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ECONOMIA
https://www.youtube.com/watch?v=CR8xwnzV4Mc
PLANO DE ESTUDOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade está organizada em cinco
A partir desta unidade você será capaz de: tópicos. Ao final de cada tópico você
encontrará atividades que lhe darão uma
• compreender os conceitos básicos da ciência econômica; maior compreensão dos temas abordados.
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Em termos etimológicos, a palavra “economia” tem origem grega, sua divisão se dá por duas palavras:
A economia, ou ciência econômica, busca compreender Os sujeitos devem fazer escolhas, as quais administrem
como a sociedade e os indivíduos utilizam os seus bem os seus recursos, que já são escassos, de acordo com
recursos, que são escassos, na produção de determinados as suas necessidades (alimentação, saúde, educação,
bens e serviços. Estuda-se ainda a forma como esses bens vestuário, habitação, transporte) que como citamos, são
são distribuídos entre as várias pessoas e grupos da ilimitadas. Portanto, a ciência econômica preocupa-se com
sociedade, com a finalidade de satisfazer as necessidades a alocação dos recursos de forma que não se comprometa
de todos os indivíduos. as gerações futuras com o problema da escassez dos
recursos (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004).
UNIDADE 1 TÓPICO 1
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
ECONOMIA COMO UMA CIÊNCIA SOCIAL
A ciência econômica procura estudar como a sociedade se organiza e de que forma administra seus recursos que são
limitados (que tem um fim) com o propósito de produzir bens e serviços para atender às necessidades de toda a população
que são ilimitadas. Assim, pode-se deferir a ciência econômica como sendo:
Para Samuelson (1988) apud Passos e Nogami (2012), a Assim temos que: “economia é, pois, a ciência que estuda as
economia é o estudo de como as pessoas e a formas do comportamento humano resultantes da relação
sociedade decidem empregar os recursos escassos. existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os
Resumidamente, a definição da economia para Passos recursos que, embora escassos, se prestam a usos
e Nogami (2012) é “uma ciência social que tem por alternativos” (STONIER, 1971, apud PASSOS; NOGAMI, p. 5,
objeto de estudo a questão da escassez”. 2012).
UNIDADE 1 TÓPICO 1
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
A CIÊNCIA DA ESCASSEZ
O problema da escassez é um problema de todas as sociedades contemporâneas. Todos sabemos que o ser humano possui necessidades
diárias para a reprodução material de sua vida, e que estão relacionadas ao consumo de mercadorias (bens e/ou serviços). Essas
necessidades apresentam-se das mais variadas formas, é só observamos as nossas próprias necessidades, as primárias, que são:
alimentação, saúde, educação etc. Desde as necessidades mais básicas até aquelas que podem facilitar a nossa vida, como produtos
tecnológicos, celulares, computadores, carros etc. Assim, o consumo desses e de outros bens e serviços se torna uma condição de vida
saudável, próspera e confortável na sociedade da qual
fazemos parte.
É importante, também, diferenciar as necessidades humanas O que é a escassez e por que existe o problema da escassez?
dos desejos.
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
A CIÊNCIA DA ESCASSEZ
De outro lado, temos os recursos produtivos, (utilizados para a produção destes bens e serviços que utilizamos diariamente) que são
máquinas, fábricas, terras, matérias-primas, entre outros, estes recursos são limitados, ou seja possuem um fim, possuem um limite. Por
isso, os economistas costumam afirmar que as necessidades das pessoas são ilimitadas e os recursos são limitados, pelo simples fato de
que não se consegue produzir todos os desejos de todas as pessoas (PASSOS; NOGAMI, 2012).
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS
as necessidades humanas, em todas as sociedades, são ilimitadas e os recursos produtivos são limitados, aí confrontam-se com o problema
da escassez, trata-se de um problema econômico central de qualquer sociedade dada a escassez de recursos, associada com a necessidade
das pessoas que é ilimitada, originam-se os três problemas econômicos fundamentais que são:
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
BENS E SERVIÇOS EM UMA ECONOMIA
Falamos até aqui do problema da escassez e
dos problemas econômicos fundamentais. A
escassez, em economia, significa a falta de Os bens livres Bens econômicos
algum bem ou serviço.
• são os que existem em • são caracterizados pelo
Quando se diz que um bem é escasso, quantidade ilimitada e esforço humano para
significa dizer que ele é raro no mercado, podem ser obtidos com obtenção desse bem.
mas precisamos entender o que são os pouco ou nenhum esforço
bens e serviços em uma economia. humano. • E além disso, estes bens têm
• Exemplos: a luz solar e o ar como característica básica
Por “bem” pode-se entender que é tudo que respiramos, estes são um preço, além de serem
aquilo que permite satisfazer determinada considerados bens, pois de escassos.
necessidade humana. certa forma eles atendem às
necessidades humanas. São
Só faz sentido um “bem” ser procurado se bens livres, pois não
ele satisfazer as necessidades, ou seja,
possuem preço ou pelo
menos ainda não pagamos
porque ele é útil. Em economia, os bens são
por isso!
classificados em bens livres e bens
econômicos.
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
BENS E SERVIÇOS EM UMA ECONOMIA
Os bens materiais são classificados em bens de consumo Os bens de consumo e bens de capital são considerados
e bens de capital. Os bens de consumo estão bens finais, pois já passaram por todos os processos de
relacionados com a satisfação das necessidades humanas. transformações possíveis para serem colocados no
Estes podem ser de uso “não durável” e desaparecem mercado e à disposição da população, por isso são os ditos
assim que são utilizados. Alguns exemplos são: alimentos, “bens acabados”.
gasolina, bebidas. Já os bens de uso durável, ao contrário,
são bens que podem ser utilizados por um maior período Além dos bens finais, existem ainda os bens
de tempo, por isso, duráveis. Exemplos são intermediários, que são aqueles que ainda não foram
eletrodomésticos, móveis, livros, carros, computador, finalizados, como vidros utilizados na produção de carros.
entre outros.
Os bens podem ainda ser classificados em bens privados e
bens públicos.
Os bens de capital são os bens que permitem a produção
de outros bens, como máquinas, equipamentos, Os bens privados referem-se àqueles produzidos de forma
computadores, instalações etc. privada, como carros, computadores, celulares.
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
BENS E SERVIÇOS EM UMA ECONOMIA
UNIDADE 1 TÓPICO 1
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
OS RECURSOS PRODUTIVOS
Os recursos produtivos, ou fatores de produção, são elementos utilizados no processo produtivo de bens (mercadorias) com a finalidade de satisfazer as
necessidades humanas. Aqui entram os fatores que propiciaram a confecção das mercadorias, entre eles, o trabalho, os recursos naturais, as matérias-
primas, os combustíveis, a energia, os equipamentos, entre outros. Os recursos produtivos de uma economia são classificados em trabalho, terra ou
recursos naturais, capital, tecnologia, e capacidade empresarial.
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
REMUNERAÇÃO DOS RECURSOS PRODUTIVOS
Para a produção de qualquer bem ou serviço é necessário o empego dos recursos produtivos. Necessita de terra, de bens de capital que são
necessários para produzir outros bens, além disso, o empresário, às vezes, não conta com todo o dinheiro para investir, sendo necessária a
busca de dinheiro de terceiros para a aquisição de máquinas e equipamentos. E por fim, necessita de mão de obra para a produção de bens
que virão a atender as necessidades humanas. Assim, o preço pago pela utilização dos serviços dos fatores de produção vai constituir a renda
dos proprietários desses fatores.
Com relação ao trabalho, o trabalhador é o proprietário
dos recursos, e a remuneração que ele recebe na forma
de salários no final de cada período trabalhado
constitui a sua renda – paga pelo dono da empresa –.
Por exemplo, com relação à remuneração do fator terra
(ou recursos naturais), geralmente se conhece duas
formas de remuneração, através de arrendamento
(aluguel por ceder a terra temporariamente a alguém)
ou mesmo a venda para outro proprietário. Já a renda
do capital são os juros.
São todas as pessoas, as empresas, o governo todos estes agentes transacionam entre si dentro de um
mesmo mercado. É muito simples, todos nós efetuamos transações (de compra e venda) com os
OS AGENTES ECONÔMICOS
diferentes agentes, é só observar o seu dia a dia.
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
OS AGENTES ECONÔMICOS
UNIDADE 1 TÓPICO 1
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
MERCADO
O mercado não se trata especificamente de um agente econômico, mas é no mercado que a relação entre as famílias
(consumidores) e as empresas (unidades produtivas) acontece. O mercado é um local físico ou não físico, onde se encontram
compradores e vendedores para realizarem as trocas de bens e serviços. Concretamente são as feiras, lojas, bolsa de valores
etc. No mercado, os compradores e vendedores confrontam os preços e as quantidades de um determinado bem que
desejam trocar. Na definição de Sandroni (1999, p. 378), o termo mercado:
Em todo o mercado, o preço atua como mecanismo que regula as trocas. O comprador e o vendedor chegam a um acordo
em relação ao preço de determinado bem. É importante ter em mente que o preço influencia na procura por um bem. Por
exemplo, se determinado bem estiver com um preço baixo, possivelmente as pessoas comprarão mais desse bem, se ele
estiver mais caro, as pessoas, no geral, tendem a substitui-lo por outro bem.
UNIDADE 1 TÓPICO 1
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
A DIVISÃO DO ESTUDO DA ECONOMIA
De forma muito introdutória, veremos as duas grandes divisões do estudo da teoria econômica, que se dividem em duas
grandes áreas: a teoria microeconômica e a teoria macroeconômica.
3. R.: As famílias são os agentes básicos da economia, de modo que não existiria o fluxo econômico sem elas. As
famílias têm capacidade de produção e de consumo. São elas as proprietárias dos fatores/recursos de produção. Sua
função, então, é vender os recursos para as empresas em troca de bens e serviços.
As empresas correspondem ao agente de produção básico da economia. São elas que compram os fatores de produção
das famílias e são responsáveis por transformá-los em bens e serviços. As empresas produzem os bens e serviços de que
as famílias necessitam, por isso, essa relação é primordial na economia.
O governo é o agente regulador da economia, da relação entre famílias e empresas. Suas funções são: fornecer bens e
serviços públicos, complementar a ação da iniciativa privada, regulamentar a atividade econômica, entre outros.
Inclusive, o governo dispõe de um conjunto de leis para basear as ações dos demais agentes.
O resto do mundo corresponde às transações (de bens e de serviços) efetuadas com os demais países do mundo. São as
transações realizadas entre os agentes econômicos nacionais e os agentes econômicos estrangeiros. Os mercados
externos atuam como consumidores das mercadorias produzidas pelo país e, ao mesmo tempo, as famílias desse país
podem consumir mercadorias produzidas no exterior.
UNIDADE 1 TÓPICO 1
4. R.: Os bens de consumo são aqueles utilizados
para a satisfação da necessidade humana que
adquirimos. Os bens de consumo dividem-se em
bens duráveis e não duráveis.
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
A DIVISÃO DO ESTUDO DA ECONOMIA
UNIDADE 1 TÓPICO 2
SISTEMAS ECONÔMICOS
O QUE É UM SISTEMA ECONÔMICO?
Conceito básico em economia é o de sistema econômico. Este pode ser definido como a forma na qual a sociedade se
organiza nos termos econômicos e sociais para desenvolver as suas atividades econômicas e produtivas para atender às
demandas e às necessidades da população. Os elementos básicos de um sistema econômico, segundo Vasconcellos e
Garcia (2004), são:
Assim, toda economia opera segundo um conjunto de normas e regras, leis
e regulamentos, e por isso é chamado de “sistema econômico”. De maneira
geral, os sistemas econômicos podem ser classificados em dois grandes
estoques de recursos produtivos ou
os chamados fatores de produção grupos: o sistema socialista ou de economia planificada; e o sistema
(os quais incluem recursos o complexo de unidades de capitalista ou de economia de mercado.
produtivos, trabalho humano,
capacidade empresarial), aí entram produção, constituídos No primeiro caso, em economia planificada ou socialista, as questões
os fatores que veremos mais pelas empresas econômicas são resolvidas por um órgão central, no qual predomina a
adiante, o capital, os recursos propriedade pública dos meios de produção, que são os bens de capital, os
naturais e a tecnologia
recursos naturais, bancos, prédios etc. Um exemplo de uma economia
planificada atualmente é Cuba.
Já o sistema capitalista, ou de economia de mercado, leva este nome
o conjunto de instituições justamente por ser regido pelas forças do mercado, na qual predomina a
políticas, jurídicas, econômicas livre iniciativa e a propriedade privada dos meios de produção. Nas
e sociais, as quais são base economias de mercado, que são boa parte dos países do mundo, as
para a organização da questões fundamentais são resolvidas por meio do mecanismo de preços
sociedade. e por meio da oferta e da demanda. Ressalta-se que mesmo com a livre
iniciativa e o livre mercado no sistema capitalista, o Estado tem papel
fundamental para o bom funcionamento da atividade econômica
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2004).
UNIDADE 1 TÓPICO 2
SISTEMAS ECONÔMICOS
ECONOMIA CAPITALISTA OU DE MERCADO
Quando falamos em capitalismo, nos referimos ao sistema econômico e social predominante atualmente na maioria dos
países. Basicamente, é um sistema de organização econômica baseado na propriedade privada dos meios de produção.
A economia está baseada na separação entre trabalhadores livres, portadores de sua força de trabalho e em
proprietários dos meios de produção. Os trabalhadores vendem sua força de trabalho aos proprietários dos meios de
produção, em troca de salário. A intenção, neste processo, é a produção de mercadorias, visando a obtenção de lucro
(SANDRONI, 1999).
UNIDADE 1 TÓPICO 2
PROPRIEDADE DIVISÃO DO
CAPITAL MOEDA PREÇO LUCRO
PRIVADA TRABALHO
• para o senso comum, • as economias • nas economias • juntamente com o • o preço está presente
capital é entendido capitalistas recebem capitalistas é marca a capital e a nas economias de
especialização do mercado e expressa a
• uma das finalidades
como um grande este nome justamente especialização, a
montante de dinheiro. • porque o capital é trabalho, ou seja, a relação de troca de um dos empresários é,
produção massiva de moeda vem a ser bem por outro bem. Em obviamente, obter
O conceito de capital essencialmente bens é possível graças à mais uma outras palavras, lucros, retornos
na economia é mais propriedade privada divisão do trabalho
abrangente, ele característica das significa a quantidade positivos sobre seu
de alguém: o máximo de vantagem,
significa o conjunto de capitalista. É por meio suas aptidões em
economias em dinheiro que se dá negócio, no qual foi
bens econômicos, capitalistas. Dentro em troca de algum bem investido capital. O
da propriedade determinadas tarefas. A
ou mercadoria,
como máquinas, privada que o especialização dos de uma economia, lucro é a diferença
processos produtivos tem a moeda tem representando assim o
equipamentos, capitalismo se valor monetário da entre a receita e o
fábricas, terras, apropria de parte da a finalidade de dinamizar algumas funções
e tornar cada vez melhor mercadoria ou serviço. custo da produção.
matérias-primas, que renda gerada nas básicas, sendo Ainda em economias Um dos principais
são capazes de um processo produtivo.
atividades O processo de divisão do estas: meio de capitalistas de mercado, objetivos da
produzir outros bens e econômicas, a partir troca, reserva de o preço tem função de
serviços. O capital, na
trabalho faz com que empresa no
disso surge a cada trabalhador, de valor, unidade de assegurar a
sua forma física, é concorrência
capitalismo é obter
acordo com a sua conta e padrão para concorrência da
chamado de capital (SANDRONI, 1999). especialidade, adquira economia como um lucros para seu
tangível. E o capital pagamentos. A proprietário
uma maior agilidade no todo. De acordo com o
representado por processo produtivo, moeda como meio preço dos bens e (SANDRONI, 1999).
documentos, ações e acentue a sua agilidade de troca facilita as serviços, as pessoas
papéis chama-se dentro do processo de negociações em escolhem o que
capital intangível produção, o que faz com uma economia comprar e as empresas
(SANDRONI, 1999). que a produtividade se (SANDRONI, 1999). escolhem o que
eleve (SANDRONI, 1999). produzir (SANDRONI,
1999).
