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MICROECONOMIA

2021/2022

Susana Oliveira

1. Introdução ao Estudo da Ciência Económica

1.1 Pensar como um economista


Bibliografia
Frank, R e Bernanke B., Princípios de Economia, McGraw-Hill, 2003; (Cap. 1 e 2)
Frank, R.H., Microeconomia e Comportamento, 3ª edição, McGraw-Hill, 1998; (Cap. 1)

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1.1 PENSAR COMO UM ECONOMISTA
Economia – o estudo da forma como as pessoas fazem escolhas em
condições de escassez, e das consequências dessas mesmas escolhas
para a sociedade.
Necessidades
Recursos limitados
ilimitadas

Rendimento Mais
limitado rendimento

Recursos Mais vida


naturais limitados saudável

Tempo limitado (o Mais


dia só tem 24h) solidariedade

Energia/saúde Mais atividades


limitada Mais …
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Princípio da escassez

embora as necessidades sejam infinitas, os recursos são


limitados. O facto de existir escassez torna a escolha necessária.

Escolha
O facto de não podermos ter tudo que queremos obriga-nos a
escolher. Se escolhermos satisfazer uma necessidade, temos que
sacrificar outra necessidade. A escolha tem um custo!

Custo de oportunidade

valor da melhor alternativa sacrificada/perdida


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Como Escolher?

Princípio da análise custo-benefício


Tenta resolver problemas de escolha. Ajuda a
estruturar o pensamento, tendo em conta a
informação disponível.
Um indivíduo deve desenvolver uma ação se e só se
os benefícios daí decorrentes excederem os custos.

Preço de reserva – o preço mais alto que uma pessoa está disposta a
pagar para obter o produto.
Excedente económico – benefício por desenvolver uma ação menos o
custo.
Custos afundados – custos que não têm recuperação no momento em
que uma decisão deve ser tomada.
Valores médios e marginais

Armadilhas que se apresentam aos decisores:


 Ignorar custos de oportunidade
 Não ignorar custos afundados
 Não distinguir custos médios e marginais

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1. Introdução ao Estudo da Ciência Económica (Cont)

1.2 Conceitos introdutórios


Bibliografia
Samuelson, P. e W. Nordhaus, Economia, 18ª ed., McGraw Hill, 2005;(cap.1)

1.2 CONCEITOS INTRODUTÓRIOS

DEFINIÇÃO DE ECONOMIA

O Que é Economia?
ECONOMIA – do grego OIKONOMIA
OIKOS = casa
NOMOS = lei

“ Ciência do abastecimento, que trata da arte da aquisição”


(Aristóteles)

“ Economia é o estudo da humanidade nos assuntos correntes da vida”

(Marshall)

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Economia estuda o comum das realidades – a vida corrente de todas as
pessoas e todos os assuntos correntes da vida.

Economia estuda os assuntos económicos  Falso! Não existem assuntos


económicos.

“A Economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade escolhem o


emprego de recursos escassos, que podem ter usos alternativos, de forma
a produzir vários bens e a distribui-los para consumo, agora e no futuro,
entre as várias pessoas e grupos na sociedade.”

(Samuelson e Nordhaus, 2005)

Duas ideias fundamentais:

Escassez e Eficiência

Os bens são escassos e a sociedade deve usar os seus recursos de forma


eficiente.

Outros elementos particulares que constituem a Economia:

 Estudo do comportamento dos agentes e da sociedade


 Bens e Recursos – Bens Económicos
 Escolha
 Consumo
 Tempo Existem em quantidades limitadas,
a sua obtenção implica um custo

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ABORDAGEM CIENTÍFICA

Os Economistas para compreenderem a vida económica usam a


Abordagem Científica, que exige:
 Observação dos acontecimentos económicos
 Elaboração de estatísticas e registos históricos

Sendo a Economia uma ciência o instrumento utilizado é:

Método Científico

Objetivo: Obter uma compreensão clara e profunda do fenómeno em


estudo, evitando erros.

Teoria Económica | Modelo

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ARMADILHAS DO RACIOCÍNIO ECONÓMICO

 Falha de “Ceteris paribus” – “manter o resto constante”.


 Falácia do “Post hoc”- (Post hoc, ergo propter hoc) – “ A seguir a isto,
portanto, necessariamente, por causa disto”.
 Falácia da Composição – O que se passa numa parte não é
necessariamente válida no todo.
 Subjetividade – Sendo a economia uma ciência humana, o grau de
subjetividade incluído nos julgamentos é maior que numa ciência exata.
 Esquecer o estatuto estatístico das leis económicas
Problema da incerteza  as leis não captam a enorme variedade das
realizações concretas dos fenómenos.
As leis aplicam-se “em média”, à generalidade das situações “normais”.

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ECONOMIA POSITIVA VS NORMATIVA

O conhecimento económico serve para compreender a sociedade e


melhorar o mundo à nossa volta.
Na economia temos que fazer distinção entre proposições positivas (ou
fatuais) e proposições normativas.
 Quando estamos no campo positivo interessa-nos descrever ou teorizar
determinado aspeto da realidade. Preocupamo-nos com os fatos como eles
são.
 No campo normativo formulamos julgamentos e propomos novas
situações. Preocupamo-nos como os fatos devem ser.

Economia Positiva – Descreve os fatos e o comportamento da economia.


“Quais as causas da pobreza? Qual o impacto sobre o consumo de um
aumento nos impostos?
Economia Normativa – Envolve juízos de valor. “Deve o salário mínimo ser
aumentado?” Esta questão pode ser debatida mas nunca poderá ser
resolvida pela ciência económica. É resolvida pelas decisões políticas.
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MICROECONOMIA VS MACROECONOMIA

A teoria económica pode dividir-se em dois ramos principais:


Microeconomia – Ramo da economia que se dedica ao comportamento de
entidades individuais como os mercados, as empresas e as famílias.

Fundador da área da Microeconomia – Adam Smith (1723-1790)


“Riqueza das Nações” (1776):
 Determinação do preço individual
 Determinação do preço dos fatores de produção
 Determinação dos pontos fracos e fortes do mercado
 Identificação das principais propriedades de eficiência do mercado
 Conclusão de que o benefício económico provém das atitudes egoístas
dos indivíduos

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Macroeconomia – Ramo da economia que tem a ver com o desempenho
global da economia, trata do estudo agregado da atividade económica,
com vista à determinação das condições gerais de crescimento e de
equilíbrio da economia.

Fundador da área da Macroeconomia - Keynes (1883-1946)


“ Teoria Geral do Emprego” (1936):
 Análise das causas do desemprego e das crises económicas
 Análise das determinantes do investimento e do consumo
 Análise do controlo de moeda e das taxas de juro por parte dos Bancos
Centrais
 Análise e razão das disparidades entre países ricos e pobres.

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MICROECONOMIA
 Teoria do Consumidor
 Teoria da Empresa
 Teoria da Produção
 Teoria dos Custos
 Teoria da Repartição

MACROECONOMIA
 Teoria dos Agregados
 Produto e Rendimento Nacional – seus agregados
 Teoria Geral do Equilíbrio e do Crescimento
 Teoria Monetária
 Teoria das Finanças Públicas
 Teoria das Relações Internacionais
 Teoria do Desenvolvimento

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PROBLEMA ECONÓMICO

Recursos Necessidades Necessário


escassos múltiplas decidir !

“Não há almoços grátis.”

(escassez, escolha, custo de oportunidade) 17

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TRÊS PROBLEMAS DA ORGANIZAÇÃO ECONÓMICA

 Que bens produzir? Em que quantidade e quando Produzir? Os indivíduos


querem consumir o quê?
 Como produzir? Por quem, de que forma e com que tecnologia?
 Para quem produzir? Quem beneficia com a produção? Como é repartido
o Produto Nacional?

Aquando da decisão como se fazem as escolhas?


Que sistema resulta dessas escolhas?

Os agentes são racionais


Os sistemas equilibram-se

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Princípio da Racionalidade: Otimização e Coerência.
Otimização: Dado um certo objetivo, os indivíduos procuram a melhor forma
de o satisfazer, ou seja, selecionam a melhor alternativa. Não se escolhe
uma má solução, quando estão disponíveis outras melhores.
Coerência: Nas mesmas circunstâncias escolhe sempre o mesmo.

“A racionalidade leva cada um a produzir o que sabe fazer melhor, e a consumir o


que gosta mais.”
(Neves, 2011)

Princípio do Equilíbrio dos Mercados: Troca


Importância da troca  Em economia tudo tem a haver com tudo –
Interdependência.

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POSSIBILIDADES TECNOLÓGICAS DA SOCIEDADE

Principal objetivo da decisão económica: satisfação das necessidades


humanas

O Quê, Como, Para quem? Escolher fatores de produção (inputs) e


Produção (outputs)

Fatores de produção – Bens ou serviços utilizados para produzir outros


bens e serviços.
Terra – ou recursos naturais
Trabalho – toda a atividade humana para a produção
Capital – bens duráveis de uma economia, para produzirem outros bens.

Produções – Bens e serviços úteis que resultam do processo de


produção. Podem ser consumidos ou utilizados numa produção posterior.
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FRONTEIRA POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO (FPP)

FPP- Representa as quantidades máximas de produção que podem ser


obtidas por uma economia, dados os seus fatores de produção e o seu
conhecimento tecnológico

Simplificar a realidade: (Ceteris paribus)


 Produção de dois bens (livros e pão)
 Recursos fixos (terra, capital e trabalho)

Várias combinações possíveis para produzir pão e livros.


Possibilidades Pão (ton) Livros (milhões)
A 0 150
B 10 140
C 20 120
D 30 90
E 40 50
F 50 0
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Representação da FPP graficamente:


Eixo vertical – Livros
Eixo horizontal – Pão

160
140
120
100
Livros

80 F.P.P.
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60
Pão

Ponto (A) – Quantidade máxima de livros. Todos os recursos são aplicados na


produção de livros.
Ponto (F) - Quantidade máxima de pão.
Possibilidades intermédias (B,C,D,E) – Produção de pão e livros.

Como transformar pão em livros? – Desvio dos recursos económicos de uma


utilização para outra. 22

.
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CONCEITOS ECONÓMICOS RELACIONADOS COM A FPP

Racionalidade:
Cada ponto de produção exige que todos os recursos estejam a ser aplicados
da melhor maneira.
Curva negativamente inclinada – não é possível ter mais de um bem sem ter
menos do outro.

Custo de Oportunidade
O custo da alternativa perdida.
Numa sociedade de escassez:
Escolher uma coisa = Prescindir de outra
O custo de oportunidade de uma decisão é o valor do bem ou serviço, de que
se prescinde.

Eficiência:
Os recursos estão a ser usados da forma mais efetiva possível, para
satisfazer as necessidades.

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Eficiência produtiva – A economia não pode produzir mais de um bem


sem que produza menos do outro  A economia está sobre FPP.
Produzir acima da FPP  Situação impraticável. Não existem recursos
suficientes para esta situação.
Produzir abaixo da FPP  Recursos desaproveitados e ineficiência

Lei dos Custos Relativos Crescentes:


O custo dos livros relativamente ao pão cresce com o aumento de livros e
vice-versa.

Desenvolvimento Económico: - A FPP pode ilustrar também este


fenómeno. Bens disponíveis, para escolha, aumentam ao longo do tempo.
Deslocação da curva para fora  Aumento dos recursos disponíveis ou
melhoria da tecnologia.
Tipo particular de Desenvolvimento Económico – quando se altera apenas
algum dos fatores de produção  Lei dos Rendimentos Decrescentes.

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SOLUÇÕES DO PROBLEMA ECONÓMICO

As sociedades organizam-se em Sistemas Económicos alternativos para


dar resposta às questões: O Quê, Como e Para quem.

As duas formas fundamentais de resolução do problema económico:


 O Estado – Toma a maioria das decisões económicas. (Economia de
Direção Central)
 O Mercado – As decisões económicas são ditadas no mercado.
(Economia de Mercado)

César das Neves  Autoridade, Mercado e Tradição

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“Nas sociedades antigas, um grande número de regras e costumes


tradicionais regulava a maior parte das atividades económicas, criando
fortíssimas influências religiosas, sociais, culturais sobre todos os aspetos
do seu funcionamento…”
“ Ainda hoje, a tradição tem grande influência na vida económica, (...)
como a proibição de matar vacas na Índia, ou de trabalhar ao Domingo em
Portugal, (...) a tecnologia do queijo da serra, o sistema de herança, (...)
são claras influências culturais e tradicionais na nossa sociedade.”
(Neves, 2011)

César das Neves compara o Sistema Económico moderno ao corpo


humano: (Economia Mista)
“ O seu funcionamento corrente é deixado á liberdade natural. Querer que
o médico, mesmo com um computador e todas as técnicas modernas
controle a circulação, o movimento dos músculos e as outras funções
corpóreas, destruiria a vida normal de qualquer pessoa. Mas o médico
pode e deve intervir em casos de doença, corrigindo defeitos e falhas.”
(Neves, 2011)

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O MERCADO

Sem a intervenção de qualquer autoridade, uma enorme quantidade de


bens e serviços são produzidos, trocados e consumidos todos os dias.

Um mercado é o mecanismo pelo qual compradores e vendedores se


confrontam para determinar o preço e a quantidade de um bem ou de um
serviço.

Numa Economia de Mercado ninguém isoladamente é responsável pela


Produção, Consumo, Distribuição e Fixação de Preços.

Característica essencial de um mercado: Possibilidade de juntar


compradores e vendedores para fixarem preços e quantidades.

Centro do mercado: Preço – tudo tem um preço (valor do bem em termos


monetários). Os preços representam as condições em que os indivíduos e
as empresas trocam as mercadorias. 27

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Consumidores Vendedores
querem mais de um Preço aumenta aumentam a
bem produção

Consumidores
Vendedores baixam aumentam as
Mercadoria em compras
o preço (diminuir
excesso
stocks) Vendedores
reduzem a produção

O resultado será um equilíbrio entre compradores e vendedores

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O mecanismo de mercado ocorre:
 No mercado de bens de consumo
 No mercado de fatores de produção

Preços coordenam as decisões:

Preços Preços baixos


elevados

Estimulam o
Reduzem o consumo e
consumo e retraem a
estimulam a produção.
produção.

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O contacto entre vendedores e compradores resolve os três


problemas económicos:
 O Quê? – Determinado pelos votos monetários dos consumidores e pelo
desejo de maximização do lucro por parte das empresas.
 Como? - Determinado pela concorrência entre as empresas.
 Para Quem? – Determinado pela oferta e procura no mercado de fatores
de produção (onde se determinam as rendas, salários, juros e lucros).

Numa Economia de Mercado quem dirige?


 Consumidores – definem o ponto na FPP
 Tecnologia e os recursos – colocam uma restrição às escolhas dos
consumidores.

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Existência de ordem no mercado  Adam Smith (O Princípio da mão
invisível)
Sustenta que na prossecução egoísta exclusiva do seu benefício pessoal,
todos os indivíduos são levados, como que por uma mão invisível a atingir
o melhor benefício comum.
A doutrina da “mão invisível” refere-se a economias onde os mercados são
perfeitamente concorrenciais. Nestas circunstâncias o mercado levará a
uma afetação eficiente dos recursos. (Economia encontra-se na FPP)

FALHAS DE MERCADO
 Monopólios
 Externalidades
 Repartição do rendimento política ou eticamente incorreta

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O PAPEL DO ESTADO NA ECONOMIA

O Governo tenta corrigir as falhas do mercado:

Aumentar a Eficiência
• Promover a concorrência
• Combater as externalidades
• Fornecer bens públicos

Promover a Equidade
• Cobrar impostos
• Empreender programas de despesa

Estimular o Crescimento e a Estabilidade Macroeconómica


• Aplicar a Política Económica

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