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Introdução a Economia

FACULDADE DE LETRAS E CIÊNCIAS SOCIAIS

Apontamentos
de
INTRODUÇÃO A ECONOMIA

ADELINO JEQUE PIMPÃO

Adelino Jeque Pimpão 1


Introdução a Economia

I. CONCEITOS ESSENCIAIS DA ECONOMIA

“A descoberta da economia foi uma revelação


assombrosa, que apressou em muito a
transformação da sociedade e o estabelecimento
de um sistema de mercado” (Polanyi, 2000:146).

OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
§ Dominar os conceitos e o seu surgimento na economia;
§ Conhecer o método da economia como ciência;
§ Distinguir e classificar os diferentes tipos de economia;
§ Ter um domínio sobre as necessidades humanas, características e tipificação;
§ Conhecer os diferentes problemas da economia e como que o homem ao longo da
história tratou de responder

Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Definição de Economia
Secção 2 Modelo e método da Economia
Secção 3 Tipos de Economia
Secção 4 Necessidades humanas
Secção 5 Bens e sua classificação
Secção 6 Problemas da Economia

PARA O INÍCIO DA CONVERSA: PORQUÊ ESTUDAR ECONOMIA?


Todo o estudante de uma determinada disciplina questiona-se sobre as razões que
estarão na origem do estudo de dada matéria, a sua inclusão no currículo do seu curso.
Espero sinceramente, que esta não tenha fugido à curiosidade do amigo estudante do
primeiro ano, embora questões como estas, penso terem sido respondidas noutras
disciplinas do curso.

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Queremos, por isso, aproveitar o ensejo para endereçar os nossos cumprimentos de


boas vindas a este curso.

Como estudantes, cada um terá o seu ponto de vista, suas motivações, suas inclinações,
ansiedades, desejos supremos e que quem sabe, contas pendentes por resolver, meias
palavras por perceber, assuntos por arrumar, a vida por ganhar.

Num país que se pretende plurarista como Moçambique, a adopção de uma economia
de mercado, importa que os alunos se munam de instrumental teórico, na condição de
potenciais eleitores de programas político-económicos e porquê não vendedores
desses mesmos programas, consigam ver e ajuizar qual o melhor e para tal importa
conhecê-los e no mínimo percebê-los; tudo isso tem haver também com a economia.

A obtenção dos próprios rendimentos e sua utilização ou rendimentos de


encarregados de educação ao longo da vida, assim como as despesas como
consumidores, tem a ver com a economia.

Ainda mais, lê-se em Paul Samuelson "... Quem nunca tenha estudado
sistematicamente a disciplina (economia) estará, certamente, numa posição
desfavorecida. É como um analfabeto que tente ler um poema" Pág.7 in Economia,
12ª Edição.

O docente espera, francamente, que ao fim do ano encontre na economia um campo de


estudo de grande fascínio. E muito mais que isso, que feitas as contas, cheguem a
conclusão de ter valido a pena o esforço, a dedicação e muita leitura dos materiais de
apoio e a bibliografia recomendada.

Por isso como diz Paul Samuelson e porquê não repeti-lo aqui e agora: BOM APETITE!

SECÇÃO 1 - DEFINIÇÃO DE ECONOMIA

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Relacionado ao anterior ponto, resta-nos discutir afinal o que será a economia, esse
campo que se pretende de fascino, a considerada rainha das ciências sociais.

A palavra economia é uma aquisição do grego que aglutina as palavras oiko (casa) e
nomie (governo), melhor dito, governo da casa.

Como se pode constatar, a economia como ciência social, apareceu com o tempo e com
os homens e para estes servir, meio que as pessoas utilizam para governar as suas
casas e latus sensus, as suas propriedades. Desta forma, a maneira de ver quanto tenho
de gado bovino ou caprino, quantas culturas agrícolas a praticar e em que terras,
quantas ficam de barbecho, que método empregar, qual a finalidade do fruto do
trabalho, e, uma grande lista de preocupações em volta do governo de propriedade se
enquadra no conceito de economia. Como se pode depreender, são preocupações que
se arrastam até aos nossos dias e que mudam simplesmente de roupagem e/ou
sofisticação porque assim as realidades ao longo do tempo o ditaram.

Certamente que será esta a base de constatação de alguns autores, ao admitirem que o
problema económico foi sempre o mesmo no tempo, o que sempre mudou foram as
circunstâncias e o grau de complexidade da sua colocação e alternativas de solução.
Assim foi-se apresentando aos Homens e deles exigindo maior apetrechamento
técnico-científico na busca de melhores respostas.

Este apontamento não serve para levantar polémica, mas provar que a preocupação de
governar a propriedade é antiga e mesmo assim bastante actual.

Entretanto, a pergunta continua, o que será então Economia?

Não obstante a antiguidade anunciada, a economia como uma disciplina académica


tem um pouco mais de dois séculos, a partir da obra imortal do escocês Adam Smith,
publicada em 1776, intitulada A Riqueza das Nações.

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Mesmo assim, ao longo dos dois séculos, não tem sido fácil, encontrar unanimidade no
seio dos economistas, naquilo que pode ser considerada como a definição da
Economia.

Para ilustração dessa multiplicidade de maneiras de ver a Economia pelos diferentes


autores e através dos tempos, segue-se uma pequena lista de definições:

Comecemos por ver o que o próprio Adam Smith definia a


Economia como: - "A economia estuda a origem e as causas
da riqueza das nações"

Depois John Stuart Mill:-"A economia é uma ciência empírica


que estuda a produção e a distribuição da riqueza "

Arthur Cecil Pigou:- " A economia tem por objectivo os preços e


as leis do mercado"

Alfred Marshall "A economia estuda os assuntos correntes da vida e do bem-estar


social"

Esta pequena lista podia ser alargada por mais páginas, mais autores, e mais
definições.

A pergunta lógica a acompanhar toda esta lista, seria, porquê temos tantas definições?

Por muito simples que pareça, a disciplina cobre tantos assuntos que evoluem tão
depressa, uma realidade económica em permanente mutação.

Não obstante, os economistas nos nossos dias são menos discordantes para uma
definição que aparece no livro Economia, edição 12, de Paul Samuelson.

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A Economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem empregar


recursos escassos, que poderiam ter utilizações alternativas para produzir bens
variados e para os distribuir para o consumo, agora ou no futuro.

Como se pode depreender, a economia aborda sobre a


escassez, aliás esta é a essência da sua existência como
ciência. Note-se a palavra escassez é utilizada aqui num
sentido especial: refere-se ao facto de que dadas as
necessidades de uma sociedade num determinado
momento, os meios disponíveis para satisfazê-las são
insuficientes.

Se todas as necessidades não podem ser completamente satisfeitas, então escolhas


terão que ser feitas na perspectiva de quais delas serão satisfeitas e em que magnitude.
Ipso facto, dizer que a economia tem a ver com a escassez, é o mesmo que dizer que
também tem a ver com a escolha.

Detenhamo-nos por instante, para analisar com pormenor, o que se quer dizer por
escassez, necessidades e escolhas.

O problema da escassez refere-se a:

q Decisão sobre como é que os recursos disponíveis devem/deverão ser usados;


que tipo de bens e serviços devem ser produzidos e a que quantidade;

q Decisão sobre como que produto deverá ser distribuído na sociedade;

q Certeza sobre se todos os recursos disponíveis estão a ser utilizados


produtivamente, isto é, não sejam ociosos;

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q Decisão sobre como manter recursos para o futuro que é o mesmo que decidir
sobre a produção presente e futura.

O conceito de necessidades está ligado ao facto de cada indivíduo na sociedade, desejar


um misto de bens e serviços desde os básicos (comida, roupa, casa) ao transporte,
educação, recreação e muito mais.

Foi a respeito disso que o pai da Economia, Adam Smith, no seu livro a Riqueza das
Nações, escreveu que todo o comportamento económico pode ser entendido como
uma perseguição racional do interesse individual (próprio). Isto é, que cada pessoa
quer fazer tão bem quanto possível com vista a satisfazer a maior quantidade possível
das suas necessidades (desejos, vontades, caprichos, sonhos).

Contudo, existe um limite até ao qual o interesse individual pode ser levado as suas
consequências; é o problema da disponibilidade limitada de recursos de terra, capital,
trabalho e tecnologia que a partir dos quais se produzem bens e serviços numa
determinada sociedade. Esta situação conduz-nos a imperiosa situação de ter que
efectuar escolhas.

Para cada pessoa numa sociedade, ter mais de um bem ou serviço, implica ter menos
de outro bem ou serviço ou outra pessoa ter menos desse mesmo bem ou serviço.

Falar sobre escassez, necessidades e escolha como conceitos é por outras palavras fazer
uma aplicação dos mesmos à sociedade como um todo. De facto, eles são mais do que
foi aqui abordado e aplicam-se igualmente para cada agente económico na sociedade
(indivíduos, empresas, famílias, governos, cooperativas, sindicatos ou outras
organizações)

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SECÇÃO 2. MODELO E MÉTODO DA ECONOMIA


Importa, antes de manipular a ferramenta a utilizar, ter-se a certeza que se tem
conhecimento dela. Então, o método de qualquer que seja a ciência não será mais que
a forma sistematizada e coerente de se conseguir o conhecimento sobre o objecto em
estudo.

A Economia caracteriza-se por ter um método próprio, diferente de outras ciências que
pode ser resumido com o esquema em anexo.

Vimos que a Economia é uma ciência que estuda a forma como os homens e a
sociedade (esses são a realidade que é objecto de estudo da economia e é sobre ela que
recaiem as observações sistemáticas), apreendendo elementos de ligação mais
regulares e mais gerais. Está visto que a economia parte da realidade para a tornar
compreensível (inteligível) no âmbito económico. Esta realidade compõe-se das
seguintes partes:

1. ELEMENTOS:- componentes mais simples ou partes do todo, por exemplo:


Governo, família, Empresas, etc.

2. PROCESSOS: relações permanentes entre os elementos que se desenvolve no


tempo, por exemplo, o consumo e o rendimento, preço e as quantidades
vendidas ou procuradas no mercado.

3. FENÓMENOS: são as manifestações dos processos, portanto, a reacção dos


processos resultante do seu relacionamento, pode ser apontado como exemplo,
a subida dos preços, escassez de bens no mercado, desemprego, etc.

OBSERVAÇÃO PERMANENTE DA REALIDADE


A observação da realidade faz-se através de inquéritos, sondagens, recolha de dados
do comportamento das unidades económicas através dos quais tenta-se descobrir
regularidades.

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Tanto processo como fenómenos se desenvolvem no tempo, então a ciência económica


precisa de constante actualização do seu instrumento teórico o que obriga a
observação constante no tempo.

IMPORTANTE:- Na Economia é impraticável o método da experimentação,


permanecendo como ciência da observação.

INDUÇÃO
É um processo de generalização de factos na base do conhecimento
exacto da realidade, portanto é a partir da observação da realidade
que desenvolvemos o método indutivo (tirar teorias, princípios, etc...)

DEDUÇÃO
É um processo apriorístico, feito antecipadamente, partindo de suposições ou
hipóteses do conhecimento de certos aspectos da realidade, levanta hipótese sobre o
comportamento de factos não conhecidos sem que se tenha efectuado um estudo de
campo sobre o assunto.

E a partir dos dois métodos formulamos princípios, leis, teorias, categorias e modelos
que interpretam a realidade. Estes conhecimentos devem ser sistematizados e
ordenados para discernir a sua relação de dependência, causalidade. Como estão
sujeitos a mudança, historicamente, devemos definir o seu âmbito de validade.

CONCRETIZAÇÃO PROGRESSIVA
É a sequência natural do processo de abstração. Testa-se a validade teórica e assim se
estabelecem novos conceitos e leis, mesmo que sejam de validade restrita.

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Todas as conclusões a que se chega devem ser comprovadas, seu objecto de estudo.
Desse confronto nasce a actualização, a validação ou rejeição.

CONCLUSÃO:-Todo o processo de investigação económica é cíclico: repete-se o ciclo


integrando e/ou rejeitando teorias.

Pode-se depreender que as teorias económicas são desenvolvidas construindo e


testando os modelos.

Por exemplo, nós podemos construir um modelo do comportamento da poupança


financeira privada e então testar com recurso aos dados empíricos para avaliar se o
modelo funciona.

Assim, também se pode dizer que o modelo económico é a representação do mundo


real, pelo que é uma abstracção, não contendo toda a complexidade do mundo real.

Os modelos dão, de uma forma simplificada, como algumas partes da economia


funcionam. Um exemplo simples é pensar numa maqueta dum prédio, não nos dá a
complexidade das ligações eléctricas, canalização e outros detalhes só possíveis na
realidade.

Assim, um modelo económico é como uma maqueta de um prédio, pode ser rústico
como sofisticado. A chave para o sucesso do modelo económico é poder explicar e
permitir ao leitor perceber o comportamento económico assim como efectuar
previsões relevantes e úteis sobre o mundo real.

Será que as previsões do modelo sobre as escolhas económicas indicam


exactamente o que acontece no mundo real?

O modelo económico é composto por assumpções ou hipóteses e variáveis


económicas. As assumpções são tidas como hipóteses de comportamento sobre a

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maneira como os agentes económicos numa determinada sociedade são motivados e


como reagem.

Uma hipótese que se assume é que todas as firmas visam maximizar o lucro. Assim o
modelo explica, nessa base, como é que as decisões são tomadas relativamente ao
preço e quantidades produzidas.

As variáveis económicas são as quantidades mensuráveis do modelo tais como preço,


produto, emprego, poupança, rendimento, etc.

As variáveis dependentes são aquelas que o modelo económico pretende explicar,


por exemplo, poupança ou a procura por dinheiro. Também são denominadas,
variáveis explicadas.

As variáveis independentes são aquelas que afectam ou explicam o comportamento


da variável dependente. Também conhecidas como variável explicativa. No caso do
comportamento da poupança a variável independente pode ser o rendimento, as
despesas em bens e serviços e a taxa de juro.

O modelo económico indica uma função que estabelece uma relação entre uma ou mais
variáveis independentes de um lado e a variável dependente de outro lado.

O que os economistas fazem quando um modelo não explica o que acontece no


mundo real?

Depende da situação do modelo, por vezes, o modelo pode ser melhorado com
alteração das assumpções. Vezes há em que modelo não melhora e é rejeitado. Aliás,
esta é a história económica com teorias e modelos que novos vão aparecendo em
substituição dos antigos com a mudança da realidade.

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É preciso ter em mente que existem diferentes tipos de modelos económicos e teorias
que são estudados na micro e macroeconomia.

Esta situação levanta as seguintes perguntas:

q Se são muitas teorias e modelos qual deles é o verdadeiro?

q Qual é o verdadeiro que deverá ser estudado e qual não se considera


verdadeiro que deverá ser rejeitado?

De facto, segundo Alison Johnson em Introdução a Microeconomia, alguns modelos são


mais verdadeiros que outros, mas penso que a melhor maneira de estudar é examinar
cada modelo e analisar as suas virtudes e fraquezas. Para tal será necessário analisar os
factos criticamente.

SECÇÃO 3 - TIPOS DE ECONOMIA


Uma das diferenças centrais da economia é entre as apreciações de carácter valorativo
e as de carácter facultativo dos processos económicos.

A partir do exposto acima, chegamos a distinguir dentro da economia como ciência:-


economia positiva e a economia normativa.

Entende-se por economia positiva, aquela que se preocupa com a simples descrição de
factos circunstanciais e relações da realidade constituída por homens vivendo na
sociedade. Por exemplo: Qual é a taxa de desemprego em Moçambique, como é que o
aumento dos preços de pão afectará o seu consumo. Refere a factos que podem ser
fáceis ou ainda complicados, mas todos eles se situam na esfera da economia positiva.

A economia positiva tem a ver com as explicações e previsões. Perguntas positivas começam
com o que é? Ou o que são? O que será?

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Análise positiva cuida do mundo como ele é, ou pergunta que efeito terá em levar a
cabo uma política específica sobre um determinado fenómeno.

Ao passo que a economia normativa, como seu nome sugere, envolve julgamentos
éticos e valorativos como tolerados. Deverão os impostos afectar mais os ricos para
ajudar os pobres?

Na economia normativa encontramos aspectos que tem implícitos valores


profundamente enraizados ou julgamentos da natureza moral.

Aqui encontramos uma intervenção forte das opções políticas para dar solução a estes
problemas.

As perguntas normativas lidam com o que deveria ser? E as análises normativas vão
mais para além da explicação e previsão e procuram um julgamento na forma qual é o
melhor?

Então, que tipos de teorias e modelos económicos são estudados em Economia?

Muitas teorias e modelos económicos caem em uma das seguintes categorias:


Microeconomia e Macroeconomia.

A Microeconomia, grosso modo, é o estudo dos princípios que os economistas usam


para modelar o comportamento individual das unidades económicas tais como
consumidores e produtores e a sua relação. Os assuntos cobertos pelo Microeconomia
são:

q Teoria do Consumidor;

q Teoria do Produtor;

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q Estrutura de mercado competitivo e não-competitivo;

q O mercado dos factores de produção;

q Falhas do mercado

q Afectação dos recursos.

Embora o prefixo micro seja derivado do grego que quer dizer pequeno, algumas das
unidades económicas estudadas são de facto muito grandes em volume de negócios e
prestígio internacionais, por exemplo a Microsoft, a General Motors, General Electrics,
Toyota, Mitsubishi, Sony, Nokia, De Beers, etc.

Por exemplo, os economistas utilizam a microeconomia para estudar o


comportamento de um consumidor individual, assim como o comportamento de uma
firma actuando na condição de monopólio e os produtores de um cartel.

Por seu turno a Macroeconomia compreende o estudo dos princípios que os


economistas utilizam para modelar a economia como um todo. Tópicos versados na
macroeconomia são, entre outros, os seguintes:

q Contabilidade do rendimento nacional;

q A Balança de Pagamentos;

q A relação entre a moeda e o mercado de bens;

q Os modelos clássico, Keynesiano e monetarista do mercado;

q Políticas monetária e fiscal;

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q Inflação;

q Emprego; e

q Crescimento económico.

Por outras palavras, a macroeconomia estuda como que os grupos económicos


(consumidores, produtores e governo) interagem; também a macroeconomia inclui o
estudo do papel da moeda no funcionamento da economia de mercado.

Não há conflito entre esses dois ramos da economia. É a ênfase que delineada se
reflecte nas assumpções que sublinham o aspecto micro ou macroeconómico.

O lado microeconómico focaliza a análise e a determinação dos preços e a afectação


dos recursos escassos entre os seus diferentes usos alternativos assumindo que o total
de recursos é dado; enquanto o macroeconómico é o seu aspecto mais abrangente,
mais lato que é determinado.

SECÇÃO 4. NECESSIDADES HUMANAS

Caro estudante, agora vamos estudar as necessidades humanas? Sede, fome, nudez, falta
de habitação, etc. O que terão em comum?

A actividade económica assenta nas necessidades definidas de desejos de dispor de um


meio (bens e serviços), para acabar ou diminuir uma sensação desagradável ou
aumentar uma sensação agradável. São, portanto, as diferentes espécies de
necessidades que fazem surgir a actividade económica (produção de bens e serviços)
uma vez que a natureza não oferece espontaneamente toda a possibilidade de satisfazê-
las sem esforço do próprio homem.

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O homem, em cada momento, é forçado a encontrar um certo tipo de bens que


satisfaçam as suas necessidades. A vontade de satisfazer tais necessidades é que o
obrigam a trabalhar para produzir bens e serviços.

Os indivíduos para se manterem vivos precisam de se alimentar, vestir, de se defender,


viver em sociedade, etc. Então quando eles não têm tais bens sentem algumas sensações
desagradáveis e assim são compelidos a procurar formas para supri-las ou então
atenuá-las. A essas sensações se designam por necessidades.

As necessidades, além de serem infinitas, são múltiplas e evidentemente muito diferentes.


Da sua diversidade resulta pois a sua classificação. Existem na verdade várias abordagens
sobre como agrupar e ou classificar os diferentes tipos de necessidades. Contudo,
Julgamos que a classificação proposta por «Maslow» pode explicar e servir de base de
entendimento acerca desta matéria. Portanto, de acordo com «Maslow» as necessidades
dividem-se em 5 níveis, da base para o topo:

· Necessidades fisiológicas referem se a alimentação, abrigo, repouso, ar etc;

· Necessidades de segurança dizem respeito à protecção contra o perigo ou


privação, ou seja, contra a violência, a doença, a guerra, a pobreza, etc;

· Necessidades sociais têm que ver com a afeição, a inclusão nos grupos, a aceitação
e aprovação pelos outros;

· Necessidades de estima englobam a reputação, o reconhecimento, auto-respeito,


admiração;

· Necessidades de auto-realização referem-se à realização do potencial de cada


indivíduo, à utilização plena dos seus talentos.

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Sendo diferentes e variadas as necessidades, pela sua diversidade resultam as que são
classificáveis pela sua origem em dois tipos:

a) Biológicas, as que derivam da natureza do corpo humano (ex: necessidade de


alimentação mínima para sobreviver, sede, protecção relativamente aos fenómenos
naturais, etc). A decisão de satisfação deste tipo de necessidades não deriva da
<consciência> do homem, é uma decisão forçada pelas exigências do próprio corpo
humano.

b) Condicionadas, são as originadas pelos prazeres anteriormente sentidos ou vívidos,


experimentados. (ex: para quem já esteve em Paris de férias desejará voltar novamente
para lá, nas próximas férias). Ou então por prazer ainda não vividos, mas já ouvidos,
criando assim um certo interesse de experimentá-las também. Derivam as consciências
do próprio homem.

As curiosidades, a esperança de obter um certo objectivo ou bem, cria aquilo que se


pode denominar de necessidades condicionadas.

Tem sempre havido algumas discussões sobre aquilo que são consideradas de
necessidades fundamentais e de luxo ou supérfluas, porém, tais distinções contêm um
juízo de ordem pessoal e moral para cada tipo de indivíduo, mas também se reconhece
um lado objectivo que é o grau de crescimento e desenvolvimento de uma determinada
economia.

Notemos, por exemplo, numa determinada economia, uma viatura pode ser um bem de
luxo enquanto para uma outra, a mesma necessidade é fundamental. Um televisor pode
ser luxo para outra é fundamental. A necessidade de ter um telefone em casa para
algumas sociedades é uma necessidade primária para outras é luxo até demais.

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É importante notar que alguns autores defendem que a capacidade que uma
determinada economia tem de ir satisfazendo as necessidades dos seus habitantes,
determina o grau e consideração do tipo de necessidades.

2) Quanto a importância, classificam-se em:


a) Primárias são aquelas cuja satisfação deverá ocorrer imediatamente, não podendo
ser adiadas por muito tempo sob o risco de perder a vida. A satisfação destas
necessidades é de carácter prioritário e estão associadas as necessidades de origem
biológica; e,

b) Secundárias são aquelas cuja satisfação pode ser adiada por algum tempo, podendo
ser satisfeita num plano secundário.

O homem nunca é capaz de satisfazer completamente as suas necessidades, pois, a


satisfação de uma, cria outra necessidade, tornando-as infinitas no tempo. Quando ele
satisfaz uma dada necessidade, surge imediatamente uma outra, dai se afirme que a
satisfação de uma necessidade ou de um desejo não é mais do que um passo em
direcção a nova necessidade.

(3) Quanto ao número de indivíduo que as sentem:


a) Sendo individuais as sentidas somente por uma pessoa e em separado, não
implicando necessariamente que as outras pessoas estejam a sentir o mesmo. Cada
indivíduo tem necessidades próprias, geralmente não há, necessidades exactamente
iguais entre os indivíduos. Cada indivíduo tem sua escala de preferência, e é a partir
desta, que cada qual efectua a sua escolha de bens para a respectiva satisfação.

b) As Colectivas são sentidas por um certo grupo, por uma família, ou por mais de uma
pessoa. São o caso da falta das chuvas para camponeses. É verdade que elas
correspondem as procuras ou desejos de diferentes pessoas, só que elas são sentidas
por um grupo ou então em colectividade e em simultâneo, como é o exemplo de quando
as donas de casa vão fazer as compras para a família, estas não as fazem segundo as

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suas escalas de preferências mas sim aquilo que consideram ser as necessidades de
toda a sua família.

4) Quanto ao custo estas dividem-se em:

a) Económicos, aquelas cuja satisfação exige algum custo financeiro (vestuário, pão,
transporte etc), ou seja as que os meios para a satisfação deverão ser adquiridos no
mercado pois, detém algum valor de troca; e

b) Não económicas são aquelas que podem ser satisfeitas sem incorrer em custo
nenhum, como é o caso de cansaço satisfeito com o sono, necessidade de respiração, etc.

Resumidamente, pode-se dizer que as necessidades apresentam, entre outras, as


seguintes características:

As necessidades representam um estado de carência, significando que somente se


sente uma necessidade quando se tem uma sensação de carência do bem ou serviço.
Perante um consumo contínuo de um certo bem se torna impossível sentir as
necessidades do mesmo bem, antes pelo contrário, as pessoas procuram deixá-lo
passando a preferir outro bem de que se dispõe no momento, pelo que são saciáveis.

São também acompanhadas, pois, para qualquer que se seja a necessidade existe
sempre algum meio ou forma de satisfaze-la, pelo que cada necessidade é acompanhada
por um meio para a sua satisfação. Porém, o alcance de tal meio depende do poder
económico e financeiro de cada indivíduo.

O sentimento de que as necessidades variam de pessoa para pessoa, pois o que é básico
para uns, pode não o ser para outros, logo, as necessidades assumem a característica de
serem relativas.

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Introdução a Economia

A forma como sentimento se manifesta é diferente de pessoa para pessoa. Pode-se


também sentir várias necessidades em simultâneo, daí que elas são múltiplas, isto
porque são ilimitadas em número.

A cada momento do desenvolvimento manifestam-se novas necessidades que não existiam


anteriormente, consciente ou mesmo inconscientemente. As necessidades supérfluas de
ontem tornam-se, muitas vezes, hoje fundamentais.

A diminuição de uma necessidade à medida que esta vai sendo satisfeita é objecto de uma
“lei” chamada “lei da saturação das necessidades”- é a lei económica segundo a qual à
medida que uma necessidade é satisfeita, diminui progressivamente até tornar – se nula.

O decréscimo do prazer a cada nova satisfação ou saturação pela repetição torna-se


também objecto de uma ‘lei’ chamada “lei da repetição”.

SECÇÃO 5 - BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO


Bens são tudo aquilo que satisfaz uma certa necessidade humana, seja ela sentida
individual ou colectivamente. Todos os bens são de natureza material isto é, tem uma
forma física, daí que é possível palpa-las e vê-los.

Os bens podem resultar do trabalho humano, através da transformação dos recursos


naturais atribuindo-lhes a forma que o próprio homem deseja. A estes se designam de
Bens Económicos. Então bem económico é o que nasce de um esforço do próprio
homem para a satisfação de uma necessidade. Geralmente os bens económicos têm um
preço, e estão em quantidades muito limitadas.

A existência de um bem económico pressupõe, portanto, as condições seguintes:

1. A existência de uma necessidade

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Introdução a Economia

2. Haver um meio para satisfazer tal necessidade

3. A necessidade de um esforço, de um custo de produção despendido pelo homem.

São exemplos dos bens económicos: o vestuário, o pão, o calçado, o caderno, a


esferográfica, a borracha, etc.

Existem outros tipos de bens que mesmo sem a sua transformação pelo homem,
satisfazem uma necessidade, estes designam-se por Bens Livres. Para sua existência,
não se incorre em custos nem esforços, eles já existem, foram criados pela natureza não
foi o homem quem os colocou a sua disposição. São exemplo, a água do mar, a terra, o
ar, etc.

Tanto os bens económicos como os livres podem ser classificados quanto a sua
durabilidade em duradouros, que são aqueles que podem ser usados mais de uma vez.
Ex. de bens económicos ( a máquina, a esferográfica, etc), ex de bens livres (a terra, as
pedras, etc).

E em não duradouros, que são os que usados uma vez, não é possível voltar a usa-los.
Exemplo de bens económicos (Pão, o arroz, etc), exemplo de bens livres (folhas das
árvores, etc).

Classificação dos Bens Económicos

Os bens económicos podem ser classificáveis:

(a) Quanto a sua função, em:


Bens de consumo, aqueles que se destinam a satisfazer duma forma directa e imediata
de uma certa necessidade (pão, vestuário), estes bens são considerados de vitais e de
utilização directa, e,

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Introdução a Economia

Bens de capital, que são os que se destinam a serem utilizados na produção de outros
bens, ou para gerar outros bens. Também são conhecidos de bens indirectos, isto
porque são os que satisfazem necessidades humanas indirectamente como bens
necessários ao homem. Freqüentemente, se refere aos bens usados para produzir os
bens de consumo (ex: equipamento, máquinas, edifícios, matérias-primas, etc).

(b) Quanto a sua relação na satisfação da necessidade dividem-se em:


Bens sucedâneos ou substitutos satisfazem as mesmas necessidades, não bens que
tem mais ou menos a mesma utilização, ou seja, chamam-se bens substitutos aqueles
que se excluem mutuamente. Existem substitutos perfeitos ou puros, onde o grau de
satisfação é praticamente igual (Carne de galinha, e carne de pato ou de vaca, etc), e os
substitutos imperfeitos que também satisfazem a mesma necessidade, mas com uma
magnitude muito diferente (Fanta, por sumo loumar), e,

Bens Complementares aqueles que para a satisfação completa de uma certa


necessidade exigem que sejam utilizados ao mesmo tempo. Este tipo de bens distingue-
se pelo facto de que a utilização de um se processa em simultâneo com um outro.Existe
um grau de dependência entre ambos. Ex, Sabão e água, carro e pneus, chá e açúcar,
sapatos e atadores, calças e cinto, etc.

SECÇÃO 6. PROBLEMAS DA ECONOMIA


Vimos que as pessoas dispõem de reduzidos meios para satisfazer as inúmeras
necessidades do seu quotidiano. Por essa razão são compelidas a terem que efectuar
escolhas o que implica ter que decidir sobre o uso alternativo dos recursos e como
afectar a produto entre os diferentes membros de uma sociedade.

Portanto, entre outras, há cinco escolhas fundamentais que são feitas:

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1.Que bem/serviço será produzido e em que quantidade


Este problema tem a ver com a composição da produção final. A sociedade deve
definir que bem a produzir qual a renunciar. Depois de identificados os bens a
produzir a comunidade deve, por sua vez, a quantidade dos bens a produzir. Na
realidade é difícil encontrar uma decisão de natureza tudo ou nada. Normalmente
decisões de mais deste e pouco daquele, são as mais comuns.

2.Como serão produzidos os bens e serviços escolhidos


A maioria pode ser produzida com recurso a uma variedade de métodos. Por
exemplo, o milho pode ser produzido com uso intensivo em mão-de-obra e menos
capital ou com mais capital e menos força de trabalho. Aplicações eléctricas podem
ser usadas para mover máquinas complexas na produção com poucos trabalhadores
ou tecnicamente pouco dotados.

Os métodos de produção podem ser distinguidos um de outro pela diferença na


quantidade de recursos utilizados na produção. Em economia diz intensivo em capital
ou intensivo em mão-de-obra ou trabalho para distingui-los.

3.Como serão distribuídos os bens e serviços produzidos (Para quem serão


produzidos?)
A produção total terá que ser partilhada por todos membros da sociedade. O sistema
económico determina o tamanho relativo de porção da produção para cada família.
Deverão todos ter partes iguais? A divisão deverá ser proporcional a contribuição de
cada um na produção? Deverá ser o produto distribuído de acordo com a capacidade
de cada um poder pagar o preço de custo? Ou de acordo com as tradições e costumes?

Esses problemas são comuns a todas as sociedades, independentemente do seu nível


de desenvolvimento. Mas a maneira de como solucionar é que varia de sociedade para
sociedade.

4.Quando serão produzidos e distribuídos os bens e serviços

Adelino Jeque Pimpão 23


Introdução a Economia

Na verdade, ao falar do custo de oportunidade que se incorre na escolha de uma


opção de um bem, está-se a falar também da oportunidade em matéria de tempo de
quando fazer alguma coisa. É resposta a pergunta, será que o problema terá maturado
o suficiente para ter uma solução?

Portanto não basta identificar o que produzir e para quem, mas acima de tudo saber
responder se aquele é o momento correcto para se fazer essa produção.

5.Com que produzir?


Outra pergunta fundamental colocada a economia é com que meios produzir um
determinado bem e serviço. Quando no país se diz “usar soluções locais para
problemas locais”, se está, justamente, a tentar o ultrapassar o problema com que
meios produzir.

ACTIVIDADE 1: AUTO-AVALIAÇÃO

Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte


Leia com atenção os enunciados e responda as questões.

Diga de Verdadeiro (V) ou Falso (F) para as seguintes afirmações.

a) Não seriamos obrigados a efectuar escolhas se os recursos não tivessem uso


alternativo;

b) O conceito de economia pode estar associado a escassez de recursos, necessidades


ilimitadas e escolha no tempo.

c) A escassez vai acabar a medida que o mundo for rico.

d) O custo de oportunidade, pela sua natureza, vai sempre conduzir a ter que efectuar
escolhas.

e) Os problemas da economia foram sempre os mesmos ao longo do tempo, o que foi


mudando é a resposta que o Homem foi dado com o nível de desenvolvimento e
progresso tecnológico.

Adelino Jeque Pimpão 24


Introdução a Economia

f) Escassez é um conceito relativo e está sempre presente, mesmo quando os recursos


materiais são abundantes.

g) A escassez é uma faceta de todas as sociedades desde os países ricos aos países
pobres.

h) A capacidade de um país de produzir mais bens e serviços de todo o tipo depende


das mudanças no que respeita ao aumento da força de trabalho, aumento no stock
de capital e do conhecimento técnico.

i) A economia positiva tem a ver com afirmações que podem ser verdadeiras ou falsas
onde a palavra “verdadeiro” significa “consistência com os factos.”

j) A economia normativa não pode ser verificada olhando para os factos mas exprime
pontos de vista do que pode ser bom ou mau ou ainda, certo ou errado.

k) O mecanismo de mão invisível não funciona quando benefícios e custos importantes


não recaem sobre pessoas que não os próprios decisores.

BIBLIOGRAFIA
· Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
· Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
· Das Neves, J C. Introdução a Economia
· Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
· Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
· Miller, R. Microeconomia
· Vasconcelos, M. Economia Básica

Adelino Jeque Pimpão 25


Introdução a Economia

UNIDADE 2:
POSSIBILIDADES PRODUTIVAS E CUSTO DE OPORTUNIDADE

OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM
§ Compreender as potencialidades e limitações da economia;
§ Dominar o conceito de escassez de recursos e sua consequência na decisão de
produção;
§ Conhecer as possibilidades produtivas de economia dada a dotação de recursos;
§ Ser capaz de explicar o conceito de custo de oportunidade e o seu efeito na economia;
§ Diferenciar os sistemas económicos em função das suas características.

PARA O INICIO DA CONVERSA


O amigo estudante sabe qual é o sistema económico vigente em Moçambique?
Por acaso saberá quais são as consequências de termos que efectuar escolha perante uma
plêiade de opções?
Já ouviu falar de mão invisível?
Sabia que uma economia em função dos recursos tem disponível tem capacidade
potencialidades e limitações?
Então caro estudante, são estes e outros assuntos que vamos abordar nesta unidade e por isso
vamos estudar.

SECÇÃO 1. ESCASSEZ
GF Stanlake disse no seu livro Introductory Economics "A Economia diz respeito a
satisfação das necessidades materiais". pág. 2, 5ª Edição.

É importante que haja clareza relativamente a este assunto. São as necessidades que
aparecem como o móbil da actividade económica. Nas sociedades modernas e
monetarizadas, todos trabalhamos para obter um rendimento que nos possibilitará à
aquisição do que precisamos.

Adelino Jeque Pimpão 26


Introdução a Economia

Se os recursos disponíveis para satisfazer as necessidades são insuficientes, então,


diz-se que tais recursos são escassos. Como se pode depreender, a escassez é um
conceito relativo e tem a ver com a magnitude das necessidades das pessoas e a
capacidade dos recursos disponíveis em poder satisfazer tais necessidades.

Contudo, importa indicar que nem as necessidades das pessoas e nem as capacidades
de satisfazê-las são constantes. O potencial produtivo expande-se continuamente,
assim como as necessidades.

Neste quadro, constata-se que as necessidades são uma característica inerente a todas
as sociedades e em todos os tempos, das mais ricas às mais pobres, das de pequena
dimensão territorial às de grande.

De facto e finalmente encontramo-nos numa situação de escassez. Não podemos ter


tudo o que queremos. Os recursos disponíveis para satisfazer as nossas necessidades
são, em qualquer momento, limitados e em contrapartida as nossas necessidades
aparecem ilimitadas no tempo.

Os bens e serviços produzidos são escassos face à natureza ilimitada das


necessidades humanas. Ou seja, os bens e serviços são produzidos com a utilização
de factores de produção que existem em quantidades limitadas. Por outro lado,
destinam-se a satisfazer necessidades virtualmente ilimitadas. Assim, recursos
limitados e necessidades ilimitadas em conjunto conferem a característica de
escassez aos bens económicos.

Este cenário conduz-nos a uma posição que somos compelidos a efectuar escolhas.
Nós podemos ter mais do bem X pela via de ter menos do bem Y. O nosso rendimento
é insuficiente para comprar tudo o que gostaríamos de ter.

Adelino Jeque Pimpão 27


Introdução a Economia

Uma pessoa singular com rendimentos limitados e uma gama ilimitada de


necessidades, se verá obrigada a ter que efectuar um exercício de escolha, quando
quiser gastar aquele rendimento ganho. E a sociedade como um todo, enfrenta o
mesmo problema.

Existe um limite de capacidade produtiva de um país, porque a disponibilidade de


oferta de terras, fábrica, máquinas, força de trabalho e outros recursos produtivos são
igualmente limitados.

Os recursos de uma sociedade consistem de: (i) dotações naturais tais como terra,
florestas e minérios; (ii) dotações humanas (físicas e mentais); (iii) meios técnicos
e físicos de produção tais como máquinas e instalações. A estes recursos é atribuído
o nome de factores de produção, uma vez que são destinados à produção de bens e
serviços.

Tais recursos económicos têm uso alternativo que quer dizer, podem ser utilizados
para produzir diferentes tipos e qualidades de bens e serviços. Se parte destes
recursos é empregue na produção de uma coisa, então a sociedade deve renunciar
(abdicar) de outros bens que seriam produzidos com os mesmos recursos.

Só para citar um exemplo, se empregamos recursos (cimento) para construir casas de


habitação, então o custo real destas casas é a produção potencial de escolas, hospitais,
quartéis e outros que foram sacrificados para que se construísse as casas.
Os recursos económicos são escassos e, por isso, as sociedades defrontam-se com o
problema da decisão de escolha de produções e consumos a realizar. Quem faz esta
escolha e o modo como esta se faz permitem diferenciar as sociedades. Contudo, a
necessidade de ter de se fazer a escolha é comum a todas as sociedades.

O que distingue os dois tipos de economias (desenvolvida e em subdesenvolvida) é


o tipo de bens relativamente aos quais mais se faz sentir o problema da escassez.

Adelino Jeque Pimpão 28


Introdução a Economia

Assim, nos países menos desenvolvidos são escassos os bens de primeira


necessidade, ou seja, para a maioria da população as necessidades básicas como a
alimentação, o vestuário, habitação, não estão em geral satisfeitas. Já nos países
mais desenvolvidos os bens escassos são os chamados bens de luxo (que não
satisfazem necessidades básicas), ou seja, para a maioria da população as
necessidades básicas estão satisfeitas, mas não necessidades secundárias, como ter
um carro, fazer férias no estrangeiro, ir ao teatro, ler um livro.

Observou-se que a escassez implica a necessidade de escolha, mas a escolha implica


a existência de custo. Ou seja, a decisão de ter mais de uma coisa requer a decisão
de ter menos de uma outra coisa qualquer. O menos de outra coisa pode ser visto
como um custo de ter mais de uma coisa.

Estas opções determinam também a quantidade de recursos a utilizar na produção


de cada tipo de bem. Cada combinação de bens a produzir corresponde à utilização
de diferentes quantidades de recursos nas respectivas produções, pelo que este
problema é também conhecido por problema da afectação de recursos.

Mas a opção entre diferentes combinações de produção só faz sentido se os


recursos disponíveis podem ser utilizados na produção de mais do que bem, ou seja
se tiverem usos alternativos.

Sumariamente, a escassez implica que escolhas devem ser feitas, e fazer


escolhas implica a existência de custos.

Adelino Jeque Pimpão 29


Introdução a Economia

SECÇÃO 2. POSSIBILIDADES PRODUTIVAS


Os problemas da escolha e escassez podem ser ilustrados com a construção de uma
curva de possibilidades produtivas.

Esta é uma curva que mostra o que a sociedade poderia produzir com a existente
quantidade de terras, capital, trabalho e tecnologia (factores de produção).

Com esta limitada quantidade de recursos, a sociedade tem uma vasta variedade de
opções alternativas, assim como de quantidades e tipos de bens e serviços que podem
ser produzidos. Pode produzir mais arroz e menos milho, mais mexoeira e menos
armas, mais pão e menos blindados, mais emprego e menos corrupção e assim por
diante.

Numa economia avançada onde existe capacidade de produzir milhares e milhares de


bens e serviços, as opções de escolha são igualmente enormes.

Mas para tornar o problema didacticamente compreendido, vamos assumir que é


uma sociedade que produz um par de tipos de bens, por exemplo, bens agrícolas
avaliados em toneladas e bens manufacturados, em unidades.

Igualmente, assumimos que, para a produção daqueles bens (agrícola e


manufacturado), são empregues todos os recursos disponíveis, que como vimos são
limitados.

A tabela a seguir, ilustra a situação, contendo as opções possíveis relativamente a


matéria.

Adelino Jeque Pimpão 30


Introdução a Economia

Quadro sobre Possibilidades produtivas

Agrícolas Manufacturados CO=Ag em Mf CO=Mf em Ag


0 60 - -
1 58 2 ½
2 55 3 1/3
3 50 5 1/5
4 42 8 1/8
5 30 12 1/12
6 0 30 1/30
Onde:
CO - Custo de Oportunidade
Ag - Bem agrícola
Mf - Bem Manufacturado
CO=Ag em Mf - Custo de Oportunidade de 1 tonelada de um bem agrícola expressa em
unidades de bens manufacturados
CO=Mf em Ag - Custo de oportunidade de uma unidade de bens manufacturados expressa
em toneladas de bens agrícolas.

As possibilidades produtivas extremas são as seguintes (ou tudo ou nada):

1. Todos os recursos são afectados para a produção dos produtos


industriais e produção nula de bens agrícolas;

2. A economia emprega todos os seus recursos para a produção de bens


agrícolas e nenhum produto manufacturado.

Estas são hipóteses bastantes teóricas e fora da realidade, aliás, como diz o ditado
popular, o homem não vive só do pão. Assim, a economia escolherá uma certa
combinação dos dois produtos.

As colunas 3 e 4, o que foram anteriormente referidas, mostram que a produção de


um bem envolve o sacrifício, a renúncia de outro.

Adelino Jeque Pimpão 31


Introdução a Economia

A coluna 3 mostra o custo de produzir mais de 1 tonelada de um bem agrícola,


medido em termos de bens manufacturados. A quantidade de bens manufacturados
que deverá ser abdicada para permitir a produção de mais bens agrícolas é descrita
como custo de oportunidade de uma 1 tonelada do bem agrícola.

SECÇÃO 3. CUSTO OPORTUNIDADE


Para a satisfação de uma certa necessidade, (e essa satisfação é encarada como um
benefício), há que fazer um sacrifício directo, que coincide com o próprio trabalho humano
e uso e desgaste de recursos. O sacrifício, porém, também é indirecto no sentido de que
teremos de renunciar às alternativas de utilização dos recursos. Se usamos os nossos
recursos para produzir pão, por exemplo, não poderá usa-los para produzir bolachas.
Deixamos então de as consumir, o que representa um sacrifício.

O facto de não satisfazermos uma necessidade alternativa (isto é, aquilo que renunciamos
ao usar os recursos de outra forma), constitui um custo, que se designa de oportunidade.

Claramente, o mínimo de bom senso, faz com que a alternativa escolhida seja a melhor. Em
outros termos, o benefício esperado da opção por nós escolhida deve ser maior que o
custo oportunidade da opção, por nós, não escolhida.

Veja-se pela tabela que o aumento do produto agrícola de 3 mil toneladas para 4 mil,
implica imediatamente um custo de oportunidade dessa expansão, de 8 mil unidades
de bens manufacturados.

Por seu turno, a coluna 4 indica o custo de oportunidade dos produtos


manufacturados medidos em termos de bens agrícolas que deverão ser sacrificados,
quando mais recursos forem empregues para a produção de mais produtos fabris.

Note-se pela tabela anterior, que a medida que a produção de bens agrícolas aumenta,
aumenta igualmente o custo de oportunidade. Esta situação deve-se ao facto de que

Adelino Jeque Pimpão 32


Introdução a Economia

alguns recursos são mais apropriados para a produção de bens agrícolas que para
bens manufacturados e pela de rendimentos decrescentes.

Os pontos ao longo da curva de FPP mostram-nos a combinação máxima possível das


duas mercadorias.

A economia poderá produzir em qualquer combinação dentro da curva da FPP


(aquém da curva), mas isso significará que alguns recursos são ociosos (não estão a
ser produtivamente utilizados). Ou ainda, que parte desses recursos estão
desempregados, mais ainda, que tal ponto de combinação (dentro da curva)
representa o ponto de ineficiência.

Ponto dentro da curva da FPP indica tal situação de ineficiência. Neste caso a
economia pode produzir mais de bens agrícolas a medida que vai produzindo mais
de bens manufacturados.

Pode-se também dizer que produzir ao longo da curva da fronteira das possibilidades
produtivas é produzir no ponto da eficiência porque a medida que quisermos
aumentar a quantidade de um bem será em detrimento (redução) de outro.

No ponto fora da curva da fronteira das possibilidades produtivas é impossível


produzir qualquer bem com a dotação existente de recursos na economia.

A fronteira das possibilidades produtivas (FPP) representa a máxima combinação


de quantidade de bens que uma economia pode produzir usando todos os seus
recursos disponíveis. E a curva de FPP, não é nada mais que o lugar geométrico
que indica tais combinações.

A fronteira de possibilidades de produção ilustra os três conceitos: escassez,


escolha e custo de oportunidade. A escassez é observável pelas combinações de

Adelino Jeque Pimpão 33


Introdução a Economia

produção situadas acima da fronteira; a escolha pela necessidade de selecção de um


ponto entre as combinações de produção alternativas ao longo da fronteira; e o
custo de oportunidade pela inclinação negativa da curva.

A capacidade de um país em produzir mais dos dois bens a partir da fronteira das
possibilidades produtivas implicará um aumento na força de trabalho, um incremento
no stock de capital (fábricas, estações de energia, linhas de transporte, máquinas e
outros equipamentos) e aumento na tecnologia.

Por outras palavras, isso é possível com a expansão da produção global dentro da
eficiência (deslocamento da curva da fronteira das possibilidades produtivas) se
aumentar a capacidade produtiva do país.

Como se pode depreender ao se estudar a curva da FPP, fica bem patente a ideia do
custo de oportunidade que é fundamentada pela existência da escassez.

Quando nos deslocamos ao longo da linha, é como que se estivéssemos a mudar o objecto
de trabalho das fábricas, a dar novas e diferentes utilizações à terra, ao gado, aos meios de
transporte, etc.

Duas situações se destacam:

· A economia se encontra no interior da fronteira – trata-se de uma economia ou


empresa ineficiente, recursos explorados abaixo da sua capacidade;

· A economia se encontra fora da curva – não é possível, a economia só tem


possibilidade de produzir as máximas combinações sobre a linha da curva e
nunca para além dela.

Adelino Jeque Pimpão 34


Introdução a Economia

Suponha que você quer um refresco em garrafa de refrigerante e uma sandes de ovo e
tem, somente, no seu bolso dez meticais.

Desde o momento em que você decida por tomar o refresco e que custa 10.00 MT,
logo você não dispõe de mais dinheiro para comprar a sanduiche de ovo. Se você
gostaria de comer a sandes para além do refresco, então a sandes que você renunciou
(abdicou) é o seu custo de oportunidade.

A partir destes exemplos domésticos pode-se extrapolar aos exemplos mais complexos, como
entre depositar a prazo e investir na criação de uma empresa, os seus rendimentos ou
herança, entre produzir mais armas e menos medicamentos, entre produzir mais escolas e
menos tractores, e outros mais.

A ideia de custo de oportunidade é fundamental na análise económica. O breve exemplo


dado permite-nos avançar com a definição alternativa deste conceito. O custo de
oportunidade da utilização de recursos para um determinado fim é o benefício
sacrificado pela não utilização desses recursos da melhor forma alternativa. Pode
deste modo concluir-se que, quando se procede a uma escolha, existe sempre um custo de
oportunidade. Este conceito é melhor apreendido com a noção geométrica da fronteira de
possibilidades de produção.

SECÇÃO 4. MODELOS DE FUNCIONAENTO DA ECONOMIA

Teoricamente, existem dois modelos fundamentais e extremos de organização económica, a


saber:
1. O mecanismo de mercado,
2. A economia de planificação centralizada; e de permeio
3. A economia mista

Adelino Jeque Pimpão 35


Introdução a Economia

Constitui nosso interesse, nesta secção, analisar quais os revestimentos importantes que
teoricamente, caracterizam estas duas formas de orientação da economia e fazer uma
avaliação da aplicabilidade prática destes conceitos.

4.1. O MECANISMO DE MERCADO


Comecemos por ver, afinal o que será o mecanismo de mercado (ou comummente conhecido
como economia de mercado) que não é mais que aquilo que o famoso economista americano e
prémio Nobel da economia, Paul Samuelson, definiu como sendo, a forma de organização
económica na qual os consumidores e as empresas, agindo individualmente, interagem através
dos mercados para determinar preço e a quantidade desse bem, dando resposta aos cinco
problemas da organização económica: o que produzir, como produzir, para quem produzir,
quando produzir e onde produzir.

Pode-se constatar a partir da definição acima que o papel do Estado é comparado ao simples
árbitro jogo de futebol, por exemplo, que se limita a corrigir e penalizar infracções de
jogadores sem nunca participar no jogo, muito menos influenciar os resultados directa ou
indirectamente.

Em teoria, neste tipo de modelo, os agentes económicos encontram-se no mercado e mediante


o mecanismo de procura e oferta todos os problemas são resolvidos. O Estado é um simples
assistente, guardião das liberdades individuais e da propriedade privada perante a lei das
velhas máximas de deixa fazer e deixa andar do francês laissez faire et laissez passer, uma
situação de completa não interferência estatal.

Aqui a ideia reinante é da mão invisível escrita pelo pai da economia Adam Smith no seu livro
a riqueza das nações que dizia “cada indivíduo tenta aplicar o seu capital de maneira que ele
renda o mais possível. Geralmente o indivíduo não tem em vista a melhoria do interesse geral e
nem sabe em que medida é que o está a promover, procurando somente a sua própria segurança,
o seu ganho pessoal. Ele é conduzido, deste modo, por uma mão invisível, na promoção de um fim
que não fazia parte das suas intenções iniciais. Na prossecução dos seus interesses, o indivíduo

Adelino Jeque Pimpão 36


Introdução a Economia

está frequentemente, a beneficiar a sociedade de um modo mais eficaz do que quando pretende
fazê-lo, intencionalmente.”

Aqui funciona um sistema de preços e mercado. Sem um centro directivo, a economia de


mercado é capaz de resolver os problemas das sociedades. Portanto, as decisões sobre preço e
a afectação de recursos que são escassos são feitas pelo critério de mercado.

Assim o mercado é tido como um processo em que compradores e vendedores de um bem


interagem para determinar o preço e a quantidade desse bem.

Neste sistema, cada mercadoria e cada serviço têm um preço, incluindo os diferentes tipos de
trabalho humano.

Ninguém o inventou, constitui uma evolução e está em franca transformação e mostra uma
capacidade de auto-superação e de sobrevivência na luta contra os modelos alternativos de
organização.

Para Adam Smith no seu livro a Riqueza das nações enuncia "...cada indivíduo, perseguindo
apenas, egoisticamente, o interesse pessoal, é levado como que por uma mão invisível, a realizar
o melhor para todos (sociedades)..."

4.2. ECONOMIA CENTRALMENTE PLANIFICADA


O outro modelo alternativo de mercado, teoricamente como se viu, é a economia centralmente
planificada. Antes de se avançar é importa reter a definição sistematizada deste modelo como
sendo aquele no qual a oferta de recursos é determinada pelos governos, obrigando os
indivíduos e as empresas a seguirem os planos económicos do Estado. (In Economia 12 a
edição pág.50).

Aqui voltando ao exemplo do árbitro, poder-se-ia dizer que, neste modelo, ele aparece com
figura não só é guardião das liberdades individuais e da propriedade privada perante a lei das

Adelino Jeque Pimpão 37


Introdução a Economia

velhas máximas de deixa fazer e deixa andar de treinador mas, acima de tudo ele o Estado
(Governo) indica aos agentes económicos o que fazer, como fazer e para quem fazer. Portanto,
ele aparece com papel duplo de árbitro, mas ao mesmo tempo como jogador.

A situação de Moçambique nos anos passados (1975-1986) pode muito bem servir de
exemplo, por aproximação. Pois, é com directivas do plano que os agentes económicos
trabalhavam, os preços são indicados centralmente, usando critérios que não eram de procura
e oferta, a afectação dos recursos tinha como base de fundo prioridades definidas pelo
Governo central.

Neste modelo a iniciativa privada, no mínimo, é relegada para o plano secundário ou, no
máximo, necessária no momento de consultas populares com o objectivo de melhorar o plano
reorientar prioridades quando necessário.

Portanto, o Governo central aparece como figura imprescindível na organização da economia


e sine qua non, é possível uma afectação racional dos recursos e na solução dos cinco
problemas fundamentais atrás referenciados.

4.3. ECONOMIA MISTA


O estudante pode notar, que, desde início, foi-se enfatizando que estes modelos existem
teoricamente, pois na prática encontramos um bocado de intervenção do governo central e
por outro, também a iniciativa privada, através do livre jogo de procura e oferta, as chamadas
economias mistas.

Portanto, isto quer dizer que o actual conceito de economia de mercado pouco tem a ver com
o conceito clássico anteriormente definido, dado que encerra certo intervencionismo estatal
na economia e é sobre ele que nos vamos debruçar a seguir.

Na realidade, a perfeição que se deixa transparecer no princípio da mão invisível tem tido
falhas.

Adelino Jeque Pimpão 38


Introdução a Economia

Ora vejamos, só para elucidar ao estudante: actividades económicas que afectam as zonas
envolventes do espaço do mercado, por exemplo, a poluição do ar ou quando uma fabrica
emana para o ambiente, fumos que afectam a população local e as propriedades - constatamos
que o dono da fabrica perseguindo interesses pessoais acaba colidindo com os interesses da
sociedade.

Outro aspecto a notar é que nessas economias, sabendo que o consumo depende em grande
parte do rendimento das pessoais conseguindo através do trabalho, o que sucede é que
aparecem pessoais sem emprego, o que afecta sobremaneira o seu padrão de consumo.

Para resolver este problema e outros o estado intervém no mercado para conseguir três
objectivos:

A) EQUIDADE
O gato de um indivíduo rico pode beber o leite que uma criança pobre necessitaria para se
manter viva e saudável. Será que isso acontece por problema da procura e oferta?

Portanto, uma sociedade não tem que aceitar as consequências do mercado como se de lei
divina se tratasse, assim o Estado é chamado, pois ele é único capaz de estabelecer políticas
redistributivas para se manter mediante acções sociais como subsídios de desemprego,
pensões de reforma, subsídios de segurança social, tentando minorar/eliminar a pobreza.

B) ESTABILIDADE:
O Estado dedica-se também a função macroeconómica de garantir a estabilidade da economia,
tentando evitar vagas periódicas inflacionistas (subida de preços) e a recessão que conduz ao
desemprego muito elevado e diminuição da produção e, por conseguinte, provoca subida de
preços e depreciação da moeda.

C) EFICIÊNCIA:

Adelino Jeque Pimpão 39


Introdução a Economia

Vimos que as economias são afectadas por falhas de mercado que procura ineficiência na
produção como pode ser no consumo, cabendo ao Estado a responsabilidade de corrigir tais
defeitos do mercado.

Não obstante, importa mencionar aqui, que por vezes o Estado na tentativa de corrigir tais
falhas, agrava a situação.

Exemplos de correcções feitas pelo Estado das falhas do mercado podem ser citados os casos
de proibição da formação de cartéis o caso das leis antitrust, actualmente vigentes nos Estados
Unidos, a autorização de entrada de mais rádios televisões, linhas áreas, instituições de ensino
privadas em Moçambique.

Podemos concluir o tema em jeito de remate como o fez Paul Samuelson "... Ambas as partes -
mercado e estado - são necessárias. Fazer funcionar uma economia apenas com uma delas é
como tentar bater as palmas com uma mão".

ACTIVIDADE 2: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões

Diga se Falso (F) ou verdadeiro (V) para as seguintes afirmações:

1. Uma vez que com recursos escassos não é possível satisfazer todas as necessidades
humanas é necessário fazer opções em termos dos bens que se quer produzir e qual
a quantidade desses bens que se vai produzir.

2. A opção entre diferentes combinações de produção só faz sentido se os recursos


disponíveis puderem ser utilizados na produção de mais do que bem, ou seja se
tiverem usos alternativos.

Adelino Jeque Pimpão 40


Introdução a Economia

3. Se cada input ao dispor de uma economia só puder ser utilizado na produção de um


bem deixa de se colocar o problema de “O que produzir e em que quantidades?”

4. A questão de como produzir ou quais os métodos ou técnicas de produção que


devem ser escolhidos para a produção de cada bem coloca-se porque existem em
geral diferentes métodos de produção de um bem.

5. A fronteira de possibilidades de produção (FPP) dá-nos as combinações máximas de


produção que podem ser obtidas por uma economia dados os conhecimento
tecnológicos e a quantidade de factores de produção disponíveis.

6. Para representar graficamente a FPP temos que saber que pares de bens são
produzidos.

7. Cada ponto da FPP representa uma combinação de produção possível face aos
recursos e tecnologia disponíveis na economia.

8. O problema da escassez está aqui patente na FPP, uma vez que não é possível
produzir combinações de produção que estão no exterior da FPP.

9. Os aumentos de produtividade equivalem a dizer que com os mesmos recursos é


possível obter uma maior produção.

10. A existência de crescimento económico traduz-se por um deslocamento para a


direita da FPP o que, por definição, só é possível se houver um aumento da
disponibilidade de recursos ou progresso tecnológico.

11. Um trade-off é uma situação a escolha de uma alternativa impõe um custo em


termos da outra alternativa.

Adelino Jeque Pimpão 41


Introdução a Economia

12. O custo de oportunidade, pela sua natureza, vai sempre conduzir a ter que efectuar
escolhas.

13. O custo de oportunidade não existiria se os recursos não tivessem uso alternativo;

14. O mecanismo de mão invisível não funciona quando benefícios e custos importantes
não recaem sobre pessoas que não os próprios decisores.

15. O custo de oportunidade da obtenção de uma unidade adicional de X é a quantidade


de Y que o consumidor tem de abdicar para obter essa unidade adicional de
consumo de X.

16. Tome presente os seguintes traços característicos: (1) propriedade privada, (2)
concorrência, (3) laissez-faire, (4) propriedade estatal dos meios de produção, (5)
desejo de uma distribuição equitativa de riqueza, (6) desigualdade de
oportunidades, (7) redistribuição, (8) planificação pela direcção central, (9)
liberdade de escolha, (10) interesse próprio como móbil, (11) confiança no sistema
de preços, (12) papel limitado do governo, (13) equidade, (14) valores sociais e
privados, (15) monopólios, (16) estabilização da economia, (17) laissez-passer (18)
mão invisível (19) pé invisível (20) caridade, (21) agricultura como única fonte de
riqueza.

Coloque as características acima de acordo com os sistemas económicos indicados.


Economia de mercado Economia Mista Economia centralmente planificada

Adelino Jeque Pimpão 42


Introdução a Economia

BIBLIOGRAFIA
· Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
· Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
· Das Neves, J C. Introdução a Economia
· Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
· Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
· Miller, R. Microeconomia
· Vasconcelos, M. Economia Básica

Adelino Jeque Pimpão 43


Introdução a Economia

UNIDADE 3
TEORIA DE MERCADO

OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:

§ Identificar o conceito de mercado;


§ Identificar os determinantes de procura e de oferta;
§ Construir a curva de procura e oferta na base da condição ceteris paribus
§ Identificar os movimentos ao longo da curva de procura e de oferta
§ Reconhecer as leis de procura e de oferta
§ Identificar o ponto de equilíbrio do mercado e o par ordenado preço-quantidade
§ Identificar escassez e excesso de bens e serviços no mercado
§ Identificar o impacto do controlo de preços no mercado
§ Perceber as consequências do abandono da condição ceteris paribus e o
deslocamento das curvas
§ Identificar os diferentes tipos de mercado e sua semelhança na economia
moçambicana

Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Abordagem geral sobre mercado
Secção 2 Aspectos básicos da procura e da oferta
Secção 3 O preço de equilíbrio
Secção 4 Tipos de mercado

PARA O INICIO DA CONVERSA


Tenho de certeza que o amigo estudante já entrou numa loja e já fez compras. Já entrei no
mercado municipal da sua e fez compras. Nas ruas da sua localidade já interagiu com
vendedores. Naquela barraca ao lado ou em frente da sua casa também já fez compras. Na
sua capital provincial já entrou no supermercado e também comprou alguns produtos.

Adelino Jeque Pimpão 44


Introdução a Economia

Mas na certa, na loja, no mercado municipal, na barraca ao lado ou em frente da sua casa,
antes de comprar já regateaste o preço, achando elevado aquele que te apresentaram à
primeira vista.
Já te perguntaste de onde saem aqueles produtos de compras? Como chegam ao mercado?
Quando que achas um preço caro ou barato?
Então, estas e outras perguntas vão ser respondidas nesta Unidade e por isso amigo
estudante, vem daí e vamos estudar com afinco esta unidade.

SECÇÃO 1. ABORDAGEM GERAL SOBRE TEORIA DO MERCADO


Quando se pensa em mercado, parece normalmente a mente a ideia de um lugar cheio de
gente comprando e vendendo frutas, vegetais, roupas, utensílios domésticos e outros bens.
Uma loja ou um supermercado ou ainda um hipermercado são alguns exemplos de
mercado. Pode-se dar o exemplo de uma bolsa de valores.

Como se pode depreender, pensar a partir de exemplos de mercado podemos alistar desde
um simples exemplo de um mercado de frutas e verduras para mais altos e complexos
exemplos de mercado de trabalho ou mercado internacional de divisas.

Entretanto, importa não perdermos de vista a prática de trocas vem desde os tempos
antanhos que consistiam de um bem por outro diferenciando-se no seu valor de uso que
são as conhecidas trocas directas ou simplesmente economia de escambo, resultantes da
então incipiente divisão de trabalho com limitadas alternativas de troca dado ao nível de
desenvolvimento da sociedade. Aliás, matéria que voltaremos a falar quando estivermos a
analisar a origem histórica da moeda.

Constata-se a partir do acima exposto que o nível de desenvolvimento do mercado está


directamente relacionado com as capacidades produtivas do próprio Homem, na
perspectiva da divisão do trabalho e especialização e do volume de bens produzidos na
sociedade.

