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O termo raça tem sido utilizado por muito tempo em nossa sociedade como forma de
identificar diferentes grupos sociais; na maioria das vezes como indicador de
desigualdade física e biológica. A Biologia e a Antropologia Física criaram a ideia de
raças humanas a partir de traços fenotípicos e genótipos, foi justamente essa ideia que
hierarquizou sociedades e populações humanas (GUIMARÃES, 2003).
Munanga (2003) diz que o conceito de raça é carregado de ideologia, e como toda
ideologia esconde uma coisa não proclamada: a relação de poder e de dominação. Para
o autor a palavra raça é etno-semântica e tem um sentido político e ideológico, pois é
determinado pela estrutura global social e pelas relações de poder que governam essas
estruturas.
Este fato explica os conceitos de negros, brancos e mestiços não terem os mesmos
significados nos diferentes países. Nos Estados Unidos, é aplicado a one - drop rule1 e
o princípio de hipodescendência2 para ser negro; já no Brasil, a identidade racial define-
se pela referência a um continuun3 de cor. Raça não existe como conteúdo biológico,
mas:
Desta forma, na concepção dos teólogos, para provar que era humano era preciso que
descendesse de Adão. A teoria dos reis magos, explicava a origem das três raças. No
entanto, o índio continuava ainda uma incógnita, até que os teólogos encontraram
argumentos religiosos respaldados na bíblia para demonstrar que ele também era
descendente de adão.
O conceito de raça origina do italiano razza, que por sua vez, origina do latim ratio,
significa sorte, categoria e espécie. Segundo Munanga (2003), foi na França que o
conceito de raça passou a atuar efetivamente nas relações entre classes sociais, utilizada
pela nobreza que se identificava com “os Francos” de origem germânica, e a plebe que
se identificavam como “os Gauleses”. O primeiro se consideravam uma raça distinta e
dotada de puro sangue, insinuando suas habilidades especiais e aptidões naturais para
administrar, dominar e podendo até escravizar o segundo.
Os cientistas concluíram que raça não é uma realidade biológica, mas sim um
conceito para explicar a diversidade humana e dividi-las em raças estancas.
Sobre racismo, Munanga (2003) diz que tem origem mítica e histórica. A versão
mítica deriva da história de Noé, que explica a diversidade humana através dos três
filhos Sem, Cam e Jafé ancestrais das três raças. O capítulo nono de Gêneses diz que
Noé depois de conduzir a arca após o dilúvio, encontrou um oásis. Ali estendeu sua
tenda para descansar, depois de tomar vinho, ele deitou-se numa posição na qual sua
nudez ficou exposta. Seu filho Cam, ao encontrá-lo, fez comentários junto aos irmãos a
respeito do estado de Noé. Ele, ao ser informado pelos outros filhos sobre a atitude de
Cam o amaldiçoou-o dizendo que os filhos de Cam seriam os últimos a serem
escravizados pelos filhos de seus irmãos.
Munanga (2003) não compreende como Linneu conseguiu estabelecer cor de pele
com inteligência, cultura e características psicológicas, num esquema hierarquizante,
construindo uma escala de valores nitidamente tendenciosa, afirmando ainda, que esses
elementos de hierarquização sobrevivem até os dias atuais, mesmo com o avanço nas
ciências biológicas que romperam com a ideia biológica de raça.
Appiah (2003) faz duas distinções de racismo: o racismo extrínseco faz distinções
morais entre membros de diferentes raças, porque acredita que a essência racial implica
em qualidades morais relevantes; e o racismo intrínseco é aquele que estabelece
diferenças morais entre indivíduos de raças diversas por acreditarem que cada raça tem
um status moral diferente, independente das características partilhadas por seus
membros.
Munanga (2003) explica que no século XX, o racismo tomou forma de racismo
moderno e seu uso tem sido generalizado, relativizado a um conjunto de pessoas
pertencendo a uma mesma categoria social; nesse caso, os homossexuais, pobres, etc.
Para o autor o uso popular do racismo qualifica qualquer atitude, ou comportamento de
rejeição e de injustiça social como racismo. Ele defende que o conceito de raça se
encontra presente nas representações e imaginários coletivos justificando o racismo
entre pessoas de origem racial diferente.
CANINO, Leôncio; SILVA, Patrícia da; MACHADO, Aline; PEREIRA, Cícero. A face
oculta do racismo no Brasil: Uma análise psicossociológica. Revista Psicologia Política.
www.fafich.ufmg.br./~psicol/pdf1r1/Leôncio.pdf.
Atividade 2: Após assistir o filme o elo perdido faça um texto abordando sobre como as
diferenças raciais foi percebido pela ciência no século XVIII
Sugestão de livro: CARONE, Iray, BENTO, Maria A.Silva (org.). Psicologia Social do
Racismo: Estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis RJ; Vozes,
2002.