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Apostila

Conhecimentos Pedagógicos

Apostila que contempla os principais pontos de


concurso para professor
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
História da Educação Brasileira e as relações entre escola, estado e sociedade. ...........................................................................................01
Políticas públicas da Educação no Brasil ..........................................................................................................................................................08
Fundamentos e concepções de gestão e diferentes formas de estruturação na organização da escola .........................................................08
Gestão e instâncias colegiadas na unidade escolar; estrutura, funcionamento e organização. .......................................................................36
Formação do Pedagogo no Brasil .....................................................................................................................................................................45
O financiamento da educação ...........................................................................................................................................................................47
Educação e Pedagogia: bases filosóficas, sociológicas, psicológicas, antropológicas e políticas de educação..............................................49
A Pedagogia: seu objeto, campo de conhecimento e de trabalho; as correntes pedagógicas .........................................................................73
A relação entre educação/cultura/ética e cidadania. .......................................................................................................................................118
Concepções e teorias curriculares ....................................................................................................................................................................82
O Projeto Político Pedagógico - Papel e função da escola: concepções e diferentes formas de organização do conhecimento e
do tempo nos currículos escolares ....................................................................................................................................................................97
A didática e as diferentes formas de organizar o ensino. ................................................................................................................................109
Formação continuada do professor .................................................................................................................................................................116
Escola, violência e cidadania. .........................................................................................................................................................................118
Organização do trabalho pedagógico na escola: o pedagogo como educador e mediador no ambiente de trabalho. ...................................109

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mundo capitalista subdesenvolvido, entretanto, a coisa ia de mal a pior.
Reduzido a poucas e em geral inoperantes iniciativas socio-econômicas
recheadas de muito, muito discurso eleitoreiro e uma boa dose de
regimes ditatoriais para conter a insatisfação, o liberalismo
subdesenvolvido, ao invés de criar prosperidade social e econômica para
todos aprofundou o fosso das diferenças sociais. Ricos ficaram mais ricos
e cada vez em melhor número; pobres se multiplicavam e viravam
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA E AS RELA- miseráveis.
ÇÕES ENTRE ESCOLA, ESTADO E SOCIEDADE.
Já na década de 80, este modelo liberal de Estado dava mostras
A divisão do trabalho social vai ter como consequência a de esgotamento. Na verdade, a própria fórmula capitalista mostra-se
cristalização destas posições. Não a partir do ponto de vista de um ou esgotada simplesmente porque não sobrevive sem mecanismos intensos
outro cidadão, mas a partir do ponto de vista de classe. Com efeito, as e seguros de exploração. Estes mecanismos, que, antes do Welfare
classes sociais vão balizar o estabelecimento do público e do privado. State situavam-se em nível interno dos países desenvolvidos e, após
Mas, também, vão iniciar um relacionamento tenso, em busca da este, deslocaram-se para a exploração inter-nacional, também não se
hegemonia - a luta para definir e estabelecer o que é público (seu espaço) encontram seguros no modelo atual. A velocidade com que o capital
e para controlá-lo. Entretanto, uma das classes sociais básicas, a que financeiro gira pelo mundo, passando por países em “bolhas de
detém os meios de produção, passa a estabelecer ditatorialmente este desenvolvimento” fabricadas para facilitar a exploração (vide o sudeste
espaço do público, uma vez que possui os elementos materiais asiático), torna as criaturas um perigo para seus criadores.
necessários e indispensáveis à produção. Com isto, esta classe torna-se
É preciso, então dar uma sobrevida ao capitalismo, enquanto se
dominante.
pensa em coisa mais duradoura e segura (e que não afete os interesses
Não obstante este controle do espaço público, a classe dominante dos países poderosos). Surge então o tal de Neoliberalismo. O Estado
sabe que precisa mantê-lo, e, para isto, utiliza-se de mecanismos de Neoliberal, em essência, é o mesmo Estado Liberal, mas agora sob nova
controle que vão desde a força bruta até o convencimento sutil via embalagem. Esta embalagem estabelece o aprofundamento, em função
Ideologia. Em consequência desta necessidade do controle sutil da dos interesses dos países centrais, de uma característica básica do
sociedade, surge, então uma entidade denominada Estado. capitalismo: a economia de mercado. O “mercado” passa a ditar quase
O papel do Estado seria como que um mediador entre as classes, todas as normas das transações pessoais, e institucionais, constituindo
procurando evitar conflitos maiores e garantir direitos a todos. Observe o próprio limite (?) ético vigente. Ao enfatizar novamente, agora com mais
que, embora os interesses para a criação do Estado fossem os mais vigor, a economia de mercado como base da vida econômica dos países,
excusos, ele acaba por revelar-se - inicialmente, pelo menos - o capitalismo vai mexer também na questão do Estado. Se quase tudo
interessante ao dominado. O primeiro Estado pré-capitalista agora é regido pelos contratos econômicos, então os serviços básicos do
caracterizava bem esta concepção de coisa arranjada. Era personificado, velho Estado do bem-estar social também serão vertidos à iniciativa
na França, pelo Rei, que bradava aos quatro ventos: “O Estado sou eu”. privada. O Estado diminui de tamanho, passando a controlar apenas
No Brasil, D. Pedro I inaugura seu “Poder Moderador”, que na verdade alguns poucos setores da sociedade, geralmente burocráticos e/ou
era um Estado de fato dentro de um Estado que se dizia de Direito. militares. É o Estado Mínimo, característica do Neoliberalismo.

Com a evolução do capitalismo, este conceito de Estado também Novamente, encontramo-nos às voltas com a questão público x
evolui e se aperfeiçoa. Surge o chamado “Estado democrático”, privado. Ao privatizar descontroladamente o público, o Estado Neoliberal
característica do Liberalismo Econômico, que se fortalece a partir o “New aprofunda mais ainda (e a gente que pensava que pior não podia ficar...)
Deal”, o pacto de Estado estabelecido pelos Estados Unidos após a nos países periféricos as diferenças sociais, com um agravante: de tanto
grande crise da década de 30. Este Estado Liberal vai inaugurar no se “purificar” o capitalismo vira autofágico. Por isto o Neoliberalismo tem
mundo o “Welfare State”, ou Estado do bem-estar social. Neste modelo, perna curta. Ótimo momento econômico para se começar a questioná-lo
cabe ao Estado proporcionar a todos os cidadãos condições básicas para (desemprego altíssimo, espasmos financeiros), bem como ao capitalismo
uma vida digna, como Educação, Saúde, Habitação, Saneamento, como um todo, mas péssimo momento político. Os poderosos são
Transportes, etc, tudo de boa qualidade. Os direitos básicos do cidadão espertos, e, ao verem a coisa preta tratam de limpar as mais improváveis
seriam preservados, contanto que não se questionasse a forma como a ameaças político-ideológicas que possam surgir no futuro. Não existe
classe dominante obtinha seu poder. Esta forma se manifestou logo, mais o chamado “mundo comunista”; até um pequeno e desajeitado
logo, através de mecanismos imperialistas de dominação de países, Sadam Hussein é tido pelos EUA como “ameaça à humanidade”.
tornando outros países, geralmente com mão-de-obra barata e vastos Entretanto existem focos importantes de descontentamento e o poder
recursos naturais a serem explorados, países dependentes. O Estado não é monolítico, apontando para um futuro imprevisível.
Liberal vicejou no pós-guerra em todos os países desenvolvidos. No
Que tipo de Educação viceja em um Estado Neoliberal? b) a econômica, visando a um Estado regulador, indutor,
coordenador e mobilizador dos agentes econômicos e sociais;
Para responder a esta pergunta, e’ importante retornarmos aos
princípios do Estado capitalista. Observe que a questão público x privado c) a social, com a crise do Estado de Bem-Estar Social;
está na base da questão do Estado capitalista. Não é por outro motivo d) a política, questionando-se a incapacidade de institucionalizar
que a Escola Pública vai surgir justamente com o capitalismo: uma a democracia e prover uma cidadania adequada; e
tentativa do Estado (ou da classe que controla o Estado) de estender
e) a crise do modelo burocrático de gestão pública, tendo em vista
seus domínios a todos os setores da sociedade civil. No entanto é
os elevados custos e a baixa qualidade dos serviços prestados pelo
justamente aí, na contraditória escola pública, que vão surgir os mais
Estado.
eficientes focos de resistência a esta concepção de Estado. A palavra
chave para compreendermos este caráter contraditório da escola é Cada perspectiva da crise do Estado vem impregnada de um
“Cultura”. Ou, se desejarmos ir mais fundo, “Trabalho”. Observe nossa entendimento específico sobre quais são os principais problemas e sobre
primeira aula destes resumos e veja o porquê. A Cultura, forjada no o que fazer para que ocorra uma redefinição do papel ideal do Estado,
Trabalho, é a base da educação. Sendo um processo e um produto suficiente para superar os problemas indicados. O possível consenso
social, a cultura é múltipla, dinâmica e contraditória. É impossível seria quanto ao que se deveria esperar de uma reforma estatal: que ela
controlar a cultura, embora os apocalípticos livros de “Admirável Mundo permitisse ao Estado desenvolver a capacidade administrativa, no
Novo” (Huxley) e “1984” (Orwell) tentem por vezes nos convencer do sentido de melhorar o desempenho público e a qualidade dos serviços
contrário. dirigidos às necessidades públicas.

A Educação capitalista, portanto, vai gerar um tipo de escola que Bresser Pereira (2001), analisando as concepções e perspectivas
possui características contraditórias: reproduz a ideologia dominante, teóricas da reforma do Estado, presentes na literatura, destaca a
mas também é importante foco propagador de contra-ideologia. A luta de heterogeneidade de respostas à questão de como reconstruir o Estado
classes (sem trocadilho...) se dá dentro da escola, da mesma forma que no sentido de melhor capacitá-lo a intervir e implementar as políticas
fora dela. A escola não é melhor nem pior que outras instâncias sociais, econômicas, manter a ordem pública e oferecer serviços sociais com boa
é mais uma delas. O pensamento privatista existente na escola pública qualidade, e indica quatro principais abordagens teóricas da reforma do
não a transforma em bem privado, mas acentua a dominação. Isto é ruim. Estado: a neoliberal, a sociologia institucional, a escolha racional e o
modelo principal-agente, caracterizando-as.
Com o Neoliberalismo, a escola tende a ser cada vez mais
“privatizada” em seus princípios e metas. A educação tende a direcionar- Especificamente quanto ao caso brasileiro, Barreto (1999), a partir
se para o mercado, não para a realização “do homem todo e de todos os de análise do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, indica a
homens”. Tende a estabelecer para as pessoas, desde cedo, que devem conjugação de quatro processos interdependentes, a saber: a
sufocar seus sonhos em função dos ditames do mercado. Com o redefinição das funções do Estado, a redução de seu grau de
acirramento da competição, o aumento do desemprego e a interferência, o aumento da governança e da governabilidade.
desvalorização das profissões desinteressantes ao Capital, a escola
O aparelho de Estado é entendido como compreendendo quatro
tende a fechar-se em possibilidades e regras que muitas vezes violentam
setores de atuação:
os quereres humanos.
1) o núcleo estratégico,
Tendência é direção, não é destino. A escola, portanto, não vai
morrer em seu caráter público e democrático, simplesmente porque é 2) as atividades exclusivas do Estado,
humana. E porque a Cultura é ato humano. Isto não quer dizer que o 3) os serviços não-exclusivos do Estado e
Estado Neoliberal não faça um enorme estrago na consciência das
próximas gerações. 4) a produção de bens para o mercado.

Nas últimas três décadas do século XX ocorreram profundas A atuação direta do governo fica restrita aos dois primeiros. Nos
transformações no mundo, nos planos econômico, político, cultural e dois últimos setores - entre os quais está a Educação-, o Estado tem uma
social. Uma das principais mudanças refere-se ao papel do Estado- atuação indireta na sua promoção e financiamento, parcial ou totalmente.
Nação, que, na sociedade global, não só é redefinido, mas perde Pode-se inferir, pelas características que Pereira indica e pelas
algumas de suas prerrogativas econômicas, políticas, culturais e sociais, que Barreto descreve, que o processo de reforma do Estado que vem
debilitando-se. No Brasil, em especial a partir da década de 80, ocorre sendo desenvolvido no Brasil volta-se para as características do modelo
uma situação comumente designada como “crise do Estado”. neoliberal. Devido à prioridade que este modelo imprime à questão
Esta expressão é utilizada muitas vezes sob um falso consenso, econômica, as principais críticas que lhe são feitas referem-se às suas
por reunir sob o mesmo título diversas crises simultâneas: consequências no campo social. Mais especificamente, as críticas
voltam-se aos seus efeitos negativos sobre o Estado de Bem- Estar
a) a fiscal, entendida como o excesso de gasto público social; Social.
No Brasil, aquelas áreas tradicionalmente atendidas e Por meio desta breve caracterização do período abordado, da
consideradas como parte do Estado de Bem-Estar Social, entre as quais crise do Estado e seu processo de reforma, é possível identificar algumas
a Educação, são diretamente afetadas pela crise. Segundo Azevedo de suas relações com a Educação, a partir de diretrizes estabelecidas e
(2000:17), a Educação no Brasil “se constitui como um setor que se políticas implementadas. Todo esse processo e relações são
tornou alvo das políticas públicas, em estreita articulação com as fomentadores de questionamentos diversos, por parte da comunidade
características que moldaram o seu processo de modernização e acadêmica, gerando farto material sobre o tema. Porém, conforme o
desenvolvimento”. prisma sob o qual ele estiver sendo observado, a perspectiva adotada
para analisá-lo é diferente. Abre-se aqui a possibilidade de análise sobre
Na década de 80 a ênfase passa a ser a eficiência do quais são e como se relacionam (se isso ocorre) estas perspectivas.
funcionamento das instituições escolares e a qualidade de seus
resultados. É importante ressaltar a influência de organizações
internacionais no estabelecimento destas diretrizes, estabelecidas para EDUCAÇAO/SOCIEDADE E PRATICA ESCOLAR
o aparelho de Estado como um todo, em seu processo de reforma.
A crescente preocupação com educação corporativa exige que
Esta tendência permanece na década de 90, em que “... o Estado cada vez mais os responsáveis pela concepção, desenho e
procurará imprimir maior racionalidade à gestão da educação pública, implementação das ações e dos programas educacionais aprofundem
buscando cumprir seus objetivos, equacionar seus problemas e otimizar seus conhecimentos sobre educação e pedagogia. Sempre é oportuno
seus recursos, adotando em muitos casos o planejamento por objetivos relembrar que:
e metas”.
• Educação diz respeito à influência intencional e sistemática
A Educação passa por reformas em sua estrutura e orientações, sobre o ser humano, com o propósito de formá-lo e desen-
destacando-se as seguintes: volvê-lo em uma sociedade.
• redistribuição de recursos; • Pedagogia refere-se à reflexão sistemática sobre educa-
• descentralização da execução do gasto; ção; é a reflexão sobre modelos, métodos e as técnicas de
ensino.
• reforço da progressividade e redistributividade dos recur-
sos; Pode-se dizer que educação é prática e experiência, enquanto que
pedagogia é teoria e pensamento. Ao se analisar a relação entre filosofia
• reequilíbrio regional da alocação; e educação, pode-se dizer que não há uma pedagogia que esteja isenta
• descentralização; de pressupostos filosóficos.

• desconcentração dos recursos e funções; Existem basicamente três grupos de entendimento do sentido da
educação na sociedade (Luckesi, 1994), que se revelam em três
• participações dos pais;
tendências filosófico-políticas para compreender a prática educacional.
• parcerias com a sociedade civil; Filosóficas, porque compreendem o seu sentido; e políticas, porque
constituem um direcionamento para sua ação. São elas:
• modernização dos conteúdos;

• diversificação das carreiras;


1. REDENTORA
• criação de sistemas nacionais de capacitação docente; e
Concebe a sociedade como um conjunto de seres humanos que
• criação de um sistema nacional integrado de avaliações
vivem e sobrevivem num todo orgânico e harmonioso, com desvios de
educacionais.
grupos e indivíduos que ficam à margem desse todo. Tem uma visão
Um outro elemento que surge, no contexto desse processo de “não-crítica” da sociedade; o que importa é integrar em sua estrutura
reorganização, racionalização e incentivos às reformas, por parte do tanto os novos elementos (novas gerações), quanto os que se encontram
Estado, é a avaliação, que consiste em pré-requisito para a criação de à margem. A educação assume seu papel de manter o corpo social,
mecanismos de controle e responsabilização mais sofisticados. Pestana promovendo a integração e adaptação dos indivíduos, através da
(2001) indica três razões principais para a eclosão de investimentos e correção de seus desvios de comportamento.
propostas na área de avaliação: a ênfase na qualidade, as políticas de
descentralização e a pressão sobre o Estado, cobrando- se insumos para
a melhor compreensão dos problemas existentes, para o 2. REPRODUTORA
desenvolvimento de políticas mais adequadas, eficazes e eficientes, para
Afirma que a educação faz parte da sociedade e a reproduz. A
a reorientação dos padrões de financiamento e de alocação de recursos,
interpretação da educação como reprodutora da sociedade implica
e ainda para permitir uma maior visibilidade, para a população, quanto
entendê-la como um elemento da própria sociedade, determinada por
ao desempenho dessas políticas, ou seja, sua prestação de contas.
seus condicionantes econômicos, sociais e políticos. Esta segunda, além vos colaboradores da empresa, novos parceiros, novos for-
de ser crítica, é reprodutivista. Através da aprendizagem de alguns necedores e público-externo em geral; adequada e neces-
saberes, envolvidos na ideologia dominante, é que são reproduzidas as sárias para todos aqueles (novos ou antigos) que apresen-
relações do trabalho, as relações de poder e as relações sociais vigentes. tem baixo grau de alinhamento cultural.

• Estratégia de Reprodução - fundamental nas ações e pro-


gramas educacionais dirigidos para os líderes e gestores
3. TRANSFORMADORA empresariais, e formadores de opinião, sejam membros in-
Tem por perspectiva compreender a educação como mediação de ternos ou externos; deve enfatizar os traços culturais vigen-
um projeto social. Ela nem redime, nem reproduz a sociedade, mas serve tes que são alavancadores do sucesso empresarial.
de meio para realizar um projeto de sociedade. Propõe-se compreender • Estratégia de Transformação - inicialmente deve ser utiliza-
a educação dentro de seus condicionantes e agir estrategicamente para da nas ações e programas educacionais para alta direção e
sua transformação. Propõe-se desvendar e utilizar-se das próprias lideranças empresariais, estimulando-os a identificar as
contradições da sociedade, para trabalhar realística e criticamente pela discrepâncias de percepção entre cultura atual declarada e
sua transformação. a praticada na empresa (por exemplo: novos traços a se-
Tenho enfatizado que a educação corporativa é um dos principais rem incorporados, atuais traços que deveriam ser abando-
veículos de consolidação e disseminação da cultura empresarial. Por nados, barreiras que impedem a prática qualificada da cul-
isso, a transposição das ideias apresentadas acima, para um Sistema de tura empresarial desejada), para que seja possível formular
Educação Corporativa, parece extremamente útil para aqueles um projeto de mudança e transformação rumo a uma nova
responsáveis pela concepção do programas educacionais, na medida cultura empresarial, que por sua vez fundamentará futuro
que permitem identificar com clareza como deverão ser trabalhados os processo de reeducação.
aspectos relativos à cultura empresarial. Ou seja, será que através da Paulo Freire foi um dos poucos pensadores da educação e da
educação corporativa pretende-se adaptar e integrar os indivíduos aos pedagogia que deu prioridade à área político-pedagógica, pensada no
valores e princípios da cultura vigente? âmbito das relações entre a História e a educação. Ele destacou a
Ou pretende-se reproduzi-los e disseminá-los? Ou não, os importância do papel interferente da subjetividade na História que, por si,
programas devem estimular uma leitura crítica da cultura e realidade já implica a requalificação do papel da educação. Assim ele via a
empresarial, e favorecer a formação de uma nova mentalidade e modo educação:
de pensar, que estimule a mudança organizacional? Ou todas as “(...) Como processo de conhecimento, formação, política,
anteriores, dependendo da situação e do público-alvo dos programas? manifestação ética, procura da boniteza, capacitação científica e
É inquestionável que alguns dos principais objetivos esperados técnica... É prática indispensável aos seres humanos e deles específica
com um Sistema de Educação Corporativa são: na História como movimento, como luta. A História como possibilidade
não prescinde da controvérsia, dos conflitos que, em si mesmos, já
• Conscientizar gestores e suas equipes sobre a importância
engendrariam a necessidade da educação.” (Política e Educação: 1993,
de vivenciar e praticar a cultura empresarial, buscando
p.14).
sempre o equilíbrio construtivo entre a necessidade de ga-
rantir a prática dos princípios filosóficos corporativos bási- As diversas teorias que explicam as origens da humanidade
cos e as especificidades da realidade dos diferentes públi- mostram vários caminhos pelos quais o homem chegou a elaborar sua
cos envolvidos. capacidade de comunicação verbal.

• Ser um instrumento de alinhamento entre a cultura empre- Durante o 1º ano de vida, o cérebro triplica de tamanho, com o
sarial e os colaboradores em todos os níveis, disseminan- passar do tempo aumenta o número de sinapses e o desafio dos pais é
do-a em toda a cadeia produtiva onde a empresa opera. manter essa rede de sinapses formadas. Sabemos que quando uma
habilidade não é utilizada a sinapse correspondente deixa de acontecer.
• Constituir-se em instrumento para promover e consolidar a
Estimular é apresentar à criança situações novas com os quais ela possa
integração cultural.
se relacionar ludicamente .
É fácil perceber que para cada um dos objetivos apontados acima
É possível fazer novas conexões (sinapses) para o resto de
existem estratégias educacionais mais adequadas no que se refere à
nossas vidas, só que de uma forma mais difícil do que durante os
dimensão cultural, embora não sejam necessariamente excludentes.
primeiros anos de formação.
Mas de modo geral poderíamos classificá-las da seguinte forma:
Na verdade, todas as descobertas da ciência devem ser
• Estratégia de Integração - deve ser aplicada principalmente
encaradas como instrumentos que ajudem a formar indivíduos
nas ações e programas educacionais voltados para os no-
equilibrados, com espírito crítico e aptos a lidar consigo e com o mundo
que os rodeia. Deve colaborar na construção da inteligência das A memória do indivíduo é estruturada em memória de curta
crianças. duração ou memória de trabalho e memória de longa duração.

Um ambiente rico e diverso, que estimula os cinco sentidos e o A aquisição de esquemas e a automação são os fatores principais
aspecto emocional, é fundamental na tarefa de estimulação. no desempenho de habilidades e na aprendizagem, porém o ensino
raramente é estruturado tendo isto em mente.
A teoria construtiva de Jean Piaget baseia-se na premissa de que
a inteligência é construída a partir das relações recíprocas do homem Segundo Gardner em sua teoria de inteligências múltiplas, o cerne
com o meio. da teoria é a valorização das diferenças individuais. Gardner chama de
inteligência muitas outras competências além da lógica, matemática e a
Existem dentro de teorias de aprendizagem os aprioristas que linguística, medidas pelos testes de QI. Para ele há pelo menos mais
acreditavam que a origem do conhecimento está no próprio sujeito e os cinco: musical, espacial, corporal, sinestésica, interpessoal e
empiristas que acreditavam que as bases do conhecimento estão nos intrapessoal.
objetos.
O conhecimento é a representação mental da experiência
As teorias de Piaget fundem esses 2 paradigmas e têm 3 adquirida, normalmente registrado na memória através das impressões
conceitos fundamentais: interação/assimilação e acomodação. emitidas pelo corpo associados ao processo cognitivo ocorrido no
O construtivismo é um novo modo de ver o universo, a vida e o cérebro. São imagens mentais ligadas intrinsecamente à sensações,
mundo das relações sociais. emoções e sentimentos, que, quando revividos ativam todo complexo
relativo aquela experiência.
A busca de novos meios é parte do processo de tomada de
consciência. A Noção de “rede” gerada pelo emaranhado de neurônios é
semelhante à rede virtual da Internet.
A inteligência no seu conjunto é que estrutura as formas de
representação (Piaget). A 4ª geração da Educação está baseada no computador e
fundamentada nas teorias construtivistas da aprendizagem.
A linguagem e a função semiótica permitem a comunicação.
A combinação visual/sonora da informação estimula a
O universo da representação não é formado exclusivamente de
aprendizagem construtivista pelas alterações da dinâmica da memória.
objetos, mas também de sujeitos.
A aprendizagem cooperativa envolve problemas, para
Segundo Piaget as interações sociais se desenvolvem em torno e
desenvolver novos hábitos de cooperação e de comunicação, mudanças
partir das relações entre 3 aspectos: as normas, a estrutura de vida
culturais e novas estratégias cognitivas.
social, os valores e os sinais. As interações podem ocorrer na forma de
coação, autonomia ou anomia. A cognição é anterior ao conjunto de formas simbólicas. A
atividade cognitiva representa sons especificamente humanos de
As relações cooperativas implicam em 3 condições inerentes nos
inteligência como a inteligência pré-verbal e a interiorização da imitação
processos operatórios:
em representações.
1º) Os interlocutores estejam de posse de uma escala comum de
Com o desenvolvimento da tecnologia foram criados novos
valores.
ambientes de aprendizagem nas escolas.
2º) Igualdade geral dos valores.
É também nas escolas que as crianças aprimoram sua
3º) Possibilidade de retornar às validades reconhecidas desenvoltura, social e intelectual.
anteriormente.
Os cenários educacionais baseados em hipertecnologias
Segundo Morgan C. T. a aprendizagem apresenta 2 tipos básicos: representam experiências cooperativas.
o condicionamento clássico e o condicionamento operante.
O construtivismo foi um movimento determinante na história da
A capacidade para aprender depende do aprendiz, do método de cultura, cujo legado se faz sentir até hoje.
aprendizagem e do tipo de material utilizado para a aprendizagem.
O construtivismo refletia as alterações provocadas pela Revolução
O aprendiz depende do nível de inteligência, de idade, do estímulo Industrial na vida cotidiana e artística. Hoje sentimos e falamos em
e ansiedade e de transferência de aprendizagem anterior. construtivismo, assunto em voga na vida cultural porque assistimos a
transformação profunda da sociedade por efeito da interferência das
As estratégias de aprendizagem envolvem o dilema: prática
novas tecnologias em nosso modo de viver: a revolução eletrônica que
maciça x espaçada; feedbacks, aprendizagem de todo ou aprendizagem
se opera sobre a era industrial nessa passagem para o terceiro milênio.
de partes e os programas de aprendizagem.
Os processos de assimilação da realidade são adaptados ao
O material de aprendizagem tem que apresentar: distinção
ambiente com o qual o indivíduo interage.
perceptiva, significado associativo, semelhanças conceituais, hierarquia
conceitual, hierarquia associativa.

5
A ideia de que o hipertexto se constitui em ambiente que reúne as RELAÇÃO EDUCAÇÃO E SOCIEDADE
condições necessárias e suficientes à estrutura do conhecimento é A educação, para os clássicos como Durkheim, expressa uma
relativizada por vários autores. doutrina pedagógica, que se apóia na concepção do homem e
O hipertexto na opinião de alguns autores seria mais importante sociedade. O processo educacional emerge através da família, igreja,
para os que elaboram e realizam o projeto do que para os alunos. escola e comunidade.

O primeiro plano de interação pelo ambiente hipertextual é o Fundamentalmente, Durkheim parte do ponto de vista que o
relativo às relações sujeito-objeto que se expressam no uso de homem é egoísta, que necessita ser preparado para sua vida na
ferramentas individuais e cooperativas de editoração. sociedade. Este processo é mediatizado pela família e também pelas
escolas e universidades:
Os mapas conceituais são representações gráficas semelhantes
a diagramas, que indicam relações entre conceitos ligados por palavras. A ação exercida pelas gerações adultas sobre as que ainda não
Os mapas conceituais podem ser descritos sob diversas formas: estãomaduras para a vida social, tem por objetivo suscitar e desenvolver
perspectiva abstrata, perspectiva de visualização, perspectiva de na criança determinados números de estados físicos, intelectuais e
conversação. morais que dele reclamam, por um lado, a sociedade política em seu
conjunto, e por outro, o meio especifico ao qual está destinado.
Os mapas conceituais podem ser úteis para a elaboração do (DURKHEIM, 1973:44)
material didático em hipermídia. Os mapas conceituais se destinam a
hierarquização e a organização. Para Durkheim, o objeto da sociologia é o fato social, e a educação
é considerada como o fato social, isto é, se impõe, coercitivamente, como
A educação do século XXI deverá preparar os alunos para se uma norma jurídica ou como uma lei. Desta maneira a ação educativa
integrarem em uma economia globalizada, baseada em conhecimento, permitirá uma maior integração do indivíduo e também permitirá uma
no qual o conhecimento será o recurso mais crítico para o forte identificação com o sistema social.
desenvolvimento social e econômico.
Durkheim rejeita a posição psicologista. Para ele, os conteúdos da
O aluno deverá “aprender a aprender”. educação são independentes das vontades individuais, são as normas e
Existem três elementos fundamentais para o sucesso do ensino à os valores desenvolvidos por uma sociedade o grupo social em
distância: projeto, tecnologia e suporte. determinados momentos históricos, que adquirem certa generalidade e
com isso uma natureza própria, tornando-se assim “coisas exteriores aos
A primeira forma de ensino à distância foram os cursos por
indivíduos”:
correspondência. Atualmente vídeo e tecnologias computacionais são os
meios mais empregados. A criança só pode conhecer o dever através de seus pais e
mestres. É preciso que estes sejam para ela a encarnação e a
Existe o Netmeeting que são ambientes de aprendizagem que
personificação do dever. Isto é, que a autoridade moral seja a qualidade
proporcionam encontros virtuais entre usuários o sistema.
fundamental do educador. A autoridade não é violenta, ela consiste em
Em um processo de educação construtivista a avaliação é um certa ascendência moral. Liberdade e autoridade não são termos
elemento indispensável para a reorientação dos desvios ocorridos excludentes, eles se implicam. A liberdade é filha da autoridade
durante o processo e para gerar novos desafios ao aprendiz. bem compreendida. Pois, ser livre não consiste em fazer
aquilo que se tem vontade, e sim em se ser dono de si próprio, em saber
Segundo Rodrigues avaliar é verificar como o conhecimento está
agir segundo a razão e cumprir com o dever. E justamente a autoridade
se incorporando no educando, e como modificar a sua compreensão de
de mestre deve ser empregada em dotar a criança desse domínio sobre
mundo e elevar sua capacidade de participar onde está vivendo.
si mesma (DURKHEIM, 1973:47).
Nos ambientes construtivistas destacam-se a observação, a
Talcott Parsons (1964), sociólogo americano, divulgador da obra
testagem e a auto-avaliação como as principais técnicas de avaliação.
de Durkheim, observa que a educação, entendida como socialização, é
Nos ambientes construtivistas virtuais, as técnicas de avaliação o mecanismo básico de constituição dos sistemas sociais e de
são as mesmas. manutenção e perpetuação dos mesmos, em formas de sociedades, e
Nos últimos anos houve uma mudança significativa na pirâmide destaca que sem a socialização, o sistema social é ineficaz de manter-
populacional brasileira. O Brasil deixou de ser um país apenas de jovens. se integrado, de preservar sua ordem, seu equilíbrio e conservar seus
O envelhecimento da população brasileira é um fato. limites.

Pretendo viver bastante e com qualidade; o que será que vou O equilíbrio é o fator fundamental do sistema social e para que
encontrar daqui a alguns anos? este sobreviva é necessário que os indivíduos que nele ingressam
assimilem e internalizem os valores e as normas que regem seu
A sala de aula tradicional behavionista? funcionamento.
A sala de aula construtivista.?

6
Aqui encontramos uma primeira diferença com o pensamento de Segundo Dewey, educação e democracia formam parte de uma
Durkheim, que destaca sempre o aspecto coercitivo da sociedade frente totalidade, definem a democracia com palavras liberais, onde os
ao indivíduo. Parsons afirma que é necessário uma complementação do indivíduos deveriam ter chances iguais. Em outras palavras, igualdade
sistema social e do sistema de personalidade, ambos sistemas tem de oportunidades dentro dum universo social de diferenças individuais.
necessidades básicas que podem ser resolvidas de forma complementar. Para Mannheim, a educação é uma técnica social, que tem como
O sistema social para Parsons funciona harmonicamente a partir finalidade controlar a natureza e a historia do homem e a sociedade,
do equilíbrio do sistema de personalidade. A criança aceita o marco desde uma perspectiva democrática. Define a educação como:
normativo do sistema social em troca do amor e carinho maternos. O processo de socialização dos indivíduos para uma
Este processo se desenvolve através de mediações primarias: os sociedade harmoniosa, democrática porem controlada,
próprios pais através da internalização de normas, inicia o processo de planejada, mantida pelos próprios indivíduos que a compõe. A pesquisa
socialização primaria. A criança não percebe que as necessidades do é uma das técnicas sociais necessárias para que se conheçam as
sistema social estão se tornando suas próprias necessidades. Desta constelações históricas especificas. O planejamento é a intervenção
maneira, para Parsons, o indivíduo é funcional para o sistema social. racional, controlada nessas constelações para corrigir suas distorções e
Tanto para Durkheim como para Parsons, os princípios básicos que seus defeitos. O instrumento que por excelência põe em pratica os
fundamentam e regem ao sistema social são: planos desenvolvidos é a Educação. (MANNHEIM, 1971:34)

- continuidade A prática da socialização percorre diversos espaços, como família


e outros grupos primários, a escola, clubes, sindicatos, etc.
- conservação
Assim, a pratica democrática emerge horizontalmente permitindo
- ordem a estruturação duma sociedade igualitária. Concorda com Dewey que
- harmonia essa prática deveria ser institucionalizada.

- equilíbrio Os alunos, a escola e a sociedade

Estes princípios regem tanto no sistema social, como nos O que querem os alunos?
subsistemas. Que oportunidades se lhes apresentam na sociedade em
De acordo com Durkheim bem como Parsons, a educação não é mudança?
um elemento para a mudança social, e sim , pelo contrario, é um O que quer a sociedade?
elemento fundamental para a “conservação” e funcionamento do sistema
social. Como os jovens se comportam frente às mudanças?

Uma corrente oposta a Durkheim y Parsons estaria constituída A pesquisa “Estudos Sociodemográficos sobre a Juventude
pela obra de Dewey e Mannheim. O ponto de partida de ambos autores Paulista” , da Fundação SEADE, responde em boa parte à questão. O
é que a educação constitui um mecanismo dinamizador das sociedades que diz? Vejamos.
através de um indivíduo que promove mudanças. Os adolescentes dizem, na maioria dos casos, que desejam
O processo educacional para Dewey e Mannheim, possibilita ao trabalhar para ajudar financeiramente a família, pelo desejo de
indivíduo atuar na sociedade sem reproduzir experiências anteriores, autonomia financeira e para adquirir experiência profissional. A família
acriticamente. Pelo contrario, elas serão avaliadas criticamente , com o apóia esta decisão, porque atribui ao trabalho um valor ético e protetor.
objetivo de modificar seu comportamento e desta maneira produzir No entanto, no período compreendido entre 1986 e 1996, a taxa
mudanças sociais. de ocupação dos adolescentes diminuiu cerca de 20%. Um dos fatores
É muito conhecida e difundida no Brasil a obra de Dewey, razão que favorece a inclusão no mercado de trabalho é o nível educacional.
pela qual não a aprofundaremos em detalhes. Entretanto, é necessário Se as chances de inserção no mercado de trabalho dos jovens e
assinalar que para Dewey é impossível separar a educação do mundo adolescentes na Região Metropolitana da Grande São Paulo diminuíram,
da vida: entre 86 e 96, o atributo escolaridade tornou-se um critério para obtenção
de um emprego ou ocupação, mas não uma garantia.
A educação não é preparação nem conformidade. Educação é
vida, é viver, é desenvolver, é crescer. (DEWEY, 1971:29). Se o atributo escolaridade passa a fazer diferença, qual
escolaridade faz mais diferença, se tomarmos como parâmetro as
Para Dewey, a escola é definida como uma micro- comunidade mudanças na organização do trabalho, em função dos avanços
democrática. Seria o esboço da “socialização democrática”, ponto de tecnológicos? Como organizar a aprendizagem para que os alunos
partida para reforçar a democratização da sociedade. ganhem melhores condições de inserção na sociedade e no trabalho?
Esta é a nossa questão.

7
Há um outro dado importante a considerar: o país e, em especial, POLÍTICAS PÚBLICAS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL.
o estado de São Paulo, entram no século XXI “com a maior população FUNDAMENTOS E CONCEPÇÕES DE GESTÃO E DIFERENTES
juvenil de sua história demográfica.” Este contingente jovem é o mais FORMAS DE ESTRUTURAÇÃO NA ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA.
sensível e vulnerável às mudanças e se vê frequentemente excluído,
A educação nunca deixou de ser a via e o caminho da marcha e
inclusive na esfera educacional, tendo em vista a insuficiência e a
crescimento da espécie humana. Afinal, a evolução do homem, se em
inadequação do que lhe é oferecido face às exigências sociais.
parte foi biológica, somente se efetivou com o imenso esforço histórico-
“ A dificuldade de acesso ao trabalho dos jovens se agrava nos social que o trouxe até as alturas do presente desenvolvimento científico
grupos de menos escolaridade e agrava a exclusão , dado que sem e cultural. E todo aquele processo histórico pode, em rigor, ser
emprego não se tem rendimento próprio nem condições de vivenciar a considerado resultado do intercurso entre a condição humana e a
própria juventude, o que impede que se desenvolva a necessária educação.
motivação para elaborar projetos de futuro”. (Madeira,Felicia/20 anos no
Mas uma coisa é tal processo espontâneo e mais ou menos
ano 2000, p.9).
inconsciente do desenvolvimento do homem, e outra o projeto consciente
de conquista do saber e de sua aplicação à vista.
Os depoimentos não surpreendem; as análises sobre os Este projeto nunca foi geral nem abrangeu toda a espécie.
problemas da juventude no mundo, talvez. Subordinado à estrutura hierárquica da sociedade, foi, desde seu início
Diz Castells: “ a rebeldia dos jovens de antigamente era uma na remota. Antiguidade, projeto especial para a educação dos poucos
atitude dinâmica sem a qual não haveria mudança social possível, mas privilegiados, que realmente dominavam a espécie e detinham o poder.
o que se observa, atualmente, é uma dissonância cognitiva entre o que Daí a relação, inerente e intrínseca, entre educação e política.
os jovens sentem e os valores e as mensagens que a sociedade lhes
A criação de políticas educacionais nacionais deve ser prioridade
transmite. É importante definir o conteúdo e o sentimento dessa cultura
de qualquer governo comprometido com o desenvolvimento da
juvenil, particularmente dos jovens das camadas populares mais pobres.”
sociedade brasileira, pois, com certeza, programas e ações isoladas não
O desafio é, sem dúvida, muito grande. A definição desse poderão produzir resultados na escala demandada pelo país. Nesse
conteúdo e da cultura juvenil é mais uma questão que nos diz respeito e sentido uma política interessante seria a análise e replicação das ações
deve se fazer por meio das observações em cada unidade escolar, das que já apresentam sucesso em seus objetivos.
relações entre professores e alunos, das relações entre os alunos. Isso
A POLÍTICA DA EDUCAÇÃO DE TODOS
significa dizer que não há uma perspectiva pronta, que deva explicar
como são os jovens que estão em cada escola e como abordá-los. Afinal, contudo, nas alturas do século XVIII, amadureceu a
possibilidade, e com ela a ideia e disposição, de oferecer a educação a
Os estudos realizados sobre a juventude permitem uma reflexão
todos. Algumas nações, então, generalizaram a escola para todos,
inicial, mas é preciso verificar de que ponto de vista estão falando, que
esforço em que agora se debatem as nações subdesenvolvidas.
recortes fazem ao abordar a questão. Muitos desses estudos
preocupam-se com a violência ou com o uso de drogas: são reveladores O problema crítico desse período de generalização da escola foi o
de uma situação cotidiana, valiosos conhecimentos, mas não dão conta da quantidade e número das escolas, sendo relativamente secundário
de todas as demais questões e nem se propuseram a tal. Precisamos o problema do processo de ensino e de sua qualidade. Atingida que foi a
de uma escola que possa responder, também, a outras perguntas.É expansão da escola para todos, a preocupação pelo processo do ensino
possível “reinventar” a escola e transformá-la em um espaço de jovens e tomou vulto e podemos considerá-lo dominante a partir da 2ª metade do
para jovens? É possível construir essa escola, garantindo uma qualidade século passado.
diferenciada de aprendizagem? Que características apresenta essa
No começo deste século, ocorreu mudança significativa: o puro e
escola?
simples processo de transmissão do conhecimento e da herança cultural
Certamente é possível, por mais que já tenhamos inventado. Que às crianças e aos jovens, com atenção apenas ao corpo de
ninguém nos negue o esforço e a vontade de mudar. Mas, como? conhecimentos, hábitos e atitudes do passado, a serem inculcados pela
endoutrinação - foi considerado insuficiente e inadequado, e o problema
A nova proposta, expressa nas Diretrizes e Parâmetros
da criança, do aluno, surgiu, vindo a se fazer central em nosso século.
Curriculares para o Ensino Médio, aponta direções. Não deve ser tomada
Já não era só a quantidade de escolas, já não era só o problema de
como uma proposta fechada, mas como uma orientação para a
organizar e melhorar o conteúdo do ensino fundado no passado; já agora,
elaboração da política de escola, consideradas a história, a experiência
o importante é o estudo da criança e de seus problemas e a descoberta
e as peculiaridades.
do melhor método de acompanhar-lhe o crescimento e a aquisição da
cultura de seu tempo e de seu presente e futuro.

POLÍTICAS EDUCACIONAIS

8
A conjuntura das políticas educacionais no Brasil ainda demonstra conclusão, do ponto de vista marxista, de que a estrutura social
sua centralidade na hegemonia das ideias liberais sobre a sociedade, dominante constitui “aparelhos ideológicos” em forma de superestrutura,
como reflexo do forte avanço do capital sobre a organização dos mantendo a opressão. Segundo Louís Althusser a escola é o principal
trabalhadores na década de 90. A intervenção de mecanismos aparelho ideológico da sociedade e, em seu entendimento, como a
internacionais como o FMI e o Banco Mundial, aliada à subserviência do estrutura determina a superestrutura, não é possível qualquer mudança
governo brasileiro à economia mundial, repercute de maneira decisiva social a partir da educação. Moacir Gadotti considera a posição de
sobre a educação. Althusser bastante equivocada do ponto de vista da emancipação
humana, pois gera uma situação de passividade e impotência, o que
Em contrapartida, a crise do capitalismo em nível mundial, em revela um caráter ideológico de sua própria teoria, já que “a subserviência
especial do pensamento neoliberal, revela, cada vez mais, as da omissão interessa mais à dominação do que o combate a favor dela”.
contradições e limites da estrutura dominante. A estratégia liberal Para Gadotti, “se aceitarmos a análise de Althusser, certamente a
continua a mesma: colocar a educação como prioridade, apresentando- educação enquanto sistema ou subsistema é um aparelho ideológico em
a como alternativa de “ascensão social” e de “democratização das qualquer sistema político. Mas se aceitarmos que ela é também ato,
oportunidades”. Por outro lado, a escola continua sendo um espaço com práxis, então as coisas se complicam. Não podemos reduzir a educação,
grande potencial de reflexão crítica da realidade, com incidência sobre a a complexidade do fenômeno educativo apenas às suas ligações com o
cultura das pessoas. O ato educativo contribui na acumulação subjetiva sistema”.
de forças contrárias à dominação, apesar da exclusão social,
característica do descaso com as políticas públicas na maioria dos De certa forma, Gramsci é que dá um novo rumo ao conceito de
governos. ideologia e, com isso, fornece valiosas contribuições para a construção
da educação voltada para a transformação social. Um dos conceitos
O propósito do presente texto é apresentar, em síntese, as fundamentais adotados por Gramsci é o de hegemonia que, segundo ele,
principais características da educação no contexto neoliberal do Brasil, se dá por consenso e/ou coerção. Na sociedade dividida em classes,
numa tentativa de contribuir com o debate de conjuntura acerca das temos uma constante luta pela hegemonia política e a ideologia assume
políticas educacionais. Neste sentido, iniciamos a discussão com uma o caráter de convencimento, o primeiro recurso utilizado para a
breve reflexão sobre a ideologia na educação, para, em seguida, dominação. Do ponto de vista dos oprimidos, o embate ideológico contra
apresentar a dimensão da crise do capitalismo e do pensamento liberal, a hegemonia burguesa se dá em todos os espaços em que esta se
concluindo com as principais políticas oficiais que vêm sendo propostas reproduz, como por exemplo, a escola. Temos então, uma luta de posição
para a educação. na escola, colocando a política, luta pelo poder, como o centro da ação
1. A IDEOLOGIA E A EDUCAÇÃO pedagógica.

A relação da ideologia com a educação foi bastante polêmica ao A educação, portanto, é um espaço social de disputa da
longo da história. Embora o termo tenha sido primeiramente utilizado em hegemonia; é uma prática social construída a partir das relações sociais
1801, é com o advento do marxismo que a ideologia assume uma maior que vão sendo estabelecidas; é uma “contra-ideologia”. Nesta
importância para o pensamento humano. Conforme Marilena Chauí, o perspectiva, é importante situar a posição do educador na sociedade,
marxismo entende a ideologia como “um instrumento de dominação de contribuindo para manter a opressão ou se colocando em contraposição
classe e, como tal, sua origem é a existência da divisão da sociedade em à ela. Se o educador é um trabalhador em educação, parece coerente
classes contraditórias e em luta”. Além disso, a utilização do termo que este seja aliado das lutas dos trabalhadores enquanto classe, visto
confunde-se com o significado de crenças e ilusões que se incorporam que as suas conquistas sociais, aparentemente mais imediatas, também
no senso comum das pessoas. “A ideologia é ilusão, isto é, abstração e dependem de vitórias maiores no campo social. Nessa perspectiva, é
inversão da realidade, ela permanece sempre no plano imediato do coerente que a posição do educador seja em favor dos oprimidos, não
aparecer social. (...) A aparência social não é algo falso e errado, mas é por uma questão de caridade, mas de identidade de classe, já que a luta
o modo como o processo social aparece para a consciência direta dos maior é a mesma. Qual é a função do educador como intelectual
homens”. comprometido com a transformação social?

Diferente da maioria dos marxistas, para os quais a ideologia Gramsci afirma que o povo sente, mas nem sempre compreende
consiste na expressão de interesses de uma classe social, para Karl e sabe; o intelectual sabe, mas nem sempre compreende e muito menos
Manheim o que define a ideologia é o seu poder de persuasão, sua sente. Por isso, o trabalho intelectual é similar a um cimento, a partir do
“capacidade de controlar e dirigir o comportamento dos homens”. Nicola qual as pessoas se unem em grupos e constroem alternativas de
Abagnano, reforça a teoria de Manheim dizendo que “o que transforma mudança. Mas isso não é nada fácil: assumir a condição de intelectuais
uma crença em ideologia não é sua validade ou falta de validade, mas orgânicos dos trabalhadores significa lutar contra o contexto dominante
unicamente sua capacidade de controlar os comportamentos em que se apresenta e visualizar perspectivas de superação coletiva sem
determinada situação”. exclusão. Entender bem a realidade parece ser o primeiro

A compreensão de ideologia como expressão de interesses e


“falsificação da realidade” com vistas ao controle social, permite a

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passo no desafio da construção de uma nova pesrpectiva social. Que Há uma clara incompatibilidade entre a ordem burguesa e a
realidade é essa que se apresenta para a educação? noção de progresso civilizatório.

2. A CRISE DO CAPITALISMO E DA IDEOLOGIA LIBERAL De maneira mais conjuntural as principais características são as
seguintes:
O atual contexto traz algumas novidades e um conjunto de
elementos já presentes há muito tempo no capitalismo, ambos tentando a) crise do trabalho assalariado, com acentuada precarização
se articular coerentemente, embora as contradições estejam cada vez nas relações de trabalho;
mais explícitas. Em termos de estrutura social, vigora a manutenção da b) mito da irreversibilidade da globalização, com forte carga de
sociedade burguesa, com suas características básicas: fatalismo;
a) trabalho como mercadoria; c) mundo unitário sem identidade, trazendo à tona a fragmen-
b) propriedade privada; tação, também no que se refere ao conhecimento;

c) controle do excedente econômico; d) retorno de “velhas utopias”, principalmente na política, eco-


nomia e religião;
d) mercado como centro da sociedade;
e) despolitização das relações sociais;
e) apartheid, exclusão da maioria;
f) acento na competitividade com a perspectiva de que al- guns
f) escola dividida para cada tipo social. se salvam já que não dá para todos.
Porém, a novidade, em termos estruturais, é que a ordem Nessa realidade está inserida a educação, como um espaço de
burguesa está sem alternativa, ou seja, o capitalismo prova sua ineficácia disputa de projetos antagônicos: liberal X democrático-popular. Por um
generalizada e a crise apresentada revela seu caráter endógeno, ou seja, lado, o caos da ditadura do mercado como regulador das relações
o capitalismo demonstra explicitamente ser o gerador de seus próprios humanas e, por outro, a tentativa de manter a democracia como valor
problemas. Se o mercado é a causa da crise e se boa parte das soluções universal e a solidariedade como base da utopia socialista.
apresentadas para enfrentar esta crise prevê a ampliação do espaço do
mercado na sociedade, a tendência é que os problemas sejam 3. A EDUCAÇÃO NEOLIBERAL
agravados. Do ponto de vista liberal, a educação ocupa um lugar central na
O fracasso do capitalismo se comprova internamente, sociedade e, por isso, precisa ser incentivada. De acordo com o Banco
principalmente nos países mais pobres. Além disso, o auge do Mundial são duas as tarefas relevantes ao capital que estão colocadas
neoliberalismo da década de 90 mostra suas limitações e começa a ser para a educação:
rejeitado em todo o mundo. Entretanto, os neoliberais, embora a maioria a) ampliar o mercado consumidor, apostando na educação
não se assuma como tal, usam a estratégia de atacar quem se propõe a como geradora de trabalho, consumo e cidadania (incluir
explicitar o que ficou evidente: “Além do ataque à esquerda, como que mais pessoas como consumidoras);
responsabilizando os outros pelo seu próprio fracasso, alguns liberais
b) gerar estabilidade política nos países com a subordinação
têm se manifestado através de artigos na imprensa, afirmando que as
dos processos educativos aos interesses da reprodução das
pessoas ‘de forma pobre e maniqueista culpam o neoliberalismo e o FMI
relações sociais capitalistas (garantir governabilidade).
pela miséria brasileira’. Ora, será que a culpa seria do PT, da CUT, do
MST, da intelectualidade e do povo brasileiro?” Para quem duvida da priorização da educação no países pobres,
observe o seguinte trecho do vice-presidente do Banco Mundial: “Para
Nem mesmo crescimento econômico, suposta virtude da qual os
nós, não há maior prioridade na América Latina do que a educação. entre
intelectuais burgueses ainda se vangloriavam, o capitalismo consegue
1987 e 1992 nosso programa anual de empréstimos para a educação na
proporcionar. Conforme o economista João Machado, a economia
América Latina e o Caribe aumentou de 85 para 780 milhões de dólares,
mundial que se mantinha num crescimento de 4% na década de 60,
e antecipamos outro aumento para 1000 milhões em 1994”. Porém, não
chegou ao final da década de 90 com apenas 1%.
vamos nos iludir pensando que a grande tarefa dos mecanismos
O custo social, por sua vez, é catastrófico: internacionais a serviço do capital é financiar a educação. Conforme
a) a diferença entre países ricos e pobres têm aumentado em análise de Sérgio Haddad, o principal meio de intervenção é a pressão
110 vezes, desde a 2ª. Guerra Mundial até a década de 90; sobre países devedores e a imposição de suas “assessorias”: “A
contribuição mais importante do Banco Mundial deve ser seu trabalho de
b) aumenta consideravelmente a distância entre ricos e po- assessoria, concebido para ajudar os governos a desenvolver políticas
bres dentro dos países; educativas adequadas às especificidades de seus países. (...) O Banco
c) a crise ecológica vem sendo agravada, com a poluição das Mundial é a principal fonte de assessoramento da política educativa, e
águas e diversos recursos naturais essenciais à produção. outras agências seguem cada vez mais sua liderança”.

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É evidente que a preocupação do capital não é gratuita. Existe a) diminuição da arrecadação (através de isenções, incentivos,
uma coerência do discurso liberal sobre a educação no sentido de sonegação...);
entendê-la como “definidora da competitividade entre as nações” e por b) não aplicação dos recursos e descumprimento de leis;
se constituir numa condição de empregabilidade em períodos de crise
2- Prioridade no Ensino Fundamental, como responsabilidade
econômica. Como para os liberais está dado o fato de que todos não
dos Estados e Municípios (a Educação Infantil é delegada aos
conseguirão “vencer”, importa então impregnar a cultura do povo com a
municípios);
ideologia da competição e valorizar os poucos que conseguem se
adaptar à lógica excludente, o que é considerado um “incentivo à livre 3 - O rápido e barato é apresentado como critério de eficiência;
iniciativa e ao desenvolvimento da criatividade”. Mas, e o que fazer com
4 - Formação menos abrangente e mais profissionalizante;
os “perdedores”? Conforme o Prof. Roberto Lehrer (UFRJ), o próprio
Banco Mundial tem declarado explicitamente que “as pessoas pobres 5 – A maior marca da subordinação profissionalizante é a reforma
precisam ser ajudadas, senão ficarão zangadas” . Essa interpretação é do ensino médio e profissionalizante;
precisa com o que o próprio Banco têm apresentado oficialmente como 6- Privatização do ensino;
preocupação nos países pobres: “a pobreza urbana será o problema
mais importante e mais explosivo do próximo século do ponto de vista 7- Municipalização e “escolarização” do ensino, com o Estado
político”. repassando adiante sua responsabilidade (os custos são repassados às
prefeituras e às próprias escolas);
Os reflexos diretos esperados pelo grande capital a partir de sua
intervenção nas políticas educacionais dos países pobres, em linhas 8- Aceleração da aprovação para desocupar vagas, tendo o
gerais, são os seguintes: agravante da menor qualidade;

a) garantir governabilidade (condições para o desenvolvimen- 9- Aumento de matrículas, como jogo de marketing (são feitas
to dos negócios) e segurança países “perdedores”; apenas mais inscrições, pois não há estrutura efetiva para novas vagas);

b) quebrar a inércia que mantém o atraso nos países do cha- 10- A sociedade civil deve adotar os “órfãos” do Estado (por
mado “Terceiro Mundo”; exemplo, o programa “Amigos da Escola”). Se as pessoas não tiverem
acesso à escola a culpa é colocada na sociedade que “não se organizou”,
c) construir um caráter internacionalista das políticas públicas isentando, assim, o governo de sua responsabilidade com a educação;
com a ação direta e o controle dos Estados Unidos;
11- O Ensino Médio dividido entre educação regular e
d) estabelecer um corte significativo na produção do conheci- profissionalizante, com a tendência de priorizar este último: “mais ‘mão-
mento nesses países; de-obra’ e menos consciência crítica”;.
e) incentivar a exclusão de disciplinas científicas, priorizando 12- A autonomia é apenas administrativa. As avaliações, livros
o ensino elementar e profissionalizante. didáticos, currículos, programas, conteúdos, cursos de formação,
Mas, é evidente que parte do resultado esperado por parte de critérios de “controle” e fiscalização, continuam dirigidos e centralizados.
quem encaminha as políticas educacionais de forma global fica frustrada Mas, no que se refere à parte financeira (como infra- estrutura, merenda,
por que sua eficácia depende muito da aceitação ou não de lideranças transporte), passa a ser descentralizada;
políticas locais e, principalmente, dos educadores. A interferência de 13- Produtividade e eficiência empresarial (máximo resultado
oposições locais ao projeto neoliberal na educação é o que de mais com o menor custo): não interessa o conhecimento crítico;
decisivo se possui na atual conjuntura em termos de resistência e, se a
crítica for consistente, este será um passo significativo em direção à 14- Nova linguagem, com a utilização de termos neoliberais na
construção de um outro rumo, apesar do “massacre ideológico” a que os educação;
trabalhadores têm sido submetidos durante a última década. 15 - Modismo da qualidade total (no estilo das empresas privadas)
Em função dessa conjuntura política desfavorável, podemos na escola pública, a partir de 1980;
afirmar que, em termos genéricos, as maiores alterações que 16- Os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) são ambíguos
ultimamente tem sido previstas estão chegando às escolas e, muitas (possuem 2 visões contraditórias), pois se, por um lado, aparece uma
vezes, tem sido aceitas sem maiores discussões a seu respeito, preocupação com as questões sociais, com a presença dos temas
impedindo uma efetiva contraposição. Por isso, vamos apresentar, em transversais como proposta pedagógica e a participação de intelectuais
grandes eixos, o que mais claramente podemos apontar como progressistas, por outro, há todo um caráter de adequação ao sistema
consequências do neoliberalismo na educação: de qualidade total e a retirada do Estado. É importante recordar que os
1- Menos recursos, por dois motivos principais: PCNs surgiram já no início do 1º. mandato de FHC, quando foi reunido
um grupo de intelectuais da Espanha, Chile, Argentina, Bolívia e outros

11
países que já tinham realizado suas reformas neoliberais, para iniciar da vida humana, debruçada sobre o futuro e embaraçada e aflita com
esse processo no Brasil. A parte considerada progressista não funciona, as perplexidades e prospectos do presente.
já que a proposta não vem acompanhada de políticas que assegurem
sua efetiva implantação, ficando na dependência das instâncias da
A SITUAÇÃO NO BRASIL
sociedade civil e dos próprios professores.
Entre nós, estamos ainda na fase inicial. O problema
17- Mudança do termo “igualdade social” para “equidade social”,
dominantemente quantitativo. Mais escolas, maior matrícula. Todavia, os
ou seja, não há mais a preocupação com a igualdade como direito de
tempos são outros, e já não podemos limitar-nos ao tranquilo esforço de
todos, mas somente a “amenização” da desigualdade;
ensinar a ler, escrever e contar, multiplicando rotineiramente as escolas.
18 - Privatização das Universidades; Temos de realizar a tarefa que as demais nações realizaram nos relativos
19 – Nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) sossegos do passado, em pleno maelstrom moderno, tudo criando de
determinando as competências da federação, transferindo novo, em condições mais difíceis que as do passado, e obrigados a
responsabilidades aos Estados e Municípios; acompanhar métodos e técnicas para que faltam as condições sociais
adequadas e o próprio conhecimento e saber necessário para aplicá-las.
20 - Parcerias com a sociedade civil (empresas privadas e
organizações sociais). O problema fez-se tão difícil e atordoante, que não são de admirar
a confusão, o desnorteamento e o extraordinário desperdício e
Diante da análise anterior, a atuação coerente e socialmente amontoado de erros com que vamos conduzindo nosso esforço
comprometida na educação parece cada vez mais difícil, tendo em vista educativo. Para nos equilibrarmos no turbilhão das forças e projetos
que a causa dos problemas está longe e, ao mesmo tempo, dispersa em desencadeados, apegamo-nos à simplificação da “educação para o
ações locais. A tarefa de educar, em nosso tempo, implica em conseguir desenvolvimento”, tentando limitar o problema ao treino generalizado
pensar e agir localmente e globalmente, o que carece da interação para a vocação e o trabalho. Mas também este não é algo simples como
coletiva dos educadores e, segundo Philippe Perrenoud, da Universidade o rotineiro trabalho antigo, mas conjunto de técnicas e habilitações
de Genebra, “o professor que não se preparar para intervir na discussão complexas, difíceis e especializadas, em permanente transformação e a
global, não é um ator coletivo”. Além disso, a produção teórica só tem exigir desenvolvimento mental muito maior do que o do velho artesanato.
sentido se for feita sobre a prática, com vistas a transformá-la. Portanto,
para que haja condições efetivas de construir uma escola
transformadora, numa sociedade transformadora, é necessária a O GOVERNO BRASILEIRO E A POLÍTICA EDUCACIONAL
predisposição dos educadores também pela transformação de sua ação
Embora não administre diretamente a educação básica, o governo
educativa e “a prática reflexiva deve deixar de ser um mero discurso ou
federal tem tido papel importante neste nível pela redistribuição de
tema de seminário, ela objetiva a tomada de consciência e organização
recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional - FNDE.
da prática”.
O FNDE foi criado como fonte adicional ao financiamento do ensino: é
uma contribuição patronal (2,5% da folha de pagamento das empresas)
A POLÍTICA DA EDUCAÇÃO DE destinada ao financiamento do ensino de primeiro grau, suplementando
CADA UM E DA EDUCAÇÃO PARA O FUTURO os recursos públicos orçamentários regulares. Esta contribuição chama-
se de salário-educação e constitui um fundo que tem recursos
Presentemente, nos países desenvolvidos, entramos em nova consideráveis: cerca de 1,5 bilhões de dólares por ano 1/3 dos quais
fase: a ênfase está agora na educação individualizada, em educar não constitui a quota federal, (cerca de 500 milhões de dólares) e é utilizado
apenas todas as crianças, mas cada uma; e não para simples adaptação pelo Ministério da Educação, que pode repassá-lo a municípios, estados
ao passado, mas visando prepará-la para o futuro. Opera- se, por isso e até a entidades privadas, devidamente credenciadas. Nos estados
mesmo, verdadeira revolução nos métodos e técnicas do ensino mais pobres, a quota federal é muito superior à estadual, e portanto
propriamente dito, e a atenção se volta para medir-se e apurar- se o que decisiva para a manutenção e melhoria do ensino fundamental. O
realmente se está conseguindo. O aluno continua a ser o problema Ministério da Educação tem, assim, um instrumento potencialmente
central, constituindo-se a educação processo individual e único de cada poderoso para focalizar os recursos aonde eles são mais necessários.
aluno, e o seu desenvolvimento e auto-realização, a indagação maior e
absorvente. A organização da escola fez-se complexa e fluida, É com estes recursos, tanto da quota estadual quanto da Federal,
compreendendo o estudo individual da criança e de seu que se constroem e reformam escolas, se compra equipamento escolar
desenvolvimento; o estudo da cultura em que está imersa e de sua e se treinam os professores. É com os recursos do FNDE que se
transformação constante; o estudo da herança histórica para incorporá- constroem por ano cerca de 10 mil salas de aula, o que corresponde ao
la a este presente em transição; e tudo isso, com as vistas voltadas crescimento necessário para absorver o aumento
dominantemente para os prospectos do futuro.

