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O que é preço?
Preço é uma quantia estipulada para a aquisição de uma mercadoria ou serviço. Não é um
valor estático e não leva em consideração apenas a mercadoria em si, mas tudo o que
envolve sua produção, as etapas intermediárias até que se chegue a um resultado final e o
comportamento do mercado.
Para explicar por analogia, o preço é uma compactação, um resumo de um processo longo e
complexo. Em um único preço, há um grande conjunto de dados.
Para entender porque o socialismo não funciona, é fundamental compreender a dinâmica
que envolve a precificação dos bens. Os bens de capital são usados para produzir outros
bens, e os de consumo estão voltados diretamente à satisfação da pessoa que os compra.
Se um café é vendido por R$ 2,50, por exemplo, é porque aconteceu uma história
envolvendo muitas pessoas.
Estes dois reais e cinquenta centavos levam em consideração todas as compras de cafés já
feitas no mundo, todas as tentativas de vender café por preços que as pessoas não pagaram
e todas as tentativas de vender um café que não deu lucro, levando pessoas a fecharem as
portas de suas empresas.
O preço carrega um histórico da tentativa de vender café em cada região, em cada local,
com cada tributo de qualidade.
Quando ele é congelado e definido, seu histórico é rompido. Quando um preço e um
produto são definidos pelo Estado, a livre escolha das pessoas também encontra seu fim.
Todo o histórico do café está compilado para que algum vendedor possa dizer:
“Este café eu consigo vender a R$ 2,50, este a R$ 18,00, este outro a R$ 14,00”.
É por isso que se diz que um preço é um conjunto de informações concentradas. Antes que
algo receba seu preço, muitos testes aconteceram. O preço é julgado pela democracia do
consumidor, que é quem decide se quer pagar ou não pelo produto, julgando se vale a
pena.
Se as pessoas entenderem que não vale a pena pagar este preço, o produto não vende.
De acordo com o cálculo desenvolvido por Mises, a origem destes dados que compõem o
preço são as decisões de tentar vender, por exemplo, café na Amazônia por R$ 22,00 e no
Rio Grande do Sul por R$16 ,00.
Estas decisões tiveram êxito ou fracasso. O histórico delas é considerado. Além disso,
máquinas, caminhões, gasolina, trabalhadores, investimentos, adversidades, concorrência,
tudo isso é considerado.
Em tese, a ideia é dividir tudo igualmente, para que não haja injustiça, exploração, opressão
ou mesmo ricos e pobres.
O socialismo não funcionou justamente porque esta ideia é inaplicável na realidade.
Suponha que um trabalhador tenha feito seu trabalho e tenha recebido por isso. Ele repetiu
suas atividades e continuou recebendo seu salário e poupando.
Quando acumulou o suficiente, ele comprou, por exemplo, um lote. Este lote nada mais é
do que o seu salário transformado. Ele trabalhou por isso.
Em seu lote, ele usa o dinheiro de seu trabalho para criar uma fábrica e começa a vender os
produtos ali fabricados. Ele obtém sucesso e se expande. Há pessoas que trabalham para ele
e, agora, ele é dono de um capital.
No socialismo, isto é uma injustiça para com aqueles que não o têm. É preciso retirar deste
homem sua propriedade e distribuí-la.
Seu salário foi retirado, o acúmulo de seu trabalho foi retirado e passado para aqueles que
nada fizeram, para aqueles que nem mesmo valorizam o negócio que receberam.
A consequência é a expansão da tragédia dos comuns, uma experiência inglesa do século
XVI. Certas terras de pastagens eram propriedades comuns das aldeias que as colocavam à
disposição do público.
As terras foram sobreutilizadas e se esgotaram. Tornaram-se inúteis por causa da
exploração dos recursos da propriedade comum pelos habitantes. A conclusão é que o livre
acesso a uma demanda irrestrita de um recurso finito, conduz ao fim deste recurso pela
exploração excessiva.
Quando o bem é público, não há cuidado para uma administração prudente. A propriedade
privada cria incentivos para a preservação e uso responsável, uma vez que se cuida do que é
próprio. No socialismo, isso não é assim.
Quando todos possuem um bem, agem como se ninguém o possuísse. Não há cuidado e ele
se esgota por negligência e má-administração.
O socialismo não funcionou e não pode funcionar porque é a tragédia dos comuns em
escala global.
• Conheça as séries da Brasil Paralelo. Os temas são sempre pautados nas questões
mais urgentes da sociedade brasileira e tratam principalmente de história, filosofia e
política.
O socialismo favorece aqueles que não são usuários, produtores, contratantes, poupadores,
em suma, que não são trabalhadores. Ao mesmo tempo, o custo para os usuários,
produtores, contratantes e poupadores aumenta porque eles perderam o que
conquistaram.
Neste cenário, em que é possível perder o que foi adquirido à custa de tempo e energia, por
que alguém iria querer empreender? O risco de perder a propriedade privada é enorme.
Quem iria querer ver o seu bem passar para as mãos de quem o Estado escolher?
Naturalmente, haverá:
No socialismo, os meios de produção não podem ser vendidos. O preço é abolido e o Estado
se torna o detentor e o distribuidor de tudo.
As pessoas escolhidas para cuidar desses bens em nome da humanidade não conseguem
determinar os custos monetários envolvidos na fabricação ou na modificação das etapas do
processo de produção.
Não é possível comparar os custos na produção de um bem com a receita obtida nas
vendas. Como consequência, também não é possível saber quais oportunidades de vendas
no mercado estão sendo perdidas.
Em resumo, quando o preço é abolido, o custo não é conhecido e não se sabe se o lucro é
suficiente para compensar a produção, não há maneira de saber se o empreendimento é
eficiente ou ineficiente.
Não é possível sequer saber se o que está sendo produzido atende ou não a algum desejo
da população. É ela quem informa o que quer pelo seu comportamento ao escolher o que
comprar, decidindo pelo que quer pagar. Mas a livre escolha foi abolida e não existe mais
oferta e demanda.
Há apenas o que o Estado decide arbitrariamente produzir e entregar.
Como saber se os consumidores estão se satisfazendo em necessidades urgentes ou em
caprichos efêmeros?
Quando o Estado confisca a fábrica de alguém e impede a venda de bens de capital, impede
a existência das máquinas, por exemplo. Sem propriedade privada, não há mercado, não há
competição, não há inovação.
Os preços não são formados de forma legítima e o consumidor paga o que o Estado define.
Mas esta decisão é totalmente imaginada. Não há meios para saber se o preço cobrado
compensa a produção.
• Este artigo foi baseado na primeira aula do curso “O que é Capitalismo”, ministrado
por Lucas Ferrugem, um dos fundadores da Brasil Paralelo. Torne-se membro e
acesse o Núcleo de Formação para assistir às aulas deste curso e de dezenas de
outros, sobre história, filosofia, economia, arte e educação.
O Estado determina o produto que deve ser feito e a quantidade, não as pessoas de acordo
com o que desejam. Há menos dedicação e esforço na produção dos bens.
7 – Politização da sociedade
A versão marxista do socialismo representa especialmente bem este ponto. Os marxistas
dizem buscar a completa igualdade na sociedade. Eles justificam as diferenças sociais em
relação à propriedade privada.
Como o Estado se apropria dos bens de capital, o controle desses bens deve ser delegado a
certos grupos de pessoas.
No socialismo, a única maneira de resolver quem vai controlar os meios de produção é
sobrepor uma vontade à outra. Quem tiver mais força, mais poder, vence. Para ser
nomeado pelo Estado para o posto de zelador de bens capitais, é preciso ter talento
político.
Esta se torna a única forma de enriquecimento. Com isto em mente, as pessoas despendem
menos tempo desenvolvendo habilidades produtivas e mais tempo se esforçando para
conseguir cargos de confiança.
É mais fácil receber uma propriedade para zelar do que trabalhar para ter uma propriedade
que pode ser dada a outro a qualquer momento.
As consequências são o abandono:
Tudo o que foi descrito acima para ilustrar porque o socialismo não funciona aconteceu na
história, sempre que se tentou aplicá-lo.
• A atuação marxista não se limita a isso, mas se tornou uma estratégia cultural. Um
dos ambientes onde ela está presente de forma mais intensa é na educação.
Aprenda mais sobre isso assistindo à trilogia Pátria Educadora.
Os jornais diziam que os soviéticos haviam renunciado à liberdade para ter de tudo, mas
quando tudo ruiu, foi porque o socialismo havia implodido, quebrado o país desde dentro.
Não foi invasão, guerra, nada.
