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ESTADO:

Precisamos mesmo dele?

Segundo Nogueira, são tantos impostos pagos e não sabemos quais os destinos, pois
os serviços prestados à população são péssimos. Isso gera uma inquietude enorme em busca
de respostas, uma delas é que quase metade de tudo que o Estado arrecada é usado, pelo
governo para pagamento de juros e amortizações de uma dívida que, segundo a organização
Auditoria Cidadã, é ilegal. Dívida essa que conforme verificada já foi paga várias vezes,
porém uma pequena minoria se beneficia disso, os bancos, investidores nacionais e
estrangeiros, latifundiários, e as grandes corporações industriais e comerciais. A outra parte da
arrecadação vai para a manutenção da máquina estatal, com todo seu aparato: burocracia
administrativa, sistema educacional, sistema judiciário, força policial, parlamento, e então o
que sobrar, é repassado na forma de serviços e programas sociais.
Diante dessa distribuição da arrecadação nos questionamos a existência do Estado,
para isso vamos ver como muitos sábios pensaram este problema no passado e como
influenciam nosso modo de ver as coisas até hoje. A ideia de Estado que foi naturalizada é a
de que ele representa um poder soberano, sua existência é promover o bem comum e se hoje
ele não está cumprindo esta função central é, principalmente, porque as pessoas que estão no
seu controle são demasiadamente incompetentes ou corruptas. Temos a oportunidade de
mudar isso nas eleições.
Segundo Aristóteles, o homem é um animal político. Isso quer dizer que os seres
humanos só podem existir vivendo coletivamente, que os homens têm a tendência natural de
buscar a realização dos interesses coletivos, deixando em segundo plano os interesses
particulares e que os governantes devem, portanto, possuir a mais importante das virtudes
humanas: a ética.
Os ideais aristotélicos destinados ao Estado é algo que, na contemporaneidade, está
distante, tem-se como alvo e não como parâmetro adotado por todos que compõe o Estado
atual, pois, maioritariamente, não se vê ele garantindo devidamente assistência ao coletivo,
mas ao particular. Assim, distanciando-se do bem comum.
Para Maquiavel, filósofo italiano, as ideias tradicionais sobre o Estado não eram
pertinentes para seu tempo, tendo em vista várias mudanças ocorridas quanto ao sistema
econômico, o surgimento de classes sociais, com fito de lucrar cada vez mais. Além disso, o
pensador italiano expõe que o ser humano é egoísta, ambicioso, covarde e instável, que só
pensa no particular e não na coletividade, assim sendo, eles entram em atrito recorrentemente,
com isso, é necessário a presença do Estado, não para preservar o bem comum entre os
humanos, e sim o equilíbrio, a ordem para freá-los quando extrapolarem. Segundo ele, o ser
humano por natureza são inclinados para o mal, a ideia de harmonia na vida social é falsa, é
ilusão, esses instrumentos são usados pelos que estão no poder ou o querem, desse jeito,
manipular e oprimir o povo, por meio da força, da lei e do exército.
A política é um caminho para conquistar o Estado e quanto às virtudes que se deve ter
para se chegar no destino, é necessário incorrer aos defeitos de cárter: mentira, intemperança,
enfim, os fins justificarão os meios.
Hobbes, filósofo inglês, afirma que o homem não se beneficia da companhia dos
outros, ele diz que a vida social ou política não está na essência do ser humano, uma vez que a
sociedade é uma invenção que não está a favor da natureza humana, tendo em vista que os
homens são individualistas, estão em uma constante competição, de tal modo que ele é seu
próprio inimigo. Para que haja paz, ordem e segurança, eles fazem um pacto social, abdicam
de sua liberdade ilimitada para transferi-la ao Leviatã, ao Estado, o qual vai se tornar forte em
razão disso e usará de meios necessários para conservar a autopreservação. A vida social e o
Estado são resultado do pacto entre os indivíduos.
É perceptível que a história da humanidade está dividida em: Pré-história, Idade Antiga,
Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Dentre essas épocas, a Pré-história foi a
mais longa. É importante ressaltar que, embora já fôssemos, de fato, humanos neste período,
não havia nenhum poder que exercesse controle sobre a sociedade e a deixasse submissa. Ou
seja, o Estado não existia. Na Pré-história, não havia classes sociais; o povo trabalhava,
produzia e distribuía tudo o que era colhido a todos. Em resumo, os homens e mulheres do
período se sentiam responsáveis uns pelos outros, por sua boa convivência e, sobretudo, sua
sobrevivência.
Todavia, em decorrência do surgimento e desenvolvimento dos instrumentos e técnicas
de produção, surgiu a possibilidade de umas pessoas trabalharem incessantemente e outras
viverem à custa do trabalho de outrem. Dessa maneira, a classe trabalhadora viu a necessidade
de lutar por seus direitos, uma vez que houve a apropriação privada da produção social.
Com a diferença entre as classes, fez-se necessário criar uma instituição que fosse
responsável por defender os privilégios de determinada parte da sociedade e administrar os
conflitos sociais. Assim, criou-se o Estado.
No mundo atual, diferentemente da Pré-história, existe o Estado, que, aparentemente,
serve para favorecer o corpo social, organizando-o e lhe dando bem-estar. Entretanto, para
Marx e Engels, a sociedade se divide em classes sociais. Atualmente, identificam-se estas:
Burguesia e Trabalhadores. Estas possuem interesses diferentes, o que gera grandes conflitos
e lutas. Enquanto a Classe da burguesia quer lucrar, apropriando-se do que é produzido de
forma coletiva, a Classe dos trabalhadores deseja ter a liberdade de fazer escolhas
relacionadas à sua produção, a fim de satisfazer as autênticas e inegáveis necessidades da
humanidade.
Com o intuito de que, em razão de divergências existentes entre as classes, não haja
desordem, instabilidade e até uma guerra civil, existe o Estado. Vale salientar que, de várias
formas, são notáveis a insatisfação e aversão aos movimentos grevistas. Quando há greve, luta
por melhorias, os poderes a julgam, às vezes, decretam-na ilegal e, indiretamente, forçam os
trabalhadores a suspendê-la. Ao fim, os trabalhadores retornam às atividades sem ganho ou
com pouquíssimos ganhos.
Assim, conclui-se que o Estado não tem outro fim, senão exercer poder e servir como
instrumento de dominação de uma classe sobre outra. Além disso, é perceptível que, no
Estado “democrático”, não há predominância de liberdade e igualdade; toda a sociedade não
tem o poder de tomar decisões. Quem, de fato, tem mais condições financeiras tem mais
poder. Como Marx e Engels disseram, “o Estado moderno não é mais que um comitê para
administrar os negócios coletivos de toda classe burguesa”.
Nota-se que o verdadeiro poder vem como resultado do desempenho da classe
trabalhadora. No entanto, para mascarar essa verdade, as classes dominantes inventam e
disseminam ideias contrárias à realidade. Desse modo, o Estado passa a ser visto pelos
homens como algo superior a eles e cheio de valores completamente inalcançáveis.
Por fim, destaca-se três pontos relevantes: o Estado veio com a função de assegurar o
domínio de uma classe sobre outra; o Estado nem sempre existiu, o Estado não é algo
essencial para a vida humana; os homens podem construir uma sociedade nova.

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