Toda a velha tranquilidade da escola, como instituição devotada


ao passado, desapareceu, e a escola é hoje uma perturbada fronteira

12
anual da população escolar brasileira (cerca de 2% ao ano) e corrigir as continuidade ao programa em outros termos, inclusive pela alteração de
distorções na distribuição das escolas e do número de salas de aula que sua sigla (CAICS, Centros de Atenção Integral à Criança), com gastos
decorrem da movimentação da população. O problema fundamental com previstos de 3 bilhões de dólares para o período 1993-1995.
a distribuição dos recursos do FNDE é que a demanda por recursos é Em junho de 1993 o Ministério da Educação divulgou o Plano
muito superior (cerca de 2 a 3 vezes) à sua disponibilidade. Além disto, Decenal de Educação Para Todos, elaborado em cumprimento das
a própria flexibilidade na aplicação dos recursos do Fundo, assim como resoluções da Conferência de Educação Para Todos de Jomtien,
o seu volume, tornam-no alvo de pressões clientelistas. Deputados e Tailândia, de 1990. e formalmente apresentado à V Reunião do Comitê
políticos em geral tentam direcionar a aplicação dos recursos de acordo Regional Intergovernamental do Projeto Principal de Educação na
com os seus interesses, seja obtendo do Ministro da Educação boa Região da América Latina e do Caribe da UNESCO em Santiago de Chile
acolhida para suas propostas, seja incluindo no orçamento da União no mesmo mês. A declaração foi precedida de um “compromisso
emendas para beneficiar determinados municípios. Muitas vezes os nacional de educação para todos”, assinado por representantes do
recursos são orientados para municípios e estados de aliados do Ministério, das secretarias de educação estaduais e municipais e de
Governo, que não são necessariamente os que apresentam maiores associações profissionais de vários tipos.
“déficits” de escolarização. A racionalização no uso destes recursos
O plano incorpora os objetivos gerais da Declaração de Jomtien,
buscada pela gestão Goldemberg visava, primeiro, atender aos
retomando e ampliando iniciativas anteriores. A lista das medidas
municípios mais pobres; segundo, direcionar recursos para a formação
propostas inclui: o programa nacional de atenção integral à criança e ao
de professores; terceiro, associar a liberação dos recursos do FNDE ao
adolescente, (os CAICS); o Projeto Nordeste de educação, realizado com
aumento dos salários dos professores por parte dos estados e
o apoio do Banco Mundial; a criação de um sistema nacional de avaliação
municípios.
básica; um programa de capacitação de professores, dirigentes e
Os programas de merenda escolar e do livro didático são os outros especialistas; um programa de apoio a inovações pedagógicas e
dois instrumentos importantes utilizados pelo governo federal em sua educacionais; uma estratégia de equalização no financiamento de
atuação em relação ao ensino básico. Nos dois casos, trata-se de educação; a descentralização dos programas de assistência ao
distribuir um grande volume de produtos para todo o país, a partir de estudante; um programa de assistência e agilização do sistema de
estruturas centralizadas responsáveis pela compra das mercadorias e financiamento; e participação no Pacto pela Infância, que busca
sua distribuição nacional. Estes programas têm sofrido grande desenvolver o atendimento estudantil nas áreas de educação, saúde e
instabilidade, pela precariedade de sua fonte de recursos (o FINSOCIAL combate à violência. Em seu conjunto, o plano marca a aceitação formal,
teve seus recursos diminuídos no início da década de 90 por uma série pelo governo federal brasileiro, das teses e estratégias que vêm sendo
de questionamentos jurídicos), e sempre sofreram problemas de formuladas nos foros internacionais mais significativos na área da
ineficiência administrativa e de vulnerabilidade à política de patronagem melhoria da educação básica. Ainda que sua implementação efetiva
e corrupção associados a grandes programas distributivos. A tendência dependa de recursos econômicos, institucionais, técnicos e políticos
recente, em relação à merenda escolar, tem sido a de descentralizar o ainda incertos, sua importância estratégica deve ser enfatizada.
programa, transferindo os recursos diretamente às escolas. Em relação
As reformas estaduais tiveram como principal resultado o
ao livro didático, o programa sofre de gigantismo (220 milhões de livros
crescimento extraordinário de um novo setor educacional, o da educação
foram distribuídos entre 1986 e 1991), excesso de títulos (3.500 em
pré-escolar, enquanto que a educação de primeiro e segundo graus
1992), nenhum sistema de avaliação de qualidade, e do marketing
cresceu pouco ou até mesmo regrediu, como no caso de Minas Gerais.
agressivo de algumas editoras interessadas em obter grandes contratos
Este padrão foi observado em todo o país, como mostra o quadro 2. Os
de distribuição.
dados disponíveis sugerem que a principal inovação pedagógica, que foi
O governo Collor instituiu um programa de Centros Integrados de a introdução do ciclo básico para os dois primeiros anos do primeiro grau,
Atendimento à Criança (CIACS), que era muito semelhante, em intenção, falhou em seu principal objetivo, que era o de reduzir as altas taxas de
ao do Estado do Rio de Janeiro, e estava sujeito às mesmas críticas, repetência no início da vida escolar; os alunos que eram reprovados
inclusive a do potencial de corrupção e clientelismo político implícito em antes ao final de um ano passaram a ser reprovados ao final de dois.
um projeto de construir 5 mil escolas em todo o país a um custo de dois
Do ponto de vista administrativo e institucional, a principal meta em
milhões de dólares por unidade, sem que o governo federal dispusesse
alguns dos estados foi reduzir o poder centralizador e burocrático das
de meios financeiros e humanos para operá-las. Na gestão Goldemberg
secretarias de educação, e devolvê-lo à comunidade. Este projeto
no Ministério da Educação houve um esforço no sentido de alterar o
encontrou, naturalmente, resistência por parte das administrações, que
projeto inicial, reduzindo seus custos, buscando associações com as
em muitos casos restabeleceram seu poder mais tarde. Mas elas servi-
secretarias de educação e outros setores da comunidade, e abrindo a
ram também para mostrar que este processo de descentralização pode
possibilidade de utilizar o programa como mecanismo para melhorar a
significar, simplesmente, a transferência de poderes para os municí- pios,
infraestrutura das redes educacionais dos estados. O fim do governo
de uma parte, ou para as associações e sindicatos de professo-
Collor não significou o fim do projeto dos CIACS. Para não perder os
investimentos já realizados, da ordem de um bilhão de dólares, o
Ministro Maurílio Hingel decidiu dar

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res, por outra, e que de nenhum dos dois é possível esperar, necessa- entanto, que as mesmas características podem ser igualmente
riamente, um envolvimento com reformas que signifiquem uma trans- atribuídas a tais políticas.
formação mais profunda das práticas educacionais. Prefeituras podem Contudo, a prescrição, a homogeneização e a centralização não
ser tão ou mais clientelísticas e burocráticas, quanto os governos esta- têm sido um problema restrito ‘as fronteiras nacionais. Em consonância
duais; e professores, frequentemente frustrados por baixos salários e com as políticas hegemônicas da década de 90, existe aí uma forte
pouco reconhecimento, tendem a resistir à implantação de sistemas de relação com as políticas globais.
avaliação, assim como a projetos experimentais e inovadores que
Antonio F. B. Moreira e Elizabeth Macedo (2000:108), em estudo
introduzam diferenciações nos sistemas educacionais. A existência
revisionista sobre transferência educacional, somam seus esforços ao
destes problemas nas tentativas de descentralização não significa, no
estudo de Barreto pois, além de relacionarem a insatisfação no que tange
entanto, que a educação possa ser conduzida de forma centralizada ou
aos resultados da escolarização com o distanciamento entre teoria e
burocrática, ou a partir de grandes projetos de impacto político e alta
prática no campo do currículo, destacam com propriedade a relação
visibilidade, em busca de dividendos eleitorais de curto prazo.
existente entre políticas educacionais nacionais e globais.
Em relação ao governo federal, a experiência confirma que a Reconhecem que “(...) ainda que tenhamos avançado na produção de
legislação foi sábia ao restringir o papel do Ministério da Educação nas conhecimento teórico, a prática pedagógica, na maioria das nossas
questões da educação básica. Todas as ações centralizadas do governo escolas, ainda não sofreu modificações mais substantivas.” E,
federal padecem dos mesmos problemas de gigantismo, patronagem oportunamente, situam essa problemática no contexto de globalização
política, ineficiência no uso de recursos, e possibilidades de corrupção. das políticas educacionais, evidenciando a complexidade da questão e
Parece claro que o governo federal deveria concentrar seus suas estreitas relações com o campo do currículo, o que pode ser
esforços no desenvolvimento de sistemas adequados de avaliação e ilustrado com a seguinte afirmação: “(...) se no plano teórico talvez
acompanhamento do ensino básico no país, na redistribuição de estejamos menos susceptíveis às importações instrumentais, no âmbito
recursos por critérios estritamente técnicos, baseados em diferenciais de das políticas educacionais sentimos com clareza a força do modelo
renda e projetos pedagógicos de qualidade, e no apoio direto a regiões neoliberal internacional, definindo os rumos do currículo e do processo
de carência extrema, que não tenham condições de gerar e administrar de escolarização no Brasil.” (Ib:106).
minimamente seus próprios recursos. Força que, segundo os mesmos, pode ser visualizada pela
presença do Banco Mundial na definição de políticas educativas, fazendo
prevalecer a lógica financeira sobre a social, subordinando assim a
POLÍTICAS EDUCACIONAIS BRASILEIRAS E educação `a racionalidade econômica, bem como por medidas que
SUAS IMPLICAÇÕES CURRICULARES implantam os princípios neoliberais na educação, tornando-a mais
Na última década do século XX, alguns (as) educadores (as) competitiva.
brasileiros (as) demonstraram suas preocupações com os resultados da Anteriormente, Moreira (1998:30), já havia sugerido uma forte
escolarização da maioria da população brasileira e desenvolveram relação entre desafios educacionais, teoria curricular e política curricular.
estudos que vem nos mostrar os vínculos entre esses resultados Ao fazer um balanço da crise da teoria crítica de currículo, colocando
insatisfatórios e as políticas educacionais implementadas no país. como sintoma dessa crise o distanciamento entre avanços teóricos e
Elba Siqueira de Sá Barreto (2000:15) faz uma análise de avanços práticos, ele recomenda que “(...) os curriculistas atuem nas
propostas curriculares implementadas por práticas políticas de governos diferentes instâncias da prática curricular, participando da elaboração de
nas duas últimas décadas do século XX no Brasil. Em seu estudo, ela políticas públicas de currículo, acompanhando a implementação das
admite que mesmo as propostas tendo assumido um discurso propostas e realizando estudos nas escolas que avaliem essa
democrático implementação.” Dessa forma, esse autor coloca em pauta a
necessidade não só dos pesquisadores (as) em currículo atuarem em
”(...) as características de insucesso escolar da maioria da
políticas públicas como, fundamentalmente, de direcionarem seus
população pouco se alteraram, visto que as mudanças preconizadas e
esforços de pesquisa para as políticas curriculares.
implementadas no período não afetaram profundamente as questões
estruturais dos sistemas públicos de ensino, responsáveis, em proporção Na mesma perspectiva desses autores, Corinta M. G. Geraldi
significativa, pelos seus altos índices de fracasso.” (2000) traz contribuições significativas para avançarmos em relação à
questão em pauta. Essa pesquisadora reforça a compreensão dos
A pesquisadora associa estes resultados às políticas educacionais
vínculos entre política curricular e globalização, a necessidade de
públicas por serem prescritivas, homogeneizantes e centralizadas no
articulação teoria/prática no campo do currículo e de se realizar
Estado, bem como por seus mecanismos de divulgação (livros didáticos),
pesquisas em políticas curriculares, acrescentando porém que essas
implementação (capacitação de docentes à distância) e controle
pesquisas deem ênfase às resistências que ocorrem ao processo de
(avaliação externa). Apesar da autora não fazer uso da denominação
globalização.
políticas curriculares públicas, entendemos, no

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No estudo ora focalizado, a pesquisadora parte da problemática global é fruto de uma geografia imaginativa. Cada vez que se pronuncia
de que nas três últimas décadas do século XX, as escolas, “mesmo que que o local é instituído pelo global, aumenta-se a fenda que separa os
de forma incompleta, não mecânica nem linear”, têm desencadeado uma dois e restringe o espaço do local definindo sua anatomia.
educação para a alienação ao trabalho. Ela defende a tese de que são Levando-se em conta essas pertinentes contribuições,
os grandes grupos internacionais que estão planejando a educação entendemos que avançar na compreensão e na implementação de
através da criação de uma rede de controle da educação; rede que para políticas curriculares com a perspectiva de enfrentamento dos resultados
realizar-se precisa da avaliação, e esta, por sua vez, necessita de “uma insatisfatórios da escolarização, significa desenvolvermos estudos que
referencia básica... [que] ... possa ser efetivada em nível nacional” invertam a abordagem hegemônica até hoje presente nesses estudos,
(Ib,200), daí a existência dos Parâmetros Curriculares Nacionais. É com o intuito de se retirar o foco do controle vertical e do sentido
nesse contexto, portanto, que situa os Parâmetros Curriculares para o global/local para visualizarmos o movimento de hegemonia e contra-
Ensino Fundamental, considerando-os um exemplo de gestão de hegemonia nas relações de poder estruturadoras dessas políticas
políticas curriculares oficiais globais. curriculares.
Geraldi, destaca, no entanto, a existência de contradições. No que Entendemos, no entanto, que a inversão deva ocorrer somente no
diz respeito às políticas curriculares, salienta a existência de alternativas sentido da perspectiva, do ponto de partida, para não cairmos em
às propostas hegemônicas oficiais, entendendo que estas se encontram semelhante equívoco, perdendo com isso os condicionantes globais.
presentes nas escolas, no “currículo em ação”. Afinal “(...) as revoluções da cultura em nível global causam impacto
Estes estudos indicam, portanto, uma clara insatisfação para com sobre os modos de viver, sobre os sentidos que as pessoas dão `a vida,
os resultados da escolarização no ensino fundamental no Brasil, sendo sobre suas aspirações para o futuro - sobre a cultura num sentido mais
que estes resultados insatisfatórios estão relacionados com a política local.” (Hall, 1997: 18). Isto não significa, no entanto, que esses
curricular e esta, por sua vez, com as implicações da globalização na condicionantes sejam inexoráveis, mas que as implicações entre
política educacional. Essas contribuições significativas, no entanto, não global/local e vice-versa, constituem diferentes processos culturais, não
respondem mais às exigências do atual contexto social e aos avanços possuindo mais uma identidade nem com o global, nem com o local,
no campo do currículo. As abordagens de pesquisa destes estudos, resultando assim em culturas híbridas e, possivelmente, em diferentes
mesmo a de Geraldi que destacam as alternativas produzidas relações de poder. Significa também que, a partir dessas implicações,
localmente, são desenvolvidas no sentido global/local, mostrando, não haverá mais um global ou um local legítimo, uma vez que os novos
fundamentalmente, o poder das relações hegemônicas. Alertamos assim processos culturais e as consequentes relações de poder nelas
para a carência de centralidade dos processos de contra-hegemonia em produzidas passam a interferir em ambas (Hall, 1997; Santos,2003).
estudos de política curricular, sem, no entanto, deixar de reconhecer as Construir essa inteligibilidade local/global e hegemonia/contra-
relações hegemônicas. hegemonia requer, necessariamente, uma compreensão do que seja
Necessitamos de uma abordagem que dê visibilidade aos política curricular e de uma metodologia analítica para pesquisa em
processos contra-hegemônicos e, são as considerações de Santos política curricular. Afinal, o que é política curricular? Como ela ocorre?
(2002), que veem nos auxiliar. O referido autor entende a globalização Qual seu processo de construção? Quem são seus agentes? Como
como algo plural, contraditório, complexo, cheio de paradoxos, não investigá-la? É a partir dessas indagações que desenvolveremos o
monolítico e envolvendo conflitos. Destaca o movimento das relações de próximo item.
poder de hegemonia e contra-hegemonia concluindo que “o global
acontece localmente... [e coloca como pauta de luta que] ... é preciso
POLÍTICA CURRICULAR COMO POLÍTICA CULTURAL
fazer com que o local contra-hegemônico também aconteça
globalmente.” (Ib:74). Essa compreensão não dicotomiza, não polariza e O tema das políticas curriculares tem ficado subsumido ao das
nem cria uma hierarquia nas relações global/local.. Em função disso, políticas educacionais. No Brasil, somente a partir da década de 90,
Santos considera interessante que, para fins analíticos, a definição de através dos estudos expostos anteriormente, é que esse assunto foi
tópicos de investigação ocorra em termos locais e não globais. ganhando visibilidade na literatura acadêmica. Em consequência, é fora
do país que encontramos pesquisadores que tem discutido com mais
Essas relações entre local/global ficam ainda mais evidentes
especificidade e profundidade essa temática. Dispomos assim dos
quando encontramos em Santos (Op cit) e dentro dos chamados estudos
estudos de Suárez (1995), Gimeno Sacristán (1998), Bowe & Ball (1992)
pós-colonialistas, mais especificamente o estudo de Said (1978), o
e Ball (1997, 1998), para obtermos elementos com o propósito de
entendimento de que as pesquisas que destacam o poder local, o fazem
definição e construção metodológica de pesquisa em política curricular
a partir da identificação de forças culturais em configurações históricas
com uma abordagem que favoreça as necessidades anteriormente
particulares. Esse estudo de Said, ao tratar da relação entre ocidente e
enunciadas.
oriente, nos leva ao entendimento de que não podemos fazer uma
oposição binária da relação entre local e global porque as fronteiras Suárez (1995:110), ao tratar das relações entre políticas públicas
geográficas são um tipo de conhecimento imaginativo; a definição e reforma educacional na Argentina, afirma que: “(...) a formulação e
dessas fronteiras e oposições entre local e implementação de políticas curriculares não são neutras, nem muito

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menos são um asséptico processo de elaboração e instrumentação níveis ou fases - currículo prescrito, currículo apresentado aos
técnicas. No fundamental, são o resultado sintético de um (muitas vezes professores, currículo moldado pelos professores, currículo em ação e
silenciado e oculto) processo de debate ou de luta entre currículo avaliado -, fragilizando ao nosso ver, o caráter processual e de
posicionamentos, interesses e projetos sociais, políticos, culturais e totalidade da política curricular. Além disso, ressalta o currículo prescrito
pedagógicos opostos e, sobretudo, antagônicos. O processo de como um instrumento da política curricular, perdendo novamente o
determinação dessas políticas não é, de forma alguma, unívoco, nem caráter processual desta, passando a compreendê-la como algo externo
tampouco está isento de contradições e de tensões.” ao que denomina de currículo prescrito e, do mesmo modo, como algo
externo às escolas.
A contribuição central desse autor consiste na caracterização da
política curricular enquanto síntese de um processo de luta entre projetos Apesar destes autores fornecerem subsídios teóricos em relação
sociais com interesses antagônicos implicando em contradições. à política curricular, entendemos que suas definições e direcionamentos
não atendem as exigências presentes na realidade educacional
Do mesmo modo, Gimeno Sacristán (1998:109), ao discutir a contemporânea, a qual se encontra situada em um contexto onde a
reforma curricular ocorrida na Espanha, parte do pressuposto de que as centralidade da cultura, tanto em termos substantivos, quanto
teorias curriculares são elaborações parciais, insuficientes para epistemológicos, se caracteriza por complexas imbricações entre
compreender a complexidade das práticas escolares. Em função dessa global/local e entre fatores econômico, político e cultural (Santos, 2003).
análise, propõe uma concepção processual de currículo e procura situar
a política curricular como elo entre interesses políticos, teorias Essas complexas imbricações são visualizadas a partir da
curriculares e práticas escolares. Define política curricular como “(...) um ampliação do campo político, desencadeada por Williams (Apud Santos
aspecto específico da política educativa, que estabelece a forma de 2002:53). Este entende que a política envolve “(...) uma disputa sobre um
selecionar, ordenar e mudar o currículo dentro do sistema educativo, conjunto de significações culturais.” Através dessa ampliação, temos o
tornando claro o poder e a autonomia que diferentes agentes têm sobre destaque da relevância da cultura para compreensão das relações de
ele (...)” poder; relevância que, em tempos de globalizações, “(...) reside no fato
de ela ser (...) ‘o campo em que as contradições políticas e econômicas
Essa compreensão é importante no momento em que salienta, são articuladas’ (Lowe e Lloyd, 1997a: 32, nota 37).” (Santos, 2003: 34).
diferentemente de Suárez, a existência de instâncias distintas que
intervém no processo de construção das políticas curriculares. Isso Nessa perspectiva, tanto a política como a cultura perdem suas
ocorre na medida em que reconhece as relações entre Estado, política fronteiras na medida em que são desterritorializadas, configurando-se,
educativa, sistema educacional e práticas pedagógicas. Não obstante, é assim, uma relação dialética entre ambas, o que pode ser ilustrado com
a transposição das características do que Sacristán (1998:101) define a seguinte citação de Santos (Op cit: 34-35):
como processo curricular para política curricular que ajuda no “(...) ‘a ‘cultura’ obtém uma força ‘política’ quando uma formação
entendimento desta última. Assim como no sistema curricular, na política cultural entra em contradição com lógicas políticas ou econômicas que
curricular tentam refuncionalizá-la para exploração ou dominação’ (Lowe e Lloyd,
(...) as decisões não se produzem linearmente concatenadas, 1997a). A cultura será, assim, encarada não como ‘uma esfera num
obedecendo a uma suposta diretriz, nem são frutos de uma coerência ou conjunto de esferas e práticas diferenciadas’, mas como ‘um terreno em
expressão de uma mesma racionalidade. Não são estratos de decisões que a política, a cultura e o econômico formam uma dinâmica
dependentes umas de outras, em estrita relação hierárquica ou de inseparável’ (Lowe e Lloyd, 1997a).”
determinação mecânica e com lúcida coerência para com determinados Essa ampliação do campo político alavancou avanços teóricos no
fins ... São instâncias que atuam convergentemente na definição da que tange ao campo do currículo. Costa (1999: 37-38) sintetiza com
prática pedagógica (...)” propriedade parte desses avanços definindo currículo “como um campo
Dessa elucidação sobre política curricular podemos destacar as em que estão em jogo múltiplos elementos, implicados em relação de
possibilidades de ruptura nela existente, uma vez que o autor evidencia poder, ...[a escola e o currículo] ...como territórios de produção,
o caráter conflitivo e contraditório da mesma, destacando a existência de circulação e consolidação de significados (...)”
decisões independentes e insubordinação, bem como de práticas Assim como essa autora, não pretendemos estabelecer aqui uma
convergentes. relação entre currículo e cultura na perspectiva de que a escola trabalha
Apesar das contribuições fornecidas por Suarez e Gimeno com o conhecimento, este é cultura e, portanto, a escola trabalha com
Sacristán, o primeiro não discute a política curricular em termos analíticos cultura; mas, sim, quebrar as fronteiras estabelecidas entre ambos,
e o segundo, apesar de avançar ampliando a caracterização, defende entendendo o currículo como um terreno privilegiado da política cultural
uma compreensão de política curricular que ainda possui limites, e a cultura como o conjunto de “(...) sistemas de significado que os seres
especialmente no que diz respeito à definição de uma metodologia de humanos utilizam para definir o que significam as coisas e para codificar,
pesquisa em política curricular. Isto ocorre porque, ao explorar o organizar e regular sua conduta uns em
processo curricular, Gimeno Sacristán o divide em diferentes

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relação aos outros ... [que]... dão sentido `as nossas ações.” (Hall, contextualizados e recontextualizados de modo subversivo no momento
1997: 16). da implementação. Em consequência, entendem também que as
políticas definidas em nível nacional são também significativamente
Entendemos que a cultura tornou-se, em seus aspectos modificadas em nível local.
substantivos e epistemológicos, um elemento central na mudança
histórica deste milênio. Tanto o é que as relações de poder, cada vez Como implicação de seus estudos, definem o processo político
mais, são simbólica e discursivamente travadas. Em função disso, como aquele que emerge de uma contínua interação entre contextos
reconhecemos que existe uma conexão entre cultura e política, onde a inter-relacionados e entre textos e contextos. Dessa definição, propõem
própria política passa a ser vista como política cultural. (Hall, 1997) um modelo analítico para pesquisa em política curricular que seja
representativo do ciclo político, que dê uma representação holística ao
Torna-se oportuno, nesse momento, conceituar política curricular processo político e que seja concebido como um processo dialético,
a partir da definição de política cultural baseada no entendimento de conflituoso, ambíguo, plural, contraditório e histórico.
Álvarez et. al. (Apud Santos 2003: 39) sobre cultural politics: “(...) ‘o
processo acionado quando o conjunto de atores sociais formados por, e Para Bowe & Ball (1992), as análises em política curricular,
incorporando, diferentes significados e práticas culturais entram em para terem validade política e teórica, devem considerar os três contextos
conflito entre si’.” primários da política curricular: o contexto de influência, o contexto de
produção do texto político e o contexto da prática, todos vistos como
São, portanto, as concepções de política e de método de pesquisa inter-relacionados. O primeiro consiste no espaço-tempo onde os
em política curricular trabalhadas por Bowe & Ball (1992) e Ball conceitos chaves são estabelecidos para gerar o discurso político inicial;
(1997,1998) que entram em consonância com as questões anteriormente o segundo tomam a forma de textos legais, oficiais, documentos e textos
estabelecidas uma vez que defendem os processos de construção das interpretativos que podem ser contraditórios tanto internamente, quanto
políticas curriculares como processos cíclicos. na intertextualidade, onde diferentes grupos competem para controlar a
Esses autores, em estudo revisionista do campo da política representação e o propósito da política e, o terceiro, consiste nas
curricular, denunciam as pesquisas desse campo por fragmentarem o possibilidades e limites materiais e simbólicos, bem como na leitura
processo político ao focalizarem ora a produção, ora a implementação daqueles que implementam a política; esse contexto é entendido como
das políticas. Para eles, as pesquisas que focalizam a produção da espaço de origem e de endereçamento da política curricular.
política ficam restritas a dimensão macro da realidade social, silenciando Temos, pois, a partir desses autores, um avanço significativo
as vozes daqueles envolvidos na prática pedagógica, deixando-os à na compreensão do que seja política curricular porque, primeiro, não só
margem da política curricular. Já as pesquisas que focalizam a definem a política curricular como explicitam seu processo de construção
implementação, apesar de sua importância por dar evidência às vozes e, o que é mais importante, sem dicotomizá-lo. Segundo, porque dão voz
silenciadas e por colocar seu caráter subversivo, não trabalham os a todos os agentes políticos sem criar hierarquias entre eles. Terceiro, e
condicionantes históricos dessas vozes. As consequências negativas é em consequência dos anteriores, reconhecem no processo político, uma
que ambas separam produção e implementação, teoria e prática e, relação dialética entre global/local, destacando não só o movimento do
consequentemente, constroem uma visão linear do processo político: ora global para o local, mas o inverso também. Quarto, e o que é de
de cima para baixo, ora de baixo para cima. fundamental importância para os objetivos propostos em nosso estudo,
Estes autores também fazem críticas à teoria de controle estatal ao destacar os conflitos políticos existentes nos diferentes contextos de
na política curricular, ou seja, a teoria de que o Estado define linearmente produção da política curricular, liberam não só a visualização de conflitos
essas políticas. Na crítica, desconstroem a visão de que a produção culturais no processo de construção da política curricular como também
política seja separada e distante da implementação; de que a política se de movimentos hegemônicos e contra-hegemônicos no processo político.
realiza através de uma cadeia de implementadores legalmente definidos;
de que ela seja imposta; e de que os definidores da política educacional
estão distantes da realidade educacional e por isso não conseguem A FORMAÇÃO DOS
controlá-lo. Enfim, rejeitam a concepção linear e fragmentada do PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO E AS POLÍTICAS NACIONAIS
processo político. Após cerca de 15 anos de silêncio na política educacional
Em contraposição, desenvolvem estudos sobre política curricular brasileira para a formação docente, volta-se a viver um intenso debate
e a partir de então mostram que a forma como o processo político ocorre, sobre a legislação que regulamentará a formação dos profissionais da
resulta da combinação entre métodos administrativos, condicionantes educação no país. Apesar da carência de novas leis para a preparação
históricos e manobras políticas implicando o Estado, a burocracia estatal dos educadores nesse período, a formação de professores tornou-se
e os conflitos políticos contínuos ao acesso desse processo político. tema recorrente nas discussões acadêmicas dos últimos 30 anos. Com
a criação das faculdades ou centros de educação nas universidades
Desses estudos concluem, ainda, que a política curricular não é brasileiras, em 1968, a formação docente constitui-se em objeto
imposta, uma vez que seus textos são constantemente