O Estado controlador tornou-se o empregador, todos eram funcionários públicos. Levava-se,
por exemplo, 10 anos para comprar um carro. Apenas uma casta reduzida tinha muito
acesso aos bens de consumo.
A grande massa não tinha acesso a nada. E se um vizinho relatasse alguma suposta
conspiração contra o regime, o suspeito desaparecia da noite para o dia e as crianças eram
levadas para o orfanato.
O sistema não se sustentou. Os produtos eram escassos, milhares morreram de fome, era
proibido abandonar o país, as pessoas perderam tudo o que tinham, outras foram mortas
por se oporem.
O socialismo não funcionou porque é opressor, violento e assassino. As pessoas são
impedidas de exercer o direito fundamental da liberdade.
Mesmo diante destas realidades históricas, durante décadas foram feitas tentativas de
implementá-lo no Brasil com uma roupagem diferente. A seguir, o comentário do jornalista
brasileiro Diego Casagrande, é muito esclarecedor.
Não é possível subsidiar (prática de cobrar menos do que algo custa) indefinidamente,
mesmo com cem bilhões de dólares na conta.
Não é possível começar a vender um produto por R$ 1,00 se sua fabricação custar R$ 20,00.
Ao vendê-la por um real, uma grande parcela da população vai querer comprá-lo, afinal será
uma vantagem muito grande.
Devido a este preço, haverá uma perda de dezenove reais em todas as vendas. O capital não
é eterno. As poupanças se esgotam e trocam de mãos.
É por isso que a oferta, a demanda e o sistema de preços são aspectos que consolidam a
democracia do consumidor. Após a conquista do Rule of Law, ou seja, uma igualdade de
todos perante a lei, torna-se possível ter livre-iniciativa e desafiar qualquer empresa
consolidada.
Não é uma conquista de todos os países, há exceções nos totalitarismos e em intervenções
específicas.
De qualquer forma, a qualquer momento, um novo produtor pode lançar seu produto no
mercado e disputar. Outros podem oferecer algo que julgam ser melhor e cobrar mais caro.
Cada vez que isso acontece, os concorrentes são obrigados a rever suas estratégias.
O “voto” será dos consumidores, por isso se diz que é uma democracia.
Quando alguém vende um produto mais barato, ele pressiona os outros para baixar seu
preço e manter a competitividade. Isto faz com que o capitalismo seja pujante e que tenha
flexibilidade de classe, inexistente na Idade Média.
Por outro lado, a fixação de um preço leva as empresas à falência, as pessoas à fome e o
Estado também terá suas fontes esgotadas. É um sistema impossível. Foi assim na URSS, na
Europa Oriental e em todos os lugares onde foi implementado.
• Uma das maneiras que mantém vivo o socialismo é o marxismo cultural, fomentando
a divisão das pessoas. Assista à minissérie As Grandes Minorias para aprender como
os grupos estão impondo suas ideologias à sociedade.
• Um empreendedor tentou vender café por R$ 50,00 e descobriu que as pessoas não
pagavam;
• Tentou vender café por R$ 1,00 e descobriu que desta forma não ganhava dinheiro;
• Tentou levar café para o extremo oposto do país por um determinado preço e
descobriu que este cálculo era inviável.
Todos estes erros da mente humana, de tentativa e erro, que estão descentralizados, serão
absorvidos pelo Estado, que também paga a conta de tudo.
• De onde o Estado vai tirar a ideia de qual é a baliza do preço das novas tecnologias,
das novas invenções?
• Como fará isso se nada mais tem um preço, tudo é decidido pelo próprio Estado?
• Como o Estado calculará isso em uma folha?
Sem os preços, não é possível saber se a produção é eficiente, se vale a pena. Os recursos
não são alocados de forma eficiente, pois o preço é o sinal que a sociedade envia ao
fabricante para comunicar onde há uma demanda maior.
O governo arcará com todo prejuízo da sociedade devido a todos os erros e não irá
conseguir. Haverá múltiplas tentativas de acertar a precificação de seus planejamentos e
não se chegará a um consenso que pague as contas.
Só restará uma possibilidade: a falência do Estado.
No entanto, o socialismo não funciona exatamente porque é aplicado exatamente como diz
a teoria. É uma impossibilidade intrínseca e não um problema de execução.
O socialismo nega em teoria e na realidade as três estruturas que garantem a geração de
riqueza e a manutenção da economia: