Você está na página 1de 10

Licensed to Mirian Wawrzyniak - mirianwk@gmail.

com

A história da
administração
pública
Licensed to Mirian Wawrzyniak - mirianwk@gmail.com

Becker, Victória
SST A história da administração pública / Victória Becker
Ano: 2020
nº de p.: 10

Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.


Licensed to Mirian Wawrzyniak - mirianwk@gmail.com

A história da
administração pública

Apresentação
Vamos conceituar o que é Adminstração Pública e quais são os modelos de
atuação da máquina pública. Estudaremos também as característica dos modelos
da Administração pública, para isso, partiremos do seu contexto histórico.

Além disso, conheceremos os princípios do modelo burocrático de Gestão pública,


além de analisaremos o que desencadeu cada tipo de modelo, apontando o início
e o período que predominou, assim como os principais problemas identificados.
Vamos lá!

O conceito de administração pública


e o modelo patrimonialista de gestão
pública
Segundo Costin (2010), podemos definir a Administração Pública como um
conjunto de órgãos, funcionários e procedimentos que o Estado usa para executar
suas funções econômicas e os papéis que a sociedade lhe atribuiu em dado
momento histórico. E é com base nesse contexto histórico que podemos dividir a
Administração Pública em três modelos:Patrimonialista, Burocrático e Gerencial.

Conforme Vieira (2016), a Administração Pública Patrimonialista é derivada do


modelo absolutista do século XVIII. O patrimonialismo, como o nome sugere, está
relacionado ao patrimônio: esse modelo não prevê a separação do patrimônio
do Estado do patrimônio do governante. Ou seja, o Estado era considerado uma
propriedade do monarca e a população estava ali para servi-lo. Quem assume um
cargo público era considerado parte da nobreza real, portanto essas posições eram
muito cobiçadas, gerando corrupção e nepotismo, que marcaram esse período
(VIEIRA, 2016).

3
Licensed to Mirian Wawrzyniak - mirianwk@gmail.com

Outra característica desse modelo era a influência da religião na política, que


dava ao monarca, além da autoridade real, o poder divino. Sendo assim, o povo
devia lealdade a ele, não à nação, e qualquer tipo de ameaça ao governante era
considerado, antes de tudo, um pecado (COSTIN, 2010).

A Administração Pública, inserida nesse contexto, era inexistente e, obviamente,


não representava os interesses e a segurança da sociedade. Logo, tornou-se um
modelo de gestão ineficiente e incabível. Essa forma de governar não suportou a
evolução da sociedade, as mudanças da economia e a industrialização. À medida
que o capitalismo avança, nasce, na metade do século XIX, o modelo burocrático,
com o intuito de combater os males do patrimonialismo (VIEIRA, 2016).

Modelo burocrático de gestão


pública
O modelo burocrático surgiu no século XIX com o intuito de acabar com a
corrupção e o nepotismo, trazendo um formato mais racional, rígido e autoritário na
gerência dos processos que envolvem a Administração Pública. Para atingir essa
eficiência, esse modelo se utiliza de alguns princípios, como desenvolvimento,
profissionalização, hierarquia funcional, impessoalidade e formalismo, que serão
descritos a seguir.

A profissionalização é baseada na meritocracia, ou seja, os profissionais são


contratados de forma justa e promovidos por mérito. Em oposição ao nepotismo,
a valorização e o crescimento do profissio-nal estão atrelados ao bom
desempenho (VIEIRA, 2016). Relacionada à profissionalização está outro princípio,
a impessoalidade, em que “[...] os cargos pertencem à organização e não às
pessoas, o que possibilita evitar a apropriação individual do poder” (VIEIRA, 2016, p.
34). Já o princípio da formalidade, nesse contexto, está atrelado aos deveres, às
responsabilidades e à hierarquia administrativa.

A seguir, pode-se ver, no quadro, mais detalhes sobre os princípios básicos da


Administração Burocrática.

4
Licensed to Mirian Wawrzyniak - mirianwk@gmail.com

Quadro: Princípios da Administração Burocrática

Princípio Características

Atividades, estruturas e procedimentos estão codificados


em regras exaustivas para evitar a imprevisibilidade
Formalismo e instituir maior segurança jurídica nas decisões
administrativas.

Interessam o cargo e a norma, e não a pessoa em sua


subjetividade. Por isso, carreiras bem estruturadas em
Impessoalidade que a evolução do funcionário possa ser prevista em
bases objetivas, dessa forma, de administração.

A burocracia contém uma cadeia de comandolonga e


clara, em que as decisões obedecem a uma lógica de
Hierarquização hierarquia administrativa, prescrita em regulamentos
expressos, com reduzida autonomia do administrador.

Para evitar a imprevisibilidade e introduzir ações


corretivas a tempo, é necessário um constante
Rígido controle de meios monitoramento dos meios, especialmente dos
procedimentos adotados pelos membros da
administração no cotidiano das suas atividades.

Fonte: Adaptado de Costin (2010).

5
Licensed to Mirian Wawrzyniak - mirianwk@gmail.com

O modelo burocrático pareceu ser a melhor solução após o surgimento do Estado


social, que trouxe consigo uma infinidade de tarefas e atribuições que, até então,
não eram papel do governo, e algumas sequer existiam. Se, antes, o Estado cuidava
basicamente da proteção dos territórios e da administração de seus próprios bens,
agora estava incumbido de prestar serviços como educação, saúde, vigilância
sanitária, políticas sociais para combater desigualdades, entre outros. Para dar
conta de tudo isso, os seus princípios de comando, controle e rigidez nos processos
pareciam a melhor saída para manter a eficiência da Administração Pública,
controlando possíveis abusos e atitudes corruptas (COSTIN, 2010).

No entanto, esses princípios tão utilizados pelo modelo burocrático trouxeram


também alguns problemas. Preocupados em seguir os processos à risca, o
excesso de regras e as extensas hierarquias desvirtuaram os funcionários de
sua real função: servir os cidadãos com rapidez e eficiência. Eles estavam tão
ensimesmados e focados em garantir o poder do Estado que acabaram afetando
negativamente a população com processos morosos e inflexíveis (VIEIRA,2016).

Apesar dessas falhas, o modelo burocrático perdurou ao longo dos Trinta Anos
Gloriosos (1945-1973) e em parte dos anos 1980. Na segunda metade do
século XX, porém, esse modelo entrou em crise por causa de vários fatores: a
globalização econômica e suas transformações tecnológicas, que trouxeram mais
competitividade e dinamismo ao mercado; a recessão econômica, decorrente das
crises do petróleo em 1973 e 1979; e a crise fiscal do Estado, que não conseguia
mais financiar seus deficits. Enfim, diversas mudanças que tornaram o Estado
incapaz de resolver os problemas sociais decorrentes desses colapsos (VIEIRA,
2016). Esses fatores foram essenciais para que o Estado burocrático, aos poucos,
fosse dando espaço ao modelo gerencial, que veremos a seguir.

Curiosidade
O modelo burocrático, aos poucos, foi substituído pelo modelo
gerencial. Você acha que, na prática, isso acontece? Que
características do modelo burocrático são vistas ainda hoje no
Brasil?

6
Licensed to Mirian Wawrzyniak - mirianwk@gmail.com

Modelo gerencial de gestão pública


O modelo gerencial surgiu, conforme vimos, em consequência de diversos fatores
socioeconômicos mundiais, como apresentado no quadro que segue.

Quadro: Fatores socioeconômicos que contribuíram para o avanço do modelo gerencial

Fatores socioeconômicos que contribuíram para o avanço do mode-


lo gerencial

Crise do petróleo Não


Crise fiscal Globalização
governabilidade
1ª em 1973 e aumento e avanços
frente aos
dos tributos tecnológicos
2ª em 1979 problemas sociais

Fonte: Vieira (2016, p. 48).

O modelo gerencial, nas palavras de Vieira (2016, p. 35), é baseado na“[...]


descentralização das decisões e das funções do Estado, a autonomia na gestão
dos recursos humanos, materiais e financeiros e a ênfase na qualidade e na
produtividade do serviço público [...]”, com o objetivo de cortar custos e tornar o
serviço público mais eficiente. Com esse conceito esclarecido, ficará mais fácil
entender como e porque esse modelosurgiu.

Iniciado na Inglaterra, em 1979, com a Primeira Ministra Margaret Thatcher, esse


modelo pode ser chamado também de Nova Gestão Pública. A aprovação do partido
conservador significou uma conquista daqueles avessos ao welfare state, isto é,
o Estado de bem-estar social, cujo principal objetivo era a inserção de políticas
públicas para assegurar as necessidades básicas do povo por meio de projetos
sociais nas áreas da educação, saúde, habitação etc. O welfare state já estava em
crise, com poucos recursos e poderes políticos enfraquecidos, portanto, a vitória de

7
Licensed to Mirian Wawrzyniak - mirianwk@gmail.com

Tatcher serviu como um catalisador para difundir o pensamento liberal contrário ao


Estado Burocrático.

