Você está na página 1de 5

CPTL - CÂMPUS DE TRÊS LAGOAS

HISTÓRIA – LICENCIATURA
FICHAMENTO

Texto 9 – HOBSBAWM, E. “A Revolução Industrial” In A era das


Revoluções).

Pg. 36 I

Somente na década de 1830 a literatura e as artes começaram a se interessar


abertamente pela ascensão da sociedade capitalista.

Pg. 37 O próprio termo “Revolução Industrial” só surge por volta de 1820, mas esta
já existia na Inglaterra muito antes do termo.

Afirma-se nesse sentido que a revolução industrial explodiu, referindo-se a


partida para o crescimento auto-sustentável. A pré-história desse processo
pode ser traçada na Europa, remontando até cerca do ano 1000 de nossa era,
em um processo de acumulação.

Pg. 38 Apesar disso, a revolução industrial não teve um princípio e um fim, afinal,
sua essência, de mudança revolucionária, se tornou a norma desde então. Mas
o ponto de partida da revolução pode ser situado entre os 20 anos de 1780 a
1800, sendo contemporânea a Revolução Francesa, mesmo que um pouco
anterior a ela. Essa não foi acidental, parecendo haver uma disputa pelo
pioneirismo da revolução industrial no século XVIII. Entretanto, seja qual for
a razão para o avanço britânico, certamente não se deve à superioridade
tecnológica e científica.

Pg. 39 Não foram precisos muitos refinamentos intelectuais, afinal, suas invenções
técnicas foram muito modestas, o que não elimina o fato de que muitos dos
primeiros industriais estavam interessados na ciência em busca de seus
benefícios práticos.

Pg. 40 Mas as condições adequadas já haviam sido encontradas na prática. Tudo o


que os industriais precisavam mesmo era de dinheiro, por isso, a maior parte
do século XVIII foi marcada, na Europa, por um período de prosperidade e
de cómoda expansão econômica.

Pg. 41 A maior parte dessa expansão do século XVIII não levou imediatamente a
uma revolução industrial, ou seja, a criação de um sistema fabril. Além disso,
as primeiras revoluções industriais ocorreram em uma situação hisórica
especial.

Pg. 42 II
A indústria algodoeira britânica foi um subproduto do comércio ultramarino.
Inicialmente, as proibições de importação de chitas indianas deu à indústria
algodoeira nativa uma chance. Suas maiores chances, entretanto, estavam no
ultramar. Nesse sentido, a escravidão e o algodão marcharam juntos.

Pg. 43 Ao menos parte dos escravos africanos eram comprados com produtos de
algodão indianos, além disso, as plantações das índias Ocidentais, onde os
escravos eram arrebanhados, forneciam o grosso do algodão para a indústria
britânica.

Nesse sentido, a indústria algodoeira, pelo empuxo do comércio colonial a


que se ligava, foi uma espécie de planador. Encorajando o empresário a
adotar as técnicas revolucionárias para lhe fazer face. Nesse sentido, em
termos de venda, a revolução industrial pode ser descrita como a vitória do
mercado exportador sobre o doméstico, especialmente quando se trata dos
primeiros anos da década de 1780, refletindo especialmente nos mercados
colonial e semicolonial.

Pg. 44 Nessa indústria britânica, destacam-se duas regiões importantes nessa compra
de seus produtos: a América Latina e as índias Orientais. Somente os
chineses se recusaram a comprar do ocidente, até a chegada do ópio.

Dessa forma, o algodão tentava os empresários privados a se lançarem na


aventura da revolução industrial, além de produzir uma expansão rápida o
suficiente para torná-la uma exigência Além disso, também fornecia outras
condições que possibilitaram a revolução industrial, como os novos inventos.

Pg. 45 Além disso, os lucros correntes também podiam financiar a expansão da


indústria.

Toda a matéria prima vinha do exterior, isso porque na colônia podia-se


recorrer a métodos rápidos, como a escravidão e a abertura de npvas áreas de
cultivo, que não eram possíveis na Europa por conta dos interesses agrários
espabelecidos.

No século XVIII, a maneira óbvia de se expandir não era construir fábricas,


mas sim o sistema doméstico.

Pg. 46 A tecelagem veio a ser mecanizada apenas uma geração depois da fiação,
fazendo com que os teares fossem morrendo vagarosamente por toda parte.

III

É nesse sentido que o autor afirma estar correta a perspectiva tradicional que
afirma que a história da revolução industrial britânica se deu em termos de
algodão.
Pg. 47 Apesar disso, esse progresso não foi tranquilo, enfrentando por volta de 1830
e 1840 problemas de crescimento, resultando na primeira crise geral do
capitalismo. As consequências mais sérias foram sociais: “a transição da nova
economia criou a miséria e o descontentamento, os ingredientes da revolução
social.”. Essa se deu na forma de levantes espontâneos, promovidos e
apoiados não apenas pelas populações pobres, mas também por outras
classes, como os fazendeiros, simpatizando com tais ideias, pois se viam
como vítimas da minoria de inovadores egoístas.

Pg. 48 Para os capitalistas, entretanto, esses problemas só seriam relevantes para a


economia se derrubassem a ordem social.Entretanto, algumas falhas se
tornaram presentes no processo econômico, ameaçando o lucro. As três
falhas mais óbvias eram, “o ciclo comercial de boom e depressão”; “a
tendência de diminuição da taxa de lucro”; “a escassez de oportunidades de
investimento lucrativo”.

