidos em regime fabril.

Contrariando os interesses da coroa inglesa, essa “indústria em


formação” favoreceu o acumulo financeiro por parte de alguns já ricos
mercadores e dificultou a atividade comercial dos pequenos tecelões
campesinos, além de instituir o trabalho estratificado, onde cada operário é
responsável por uma pequena parte do processo, característica basilar da
grande indústria.

Assim o autor chega à conclusão de ser a máquina a grande


diferenciadora da grande indústria, mas qual o sentido então, de não se
chamar esse processo de maquinarismo? A resposta é muito complexa, mas
caminha no sentido de mostrar que a grande indústria representa muito mais
do que só a introdução de máquinas na produção, mas por uma série de outras
questões, como o distanciamento do trabalhado de todo o processo produtivo.

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