Tatcher iniciou seu mandato defendendo o Estado mínimo, com planos liberalistas
de reformular o serviço público e a economia por meio de privatizações e de
redução de programas sociais, entre outras medidas. Nesse período, porém, o
prestígio do funcionalismo público inglês ressurgiu e a proposta inicial da Primeira
Ministra acabou seguindo um rumo mais voltado para a modernização do Estado,
que não diminuiu seu espaço na renda nacional. Mesmo assim, o processo
de mudança que ocorreu foi bastante significativo, pois também reestruturou
departamentos, passou a treinar funcionários e avaliar desempenhos e resultados,
além de outras medidas que contribuíram para aliviar a crise econômica britânica.

A Nova Zelândia também foi precursora na administração gerencial. Em 1984,


houve a troca de governo em meio a uma grave crise econômica, e o governo
trabalhista que assumiu realizou uma profunda reforma no Estado, com redução
de gastos públicos, privatizações, mudanças gerenciais com base em autonomia e
mensuração de resultados, entre outros.

Esses dois casos serviram como inspiração para outros países, que adotaram o
modelo de administração gerencial, embora cada um tenha instaurado essa reforma
de maneiras distintas e comdiversos percalços. No Brasil, por exemplo, houve
conflito entre correntes mais conservadoras, que temiam o que uma menor rigidez
poderia causar, contra as correntes modernas, a favor do modelo gerencial (COSTIN,
2010).

De acordo com Vieira (2016), a Administração Gerencial surgiu da ne- cessidade de


um modelo com foco nas necessidades no cidadão, com mais qualidade e rapidez
na prestação de serviços e que, ao mesmo tempo, reduzisse custos da máquina
pública. Para atingir esse objetivo, o autor ressaltaque uma das maneiras é “[...] a
descentralização dos serviços por meio da delegação de autoridade e da definição
clara dos setores de atuação do Estado e das competências adequadas a cada
setor” (VIEIRA, 2016, p. 36). Dessa forma, após uma avaliação, as atividades que
podem ser assumidas pelo setor privado são transferidas, dando um novo sentido
ao papel do Estado.

Apesar disso, muitos países mantiveram características significativas da


administração burocrática, como os concursos públicos e os planos de carreira, as
licitações e as tomadas de preços para compras econtratações, os processos que
envolvem documentações oficiais, entre outros (COSTIN,2010).

8
Licensed to Mirian Wawrzyniak - mirianwk@gmail.com

Para concluir, o modelo Gerencial parece se espelhar bastante no modelo de gestão


das empresas privadas, enfatizando a importância de reduzir o tamanho do Estado
e modernizar a gestão do serviço público.

Fechamento
Conhecemos um pouco da história da Administração Pública, iniciandopela
definição a qual conhecemos como sendo a junção de órgãos,funcionários e
ações, geridos pelo Estado, para realizar atribuições,exercendo, assim, seu papel.
Vimos que a Administração Pública é dividida em três modelos: o Patrimonialista,
o Burocrático e Gerencial. Aprendemos, ainda, que, no modelo Patrimonialista,
predominante no séculoXVIII, foi decorrente do Absolustimo e que havia influência
dareligião na política, sendo, mais tarde, considerado um modelo ineficaz.

Ao abordamos o modelo burocrático, observamos que seu início ocorreuno século


XIX e que os princípios da Administração Pública tinham como finalidade contribuir
com a eficiência, sendo esses princípios de desenvolvimento, profissionalização,
hierarquia funcional, impessoalidade eformalismo.E, por fim, tratamos do modelo
Gerencial de Gestão Pública, e vimos que suaorigem foi resultante de vários fatores
socioeconômicos mundiais, como as crises do petróleo, em 1973 e 1979.

9
Licensed to Mirian Wawrzyniak - mirianwk@gmail.com

Referências
COSTIN, C. Administração Pública. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

VIEIRA, L. N. Administração pública: modelos, conceitos, reformas eavançospara


uma nova gestão. Curitiba: InterSaberes, 2016.

10

Você também pode gostar