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permanente de estudos nesses espaços. É evidente, também, o das más condições de trabalho, dos salários pouco atraentes, da
crescimento da investigação sobre a profissão docente nas jornada de trabalho excessiva e da inexistência de planos de carreira.
universidades e instituições de pesquisa no Brasil, principalmente a partir Finalmente, o conjunto de leis que, há pouco tempo, vem sendo
da década de 1990, o que tem possibilitado um debate fundamentado formulado para regulamentar a formação docente no Brasil parece
em análises empíricas e teóricas e, por conseguinte, uma discussão mais interessado em romper com o atual modelo de preparação dos
qualificada sobre o tema. Todavia, as licenciaturas, cursos que habilitam profissionais da educação. Por outro lado, a urgência em qualificar um
para o exercício dessa profissão no país, permanecem, desde sua grande número de educadores para uma população escolar crescente
origem na década de 1930, sem alterações significativas em seu modelo. sem o correspondente investimento financeiro por parte do governo
Como se sabe, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional poderá levar à repetição de erros cometidos em um passado próximo e,
(LDB – lei no 9.394/96) foi, sem dúvida alguma, responsável por uma consequentemente, corre-se o risco de reviver cenários de improvisação,
nova onda de debates sobre a formação docente no Brasil. Antes mesmo aligeiramento e desregulamentação na formação de professores no país.
da aprovação dessa lei, o seu longo trânsito no Congresso Nacional
suscitou discussões a respeito do novo modelo educacional para o Brasil
OS ATUAIS MODELOS DE FORMAÇÃO DOCENTE NO BRASIL
e, mais especificamente, sobre os novos parâmetros para a formação de
professores. Como consequência, depois de acirrada oposição de No Brasil, como se sabe, as licenciaturas foram criadas nas
interesses, prevaleceram, no texto da LBD, os elementos centrais do antigas faculdades de filosofia, nos anos 30, principalmente como
substitutivo Darcy Ribeiro, afinado com a política educacional do consequência da preocupação com a regulamentação do preparo de
governo Fernando Henrique Cardoso, porém, com algumas docentes para a escola secundária. Elas constituíram-se segundo a
modificações conseguidas em virtude do embate parlamentar. fórmula “3 + 1”, em que as disciplinas de natureza pedagógica, cuja
duração prevista era de um ano, justapunham-se às disciplinas de
Sendo assim, a versão final dessa lei foi construída mediante a
conteúdo, com duração de três anos.
participação de diferentes sujeitos e atores sociais. Isso fez com que ela
assumisse um caráter “polifônico” – segundo expressão usada por Carlos Essa maneira de conceber a formação docente revela-se
Jamil Cury –, em que distintas vozes podem ser ouvidas a partir da leitura consoante com o que é denominado, na literatura educacional, de
de seu texto. Na parte mais específica sobre formação docente (Título VI modelo da racionalidade técnica. Nesse modelo, o professor é visto como
– Dos profissionais da educação), por exemplo, essa característica é um técnico, um especialista que aplica com rigor, na sua prática
bastante evidente. Nela convivem termos e expressões que contêm cotidiana, as regras que derivam do conhecimento científico e do
ideias inconciliáveis, como, de um lado, “programas de formação conhecimento pedagógico.
pedagógica para portadores de diplomas de educação superior”,
Portanto, para formar esse profissional, é necessário um conjunto
“institutos superiores de educação”, “curso normal superior”, e, de outro,
de disciplinas científicas e um outro de disciplinas pedagógicas, que vão
“profissionais da educação” e “base comum nacional”.
fornecer as bases para sua ação. No estágio supervisionado, o futuro
Para melhor compreender as atuais discussões a respeito da professor aplica tais conhecimentos e habilidades científicas e
formação de professores e as recentes políticas regulamentadoras dessa pedagógicas às situações práticas de aula.
atividade, é importante lembrar o contexto mais amplo em que a LDB foi
Esse modelo de formação docente pode ser descrito, também,
aprovada. Na época, particularmente na América Latina, respirava-se
segundo a conhecida analogia com o “curso de preparação de
uma atmosfera hegemônica de políticas neoliberais, de interesse do
nadadores” criada por Jacques Busquet, em 1974:
capital financeiro, impostas por intermédio de agências como Banco
Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI), que procuravam Imagine uma escola de natação que se dedica um ano a ensinar
promover a reforma do Estado, minimizando o seu papel, e favorecer o anatomia e fisiologia da natação, psicologia do nadador, química da água
predomínio das regras do mercado em todos os setores da sociedade, e formação dos oceanos, custos unitários das piscinas por usuário,
incluindo as atividades educacionais. É importante também não sociologia da natação (natação e classes sociais), antropologia da
esquecer, quando se discute a questão da formação docente, as atuais natação (o homem e a água) e, ainda, a história mundial da natação, dos
condições da educação brasileira. Isso porque são vários os fatores egípcios aos nossos dias. Tudo isso, evidentemente, à base de cursos
externos ao processo pedagógico que vêm prejudicando a formação enciclopédicos, muitos livros, além de giz e quadro-negro, porém sem
inicial e continuada dos professores no país, destacando-se o água. Em uma segunda etapa, os alunos-nadadores seriam levados a
aviltamento salarial e a precariedade do trabalho escolar. observar, durante outros vários meses, nadadores experientes; depois
dessa sólida preparação, seriam lançados ao mar, em águas bem
Sabe-se que o desestímulo dos jovens à escolha do magistério
profundas, em um dia de temporal.
como profissão futura e a desmotivação dos professores em exercício
para buscar aprimoramento profissional são consequência, sobretudo, Parece consenso que os currículos de formação de professores,
baseados no modelo da racionalidade técnica, mostram-se inadequados
à realidade da prática profissional docente. As principais

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críticas atribuídas a esse modelo são a separação entre teoria e prática teóricas. Os blocos de formação não se apresentam mais separados e
na preparação profissional, a prioridade dada à formação teórica em acoplados, como no modelo anterior, mas concomitantes e articulados.
detrimento da formação prática e a concepção da prática como mero Contudo, em virtude da necessidade urgente de se habilitar
espaço de aplicação de conhecimentos teóricos, sem um estatuto aqueles que, hoje, no país, estão em sala de aula, exercendo o
epistemológico próprio. Um outro equívoco desse modelo consiste em magistério, corre-se o risco de as recentes políticas educacionais para
acreditar que para ser bom professor basta o domínio da área do formação docente favorecerem a improvisação no preparo dos
conhecimento específico que se vai ensinar. profissionais da educação. Em nome dessa urgência, a prática, que deve
Nas universidades brasileiras, esse modelo ainda não foi ocupar um espaço significativo nas grades curriculares dos cursos de
totalmente superado, já que disciplinas de conteúdo específico, de licenciatura, pode ser compreendida erroneamente como formação em
responsabilidade dos institutos básicos, continuam precedendo as serviço. As horas trabalhadas em sala de aula, sem, necessariamente,
disciplinas de conteúdo pedagógico e articulando-se pouco com elas, as um planejamento e uma intencionalidade formativa, podem, assim, ser
quais, geralmente, ficam a cargo apenas das faculdades ou centros de contabilizadas nos novos cursos de licenciatura pelos profissionais já em
educação. exercício na escola.

Além disso, o contato com a realidade escolar continua Como consequência, diminui significativamente a carga horária
acontecendo, com mais frequência, apenas nos momentos finais dos dos cursos de formação inicial de professores, o que, obviamente, não é
cursos e de maneira pouco integrada com a formação teórica prévia desejável e representa um imenso retrocesso em termos da preparação
(Pereira 1998). desses profissionais.

Nas demais instituições de Ensino Superior, em especial nas Do mesmo modo, o descuido com o embasamento teórico na
particulares e nas faculdades isoladas, é a racionalidade técnica que, formação de professores, indispensável no preparo desses profissionais,
igualmente, predomina nos programas de preparação de professores, é extremamente prejudicial aos cursos de licenciatura. O rompimento
apesar de essas instituições oferecerem, na maioria das vezes, apenas com o modelo que prioriza a teoria em detrimento da prática não pode
a licenciatura e, consequentemente, de a formação docente ser realizada significar a adoção de esquemas que supervalorizem a prática e
desde o primeiro ano. Trata-se de uma licenciatura inspirada em um minimizem o papel da formação teórica. Assim como não basta o domínio
curso de bacharelado, em que o ensino do conteúdo específico prevalece de conteúdos específicos ou pedagógicos para alguém se tornar um bom
sobre o pedagógico e a formação prática assume, por sua vez, um papel professor, também não é suficiente estar em contato apenas com a
secundário. prática para se garantir uma formação docente de qualidade. Sabe-se
que a prática pedagógica não é isenta de conhecimentos teóricos e que
Um modelo alternativo de formação de professores que vem estes, por sua vez, ganham novos significados quando diante da
conquistando um espaço cada vez maior na literatura especializada é o realidade escolar.
chamado modelo da racionalidade prática. Nesse modelo, o professor é
considerado um profissional autônomo, que reflete, toma decisões e cria Além disso, ainda de acordo com a lógica da improvisação,
durante sua ação pedagógica, a qual é entendida como um fenômeno profissionais de diferentes áreas são transformados em professores
complexo, singular, instável e carregado de incertezas e conflitos de mediante uma complementação pedagógica de, no mínimo, 540 horas
valores. (LDB, art. 63, inciso I; Parecer CNE no 04/97). Desse total, 300 horas
devem ser de prática de ensino (LDB, art. 65) e podem ser contabilizadas
De acordo com essa concepção, a prática não é apenas locus da mediante capacitação em serviço (LDB, art. 61, inciso I). Ou seja, a
aplicação de um conhecimento científico e pedagógico, mas espaço de legislação atual permite que profissionais egressos de outras áreas, em
criação e reflexão, em que novos conhecimentos são, constantemente, exercício no magistério, tornem-se professores valendo-se de um curso
gerados e modificados. de formação docente de 240 horas! O que parece inconcebível em outros
Com base na crítica ao modelo da racionalidade técnica e campos profissionais – como, por exemplo, direito, medicina e
orientadas pelo modelo da racionalidade prática, definem-se outras engenharia – é possível para o magistério, contrariando a própria
maneiras de representar a formação docente. As atuais políticas para denominação do Título VI da LDB, “Dos profissionais da educação”.
preparo dos profissionais da educação, no país, parecem consoantes Diante dessa situação preocupante, perguntar-se-ia: A mesma urgência
com esse outro modo de conceber tal formação. As propostas que justificou, na década de 1970, no Brasil, a criação dos cursos de
curriculares elaboradas desde então rompem com o modelo anterior, licenciatura de curta duração está presente nas atuais proposições sobre
revelando um esquema em que a prática é entendida como eixo dessa formação docente? São os programas de formação pedagógica para
preparação. portadores de diplomas de educação superior uma reedição atualizada
dos desastrosos cursos de licenciatura curta?
Por essa via, o contato com a prática docente deve aparecer
desde os primeiros momentos do curso de formação. Desse Esse esquema é uma infeliz legitimação do “bico” na profissão
envolvimento com a realidade prática originam-se problemas e questões docente, uma vez que profissionais egressos de outras áreas, que não
que devem ser levados para discussão nas disciplinas optaram, de início, pela carreira de magistério, provavelmente, só estão

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na profissão enquanto não conseguem algo melhor para fazer. É subsequentes (de 5ª a 8ª série). A realidade, porém, apresenta enormes
inquestionável, portanto, que as atuais mudanças na estrutura jurídico- dificuldades para a articulação desses dois momentos, tanto pela
legal da educação brasileira tornam manifesta a necessidade da criação estrutura diferenciada quanto pelo tipo de professor que atende a cada
de um projeto pedagógico para a formação e a profissionalização de uma dessas etapas do Ensino Fundamental. Essa diferenciação, ainda
professores nas universidades e demais instituições de Ensino Superior carregada de características do antigo modelo do “primário” e do
brasileiras. Esse novo projeto pedagógico deve estar em consonância “ginásio”, cria uma fragmentação muito significativa nas práticas
com as modificações pretendidas na educação básica. No entanto, uma escolares e nas vivências dos alunos.
leitura mais crítica do contexto permite afirmar que, nas recentes Em relação aos profissionais, por exemplo, lembre-se que as
políticas educacionais, a formação de professores corre sérios riscos de professoras das séries iniciais se caracterizam por um perfil mais
improvisação, aligeiramento e desregulamentação. generalista e os professores do segundo segmento, por uma formação
mais específica.

AS MUDANÇAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA E Além disso, as professoras das primeiras séries têm habilidades
A FORMAÇÃO DOCENTE que os professores de disciplinas não possuem, e vice-versa, o que cria
descontinuidades não só no desenvolvimento das aprendizagens de
De acordo com a LDB, a educação básica – agora compreendida conceitos essenciais, mas também no trato de processos mais globais.
como Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio (art. 21,
inciso I) – deve perder seu caráter primordialmente propedêutico e refletir Nesse sentido, para uma coerência com as mudanças pretendidas
uma visão mais rica de aprendizagem e desenvolvimento dos na educação brasileira e com as incumbências que são atribuídas aos
educandos, segundo a qual cada idade tem importância em si, como docentes pela LDB (art. 13), torna-se necessário pensar a formação de
fases de constituição de sujeitos, de vivências e socialização, de um profissional que compreenda os processos humanos mais globais,
processos de construção de valores e identidades. seja ele um professor da educação infantil, dos primeiros ou dos últimos
anos da escola básica. Um profissional capaz de refletir sobre as
Essa visão está alicerçada na concepção de desenvolvimento e seguintes indagações:
aprendizagem como processos, na ideia de que não se constróem
conhecimentos significativos de forma cumulativa e no pressuposto de • Como um indivíduo se desenvolve e aprende na infância, na
que os conhecimentos se produzem nas interações e vivências, em adolescência e na fase adulta?
empreendimentos, na busca de respostas às perguntas que os • Como a biologia, a sociologia, a psicologia, a antropologia,
educandos se fazem. enfim, as diversas áreas do conhecimento vêm abordando
À medida que a reforma na educação básica se consolida, essas fases de formação próprias da vida humana?
percebe-se que a tarefa de coordenar processos de desenvolvimento e • Que interferência exercem as dimensões cognitivas, corpo-
aprendizagem é extremamente complexa e exige, já a partir da própria rais, sociais, culturais e emocionais, bem como as múltiplas
educação infantil, profissionais com formação superior. Esse, aliás, dimensões existenciais, na construção dos conhecimentos
parece ter sido o entendimento dos legisladores quando escreveram o dos educandos?
art. 62 da LDB, apesar de este continuar admitindo a formação em nível
É preciso, então, imaginar a formação de um profissional que
médio, na modalidade Normal, como a exigência mínima para exercício
tenha vivências na escola básica, desde a infância, com a adolescência
do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do
e jovens/adultos, e conheça seu cotidiano, suas construções, sua
Ensino Fundamental.
realidade.
Se, por um lado, é possível admitir-se que a concepção de
É interessante conceber um profissional que, ao assumir seu
educação básica se tornou mais avançada na legislação atual, por outro,
trabalho com alunos adolescentes, por exemplo, possa compreender
quanto à obrigatoriedade desse nível da educação escolar, os
questões da infância e da fase adulta, pois, apesar de agir em um
progressos ainda são pequenos, pois o Ensino Fundamental é o único
momento específico da escolarização, essa etapa faz parte de um
assegurado pelo Estado (LDB, art. 32). A Educação Infantil e o Ensino
conjunto maior: a educação básica.
Médio, ainda que desejáveis para o conjunto da população, continuam
sendo facultativos para uma grande maioria. É importante, ainda, pensar a formação de um professor que
compreenda os fundamentos das ciências e revele uma visão ampla dos
Segundo o art. 32 da LDB, a educação fundamental passa a ter
saberes.
duração mínima de oito anos e está voltada para a formação básica do
cidadão. Segundo um grupo de professores da Universidade de Brasília –
UnB, em um documento sobre formação docente, as “licenciaturas estão
Esse nível de ensino escolar pode organizar-se de diferentes
condenadas à interdisciplinaridade”. Para tanto, ao contrário do que se
modos e, com isso, superar a clássica separação entre as quatro
pensa, o profissional deve realizar estudos aprofundados em uma área
primeiras séries do Ensino Fundamental e seus quatro anos
específica do conhecimento e, paralelamente, contemplar as
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reflexões sobre o ensino-aprendizagem dos conceitos mais atividades, ou seja, é necessário haver uma articulação – entendida,
fundamentais dessa área. Em termos da atuação profissional, significa aqui, como junção, fusão, união – da formação docente com a pesquisa
projetar alguém que trabalhe preferencialmente em uma determinada – compreendida como processo de produção do conhecimento.
área do conhecimento escolar, a que se dedique mais, mas que, Concretamente, isso significa que as universidades devem
necessariamente, esteja em contato permanente com outros campos do assumir a formação do “professor investigador”, um profissional dotado
saber. de uma postura interrogativa e que se revele um pesquisador de sua
Além disso, é fundamental investir na formação de um professor própria ação docente.
que tenha vivenciado uma experiência de trabalho coletivo e não A formação do “professor investigador”, para Magda Becker
individual, que se tenha formado na perspectiva de ser reflexivo em sua Soares, deve resultar da vivência do licenciando, durante sua trajetória
prática, e que, finalmente, se oriente pelas demandas de sua escola e de na universidade, da pesquisa como processo, o que faz com que o futuro
seus alunos, e não pelas demandas de programas predeterminados e professor não só aprenda mas também apreenda o processo de
desconectados da realidade escolar. É fundamental criar, nos cursos de investigação e, o mais importante, incorpore a postura de investigador
licenciatura, uma cultura de responsabilidade colaborativa quanto à em seu trabalho cotidiano na escola e na sala de aula.
qualidade da formação docente.
Para que tal formação aconteça efetivamente, a mesma
Para isso, a familiaridade com os processos e os produtos da professora ressalta a importância de os professores-pesquisadores das
pesquisa científica torna-se imprescindível na formação docente. A universidades, formadores de educadores, assumirem, também, uma
imersão dos futuros educadores em ambientes de produção científica do postura investigativa no que diz respeito à sua própria ação docente.
conhecimento possibilita-lhes o exame crítico de suas atividades
Por desempenharem, nessas instituições, o papel de produtores
docentes, contribuindo para aumentar sua capacidade de inovação e
do conhecimento, eles têm condições de ultrapassar a função de simples
para fundamentar suas ações. É o mergulho em tal atividade que permite
mediadores entre a ciência, o conhecimento, os produtos da pesquisa e
a mudança de olhar do futuro docente em relação aos processos
o licenciando.
pedagógicos em que se envolve na escola, à maneira de perceber os
educandos e suas aprendizagens, ao modo de conceber e desenvolver Assim sendo, as instituições formadoras do professor da escola
o seu trabalho em sala de aula. básica devem estar atualizadas nos resultados da pesquisa em sua área,
para poderem trabalhar o conhecimento, em sala de aula, no estado em
Pesquisa: Imperativo ou aperitivo na formação profissional
que ele se encontra e no momento em que ele está sendo ensinado.
docente?
Devem estar, também, atualizadas nos processos de aprendizagem
Em discussão recente sobre a formação docente4, realizada na desse conhecimento específico. Quem forma o professor
UFMG, intelectuais brasileiros e estrangeiros, de reconhecida produção – tanto a instituição quanto as pessoas – precisa estar diretamente
acadêmica no campo educacional, expuseram a necessidade de uma envolvido com a atividade de pesquisa. Os formadores precisam ser,
articulação efetiva entre pesquisa, formação inicial e formação também, pesquisadores, para poderem tratar o conteúdo como um
continuada dos profissionais da educação. Um dos consensos momento no processo de construção do conhecimento, ou seja, trabalhar
resultantes desse debate foi o reconhecimento de que as universidades o conhecimento como objeto de indagação e investigação. Precisam ser,
e as demais instituições de ensino superior precisam repensar seu atual finalmente, investigadores de sua própria ação de formadores, dos
modelo de formação de professores e buscar, segundo definiu Carlos processos de aprendizagem que ocorrem durante o processo de
Jamil Cury, uma nova cultura institucional das licenciaturas. formação, investigadores de seu próprio processo de ensino.
Essa noção de nova cultura institucional dos cursos de formação A propósito, Fernando Hernández acrescenta que todo programa
de professores deve ser entendida como a capacidade de as de formação de educadores deve constituir-se em objeto de pesquisa na
universidades, especialmente as públicas, responderem, de maneira instituição formadora. Projetos de investigação sobre a formação docente
qualitativa, aos desafios propostos pela nova conjuntura política e permitem não só refletir sobre a preparação que está sendo realizada
socioeconômica brasileira. De acordo com o professor acima referido, nessas instituições, mas, fundamentalmente, reconstruir a proposta de
cabe às universidades públicas assumir o desafio e o compromisso social formação delas. O professor Hernández lembra ainda que a avaliação
de formar, de maneira diferenciada, profissionais da educação capazes assume um papel essencial nesse tipo de pesquisa e constitui um
de atuar como agentes de mudança na escola básica, no Brasil. componente importante na reconstrução do próprio processo de
Concordando com esse ponto de vista, Magda Becker Soares formação de professores.
ressaltou que as universidades cumprem sua função pública ao preparar O princípio da pesquisa como um imperativo na formação docente
um tipo diferenciado de professor, e não, necessariamente, ao atender propõe questões importantes a respeito da definição do lócus de
às demandas de mercado. Na opinião dessa professora, as preparação dos profissionais da educação no Brasil. Esse tem sido um
universidades, na qualidade de instituições de ensino, pesquisa e tema polêmico nas atuais discussões sobre a formação de professores.
extensão, devem formar professores, sem contudo dissociar essas

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O LOCUS DA FORMAÇÃO DOCENTE são definidos como instituições de pesquisa, ensino e extensão, de que
modo os ISE contemplam o princípio da articulação entre investigação
A lei no 9.394/96, conforme estabelecido no art. 62, autoriza científica, formação inicial e formação continuada dos profissionais da
apenas duas instituições para promover a formação dos profissionais da educação? Uma vez que a pesquisa não faz parte de seu cotidiano, como
educação básica no Brasil: as universidades e os Institutos Superiores esses institutos vão cumprir aquilo que os define como centros
de Educação. A novidade são esses institutos, recém- criados no cenário “produtores do conhecimento referente ao processo de ensino e de
educacional brasileiro e inspirados em modelos de formação docente de aprendizagem e à educação escolar como um todo”?
outros países. A essa nova instituição foi destinado todo um artigo da
LDB, o art. 63, com três incisos, no qual se estabelece que programas Finalmente, os novos cursos de formação de professores no Brasil
de formação inicial e continuada de profissionais para a educação básica, deverão ser organizados com base em diretrizes curriculares nacionais,
em todos os níveis, também devem ser mantidos por ela. Além disso, de acordo com o estabelecido na LDB. Apesar de tais referências para
dois pareceres – CP no 53/99 e CP no 115/99 – foram aprovados pelo os cursos que preparam os profissionais da educação ainda não estarem
Conselho Nacional da Educação (CNE), e sugerem diretrizes gerais para concluídas, são apresentados alguns comentários sobre o processo de
os Institutos Superiores de Educação (ISE). construção dessas diretrizes e algumas tendências que já se observam.

O último parecer emitido pelos conselheiros do CNE – CP no 115/


99 – define os Institutos Superiores de Educação como DIRETRIZES CURRICULARES
(...) centros formadores, disseminadores, sistematizadores e PARA OS CURSOS DE FORMAÇÃO DOCENTE
produtores do conhecimento referente ao processo de ensino e de Antes mesmo de que a LDB fosse sancionada, a lei no 9.131/95,
aprendizagem e à educação escolar como um todo, destinados a que criou o Conselho Nacional de Educação – CNE, já explicitava, entre
promover a formação geral do futuro professor da educação básica. as atribuições desse órgão, a deliberação sobre as diretrizes curriculares
De acordo com a interpretação dos conselheiros dessa instituição para os cursos de Graduação (art. 9, parágrafo 2, alínea c). A
do art. 62 da LDB, “as licenciaturas mantidas fora das universidades e regulamentação dessa ideia de diretrizes aconteceu, então, com a
centros universitários devem ser incorporadas a institutos superiores de aprovação da LDB, que estabeleceu como um dos deveres das
educação”. Assim sendo, apesar de não estar vedada às instituições universidades “fixar os currículos dos seus cursos e programas,
universitárias a organização desses institutos em seu interior, os ISE observadas as diretrizes gerais pertinentes” (art. 53, inciso II). Além
foram pensados como um locus de formação docente para disso, a nova LDB, em seu art. 48, acabou com a vinculação entre
funcionamento fora das universidades. certificados de conclusão de curso e exercício profissional, definindo que
os diplomas se constituem apenas em prova da formação recebida por
Como se sabe, em decorrência da expansão do ensino superior seus titulares. Consequentemente, a figura do currículo mínimo,
brasileiro sobretudo por via da iniciativa privada, há muito essa formação instrumento legal que determinou a organização dos cursos superiores
vem se desenvolvendo em instituições não-universitárias, por meio de no Brasil a partir da lei 5.540/71 e conduziu os concluintes desses cursos
cursos de preparação docente de qualidade bastante questionável, que, a diplomas profissionais, foi revogada com a nova lei.
com raríssimas exceções, se limitam a reproduzir, de maneira
empobrecida e piorada, os modelos de formação de professores das Segundo interpretação dos conselheiros do CNE, expressa no
universidades. parecer CES no 776/97, o espírito da nova LDB está voltado para uma
maior flexibilidade na organização dos cursos na educação, em geral, e
Nessas instituições, conhecidas como “faculdades isoladas”, no Ensino Superior em particular. Dessa maneira, os currículos mínimos
comprova-se uma extrema dificuldade em formar profissionais que e sua excessiva rigidez foram considerados extemporâneos, algo que
atuem em todas as áreas do conhecimento escolar, particularmente nas atrapalharia as instituições na busca de inovações e diversificações em
ciências naturais – biologia, física e química –, pois, nelas, são os gastos suas propostas curriculares. Nos termos desse parecer, “toda a tradição
com a manutenção de cursos que determinam as áreas que devem ser que burocratiza os cursos (...) se revela incongruente com as tendências
privilegiadas. contemporâneas de considerar a boa formação no nível de graduação
Sendo assim, novamente perguntar-se-ia: qual é a diferença entre como uma etapa inicial da formação continuada”.
as atuais “faculdades isoladas” e os novos “Institutos Superiores de Em 3 de dezembro de 1997, a Secretaria de Educação Superior
Educação”? do Ministério da Educação – SESu/MEC publicou o edital SESu no 4,
Estão esses “institutos” apenas legitimando as “faculdades convidando as diferentes organizações, entidades e instituições a enviar
isoladas” como um dos espaços destinados à formação docente no país? propostas de diretrizes curriculares para os cursos de graduação
Ou são os ISE uma versão revista e atualizada dos Centros de Formação superior. Para análise e sistematização dessas propostas, a SESu/MEC
e Aperfeiçoamento do Magistério (Cefams)? Os ISE representam a compôs uma comissão de especialistas por curso de graduação, com
desejada solução para a carência de profissionais habilitados para todas base em indicação de nomes pelas instituições. Todavia não foi criada
as áreas do conhecimento escolar? Já que não

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uma comissão que se responsabilizasse por diretrizes curriculares resolvidos, na verdade, com a implantação de mudanças drásticas na
comuns a todas as licenciaturas. Como consequência, as versões finais atual condição do profissional da educação.
dos documentos dos cursos que, além do bacharelado, têm a licenciatura Ao mesmo tempo, fazem-se necessários estudos e pesquisas que
contemplaram distintas concepções da formação de professores. respondam a questões essenciais, como “O que é formar professores?”
Esses documentos usaram diferentes termos para se referir às ou “Como formar professores?”. Além disso, as universidades e demais
licenciaturas – entre outros, curso, modalidade, módulo e habilitação –, instituições de ensino superior precisam continuar trocando informações
o que denota, na verdade, divergências epistemológicas em relação à e buscando, em experiências mais significativas, a chave para as
formação dos profissionais da educação. No caso da matemática, por questões que dizem respeito aos cursos de formação docente no país.
exemplo, foram construídas duas diretrizes curriculares: uma para a
licenciatura, outra para o bacharelado. Já na química, apesar de os
LEGISLAÇÃO
especialistas escreverem um único documento, a licenciatura foi
explicitamente considerada um curso com características próprias. Por DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS E DA LDB
outro lado, a maior parte dos documentos considerou a licenciatura uma
A educação é direito de todos e dever do Estado e da Família.
modalidade, um módulo ou uma habilitação. Nesse caso, a ênfase recaiu
Deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade (Art.
na formação do bacharel. Curiosamente, em alguns desses mesmos
205 da Constituição Federal).
documentos previa-se a preparação dos professores em determinada
área do conhecimento, porém, sem uma formação básica em educação! A educação abrange os processos formativos que se
desenvolvem;
Quando o processo de construção das diretrizes curriculares já
estava bastante avançado na maioria das comissões de especialistas, a • na vida familiar
SESu/MEC resolveu nomear um “grupo-tarefa”, composto por cinco • na convivência humana
professores ligados à área de educação, com a finalidade de elaborar um
documento norteador para as diretrizes curriculares das licenciaturas. • no trabalho

Nessa oportunidade, as instituições não foram solicitadas a indicar • nas instituições de ensino e pesquisa
nomes para esse grupo, nem a enviar propostas para serem analisadas • os movimentos sociais e organizações da sociedade civil
e sistematizadas. Na estratégia montada por essa secretaria, tal
• nas manifestações culturais (LDB art. 1º).
documento deveria ser encaminhado a um outro grupo de professores,
de áreas específicas, que se encarregaria de coordenar a construção das A finalidade da educação escolar é:
diretrizes das licenciaturas em cada uma dessas áreas,
• o desenvolvimento pleno do educando,
responsabilizando-se por articular o texto produzido pelo “grupo-tarefa” e
as diretrizes das comissões de especialistas. • o preparo para o exercício da cidadania

Espera-se que, apesar de muito tardio e de seguir um trajeto • a qualificação para o trabalho (LDB, art. 2º)
diferente daquele realizado pelas comissões de especialistas, esse O ensino, na educação brasileira, é orientado por 7 princípios:
processo de construção das diretrizes curriculares dos cursos de
• igualdade de condições para o acesso e permanência na
formação de professores consiga promover mudanças significativas nas
escola,
licenciaturas.
• liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pen-
E que, enfim, essas alterações representem uma superação do
samento, a arte e o saber,
atual modelo de preparação dos profissionais da educação e um salto
qualitativo para a formação docente no país. • pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e coe-
xistência de instituições públicas e privadas de ensino,
Formar professores é uma tarefa bastante complexa. Justamente
por isso, não são medidas simplistas e banalizadoras, apresentadas • gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais,
como uma fórmula mais eficiente e produtiva de preparar os profissionais
• valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na for-
da educação, que irão resolver os problemas atuais das licenciaturas.
ma da lei, planos de carreira para o magistério público, com
Ademais, a não-valorização do profissional da educação, os salários
piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por
aviltantes, as precárias condições de trabalho e a falta de um plano de
concurso público de provas e títulos,
carreira para a profissão continuam sendo questões fulcrais sem
solução, que afetam diretamente a formação docente no Brasil. Os • gestão democrática do ensino público, na forma da lei,
problemas centrais das licenciaturas apenas serão • garantia de padrão de qualidade (art. 206 da CF).

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O Estado tem o dever de garantir: Para garantir a equalização e o padrão de qualidade do ensino,
compete-lhe dar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito
• ensino fundamental inclusive para aqueles que não tiveram Federal e aos Municípios (art. 211 da CF e art. 9º da LDB).
acesso a ele na idade própria,
Os Estados e o Distrito Federal têm como campo de atuação
• universalização progressiva do ensino médio gratuito, prioritária o ensino fundamental e o ensino médio, devem dar assistência
• atendimento educacional especializado aos portadores de técnica e financeira aos Municípios quanto ao ensino fundamental e à
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino, educação infantil (art. 30, VI da CF).

• atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a Os Municípios:


seis anos de idade, • têm como campo de atuação prioritária o ensino fundamen-
• acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e tal e a educação infantil;
da criação artística, segundo a capacidade de cada um, • devem manter, com a cooperação técnica e financeira da
• ensino regular noturno, adequado às condições do edu- União e dos Estados, programas de educação pré-escolar e
cando, ensino fundamental (art. 30, VI da CF);

• programas suplementares de material didático-escolar, • podem atuar em níveis ulteriores (médio e superior) quando
transporte, alimentação e assistência à saúde (art. 208 da o ensino fundamental e a educação infantil estiverem ple-
CF). O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito pú- namente atendidos e forem utilizados recursos que estejam
blico subjetivo além dos mínimos vinculados pela Constituição Federal à
manutenção e desenvolvimento do ensino (25% da receita
• o não atendimento integral desse direito importa em res-
de impostos, incluídos os de transferência) (LDB, art. 11, V).
ponsabilidade da autoridade competente (crime de respon-
sabilidade): da autoridade pública pela não oferta e atendi- O ensino público na educação básica é gerido democraticamente,
mento e dos pais por não matricular ou permitir aos filhos incluindo nas formas dessa gestão:
frequentar a escola (art. 208, § 1º e 2º da CF); • a participação dos profissionais da educação na elaboração
• qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comuni- do projeto pedagógico da escola
tária, organização sindical, entidade de classe ou outra legi- • a participação da comunidade escolar e local nos conse-
timamente constituída e o Ministério Público acionar o Po- lhos escolares ou equivalentes (art. 14 da LDB).
der Público para exigi-lo (art. 5º da LDB).
Os estabelecimentos públicos de educação básica possuem graus
O poder público deve recensear os educandos no ensino de autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira
fundamental, fazer a chamada deles e zelar para que frequentem a progressivamente maiores, que lhes asseguram os sistemas de ensino
escola, envolvendo nessa tarefa, os pais e responsáveis (art. 208, § 3º (art. 15 da LDB).
da CF).
As instituições de ensino se classificam em
Os sistemas de ensino devem ser organizados em regime de
colaboração. União, Estados, Distrito Federal e Municípios tem (ou terão) • públicas (as criadas, incorporadas, mantidas e administra-
sistemas de ensino. das pelo Poder Público

• os sistemas de ensino têm liberdade de organização • privadas (as mantidas e administradas por pessoa física ou
jurídica de direito privado):
• os Municípios podem optar por se integrar aos sistema es-
tadual ou compor, com ele, um sistema único de educação • particulares em sentido estrito
básica (Art. 11, V, parágrafo único da LDB) • comunitárias (as que incluem em sua entidade mantenedo-
A União: ra representantes da comunidade)

• coordena a política nacional de educação, articulando os • confessionais (as que atendem a orientação confessional e
sistemas e os níveis de ensino; ideologia específica e tenham representantes da comuni-
dade em sua entidade mantenedora) filantrópicas (defini-
• organiza o sistema federal, das pela lei) (LDB, art. 20). O ensino é financiado com re-
• financia as instituições de ensino públicas federais; cursos de impostos:

• exerce função normativa, redistributiva e supletiva, de tal • a União aplica, no mínimo, 18% da receita resultante de
forma que garanta equalização das oportunidades educaci- impostos os Estados, o DF e os Municípios aplicam, no mí-
onais e padrão mínimo de qualidade do ensino;

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nimo, 25% da receita de impostos, inclusive transferências • redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao
(art. 212 da CF). acesso e à permanência, com sucesso, na educação
pública;
Os programas de alimentação e assistência à saúde do educando
são mantidos com recursos de contribuições sociais e outros • democratização da gestão do ensino público, nos estabele-
orçamentários, vedada a utilização nessas atividades de parcela dos cimentos oficiais.
percentuais mínimos de impostos destinados à manutenção e Esses objetivos serão buscados, ao longo do tempo, atendendo a
desenvolvimento do ensino (art. 212, § 4º da CF). prioridades em função da capacidade administrativa e financeira, tendo
Os recursos públicos são aplicados nas escolas públicas, podendo em vista, sempre, a necessidade de atender a todos os objetivos e metas
ser dirigidos a esolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas estabelecidos em cada nível e modalidade de ensino e no capítulo sobre
(obedecidas quatro condições estabelecidas no art. 77 da LDB) e a o magistério da educação básica, da forma mais ampla possível. As
bolsas de estudo para a educação básica (segundo restrições legais, § prioridades definidas pelo PNE são:
1º do art. 77, IV da LDB) . • garantia de ensino fundamental obrigatório de oito anos a
II - Indicadores do cenário educacional brasileiro: todas as crianças de 7 a 14 anos, assegurando o seu in-
gresso e permanência na escola e a conclusão desse nível
• 18 milhões de pessoas com 15 anos e mais que não sa- bem de ensino;
ler e escrever - 12% da população
• garantia de ensino fundamental a todos os que a ele não ti-
• 1 milhão e 140 mil crianças de 7 a 14 anos estão fora da veram acesso na idade própria ou que não o concluíram;
escola - 4% da população nessa faixa etária
• ampliação do atendimento nos demais níveis de ensino - a
• 8 milhões e 400 mil crianças são reprovadas a cada ano no educação infantil, o ensino médio e a educação superior;
ensino fundamental obrigatório - 23,4% dos alunos
• valorização dos profissionais da educação;
• 4 milhões e 300 mil crianças matriculadas no ensino obriga-
tório abandonam a escola a cada ano, não voltando a ela no • desenvolvimento de sistemas de informação e de avaliação
ano seguinte -12% dos alunos em todos os níveis e modalidades de ensino.

• 44% dos alunos do ensino fundamental estão com idade


superior (em geral) ou inferior (a minoria) à série que lhes LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL
corresponde
A declaração do Direito à Educação aparece no artigo 6º da Carta
• a escolaridade média do brasileiro é de 6,5 anos de estudo, Magna: “São direitos sociais a educação, (...) na forma desta
inferior ao mínimo obrigatório, que é de 8 anos Constituição”, onde pela primeira vez em nossa história Constitucional,
• 10% das crianças de 0 a 3 anos têm acesso a uma creche explicita-se a declaração dos Direitos Sociais, destacando-se, com
primazia, a educação.
• 48% das crianças de 4 a 6 anos frequentam um estabele-
cimento de educação pré-escolar Na artigo 205, afirma-se que: “A educação, direito de todos e
dever do Estado e da família]”.
• 45,2% dos jovens entre 15 e 17 anos estão matriculados no
ensino médio - 3.565 mil alunos. No 206, especifica-se que: “O ensino será ministrado com base
nos seguintes princípios:”(...) IV gratuidade do ensino público nos
• o ensino médio tem 8,2 milhões de alunos, sendo a maior estabelecimentos oficiais.” Inova-se a formulação da gratuidade,
parte deles com idade superior à correspondente a esse assegurando-a em todos os níveis, ampliando-a para o ensino médio,
nível de ensino - 54,8% tratada nas Constituições anteriores como exceção e, também, para o
• a taxa de repetência no ensino médio é de 18,7% - ensino superior, nunca contemplada em Cartas anteriores.
1.452.000 alunos a cada ano 528 mil alunos do ensino mé- O artigo que detalha o Direito à Educação é o 208, formulado nos
dio abandonam o curso a cada ano. seguintes termos:
III - Para mudar esse quadro “O dever do Estado para com a educação será efetivado mediante
O Plano Nacional de Educação estabeleceu 4 objetivos gerais que a garantia de:
sinalizam para um panorama educacional recuperado das atuais I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que
mazelas: a ele não tiveram acesso na idade própria;
• elevação global do nível de escolaridade da população; II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao
• melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; ensino médio;

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III - atendimento educacional especializado aos portadores de escolas, passando-se a entendê-las como instituições educativas e
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a


seis anos de idade;

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da


criação artística, segundo a capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequada às condições do


educando;

VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através


de programas suplementares de material didático escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde.”

A primeira novidade aparece no inciso I, ao precisar que o


dever do Estado para com o ensino estende-se mesmo aos que “a ele
não tiveram acesso na idade própria.” Este Texto aperfeiçoa o de
1967/69, que especificava a gratuidade e obrigatoriedade dos 7 aos 14
anos, criando a possibilidade de se restringir o atendimento aos
indivíduos fora desta faixa etária. Avança, também, ao especificar o
atendimento dos que não mais se encontram na idade considerada
“ideal” para o ensino fundamental.

No inciso II, retoma-se um aspecto importante do Texto de 1934,


que aponta a perspectiva de “progressiva extensão da gratuidade e
obrigatoriedade do ensino médio.”

Este dispositivo (re)equacionou o debate sobre esse ensino para


além da polaridade ensino propedêutico x profissional. A ideia era
ampliar o período de gratuidade/obrigatoriedade, tornando-o parte do
Direito à Educação. É a tendência mundial, decorrente do aumento dos
requisitos formais de escolarização para um processo produtivo
crescentemente automatizado. Praticamente todos os países
desenvolvidos universalizaram o ensino médio, ou estão em vias de fazê-
lo.

A mencionada alteração introduzida pela EC 14, torna menos


efetivo o compromisso do Estado na incorporação futura deste nível de
ensino à educação compulsória.

A prescrição do inciso III, “atendimento especializado aos


portadores de deficiência preferencialmente na rede regular de ensino”,
especifica uma orientação mais geral em que se prioriza o atendimento
dos portadores de necessidades educativas especiais na rede regular de
ensino. (Cf. Mazzotta, 1987:3, 5, 115 e 118)

No inciso IV, “atendimento em creche e pré-escola às crianças de


zero a seis anos de idade”, além da extensão do Direito à Educação a
essa faixa etária, abre-se a possibilidade de considerá-la como fazendo
parte da educação “básica”. Com isto, pode-se incorporar este nível de
ensino ao sistema regular, exigindo, portanto, sua regulamentação e
normatização na legislação educacional complementar, o que não
ocorria na vigência da Constituição anterior, pois este nível de ensino era
“livre”.

Outra consequência é a mudança na concepção de creches e pré-

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não de assistência social. Entretanto, há um problema indiretamente comentário à declaração do Direito à Educação enquanto o primeiro dos
gerado por esse processo: ao se incorporar este nível de ensino ao Direitos Sociais, afirma: “(..) todo cidadão brasileiro tem o subjetivo
sistema educacional, as despesas decorrentes passam a ser
consideradas como de “manutenção e desenvolvimento do ensino”,
sem que, ao mesmo tempo, se aporte um percentual maior da receita
de impostos para a educação, tendência agravada pelo FUNDEF (Lei
9424/96), que concentra recursos no ensino fundamental.

O inciso VI, “oferta de ensino noturno regular, adequado às


condições de cada um”, é o reconhecimento do dever do Estado para
com o ensino noturno, dispositivo de grande relevância, pois garante,
ao jovem e ao adulto trabalhador, a possibilidade de frequentar o
ensino regular, além de especificar a necessidade de adequação deste
ensino “às condições de cada um”.

O inciso VII, trata do “atendimento ao educando, no ensino


fundamental, através de programas suplementares de material
didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde”. Nos
Textos anteriores, esta prescrição era remetida para a parte de
assistência ao estudante. Incorpora-se ao rol de deveres do Estado
relativos à garantia do Direito à Educação, pois, para parcelas
significativas do alunado, tais serviços são pré-requisito para a
frequência à escola. Tem-se teorizado sobre a necessidade de uma
efetiva concepção de gratuidade que comporte tais encargos. Melchior
(1979:202) formulou a noção de “gratuidade ativa”, como aquela em
que, além da escola gratuita, garantiria estes serviços, chegando-se
mesmo à uma bolsa- salário que remuneraria os “salários não
recebidos” pelos estudantes.

A garantia constitucional destes serviços, ainda que sua


formulação no Texto Constitucional seja incipiente, possibilita ampliar
a luta pela sua efetivação, podendo, futuramente, possibilitar sua
extensão de forma a abarcar os salários não recebidos..

Os principais mecanismos destinados a detalhar e reforçar a


importância da declaração do Direito à Educação na Carta Magna são
os três parágrafos do artigo 208.

“O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo”.


Esta afirmação está contida no §1° do aludido artigo. Este
reconhecimento poupa longa discussão jurídica, presente nas obras
de comentaristas da CF/1946, qual seja, se o Direito à Educação
constituía direito público subjetivo, mesmo que isto não fosse
explicitado como tal na Lei Maior. Pontes de Miranda, nos seus
comentários à CF/1946, afirma: “Quanto à estrutura do Direito à
Educação, no estado de fins múltiplos, ou ele é um direito público
subjetivo, ou é ilusório.” (1953:151)

Quanto ao sentido da expressão “direito público subjetivo”,


Cretella afirma que “O art. 208, §1º, da Constituição vigente não deixa
a menor dúvida a respeito do acesso ao ensino obrigatório e gratuito
que o educando, em qualquer grau, cumprindo os requisitos legais,
tem o direito público subjetivo, oponível ao Estado, não tendo este
nenhuma possibilidade de negar a solicitação, protegida por expressa
norma jurídica constitucional cogente.” (Cretella, 1993, V. 8:4418). No

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público de exigir do Estado o cumprimento da prestação educacional, constitucional do país; enfim, não há como negar que somos uma
independentemente de vaga, sem seleção, porque a regra jurídica Federação e que temos um ordenamento jurídico que busca alcançar
constitucional o investiu nesse status, colocando o Estado, ao lado da todos os princípios do federalismo internacional.
família, no poder-dever de abrir a todos as portas das escolas públicas 6. Este Estado brasileiro, assim juridicamente construído,
e, se não houver vagas, nestas, das escolas privadas, pagando as bolsas inviabiliza a existência de uma verdadeira Federação, que se efetiva por
aos estudantes.” (Cretella, 1991, V. 2:881-2) Os dispositivos introduzidos necessidades reais e práticas e não por simples proclamações jurídicas?
permitem a exigência de cumprimento desse direito ao Poder Público. E qual a repercussão desse modelo de Estado Federal para o setor
O §2º. do artigo 208 afirma que: “(...) o não oferecimento do educacional?
ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa 7. Comecemos pela primeira questão. A primeira consequência
responsabilidade da autoridade competente.” A novidade é a que apontaríamos e a que nos interessa, em particular, é a de termos a
possibilidade de responsabilizar, pessoal e diretamente, a autoridade União (ou pelo menos aquela “união indissolúvel”) como um ente
incumbida da oferta deste direito, e não apenas o Poder Público em federativo e autônomo, que participa do Estado Federal e que se
geral. confunde, na prática, por sua longa tradição de centralização política,
O §3º do artigo 208 prescreve que: “compete ao Poder Público com o próprio Estado Federal.
recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e 8. A União e os Municípios, previstos na arquitetura federativa,
zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.”. não têm, rigorosamente, federatividade, ou melhor, uma imanência de
A responsabilização do Poder Público pela realização do Censo autonomia e de descentralização política plena. É uma questão de ordem
Escolar, pela chamada à matrícula e de “zelar, junto aos pais ou histórica. Nós não construímos nossa Federação a partir da existência
responsáveis pela frequência” já constava da legislação ordinária. real dos entes federativos.

A realização de um levantamento consciencioso que procure 9. Arquitetamos primeiro o Estado Federal para depois
localizar o conjunto da população em idade escolar, e não apenas aquela prescrevermos as competências constitucionais (residuais e não
que já se encontra nos Sistemas de Ensino, permitirá avaliar, de fato, as reservadas) de seus entes. A União é descaracterizada, historicamente,
necessidades de expansão da rede física, bem como dimensionar a como ente federado por não resultar da soma de “soberanias parciais”,
exclusão e avaliar o perfil de escolarização da população de uma isto é, da autonomia prévia e reservada dos Estados-membros. A União
maneira mais acurada. soberana é que gera Estados autônomos.

1. A Constituição de 1988 persegue um fim último para o Estado 10. No caso dos municípios, a situação não é menos curiosa: a
brasileiro, que é o de torná-lo, juridicamente, uma República Federativa. questão do poder local lembra historicamente autonomia, desde o
A primeira providência jurídica nessa direção é a seguinte: a União, no período colonial, mas é incompatível com o conceito doutrinário de
Brasil, é um componente do Estado Federal. Federação. Nem teríamos, com os municípios, uma “federação de
municípios” nem com a União temos uma “federação de União”.
2. Não é demais afirmar que a federação brasileira não resultou,
como insistimos no presente trabalho, da união dos estados soberanos 11. Agora, responderemos ao segundo questionamento, com
num Estado Federal como ocorreu com a federação norte-americana. base na reflexão acima. O Estado Federal sempre tendeu à centralização
Aqui, antes de proclamada a República, éramos províncias sem política, mas a União, como ente deste Estado, por não ser, efetivamente,
nenhuma autonomia político-administrativa. uma entidade federada, não centralizou, nas constituições brasileiras,
notadamente a de constituição Federal de 1988, a competência
3. A tradição republicana e constitucional consagrou a federação legislativa exclusiva da educação nacional.
brasileira, mas a questão central da Federação, isto é, a repartição das
competências dos entes federativos e o estabelecimento de suas 12. Aliás, no caso brasileiro, a educação nacional nunca foi, a
fronteiras legislativas sempre foram o nó górdio do nosso federalismo. rigor, um monopólio do Estado Federal, pelo menos, estruturalmente, o
que não quer dizer, no entanto, que não tenha tido iniciativa de projeto
4. Assim, dizer que a organização político-administrativa da de lei no campo educacional.
República Federativa do Brasil compreende as quatro entidades
federativas é uma espécie de sentença jurídica, mas seu dogma é, 13. Na estrutura de poder em que a educação fosse monopólio do
historicamente, destituído de sentido. Há, ainda, um processo de Estado, o caráter de abrangência repercutiria no conjunto de Ministérios,
construção do modelo de Estado Federal efetivamente federativo e no Legislativo e no Judiciário. Destaquemos que o ensino superior, em
democrático. que pese ter sido, historicamente, priorizado pela União, não caracterizou
monopólio estatal posto que os Estados ofertaram, no âmbito de sua
5. Claro, no fundo, os constitucionalistas acabam por aceitar autonomia, o ensino superior estadual.
todas as intenções e manifestações do modelo federativo historicamente
imposto e, juridicamente posto, na evolução 14. Entre as constituições nacionais, a de 1988 foi a única a tomar
deliberadamente a Educação, enquanto dispositivo

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constitucional, como um elemento tipificador da Federação, manifesta Lei nº. 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.
no âmbito das competências legislativas das entidades federativas. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).Parecer
15. Ao nos depararmos com a norma jurídica na Constituição Parecer CEB/CNE nº. 05/97, de 11 de março 1997.
Federal de 1988 que determina: “Compete privativamente à União
Proposta de regulamentação da LDB nº. 9.394/96. Parecer
legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional” (Artigo 22,
CEB/CNE nº. 15/98, de 1 de junho de 1998.
XXIV) poderíamos fazer duas leituras: (a) uma leitura descentralista e
(b) uma leitura centralista. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
(DCNEM). Parecer CEB/CNE nº. 01/99, de 29 de janeiro de 1999.
16. Uma leitura federalista, como quer aparentemente o texto
constitucional, e outra leitura unitarista, esta, resultante da secular Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores
tradição constitucional do País.[5] Em outras palavras, a educação na modalidade normal em nível de Ensino Médio.Resolução
nacional como competência exclusiva ou particular da União produziria
Resolução CEB/CNE nº. 03/98, de 26 de junho de 1998.
um regime unitarista, unilateral e autocrático, ao contrário do regime
federativo em que há, como princípio, a participação dos entes Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
federativos ou a intergovernabilidade. (DCNEM).

17. A educação enquanto matéria constitucional manifesta-se, no Resolução CEB/CNB nº. 02/99, de 19 de abril de 1999.
âmbito dos dispositivos constitucionais, sem exclusividade na matéria Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de
por parte das entidades federativas, consequentemente, não há docentes da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino
monopólio do Estado Federal ou centralização política e, por outra Fundamental, em nível médio, na modalidade normal. Educação a
consequência, não se fala em descentralização da educação no âmbito DistânciaDecreto
das entidades federativas.
Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro de 1998.
18. A privatividade (normas privativas), a comunilidade (normas
comuns) e a concorrencialidade (normas concorrentes) são indicativos, Regulamenta o Art. 80 da LDB (Lei n.º 9.394/96):
no âmbito das competências constitucionais, de descentralização Decreto n.º 2.561, de 27de abril de 1998.
política, uma vez que, nessa repartição de competências, há repartição
Altera a redação dos artigos 11 e 12 do Decreto n.º 2.494:
de poder, de autoridade, posto que “na teoria do federalismo costuma-
se dizer que a repartição de poderes autônomos constitui o núcleo do Portaria
conceito do Estado federal” (SILVA: 1992, p. 433).
Portaria n.º 301, de 7 de abril de 1998.

Normatiza os procedimentos de credenciamento de instituições


As leis que regem a Educação Brasileira são: para a oferta de cursos de graduação e educação profissional
tecnológica a distância:
PNE - PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
Educação Profissional
ProLei - Programa de Legislação Educacional Integrada. Para
pesquisas na lei a partir da LDB de 1996. Decreto

Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoInstituída pela Lei nº 9.394, Decreto n.º 2.208, de 17 de abril de 1997.
de 20 de dezembro de 1996, promove a descentralização e a autonomia
Regulamentação da Educação Profissional:Portaria
para as escolas e universidades, além de instituir um processo regular
de avaliação do ensino. Ainda em seu texto, a LDB promove autonomia Portaria n.º 646, de 14 de maio de 1997.
aos sistemas de ensino e a valorização do magistério.Lei n.º 9.475, de Regulamentação do disposto nos artigos 39 a 42 da LDB e no
22 de julho de 1997.Lei nº 9.536, de 11 de dezembro de 1997 Decreto nº 2.208/97 e outras providências:
Regulamenta o parágrafo único do art. 49 da Lei nº 9.394, de 20 Educação Superior
de dezembro de 1996Lei nº 9.131 de 24 de novembro de 1995
Estatutos e Regimentos das IES - Adaptação à LDB
Altera dispositivos da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e
Decretos
dá outras providênciasLei nº 9.192 de 21 de dezembro de 1995
Decreto Nº 3.276, de 6 de dezembro de 1999:
Altera dispositivos da Lei nº 5.540, de 28 de novembro de 1968,
que regulamentam o processo de escolha dos dirigentes Dispõe sobre a formação em nível superior de professores para
universitários.Educação FundamentalFundef - Fundo de Manutenção e atuar na área de educação básica, e dá outras providências.
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Retificação do Decreto Nº 3.276
MagistérioEnsino Médio Lei
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Decreto n.º 2.306, de 19 de agosto de 1997. Definição dos procedimentos para o cumprimento do disposto no
art. 18, do Decreto nº. 2.306 (Informação da instituições de ensino
Regulamentação das instituições de ensino superior:Decreto superior sobre condições de ensino-aprendizagem): Portaria 946, 15 de
2.026, de 10 de outubro de 1996: agosto de 1997
Estabelece procedimentos para o processo de avaliação dos Fixa valores de recolhimento, para ressarcimento de despesas
cursos e instituições de ensino superior: com a análise de processos de autorização de cursos de graduação e
Editais credenciamento de instituições de ensino superior:Portaria Ministerial nº
972 de 15 de agosto de 1997.
Edital SESu nº 02/97, de 8 de setembro de 1997
Renovação das Comissões de Especialistas de Ensino:Portaria
(instrumento convocatório à participação na consulta)
nº 2040 de 22 de outubro de 1997:
Edital SESu nº 04/97, de 10 de dezembro de 1997.
Define critérios adicionais aos já estabelecidos na legislação
Convocação das Instituições de Ensino Superior para vigente, de organização institucional para Universidades.Portaria nº
apresentação de propostas para as novas Diretrizes Curriculares dos 2.041 de 22 de outubro de 1997:
cursos superiores:
Define critérios adicionais aos já estabelecidos na legislação
Edital SESu nº 6/99, de 29 de dezembro de 1999. vigente, de organização institucional para Centros Universitários.
Portaria nº 2.175, de 27 de novembro de 1997
Regras e prazo para as IES enviarem indicações para renovação
das comissões de especialistas da SESu O Ministro de Estado da Educação e do Desporto, no uso de suas
atribuições e considerando o disposto na Lei nº 9.394, de 20 de
Portarias
dezembro de 1996, na Lei nº 9.391 de 24 de novembro de 1995, e no
Portaria nº 1787, de 26 de dezembro de 1994. Decreto nº 2020 de 10 de outubro de 1996, e considerando ainda que os
Institui o Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para resultados das avaliações realizadas pelo MEC constituem-se em
Estrangeiros - CELPE-Bras. indicadores de qualidade e de desempenho de cursos e instituições de
ensino superior, resolve: Portaria nº 0302, de 07 de abril de 1998
Portaria n.º 637, de 13 de maio de 1997.
Normatiza o procedimentos de avaliação do desempenho
Credenciamento de universidades individual das instituições de ensino superior.Portaria 612, de 12 de Abril
Portaria n.º 639, de 13 de maio de 1997. de 1999.

Credenciamento de centros universitários, para o sistema federal Dispõe sobre a autorização e o reconhecimento de cursos
de ensino superior: sequenciais de ensino superior.Portaria nº 2297 de 08 de novembro de
1999:
Portaria n.º 640, de 13 de maio de 1997.
Dispõe sobre a constituição de comissões e procedimentos de
Credenciamento de faculdades integradas, faculdades, institutos
avaliação e verificação de cursos superiores.Portaria nº 1679 de 02 de
superiores ou escolas superiores:Portaria n.º 641, de 13 de maio de
dezembro de 1999:
1997.
Dispõe sobre requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras de
Autorização de novos cursos em faculdades integradas,
deficiências, para instruir os processos de autorização e de reco-
faculdades, institutos superiores ou escolas superiores em
nhecimento de cursos, e de credenciamento de instituições.
funcionamento:Portaria n.º 752, de 2 de julho de 1997.

