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RACISMO

Racismo e preconceito
Existem diferenças conceituais entre os termos racismo e preconceito. O preconceito, na raiz da palavra, é a
formulação de um conceito sobre algo sem antes o conhecer. O preconceito, por exemplo, pode ser julgar que um
alimento é ruim por seu aspecto físico. Trazendo para as relações sociais, o preconceito consiste no prejulgamento
de algo sem, de fato, conhecê-lo.
Nas relações sociais, o preconceito pode acontecer por conta da sexualidade (prejulgar uma pessoa homossexual);
do gênero (julgar uma mulher como inferior a um homem, ou uma pessoa transgênero); da condição física (julgar
uma pessoa deficiente ou de baixa estatura, por exemplo, como incapaz); e da raça (cor da pele).
Quando o preconceito é motivado pela cor da pele de uma pessoa, chamamo-lo de racismo. O racismo é, portanto,
uma forma de preconceito cruel que ainda atinge uma grande parcela da população mundial. É importante frisar
que não existem grandes diferenças genéticas entre pessoas de etnias diferentes, e, mesmo que essa diferença
existisse, isso não seria motivo suficiente para justificar o preconceito racial.
Nas formas mais agudas, o preconceito racial pode servir de pretexto para motivar agressões físicas ou verbais,
além de causar dano moral e até perseguições e prisões injustas de pessoas, principalmente de negros.
Origem e causas do racismo
Podemos encontrar as origens mais remotas do racismo na história da humanidade e na antropologia. A Europa
teve um desenvolvimento cultural bem diferente do de outros continentes. Os povos europeus dominaram a
navegação e iniciaram, ainda no século XV, um movimento de expansão marítima que os levou a outros
continentes. O contato de europeus com asiáticos e africanos já existia, e o modo de enxergar outros povos não
brancos e de cultura não europeia como inferiores, também.
A chegada dos europeus ao continente americano resultou num modo de enxergar aqueles diferentes deles e
totalmente desprovidos de traços culturais brancos, que os europeus consideravam como civilizatórios. Tal cenário
serviu para que eles se apropriassem do território americano e tentassem aculturar os seus nativos, empurrando-
lhes a sua língua e a sua cultura. O continente americano virou uma verdadeira empresa europeia.
Como se não bastasse, os europeus iniciaram um processo de captura de africanos para que trabalhassem como
escravos em sua nova empresa. O processo de escravização estava embasado em uma ideologia de hierarquia das
raças, ainda no nível de consciência coletiva, que fez com que milhões de africanos fossem capturados e
submetidos ao trabalho escravo.
Nesse movimento, também havia uma ideia inconsciente de que os nativos das Américas e, mais tarde, os da
Oceania e do Leste Asiático fossem inferiores. Ao enxergar outros povos como inferiores, os europeus viam-lhes
como animais ou até como objetos.
Esse primeiro movimento de investida da Europa sobre outras terras ficou conhecido como colonialismo. Para
justificar a dominação, os europeus utilizavam a concepção de que os povos pagãos viviam no pecado e
precisavam da religião europeia para desenvolverem-se espiritualmente.
"No século XIX, a Europa iniciou um segundo movimento de investida sobre outros continentes chamado de
neocolonialismo. Nesse período, as ciências da natureza e as ciências sociais desenvolviam-se a todo vapor.
A mentalidade religiosa de dois ou três séculos antes já não era suficiente para justificar uma empreitada tão
grande como a partilha de terras africanas e asiáticas entre os europeus. Com isso, a antropologia surge como uma
ciência capaz de fornecer um aparato intelectual que justificasse a dominação cultural e territorial dos povos
habitantes dos novos territórios por parte dos europeus.
As primeiras teorias antropológicas, desenvolvidas pelo filósofo, biólogo e antropólogo inglês Herbert Spencer e
pelo antropólogo e geógrafo inglês Edward Burnett Tylor, coadunavam com o domínio europeu sobre novos povos.
Os antropólogos mencionados criaram uma teoria inspirada na biologia de Charles Darwin e aplicada sobre os
povos. Mais tarde, essa teoria ficou conhecida como evolucionismo social ou darwinismo social. Eles acreditavam
que havia um desenvolvimento étnico entre os povos, e esse desenvolvimento poderia ser observado pela cultura.
Na visão dos teóricos, havia uma cultura superior e culturas inferiores. Com isso, eles constataram que havia
também uma hierarquia das raças, que poderia ser observada pela cultura de cada raça. Dessa maneira, com uma
visão etnocentrista e eurocentrista, eles consideraram a cultura e a raça europeia como superiores. Em seguida, na
escala de hierarquia, viriam a cultura e a raça dos orientais; em terceiro lugar, estariam os indígenas americanos; e,
por último, os negros africanos.
Essa teoria pseudocientífica foi utilizada, por décadas, para justificar o domínio de brancos sobre outros territórios
e populações. Além disso, ela deixou como resquício o racismo que perdura em nossa sociedade até os dias de
hoje."
III – REFERÊNCIAS
SILVA, Gabriela Fonseca da. A reprodução do racismo no contexto escolar. Acesso em: a-reproducao-do-racismo-
no-contexto-escolar-um-relato-de-experiencia.pdf (ceert.org.br)

