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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO ORGANIZACIONAL


REGULAÇÃO GOVERNAMENTAL
Prof. Dr. José Eduardo Ferreira Lopes

Renato César de Souza Júnior -

RESENHA AULA 01 – GLOBALIZAÇÂO x REGULAÇÃO


GOVERNAMENTAL

Para se compreender o processo de Globalização faz necessário primeiramente


entender o conceito de Estado. Viver em sociedade significa respeitar direitos e cumprir
com deveres para que se tenha organização e harmonia em todo um grupo de pessoas.
Em uma sociedade democrática o povo é quem governa e o interesse do povo é que
funciona como “âncora” para elaboração de políticas públicas.

Como apontado por Bobbio (2007) e Dalari (1998) o Estado é justamente o


mecanismo institucional que possui dupla natureza, a primeira está relacionada ao uso
da força, enquanto a segunda possui natureza jurídica, ambas utilizando como ponto de
partida a noção da ordem, todos estão relacionados à ideia de preservação de direitos e
deveres de cada membro de uma sociedade democrática e do interesse público. A
essência da existência do Estado e todas as suas ações, estão centradas na conservação
do interesse público diante de um cenário de conflitos, escassez de recursos e
imperfeições sociais/mercado, deste modo o Estado pode agir tanto diretamente
enquanto ‘provedor de determinado produto ou serviço” quanto como regulador de
determinadas atividades, com o intuito de trazer estabilidade balizadas no interesse
público.

Os vídeos de Milton Santos nos permitem refletir acerca da integridade do


interesse público em relação às ações do Estado, em um contexto no qual a miséria
persiste em um mundo altamente desenvolvido, cuja produção mundial é capaz de
produzir tamanha riqueza, que se fosse adequadamente distribuída supriria todas as
necessidades básicas do homem no planeta. Há, portanto, de se analisar os motivos de
configuram a atual sociedade nos moldes em que se encontra. Milton Santos aponta que
no processo regulatório dos Estados, predominam os interesses individuais, ou
interesses de determinados grupos, ao longo da história do homem, o interesse dos
líderes ou gestores sempre esteve presente na história das sociedades civis, o que
configura a atual conjuntura é que o Estado atende não mais o interesse do gestor, ou de
seu líder, mas o interesse da empresa Multinacional.

O consumo incessante ditado pelas grandes empresas acelera ainda mais as


diferenças sociais, uma vez que é o consumo o responsável pela satisfação de
necessidades individuais, o que impacta diretamente no desestimulo à solidariedade.
Milton Santos afirma que o processo de Globalização é perverso, pois difundiu essa
ética individualista entre os países, bem como padronizou como as políticas públicas
são adotadas na conservação e promoção dos interesses econômicos. Sobre o pretexto
de que o Estado deve corrigir falhas de mercado, políticas públicas são adotadas de
maneira a intensificar a produção de capital, aumentando a competitividade e
demonstrando o caráter tirano da globalização que acaba por reduzir direitos e qualidade
de vida da população de modo geral.

Milton Santos aponta que uma sociedade não pode se fundamentar em relações
mercantis, de dominação e do lucro, desta maneira a nova proposta de regulação aqui
apontada, está mais inserida em um contexto e em um modelo de gestão público
societal, isto é, com intensificação da gestão participativa. Esta gestão participativa viria
a romper com os laços apresentados por Milton Santos de “Globalitarismo”, pois
inseriria a sociedade realização política pública. Esta inserção se daria em três
momentos, na elaboração da política pública juntamente com o Estado, de maneira a
fundamentar atos administrativos somente com o teor do interesse público. Em um
segundo momento, na execução da política pública, cujo acompanhamento verificaria a
aplicação conforme sua elaboração e em um terceiro momento na avaliação da mesma,
de maneira a verificar se as medidas não desviaram de seu propósito, isto é, a
predominância do interesse público e qual o nível de eficiência da mesma.

O Estado portanto, surge nestes novos moldes como um parceiro da sociedade,


não como um opressor da sociedade, ou servo da dinâmica “globalitarista”. Há,
portanto, na análise dos vídeos assistidos em sala de aula, a elucidação do conceito de
Regulação, que vem como mecanismo utilizado pelo Estado e pela sociedade, que
quando organizada em movimentos livres (tais como associações, grupos e
cooperativas), possam corrigir falhas, externalidades negativas e garantir direitos e
deveres em um ambiente cujas transformações culturais, econômicas e tecnológicas
cada vez mais se aceleram, e utilizando sempre em contrapartida a consideração da
supremacia do interesse público como, constante, estática e inexorável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS

BOBBIO, Norberto. Estado, Governo, Sociedade, para uma Teoria Geral da Política. 13ª ed.
São Paulo: Paz e Terra, 2007. cap. I-IV

DALLARI, Dalmo A. Elementos de Teoria Geral do Estado. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 1998.
capítulos I-II, IV-V

Documentário - Milton Santos, Por uma Outra Globalização. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=K6EIIQNsoJU. Acesso em 25/03/2017

Globalização Milton Santos - O mundo global visto do lado de cá. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=-UUB5DW_mnM. Acesso em 25/03/2017

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