Autorização para funcionamento de cursos fora da sede em


universidades:Portaria 880, de 30 de julho de 1997 PRINCÍPIOS DA GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA

Cria Comissão Interministerial com a finalidade de definir Na história brasileira, as formas de gestão da sociedade
procedimentos, critérios, parâmetros e indicadores de qualidade para (legislação, plano de governo, medidas econômicas etc.) têm se
orientar a análise de pedidos de autorização de cursos de graduação em caracterizado por uma “cultura personalista”, isto é, o poder
Medicina, em Odontologia e em Psicologia:Portaria 877, de 30 de julho governamental é personalizado, como se a pessoa que detém o cargo
de 1997 fosse a responsável solitária pelas decisões. Quando as pessoas
referem-se ao governo, elas se referem quase sempre ao presidente, ao
Estabelece procedimentos para o reconhecimento de
governador, ao prefeito. Se atrasa o salário, os professores dizem: “O
cursos/habilitações de nível superior e sua renovação:
governador não nos paga”. A relação política transforma-se numa
Portaria n.º 971, de 22 de agosto de 1997. relação entre indivíduos, em detrimento da relação entre grupos,
organizações, entidades, interesses coletivos. Com isso, as pessoas

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ficam na espera de que as decisões venham “de cima”, mesmo porque escola, os pais, os professores, os alunos, vãoaprendendo a sentir-
tem sido essa a prática das elites políticas e econômicas se responsáveis pelas decisões que os afetam num âmbito mais amplo da
dominantes. sociedade.

As formas convencionais de representação política (escolha de A DIREÇÃO COMO PRINCÍPIO E


representantes pelo voto) continuam em vigor, mas sabemos que as ATRIBUTO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA
camadas populares levam desvantagem na efetivação da participação A direção da escola, além de ser uma das funções do processo
política em relação às classes dominantes. Esses são alguns dos organizacional, é um imperativo social e pedagógico. O significado do
obstáculos à organização dos movimentos populares e, em termo direção, tratando-se da escola, difere de outros processos de
consequência, à participação popular nos processos decisórios, inclusive direção, especialmente os empresariais. Ele vai além daquele de
na escola. Essa capacidade de mobilização dos grupos sociais mobilização das pessoas para a realização eficaz das atividades, pois
economicamente privilegiados (as classes média e alta) e, por outro lado, implica intencionalidade, definição de um rumo, uma tomada de posição
as dificuldades de mobilização das camadas populares em torno de seus frente a objetivos sociais e políticos da escola, numa sociedade concreta.
interesses, acabam por ressaltar diferenças entre o tipo de relações que A escola, ao cumprir sua função social de mediação, influi
as famílias de alunos das escolas particulares mantêm com os significativamente na formação da personalidade humana e, por essa
profissionais da escola e as relações que as famílias de alunos de razão, não é possível estruturá-la sem levar em consideração objetivos
escolas públicas com seus respectivos profissionais. Evidentemente, as políticos e pedagógicos.
camadas populares levam aí desvantagem considerável, inibindo as
Essa peculiaridade das instituições educativas vem do caráter de
reivindicações, as práticas de participação e controle, em relação às
intencionalidade presente nas ações educativas. Intencionalidade
ações praticadas pelas escolas.
significa a resolução de fazer algo, dirigir o comportamento para algo que
A conquista da cidadania requer um esforço dos educadores em tem significado para nós. A intencionalidade se projeta nos objetivos que,
estimular instâncias e práticas de participação popular. A participação da por sua vez, dão o rumo, a direção da ação. Na escola isso leva, por
comunidade possibilita à população o conhecimento e a avaliação dos parte da equipe escolar, à busca deliberada, consciente, planejada, de
serviços oferecidos e a intervenção organizada na vida da escola. De integração e unidade de objetivos e ações, e de um consenso em torno
acordo com Gadotti e Romão, a participação influi na democratização da de normas e atitudes comuns. O caráter pedagógico da ação educativa
gestão e na melhoria da qualidade de ensino. Todos os segmentos da consiste precisamente na formulação de objetivos sócio-políticos e
comunidade podem compreender melhor o funcionamento da escola, educativo e na criação de formas de viabilização organizativa e
conhecer com mais profundidade os que nela estudam e trabalham, metodológica da educação (tais como a seleção e organização dos
intensificar seu envolvimento com ela e, assim, acompanhar melhor a conteúdos e métodos, a organização do ensino, a organização do
educação ali oferecida. Entre as modalidades mais conhecidas de trabalho escolar), tendo em vista dar uma direção consciente e planejada
participação estão os Conselhos de classe – bastante difundidos no ao processo educacional. O processo educativo, portanto, pela sua
Brasil – e os Conselhos de Escola, Colegiados ou Comissões que natureza, inclui o conceito de direção. Sua adequada estruturação e seu
surgiram no início da década de 80, funcionando em vários estados. ótimo funcionamento constituem fatores essenciais par se atingir
Em resumo, participação significa a intervenção dos profissionais eficazmente os objetivos de formação. Ou seja, o trabalho escolar
da educação e dos usuários (alunos e pais) na gestão da escola. Há dois implica uma direção.
sentidos de participação articulados entre si. Há a participação como Não é preciso insistir que as práticas da gestão e da direção
meio de conquista da autonomia da escola, dos professores, dos alunos, participativas convergem para a elaboração e execução do projeto
constituindo-se como prática formativa, como elemento pedagógico, pedagógico e assunção de responsabilidades de forma cooperativa e
metodológico e curricular. Há a participação como processo solidária.
organizacional em que os profissionais e usuários da escola
ALGUNS PRINCÍPIOS DA
compartilham, institucionalmente, certos processos de tomada de
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO ESCOLAR PARTICIPATIVA
decisão.
A escola é uma instituição social que apresenta unidade em seus
No primeiro sentido, a participação é ingrediente dos próprios
objetivos (sócio-políticos e pedagógicos), interdependência entre a
objetivos da escola e da educação. A escola é lugar de aprender
necessária racionalidade no uso dos recursos (materiais e conceituais) e
conhecimentos, desenvolver capacidades intelectuais, sociais, afetivas,
a coordenação de esforço humano coletivo. Qualquer modificação em
ética, estéticas. Mas é também lugar de formação de competências para
sua estrutura ou no funcionamento de um dos seus elementos, projeta-
a participação na vida social, econômica e cultural. No segundo sentido,
se como influência benéfica ou prejudicial nos demais. Por ser um
por meio de canais de participação da comunidade, a escola deixa de ser
trabalho complexo, a organização e gestão escolar requerem o
uma redoma, um lugar fechado e separado da realidade, para conquistar
conhecimento e a adoção de alguns princípios básicos, cuja aplicação
o status de uma comunidade educativa que interage com a sociedade
deve estar subordinada às condições concretas de cada escola. São
civil. Vivendo a prática da participação nos órgãos deliberativos da

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propostos os seguintes princípios da concepção de gestão entram em ação os elementos (instrumentos eprocedimentos)
democrática-participativa: do processo organizacional em que o diretor coordena, mobiliza, motiva,
AUTONOMIA DAS ESCOLAS E DA COMUNIDADE EDUCATIVA lidera, delega as responsabilidades decorrentes das decisões aos
membros da equipe escolar conforme suas atribuições específicas, presta
A autonomia é o fundamento da concepção democrático- contas e submete à avaliação da equipe o desenvolvimento das decisões
participativa de gestão escolar, razão de ser do projeto pedagógico. Ela tomadas coletivamente.
é definida como faculdade das pessoas de autogovernar-se, de decidir
sobre seu próprio destino. Autonomia de uma instituição significa ter Nesse princípio está presente a exigência da participação de
poder de decisão sobre seus objetivos e suas formas de organização, professores, pais, alunos, funcionários e outros representantes da
manter-se relativamente independente do poder central, administrar comunidade bem como a forma de viabilização dessa participação: a
livremente recursos financeiros. Sendo assim, as escolas podem traçar interação comunicativa, a busca do consenso em pautas básicas, o
seu próprio caminho envolvendo professores, alunos, funcionários, pais diálogo intersubjetivo. Por outro lado, a participação implica os processos
e comunidade próxima que se tornam co-responsáveis pelo êxito da de gestão, os modos de fazer, a coordenação e a cobrança dos trabalhos
instituição. É assim que q organização da escola se transforma em e, decididamente, o cumprimento de responsabilidades compartilhadas
instância educadora, espaço de trabalho coletivo e aprendizagem. dentro de uma mínima divisão de tarefas e alto grau de profissionalismo
de todos. Conforme temos ressaltado, a organização escolar
Certamente trata-se de uma autonomia relativa. As escolas democrática implica não só a participação na gestão mas a gestão da
públicas não são organismos isolados, elas integram um sistema escolar participação.
e dependem das políticas públicas e da gestão pública. Os recursos que
asseguram os salários, as condições de trabalho, a formação continuada Desse modo, a gestão democrática não pode ficar restrita ao
não são originados na própria escola. Portanto, o controle local e discurso da participação e às suas formas externas: as eleições, as
comunitário não pode prescindir das responsabilidades e da atuação dos assembleias e reuniões. Ela está a serviço dos objetivos do ensino,
órgãos centrais e intermediários do sistema escolar. Isso significa que a especialmente da qualidade cognitiva dos processos de ensino e
direção de uma escola deve ser exercida tendo em conta, de um lado, o aprendizagem. Além disso, a adoção de práticas participativas não está
planejamento, a organização, a orientação e o controle de suas livre de servir à manipulação e ao controle do comportamento das
atividades internas conforme suas características particulares e sua pessoas. As pessoas podem ser induzidas a pensar que estão
realidade; por outro, a adequação e aplicação criadora das diretrizes participando quando, na verdade, estão sendo manipuladas por
gerais que recebe dos níveis superiores da administração do ensino. interesses de grupos, facções partidárias etc.

Essa articulação nem sempre se dá sem problemas. O sistema de


ensino pode estar desprovido de uma política global, pode estar mal Envolvimento da comunidade no processo escolar
organizado e mal administrado. As autoridades podem atribuir autonomia
O princípio da autonomia requer vínculos mais estreitos com a
às escolas para, com isso, desobrigar o poder público de suas
comunidade educativa, basicamente os pais, as entidades e
responsabilidades. Se, por sua vez, os critérios e diretrizes de
organizações paralelas à escola. A presença da comunidade na escola,
organização são estabelecidos dentro de marcos estreitos de articulação
especialmente dos pais, tem várias implicações. Prioritariamente, os pais
com a sociedade. Ou, ainda, subordinando-se às diretrizes dos órgãos
e outros representantes participam do Conselho de Escola, da
superiores, pode acontecer que as escolas as apliquem mecanicamente,
Associação de Pais e Mestres (ou organização correlatas) para preparar
sem levar em conta as condições reais de seu funcionamento. Por isso
o projeto pedagógico-curricular e acompanhar e avaliar a qualidade dos
mesmo, a autonomia precisa ser gerida, implicando uma co-
serviços prestados. Adicionalmente, usufruem das práticas participativas
responsabilidade consciente, partilhada, solidária, de todos os membros
para participarem de outras instâncias decisórias no âmbito da sociedade
da equipe escolar, de modo a alcançar, eficazmente, os resultados de
civil (organizações de bairro, movimentos de mulheres, de minorias
sua atividade – a formação cultural e científica dos alunos e o
étnicas e culturais, movimentos de educação ambiental e outros),
desenvolvimento das potencialidades cognitivas e operativas.
contribuindo para o aumento da capacidade de fiscalização da sociedade
civil sobre a execução da política educacional (Romão, 1997). Além
Relação orgânica entre a direção e a participação dos disso, a participação das comunidades escolares em processos
membros da equipe escolar. decisórios dão respaldo a governos estaduais e municipais para
encaminhar ao Poder Legislativo projetos de lei que atendam melhor às
Esse princípio conjuga o exercício responsável e compartilhado da necessidades educacionais da população (Ciseski e Romão, 1997).
direção, a forma participativa da gestão e a responsabilidade individual
de cada membro da equipe escolar. Sob supervisão e responsabilidade
do diretor a equipe escolar formula o plano ou projeto pedagógico- Planejamento das tarefas
curricular, toma decisões por meio de discussão com a comunidade
O princípio do planejamento justifica-se porque as escolas buscam
escolar mais ampla, aprova um documento orientador. A partir daí,
resultados, as ações pedagógicas e administrativas buscam
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atingir objetivos. Há necessidade de uma ação racional, estruturada e Esse princípio indica a importância do sistema de relações
coordenada de proposição de objetivos, estratégias de ação, provimento interpessoais em função da qualidade do trabalho de cada educador, da
e ordenação dos recursos disponíveis, cronogramas e formas de controle valorização da experiência individual, do clima amistoso de trabalho. A
e avaliação. O plano de ação da escola ou projeto pedagógico, discutido equipe da escola precisa investir sistematicamente na mudança das
e analisado publicamente pela equipe escolar, torna-se o instrumento relações autoritárias para relações baseadas no diálogo e no consenso.
unificador das atividades escolares, convergindo na sua execução o Nas relações mútuas entre direção e professores, entre professoras e
interesse e o esforço coletivo dos membros da escola. alunos, entre direção e funcionários técnicos e administrativos, há que
combinar exigência e respeito, severidade e tato humano.

A formação continuada para o desenvolvimento pessoal e


profissional dos integrantes da comunidade escolar DEMOCRATIZAR A GESTÃO DA EDUCAÇÃO

A concepção democrática-participativa de gestão valoriza o Permitir que a sociedade exerça seu direito à informação e à
desenvolvimento pessoal, a qualificação profissional e a competência participação deve fazer parte dos objetivos de um governo que se
técnica. A escola é um espaço educativo, lugar de aprendizagem em que comprometa com a solidificação da democracia. Democratizar a gestão
todos aprendem a participar dos processos decisórios, mas é também o da educação requer, fundamentalmente, que a sociedade possa
local em que os profissionais desenvolvem sua profissionalidade. participar no processo de formulação e avaliação da política de educação
e na fiscalização de sua execução, através de mecanismos institucionais.
A organização e gestão do trabalho escolar requerem o constante Esta presença da sociedade materializa-se através da incorporação de
aperfeiçoamento profissional – político, científico, pedagógico categorias e grupos sociais envolvidos direta ou indiretamente no
– de toda a equipe escolar. Dirigir uma escola implica conhecer bem seu processo educativo, e que, normalmente, estão excluídos das decisões
estado real, observar e avaliar constantemente o desenvolvimento do (pais, alunos, funcionários, professores). Ou seja, significa tirar dos
processo de ensino, analisar com objetividade os resultados, fazer governantes e dos técnicos na área o monopólio de determinar os rumos
compartilhar as experiências docentes bem sucedidas. da educação no município.
O processo de tomada de decisões deve basear-se em A criação de mecanismos institucionais deve privilegiar os
informações concretas, analisando cada problema em seus múltiplos organismos permanentes, que possam sobreviver às mudanças de
aspectos e na ampla democratização das informações Este princípio direção no governo municipal. Os órgãos colegiados, como conselhos,
implica procedimentos de gestão baseados na coleta de dados e são os principais instrumentos.
informações reais e seguras, na análise global dos problemas (buscar
sua essência, suas causas, seus aspectos mais fundamentais, para além Alguns elementos facilitam a implantação de medidas de
das aparências). Analisar os problemas em seus múltiplos aspectos democratização da gestão: a educação é uma política de muita
significa verificar a qualidade das aulas, o cumprimento dos programas, visibilidade, atingindo diretamente grande parte das famílias e não é
a qualificação e experiência dos professores, as características sócio- difícil mobilizar profissionais, pais e alunos.
econômicas e culturais dos alunos, os resultados do trabalho que a É necessário que os mecanismos de democratização da gestão
equipe se propôs a atingir, a saúde dos alunos, a adequação de métodos da educação alcancem todos os níveis do sistema de ensino. Devem
e procedimentos didáticos etc. A democratização da informação implica existir instâncias de participação popular junto à secretaria municipal de
o acesso de todos às informações e canais de comunicação que agilizem educação, junto a escolas e, onde for o caso, em nível regional. Também
a tomada de conhecimento das decisões e de sua execução. é possível imaginar instâncias de participação especializadas,
correspondentes aos diferentes serviços de educação oferecidos
(creches, ensino de primeiro e segundo graus, alfabetização de adultos,
Avaliação compartilhada ensino profissionalizante). Em qualquer instância, os mecanismos
Todas as decisões e procedimentos organizativos precisam ser institucionais criados devem garantir a participação do mais amplo leque
acompanhados e avaliados, a partir do princípio da relação orgânica de interessados possível. Quanto mais representatividade houver, maior
entre a direção e a participação dos membros da equipe escolar. Além será a capacidade de intervenção e fiscalização da sociedade civil.
disso, é preciso insistir que o conjunto das ações de organização do DIFICULDADES
trabalho na escola estão voltados para as ações pedagógico-didáticas,
em função dos objetivos básicos da escola. O controle implica uma Os governos municipais, mesmo quando desejam, muitas vezes
avaliação mútua entre direção, professores e comunidade. não conseguem transformar em ações concretas as diretrizes políticas
de ampliação da participação popular na gestão municipal. Há uma série
Relações humanas produtivas e criativas assentadas na de dificuldades, de caráter geral (descaso da população, conflitos de
busca de objetivos comuns interesses, manipulação de grupos da sociedade, problemas de
comunicação, etc.). No caso específico da educação, adicionam-se

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dificuldades como o desconhecimento das discussões e questões diversos atores sociais envolvidos. As ações empreendidas passam a
colocadas frente à política de educação do município. É necessário um patamar de legitimidade mais elevado.
conseguir que pais, funcionários e outros atores envolvidos disponham A criação de instâncias participativas na gestão da educação
de capacitação técnica mínima para participar do processo de diminui os lobbies corporativistas, por aumentar a capacidade de
planejamento e avaliação. Momentos especiais de formação dos fiscalização da sociedade civil sobre a execução da política educacional.
representantes populares devem fazer parte das atividades normais dos Força um aumento da transparência das ações do governo municipal,
órgãos. através da ampliação do acesso à informação.

Como a educação é uma política e um serviço público de grande


O PAPEL DOS CONSELHOS NA EDUCAÇÀO visibilidade, a democratização de sua gestão traz resultados positivos
para a ampliação da cidadania, por oferecer a um grande contingente de
Os Conselhos Escolares são constituídos por uma representação cidadãos a oportunidade de participar da gestão pública.
paritária de pais, professores, alunos e funcionários. Têm a função de
adequar as diretrizes e metas estabelecidas pelo Sistema Municipal de O governo municipal pode valer-se da estrutura do sistema de
Educação às necessidades específicas de cada escola. gestão democrática da educação para ampliar sua capacidade de
comunicação com a população. Neste ponto, os Conselhos de Escolas,
As Comissões Regionais de Educação receberam a atribuição de por atingirem diretamente grande parte das famílias, têm papel
avaliar o ensino municipal de cada região político-administrativa e fundamental.
formular propostas de diretrizes e metas para o Sistema Municipal de
Educação. São compostas por representantes dos Conselhos Escolares, A democratização da gestão da educação atua sempre como um
das Escolas Comunitárias e das organizações populares voltadas à reforço da cidadania, constituindo-se em fator de democratização da
defesa do direito à educação. gestão municipal como um todo.

A Conferência Municipal de Educação conta com representação A obtenção destes resultados, no entanto, depende da vontade
da prefeitura, Legislativo Municipal, grêmios estudantis, associações de política da administração de ampliar os espaços de participação da
pais, organizações não-governamentais, sindicatos e associações. sociedade na gestão municipal. Depende, também, da adoção de outras
Como tem caráter deliberativo, é responsável pela formulação das medidas visando a democratização do ensino. Um governo que não se
diretrizes para a política educacional e a avaliação dos resultados da sua preocupar com estes dois pontos dificilmente conseguirá implantar um
implementação. As diretrizes, formuladas a partir de propostas de todos verdadeiro sistema de gestão democrática da educação.
os atores envolvidos, são sistematizadas pelos técnicos da prefeitura. A
primeira Conferência, realizada em outubro de 1993, empreendeu uma
A AVALIAÇÃO DO PLANO DE GESTÃO ESCOLAR E
discussão estratégica sobre a melhoria da qualidade do ensino da rede
DO PROJETO PEDAGÓGICO
pública municipal, aberta a todos os interessados.
A avaliação do Plano de Gestão Escolar deve ser tarefa coletiva
O Conselho Municipal de Educação é constituído por uma
da direção, equipe técnica, professores, alunos e comunidade,
representação paritária dos Poderes Públicos e da sociedade civil. É
representada, principalmente, pelos pais.
responsável pela aprovação, em primeira instância, do Plano Municipal
de Educação, elaborado pela Secretaria Municipal de Educação, a partir Para avaliar, é necessário elaborar indicadores, o que também
das conclusões da Conferência Municipal de Educação. Responsabiliza- pode ser feito coletivamente. Os resultados positivos e negativos devem
se também por estabelecer critérios para a destinação de recursos e pela subsidiar a formulação de novas propostas.
avaliação dos serviços prestados pelo Sistema Municipal de Educação.
Como avaliar o Plano de Gestão Escolar e o Projeto Pedagógico
A aprovação final do Plano Municipal de Educação cabe à Câmara
em todas as suas etapas ?
Municipal.
A avaliação do Plano de Gestão Escolar e do Projeto Pedagógico
A formulação do sistema de gestão democrática da educação de
deve abranger três aspectos centrais:
Recife contou com a participação de entidades da sociedade civil. Este
procedimento confere maior representatividade às instâncias criadas. - a avaliação do processo de elaboração;

Para divulgar as modificações implantadas, a prefeitura lançou os - a avaliação dos efeitos diretos na aprendizagem dos alu-
“Cadernos de Educação”, esclarecendo a proposta junto à população. nos;

A democratização da gestão - especialmente quando se dá - a avaliação dos efeitos indiretos na aprendizagem dos alu-
através de ações estruturadas - permite que os setores interessados nos e no desenvolvimento da escola.
participem da elaboração da política municipal de educação. São É importante avaliar:
gerados, assim, ganhos em qualidade das decisões, pois estas podem - a articulação entre o Plano de Gestão Escolar e o Projeto
refletir a pluralidade de interesses e visões que existem entre os Pedagógico;
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- a articulação entre todos os componentes dos Planos; equipe ou da formação continuada.A avaliação do Projeto
Pedagógico deve verificar:
- a adequação dos objetivos e das ações desenvolvidas.

Destacar: - se as competências, conhecimentos e os métodos corres-


pondem ao diagnóstico realizado;
- as ações, programas e projetos que apresentaram conse-
quências positivas; - se os professores elaboram coletivamente as ações, pro-
gramas e/ou projetos;
- as ações, programas e projetos que apresentaram dificul-
dades no desenvolvimento para alunos e professores; - se os professores experimentam novos materiais e se inte-
ressam por experiências bem-sucedidas;
- as consequências do Plano de Gestão Escolar na relação
entre a escola e a comunidade; direção, professores e alu- - se os professores introduziram mudanças na prática peda-
nos, e entre os alunos; gógica;

- as consequências do Plano de Gestão Escolar na relação - se a seleção de materiais e estratégias mostrou-se ade-
entre a escola e demais parceiros. quada aos objetivos propostos.

A avaliação dos efeitos do Plano de Gestão Escolar e do Projeto A avaliação da participação dos alunos deve verificar:
Pedagógico na aprendizagem dos alunos, implica verificar: - se os alunos demonstram maior interesse pelas (e nas) au-
- a melhoria de aprendizagem dos alunos da escola e, em las;
particular, dos grupos que receberam tratamento diferenci- - se os alunos estão alcançando os objetivos propostos nos
ado; Planos Pedagógicos.
- o nível de envolvimento dos professores, alunos e comuni- A avaliação da etapa final do Projeto Pedagógico deve:
dade com as propostas desenvolvidas;
- identificar as ações que tiveram efeito positivo;
- o progresso de cada aluno e, particularmente, o dos alunos
que apresentavam dificuldades por meio de trabalhos e - analisar os indicadores de desempenho dos alunos para
produções individuais; dos exercícios, situações-problema’’, verificar em que aspectos apresentam melhora;
tarefas realizadas; da observação da evolução do compor- - analisar os indicadores de desempenho dos alunos para
tamento no que se refere à participação de cada aluno nas verificar as dificuldades que persistem;
atividades em classe e em outros ambientes.
- identificar os obstáculos que se colocaram durante o de-
A avaliação dos efeitos do Plano de Gestão Escolar e do Projeto senvolvimento do Projeto Pedagógico.
Pedagógico sobre a equipe escolar e os professores e analisa como eles
Considerando que Gestão Escolar Democrática implica:
contribuíram para a formação continuada dos professores e como se
pode aperfeiçoar ambos os processos de gestão, no que se refere: a) a utilização, racional e eficaz, dos recursos humanos, mate-
riais e financeiros destinados à realização da ação instituci-
- à disposição para utilizar plenamente o tempo, os espaços
onal;
educativos e os materiais;
b) a necessidade de erradicar as práticas hierarquizadas, au-
- à coordenação das atividades e à divisão de tarefas;
toritárias e excessivamente burocráticas do sistema educa-
- à qualidade e à compreensão das informações sobre o cional;
Plano de Gestão Escolar e o Projeto Pedagógico;
c) democratizar as práticas de gestão administrativa, financei-
- ao aperfeiçoamento dos Conselhos de Classe e dos pro- ra e pedagógica da escola;
cedimentos de avaliação, usados pelos professores;

- ao envolvimento da comunidade;
FICAM ESTABELECIDOS, ENTÃO OS SEGUINTES PRINCÍPIOS DE
- ao envolvimento dos alunos; GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA:
- à melhoria do relacionamento da equipe escolar, técnicos, 1 A Democracia tem que ser um exercício de cidadania na prática
professores e comunidade; da escola cidadã, e deverá ser revista periodicamente por meio de
- ao aperfeiçoamento da prática docente; avaliação do trabalho gestor e do Conselho Escolar, além de outras
atitudes e métodos democráticos.
- à aquisição de conhecimentos teóricos e pedagógicos pe- los
2 A autonomia em uma gestão escolar democrática deve ser
professores por meio de esforço pessoal, do trabalho em

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garantida a partir da eleição direta para diretor e vice-diretor, de tomadas de decisões, onde o diálogo e a busca de consenso devem
reconhecendo-se que a escola faz parte de um sistema educacional nortear as discussões;as decisões tomadas devem se tornar públicas e
formador de cidadãos críticos que implica, necessariamente, um conhecidas de todos, onde as discussões das prioridades devem levar
processo de interdependência entre toda a rede escolar e a sociedade. em consideração as intenções da comunidade escolar.

3 A gestão, para ser democrática, deve priorizar a busca da 11 A gestão democrática, com liberdade de expressão, deve
igualdade de direitos e deveres, propiciando uma participação ativa nas organizar as condições objetivas para desburocratizar os processos
decisões tomadas no Conselho Escolar, nas eleições diretas e em outros administrativos internos, lutando politicamente junto às instâncias
espaços estabelecidos para essa finalidade. superiores na criação e/ou modificação de critérios, na busca da
autonomia (administrativa, pedagógica e financeira) da escola, sem
4 Na Gestão Democrática os gestores da escola devem eximir o Estado2 de suas obrigações para com o ensino público.
demonstrar competência administrativa e pedagógica, bom senso,
coerência política com o P.P.P. da Escola e conquistar criticamente o 12 A gestão democrática deve lutar pelo envolvimento da
respeito da comunidade escolar de acordo com as prioridades da escola comunidade nas ações da instituição como um todo, de acordo com os
cidadã e desta comunidade, definidas pelo Conselho Escolar e não tendo princípios de avaliação estabelecidos no presente documento; lutando
influência político-partidária. pela inclusão social, pelo acesso e a permanência do aluno na escola,
com sucesso.
5 A gestão democrática escolar deve considerar todos os
segmentos envolvidos na vida escolar importantes para a efetivação do 13 A gestão democrática escolar deve buscar caminhos para a
processo educativo, visto que, todos são sujeitos históricos, atores realização do trabalho pedagógico, comprometidos com uma
sociais responsáveis pela efetivação do mesmo. convivência prazerosa entre profissionais, alunos e familiares, dentro dos
princípios de justiça, cooperação, igualdade e compreensão.
6 A gestão escolar democrática deve promover discussões e
ações coletivas, para garantir o desenvolvimento e a transformação das 14 A gestão democrática deve garantir a viabilização do PPP e da
pessoas e da instituição, uma vez que a escola é um espaço público de proposta pedagógica da escola, incentivando e contando, efetivamente,
permanente construção e vivência da cidadania. com a participação dos profissionais da educação, dos alunos e de seus
familiares, realizando periodicamente diagnósticos necessários para
7 A gestão escolar democrática deve pautar-se no diálogo e na melhoria de seus projetos.
busca constante da participação ativa de pais, alunos, corpo docente e
administrativo, pois além de proporcionar a oportunidade de conviver, de 15 Os gestores da escola devem comprometer-se e fazer
planejar e de resolver problemas juntos, favorece a construção da acontecer as metas estabelecidas, tanto no Projeto Político-Pedagógico
solidariedade e compromisso entre a comunidade escolar de forma da escola, bem como na Proposta Pedagógica da mesma.
crítica e reflexiva. 16 A gestão deve incentivar e viabilizar a formação permanente
7.1 A escola cidadã precisa criar e programar estratégias para dos vários segmentos da comunidade escolar, articulando-se
conscientizar aos pais sobre os problemas reais da escola e sobre a politicamente com a Secretaria Municipal de Educação, de modo a
atuação dos mesmos no Conselho Escolar. possibilitar a realização de estudos e outros espaços coletivos para a
reflexão e o debate político-pedagógico e científico, sempre que possível.
8 A gestão democrática da escola deve, além de valorizar,
incentivar e fazer acontecer o trabalho em equipe na escola, garantir a 17 O Conselho Escolar deve participar nas decisões
abertura de espaços de integração da comunidade, que contribuam para administrativas, pedagógicas e financeiras que envolvem a vida da
a construção da gestão democrática. escola, contribuindo democraticamente para legitimação das mesmas.

