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INTRODUÇÃO AO
ESTUDO DA CIÊNCIA
ECONÔMICA
ECONOMIA RURAL
MÓDULO 01 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA CIÊNCIA ECONÔMICA
1. INTRODUÇÃO
A economia é considerada uma ciência social porque estuda a organização e o
funcionamento das sociedades. Assim, pode-se dizer que a Ciência Econômica ocupa-se do
comportamento humano, e estuda como as pessoas e as organizações na sociedade se empenham na
produção, troca e consumo dos bens e serviços.
3. DIVISÕES DA ECONOMIA
A Economia pode ser dividida em três áreas principais: i) Economia Descritiva; ii) Teoria
Econômica e iii) Economia Aplicada.
i) ECONOMIA DESCRITIVA: estuda fatos particularizados, sem lançar mão da análise
teórica. Ela utiliza, basicamente, dados empíricos e análise comparativa.
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ii) TEORIA ECONÔMICA: analisa, de forma, simplificada, o funcionamento de um
sistema econômico, utilizando um conjunto de suposições e hipóteses acerca do mundo
real, procurando obter as leis que o regulam. Ela se divide em microeconomia e
macroeconomia.
a) Microeconomia: trata do comportamento das firmas e dos indivíduos ou famílias,
preocupando-se com a formação dos preços e o funcionamento do mercado de cada
produto individual.
b) Macroeconomia: diz respeito aos grandes agregados nacionais. Estuda o
funcionamento do conjunto da Economia de um país, envolvendo o nível geral dos
preços, formação da renda nacional, mudanças na taxa de desemprego, taxa de câmbio,
balanço de pagamentos, etc.
iii) ECONOMIA APLICADA: utiliza a estrutura geral de análise fornecida pela Teoria
Econômica, para explicar as causas e o sentido das ocorrências relatadas pela Economia
Descritiva.
Teoria Econômica
Teoria
Teoria
Macroeconômica
Microeconômica
Analisa o comportamento
Analisa o comportamento
agregado dos agentes
dos agentes econômicos
econômicos
individuais
- Crescimento econômico
- Produtor
- Emprego
- Consumidor
- Distribuição da renda
- Setor
- Inflação
- Uma firma - Taxa de juros
- Política monetária e fiscal
- Etc.
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4.1. NECESSIDADE HUMANA
Entende-se por necessidade humana a sensação da falta de alguma coisa unida ao desejo do
satisfazê-la. As necessidades podem ser físicas, sociais, individuais, etc.
Não podemos nos esquecer de que as necessidades do ser humano renovam-se dia a dia,
exigindo da sociedade a produção contínua de bens com a finalidade de atendê-las. Além disso, a
perspectiva de elevação do padrão de vida e a evolução tecnológica fazem com que “novas”
necessidades apareçam, o que demonstra que as necessidades humanas são, realmente, ilimitadas.
Essa necessidade ilimitada faz com que nem todas as necessidades humanas possam ser
satisfeitas. E é esse fato que explica a existência da economia. Nesse sentido, cabe ao economista o
estudo do modo de satisfazer, tanto quanto possível, tais necessidades.
Segundo a pirâmide de Marslow, as necessidades obedecem a uma hierarquia:
Necessidades
de
auto-realização
(desenvolvimento
conquista)
Necessidade de estima
(auto-estima, reconheci-
mento, status)
Necessidades Sociais
(relacionamento, amor)
Necessidade Segurança
(defesa, proteção)
Necessidades Fisiológicas
(fome, sede)
As necessidades assumem formas que variam de uma pessoa para outra. A teoria de
motivação de Maslow se baseia nas seguintes preposições:
a) O comportamento humano pode ter mais de uma motivação. O comportamento motivado é uma
espécie de canal pelo qual muitas necessidades podem ser satisfeitas isolada ou simultaneamente.
b) Nenhum comportamento é casual, mas motivado; isto é, orientado para objetivos.
c) As necessidades humanas estão dispostas em uma hierarquia de importância ou de premência:
uma necessidade superior somente se manifesta quando a necessidade inferior (mais premente) foi
satisfeita. Toda necessidade está relacionada com o estado de satisfação ou de insatisfação de outras
necessidades. Uma vez satisfeitas suas necessidades básicas de alimento, vestiário e abrigo, o
homem deseja amigos e torna-se sociável e grupal. Uma vez satisfeitas essas necessidades
aquisitivas, deseja reconhecimento e respeito de seus amigos e realiza sua independência e
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competência. E, satisfeitas essas necessidades de status e auto-estima, passa a buscar a realização de
si mesmo, a liberdade e modos cada vez mais elevados de ajustamento e adaptação.
d) A necessidade inferior (mais premente) monopoliza o comportamento do indivíduo e tende
automaticamente a organizar a mobilização das diversas faculdades do organismo. Assim, as
necessidades mais elevadas (menos prementes) tendem a ficar relegada a um plano secundário.
Apenas quando satisfeitas as necessidades inferiores é que surgem gradativamente as necessidades
mais elevadas.
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Os Serviços são aquelas atividades que, sem criar objetos materiais, se destinam direta ou
indiretamente a satisfazer as necessidades humanas.
Para a satisfação das necessidades humanas, é necessário produzir bens e serviços. Para isso,
exige-se o emprego de recursos produtivos e de bens elaborados.
Os Fatores de Produção podem ser classificados em três grandes grupos: Terra, Trabalho e
Capital.
1) Terra (ou Recursos Naturais): é o nome dado pelos economistas para designar os recursos
naturais existentes, ou dádivas da natureza, tais como florestas, recursos minerais, recursos
hídricos etc. Compreende não só o solo utilizado para fins agrícolas, mas também o solo
utilizado na construção de estradas, casas etc.
2) Trabalho: o fator trabalho refere-se às faculdades físicas e intelectuais dos seres humanos que
intervêm no processo produtivo. O trabalho é o fator de produção básico. Os trabalhadores se
servem das matérias-primas obtidas na natureza. Com a ajuda da maquinaria necessária,
transformam-nas até convertê-las em matérias básicas, aptas a outros processos ou bens de
consumo.
3) Capital (ou Bens de Capital): enquanto os Bens de Consumo se orientam para a satisfação direta
das necessidades humanas, os Bens de Capital (ou bens de investimento) não são concebidos
para satisfazer diretamente às necessidades humanas, mas para serem utilizados na produção de
outros bens. Dessa forma, os Bens de Capital irão satisfazer as necessidades futuras, quando
forem utilizados para produção de bens de consumo. Os Bens de Capital incluem todos os
edifícios, todos os tipos de equipamentos e todos os estoques de materiais dos produtores,
incluindo bens parciais ou completamente acabados, e que podem ser utilizados na produção de
bens. Recebem essa denominação porque, nas economias capitalistas, o capital geralmente é de
propriedade privada.
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Famílias: incluem todos os indivíduos e unidades familiares da economia que, no papel de
“consumidores”, adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços com o objetivo de atender
as necessidades de consumo. Por outro lado, as famílias, na qualidade de “proprietárias” dos
recursos produtivos, fornecem às empresas os Fatores de Produção – Terra, Trabalho e Capital.
Empresas: são unidades encarregadas de produzir e/ou comercializar bens e serviços. A
produção é realizada através da combinação dos fatores produtivos adquiridos juntos às
famílias.
Governo: inclui todas as organizações que, direta ou indiretamente, estão sob o controle do
Estado, nas suas esferas federais, estaduais e municipais. Muitas vezes, o governo intervém no
sistema econômico, atuando como empresário e produzindo bens e serviços através de suas
empresas estatais.
Setor Primário: abrange as produções obtidas dos recursos naturais, como as atividades
agrícolas, pesqueiras, pecuárias e mineração.
Setor Secundário: atividades industriais que transformam matérias-primas em bens finais ou
intermediários, tais como: veículos automotores, materiais de construção, produtos químicos e
farmacêuticos, plásticos, aparelhos eletrodomésticos, tratores etc.