O que é racismo? - Brasil Escola (uol.com.br). Acessado em 12/09/2023

ENTENDENDO ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES

RAÇA É UM GRUPO DE INDIVÍDUOS QUE COMPARTILHAM UM CONJUNTO DE CARACTERÍSTICAS


FENOTÍPICAS, ISTO É, UM CONJUNTO DE CARACTERÍSTICAS FÍSICAS COMO, POR EXEMPLO, COR
DA PELE, FORMATO DO ROSTO E TEXTURA DO CABELO. RAÇA ENQUANTO CATEGORIA BIOLÓGICA
NÃO EXISTE, PORÉM, HISTORICAMENTE, O TERMO ASSUMIU UM SIGNIFICADO SOCIAL E POLÍTICO.
ETNIA É UM GRUPO DE INDIVÍDUOS QUE COMPARTILHAM CARACTERÍSTICAS SÓCIO-
CULTURAIS. PERTENCER A UM MESMO GRUPO RACIAL NÃO SIGNIFICA NECESSARIAMENTE
PERTENCER À MESMA ETNIA.
RACISMO É UM SISTEMA DE OPRESSÃO ESTRUTURANTE DAS SOCIEDADES. POR MEIO DA
CRIAÇÃO DE UMA HIERARQUIA ENTRE OS GRUPOS RACIAIS, ESTABELECE PRIVILÉGIOS POLÍTICOS,
ECONÔMICOS, SOCIAIS E SIMBÓLICOS PARA UM GRUPO EM PREJUÍZO DOS DEMAIS. PODE TAMBÉM
SER DEFINIDO COMO UM SISTEMA IDEOLÓGICO DE HEGEMONIA RACIAL, ONDE A COR DA PELE
DETERMINA QUEM É SUPERIOR (BRANCO) E INFERIOR (PRETO).
PRECONCEITO RACIAL É UMA OPINIÃO OU JULGAMENTO NEGATIVO PREVIAMENTE CONCEBIDO
A RESPEITO DE UM DETERMINADO GRUPO RACIAL. QUANDO O PRECONCEITO É MOTIVADO PELA
COR DA PELE DE UMA PESSOA, CHAMAMO DE RACISMO.
DISCRIMINAÇÃO RACIAL É A MATERIALIZAÇÃO DO RACISMO E DO PRECONCEITO RACIAL POR
MEIO DE AÇÃO PESSOAL OU COLETIVA E DE AÇÕES ADMINISTRATIVAS OU INSTITUCIONAIS.
(RACISMO NA PRÁTICA).
- O PRECONCEITO TEORIZA, A DISCRIMINAÇÃO EXECUTA.
- RACISMO COMO PRÁTICA – OS PRETOS ERAM VISTOS COMO COISAS.
- RACISMO COMO IDEOLOGIA - ELABORAÇÃO DE IDEIAS QUE REAFIRMAVAM A SUPERIORIDADE
DA RAÇA BRANCA EM DETRIMENTO A RAÇA NEGRA QUE PASSOU A SER VISTA COMO UMA RAÇA
INFERIOR (SEM CULTURA, FEIA, SEM CAPACIDADE DE PENSAR, SEM CULTURA),A COR DA PELE
COMO PASSOU A SER VISTA COMO SÍMBOLO DE IMPUREZA.

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