9 A gestão deve valorizar os projetos condizentes com a 18 Na Gestão democrática a ética, tal como caracterizada nos
realidade da escola, buscando consenso em torno das propostas que princípios de convivência, é fundamental no sentido de estabelecer a
sejam comuns e representem, em primeira instância, as necessidades humanização, o respeito, a valorização profissional e o compromisso
da maioria. com a educação.

10 A gestão escolar democrática deve ser transparente nas suas 19 O gestor da escola, juntamente com os órgãos municipais
ações administrativa, pedagógica e financeira, socializando as competentes, devem oferecer condições para que o processo de
informações. Neste sentido: inclusão da criança portadora de necessidades especiais na escola
esteja alicerçado com recursos humanos especializados na área em
10.1 A comunidade deve ser incentivada a conhecer as leis que questão, assim como recursos materiais e físicos para um melhor
regem a administração pública escolar; atendimento.
10.2 devem ser criadas estratégias no sentido de oferecer
20 A gestão democrática deve buscar a melhoria da qualidade do
condições e horários adequados à comunidade escolar, dentro da
ensino onde o conhecimento seja instrumento para a compreensão e
carga horária do professor, para que possam participar dos processos
intervenção na realidade. Um espaço efetivo do crescimento humano,
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do diálogo, das diferenças e da flexibilidade, formadora de cidadãos INSTÂNCIAS COLEGIADAS NA UNIDADE ESCOLAR
críticos e conscientes de seus direitos e deveres. A escola é uma organização que, como muitas outras, lida com
21 A gestão democrática escolar deve trabalhar a diversidade pessoas. Sua peculiaridade está em ser a primeira instituição que os
humana, comprometendo-se em combater todas as formas de cidadãos, ainda crianças, conhecem. Mais ainda, uma instituição que
preconceito e discriminação. complementa as famílias por ter a missão de educar. A experiência na
escola pode desenvolver ou não, os sentimentos de confiança e de
22 Atendendo aos legítimos interesses de nossa categoria, os satisfação em pertencer à sociedade maior, como cidadão.
princípios aqui contidos poderão ser acrescentados, suprimidos ou
modificados; desde que previamente propostos, votados e aprovados em A escola toma uma parte importante do tempo de nossa infância
congresso oficialmente convocado para tal. e deveria representar uma experiência rica, cheia de significados,
daquelas que gostamos de passar aos nossos filhos e que eles gostarão
de passar para a geração seguinte. A boa escola não resulta apenas da
GESTÃO E INSTÂNCIAS COLEGIADAS NA UNIDADE ESCOLAR; competência específica de suas diretoras, professoras e funcionários,
ESTRUTURA, FUNCIONAMENTO E ORGANIZAÇÃO. porque depende de como as famílias tratam da educação dos filhos; de
como elas ajudam seus filhos a gostar e valorizar os estudos, a perceber
O foco da escola de boa qualidade deve ser a possibilidade de que têm futuro e que este já começa a ser construído ali, na sua escola.
apropriação, pelos alunos, do conhecimento socialmente relevante, em
Se para a criança, a escola é um castigo ou é um mundo do qual
que o saber acadêmico, valores e tradições culturais sejam respeitados,
os pais não tomam muito conhecimento, a experiência escolar não será
de modo que todos se sintam identificados, ao mesmo tempo que
proveitosa.
instrumentalizados para compreender o mundo contemporâneo, co-
participando da construção da ordem democrática. A equipe escolar depende dos pais de alunos para ter sucesso,
assim como os pais de alunos dependem da equipe escolar para que
O alcance desses objetivos não é tarefa apenas da escola, mas
seus filhos tenham uma experiência satisfatória de convívio com crianças
dos diferentes atores sociais diretamente conectados com ela:
e adultos fora do circulo familiar e para que desenvolvam a curiosidade
educadores, pais, associações, empresas etc. Descentralizar as
e a capacidade de aprender. O sucesso da escola depende do clima
decisões de forma que a escola tenha maior autonomia implica, por um
institucional, da competência didático-pedagógica da escola e da
lado, permitir a interpretação e operacionalização local das políticas
resposta dos alunos. Mas a verdade é que todos esses três fatores estão
centrais e, por outro, levar em conta a multiplicidade dos atores e
condicionados ao entrosamento entre escola e famílias.
interesses presentes.
A autonomia melhora muito as condições de integração dessas
Para lograr isso, o projeto da escola que visa uma efetiva gestão
duas metades da educação porque institui a gestão participativa, que
participativa busca coerência entre as diferentes instâncias:
submete os processos decisórios às diferentes perspectivas dos
• no interior da própria escola, entre os diferentes atores, professores, dirigentes, funcionários e pais de alunos. Com isso, ela não
respeitando identidades e valores, de modo a desenvolver só aumenta a sintonia entre as varias partes, como melhora a qualidade
o trabalho coletivo em torno de objetivos comuns; das decisões.
• entre a escola e a comunidade, incluindo pais, lideranças, A gestão participativa abrange diferentes níveis e áreas da
políticos, empresas etc.; e administração escolar. O nível mais alto tem estatura equivalente à da
• entre as demandas em nível local, regional e nacional. Diretoria da escola e é o do Colegiado Escolar (também chamado de
Conselho de Escola, Associação de Pais e Mestres, Círculo de Pais e
O projeto de escola dá coerência às atividades em todos os níveis
Professores, ou outras denominações). Este é o tema central deste
e possibilita aos diferentes atores e grupos de trabalho agirem na mesma
módulo. Outros dois colegiados são os Conselhos de Classe, que
direção. Ele implica um conjunto de consensos, a abertura para a
acompanham as atividades pedagógicas da escola, e os Conselhos
comunidade e a agregação de diferentes parceiros, fornecendo os meios
Fiscal e Deliberativo da Unidade Executora, responsável pela
para que estes conheçam o sentido da ação comum a ser conduzida. Na
administração dos recursos financeiros da escola. Além deles, há as
verdade, implica a gestão participativa.
Assembleias Gerais onde se definem as candidaturas aos postos eletivos
Para delinear tal projeto, é fundamental conhecer as expectativas e se aprovam regimentos e estatutos ou as revisões desses documentos.
dessa comunidade, suas necessidades, formas de sobrevivência,
Nada impede que a escola crie outros órgãos coletivos para
valores, costumes, manifestações culturais e artísticas.
funções consultivas e/ou deliberativas, temporárias ou permanentes (por
É através desse conhecimento que a escola pode atender a exemplo, uma comissão para melhorar e supervisionar a qualidade e
comunidade e auxiliá-la a ampliar seu instrumental de compreensão e valor nutritivo da merenda escolar, ou um colegiado que supervisione
transformação do mundo.

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e desenvolva o acervo e a utilização de materiais didáticos _ livros, AS COMPETÊNCIAS E FUNÇÕES DO COLEGIADO
vídeos, revistas e equipamentos de ensino, etc.). As funções do Colegiado podem ser consultivas e deliberativas e
englobam as áreas financeira, administrativa e pedagógica da unidade
de ensino. Seu objetivo maior é ajudar a escola. Reproduzimos abaixo
Veja o conceito de alguns termos amplamente empregados nas um exemplo de Colegiado, contendo funções deliberativas e consultivas
escolas: adotadas pela rede estadual mineira.
Colegiado Escolar: O colegiado escolar é um órgão coletivo, A relação de itens do quadro na página seguinte serve de
consultivo e fiscalizador, e atua nas questões técnicas, pedagógicas, ilustração e não de demarcação fixa e definitiva das funções do
administrativas e financeiras da unidade escolar. Como órgão coletivo, Colegiado. A legislação permite flexibilidade. As escolas podem decidir
adota a gestão participativa e democrática da escola, a tomada de sobre outros assuntos, bastando prevê-los no estatuto do Colegiado.
decisão consensual visando à melhoria da qualidade do ensino.. Mas há um princípio fundamental que precisa orientar todas as definições
Conselho Escolar: órgão colegiado que tem como objetivo e ações do Colegiado e da Escola como um todo: o da centralidade dos
promover a participação da comunidade escolar nos processos de alunos.
administração e gestão da escola, visando assegurar a qualidade do Como a educação do aluno é a razão de ser da escola, nada
trabalho escolar em termos administrativos, financeiros e pedagógicos. mais lógico que as ações da escola busquem, direta ou indiretamente,
Associação de Pais e Mestres: instituição auxiliar às atividades o melhor atendimento possível de seus alunos. Para isso, deve-se ter
da escola, formada por pais, professores e funcionários. Tem como em mente que os alunos não estão na escola apenas para receber
objetivo auxiliar a direção escolar na promoção das atividades estímulos. Eles devem ter um papel ativo; de interpretar e aplicar os
administrativas, pedagógicas e sociais da escola, bem como arrecadar conteúdos adquiridos, construindo o seu próprio conhecimento e
recursos para complementar os gastos com o ensino, a educação e a desenvolvendo suas aspirações, valores e comportamentos. Os
cultura. “defeitos” que apresentem _ sejam de aprendizagem ou de conduta _
podem indicar falhas da escola e depor contra os que participam da
Caixa Escolar: A caixa escolar é uma instituição jurídica, de
direção. Isto inclui tanto a equipe escolar quanto as famílias dos alunos.
direito privado, sem fins lucrativos, que tem como função básica
administrar os recursos financeiros da escola, oriundos da União, Em vista disso, as funções administrativas e financeiras devem
estados e municípios, e aqueles arrecadados pelas unidades escolares. estar voltadas para aquela que é o objetivo principal de uma escola: a
função pedagógica, a que se ocupa diretamente com a aprendizagem do
aluno. A função pedagógica não se restringe à sala de aula, pois inclui
Veja, a seguir, detalhes de cada uma dessas instâncias: outras atividades, como visitas e passeios, e projetos desenvolvidos por
grupos de alunos que requerem materiais, como jornais, revistas e
O COLEGIADO DA ESCOLA
vídeos.
O Colegiado Escolar corresponde a um Conselho de
Administração presidido pelo Diretor da Escola e composto por
representantes dos professores e funcionários, dos pais de alunos e dos AS REGRAS DE COMPOSIÇÃO DO COLEGIADO
alunos com 16 anos ou mais, além de representantes da comunidade, se
O Colegiado é presidido pelo Diretor da Escola e reune
houver interesse. Normalmente, metade de seus membros é composta
representantes de dois grandes segmentos: o dos funcionários e o dos
por representantes dos professores e funcionários e a outra metade, por
usuários da escola. No segmento dos funcionários estão três subgrupos:
representantes dos pais de alunos, alunos maiores de 16 anos e líderes
o dos professores, o dos especialistas de educação e o da equipe
da comunidade. O Colegiado tem funções consultivas (de assessoria à
administrativa da escola. No outro segmento, estão os pais de alunos e
Diretoria da Escola) e deliberativas (de decisão) sobre matérias
o subgrupo de alunos maiores de 16 anos, e, eventualmente,
financeiras, administrativas e pedagógicas.
representantes da comunidade.
A direção da escola é compartilhada entre a Diretoria e o
Segundo as definições da SEE-MG, a representação do segmento
Colegiado Escolar. Ambos são responsáveis pelos resultados da escola.
de funcionários e a dos pais de alunos devem ter o mesmo tamanho (de
A Caixa Escolar, também conhecida como Unidade Executora, é uma
4 a 6 representantes cada). A escolha dos representantes segue os
“sociedade civil” com personalidade jurídica de direito privado, criada
seguintes critérios e procedimentos:
para administrar os recursos recebidos da Secretaria de Educação e de
outras fontes. Embora conte com seu próprio Conselho (o Conselho • Qualquer pessoa que faça parte da comunidade escolar
Fiscal), ela também se subordina à autoridade da Diretoria e do pode se tornar membro do Colegiado através de eleição
Colegiado da Escola. O Conselho de Classe toma decisões no âmbito ocorrida na 1a. Assembleia Geral, no mês de março de ca-
pedagógico e supervisiona o trabalho dos professores. da ano.

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• Para se lançar candidato, a pessoa deverá manifestar sua COMO FUNCIONA O COLEGIADO?
vontade de se candidatar durante a Assembleia. Caso você O Colegiado é um fórum democrático e suas decisões devem ser
conheça alguém que julgue possuir as qualidades para o aprovadas pela maioria dos membros. Ele deve ter uma programação de
cargo, você pode indicá-la na Assembleia e pedir que ela se reuniões ordinárias, quer dizer, reuniões regulares, previstas, e pode
manifeste, aceitando ou não a candidatura. também ter reuniões extraordinárias, especiais e convocadas por
• O mandato dos membros é de 1 ano _ de março a março _ motivos e segundo regras de convocação previstas no Estatuto do
e o Estatuto do Colegiado deve prever se poderá haver Colegiado. Por exemplo, se a escola é vítima de um ato de vandalismo
reeleição ou não. grave, por parte de um grupo significativamente numeroso de alunos,
cabe convocar uma reunião extraordinária para avaliar o fato e decidir
• A escolha dos membros obedece a quantidade de votos que qual seria a reação exemplar que prevenisse repetição de um evento
cada candidato obteve na eleição de seu segmento. Os dessa ordem (talvez punir os alunos com a responsabilidade de
mais votados tornam-se membros-titulares e cada um deles recuperar o que estragaram, dedicando um certo número de horas
tem um suplente, também escolhido segundo o nú- mero de adicionais à escola).
votos obtidos. Se o segmento de pais e alunos tem 4
representantes; o suplente do titular mais votado é o Na rede estadual de Minas Gerais, as reuniões do Colegiado
candidato que chegou em 5o. lugar na contagem dos votos, devem ocorrer mensalmente. Se o Presidente (Diretor da Escola) insistir
o suplente do titular que foi o segundo mais votado, será o em não convocá-las, a maioria dos membros do Colegiado, representada
candidato que chegou em 6o. lugar na contagem dos votos pela metade mais um, poderá tomar a iniciativa de convocação.
e assim por diante. Os membros-titulares e suplentes do Colegiado têm uma grande
• Os suplentes são portanto escolhidos dentro do mesmo responsabilidade. São eleitos em uma Assembleia Geral e devem
segmento que elegeu os titulares. Eles podem estar pre- representar, nas reuniões, o segmento que os elegeu, sem perder nunca
sente nas reuniões do Colegiado e manifestar suas opini- de vista o interesse maior da escola que é o de atender às necessidades
ões, mas não têm direito de voto, quando o titular estiver de seus alunos. Para isso, devem se preparar para as reuniões e
presente. consultar os seus “pares” (o segmento que os elegeu) antes e depois das
reuniões. Além disso, é fundamental que conheçam profundamente a
• O Vice-Diretor é o suplente do Diretor na Presidência do escola e seus usuários - os alunos e suas famílias. Devem consultar a
Colegiado e não pode representar nenhum segmento da legislação e outros textos que sirvam de orientação do que é exigido;
escola. devem estar informados sobre outras escolas e a Secretaria Municipal
• Quando o Colegiado perde definitivamente um membro titu- de Educação.
lar, o suplente assume o cargo de membro-titular em cará- É muito importante que o Diretor entregue a pauta das reuniões
ter definitivo e o Colegiado preenche a vaga com o candi- com bastante antecedência para que haja tempo de os membros se
dato que obteve mais votos entre os que não chegaram a prepararem e convocarem uma reunião prévia com os seus respectivos
assumir nenhuma suplência ou, se não houver excedentes, segmentos. A Direção da escola deve oferecer o espaço para essas
convoca eleição no segmento para eleger o suplente. reuniões.
• Como medida preventiva, os resultados completos da elei- Quais são os textos legais mais importantes?
ção devem ser registrados na Ata da 1a Assembleia do ano.
Todos os candidatos devem estar listados com o número de Todas as ações escolares devem ser condizentes com os
votos obtidos, de modo a que se possa recorrer a esta seguintes textos legais:
relação em caso de necessidade de substituição. • a Constituição Estadual,

• as normas do Conselho Nacional de Educação


Há algumas situações concretas que merecem comentário. Por • as normas do Conselho Estadual da Educação
exemplo, se a escola só possui um especialista, ele deve ser
• o Estatuto da Criança e do Adolescente
automaticamente incorporado como membro do Colegiado. Se um
funcionário for também pai de aluno, ele deve buscar se eleger pelo • a Constituição Federal;
segmento dos funcionários para permitir que os representantes dos pais
• a política (resoluções, portarias, programas) da Secretaria
tragam perspectivas de fora da escola.
de Estado de Educação e/ou da Secretaria Municipal da
O Colegiado só existe quando está reunido. Ele não possui Educação
funções executivas ou administrativas permanentes. Por isso, todos os
Todos esses textos devem estar arquivados para consulta do
seus membros têm a mesma função e o mesmo direito de participação.
Colegiado e outros membros da comunidade interna e externa da

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escola. Em caso de dúvidas sobre a legislação, os membros do Colegiado indicado. Na abertura, o texto da Ata deve identificar quem está
devem consultar a Secretaria de Educação e buscar especialistas habilitados elaborando e em que data. Registra também a relação nominal de todos
a trazer mais informações e esclarecimentos. os presentes, a pauta ou objetivos da reunião e resume os principais
resultados, tudo isso, sem deixar espaços livres que possam permitir
adulteração. Acréscimos posteriores devem ser precedidos da expressão
O ESTATUTO DO COLEGIADO “Em tempo,”. Se elaborada em computador, a Ata deve ser arquivada
como “documento de leitura”, bloqueado para edição ou revisões, e deve
O Estatuto do Colegiado é um documento de alcance mais restrito do
ter cópia em papel com páginas rubricadas.
que o Regimento da Escola. Ele reúne um conjunto de normas e regras que
regulamentam o funcionamento do Colegiado da Escola baseado na vontade
da comunidade escolar interna e externa e na legislação. Não existe um ASSEMBLEIAS E REUNIÕES
modelo único e geral de Estatuto. Cada Estatuto é único porque aborda
aspectos importantes para a realidade de cada escola. Após analisar o texto Assembleia Geral é uma reunião aberta a toda comunidade
proposto do Estatuto, ele deve ser aprovado por toda a comunidade escolar escolar, que precisa ocorrer pelo menos uma vez por ano, para eleger
em Assembleia Geral. Os membros da Comunidade Escolar podem propor os membros do Colegiado Escolar. As convocações extraordinárias
mudanças no Estatuto e elas serão incorporadas se forem também ocorrem quando a escola precisa aprovar alterações de seu Regimento
aprovadas em Assembleia Geral e não violarem a legislação. ou do Estatuto do Colegiado.

Muitos conflitos podem ser evitados ou ter solução facilitada se a As Assembleias Gerais são soberanas nas suas decisões, por
comunidade escolar for capaz de prever e tratar dessas situações no isso é importante que haja bom senso nas decisões de convocação e
Estatuto. Vejamos algumas das questões que podem estar contempladas no que, enquanto participante, você se inteire daquilo que está sendo
Estatuto: objeto de discussão e aprovação. Troque ideias, certifique-se de que a
decisão não viole o Estatuto da Escola ou a legislação pertinente. Não
• de quantos membros será composto o Colegiado da Esco- la? assine nada sem ter certeza do que se trata.
qual o número de representantes de cada segmento?
Na rede estadual de Minas Gerais as Assembleias Gerais têm a
• se um membro titular não comparecer a um número X de seguinte programação:
reuniões, que providências devem ser tomadas?
1a Assembleia Geral _ em março, tem o objetivo de esclarecer o
• quais são os critérios de desempate nas eleições do Cole- que é o Colegiado Escolar e de realizar a eleição por cada segmento de
giado? seus representantes.
• de que modo um membro da comunidade escolar que não 2ª Assembleia Geral _ ainda no 1o semestre, para divulgar as
pertence ao Colegiado pode incluir um assunto na pauta da propostas de trabalho da escola.
próxima reunião do Colegiado?
3ª Assembleia Geral _ no 2o semestre, para fazer um balanço das
• quem pode convocar reuniões do Colegiado além de seu atividades desenvolvidas pela escola durante o ano.
presidente (o diretor da escola)? Em que circunstâncias is- so
poderá ocorrer? Caso haja necessidade de outras assembleias, o diretor ou a
maioria do Colegiado poderá convocá-las, em caráter extraordinário,
durante o ano letivo, para resolver assuntos urgentes do interesse da
A IMPORTÂNCIA DAS ATAS escola.

A implantação da gestão colegiada, pela qual o diretor divide O Colegiado Escolar reúne os representantes eleitos de todos os
responsabilidades e compartilha decisões, torna muito importante os Editais segmentos da comunidade escolar e divide com a Diretoria a
de Convocação das reuniões e o registro em Atas das discussões, sugestões responsabilidade maior pelos resultados da escola. Ele é o lugar de
e resoluções tomadas pelo Colegiado da Escola. O Edital de Convocação encontro e de desenvolvimento das aspirações e da inteligência coletiva
deve conter a data, o local e o horário da reunião, além do objetivo e assuntos da escola.
a serem tratados. A Ata, por sua vez, é o registro resumido, porém claro e A gestão colegiada é o regime de funcionamento mais adequado
fiel, das opiniões, votações e resoluções de uma reunião convocada com para a “escola que aprende”; aquela que não se contenta com a rotina,
antecedência de pelo menos 24 horas. com reprodução do que sempre fez. A gestão colegiada estará
A importância das Atas é que elas permitem consultar fatos e decisões funcionando bem se servir para aprofundar o auto-conhecimento da
tomadas em reuniões, esclarecendo seu contexto e dúvidas que podem escola e para mobilizar a capacidade de seus membros para pensar,
surgir posteriormente. Ela é um registro formal e oficial das reuniões do julgar, imaginar, propor e resolver o que for necessário. É assim que ela
Colegiado.A Ata deve ter páginas numeradas e rubricadas pelo responsável vai aprender a concretizar as vontades coletivas.
por sua elaboração _ em geral, o diretor ou vice-diretor ou um secretário CONSELHO ESCOLAR

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Com relação a algumas condições de participação:
O Conselho de Escola é um colegiado, de natureza consultiva e
deliberativa, constituído por representantes de pais, professores, alunos e • O Diretor é membro nato;
funcionários. • Compõe também o Conselho de Escola um representante
A função do Conselho de Escola é de atuar, articuladamente com o de Associação ou Associações de Moradores do/s bairro/s
núcleo de direção, no processo de gestão pedagógica, administrativa e atendidos pela Unidade, eleito em Assembleia; e
financeira da escola. • Nenhum conselheiro é remunerado por sua participação.
A eleição do Conselho de Escola é feita anualmente, durante o A convocação para reunião extraordinária do Conselho de Escola
primeiro mês letivo. Os representantes de professores, especialistas de não é feita apenas pelo Diretor da Escola. Ela poderá ser feita por
educação - diretor, vice diretor, coordenador - , funcionários, pais e alunos proposta de, no mínimo, 1/3 (um terço) de seus membros.
serão eleitos pelos seus pares, através de assembleias distintas,
Quando a eleição do Conselho de Escola não for feita com a
convocadas pelo Diretor de Escola. A eleição dos membros do Conselho de
participação de todos os membros da comunidade escolar, através de
Escola será lavrada em ata, registrada em livro próprio e com a assinatura
eleição realizada entre eles, poderá ser solicitada a sua anulação. Esta
de todos os participantes, devendo ser afixada em local visível para toda a
solicitação deverá ser feita por escrito e protocolada junto à direção da
comunidade escolar.
escola.
Todas as unidades escolares deverão encaminhar às Diretorias de
Quem escolhe os representantes dos alunos no Conselho de
Ensino, a composição do Conselho de Escola até 31 de março de cada ano
Escola são os próprios alunos, através de eleição entre os seus pares.
letivo.
Para participar do Conselho de Escola não é necessário contribuir
O Conselho de Escola é presidido pelo Diretor da Escola e terá um
com a APM. Lembramos que a contribuição para a APM é sempre
total mínimo de 20 (vinte) e máximo de 40 (quarenta) componentes.
voluntária.
O número de componentes é fixado proporcionalmente ao número de
O Conselho de Escola se propõe a:
classes da unidade escolar. (Veja quadro a seguir)
• propiciar a mais ampla participação da comunidade, reco-
A composição do Conselho de Escola segue a seguinte proporção:
nhecendo o seu direito e seu dever;
• 40% de docentes;
• garantir a democracia plena da gestão financeira da unida-
• 5% de especialistas de educação, excetuando-se o Diretor de de, naquilo em que ela tem autonomia em relação à receita
Escola; e despesa;
• 5% dos demais funcionários; • contribuir para a qualidade do ensino ministrado na unida-
• 25% de pais de alunos; de;

• 25% de alunos. • integrar todos os segmentos da unidade na discussão pe-


dagógica e metodológica;
Para compor o Conselho de Escola é importante saber também as
seguintes informações: • integrar a escola no contexto social, econômico, cultural em
sua área de abrangência;
Com relação ao número de conselheiros: O número de
conselheiros é determinado pelo número de classes ou turmas. Assim sendo: • levar a unidade a interagir em todos os acontecimentos da
relevância que ocorreram ou que venham a ocorrer em sua
• UE de até 10 classes ou turmas: 09 conselheiros.
área de abrangência; e
• UE de 11 a 20 classes ou turmas: 19 conselheiros. • ser uma das instâncias da construção da
• UE de 21 a 30 classes ou turmas: 29 conselheiros.
cidadania. O Conselho de Escola delibera sobre:
• UE de mais de 30 classes ou turmas: 39 conselheiros.
• as diretrizes a serem seguidas e metas a serem alcança-
Com relação à proporção dos conselheiros: A proporção dos das na unidade;
conselheiros é variável de acordo com a natureza da U E. Em caso de
• a captação e o investimento de recursos próprios da unida-
percentuais que não correspondam a números inteiros, arredondar para o
de;
número inteiro mais próximo.
• a criação de normas regulamentares dos organismos auxi-
liares que venham a ser criados;

• os projetos, a ação e prioridades dos organismos auxiliares

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que existem na unidade; redigida a ata que será afixada em lugar visível na unida-
• os projetos de atendimento integral ao aluno no campo ma- de;As reuniões serão realizadas em primeira convocação
terial, psico-pedagógico, social e de saúde; com a presença da maioria simples dos membros e em
segunda convocação (30 minutos depois) com qualquer
• os programas que visem a integração escola-família- número de membros; e
comunidade;
• O conselheiro que faltar a duas reuniões em seguida, sem
• as soluções para os problemas administrativos e pedagógi- justificativa, deverá ser substituído.
cos;

• as atividades extra-curriculares e extraclasses que visem um


maior aprimoramento ao educando; ASSOCIAÇÃO DE PAIS E MESTRES

• a organização e funcionamento de escola, de acordo com as A APM, instituição auxiliar da escola, é uma associação civil, com
orientações da SME sobre: personalidade jurídica própria e, portanto, responsável pelos seus atos.
É representada pelo seu Diretor Executivo. Este responde pela
a. o atendimento e acomodação da demanda, turnos, distribuição de Associação, até mesmo em Juízo.
séries e classes, utilização do espaço físico;
A APM não se confunde com o Diretor de Escola. Entretanto, este
b. a fixação de critérios para ocupação do prédio e suas instalações, é o presidente nato do seu Conselho Deliberativo e, nessa qualidade,
condições para sua preservação, cessão para outras atividades que bem como na qualidade de diretor da escola, tem o dever de zelar pelo
não de ensino e de interesse da comunidade; e bom andamento dos trabalhos da associação, observando seus
c. a análise, aprovação e acompanhamento de projetos propostos funcionários, orientando seus membros e prestando colaboração, sem,
pelos professores. porém, assumir, sozinho, as funções de seus membros.

O Conselho de Escola dá parecer sobre: Portanto, nem pode alienar-se e nem pode, assumir, sozinho,
funções que não lhe competem.
• a ampliação e reformas no prédio;
Se forem constatadas fraudes nas atividades da APM, o Diretor
• os problemas entre o corpo docente, entre alunos, entre
poderá pedir, aos órgãos competentes, a intervenção na APM. Esse
funcionários que estejam prejudicando o projeto pedagógi-
processo será desenvolvido pelo Grupo de Verificação e Controle das
co da unidade;
Atividades Administrativas e Pedagógicas da Secretaria da Educação.
• as posturas individuais de qualquer segmento que colo-
Quem determina a intervenção é o Secretário da Educação.
quem em risco as diretrizes e metas deliberadas; e
A APM precisa ser registrada. Portanto, verificar se a Associação
• as penalidades a que são sujeitos funcionários, alunos, sem
e, também, a ata da eleição, foram registradas em cartório de títulos e
prejuízo de recorrência a outras instâncias.
documentos.
O Conselho de Escola, ainda:
O documento que indica como cadastrar a APM no Programa de
• elabora, conjuntamente com a equipe de educadores, o ca- Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental é a Resolução
lendário escolar e projeto pedagógico da unidade, observa- 5 de 06/04/98 do Conselho Deliberativo da FNDE.
das as normas oficiais;
A APM é obrigada a expor seus balanços e balancetes, na escola,
• aprecia os relatórios anuais da Unidade; e em local de fácil acesso à comunidade.