Setor Terciário (ou de serviços): reúne as atividades direcionadas a satisfazer as necessidades de
serviços produtivos que não se transformam em algo material como o comércio, transporte,
bancos, turismo, meios de comunicação, administração pública, etc.
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O ditado popular “quanto mais se tem, mais se quer” parece refletir fielmente a atitude dos
indivíduos em relação aos bens materiais. Assim, pois, o fato real que enfrenta a economia é que,
em todas as sociedades, tanto nas ricas como nas pobres, os desejos dos indivíduos não podem ser
completamente satisfeitos.
Dessa forma, a escassez força toda sociedade a fazer escolhas na tentativa de resolver três
questões econômicas básicas:
- O que e quanto produzir?
- Como produzir?
- Para quem produzir?
QUAIS bens serão produzidos será decidido pela demanda dos consumidores no mercado. O
dinheiro pago ao vendedor será redistribuído em forma de renda como salários, juros e
dividendos. Assim, fecha-se o círculo. O consumidor sempre procurará maximizar sua utilidade
ou satisfação.
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QUANTO produzir será determinado pela atuação dos consumidores e dos produtores no
mercado com os ajustamentos dados pelo sistema de preço.
COMO produzir é determinado pela concorrência entre os produtores. O método de fabricação
eficiente ou mais barato deslocará o ineficiente ou mais caro, podendo assim o concorrente
sobreviver no mercado produtor. O objetivo do produtor será sempre maximizar o lucro. Está
relacionado ao conceito de eficiência produtiva.
PARA QUEM produzir será determinado pela oferta e procura no mercado de serviços. Está
relacionado à renda (poder aquisitivo). A produção destina-se a quem tem renda para pagar e o
preço é um instrumento de exclusão e limitador de público-alvo.
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Se o fazendeiro utilizar toda a terra para cultivar milho, não haverá área disponível para o
plantio de soja. Por outro lado, se ele quiser se dedicar somente à cultura de soja, utilizando-se de
toda a sua propriedade para este fim, não poderá plantar milho.
Nesse caso, existem soluções alternativas intermediárias, com a utilização de parte das terras
para o plantio de soja, ficando a fração restante para a cultura de milho. A Tabela 1 apresenta, para
esse exemplo, várias possibilidades de produção de soja e milho.
9.000
Milho (Kg)
A
8.000
B Z
7.000 C
6.000
D
5.000
Y
4.000
E
3.000
2.000
1.000
F
0
0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000
Soja (kg)
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A Curva ABCDEF indica todas as possibilidades de produção de milho e soja nessa
economia hipotética. Qualquer ponto sobre a curva significa que a economia irá operar no pleno
emprego, ou seja, à plena capacidade, utilizando todos os fatores de produção disponíveis.
No ponto Y (ou em qualquer outro ponto interno à curva), quando a economia está
produzindo 2.000 quilos de soja e 4.500 quilos de milho, dizemos que se está operando com
capacidade ociosa ou com desemprego. Ou seja, os fatores de produção estão sendo subutilizados.
O ponto Z apresenta uma combinação impossível de produção (4.800 quilos de soja e 7.500
quilos de milho), uma vez que os fatores de produção e a tecnologia de que a economia dispõe
seriam insuficientes para obter essas quantidades de bens. Esse ponto ultrapassa a capacidade de
produção potencial ou de pleno emprego dessa economia.
A Curva de Possibilidades de Produção (ou Fronteira de Possibilidades de Produção) nos
mostra todas as combinações possíveis entre milho e soja que podem ser estabelecidas, quando
todos os recursos disponíveis estão sendo utilizados, ou seja, quando está ocorrendo pleno emprego
de recursos. Como podemos observar no gráfico, a produção de milho implica a produção menor de
soja e vice-versa.
A Curva de Possibilidade de Produção fornece um importante instrumental de análise para as
alternativas de utilização dos recursos disponíveis. Ela demonstra todas as possíveis combinações
que podem ser estabelecidas, quando os recursos produtivos estão sendo plenamente utilizados.
A escolha de qual alternativa será utilizada dependerá fundamentalmente da demanda que a
sociedade tem ou terá pelos bens a serem produzidos. Como os recursos produtivos são limitados
(terra, força de trabalho, financeiro, capital físico – ex: maquinário – tecnologia, etc.), ao se optar
por produzir mais unidades de um bem (milho), terá que haver redução na produção do outro bem
(soja).
7. CUSTO DE OPORTUNIDADE
No exemplo anterior, se a fazenda estiver usando eficientemente seus recursos (o que indica
uma situação de pleno emprego), um aumento na produção de soja somente ocorrerá mediante uma
diminuição na produção de milho. Assim, o custo de um produto poderá ser expresso em termos da
quantidade sacrificada do outro.
A Tabela 2 apresenta o custo de oportunidade da produção de soja, ou seja, qual a
quantidade de milho que deixa de ser produzida, ou sacrificada, para aumentar a produção de soja
em 1.000 quilos.
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Tabela 2: Custo de Oportunidade em uma Fazenda
Alternativas de Combinações de Produção Custo de
Produção Soja (em quilos) Milho (em quilos) Oportunidade*
A 0 8.000
B 1.000 7.500 500
C 2.000 6.500 1.000
D 3.000 5.000 1.500
E 4.000 3.000 2.000
F 5.000 0 3.000
* Quantidade de milho que não deve ser produzida para obter-se 1.000 quilos adicionais de
soja
a) Pleno Desemprego: ocorre quando a demanda está muito abaixo da situação de pleno emprego e
a economia não estaria produzindo nada. É um ponto improvável avaliado pelo ponto de vista da
economia como um todo, pois a economia pode não estar utilizando a totalidade dos recursos
produtivos, mas em hipótese alguma ela deixará de produzir alguma coisa;
b) Capacidade Ociosa: significa que o nível de produção praticado está abaixo da real capacidade
de produção da economia ou da firma. Neste ponto, não há custo de oportunidade, porque não há
sacrifício algum para se produzir mais ambos os bens. Os recursos de produção não estão
plenamente ocupados;
c) Pleno Emprego (eficiência produtiva): quando a produção utiliza plenamente os recursos
produtivos disponíveis. Situação em que todos os recursos disponíveis estão sendo plenamente
utilizados, ou seja, não existe capacidade ociosa das atividades produtivas. È considerada a fronteira
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da produção, além da qual não se consegue produzir maiores quantidades de bens e serviços com os
recursos disponíveis num dado período de tempo. Limite máximo da eficiência;
d) Além do Pleno Emprego (expansão das fronteiras de produção): é um ponto inatingível quando
a produção necessária para atingi-lo está acima da real capacidade de produção da economia, com
os recursos e os fatores disponíveis, num dado período de tempo. Só irá ser atingido se ocorrerem
investimentos, ou seja, quando mais tecnologia for introduzida no processo produtivo. Uma outra
possibilidade é que, quando houver mais recursos financeiros para investir ou adquirir novos
equipamentos, a capacidade de produção será alterada, ou seja, haverá a possibilidade de produzir
bens num novo patamar de maximização. Há um deslocamento da curva para direita. Quanto maior
a disponibilidade de recursos produtivos na economia, mais afastada da origem a curva estará. Tal
ponto é atingido através de aumento na quantidade do fator capital, da força de trabalho, progresso
tecnológico, dentre outros.
Capacidade
ociosa
Pleno
Desemprego Bem X
O deslocamento da Curva de Possibilidade de Produção para a direita indica que o país está
crescendo. Isso pode ocorrer fundamentalmente tanto em função do aumento da quantidade física
de fatores de produção como em função de melhor aproveitamento dos recursos já existentes, o que
pode ocorrer com o progresso tecnológico, maior eficiência produtiva e organizacional das
empresas e melhoria no grau de qualificação da mão-de-obra. Desse modo, a expansão dos recursos
de produção e os avanços tecnológicos, que caracterizam o crescimento econômico, mudam a curva
de possibilidade de produção para cima e para a direita, permitindo que a economia obtenha
maiores quantidades de todos os bens.
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