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Portanto, trata-se de uma sociedade que soube usar a seu favor os recursos
tecnológicos no contexto em que o capitalismo florescia pautando os interesses
econômicos no aumento da produtividade e lucratividade. Ainda assim, isso não explica
porque ocorreu na Grã-Bretanha e no séc. XVIII, por que não ocorreu na Espanha ou
Portugal que foram pioneiros nas navegações ultramarinos, ou no séc. XVII com a
revolução cientifica, ou no contexto da Reforma Protestante quando prolifera a ideia do
“espírito capitalista”, mesmo a reforma ter ocorrido dois séculos antes. Hosbawm rejeita
todas essas interpretações e ainda cita como exemplo que “as partes dos Países Baixos
que permaneceram católicos (a Bélgica) industrializaram-se antes daquela parte que se
tornou protestante (a Holanda) (idem, p. 36). Ele ainda aponta rejeita fatores políticos,
pois todos os países desejavam se industrializar, mas o governo britânico estava mais
comprometido com políticas aliadas ao capitalismo, busca pelo lucro acima de outros
objetivos.
Voltemos para nossa viaja a 1750, aquela sociedade pungente apresentava-se as
principais pré-condições para a industrialização ou poderia cria facilmente, a
transformação do homem do campo em massa no processo descrito por Polanyi de
“Moinho satânico” escancara a brutal violência que o capitalismo provoca na sociedade,
na medida que retira os meios de produções e insere maquinário. Estamos vendo o início
da insaciável busca por matéria-prima e mão-de-obra para gerar lucro à burguesia.
Podemos citar ainda que a Grã-Bretanha pode contar com um mercado interno
protegido pelo governo e o externo garantia a segurança para empresários investir nas
suas produções, pois ambas os mercados eram fortes e geravam retornos satisfatórios.
Mas falamos sobre industrialização britânica não podemos esquecer do algodão que
alavancou esse processo, evoluindo gradativamente a sociedade via as máquinas serem
inseridas e aprimoradas, bem como, víamos também força do imperialismo colocando
seus tentáculos nas colônias, ao passo que avançava, fazia crescer as exportações
britânicas.
É muito comum ouvimos falar hoje sobre “Livre Comércio”, mas os países que
foram se industrializando protegeram sua economia e só depois passaram a exigir uma
economia de mercado, na qual o mercado está subordinado a auto-regulação, exigindo
que todos sigam a lógica do mercado. Sendo a primeira a se industrializar poderá defender
tranquilamente o livre comércio internacional, pois terá a capacidade econômica de obter
as maiores vantagens. As diferentes economias do globo pautavam seu desenvolvimento
especializando-se em um produto destinado a servir a economia britânica
Até 1770, mais de 90% das exportações britânicas de algodão dirigiam-se para
os mercados coloniais dessa forma, e sobretudo para a África. A enorme
expansão das exportações após 1750 deu ímpeto à fabricação entre aquele ano
e 1770 as exportações de algodão mais que decuplicaram. (...) As plantações
de algodão das Índias Ocidentais supriam a matéria-prima necessária, até que
na década de 1790 a atividade algodoeira ganhou uma nova fonte de matéria-
prima, praticamente ilimitada, nas plantações do sul dos Estados Unidos, cuja
economia passou assim, no fundo, a depender de Lancashire. O mais moderno
centro de produção preservou e ampliou, assim, a mais primitiva forma de
exploração do trabalho, a escravatura. (HOSBAWM, 2000, p. 55)
Essa política imperialista, pois a Grã-Bretanha fazia uso da guerra também, foi
construindo em torno de si uma economia forte globalmente, em que as economias que
nela orbitavam dependia dela, muito comum nos dias atuais quando comparamos o poder
econômico dos EUA e sua política imperialista em países subdesenvolvidos. Mas
podemos perceber também que assim como a Grã-Bretanha viveu o auge do liberalismo
e depois o declínio, quando outros países passaram pelo mesmo processo de
industrialização e então reduziu a dependência em relação às importações de alimentos e
matérias-primas da Grã-Bretanha, logo, podemos concluir que o liberalismo e assim
como o capitalismo tem um fim anunciado.
MARX, Karl. O capital: crítica da economia política [1867]. São Paulo: Boi Tempo,
2011.