• acompanha o desenvolvimento do projeto pedagógico. Esses balanços deverão estar devidamente verificados e
assinados pelos membros do Conselho Fiscal, pelo Diretor Executivo,
Como se organizam as reuniões do conselho de escola
Diretor Financeiro, Diretor de Escola. Ao final do mandato da Diretoria
Com relação ao seu tipo: Há dois tipos de reunião de Conselho Executiva, que é de um ano, a prestação de contas deverá ser feita
de Escola: ordinárias e extraordinárias: diretamente em Assembleia Geral (após a apreciação do Conselho
As reuniões ordinárias ocorrem de dois em dois meses (com Fiscal).
datas marcadas no ato da posse); e Manter funcionário sem registro em carteira é um descumprimento
As reuniões extraordinárias ocorrem quando necessário, por das leis trabalhistas, do que advirá, em algum momento, multas em
convocação da direção ou de 1/3 dos membros. eventuais fiscalizações. Por outro lado, a dispensa de funcionários, sem
registro em carteira, mesmo quando a APM tenha pago todos os direitos,
Com relação ao funcionamento das reuniões: poderá gerar reclamações trabalhistas, obrigando a instituição a pagar
pesadas indenizações.
• Em todas as reuniões deverá ter pauta, aprovada no início, e

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Se a APM possui recursos suficientes, é recomendável a e)- a execução de pequenas obras de construção em prédios
contratação de um escritório para executar os serviços de contabilidade. escolares, que deverá ser acompanhada e fiscalizada pela Fundação
para o Desenvolvimento da Educação - FDE.
Pais de ex-alunos, ex-alunos maiores de 18 anos, ex- professores,
demais membros da comunidade, podem ser sócios da APM na IV - colaborar na programação do uso do prédio da escola pela
categoria de sócios admitidos. comunidade, inclusive nos períodos ociosos, ampliando-se o conceito de
escola como “Casa de Ensino” para “Centro de Atividades Comunitárias”;
Um Conselheiro da APM poderá ser reconduzido por duas vezes,
além do primeiro mandato. Ou seja, ele poderá ser eleito conselheiro por V - favorecer o entrosamento entre pais e professores
três mandatos consecutivos. possibilitando:

Cada Diretor só poderá ser reconduzido uma vez, para o mesmo a)- aos pais, informações relativas tanto aos objetivos
cargo. educacionais, métodos e processos de ensino, quanto ao
aproveitamento escolar de seus filhos;
O membro da Diretoria perderá o mandato se faltar a 3 (três)

reuniões consecutivas, sem causa justificada (art. 33, § 1°). b)- aos professores, maior visão das condições ambientais dos
alunos e de sua vida no lar.
O CNPJ (ex-CGC) para a APM poderá ser obtido da seguinte
forma: leva-se ao órgão da Receita Federal a ata de eleição da diretoria, 3 - RECURSOS
com firma reconhecida e registrada em Cartório de Registro de Títulos
Os meios e recursos para atender os objetivos da APM, serão
e Documentos, anexando cópia do Estatuto Padrão da APM.
obtidos através de:
A APM pode cobrar mensalidade dos alunos?
I - contribuição dos associados (Contribuições facultativa de
Compulsoriamente, não. Pode solicitar, no entanto, a contribuição matriculas e sua renovação) - O caráter facultativo das contribuições não
espontânea, desde que não a vincule à matrícula ou frequência dos isenta os associados do dever moral de, dentro de suas possibilidades,
alunos. cooperar para a constituição do fundo financeiro da Associação.

O cargo de Diretor Financeiro será sempre ocupado por pai de II – convênios (com outras associações, por exemplo)
aluno.

Resumo do Estatuto Padrão das Associações de Pais e Mestres III - subvenções diversas;
(APM)
IV – doações ( de instituições públicas e de pessoas físicas ou
1 - MISSÃO DA APM jurídicas);

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Serão associados admitidos os pais de ex-alunos, os ex-alunos
A APM, instituição auxiliar da escola, terá por finalidade colaborar
maiores de 18 anos, os ex-professores e demais membros da
no aprimoramento do processo educacional, na assistência ao escolar e
comunidade, desde que concordes e aceitos conforme as normas
na integração família-escola-comunidade. Como entidade com objetivos
estatutárias.
sociais e educativos, não terá caráter político, racial ou religioso e nem
finalidades lucrativas. Serão considerados associados honorários, a critério do Conselho
Deliberativo da APM, aqueles que tenham prestado relevantes serviços
2 – OBJETIVOS DA APM
à Educação e a APM da Unidade Escolar.
I - colaborar com a Direção do estabelecimento para atingir os
5 - DOS DIREITOS DOS SÓCIOS
objetivos educacionais colimados pela escola;
Constituem direitos dos associados:
II - representar as aspirações da comunidade e dos pais de
alunos junto à escola; I - apresentar sugestões e oferecer colaboração aos dirigentes dos
vários órgãos da APM;
III - mobilizar os recursos humanos, materiais e financeiros da
comunidade, para auxiliar a escola, provendo condições que permitam: II - receber informações sobre a orientação pedagógica da escola e
o ensino ministrado aos educandos;
a)- melhoria do ensino;
III - participar das atividades culturais, sociais, esportivas e cívicas
b)- o desenvolvimento de atividades de assistência ao escolar, nas
organizadas pela APM ;
áreas sócio-econômica e de saúde;
IV - votar e ser votado nos termos do Estatuto;
c)- a conservação e manutenção do prédio, do equipamento e das
instalações; V - solicitar, quando em Assembleia Geral, esclarecimentos a
respeito da utilização dos recursos financeiros da APM;
d)- a programação de atividades culturais e de lazer que envolvam
a participação conjunta de pais, professores e alunos;V - promoções 1. - apresentar pessoas da comunidade para ampliação do
diversas ( festas etc); quadro social.Serão afixados em quadro de avisos, os planos de
atividades, notícias e atividades da APM, convites e convocações.
4 - DOS ASSOCIADOS
2. No exercício de suas atribuições, a APM manterá rigoroso
O quadro social da APM, constituído por número ilimitado de respeito às disposições legais, de modo a assegurar a observância dos
associados, será composto de: princípios fundamentais que norteiam a filosofia e política educacionais
I - associados natos; do Estado de São Paulo.

II - associados 3. A APM terá prazo indeterminado de duração e somente poderá


ser dissolvida, por deliberação da Assembleia Geral, especialmente
admitidos; III - convocada para este fim, obedecidas as disposições legais.
associados honorários. 4. A APM poderá ser extinta nas hipóteses abaixo indicadas:
Serão associados natos: o Diretor de Escola, o Vice-Diretor, os • Desativação da unidade escolar;
professores e demais integrantes dos núcleos de apoio técnico-
pedagógico e administrativo da escola (Funcionários), os pais de • Transferência da Unidade Escolar para o município (muni-
alunos e os alunos maiores de 18 anos, desde que concordes. cipalização).

6 – DOS DEVERES DOS SÓCIOS


CAIXA ESCOLAR
Constituem deveres dos associados:
A caixa escolar é uma instituição jurídica, de direito privado, sem
I - defender, por atos e palavras, o bom nome da Escola e da fins lucrativos, que tem como função básica administrar os recursos
APM; financeiros da escola,oriundos da União, estados e municípios, e aqueles
II - conhecer o Estatuto da APM; arrecadados pelas unidades escolares, ou seja, são unidades financeiras
executoras, na expressão genérica definida pelo Ministério da Educação.
III - participar das reuniões para as quais foram convocados;
A caixa escolar é uma sociedade civil, sem personalidade jurídica
IV - desempenhar, responsavelmente, os cargos e as missões

que lhes forem confiados;


VI - cooperar, dentro de suas possibilidades, para a constituição do
V - concorrer para estreitar as relações de amizade entre todos fundo financeiro da APM;
os associados e incentivar a participação comunitária na escola;
VII - prestar à APM, serviços gerais ou de sua especialidade

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profissional, dentro e conforme suas possibilidades; e de direito privado, sem finalidade lucrativa, criada pelo executivo
estadual e sediada na escola para administrar os recursos recebidos da
VIII - zelar pela conservação e manutenção do prédio, da área do
Secretaria de Educação e da comunidade e os por ela própria
terreno e equipamentos escolares;
arrecadados.
IX - responsabilizar-se pelo uso do prédio, de suas dependências
É indispensável para que a escola possa receber recursos e
e equipamentos, quando encarregados diretos da execução de
administrá-los. A caixa escolar não integra a administração pública
atividades programadas pela APM.
estadual.
7 - DOS ÓRGÃOS DA APM:
Tem como função administrar recursos transferidos pela
A. Assembleia Geral; Secretaria de Estado da Educação (recursos vinculados e não-
B. Conselho Deliberativo; vinculados) e outros provenientes do município, da comunidade, das
entidades públicas ou privadas e da promoção de campanhas feitas pela
C. Diretoria Executiva; própria escola. Os recursos recolhidos por ela destinam-se à aquisição
D. Conselho Fiscal. de bens e serviços necessários à melhoria das condições de
funcionamento da escola, incluídos no seu plano de desenvolvimento.
Observações Finais:
Para a organização da caixa escolar, o diretor e/ou o coordenador
1. É vedado aos Conselheiros e Diretores da APM:
deve tomar a iniciativa para a sua criação.
• Receber qualquer tipo de remuneração;
São sete os passos que devem ser seguidos:
• Estabelecer relações contratuais com a APM.
1) convocação, através de edital, de servidores, professores,
pais de alunos, para, em assembleia geral, deliberarem so-
bre a constituição da caixa escolar;

2) escolha dos membros da diretoria e seus suplentes;

3) posse dos membros eleitos;

4) elaboração do estatuto da caixa escolar;

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5) envio do extrato do estatuto da caixa escolar para a direto- (APM), o Colegiado Escolar e o Conselho de Escola.
ria de suprimento escolar, para publicação;

6) registro da caixa escolar em cartório de pessoas jurídicas,


sendo, para isto, necessários os seguintes documentos:
edital de convocação da assembleia geral; ata da assem-
bleia geral de constituição da caixa escolar ou cópia auten-
ticada e o requerimento, solicitando o registro; e

7) obtenção, na Receita Federal, do número do CGC e a de-


vida comunicação à diretoria de suprimento escolar.

A estrutura da caixa escolar é constituída de um presidente, que é


o diretor ou o coordenador da escola, de um tesoureiro e do conselho
fiscal. Recomenda-se que o conselho fiscal seja integrado por membros
do colegiado.

Ela é composta de três órgãos:

• assembleia geral,

• diretoria e

• conselho fiscal.

A assembleia geral é o órgão de deliberação da caixa escolar, que


elege os membros efetivos e suplentes do conselho fiscal.

A diretoria da caixa é constituída de um presidente (o diretor da


escola), um secretário e um tesoureiro.

O presidente é, necessariamente, o diretor ou o coordenador da


escola.

O tesoureiro é escolhido entre os funcionários da escola e o


secretário é um representante da comunidade.

O conselho fiscal compõe-se de três representantes de pais de


alunos e de outras pessoas da comunidade. Recomenda-se que ele seja
composto de membros do colegiado escolar.

A caixa escolar e o colegiado escolar, juntos, se complementam,


cabendo ao colegiado escolar aprovar as prioridades propostas pela
escola para a alocação de recursos e a prestação de contas de sua
aplicação. A caixa escolar viabiliza a aplicação dos recursos, observando
os instrumentos legais em vigor e de acordo com as prioridades
aprovadas pelo colegiado. Seus associados natos são os funcionários e
o pessoal do magistério da escola, bem como os pais dos alunos ou
responsáveis. Outras pessoas da comunidade podem ser aceitas como
associadas, desde que assinem a ficha de admissão.

Embora já venha se instituindo historicamente, ancorada nos


movimentos sociais desde a década de 70, a Caixa Escolar passou a ter
maior importância a partir de meados da década de 90, quando o MEC
passou a transferir recursos financeiros diretamente para as unidades
escolares, de acordo com o princípio da escola autônoma, estabelecido
na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996.

Outras estruturas de gestão colegiada que podem atuar no lugar


ou em conjunto com a Caixa Escolar são a Associação de Pais e Mestres

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As Instâncias Colegiadas da Unidade Escolar são
estabelecidas pela Deliberação CEE nº 016/99, em seu capítulo II,
artigos 4º e seguintes, conforme transcrito a seguir:

DELIBERAÇÃO N º 016/99

CEE CAPÍTULO II
DA ORGANIZAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR

Art. 4.° - A comunidade escolar é o conjunto constituído pelos


corpos docente e discente, pais de alunos, funcionários e
especialistas, todos protagonistas da ação educativa em cada
estabelecimento de ensino.

Parágrafo único – A organização institucional de cada um


desses segmentos terá seu espaço de atuação reconhecido pelo
regimento escolar.

Art. 5.° - A direção escolar tem como principal atribuição


coordenar a elaboração e a execução da proposta pedagógica, eixo
de toda e qualquer ação a ser desenvolvida pelo estabelecimento.

Parágrafo único – É recomendável a adoção de órgão colegiado


de direção, em atenção ao princípio da democratização da gestão
escolar.

Ar. 6.º - A gestão escolar da escola pública, como decorrência


do princípio constitucional da democracia e colegialidade, terá como
órgão máximo de direção um colegiado.

§ 1.º - O órgão colegiado de direção será deliberativo, consultivo


e fiscal, tendo como principal atribuição estabelecer a proposta
pedagógica da escola, eixo de toda e qualquer ação a ser desenvolvida
no estabelecimento de ensino.

§ 2.º O órgão colegiado de direção será constituído de acordo


com o princípio da representatividade, devendo abranger toda a
comunidade escolar, cujos representantes nele terão,
necessariamente, voz e voto.

§ 3.º Poderão participar do órgão colegiado de direção


representantes dos movimentos sociais organizados, comprometidos
com a escola pública, assegurando-se que sua representação não
ultrapasse 1/5 (um quinto) do colegiado.

§ 4.º - O órgão colegiado de direção será presidido pelo diretor


do estabelecimento, na qualidade de dirigente do projeto político-
pedagógico.

Art. 7.º - A organização pedagógica será constituída pelo corpo


docente, pelos profissionais atuantes nas áreas de supervisão e de
orientação educacional e na biblioteca, pelas coordenações de áreas
ou de disciplinas e pelo conselho de classe.

Art. 8.º - A organização administrativa será instituída de forma a


atender às finalidades da escola, expressas em sua proposta
pedagógica, e a ela se subordinará.

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Art. 9.° - A organização didática será constituída dos seguintes Mediante os parâmetros curriculares e diversos mecanismos de
componentes: avaliação, entre outras medidas, a reforma no ensino pós-LDB elegeu
como perspectiva ou eixo central a pedagogia das competências para a
a) níveis e modalidades de ensino; empregabilidade, assumindo assim claramente, no plano da concepção
b) fins, objetivos, duração e carga horária dos cursos; educativa, o ideário do mercado como perspectiva geral do Estado. Esta
perspectiva pedagógica, individualista na sua essência, imediatista em
c) critérios de organização curricular;
relação ao mercado de trabalho, é coerente com o desmonte dos direitos
d) verificação do rendimento escolar, formas de avaliação, sociais ordenados por uma perspectiva de compromisso social coletivo,
classificação e reclassificação, aproveitamento de estudos e, portanto, contrária à perspectiva de uma “qualificação como relação
recuperação e promoção; social” (Ramos, 2001), que situa a relação trabalho-educação no plano
das contradições que são engendradas pelas relações sociais de
e) controle de frequência;
produção.
f) matrícula e transferência;
A reforma de ensino proposta para a formação dos profissionais
g) estágios; da educação, área estratégica para as mudanças pretendidas, propôs-
h) expedição de históricos escolares, declarações, certificados se a introduzir no cenário brasileiro uma nova compreensão do professor
e diplomas, guarda da documentação escolar. e da sua formação, determinando para isto, entre outras medidas, a
criação de novas instâncias para a formação (como o Instituto Superior
de Educação e o Curso Normal Superior) e o desenvolvimento de
competências profissionais como conteúdo. No plano epistemológico,
FORMAÇÃO DO PEDAGOGO NO BRASIL.
dos processos e concepções de construção e socialização do
Como cenário geral para as políticas educacionais, a década de conhecimento, a noção das competências reduz a formação a um
90 viveu um quadro de reformulação política e econômica do sistema e, “receituário genérico e abstrato. Treinar professores para esse
consequentemente, de ajuste das políticas sociais à reformulação em receituário é mais barato e rápido do que lhes oferecer condições para
curso. Destaca-se aí a redução do papel do Estado, por um lado; por fazerem cursos onde se articula ensino com a análise e pesquisa da
outro, o seu papel controlador e regulador dos sistemas sociais. realidade” (Frigotto, 2001, p. 1).

A discussão que acompanhou o longo processo de formulação da Segundo Kuenzer (2000) é preciso reconhecer neste conceito o
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, aprovada em significado que o mesmo adquire no interior das novas demandas do
1996, foi iniciada na década de 80, com a participação dos educadores. mundo do trabalho. A autora recorre a Tanguy e Roupé (apud Kuenzer,
Suas formulações e propostas, no entanto, logo se revelaram 2000), para identificar a competência, nas atuais circunstâncias, como
incompatíveis com as políticas de ajuste assumidas pelos idealizadores fortemente vinculada à ações mensuráveis através da aferição dos seus
do modelo imposto aos governos latino-americanos pelo Banco Mundial resultados imediatos. O forte apelo ao conceito de competência, presente
e foram rejeitadas pela maioria subordinada ao grupo governamental. em todas as diretrizes que deverão nortear o ensino nas próximas
Instaurou-se, assim, ao final, com esta lei, uma reforma autoritária e décadas, vincula-se, segundo a autora, a uma concepção produtivista e
consoante com o ajuste neoliberal. A educação, de direito social e pragmatista onde a educação é confundida com informação e instrução,
subjetivo de todos, passa a ser encarada cada vez mais como um serviço com a preparação para o trabalho, distanciando-se do seu significado
a ser prestado e adquirido no mercado, ou oferecido como filantropia. mais amplo de humanização, de formação para a cidadania.
Daí, a dominância do pensamento privatista como diretriz educacional e
O modelo dos Institutos Superiores de Educação (ISE) coloca uma
frequentes campanhas filantrópicas substituindo políticas efetivas de
clara desresponsabilização às instituições universitárias, pela formação
educação.
de professores. No interior de uma política que diferenciou e hierarquizou
O ideário crítico sobre o que deveria ser um projeto nacional de formalmente o Ensino Superior, os ISEs foram instituídos como local
educação, que foi se constituindo ao longo das últimas décadas e que preferencial para a formação destes profissionais, em cursos com
encontrou em vários locais do país algumas possibilidades de menores exigências, para a sua criação e manutenção, do que aquelas
implementação não teve na formulação final da nova LDB o mesmo inerentes às instituições universitárias. Os critérios que orientam a
destino. Esta lei, apresentada como uma legislação moderna para o proposta dos Institutos Superiores de Educação diferenciam-se dos
século XXI, ressignificou vários consensos do rico debate dos anos 80; parâmetros que orientam uma formação universitária, esta
traduziu-os, no entanto, para uma outra lógica de desenvolvimento, na necessariamente vinculada à pesquisa e produção de conhecimento.
qual descentralização significa principalmente uma desconcentração da Considerando que a formação inicial é momento-chave da construção de
responsabilidade do Estado; autonomia, passa a ser compreendida uma socialização e de uma identidade profissional, esta determinação é
como liberdade de captação de recursos; igualdade, como equidade; desqualificadora para a profissionalização docente no país.
cidadania crítica, como cidadania produtiva; e a melhoria da qualidade,
como adequação ao mercado (Shiroma et al., 2000).
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Após um longo período de expectativa e de mobilização da técnicas educacionais, considerando que a docência é a mediação
comunidade acadêmica na tentativa de influir em suas definições, foram paraoutras funções que envolvem o ato educativo intencional. Não se
aprovadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de considera, neste sentido, aplicável para a o Curso de Pedagogia,
Professores da Educação Básica, em Nível Superior, Curso de dicotomizar, na formação, carreiras diferenciadas conforme a
Licenciatura, de Graduação Plena (Resolução CNE/CP 1/2002), com categorização - Bacharelado Acadêmico, Bacharelado Profissionalizante e
base no Parecer do CNE/CP 009/2001. A partir de proposta inicial Licenciatura. A formação do pedagogo envolve estas três dimensões,
elaborada por uma comissão oficial de colaboradores/assessores do podendo, no seu aprofundamento, dar maior relevo a uma destas
Ministério da Educação, tais diretrizes foram aprovadas pelo CNE quase dimensões.
na sua totalidade, num processo mais homologatório do que - O comprometimento da desejável integração entre a formação
propriamente de discussão. Apesar de terem sido realizadas várias do bacharel e aquela do licenciado. Dado o modelo institucional que
audiências públicas e outras reuniões nacionais e regionais com as mais passa a ser privilegiado, qual seja o dos Institutos Superiores de
diversas entidades educacionais do país, como resposta à pressão do Educação, que autonomiza o local de formação de professores,
movimento dos educadores, não abriu-se um autêntico diálogo nestas desvinculando institucionalmente as licenciaturas dos bacharelados, fica
oportunidades. comprometida a desejável integração na formação destas duas
Entre as questões mais polemizadas que foram sendo apontadas categorias de carreiras, com sérias consequências presumíveis para a
na análise das diretrizes delineadas neste período pós-LDB, podemos formação do professor.O fosso entre a formação do bacharel e a do
citar: licenciado precisa ser evitado para que a formação deste último, ao
avançar na sua qualificação técnico-científica, não seja comprometida na
- a noção de competências como concepção nuclear para sua formação.
orientar a formação profissional dos educadores, em lugar dos saberes
docentes; esta opção mostra seu vínculo com um determinado projeto - A duração do Curso e Carga-horária do Curso:
societário que, conforme a visão de vários autores (Frigotto, 2001; comprometimento do tempo necessário para uma sólida formação
Kuenzer, 2000; Shiroma et al, 2000), em nome da globalização, ajusta profissional. Uma organização curricular inovadora deve contemplar uma
as questões educacionais às regras da mercantilização com toda sólida formação profissional acompanhada de possibilidades de
exclusão que tal escolha produz. aprofundamentos e opções realizadas pelos alunos e propiciar, também,
tempo para pesquisas, leituras e participação em eventos, entre outras
- a intenção de extinguir gradativamente o curso de Pedagogia. atividades, além da elaboração de um trabalho final de curso que
Os preceitos legais atualmente estabelecidos, embora sintetize suas experiências. A carga horária deve assegurar a realização
contraditórios, indicam para o curso de Pedagogia a condição de um das atividades acima especificadas. Para atingir este objetivo, além de
Bacharelado Profissionalizante, destinado a formar os especialistas em cumprir a exigência de 200 dias letivos anuais, com 4 horas de atividades
gestão administrativa e coordenação pedagógica para os sistemas de diárias, em média, é desejável que a duração de um curso de licenciatura
ensino (LDB/96, Art. 64). Depois de muitos embates ocorridos por seja de 4 anos, com um mínimo de 3.200 horas, para que se possa
ocasião da formulação de normas complementares à LDB, a atribuição contemplar de forma mais aprofundada tanto a carga teórica necessária
da formação de professores para a educação infantil e séries iniciais do para a formação, como o desenvolvimento das práticas que aproximam
ensino fundamental ficou assegurada também para o curso de o estudante da realidade social e profissional. Há, nesse sentido,
Pedagogia, mas apenas para aqueles que se situam em instituições modalidades de prática que são complementares e necessárias para a
universitárias (Parecer CNE-CES 133/2001). Este é um percalço que formação do profissional da educação, quais sejam: a prática como
deriva da decisão já colocada pela LDB/96 e que foi reforçado pelas instrumento de integração e conhecimento do aluno com a realidade
regulamentações posteriores, que optou pelo modelo dos Institutos social, econômica e do trabalho de sua área/curso; como instrumento de
Superiores de Educação, formação técnico-profissionalizante de iniciação à pesquisa e ao ensino e a prática como instrumento de
professores, que se contrapõe ao modelo das Faculdades de Educação, iniciação profissional.
onde a formação destes profissionais é vista de forma mais acadêmica, A “Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Darci Ribeiro”
mediada pelas possibilidades de maiores interfaces na formação. A de número 9394/96 (documento maior da legislação educacional
proposta de diretrizes apresentada pela CEEP - Comissão de brasileira), no Título VI -Dos Profissionais da Educação - em seu artigo
Especialistas de Ensino de Pedagogia/SESU/MEC - defende para este 64, reproduzido literalmente abaixo, nos elenca:
curso, responsável pela formação acadêmico-científica do campo
educacional na graduação, uma graduação plena na área, que não se “Art. 64. A formação de profissionais de educação para a
realiza concretamente sem que seja considerada a sua dimensão administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação
intrínseca, que é a da docência. A tese defendida por esta proposta educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação
procura garantir a formação unificada do Pedagogo, profissional que, em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de
tendo como base os estudos teórico-investigativos da educação, é ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.”
capacitado para a docência e consequentemente para outras funções

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A existência legal do curso de Pedagogia e de seu campo entre profissionais que terão a mesma formação para o mesmo campo
epistêmico está garantida por lei, pela lei maior da Educação de nosso e área de atuação, profissionalidade e profissionalização.
país. Portanto, cabe aqui ressaltar que os Cursos Normais Superiores
Confundem-se os menos avisados e pouco esclarecidos de que a formam os professores que irão atuar na Educação Infantil e séries
Pedagogia esteja apenas relacionada à formação de professores e que iniciais do Ensino Fundamental e a Pedagogia forma o Pedagogo,
tal formação seria então substituída pelos Institutos Superiores de profissional da Educação que entende do fenômeno educativo de
Educação -ISES-, que mantêm em sua estrutura administrativa e maneira profunda e que poderá atuar na gestão, inspeção, orientação
pedagógica os Cursos Normais Superiores, que deverão também formar educacional entre outros tantos cargos e espaços educativos.
os professores multidisciplinares (ou polivalentes) para atuarem na
Educação Infantil e séries iniciais do Ensino fundamental.
O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO.
Esclarecendo, os cursos de Pedagogia formam os profissionais de
Educação que terão por foco de estudo e objeto de preocupação o O financiamento da educação, a partir da Constituição Federal
fenômeno educativo, a Educação do cidadão, ocorra ela dentro ou fora (CF) de 1988, passou a sofrer menos intempéries, visto que o legislador
dos limites da instituição escolar. Neste sentido, tem sido princípio da garantiu o mínimo necessário, ou seja, 18% para a União e 25% de
área que para se tornar pedagogo, profissional que irá atuar na gestão, Estados e Municípios.
inspeção, orientação, dentro, sobretudo das instituições escolares, este
Além disso, no artigo 211, parágrafo primeiro, está dito que “ A
deverá ser por excelência um professor, um docente que conhece a
União organizará o sistema federal de ensino e financiará as instituições
finalidade maior da existência da escola, que é oferecer acesso ao
de ensino públicas, federais e exercerá, em matéria educacional, função
conhecimento pelas vias de participação no processo de ensino para que
redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de
o outro possa aprender e se tornar/formar pessoa-cidadão.
oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino
Cabe esclarecer, portanto, que a academia sempre defendeu e mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal
continua defendendo o princípio lógico de que para se tornar pedagogo e aos Municípios.”
este profissional deveria ter a docência enquanto eixo da sua formação,
O que significa isso de fato? 18% e 25% sobre o que?
porém a Pedagogia não se esgota na formação docente. Vai além em
termos de referencial e profundidade teórica e em termos da abrangência A CF estabelece em seus artigos de 157 a 162, que o sistema
com que se analisa, estuda e desenvolve o fenômeno educativo. tributário deve ser partilhado pelas esferas de governo, visto que no
Brasil é o governo federal quem mais arrecada. Desta forma, parte da
A questão que pode suscitar dúvidas reside no fato de que a LDB
arrecadação da União é transferida para Estados e Municípios e parte da
estabelece uma nova estrutura institucional, que são os ISES e suas
arrecadação dos Estados é transferida aos Municípios, porque esse
diversas modalidades de formação, enquanto espaço privilegiado para a
último ente federado é quem menos arrecada.
formação de qualquer licenciado, buscando tornar-se um espaço
específico de formação de professores, tal como foi pensado e No entanto, é exatamente nos Municípios, os que menos
posteriormente reforçado pelo Decreto Presidencial nº 3.276, de 06 de arrecadam, que as políticas públicas acontecem, pois é onde vivem as
dezembro de 1999 (já reformulado pela força do movimento dos pessoas. E mesmo após a partilha dos recursos, a União fica com mais
profissionais da Educação) . da metade da arrecadação, por isso, em muitos lugares, caso não haja
complementação, os locais não têm condições de investimento, visto que
Tal intenção esbarra na autonomia didático-pedagógica que a
a transferência dá apenas para os salários dos profissionais de ensino.
Constituição Federal atribui para as instituições universitárias -Centros
Universitários e Universidades-, que podem gerir seus projetos Mas a partir de que bolo são calculados os 18%? No Brasil há três
pedagógicos com autonomia, respeitando as orientações e definições categorias de tributos, impostos, taxas e contribuições. Os impostos são
das Diretrizes instituídas (Diretrizes Curriculares Nacionais para a muito importantes, pois por meio deles o governo obtém recursos que
Formação dos Professores da Escola Básica, já aprovada e das custeiam quase todas as políticas públicas. As taxas são tarifas públicas
Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Pedagogia, em cobradas para fornecimento de algum serviço, tal como documento, ou
estudo). segunda via de certidões e passaportes, por exemplo. As contribuições
de melhoria são cobradas do contribuinte que teve, por exemplo, seu
O que pode ser entendido é que estão tentando descaracterizar a
imóvel valorizado por alguma benfeitoria. E as contribuições sociais e
Pedagogia enquanto licenciatura, tentando colocá-la como bacharelado,
econômicas, de competência da União. As sociais são para cobrir gastos
definindo que os professores tenham formação em instituição única.
da Seguridade Social e as econômicas para fomentos de certas
Esquecem-se, porém, de colocar que o mesmo pode não ocorrer frente
atividades econômicas.
ao fato da autonomia dos Centros Universitários e Universidades, que
poderão insistir, inclusive judicialmente, na isonomia Para o cálculo dos 18% são computados apenas os impostos,
conforme estabelecido pelo parágrafo 212 da CF, que diz que a União

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aplicará nunca menos de 18% e os Estados e Distrito Federal e os Municípios. