Você está na página 1de 1

“Formação e diversidade cultural da população brasileira”

"O território brasileiro era habitado, até 1500, pelos povos nativos, chamados pelos europeus de índios.
Porém, não havia apenas uma tribo ou uma vertente cultural indígena nas terras que os povos Tupi
chamavam de Pindorama: eram quatro agrupamentos linguísticos diferentes (Tupi Guarani, Jê, Caribe e
Aruaque). Esses grupos étnicos eram divididos em milhares de tribos, essas divididas em aldeias. Cada
tribo possuía seus costumes. Com a captura e escravização dos povos africanos, pudemos observar uma
vastidão cultural semelhante à dos povos indígenas, pois não havia uma só tribo de onde os portugueses
capturavam os africanos ou uma só cultura africana. Os povos africanos eram vastos, divididos em várias
tribos e de várias origens étnicas diferentes, o que conferiu à formação cultural afro-brasileira uma vastidão
e amplitude tão diversa quanto à indígena. A vinda de povos brancos, de origem europeia, para o Brasil,
tanto portugueses (que por si só já tinham uma origem poliétnica) como a vinda de italianos e alemães,
contribuiu para a miscigenação de nosso povo. No Brasil, surgiu uma cultura ímpar, fruto da forte
miscigenação, que resultou em produtos culturais populares sem igual no mundo. Há também em nossa
terra e na formação de nosso povo o sincretismo religioso devido à mistura de crenças, o que resultou, por
exemplo, no surgimento de uma religião genuinamente brasileira: a umbanda, que mistura elementos do
candomblé e do kardecismo.
Preconceito cultural no Brasil Desde o início da colonização, um elitismo cultural reina no Brasil, pois os
portugueses viam a si mesmos como superiores e os povos nativos como inferiores. O trecho transcrito a
seguir atesta essa visão etnocêntrica: “A língua deste gentio toda pela costa é uma, carece de três letras,
não se acha nela f, nem l, nem r, coisa digna de espanto, porque assim não têm fé, nem lei, nem rei, e desta
maneira vivem sem justiça e desordenadamente”. Mais tarde, quando os africanos começaram a ser
escravizados por povos europeus, a escravidão assentava-se, igualmente, em um etnocentrismo racista e
em um elitismo cultural: os europeus, brancos, julgavam-se superiores aos africanos por seus fenótipos e
por suas características culturais que, no julgamento dos próprios europeus, eram superiores. Os europeus
tinham um sistema político governamental e com formação estatal, dominavam a pólvora e a escrita, além
de terem moeda e iniciarem o capitalismo mercantilista. Os povos do sul desenvolveram-se de maneira
diferente. Com exceção de alguns povos mesoamericanos, nativos da África e da América viviam em
contato com a natureza e não estabeleciam relações comerciais nem centralização de poder. O modo de
vida dos nativos africanos e americanos era autossuficiente, e a sua cultura tinha ganhado contornos
diferentes da cultura europeia. A justificação do domínio pela cultura é um forte elemento do preconceito
cultural no Brasil.
Hoje, podemos falar da existência de um elitismo que culmina na discriminação daquelas pessoas
marginalizadas (que estão à margem da sociedade, devido à exclusão social) e em um racismo estrutural. O
racismo estrutural, muito forte no Brasil, é um tipo de racismo velado e indireto. Ele pode ser manifestado
por meio de dados socioeconômicos, como os que apontam que os negros ganham, em média, 1,2 mil reais
a menos que os brancos, segundo levantamento do IBGE. Esse tipo de racismo arrasta-se sorrateiramente
desde a abolição da escravidão, que deu a liberdade por direito aos negros escravizados, mas não deu
suporte educacional, econômico e de assistência básica para que aquela população pudesse organizar a
sua vida. Teorias que apontam para uma democracia racial, como a de Gilberto Freyre, somente reforçaram
a ideia de que estava tudo bem, quando não estava. Por não possuir um regime de apartheid, como houve
nos Estados Unidos, o brasileiro médio (em especial a população branca) cresceu acreditando que havia
oportunidades iguais para negros, brancos e indígenas, quando, na verdade, nunca houve, e quem sofre
com isso diariamente são os negros de classe baixa. Esses aspectos atestam que existe uma direta relação
entre desigualdade social e diversidade cultural.

a) Por que no Brasil e no mundo ainda existe tanto preconceito racial, sexual, diferenças de gêneros etc.
b) Por que nosso país há tantas crenças e religiões diferentes?
C) No nosso país sofremos com preconceito tanto social quanto religioso desde de quando e por que? Justifique a sua
resposta?

Você também pode gostar