Pg. 49 As muitas vantagens de uma produção barata começam a diminuir depois de


1815, reduzindo as margens de lucro, Isso porque, primeiramente, a
revolução industrial e a competição provocaram uma queda dramática e
constante no preço dos artigos acabados, e segundo porque depois de 1815 a
situação geral dos preços era de deflação e não de inflação, sofrendo um leve
retrocesso.

Pg. 50 Isso podia ser solucionado pela diminuição do salário, mas isso teria um
limite fisiológico, já que os trabalhadores não poderiam morrer de fome. Por
isso, o custo de vida precisava cair, para que os salários pudessem diminuir.
Isso foi feito em um combate a legislação protecionista. O sucesso disso foi
variável.

Pg. 51 Resultando em uma adoção geral, ou melhoramento, da maquinaria já


existente, ao invés de uma revolução tecnológica adicional. Nesse sentido, a
real e substancial aceleração das operações da indústria iria ocorrer na
segunda metade do século.

IV

Para esse desenvolvimento, é preciso uma capacidade de bens de capital, e


um mercado de massa, posto ao alcance dos homens de negócio, o que só
passa a existir durante a revolução industrial, Isso se dá particularmente como
uma dificuldade na questão da metalurgia e especialmente a do ferro. Cujo
aumento de capacidade se deu por algumas inovações simples.

Pg. 52 O que certamente não era o suficiente para fazer da Grã-Bretanha um enorme
produtor de ferro.
Nesse sentido, a mineração do carvão quase não exigiu nem sofreu revolução
tecnológica, sendo uma indústria grande o bastante para estimular a invenção
básica que iria transformar as indústrias de bens de capital, a ferrovia.

Pg. 53 Nesse sentido, tecnologicamente, a ferrovia é filha das minas de carvão do


norte da Inglaterra. A ferrovia incendiou, como nenhuma outra inovação
tecnológica da revolução industrial, a imaginação, sendo absorvida pela
imagística da poesia erudita e popular. Esse crescimento se dá porque
nenhuma outra invenção revelava tanto para o leigo o poder e a velocidade da
nova era, sendo portanto “o próprio símbolo do triunfo do homem pela
tecnologia.”.

Pg. 54 Os homens de negócio possuíam paixão pelas ferrovias, e por isso os


investimentos. Tais investimentos, entretanto, não rendiam muitos lucros,
chegando muitas vezes a nem mesmo dar lucro. Entretanto, as classes ricas
acumulavam dinheiro de forma tão rápida que excederam todas as
possibilidades disponíveis de gasto e investimento.

Pg. 56 V

O autor passa agora a traçar a mobilização e transferência de recursos


econômicos, a adaptação da economia e da sociedade necessária para manter
o novo curso revolucionário.

O primeiro fator, era o da mão-de-obra, afinal, o aumento da população não


agrícola, urbana, pela expulsão destes do campo, resultou no aumento da
população no geral, exigindo um maior fornecimento de alimentos,
culminando em uma “revolução agrícola”.

Pg. 57 Todas essas transformações somente se deram por uma transformação social,
e não tecnológica, através da “liquidação (com o ‘Movimento das Cercas’) do
cultivo comunal da Idade Média com seu campo aberto e seu pasto comum,
da cultura de subsistência e de velhas atitudes não comerciais em relação À
terra.”. Tal transformação teve sucesso, em âmbito econômico, mas destroçou
os camponeses. Mas esse processo já era previsto, afinal, onde mais se
conseguiria mão de obra se não desses indivíduos expulsos do campo.

Pg. 58 “Não obstante, essas forças eram mais fortes na Grã-Bretanha que em outras
partes. Se não o fossem, o desenvolvimento industrial britânico poderia ter
sido tão dificultado como o foi o da França pela estabilidade e relativo
conforto de seu campesinato e de sua pequena burguesia, que destituíram a
indústria da necessária injeção de mão-de-obra.”.

Entretanto, essa mão de obra também precisava ser qualificada,


acostumando-se ao ritmo regular de trabalho diário ininterrupto, bem como
responder aos incentivos monetários. Por isso, era mais conveniente
empregar mulheres e crianças, ou até mesmo estabelecer um subcontrato ou a
prática de fazer dos trabalhadores qualificados os verdadeiros empregadores
de auxiliares sem experiência.

Pg. 59 Isso era possível pois a vagarosa semi-industrialização da Grã-Bretanha nos


séculos anteriores havia introduzido um reservatório de habilidades
adequadas, tanto na indústria têxtil quanto no manuseio dos metais.

Entretanto, os indivíduos que controlavam a maior parte do capital no século


XVIII relutavam em investi-lo nas novas indústrias, fazendo com que os
primeiros industriais fossem mais duros e seus trabalhadores mais
explorados.

Não havia dificuldades quanto à técnica comercial pública ou privada, até


porque até mesmo as velhas leis, que tinham caído em desuso a muito tempo
foram finalmente abolidas.

Pg. 60 “ A Revolução Francesa forneceu aos franceses — e, através de sua


influência, ao resto do continente — mecanismos muito mais racionais e
eficientes para tais propósitos. Na prática, os britânicos se saíram
perfeitamente bem e, de fato, consideravelmente melhor que seus rivais.”.

Com isso, construiu-se a primeira economia industrial de vulto.

“E tanto a Grã-Bretanha quanto o mundo sabiam que a revolução industrial


lançada nestas ilhas não só pelos comerciantes e empresários como através
deles, cuja única lei era comprar no mercado mais barato e vender sem
restrição no mais caro, estava transformando o mundo. Nada poderia detê-la.
Os deuses e os reis do passado eram impotentes diante dos homens de
negócios e das máquinas a vapor do presente.”.

Você também pode gostar