Adelino Jeque Pimpão 45


Introdução a Economia

Entretanto, embora estejamos perante a evidência de existirem países mais ricos que
outros, os recursos da economia são limitados. Quando é assim é necessário fazer escolhas
e para isso cada economia precisa de um mecanismo para responder às perguntas
fundamentais:

1. Quais os bens e serviços a produzir (como escolhemos entre as alternativas


representadas pela curva de possibilidades de produção)
2. Como produzir estes bens e serviços?
3. Para quem produzir os bens e serviços? Uma vez prontos os bens a quem distribuí-
los.

Há hoje, em teoria económica duas maneiras de obter respostas a estas perguntas. A


primeira é pelo mecanismo de mão invisível de Adam Smith. Caso os indivíduos tenham
liberdade completa na escolha o padeiro, o cervejeiro e outros produzirão o pão, a cerveja
para as refeições. Resumindo, o mercado dará as respostas às três perguntas.

A segunda, como o amigo estudante deve estar a advinhar é utilizar o Estado e sua máquina
administrativa.

Para o presente caso nos interessa a primeira alternativa e para tanto precisamos saber
definir. Deste último ponto, nota-se que a economia é tão complexa que necessita de um
mecanismo para manter a ordem para colocar as coisas no lugar certo e evitar que todo o
açúcar vá para Nampula e todo o sal vá para Manica e todo o sabão vá para Inhambane.

Então o mercado é este mecanismo que mantém a ordem.

Pode-se começar a definir mercado como o meio através do qual, compradores e


vendedores interagem e onde transacções ocorrem. Refinando o conceito diria-se que
Mercado é um lugar real e/ou económico de encontro entre produtores (vendedores) e
consumidores (compradores).

Adelino Jeque Pimpão 46


Introdução a Economia

Retenhamo-nos às duas palavras sublinhadas lugar real é aquele em que vis-a-vis, tête-à-
tête compradores e vendedores discutem o preço do produto, o preço de um vestido ou
camisa numa loja, o preço de uma dúzia de ovos no mercado central ou do Xipamanine ou
ainda Dumbanengues, Txungamoios e nos Kwatchenas.

Enquanto lugar económico, afasta-se conceptualmente de um lugar físico em particular


em que os agentes económicos não precisam de ver e nem sequer se conhecer, estamos a
falar das operações de importação e exportação (lugar virtual) em que o importador é
comprador e o exportador é o vendedor, intermediados pelas respectivas instituições
financeiras ou ligados por uma terminal de um computador.

Este lugar, distingue-se de qualquer outro lugar pelas seguintes características:


· A existência da procura e da oferta, elementos básicos para a existência e
funcionamento do mercado. Mas normalmente e na vida corrente é mais do que isso,
são importantes os dealers dispostos a fazer o mercado (que juntam compradores e
vendedores).

· Funcionamento livre do mercado que pressupõe a liberdade de escolha dos agentes


económicos condicionados pelos seus diferentes factores que mais adiante se verá,
sempre perseguindo os seus objectivos individuais.

· Não obstante a liberdade indicada no ponto anterior, o mercado deve ter regras de
conduta e regulamentos a observar de como deve funcionar o mercado assim como
deve haver disponibilidade de informação de forma a que todos os operadores do
mercado saibam o que se está a passar.

Constata-se que num mercado, o preço desempenha duas funções essenciais e inter-
relacionacionadas que evitam situações caóticas de todo o sal parar em Manica e sabão em
Inhambane, como no nosso exemplo:

Adelino Jeque Pimpão 47


Introdução a Economia

1. O preço dá informação
2. O preço dá incentivos

Note-se que no caso em que todo o açúcar vai parar em Tete, os beirenses, por exemplo,
estariam desesperados e prontos a pagar um preço alto para obter um pouco do precioso
produto da cana sacarina e da beterraba. Este preço alto é um sinal que indica aos
comerciantes que na Beira há compradores insatisfeitos.

Mas igualmente o preço lhes daria um incentivo para mandar o açúcar para Beira.

Verifique-se que os agentes económicos que fazem o mercado existir e funcionar são
compostos por dois grupos. O primeiro é de compradores ou consumidores que consistem
em indivíduos que procuram ou compram bens e serviços, assim como empresas que
compram o trabalho, capital e matérias-primas necessários para a produção de bens e
serviços.

O segundo é dos vendedores que inclui empresas que vendem os bens e serviços que
produzem e indivíduos que vendem a sua força de trabalho, assim como proprietários de
recursos que vendem os seus recursos naturais como petróleo, ferro e outros.

Numa situação simples de mercado, encontramos a interacção entre compradores e


vendedores, enquanto mais complexo for o mercado, opera-se a emergência de outros
agentes, como correctores, dealers, intermediários, informadores de mercado, cuja função é
assegurar que o mercado funcione na base de marcação de preços, fornecendo informação
e aproximando vendedores e compradores.

Outro elemento importante do mercado é o papel dos preços que fornecem sinais através
dos quais compradores e vendedores interagem. Para os compradores, o preço dá-lhes a
informação sobre a disponibilidade de bens e serviços no mercado e sua base tomar
decisões sobre o quê e que quantidades adquirir.

Adelino Jeque Pimpão 48


Introdução a Economia

Por outro lado, para os vendedores usam a mesma informação para decidir sobre o quê e
que quantidades vender. Como se pode constatar, os preços prestam uma informação
muito importante visando melhorar o processo de tomada de decisões de mercado.

Contudo, é importante que o estudante entenda que não existe uma decisão coordenada do
lado dos vendedores e compradores ou por outras palavras, não existe uma direcção
consciente relativamente ao funcionamento do mercado. Cada operador do mercado actua
sozinho e não como parte de um plano centralizado ou previamente combinado entre as
partes.

Esta ideia traz consigo a abordagem iniciada no século xviii do laissez-faire que é uma
expressão francesa (deixar fazer) recomendando a não intervenção do governo no
funcionamento do mercado.

Nos nossos dias tal ideia é traduzida no sentido de que a economia funciona melhor quando
ela é livre da intervenção do governo e as decisões económicas são determinadas pelo
mercado, tal como o cientista austríaco Joseph Schumpeter numa das suas frases preferidas
gostava de dizer: o padrão económico é a matriz da lógica.

Finalmente, é importante notar que estudamos a teoria de mercado porque é neste onde se
opera o processo através do qual as decisões económicas são tomadas, embora não seja o
único.

SECÇÃO 2. ASPECTOS BÁSICOS DA PROCURA E OFERTA


Neste capítulo vamos estudar os modelos económicos que pretendem explicar os
diferentes tipos de comportamento económico e neste caso concreto explicar o valor de
equilíbrio das decisões económicas.

Adelino Jeque Pimpão 49


Introdução a Economia

2.1. Procura e Curva da Procura


Como introdução aos importantes conceitos de procura e oferta, considere as perguntas
que se seguem e trate de tomar nota das suas respostas:

1. O que influencia ao consumidor (comprador) na tomada de uma decisão sobre que


quantidades comprar de um bem ou serviço?

2. Que factores influenciam ao produtor (vendedor) na sua decisão sobre que quantidade
produzir ou colocar no mercado?

3. Quais são os determinantes das quantidades e preço de equilíbrios?

Comecemos pelos factores que influenciam ao consumidor na procura de um determinado


bem. O preço do bem se afigura importante na consideração do consumidor. Mas é o nível
de rendimento é o outro factor a tomar em conta.

A partir dos primeiros dois factores pode-se afirmar que querer comprar uma bicicleta é
uma coisa e nenhum consumidor planificará fazê-lo a não ser que o preço seja acessível e
disponha de rendimento para o efeito. Entretanto, o preço do bilhete dos autocarros, de
sapatos, ou veículos motorizados irão igualmente influenciar a procura pela bicicleta.

A procura de um consumidor é igualmente influenciada pelas preferências ou gostos do


próprio consumidor. Outros factores a tomar em conta é a estação do ano, publicidade,
qualidade, moda, a marca, os hábitos e costumes, etc.

Grosso modo, pode-se afirmar que as quantidades procuradas de um determinado bem


ou serviço são determinadas, ou ainda são a função do seu preço, rendimento do
consumidor, o preço de outros bens e/ou serviços e outros factores como a publicidade,
moda, temperatura (época do ano), hábitos e costumes, qualidade e outros.

Adelino Jeque Pimpão 50


Introdução a Economia

Para representar os conceitos teóricos, os economistas normalmente recorrem à linguagem


gráfica embora a matemática seja igualmente usual.

Para desenhar o gráfico se estabelece a condição ceteris paribus (que quer dizer demais
variáveis constantes) as quantidades procuradas variam unicamente em função da
alteração no preço. Na análise económica habituou-se pôr os preços no eixo vertical ou y e
as quantidades no eixo horizontal ou x.

Fazendo uma relação inversa entre a evolução do preço e as respectivas quantidades


teremos uma curva de procura com inclinação negativa porque os consumidores
quererão comprar mais quando o preço estiver a baixar e o inverso é verdadeiro.

Preço D

P1 A
(-)
P2 B
D

Q1 Q2 Quantidades
(+)
A curva de procura é o espaço geométrico que combina quantidades procuradas e preços.
Logo, pode-se dizer que a cada preço existe uma determinada quantidade procurada ao
longo da curva de procura. Assim, a curva de procura é a representação geométrica dessa
sucessão de combinações de pontos.

O movimento do ponto A para o ponto B é um movimento ao longo da curva da procura e


representa um aumento da quantidade procurada de Q1 para Q2 já que o preço cai de P1 a
P2.

Adelino Jeque Pimpão 51


Introdução a Economia

A curva de procura espelha que a cada preço de mercado corresponde uma quantidade de
bens e serviços que os indivíduos iriam procurar, mantendo os demais factores constantes.
Esta informação pode ser vista igualmente na tabela a seguir.

Pode-se, igualmente, notar que, em geral, os indivíduos estão dispostos a comprar mais
quando o preço baixa e a curva no gráfico reflecte isto porque cai da esquerda para a
direita, obedecendo a lei geral de procura.

Para a grande maioria dos bens e serviços, a experiência mostra que a quantidade
procurada aumentará sempre que o preço subir. Esta característica da procura pode ser
igualmente ilustrada pela linguagem tabular que se segue.

Preço da mandioca (P) Quantidades procuradas


(Q)
50 50
40 80
30 130
20 190
10 300

O amigo estudante pode ensaiar a representação do gráfico dos dados do quadro anterior e
interpretá-los.

É importante reter que a relação de procura é válida para uma população específica em um
período específico de tempo, logo a curva de procura diz respeito a um momento
determinado.

Uma das assumpções importantes assumidas numa economia de mercado é quanto mais
alto for o preço, menores são as quantidades procuradas e vice-versa.

Adelino Jeque Pimpão 52


Introdução a Economia

Este enunciado é conhecido como a lei da procura, onde se assume que os consumidores
comprarão mais de um bem ou serviço se o preço do mesmo baixar e menos se o preço
subir mantendo os demais factores constantes.

O fundamento que sustenta esta afirmação é que se o preço de um bem específico sobe, os
consumidores mudarão a sua procura para um outro bem que tenha utilidade próxima.
Note-se que esta hipótese é consistente com a ideia de que o objectivo do indivíduo é
maximizar a sua utilidade ou o bem-estar.

Voltando ao exemplo da bicicleta, se o preço da mesma sobe, a procura se reduz porque os


consumidores mais baratas como utilizar os autocarros ou mesmo andar a pé. Mas em
contrapartida se os preços da bicicleta baixarem os utentes dos autocarros e todos aqueles
que andavam a pé planificarão comprar umas bicicletas.

2.2. Mudanças na Procura


Um deslocamento da curva de procura pode ser causado por uma mudança em qualquer
um da série de factores identificados anteriormente.

Por outras palavras é procurar verificar o que acontece quando se abandona a condição
ceteris paribus. Ou ainda, agora admitir que as demais variáveis agora sim interferem na
decisão de procura do consumidor.
Os mais importantes são os que se seguem e serão objecto de análise sucinta:

* O rendimento. Quando o rendimento aumenta, as pessoas podem comprar mais e neste


caso a curva de procura desloca-se para a direita tal como se retrata no gráfico abaixo. Este
é o caso de um bem normal ou um bem superior.

Adelino Jeque Pimpão 53


Introdução a Economia

D’
Preço D

P1 A

D’
D

Q1 Q2 Quantidades

Mas em certos bens a subida do rendimento conduz a redução da procura desses mesmos
bens. Este caso de bens denomina-se bens inferiores e compreende aquele caso de bens
básicos como comidas e algumas roupas baratas. Por exemplo, com o aumento do
rendimento as pessoas reduzem o consumo do feijão, da mandioca, da batata e comer mais
carne ou outro alimento mais caro como passar a ter boas bebidas para aperitivos em casa.

** Alteração do preço de outros bens. Muitos dos bens e serviços que compramos têm
substitutos e na compra estamos influenciados pelos preços relativos.

Pois, depois do aumento do preço da gasolina, as pessoas têm menos vontade de comprar
um automóvel. Isso conduzirá a que a curva de procura pelos automóveis se desloque para
a esquerda. Os bens deste tipo que são utilizados em combinação de tal forma que o
aumento de preço de um deles leva a uma queda na procura do outro - chamam-se bens
complementares.

Para os substitutos, prevalece a relação oposta. A mandioca e a batata doce são substitutos
e o aumento do preço da mandioca conduzirá que a procura pela batata doce aumente. O

Adelino Jeque Pimpão 54


Introdução a Economia

mesmo sucede com outros bens substitutos: chá e café, manteiga e margarina, passagens de
autocarro e de comboio.
Poderíamos continuar com a nossa lista passando a análise para a mudança nos gostos e
na moda, na publicidade, mudança na população a prazo.

2.3. A oferta e a curva de oferta


Contrariamente a procura, a relação de oferta descreve o comportamento dos vendedores,
mostrando o quanto estariam dispostos a vender a um dado preço no mercado.

Neste caso os vendedores têm uma atitude diferente dos compradores relativamente a
variação dos preços.

Mas para além de preço, as quantidades oferecidas dependem também do custo de


produção que inclui, as matérias-primas, mão-de-obra e gastos gerais de fabrico (energia,
água, combustível), o fisco (impostos e subsídios), invenção e inovação tecnológica,
condições climatéricas, etc.

Como vimos na procura, os preços altos de um bem desalentam os consumidores e os induz


a substituir por outros bens alternativos. Mas é justamente este preço alto que incentiva,
estimula e anima os vendedores a produzirem e a venderem mais, pois o objectivo é
maximizar lucro e latus sensus, o valor da empresa.

Esta situação conduz-nos à lei de Oferta que enuncia que quanto mais elevado o preço,
maior será a quantidade oferecida.

Adelino Jeque Pimpão 55


Introdução a Economia

Preço da mandioca (P) Quantidades procuradas


(Q)
50 250
40 220
30 130
20 120
10 50

Graficamente pode ser reproduzida a curva de oferta que sobe da esquerda para a directa
ou simplesmente com inclinação positiva.

P1
(+)
P0

Q0 Q1
(+)
A racionalidade da lei da oferta está no facto de que a subida de preços incrementa os
lucros e isso tenderá a encorajar novas firmas a operar na economia, aumentando a
quantidade produzida do bem em causa.

Tal como foi com a curva da procura, a curva da oferta é construída na base da assumpção
quando o preço do bem muda, outros factores são mantidos inalteráveis, portanto na
condição ceteris paribus.

Adelino Jeque Pimpão 56


Introdução a Economia

Pode-se notar que o preço e as quantidades oferecidas têm uma relação directa, ou melhor,
são directamente proporcionais, conduzindo a inclinação positiva da curva de oferta.

2.4.Deslocamentos ou movimentos da curva da oferta

A curva da oferta assemelha-se a curva de procura, mostra unicamente de que maneira a


quantidade oferecida muda em resposta da variação do preço, aceitando-se a condição
ceteris paribus. Para traçar a curva de oferta, todos os factores (menos o preço) que podem
afectar a quantidade oferecida são mantidos constantes, são mantidos como se não
tivessem influência na oferta.

Agora vamos ver o que acontece se abandonarmos a condição ceteris paribus, ou seja, se
admitirmos que aquelas outras variáveis voltam a influenciar a decisão do produtor de
produzir do vendedor de colocar bens e serviços no mercado.

* O custo das matérias-primas. Quando o preço dos fertilizantes sobem isso desalenta aos
agricultores a produzir milho ao mesmo preço. Isso retrai a curva de oferta para a
esquerda, como se ilustra abaixo.

P1

P0

Q0 Q1

Adelino Jeque Pimpão 57


Introdução a Economia

** Tecnologia.Com a inovação tecnológica, o custo de produção reduz o que conduz a


expansão do produto no mercado que conduzirá a curva da oferta a se deslocar para a
direita.

*** Condições climatéricas. É um factor especialmente importante para a produção


agrícola. Creio que os estudantes estarão recordados dos efeitos da seca no ano de 1992 e
ainda mais do fenómeno denominado El Niño que quando acontece cria dilúvios com
grandes prejuízos para o sector produtor da economia definhando as quantidades
oferecidas na economia. Isso contrai a produção agrícola.
Poderíamos continuar a analisar este assunto, a alistar outros factores como mudança nos
preços de outros bens, impostos e subsídios, etc.

Importante: A curva de oferta diz sempre a um determinado momento e consequentemente


determinadas condições influenciadoras do mercado. Caso mudem, muda igualmente a curva
de oferta, o seu formato e inclinação.

SECÇÃO 3. O PREÇO DE EQUILÍBRIO


Acabamos de analisar brevemente as duas forças de mercado. Para todo o bem económico
há sempre a sua respectiva relação de procura e de oferta.

Se os dois são trazidos ao mesmo esquema, constatamos que as quantidades procuradas e


oferecidas são iguais a um único e exclusivo preço. Este é o preço de equilíbrio.

Portanto o preço de equilíbrio pode ser determinado a partir das curvas de procura e de
oferta ou o que mais comummente se diz a partir do ponto onde as curvas de procura e
oferta intersectam o se cruzam.

Notemos a tabela abaixo:

Adelino Jeque Pimpão 58


Introdução a Economia

Preço (P) Qtdes Qtdes oferecidas


procuradas
50 50 250
40 90 200
30 150 150
20 220 80
10 350 0

Constatamos que é ao preço de 30 que a quantidade procurada (150) iguala a quantidade


oferecida (150).

Ao preço de 40, a quantidade oferecida é maior que a quantidade procurada criando


excedentes no mercado. Devido à pressão exercida pelo aumento indesejado de stocks, a
concorrência entre vendedores levará a uma queda no preço de oferta no sentido do preço
de equilíbrio (30).

Por outro lado com qualquer preço menor que o preço de equilíbrio, digamos o preço de
20, a quantidade procurada será maior que a quantidade oferecida, os consumidores
procurarão activamente mandioca e aumentarão o preço que oferecem no sentido do preço
de equilíbrio.

3.1. O conceito de equilíbrio


Começando pelo final, o equilíbrio pode ser visto como análogo à balança de duas forças
opostas, ou contrárias, por outras palavras, é o estado no qual não há tendência para
mudança que pode ser visto como ponto de repouso.

Ainda se pode dizer que o equilíbrio, na óptica da balança, é atingido quando os pesos dos
dois lados contrários da balança nivelam, ou igualam. E na linguagem matemática, a
condição de equilíbrio é a solução derivada de um conjunto de equações dado os valores
dos outros parâmetros.

Adelino Jeque Pimpão 59


Introdução a Economia

Então consideremos um modelo simples de procura e de oferta de um bem. Neste caso


específico, procuramos explicar como que a procura e a oferta interagem a tal ponto que o
preço ao qual o bem é vendido significa que os consumidores compraram tudo que tinham
para comprar e os vendedores venderam tudo o que tinham para vender do bem.

Por detrás desta solução de equilíbrio existem hipóteses que devemos assumir acerca de
como os consumidores e vendedores se comportam (tomam as suas decisões) que é a sua
procura e oferta, respectivamente.

Formalmente, podemos dizer que o equilíbrio, no modelo económico, é um conjunto de


valores derivados na base de uma hipótese comportamental e os valores de outras
variáveis.

D S

E
PE lugar geométrico dos pontos de troca

S D

QE
A intercepção das curvas de procura e oferta determina o par ordenado de preço-
quantidade PE-QE que satisfaz todos os intervenientes no mercado. Portanto, a aquele
preço, PE, os compradores adquirem a quantidade que precisam comprar e os vendedores
vendem as quantidades que desejam vender.

Adelino Jeque Pimpão 60


Introdução a Economia

Entretanto, não se está a dizer que o equilíbrio é sempre estático. O equilíbrio pode alterar,
mudar ou variar se uma ou mais variáveis, influenciando-o, mudam ou ainda, se as
hipóteses do estado de equilíbrio se alteram.

Se o preço da mandioca sobe, os consumidores podem alterar as suas despesas a ponto de


eles comprarem menos mandioca e mais de um outro bem. Então teremos novo equilíbrio
baseado em novas circunstâncias.

É igualmente importante notar que o equilíbrio não incorpora nenhuma noção de desejo ou
justiça ou do que é correcto. É, antes pelo contrário, o resultado de um modelo baseado
num conjunto de hipóteses dados os valores de outros factores. Portanto, equilíbrio é um
conceito positivo e não normativo.

Nos modelos de economias em vias de desenvolvimento é útil entender o conceito de


equilíbrio, porque nos pontos seguintes trataremos de explicar como se atinge o ponto de
equilíbrio e como nos movemos de uma posição de equilíbrio para outra.

Ao longo deste texto, usar-se-ão exemplos de quantidades de equilíbrio, note-se que é um


conceito geral que pode ser aplicável aos preços, rendimentos, taxas de juro, horas de
trabalho, hectares de terra, computadores, casas ou um outro conjunto de objectos em que
as forças de mercado interagem para sua a venda e compra.

A posição onde o equilíbrio não foi atingido, denomina-se desequilíbrio em que se


caracteriza por não haver o balanceamento das forças em presença e por conseguinte há
uma tendência para mudança ao longo do tempo e não é ponto de repouso. Assim, o
desequilíbrio é um estado de instabilidade onde ocorre a tendência para mudança em uma
ou mais variáveis.

Adelino Jeque Pimpão 61


Introdução a Economia

P Excesso de bens

D e serviços S
P1

PE

P2
S Escassez de bens D
serviços
QE

Pode-se notar pelo gráfico que quando o preço ultrapassa o nível de equilíbrio regista-se
um desequilíbrio entre as quantidades oferecidas e procuradas gerando o fenómeno de
escassez de bens e serviços ou excesso de quantidades existentes no mercado.

SECÇÃO 4. TIPOS DE MERCADO


De forma a aceder aos diferentes graus de concorrência nos diferentes tipos de mercados é
necessário ter algum indicador de comparação. Para tanto, iniciamos a analisar as
condições necessárias para um estado de uma concorrência perfeita que é o caso extremo
em que a concorrência atinge o seu estado mais alto.

4.1.-Concorrência Perfeita

O modelo de concorrência perfeita é teórico mas fornece um instrumento de análise teórica


bastante poderoso e ajuda a fazer um juízo sobre o mundo real.

O mundo real é mais complicado e é necessário analisar uma situação em cada época. Logo
o grau de concorrência no mundo real dependerá da sua proximidade aos modelos.

Adelino Jeque Pimpão 62


Introdução a Economia

É importante referir aqui que a concorrência aqui referida é uma concorrência de preços.
No mercado de concorrência perfeita um único preço e estará para além da influência de
cada operador do mercado.

Esta condição só pode ser satisfeita com um mercado que apresenta as seguintes
características:

1. Todas as mercadorias são homogéneas o que quer dizer que uma mercadoria é
exactamente parecida a outra. E se esta condição se verificar, os compradores não terão
preferência por um bem em particular.

2. Existem muitos compradores e muitos vendedores de tal forma que o comportamento de


um comprador ou vendedor não influencia o preço do mercado. Cada comprador individual
compreende uma parte ínfima da quota do mercado e que uma mudança nos seus planos
não influencia o mercado. Logo podemos afirmar que os compradores neste mercado são
tomadores de preço.

3. Compradores têm um perfeito conhecimento das condições do mercado. Conhecem que


preço está em qualquer parte do mercado. De igual modo que os vendedores têm
informação perfeita sobre as actividades dos compradores.

4. Não há barreiras ao movimento de compradores de um segmento de mercado para o


outro. Já que todas as mercadorias são homogéneas compradores abordarão vendedores a
procura de um preço baixo.

5. Finalmente que não há restrições na entrada de empresas no mercado assim como a sua
saída deste.

Tem-se assumido que é no mercado de concorrência perfeita onde existe eficiência na


produção comparativamente aos demais mercados. Escusamos aqui de entrar em detalhes
para mostrar as razões via linguagem matemática, como mostrar que em concorrência

Adelino Jeque Pimpão 63


Introdução a Economia

perfeita o Preço = custo marginal = receita marginal. Mas pela lógica, esta liberdade de
movimento e circulação de intervenientes do mercado por um lado e guiados pela mão
invisível, por outro, permite maior produção.

Logo esta é a forma de mercado onde há eficiência na produção e na afectação de recursos


comparativamente aos demais mercados.

4.2. O Monopólio
O monopólio no mercado indica a existência de um e único vendedor ou supridor de bens e
serviços.

Tal existência de um e único pode tomar a forma de organizações comerciais unificadas ou


uma associação de firmas de controle separado que combinam agir juntos no mercado,
portanto, agem em conluio.

Isso indica que o poder do monopólio tem a ver com a oferta, portanto, não precisa,
necessariamente, de existir um único produtor. O ponto essencial é que os compradores
enfrentam um vendedor singular.

O monopolista tem poder de determinar alternativamente:

· O preço pelo qual venderá o seu produto, ou

· A quantidade que ele precisa de vender.

Ele não pode determinar ambos (preço e quantidade) porque não controla o mercado.

Entretanto o poder do monopolista depende de dois factores essenciais:


· A disponibilidade/existência de um substituto;

Adelino Jeque Pimpão 64


Introdução a Economia

· O poder de restringir a entrada de novas firmas no segmento de mercado por ele


controlado

Portanto, estamos a notar que quanto mais efectiva for a restrição contra a emergência de
novas firmas maior será o poder do monopolista de determinar o preço muito acima do seu
custo médio e assim conseguir lucros avultados.

Podemos resumir a diferença entre uma firma operando em concorrência perfeita e outra
em monopólio com as seguintes características:

a) O monopolista não é tomador do preço do mercado. Ele pode variar o seu preço
mudando as quantidades oferecidas. Enquanto uma firma em concorrência perfeita é
tomadora do preço do mercado.

b) A curva de procura para o monopolista é menos que perfeitamente elástica enquanto


para a empresa em concorrência perfeita enfrenta uma curva de procura perfeitamente
elástica;

c) O monopolista tem o poder de restringir a entrada de novas empresas enquanto é


concorrência perfeita existe liberdade de entrada e saída.

Restrições de entrada.
Estas restrições podem ser derivadas de diferentes formas que passamos sucintamente a
analisar:

Concentração de matérias-primas
A distribuição geográfica de recursos é desigual e é sabido que alguns recursos estratégicos
estão concentrados em certas e poucas regiões do mundo e isso permite a emergência do
monopólio e as outras regiões, naturalmente que não têm, passam a ser simples
compradoras. Alguns denominam como monopólio natural.

Adelino Jeque Pimpão 65


Introdução a Economia

Barreiras técnicas
Hoje no mundo moderno, existem industrias dominadas por poucas e grandes firmas. Onde
estas empresas estão a operar numa escala maior usam recursos de capital, bastante,
onerosos e gozam de uma grande economia de escala e, por isso, as barreiras de entrada de
novas firmas são maiores. Entrar neste ramo tem muitos riscos desde o de investimento a
operacionais porque implicará concorrer com os já existentes em termos de custos,
tecnologia e conquista de espaço de mercado.

Barreiras legais
Esta é talvez a maior barreira de entrada a novas firmas onde a lei impera para evitar a
emergência de novas empresas no segmento de mercado. As garantias dos direitos de
patentes é um exemplo evidente de limitações legais para a emergência do monopólio.

4.3.Concorrência monopolística ou imperfeita


A concorrência perfeita é difícil de encontrar no mundo real e um monopólio puro ou
absoluto é virtualmente impossível dando que implica operar em ausência de concorrência.

Enquanto não é difícil para a empresa operar como um simples e singular vendedor com
recurso de patentes e marcas mas já é difícil atingir a situação que não há substituto para o
seu produto.

Portanto uma definição aproximada de monopólio seria um vendedor singular de um bem


que não tem substituto perfeito.

O mundo moderno é caracterizado por um limitado número de casos de monopólios.


Existem fornecedores de produtos de marcas mas outros aparecem a competir com
produtos similares com nomes de marca diferente. Esta é a situação conhecida como
monopolística ou concorrência imperfeita.

Adelino Jeque Pimpão 66


Introdução a Economia

A diferenciação de produto é enfatizada, alguns mesmo dizem, criada por uma publicidade
competitiva que é talvez a característica mais importante desta forma de mercado.

A publicidade é usada para incutir na mente do consumidor a diferença entre o produto de


marca X com da marca Y.

É importante notar que a diferenciação que estamos a falar é no sentido económico e não
técnico. Porque dois produtos de marca podem ser idênticos na sua composição química,
mas se publicidade cria imagens de dois produtos completamente diferentes então esses
dois produtos são diferenciados porque o consumidor estará disposto a pagar preço
diferente pelos dois.

4.4. Oligopólio
Em muitas indústrias especialmente aquelas cientificamente baseadas e tecnologicamente
avançadas, encontramos a situação de oligopólio.

Assim como o nome sugere, este é o caso de mercado que é dominado por poucos. Por
outras palavras, um número reduzido de grandes empresas que contam para a toda a
produção industrial.

Bons exemplos de oligopólio são encontrados nas indústrias petrolíferas, detergentes,


pneus, automóveis, fibra sintética, cigarros entre outros.

O exemplo de oligopólio não se ajusta ao caso de monopólio ou concorrência imperfeita


pelo facto que não é possível dizer que outros factores permanecem inalteráveis.

No oligopólio cada firma tem igual influência no mercado de tal modo que qualquer
mudança na sua política vai provocar alterações no mercado que conduzirá a que outras
empresas respondam.

Adelino Jeque Pimpão 67


Introdução a Economia

Mas a reacção dos concorrentes é desconhecida.

Se a firma reduz o seu preço que é para aumentar o volume de vendas pode vender menos.
Dependerá de como as empresas vão reagir a esta redução de preços

Por vezes os oligopolistas aceitam a liderança nos preços de firmas mais grandes.

ACTIVIDADE 3: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões

1.Tenha em conta o seguinte quadro e analise as diferentes situações de mercado

Situação de
Preço Procura Oferta mercado pressão s/Preço
A 5 9 18
B 4 10 16
C 3 12 12
D 2 15 7
E 1 20 0

2. Suponha agora que a procura aumentou 20% para todos os níveis de preços, tudo o resto
constante. Refaça o quadro anterior e ponha em evidência as diferenças encontradas.
Sugestão: construa o gráfico com as duas curvas de procura e a curva de oferta.

3. Suponha que relativamente à questão 1 houve um deslocamento da curva de oferta para


a direita, tudo o resto invariante. Baseando-se no gráfico acima e inicialmente construído,
demonstre como será restabelecido o equilíbrio no mercado.

4. As afirmações seguintes são Falsas. Mostre a sua falsidade justificando.


a) Uma geada nas regiões produtoras de café do Brasil fará baixar o preço do café.
b) A “protecção” dos produtores norte-americanos de têxteis das importações de vestuário
da China fará baixar o preço do vestuário nos EUA.

Adelino Jeque Pimpão 68


Introdução a Economia

c) O rápido aumento das propinas universitárias fará baixar a procura do ensino


universitário.
d) A guerra contra a droga, com a crescente interdição de importação da cocaína, fará
baixar o preço da marijuana produzida internamente.
Sugestão – Utilize gráficos para fundamentar as suas respostas.

5. Em cada uma das seguintes questões, explique se a quantidade procurada varia devido a
uma deslocação da procura ou a uma variação do preço e desenhe um gráfico para ilustrar
a questão.
a) Em resultado da diminuição da despesa militar, o preço das botas da tropa diminui.
b) O preço do peixe baixa após o Papa ter permitido aos católicos comer carne às sextas-
feiras.
c) O aumento do imposto sobre a gasolina baixa o respectivo consumo.
d) Após a devastação da Europa pela Peste Negra no século XIV, os salários aumentaram.

6. Com base nas leis da procura e da oferta, diga como se alteram o preço e a quantidade de
equilíbrio no mercado relevante, na sequência dos seguintes choques:
i. Aumento da população na sequência de um fluxo imigratório;
ii. Diminuição do preço da energia no produtor;
iii. Diminuição do rendimento disponível dos consumidores;
iv. Mau ano agrícola devido a condições climatéricas;
v. Melhorias nos processos produtivos devido a progresso tecnológico;
vi. Subida do preço de um bem substituto;
vii. Diminuição do preço de um bem complementar;
viii. Criação de expectativas de crise económica por parte da população.
(represente graficamente e explicite todas as hipóteses que assumir para a
resolução do exercício)

7. Indica que tipo de deslizamento experimenta a curva de procura do óleo de girassol


como consequência das seguintes variações:

Adelino Jeque Pimpão 69


Introdução a Economia

Movimento Deslocamento
Variações
Acima Abaixo Esquerda Direita
Aumenta o preço do óleo de mafurra
Diminui o preço do cimento
Campanha publicitaria a favor do aceite
de mafurra
Campanha publicitária a favor do óleo de
girassol
Aumento do rendimento disponível
Aumento do preço das frigideiras
eléctricas
Diminui o preço do óleo de girassol
Melhora a tecnologia de produção do óleo
Um cantor popular declara na TV que só
consome óleo de soja

8. Suponha que a procura e oferta de um bem podem ser apresentadas pelas seguintes
funções: D= – 13P + 520 ; S= 13P – 130

a) Qual o preço de equilíbrio no mercado deste bem?


b) Represente graficamente o equilíbrio neste mercado.
c) Se num determinado momento o preço fossk2e de 20 u.m., em que situação
estaria o mercado?
C1) Como se designa esta situação?
C2) Que reacções se iriam desencadear no mercado?
C3) E se o preço fosse 30?

9. Suponha que a procura e a oferta de computadores são dadas pelas expressões: Q= – 40


+ 2P ; Q= 160 – 3P
a) Identifique as curvas e explique o seu significado.
b) Calcule o ponto de equilíbrio no mercado de computadores.
c) Represente graficamente o mercado de computadores e a situação de equilíbrio.

Adelino Jeque Pimpão 70


Introdução a Economia

BIBLIOGRAFIA
· Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
· Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
· Das Neves, J C. Introdução a Economia
· Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
· Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
· Miller, R. Microeconomia
· Vasconcelos, M. Economia Básica

Adelino Jeque Pimpão 71


Introdução a Economia

IV. AS FALHAS DE MERCADO E NECESSIDADE DO ESTADO

"Os mercados imperfeitos são superiores à planificação imperfeita" (Deepak Lal)

OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
§ Dominar a importância no papel do Estado na economia e no mercado, em
particular;
§ Conhecer as externalidades, tipologia e seu efeito sobre o mercado;
§ Perceber o papel dos bens públicos numa economia de mercado;
§ Identificar as situações de assimetria de informação e como afectam o
funcionamento do mercado;
§ Reconhecer o papel e importância da informação no mecanismo de mercado.

Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar, nesta unidade, as seguintes secções:
Secção 1 O papel do Estado na economia
Secção 2 As externalidades
Secção 3 Os bens públicos
Secção 4 A assimetria de informação
Secção 5 A procura de 0informação

PARA O INICIO DA CONVERSA


A impermanência do mundo material se interpõe ao conceito puro e simples de
que o mercado é um local onde os indivíduos trocam suas mercadorias por valor. Ao
longo do desenvolvimento do capitalismo ele tornou-se complexo. Um número cada
vez maior de indivíduos e indústrias necessitam vender e comprar mercadorias a fim
de obter lucro. Nessa nova configuração, o estado é convocado a participar dessa rede
económica para regular as relações entre os agentes económicos nem sempre
amigáveis.

Adelino Jeque Pimpão 72


Introdução a Economia

Assim, em economia de mercado assume-se que o mecanismo de mercado funciona e


os preços fornecem toda a informação tanto para os consumidores como para os
produtores nos seus principais objectivos, respectivamente, de maximizar a satisfação
utilidade (bem-estar) e os lucros.

O modelo assumido baseava-se na concorrência perfeita de que, pelos critérios de


mercado ocorrerá uma eficiente afectação de recursos entre os compradores e
vendedores de bens e serviços.

Agora ocorre-nos perguntar:


§ Sempre isto acontece?
§ Será que com o mecanismo de mercado, se consegue sempre a afectação
eficiente de recursos?
§ É verdade que a oferta sempre vai gerar a sua própria procura como Jean
Baptiste Say dizia?
§ Será que o agente económico produz tudo que a economia precisa?

Para ter a resposta destas e outras perguntas, convido ao amigo estudante a se empenhar no
estudo desta unidade.

SECÇÃO 1. PAPEL DO ESTADO


Pode ser surpreendente para uns, mas nem sempre o mercado aloca eficientemente os
recursos na economia, nem sempre o que a economia precisa é produzido pelo agente
económico privado, nem tudo que pode ser produzido é possível colocar preço, nem
sempre a informação fluem entre vendedores e compradores. Mas porque havia de
ser assim?

Precisamente pela existência de falhas de mercado. Pois, como foi visto na unidade
anterior, no mercado existem diferentes graus de poder de mercado (monopólio,
monopsónio, oligopólio, e concorrência monopolística ou imperfeita),
comportamentos que não resultam, necessariamente, numa eficiente afectação de

Adelino Jeque Pimpão 73


Introdução a Economia

recursos e os preços e quantidades não são igualmente aqueles que seriam


conseguidos em concorrência perfeita.

Outro aspecto que urge, inicialmente, reconhecer é que nem todas actividades
decorrem na esteira da estrutura do mercado, tais como produção de um bem público
chamado defesa nacional. Alternativamente, se uma fábrica causa a poluição do ar pela
emissão de um fumo tóxico. Esta é uma actividade que não é do mercado.

As perguntas óbvias são, como distribuir os custos entre produtores e consumidores,


por exemplo, de uma poluição do ar?

Resumidamente, estudaremos três tipos de falhas do mercado, a saber:


· Externalidades
· Bens públicos e
· Assimetria de informação

Antes de continuarmos a analisar a problemática das falhas do mercado, amigo


estudante, detenhamo-nos por instante para abordar as funções do Governo na
economia.

Existe um debate e, terão parcialmente se inteirado do mesmo nas aulas anteriores


desta disciplina, sobre o papel do Governo na economia. Existem uns que advogam
mínima e limitada intervenção do Governo na economia, enquanto outros são por uma
maior e activa intervenção (economias de mercado, centralizada e mista).

Duma forma geral, uma das formas de intervenção do Governo na economia pode ser
explicada pelas falhas do mercado. Quando o mercado se mostra incapaz de afectar
(eficientemente) os recursos produtivos - trabalho capital e matérias-primas, duma
maneira que nenhum deles seja ocioso (ao longo da fronteira das possibilidades
produtivas).

Adelino Jeque Pimpão 74


Introdução a Economia

A afectação eficiente de recursos ocorre quando estes são usados de tal forma que não
seria possível reafectá-los de maneira diferente melhorando a situação de um, sem que
implique a diminuição ou prejuízo da situação de outro. Em princípio o mercado deve
ser capaz de afectar os recursos nesse sentido.

Infelizmente esse não é sempre o caso. No nosso exemplo da fábrica que polui fumo
tóxico ao ambiente, como é que o mecanismo de mercado pode forçar ao dono da
fábrica parar de poluir?

Essa é uma das funções do Governo que visa intervir no mercado de forma a lidar com
as falhas de mercado.

A segunda função do Governo é redistribuir rendimentos e riqueza. Neste caso está o


exemplo do monopolista que como vimos assume que conhece o comportamento dos
consumidores. Esta situação conduz a que o monopolista com pouca produção consiga
lucros fabulosos pois a preços altos. Neste caso, o Governo pode intervir para quebrar
o poder do monopolista e redistribuir o rendimento por outros.

Nk8ão obstante, é importante chamar a atenção do amigo estudante para o facto de


que o papel que um Governo pode jogar numa determinada economia está ligado a
dimensão política do processo.

Outro aspecto e último a tomar em conta é a componente normativa e positiva do


papel do Governo. Dizer que o Governo pode redistribuir os lucros do monopolista é a
componente positiva. Outrossim, é dizer que o Governo devia (deve) redistribuir o
rendimento dos monopolistas; esse é o seu aspecto normativo.

Desse modo, falhas de mercado podem ser vistas como situações em que a actuação
dos indivíduos em busca de seu puro auto-interesse leva a resultados que não são
eficientes. Falhas de mercado são frequentemente associadas com assimetrias de

Adelino Jeque Pimpão 75


Introdução a Economia

informação, estruturas não competitivas dos mercados, problemas de monopólio


natural, externalidades, ou bens públicos.

Ou ainda, o conceito de falha de mercado, dentro da teoria económica também se


refere a circunstâncias específicas que levam um sistema de livre mercado à
alocação ineficiente de bens e serviços. As imperfeições de mercado são os desvios
das condições de mercado competitivo que levam indivíduos privados e
organizações, que buscam maximizar seus interesses próprios, a fazerem coisas que
não sejam de interesse social.

Indivíduos normalmente prestam atenção somente aos custos e benefícios privados,


ignorando os custos e benefícios gerais. Para que se corrija essa situação, deve-se
tentar alinhar os objectivos privados e sociais, criando programas que induzam os
indivíduos privados maximizadores a considerarem todos os custos e benefícios nos
seus cálculos

A existência de uma falha de mercado é muitas vezes usada como justificativa para a
intervenção governamental em um mercado particular. A microeconomia ocupa-se
do estudo das causas de falhas de mercado, e dos possíveis meios para corrigi-las,
quando ocorrem. Tal análise desempenha um papel importante em decisões
políticas sobre políticas públicas. No entanto, alguns tipos de intervenções e de
políticas governamentais, tais como impostos, subsídios, salvamentos, controles de
preços e salários, e regulamentos, que podem constituir tentativas públicas de
corrigir falhas de mercado, também podem levar a alocações ineficientes de
recursos (às vezes chamadas de falhas de governo). Nestes casos, há uma escolha
entre os resultados imperfeitos, isto é, os resultados do mercado imperfeito, com ou
sem intervenções do governo. Em qualquer caso, por definição, se existe uma falha
de mercado o resultado não é pareto eficiente. Os economistas neoclássicos e
keynesianos acreditam que actuações governamentais podem influenciar
positivamente o resultado ineficiente de mercados que apresentam falhas. Nesta
aula, estudaremos em maiores detalhes as principais falhas de mercado classificadas

Adelino Jeque Pimpão 76


Introdução a Economia

pela teoria, notadamente: competição imperfeita, externalidades, bens públicos,


monopólios naturais, e assimetria de informações.

SECÇÃO 2. EXTERNALIDADES
Em economia, as externalidades podem ser definidas de diferentes maneiras que no
fundo é dizer a mesma coisa com mais ou menos sofisticação, mais ou menos
palavras.

Assim, as externalidades são:

a) Custos ou benefícios do mercado que não estão reflectidos no preço.


Exemplo, poluição do ar, vacinas diversas, etc.

b) Todos os efeitos das actividades - produção e consumo - que não foram


reflectidos no preço e nos custos de mercado.

c) Custos e benefícios não quantificados monetariamente no mercado.


Ou ainda, as externalidades podem ser entendidas como os custos ou benefício que não são
internalizados pelo indivíduo ou pela empresa em suas acções e que impõem custos ou
benefícios directamente a terceiros. Qualquer decisão e consequente acção acarretam custos e
benefícios. Quando os custos ou benefícios decorrentes da decisão incidem apenas sobre o
agente decisor, são chamados de custos ou benefícios internos.

Temos ainda, amigo estudante que a externalidade é o impacto da acção de um agente sobre
um terceiro que não participou dessa acção. O terceiro, a princípio não paga nem recebe nada
por suportar esse impacto.

Por regra, quando definimos a existência de externalidades como uma falha de mercado,
pressupomos que a existência de custos de transacção impede a alocação eficiente das
externalidades por meio de trocas.

Adelino Jeque Pimpão 77


Introdução a Economia

Em jeito de intróito, vale ressaltar que a questão das externalidades foi, primeiramente,
abordada por Ronald Coase, economista da Universidade de Chicago, que desenvolveu em
1960 um estudo denominado de “O Problema do Custo Social” o que lhe garantiu,
posteriormente, a indicação e a obtenção do Premio Nobel de Ciências Económicas em 1991.
Coase procura, basicamente, estudar até que ponto o mercado privado é eficaz ao lidar com
externalidades, e chega a conclusão de que se os agentes económicos envolvidos puderem
negociar, sem custos de transacção, a partir de direitos de propriedade bem definidos pelo
Estado, poderão alocar os recursos de modo mais eficiente, solucionando o problema das
externalidades.

“Os agentes privados podem solucionar os problemas das externalidades entre si, desde que os
custos de transacção não sejam excessivos. Qualquer que seja a distribuição inicial dos direitos,
as partes interessadas sempre podem chegar a um acordo pelo qual todos ficam numa situação
melhor”

As externalidades podem ser de dois tipos

Externalidades Negativas
Uma externalidade negativa é representada por impacto negativo que atinge terceiros
proveniente da acção de outrem. Consideremos como exemplo, o uso de carros para ir ao
trabalho. Quando um agente decide utilizar seu carro para ir para o trabalho, está em geral
preocupado com factores como seu conforto, a rapidez, o preço da gasolina, a depreciação do
carro, utilização do carro, etc. Essa acção, entretanto, tem efeito na vida de terceiros dado que,
dentre outros factores, contribui para o aumento do trânsito e da poluição.

Esses dois resultados podem ser tidos como negativos do ponto de vista dos terceiros que o
suportam, dado que a emissão de gases pelo veículo é prejudicial à saúde, e que o aumento do
trânsito fará com que o tempo de deslocamento entre diferentes pontos da cidade seja maior.
Dessa forma, o custo dessa acção para a sociedade será maior que para a pessoa que decide se

Adelino Jeque Pimpão 78


Introdução a Economia

deslocar por meio de um carro. Isso porque, o custo social é a somatória dos custos privados
de quem age e do impacto suportado pelos terceiros.

Uma solução típica para este tipo de problema seria a imposição de uma taxa, pelo Estado,
sobre esta atividade, a fi m de imputar aos agentes o custo decorrente da externalidade
apontada. No momento em que essa externalidade passa a integrar o custo privado, a curva de
custo privado se iguala à curva do custo social, e o equilíbrio atingindo passa a igualar-se ao
ponto óptimo. Ou seja, quando as pessoas passam a arcar com os custos do aumento do
trânsito e da poluição, provenientes da utilização dos carros, o número de carros tende a
diminuir de forma a alcançar a quantidade óptima. Dessa forma, o resultado é a alocação
eficiente dos recursos que existiria em um mercado onde não há falhas.

Externalidades Positivas
A análise feita acerca da externalidade negativa pode ser aplicada de forma semelhante às
externalidades positivas. Nessas últimas, porém, trata-se de acções que geram benefícios
indirectos a terceiros. O morador de uma cidade que mantém a fachada de sua residência em
bom estado está realizando uma acção em benefício próprio, qual seja a boa conservação de
sua propriedade privada. Adicionalmente, sua conduta está sendo benéfica aos demais
moradores daquela cidade, uma vez que contribui para a sensação de limpeza e boa
conservação do ambiente urbano, logo, para o bem-estar de sua população.

À medida que há utilidade para outras pessoas que não o morador que empreendeu a acção,
esse benefício pode ser considerado uma externalidade positiva.

Nesse caso, como há a presença de um ganho, e não de um custo como no caso de uma
externalidade negativa, a curva de valor social se distingue curva da demanda, ou seja, do
valor privado. Como o valor social é superior ao valor privado, a curva do valor social está
localizada acima da curva da demanda. Sendo assim, há um número menor de fachadas
conservadas que o desejável pela população, fazendo com que o ponto equilíbrio,
representado pelo cruzamento das curvas de oferta e demanda, se afaste do ponto óptimo de

Adelino Jeque Pimpão 79


Introdução a Economia

encontro das curvas da oferta e do valor social. Para que esse último ponto seja alcançado é
necessário alguma forma de incentivo para que mais pessoas contribuam com o
melhoramento das fachadas, de modo a aumentar a quantidade e deslocar o ponto de
equilíbrio para o ponto óptimo.

Outros exemplos de externalidades positivas são: a) quando um indivíduo se vacina contra a


gripe, todas as demais pessoas com quem ele se relaciona também obtêm benefícios, pois a
probabilidade de incidência da enfermidade se reduz consideravelmente; b) uma propriedade
vizinha bem conservada implica no aumento do valor de mercado das casas.

Amigo estudante, por outras palavras, estamos a dizer quer se os custos ou benefícios
incidirem também, parcial ou totalmente, sobre outras pessoas que não o agente decisor,
geram as chamadas externalidades positivas ou negativas. O benefício que uma decisão
trouxer para outras pessoas e chamado de benefício externo ou externalidade positiva; o
custo sobre outras pessoas e chamado custo externo ou externalidade negativa.
Mas antes de continuarmos a analisar as externalidades, importa distinguir dois tipos
de custos:

Custos privados: são aqueles gerados pelos produtores que criam


externalidades.

Enquanto custos sociais: são todos gerados por outros que terão que
acomodar-se com as externalidades.

Para perceber melhor, anotemos um exemplo de um produtor químico que deita os


dejectos (resíduos) químicos ao rio onde o pescador captura peixe. A hipótese é que o
rio é de livre utilização para ambos (não tem dono).

Em contrapartida, tais resíduos representam custos para o pescador porque os


resíduos químicos estão a matar peixes e reduzir a fauna fluvial, assim ele apanha
pouca quantidade de peixe, o que reduz as suas receitas.

Adelino Jeque Pimpão 80


Introdução a Economia

Neste caso, as externalidades negativas aparecem porque não há custos do mercado no


uso do rio que é input para ambos, produtor químico e pescador.

Embora os custos de poluição do rio não façam parte dos custos privados do produtor
químico, deve ser concluído como parte dos custos sociais adicionais de produzir
produtos químicos. Assim, custos sociais resultam da soma do custo adicional privado
mais os custos com a poluição.

Como se pode atingir um equilíbrio social eficiente?

As soluções podem ser várias. Olhemos para algumas delas.

Uma, pode ser com a imposição de um imposto na produção igual aos danos causados
com a poluição. O que requer a intervenção do Estado.

Outra alternativa de solução seria o Governo definir padrões socialmente aceitáveis a


ser observados pelo produtor químico, acima dos quais seria multado, na mesma
proporção da violação.

Uma terceira solução seria privada. Aqui não envolveria o Governo, onde por exemplo
o pescador poderia cobrar o produtor químico no montante das suas perdas, que tem
o mesmo efeito que o imposto. Com esta solução, o produtor químico compensa
directamente o pescador as perdas de produção deste.

Ainda existe uma quarta solução privada que consistiria em o produtor químico
receber do pescador parte do peixe capturado para compensar uma não maior
produção evitando assim poluir a água. Assim o produtor químico estaria compensado
a produzir menos e assim a não poluir o rio. A externalidade seria paga pelo pescador.

Adelino Jeque Pimpão 81


Introdução a Economia

O resultado destas opções de soluções seria uma eficiente alocação social de recursos
na produção e na troca, mas nem todas são facilmente exequíveis. Aqui onde a grande
diferença entre as opções acima.

Como se pode depreender as soluções privadas são mais difíceis que aquelas que
requerem a intervenção do Governo, mas a probabilidade de as atingir é bastante
reduzida. Outra particularidade é que se assume que a poluição pode ser medida, o que
não corresponde a verdade na vida real.

Outro problema em torno das opções de solução está relacionado com o impacto da
distribuição de rendimento entre as três partes envolvidas (produtor químico,
pescador e Governo)

Agora, incorporemos um elemento novo na nossa análise, estabelecendo o direito de


propriedade com um fazendeiro como dono do rio e que aluga com pagamento de um
preço a ambos, tanto o produtor químico como o pescador.

Mesmo assim, o problema das externalidades não estaria resolvido, aliás a consignação
de propriedade não constitui solução da poluição.

Olhemos para situações, como o que fazer com o barulho dos aviões para as pessoas
que vivem ao pé dos aeroportos? Seria dar espaço? Há muitas partes envolvidas.

Aqui a intervenção do Governo para fixar padrões de ruído e multando os que


excedam e impor uma taxa para os aviões que usam os aeroportos a noite, seria uma
opção melhor. Prático e fácil de executar e cobrar tais taxas.

Adelino Jeque Pimpão 82


Introdução a Economia

SECÇÃO 2. BENS PÚBLICOS


Vamos assumir que num vale vivem agricultores, onde desenvolvem as suas
actividades agrícolas. Sucede que no tempo das chuvas, o vale sofre grandes
inundações, destruindo culturas e casas.

Solução: construir uma represa para evitar as inundações, protegendo assim as casas e
culturas.

Se um agricultor se decidisse construir a represa sozinho, teria benefícios porque a sua


casa e farma estariam protegidas, mas os custos de construção são maiores que os
benefícios advindos.

Assim e por isso nenhum agricultor estaria encorajado a construir a represa sozinho.

Contudo, existe a sensibilidade nos agricultores de que tal empreendimento (represa)


cria benefícios externos de grande valor, pelo facto de proteger as habitações e farmas
de todos os agricultores do vale.

Por isso, ou todos os agricultores ou o Governo têm de financiar a construção da


represa.

Esta situação introduz a ideia de BEM PÚBLICO, que pode ser definido como:

· Qualquer coisa que o Governo produz que não pode ser afectado
eficientemente pelo mercado;

· É aquele que produz benefícios que é difícil de vedá-los a indivíduos que


não pagam por ele.

Ex: represa, farol, candeeiros de iluminação pública, etc.

Adelino Jeque Pimpão 83


Introdução a Economia

Ou ainda, bens públicos são definidos como aqueles bens que geram benefícios para todos,
mas cujos custos não podem ser distribuídos, pela simples razão de que não se pode excluir
do consumo os indivíduos que se recusam a pagar por eles. Tal costuma ser o caso de
estradas, parques públicos, policiamento, defesa nacional, meio-ambiente, etc. A diferença
mais importante entre os bens públicos e os demais é que os benefícios por eles gerados,
não podendo ser alocados entre os beneficiários de acordo com algum princípio económico,
devem ser objecto de decisões políticas, o que significa que o Estado é quem deve produzi-
los, buscando financiamento na tributação, na inflação e na dívida interna ou externa.

Características de um Bem Público Puro:


1. Não é rival no consumo ou não há rivalidade no seu consumo. Isto
quer dizer que o consumo de uma pessoa não impede que as outras
pessoas o façam ao mesmo tempo, ou ainda, não reduz a sua
disponibilidade para os outros.

Por exemplo: Defesa nacional. Mesmo que uma pessoa tenha um exército, não
consegue impedir que os outros se sintam protegidos.

. O consumo de uma pessoa não afecta o montante disponível para o consumo


de outras pessoas.
. Novos consumidores não afectam o consumo dos já existentes, isto quer dizer
que o custo adicional é nulo para o consumidor adicional.

2. Não exclusivo no consumo. Não é possível impor o pagamento para ter acesso
ao consumo. O exemplo anterior é válido.

3. Não rejeitável.

Como se pode depreender nem todos os bens produzidos pelo Governo são bens
públicos puros.

Adelino Jeque Pimpão 84


Introdução a Economia

Exemplo: estradas, escolas, aeroportos são exclusivos nas taxas, portagens, onde
custos podem ser aplicados no seu uso.

Podem ser rivais no seu consumo.

Voltemos ao nosso exemplo da represa. Porquê uma empresa privada não pode
produzir a represa (como bem público)?

1. Suponhamos existirem no vale, os agricultores A e B como


representantes de vários outros.

2. Suponha que você seja agricultor A ou B e o representante da empresa


privada, construtora da represa, pergunta-lhe sobre os benefícios do
empreendimento.

Quanto você está disposto a pagar para a construção da represa? Como o amigo
estudante responderia?
Você não subestima os benefícios porque se apercebe que a sua resposta não
influenciará na decisão final sobre a construção.

· Decisão é com sufrágio de todos os agricultores.

Agora imagine que a sua resposta afectará directamente o valor que você tem
de pagar como futuro beneficiário.
Neste caso você responde que o sistema é necessário e beneficiará aos vizinhos mas
você, pessoalmente, espera poucos benefícios, por isso está disposto a pagar o mínimo
para garantir a construção do sistema.

PROBLEMA: Todos os vizinhos têm o mesmo incentivo para mentir.

Adelino Jeque Pimpão 85


Introdução a Economia

Finalmente, o representante da empresa receberá respostas enviesadas que


culminarão com a não construção da represa. Mais uma vez o que requererá a
presença ou intervenção do Estado.

Este problema de as pessoas não serem honestas para revelar os benefícios marginais
privados, faz com que se produza o bem público e qualquer pessoa se possa beneficiar
sem contribuir, originando o problema do caloteiro (free rider), onde o bem público é
menor que seu benefício.

O problema do caloteiro (free rider) conduz a que não seja possível uma afectação
eficiente dos recursos no mercado.

A constatação empírica já evidenciou que o número dos consumidores influencia a


resposta dos inquiridos sobre os benefícios de um bem público, numa perspectiva em
que quando o número dos consumidores é pequeno, há pouco incentivo a mentir e
assim o problema aumenta, com o aumento do número dos consumidores.

Caloteiro: alguém que recebe o benefício de um bem, mas evita pagar por ele.

SECÇÃO 3. A ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO


Quando se estudou o mercado de concorrência perfeita, assumiu-se que todos os
intervenientes do mercado tinham perfeita informação sobre os preços que lhes
permitia tomar uma decisão apropriada acerca do nível de consumo e de produção.

Na vida corrente, pode-se constatar que a assumpção não é realista posto que,
normalmente, no mercado a informação é produto muito bem valorizado.

Neste caso, se a nossa hipótese não persistir, o nosso modelo de concorrência perfeita
desaparece e com ele surge o problema de falha de mercado o que faz com que os
recursos não sejam afectados eficientemente.

Adelino Jeque Pimpão 86


Introdução a Economia

Note-se que numa economia de mercado, a informação é indicada pelos preços. Logo, a
informação é imperfeita quando os preços não são determinados pelas forças do
mercado que fornecem aos consumidores e produtores sinais errados sobre o
andamento do mercado.

Imagine uma situação em que os vendedores têm melhor informação que os


compradores. O exemplo é do mercado de viaturas de segunda mão, onde o vendedor
conhece as falhas e virtudes do carro pelo facto de ter conduzido o carro por algum
período, mas o comprador não tem tais informações. Neste caso, o comprador fica
preocupado com a qualidade do carro e o proprietário do carro tenta vender o seu
carro talvez por defeitos técnicos.

Quando o mecanismo de mercado falha e não fornece informação suficiente sobre


qualidade de bens e serviços, os compradores e vendedores procuram outros métodos
de indicação do mercado tais como garantias. Tais garantias podem ser na forma de
reposição do bem/serviço em caso de defeito técnico, originariamente de fabrico.
Também as garantias podem ser aplicadas aos certificados de graus académicos
concluídos ou outras informações que indiquem qualificações para comprovar a
qualidade da força de trabalho.

Agente-Principal
O problema agente-principal ou dilema da agência trata das dificuldades que surgem
em condições de informação incompleta e assimétrica quando um determinado
indivíduo, que denominaremos “principal” contrata outro, que denominaremos
“agente” para a consecução de determinada tarefa que será custosa para o agente e
que o principal não tem como fiscalizar adequadamente.

Vários mecanismos podem ser usados, em diferentes contextos, para tentar alinhar os
interesses do agente em solidariedade com os do principal, tais como taxas de

Adelino Jeque Pimpão 87


Introdução a Economia

ineficiência, participação nos lucros, salários de eficiência, avaliação de desempenho


(incluindo demonstrações financeiras), etc.

Ainda assim, em alguns casos pode ser difícil para o principal garantir que o
comportamento do agente esteja em conformidade com seus interesses. O problema
principal-agente é encontrado na maioria das relações empregador/empregado, por
exemplo, quando os accionistas contratam altos executivos de corporações. A ciência
política, tendo registado os problemas inerentes à delegação de autoridade legislativa
para órgãos burocráticos. Como outro exemplo, a aplicação da legislação está aberta à
interpretação burocrática, o que cria oportunidades e incentivos para o burocrata,
como agente, desviar as intenções ou preferências dos legisladores.

Selecção contrária
Referimo-nos a cenários cuja informação pode facilitar o vendedor. Mas existem
situações onde sucede o contrário, em que o comprador está numa posição vantajosa
relativamente ao vendedor. Sucede com os seguros onde os compradores de apólices
têm melhor conhecimento sobre os riscos a cobrir que o seu vendedor.

Por exemplo, na compra de um seguro de vida, a pessoa em causa, tem melhor informação
sobre o seu verdadeiro estado de saúde que a companhia seguradora, ao menos que esta gaste
dinheiro para ter um exame médico completo.

Esta situação levanta o problema que em economia é conhecido como selecção


contrária, porque as pessoas sem boa saúde são as mais motivadas para o seguro de
vida que as saudáveis.

Risco Moral
Outro exemplo de selecção contrária é aquele referente a seguro dos bens imobiliários.
As pessoas que vivem nas zonas com elevado índice de criminalidade são as mais
motivadas para comprar serviços de seguros que as das zonas de baixo índice.

Adelino Jeque Pimpão 88


Introdução a Economia

O aumento do número das pessoas procurando os serviços de seguro, faz com que os
prémios igualmente aumentem o que reduz o incentivo das pessoas vivendo em zonas
de baixo índice em procurarem os serviços de seguro.

Existe outro problema no mercado de seguros que é relativo ao risco moral. Este
problema faz com que as companhias de seguro incorram em alto risco resultante da
mudança de comportamento causada pelo facto das pessoas estarem confiantes de que
os riscos estão cobertos pelo seguro.

Por exemplo, se tiver o seguro contra o risco de roubo, as pessoas ficam menos
cuidada em verificar antes de sair se têm as janelas e portas devidamente trancadas
porque sabem que a companhia de seguro lhes reembolsará os danos que,
eventualmente, forem causados resultante da ocorrência de um roubo.

Outrossim, tendo seguro de vida, a pessoa é menos cuidada em, regularmente, fazer
exercícios ou em comer uma dieta equilibrada, e, este é o risco moral dos seguros.

Na verdade amigo estudante, os problemas da selecção adversa e do risco moral


decorrem de uma assimetria de informações entre as partes: uma das partes possui
informações relevantes para o contrato que a outra parte não é capaz de obter. Tais
problemas são comummente apresentados como razões para a implementação de
regulações de defesa dos interesses dos consumidores. É o caso de regulações que
visam garantir padrões mínimos de qualidade para certos produtos, estipular regras
mínimas de garantia, ou critérios de responsabilização civil de profissionais liberais
como advogados ou médicos.

Os mesmos problemas podem, contudo, ocorrer do lado da demanda. É o caso dos


contratos de seguros, ou de garantia, por exemplo. Nestes casos, o comportamento dos
consumidores, que não pode ser verificado pelo fornecedor, ou prestador de serviços,
é particularmente relevante para a consecução da relação económica, podendo
implicar em ganhos para os consumidores e custos para os ofertantes. Em casos típicos

Adelino Jeque Pimpão 89


Introdução a Economia

como estes, a própria regulação já busca soluções para eventuais falhas de mercado.
Nas hipóteses sobre as quais a regulação não se debruçou caberia às partes encontrar
soluções contratuais para lidar com tais problemas.

SECÇÃO 4. A PROCURA DE INFORMAÇÃO


Na vida quotidiana, sucede que efectivamente as pessoas enfrentam o problema de
procura de informação sobre os preços, na ausência de um banco de dados.

Um exemplo tradicional de um banco centralizador de informação é a bolsa de


valores, onde compradores e vendedores interagem e sempre têm imediatamente
disponível a informação sobre os preços dos activos.

O problema é que em tal mercado não há, necessariamente, o preço de todos os bens e
serviços. Contudo, pode haver um custo para uma pessoa particular obter uma
informação perfeita sobre os preços. Para o consumidor, estes custos chamam-se
custos de transacção.

As empresas sabem que a pesquisa de informação é onerosa e tentam obter vantagem


deste facto. Também sabem que não perderão todos os seus clientes se aumentarem
os preços das suas mercadorias. Se uma loja baixar seus preços não atrairá
imediatamente todos os clientes de outras lojas. Os clientes têm que aprender sobre as
vantagens dos preços competitivos e isso leva o seu tempo.

Ainda mais, se as pessoas sabem que houve a baixa de preços, elas se preocupam
também com outros aspectos como a qualidade dos produtos, dos serviços prestados e
se os produtos estarão ou não em stock.

Assim, pelo facto de que a procura de informação é onerosa, a empresa enfrenta uma
curva de procura negativamente inclinada, isso quer dizer que a firma pode mudar
(aumentar) o preço dos seus produtos sem perder todos seus clientes. Recordem que

Adelino Jeque Pimpão 90


Introdução a Economia

se estudou que em concorrência perfeita, dada a fluidez de informação, uma firma


individual enfrentava uma curva de procura horizontal o que implicava que uma
mudança no preço, a empresa perdia o mercado inteiro. Logo a concorrência é
necessariamente imperfeita.

Examinemos um exemplo, de um indivíduo que está nas instalações no Supermercado


Fambani Criações com o objectivo de comprar um par de sapatos. Primeiro, a pessoa
tem uma ideia de quanto deve custar um par de sapatos. Suponhamos que a loja tenha
os sapatos a 3.000 meticais. Mas o mesmo indivíduo sabe que numa outra loja nas
redondezas deve estão a vender os mesmos sapatos a 20 a 30 meticais menos. Mas
para se deslocar até lá, implica um custo adicional. Só a pessoa comprará os sapatos no
Supermercado Fambani se constatar que a diferença dos preços não compensa os
outros custos adicionais de transacção (tempo, deslocação, serviços, entre outros).

Finalmente, o Estado intervém no mercado para prover informação com a criação de


institutos ou burós de informação de utilidade pública que facilita a tomada de decisão
de investimentos ou de afectação de recursos.

Note-se desta forma que o Estado numa república é o protector supremo dos
interesses materiais e morais dos cidadãos. A sua presença representa uma garantia
das liberdades dos cidadãos.

Notamos desta forma que o Estado continua a prestar um serviço público garantindo
igualdade de oportunidades a todos os cidadãos.

Adelino Jeque Pimpão 91


Introdução a Economia

ACTIVIDADE 4: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões

1. Conceitue falhas de mercado e cite alguns exemplos de imperfeições de mercado.

2. Descreva os conceitos de externalidades (a) positivas e (b) negativas, citando


exemplo da realidade da sua zona de residência. Cite também a possível intervenção
governamental desejável nessa situação.

3. Explique o significado dos bens públicos como (a) não rivais e (b) não exclusivos.
Procure dar exemplos práticos.

4. Em que situações as externalidades passam a exigir intervenção


governamental e em quais tal intervenção provavelmente seria
desnecessária?

5. Um imposto sobre emissões é pago ao governo; por outro lado, quando um


causador de danos é processado e condenado, ele precisa pagar directamente
à parte prejudicada pelos prejuízos causados pelas externalidades. Que
diferenças provavelmente ocorreriam no comportamento das vítimas nessas
duas diferentes situações?

6. Os bens públicos são ao mesmo tempo não-disputáveis e não-excludentes.


Explique cada um desses termos, mostrando claramente de que maneira eles
são diferentes entre si.

7. A televisão estatal é custeada em parte por donativos do sector privado,


embora qualquer pessoa que tenha um televisor possa assistir à sua
programação sem pagar por isso. Você seria capaz de explicar esse
fenómeno, levando em consideração a questão do caloteiro?

Adelino Jeque Pimpão 92


Introdução a Economia

8. Por que há uma externalidade criada pelas empresas?

9. Você crê que negociações entre as partes possam resolver o problema?


Explique.

10. Em relação à assimetria de informações, os conceitos de risco moral e de


selecção adversa desempenham importante papel. Analise esses conceitos e
tente ilustrá-los com exemplos práticos.

Adelino Jeque Pimpão 93


Introdução a Economia

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Buchanan, James M., "Public Goods and Natural Liberty", in: Wilson, T. e Skinner,
A.S., "The Market & The State", Oxford University Press, Oxford, 1978, págs.
275/276.

Buchanan, J.M., "Is Economics the Science of Choice?", in: Streissler, E., "Roads to
Freedom", Routledge & Kegan, Londres, 1969, págs. 56/62.

CALABRESI, Guido & MELAMED, Douglas. Property Rules, Liability Rules, and
Inalienability: One View of Cathedral. 85 Harvard Law Review 1089 (1972). In:
DAU— POSNER, Richard. A. Economic Analysis of Law. Parte I. Cap. I. New York:
Aspen Publishers, 2007.

Lucas, J.R., "Liberty, Morality and Justice", in: "Cunning, R.L. (ed.), "Liberty and the
Rule of Law", Texas A. & M. University Press, Londres, 1979, págs. 157 e segs.

SALAMA, B. M. O que é “Direito e Economia”? In: L. B. Timm (Ed.). Direito &


Economia. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2008.

SCHMIDT, Kenneth & ULEN, Th omas. Law And Economics Anthology. 2. ed. Cap. 3.
Cincinnati, OH: Anderson Publishing Co, 2002.

ZYLBERSZTAJN, Decio & SZTAJN, Rachel. Direito & Economia — Análise Económica
do Direito e das Organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

Adelino Jeque Pimpão 94


Introdução a Economia

V. A TEORIA DO COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
· Dominar o conceito de consumidor;
· Conhecer os axiomas subjacentes as preferências do consumidor;
· Compreender o percurso do estudo da utilidade pelas diferentes escolas de
pensamento;
· Identificar as diferentes características das curvas de indiferença;
· Identificar a importância e papel do rendimento e a sua restrição no consumidor;
· Reconhecer o equilíbrio do consumidor.

Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar, nesta unidade, as seguintes secções:
Secção 1 Teoria da preferência e utilidade
Secção 2 Análise da Utilidade e curva de indiferença
Secção 3 Características das curvas de indiferença
Secção 4 O rendimento limitado e a maximização do consumidor
Secção 5 O equilíbrio do consumidor

PARA O INICIO DA CONVERSA


A Teoria do Consumidor trata fundamentalmente da teoria da escolha individual.
Assim, o que veremos aqui é uma teoria da escolha individual, que envolve assuntos como a
forma racional de consumo, preferência do consumidor e as curvas de indiferença.

A Teoria do Consumidor aborda o consumidor como um indivíduo racional, ou seja, ele


calcula deliberadamente, escolhe conscientemente e maximiza a sua satisfação ou utilidade
do bem/serviço adquirido.

A Teoria do Consumidor é sustentada por hipóteses de racionalidade, que é dividida em


três partes: preferências, restrições e escolhas.

Adelino Jeque Pimpão 95


Introdução a Economia

Comecemos por dizer que existem três grupos de agentes económicos: consumidores,
empresários e proprietários de recursos.

Os proprietários de recursos fornecem factores de produção utilizados para ter bens e


serviços. Em contrapartida, recebem rendimentos. O rendimento recebido capacita aos
proprietários de recursos a agirem como consumidores.

Por seu turno, os empresários organizam a produção e de certa forma determinam a


quantidade de bens e serviços a colocar no mercado. Quando se antecipam aos desejos dos
consumidores são recompensados com um rendimento monetário em forma de lucro,
também conhecido como prémio do empresário. Com este prémio, conseguem entrar no
mercado como consumidores.

Em resumo, todas as pessoas com rendimento monetário, independente da forma como o


ganharam, mas que as capacita para estar no mercado a procurar bens e serviços, são tidos
como consumidores.

Assim, cada consumidor organiza como afectar o seu rendimento entre a vasta quantidade
e variedade de bens e serviços disponíveis no mercado. A agregação destas decisões é
conhecida como a procura de mercado que exprime como a sociedade, como um todo,
pretende afectar os seus recursos financeiros.

Assim esta unidade estuda como comportamento individual do consumidor como o amigo
estudante, logo estudá-la é também fazer uma viagem de auto-conhecimento mas na
vertente económica.

SECÇÃO 1. TEORIA DA UTILIDADE E PREFERÊNCIA

A tarefa de qualquer consumidor é de consumir seu limitado rendimento de forma a


maximizar o seu bem-estar económico que é objectivo das famílias. Lamentavelmente, até
agora nenhum indivíduo ou sociedade já foi bem sucedido nesse empreendimento.

Adelino Jeque Pimpão 96


Introdução a Economia

Economistas apontam as razões da desilusão (não conseguir maximizar o bem estar) como
resultantes da falta de uma informação precisa, entre outras.

Analisemos algumas hipóteses simplificadoras das condições que permitiriam o indivíduo


maximizar o bem-estar. Para tanto, se assume que cada consumidor deveria conhecer
todos os problemas pertinentes e as suas decisões de consumo. O que implica:
1. Conhecer a série completa de bens e serviços disponíveis no mercado;
2. Saber exactamente a capacidade técnica do bem/serviço para satisfazer uma
necessidade;
3. Saber o preço exacto de cada bem/serviço e que tais preços não serão alterados por
sua acção no mercado;
4. Finalmente, saber do que será o seu rendimento exacto durante um determinado
período de tempo.

Estas hipóteses não são restritivas. Para derivar a curva de procura e de indiferença, torna-
se necessário ter as seguintes assumpções:
1) Que o consumidor seja informado da existência de alguns bens e serviços;
2) Tenha algumas reacções em relação aos mesmos, por outras palavras, que prefira
uns em detrimento de outros;
3) Disponha de rendimento para dar significado as estas reacções no mercado.

As hipóteses rígidas vistas anteriormente são aplicáveis a teoria do bem-estar. Por outras
palavras, ajudam a explicar porquê a maximização do bem-estar ainda é uma miragem.

A função preferência
O indivíduo ou família obtem satisfação ou utilidade ao consumidor um determinado bem
ou serviço durante um determinado período de tempo.

Para que a satisfação ou utilidade seja máxima, o consumidor deve ser capaz de comparar
orçamentos diferentes ou cabazes de mercadorias. O que quer dizer que o consumidor em

Adelino Jeque Pimpão 97


Introdução a Economia

função do orçamento deve ser capaz de comparar cestas alternativas de mercadorias e


determinar a sua ordem de preferências.

Uma função preferência do consumidor tem as seguintes características:


a. Estabelece um conjunto ordenado (1) de preferências para cada cesta de
mercadorias;
b. Para qualquer das duas cestas de mercadorias A e B, a função preferência indica
se prefere A a B, ou B a A ou que é indiferente.
c. Para cestas de mercadorias A, B e C. Se preferir A a B e B a C, logo A deve ser
preferível a C.
d. Um orçamento maior é preferível a um menor.

Pode-se notar que a função preferência é caracterizada por duas relações:


ü Preferência, e
ü Indiferença

A função preferência indica a ordem de preferência em relação a duas ou mais cestas de


mercadorias ou de orçamentos: Por outras palavras, que quer dizer:
a. Duas cestas que são indiferentes têm a mesma ordem de preferência;
b. Quanto maior o orçamento, mais alta é a sua classificação na ordenação e é
preferível em relação a outras e maior é a satisfação.

Sinteticamente, para analisar o comportamento do consumidor são necessárias as


seguintes hipóteses:
q Cada consumidor tem o conhecimento exacto e pleno de toda a informação
relevante para as suas decisões de consumo: conhecimento dos bens e serviços, da
sua capacidade técnica de satisfazer suas necessidades, dos preços de mercado e do
seu rendimento.

1
Quer dizer que o consumidor pode posicionar diferentes cestas de mercadorias em primeiro, segundo, terceiro
lugares e sucessivamente.

Adelino Jeque Pimpão 98


Introdução a Economia

q Cada consumidor tem uma função preferência (i) que estabelece uma ordenação
entre as cestas de mercadorias (ii) para uma comparação dois a dois, indica que
prefere A a B, B a A, ou que é indiferente (iii) para comparar três ou mais cabazes,
indica que se A é preferido (indiferente) a B e B é preferido (indiferente) a C, logo A
é preferido (indiferente) a C. (iv) estabelece que um orçamento maior (uma cesta
maior) é preferível a um menor.

SECÇÃO 2. ANÁLISE DA UTILIDADE E CURVA DE INDIFERENÇA


Em economia, a utilidade é tida como a qualidade que torna um bem ou serviço desejado.
Por outras palavras, representa um prazer subjectivo, o proveito ou a satisfação derivada
de consumir bens ou serviços. Como se pode depreender é um fenómeno subjectivo porque
naturalmente que uma pessoa tem uma constituição fisiológica e psicológica diferentes da
outra.

Esta apreciação da utilidade que aparentemente hoje é consensual teve um longo caminho
histórico de pensamento para o melhoramento.

A análise inicial tinha na utilidade como uma qualidade:


a. Mensurável cardinalmente. Por exemplo, que 250g de bife podiam fornecer 80
utis que é a medida de utilidade proposta pelos precursores da análise da
utilidade.

b. Aditiva que a utilidade obtida do pão e da manteiga deveria ser somada.

c. Independente que a utilidade obtida de um bem não é afectada pela taxa de


consumo de outro bem. A utilidade obtida pela manteiga é independente do pão
consumido.

Os economistas modernos mostram que a utilidade não depende da actividade. Concordam


que a utilidade total depende das quantidades consumidas no período, mas não era a
simples soma das utilidades independentes de cada bem obtidas independentemente.

Adelino Jeque Pimpão 99


Introdução a Economia

Vilfredo Pareto (1906) removeu o último obstáculo sobre a teoria da utilidade, dando lugar
ao conceito ordinal do comportamento do consumidor, dispensando a hipótese de utilidade
cardinal porque irrelevante ou desnecessária.

Um consumidor considera equivalentes todas as cestas de mercadorias produzindo o


mesmo nível de utilidade. O lugar geométrico destas cestas de mercadorias (orçamentos) é
chamado curva de indiferença porque o consumidor é indiferente quando ao orçamento
(cabaz de mercadorias) específico consumido ao longo da mesma.

Quando mais elevada, ou melhor, quanto mais a direita estiver uma curva de indiferença,
tanto maior o nível de utilidade, como é mostrado no gráfico nº 1.

Ainda, quanto mais elevada uma curva de indiferença, mais preferível será cada orçamento
situado nessa curva.

Mapas de indiferença
Qtde Y

III
II
I

Gráfico nº 1 Quantidade de X

Assim a curva de indiferença é o lugar geométrico de pontos ou orçamentos particulares ou


combinações de bens que proporcionam o mesmo nível de utilidade total, ou ainda, aos
quais o consumidor é indiferente.

Adelino Jeque Pimpão 100


Introdução a Economia

O gráfico nº 1 mostra os mapas de indiferença que é um conjunto de curvas de indiferença.


Estas curvas mostram todas as combinações possíveis de X e Y de utilidade para um
determinado consumidor.

O único requisito é que as curvas de indiferença ordenem os orçamentos (cestas de


mercadorias) de acordo com a preferência.

Assim no gráfico nº 1 todas as combinações em III são as mais preferidas. Todas as cestas
de mercadorias em II são mais preferidas que aquelas em I e menos desejáveis que em III.

A medida ordinal que consistem no ordenamento dos orçamentos como 1º, 2º, 3º, 4º, 5º....
etc é necessária e suficiente.

O plano X-Y é chamado espaço-mercadoria.

SECÇÃO 3. CARACTERÍSTICAS DAS CURVAS DE INDIFERENÇA


Primeira: As curvas de indiferença são de inclinação negativa. A inclinação negativa
permite que uma mercadoria seja substituída por outra de maneira que o consumidor
mantenha o mesmo nível de satisfação que dá lugar a propriedade de substituição.

Segunda: Uma curva de indiferença passa por cada ponto do espaço-mercadoria, ou


matematicamente, são densas no espaço-mercadoria. Ou melhor, ainda, desenhando duas
curvas de indiferença no espaço mercadoria, pode-se desenhar uma outra infinidade de
curvas de indiferença entre aquelas duas, que é semelhante à propriedade de números
racionais entre 1 e 99, por exemplo, ou outro par de números racionais. Esta característica
dá lugar a propriedade de suposição.

Terceira: As curvas de indiferença não se interceptam, emprestando espaço a propriedade


da necessidade lógica. Pela equivalência de os diferentes pontos se situarem na mesma
curva de indiferença. Pela relação transitiva que foi visto que se A é indiferente a B e por
sua vez B é indiferente a C, então A é indiferente a C. O que não sucede quando duas curvas
se cruzam ou se interceptam, como o gráfico nº 2 mostra.

Adelino Jeque Pimpão 101


Introdução a Economia

Qtdade de Y

G II

Quantidade de X
Gráfico nº 2 F

A intercepção de curvas de indiferença tal como o gráfico nº 2 mostra é logicamente


impossível, dada à racionalidade da hipótese.

Quarta: Esta última aparece para o consumidor poder maximizar a sua satisfação para
cada despesa do seu rendimento. A propriedade estabelece que as curvas de indiferença
são côncavas para cima que quer dizer que se localiza acima da sua tangente para cada
ponto.

Quantidades de Y

Gráfico nº 3 Quantidade de X

Adelino Jeque Pimpão 102


Introdução a Economia

SECÇÃO 4. O RENDIMENTO LIMITADO E A MAXIMIZAÇÃO DO CONSUMIDOR


A teoria do consumidor está construída sob uma hipótese forte de que o consumidor
procura afectar o seu limitado rendimento entre bens e serviços disponíveis de forma a
maximizar a sua satisfação ou mesmo assim o bem-estar.

Grosso modo, o consumidor organiza suas compras de modo a maximizar a sua satisfação
sujeita ao seu rendimento.

Imagine um consumidor com rendimento ilimitado, ou ainda, uma fonte de recursos


inesgotável, não haveria problemas de poupança e nem mesmo a própria disciplina de
economia.

Essa utopia desejada não existe. Mesmo para os mais abastados das grandes sociedades são
obrigados a manter uma linha de comportamento em função dos seus rendimentos.

Para a teoria do consumidor isso quer dizer que cada um dispõe de um rendimento
máximo para gastar num determinado período de tempo. Agora o problema do consumidor
é gastar esse rendimento por forma obter uma máxima satisfação.

Continuando a pressupor a existência de dois bens X e Y. Estes bens têm os seus preços no
mercado Px e Py, respectivamente. O consumidor tem um conhecido e fixo rendimento M
para o período em consideração.

Assim, a quantia gasta no bem X será (X*Px) e também no bem Y (Y*Py) que não tem
maneira como exceder M que é o seu rendimento.
M ³ X*Px + Y*Py
Esta desigualdade pode ser apresentada graficamente, considerando primeiro que:
M = X*Px + Y*Py

Resolvendo para Y desde que seja representado no eixo vertical, obtem-se:


Y = (1/Py)*M – (Px/Py)*X

Adelino Jeque Pimpão 103


Introdução a Economia

Quantidades de Y

Y = (1/Py)*M – (Px/Py)*X

0 B Quantidades de X
Gráfico nº 5

O primeiro termo do lado direito da equação mostra a quantidade de Y que pode ser
adquirida se nada de X for comprado. Logo (1/Py)*M é o intercepto da ordenada, pela
distância OA. O segundo termo – (Px/Py) é a inclinação da recta que é um valor negativo da
razão de preços.

A linha do gráfico nº 5 é conhecida como recta de orçamento ou recta de restrição


orçamentária que é a combinação de bens que podem ser adquiridos se todo o rendimento
for gasto. E sua inclinação é o valor negativo da razão de preços.

A área triangular limitada pela recta de restrição orçamentária e pelos dois eixos é
chamada de espaço orçamentário que é o conjunto de todas as cestas de bens que podem
ser compradas, gastando uma parte ou todo o rendimento dado. Logo abrange uma parte
do espaço-mercadoria.

Matematicamente, o espaço orçamentário é definido por três desigualdades:


M ³ X*Px + Y*Py
X ³ 0;
Y ³ 0.

Adelino Jeque Pimpão 104


Introdução a Economia

Deslocamento da recta de restrição orçamentária

Aqui serão privilegiadas as mudanças estástico-comparativas nas quantidades


compradas resultantes de variações nos (i) preços ou no (ii) rendimento.

As variações no rendimento resultam em mudanças na recta de orçamento.

Consideremos um aumento no rendimento de M para M*, onde logicamente M*> M,


permanecendo constantes os preços das mercadorias. Neste caso o consumidor pode
comprar mais de Y, mais de X ou mais de ambas mercadorias.

O máximo de Y que pode ser adquirido cresceu de (1/Py).M para (1/Py).M* ou de 0A


para 0A* no gráfico nº 6. De igual modo, o máximo de X que pode ser comprado
aumentou de (1/Px).M para (1/Px).M* ou de 0B para 0B*.

Qtde de Y
A*

0 B B*
Gráfico nº 6 Qtade de X

Se os preços permanecerem constantes, a inclinação da recta não muda e com o


rendimento a aumentar a recta se desloca para cima e para a direita e se chama de
deslocamento paralelo. Análise semelhante é aplicável para a redução do rendimento.

Agora suponhamos que o preço de X aumenta de Px para Px*, permanecendo constantes


o preço de Y e o rendimento. A inclinação da recta muda para (-Px*/Py). Ou ainda, com
o aumento do preço de X o consumidor vai comprar menos de X de 0B para OB*.

Adelino Jeque Pimpão 105


Introdução a Economia

Qtde de Y A

0 B* B
Gráfico nº 7 Qtade de X

No gráfico nº 7, um aumento de preços de X é representado pela rotação da linha de


orçamento em torno do intercepto da ordenada.

Se o rendimento permanecer constante e os preços nominais de ambas as mercadorias


mudam no mesmo sentido, não há mudança no preço relativo.A variação neste sentido
equivale à mudança do rendimento.

Para um determinado rendimento, só os preços relativos é que interessam no processo


de tomada de decisão do consumidor.

Para tanto grande atenção deve ser prestada aos conceitos rendimento nominal e real,
preços nominais e preços relativos.

SECÇÃO 5. O EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR

1) Todos os cabazes no espaço-mercadoria estão disponíveis para o consumidor, caso


os queira adquirir.
2) O mapa de indiferença estabelece um ordenamento dos cabazes disponíveis no
espaço-mercadoria.
3) O espaço orçamentário do consumidor é estabelecido por seu rendimento fixo e
preços relativos das mercadorias. Mostra as cestas que o consumidor pode comprar.

Adelino Jeque Pimpão 106


Introdução a Economia

4) Hipótese fundamental: O consumidor procura maximizar a sua satisfação com um


dado rendimento monetário.
5) Significando que o consumidor vai seleccionar os cabazes mais preferidos no seu
espaço orçamentário.

O gráfico nº 8 mostra o problema do consumidor com espaço-mercadoria em todo o pano


Y-X, o mapa de indiferença com curvas de indiferença e o espaço orçamentário.

Bens desejáveis
P

IV
III
Bens possíveis II
I

0 M
Gráfico nº 8

O consumidor não pode comprar nenhuma cesta de mercadoria à direita da recta


orçamentária LM, dada a insuficiência do seu rendimento para poder pagá-lo.
A sua escolha pode ser sobre as cestas localizadas no espaço orçamentário. Mas todas as
cestas abaixo e a esquerda do seu espaço orçamentário não maximizam a sua satisfação.

Assim o único espaço que preenche a hipótese fundamental é sobre a recta orçamentária.

Esta é maneira que o consumidor maximiza a sua satisfação com um rendimento limitado.

O ponto de máxima satisfação ou de equilíbrio do consumidor encontra-se em no


ponto P, onde há uma curva de indiferença tangenciando a recta orçamentária. No

Adelino Jeque Pimpão 107


Introdução a Economia

ponto onde a taxa marginal de substituição é igual à razão entre os preços. Aqui ele
consegue obter o nível de utilidade máxima que lhe é possível atingir.

Os pontos para cima e para a direita da recta LM estão-lhe vedado, salvo se ele dispor de
um orçamento superior a M para gastar. Abaixo de LM e a esquerda de LM não tem
importância, porque se parte do princípio que ele deseja gastar a totalidade de M
rendimento.

Em condições normais, o consumidor deslocar-se-á para o ponto ou em direcção do ponto


onde consiga maximizar a sua satisfação, ou ainda, para a mais alta curva de indiferença
que lhe é possível.

A taxa marginal de substituição mostra a taxa a qual o consumidor está disposto a


substituir Y por X e a razão dos preços mostra a taxa a que ele pode substituir Y por X.

RESUMO DE UNIDADE

Consumidor racional
Os consumidores escolhem a melhor cesta de bens que podem adquirir

Questões: como determinar as possibilidades de compra?


§ Restrição orçamentária

Como determinar a satisfação fornecida pelas cestas?


§ Preferências do consumidor

Como determinar a combinação de mercadorias que maximizarão a satisfação do


consumidor?
§ Escolhas do consumidor

Preferências do consumidor

Adelino Jeque Pimpão 108


Introdução a Economia

Uma cesta de consumo é um conjunto de uma ou mais mercadorias


O consumidor é capaz de ordenar várias cestas em ordem de preferência. Dadas duas
cestas quaisquer, x e y, o consumidor é capaz de identificar se x é melhor do que y ou se y é
melhor do que x ou se as duas cestas são equivalentes em termos de satisfação
ESSA RELAÇÃO É CHAMADA DE PREFERÊNCIA e a representamos por (prefere ou é
indiferente)

Três premissas básicas (“axiomas”):

1) Completas.
Duas cestas quaisquer podem ser comparadas. Para quaisquer cestas x e y, x
≥ y ou y ≥ x ou ambas (são indiferentes)

2) Reflexivas
Qualquer cesta é certamente tão boa quanto uma cesta idêntica: x ≥ x

3) Transitivas
Se x ≥ y e y ≥ z, então x ≥ z

O axioma da transitividade é crucial para a teoria do consumidor. Sem ele, não é possível
identificar a cesta preferida. Ausência de transitividade => dutch book (sequência de trocas
que levaria o consumidor a perder todo o seu dinheiro)

A curva de indiferença
A curva de indiferença representa todas as combinações de bens que proporcionam o
mesmo nível de satisfação a uma pessoa.

Em geral, a curva de indiferença apresenta inclinação negativa, da esquerda para a direita.


Uma inclinação positiva violaria a premissa de que uma quantidade maior de mercadoria é
preferida a uma menor.

Adelino Jeque Pimpão 109


Introdução a Economia

Qualquer cesta de consumo localizada acima e à direita de uma curva de indiferença é


preferida a qualquer cesta de consumo localizada sobre a curva de indiferença

Mapas de indiferença
É um conjunto de curvas de indiferença que descrevem as preferências de uma pessoa com
relação a todas as combinações de duas mercadorias.

Cada curva de indiferença no mapa mostra as cestas de mercado entre as quais a pessoa é
indiferente.

O óptimo do consumidor
O ponto óptimo corresponde ao ponto de tangência entre a recta orçamental e a Curva de
Indiferença.

ACTIVIDADE 5: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões

1. Suponha que Mwatani Lero tem um rendimento líquido de imposto de 100 unidades
monetárias (u.m) por semana e que o gasta todo em alimentos ou vestuário. Se os
alimentos custarem 5 u.m. o kg e o vestuário 10 u.m. a peça.
a) Desenhe um gráfico da recta de restrição orçamentária, em que os alimentos estão
no eixo vertical e do vestuário no eixo horizontal.

b) Calcule a inclinação da recta do rendimento.

2. Qual será a nova curva de restrição orçamentária se o rendimento do Eldrick Layer


subir para 600 unidades monetárias?
a) A inclinação da recta iria mudar, explique evidenciado o seu argumento.

Adelino Jeque Pimpão 110


Introdução a Economia

3. Se o rendimento permanecer nas 100 u.m., em contrapartida o preço dos alimentos subir
para 10 u.m., qual será a nova curva orçamentária?
a) Escreva a nova equação da recta, caso conclua que haveria mudanças.

4. O gráfico abaixo mostra uma das curvas de indiferença do estudante Lippi Colin e a sua
recta de restrição orçamentária.

40
Quantidade
de X

0 80
Quantidade de Y

a) Se o preço do bem X for 25 unidades monetárias, qual será o seu rendimento?


b) Qual é a equação da recta do orçamento?
c) Qual é a inclinação da recta de orçamento?

5. Explique a racionalidade do facto de ser uma característica das curvas de indiferença de


não se cruzarem ou interceptarem.

6. Indique 4 diferenças e 2 semelhanças entre as curvas de restrição orçamental e de


indiferença.

Adelino Jeque Pimpão 111


Introdução a Economia

REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA:

C. E. Ferguson (1989) – Microeconomia, Editora Forense-Universitária Ltda, RJ

Mansfield, E. (1996) – Economia Empresarial, Instituto Piaget, Lisboa

Samuelson/Nordhaus – Economia, McGraw-Hill (nas suas diferentes edições)

Stanlake, GF (1989) – Introductory Economics, Longman Group UK

Adelino Jeque Pimpão 112


Introdução a Economia

VI. FLUXO CIRCULAR DA ACTVIDADE ECONÓMICA E CONTABILIDADE


NACIONAL
O que ouço, esqueço;
O que vejo, recordo;
O que faço, compreendo.
-Confúcio -

OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:
§ Dominar as etapas do circuito económico de simples ao complexo
§ Conhecer o que é a função da Contabilidade Nacional
§ Identificar as diferentes ópticas de cálculo do produto
§ Calcular o Produto interno e nacional
§ Reconhecer as limitações da contabilidade nacional

Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar, nesta unidade, as seguintes secções:
Secção 1 Circuito económico
Secção 2 Noção de Contabilidade Nacional
Secção 3 Cálculo do produto
Secção 4 Limitações da Contabilidade Nacional

PARA O INICIO DA CONVERSA


Amigo estudante já ouviu falar de que o produto nacional bruto de Moçambique cresceu
tantos porcentos no ano passado?
Já ouviste falar dos frutos que concorrem para a formação de uma empresa?
Já ouviu falar que usando três ópticas é possível calcular a produção de um país?
Vai ouviu falar que o produto interno bruto per capita de um país dá uma indicação
preliminar do nível e qualidade de vida da sua população?
Nunca ouviu falar? Já mas sem certeza do que se trata? Não te preocupes amigo estudante,
essas são as matérias que são tratadas nesta unidade. Por isso, é convidado a estudar com
afinco a unidade para se apoderar dos conhecimentos contidos. Vai daí e avancemos juntos
até a ao fim da unidade.

Adelino Jeque Pimpão 113


Introdução a Economia

SECÇÃO 1. CIRCUITO ECONÓMICO

Lembremo-nos sempre que a nossa abordagem agora é macroeconómica, portanto visão


global, por outras palavras, o somatório dos consumidores e das procuras individuais, o
somatório dos produtores e das produções individuais, o somatório dos preços dos
mercados individuais, o somatório dos equilíbrios individuais, é por isso a agregação de
elementos individuais da economia para ser vista e analisada numa perspectiva agregada.

Por isso, situando-nos no quadro nacional, constatamos que todos os indivíduos são
consumidores e que, excluídas as crianças e os velhos, todos os consumidores são
potenciais produtores.

No plano individual como agregado, sempre foi preocupação dos agentes económicos,
procurar maneira de melhor satisfazer as necessidades cada vez mais crescentes e
múltiplas, para tanto tinham que produzir. Para melhor produzir as famílias criam
unidades especializadas para o fazer, dotando-as de recursos para o efeito.

É assim que as famílias, dotadas da sua iniciativa privada e olhando as oportunidades do


espaço onde estão inseridas visando satisfazer o interesse individual, procuram um espaço
de terra (Terra) e neste lugar localizável investe o seu capital instalando edificações e
dentro destas maquinarias e equipamentos diversos (Capital). Para começar a produzir
precisam uma força para manejar as máquinas e gerir o processo produtivo (Trabalho),
formando assim aquilo que normalmente se conhece como firma ou empresa.

FAMÍLIAS EMPRESAS

Terra, Capital e Trabalho

As famílias que criam empresas também conhecidas como empreendedoras têm como
objectivo o lucro ou prémio de risco ou de empresário através da produção de bens e
serviços para o mercado que trocam com as famílias que tenham rendimentos. Se nos

Adelino Jeque Pimpão 114


Introdução a Economia

lembrarmos dos capítulos anteriores, está-se a dizer que trocam os bens e serviços
produzidos pelas suas empresas com os consumidores.

Economia fechada sem estado e nem poupança


Perguntar-nos-íamos, então onde as famílias encontram rendimentos para comprar bens e
serviços. A resposta está no diagrama: Pelo trabalho prestado, as famílias recebem salários,
pela terra arrendada recebem rendas e pelo capital investido na empresa recebem lucro ou
dividendos.
Despesas
Bens e Serviços

EMPRESAS
FAMÍLIAS

Terra, Capital e Trabalho


Renda, lucro/dividendo, salário

Partindo de uma posição simplificadora verifica-se que a economia actual é baseada na


divisão de trabalho, as unidades de produção (empresas) fornecem às unidades de
consumo (famílias) os bens directos que estas precisam. Uma vez que as unidades de
consumo fornecem às empresas os factores de produção - terra, trabalho e capital.

Assim, estabelece-se um circuito económico real: Bens de consumo das empresas para as
famílias, factores de produção das famílias para as empresas, cuja característica
fundamental é a circulação de bens tangíveis (palpáveis) entre os agentes económicos.

Nesta perspectiva, enquadra-se uma velha ideia entre economistas: O dinheiro está para
economia, da mesma forma que o sangue está para o corpo humano. É uma representação
comparada as ciências naturais: A ideia de que o corpo humano está ligado por dois
sistemas: O nervoso (os preços e os custos) e o sanguíneo (dinheiro ou a moeda).

Mas, as famílias para formarem empresas ou unidades de produção precisam de terra onde
instalarem as unidades de produção. Não é possível pensar em empresa sem dinheiro para

Adelino Jeque Pimpão 115


Introdução a Economia

compra de equipamentos (maquinarias, ferramentas, instrumentos, para não falar das


próprias instalações, se aplicável). Postos todos os meios, é necessária a força motriz que
ponha a funcionar a unidade de produção - trabalho humano. Estamos em presença do
circuito económico simples real.
Bens e Serviços

FAMÍLIAS EMPRESAS

Terra, Capital e Trabalho

As famílias têm por objectivo o lucro quando formam as empresas, conseguido com a venda
dos bens e serviços produzidos, a força de trabalho empregue é remunerada por um
salário, e, pela ocupação da terra paga-se uma renda. As três categorias constituem o grupo
dos rendimentos, recebidos das empresas, através dos quais as famílias efectuam despesas
tendo como contrapartida bens e serviços.

Despesas

FAMÍLIAS EMPRESAS

Renda, Lucro/dividendo, Salário

Este grupo de fluxos tem uma característica que é comum - o dinheiro, que constitui o
circuito monetário como se ilustra acima.

A separação dos dois circuitos e a demarcação da direcção dos fluxos tem um objectivo
puramente didáctico, pois o circuito económico simples é composto por esses fluxos: real e
monetário, como visto anteriormente.

Circuito económico fechado


No circuito económico simples acima ilustrado, não reflecte o que se passa efectivamente
na realidade. Ele é bastante útil para efeitos didácticos para compreender a mecânica do
que se passa na realidade, assumindo as seguintes hipóteses simplificadoras:

Adelino Jeque Pimpão 116


Introdução a Economia

1. A inexistência de contradições intra e inter grupos

2. Tudo o que as famílias ganham (Y) é gasto na aquisição de bens e serviços (C), logo Y
= C admitindo a não existência de poupanças.

3. Tudo o que é produzido é vendido, por outras palavras, as empresas conseguem


realizar no mercado toda a sua produção;

4. Todas as necessidades das famílias são satisfeitas pelas empresas que representa a
auto-suficiência desta economia de modelo simples.

5. É uma economia fechada ou auto-suficiente, quer dizer, inexistência de relações com


o exterior.

6. As empresas não retêm parte dos lucros para os seus cofres, por outras palavras,
estamos a dizer que não existem hipóteses de extensão da capacidade produtiva das
empresas, nem a constituição de provisões pelo desgaste do equipamento diverso.

Como se pode depreender, este esquema é bastante simplificador. Agora vamos introduzir
novos elementos que, a cada passo, irão eliminando as hipóteses simplificadoras bastante
rígidas, tomadas a partida.

Na verdade o exercício que vamos fazer de eliminar as hipóteses simplificadoras é para


tornar o fluxo económico mais próximo da realidade corrente da economia.

As famílias, para além de serem simples unidades de consumo, agora não destinam todo o
rendimento (renda lucros ou juros e salários), unicamente, para o consumo, senão que
retêm uma parte que constituem suas poupanças, assim como as empresas não distribuem
todos os lucros, ficando uma parte na rubrica lucros retidos.

Adelino Jeque Pimpão 117


Introdução a Economia

Estas poupanças, tal como os lucros retidos pelas famílias como as empresas efectuam os
depósitos em bancos que o sistema financeiro remunera com juros, tal como aqueles aos
bancos em caso de pedidos de financiamento. Com a eliminação de uma das hipóteses
simplificadoras iniciais e a inclusão no circuito económico do sistema financeiro, o nosso
esquema fica como se segue:

Créditos, juros, outros serviços Créditos , juros, outros serviços


BANCOS
Depósitos, juros e o/serviços Depósitos, juros e o/serviços
Despesas
Bens e Serviços Bens de Investimento

FAMÍLIAS EMPRESAS C EMPRESAS I

Terra, Capital e Trabalho


Renda, lucro/dividendo, salário Investimento
Renda, lucro/dividendo, salário

No diagrama anterior, foi vista a economia fechada e sem Estado mas que produz bens de
consumo e bens de investimento. As firmas do tipo C produzem bens de consumo e do tipo
I produzem bens de investimento. Assim o rendimento é produzido pelos dois tipos de
empresa. As famílias recebem e consomem e poupam depositando no sistema bancário que
são canalizados para as unidades de produção para financiar o investimento. Fica também
claro que a poupança é igual ao investimento na economia fechada sem Governo.

A partir do momento que incluem os bancos, importa reter dois novos conceitos:
Juros: - São remunerações pela utilização do dinheiro alheio. Ou quisermos recuperar o
manancial de conhecimentos anteriores, pode-se dizer que é a medida do custo de
oportunidade das diferentes aplicações alternativas.

O outro é a amortização, partindo da ideia de que as empresas ao utilizarem os


bens de capital (equipamentos e outros), estes se desgastam, incorporando parte do
seu valor no produto até à sua caducidade.

Adelino Jeque Pimpão 118


Introdução a Economia

Os agentes económicos, para se protegerem de tal situação, guardam um montante


(amortização) para o que, no final da vida útil do equipamento, seja possível
comprar um semelhante para o substituir e continuar com produção.

Economia fechada com Estado


Vistos os dois conceitos, continuemos, paulatinamente, a representar o circuito
económico aproximando-o da realidade, com a eliminação de mais assumpções e
aproximando-nos a realidade:

§ Tal como é irrealístico afirmar que não existem contradições intra grupos,
pois nas famílias (divórcios, conflitos de terra, diferenças de ideias, os
partidos políticos, a intolerância de toda a espécie, o racismo, o machismo, o
feminismo, etc.) e nas empresas (os conluios, os cartéis, as concorrências,
etc.) e inter grupos (os acordos colectivos de trabalho, os salários mínimos,
as horas de trabalho, as associações empresariais, os sindicatos, o
desemprego, o mercado informal, etc.).

A eliminação desta assumpção e ao admitir que existem contradições dentro das


famílias assim como dentro das empresas, tal como entre empresas e famílias,
conduz a emergência de uma figura outrora não importante que é o ESTADO.

Protecção, subsídios, transferências Protecção, ambiente de negócio


Impostos e taxas ESTADO Impostos e taxas Outros serviços
Despesas e despesas
Bens e Serviços

FAMÍLIAS EMPRESAS

Terra, Capital e Trabalho


Renda, lucro/dividendo, salário=(100)
Depósitos, juros e o/serviços Créditos, juros, outros serviços, Défice
BANCOS
Depósitos, juros e o/serviços

Adelino Jeque Pimpão 119


Introdução a Economia

O Estado intervém no circuito económico, pagando vencimentos aos seus


funcionários (famílias), assegurando o funcionamento dos serviços públicos,
cobrando impostos às famílias e empresas, subsidiando empresas e preços às
famílias, resolvendo e prevenindo conflitos de interesses intra-grupos e inter-
grupos o que significa assegurar o funcionamento são, da mão invisível, como se
pode depreender a partir do esquema anterior.

No diagrama anterior, o Estado cobra as famílias o imposto e realiza as


transferências para as famílias e compra às empresas bens e serviços. As empresas
compram bens de investimento no valor como financiamento. Aqui a poupança
passa a desempenhar um papel adicional para além de financiar o investimento
passa também a financiar o défice do Governo na economia fechada com Governo.

Economia aberta com o Estado


§ Não é verdade que no mundo real exista uma economia que as suas empresas
produzem todos os bens e serviços que as famílias necessitam.

A redução desta assumpção é um convite tácito de mais um interveniente que é o Sector


Externo para obtermos por aproximação a economia aberta, cujos agentes económicos
residentes efectuam transacções diversas com os não-residentes, portanto, com o exterior,
pois, hoje já é uma realidade confirmada que não existe uma economia auto-suficiente no
mundo.

Adelino Jeque Pimpão 120


Introdução a Economia

Protecção, subsídios, transferências Protecção, ambiente de negócio


Impostos, mdo e taxas ESTADO Impostos e taxas Outros serviços
Despesas
Bens e Serviços

FAMÍLIAS EMPRESAS

Terra, Capital e Trabalho Exportações


Transferências Renda, lucro/dividendo, salário Importações
Créditos, juros, outros serviços Créditos, juros, outros serviços
BANCOS
Depósitos, juros e o/serviços Depósitos, juros e o/serviços
NECESSIDADE/CAPACIDADE DE FINANCIAMENTO
SECTOR EXTERNO

Finalmente, temos o sector externo, pois nenhuma economia é capaz de viver


isoladamente. Todos os países e todos os sistemas económicos representados da maneira
muito simples no circuito económico, mantém relações com o exterior, através de
operações comerciais de importação e exportação de bens e serviços, transferências de
rendimentos pela propriedade de factores para às famílias (exemplo um mineiro
moçambicano manda parte do seu salário para a sua esposa em Manjacaze, o mesmo serve
para os trabalhadores estrangeiros a prestarem serviços em Moçambique).

Os bancos garantem a convertibilidade da moeda nacional em moeda estrangeira e vice-


versa, contraem dívidas, concedem empréstimos e aceitam depósitos. Todos os fluxos de
um país com o mundo são, anualmente, registados num mapa, designado de balança de
pagamentos de que terá oportunidade de estudar.

Introduzidos estes dois elementos têm-se o circuito económico complexo, como se ilustra
na página anterior.

Adelino Jeque Pimpão 121


Introdução a Economia

SECÇÃO 2. A NOÇÃO DE CONTABILIDADE NACIONAL


Vê-se no esquema anterior que, da relação com o exterior, estabelecida pelo sistema
económico hipotético representado, podia-se ter como saldo líquido que se resume na
necessidade ou capacidade de financiamento.

Esta constatação (capacidade/necessidade de financiamento) só é possível se formos


capazes de quantificar ou efectuar uma medição quantitativa, em termos monetários, do
que é produzido nessa economia em bens e serviços, ou de quanto são remunerados os
factores de produção ou ainda quanto é gasto em termos de despesa pelos agentes
económicos: esta é a ideia da contabilidade nacional.

Então, pergunta-se o que é a Contabilidade Nacional?


§ Não é mais que um ramo da Economia que tem por objectivo o estabelecimento de
modelos descritivos da economia como um todo, quer dizer, no seu âmbito
macroeconómico. Portanto, procura medir fenómenos fundamentais da produção,
distribuição e redistribuição dos rendimentos gerados pelo sistema económico.

O produto de uma economia é a soma de tudo aquilo que se produz e se vende num
período de tempo, geralmente num ano.

Este produto pode ser medido usando diferentes ópticas a saber:

1. Óptica de rendimento que compreende a soma da remuneração dos factores


utilizados na produção (terra - renda, capital - lucros/dividendos ou ainda juros e
trabalho - salários);

2. Óptica da produção ou do produto que é o somatório daquilo que as empresas


produziram, também conhecido por somatório dos valores acrescentados ou novos
valores criados; e

Adelino Jeque Pimpão 122


Introdução a Economia

3. Por último, temos a óptica da despesa que consiste na soma de consumos finais
duma economia e logo na despesa total da sociedade para a sua aquisição (compra).

É importante ter presente que a noção de contabilidade insere dentro de si a ideia de


equilíbrio. Examinemos outra vez, os nossos esquemas relativos a circuitos económicos,
onde as famílias na posse de rendimentos efectuam despesas comprando o que se
produziu (bens e serviços), portanto, para o equilíbrio os rendimentos igualam as despesas
e estas por princípio de partidas dobradas têm contrapartida de bens e serviços.

Entrega Dinheiro = Recebe Bens e Serviços

Dissemos também que o produto era o somatório de bens e serviços o que quer dizer que o
produto é contabilizado uma e única vez, introduzindo o conceito de valor acrescentado
que é o novo valor criado ou ainda o valor do produto da empresa menos os custos
intermediários comprados pela empresa aos seus fornecedores que são outras
empresas.

Para ilustrar o cálculo do valor acrescentado, assim como concomitantemente demonstrar


a validade de cálculo do produto usando as três ópticas, far-se-á a sua demonstração com
recurso a uma tabela de um sector de actividade que no caso vertente é das madeiras.

Os estudantes devem notar que as ópticas aqui apresentadas não são utilizadas
simultaneamente para o cálculo do produto, bastando uma delas para o efeito.

Escolheu-se um sector das madeiras, como se poderia escolher um outro qualquer. O


importante a reter é a metodologia utilizada para o cálculo do valor acrescentado que é a
óptica do produto, também conhecida por óptica da produção.

Adelino Jeque Pimpão 123


Introdução a Economia

┌───────────────┬─────────┬─────────┬────────┬────────────┐
│ │Compras │ │Receitas│ VALOR │
│ Descrição │de outras│ Lucros │ das │ACRESCENTADO│
│ │empresas │Salários │ Vendas │(NOVO VALOR)│
├───────────────┼─────────┼─────────┼────────┼────────────┤
│Emp. Florestal │ 0 │ 100 │ 100 │ 100 │
│ │ │ │ │ │
│ Serração │ 100 │ 150 │ 250 │ 150 │
│ │ │ │ │ │
│ Marcenaria │ 250 │ 120 │ 370 │ 120 │
│ │ │ │ │ │
│Casa de Mobília│ 370 │ 50 │ 420
42 │ 50 │
├───────────────┼─────────┼─────────┼────────┼────────────┤
│ TOTAIS │ │ 420 │ │ 420 │
420 42
└───────────────┴─────────┴─────────┴────────┴────────────┘

Da tabela acima, fica claro que a óptica do rendimento que constitui o somatório de todos
os ganhos (salários e lucros) é igual a óptica da produção que é a soma dos valores
acrescentados de cada empresa. Se um consumidor qualquer quisesse comprar a mesa, o
faria na Casa de Mobília à uma despesa de 420, que iguala os outros resultados. Fica
demonstrada a validade da identidade contabilística entre as três ópticas.

Se somasse as receitas, estaria a cometer aquilo que em contabilidade nacional se chama


problema da dupla contagem ou dupla contabilização, teríamos um produto avaliado
em 1140 u.m.

Para produzir aquele bem cujo valor são 420, parte do valor da maquinaria, instrumentos
de produção sofreu desgaste, ou por outra, transferiu parte do seu valor para o produto.
Esta revelação reclama a presença das amortizações, que como dissemos, é a provisão
constituída para substituir o equipamento, findo o seu período de vida.

Estas provisões são constituídas a partir do novo valor criado. Isso quer dizer que com ou
sem amortizações, o produto pode ser BRUTO OU LIQUIDO.

Portanto, nota que o produto interno é a soma de toda a produção de todas as unidades
individuais de produção residentes no determinado território. Esse produto é a diferença
entre a produção final e aqueles e aqueles ingredientes (matérias-primas) que a unidade

Adelino Jeque Pimpão 124


Introdução a Economia

produtiva comprou de outras empresas. Esta diferença como vimos chama-se valor
acrescentado.

Produto pode ser bruto se não tomarmos em conta as amortizações, caso contrário, se elas
forem retiradas (expurgadas do produto), ele torna-se Líquido. Esta diferença é
fundamental, dado que o valor futuro da capacidade produtiva de uma nação é feito no
presente, pela constituição das reintegrações, dado que os factores de produção têm anos
de vida, findos os quais não prestam mais o seu concurso à produção.

Para o cálculo do produto, toma-se em consideração a residência e nacionalidade dos


factores de produção.

Pode ser PRODUTO INTERNO se os factores produtivos que concorrem para a produção
desses bens e serviços são residentes de um determinado espaço geográfico em estudo,
independente da sua nacionalidade. Por exemplo, a Lomaco empresa de nacionalidade
britânica produção da SIETE, de nacionalidade italiana, produção da Tatenda, lda que é
moçambicana mais que todas são residentes no espaço moçambicano. A soma dos valores
novos criados por estas empresas forma o Produto Interno de Moçambique.

Ao passo que o PRODUTO NACIONAL, é o somatório de bens e serviços finais produzidos


por factores de produção nacionais independentemente na sua localização (residência),
incluem-se rendimentos dos mineiros a trabalharem na África do Sul, a produção da
empresa Tongani, Ltd a operar nas Ilhas Sonhos, a firma Tambulani, Ltd residente em
Malhangaland, mas que sejam de nacionalidade moçambicana e retiram-se rendimentos de
propriedade de factores dos estrangeiros residentes em Moçambique incluídos no cálculo
do produto interno.

O nosso PRODUTO pode ser avaliado (contabilizado) logo a porta das unidades de
produção, quando assim for, diz-se que o produto é a custo de factores (cf). Mas quando vai
ao mercado, sobre ele, podem recair dois tipos de impostos, directo (Te) aplicado às
empresas, transferindo para o Estado e os impostos indirectos (Ti), que constituem os

Adelino Jeque Pimpão 125


Introdução a Economia

encargos normais de produção, venda, compra ou uso de bens e serviços, encargos esses
que normalmente se repercutem no consumidor, via preço.

Também podem ser incluídos no preço de vendas não só os impostos que o Estado cobra
como o mesmo faz transferências para as empresas com objectivo de reduzir os custos de
produção, conhecidas por subsídios ou também imposto negativo, representados pela letra
(Z).

SECÇÃO 3. CÁLCULO DO PRODUTO


Nesta secção, mostrar-se-á como se calcula o produto usando as três ópticas.

ÓPTICA DA PRODUÇÃO:
Esta óptica, como tivemos oportunidade de ver, consiste no somatório dos valores
acrescentados que igualam ao PRODUTO INTERNO BRUTO a custo de factores (PIBcf).

ÓPTICA DO RENDIMENTO:
Consiste no somatório de todas as remunerações aos factores de produção (Salários +
Lucros + Dividendos + Juros + Renda + outros rendimentos).

ÓPTICA DA DESPESA:
Esta óptica distingue os produtos consoante a sua utilização (consumo privado ou público,
investimentos e exportações), consistindo na soma dos produtos finais.

Importa vermos com mais detalhe esta óptica:


PIB = CONSUMO PRIVADO (CP) + CONSUMO DO GOVERNO (CG) + INVESTIMENTO PRIVADO (IP) +
INVESTIMENTO DO GOVERNO (IG) + EXPORTAÇÕES (X) – IMPORTAÇÕES (M).

PIB = CONSUMO PRIVADO + GASTOS PUBLICOS + INVESTIMENTOS + EXPORTAÇÕES - IMPORTAÇÕES.

Adelino Jeque Pimpão 126


Introdução a Economia

FAMÍLIAS
(CONSUMO)

EMPRESAS
(INVESTIMENTO) VALOR DE BENS
DESPESA E SERVIÇOS
GOVERNAMENTAL AGREGADA PRODUZIDOS
(DESPESAS/GASTOS)

EXTERNO RECEITAS DAS


(EXPORT – IMPORT) EMPRESAS

Comportamento económico agregado é a soma do comportamento isolado das unidades


económicas, daí procurada agregada, oferta agregada, despesa agregada, despesa nacional,
etc.

Partindo desta situação como chegarmos ao Produto Nacional? - Claro que é simples, pois
do conceito do produto nacional dissemos que era somatório de bens e serviços finais
produzidos por factores de produção nacionais independentemente da sua localização,
daqui é retirar rendimentos dos factores externos e adicionar o rendimento dos factores
nacionais, então teremos:

A este saldo de rendimentos, denomina-se por SRPFx (Saldo de Rendimento de


Propriedade de Factores de e para o Exterior).

Então, o resto é puro exercício de identidades entre as rubricas, como por exemplo:

PIBcf + Ti - Z = PIBpm + SRPFEX = PNBpm = DN (Despesa nacional) - A = PNLpm - Ti + Z =


PNLcf = RN (Rendimento Nacional).

Do ponto de vista de fluxos de rendimentos advindos da produção, o PNBpm é a soma das


despesas de consumo das famílias (C), poupanças de particulares ou famílias (Sf),
poupanças das empresas (Se) e as receitas fiscais do Governo (T). Reescrevendo:

Adelino Jeque Pimpão 127


Introdução a Economia

Definitivamente, pode-se dizer se uma unidade de metical de rendimento é criada para


uma unidade de produto, então PIB também é a soma de rendimentos resultantes da
produção do produto interno

Do ponto de vista do fluxo de bens e serviços do comprador final, PIB é igual a soma das
despesas de consumo (C), Investimento (I) compras do Governo (G) e exportações líquidas
(X-M).

Despesas de Consumo são compras feitas pelos consumidores ou famílias dos bens de
consumo e serviços correntes produzidos.

Investimento consiste na compra de novos bens de capital (estruturais e equipamentos)


por firmas, as mudanças líquidas nos inventários das firmas e a construção de novas casas
de residência (formação bruta de capital e variação de inventários).

Despesas Governamentais consistem em remunerações e salários de funcionários


públicos mais as compras feitas pelo governo de bens e serviços, correntemente
produzidos pelo sector privado.

Exportações Líquidas é o valor de bens e serviços vendidos (exportações) ao resto do


mundo menos aqueles comprados deste (importações).

O PIB corrente é aquele medido a preços correntes (preços que vigoram no dia-a-dia no
mercado). A taxa de subida do PIB nominal é igual a taxa de subida do nível geral de preços
mais a taxa de subida no PIB real.

Enquanto na comparação do PIB nominal de diferentes anos podem variar,


concomitantemente, quantidades de bens e serviços e respectivos preços. Imagine um país
com inflação com hiper-inflação.

Resumindo, teremos o seguinte quadro.

Adelino Jeque Pimpão 128


Introdução a Economia

Milhões de contos % do PIB

Consumo Privado 7,300 65.2%


Consumo Público 2,000 17.9%
Investimento 3,000 26.8%
Formação Bruta de Capital Fixo 2,800 25.0%
Variação de existências 200 1.8%
Exportações 3,200 28.6%
(-) Importações 4,300 38.4%
PIBpm ou Despesa Interna 11,200 100.0%
(-) Impostos Indirectos + Subsídios 1,600 14.3%
PIBcf 9,600 85.7%
(+) Rendimento de Propriedade de factores
Líquido (entradas – saídas de remessas) 80 0.7%
PNBcf ou Rendimento Nacional 9,680 86.4%
(+) Impostos Indirectos - Subsídios 1,600
PNBpm ou Despesa Nacional 11,280
(-) Rendimento de Propriedade de factores
Líquido (entradas – saídas de remessas) 80
PIBpm 11,200
(-)Tributação (Impostos e outros) 500
(+)Transferências diversas do Estado 100
Rendimento Disponível 10,800

Entre PIB e PNB, embora se reconheça o mérito estatístico de ambos mas para
Moçambique é o PIB aquele que é comummente mais citado, estudo e analisado justamente
porque melhor interpreta o desempenho desta economia que é fortemente influenciada
pelo investimento directo estrangeiro e reduzido investimento nacional no estrangeiro.

Caso se optasse pelo indicador PNB, estaria omisso o impacto do investimento estrangeiro
na criação de nossos postos de trabalho em Moçambique e dos rendimentos e tributos daí
gerados para além do novo valor criado em bens e serviços visando a estabilização da
economia como um todo.

Assim, para Moçambique PIB é o indicador quantitativo que descreve o desempenho da


economia, portanto, mede o crescimento económico moçambicano.

Na verdade, o indicador Produto Interno Bruto é o mais amplamente usado mesmo para
estudar as politica públicas e nas projecções de longo prazo. Como este não há nenhum que

Adelino Jeque Pimpão 129


Introdução a Economia

lhe é comparável na utilização e aceitação entre os países, com cunho de universalidade nos
tempos que correm.

Associado ao PIB e para se fazer uma primeira avaliação e bastante rudimentar sobre o
nível de desenvolvimento económico (variável qualitativa) de qualquer economia recorre-
se a distribuição do PIB pelos seus habitantes. Como se pode depreender, faz-se uma
assumpção teórica de quanto caberia a cada um se o produto fosse distribuído
equitativamente, que é conhecido nos meandros económicos como PIB per capita.

PIB per capita = PIB do período dividido pela população do mesmo período.

Na verdade, o PIB per capita é usado como indicador médio proxy de padrão de vida de
habitantes de uma determinada economia.

Entretanto, deve-se ter presente que a noção de PIB per capita sendo uma média, não quer
dizer que todas as pessoas de Moçambique tenham o mesmo rendimento ou acesso aos
bens. Outrossim, é que a população se dispersa em torno dessa média, querendo significar
que existem pessoas que têm maior rendimento e outras com menor que, em geral, muitas
pessoas com rendimento menor e número reduzido com rendimento maior.

Contudo, é importante ter presentes alguns problemas decorrentes, do uso do indicador


PIB per capita para medir o bem-estar:
Ø PIB per capita não fornece informação sobre a forma como o rendimento é
distribuído na economia;
Ø PIB per capita não toma em consideração as externalidades negativas resultantes do
crescimento económico como poluição, por exemplo.
Ø PIB per capita não toma em conta as externalidades positivas que resultam dos
serviços da educação e saúde;
Ø PIB per capita exclui o valor de todas as actividades que ocorrem fora de mercado
(como auto-emprego, lazer sem custo, etc.)

Adelino Jeque Pimpão 130


Introdução a Economia

Em Moçambique dados sobre PIB são calculados pelo Instituto Nacional de Estática (INE)
que é igualmente responsável pelo censo populacional, por isso, esta é a instituição
capacitada para prover a informação sobre PIB per capita que é de periodicidade anual e
normalmente calculado o indicador em dólares americanos para efeitos de comparação
com outras economias.

Os economistas estão conscientes das deficiências deste indicador não obstante o seu
amplo e generalizando uso, pelo que deve ser visto como simples indicador e não na escala
absoluta.

SECÇÃO 4. LIMITAÇÕES DA CONTABILIDADE NACIONAL

Produção não contabilizada


· Economia subterrânea: Actividades em que o ramo é legal mas escapam à
contabilidade nacional porque: - evitam o pagamento de impostos - evitam o
pagamento de descontos sociais - fogem ao cumprimento de normas legais
relativamente a salários / segurança / saúde

· Economia Ilegal: Tipo de actividades ilegais - produção de bens e serviços cuja


produção, venda ou posse é ilegal (drogas)- produção legal, mas praticadas por
pessoas não autorizadas (pratica ilegal da medicina)

· Economia Informal: Actividades cujos bens se destinam ao auto-consumo e escapam


facilmente à contabilidade nacional (donas de casa, bricolage)- produção de bens
para auto-consumo - actividades que têm como objectivo principal proporcionarem
trabalho e rendimento às pessoas envolvidas.

Externalidades
Efeitos positivos ou negativos decorrentes de certas situações que não são contabilizadas,
como por exemplo, os efeitos da poluição sobre a saúde dos cidadãos (externalidades

Adelino Jeque Pimpão 131


Introdução a Economia

negativas) ou os efeitos da formação profissional sobre a produtividade (externalidades


positivas).

Positivas:
Construção de um hospital (saúde) / Investigação Científica (desenvolvimento tecnológico)
/ Construção de uma Estrada (infra-estruturas)

Negativas:
Gases das fábricas (poluição) / produção de armamento

ACTIVIDADE 6 - AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões

1. A macroeconomia preocupa-se com: (a) o nível da produção de bens e serviços, (b) o


nível geral de preços, (c) o crescimento da renda ou (d) todas as respostas acima.

2. São lhe dados os seguintes elementos contidos na tabela que se segue da linha de
produção do açúcar para consumo no mercado.

Fase de produção Volume de vendas Custos de bens intermediários


I. Farma 250 0
II. Refinaria 550 250
III. Empacotadora 650 550
VI. Retalhista 750 650

Diga resolvendo:
a) Qual é o valor acrescentado nas quatro fases?
b) Demonstre que calculando o produto com recurso as três ópticas ter-se-ia o mesmo
resultado do produto desta economia açucareira.
c) O que obteríamos, se decidíssemos somar as vendas das quatro fases?

3. Diga se verdadeiro ou Falso para as seguintes afirmações:


a) O PIB moçambicano inclui as estimativas dos serviços prestados pelos empregados
domésticos.
b) Entretanto o PIB moçambicano não inclui a produção de bens públicos.
c) Entre PIB e PNB, o mais importante é o PNB porque reflecte a produção dos
moçambicanos que é o que interessa.

Adelino Jeque Pimpão 132


Introdução a Economia

4. O PIB para qualquer ano é medida de:


a) Trabalho envolvido na produção daquele ano.
b) Crescimento na economia para aquele ano.
c) Bens produzidos na economia para o ano em referência.
d) Eficiência na produção para esse ano.
e) Rendimento bruto criado a partir da produção desse ano.

5. Tomando em consideração os dados que seguem:


Consumo das famílias 8, Consumo do Governo 10, Investimento do sector privado 19,
investimento realizado pelas autoridades 15, tudo que foi produzido mas que foi vendido
ao resto do mundo 8, tudo que foi consumido mas que foi proveniente do resto do mundo
11.
Rendimentos de Factores de estrangeiros = 6
Rendimentos de Factores de nacionais = 8
Amortização = 5
Impostos Indirectos = 4
Subsídios = 2
População do país 10 Habitantes.

Pretende-se que calcule:


a. PIBpm
b. PIBcf
c. PNLpm
d. PILpm
e. PNBpm per capita.

6. Se tivermos o resultado de todas as vendas de todas as firmas de um


determinado ano, este montante é:
a) Igual ao PIB desse ano;
b) Igual ao PIL desse ano;
c) Maior que o PIB desse ano;
d) Menor que o PIB desse ano;
e) Todas as respostas
f) Nenhuma das respostas

7. O PIL é inferior ao PIB pelo montante de:


a) Lucros das empresas;
b) Receitas de impostos;
c) Exportações;
d) Importações;
e) Consumo de capital.
f) Todas as respostas
g) Nenhuma das respostas

Adelino Jeque Pimpão 133


Introdução a Economia

8. Quais das seguintes afirmações dizem respeito ao PNB:


a) Inclui somente bens produzidos internamente;
b) Pode incluir bens produzidos fora das fronteiras nacionais;
c) Inclui compra de bens duráveis por consumidores;
d) Inclui despesas de compra de novas casas;
e) Inclui a compra de terra;
f) Inclui a compra de activos financeiros como BT’s e OT’s.

