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CONSCIÊNCIA NEGRA

Dia Nacional da Consciência Negra é uma data de celebração e de conscientização sobre a força,


a resistência e o sofrimento que a população negra viveu no Brasil desde a colonização. Durante o período
colonial, aproximadamente 4,6 milhões de africanos foram trazidos para o Brasil para servirem na condição
de escravos. A condição de vida dos africanos e dos negros escravizados nascidos no Brasil era
extremamente precária. Além de serem submetidos ao trabalho forçado, os escravos eram submetidos a um
tratamento degradante e humilhante, não tendo direito a tratamento médico, à educação e a qualquer tipo de
assistência social. A luta contra o regime de escravidão que submetia a população negra às piores sevícias e
ao trabalho forçado foi bastante sangrenta e custou inúmeras vidas. Enganam-se aqueles que acham que
bastou a Princesa Isabel assinar um documento para houvesse a libertação dos escravos.
Essa “libertação” enquanto norma para a sociedade brasileira foi uma conquista meramente formal,
pois os negros foram largados à própria sorte, sem recursos mínimos para sua sobrevivência e
desenvolvimento e olhados como escória da sociedade. Ainda hoje esse olhar de desprezo, sobre quem
possui pele negra, prevalece impregnado na sociedade brasileira, inclusive sobre o aspecto da inclusão
social.

Como surgiu o Dia da Consciência Negra?


Além do tratamento degradante conferido à população negra escravizada no Brasil entre 1536 e 1888
(este último ano data a libertação dos escravos via Lei Áurea), as heranças da escravidão permaneceram e a
população negra continuou sem qualquer tipo de assistência. Muitos escravos recém libertos permaneceram
nas fazendas onde eram cativos por não terem para onde ir. A grande maioria dessa população era analfabeta
e não sabia outro ofício, além do trabalho intenso e pesado das lavouras. No Rio de Janeiro, muitos escravos
foram procurar as regiões difíceis de erguer construções na cidade (os morros) para construírem suas
moradias, configurando as primeiras favelas. A situação deixada para a população negra no Brasil foi
extremamente precária.
Marginalizada, sem assistência e com uma vida precária, a população negra no Brasil continuou a
enfrentar muita dificuldade. Os negros eram discriminados socialmente, não tinham acesso aos mesmos
direitos que os brancos e foram perseguidos. Diante dessa realidade, muitas comunidades negras (algumas
inclusive remanescentes de quilombos), além de organizações sociais formadas por pessoas negras nas
cidades, passaram a lutar pela igualdade racial e pela inserção da população negra na comunidade sem
restrição de direitos. Na década de 1970, ativistas ligados a um grupo de quilombolas situado no Rio Grande
do Sul passaram a reivindicar a celebração do Dia da Consciência Negra no Brasil na data de 20 de
novembro.
A escolha do dia 20 de novembro não foi aleatória, foi feita por ser a data de morte de Zumbi dos
Palmares, no dia 20 de novembro de 1695. Zumbi foi o maior líder do Quilombo dos Palmares. Os
quilombos eram comunidades formadas por negros escravizados que fugiam da tirania de seus senhores e
escondiam-se em lugares de difícil acesso no meio das matas. O Quilombo dos Palmares foi o maior e mais
duradouro dos quilombos registrados pelos estudos historiográficos.
Se por um lado temos motivos para comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra, por outro,
temos motivos para discutir o racismo e promover a ideia de integração igual da população negra na
sociedade, lutando contra a exclusão e a desigualdade social. Nesse sentido, as ações promovidas no dia 20
de novembro não devem ser de comemoração, mas de conscientização e reflexão.
Devido à evidente desigualdade social e exclusão da população negra, somadas ao racismo, a
celebração do Dia Nacional da Consciência Negra deve ocorrer por meio de atividades de reconhecimento
da cultura negra como parte integrante da cultura brasileira e por meio de atividades de discussão e
conscientização sobre o problema do racismo e da exclusão dos negros na sociedade brasileira. O dia da
consciência negra deve ser um dia de reflexão e de luta contra o racismo estrutural no Brasil.

INFLUÊNCIA DOAS POVOS AFRICANOS PARA A CULTURA E ARTE BRASILEIRA

A sociedade brasileira é formada por influências e contribuições de vários povos ao longo da história,
sobretudo indígena, europeia e africana. Entre esses, os povos africanos traficados para o Brasil, devido as
circunstâncias da escravidão, foram forçados a adaptações para que suas práticas e representações artísticas
sobrevivessem. Essa herança artística africana diante da diversidade e pluralidade brasileira representou o
desenvolvimento de uma arte afro-brasileira, baseada nas manifestações culturais, na história, costumes,
crenças e filosofia africana.
A diversidade cultural da África refletiu-se na diversidade dos escravos, pertencentes a diversas
etnias que falavam idiomas diferentes e trouxeram tradições distintas. Os africanos trazidos ao Brasil
incluíram bantos, nagôs e jejes, cujas crenças religiosas deram origem às religiões afro-brasileiras, e os
hauçás e malês, de religião islâmica e alfabetizados em árabe. Assim como a indígena, a cultura africana foi
geralmente suprimida pelos colonizadores. Na colônia, os escravos aprendiam o português, eram batizados
com nomes portugueses e obrigados a se converter ao catolicismo.
Os africanos contribuíram para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: dança, música,
religião, culinária e idioma. Essa influência se faz notar em grande parte do país; em certos estados como
Bahia, Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul a
cultura afro-brasileira é particularmente destacada em virtude da migração dos escravos.
Os bantos, nagôs e jejes no Brasil colonial criaram o candomblé, religião afro-brasileira baseada no
culto aos orixás praticada atualmente em todo o território. Largamente distribuída também é a umbanda, uma
religião sincrética que mistura elementos africanos com o catolicismo e o espiritismo, incluindo a associação
de santos católicos com os orixás.
A influência da cultura africana é também evidente na culinária regional, especialmente na Bahia,
onde foi introduzido o dendezeiro, uma palmeira africana da qual se extrai o azeite-de-dendê. Este azeite é
utilizado em vários pratos de influência africana como o vatapá, o caruru e o acarajé.
Na música a cultura africana contribuiu com os ritmos que são a base de boa parte da música popular
brasileira. Gêneros musicais coloniais de influência africana, como o lundu, terminaram dando origem à base
rítmica do maxixe, samba, choro, bossa-nova e outros gêneros musicais atuais. Também há alguns
instrumentos musicais brasileiros, como o berimbau, o afoxé e o agogô, que são de origem africana. O
berimbau é o instrumento utilizado para criar o ritmo que acompanha os passos da capoeira, mistura de
dança e arte marcial criada pelos escravos no Brasil colônial.

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