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Diego Machado
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Resumo
O presente artigo científico tem como objetivo esclarecer sobre as diferentes modalidades de
administração pública (Patrimonialista, Burocrático e Gerencial) e quais os seus reflexos na
qualidade da gestão e dos serviços disponibilizados para a população. A pretensão é esclarecer
acerca do conceito, da aplicabilidade e dos princípios que norteiam cada uma das modalidades
e trazer para um contexto real efetivo os reflexos no sistema brasileiro.
1 Introdução
A administração pública tem sido o grande desafio em milhares de anos por todas as nações.
Alcançar o modelo ideal, livre de corrupção e onde todos atuam de forma harmônica para
proteger primeiramente os interesses da coletividade, tem se mostrado uma tarefa árdua e,
historicamente falando, o Brasil tem sido alvo de uma gestão falha e muitas vezes ineficiente.
Mostrando-se este último também falho porque o acesso dos cidadãos ao atendimento se
tornou burocrático e oneroso, passou a vigorar o Gerencial, que veio justamente para
dinamizar a forma de fazer gestão e priorizar os interesses coletivos.
2 Administração Pública patrimonialista
Algumas características do Patrimonialismo ainda podem ser vistas nos modelos de gestão
pública atual. Apesar de acontecer de forma disfarçada, tem-se nepotismo, interesse pessoal
acima do público por parte de muitos governantes, obtenção de vantagens ilícitas e,
principalmente, o que é o maior dos males, a corrupção.
Por isso, é possível observar o histórico de falhas na qualidade da gestão pública no Brasil, que
inclusive permanecem até os dias de hoje, tendo em vista que algumas características
Patrimonialistas, mesmo que não permitidas, ainda podem ser percebidas em prefeituras,
câmaras e no Congresso.
É esta a modalidade que cobra rigorosamente a distinção entre propriedade pública e privada,
como forma de assegurar que os interesses comuns à todos prevaleçam sobre os privilégios
próprios dos governantes. Eles, por sua vez, são escolhidos para atuar com impessoalidade e
sob regime de hierarquia funcional, partindo do pressuposto de que o desenvolvimento das
suas atividades deve estar sempre relacionada a um controle rígido dos processos.
Todos os atos inerentes da administração pública passaram a ser lentos, com alto custo e de
pouca qualidade, fugindo completamente da proposta principal que era atender à coletividade
e suprir as demandas sociais de forma ampla e eficiente.
Não surpreendentemente, o modelo Burocrático cujo principal objetivo era eliminar a forma
Patrimonialista de gestão pública não durou muito tempo e logo foi substituído pelo Gerencial.
Em razão da ineficiência de outros modelos de gestão pública, diversos países pelo mundo
começaram a observar um número crescente de problemas sociais causados pelo
desemprego, inflação e valores de impostos fora de controle. Isso gerou uma crise
generalizada e motivou o surgimento e a implantação de um novo jeito de se conduzir a
administração pública, que ficou conhecido como Gerencial.
Este é o modelo de gestão pública onde é possível ver, ainda que em teoria, sua aplicação na
máquina pública brasileira. A criação das autarquias, empresas públicas e sociedades de
economia mista descentralizou a concentração do poder que havia no passado e estreitou a
distância entre o Estado e o cidadão, dando maiores oportunidades de livre acesso ao
atendimento prestativo.
O modelo Gerencial tem nuances de influência nos aspectos positivos implantados pelo
Burocrático, que dizem respeito à descentralização do poder e a busca pela transparência nos
atos dos governantes, e buscou descartar e melhorar os aspectos falhos, que distanciavam o
cidadão do acesso ao atendimento e tornava a prestação de serviços onerosa e ineficiente.
Alguns anos se passaram desde que o Plano Diretor foi implantado no sistema de gestão
pública no Brasil. De lá pra cá, é possível perceber a influência de alguns modelos de
administração e os reflexos que ela causaram na atual forma de governança.
O modelo Burocrático trouxe uma nova perspectiva para o funcionamento da máquina pública
ao passo que fez surgir a prática de fiscalização mais rígida. Porém, os recursos não são
suficientes para a manutenção deste tipo de gestão, e os gastos e a lentidão dos processos
tornou inviável a manutenção desta modalidade. Foi quando surgiu o modelo Gerencial, que
buscava os ideais Burocráticos mas com conceitos mais céleres, econômicos e eficientes.
Há, atualmente, a coexistência dos três modelos, sendo o mais predominante o Gerencial, que
lentamente trabalha para extirpar os resquícios negativos dos modelos Patrimonialista e
Burocrático.
A própria Constituição, ao longo desses anos, trouxe emendas que tratam da organização da
administração pública e definem os princípios norteadores da servidão e das finanças do
Estado. Um deles é o princípio da eficiência, que passou a ser buscado pela gestão pública e
amplamente adotada, tanto em repartições que lidam com o atendimento direito ao “cliente”
(cidadão) quanto pelo setor responsável pelo gerenciamento dos procedimentos e da
organização da estrutura.
Além disso, é assegurado ao cidadão, com a ajuda da tecnologia, participar das decisões dos
governantes e através da oportunidade de manifestação disponibilizada pelos portais de
transparência e contribuir com seus pareceres.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente artigo científico buscou diferenciar e elucidar quais são as três modalidades de
administração pública, suas ideologias, forma de atuação e como se comportam em relação à
coletividade, que deve sempre ser a principal interessada em todo o processo.
Inicialmente, a intenção era implantar a forma ideal de fazer funcionar a máquina pública, mas
o acesso da população ao atendimento ficou extremamente comprometido e tudo passou a
ser difícil, caro e lento. Resultado: o sistema idealizador passou a apresentar falhas e a
comprometer seriamente o funcionamento do país, deixando rastros de inflação, desemprego
e crise econômica.
Logo após veio a modalidade de administração pública conhecida como Gerencial, onde a
intenção principal foi colocar os interesses dos cidadãos acima de qualquer coisa e facilitar o
acesso dos mesmos às questões da gestão. Passaram a diminuir a onerosidade dos processos,
que recaía sempre para a parte mais fragilizada que era a coletividade, e a descentralização do
poder, de modo que vários governantes pudesses atuar de forma independente e harmônica
entre si.
Como o Brasil ainda precisa evoluir muito a sua forma de gerenciar os aparatos
disponibilizados pela administração pública, o futuro promete o surgimento de outras
modalidades de governança cada vez mais preocupadas com a transparência e com o
extermínio da corrupção. Para isso, é importante a mudança de consciência do povo para
maior participação ativa nos processos e engajamento dos servidores públicos que recebem de
volta a devida valorização.
Entretanto, por mais que a forma de fazer gestão pública tenha sido lapidada durante anos
para alcançar o estágio mais aperfeiçoado, é possível perceber que alguns aspectos negativos
ainda se façam presentes no dia-a-dia da administração. O princípio constitucional norteador
define que a coisa pública deve, sob qualquer circunstância, prevalecer sobre o particular, mas
não é incomum ver situações de corrupção ocasionadas justamente pela vontade do
governante de obter vantagens pessoais, independente do mal que possa ser causado à
coletividade.
É evidente que a gestão perfeita é quase impossível de ser conquistada, mesmo porque o
processo é lento e inúmeros fatores influenciam na melhora da forma de governar. Porém,
ainda é preciso que se trabalhe amplamente alguns aspectos da administração pública, para
que o relacionamento da mesma com os cidadãos seja cada dia mais eficiente para a resolução
das questões sociais mais urgentes.