9. Quais dos seguintes dizem respeito as despesas do Governo que entram no


conceito de PNB:
a) O salário do Presidente da República;
b) Salário dos bombeiros municipais;
c) Salário de membros das forças armadas;
d) Bens produzidos somente na economia interna;
e) Compra de terra pelo Governo;
f) Compra de bens produzidos pelo sector privado;
g) Bens comprados no exterior

10. Quais dos seguintes que digam respeito as Despesas de Consumo e entram no
conceito de PNB:
a) Bens e serviços produzidos somente pela economia doméstica;
b) Bens produzidos no exterior e que são comprados pelas famílias;
c) Compra de bens duradouros como viaturas, mobílias, equipamentos da casa,
etc;
d) Despesa do consumidor por uma nova casa;
e) Compra de terra pelas famílias.

11. Todos os países que tiverem o PIB a crescer, terão necessariamente um PNB
com o mesmo comportamento?

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

CÉSAR DAS NEVES; João (1997); “Introdução à Economia”; Editora Verbo; Lisboa

DORNBUSCH, Rudiger; FISCHER, Stanley (1990); “Macroeconomics”; McGraw-Hill;


Lisboa

ROSSETTI; “Introdução à Economia”; pg. 179-223

SAMUELSON, Paul; NORDHAUS, William (1993); “Economia” McGraw-Hill; Lisboa

STANLAKE, GF (1989) – Introductory Economics, Longman Group UK

Adelino Jeque Pimpão 134


Introdução a Economia

UNIDADE 7- MOEDA E BANCOS


“A única coisa que pôs mais
homens loucos que o amor é o
problema do dinheiro."
Benjamim Disraeli

OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:

§ Descrever com rigor as diferentes etapas de evolução da moeda


§ Identificar os diferentes tipos de moeda
§ Reconhecer as várias funções da moeda
§ Perceber as diferentes instituições bancárias quanto a sua função, objectivos e
impacto na economia
§ Identificar os diferentes motivos que levam as pessoas a procurarem moeda.

Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Origem histórica da moeda
Secção 2 Tipos de moeda
Secção 3 Funções da moeda
Secção 4 Motivos para procurar moeda
Secção 5 Bancos

PARA O INICIO DA CONVERSA


Amigo estudante, você tem meticais nas suas mãos como moeda moçambicana. Mas como
esse dinheiro que tem nas suas mãos apareceu? Para que serve? Porque todas as pessoas
procuram dinheiro? Quem emite o dinheiro?

Estas e outras perguntas são objecto de estudo desta interessante unidade. Por isso, vai dai,
amigo estudante, que vamos juntos responder as perguntas e desmistificar este tópico

SECÇÃO 1. ORIGEM HISTÓRICA DA MOEDA

Adelino Jeque Pimpão 135


Introdução a Economia

Estudados que foram os conceitos básicos nos primeiros capítulos desta cadeira. Viram que
o Homem porque incapaz de isoladamente fazer o mundo - de produzir tudo quanto
precisasse para satisfazer as suas necessidades, então se viu compelido a ser gregário.

Nessa perspectiva, o que sucedia na prática é como que cada homem vivesse sob o lema:
trabalhes para mim que eu trabalharei para ti, num clássico exemplo de Robinson e Sexta-
Feira ou ainda, do agricultor pastor e pescador, que entre eles, efectuam permutas de bens,
entregando os que lhes sobram e procurando os que lhes fazem falta.

A história humana testemunha etapas diferentes de trocas, que muito brevemente podem
ser identificadas por troca directa, a que é feita entre mercadorias de consumo final que
mais tarde foi suplantada pela troca indirecta, onde aparece entre as mercadorias, um
elemento de permeio a servir de intermediação.

Igualmente, existem as trocas sem contrapartida imediata, com pagamentos diferidos no


tempo, conhecidas por trocas creditícias ou, simplesmente, crédito.

Começamos com as trocas para perceber a dinâmica da história da evolução da moeda que,
muito sinceramente, vos desejo que se fascinem com este assunto.

Para começar, importa recordar, parafraseando Banjamim Disraeli: "A única coisa que pôs
mais homens loucos do que o amor, foi o problema do dinheiro". -Paul Samuleson in
Economia 12ª Edição pág. 323.

O nosso primeiro desafio não é atribuir um juízo de valor à afirmação de Disraeli, antes pelo
contrário, descobrir o seu fundamento.

A fase da troca directa de mercadorias consistiu na permuta de bens por outros bens em
que a aceitabilidade se limitava aos dois intervenientes de troca em presença.

Adelino Jeque Pimpão 136


Introdução a Economia

Como se pode depreender, a troca se efectivava na medida em que os produtos por


permutar fossem diferentes, por outras palavras, possuidores de valores de uso e utilidades,
igualmente, diferentes.

Isso quer dizer que, racionalmente, um indivíduo não poderia trocar mapira com mapira,
pelas razões óbvias: da troca não poderia ter a possibilidade de satisfazer outras
necessidades que aquelas saciadas com a mapira.

A consumação de uma troca directa só se tornava possível, quando cada um dos


intervenientes em presença, ficasse a ganhar com a troca, o mesmo que dizer que o valor
atribuído ao bem por cada indivíduo fosse superior ou igual relativamente ao produto que
entregou, e, nunca inferior.

Embora a troca directa apresente, obviamente, inconvenientes, como veremos mais adiante,
ela representou, naquela fase histórica, como um grande passo para a evolução, dado que é
uma escapatória a uma situação de auto-suficiência, em que cada indivíduo tinha que
desempenhar toda a espécie de tarefas, sem hipótese de se especializar em alguma, para
poder sobreviver.

Entretanto existem inconvenientes que podem ser atribuídos à troca directa que se
resumem no seguinte:

§ A dificuldade que cada pessoa sentia em encontrar outra que estivesse


interessada, tivesse vontade ou desejo na troca de determinados produtos.

Percebe-se que este inconveniente consiste em que, no geral, pode existir uma pessoa
interessada a trocar uma gazela por vários cachos de banana. Mas já seria difícil encontrar
uma outra pessoa com interesse, vontade ou desejo exactamente oposto que quisesse a
gazela para entregar as suas bananas. Chama-se à esta situação de dupla coincidência de
vontades ou simplesmente, reciprocidade de necessidades.

Adelino Jeque Pimpão 137


Introdução a Economia

Tal reciprocidade é muito pouco provável que parafraseando uma expressão económica
clássica: "em vez de se dar uma dupla coincidência de vontades, dar-se-ia, provavelmente, uma
vontade de coincidências" Paul Samuelson in Economia 12ª Edição pág.325.

§ A partir do acima exposto, outro inconveniente era o tempo, gastava-se mais


tempo na esfera da circulação na tentativa de coincidir que propriamente na
produção do bem para a troca.

§ Sucessivamente, se não se encontrasse o parceiro a tempo, arriscavam-se a


assistir o produto a perecer (perda de utilidade e valor de troca), perdendo
assim, a oportunidade de troca e de consumo directo.

§ O facto de as pessoas atribuírem valores diferentes aos produtos, que não


sendo, muitas vezes divisíveis, dificultavam a possibilidade rápida de se
efectuar a troca ou mesmo inviabilizá-la por não se encontrar o mesmo padrão
de medida.

Perante este grupo de inconvenientes identificáveis, reduziam ao mínimo, a divisão de


trabalho e respectiva especialização e a tentativa do homem de diversificar a sua produção.

Estas situações afligem o homem e compelem-no a procurar novas soluções para os


problemas do seu quotidiano, procurando produtos que servissem em diferentes épocas e
lugares como meios de troca: casos do sal, do arroz, o azeite, o gado (chamada moeda viva),
tabaco, e vários outros.

Esta é a conhecida primeira forma de moeda que se designou por moeda-mercadoria.

Se hoje quiséssemos resumir a evolução histórica da moeda, diríamos que o seu


aparecimento decorreu da necessidade de superar os obstáculos para o desenvolvimento
do sistema de trocas, em economias não primitivas em que a divisão do trabalho e

Adelino Jeque Pimpão 138


Introdução a Economia

especialização individual para o exercício de funções produtivas passaram,


progressivamente, a intensificar o regime social de interdependência.

Qualquer uma destas moedas mercadoria surgiu de acordo com as condições específicas de
cada lugar no mundo. Entretanto, importa indicar que esta primeira forma de moeda
apresenta vantagens e desvantagens. Detenhamo-nos, por um instante, para ilustrar as
respectivas:

§ Uma unidade de gado não é possível dividi-la em pequenos pedaços e ela


permanecendo ainda viva. Tem ainda o problema de padronização: magra, gorda,
quantos anos de vida, quantos quilos? Com o tempo, chega a uma determinada altura
que começa a perder valor pelo envelhecimento.

§ O sal, se o tiver num saquinho como receita de venda da colheita da última


campanha agrícola e de caminho para casa, se cair uma chuva forte, é suficiente para
transformar em nada o suor de um ano produtivo inteiro.

§ O azeite podia ser uma simpática moeda líquida, mas era um pouco incómoda para
ser transportada no bolso.

Tantos outros exemplos seriam dados para ilustrar algumas das desvantagens que a
primeira forma de moeda tinha no seu manuseamento. É neste âmbito que surge o
inconformismo do homem vendo-se, evolutivamente, obrigado a procurar novas formas de
moeda que ultrapassassem as desvantagens da forma de moeda então vigente.

É nesta perspectiva que até por volta do século XIX a moeda estava limitada aos metais
preciosos, com o surgimento da segunda forma de moeda: a moeda metálica.

Esta forma de moeda estava, essencialmente circunscrita a ouro e prata que apresentavam
as seguintes vantagens básicas:
§ Durabilidade

Adelino Jeque Pimpão 139


Introdução a Economia

§ Divisibilidade
§ Homogeneidade
§ Peso igual e valor igual
§ Facilmente reconhecíveis
§ Fácil de transportar (manuseável)

A aceitação da comunidade de circulação concomitante do ouro e da prata é conhecido


como sistema bimonetarista. Mas, resultante das características químicas da prata de,
facilmente, se oxidar em contacto com a humidade, foi suplantada pelo metal ouro com o
seu peso específico que torna detectável alguma possível falsificação ou adulteração pela
incorporação de outro metal.

Mesmo assim, importa aqui notar que durante muito tempo, este metal foi utilizado
simultaneamente com a prata. A partir da descoberta de mais minas de prata na América do
Sul, situação que fez com que este metal inundasse o mercado europeu e daí as pessoas
preferissem ouro em detrimento da prata. Basta notar que um grama de ouro equivalia a
doze gramas de prata, ponto que explica a propensão das pessoas de se libertarem da prata
retendo nos seus bolsos o ouro.

Foi a partir dessa, aparentemente, constatação empírica que Sir Thomas Gresham
elaborou a sua lei, conhecida na literatura económica como LEI DE GRESHAM que enuncia
que "a má moeda, a moeda ruim expulsa a boa moeda da circulação".

Esta lei pode ser ilustrada mediante um exemplo de um acampamento de prisioneiros de


guerra.

Assume-se, neste exemplo, que todos os soldados fumam (aceitabilidade no meio dos
soldados) e não têm contacto com o exterior senão com a Cruz Vermelha Internacional,
organismo doador dos bens alimentares e outros mantimentos, incluindo cigarros. Os
fumadores de cigarros não fazem dieta, pois este bem, subjectivamente e para muitos
fumadores, tem servido de "calmante de nervos, activador de memória e de pensamentos,

Adelino Jeque Pimpão 140


Introdução a Economia

ajuda para tomada de grandes decisões, etc", situação que torna o seu consumo rotineiro,
produto que acaba primeiro entre todos (tornando-se raro) e é o que sofre maior pressão
de procura.

Do exposto no parágrafo anterior constata-se que o cigarro é suficientemente raro naquele


acampamento, sabe-se que um maço de cigarros tem vinte unidades, portanto o maço é
divisível. A raridade do cigarro naquele espaço faz com que os necessitados aceitem
entregar outros bens em troca de cigarros, pelo que o cigarro passou a ser equivalente de
trocas e geralmente aceite pelos prisioneiros do acampamento.

Os cigarros têm diferentes marcas e por conseguinte a classificação em bons e maus


cigarros. Assim no acto de troca, os intervenientes que sacrificam os cigarros para obter
outros bens, o farão entregando os cigarros maus e retendo consigo os bons cigarros. Desta
forma passam a circular os maus cigarros, enquanto os bons ficam nas mãos dos seus
utentes.

Com este exemplo, muito simples, fica integralmente, demonstrada a lei de Sir Thomas
Gresham.

Constata-se que o transporte do ouro e prata quando fosse em muita quantidade, era
facilmente detectado, o que acarretava sérios riscos de roubos e assaltos. Então os homens
descobrem que criando casas com segurança para guardar o dinheiro daqueles que tinham
poupanças, contra a emissão de um certificado que confirma que o portador daquele bilhete
era possuidor de valores monetários em casa de moeda, era um negócio rentável cujos
serviços eram muito procurados.

Este certificado de depósito, rapidamente se difundiu entre as sociedades e ganhou


credibilidade e aceitação entre as pessoas de tal forma que muitas transacções foram sendo
pagas mediante a apresentação do certificado em substituição da prata e do ouro vivos que
eram guardados nas casas de moeda.

Adelino Jeque Pimpão 141


Introdução a Economia

Este marco histórico cria mais uma forma de moeda que é a moeda-papel. Estes
certificados na sua primeira forma representavam o ouro e prata guardados em casa de
moeda, isto é, o valor inscrito no certificado correspondia exactamente, as quantidades de
metais depositados nas casas de moeda e que o seu portador podia, a qualquer momento,
reclamar o seu montante em ouro e prata na casa de moeda. Esta é a primeira apresentação
da moeda-papel que é a moeda representativa.

Um banqueiro de nacionalidade sueca, PALMSTRUCH (como toda legião de donos de casas


de moeda) constata, empiricamente que os seus clientes nunca levantavam os seus metais
até a nulidade, isto é, nunca sacavam todo o dinheiro. Esta constatação revolucionou o
mundo das finanças naquela época, pois foi a partir de então que os donos de casas de
moeda começaram a emitir certificados acima do valor real existente em depósito, na
crença de que seriam igualmente aceites.

Se os certificados eram aceites e estes novos sem contrapartida real em casa de moeda,
então se estava perante a criação de nova moeda com contrapartida parcial, que na
realidade circulava e intermediava trocas na base de "fidus", do latim quer dizer confiança,
fé. Portanto, estamos em presença de outra modalidade que toma a moeda-papel que é a
moeda fiduciária, que não era mais que um processo de multiplicação dos depósitos na
base da confiança e aceitabilidade que os certificados já granjeavam entre as pessoas, já
conhecidas como notas de banco. Começa aqui o processo contínuo da desmaterialização da
moeda.

O excedente (a parte que sempre ficava dos levantamentos dos depositantes) era utilizado
para conceder financiamentos a terceiros mediante pagamento de usura pelos mutuários
que constituía uma grande fonte de acumulação de fortuna pelos donos das casas de moeda.
Esta prática veemente proibida tanto pela Bíblia como pelo Alcorão, pelo que foi
desenvolvida pelos judeus e mais tarde pelos protestantes.

Adelino Jeque Pimpão 142


Introdução a Economia

Dada a lucratividade do negócio, começaram a surgir muitas casas de moeda no mercado


com o intuito de ganhar mais pelo que as notas sem contrapartida inundaram o mercado e o
descontrolo veio ao de cima.

Assim o sistema, paulatinamente, começou a falhar e a desconfiança instalou-se no seio dos


agentes económicos que culmina com as corridas ao banco - uma situação em que todos os
depositantes ou portadores de certificados vão ao banco e ao mesmo tempo, exigir a
convertibilidade dos seus certificados em metais de ouro e prata, inscritos no valor facial de
cada certificado, ou o mesmo que, reclamar o levantamento de todo o seu dinheiro
depositado nos bancos.

Perante este quadro assiste-se a um total desordenamento do sistema financeiro


construído. As pessoas perdem confiança na moeda fiduciária, muitos bancos ruíram e com
eles as vidas dos respectivos donos, assiste-se a um desastre financeiro e a economia
ressentiu-se desse facto.

Assim retornou-se a metais para intermediação o que reduziu, substancialmente, o volume


de transacções e o desempenho da economia.

O Estado chama a si a responsabilidade de resolver a questão para recuperar a fé do sistema


que já desvanecia que tornava a velocidade de rotação do dinheiro ainda mais lenta perante
uma crescente divisão de trabalho e especialização.

O Estado no âmbito das suas competências passa a sí a responsabilidade de emitir notas ou


uma instituição por si nomeada (geralmente o Banco Central ou o Tesouro). Esta nova
moeda não tem equivalência de ouro ou prata ou ainda outro metal, nem por uma pura
questão de confiança, mas porque o Estado confere a essa moeda um curso forçado que
dispensa o banco da sua conversão por força da lei, o que conduz ao aparecimento do papel
moeda a que o Estado reserva-se o monopólio de sua emissão.

Adelino Jeque Pimpão 143


Introdução a Economia

Como se pode observar o Estado declarou inconvertível o papel-moeda, determinou, por lei,
o seu curso forçado, estabeleceu o seu valor que se concretiza no papel.

Esta é a forma de moeda que circula em todas as partes e países do mundo segundo a
escolha dos respectivos Estados que garantem a sua estabilidade interna e externa com
políticas apropriadas e o seu curso forçado protegido por lei.

Esta é a moeda considerada moeda e não como mercadoria e como Paul Samuelson dizia
"...é desejada não por si mesma, mas pelas coisas que ela é susceptível de comprar. Não se
deseja utilizar a moeda directamente, mas, sim, utilizá-la gastando-a. Mesmo quando se decide
utilizá-la aforrando-a, o seu valor deriva do facto de a podermos gastar mais tarde." - Paul
Samuelson, in Economia 12ª Edição pág.326.

Não se deseja dinheiro em si porque não tem valor intrínseco, senão pela capacidade de ser
meio de troca, de por meio dele adquirir uma máquina de barbear, uma refeição, uma
consulta médica e outros afins.

SECÇÃO 2. TIPOS DE MOEDAS


O uso do papel moeda, hoje em dia, como dissemos está generalizado.

Da exposição depreende-se que a moeda sempre foi uma convenção da sociedade, produto
da criação dos homens.

Sabe-se que uma das operações mais importantes realizadas pelos bancos é a aceitação de
depósitos do público.

Comecemos com um exemplo simples, um fulano que deposita em banco e na sua conta dez
mil de Meticais. Seguidamente este mesmo indivíduo precisa de efectuar um pagamento de
3 mil de MT correspondentes a propinas anuais na sua universidade.

Adelino Jeque Pimpão 144


Introdução a Economia

Poderá sacar um cheque sobre o seu banqueiro e entregá-lo à secretaria da sua faculdade
ou sacar o dinheiro directamente no seu banqueiro e entregar em numerário naquele
montante. Caso seja a última situação, o pagamento acaba sendo efectuado com recurso a
papel-moeda.

No entanto, pode suceder que o estudante saque um cheque a favor da sua faculdade e esta
não precise do dinheiro vivo imediatamente e seja cliente do mesmo banco. Neste caso,
remeterá o cheque ao seu banqueiro mediante depósito na sua conta, naquele montante.

Assim o pagamento será efectuado mediante um simples jogo de escritas - o banco debita a
conta do devedor (estudante) e credita a conta do beneficiário (a sua faculdade). Não houve
intervenção da moeda corrente, mas o estudante efectuou o pagamento das suas propinas,
portanto liquidou as suas obrigações. Estamos perante uma forma de moeda, constituída
pelos depósitos à ordem que é a moeda escritural ou simplesmente moeda bancária,
porque a circulação dos depósitos se resume a um simples jogo de escrita nos bancos.

O cheque apresenta vantagens acrescidas sobre a moeda manual (numerário) e uma delas é
a segurança, porque, por exemplo, se perder o numerário fica taxativamente irrecuperável,
enquanto se perder o cheque, não perdeu o seu dinheiro que está depositado em banco. O
que, obviamente, terá que fazer é comunicar o seu banqueiro da ocorrência para não
transaccionar o/s cheque/s perdido/s.

Outra vantagem é conveniência. Imagine que pretende enviar a um amigo ou familiar o


valor de 102,00 MT por correio em cheque ou em numerário.

Outra vantagem adicional por meio de cheque facilmente pode provar a existência da
operação/transacção o que obviamente não pode fazer com recurso ao dinheiro manual
(numerário).

Última vantagem no presente apontamento é que torna o dinheiro extremamente


manuseável porque o dinheiro existe simplesmente como registo de entrada e saída no

Adelino Jeque Pimpão 145


Introdução a Economia

banco, portanto, não precisa transportar para transferir para outrem. Depreende-se que o
cheque serve de instrução para o seu banqueiro para sacar o dinheiro da sua conta bancária
para a conta do sacado/beneficiário.

Entretanto, é preciso notar que o cheque é inconveniente e o seu processamento é bastante


oneroso para transacções envolvendo montantes pequenos.

Nos nossos dias, assiste-se a uma evolução bastante gigantesca nas espécies de moeda
disponíveis. Esta evolução e inovação permitem que hoje em dia sejam encontradas duas
formas de moeda associadas ao desenvolvimento tecnológico, fundamentalmente, no ramo
da informática e fedúcia entre os operadores do sistema.

A primeira forma deste tipo de moeda é a moeda electrónica que resulta da utilização dos
cartões informatizados em máquinas postas pelos bancos a disposição dos seus clientes em
lugares fora das suas instalações (centros comerciais, ruas, grandes paragens de autocarros
e caminho de ferro, etc.), que permite a todo o momento o acesso a sua conta no banco.

A segunda forma é a moeda informática, que resulta da utilização do computador pelos


agentes económicos para realizar as suas transacções comerciais, bastando uma terminal na
sua empresa que os liga ao seu banqueiro, o que permite a que as instruções informatizadas
agilizem os seus negócios tornando as operações mais rápidas e eficazes.

SECÇÃO 3. FUNÇÕES DA MOEDA


Depois de nos termos debruçado sobre a origem histórica da moeda, importa ver as funções
que efectivamente são desempenhadas pela moeda.

Não é intenção deste trabalho que K2se pretende que seja um texto de apoio, ser acabado,
mas sim enunciar aquelas funções que por sua natureza se revelem de importância
conhecer. É evidente que com o desenvolvimento económico novas funções vão surgindo.

Adelino Jeque Pimpão 146


Introdução a Economia

A primeira função que está imediatamente associada a origem histórica da moeda é de


servir de intermediária de trocas o que reduz o tempo de transacções, elimina o problema
da reciprocidade de necessidades, permite por isso, maior especialização e divisão de
trabalho.

Outra função, igualmente, associada a origem da moeda é de servir de meio de


pagamentos.

A terceira função é que serve de medida de valor quer dizer que facilita a avaliação, em
termos quantitativos, dos bens produzidos por ser medida de referência.

A moeda ainda desempenha a função de reserva de valor pela capacidade de transposição


no tempo do valor de uma mercadoria ou da riqueza que pode ser hoje vendida e o dinheiro
guardado para no futuro efectuar outra aplicação financeira. É uma virtude que a moeda
tem sem que se amortize como sucede com muitas mercadorias correntes.

Ainda, a moeda tem o poder liberatório, uma capacidade reservada a moeda de poder
liquidar todo o tipo de obrigações com terceiros, portanto, capacidade de poder pagar ou
saldar as dívidas.

Outra função desempenhada pela moeda e que se revela de utilidade interessante e que está
associada a trocas creditícias é que a moeda se constitui em padrão de pagamentos
creditícios.

Entre economistas, ainda se considera existir outra função da moeda que se associa ao seu
fetichismo, em que os homens depositam a sua sorte no dinheiro e marca a diferença entre
os que possuem e não possuidores. Esta é a recente função símbolo de poder.

Depois de se ter estudado a evolução histórica da moeda e as suas funções, julga-se de


interesse fazer-se a abordagem da moeda como mercadoria, para além de servir de
intermediário de trocas, ela também constitui objecto de troca.

Adelino Jeque Pimpão 147


Introdução a Economia

Do que foi exposto, entende-se que existe um lado que procura a moeda e outro que oferece
e por entendimento, entre eles, estabelece-se um preço de troca.

Neste quadro, a moeda como outra mercadoria qualquer, tem um lugar, seja ele económico
ou real onde ela é trocada e a este lugar denomina-se mercado monetário, como existe o
mercado do chá, do café, do camarão, do açúcar, etc.

Sistematizando, quer dizer que o mercado monetário é o lugar onde se efectuam trocas com
horizonte temporal reduzido (curto prazo), enquanto, se se tratar de operações de horizonte
temporal mais dilatado (longo prazo), envolvendo activos financeiros, estaremos na presença
do mercado de capitais.

Tal como foi feito nas aulas anteriores, quando estudaram a teoria do mercado, vamos
analisar o lado da procura da moeda, começando por encontrar os factores ou motivos que
conduzem as pessoas a procurarem a moeda?

Várias podem ser as razões que pressionam as pessoas a procurarem moeda. Hoje, existem
diferentes tipos de ofícios cuja motivação está o salário pecuniário, desde o varredor da rua
até aos ilustres senhores com doutos nas diferentes áreas do saber, passando pelos
políticos, músicos e outros.

Antes de responder a questão, talvez fosse útil sistematizar o conceito de moeda como "um
bem que, de modo geral, não tem utilidade em si mesmo, apenas tem utilidade indirectamente
por aquilo que permite adquirir. Mas que satisfaz as funções de unidade de cálculo,
instrumento de trocas, reserva de valor e meio de pagamentos diferidos e goza das
características de aceitabilidade (geral no espaço a que se refere), trocabilidade e liquidez
(disponibilidade) e que, por isso, confere um direito de saque sobre o produto nacional, direito
esse caracterizado pela seguinte indeterminação: obter o que quiser, aonde quiser, a quem
quiser e quando quiser" Maria Irene de Carvalho in Economia Monetária pág 1.4.

Adelino Jeque Pimpão 148


Introdução a Economia

SECÇÃO 4. MOTIVOS PARA PROCURAR MOEDA


Todos os motivos, obviamente, que directa ou indirectamente estarão associados as funções
que muito sucintamente estão a disposição do saber dos estudantes. Aqui vamos indicar
três motivos que, grosso modo, respondem a questão.

O primeiro é o motivo transaccional, quer dizer que as pessoas procuram dinheiro para
fazer compras de tudo quanto necessitam o que está associado a função intermediação de
trocas da moeda e medida de valor.

Também pode-se dizer, simplesmente que é para pagar as contas e este motivo está
dependente do rendimento (Y) numa relação directa. Isso quer dizer que quando mais
tiver, mais transacções estará disposto o individuo a efectuar e nada tem a ver com a
taxa de juro.

Para além disto, ninguém sabe do que vai ocorrer no dia seguinte, nos tempos futuros,
portanto existe uma ideia nas pessoas de se precaverem hoje para a incerteza do amanhã.
Neste quadro, tendo a moeda a capacidade de transportar no tempo o seu valor, portanto a
função reserva de valor, as pessoas procuram o dinheiro hoje por motivo precaucional.

O terceiro motivo que leva as pessoas a procurarem moeda é a possibilidade de poder


rentabilizar a dotação inicial de dinheiro que tiverem, trata-se do motivo especulativo.

Por outras palavras, a possibilidade que se coloca de jogar no mercado de acções e


obrigações (títulos) na base da lei: comprar na baixa e vender na alta põe a procura de
moeda para este fim a depender da taxa de juro.

Detenhamo-nos para analisar o conceito das obrigações. Obrigações não são mais nada que
promessas feitas por quem pega/pede emprestado para pagar a quem deve um certo
volume (principal) em uma data específica (data da maturidade da obrigação) e adicionado
a um dado volume de juros por ano.

Adelino Jeque Pimpão 149


Introdução a Economia

Enquanto as acções são também promessas de pagamento de uma parte de lucros de uma
empresa. As empresas pagam dividendos, significando que os detentores de acções recebem
um certo volume dinheiro proporcional às suas acções.

Portanto, estamos, duma forma geral, na presença de três motivos que levam as pessoas a
procurarem, a todo o custo, a moeda que por um motivo ou outro ou ainda, todos
conjugados.

Concluindo, pode-se afirmar que a procura de moeda depende das seguintes variáveis:
i. Rendimento (Y).
ii. Inflação que é o nível geral de preços
iii. Taxa de juro ou preço da liquidez ou ainda custos de oportunidade.

Quando tomamos em consideração a evolução do preço, como no caso acima na procura de


moeda, então estamos a falar de procura de moeda nominal ou também se diz procura por
encaixes nominais.

Se pelo contrário, a procura de moeda for em função das quantidades de bens que uma
determinada quantidade de dinheiro pode comprar, portanto expurgando (retirando) o
factor evolução do preço (inflação) ou sem tomar em consideração ou abstraindo-nos dos
preços, estaremos a falar da procura de moeda real ou procura de moeda por encaixes reais,
que depende exclusivamente do rendimento real e da taxa de juro (Y, i).
Onde,

Adelino Jeque Pimpão 150


Introdução a Economia

Em termos práticos, estamos a dizer que os indivíduos detêm moeda para financiar
as suas despesas que dependem do rendimento. Por sua vez a procura de moeda
depende do custo da sua posse que é o juro que incorre por tal posse ao contrário do
que acontece com os outros activos. Quanto mais alta a taxa de juro mais cara se
torna a moeda em relação aos outros activos.

Sumariamente, a procura por encaixes reais aumenta com o nível do rendimento


real e diminui com a taxa, formalizando fica assim configurado Ld = Y - bi

Ld = Procura de moeda
Y = Rendimento
b > 0 = sensibilidade de procura de moeda em relação à variação da taxa de juros
i = níveis de taxas de juro.

Estas variáveis não são as únicas que influenciam a procura de moeda, pois existem outras,
como o próprio quadro institucional quando determina as formas de pagamento. A procura
de moeda para transacções será inferior numa economia que utiliza cartões de crédito do
que numa economia onde predominem meios mais líquidos de pagamento. Outra variável
qualitativa é o nível de desenvolvimento dos meios de comunicação como o recurso aos
correios e efectuar pagamentos com vales de correio e outras formas de pagamento (Aliás,
basta recordar as formas desenvolvidas de moeda estudadas).

SECÇÃO 5. BANCOS
Banco Central
Posto isto, em termos práticos, coloca-se-nos uma pergunta óbvia, quem, efectivamente,
oferece dinheiro ao sistema, quem injecta (na óptica de emissão) o dinheiro na
economia? Quem tem esta responsabilidade de dar o que todos, de diferentes formas e
para propósitos vários, procuram?

Adelino Jeque Pimpão 151


Introdução a Economia

Quando estudamos a evolução histórica da moeda na sua fase de papel-moeda,


dissemos que uma das suas características era de que tinha circulação forçada e já não
possuía contrapartida real em ouro e prata, mas pela força da lei, o Estado designava o
seu agente de emissão que era o Banco Central.

Então, é este, o Banco Central, quem determina a oferta monetária no sistema


económico, também conhecido como Banco de 1ª Ordem. O volume dos meios de
pagamento é determinado pela via da programação tendo presente o comportamento
do sector real da economia (produção) e da sua competitividade externa. São as
seguintes as tarefas que o Banco Central realiza:

i. Tem o monopólio da emissão da moeda legal do país. Importante


notar não é em todos os países que a emissão legal é feita pelo
Banco Central, por vezes é feita pelo Ministério do Tesouro que
no caso moçambicano corresponderia o das Finanças ou
Fazenda, nos quadrantes.

ii. Funciona como prestamista da última instância do sistema


bancário, que para tal utiliza o preço chamado taxa de
redesconto, comummente conhecido como o Banco dos Bancos.

iii. É o financiador do Estado, funciona como tesoureiro do Estado o


que quer dizer que o Banco Central deveria sempre estar
disponível a financiar o défice do orçamento estatal, através de
compra de títulos ou emissão de mais moeda. Esta função tende
a diminuir, dada a reclamação da autonomia do Banco Central,
naquilo que se chama divórcio entre o Tesouro e o Banco Central.

iv. Garantir a estabilidade interna e externa da moeda. A


estabilidade interna implica reduzir e controlar a inflação
garantindo a estabilidade do valor interno da moeda. Enquanto a

Adelino Jeque Pimpão 152


Introdução a Economia

estabilidade externa tem a ver com a evolução da taxa de câmbio,


portanto da relação que uma determinada moeda tem com as
restantes moedas do resto do mundo.

Importante reter que o Banco Central não se relaciona com o público (singulares e
empresas estatais e privadas). Este papel é reservado às instituições de intermediação
financeira, entre elas, papel importante é desempenhado pelos Bancos Comerciais e
historicamente, os primeiros a surgir, no norte da Itália (Siena e Florência), zona do
Lombard.

Assim os bancos comerciais (Bancos de 2ª Ordem) ao aceitar depósitos com


remuneração, permitem uma maior propensão a poupar facilitando a existência de
fundos para o incremento da propensão a investir.

A taxa praticada pelos bancos comerciais tanto para operações activas como passivas,
chama-se taxa de juro para crédito e para depósitos respectivamente.

A taxa de juro é o preço ou custo que o possuidor legal de moeda


atribui a perda de liquidez quando empresta a alguém, ou ainda, é o
preço que o utente está disposto a pagar para utilizar a liquidez, logo,
sucintamente, pode-se dizer que a taxa de juro é o preço do uso de
liquidez ou é a medida de custo de oportunidade.

Esta definição conduz-nos a analisar a liquidez como sendo a capacidade que qualquer
activo tem de se transformar imediatamente em outro activo isto é catana
transformar-se em papaia e esta em carne e por sua vez em casa e esta última em
viatura, a viatura em acções e as acções em dinheiro fresco.

Adelino Jeque Pimpão 153


Introdução a Economia

Como preço do dinheiro, teoricamente, quer dizer que quanto maior for a taxa de juro
menor será a procura do moeda e vice-versa, ceteris paribus, a curva de procura é
negativamente inclinada.

Para as instituições financeiras, quanto maior for o preço do dinheiro maior será a
disposição de colocar a moeda à disposição do público (singulares e empresas), as
demais condições constantes, posto que os bancos comerciais funcionam como se de
uma empresa qualquer se tratasse, com o objectivo fundamental de maximizar lucros,
a curva de oferta do crédito é positivamente inclinada.

Este comportamento será semelhante aos Bancos Centrais?

· A resposta, é, obviamente não. Posto que primeiro, como dissemos, os Bancos


Centrais não se relacionam directamente com o público e vimos que os grandes
objectivos do Banco Central, diferentemente dos bancos comerciais não é
maximizar lucros.

Neste quadro, o Banco Central segue objectivos do Governo que são, genericamente, os
seguintes:
· O nível de produção (Crescimento económico);
· Promoção do emprego e por isso redução do desemprego;
· Redução e controlo da inflação (nível de preços);
· Equilíbrio de contas externas (Balança de Pagamentos).

Isso quer dizer que o Banco Central emite a moeda observando o comportamento da
produção cujos meios de pagamento vão financiar, como se viu através da identidade
contábil ou equação de trocas.

Concluindo, pode-se dizer que a emissão monetária, pelo Banco Central, não depende
do comportamento da taxa de juro, senão de variáveis acima indicadas. Desta forma, a

Adelino Jeque Pimpão 154


Introdução a Economia

decisão do Banco Central de emitir ou desemitir mais ou menos é independente do


comportamento da taxa de juro.

O Banco Central relaciona-se com os bancos comerciais e estes por sua vez, com o
público, entre singulares e empresas como ilustra a figura abaixo.

As operações realizadas pelos bancos comerciais com o público podem ser de


intermediação, cuja noção veremos a seguir.

Banco comercial como empresa


Os bancos ocupam uma posição estrategicamente importante no quadro económico.
Esta posição pode ser pontificada pelos episódios sobejamente conhecidos da história
mundial. Só para citar exemplo, os colapsos bancários dos anos trinta (a grande
depressão), fizeram com que a economia se ressentisse, seriamente, desse facto.

Os bancos com a moeda, separam, definitivamente, as operações e momentos de


poupança e de investimento.

Historicamente, os bancos comerciais desempenharam a função de recolher fundos em


troca de activos financeiros das unidades com superávite e transferir para as unidades
necessitadas e assim, eliminar o risco do investimento.

Os bancos, à feição de empresas industriais, lojas comerciais, podem ser de


propriedade privada ou mista, sendo a obtenção do lucro o seu objectivo principal.

As perguntas que se seguem são como é que os bancos conseguem através das suas
operações, e como que as operações monetárias induzem o sistema bancário a
participar no processo de estabilização económica.

Adelino Jeque Pimpão 155


Introdução a Economia

Mas a medida que os bancos comerciais vão participando no processo de estabilização


económica, eles vão criando moeda através da intermediação financeira consistente na
transição de meios financeiros dos poupadores para os investidores.

Para melhor compreensão de tal mecanismo, importa determo-nos a analisar, com


recurso ao princípio de partidas duplas ou dobradas, como são realizadas tais
operações a ponto de permitir aos bancos comerciais criarem moeda.

Economicamente, a moeda é o somatório das notas e moeda metálica ou divisória em


circulação (ou ainda nas mãos do público) (NMC) e parte do dinheiro que sendo do
público está depositada à ordem ou à vista (DO) nos cofres dos bancos comerciais, que
representa uma exigibilidade destes.

M1 = NMC + DO

Esta componente representa o activo perfeitamente líquido que pode ser


transformado, com facilidade em outro tipo de activo sem nenhum custo de
transformação ou transacção, que é comprar bens por exemplo.

Se a este activo perfeitamente líquido agregado no M1, associarmos-lhe outro tipo de


depósito que não são à ordem, mas sim depósitos a prazo (DP) ou com pré-aviso,
teremos um agregado mais lato que é o M2.

M1 + DP = M2

Para alguns países, o M2 representa os meios totais de pagamento. Noutras economias


com um mercado financeiro mais desenvolvido, o conceito de meios totais de
pagamentos é mais abrangente e inclui outro tipo de activos e assim passam para M3,
M4, M5, etc.

Adelino Jeque Pimpão 156


Introdução a Economia

Como vimos, o Banco Central monopoliza a função de emissão de meios de pagamento


legais de circulação forçada. Mas os bancos comerciais, por sua vez, podem criar meios
de pagamento (moeda), através do passivo do próprio balanço (exigibilidades),
portanto, maioritariamente através dos depósitos seus clientes que repassam em
forma de crédito aos investidores sem dinheiro.

ACTIVIDADE 7: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões

Diga se Verdadeiro (V) ou Falso (F) para as seguintes afirmações:

1. O papel-moeda tem circuito forçado, quer dizer, que circula na base da


obrigatoriedade da lei emanada pelo Estado, por isso, nessa situação uma economia
monetarizada é difícil retornar ao escambo.

2. Sem a moeda fiduciária não seria possível o surgimento da moeda representativa


que revolucionou a actividade económica com a pratica da usura.

3. A credibilidade e a aceitação do certificado de depósito entre as pessoas precipitou


(conduziu) ao surgimento do papel-moeda em substituição do ouro e prata vivos.

4. O papel-moeda e moeda-papel são, na prática, mesma coisa. Precisam de ser aceites


para serem dinheiro.

5. Dizer que a má moeda expulsa a boa da circulação é o mesmo que dizer que as
pessoas não libertam a boa moeda.

6. Para qualquer coisa ser equivalente geral de trocas deve ter como base o nível de
credibilidade entre as populações.

Adelino Jeque Pimpão 157


Introdução a Economia

7. É quase tudo ou nada, mas todo o bem pode ser moeda basta que para tanto as
populações convencionem.

8. A febre de coincidir as vontades dos intervenientes de troca numa economia de


escambo resultava numa situação aparentemente contrária: a vontade de coincidir.

9. Dizer hoje que os bancos centrais não perseguem lucros é uma utopia, como
pagariam salários aos seus trabalhadores, como faria investimentos em delegações e
equipamentos informáticos. Por isso que precisam de lucros sim a par das funções
de lei.

10. A moeda electrónica é prova de que quando há confiança o papel moeda vivo é
dispensável nas transacções.

11. Os bancos comerciais ao darem crédito aos seus clientes estão a criar novo poder de
compra e por isso estão a criar moeda.

12. Os bancos centrais ao serem bancos dos bancos quer dizer que lidam com os bancos
comerciais e não com o público, entre outros argumentos.

II PARTE

Escolha múltipla:

1. A economia desejará sempre ter muito dinheiro pelo seguinte:


a) Motivos transaccional, precaucional e especulativo;
b) Fetichismo em que os homens depositam a sua sorte no dinheiro;
c) Todas funções que desempenha;
d) (a) e (d)
e) Todas as respostas anteriores;
f) Nenhuma das respostas anteriores;

2. A descoberta de Palmustruch trouxe para a evolução histórica da moeda:


a) Benefícios adicionais na vantagem do ouro sobre a prata;
b) Conhecimentos sobre o comportamento do Estado no controlo das casas de
moeda;

Adelino Jeque Pimpão 158


Introdução a Economia

c) Um interesse maior sobre o funcionamento do sistema bimonetarista;


d) Todas as respostas anteriores;
e) Nenhuma das respostas anteriores;
f) a, b.

3. A lei de Gresham trouxe para a evolução histórica da moeda:


a) Benefícios adicionais na vantagem do ouro sobre a prata;
b) Conhecimentos sobre o comportamento das casas de moeda e as suas opções na
prática da usura;
c) Um interesse na importância do crédito na economia e o papel das casas de moeda;
d) (a), (b)
e) Todas as respostas anteriores;
f) Nenhuma das respostas anteriores;

4. Em economia de escambo, a troca directa só se efectivava (se tornava possível)


quando:
a) Não era possível trocar um artigo por outro de igual valor de uso e de troca;
b) O valor atribuído ao bem por cada indivíduo tivesse avaliação pessoal de um
ganho igual ou superior ao bem abdicado;
c) O tempo de troca era maior que o tempo de produção;
d) Todas as respostas anteriores;
e) Nenhuma das respostas anteriores;

5. Quando se paga um cheque que não tenha dinheiro na conta é como se tivesse sido
dado crédito:
a) Ao sacador do cheque
b) Ao sacado do cheque
c) A ambos (sacado e sacador)
d) Todas as respostas;
e) Nenhuma das respostas.

6. Os bancos centrais são diferentes dos bancos comerciais por:


a) Não se relacionarem com o público;
b) Não concederem crédito aos seus trabalhadores;
c) Emitirem notas e moedas;
d) (a) e (b)
e) Todas as respostas
f) Nenhuma das respostas

7. A função estabilidade interna e externa do banco central tem a ver com:


a) Inflação
b) Taxa de cambio;
c) Investimento no país
d) Ambiente de negócios
e) (a) e (b)

Adelino Jeque Pimpão 159


Introdução a Economia

f) Todas as respostas
g) Nenhuma das respostas.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
· Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política
· Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
· Das Neves, J C. Introdução a Economia
· Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
· Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
· Miller, R. Microeconomia
· Vasconcelos, M. Economia Básica

Adelino Jeque Pimpão 160


Introdução a Economia

UNIDADE VIII - INFLAÇÃO


UMA ABORDAGEM GERAL
“A inflação constitui hoje um problema
social central. Ultrapassando o económico
invade o político, o ideológico, o psicológico,
o social na sua globalidade.”
Carlos Pimenta
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM:

§ Dominar o conceito de inflação;


§ Ser capaz de explicar a inflação através da teoria quantitativa da moeda;
§ Identificar os diferentes tipos de inflação;
§ Enumerar as diferentes consequências da inflação.

Secções de estudo
Nesta unidade, o amigo estudante vai estudar as seguintes secções:
Secção 1 Conceito de inflação
Secção 2 Teoria Quantitativa da Moeda
Secção 3 Tipos de inflação
Secção 4 Consequências de inflação

PARA O INICIO DA CONVERSA


Pelos órgãos de comunicação social, nos discursos de políticos ou nas intervenções de
economistas, acredito que o estudante já terá tido a oportunidade de ver escrita ou ouvir a
falar da palavra inflação, sem que no entanto e, eventualmente, se tivesse preocupado ou
sabido ao certo do que é que tal palavra significava, e, muito menos porque é que preocupa
tanto as autoridades e os especialistas.

Entretanto, creio ter a certeza que já terá ouvido na rua comentários como este e que quem
sabe talvez mesmo saído da boca do amigo estudante:
§ Poderia comprar mais com o meu salário a dois anos atrás do que posso fazer hoje;
§ Os salários sobem pelas escadas enquanto os preços dos produtos sobem pelo
elevador;

Adelino Jeque Pimpão 161


Introdução a Economia

§ Estava melhor antes que hoje;


§ Agora o dinheiro está a ter valor e muita aceitação.

Não pode ser considerada uma utopia acreditar que nos próximos anos, em Moçambique
entrará explicitamente no léxico eleitoralista ou para justificar a reeleição por ter baixado a
inflação ou ainda para indicar que é a pessoa indicada a ser eleita para reduzi-la e
estabilizá-la.

Ainda mais o sentimento popular é forte contra a erosão do poder de compra da moeda e
com ela o aumento do custo de vida a ponto de exigir, individual ou colectivamente, que o
Governo deve fazer algo para parar ou reverter a situação.

Estamos a chegar ao frequente axioma político de que a inflação é má por isso não
desejável.

Sendo assim, o estudante por meio deste curso, terá a rara oportunidade de ver discutido o
assunto nas aulas de que sugerimos que seja um sujeito participante activo.

Para facilitar a sua compreensão será usada uma linguagem simples quanto possível, para
explicar o conceito, origem e consequências da inflação na economia, mas a partir da teoria
quantitativa da moeda.

Metodologicamente, preferimos antes de entrar na própria análise da inflação, explicarmos


os postulados básicos da Teoria Quantitativa da Moeda.

SECÇÃO 1. CONCEITO DE INFLAÇÃO


Agora, as condições estão criadas para o estudante, perceber a explicação da inflação a
partir da teoria quantitativa da moeda, tomando que a última já é um dado adquirido.

Adelino Jeque Pimpão 162


Introdução a Economia

Antes de mais importa, vermos afinal que o será INFLAÇÃO, o fenómeno que é apontado
como objectivo de políticas económicas de todas as autoridades.

Assim, a inflação é um fenómeno de elevação do nível geral de preços.

1)Sua natureza: a inflação sugere a ideia de "inchaço", "inflamação".

HARBERRGER dizia que o elemento que provoca inflação é a moeda, pois sem inflação
monetária, dizia ele não haveria inflação que constitui o ingrediente básico.

2) Magnitude de taxa de elevação dos preços: quando podemos nós afirmar que a esta taxa
de facto existe inflação.

SHAPIRO nisso reconhecia, a ambiguidade deste tipo de reflexão, mas afirmava que
elevação apreciável era como sinónimo de considerável ou suficientemente grande.

3) Dimensão do factor tempo: Portanto, não basta subir hoje os preços para no dia seguinte
se manterem a esse mesmo nível pois, para se dizer que existe inflação, é necessário que
essa subida seja persistente, continuada ou programada, portanto, na tendência altista a
persistir por períodos prolongados de tempo.

4) Abrangência do fenómeno - é necessário que o fenómeno seja macroeconómico que não


se limite a um único produto senão, em média, a muitos (o aumento do preço do pão, da
gasolina dos automóveis, aumento dos salários, rendas das casas, dos vestuários dos
transportes, das entradas às pistas de dança, dos cigarros etc...)

Assim INFLAÇÃO, será um fenómeno macroeconómico, dinâmico e de natureza monetária


caracterizado por uma subida apreciável e persistente do nível geral dos preços.

A medida correntemente utilizada por medir a inflação é o índice do preço ao consumidor


(IPC), que mede o custo de um cabaz de bens e serviços adquiridos pelo consumidor no

Adelino Jeque Pimpão 163


Introdução a Economia

mercado. Os principais grupos desse cabaz são os produtos alimentares, o vestuário, as


despesas com habitação, os combustíveis, transportes e despesas com cuidados com a
saúde.

Portanto, segundo a teoria quantitativa da moeda este comportamento dos preços é


motivado pela quantidade de meios de pagamentos que excede bens e serviços
transaccionados.

Caso de estudo
Suponha que a Sra Cristina Raquel é uma mãe solteira do menino Queco Brites. Ela é uma
secretária na importante empresa Tatenda, SA. Usando este caso vamos ilustrar
brevemente a inflação com base no orçamento dela.
Orçamento ano passado
Janeiro Orçamento este ano
Janeiro
Alimentação Qtdes Preço Despesa Preço Despesa Variação
Feijão 5 3.00 15.00 3.50 17.50 0.50
Frangos 10 10.00 100.00 9.65 96.50 -0.35
Bife 6 15.00 90.00 16.00 96.00 1.00
Sumo 10 2.50 25.00 2.50 25.00 0.00
230.00 235.00
Transporte 200.00 225.00
Gasolina 50 2.80 140.00 3.30 165.00 0.50
Passes de Omnibus 40 1.50 60.00 1.50 60.00 0.00
Despesas Pessoais 100.00 116.00
Cinema 6 5.00 30.00 7.00 42.00 2.00
Restaurante 2 20.00 40.00 25.00 50.00 5.00
Aplicativo/Celular 6 5.00 30.00 4.00 24.00 -1.00
Cuidados Pessoais 110.00 110.00
Farmácia 5 10.00 50.00 10.00 50.00 0.00
Tratamento do Cabelo 2 20.00 40.00 20.00 40.00 0.00
Corte de Cabelo 1 20.00 20.00 20.00 20.00 0.00
Habitação 150.00 155.00
Renda 120.00 120.00 0.00
Energia 15.00 15.00 0.00
Água 15.00 20.00 0.00

Adelino Jeque Pimpão 164


Introdução a Economia

Vestuario 70.00 70.00


Vestido 1 40.00 40.00 40.00 40.00 0.00
Camisetes 1 30.00 30.00 30.00 30.00 0.00
Comunicação 50.00 50.00
Celular 30.00 30.00
Internet 20.00 20.00
Artigos da casa 50.00 50.00
Toalhas 2 10.00 20.00 10.00 20.00 0.00
Produtos de limpeza 10 3.00 30.00 3.00 30.00 0.00
Educação 40.00 60.00
Explicação 2 20.00 40.00 30.00 60.00 10.00
1,000.00 1,071.00 107.1%

A Cristina Raquel recebe 1.000 unidades monetárias desde o ano passado e as gastava
todas no orçamento apresentado na tabela anterior.
Para este ano, alguns preços mudaram (uns aumentando e outros reduzindo) que
culminaram com o aumento da despesa.

Amigo estudante está a notar que a despesa neste aumento com o aumento dos preços é
superior ao salário da Cristina Raquel.

Como o salário da Cristina Raquel não aumentou, logo não pode continuar a comprar as
mesmas quantidades, pois o aumento dos preços reduziu o valor de compra do seu
dinheiro o que a obriga a ter que efectuar ajustamentos que passam por:
· Reduzir algumas quantidades e/ou
· Cortar, simplesmente, outras despesas.

Pode-se notar que a inflação afecta o poder de compra dos assalariados, reduzindo a sua
qualidade de vida.
Por isso, importa continuarmos esta matéria.

Adelino Jeque Pimpão 165


Introdução a Economia

SECÇÃO 2. TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA


Na unidade sobre Noção de contabilidade nacional, estudamos as múltiplas relações que se
estabelecem entre os agentes económicos numa economia.

Sobre tais ligações, recomenda-se ao estudante que se recorde ou leia por instante porque
se figura de fundamental importância para a compreensão deste tema, tal como o foi na
percepção das identidades contábeis para o cálculo do produto, nas três ópticas.

Mesmo assim é preciso ter presente que para a construção do modelo simples de
funcionamento da economia as famílias (que são as unidades de consumo) dispondo de
terras, capital e trabalho, formam e põem empresas a laborar para produzir bens e serviços
para venda no mercado.

Pelo emprego desses três factores de produção, foi dito que as famílias recebiam como
contrapartida, respectivamente, renda, juros/lucros, e salários rendimentos que são gastos
na compra de bens e serviços produzidos pelas empresas.

Portanto, encontramos aqui, que os meios de pagamento existentes na sociedade e na


posse das famílias, devem ser iguais aos bens e serviços produzidos pelas empresas, grosso
modo. Usando um exemplo doméstico, estamos a dizer que os meticais gastos no mercado
devem ser iguais às frutas e vegetais comprados.

Foi a partir dessa ideia e dessa constatação, que serviu de base para se elaborar uma das
formulações mais conhecidas na teoria quantitativa que é a equação de FIHSER (1912) ou
também denominada equação de trocas.

Ela enuncia que num sistema económico que se troca n bens e se indica com o p, o preço
desse bem e q, a quantidade trocada ou transaccionada, com i=1,2,3,......n, então o valor será
a soma da multiplicação dos produtos pelos respectivos preços que será respectivamente
verdade, que o valor total dos bens trocados Spxq é igual a despesas monetárias, isto quer

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Introdução a Economia

dizer que na economia deve existir uma quantidade de meios de pagamento igual ao valor
dos bens por transaccionar.

No entanto, deve-se ter bem presente que uma unidade de moeda, num determinado
período de tempo, pode financiar mais de uma troca de bens, e a quantidade de vezes que
esta unidade monetária financia ou intermedeia trocas denomina-se velocidade de
circulação da moeda. Indicando com V a velocidade de circulação de moeda, então a
despesa monetária será igual MV, logo:
MV = S PixQi

Onde M é o stock de moeda presente no sistema económico num determinado período de


tempo, V é a velocidade de circulação da moeda, Pi o preço do bem, Qi a quantidade de bens
trocados ou também conhecido como quantidade de transacções.

Se se indica com p o nível geral de preços e com T as transacções obtém se célebre equação
de Fisher.

MV =PT

Esta relação, como foi demonstrado nas aulas, não passa de uma pura identidade contábil
(despesa iguala ao ganho) que relaciona o valor dos bens trocados com a quantidade de
meios de pagamentos que foi necessário utilizar, portanto como qualquer relação contábil,
não pode descrever alguma relação de causalidade entre as variáveis,

Contudo é importante, todavia realçar a utilidade desta identidade contábil, pois, mostra
que as grandezas M, V, T, P devem se relacionar de tal maneira que a equação seja
respeitada.

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Introdução a Economia

Por essa mesma simplicidade, esta identidade, pode ser manipulada mecanicamente
interpretando o seu significado de maneira diferente afirmando, numa análise de curto
prazo:

1) P varia directamente com M, se V e T são constantes;

2) P varia directamente com V, se M e T são constantes;

3) P varia inversamente com T, se M e T são constantes;

Cada uma das afirmações acima é verdadeira desde momento que o vínculo seja
respeitado, porém não é teoria quantitativa da moeda.

Para transformar esta pura identidade contábil em teoria, portanto, numa relação causa e
efeitos, entre as variáveis, são necessárias algumas hipóteses sobre a equação de Fisher.

Fazendo uma análise de curto prazo as variáveis veremos que:

a).- V - velocidade de circulação de moeda não varia no curto prazo pois as suas variações
dependem dos métodos de pagamento (semanal ou mensal, cash, cheque ou transferência
bancária), desenvolvimento do sistema financeiro, confiança entre os agentes económicos,
cenário que não se consegue alterar no período de um ano.

b).- T - volume das transacções não variam no curto prazo pois depende da intensificação
da divisão do trabalho, o progresso técnico e a acumulação. Como se pode depreender num
espaço de um ano não são possíveis essas transformações de tamanha qualidade.

c).- P - nível geral de preços varia no curto prazo, basta recordar-se dos movimentos dos
preços nos mercados da capital durante os três períodos do dia para testemunhar esta
constatação ou aos fins de semana.

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d).- M - o stock de moeda existente no sistema económico ou simplesmente meios totais de


pagamento, no curto prazo também varia pois depende das autoridades monetárias,
muitas vezes, das suas necessidades de financiamento, principalmente em países com
crises de políticas e administrativas grandes, ou em países com sistema de controlo
indirecto da actividade económica. são também elucidativos os exemplos domésticos aqui
apresentados durante as aulas.

Pode-se perceber, se análise se concentra sobre os fenómenos de curto prazo, a afirmação


(1) é relevante, é aquela que mantém que as variações da oferta da moeda não mudem V e
T mas só e só o nível geral dos preços que a partir de agora é transformada em P = f(M),
isto é o nível geral de preços é determinado só pela quantidade da moeda.

SEÇCÃO 3.TIPOS DE INFLAÇÃO


Autores que defendem que as causas fundamentais da inflação são essencialmente as
seguintes:

A) Excesso da demanda agregada relativamente a oferta, que aumenta as necessidades dos


consumidores em adquirir mais bens aos níveis de preços existentes. Se tal procura não é
correspondida por uma expansão da oferta isso conduzirá a uma pressão sobre os preços
que se elevam - esta é a inflação da PROCURA.

A expansão excessiva da oferta monetária resulta da criação do dinheiro novo que pode
decorrer dos seguintes factores.

§ Criação monetária por via do multiplicador de crédito. Isto é, os bancos comerciais


por intermédio dos créditos por si concedidos geram novos depósitos e criam
moeda, e

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Introdução a Economia

§ Novas emissões feitas pelo Governo principalmente para honrar os seus


compromissos, uma experiência comum em tempos de instabilidade política com o
objectivo de financiar os seus programas.

Estas emissões podem decorrer duma situação em que se registam défices no Orçamento
do Estado.

B) Por vezes, dada a pressão sindical sobre o patronato, no sentido de se aumentar os


salários acima da produtividade das empresas, conduz a que tal atitude seja onerosa para
as unidades de produção. Assim para compensar tal situação pelo aumento dos salários, as
firmas decidem pelo aumento do preço dos bens no mercado que o consumidor afinal é o
próprio trabalhador. Desta forma o patronato consegue transferir os novos custos para o
consumidor decorrentes dos salários altos.

Nesta situação estamos em presença de inflação de CUSTOS, daqui que a inflação ela se
alimenta a si mesma, através deste jogo: salário alto, sua transferência ao consumidor pelo
preços dos produtos e nova pressão dos sindicatos para aumentar os salários; a inflação
reproduz-se é a chamada propriedade que ela tem de retro-alimentação.

As causas possíveis de uma elevação salarial estão associadas à existência de um sindicato


forte e dado ao poder que lhe conferido podem pressionar os empregadores a subirem os
salários dos seus trabalhadores ou por outra se país tem baixíssimas taxas de desemprego
com excesso de oferta de trabalho, então os poucos existentes e rodeados por uma procura
grande podem pressionar ao aumento dos salários sem que isso tenha resultado do
aumento da produtividade.

C) A outra forma de inflação é a inflação de LUCROS que resulta da existência de mercados


imperfeitos e não competitivos tais como os já vistos oligopólios e monopólios são a
condição suficiente para a ocorrência de uma inflação de lucros. Neste cenário, as empresas
em seu esforço para a obtenção de maiores lucros sem que para isso tenha concorrido a

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Introdução a Economia

melhoria da sua produtividade, eleva os preços mais do que suficiente para compensar os
custos.

É preciso anotar que existe uma grande dualidade entre uma inflação de salários e de
lucros pois enquanto os trabalhadores querem salários altos (que provoca o aumentos dos
custos das empresas e por sua vez reduz os lucros destas), os donos das empresas querem
aumentar o lucro e fazem-no aumentando o preço do produto. Os dois factores concorrem
para o aumento do preço.

D) Os outros custos de produção como o custo das matérias-primas, dos combustíveis, da


energia, do transporte e de todas outras componentes dos custos de produção
aumentarem o que concorre para o aumento dos custos das unidades de produção.
Conhecido o interesse dos produtores de pelo menos não baixar os seus lucros, eles
repassam tal custo para o preço do bem final.

Adicionalmente ao acima elucidado, a desvalorização ou a depreciação da moeda aparecem


como sendo uma das razões da inflação e com impacto imediato sobre o nível geral dos
preços sendo uma das razões da inflação de custos que resulta do facto das empresas usam
matérias-primas importadas e sem substitutos na economia interna. Esses custos
incrementam pela força da perda do valor da moeda nacional que por cada valor de um
dólar serão necessários mais meticais para comprar a mesma quantidade de produtos no
exterior o que implicará a sua venda a um preço maior gerando inflação.

E) Outra forma de inflação está directamente ligada com a estrutura da economia em


análise. Se a estrutura da economia permite a formação de monopólios e porque estes
passam a ter o domínio total sobre os preços, poderão estes aumentar os seus preços da
sua ineficiência provocando assim uma subida de preços. Esta é conhecida como inflação
estrutural.

As relações de dependência para com o exterior também podem provocar efeitos


inflacionários na economia por via da inflação importada. Se a economia moçambicana

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Introdução a Economia

depende fortemente da economia, por exemplo sul-africana, então a elevação de preços na


África do Sul será reflectida na economia moçambicana porque será a tais preços
inflacionados que os compradores (importadores) moçambicanos comprarão as suas
mercadorias

SEÇCÃO 4. CONSEQUÊNCIAS DA INFLAÇÃO


O processo de subida de preços provoca consequências provoca uma série de aspectos que
são muitas vezes penosos tanto para sociedade assim como directamente para o Estado.

De entre as várias facetas que podem ocorrer, podemos destacar as seguintes:

· Aumento do custo de vida dado que os preços crescem mais do que os salários;

· O dinheiro perde valor, tal quer dizer que uma unidade monetária hoje, valerá
menos no futuro, o que desencoraja a utilização dessa moeda tanto nas transacções
como para poupanças. Neste caso a inflação funciona como um imposto para o
portador dessa moeda, reduzindo o seu valor;

· Aumento da desigualdade social;

· Desincentiva o investimento e por essa via redução do crescimento económico;

· Aumento da instabilidade na economia;

· Difícil uma planificação com o aumento do risco e da incerteza;

· Torna as taxas de juros nominais altas.

ACTIVIDADE 8: AUTO-AVALIAÇÃO
Nota: É obrigatória a resolução destes exercícios antes da unidade seguinte
Leia com atenção os enunciados e responda as questões

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Introdução a Economia

1. Na sua opinião, qual destas duas coisas tem maior efeito sobre o IPC: um
aumento de 10% no preço do frango ou um aumento de 10% no preço do caviar?
Porquê?

2. Explique como um aumento no nível de preços afecta o valor real da nossa


moeda.

3. De acordo com a teoria quantitativa da moeda, qual o efeito de um aumento na


quantidade de moeda circulando na economia?

4. Suponha que medidas para estimular o consumo de fim de ano sejam tomadas
por uma parceria entre bancos e empresas varejistas (retalhistas): os bancos
facilitariam o acesso ao crédito pessoal e as empresas aumentariam os prazos de
pagamentos. Pergunta-se:

a) Se esse evento persistir após o período do final do ano, de que forma pode afectar
os índices de inflação?
b) Se o Banco Central resolver intervir para evitar inflação, que acção poderia
tomar? Explique

5. Um aparelho de som é vendido por um preço P em três parcelas mensais iguais,


sem acréscimo, sendo a primeira dada como entrada. Se o pagamento for feito à
vista, haverá um desconto de 3% sobre P. Qual a melhor alternativa para o
comprador, se a taxa de juros para a aplicação for de 1,5% a.m.?

6. Comente a frase: “a única coisa que devemos reter é o fenómeno da inflação: os


preços estão sempre a crescer!”

7. Como designa as situações inversas às da inflação, àquelas em que os preços, em


geral, caem de uma forma continuada?

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Introdução a Economia

BIBLIOGRAFIA

Baltazar, R.A (1990), Texto de Apoio de Introdução à Economia Política


Samuelson, P.A & Nordhaus, W.D (1994/1999), Economia, 14ª edição/16ª edição
Das Neves, J C. Introdução a Economia
Wonnacott, P. & Ronald. Introdução a Economia
Salvatore, D. Microeconomia – problemas e exercícios resolvidos
Miller, R. Microeconomia
Vasconcelos, M. Economia Básica

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