UNIDADE 1 TÓPICO 2
• dada a premissa básica da economia, de que as necessidades são ilimitadas e que os recursos são limitados, surge
também a necessidade de selecionar quais destas necessidades humanas serão prioridades para se produzir, quando se
decidir isto, se determina o que, quanto, como e para quem serão produzidos determinados bens e serviços para
atenderem as necessidades dos indivíduos dentro de uma determinada sociedade (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004).
Quem define esse planejamento e as prioridades do que será produzido são os órgãos centrais planejadores. Nas
economias socialistas, o sistema de preços não funciona como meio regulador, mas sim para facilitar os objetivos de
produção estabelecidos pelo Estado. As características do funcionamento de uma economia socialista são: os preços e a
organização da produção, os preços e a distribuição da produção, propriedade pública dos meios de produção (PINHO;
VASCONCELLOS; GREMAUD, 2003).
UNIDADE 1 TÓPICO 2
Os preços e a Os preços e a
organização da distribuição da Propriedade pública
produção produção
• ao contrário das economias de • os preços dos bens de • na economia socialista os
mercado em que o preço aparece como
fundamental, no sistema socialista, ao consumo são determinados meios de produção, as
contrário, não é a oferta e a demanda pelo governo com intuito de máquinas, os
que definem os preços, mas sim, o evitar qualquer excesso ou equipamentos, os edifícios,
órgão máximo de planificação central.
Com base nas necessidades da qualquer falta dele na as matérias-primas, as
população, consideradas prioritárias, é produção. terras e os bancos, todos
que vão se definir o que e quanto, são considerados de toda
como e para quem será produzido. Na
produção em si, as fábricas são população que habita
organizadas individualmente por um aquele país, tendo como
diretor escolhido pelo órgão de característica a propriedade
planificação central, estas recebem as
instruções deste órgão central sobre o coletiva dos meios de
que, quanto e como será produzido produção.
naquela fábrica, de acordo com a
capacidade da mesma (lembrando que
é propriedade coletiva, ou seja, todos
os trabalhadores trabalham para a
sociedade como um todo).
UNIDADE 1 TÓPICO 2
O problema de como produzir, em economias mistas, é Nos sistemas mistos, a questão distributiva é análoga às
resolvido de forma diferente segundo o setor público economias de mercado pelo sistema de preço, como vimos
ou privado da economia. No setor público se resolve anteriormente. Nas economias mistas, assim como nas
com o planejamento governamental, cuja função não economias de mercado, é marcada a concentração das rendas,
é obter lucros, mas sim ao atendimento das e neste caso, o Estado oferece subsídios como ensino público,
necessidades da população. Já o contrário acontece no assistência médica, entre outros. Exemplos da ação do Estado
âmbito do setor privado, a questão é solucionada de nesse sentido são: seguro-desemprego, o estabelecimento de
acordo com o mercado e com os preços. salários-mínimos, entre outros.
UNIDADE 1 TÓPICO 2
Um exemplo concreto das chamadas economias mistas ou modelo de social democracia são as experiências dos países
nórdicos, como a Noruega, Dinamarca, Suécia e Finlândia. Estes países ostentam um alto índice de desenvolvimento
humano, de longevidade e de educação, além de taxas de desemprego baixíssimas e taxas de inflação operando a 1%.
Embora com o predomínio das leis de mercado e da propriedade privada nestes países, boa parte dos serviços públicos,
como saúde e educação, são gratuitos, bancados pelo Estado, isso é possível devido a uma carga tributária altíssima. Para
se ter ideia, na Dinamarca, a alíquota do imposto de renda chega a ser cerca 56%. Com níveis de desigualdade baixíssimos,
estes países têm instituições fortes e são considerados os mais democráticos do mundo.
UNIDADE 1 TÓPICO 2
X
UNIDADE 1 TÓPICO 2
4. R.: Nas economias socialistas as
questões econômicas são decididas por
um órgão de planejamento central.
Por exemplo, ao escolher se especializar na produção de Neste caso, se o dono da fábrica orientar a sua produção
dois produtos, cobertores e toalhas, o empresário precisa apenas para a produção de cobertores, não haverá recursos
decidir como organizar a produção, quantos trabalhadores disponíveis para produção de toalhas. E de outro lado, se
utilizará para a produção de cada bem, se haverá espaço na optar apenas pela produção de toalhas, não haverá recursos
empresa para a produção de um terceiro produto do ramo disponíveis para a produção de cobertores.
têxtil. No exemplo que estamos utilizando, em uma empresa
hipotética, o empresário optaria pela produção de dois
produtos: toalhas e cobertores.
Assim, estamos diante de uma situação de escolha, aí podem existir outras possibilidades de solução que possam
intermediar o problema, poder-se-á utilizar parte da produção para a produção de toalhas e parte para a produção de
cobertores. O quadro a seguir ilustra as várias possibilidades de produção da empresa em exemplo hipotético e numérico
(PASSOS; NOGAMI, 2012).
UNIDADE 1 TÓPICO 3
Supondo que a empresa esteja produzindo no ponto D, a curva de possibilidade de produção estará produzindo 5000
toalhas e 3000 cobertores. Caso o empresário deseje aumentar a sua produção de cobertores, deverá operar no ponto E,
neste ponto serão produzidas 4000 unidades de cobertores para 3000 unidades de toalhas. Todavia, este aumento só será
possível se parte dos recursos, que antes eram alocados para a produção de toalhas, for agora alocada para a produção de
cobertores. Nesse caso haverá, por consequência, uma diminuição da produtividade das toalhas de 5000 unidades para
3000 unidades, somente com a diminuição da produção das toalhas o empresário conseguirá produzir mais cobertores
(PASSOS; NOGAMI, 2012).
UNIDADE 1 TÓPICO 3
O CUSTO DE OPORTUNIDADE
O custo de oportunidade é o termo utilizado para expressar os custos que se referem às alternativas que foram
sacrificadas para a produção de um determinado bem. Por exemplo, se o empresário estiver com a sua produtividade no
ponto C da curva, estaria produzindo 6.500 toalhas e 2000 unidades de cobertores. Se o empresário quisesse aumentar a
sua produção de cobertores para 3000 unidades que seria alcançada no ponto D do gráfico, o empresário deverá sacrificar
1500 unidades de toalhas para obter tal aumento. Assim, o custo de oportunidade das 1000 unidades a mais de cobertores,
são o custo de produzir 1500 unidades a menos de toalhas. Para elevar a produtividade de cobertores para mais 1000, foi
necessária uma diminuição da produção de toalhas sucessivamente, passando do ponto que seria D no gráfico, para o ponto
E.
Voltando ao termo “custo de oportunidade”, este é um Poucos observam, mas passamos a vida fazendo escolhas
termo importante na teoria econômica, pois faz a relação justamente porque existe a escassez dos fatores de
básica entre a questão da escassez e da escolha. produção para suprir todas as necessidades humanas que
Basicamente, o custo de oportunidade significa uma são ilimitadas, de modo que o ser humano se obriga a
melhor alocação dos recursos para a produção de um bem optar por atender a determinadas necessidades e não
que poderia gerar um melhor ganho no uso alternativo dos todas, deixando assim, necessidades que não serão
recursos. Assim, temos que a transferência dos fatores de atendidas. Assim, o ser humano é submetido a fazer
produção de determinado bem para a produção de outro escolhas diariamente. Na ciência econômica, toda vez que
bem, implica um custo de oportunidade, e isto significa o fazemos a opção por uma determinada escolha e não
sacrifício de deixar de produzir parte de um bem para outra, diz-se que ela implica em um custo de
produzir mais de um outro bem. oportunidade.
UNIDADE 1 TÓPICO 3
O CUSTO DE OPORTUNIDADE
Um exemplo corriqueiro seria a opção por jogar basquete, ao fazer tal escolha, você opta por não fazer qualquer outra
atividade que lhe traria os mesmos benefícios ao mesmo tempo. Outro exemplo, ao optar por fazer um curso superior, você
deixa de fazer uma série de coisas que possivelmente gostaria de fazer no mesmo tempo despendido nesta escolha, como
por exemplo, ler, ir ao cinema, assistir televisão etc. Se você optou em ocupar seu tempo estudando, você deixa de lado as
demais atividades, pois acredita que esta atividade foi a melhor e mais racional escolha que poderia ter feito, mesmo que
obrigando-se a sacrificar outras, isso chama-se na ciência econômica, de custo de oportunidade.
Os custos não devem ser considerados absolutos, mas iguais a uma segunda melhor oportunidade de benefícios não
aproveitada, ou seja, quando a decisão para as possibilidades de utilização de A exclui a escolha de um melhor B, podem-se
considerar os benefícios não aproveitados decorrentes de B dos custos de oportunidade, assim, o custo de oportunidade é
o termo utilizado para expressar os custos que se referem às alternativas que foram sacrificadas (PASSOS; NOGAMI, 2012;
ROSSETTI, 2003).
UNIDADE 1 TÓPICO 3
Em uma economia de mercado não se produzem apenas Vamos imaginar que essa sociedade tenha disponível uma
duas mercadorias, como no exemplo hipotético de uma quantidade fixa de fatores de produção, uma quantidade fixa de
empresa que produz apenas toalhas e cobertores. trabalhadores e uma quantidade fixa de empresas e
Sabemos que são produzidos diariamente milhares de instrumentos necessários à produção (terra, trabalho, capital
produtos, desde que estes contenham os fatores etc.). Quanto ao grau de conhecimento e à tecnologia, este
produtivos necessários. Já estudamos também que permanecerá constante, sendo imutável durante nossa análise.
lidamos diariamente com escolhas e com o problema da Vamos supor também que a mão de obra empregada e os
escassez, sabemos que os recursos são escassos e estes demais fatores produtivos podem ser empregados na produção
serão distribuídos entre inúmeras possibilidades de de alimentos e na produção de automóveis em diferentes
produção de bens e serviços em uma determinada combinações de ambos (PASSOS; NOGAMI, 2012).
sociedade. Assim surge o dilema da ciência econômica
mais uma vez, a escolha! Para simplificar o entendimento,
estudaremos uma economia hipotética que produza
apenas dois bens econômicos: alimentos e automóveis.
UNIDADE 1 TÓPICO 3
Fica claro, portanto, que uma sociedade, além de produzir bens de consumo e também bens de capital, não serve só para substituir
eventualmente os equipamentos obsoletos, mas também para manter e ampliar a capacidade produtiva de uma economia. No ponto C do
gráfico, indica que nesta economia está se produzindo bens de consumo e bens de capital. Este ponto permitirá a produção de máquinas e
equipamentos e a produção de bens de consumo, o que seria o ponto ideal. No ano de 2016 ocorre um deslocamento da curva de
possibilidade de produção para a direita, alcançando o ponto D, aí pode-se observar que houve um aumento na possibilidade de produção
tanto dos bens de capital como dos bens de consumo. Fica claro que é necessário um sacrifício no consumo presente para que no futuro se
ampliem as possibilidades (PASSOS; NOGAMI, 2012).
UNIDADE 1 TÓPICO 3
R.: Em uma economia, se todos os fatores produtivos estiverem alocados para a produção apenas de bens de capital
(máquinas, equipamentos e instalações), não haverá a disponibilidade de fatores produtivos para a produção de bens de
consumo (alimentos, roupas etc.). Sendo assim, a produção para atender às necessidades básicas das pessoas ficará
comprometida. E de outro lado, se a sociedade optar por produzir apenas bens de consumo e nenhum bem de capital, a
situação também não é interessante, pois com o passar do tempo as instalações, máquinas e equipamentos vão ficando
defasados, tendo a necessidade de serem substituídos para que a capacidade produtiva seja mantida.
UNIDADE 1 TÓPICO 3
5. R.: Podem ocorrer casos em que a empresa está operando abaixo de sua
capacidade produtiva, isto é, boa parte dos fatores produtivos estão ociosos, assim a
consequência maior será o desemprego de boa parte dos trabalhadores. Ao
contrário da movimentação da curva em caso de inovações tecnológicas e aumento
da capacidade de produção na qual a curva de possibilidade desloca-se para a
direita, neste caso específico, este ponto geralmente localiza-se no interior da curva
de possibilidade de produção, conforme o exemplo do estudo, localiza-se no ponto
G do Gráfico 3.
UNIDADE 1 TÓPICO 4
Em uma economia com governo, este também demanda recursos ou fatores de produção. São os
Por outro lado, pode-se registrar os gastos do governo, que são as
serviços que o governo adquire e os utiliza para produzir outros bens e serviços públicos, que
podem ser: alimentação, materiais escolares, a saúde pública, as escolas, as universidades, a transferências que realiza na forma de auxílios financeiros, na forma de
segurança, entre outros. Estes serviços o governo disponibiliza (oferta) para as famílias e para as programas sociais, ou ainda subsídios para as empresas, lembrando que o
empresas de forma pública e gratuita. Além disso, o governo também dispõe de alguns fatores de que financia boa parte das transferências do governo são os tributos na
produção como terras, que arrenda ou vende no mercado de fatores de produção. forma de impostos e taxas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004).
UNIDADE 1 TÓPICO 4
Na teoria keynesiana a renda adquirida pelas famílias De outro lado, é importante observar que nem todas as pessoas
deve ser gasta com o consumo, como já vimos. Todavia, gastam o total da sua renda. Algumas famílias conseguem deter
se isso não for possível, as empresas não terão como uma parte da sua renda como poupança. É importante observar
vender todos os bens e serviços (mercadorias) que nos países de terceiro mundo, nos quais os salários e as
produzidos, o que gerará uma crise de superprodução. rendas são baixas, o nível de poupança tende a ser reduzido.
Nesta situação há uma diminuição das receitas, e A poupança representa um vazamento de recursos do fluxo
consequentemente, dos lucros da empresa, havendo uma circular da renda, e esses recursos, para evitar uma crise, devem
tendência à diminuição de seu quadro de funcionários, ser reinventados na economia.
redução da renda da sociedade e, por consequência,
diminuição do consumo. Neste caso, a economia se
encontraria em um momento de retroalimentação
negativa, ou um ciclo vicioso, sendo que as vendas
estimulariam as demissões e essas, por consequência,
novas quedas nas vendas e assim sucessivamente.
UNIDADE 1 TÓPICO 4
O papel de recolher os investimentos na forma de poupança é do As famílias (ou indivíduos) que têm recursos financeiros de sobra são
mercado financeiro. Por meio dos bancos comerciais e demais estimulados a aplicá-los no mercado financeiro em troca de uma
entidades financeiras efetuasse o recolhimento dessas rendas não remuneração. É justamente por meio desse mecanismo que o
gastas ou poupadas. O mercado financeiro coloca esses recolhimentos mercado financeiro recolhe o que se chama de vazamentos do fluxo
à disposição dos agentes econômicos na forma de empréstimos e circular da renda, que ocorre devido a “uma sobra” nos rendimentos
cobra taxas de juros pela transação. das famílias.
Para este vazamento, o governo dispõe de injeções de Por outro lado, se o volume de exportações for muito maior
recursos. Nesse caso, existem as injeções de recursos no que o de importações, a tendência é ocorrer inflação, devido
fluxo circular da renda que decorrem das exportações. ao fato de que a produção nacional poderá não dar conta de
Quando determinado país exporta mercadorias, ele atrai suprir a elevação no consumo interno, que se originarão do
renda externa. Essa renda estimulará a demanda agregada e excesso de renda resultantes das exportações. A seguir,
provocará um aquecimento na atividade econômica dentro podemos analisar um resumo do fluxo circular da renda, dos
do país. respectivos vazamentos e injeções.
