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de
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
§ Dominar os conceitos e o seu surgimento na economia;
§ Conhecer o método da economia como ciência;
§ Distinguir e classificar os diferentes tipos de economia;
§ Ter um domínio sobre as necessidades humanas, características e tipificação;
§ Conhecer os diferentes problemas da economia e como que o homem ao longo da
história tratou de responder
Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Definição de Economia
Secção 2 Modelo e método da Economia
Secção 3 Tipos de Economia
Secção 4 Necessidades humanas
Secção 5 Bens e sua classificação
Secção 6 Problemas da Economia
Como estudantes, cada um terá o seu ponto de vista, suas motivações, suas inclinações,
ansiedades, desejos supremos e que quem sabe, contas pendentes por resolver, meias
palavras por perceber, assuntos por arrumar, a vida por ganhar.
Num país que se pretende plurarista como Moçambique, a adopção de uma economia
de mercado, importa que os alunos se munam de instrumental teórico, na condição de
potenciais eleitores de programas político-económicos e porquê não vendedores
desses mesmos programas, consigam ver e ajuizar qual o melhor e para tal importa
conhecê-los e no mínimo percebê-los; tudo isso tem haver também com a economia.
Ainda mais, lê-se em Paul Samuelson "... Quem nunca tenha estudado
sistematicamente a disciplina (economia) estará, certamente, numa posição
desfavorecida. É como um analfabeto que tente ler um poema" Pág.7 in Economia,
12ª Edição.
Por isso como diz Paul Samuelson e porquê não repeti-lo aqui e agora: BOM APETITE!
Relacionado ao anterior ponto, resta-nos discutir afinal o que será a economia, esse
campo que se pretende de fascino, a considerada rainha das ciências sociais.
A palavra economia é uma aquisição do grego que aglutina as palavras oiko (casa) e
nomie (governo), melhor dito, governo da casa.
Como se pode constatar, a economia como ciência social, apareceu com o tempo e com
os homens e para estes servir, meio que as pessoas utilizam para governar as suas
casas e latus sensus, as suas propriedades. Desta forma, a maneira de ver quanto tenho
de gado bovino ou caprino, quantas culturas agrícolas a praticar e em que terras,
quantas ficam de barbecho, que método empregar, qual a finalidade do fruto do
trabalho, e, uma grande lista de preocupações em volta do governo de propriedade se
enquadra no conceito de economia. Como se pode depreender, são preocupações que
se arrastam até aos nossos dias e que mudam simplesmente de roupagem e/ou
sofisticação porque assim as realidades ao longo do tempo o ditaram.
Certamente que será esta a base de constatação de alguns autores, ao admitirem que o
problema económico foi sempre o mesmo no tempo, o que sempre mudou foram as
circunstâncias e o grau de complexidade da sua colocação e alternativas de solução.
Assim foi-se apresentando aos Homens e deles exigindo maior apetrechamento
técnico-científico na busca de melhores respostas.
Este apontamento não serve para levantar polémica, mas provar que a preocupação de
governar a propriedade é antiga e mesmo assim bastante actual.
Mesmo assim, ao longo dos dois séculos, não tem sido fácil, encontrar unanimidade no
seio dos economistas, naquilo que pode ser considerada como a definição da
Economia.
Esta pequena lista podia ser alargada por mais páginas, mais autores, e mais
definições.
A pergunta lógica a acompanhar toda esta lista, seria, porquê temos tantas definições?
Por muito simples que pareça, a disciplina cobre tantos assuntos que evoluem tão
depressa, uma realidade económica em permanente mutação.
Não obstante, os economistas nos nossos dias são menos discordantes para uma
definição que aparece no livro Economia, edição 12, de Paul Samuelson.
Detenhamo-nos por instante, para analisar com pormenor, o que se quer dizer por
escassez, necessidades e escolhas.
q Decisão sobre como manter recursos para o futuro que é o mesmo que decidir
sobre a produção presente e futura.
Foi a respeito disso que o pai da Economia, Adam Smith, no seu livro a Riqueza das
Nações, escreveu que todo o comportamento económico pode ser entendido como
uma perseguição racional do interesse individual (próprio). Isto é, que cada pessoa
quer fazer tão bem quanto possível com vista a satisfazer a maior quantidade possível
das suas necessidades (desejos, vontades, caprichos, sonhos).
Contudo, existe um limite até ao qual o interesse individual pode ser levado as suas
consequências; é o problema da disponibilidade limitada de recursos de terra, capital,
trabalho e tecnologia que a partir dos quais se produzem bens e serviços numa
determinada sociedade. Esta situação conduz-nos a imperiosa situação de ter que
efectuar escolhas.
Para cada pessoa numa sociedade, ter mais de um bem ou serviço, implica ter menos
de outro bem ou serviço ou outra pessoa ter menos desse mesmo bem ou serviço.
Falar sobre escassez, necessidades e escolha como conceitos é por outras palavras fazer
uma aplicação dos mesmos à sociedade como um todo. De facto, eles são mais do que
foi aqui abordado e aplicam-se igualmente para cada agente económico na sociedade
(indivíduos, empresas, famílias, governos, cooperativas, sindicatos ou outras
organizações)
A Economia caracteriza-se por ter um método próprio, diferente de outras ciências que
pode ser resumido com o esquema em anexo.
Vimos que a Economia é uma ciência que estuda a forma como os homens e a
sociedade (esses são a realidade que é objecto de estudo da economia e é sobre ela que
recaiem as observações sistemáticas), apreendendo elementos de ligação mais
regulares e mais gerais. Está visto que a economia parte da realidade para a tornar
compreensível (inteligível) no âmbito económico. Esta realidade compõe-se das
seguintes partes:
INDUÇÃO
É um processo de generalização de factos na base do conhecimento
exacto da realidade, portanto é a partir da observação da realidade
que desenvolvemos o método indutivo (tirar teorias, princípios, etc...)
DEDUÇÃO
É um processo apriorístico, feito antecipadamente, partindo de suposições ou
hipóteses do conhecimento de certos aspectos da realidade, levanta hipótese sobre o
comportamento de factos não conhecidos sem que se tenha efectuado um estudo de
campo sobre o assunto.
E a partir dos dois métodos formulamos princípios, leis, teorias, categorias e modelos
que interpretam a realidade. Estes conhecimentos devem ser sistematizados e
ordenados para discernir a sua relação de dependência, causalidade. Como estão
sujeitos a mudança, historicamente, devemos definir o seu âmbito de validade.
CONCRETIZAÇÃO PROGRESSIVA
É a sequência natural do processo de abstração. Testa-se a validade teórica e assim se
estabelecem novos conceitos e leis, mesmo que sejam de validade restrita.
Todas as conclusões a que se chega devem ser comprovadas, seu objecto de estudo.
Desse confronto nasce a actualização, a validação ou rejeição.
Assim, um modelo económico é como uma maqueta de um prédio, pode ser rústico
como sofisticado. A chave para o sucesso do modelo económico é poder explicar e
permitir ao leitor perceber o comportamento económico assim como efectuar
previsões relevantes e úteis sobre o mundo real.
Uma hipótese que se assume é que todas as firmas visam maximizar o lucro. Assim o
modelo explica, nessa base, como é que as decisões são tomadas relativamente ao
preço e quantidades produzidas.
O modelo económico indica uma função que estabelece uma relação entre uma ou mais
variáveis independentes de um lado e a variável dependente de outro lado.
Depende da situação do modelo, por vezes, o modelo pode ser melhorado com
alteração das assumpções. Vezes há em que modelo não melhora e é rejeitado. Aliás,
esta é a história económica com teorias e modelos que novos vão aparecendo em
substituição dos antigos com a mudança da realidade.
É preciso ter em mente que existem diferentes tipos de modelos económicos e teorias
que são estudados na micro e macroeconomia.
Entende-se por economia positiva, aquela que se preocupa com a simples descrição de
factos circunstanciais e relações da realidade constituída por homens vivendo na
sociedade. Por exemplo: Qual é a taxa de desemprego em Moçambique, como é que o
aumento dos preços de pão afectará o seu consumo. Refere a factos que podem ser
fáceis ou ainda complicados, mas todos eles se situam na esfera da economia positiva.
A economia positiva tem a ver com as explicações e previsões. Perguntas positivas começam
com o que é? Ou o que são? O que será?
Análise positiva cuida do mundo como ele é, ou pergunta que efeito terá em levar a
cabo uma política específica sobre um determinado fenómeno.
Ao passo que a economia normativa, como seu nome sugere, envolve julgamentos
éticos e valorativos como tolerados. Deverão os impostos afectar mais os ricos para
ajudar os pobres?
Aqui encontramos uma intervenção forte das opções políticas para dar solução a estes
problemas.
As perguntas normativas lidam com o que deveria ser? E as análises normativas vão
mais para além da explicação e previsão e procuram um julgamento na forma qual é o
melhor?
q Teoria do Consumidor;
q Teoria do Produtor;
q Falhas do mercado
Embora o prefixo micro seja derivado do grego que quer dizer pequeno, algumas das
unidades económicas estudadas são de facto muito grandes em volume de negócios e
prestígio internacionais, por exemplo a Microsoft, a General Motors, General Electrics,
Toyota, Mitsubishi, Sony, Nokia, De Beers, etc.
q A Balança de Pagamentos;
q Inflação;
q Emprego; e
q Crescimento económico.
Não há conflito entre esses dois ramos da economia. É a ênfase que delineada se
reflecte nas assumpções que sublinham o aspecto micro ou macroeconómico.
Caro estudante, agora vamos estudar as necessidades humanas? Sede, fome, nudez, falta
de habitação, etc. O que terão em comum?
· Necessidades sociais têm que ver com a afeição, a inclusão nos grupos, a aceitação
e aprovação pelos outros;
Sendo diferentes e variadas as necessidades, pela sua diversidade resultam as que são
classificáveis pela sua origem em dois tipos:
Tem sempre havido algumas discussões sobre aquilo que são consideradas de
necessidades fundamentais e de luxo ou supérfluas, porém, tais distinções contêm um
juízo de ordem pessoal e moral para cada tipo de indivíduo, mas também se reconhece
um lado objectivo que é o grau de crescimento e desenvolvimento de uma determinada
economia.
Notemos, por exemplo, numa determinada economia, uma viatura pode ser um bem de
luxo enquanto para uma outra, a mesma necessidade é fundamental. Um televisor pode
ser luxo para outra é fundamental. A necessidade de ter um telefone em casa para
algumas sociedades é uma necessidade primária para outras é luxo até demais.
É importante notar que alguns autores defendem que a capacidade que uma
determinada economia tem de ir satisfazendo as necessidades dos seus habitantes,
determina o grau e consideração do tipo de necessidades.
b) Secundárias são aquelas cuja satisfação pode ser adiada por algum tempo, podendo
ser satisfeita num plano secundário.
b) As Colectivas são sentidas por um certo grupo, por uma família, ou por mais de uma
pessoa. São o caso da falta das chuvas para camponeses. É verdade que elas
correspondem as procuras ou desejos de diferentes pessoas, só que elas são sentidas
por um grupo ou então em colectividade e em simultâneo, como é o exemplo de quando
as donas de casa vão fazer as compras para a família, estas não as fazem segundo as
suas escalas de preferências mas sim aquilo que consideram ser as necessidades de
toda a sua família.
a) Económicos, aquelas cuja satisfação exige algum custo financeiro (vestuário, pão,
transporte etc), ou seja as que os meios para a satisfação deverão ser adquiridos no
mercado pois, detém algum valor de troca; e
b) Não económicas são aquelas que podem ser satisfeitas sem incorrer em custo
nenhum, como é o caso de cansaço satisfeito com o sono, necessidade de respiração, etc.
São também acompanhadas, pois, para qualquer que se seja a necessidade existe
sempre algum meio ou forma de satisfaze-la, pelo que cada necessidade é acompanhada
por um meio para a sua satisfação. Porém, o alcance de tal meio depende do poder
económico e financeiro de cada indivíduo.
O sentimento de que as necessidades variam de pessoa para pessoa, pois o que é básico
para uns, pode não o ser para outros, logo, as necessidades assumem a característica de
serem relativas.
A diminuição de uma necessidade à medida que esta vai sendo satisfeita é objecto de uma
“lei” chamada “lei da saturação das necessidades”- é a lei económica segundo a qual à
medida que uma necessidade é satisfeita, diminui progressivamente até tornar – se nula.
Existem outros tipos de bens que mesmo sem a sua transformação pelo homem,
satisfazem uma necessidade, estes designam-se por Bens Livres. Para sua existência,
não se incorre em custos nem esforços, eles já existem, foram criados pela natureza não
foi o homem quem os colocou a sua disposição. São exemplo, a água do mar, a terra, o
ar, etc.
Tanto os bens económicos como os livres podem ser classificados quanto a sua
durabilidade em duradouros, que são aqueles que podem ser usados mais de uma vez.
Ex. de bens económicos ( a máquina, a esferográfica, etc), ex de bens livres (a terra, as
pedras, etc).
E em não duradouros, que são os que usados uma vez, não é possível voltar a usa-los.
Exemplo de bens económicos (Pão, o arroz, etc), exemplo de bens livres (folhas das
árvores, etc).
Bens de capital, que são os que se destinam a serem utilizados na produção de outros
bens, ou para gerar outros bens. Também são conhecidos de bens indirectos, isto
porque são os que satisfazem necessidades humanas indirectamente como bens
necessários ao homem. Freqüentemente, se refere aos bens usados para produzir os
bens de consumo (ex: equipamento, máquinas, edifícios, matérias-primas, etc).
Portanto não basta identificar o que produzir e para quem, mas acima de tudo saber
responder se aquele é o momento correcto para se fazer essa produção.
ACTIVIDADE 1: AUTO-AVALIAÇÃO
d) O custo de oportunidade, pela sua natureza, vai sempre conduzir a ter que efectuar
escolhas.
g) A escassez é uma faceta de todas as sociedades desde os países ricos aos países
pobres.
i) A economia positiva tem a ver com afirmações que podem ser verdadeiras ou falsas
onde a palavra “verdadeiro” significa “consistência com os factos.”
j) A economia normativa não pode ser verificada olhando para os factos mas exprime
pontos de vista do que pode ser bom ou mau ou ainda, certo ou errado.
BIBLIOGRAFIA
· Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
· Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
· Das Neves, J C. Introdução a Economia
· Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
· Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
· Miller, R. Microeconomia
· Vasconcelos, M. Economia Básica
UNIDADE 2:
POSSIBILIDADES PRODUTIVAS E CUSTO DE OPORTUNIDADE
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM
§ Compreender as potencialidades e limitações da economia;
§ Dominar o conceito de escassez de recursos e sua consequência na decisão de
produção;
§ Conhecer as possibilidades produtivas de economia dada a dotação de recursos;
§ Ser capaz de explicar o conceito de custo de oportunidade e o seu efeito na economia;
§ Diferenciar os sistemas económicos em função das suas características.
SECÇÃO 1. ESCASSEZ
GF Stanlake disse no seu livro Introductory Economics "A Economia diz respeito a
satisfação das necessidades materiais". pág. 2, 5ª Edição.
É importante que haja clareza relativamente a este assunto. São as necessidades que
aparecem como o móbil da actividade económica. Nas sociedades modernas e
monetarizadas, todos trabalhamos para obter um rendimento que nos possibilitará à
aquisição do que precisamos.
Contudo, importa indicar que nem as necessidades das pessoas e nem as capacidades
de satisfazê-las são constantes. O potencial produtivo expande-se continuamente,
assim como as necessidades.
