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ANOTAÇÕES — A ERA DAS REVOLUÇÕES: A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

— Os efeitos da Revolução Industrial foram menos óbvios e mais tardios do que


outras revoluções, principalmente fora da Inglaterra. (Percebe-se, mais ou menos
em 1830, 1840).

— Ela precede a queda da Bastilha e é essencial para entender os homens de


nosso período.

— … pela primeira vez na história da humanidade, foram retirados os grilhões do


poder produtivo das sociedades humanas, que daí em diante se tornaram capazes
da multiplicação rápida, constante, e até o presente ilimitada, de homens,
mercadorias e serviços.

— A data “consenso” de “partida” para a Revolução Industrial é entre 1780 e 1800,


contemporânea à Revolução Francesa, embora um pouco anterior a ela.

— Sob qualquer aspecto, este foi provavelmente o mais importante acontecimento


na história do mundo, pelo menos desde a invenção da agricultura e das cidades.

— Aconteceu na Grã-Bretanha, não por acaso. Estava bastante à frente de seus


maiores competidores no sentido econômico (Portugal e Rússia). Porém, qualquer
que tenha sido a razão do avanço britânico, ele não se deveu à superioridade
tecnológica e científica. Nas ciências naturais os franceses estavam seguramente à
frente dos ingleses...

— A França e a Alemanha tinham técnicas mais complexas e melhor estruturadas, e


a educação inglesa era uma piada de mau gosto (compensada pela Escola
calvinista e pela corrente de jovens racionalistas em busca de carreira no sul do
país).

— Felizmente poucos refinamentos intelectuais foram necessários para se fazer a


revolução industrial […] Nem mesmo sua máquina cientificamente mais sofisticada,
a máquina a vapor rotativa de James Watt (1784), necessitava de mais
conhecimentos de física do que os disponíveis então há quase um século […].
Dadas as condições adequadas, as inovações técnicas da revolução industrial
praticamente se fizeram por si mesmas.

— As condições na Grã-Bretanha eram muito boas. O lucro privado e o


desenvolvimento econômico já eram o objetivo da política governamental, as
atividades agrícolas — em sua maioria — já estavam voltadas ao mercado… A
política já estava engatada no lucro.

— A maior parte da expansão industrial do século XVIII não levou de fato e


imediatamente, ou dentro de um futuro previsível, a uma revolução industrial, isto é,
à criação de um “sistema fabril” mecanizado que por sua vez produz em
quantidades tão grandes e a um custo tão rapidamente decrescente a ponto de não
depender da demanda existente, mas de criar o seu próprio mercado.

— Para uma sociedade industrial na época, era necessário: a) uma indústria que já
oferecesse BOAS recompensas para o fabricante que expandisse sua produção de
forma rápida e barata; b) um mercado mundial monopolizado por uma única nação
produtora.

— A indústria algodoeira foi criada pelo comércio colonial e foi lançada, como um
planador, pelo empuxo do comércio colonial ao qual estava ligada; um comércio que
prometia uma expansão não apenas grande, mas rápida e sobretudo imprevisível,
que encorajou o empresário a adotar as técnicas revolucionárias necessárias para
lhe fazer face.

— A Grã-Bretanha monopoliza todos ou quase todos os setores da indústria


algodoeira.

— A revolução industrial pode ser descrita […] como a vitória do mercado


exportador sobre o doméstico: por volta de 1814, a Grã-Bretanha exportava cerca
de quatro jardas de tecido de algodão para cada três usadas internamente e, por
volta de 1850, treze para cada oito.
— A América Latina, depois de se separar da Espanha e de Portugal, passa a
depender ainda mais das importações britânicas.

— Com a Revolução Industrial, o Ocidente passa, pela primeira vez, a exportar mais
do que importar do Oriente. Somente os autosuficientes e conservadores chineses
ainda se recusavam a comprar o que o Ocidente, ou as economias controladas pelo
Ocidente, oferecia…

— O algodão, portanto, fornecia possibilidades suficientemente astronômicas para


tentar os empresários privados a se lançarem na aventura da revolução industrial e
também uma expansão suficientemente rápida para torná-la uma exigência.
Felizmente ele também fornecia as outras condições que a tornaram possível.

— A perspectiva tradicional que viu a história da revolução industrial britânica


primordialmente em termos de algodão é portanto correta. A primeira indústria a se
revolucionar foi a do algodão, e é difícil perceber que outra indústria poderia ter
empurrado um grande número de empresários particulares rumo à revolução.

— Apesar de outras indústrias também serem relevantes na inovação industrial,


nenhuma se compara à indústria do algodão, ao números de pessoas nela
envolvidas e dependentes, ao seu crescimento e à sua expansão. (Se o algodão
florescia, a economia florescia, se ele caía, também caía a economia. Suas
oscilações de preço determinavam a balança do comércio nacional.)

— No âmbito social, houve uma grande miséria e descontentamento por parte de


trabalhadores (que destruíam as máquinas que julgavam culpadas de sua opressão)
e de pequenos comerciantes. Quem se saia bem eram só os ricos.

— No início, as vantagens da indústria algodoeira eram várias: a mecanização


aumentou muito a produtividade da mão de obra, que de qualquer forma recebia
salários abomináveis já que era formada em grande parte por mulheres e crianças
[…], mas acima de tudo o maior gasto, relativo à matéria-prima, foi drasticamente
diminuído pela rápida expansão do cultivo do algodão no sul dos EUA depois da
invenção do, em 1793.
— Porém, posteriormente, essa economia entra em declínio, principalmente pelo
alto custo de produção, que seria “counterado” pela diminuição dos salários dos
trabalhadores, levando 500 mil tecelões a morrer de fome.

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