UNIDADE 1 TÓPICO 4
Além disso, você pode optar por guardar parte do seu salário na Com dinheiro sobrando, você decide comprar um computador. Acontece
poupança. Suponhamos então, que você guarde mais R$ 200,00 que ele é importado da China. Digamos que você parcelou sua compra,
mensais, pois deseja comprar um automóvel no futuro. Tomando cuja parcela é de R$ 200,00 mensais. Temos então, um gasto com
esta decisão, você estará optando por não consumir ou não gastar importação no valor de R$ 200,00 (por mês). Essa parte do seu salário
parte da sua renda. Seu salário, que era de R$ 3.000,00, agora é não está sendo gasta dentro do país de origem, mas sim, no exterior.
de R$ 3.000,00 – 200,00 – 200,00.
Para que isso não aconteça, o governo cria mecanismos ou gastos que compensem
cada um dos vazamentos. Isso denomina-se injeções na economia. Conforme a Acabamos de ver como é importante o governo no
ilustração acima, pode-se observar que as injeções são constituídas por investimentos fluxo da renda. Essa gestão de injetar novamente os
(I) que visam compensar a poupança, os gastos do governo (G) que compensam a vazamentos é dinamizada por meio da gestão das
arrecadação de impostos (T) e as exportações (X) que têm a finalidade de se igualar às políticas econômicas feitas pelo governo, que iremos
importações (M). Tudo isto para que a economia se mantenha equilibrada. aprofundar na Unidade 3 deste caderno.
UNIDADE 1 TÓPICO 4
1. R.: O fluxo real e monetário acontece com a interligação entre
dois agentes econômicos: as famílias e as empresas. No fluxo
real ocorre a oferta e demanda por parte das famílias e das
empresas. As famílias ofertam os fatores de produção no
mercado e as empresas os demandam. Já o fluxo monetário
representa o envio de recursos financeiros das empresas para as
famílias. As famílias com a remuneração, vão ao mercado de
bens de consumo adquirir bens e serviços com a finalidade de
satisfazer as suas necessidades.
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
PRÉ-HISTÓRIA E ANTIGUIDADE CLÁSSICA
A rigor, não se pode admitir a existência de um pensamento econômico Algumas ideias econômicas fragmentárias apareceram na
até o fim da Idade Média. Até então, a economia era tão pouco antiguidade grega, mas ligavam-se à política e à filosofia. Aliás,
relevante que não exigia pensar-se sobre ela. Mesmo assim, reconhece- foram os gregos os primeiros a utilizarem a palavra oikonomia.
se que, entre outros, Aristóteles na Grécia Antiga, e Santo Agostinho e Porém, não representou um pensamento econômico mais
São Tomás de Aquino na Idade Média, referiram-se a temas elaborado, já que se tratava de conhecimentos práticos de
econômicos. administração doméstica.
Entre os romanos, algumas preocupações econômicas também tiveram lugar, mas como ocorreu com os gregos, não chegou a
representar um pensamento econômico geral. Mesmo que as trocas fizessem parte de sua organização social, a preocupação
dos romanos ligava-se à política.
UNIDADE 1 TÓPICO 5
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
IDADE MÉDIA
Ainda na Idade Média, principalmente entre os séculos XI ao XIV, a Podemos dizer que o pensamento medieval tinha um caráter
atividade econômica, as trocas regionais e inter-regionais foram prático e dependente da moral cristã. Neste sentido, a igreja
ganhando cada vez mais força. As trocas se generalizaram, surgiram as procurava moralizar todas as ações das pessoas. E o mesmo ocorria
corporações de ofício, a divisão entre campo e cidade se acentuou, com a prática econômica. Neste período, esta instituição
entre outras características. reconheceu a dignidade do trabalho, condenou as taxas de juros
(usura), pregou o “justo preço”, a moderação e o equilíbrio dos atos
econômicos.
MERCANTILISMO
O mercantilismo foi uma doutrina econômica que surgiu entre o fim da Idade
Média e a época de triunfo do laissez-faire, portanto, entre 1500 e 1770, época de
expansão comercial e marítima de nações europeias. Podemos apresentar como
seus representantes, Jean-Baptiste Colbert (1619-1683) e Sir William Petty (1623-
1687). A grande preocupação destes pensadores era entender como tornar uma
nação mais rica.
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
MERCANTILISMO
O contexto histórico do surgimento do mercantilismo foi marcado pela desintegração do feudalismo e pela formação do capitalismo mercantil,
como já dissemos, entre o século XVI e fins do século XVIII. Em resumo, podemos destacar as seguintes transformações ocorridas neste período
histórico:
I. Transformações intelectuais: foi um período de mudanças na II. Transformações religiosas: cresceu o processo de laicização do
forma de se pensar o mundo. O método científico (ligados à pensamento, ganharam maior evidência os argumentos que exaltavam o
observação e à experiência) tomava o lugar das antigas maneiras de individualismo, até restrições a algumas práticas econômicas (como a
explicar a realidade, as produções artísticas e literárias se cobrança de juros e o lucro) perderam força.
modificaram, entre tantas outras.
III. Transformações no padrão de vida: os padrões de vida da IV. Transformações políticas: neste período houve o aparecimento do
população também se modificaram. A preocupação com o material, Estado moderno, que coordenava os recursos materiais e humanos e que
pelo desejo de bem-estar difundiram-se (melhor alimentação, casas foi aglutinador das forças da nobreza, do clero, dos senhores feudais, da
confortáveis, viagens, troca de experiências). burguesia.
V. Transformações geográficas: a navegação e seu aprimoramento VI. Transformações econômicas: todas as mudanças também se
permitiram a descoberta de “novos mundos” (Américas, por refletiram no aumento do afluxo de riquezas, surgiram novos centros de
exemplo). comércio, cidades se avolumavam, intensificou-se o processo de
exploração das colônias, ente outros.
UNIDADE 1 TÓPICO 5
• Acumulação de ouro e prata como fonte da riqueza. As nações deveriam promover ações que permitissem a
acumulação destes metais.
1
• O nacionalismo. Era preciso uma nação poderosa, aglutinadora de forças. A nação deveria promover exportações
e acumular riquezas as custas de seus vizinhos. Isso implicava em militarismo, dominação de rotas comerciais,
2 captura de colônias.
• O comércio exterior e protecionismo. O comércio exterior deveria ser estimulado, por meio da balança comercial
favorável. Internamente, era preciso proteger as matérias primas e os bens manufaturados. Além disso, era
3 necessária uma política capaz de restringir a saída de matérias-primas.
• Comércio Interno e incremento da população. De certa maneira, se estimulava o comércio interno, porém,
através de concessões de monopólio e privilégios comerciais. Favoreciam uma população numerosa, fornecedora
5 de mão de obra barata e abundante. Não preocupava-se com seu bem-estar.
• Grande intervenção do Estado. As atividades econômicas tinham forte controle e direção do Estado. Este concedia
6 privilégios de monopólios a setores ligados ao comércio externo. A livre entrada no comércio interno era
restringida.
UNIDADE 1 TÓPICO 5
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
FISIOCRACIA
A Fisiocracia foi uma doutrina econômica liberal que teve seu auge no século XVIII. Formulou, pela primeira vez, de maneira
sistemática e lógica, uma teoria do liberalismo econômico. Mais precisamente, apareceu na França no final da época
mercantilista, tendo seu início determinado em 1756. A escola fisiocrata durou pouco e já em 1776 havia perdido muita força,
principalmente com o advento das ideias que viriam a ser a base do pensamento econômico clássico.
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
OS FISIOCRATAS – CONTEXTO
A fisiocracia surgiu como uma reação ao mercantilismo no momento histórico de muitas contradições, marcado
pela dissolução dos últimos resquícios feudais e de ascensão da burguesia.
Por um lado, o comércio se consolidou, o uso de Do outro lado, como resquícios da velha ordem
moeda (em detrimento do escambo) se generalizou, sociopolítica, havia muito controle governamental sobre
grandes cidades surgiram, as primeiras indústrias se as atividades mercantis. As atividades econômicas
desenvolveram, novos métodos de produção (ligadas ao comércio, agricultura, indústria) eram
ganharam lugar, bem como a consolidação de uma sobrecarregadas de impostos, tarifas e pedágios. A
classe de comerciantes – a burguesia – como nobreza e o clero ainda gozavam certo prestígio e se
protagonistas dos processos socioeconômicos. beneficiavam das riquezas geradas pela sociedade.
Os ideais fisiocratas ganharam força neste contexto, sendo base tanto para as reivindicações da nova classe
emergente, a burguesia, quanto para a ascensão do pensamento econômico liberal.
UNIDADE 1 TÓPICO 5
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
OS FISIOCRATAS – CONTEXTO
Podemos resumir os preceitos da fisiocracia do seguinte modo:
Terra (agricultura/natureza) como fonte de riqueza. Somente a Ideia de ordem natural. As sociedades humanas estavam sujeitas a
agricultura era produtiva, pois criava excedentes. A indústria e o leis da natureza. As atividades humanas deveriam estar em comunhão
comércio eram úteis, mas, estéreis, pois reproduziam o valor com estas leis.
consumido (matéria-prima e produtos de subsistência).
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
A ESCOLA CLÁSSICA
Podemos datar o início da Escola Clássica em 1776, e seu marco foi a publicação da obra “A Riqueza das Nações”, de Adam Smith, neste mesmo
ano. Este pensador é considerado uma espécie de “pai” da ciência econômica. É a partir dos estudos feitos por Adam Smith que se tem um
pensamento econômico mais elaborado. Com base nisso, outros economistas irão explicar a realidade de várias formas, como mostraremos
neste tópico. Dessa maneira, diferentemente do mercantilismo e da fisiocracia, podemos dizer que as premissas da Escola Clássica são
precursoras da teoria econômica moderna.
A doutrina clássica também é conhecida como liberalismo econômico. Sendo Os economistas clássicos consideravam naturais as categorias
assim, são seus pilares: como dinheiro, capital, lucro, salário, propriedade privada, entre
outras, uma vez compreendidas, elas se eternizariam. Suas
a) a liberdade pessoal; principais ideias devem ser entendidas em seu contexto
histórico, já que ganharam corpo em meio à desestruturação do
b) a propriedade privada; antigo regime feudal. Como vimos anteriormente, é um período
de grandes transformações: culturais, religiosas, políticas,
c) a iniciativa industrial e controle individual da empresa; econômicas, científicas, entre tantas outras.
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
A ESCOLA CLÁSSICA
Resumidamente, são princípios da Escola Clássica:
a. Princípio do “laissez-faire, laissez-passer” e crença no
autoajuste do mercado: para os economistas clássicos, o melhor
governo era aquele que menos governava. Por isso, defendiam o b. Harmonia de interesses: os clássicos sustentavam que
Estado mínimo, com poucas funções e que não intervisse na o indivíduo, ao buscar satisfazer seu próprio interesse,
economia. As forças de mercado, livre e competitivo, deveriam acaba servindo aos interesses da sociedade.
orientar a produção, a troca e a distribuição das mercadorias e
Isso, é claro, em uma economia concorrencial.
serviços. Para estes pensadores, a economia se ajustava
automaticamente e tendia ao equilíbrio.
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
PRINCIPAIS PRECURSORES DA ESCOLA CLÁSSICA:
ADAM SMITH
Adam Smith é considerado o fundador da Escola Clássica e como vimos anteriormente, é tido, por muitos, como o “pai” da
economia moderna. Ele nasceu em 1723, na Escócia, onde viveu quase toda a sua vida. Veio a falecer em 1790. Frequentou
as universidades de Glasgow e Oxford entre 1737-1746. Lecionou em Glasgow entre 1751 e 1764. Ficou dois anos na França,
entre 1764 e 1766, onde teve contato com muitos pensadores e filósofos, dentre os quais destaca-se o contato com o
fisiocrata Quesnay. Em 1776 publicou sua obra mais importante: An Inquiry into the Nature and Causes of the Wealth of
Nations – A Riqueza das Nações.
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
PRINCIPAIS PRECURSORES DA ESCOLA CLÁSSICA: ECONÔMICO
ADAM SMITH
O trabalho de Adam Smith é vasto, mas podemos destacar algumas ideias:
O trabalho como fonte das riquezas das nações. A importância da divisão do trabalho: isso quer dizer a especialização
dos trabalhadores em uma etapa específica do processo produtivo de
A ideia da “mão invisível” e da autorregulação do determinada mercadoria. A divisão do trabalho, para ele, era
mercado/economia: Adam Smith sustentava ser necessário deixar estimulada pela ampliação dos mercados e era um elemento gerador
agir a livre concorrência, de modo que os agentes econômicos de aumento da produtividade, e com isso, da própria riqueza (pois o
encontrariam o equilíbrio de maneira natural, através de uma “mão trabalhador se especializa em uma atividade, poupava-se tempo e se
invisível”. Com esta teoria defendia que todos os agentes, na busca abria espaço para o uso das máquinas).
por lucrar ao máximo, acabavam promovendo o bem-estar de toda
a sociedade.
A defesa do laissez-faire, laissez-passer - não intervenção do Estado:
É como se uma mão invisível orientasse as ações do mercado e da como considerava que o mercado e a economia se ajustavam
economia sem a necessidade propriamente da atuação do Estado automaticamente, defendia que o Estado não intervisse na economia. O
para isso. Portanto, via o mercado, única e exclusivamente, como Estado deveria apenas a) proteger contra-ataques externos; b)
regulador das decisões econômicas de uma nação. estabelecer a justiça; c) construir obras e instituições necessárias à
sociedade (não lucrativas); d) emitir papel moeda; e) controlar a taxa de
Uma das passagens de seu famoso livro ilustra esses pressupostos: juros, em alguns casos.
"não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do
cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do Enfatizava o crescimento e o desenvolvimento, que seriam ocasionados
empenho deles em promover seu autointeresse” (SMITH,1996, p. pela divisão do trabalho, pelo aumento da produtividade e pela
22). ampliação dos mercados.
UNIDADE 1 TÓPICO 5
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
PRINCIPAIS PRECURSORES DA ESCOLA CLÁSSICA: DAVID
RICARDO
Outro importante pensador da Escola Clássica da economia foi David Ricardo (1772 -1823). Filho de um rico capitalista inglês,
Ricardo fez fortuna ainda jovem operando na bolsa de valores. No campo da economia política, sua obra máxima foi
“Princípios de economia política e de tributação”, publicada em 1817. Após Adam Smith, tornou-se a principal figura das
ideias desenvolvidas pela Escola Clássica. Ele demonstrou as possibilidades da utilização do método abstrato e enfatizou
temas relacionados à distribuição da renda (OSER; BLANCHFIELD, 1987; HUNT, 2005).
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
PRINCIPAIS PRECURSORES DA ESCOLA CLÁSSICA: DAVID
RICARDO
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
PRINCIPAIS PRECURSORES DA ESCOLA CLÁSSICA:
JEAN-BAPTISTE SAY
Jean-Baptiste Say (1767 - 1832) é considerado um seguidor das ideias de Smith, apesar de que sua pretensão era corrigir os
equívocos deste pensador. Formou o que ficou conhecido como corrente liberal otimista, também denominada como Escola
Liberal Francesa. Sua principal obra foi o “Tratado de economia política”, publicada em 1803.
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
PRINCIPAIS PRECURSORES DA ESCOLA CLÁSSICA:
THOMAS MALTHUS
Thomas R. Malthus (1766 - 1834) ficou famoso pela publicação da obra “Ensaio sobre o princípio da população”, em 1798.
Nela se expressam os argumentos da teoria malthusiana da população. Outra obra que mereceu destaque foi “Princípios de
economia política”, publicada em 1820.
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
PRINCIPAIS PRECURSORES DA ESCOLA CLÁSSICA: JOHN
STUART MILL
Outro importante nome da Escola Clássica foi John Stuart Mill (1806 - 1873). Seguidor de Ricardo, tentou integrar a teoria do
valor-trabalho com a perspectiva utilitarista, que via a utilidade como formadora dos preços. Sua principal obra foi “Princípios
de economia política com algumas de suas aplicações à filosofia social”, publicada em 1848.