Neste quadro, constata-se que as necessidades são uma característica inerente a todas
as sociedades e em todos os tempos, das mais ricas às mais pobres, das de pequena
dimensão territorial às de grande.
Este cenário conduz-nos a uma posição que somos compelidos a efectuar escolhas.
Nós podemos ter mais do bem X pela via de ter menos do bem Y. O nosso rendimento
é insuficiente para comprar tudo o que gostaríamos de ter.
Os recursos de uma sociedade consistem de: (i) dotações naturais tais como terra,
florestas e minérios; (ii) dotações humanas (físicas e mentais); (iii) meios técnicos
e físicos de produção tais como máquinas e instalações. A estes recursos é atribuído
o nome de factores de produção, uma vez que são destinados à produção de bens e
serviços.
Tais recursos económicos têm uso alternativo que quer dizer, podem ser utilizados
para produzir diferentes tipos e qualidades de bens e serviços. Se parte destes
recursos é empregue na produção de uma coisa, então a sociedade deve renunciar
(abdicar) de outros bens que seriam produzidos com os mesmos recursos.
Esta é uma curva que mostra o que a sociedade poderia produzir com a existente
quantidade de terras, capital, trabalho e tecnologia (factores de produção).
Com esta limitada quantidade de recursos, a sociedade tem uma vasta variedade de
opções alternativas, assim como de quantidades e tipos de bens e serviços que podem
ser produzidos. Pode produzir mais arroz e menos milho, mais mexoeira e menos
armas, mais pão e menos blindados, mais emprego e menos corrupção e assim por
diante.
Estas são hipóteses bastantes teóricas e fora da realidade, aliás, como diz o ditado
popular, o homem não vive só do pão. Assim, a economia escolherá uma certa
combinação dos dois produtos.
O facto de não satisfazermos uma necessidade alternativa (isto é, aquilo que renunciamos
ao usar os recursos de outra forma), constitui um custo, que se designa de oportunidade.
Claramente, o mínimo de bom senso, faz com que a alternativa escolhida seja a melhor. Em
outros termos, o benefício esperado da opção por nós escolhida deve ser maior que o
custo oportunidade da opção, por nós, não escolhida.
Veja-se pela tabela que o aumento do produto agrícola de 3 mil toneladas para 4 mil,
implica imediatamente um custo de oportunidade dessa expansão, de 8 mil unidades
de bens manufacturados.
Note-se pela tabela anterior, que a medida que a produção de bens agrícolas aumenta,
aumenta igualmente o custo de oportunidade. Esta situação deve-se ao facto de que
alguns recursos são mais apropriados para a produção de bens agrícolas que para
bens manufacturados e pela de rendimentos decrescentes.
Ponto dentro da curva da FPP indica tal situação de ineficiência. Neste caso a
economia pode produzir mais de bens agrícolas a medida que vai produzindo mais
de bens manufacturados.
Pode-se também dizer que produzir ao longo da curva da fronteira das possibilidades
produtivas é produzir no ponto da eficiência porque a medida que quisermos
aumentar a quantidade de um bem será em detrimento (redução) de outro.
A capacidade de um país em produzir mais dos dois bens a partir da fronteira das
possibilidades produtivas implicará um aumento na força de trabalho, um incremento
no stock de capital (fábricas, estações de energia, linhas de transporte, máquinas e
outros equipamentos) e aumento na tecnologia.
Por outras palavras, isso é possível com a expansão da produção global dentro da
eficiência (deslocamento da curva da fronteira das possibilidades produtivas) se
aumentar a capacidade produtiva do país.
Como se pode depreender ao se estudar a curva da FPP, fica bem patente a ideia do
custo de oportunidade que é fundamentada pela existência da escassez.
Quando nos deslocamos ao longo da linha, é como que se estivéssemos a mudar o objecto
de trabalho das fábricas, a dar novas e diferentes utilizações à terra, ao gado, aos meios de
transporte, etc.
Suponha que você quer um refresco em garrafa de refrigerante e uma sandes de ovo e
tem, somente, no seu bolso dez meticais.
Desde o momento em que você decida por tomar o refresco e que custa 10.00 MT,
logo você não dispõe de mais dinheiro para comprar a sanduiche de ovo. Se você
gostaria de comer a sandes para além do refresco, então a sandes que você renunciou
(abdicou) é o seu custo de oportunidade.
A partir destes exemplos domésticos pode-se extrapolar aos exemplos mais complexos, como
entre depositar a prazo e investir na criação de uma empresa, os seus rendimentos ou
herança, entre produzir mais armas e menos medicamentos, entre produzir mais escolas e
menos tractores, e outros mais.
Constitui nosso interesse, nesta secção, analisar quais os revestimentos importantes que
teoricamente, caracterizam estas duas formas de orientação da economia e fazer uma
avaliação da aplicabilidade prática destes conceitos.
Pode-se constatar a partir da definição acima que o papel do Estado é comparado ao simples
árbitro jogo de futebol, por exemplo, que se limita a corrigir e penalizar infracções de
jogadores sem nunca participar no jogo, muito menos influenciar os resultados directa ou
indirectamente.
Aqui a ideia reinante é da mão invisível escrita pelo pai da economia Adam Smith no seu livro
a riqueza das nações que dizia “cada indivíduo tenta aplicar o seu capital de maneira que ele
renda o mais possível. Geralmente o indivíduo não tem em vista a melhoria do interesse geral e
nem sabe em que medida é que o está a promover, procurando somente a sua própria segurança,
o seu ganho pessoal. Ele é conduzido, deste modo, por uma mão invisível, na promoção de um fim
que não fazia parte das suas intenções iniciais. Na prossecução dos seus interesses, o indivíduo
está frequentemente, a beneficiar a sociedade de um modo mais eficaz do que quando pretende
fazê-lo, intencionalmente.”
Neste sistema, cada mercadoria e cada serviço têm um preço, incluindo os diferentes tipos de
trabalho humano.
Ninguém o inventou, constitui uma evolução e está em franca transformação e mostra uma
capacidade de auto-superação e de sobrevivência na luta contra os modelos alternativos de
organização.
Para Adam Smith no seu livro a Riqueza das nações enuncia "...cada indivíduo, perseguindo
apenas, egoisticamente, o interesse pessoal, é levado como que por uma mão invisível, a realizar
o melhor para todos (sociedades)..."
Aqui voltando ao exemplo do árbitro, poder-se-ia dizer que, neste modelo, ele aparece com
figura não só é guardião das liberdades individuais e da propriedade privada perante a lei das
velhas máximas de deixa fazer e deixa andar de treinador mas, acima de tudo ele o Estado
(Governo) indica aos agentes económicos o que fazer, como fazer e para quem fazer. Portanto,
ele aparece com papel duplo de árbitro, mas ao mesmo tempo como jogador.
A situação de Moçambique nos anos passados (1975-1986) pode muito bem servir de
exemplo, por aproximação. Pois, é com directivas do plano que os agentes económicos
trabalhavam, os preços são indicados centralmente, usando critérios que não eram de procura
e oferta, a afectação dos recursos tinha como base de fundo prioridades definidas pelo
Governo central.
Neste modelo a iniciativa privada, no mínimo, é relegada para o plano secundário ou, no
máximo, necessária no momento de consultas populares com o objectivo de melhorar o plano
reorientar prioridades quando necessário.
Portanto, isto quer dizer que o actual conceito de economia de mercado pouco tem a ver com
o conceito clássico anteriormente definido, dado que encerra certo intervencionismo estatal
na economia e é sobre ele que nos vamos debruçar a seguir.
Na realidade, a perfeição que se deixa transparecer no princípio da mão invisível tem tido
falhas.
Ora vejamos, só para elucidar ao estudante: actividades económicas que afectam as zonas
envolventes do espaço do mercado, por exemplo, a poluição do ar ou quando uma fabrica
emana para o ambiente, fumos que afectam a população local e as propriedades - constatamos
que o dono da fabrica perseguindo interesses pessoais acaba colidindo com os interesses da
sociedade.
Outro aspecto a notar é que nessas economias, sabendo que o consumo depende em grande
parte do rendimento das pessoais conseguindo através do trabalho, o que sucede é que
aparecem pessoais sem emprego, o que afecta sobremaneira o seu padrão de consumo.
Para resolver este problema e outros o estado intervém no mercado para conseguir três
objectivos:
A) EQUIDADE
O gato de um indivíduo rico pode beber o leite que uma criança pobre necessitaria para se
manter viva e saudável. Será que isso acontece por problema da procura e oferta?
Portanto, uma sociedade não tem que aceitar as consequências do mercado como se de lei
divina se tratasse, assim o Estado é chamado, pois ele é único capaz de estabelecer políticas
redistributivas para se manter mediante acções sociais como subsídios de desemprego,
pensões de reforma, subsídios de segurança social, tentando minorar/eliminar a pobreza.
B) ESTABILIDADE:
O Estado dedica-se também a função macroeconómica de garantir a estabilidade da economia,
tentando evitar vagas periódicas inflacionistas (subida de preços) e a recessão que conduz ao
desemprego muito elevado e diminuição da produção e, por conseguinte, provoca subida de
preços e depreciação da moeda.
C) EFICIÊNCIA:
Vimos que as economias são afectadas por falhas de mercado que procura ineficiência na
produção como pode ser no consumo, cabendo ao Estado a responsabilidade de corrigir tais
defeitos do mercado.
Não obstante, importa mencionar aqui, que por vezes o Estado na tentativa de corrigir tais
falhas, agrava a situação.
Exemplos de correcções feitas pelo Estado das falhas do mercado podem ser citados os casos
de proibição da formação de cartéis o caso das leis antitrust, actualmente vigentes nos Estados
Unidos, a autorização de entrada de mais rádios televisões, linhas áreas, instituições de ensino
privadas em Moçambique.
Podemos concluir o tema em jeito de remate como o fez Paul Samuelson "... Ambas as partes -
mercado e estado - são necessárias. Fazer funcionar uma economia apenas com uma delas é
como tentar bater as palmas com uma mão".
ACTIVIDADE 2: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões
1. Uma vez que com recursos escassos não é possível satisfazer todas as necessidades
humanas é necessário fazer opções em termos dos bens que se quer produzir e qual
a quantidade desses bens que se vai produzir.
6. Para representar graficamente a FPP temos que saber que pares de bens são
produzidos.
7. Cada ponto da FPP representa uma combinação de produção possível face aos
recursos e tecnologia disponíveis na economia.
8. O problema da escassez está aqui patente na FPP, uma vez que não é possível
produzir combinações de produção que estão no exterior da FPP.
12. O custo de oportunidade, pela sua natureza, vai sempre conduzir a ter que efectuar
escolhas.
13. O custo de oportunidade não existiria se os recursos não tivessem uso alternativo;
14. O mecanismo de mão invisível não funciona quando benefícios e custos importantes
não recaem sobre pessoas que não os próprios decisores.
16. Tome presente os seguintes traços característicos: (1) propriedade privada, (2)
concorrência, (3) laissez-faire, (4) propriedade estatal dos meios de produção, (5)
desejo de uma distribuição equitativa de riqueza, (6) desigualdade de
oportunidades, (7) redistribuição, (8) planificação pela direcção central, (9)
liberdade de escolha, (10) interesse próprio como móbil, (11) confiança no sistema
de preços, (12) papel limitado do governo, (13) equidade, (14) valores sociais e
privados, (15) monopólios, (16) estabilização da economia, (17) laissez-passer (18)
mão invisível (19) pé invisível (20) caridade, (21) agricultura como única fonte de
riqueza.
BIBLIOGRAFIA
· Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
· Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
· Das Neves, J C. Introdução a Economia
· Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
· Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
· Miller, R. Microeconomia
· Vasconcelos, M. Economia Básica
UNIDADE 3
TEORIA DE MERCADO
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Abordagem geral sobre mercado
Secção 2 Aspectos básicos da procura e da oferta
Secção 3 O preço de equilíbrio
Secção 4 Tipos de mercado
Mas na certa, na loja, no mercado municipal, na barraca ao lado ou em frente da sua casa,
antes de comprar já regateaste o preço, achando elevado aquele que te apresentaram à
primeira vista.
Já te perguntaste de onde saem aqueles produtos de compras? Como chegam ao mercado?
Quando que achas um preço caro ou barato?
Então, estas e outras perguntas vão ser respondidas nesta Unidade e por isso amigo
estudante, vem daí e vamos estudar com afinco esta unidade.
Como se pode depreender, pensar a partir de exemplos de mercado podemos alistar desde
um simples exemplo de um mercado de frutas e verduras para mais altos e complexos
exemplos de mercado de trabalho ou mercado internacional de divisas.
Entretanto, importa não perdermos de vista a prática de trocas vem desde os tempos
antanhos que consistiam de um bem por outro diferenciando-se no seu valor de uso que
são as conhecidas trocas directas ou simplesmente economia de escambo, resultantes da
então incipiente divisão de trabalho com limitadas alternativas de troca dado ao nível de
desenvolvimento da sociedade. Aliás, matéria que voltaremos a falar quando estivermos a
analisar a origem histórica da moeda.
Entretanto, embora estejamos perante a evidência de existirem países mais ricos que
outros, os recursos da economia são limitados. Quando é assim é necessário fazer escolhas
e para isso cada economia precisa de um mecanismo para responder às perguntas
fundamentais:
A segunda, como o amigo estudante deve estar a advinhar é utilizar o Estado e sua máquina
administrativa.
Para o presente caso nos interessa a primeira alternativa e para tanto precisamos saber
definir. Deste último ponto, nota-se que a economia é tão complexa que necessita de um
mecanismo para manter a ordem para colocar as coisas no lugar certo e evitar que todo o
açúcar vá para Nampula e todo o sal vá para Manica e todo o sabão vá para Inhambane.
Retenhamo-nos às duas palavras sublinhadas lugar real é aquele em que vis-a-vis, tête-à-
tête compradores e vendedores discutem o preço do produto, o preço de um vestido ou
camisa numa loja, o preço de uma dúzia de ovos no mercado central ou do Xipamanine ou
ainda Dumbanengues, Txungamoios e nos Kwatchenas.
· Não obstante a liberdade indicada no ponto anterior, o mercado deve ter regras de
conduta e regulamentos a observar de como deve funcionar o mercado assim como
deve haver disponibilidade de informação de forma a que todos os operadores do
mercado saibam o que se está a passar.
Constata-se que num mercado, o preço desempenha duas funções essenciais e inter-
relacionacionadas que evitam situações caóticas de todo o sal parar em Manica e sabão em
Inhambane, como no nosso exemplo:
1. O preço dá informação
2. O preço dá incentivos
Note-se que no caso em que todo o açúcar vai parar em Tete, os beirenses, por exemplo,
estariam desesperados e prontos a pagar um preço alto para obter um pouco do precioso
produto da cana sacarina e da beterraba. Este preço alto é um sinal que indica aos
comerciantes que na Beira há compradores insatisfeitos.
Mas igualmente o preço lhes daria um incentivo para mandar o açúcar para Beira.
Verifique-se que os agentes económicos que fazem o mercado existir e funcionar são
compostos por dois grupos. O primeiro é de compradores ou consumidores que consistem
em indivíduos que procuram ou compram bens e serviços, assim como empresas que
compram o trabalho, capital e matérias-primas necessários para a produção de bens e
serviços.
O segundo é dos vendedores que inclui empresas que vendem os bens e serviços que
produzem e indivíduos que vendem a sua força de trabalho, assim como proprietários de
recursos que vendem os seus recursos naturais como petróleo, ferro e outros.
Outro elemento importante do mercado é o papel dos preços que fornecem sinais através
dos quais compradores e vendedores interagem. Para os compradores, o preço dá-lhes a
informação sobre a disponibilidade de bens e serviços no mercado e sua base tomar
decisões sobre o quê e que quantidades adquirir.
Por outro lado, para os vendedores usam a mesma informação para decidir sobre o quê e
que quantidades vender. Como se pode constatar, os preços prestam uma informação
muito importante visando melhorar o processo de tomada de decisões de mercado.
Contudo, é importante que o estudante entenda que não existe uma decisão coordenada do
lado dos vendedores e compradores ou por outras palavras, não existe uma direcção
consciente relativamente ao funcionamento do mercado. Cada operador do mercado actua
sozinho e não como parte de um plano centralizado ou previamente combinado entre as
partes.
Esta ideia traz consigo a abordagem iniciada no século xviii do laissez-faire que é uma
expressão francesa (deixar fazer) recomendando a não intervenção do governo no
funcionamento do mercado.
Nos nossos dias tal ideia é traduzida no sentido de que a economia funciona melhor quando
ela é livre da intervenção do governo e as decisões económicas são determinadas pelo
mercado, tal como o cientista austríaco Joseph Schumpeter numa das suas frases preferidas
gostava de dizer: o padrão económico é a matriz da lógica.
Finalmente, é importante notar que estudamos a teoria de mercado porque é neste onde se
opera o processo através do qual as decisões económicas são tomadas, embora não seja o
único.
2. Que factores influenciam ao produtor (vendedor) na sua decisão sobre que quantidade
produzir ou colocar no mercado?
A partir dos primeiros dois factores pode-se afirmar que querer comprar uma bicicleta é
uma coisa e nenhum consumidor planificará fazê-lo a não ser que o preço seja acessível e
disponha de rendimento para o efeito. Entretanto, o preço do bilhete dos autocarros, de
sapatos, ou veículos motorizados irão igualmente influenciar a procura pela bicicleta.
Para desenhar o gráfico se estabelece a condição ceteris paribus (que quer dizer demais
variáveis constantes) as quantidades procuradas variam unicamente em função da
alteração no preço. Na análise económica habituou-se pôr os preços no eixo vertical ou y e
as quantidades no eixo horizontal ou x.
Preço D
P1 A
(-)
P2 B
D
Q1 Q2 Quantidades
(+)
A curva de procura é o espaço geométrico que combina quantidades procuradas e preços.
Logo, pode-se dizer que a cada preço existe uma determinada quantidade procurada ao
longo da curva de procura. Assim, a curva de procura é a representação geométrica dessa
sucessão de combinações de pontos.
A curva de procura espelha que a cada preço de mercado corresponde uma quantidade de
bens e serviços que os indivíduos iriam procurar, mantendo os demais factores constantes.
Esta informação pode ser vista igualmente na tabela a seguir.
Pode-se, igualmente, notar que, em geral, os indivíduos estão dispostos a comprar mais
quando o preço baixa e a curva no gráfico reflecte isto porque cai da esquerda para a
direita, obedecendo a lei geral de procura.
Para a grande maioria dos bens e serviços, a experiência mostra que a quantidade
procurada aumentará sempre que o preço subir. Esta característica da procura pode ser
igualmente ilustrada pela linguagem tabular que se segue.
O amigo estudante pode ensaiar a representação do gráfico dos dados do quadro anterior e
interpretá-los.
É importante reter que a relação de procura é válida para uma população específica em um
período específico de tempo, logo a curva de procura diz respeito a um momento
determinado.
Uma das assumpções importantes assumidas numa economia de mercado é quanto mais
alto for o preço, menores são as quantidades procuradas e vice-versa.
Este enunciado é conhecido como a lei da procura, onde se assume que os consumidores
comprarão mais de um bem ou serviço se o preço do mesmo baixar e menos se o preço
subir mantendo os demais factores constantes.
O fundamento que sustenta esta afirmação é que se o preço de um bem específico sobe, os
consumidores mudarão a sua procura para um outro bem que tenha utilidade próxima.
Note-se que esta hipótese é consistente com a ideia de que o objectivo do indivíduo é
maximizar a sua utilidade ou o bem-estar.
Por outras palavras é procurar verificar o que acontece quando se abandona a condição
ceteris paribus. Ou ainda, agora admitir que as demais variáveis agora sim interferem na
decisão de procura do consumidor.
Os mais importantes são os que se seguem e serão objecto de análise sucinta:
D’
Preço D
P1 A
D’
D
Q1 Q2 Quantidades
Mas em certos bens a subida do rendimento conduz a redução da procura desses mesmos
bens. Este caso de bens denomina-se bens inferiores e compreende aquele caso de bens
básicos como comidas e algumas roupas baratas. Por exemplo, com o aumento do
rendimento as pessoas reduzem o consumo do feijão, da mandioca, da batata e comer mais
carne ou outro alimento mais caro como passar a ter boas bebidas para aperitivos em casa.
** Alteração do preço de outros bens. Muitos dos bens e serviços que compramos têm
substitutos e na compra estamos influenciados pelos preços relativos.
Pois, depois do aumento do preço da gasolina, as pessoas têm menos vontade de comprar
um automóvel. Isso conduzirá a que a curva de procura pelos automóveis se desloque para
a esquerda. Os bens deste tipo que são utilizados em combinação de tal forma que o
aumento de preço de um deles leva a uma queda na procura do outro - chamam-se bens
complementares.
Para os substitutos, prevalece a relação oposta. A mandioca e a batata doce são substitutos
e o aumento do preço da mandioca conduzirá que a procura pela batata doce aumente. O
mesmo sucede com outros bens substitutos: chá e café, manteiga e margarina, passagens de
autocarro e de comboio.
Poderíamos continuar com a nossa lista passando a análise para a mudança nos gostos e
na moda, na publicidade, mudança na população a prazo.
Neste caso os vendedores têm uma atitude diferente dos compradores relativamente a
variação dos preços.
Esta situação conduz-nos à lei de Oferta que enuncia que quanto mais elevado o preço,
maior será a quantidade oferecida.
Graficamente pode ser reproduzida a curva de oferta que sobe da esquerda para a directa
ou simplesmente com inclinação positiva.
P1
(+)
P0
Q0 Q1
(+)
A racionalidade da lei da oferta está no facto de que a subida de preços incrementa os
lucros e isso tenderá a encorajar novas firmas a operar na economia, aumentando a
quantidade produzida do bem em causa.
Tal como foi com a curva da procura, a curva da oferta é construída na base da assumpção
quando o preço do bem muda, outros factores são mantidos inalteráveis, portanto na
condição ceteris paribus.
Pode-se notar que o preço e as quantidades oferecidas têm uma relação directa, ou melhor,
são directamente proporcionais, conduzindo a inclinação positiva da curva de oferta.
Agora vamos ver o que acontece se abandonarmos a condição ceteris paribus, ou seja, se
admitirmos que aquelas outras variáveis voltam a influenciar a decisão do produtor de
produzir do vendedor de colocar bens e serviços no mercado.
* O custo das matérias-primas. Quando o preço dos fertilizantes sobem isso desalenta aos
agricultores a produzir milho ao mesmo preço. Isso retrai a curva de oferta para a
esquerda, como se ilustra abaixo.
P1
P0
Q0 Q1
Portanto o preço de equilíbrio pode ser determinado a partir das curvas de procura e de
oferta ou o que mais comummente se diz a partir do ponto onde as curvas de procura e
oferta intersectam o se cruzam.
Por outro lado com qualquer preço menor que o preço de equilíbrio, digamos o preço de
20, a quantidade procurada será maior que a quantidade oferecida, os consumidores
procurarão activamente mandioca e aumentarão o preço que oferecem no sentido do preço
de equilíbrio.
Ainda se pode dizer que o equilíbrio, na óptica da balança, é atingido quando os pesos dos
dois lados contrários da balança nivelam, ou igualam. E na linguagem matemática, a
condição de equilíbrio é a solução derivada de um conjunto de equações dado os valores
dos outros parâmetros.
Por detrás desta solução de equilíbrio existem hipóteses que devemos assumir acerca de
como os consumidores e vendedores se comportam (tomam as suas decisões) que é a sua
procura e oferta, respectivamente.
D S
E
PE lugar geométrico dos pontos de troca
S D
QE
A intercepção das curvas de procura e oferta determina o par ordenado de preço-
quantidade PE-QE que satisfaz todos os intervenientes no mercado. Portanto, a aquele
preço, PE, os compradores adquirem a quantidade que precisam comprar e os vendedores
vendem as quantidades que desejam vender.
Entretanto, não se está a dizer que o equilíbrio é sempre estático. O equilíbrio pode alterar,
mudar ou variar se uma ou mais variáveis, influenciando-o, mudam ou ainda, se as
hipóteses do estado de equilíbrio se alteram.
É igualmente importante notar que o equilíbrio não incorpora nenhuma noção de desejo ou
justiça ou do que é correcto. É, antes pelo contrário, o resultado de um modelo baseado
num conjunto de hipóteses dados os valores de outros factores. Portanto, equilíbrio é um
conceito positivo e não normativo.
P Excesso de bens
D e serviços S
P1
PE
P2
S Escassez de bens D
serviços
QE
Pode-se notar pelo gráfico que quando o preço ultrapassa o nível de equilíbrio regista-se
um desequilíbrio entre as quantidades oferecidas e procuradas gerando o fenómeno de
escassez de bens e serviços ou excesso de quantidades existentes no mercado.
4.1.-Concorrência Perfeita
O mundo real é mais complicado e é necessário analisar uma situação em cada época. Logo
o grau de concorrência no mundo real dependerá da sua proximidade aos modelos.
É importante referir aqui que a concorrência aqui referida é uma concorrência de preços.
No mercado de concorrência perfeita um único preço e estará para além da influência de
cada operador do mercado.
Esta condição só pode ser satisfeita com um mercado que apresenta as seguintes
características:
1. Todas as mercadorias são homogéneas o que quer dizer que uma mercadoria é
exactamente parecida a outra. E se esta condição se verificar, os compradores não terão
preferência por um bem em particular.
5. Finalmente que não há restrições na entrada de empresas no mercado assim como a sua
saída deste.
perfeita o Preço = custo marginal = receita marginal. Mas pela lógica, esta liberdade de
movimento e circulação de intervenientes do mercado por um lado e guiados pela mão
invisível, por outro, permite maior produção.
4.2. O Monopólio
O monopólio no mercado indica a existência de um e único vendedor ou supridor de bens e
serviços.
Isso indica que o poder do monopólio tem a ver com a oferta, portanto, não precisa,
necessariamente, de existir um único produtor. O ponto essencial é que os compradores
enfrentam um vendedor singular.
Ele não pode determinar ambos (preço e quantidade) porque não controla o mercado.
Portanto, estamos a notar que quanto mais efectiva for a restrição contra a emergência de
novas firmas maior será o poder do monopolista de determinar o preço muito acima do seu
custo médio e assim conseguir lucros avultados.
Podemos resumir a diferença entre uma firma operando em concorrência perfeita e outra
em monopólio com as seguintes características:
a) O monopolista não é tomador do preço do mercado. Ele pode variar o seu preço
mudando as quantidades oferecidas. Enquanto uma firma em concorrência perfeita é
tomadora do preço do mercado.
Restrições de entrada.
Estas restrições podem ser derivadas de diferentes formas que passamos sucintamente a
analisar:
Concentração de matérias-primas
A distribuição geográfica de recursos é desigual e é sabido que alguns recursos estratégicos
estão concentrados em certas e poucas regiões do mundo e isso permite a emergência do
monopólio e as outras regiões, naturalmente que não têm, passam a ser simples
compradoras. Alguns denominam como monopólio natural.
Barreiras técnicas
Hoje no mundo moderno, existem industrias dominadas por poucas e grandes firmas. Onde
estas empresas estão a operar numa escala maior usam recursos de capital, bastante,
onerosos e gozam de uma grande economia de escala e, por isso, as barreiras de entrada de
novas firmas são maiores. Entrar neste ramo tem muitos riscos desde o de investimento a
operacionais porque implicará concorrer com os já existentes em termos de custos,
tecnologia e conquista de espaço de mercado.
Barreiras legais
Esta é talvez a maior barreira de entrada a novas firmas onde a lei impera para evitar a
emergência de novas empresas no segmento de mercado. As garantias dos direitos de
patentes é um exemplo evidente de limitações legais para a emergência do monopólio.
Enquanto não é difícil para a empresa operar como um simples e singular vendedor com
recurso de patentes e marcas mas já é difícil atingir a situação que não há substituto para o
seu produto.
A diferenciação de produto é enfatizada, alguns mesmo dizem, criada por uma publicidade
competitiva que é talvez a característica mais importante desta forma de mercado.
É importante notar que a diferenciação que estamos a falar é no sentido económico e não
técnico. Porque dois produtos de marca podem ser idênticos na sua composição química,
mas se publicidade cria imagens de dois produtos completamente diferentes então esses
dois produtos são diferenciados porque o consumidor estará disposto a pagar preço
diferente pelos dois.
4.4. Oligopólio
Em muitas indústrias especialmente aquelas cientificamente baseadas e tecnologicamente
avançadas, encontramos a situação de oligopólio.
Assim como o nome sugere, este é o caso de mercado que é dominado por poucos. Por
outras palavras, um número reduzido de grandes empresas que contam para a toda a
produção industrial.
No oligopólio cada firma tem igual influência no mercado de tal modo que qualquer
mudança na sua política vai provocar alterações no mercado que conduzirá a que outras
empresas respondam.
Se a firma reduz o seu preço que é para aumentar o volume de vendas pode vender menos.
Dependerá de como as empresas vão reagir a esta redução de preços
Por vezes os oligopolistas aceitam a liderança nos preços de firmas mais grandes.
ACTIVIDADE 3: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões
Situação de
Preço Procura Oferta mercado pressão s/Preço
A 5 9 18
B 4 10 16
C 3 12 12
D 2 15 7
E 1 20 0
2. Suponha agora que a procura aumentou 20% para todos os níveis de preços, tudo o resto
constante. Refaça o quadro anterior e ponha em evidência as diferenças encontradas.
Sugestão: construa o gráfico com as duas curvas de procura e a curva de oferta.
5. Em cada uma das seguintes questões, explique se a quantidade procurada varia devido a
uma deslocação da procura ou a uma variação do preço e desenhe um gráfico para ilustrar
a questão.
a) Em resultado da diminuição da despesa militar, o preço das botas da tropa diminui.
b) O preço do peixe baixa após o Papa ter permitido aos católicos comer carne às sextas-
feiras.
c) O aumento do imposto sobre a gasolina baixa o respectivo consumo.
d) Após a devastação da Europa pela Peste Negra no século XIV, os salários aumentaram.
6. Com base nas leis da procura e da oferta, diga como se alteram o preço e a quantidade de
equilíbrio no mercado relevante, na sequência dos seguintes choques:
i. Aumento da população na sequência de um fluxo imigratório;
ii. Diminuição do preço da energia no produtor;
iii. Diminuição do rendimento disponível dos consumidores;
iv. Mau ano agrícola devido a condições climatéricas;
v. Melhorias nos processos produtivos devido a progresso tecnológico;
vi. Subida do preço de um bem substituto;
vii. Diminuição do preço de um bem complementar;
viii. Criação de expectativas de crise económica por parte da população.
(represente graficamente e explicite todas as hipóteses que assumir para a
resolução do exercício)
Movimento Deslocamento
Variações
Acima Abaixo Esquerda Direita
Aumenta o preço do óleo de mafurra
Diminui o preço do cimento
Campanha publicitaria a favor do aceite
de mafurra
Campanha publicitária a favor do óleo de
girassol
Aumento do rendimento disponível
Aumento do preço das frigideiras
eléctricas
Diminui o preço do óleo de girassol
Melhora a tecnologia de produção do óleo
Um cantor popular declara na TV que só
consome óleo de soja
8. Suponha que a procura e oferta de um bem podem ser apresentadas pelas seguintes
funções: D= – 13P + 520 ; S= 13P – 130
BIBLIOGRAFIA
· Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
· Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
· Das Neves, J C. Introdução a Economia
· Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
· Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
· Miller, R. Microeconomia
· Vasconcelos, M. Economia Básica
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
§ Dominar a importância no papel do Estado na economia e no mercado, em
particular;
§ Conhecer as externalidades, tipologia e seu efeito sobre o mercado;
§ Perceber o papel dos bens públicos numa economia de mercado;
§ Identificar as situações de assimetria de informação e como afectam o
funcionamento do mercado;
§ Reconhecer o papel e importância da informação no mecanismo de mercado.
Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar, nesta unidade, as seguintes secções:
Secção 1 O papel do Estado na economia
Secção 2 As externalidades
Secção 3 Os bens públicos
Secção 4 A assimetria de informação
Secção 5 A procura de 0informação
Para ter a resposta destas e outras perguntas, convido ao amigo estudante a se empenhar no
estudo desta unidade.
Precisamente pela existência de falhas de mercado. Pois, como foi visto na unidade
anterior, no mercado existem diferentes graus de poder de mercado (monopólio,
monopsónio, oligopólio, e concorrência monopolística ou imperfeita),
comportamentos que não resultam, necessariamente, numa eficiente afectação de
Outro aspecto que urge, inicialmente, reconhecer é que nem todas actividades
decorrem na esteira da estrutura do mercado, tais como produção de um bem público
chamado defesa nacional. Alternativamente, se uma fábrica causa a poluição do ar pela
emissão de um fumo tóxico. Esta é uma actividade que não é do mercado.
Duma forma geral, uma das formas de intervenção do Governo na economia pode ser
explicada pelas falhas do mercado. Quando o mercado se mostra incapaz de afectar
(eficientemente) os recursos produtivos - trabalho capital e matérias-primas, duma
maneira que nenhum deles seja ocioso (ao longo da fronteira das possibilidades
produtivas).
A afectação eficiente de recursos ocorre quando estes são usados de tal forma que não
seria possível reafectá-los de maneira diferente melhorando a situação de um, sem que
implique a diminuição ou prejuízo da situação de outro. Em princípio o mercado deve
ser capaz de afectar os recursos nesse sentido.
Infelizmente esse não é sempre o caso. No nosso exemplo da fábrica que polui fumo
tóxico ao ambiente, como é que o mecanismo de mercado pode forçar ao dono da
fábrica parar de poluir?
Essa é uma das funções do Governo que visa intervir no mercado de forma a lidar com
as falhas de mercado.
Desse modo, falhas de mercado podem ser vistas como situações em que a actuação
dos indivíduos em busca de seu puro auto-interesse leva a resultados que não são
eficientes. Falhas de mercado são frequentemente associadas com assimetrias de
A existência de uma falha de mercado é muitas vezes usada como justificativa para a
intervenção governamental em um mercado particular. A microeconomia ocupa-se
do estudo das causas de falhas de mercado, e dos possíveis meios para corrigi-las,
quando ocorrem. Tal análise desempenha um papel importante em decisões
políticas sobre políticas públicas. No entanto, alguns tipos de intervenções e de
políticas governamentais, tais como impostos, subsídios, salvamentos, controles de
preços e salários, e regulamentos, que podem constituir tentativas públicas de
corrigir falhas de mercado, também podem levar a alocações ineficientes de
recursos (às vezes chamadas de falhas de governo). Nestes casos, há uma escolha
entre os resultados imperfeitos, isto é, os resultados do mercado imperfeito, com ou
sem intervenções do governo. Em qualquer caso, por definição, se existe uma falha
de mercado o resultado não é pareto eficiente. Os economistas neoclássicos e
keynesianos acreditam que actuações governamentais podem influenciar
positivamente o resultado ineficiente de mercados que apresentam falhas. Nesta
aula, estudaremos em maiores detalhes as principais falhas de mercado classificadas
SECÇÃO 2. EXTERNALIDADES
Em economia, as externalidades podem ser definidas de diferentes maneiras que no
fundo é dizer a mesma coisa com mais ou menos sofisticação, mais ou menos
palavras.
Temos ainda, amigo estudante que a externalidade é o impacto da acção de um agente sobre
um terceiro que não participou dessa acção. O terceiro, a princípio não paga nem recebe nada
por suportar esse impacto.
Por regra, quando definimos a existência de externalidades como uma falha de mercado,
pressupomos que a existência de custos de transacção impede a alocação eficiente das
externalidades por meio de trocas.
Em jeito de intróito, vale ressaltar que a questão das externalidades foi, primeiramente,
abordada por Ronald Coase, economista da Universidade de Chicago, que desenvolveu em
1960 um estudo denominado de “O Problema do Custo Social” o que lhe garantiu,
posteriormente, a indicação e a obtenção do Premio Nobel de Ciências Económicas em 1991.
Coase procura, basicamente, estudar até que ponto o mercado privado é eficaz ao lidar com
externalidades, e chega a conclusão de que se os agentes económicos envolvidos puderem
negociar, sem custos de transacção, a partir de direitos de propriedade bem definidos pelo
Estado, poderão alocar os recursos de modo mais eficiente, solucionando o problema das
externalidades.
“Os agentes privados podem solucionar os problemas das externalidades entre si, desde que os
custos de transacção não sejam excessivos. Qualquer que seja a distribuição inicial dos direitos,
as partes interessadas sempre podem chegar a um acordo pelo qual todos ficam numa situação
melhor”
Externalidades Negativas
Uma externalidade negativa é representada por impacto negativo que atinge terceiros
proveniente da acção de outrem. Consideremos como exemplo, o uso de carros para ir ao
trabalho. Quando um agente decide utilizar seu carro para ir para o trabalho, está em geral
preocupado com factores como seu conforto, a rapidez, o preço da gasolina, a depreciação do
carro, utilização do carro, etc. Essa acção, entretanto, tem efeito na vida de terceiros dado que,
dentre outros factores, contribui para o aumento do trânsito e da poluição.
Esses dois resultados podem ser tidos como negativos do ponto de vista dos terceiros que o
suportam, dado que a emissão de gases pelo veículo é prejudicial à saúde, e que o aumento do
trânsito fará com que o tempo de deslocamento entre diferentes pontos da cidade seja maior.
Dessa forma, o custo dessa acção para a sociedade será maior que para a pessoa que decide se
deslocar por meio de um carro. Isso porque, o custo social é a somatória dos custos privados
de quem age e do impacto suportado pelos terceiros.
Uma solução típica para este tipo de problema seria a imposição de uma taxa, pelo Estado,
sobre esta atividade, a fi m de imputar aos agentes o custo decorrente da externalidade
apontada. No momento em que essa externalidade passa a integrar o custo privado, a curva de
custo privado se iguala à curva do custo social, e o equilíbrio atingindo passa a igualar-se ao
ponto óptimo. Ou seja, quando as pessoas passam a arcar com os custos do aumento do
trânsito e da poluição, provenientes da utilização dos carros, o número de carros tende a
diminuir de forma a alcançar a quantidade óptima. Dessa forma, o resultado é a alocação
eficiente dos recursos que existiria em um mercado onde não há falhas.
Externalidades Positivas
A análise feita acerca da externalidade negativa pode ser aplicada de forma semelhante às
externalidades positivas. Nessas últimas, porém, trata-se de acções que geram benefícios
indirectos a terceiros. O morador de uma cidade que mantém a fachada de sua residência em
bom estado está realizando uma acção em benefício próprio, qual seja a boa conservação de
sua propriedade privada. Adicionalmente, sua conduta está sendo benéfica aos demais
moradores daquela cidade, uma vez que contribui para a sensação de limpeza e boa
conservação do ambiente urbano, logo, para o bem-estar de sua população.
À medida que há utilidade para outras pessoas que não o morador que empreendeu a acção,
esse benefício pode ser considerado uma externalidade positiva.
Nesse caso, como há a presença de um ganho, e não de um custo como no caso de uma
externalidade negativa, a curva de valor social se distingue curva da demanda, ou seja, do
valor privado. Como o valor social é superior ao valor privado, a curva do valor social está
localizada acima da curva da demanda. Sendo assim, há um número menor de fachadas
conservadas que o desejável pela população, fazendo com que o ponto equilíbrio,
representado pelo cruzamento das curvas de oferta e demanda, se afaste do ponto óptimo de
encontro das curvas da oferta e do valor social. Para que esse último ponto seja alcançado é
necessário alguma forma de incentivo para que mais pessoas contribuam com o
melhoramento das fachadas, de modo a aumentar a quantidade e deslocar o ponto de
equilíbrio para o ponto óptimo.
Amigo estudante, por outras palavras, estamos a dizer quer se os custos ou benefícios
incidirem também, parcial ou totalmente, sobre outras pessoas que não o agente decisor,
geram as chamadas externalidades positivas ou negativas. O benefício que uma decisão
trouxer para outras pessoas e chamado de benefício externo ou externalidade positiva; o
custo sobre outras pessoas e chamado custo externo ou externalidade negativa.
Mas antes de continuarmos a analisar as externalidades, importa distinguir dois tipos
de custos:
Enquanto custos sociais: são todos gerados por outros que terão que
acomodar-se com as externalidades.
Embora os custos de poluição do rio não façam parte dos custos privados do produtor
químico, deve ser concluído como parte dos custos sociais adicionais de produzir
produtos químicos. Assim, custos sociais resultam da soma do custo adicional privado
mais os custos com a poluição.
Uma, pode ser com a imposição de um imposto na produção igual aos danos causados
com a poluição. O que requer a intervenção do Estado.
Uma terceira solução seria privada. Aqui não envolveria o Governo, onde por exemplo
o pescador poderia cobrar o produtor químico no montante das suas perdas, que tem
o mesmo efeito que o imposto. Com esta solução, o produtor químico compensa
directamente o pescador as perdas de produção deste.
Ainda existe uma quarta solução privada que consistiria em o produtor químico
receber do pescador parte do peixe capturado para compensar uma não maior
produção evitando assim poluir a água. Assim o produtor químico estaria compensado
a produzir menos e assim a não poluir o rio. A externalidade seria paga pelo pescador.
O resultado destas opções de soluções seria uma eficiente alocação social de recursos
na produção e na troca, mas nem todas são facilmente exequíveis. Aqui onde a grande
diferença entre as opções acima.
Como se pode depreender as soluções privadas são mais difíceis que aquelas que
requerem a intervenção do Governo, mas a probabilidade de as atingir é bastante
reduzida. Outra particularidade é que se assume que a poluição pode ser medida, o que
não corresponde a verdade na vida real.
Outro problema em torno das opções de solução está relacionado com o impacto da
distribuição de rendimento entre as três partes envolvidas (produtor químico,
pescador e Governo)
Mesmo assim, o problema das externalidades não estaria resolvido, aliás a consignação
de propriedade não constitui solução da poluição.
Olhemos para situações, como o que fazer com o barulho dos aviões para as pessoas
que vivem ao pé dos aeroportos? Seria dar espaço? Há muitas partes envolvidas.
Solução: construir uma represa para evitar as inundações, protegendo assim as casas e
culturas.
Assim e por isso nenhum agricultor estaria encorajado a construir a represa sozinho.
Esta situação introduz a ideia de BEM PÚBLICO, que pode ser definido como:
· Qualquer coisa que o Governo produz que não pode ser afectado
eficientemente pelo mercado;
Ou ainda, bens públicos são definidos como aqueles bens que geram benefícios para todos,
mas cujos custos não podem ser distribuídos, pela simples razão de que não se pode excluir
do consumo os indivíduos que se recusam a pagar por eles. Tal costuma ser o caso de
estradas, parques públicos, policiamento, defesa nacional, meio-ambiente, etc. A diferença
mais importante entre os bens públicos e os demais é que os benefícios por eles gerados,
não podendo ser alocados entre os beneficiários de acordo com algum princípio económico,
devem ser objecto de decisões políticas, o que significa que o Estado é quem deve produzi-
los, buscando financiamento na tributação, na inflação e na dívida interna ou externa.
Por exemplo: Defesa nacional. Mesmo que uma pessoa tenha um exército, não
consegue impedir que os outros se sintam protegidos.
2. Não exclusivo no consumo. Não é possível impor o pagamento para ter acesso
ao consumo. O exemplo anterior é válido.
3. Não rejeitável.
Como se pode depreender nem todos os bens produzidos pelo Governo são bens
públicos puros.
Exemplo: estradas, escolas, aeroportos são exclusivos nas taxas, portagens, onde
custos podem ser aplicados no seu uso.
Voltemos ao nosso exemplo da represa. Porquê uma empresa privada não pode
produzir a represa (como bem público)?
Quanto você está disposto a pagar para a construção da represa? Como o amigo
estudante responderia?
Você não subestima os benefícios porque se apercebe que a sua resposta não
influenciará na decisão final sobre a construção.
Agora imagine que a sua resposta afectará directamente o valor que você tem
de pagar como futuro beneficiário.
Neste caso você responde que o sistema é necessário e beneficiará aos vizinhos mas
você, pessoalmente, espera poucos benefícios, por isso está disposto a pagar o mínimo
para garantir a construção do sistema.
Este problema de as pessoas não serem honestas para revelar os benefícios marginais
privados, faz com que se produza o bem público e qualquer pessoa se possa beneficiar
sem contribuir, originando o problema do caloteiro (free rider), onde o bem público é
menor que seu benefício.
O problema do caloteiro (free rider) conduz a que não seja possível uma afectação
eficiente dos recursos no mercado.
Caloteiro: alguém que recebe o benefício de um bem, mas evita pagar por ele.
Na vida corrente, pode-se constatar que a assumpção não é realista posto que,
normalmente, no mercado a informação é produto muito bem valorizado.
Neste caso, se a nossa hipótese não persistir, o nosso modelo de concorrência perfeita
desaparece e com ele surge o problema de falha de mercado o que faz com que os
recursos não sejam afectados eficientemente.
Note-se que numa economia de mercado, a informação é indicada pelos preços. Logo, a
informação é imperfeita quando os preços não são determinados pelas forças do
mercado que fornecem aos consumidores e produtores sinais errados sobre o
andamento do mercado.
Agente-Principal
O problema agente-principal ou dilema da agência trata das dificuldades que surgem
em condições de informação incompleta e assimétrica quando um determinado
indivíduo, que denominaremos “principal” contrata outro, que denominaremos
“agente” para a consecução de determinada tarefa que será custosa para o agente e
que o principal não tem como fiscalizar adequadamente.
