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FACULDADE DE LETRAS ECONOMIA

DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA

Conceitos Económicos Básicos


• Economia (Frank e Bernanke, 2003): estudo da
Faculdade de Letras forma como as pessoas faz escolhas em
condições de escassez e das consequências
Departamento de Sociologia dessas escolhas para a sociedade.

Economia • Economia (Samuelson, 1989): é a ciência que


estuda como as pessoas e a sociedade
1º semestre 1º ano escolhem o emprego de recursos escassos,
2007-2008 que podem ter usos alternativos, de forma a
produzir vários bens e a distribui-los para
consumo, agora e no futuro, entre as várias
pessoas e grupos na sociedade.
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Conceitos Económicos Básicos Conceitos Económicos Básicos


ECONOMIA ECONOMIA
POSITIVA NORMATIVA Exemplos de afirmações que se podem
colocar ao nível da economia normativa:
Descreve o comporta- Envolve julgamentos de A distribuição de rendimentos em Portugal é injusta
mento da economia: valor; preceitos éticos, O Governo deve preocupar-se mais com a distribuição de
morais rendimentos em Portugal
causas, efeitos A inflação está alta
Estuda o que é a econo- Estuda quais deverão ser A taxa de juro dos empréstimos está alta.
mia e como ela funciona os objectivos de uma Ou questões:
economia Deve ser exigido aos pobres que trabalhem para receberem ajudas
do Governo?
Via: proposições positivas factuais Via: proposições normativas ou Deve o desemprego aumentar para assegurar que a inflação não
resultantes da Teoria Económica Julgamentos de Valor. acelere?

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Conceitos Económicos Básicos Conceitos Económicos Básicos


Macroeconomia Microeconomia

Estuda o funcionamento das economias Estuda o escolha dos agentes individuais


nacionais (como um todo) e das politicas ou dos comportamentos de grupos (empresas
, consumidores, trabalhadores, investidores) em
que os governos adaptam de forma a
condições de escassez e as suas
resolver os problemas macroeconómicos e consequências no comportamento dos
a melhorar o desempenho da economia preços e das quantidades dos mercados
individuais.

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Conceitos Económicos Básicos Conceitos Económicos Básicos


Bem: algo que satisfaz uma necessidade humana A finalidade da economia é o estudo da
Quando falamos de um bem deve ser entendido satisfação das necessidades humanas
em sentido lato, ou seja, pode significar um através de bens. Ao acto de satisfação
produto ou um serviço. das necessidades/desejos chamamos
Recursos: algo que serve para produzir bens; não consumo.
satisfaz directamente uma necessidade; tem Consumo é a utilização dos bens (em
uma utilidade indirecta; não são bens em sentido sentido lato) para a satisfação das
estrito. São bens intermédios ou factores de necessidades/desejos - única finalidade
produção. do comportamento económico.
Exemplos: trabalho, terra, máquinas, edifícios
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Conceitos Económicos Básicos A Escassez Económica


Todas as definições de economia envolvem Princípio da escassez (ou de que não há
várias ideias (implícitas e explícitas) almoços grátis): os recursos disponíveis
fundamentais em economia: são limitados e as necessidades e desejos
são infinitos. Por isso, ter mais de uma
coisa boa ou desejada significa
escassez
normalmente ter menos de outra.
escolha Principio da não existência de almoços grátis que deriva da
observação de que até um almoço que nos seja oferecido consome o
eficiência. nosso tempo de refeição que poderíamos empregar fazendo outras
coisas úteis.

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A Escassez Económica A Escassez Económica


Os indivíduos, as famílias, as empresas e os
Ausência de escassez implicaria a inexistência de
países defrontam-se com escassez de escolhas.
recursos. Todas as decisões ou escolhas são A escassez é a incapacidade de os bens disponíveis
condicionadas pela escassez dos recursos satisfazerem as necessidades humanas ilimitadas.
Se fosse possível produzir quantidades infinitas de
disponíveis. todos os bens ou as necessidades/desejos fossem
completamente satisfeitas, não existiria escassez e não
Dada a escassez, qualquer decisão ou seria preciso fazer escolhas.
escolha económica envolve um trade-off: •Escassez não é equivalente a pobreza.
ter mais de uma coisa desejada significa ter Um país rico, como os EUA, defronta-se com o problema da
menos de outra. escassez de recursos

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A Escassez Económica A Escassez Económica


A escolha só é um problema económico Dado que os recursos são escassos, os
quando: bens são também escassos. A escassez
•existem alternativas exequíveis permite distinguir entre bem económico e
(efectivamente disponíveis) bem livre.
•e escassez •Bem económico: bem cuja oferta é
(relativamente à satisfação das limitada e portanto é um bem escasso.
necessidades humanas; à medida que estas •Bem livre: bem cuja oferta é ilimitada.
evoluem também a escassez evolui). Exemplo: ar

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A Escassez Económica O Princípio do Custo Benefício


A escassez é a incapacidade de os bens A escassez implica escolha.
disponíveis satisfazerem as necessidades E a escolha envolve um trade-off, ou seja,
humanas ilimitadas. São estas que definem
ter mais de uma coisa boa ou desejada
se um bem é ou não escasso.
significa ter menos de outra.
Para que as necessidades sejam
satisfeitas é necessário usar de forma Como é que os economistas resolvem este
eficiente os recursos escassos. dilema ou trade-off?
Ou seja, deve-se evitar o desperdício de O princípio do custo-benefício ajuda a
recursos. tomar uma decisão.
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O Princípio do Custo Benefício O Princípio do Custo Benefício


Princípio do custo-benefício: Um decisor racional procura maximizar o
um agente económico (pessoa, empresa ou excedente económico.
a sociedade) deve desenvolver uma Excedente económico: A diferença entre
acção/actividade se, e só se, o benefício o benefício total e o custo total de uma
daí decorrente (benefício adicional) for
acção ou actividade.
maior ou igual ao respectivo custo
adicional.
Face a duas actividades/acções alternativas, a
escolha vai incidir sobre a acção/actividade que
Beneficio marginal > Custo marginal gera o maior excedente económico.
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O Princípio do Custo Benefício O Princípio do Custo Benefício


As questões que se colocam neste Custo de oportunidade de uma actividade/
momento são: / acção:
é o valor da melhor alternativa que se tem
que sacrificar por se ter escolhido essa
•1. o conceito de custo e respectiva
acção/actividade.
medição; Custo de oportunidade de um bem/ recurso
económico:
•2. o conceito de benefício e é o valor do melhor uso alternativo para
respectiva medição. esse bem/recurso.
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O Princípio do Custo Benefício O Princípio do Custo Benefício


Tendo em conta o princípio da escassez, Notas/comentários à definição de custo de
oportunidade:
ao escolher, estamos a sacrificar uma • O custo de oportunidade não se mede
necessidade para satisfazer outra - cada necessariamente em unidades monetárias
escolha tem um custo. Em economia • O custo de oportunidade de uma actividade /
/acção não é necessariamente equivalente ao
chama-se custo de oportunidade. Um custo monetário explícito dessa actividade/
custo económico é um custo de /acção.
oportunidade. Ou, dito de outro modo, o • O custo de oportunidade não é o valor
conjunto de todas as possíveis
custo de oportunidade é o único conceito actividades/acções alternativas, mas apenas o
económico de custo valor da melhor alternativa.
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O Princípio do Custo Benefício O Princípio do Custo Benefício


Exemplo:
O custo de oportunidade representa o O montante das propinas para frequentar um programa de mestrado em economia,
valor da melhor oportunidade/alternativa com a duração de um ano, numa instituição universitária é de €2 000.
A Paula está a pensar frequentar o programa e desistir do emprego actual que lhe
que o indivíduo, a empresa ou o governo proporciona um rendimento anual de €10 000.
têm que sacrificar ao fazer uma escolha. O José está desempregado e está a considerar frequentar o programa.
Tendo em conta apenas esta informação, calcule o custo de oportunidade de
Uma decisão racional requer que os frequentar o programa para cada indivíduo.

custos de oportunidade sejam Custo de oportunidade de frequentar o programa


considerados como uma parte do custo de •Paula = €10 000 + €2 000
qualquer decisão. •José = €2 000

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O Princípio do Custo Benefício O Princípio do Custo Benefício


Preço de reserva: Exemplo: O Preço de Reserva de se ter a
camisa passada a ferro, caso se vá a um
é o preço máximo ou valor máximo que
jantar importante.
um agente está disposto a pagar para
Tudo depende de qual o preço máximo que
obter um bem ou serviço ou o menor
se está disposto a pagar por alguém lhe
dos pagamentos que aceitaria para passar a camisa
desistir de um bem ou serviço.

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O Princípio do Custo Benefício O Princípio do Custo Benefício


Notas: A) O Custo de oportunidade e
(a) O preço de reserva para obter um identificação da alternativa relevante:
bem ou serviço não é necessariamente Existe uma tendência para se ignorar o
igual ao preço que se paga por esse bem ou valor implícito de actividades que não
serviço. É o valor desse bem ou serviço acontecem.
para o utilizador. Mas, uma decisão racional requer que se
(b) O preço de reserva pode representar tenha em conta o valor das actividades
/medir um benefício ou um custo. perdidas

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O Princípio do Custo Benefício O Princípio do Custo Benefício


B) O Custo de Oportunidade e o valor O valor temporal do dinheiro consiste no facto de que
uma determinada quantia depositada numa conta a prazo
temporal do dinheiro hoje crescer em valor ao longo do tempo. Logo, um euro
pago ou recebido no futuro tem menos valor que um euro
O facto de realizarmos uma determinada acção pago ou recebido hoje. Logo, o custo de oportunidade de
hoje pode significar a impossibilidade de um euro gasto hoje é geralmente maior que o custo de
oportunidade de um euro gasto daqui a um ano.
realizar outra acção no futuro. Para ter em
conta de forma apropriada o valor de
Os juros pagos pelos bancos são uma consequência do
oportunidades futuras, é necessário pesar custo de oportunidade. O juro é uma compensação pelo
custos e benefícios futuros contra custos e custo de oportunidade de prescindir de determinada
benefícios presentes. quantia

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O Princípio do Custo Benefício O Princípio do Custo Benefício


Os custos e benefícios relevantes são Benefício médio: benefício total de
sempre marginais produzir / consumir n unidades dividido
•Custo médio: custo total de produzir / por n.
/consumir n unidades dividido por n.
•Custo marginal: custo adicional (ou o Benefício marginal: é o benefício adicional
aumento no custo total) necessário para (ou o aumento no benefício total)
produzir/consumir mais uma unidade resultante da produção/consumo de mais
adicional do produto. uma unidade adicional de um bem.

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O Princípio do Custo Benefício O Princípio do Custo Benefício


Exemplo: Numero Custos Receitas
de totais totais Custos fixos e custos variáveis
Considere uma empresa
organizadora de eventos. eventos € € Custos fixos: são custos que não variam o
A actividade deste ano permite-
lhe, neste momento, ter uma
1 600 1.000 nível de uma actividade (por exemplo, com
2 1.100 2.000
receita de €5 000, após a a quantidade produzida de um bem por
organização de 5 eventos, e um 3 1.500 3.000
custo de €3 500. uma empresa).
4 2.400 4.000
Mas tomando em consideração o
quadro abaixo, qual será o 5 3.500 5.000 Custos variáveis: são custos que variam
número óptimo de eventos a com o nível de actividade.
realizar?

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O Princípio do Custo Benefício O Princípio do Custo Benefício


Por definição de custo médio e custo Custo afundado: é um custo que não tem
marginal: recuperação no momento em que a decisão
O custo médio incorpora custos fixos e deve ser tomada.
variáveis.
Uma vez que são gerados quer a acção se dê ou não, são
O custo marginal incorpora apenas custos irrelevantes para a decisão de efectuar ou não a acção.
variáveis. Os únicos custos que devemos considerar quando
tomamos uma decisão sobre efectuar ou não uma acção
são aqueles que podemos evitar ao não efectuar a acção.

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Vantagem Absoluta e Comparativa Vantagem Absoluta e Comparativa


Nas sociedades como a que vivemos um indivíduo consome
uma variedade enorme de bens/produtos e serviços . Definição de vantagem absoluta:
No entanto, o indivíduo não produz todos estes bens, ou seja Um agente económico tem vantagem
ele não faz uma distribuição do seu tempo de trabalho pela
produção de todos estes bens.
absoluta em relação a outro numa dada
O que o indivíduo faz é o seguinte: especializa-se na actividade, se demorar menos tempo a
produção de certos bens ou serviços e satisfaz as suas realizar essa actividade económica, isto é
necessidades recorrendo aos mercados, ou seja às trocas. se for mais eficiente ou mais produtivo na
Esta forma de organização económica baseada na
especialização e na troca de bens e serviços é mais produtiva
realização dessa actividade
(no sentido de que produz-se uma maior quantidade de bens
e serviços)
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Vantagem Absoluta e Comparativa Vantagem Absoluta e Comparativa


Definição de vantagem comparativa: um
Princípio da vantagem comparativa:
indivíduo tem uma vantagem comparativa
em relação a outro se o custo de o desempenho de uma agente económico
oportunidade por efectuar uma (indivíduo ou país) é melhor se ele se
determinada actividade económica for concentrar na(s) actividade(s) em que o
mais baixo que o custo de oportunidade do seu custo de oportunidade é mais baixo.
outro indivíduo, isto é, se for
relativamente mais eficiente nessa
actividade que o outro agente.
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Vantagem Absoluta e Comparativa Vantagem Absoluta e Comparativa

Quando dois agentes económicos têm O princípio da vantagem comparativa


diferentes custos de oportunidade na está na base da especialização e das
realização de várias actividades podem trocas de mercado.
sempre aumentar o valor total dos bens e A vantagem comparativa faz com que a
serviços produzidos em conjunto se se especialização valha a pena mesmo
concentrarem nas actividades em que são quando um dos agentes envolvidos tem
relativamente mais produtivos ou vantagem absoluta em todas as
eficientes. actividades.

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Vantagem Absoluta e Comparativa Vantagem Absoluta e Comparativa

O fundamento lógico para as trocas de As fontes da vantagem comparativa


mercado é os ganhos que a especialização podem ser:
baseada na vantagem comparativa torna •para os indivíduos: o talento, a
possíveis. educação, o treino, a experiência
Os ganhos com a especialização são •para as nações: dotação de recursos
maiores quando as diferenças nos custos naturais, cultura, topografia, clima,
de oportunidade são maiores e quando os organização institucional
agentes gozam de vantagem absoluta nas
respectivas especialidades.
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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção


café

Uma economia de uma pessoa 0,12

Exemplo. 12

Considere uma economia constituída apenas pela Susana 6,9


que trabalha 8 horas por dia.
O seu tempo de trabalho distribui-se na apanha de café
e/ou nozes. 18,3
Cada hora de trabalho dedicada a apanhar nozes
rende-lhe 3 kg de nozes
Cada hora dedicada a apanhar café rende-lhe 1,5 Kg 24,0
de café.
24 nozes
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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção

A curva correspondente às várias Como produz uma quantidade de cada


combinações dos dois bens designa-se de bem que é exactamente proporcional ao
Curva de Possibilidades de Produção, a tempo que ela dedica a fazê-lo, pode
qual indica as quantidades máximas de traçar-se uma linha recta. O valor
produção que podem ser obtidas por uma absoluto do declive da recta é igual a
economia, dada a quantidade de 0,5
recursos/factores produtivos e o seu Y = a + b X.
conhecimento tecnológico (ou tecnologia
disponível).
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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção

Como produz uma quantidade de cada Definição de uma recta


bem que é exactamente proporcional ao Y = a + b X.
tempo que ela dedica a fazê-lo, pode No nosso caso basta dois pontos
traçar-se uma linha recta. Xo = 6 e Yo = 9
X1 = 18 e Y1 = 3
O valor absoluto do declive da recta é Y1 = a+ b X1 3 = a + b* 18
igual a 0,5 Y0 = a+ b X0 9 = a + b* 6
6b = 9-a b = 9/6 - a/6
Y = 12 -0,5. X. 3 = a + (9/6 - a/6 ) * 18 3 = a + 27 - 3a 3 - 27 = -2a
-24= -2a a= 12
e b = 9/6 - a/6 b=9/6-12/6 b=-3/6 b= -0,5
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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção

O que representa o valor absoluto do declive ou


da Curva de Possibilidades de Produção?
Perda em café
•Valor absoluto do declive = Ganho em nozes

12 kg de café / dia
Custo de Oportunidade de um Kg adicional de nozes
24 kg de nozes / dia
Para dispor de 1 Kg adicional de nozes, a Susana tem
= 0,5 kg de café/ 1kg de nozes
de abdicar de 0,5 Kg de café

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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção


Uma economia de duas pessoas
Isto significa que o custo de oportunidade de um Kg Exemplo.
adicional de nozes para a Susana é constante e igual a
Considere uma economia constituída apenas pela Susana e
0,5 Kg de café.
pelo António que trabalham 8 horas por dia.
Para a Susana:
Ou Cada hora de trabalho dedicada a apanhar nozes rende-lhe 3 kg de
nozes
Para dispor de 1 Kg adicional de café, a Susana tem Cada hora dedicada a apanhar café rende-lhe 1,5 Kg de café.
de abdicar de 2 Kg de nozes. Para o António:
Cada hora de trabalho dedicada a apanhar nozes rende-lhe 0,75 kg de
nozes
Cada hora dedicada a apanhar café rende-lhe 0,75 Kg de café.

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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção


As CPP da Susana e do António

Repara-se que o António é menos produtivo Café (Kg/dia)

(0;12)
que a Susana em ambas as actividades, o
que se reflecte nos pontos de intersecção (6;9)

com os dois eixos. (18;3)


(0;6)

A Susana tem vantagem absoluta em


António
(24;0)
Susana

ambas as actividades.
(6;0)
Nozes (Kg/dia)

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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção

Para a Susana a CPP é Para o António: Custo Oportunidade das Nozes =


Y = 12 -0,5. X. ∆ Café
∆ Nozes
Para o António a CPP é = 1 Kg de Café/ 1 Kg adicional de nozes
Y = 6 - X Para a Susana: Custo Oportunidade das nozes =

O custo de oportunidade de 1 Kg adicional ∆ Café


de nozes é maior para o António, o que se ∆ Nozes
reflecte na inclinação da Curva de = 0,5 Kg de café/ 1 Kg adicional de nozes
Possibilidades de Produção.
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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção

Embora, em termos absolutos, o António Questão:


seja menos eficiente a colher café que a Qual a Curva de Possibilidades de
Susana, em termos relativos é mais Produção desta economia? No caso
eficiente (tem um custo de oportunidade anterior, a Curva de Possibilidades de
menor (1 versus 2). Produção de economia coincidia com a
•O António tem uma vantagem comparativa Curva de Possibilidades de Produção da
Susana.
a colher café.
E, neste caso em que temos dois
•E a Susana tem uma vantagem comparativa indivíduos?
na colheita de nozes.
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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção

Repare-se que agora a Curva de Possibilidades


Café (Kg/dia)
de Produção deixou de ser uma linha recta.
(0;18) A
Vamos começar por admitir que ambos se
dedicam exclusivamente à colheita de
(24;6) C café.
Num dia, a Susana colhe 12 Kg de café e o
(30;0) B António colhe 6 Kg de café, implicando
uma colheita total de 18 Kg de café por
Nozes (Kg/dia)
dia. A economia está no ponto A = (0,18).
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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção

Quando ambos se dedicam exclusivamente Se a Susana afectar 2 horas à colheita


à colheita de nozes, a produção/colheita de nozes por dia e 6 horas à colheita
conjunta é: de café; e o António continuar a
0 kg de café e 24 Kg de nozes dedicar-se exclusivamente à colheita de
Designamos este ponto por B. café, em conjunto produzem:
•Nozes: 6 Kg /dia,
•Café: 9 Kg + 6 Kg = 15 Kg/ dia.

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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção

Relativamente ao ponto A, ganham 6 Kg Reduzindo sucessivamente o tempo da


de nozes/dia e perdem 3 Kg de Susana dedicado à recolha de café,
café/dia. atingimos o ponto em que ela se dedica
Esta perda em café e o ganho em nozes exclusivamente à colheita de nozes
reflecte o custo de oportunidade da (nesta fase, a inclinação da Curva de
Susana de obter um Kg adicional de Possibilidades de Produção é dada pelo
nozes, que é 0,5 Kg de café custo de oportunidade da Susana: 0,5).

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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção

Chega-se à situação de especialização Mas ao fazer isto, por cada Kg adicional


total ou máxima: de nozes, perde-se 1 kg de café.
o António só colhe café Então, o declive da recta altera-se no
a Susana só colhe nozes. ponto C. À direita do ponto C, a inclinação,
em valor absoluto, é dada pelo custo de
oportunidade do António:
Neste caso, a produção conjunta é 24 Kg
de nozes/dia e 6 Kg de café/dia. Vamos 1Kg de café/ 1 Kg adicional de nozes.
designar este ponto por C.
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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção

RESUMINDO: Princípio do custo de oportunidade


à esquerda do ponto C, o declive, em valor crescente:
absoluto, é igual ao custo de oportunidade se se pretender aumentar a produção
da Susana de obter 1 Kg adicional de de um bem, deve começar-se primeiro
nozes; por utilizar os recursos com os mais
à direita do ponto C, o declive, em valor baixos custos de oportunidade e só
absoluto, é igual ao custo de oportunidade depois recorrer aos de mais elevados
do Tom de obter 1 Kg adicional de nozes. custos de oportunidade.

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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção


Uma economia com muitas pessoas
Observação: Notar que a Curva de
Os bens que são consumidos de modo a
Possibilidades de Produção da economia
satisfazer necessidades humanas
foi construída com base em três
dificilmente se encontram já disponíveis;
princípios:
normalmente, têm de sofrer alterações que
•princípio da escassez, os tornem aptos a satisfazer as
•princípio da vantagem comparativa e necessidades humanas. A produção faz-se a
•princípio do custo de oportunidade partir dos factores produtivos/recursos e
crescente. dos bens intermédios.
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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção


Como gerir os recursos limitados? Como Admita uma determinada economia em que
afectar os recursos à produção de bens? se produz apenas pão (satisfação de
Usos alternativos de recursos por uma necessidades de alimentação) e livros
sociedade/país . (satisfação de necessidades de cultura).
Existem diversas curvas de Possibilidades Há um montante fixo de recursos: terra,
de Produção de Bens. A sociedade tem que trabalho e capital e tudo o resto se
decidir: mantém constante.
•O quê? - escolher o conjunto de bens
•Como? - seleccionar técnicas de produção
•Para quem? - quem deve
FACULDADE consumir os bens
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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção


•A  montante máximo de pão, dada a
Pão tecnologia e os recursos existentes (todos os
Fronteira de Possibilidades
A de Produção recursos estão afectos à produção de pão)
•B  certo montante de livros e de pão
B Conjunto de possibilidades
•C  montante máximo de livros, dada a
de produção
tecnologia e os recursos existentes (todos os
recursos estão afectos à produção de livros)
C •A situação intermédia em que os dois bens
Livros
são produzidos é a mais normal.
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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção


A racionalidade está presente (em cada ponto
Fronteira (ou Curva) de Possibilidades de de produção):
Produção • ao aplicarem-se todos os recursos;
desperdícios seriam irracionais -
Quantidade máxima de um bem que pode •EMPREGO PLENO DOS RECURSOS.
ser produzida para cada possível nível de • ao afectas os recursos a cada uma das
produção do outro bem, dados o produções sejam os mais adequados a essa
conhecimento tecnológico e o montante dos produção (princípio do Custo de Oportunidade
factores produtivos. crescente); estão a ser utilizados da melhor
maneira possível -
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•EMPREGO ÓPTIMO DOS RECURSOS.
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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção


•Classificação das combinações: •Classificação das combinações:
•Ponto ineficiente: qualquer combinação dos dois
•Ponto atingível: qualquer combinação dos dois bens bens a partir da qual, com os recursos disponíveis e
que pode ser produzida com os recursos disponíveis; a tecnologia existente, é possível aumentar a
são os pontos situados ao longo (eficientes) ou produção de um dos bens sem reduzir a produção do
abaixo da CPP (ineficientes). outro bem. Assim, qualquer ponto no interior da
curva, é irracional, não interessa, porque
•Ponto inatingível (ou impossível): qualquer •ou há recursos que não estão a ser utilizados na
combinação dos dois bens que não pode ser totalidade (desemprego, por exemplo)
produzida com os recursos disponíveis e a tecnologia •ou os recursos não estão a ser utilizados da melhor
existente. Em qualquer ponto acima da curva, maneira, isto é, de forma óptima (tecnologias de
teríamos pelo menos mais de um dos bens. produção obsoletas, barreiras à mobilidade de
FACULDADE DE LETRAS recursos, por exemplo).
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A Curva de Possibilidade de Produção A Curva de Possibilidade de Produção


•Exemplo
•Classificação das combinações: Em determinado país produzem-se apenas dois bens, X e
Y, sabendo-se que, entre outras, as seguintes
•Ponto eficiente: qualquer combinação dos dois bens combinações de X e Y pertencem à sua Fronteira de
Possibilidades de Produção (FPP):
a partir da qual, com os recursos disponíveis e a A (10; 10) B (12; 8) C (14; 5) D (15; 2)
tecnologia existente, não é possível aumentar a Justificando devidamente, classifique as seguintes
produção de um dos bens sem reduzir a produção do combinações dos dois bens no que respeita à sua posição
outro bem. relativamente à CPP:
1) E (14; 2) 2) F (14; 8) 3) G (8; 13)
4) Em que circunstâncias poderá a economia deste país
situar-se num ponto como E? E num ponto como F?
Justifique cuidadosamente.
5) Mostre, com os dados disponíveis, que se verificam
custos de oportunidade crescentes. Evidencie os
factores que podem gerar tal situação e justifique
FACULDADE DE LETRAS FACULDADE DE LETRAS

A Curva de Possibilidade de Produção


Resolução do Exemplo

Y 8,13
10,10
14,8
12,8

14,5

14,2 15,2

FACULDADE DE LETRAS
X

JOÃO COUTO 21

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