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
MARXISMO
O contexto que se seguiu à Revolução Industrial e à consolidação do modo capitalista de produção foi marcado por inúmeros
problemas socioeconômicos. Por um lado, se havia superado por completo os resquícios do feudalismo. A consolidação do
novo modo de produção, com base na indústria, acarretou inúmeros problemas, entre eles: pobreza das massas,
desemprego, super exploração, inchaço das cidades, poluição, desigualdades, entre muitos outros (OSER; BLANCHFIELD,
1987).
Neste contexto, Karl Marx, com auxílio de Friedrich Engels, formulou uma crítica à
economia política clássica como forma de entender a realidade, e mais do que isso,
engajar-se em transformá-la.
Filho mais jovem de uma família judaica, Karl Marx (1818 - 1883) nasceu em Trier.
Sua formação inicial foi em Filosofia, cujo título obteve em 1841. Em parceira com
seu amigo Engels publicou diversas obras, entre elas: “A Sagrada Família”, “O
Manifesto Comunista” e “A Ideologia Alemã”.
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
MARXISMO
Marx e Engels interessaram-se em compreender a realidade social de seu tempo (capitalismo em seu contexto histórico) e
descobriram que esta era condicionada pela crescente influência do capital.
A grande crítica de Marx aos autores da Escola Clássica é que lhes faltava a
perspectiva histórica (embora essa crítica não se dirigisse propriamente a Adam
Smith). Na opinião de Marx, se tivessem estudado história com mais cuidado,
teriam descoberto que “a produção é uma atividade social” e que esta, por isso,
assume diferentes formas e modos, dependendo da organização social (HUNT, 2005,
p. 297). Por isso, podemos dizer que uma das características deste pensador era
justamente não conceber os fenômenos socioeconômicos através de leis naturais e
eternas. Isto é, estes fenômenos são produtos das ações humanas, e, portanto, não
se repetem em todos os momentos históricos. E isso é diferente do pensamento
clássico, que muitas vezes procurava dar um sentido de naturalidade ao modo de
produção capitalista.
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
MARXISMO A seguir mais algumas ideias de Marx:
O capital como relação social: Marx não concebia o capital apenas como O conceito de mais-valia: este corresponde ao trabalho excedente e não
um conjunto de máquinas, equipamentos, estradas etc. Para ele, o capital pago, que é apropriado pelo dono dos meios de produção. A mais-valia é
era uma relação social, uma relação de produção que surgiu com o produzida no processo de produção e finalizada na circulação, isto é, quando
aparecimento de duas classes sociais distintas: uma que se apropria dos a mercadoria é vendida. Por exemplo, imagine uma facção, com cinco
meios de produção, ou seja, a burguesia, e outra que tinha apenas a sua trabalhadores, cuja produção mensal é de 100.000 camisetas, em 20 dias
força de trabalho para vender, isto é, os trabalhadores. trabalhados. Para cobrir os custos de salário destes cinco trabalhadores, é
necessária a produção de 25.000 camisetas, que são produzidas com cinco
dias de trabalho. Portanto, em cinco dias de trabalho, os trabalhadores já
Mercadoria como valor de uso e valor de troca: para este pensador, o produziram o suficiente para sua subsistência. O restante da produção, ou
preço das mercadorias era definido pelo tempo de trabalho socialmente seja, o valor das 75.000 camisetas restantes (e os 15 dias de trabalho
necessário a sua produção. As mercadorias tinham valor de uso (que restantes) ficam com o patrão. Em três dias, eles produzem um número de
corresponde à utilidade dela, para que ela serve) e valor de troca (isto é, a camisetas que Marx fazia distinção, ainda entre a mais-valia relativa e a
possibilidade de ser trocada/vendida por outra). Vale dizer ainda que mais-valia absoluta. Esta última está ligada à exploração do trabalhador
Marx também considera como mercadorias a força de trabalho e o através de métodos intensivos para aumentar o volume da produção. Entre
dinheiro (OSER; BLANCHFIELD, 1987). eles: superjornada de trabalho (muito além das oito horas), ritmo acelerado
da produção, vigilância do processo produtivo. E é claro, sem pagar a mais
Exército industrial de reserva: corresponde ao contingente de por isso. Já a mais-valia relativa tem ligação com o uso da tecnologia no
trabalhadores sem emprego. Para Marx, um contingente de processo produtivo. A produção não se eleva devido ao aumento da jornada
desempregados era uma característica do modo de produção capitalista, de trabalho, maior produtividade individual, mas sim, aumento devido às
e, portanto, muito importante para a continuidade do processo de melhorias tecnológicas, que aceleram o processo de produção. Porém,
acumulação de capital. O exército industrial de reserva era produto do mesmo com mais mercadorias produzidas por trabalhador, não se repassa
capitalismo e agia como um regulador dos salários. Além disso, era aumento em seus rendimentos (MARX, 1987).
necessário à medida que deixava à disposição mão de obra complementar
(MARX, 1987).
UNIDADE 1 TÓPICO 5
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
MARXISMO A seguir mais algumas ideias de Marx:
Acumulação de capital: este processo é a força motriz do Acumulação primitiva: contrariando os economistas
modo de produção capitalista. É o processo de valorização clássicos, Marx sustentava que a origem do modo de
do valor. No processo de produção, o dinheiro inicialmente produção capitalista se dava através do processo de
investido na produção de mercadorias, ao final do acumulação primitiva e não por conta de um esforço
processo, retornava com acréscimo (por exemplo, pessoal de algumas pessoas. Este processo nada mais era
pensemos em um capitalista que tenha investimento de R$ do que o processo de separação do produtor direto (o
1.000,00 na produção de 10.000 lápis. trabalhador) da propriedade das condições de seu
trabalho, um processo que transforma, por um lado, os
Após a produção e venda, teve um retorno de R$ 2.500,00. meios sociais de subsistência e de produção em capital, e
Logo, aos R$ 1.000,00 iniciais foram acrescidos outros R$ por outro, os produtores diretos em trabalhadores
1.500,00). No processo de acumulação, parcela do assalariados (MARX, 1987). A acumulação primitiva era
excedente criado (para Marx, através da mais-valia) era caracterizada por processos violentos e permitiu a
reinvestida no processo produtivo novamente. superação dos entraves feudais e a ascensão do
capitalismo. Marx analisou o caso da Inglaterra e chamou a
atenção para a expropriação violenta das terras dos
camponeses e suas características: violência, ação do
Estado, legislação, entre outros (MARX, 1987).
UNIDADE 1 TÓPICO 5
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
OS ECONOMISTAS NEOCLÁSSICOS (OU MARGINALISTAS)
A “ciência econômica” neoclássica (também conhecida como marginalismo) passou a exercer forte influência em inúmeros
âmbitos nas últimas décadas do século XIX, até a crise econômica dos anos 1930 e a publicação da Teoria Geral, de Keynes.
Período este de consolidação da Revolução Industrial, e, portanto, do capitalismo.
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
IDEIAS DOS ECONOMISTAS NEOCLÁSSICOS
A abordagem neoclássica/marginalista privilegiava a microeconomia. Defendia a ideia laissez-faire, laissez-passer, isto é, de que os
Neste sentido, os agentes econômicos, de maneira individual, assumiam o mercados se autorregulavam, e, portanto, o Estado não deveria
centro das discussões. A abordagem marginalista não se preocupava com intervir na economia. Sem interferências nas leis econômicas (que
a economia agregada, mas sim, com a tomada de decisão individual, com para eles, eram naturais), se alcançariam os benefícios sociais
as condições de mercado para um único tipo de bens, com a formação de máximos.
preços, com as decisões das empresas, com a produção e custos das
empresas isoladas, com a maximização do lucro, entre outros.
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
KEYNESIANISMO
John Maynard Keynes (1883 - 1946) foi um dos mais notáveis economistas da primeira metade do século XX. É considerado o
pioneiro da macroeconomia. Discípulo do economista marginalista Alfred Marshal, estudou e lecionou em Cambridge. Tinha
grandes preocupações com as implicações práticas das teorias econômicas. Não foi por acaso que se tornou crítico dos
conceitos da ortodoxia marginalista, portanto, de seu próprio mestre (Marshal).
Seria John Maynard Keynes quem explicaria a crise dos anos 1930 e
demonstraria que os neoclássicos falharam ao ignorarem a necessidade de
uma “regulação macroeconômica” do Estado. A contribuição de J. M.
Keynes foi imortalizada na publicação de uma das obras mais influentes do
século XX: a “Teoria geral do emprego, do juro e da moeda” (1936). Nestas
páginas, descreveu o princípio da demanda efetiva.
UNIDADE 1 TÓPICO 5
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
KEYNESIANISMO
Podemos dizer que é a partir de Keynes que o estudo da macroeconomia ganhou maior relevância. Anteriormente, outros
economistas contribuíram com discussões acerca do desempenho da economia como um todo, como Adam Smith, Malthus,
Karl Marx e F. List. Contudo, Keynes é considerado o fundador da teoria macroeconômica, em suas tentativas de explicar a
crise econômica que atingia o mundo e a propor medidas para sair dela.
Como se evidenciou antes, as ideias de Keynes ganharam força após os O pensamento de Keynes deu origem a uma “corrente” dentro
anos de 1930, justamente no calor da crise de 1929. Foi um período das ciências econômicas: o keynesianismo. Este pensamento
caracterizado pelo desemprego em massa, crescimento lento das inaugurou uma modalidade de intervenção do Estado na
economias (ou nenhum), excesso de produção, concentração de riquezas, economia, que não atingia totalmente a autonomia da iniciativa
dentre tantos outros problemas macroeconômicos. Sem contar que a privada. Como em sua origem procurava reverter os efeitos da
primeira metade do século XX foi marcada por duas grandes guerras crise econômica, defendia a adoção de políticas capazes de
mundiais. solucionar os problemas de desemprego pela intervenção estatal,
desestimulando o entesouramento por meio da redução da taxa
No âmbito da ciência econômica havia uma crise justamente porque a de juros e aumento dos investimentos públicos. Em consequência
doutrina dominante – a neoclássica/marginalista – não dava conta de disso, aumentam-se os investimentos em atividades produtivas
explicar os problemas da nova realidade socioeconômica, muito menos de (SANDRONI, 1999).
apresentar soluções para estes problemas.
UNIDADE 1 TÓPICO 5
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
KEYNESIANISMO
Algumas ideias:
I. O princípio da demanda efetiva: o princípio da demanda efetiva/agregada IV. Preocupação com o curto prazo: o pleno emprego era apenas
atentava para a proporção da renda gasta em consumo e investimento. Para uma das tantas situações possíveis em uma economia, e ao
Keynes, era a demanda, ou seja, as necessidades dos indivíduos que contrário dos neoclássicos, era possível alcançar o equilíbrio de
influenciaria na oferta. Sendo assim, para promover o equilíbrio uma economia com desemprego no mercado de trabalho.
macroeconômico com emprego, faz-se necessário atentar para o lado da Seria possível, de acordo com Keynes, alcançar o equilíbrio do
procura. Um dos fatores fundamentais pelo volume de emprego era o nível produto nacional de uma economia sem o pleno emprego dos
de produção nacional de determinada economia, que era determinado pela recursos produtivos. Segundo os pressupostos keynesianos, a
demanda efetiva (VASCONCELLOS; GARCIA, 2009). economia pode encontrar seu nível de equilíbrio mesmo com um
nível alto de desemprego, que vai permanecer assim até que haja
intervenção do governo através de uma política adequada de
III. Contrário à Lei de Say: para os keynesianos, o mercado não se investimentos e de incentivos, capazes de sustentar a demanda
autorregulava sempre. Dessa maneira, era necessária a intervenção efetiva, bem como manter os níveis de emprego e renda em alto
estatal (através de gastos públicos) para estimular a demanda efetiva da ritmo. Assim, com cada elevação da renda, cresce também o
economia e reequilibrá-la. consumo e o investimento. E para que isto aconteça, faz-se
necessário que o Estado tenha instrumentos de política
econômica, sejam de regulação da taxa de juros, de expansão dos
II. Ênfase na macroeconomia: a ênfase do keynesianismo está nos grandes gastos públicos, de investimentos por meio de empréstimos,
agregados macroeconômicos: emprego, demanda efetiva, produto interno entre outros (SANDRONI, 1999; OSER; BLANCHFIELD,1987).
bruto, inflação, taxa de juros, nível de consumo agregado, entre outros.
UNIDADE 1 TÓPICO 5
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
UNIDADE 1 TÓPICO 5
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
A ECONOMIA PÓS-KEYNES
Principalmente a partir dos anos 1970, a corrente keynesiana, então hegemônica na explicação da realidade econômica,
perdeu espaço. Alguns problemas assolavam as economias mundiais e os preceitos de Keynes não eram capazes de
solucioná-los. Dentre estes problemas, a falta de crescimento econômico e a ocorrência do fenômeno da estagflação.
Uma corrente que ganhou evidência foi o monetarismo, que tem como Retomando alguns preceitos neoclássicos, os monetaristas
importante pensador Milton Friedman. O pensamento monetarista é tido afirmavam que a economia de mercado se autorregulava. Assim,
como uma espécie de antítese do pensamento keynesiano. Para eles, era eram totalmente contrários à intervenção do Estado. Para eles,
preciso deixar a preocupação com a demanda e enfatizar a oferta. O Estado problemas como a inflação, e mesmo as flutuações econômicas,
deveria se afastar da economia e deixar as forças de mercado funcionar. tinham raízes na oferta de moeda, ou seja, de ordem monetária.
Teria que haver inversão de ênfase entre aspectos estruturais e conjunturais Entendiam, assim, que a moeda, ou melhor, o controle de
(PINHO; VASCONCELLOS; GREMAUD, 2003; OSER; BLANCHFIELD, 1987). estoque de moeda na economia era a variável mais importante na
determinação da demanda agregada de um país.
Para os monetaristas, controlar o estoque de moeda, com o intuito de Podemos dizer que algumas medidas dos monetaristas resultaram
manter uma oferta monetária estável, era o que permitiria um controle do positivamente nos países centrais, mas de maneira efêmera. Nos
processo inflacionário, e é claro, levaria as economias ao equilíbrio. Sua países periféricos, as políticas monetaristas fracassaram: o
ênfase também era em políticas de longo prazo, diferentemente do afastamento do Estado e a liberalização dos mercados produziram
keynesianismo (PINHO; VASCONCELLOS; GREMAUD, 2003; OSER; ainda mais a concentração de riquezas e problemas
BLANCHFIELD, 1987 ). socioeconômicos.
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A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO
ECONÔMICO
A ECONOMIA PÓS-KEYNES
Outra escola que ganhou evidência entre os anos de 1970 e 1980 foi a das expectativas racionais, conhecida também como
os novos clássicos. Os principais postulados dessa escola eram parecidos com a dos monetaristas: a) defendiam que a
economia se autorregulava; b) que o Estado não deveria interferir no mercado; c) deveria haver controle da oferta de moeda;
d) sustentavam a ideia das expectativas racionais, ou seja, de que os agentes econômicos fundamentavam suas expectativas
futuras de forma racional.
Por fim, podemos citar os novos keynesianos, que buscam analisar a realidade com base em uma releitura dos principais postulados de
Keynes. Procuram fazer isso, com base em um esquema teórico mais sólido. Além destes, vale citar os institucionalistas, que incorporaram à
discussão dos agregados macroeconômicos novos elementos: o papel da tecnologia e das instituições, para eles, muitas instituições sociais e
de poder que influenciam na formação dos preços e na alocação de recursos na economia. Assim, o mercado não seria o único a influenciar
os preços e as demais variáveis econômicas (PINHO; VASCONCELLOS; GREMAUD, 2003).
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e
d
a
c
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F
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X
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4. R.: Os principais pressupostos do
Keynesianismo são: princípio da
demanda efetiva. Para Keynes, era a
demanda, ou seja, as necessidades dos
indivíduos que influenciaria na oferta.