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CPTL - CÂMPUS DE TRÊS LAGOAS

HISTÓRIA – LICENCIATURA

Nome: Rafaela dos Santos Teixeira

FICHAMENTO

MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem conceitual das noções de raça,


racismo, identidade e etnia. Palestra proferida no 3° Seminário Nacional
Relações Raciais e Educação- PENESB-RJ, 05/11/03. PP. 1-17.

Pg. 1 O conceito de raça, etimologicamente falando, aparece a primeira vez nos


estudos da zoologia e da botânica, com o objetivo de classificar as variadas
espécies de animais ou plantas.

Já em outro aspecto, raça, no latim medieval, significava linhagem,


descendência e servia para diferenciar as classes sociais de período. Exemplo
disso é a França dos séculos XVI-XVII, onde o termo raça surge para
identificar uma relação entre classes sociais (nobres e plebeus).

Pg. 2 As descobertas do século XV colocam em dúvida o conceito de humanidade


para os europeus. Sem saber como explicar os povos distintos que
encontravam em outros territórios, fazem uso da teologia e das Escrituras.
Definem como “humano”, aqueles que são descendentes de Adão, para isso,
usam o mito dos três reis magos, justificando a existência de três raças
distintas (negro, branco e amarelo). Apesar da narrativa não incluir o índio,
teólogos usavam argumentos bíblicos para demonstrar sua humanidade.

No século XVIII, o Iluminismo traz a racionalidade para o centro do debate,


voltando às idéias já existentes nas ciências naturais.

A necessidade da classificação humana através das raças se dá graças a


incontestabilidade da diversidade, além de servir para operacionalizar o
pensamento (o que infelizmente resultou em uma hierarquização,
desembocando na raciologia).

Pg. 3 No século XVIII, a cor da pele foi considerada o principal fator de


classificação (dividida entre brancos, negros e amarelos), associando então a
questão da raça à quantidade de melanina no organismo do indivíduo (o que
não faz com que os indivíduos que possuem a mesma concentração sejam
parentes.

Pg. 4 No século XIX, passou-se a acrescentar critérios morfológicos como a forma


do rosto. Entretanto, logo foi possível notar que, algumas características
dependem mais da influência do meio que dos fatores raciais.

No século XX, foram descobertos os marcadores genéticos, porém, as


características presentes no sangue não se relacionavam com parentesco ou
mesmo nacionalidade.

Pg. 5 Comprova-se, a partir de tais conclusões, a inexistência das raças, biológica e


cientificamente. Os patrimônios genéticos dos indivíduos ou populações são
diferentes, mas não o suficiente para serem classificados em raças.

Entretanto, o que problematiza a classificação racial, não é a sua inexistência


científica, mas a hierarquização proposta pelos naturalistas dos séculos XVIII-XIX.

Pg. 6 O conceito raça é carregado de ideologia, pois assim como qualquer


ideologia, possui uma relação de poder e dominação, variando de acordo com
o lugar.

Trabalhos na área das ciências sociais justificam o uso do conceito raça


considerando-a uma construção sociológica e uma categoria social de
dominação e de exclusão.

Pg. 7 O conceito de racismo foi criado por volta de 1920, se tratando de uma
ideologia que divide a humanidade em grupos, chamados raças. Associando
características físicas a características intelectuais, estéticas, psicológicas e
morais.

Pg. 8 As teorias que justificam o racismo têm origem mística (o mito dos três filhos
de Noé, a primeira classificação religiosa, ancestrais das três raças: Jafé
(ancestral da raça branca), Sem (ancestral da raça amarela) e Can (ancestral
da raça negra, narrada no livro de Gêneses), e histórica (ligada ao
modernismo ocidental, baseada na “classificação dita científica derivada da
observação de características físicas).

Pg. 9 Lineu divide (relacionando intrinsecamente as características biológicas a


qualidades morais) o Homo Sapiens em quatro raças:

 Americano (“moreno colérico, cabeçudo, amante da liberdade,


governado pelo hábito, tem corpo pintado”);
 Asiático (“amarelo, melancólico, governado pela opinião e pelos
preconceitos...”);
 Africano (“negro, flegmático, astucioso, preguiçoso, negligente,
governado pela vontade de seus chefes (despotismo), unta o corpo
com óleo ou gordura, sua mulher tem vulva pendente e quando
amamenta seus seios se tornam moles e alongados.”);
 Europeu (“branco, sanguíneo, musculoso, engenhoso, inventivo,
governado pelas leis, usa roupas apertadas.”).
Pg. 10 A partir dos anos 70, passa a haver um uso generalizado do conceito racismo,
o atribuindo a qualquer tipo de preconceito. Tal uso é um caminho para a
banalização.

Pg.12 “Uma etnia é um conjunto de indivíduos que, histórica ou mitologicamente,


têm um ancestral comum; têm uma língua em comum, uma mesma religião
ou cosmovisão; uma mesma cultura e moram geograficamente num mesmo
território.”

Pg. 13 Tanto o conceito raça, quanto o de etnia são, atualmente, ideologicamente


manipulados.

Pg. 14- Não se pode estabelecer uma única cultura negra ou uma única cultura
15 branca. Existe uma pluralidade na identidade cultural, tanto negra, quanto
branca, ou amarela, “todos tomados como sujeitos históricos e culturais e não
como sujeitos biológicos raciais.”

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