Vários mecanismos podem ser usados, em diferentes contextos, para tentar alinhar os
interesses do agente em solidariedade com os do principal, tais como taxas de
Ainda assim, em alguns casos pode ser difícil para o principal garantir que o
comportamento do agente esteja em conformidade com seus interesses. O problema
principal-agente é encontrado na maioria das relações empregador/empregado, por
exemplo, quando os accionistas contratam altos executivos de corporações. A ciência
política, tendo registado os problemas inerentes à delegação de autoridade legislativa
para órgãos burocráticos. Como outro exemplo, a aplicação da legislação está aberta à
interpretação burocrática, o que cria oportunidades e incentivos para o burocrata,
como agente, desviar as intenções ou preferências dos legisladores.
Selecção contrária
Referimo-nos a cenários cuja informação pode facilitar o vendedor. Mas existem
situações onde sucede o contrário, em que o comprador está numa posição vantajosa
relativamente ao vendedor. Sucede com os seguros onde os compradores de apólices
têm melhor conhecimento sobre os riscos a cobrir que o seu vendedor.
Por exemplo, na compra de um seguro de vida, a pessoa em causa, tem melhor informação
sobre o seu verdadeiro estado de saúde que a companhia seguradora, ao menos que esta gaste
dinheiro para ter um exame médico completo.
Risco Moral
Outro exemplo de selecção contrária é aquele referente a seguro dos bens imobiliários.
As pessoas que vivem nas zonas com elevado índice de criminalidade são as mais
motivadas para comprar serviços de seguros que as das zonas de baixo índice.
O aumento do número das pessoas procurando os serviços de seguro, faz com que os
prémios igualmente aumentem o que reduz o incentivo das pessoas vivendo em zonas
de baixo índice em procurarem os serviços de seguro.
Existe outro problema no mercado de seguros que é relativo ao risco moral. Este
problema faz com que as companhias de seguro incorram em alto risco resultante da
mudança de comportamento causada pelo facto das pessoas estarem confiantes de que
os riscos estão cobertos pelo seguro.
Por exemplo, se tiver o seguro contra o risco de roubo, as pessoas ficam menos
cuidada em verificar antes de sair se têm as janelas e portas devidamente trancadas
porque sabem que a companhia de seguro lhes reembolsará os danos que,
eventualmente, forem causados resultante da ocorrência de um roubo.
Outrossim, tendo seguro de vida, a pessoa é menos cuidada em, regularmente, fazer
exercícios ou em comer uma dieta equilibrada, e, este é o risco moral dos seguros.
como estes, a própria regulação já busca soluções para eventuais falhas de mercado.
Nas hipóteses sobre as quais a regulação não se debruçou caberia às partes encontrar
soluções contratuais para lidar com tais problemas.
O problema é que em tal mercado não há, necessariamente, o preço de todos os bens e
serviços. Contudo, pode haver um custo para uma pessoa particular obter uma
informação perfeita sobre os preços. Para o consumidor, estes custos chamam-se
custos de transacção.
Ainda mais, se as pessoas sabem que houve a baixa de preços, elas se preocupam
também com outros aspectos como a qualidade dos produtos, dos serviços prestados e
se os produtos estarão ou não em stock.
Assim, pelo facto de que a procura de informação é onerosa, a empresa enfrenta uma
curva de procura negativamente inclinada, isso quer dizer que a firma pode mudar
(aumentar) o preço dos seus produtos sem perder todos seus clientes. Recordem que
Note-se desta forma que o Estado numa república é o protector supremo dos
interesses materiais e morais dos cidadãos. A sua presença representa uma garantia
das liberdades dos cidadãos.
Notamos desta forma que o Estado continua a prestar um serviço público garantindo
igualdade de oportunidades a todos os cidadãos.
ACTIVIDADE 4: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões
3. Explique o significado dos bens públicos como (a) não rivais e (b) não exclusivos.
Procure dar exemplos práticos.
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Buchanan, James M., "Public Goods and Natural Liberty", in: Wilson, T. e Skinner,
A.S., "The Market & The State", Oxford University Press, Oxford, 1978, págs.
275/276.
Buchanan, J.M., "Is Economics the Science of Choice?", in: Streissler, E., "Roads to
Freedom", Routledge & Kegan, Londres, 1969, págs. 56/62.
CALABRESI, Guido & MELAMED, Douglas. Property Rules, Liability Rules, and
Inalienability: One View of Cathedral. 85 Harvard Law Review 1089 (1972). In:
DAU— POSNER, Richard. A. Economic Analysis of Law. Parte I. Cap. I. New York:
Aspen Publishers, 2007.
Lucas, J.R., "Liberty, Morality and Justice", in: "Cunning, R.L. (ed.), "Liberty and the
Rule of Law", Texas A. & M. University Press, Londres, 1979, págs. 157 e segs.
SCHMIDT, Kenneth & ULEN, Th omas. Law And Economics Anthology. 2. ed. Cap. 3.
Cincinnati, OH: Anderson Publishing Co, 2002.
ZYLBERSZTAJN, Decio & SZTAJN, Rachel. Direito & Economia — Análise Económica
do Direito e das Organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
· Dominar o conceito de consumidor;
· Conhecer os axiomas subjacentes as preferências do consumidor;
· Compreender o percurso do estudo da utilidade pelas diferentes escolas de
pensamento;
· Identificar as diferentes características das curvas de indiferença;
· Identificar a importância e papel do rendimento e a sua restrição no consumidor;
· Reconhecer o equilíbrio do consumidor.
Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar, nesta unidade, as seguintes secções:
Secção 1 Teoria da preferência e utilidade
Secção 2 Análise da Utilidade e curva de indiferença
Secção 3 Características das curvas de indiferença
Secção 4 O rendimento limitado e a maximização do consumidor
Secção 5 O equilíbrio do consumidor
Comecemos por dizer que existem três grupos de agentes económicos: consumidores,
empresários e proprietários de recursos.
Assim, cada consumidor organiza como afectar o seu rendimento entre a vasta quantidade
e variedade de bens e serviços disponíveis no mercado. A agregação destas decisões é
conhecida como a procura de mercado que exprime como a sociedade, como um todo,
pretende afectar os seus recursos financeiros.
Assim esta unidade estuda como comportamento individual do consumidor como o amigo
estudante, logo estudá-la é também fazer uma viagem de auto-conhecimento mas na
vertente económica.
Economistas apontam as razões da desilusão (não conseguir maximizar o bem estar) como
resultantes da falta de uma informação precisa, entre outras.
Estas hipóteses não são restritivas. Para derivar a curva de procura e de indiferença, torna-
se necessário ter as seguintes assumpções:
1) Que o consumidor seja informado da existência de alguns bens e serviços;
2) Tenha algumas reacções em relação aos mesmos, por outras palavras, que prefira
uns em detrimento de outros;
3) Disponha de rendimento para dar significado as estas reacções no mercado.
As hipóteses rígidas vistas anteriormente são aplicáveis a teoria do bem-estar. Por outras
palavras, ajudam a explicar porquê a maximização do bem-estar ainda é uma miragem.
A função preferência
O indivíduo ou família obtem satisfação ou utilidade ao consumidor um determinado bem
ou serviço durante um determinado período de tempo.
Para que a satisfação ou utilidade seja máxima, o consumidor deve ser capaz de comparar
orçamentos diferentes ou cabazes de mercadorias. O que quer dizer que o consumidor em
1
Quer dizer que o consumidor pode posicionar diferentes cestas de mercadorias em primeiro, segundo, terceiro
lugares e sucessivamente.
q Cada consumidor tem uma função preferência (i) que estabelece uma ordenação
entre as cestas de mercadorias (ii) para uma comparação dois a dois, indica que
prefere A a B, B a A, ou que é indiferente (iii) para comparar três ou mais cabazes,
indica que se A é preferido (indiferente) a B e B é preferido (indiferente) a C, logo A
é preferido (indiferente) a C. (iv) estabelece que um orçamento maior (uma cesta
maior) é preferível a um menor.
Esta apreciação da utilidade que aparentemente hoje é consensual teve um longo caminho
histórico de pensamento para o melhoramento.
Vilfredo Pareto (1906) removeu o último obstáculo sobre a teoria da utilidade, dando lugar
ao conceito ordinal do comportamento do consumidor, dispensando a hipótese de utilidade
cardinal porque irrelevante ou desnecessária.
Quando mais elevada, ou melhor, quanto mais a direita estiver uma curva de indiferença,
tanto maior o nível de utilidade, como é mostrado no gráfico nº 1.
Ainda, quanto mais elevada uma curva de indiferença, mais preferível será cada orçamento
situado nessa curva.
Mapas de indiferença
Qtde Y
III
II
I
Gráfico nº 1 Quantidade de X
Assim no gráfico nº 1 todas as combinações em III são as mais preferidas. Todas as cestas
de mercadorias em II são mais preferidas que aquelas em I e menos desejáveis que em III.
A medida ordinal que consistem no ordenamento dos orçamentos como 1º, 2º, 3º, 4º, 5º....
etc é necessária e suficiente.
Qtdade de Y
G II
Quantidade de X
Gráfico nº 2 F
Quarta: Esta última aparece para o consumidor poder maximizar a sua satisfação para
cada despesa do seu rendimento. A propriedade estabelece que as curvas de indiferença
são côncavas para cima que quer dizer que se localiza acima da sua tangente para cada
ponto.
Quantidades de Y
Gráfico nº 3 Quantidade de X
Grosso modo, o consumidor organiza suas compras de modo a maximizar a sua satisfação
sujeita ao seu rendimento.
Essa utopia desejada não existe. Mesmo para os mais abastados das grandes sociedades são
obrigados a manter uma linha de comportamento em função dos seus rendimentos.
Para a teoria do consumidor isso quer dizer que cada um dispõe de um rendimento
máximo para gastar num determinado período de tempo. Agora o problema do consumidor
é gastar esse rendimento por forma obter uma máxima satisfação.
Continuando a pressupor a existência de dois bens X e Y. Estes bens têm os seus preços no
mercado Px e Py, respectivamente. O consumidor tem um conhecido e fixo rendimento M
para o período em consideração.
Assim, a quantia gasta no bem X será (X*Px) e também no bem Y (Y*Py) que não tem
maneira como exceder M que é o seu rendimento.
M ³ X*Px + Y*Py
Esta desigualdade pode ser apresentada graficamente, considerando primeiro que:
M = X*Px + Y*Py
Quantidades de Y
Y = (1/Py)*M – (Px/Py)*X
0 B Quantidades de X
Gráfico nº 5
O primeiro termo do lado direito da equação mostra a quantidade de Y que pode ser
adquirida se nada de X for comprado. Logo (1/Py)*M é o intercepto da ordenada, pela
distância OA. O segundo termo – (Px/Py) é a inclinação da recta que é um valor negativo da
razão de preços.
A área triangular limitada pela recta de restrição orçamentária e pelos dois eixos é
chamada de espaço orçamentário que é o conjunto de todas as cestas de bens que podem
ser compradas, gastando uma parte ou todo o rendimento dado. Logo abrange uma parte
do espaço-mercadoria.
Qtde de Y
A*
0 B B*
Gráfico nº 6 Qtade de X
Qtde de Y A
0 B* B
Gráfico nº 7 Qtade de X
Para tanto grande atenção deve ser prestada aos conceitos rendimento nominal e real,
preços nominais e preços relativos.
Bens desejáveis
P
IV
III
Bens possíveis II
I
0 M
Gráfico nº 8
Assim o único espaço que preenche a hipótese fundamental é sobre a recta orçamentária.
Esta é maneira que o consumidor maximiza a sua satisfação com um rendimento limitado.
ponto onde a taxa marginal de substituição é igual à razão entre os preços. Aqui ele
consegue obter o nível de utilidade máxima que lhe é possível atingir.
Os pontos para cima e para a direita da recta LM estão-lhe vedado, salvo se ele dispor de
um orçamento superior a M para gastar. Abaixo de LM e a esquerda de LM não tem
importância, porque se parte do princípio que ele deseja gastar a totalidade de M
rendimento.
RESUMO DE UNIDADE
Consumidor racional
Os consumidores escolhem a melhor cesta de bens que podem adquirir
Preferências do consumidor
1) Completas.
Duas cestas quaisquer podem ser comparadas. Para quaisquer cestas x e y, x
≥ y ou y ≥ x ou ambas (são indiferentes)
2) Reflexivas
Qualquer cesta é certamente tão boa quanto uma cesta idêntica: x ≥ x
3) Transitivas
Se x ≥ y e y ≥ z, então x ≥ z
O axioma da transitividade é crucial para a teoria do consumidor. Sem ele, não é possível
identificar a cesta preferida. Ausência de transitividade => dutch book (sequência de trocas
que levaria o consumidor a perder todo o seu dinheiro)
A curva de indiferença
A curva de indiferença representa todas as combinações de bens que proporcionam o
mesmo nível de satisfação a uma pessoa.
Mapas de indiferença
É um conjunto de curvas de indiferença que descrevem as preferências de uma pessoa com
relação a todas as combinações de duas mercadorias.
Cada curva de indiferença no mapa mostra as cestas de mercado entre as quais a pessoa é
indiferente.
O óptimo do consumidor
O ponto óptimo corresponde ao ponto de tangência entre a recta orçamental e a Curva de
Indiferença.
ACTIVIDADE 5: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões
1. Suponha que Mwatani Lero tem um rendimento líquido de imposto de 100 unidades
monetárias (u.m) por semana e que o gasta todo em alimentos ou vestuário. Se os
alimentos custarem 5 u.m. o kg e o vestuário 10 u.m. a peça.
a) Desenhe um gráfico da recta de restrição orçamentária, em que os alimentos estão
no eixo vertical e do vestuário no eixo horizontal.
3. Se o rendimento permanecer nas 100 u.m., em contrapartida o preço dos alimentos subir
para 10 u.m., qual será a nova curva orçamentária?
a) Escreva a nova equação da recta, caso conclua que haveria mudanças.
4. O gráfico abaixo mostra uma das curvas de indiferença do estudante Lippi Colin e a sua
recta de restrição orçamentária.
40
Quantidade
de X
0 80
Quantidade de Y
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA:
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
§ Dominar as etapas do circuito económico de simples ao complexo
§ Conhecer o que é a função da Contabilidade Nacional
§ Identificar as diferentes ópticas de cálculo do produto
§ Calcular o Produto interno e nacional
§ Reconhecer as limitações da contabilidade nacional
Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar, nesta unidade, as seguintes secções:
Secção 1 Circuito económico
Secção 2 Noção de Contabilidade Nacional
Secção 3 Cálculo do produto
Secção 4 Limitações da Contabilidade Nacional
Por isso, situando-nos no quadro nacional, constatamos que todos os indivíduos são
consumidores e que, excluídas as crianças e os velhos, todos os consumidores são
potenciais produtores.
No plano individual como agregado, sempre foi preocupação dos agentes económicos,
procurar maneira de melhor satisfazer as necessidades cada vez mais crescentes e
múltiplas, para tanto tinham que produzir. Para melhor produzir as famílias criam
unidades especializadas para o fazer, dotando-as de recursos para o efeito.
FAMÍLIAS EMPRESAS
As famílias que criam empresas também conhecidas como empreendedoras têm como
objectivo o lucro ou prémio de risco ou de empresário através da produção de bens e
serviços para o mercado que trocam com as famílias que tenham rendimentos. Se nos
lembrarmos dos capítulos anteriores, está-se a dizer que trocam os bens e serviços
produzidos pelas suas empresas com os consumidores.
EMPRESAS
FAMÍLIAS
Assim, estabelece-se um circuito económico real: Bens de consumo das empresas para as
famílias, factores de produção das famílias para as empresas, cuja característica
fundamental é a circulação de bens tangíveis (palpáveis) entre os agentes económicos.
Nesta perspectiva, enquadra-se uma velha ideia entre economistas: O dinheiro está para
economia, da mesma forma que o sangue está para o corpo humano. É uma representação
comparada as ciências naturais: A ideia de que o corpo humano está ligado por dois
sistemas: O nervoso (os preços e os custos) e o sanguíneo (dinheiro ou a moeda).
Mas, as famílias para formarem empresas ou unidades de produção precisam de terra onde
instalarem as unidades de produção. Não é possível pensar em empresa sem dinheiro para
FAMÍLIAS EMPRESAS
As famílias têm por objectivo o lucro quando formam as empresas, conseguido com a venda
dos bens e serviços produzidos, a força de trabalho empregue é remunerada por um
salário, e, pela ocupação da terra paga-se uma renda. As três categorias constituem o grupo
dos rendimentos, recebidos das empresas, através dos quais as famílias efectuam despesas
tendo como contrapartida bens e serviços.
Despesas
FAMÍLIAS EMPRESAS
Este grupo de fluxos tem uma característica que é comum - o dinheiro, que constitui o
circuito monetário como se ilustra acima.
A separação dos dois circuitos e a demarcação da direcção dos fluxos tem um objectivo
puramente didáctico, pois o circuito económico simples é composto por esses fluxos: real e
monetário, como visto anteriormente.
2. Tudo o que as famílias ganham (Y) é gasto na aquisição de bens e serviços (C), logo Y
= C admitindo a não existência de poupanças.
4. Todas as necessidades das famílias são satisfeitas pelas empresas que representa a
auto-suficiência desta economia de modelo simples.
6. As empresas não retêm parte dos lucros para os seus cofres, por outras palavras,
estamos a dizer que não existem hipóteses de extensão da capacidade produtiva das
empresas, nem a constituição de provisões pelo desgaste do equipamento diverso.
Como se pode depreender, este esquema é bastante simplificador. Agora vamos introduzir
novos elementos que, a cada passo, irão eliminando as hipóteses simplificadoras bastante
rígidas, tomadas a partida.
As famílias, para além de serem simples unidades de consumo, agora não destinam todo o
rendimento (renda lucros ou juros e salários), unicamente, para o consumo, senão que
retêm uma parte que constituem suas poupanças, assim como as empresas não distribuem
todos os lucros, ficando uma parte na rubrica lucros retidos.
Estas poupanças, tal como os lucros retidos pelas famílias como as empresas efectuam os
depósitos em bancos que o sistema financeiro remunera com juros, tal como aqueles aos
bancos em caso de pedidos de financiamento. Com a eliminação de uma das hipóteses
simplificadoras iniciais e a inclusão no circuito económico do sistema financeiro, o nosso
esquema fica como se segue:
No diagrama anterior, foi vista a economia fechada e sem Estado mas que produz bens de
consumo e bens de investimento. As firmas do tipo C produzem bens de consumo e do tipo
I produzem bens de investimento. Assim o rendimento é produzido pelos dois tipos de
empresa. As famílias recebem e consomem e poupam depositando no sistema bancário que
são canalizados para as unidades de produção para financiar o investimento. Fica também
claro que a poupança é igual ao investimento na economia fechada sem Governo.
A partir do momento que incluem os bancos, importa reter dois novos conceitos:
Juros: - São remunerações pela utilização do dinheiro alheio. Ou quisermos recuperar o
manancial de conhecimentos anteriores, pode-se dizer que é a medida do custo de
oportunidade das diferentes aplicações alternativas.
§ Tal como é irrealístico afirmar que não existem contradições intra grupos,
pois nas famílias (divórcios, conflitos de terra, diferenças de ideias, os
partidos políticos, a intolerância de toda a espécie, o racismo, o machismo, o
feminismo, etc.) e nas empresas (os conluios, os cartéis, as concorrências,
etc.) e inter grupos (os acordos colectivos de trabalho, os salários mínimos,
as horas de trabalho, as associações empresariais, os sindicatos, o
desemprego, o mercado informal, etc.).
FAMÍLIAS EMPRESAS
FAMÍLIAS EMPRESAS
Introduzidos estes dois elementos têm-se o circuito económico complexo, como se ilustra
na página anterior.
O produto de uma economia é a soma de tudo aquilo que se produz e se vende num
período de tempo, geralmente num ano.
3. Por último, temos a óptica da despesa que consiste na soma de consumos finais
duma economia e logo na despesa total da sociedade para a sua aquisição (compra).
Dissemos também que o produto era o somatório de bens e serviços o que quer dizer que o
produto é contabilizado uma e única vez, introduzindo o conceito de valor acrescentado
que é o novo valor criado ou ainda o valor do produto da empresa menos os custos
intermediários comprados pela empresa aos seus fornecedores que são outras
empresas.
Os estudantes devem notar que as ópticas aqui apresentadas não são utilizadas
simultaneamente para o cálculo do produto, bastando uma delas para o efeito.
┌───────────────┬─────────┬─────────┬────────┬────────────┐
│ │Compras │ │Receitas│ VALOR │
│ Descrição │de outras│ Lucros │ das │ACRESCENTADO│
│ │empresas │Salários │ Vendas │(NOVO VALOR)│
├───────────────┼─────────┼─────────┼────────┼────────────┤
│Emp. Florestal │ 0 │ 100 │ 100 │ 100 │
│ │ │ │ │ │
│ Serração │ 100 │ 150 │ 250 │ 150 │
│ │ │ │ │ │
│ Marcenaria │ 250 │ 120 │ 370 │ 120 │
│ │ │ │ │ │
│Casa de Mobília│ 370 │ 50 │ 420
42 │ 50 │
├───────────────┼─────────┼─────────┼────────┼────────────┤
│ TOTAIS │ │ 420 │ │ 420 │
420 42
└───────────────┴─────────┴─────────┴────────┴────────────┘
Da tabela acima, fica claro que a óptica do rendimento que constitui o somatório de todos
os ganhos (salários e lucros) é igual a óptica da produção que é a soma dos valores
acrescentados de cada empresa. Se um consumidor qualquer quisesse comprar a mesa, o
faria na Casa de Mobília à uma despesa de 420, que iguala os outros resultados. Fica
demonstrada a validade da identidade contabilística entre as três ópticas.
Para produzir aquele bem cujo valor são 420, parte do valor da maquinaria, instrumentos
de produção sofreu desgaste, ou por outra, transferiu parte do seu valor para o produto.
Esta revelação reclama a presença das amortizações, que como dissemos, é a provisão
constituída para substituir o equipamento, findo o seu período de vida.
Estas provisões são constituídas a partir do novo valor criado. Isso quer dizer que com ou
sem amortizações, o produto pode ser BRUTO OU LIQUIDO.
Portanto, nota que o produto interno é a soma de toda a produção de todas as unidades
individuais de produção residentes no determinado território. Esse produto é a diferença
entre a produção final e aqueles e aqueles ingredientes (matérias-primas) que a unidade
produtiva comprou de outras empresas. Esta diferença como vimos chama-se valor
acrescentado.
Produto pode ser bruto se não tomarmos em conta as amortizações, caso contrário, se elas
forem retiradas (expurgadas do produto), ele torna-se Líquido. Esta diferença é
fundamental, dado que o valor futuro da capacidade produtiva de uma nação é feito no
presente, pela constituição das reintegrações, dado que os factores de produção têm anos
de vida, findos os quais não prestam mais o seu concurso à produção.
Pode ser PRODUTO INTERNO se os factores produtivos que concorrem para a produção
desses bens e serviços são residentes de um determinado espaço geográfico em estudo,
independente da sua nacionalidade. Por exemplo, a Lomaco empresa de nacionalidade
britânica produção da SIETE, de nacionalidade italiana, produção da Tatenda, lda que é
moçambicana mais que todas são residentes no espaço moçambicano. A soma dos valores
novos criados por estas empresas forma o Produto Interno de Moçambique.
O nosso PRODUTO pode ser avaliado (contabilizado) logo a porta das unidades de
produção, quando assim for, diz-se que o produto é a custo de factores (cf). Mas quando vai
ao mercado, sobre ele, podem recair dois tipos de impostos, directo (Te) aplicado às
empresas, transferindo para o Estado e os impostos indirectos (Ti), que constituem os
encargos normais de produção, venda, compra ou uso de bens e serviços, encargos esses
que normalmente se repercutem no consumidor, via preço.
Também podem ser incluídos no preço de vendas não só os impostos que o Estado cobra
como o mesmo faz transferências para as empresas com objectivo de reduzir os custos de
produção, conhecidas por subsídios ou também imposto negativo, representados pela letra
(Z).
ÓPTICA DA PRODUÇÃO:
Esta óptica, como tivemos oportunidade de ver, consiste no somatório dos valores
acrescentados que igualam ao PRODUTO INTERNO BRUTO a custo de factores (PIBcf).
ÓPTICA DO RENDIMENTO:
Consiste no somatório de todas as remunerações aos factores de produção (Salários +
Lucros + Dividendos + Juros + Renda + outros rendimentos).
ÓPTICA DA DESPESA:
Esta óptica distingue os produtos consoante a sua utilização (consumo privado ou público,
investimentos e exportações), consistindo na soma dos produtos finais.
FAMÍLIAS
(CONSUMO)
EMPRESAS
(INVESTIMENTO) VALOR DE BENS
DESPESA E SERVIÇOS
GOVERNAMENTAL AGREGADA PRODUZIDOS
(DESPESAS/GASTOS)
Partindo desta situação como chegarmos ao Produto Nacional? - Claro que é simples, pois
do conceito do produto nacional dissemos que era somatório de bens e serviços finais
produzidos por factores de produção nacionais independentemente da sua localização,
daqui é retirar rendimentos dos factores externos e adicionar o rendimento dos factores
nacionais, então teremos:
Então, o resto é puro exercício de identidades entre as rubricas, como por exemplo:
Do ponto de vista do fluxo de bens e serviços do comprador final, PIB é igual a soma das
despesas de consumo (C), Investimento (I) compras do Governo (G) e exportações líquidas
(X-M).
Despesas de Consumo são compras feitas pelos consumidores ou famílias dos bens de
consumo e serviços correntes produzidos.
O PIB corrente é aquele medido a preços correntes (preços que vigoram no dia-a-dia no
mercado). A taxa de subida do PIB nominal é igual a taxa de subida do nível geral de preços
mais a taxa de subida no PIB real.
Entre PIB e PNB, embora se reconheça o mérito estatístico de ambos mas para
Moçambique é o PIB aquele que é comummente mais citado, estudo e analisado justamente
porque melhor interpreta o desempenho desta economia que é fortemente influenciada
pelo investimento directo estrangeiro e reduzido investimento nacional no estrangeiro.
Caso se optasse pelo indicador PNB, estaria omisso o impacto do investimento estrangeiro
na criação de nossos postos de trabalho em Moçambique e dos rendimentos e tributos daí
gerados para além do novo valor criado em bens e serviços visando a estabilização da
economia como um todo.
Na verdade, o indicador Produto Interno Bruto é o mais amplamente usado mesmo para
estudar as politica públicas e nas projecções de longo prazo. Como este não há nenhum que
lhe é comparável na utilização e aceitação entre os países, com cunho de universalidade nos
tempos que correm.
Associado ao PIB e para se fazer uma primeira avaliação e bastante rudimentar sobre o
nível de desenvolvimento económico (variável qualitativa) de qualquer economia recorre-
se a distribuição do PIB pelos seus habitantes. Como se pode depreender, faz-se uma
assumpção teórica de quanto caberia a cada um se o produto fosse distribuído
equitativamente, que é conhecido nos meandros económicos como PIB per capita.
PIB per capita = PIB do período dividido pela população do mesmo período.
Na verdade, o PIB per capita é usado como indicador médio proxy de padrão de vida de
habitantes de uma determinada economia.
Entretanto, deve-se ter presente que a noção de PIB per capita sendo uma média, não quer
dizer que todas as pessoas de Moçambique tenham o mesmo rendimento ou acesso aos
bens. Outrossim, é que a população se dispersa em torno dessa média, querendo significar
que existem pessoas que têm maior rendimento e outras com menor que, em geral, muitas
pessoas com rendimento menor e número reduzido com rendimento maior.
Em Moçambique dados sobre PIB são calculados pelo Instituto Nacional de Estática (INE)
que é igualmente responsável pelo censo populacional, por isso, esta é a instituição
capacitada para prover a informação sobre PIB per capita que é de periodicidade anual e
normalmente calculado o indicador em dólares americanos para efeitos de comparação
com outras economias.
Os economistas estão conscientes das deficiências deste indicador não obstante o seu
amplo e generalizando uso, pelo que deve ser visto como simples indicador e não na escala
absoluta.
Externalidades
Efeitos positivos ou negativos decorrentes de certas situações que não são contabilizadas,
como por exemplo, os efeitos da poluição sobre a saúde dos cidadãos (externalidades
Positivas:
Construção de um hospital (saúde) / Investigação Científica (desenvolvimento tecnológico)
/ Construção de uma Estrada (infra-estruturas)
Negativas:
Gases das fábricas (poluição) / produção de armamento
ACTIVIDADE 6 - AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões
2. São lhe dados os seguintes elementos contidos na tabela que se segue da linha de
produção do açúcar para consumo no mercado.
Diga resolvendo:
a) Qual é o valor acrescentado nas quatro fases?
b) Demonstre que calculando o produto com recurso as três ópticas ter-se-ia o mesmo
resultado do produto desta economia açucareira.
c) O que obteríamos, se decidíssemos somar as vendas das quatro fases?
10. Quais dos seguintes que digam respeito as Despesas de Consumo e entram no
conceito de PNB:
a) Bens e serviços produzidos somente pela economia doméstica;
b) Bens produzidos no exterior e que são comprados pelas famílias;
c) Compra de bens duradouros como viaturas, mobílias, equipamentos da casa,
etc;
d) Despesa do consumidor por uma nova casa;
e) Compra de terra pelas famílias.
11. Todos os países que tiverem o PIB a crescer, terão necessariamente um PNB
com o mesmo comportamento?
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
CÉSAR DAS NEVES; João (1997); “Introdução à Economia”; Editora Verbo; Lisboa
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Origem histórica da moeda
Secção 2 Tipos de moeda
Secção 3 Funções da moeda
Secção 4 Motivos para procurar moeda
Secção 5 Bancos
Estas e outras perguntas são objecto de estudo desta interessante unidade. Por isso, vai dai,
amigo estudante, que vamos juntos responder as perguntas e desmistificar este tópico
Estudados que foram os conceitos básicos nos primeiros capítulos desta cadeira. Viram que
o Homem porque incapaz de isoladamente fazer o mundo - de produzir tudo quanto
precisasse para satisfazer as suas necessidades, então se viu compelido a ser gregário.
Nessa perspectiva, o que sucedia na prática é como que cada homem vivesse sob o lema:
trabalhes para mim que eu trabalharei para ti, num clássico exemplo de Robinson e Sexta-
Feira ou ainda, do agricultor pastor e pescador, que entre eles, efectuam permutas de bens,
entregando os que lhes sobram e procurando os que lhes fazem falta.
A história humana testemunha etapas diferentes de trocas, que muito brevemente podem
ser identificadas por troca directa, a que é feita entre mercadorias de consumo final que
mais tarde foi suplantada pela troca indirecta, onde aparece entre as mercadorias, um
elemento de permeio a servir de intermediação.
Começamos com as trocas para perceber a dinâmica da história da evolução da moeda que,
muito sinceramente, vos desejo que se fascinem com este assunto.
Para começar, importa recordar, parafraseando Banjamim Disraeli: "A única coisa que pôs
mais homens loucos do que o amor, foi o problema do dinheiro". -Paul Samuleson in
Economia 12ª Edição pág. 323.
O nosso primeiro desafio não é atribuir um juízo de valor à afirmação de Disraeli, antes pelo
contrário, descobrir o seu fundamento.
A fase da troca directa de mercadorias consistiu na permuta de bens por outros bens em
que a aceitabilidade se limitava aos dois intervenientes de troca em presença.
Isso quer dizer que, racionalmente, um indivíduo não poderia trocar mapira com mapira,
pelas razões óbvias: da troca não poderia ter a possibilidade de satisfazer outras
necessidades que aquelas saciadas com a mapira.
Embora a troca directa apresente, obviamente, inconvenientes, como veremos mais adiante,
ela representou, naquela fase histórica, como um grande passo para a evolução, dado que é
uma escapatória a uma situação de auto-suficiência, em que cada indivíduo tinha que
desempenhar toda a espécie de tarefas, sem hipótese de se especializar em alguma, para
poder sobreviver.
Entretanto existem inconvenientes que podem ser atribuídos à troca directa que se
resumem no seguinte:
Percebe-se que este inconveniente consiste em que, no geral, pode existir uma pessoa
interessada a trocar uma gazela por vários cachos de banana. Mas já seria difícil encontrar
uma outra pessoa com interesse, vontade ou desejo exactamente oposto que quisesse a
gazela para entregar as suas bananas. Chama-se à esta situação de dupla coincidência de
vontades ou simplesmente, reciprocidade de necessidades.
Tal reciprocidade é muito pouco provável que parafraseando uma expressão económica
clássica: "em vez de se dar uma dupla coincidência de vontades, dar-se-ia, provavelmente, uma
vontade de coincidências" Paul Samuelson in Economia 12ª Edição pág.325.
Qualquer uma destas moedas mercadoria surgiu de acordo com as condições específicas de
cada lugar no mundo. Entretanto, importa indicar que esta primeira forma de moeda
apresenta vantagens e desvantagens. Detenhamo-nos, por um instante, para ilustrar as
respectivas:
§ O azeite podia ser uma simpática moeda líquida, mas era um pouco incómoda para
ser transportada no bolso.
Tantos outros exemplos seriam dados para ilustrar algumas das desvantagens que a
primeira forma de moeda tinha no seu manuseamento. É neste âmbito que surge o
inconformismo do homem vendo-se, evolutivamente, obrigado a procurar novas formas de
moeda que ultrapassassem as desvantagens da forma de moeda então vigente.
É nesta perspectiva que até por volta do século XIX a moeda estava limitada aos metais
preciosos, com o surgimento da segunda forma de moeda: a moeda metálica.
Esta forma de moeda estava, essencialmente circunscrita a ouro e prata que apresentavam
as seguintes vantagens básicas:
§ Durabilidade
§ Divisibilidade
§ Homogeneidade
§ Peso igual e valor igual
§ Facilmente reconhecíveis
§ Fácil de transportar (manuseável)
Mesmo assim, importa aqui notar que durante muito tempo, este metal foi utilizado
simultaneamente com a prata. A partir da descoberta de mais minas de prata na América do
Sul, situação que fez com que este metal inundasse o mercado europeu e daí as pessoas
preferissem ouro em detrimento da prata. Basta notar que um grama de ouro equivalia a
doze gramas de prata, ponto que explica a propensão das pessoas de se libertarem da prata
retendo nos seus bolsos o ouro.
Foi a partir dessa, aparentemente, constatação empírica que Sir Thomas Gresham
elaborou a sua lei, conhecida na literatura económica como LEI DE GRESHAM que enuncia
que "a má moeda, a moeda ruim expulsa a boa moeda da circulação".
Assume-se, neste exemplo, que todos os soldados fumam (aceitabilidade no meio dos
soldados) e não têm contacto com o exterior senão com a Cruz Vermelha Internacional,
organismo doador dos bens alimentares e outros mantimentos, incluindo cigarros. Os
fumadores de cigarros não fazem dieta, pois este bem, subjectivamente e para muitos
fumadores, tem servido de "calmante de nervos, activador de memória e de pensamentos,
ajuda para tomada de grandes decisões, etc", situação que torna o seu consumo rotineiro,
produto que acaba primeiro entre todos (tornando-se raro) e é o que sofre maior pressão
de procura.
Com este exemplo, muito simples, fica integralmente, demonstrada a lei de Sir Thomas
Gresham.
Constata-se que o transporte do ouro e prata quando fosse em muita quantidade, era
facilmente detectado, o que acarretava sérios riscos de roubos e assaltos. Então os homens
descobrem que criando casas com segurança para guardar o dinheiro daqueles que tinham
poupanças, contra a emissão de um certificado que confirma que o portador daquele bilhete
era possuidor de valores monetários em casa de moeda, era um negócio rentável cujos
serviços eram muito procurados.
Este marco histórico cria mais uma forma de moeda que é a moeda-papel. Estes
certificados na sua primeira forma representavam o ouro e prata guardados em casa de
moeda, isto é, o valor inscrito no certificado correspondia exactamente, as quantidades de
metais depositados nas casas de moeda e que o seu portador podia, a qualquer momento,
reclamar o seu montante em ouro e prata na casa de moeda. Esta é a primeira apresentação
da moeda-papel que é a moeda representativa.
Se os certificados eram aceites e estes novos sem contrapartida real em casa de moeda,
então se estava perante a criação de nova moeda com contrapartida parcial, que na
realidade circulava e intermediava trocas na base de "fidus", do latim quer dizer confiança,
fé. Portanto, estamos em presença de outra modalidade que toma a moeda-papel que é a
moeda fiduciária, que não era mais que um processo de multiplicação dos depósitos na
base da confiança e aceitabilidade que os certificados já granjeavam entre as pessoas, já
conhecidas como notas de banco. Começa aqui o processo contínuo da desmaterialização da
moeda.
O excedente (a parte que sempre ficava dos levantamentos dos depositantes) era utilizado
para conceder financiamentos a terceiros mediante pagamento de usura pelos mutuários
que constituía uma grande fonte de acumulação de fortuna pelos donos das casas de moeda.
Esta prática veemente proibida tanto pela Bíblia como pelo Alcorão, pelo que foi
desenvolvida pelos judeus e mais tarde pelos protestantes.
Como se pode observar o Estado declarou inconvertível o papel-moeda, determinou, por lei,
o seu curso forçado, estabeleceu o seu valor que se concretiza no papel.
Esta é a forma de moeda que circula em todas as partes e países do mundo segundo a
escolha dos respectivos Estados que garantem a sua estabilidade interna e externa com
políticas apropriadas e o seu curso forçado protegido por lei.
Esta é a moeda considerada moeda e não como mercadoria e como Paul Samuelson dizia
"...é desejada não por si mesma, mas pelas coisas que ela é susceptível de comprar. Não se
deseja utilizar a moeda directamente, mas, sim, utilizá-la gastando-a. Mesmo quando se decide
utilizá-la aforrando-a, o seu valor deriva do facto de a podermos gastar mais tarde." - Paul
Samuelson, in Economia 12ª Edição pág.326.
Não se deseja dinheiro em si porque não tem valor intrínseco, senão pela capacidade de ser
meio de troca, de por meio dele adquirir uma máquina de barbear, uma refeição, uma
consulta médica e outros afins.
Da exposição depreende-se que a moeda sempre foi uma convenção da sociedade, produto
da criação dos homens.
Sabe-se que uma das operações mais importantes realizadas pelos bancos é a aceitação de
depósitos do público.
Comecemos com um exemplo simples, um fulano que deposita em banco e na sua conta dez
mil de Meticais. Seguidamente este mesmo indivíduo precisa de efectuar um pagamento de
3 mil de MT correspondentes a propinas anuais na sua universidade.
Poderá sacar um cheque sobre o seu banqueiro e entregá-lo à secretaria da sua faculdade
ou sacar o dinheiro directamente no seu banqueiro e entregar em numerário naquele
montante. Caso seja a última situação, o pagamento acaba sendo efectuado com recurso a
papel-moeda.
No entanto, pode suceder que o estudante saque um cheque a favor da sua faculdade e esta
não precise do dinheiro vivo imediatamente e seja cliente do mesmo banco. Neste caso,
remeterá o cheque ao seu banqueiro mediante depósito na sua conta, naquele montante.
Assim o pagamento será efectuado mediante um simples jogo de escritas - o banco debita a
conta do devedor (estudante) e credita a conta do beneficiário (a sua faculdade). Não houve
intervenção da moeda corrente, mas o estudante efectuou o pagamento das suas propinas,
portanto liquidou as suas obrigações. Estamos perante uma forma de moeda, constituída
pelos depósitos à ordem que é a moeda escritural ou simplesmente moeda bancária,
porque a circulação dos depósitos se resume a um simples jogo de escrita nos bancos.
O cheque apresenta vantagens acrescidas sobre a moeda manual (numerário) e uma delas é
a segurança, porque, por exemplo, se perder o numerário fica taxativamente irrecuperável,
enquanto se perder o cheque, não perdeu o seu dinheiro que está depositado em banco. O
que, obviamente, terá que fazer é comunicar o seu banqueiro da ocorrência para não
transaccionar o/s cheque/s perdido/s.
Outra vantagem adicional por meio de cheque facilmente pode provar a existência da
operação/transacção o que obviamente não pode fazer com recurso ao dinheiro manual
(numerário).
banco, portanto, não precisa transportar para transferir para outrem. Depreende-se que o
cheque serve de instrução para o seu banqueiro para sacar o dinheiro da sua conta bancária
para a conta do sacado/beneficiário.
Nos nossos dias, assiste-se a uma evolução bastante gigantesca nas espécies de moeda
disponíveis. Esta evolução e inovação permitem que hoje em dia sejam encontradas duas
formas de moeda associadas ao desenvolvimento tecnológico, fundamentalmente, no ramo
da informática e fedúcia entre os operadores do sistema.
A primeira forma deste tipo de moeda é a moeda electrónica que resulta da utilização dos
cartões informatizados em máquinas postas pelos bancos a disposição dos seus clientes em
lugares fora das suas instalações (centros comerciais, ruas, grandes paragens de autocarros
e caminho de ferro, etc.), que permite a todo o momento o acesso a sua conta no banco.
Não é intenção deste trabalho que K2se pretende que seja um texto de apoio, ser acabado,
mas sim enunciar aquelas funções que por sua natureza se revelem de importância
conhecer. É evidente que com o desenvolvimento económico novas funções vão surgindo.
A terceira função é que serve de medida de valor quer dizer que facilita a avaliação, em
termos quantitativos, dos bens produzidos por ser medida de referência.
Ainda, a moeda tem o poder liberatório, uma capacidade reservada a moeda de poder
liquidar todo o tipo de obrigações com terceiros, portanto, capacidade de poder pagar ou
saldar as dívidas.
Outra função desempenhada pela moeda e que se revela de utilidade interessante e que está
associada a trocas creditícias é que a moeda se constitui em padrão de pagamentos
creditícios.
Entre economistas, ainda se considera existir outra função da moeda que se associa ao seu
fetichismo, em que os homens depositam a sua sorte no dinheiro e marca a diferença entre
os que possuem e não possuidores. Esta é a recente função símbolo de poder.
Do que foi exposto, entende-se que existe um lado que procura a moeda e outro que oferece
e por entendimento, entre eles, estabelece-se um preço de troca.
Neste quadro, a moeda como outra mercadoria qualquer, tem um lugar, seja ele económico
ou real onde ela é trocada e a este lugar denomina-se mercado monetário, como existe o
mercado do chá, do café, do camarão, do açúcar, etc.
Sistematizando, quer dizer que o mercado monetário é o lugar onde se efectuam trocas com
horizonte temporal reduzido (curto prazo), enquanto, se se tratar de operações de horizonte
temporal mais dilatado (longo prazo), envolvendo activos financeiros, estaremos na presença
do mercado de capitais.
Tal como foi feito nas aulas anteriores, quando estudaram a teoria do mercado, vamos
analisar o lado da procura da moeda, começando por encontrar os factores ou motivos que
conduzem as pessoas a procurarem a moeda?
Várias podem ser as razões que pressionam as pessoas a procurarem moeda. Hoje, existem
diferentes tipos de ofícios cuja motivação está o salário pecuniário, desde o varredor da rua
até aos ilustres senhores com doutos nas diferentes áreas do saber, passando pelos
políticos, músicos e outros.
Antes de responder a questão, talvez fosse útil sistematizar o conceito de moeda como "um
bem que, de modo geral, não tem utilidade em si mesmo, apenas tem utilidade indirectamente
por aquilo que permite adquirir. Mas que satisfaz as funções de unidade de cálculo,
instrumento de trocas, reserva de valor e meio de pagamentos diferidos e goza das
características de aceitabilidade (geral no espaço a que se refere), trocabilidade e liquidez
(disponibilidade) e que, por isso, confere um direito de saque sobre o produto nacional, direito
esse caracterizado pela seguinte indeterminação: obter o que quiser, aonde quiser, a quem
quiser e quando quiser" Maria Irene de Carvalho in Economia Monetária pág 1.4.
O primeiro é o motivo transaccional, quer dizer que as pessoas procuram dinheiro para
fazer compras de tudo quanto necessitam o que está associado a função intermediação de
trocas da moeda e medida de valor.
Também pode-se dizer, simplesmente que é para pagar as contas e este motivo está
dependente do rendimento (Y) numa relação directa. Isso quer dizer que quando mais
tiver, mais transacções estará disposto o individuo a efectuar e nada tem a ver com a
taxa de juro.
Para além disto, ninguém sabe do que vai ocorrer no dia seguinte, nos tempos futuros,
portanto existe uma ideia nas pessoas de se precaverem hoje para a incerteza do amanhã.
Neste quadro, tendo a moeda a capacidade de transportar no tempo o seu valor, portanto a
função reserva de valor, as pessoas procuram o dinheiro hoje por motivo precaucional.
Detenhamo-nos para analisar o conceito das obrigações. Obrigações não são mais nada que
promessas feitas por quem pega/pede emprestado para pagar a quem deve um certo
volume (principal) em uma data específica (data da maturidade da obrigação) e adicionado
a um dado volume de juros por ano.
Enquanto as acções são também promessas de pagamento de uma parte de lucros de uma
empresa. As empresas pagam dividendos, significando que os detentores de acções recebem
um certo volume dinheiro proporcional às suas acções.
Portanto, estamos, duma forma geral, na presença de três motivos que levam as pessoas a
procurarem, a todo o custo, a moeda que por um motivo ou outro ou ainda, todos
conjugados.
Concluindo, pode-se afirmar que a procura de moeda depende das seguintes variáveis:
i. Rendimento (Y).
ii. Inflação que é o nível geral de preços
iii. Taxa de juro ou preço da liquidez ou ainda custos de oportunidade.
Se pelo contrário, a procura de moeda for em função das quantidades de bens que uma
determinada quantidade de dinheiro pode comprar, portanto expurgando (retirando) o
factor evolução do preço (inflação) ou sem tomar em consideração ou abstraindo-nos dos
preços, estaremos a falar da procura de moeda real ou procura de moeda por encaixes reais,
que depende exclusivamente do rendimento real e da taxa de juro (Y, i).
Onde,
Em termos práticos, estamos a dizer que os indivíduos detêm moeda para financiar
as suas despesas que dependem do rendimento. Por sua vez a procura de moeda
depende do custo da sua posse que é o juro que incorre por tal posse ao contrário do
que acontece com os outros activos. Quanto mais alta a taxa de juro mais cara se
torna a moeda em relação aos outros activos.
Ld = Procura de moeda
Y = Rendimento
b > 0 = sensibilidade de procura de moeda em relação à variação da taxa de juros
i = níveis de taxas de juro.
Estas variáveis não são as únicas que influenciam a procura de moeda, pois existem outras,
como o próprio quadro institucional quando determina as formas de pagamento. A procura
de moeda para transacções será inferior numa economia que utiliza cartões de crédito do
que numa economia onde predominem meios mais líquidos de pagamento. Outra variável
qualitativa é o nível de desenvolvimento dos meios de comunicação como o recurso aos
correios e efectuar pagamentos com vales de correio e outras formas de pagamento (Aliás,
basta recordar as formas desenvolvidas de moeda estudadas).
SECÇÃO 5. BANCOS
Banco Central
Posto isto, em termos práticos, coloca-se-nos uma pergunta óbvia, quem, efectivamente,
oferece dinheiro ao sistema, quem injecta (na óptica de emissão) o dinheiro na
economia? Quem tem esta responsabilidade de dar o que todos, de diferentes formas e
para propósitos vários, procuram?
Importante reter que o Banco Central não se relaciona com o público (singulares e
empresas estatais e privadas). Este papel é reservado às instituições de intermediação
financeira, entre elas, papel importante é desempenhado pelos Bancos Comerciais e
historicamente, os primeiros a surgir, no norte da Itália (Siena e Florência), zona do
Lombard.
A taxa praticada pelos bancos comerciais tanto para operações activas como passivas,
chama-se taxa de juro para crédito e para depósitos respectivamente.
Esta definição conduz-nos a analisar a liquidez como sendo a capacidade que qualquer
activo tem de se transformar imediatamente em outro activo isto é catana
transformar-se em papaia e esta em carne e por sua vez em casa e esta última em
viatura, a viatura em acções e as acções em dinheiro fresco.
Como preço do dinheiro, teoricamente, quer dizer que quanto maior for a taxa de juro
menor será a procura do moeda e vice-versa, ceteris paribus, a curva de procura é
negativamente inclinada.
Para as instituições financeiras, quanto maior for o preço do dinheiro maior será a
disposição de colocar a moeda à disposição do público (singulares e empresas), as
demais condições constantes, posto que os bancos comerciais funcionam como se de
uma empresa qualquer se tratasse, com o objectivo fundamental de maximizar lucros,
a curva de oferta do crédito é positivamente inclinada.
Neste quadro, o Banco Central segue objectivos do Governo que são, genericamente, os
seguintes:
· O nível de produção (Crescimento económico);
· Promoção do emprego e por isso redução do desemprego;
· Redução e controlo da inflação (nível de preços);
· Equilíbrio de contas externas (Balança de Pagamentos).
Isso quer dizer que o Banco Central emite a moeda observando o comportamento da
produção cujos meios de pagamento vão financiar, como se viu através da identidade
contábil ou equação de trocas.
Concluindo, pode-se dizer que a emissão monetária, pelo Banco Central, não depende
do comportamento da taxa de juro, senão de variáveis acima indicadas. Desta forma, a
O Banco Central relaciona-se com os bancos comerciais e estes por sua vez, com o
público, entre singulares e empresas como ilustra a figura abaixo.
As perguntas que se seguem são como é que os bancos conseguem através das suas
operações, e como que as operações monetárias induzem o sistema bancário a
participar no processo de estabilização económica.
M1 = NMC + DO
M1 + DP = M2
ACTIVIDADE 7: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões
5. Dizer que a má moeda expulsa a boa da circulação é o mesmo que dizer que as
pessoas não libertam a boa moeda.
6. Para qualquer coisa ser equivalente geral de trocas deve ter como base o nível de
credibilidade entre as populações.
7. É quase tudo ou nada, mas todo o bem pode ser moeda basta que para tanto as
populações convencionem.
9. Dizer hoje que os bancos centrais não perseguem lucros é uma utopia, como
pagariam salários aos seus trabalhadores, como faria investimentos em delegações e
equipamentos informáticos. Por isso que precisam de lucros sim a par das funções
de lei.
10. A moeda electrónica é prova de que quando há confiança o papel moeda vivo é
dispensável nas transacções.
11. Os bancos comerciais ao darem crédito aos seus clientes estão a criar novo poder de
compra e por isso estão a criar moeda.
12. Os bancos centrais ao serem bancos dos bancos quer dizer que lidam com os bancos
comerciais e não com o público, entre outros argumentos.
II PARTE
Escolha múltipla:
5. Quando se paga um cheque que não tenha dinheiro na conta é como se tivesse sido
dado crédito:
a) Ao sacador do cheque
b) Ao sacado do cheque
c) A ambos (sacado e sacador)
d) Todas as respostas;
e) Nenhuma das respostas.
f) Todas as respostas
g) Nenhuma das respostas.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
· Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
· Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
· Das Neves, J C. Introdução a Economia
· Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
· Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
· Miller, R. Microeconomia
· Vasconcelos, M. Economia Básica
Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Conceito de inflação
Secção 2 Teoria Quantitativa da Moeda
Secção 3 Tipos de inflação
Secção 4 Consequências de inflação
Entretanto, creio ter a certeza que já terá ouvido na rua comentários como este e que quem
sabe talvez mesmo saído da boca do amigo estudante:
§ Poderia comprar mais com o meu salário a dois anos atrás do que posso fazer hoje;
§ Os salários sobem pelas escadas enquanto os preços dos produtos sobem pelo
elevador;
Não pode ser considerada uma utopia acreditar que nos próximos anos, em Moçambique
entrará explicitamente no léxico eleitoralista ou para justificar a reeleição por ter baixado a
inflação ou ainda para indicar que é a pessoa indicada a ser eleita para reduzi-la e
estabilizá-la.
Ainda mais o sentimento popular é forte contra a erosão do poder de compra da moeda e
com ela o aumento do custo de vida a ponto de exigir, individual ou colectivamente, que o
Governo deve fazer algo para parar ou reverter a situação.
Estamos a chegar ao frequente axioma político de que a inflação é má por isso não
desejável.
Sendo assim, o estudante por meio deste curso, terá a rara oportunidade de ver discutido o
assunto nas aulas de que sugerimos que seja um sujeito participante activo.
Para facilitar a sua compreensão será usada uma linguagem simples quanto possível, para
explicar o conceito, origem e consequências da inflação na economia, mas a partir da teoria
quantitativa da moeda.
Antes de mais importa, vermos afinal que o será INFLAÇÃO, o fenómeno que é apontado
como objectivo de políticas económicas de todas as autoridades.
HARBERRGER dizia que o elemento que provoca inflação é a moeda, pois sem inflação
monetária, dizia ele não haveria inflação que constitui o ingrediente básico.
2) Magnitude de taxa de elevação dos preços: quando podemos nós afirmar que a esta taxa
de facto existe inflação.
SHAPIRO nisso reconhecia, a ambiguidade deste tipo de reflexão, mas afirmava que
elevação apreciável era como sinónimo de considerável ou suficientemente grande.
3) Dimensão do factor tempo: Portanto, não basta subir hoje os preços para no dia seguinte
se manterem a esse mesmo nível pois, para se dizer que existe inflação, é necessário que
essa subida seja persistente, continuada ou programada, portanto, na tendência altista a
persistir por períodos prolongados de tempo.
Caso de estudo
Suponha que a Sra Cristina Raquel é uma mãe solteira do menino Queco Brites. Ela é uma
secretária na importante empresa Tatenda, SA. Usando este caso vamos ilustrar
brevemente a inflação com base no orçamento dela.
Orçamento ano passado
Janeiro Orçamento este ano
Janeiro
Alimentação Qtdes Preço Despesa Preço Despesa Variação
Feijão 5 3.00 15.00 3.50 17.50 0.50
Frangos 10 10.00 100.00 9.65 96.50 -0.35
Bife 6 15.00 90.00 16.00 96.00 1.00
Sumo 10 2.50 25.00 2.50 25.00 0.00
230.00 235.00
Transporte 200.00 225.00
Gasolina 50 2.80 140.00 3.30 165.00 0.50
Passes de Omnibus 40 1.50 60.00 1.50 60.00 0.00
Despesas Pessoais 100.00 116.00
Cinema 6 5.00 30.00 7.00 42.00 2.00
Restaurante 2 20.00 40.00 25.00 50.00 5.00
Aplicativo/Celular 6 5.00 30.00 4.00 24.00 -1.00
Cuidados Pessoais 110.00 110.00
Farmácia 5 10.00 50.00 10.00 50.00 0.00
Tratamento do Cabelo 2 20.00 40.00 20.00 40.00 0.00
Corte de Cabelo 1 20.00 20.00 20.00 20.00 0.00
Habitação 150.00 155.00
Renda 120.00 120.00 0.00
Energia 15.00 15.00 0.00
Água 15.00 20.00 0.00
A Cristina Raquel recebe 1.000 unidades monetárias desde o ano passado e as gastava
todas no orçamento apresentado na tabela anterior.
Para este ano, alguns preços mudaram (uns aumentando e outros reduzindo) que
culminaram com o aumento da despesa.
Amigo estudante está a notar que a despesa neste aumento com o aumento dos preços é
superior ao salário da Cristina Raquel.
Como o salário da Cristina Raquel não aumentou, logo não pode continuar a comprar as
mesmas quantidades, pois o aumento dos preços reduziu o valor de compra do seu
dinheiro o que a obriga a ter que efectuar ajustamentos que passam por:
· Reduzir algumas quantidades e/ou
· Cortar, simplesmente, outras despesas.
Pode-se notar que a inflação afecta o poder de compra dos assalariados, reduzindo a sua
qualidade de vida.
Por isso, importa continuarmos esta matéria.
Sobre tais ligações, recomenda-se ao estudante que se recorde ou leia por instante porque
se figura de fundamental importância para a compreensão deste tema, tal como o foi na
percepção das identidades contábeis para o cálculo do produto, nas três ópticas.
Mesmo assim é preciso ter presente que para a construção do modelo simples de
funcionamento da economia as famílias (que são as unidades de consumo) dispondo de
terras, capital e trabalho, formam e põem empresas a laborar para produzir bens e serviços
para venda no mercado.
Pelo emprego desses três factores de produção, foi dito que as famílias recebiam como
contrapartida, respectivamente, renda, juros/lucros, e salários rendimentos que são gastos
na compra de bens e serviços produzidos pelas empresas.
Foi a partir dessa ideia e dessa constatação, que serviu de base para se elaborar uma das
formulações mais conhecidas na teoria quantitativa que é a equação de FIHSER (1912) ou
também denominada equação de trocas.
Ela enuncia que num sistema económico que se troca n bens e se indica com o p, o preço
desse bem e q, a quantidade trocada ou transaccionada, com i=1,2,3,......n, então o valor será
a soma da multiplicação dos produtos pelos respectivos preços que será respectivamente
verdade, que o valor total dos bens trocados Spxq é igual a despesas monetárias, isto quer
dizer que na economia deve existir uma quantidade de meios de pagamento igual ao valor
dos bens por transaccionar.
No entanto, deve-se ter bem presente que uma unidade de moeda, num determinado
período de tempo, pode financiar mais de uma troca de bens, e a quantidade de vezes que
esta unidade monetária financia ou intermedeia trocas denomina-se velocidade de
circulação da moeda. Indicando com V a velocidade de circulação de moeda, então a
despesa monetária será igual MV, logo:
MV = S PixQi
Se se indica com p o nível geral de preços e com T as transacções obtém se célebre equação
de Fisher.
MV =PT
Esta relação, como foi demonstrado nas aulas, não passa de uma pura identidade contábil
(despesa iguala ao ganho) que relaciona o valor dos bens trocados com a quantidade de
meios de pagamentos que foi necessário utilizar, portanto como qualquer relação contábil,
não pode descrever alguma relação de causalidade entre as variáveis,
Contudo é importante, todavia realçar a utilidade desta identidade contábil, pois, mostra
que as grandezas M, V, T, P devem se relacionar de tal maneira que a equação seja
respeitada.
Por essa mesma simplicidade, esta identidade, pode ser manipulada mecanicamente
interpretando o seu significado de maneira diferente afirmando, numa análise de curto
prazo:
Cada uma das afirmações acima é verdadeira desde momento que o vínculo seja
respeitado, porém não é teoria quantitativa da moeda.
Para transformar esta pura identidade contábil em teoria, portanto, numa relação causa e
efeitos, entre as variáveis, são necessárias algumas hipóteses sobre a equação de Fisher.
a).- V - velocidade de circulação de moeda não varia no curto prazo pois as suas variações
dependem dos métodos de pagamento (semanal ou mensal, cash, cheque ou transferência
bancária), desenvolvimento do sistema financeiro, confiança entre os agentes económicos,
cenário que não se consegue alterar no período de um ano.
b).- T - volume das transacções não variam no curto prazo pois depende da intensificação
da divisão do trabalho, o progresso técnico e a acumulação. Como se pode depreender num
espaço de um ano não são possíveis essas transformações de tamanha qualidade.
c).- P - nível geral de preços varia no curto prazo, basta recordar-se dos movimentos dos
preços nos mercados da capital durante os três períodos do dia para testemunhar esta
constatação ou aos fins de semana.
A expansão excessiva da oferta monetária resulta da criação do dinheiro novo que pode
decorrer dos seguintes factores.
Estas emissões podem decorrer duma situação em que se registam défices no Orçamento
do Estado.
Nesta situação estamos em presença de inflação de CUSTOS, daqui que a inflação ela se
alimenta a si mesma, através deste jogo: salário alto, sua transferência ao consumidor pelo
preços dos produtos e nova pressão dos sindicatos para aumentar os salários; a inflação
reproduz-se é a chamada propriedade que ela tem de retro-alimentação.
melhoria da sua produtividade, eleva os preços mais do que suficiente para compensar os
custos.
É preciso anotar que existe uma grande dualidade entre uma inflação de salários e de
lucros pois enquanto os trabalhadores querem salários altos (que provoca o aumentos dos
custos das empresas e por sua vez reduz os lucros destas), os donos das empresas querem
aumentar o lucro e fazem-no aumentando o preço do produto. Os dois factores concorrem
para o aumento do preço.
· Aumento do custo de vida dado que os preços crescem mais do que os salários;
· O dinheiro perde valor, tal quer dizer que uma unidade monetária hoje, valerá
menos no futuro, o que desencoraja a utilização dessa moeda tanto nas transacções
como para poupanças. Neste caso a inflação funciona como um imposto para o
portador dessa moeda, reduzindo o seu valor;
ACTIVIDADE 8: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões
1. Na sua opinião, qual destas duas coisas tem maior efeito sobre o IPC: um
aumento de 10% no preço do frango ou um aumento de 10% no preço do caviar?
Porquê?
4. Suponha que medidas para estimular o consumo de fim de ano sejam tomadas
por uma parceria entre bancos e empresas varejistas (retalhistas): os bancos
facilitariam o acesso ao crédito pessoal e as empresas aumentariam os prazos de
pagamentos. Pergunta-se:
a) Se esse evento persistir após o período do final do ano, de que forma pode afectar
os índices de inflação?
b) Se o Banco Central resolver intervir para evitar inflação, que acção poderia
tomar? Explique
BIBLIOGRAFIA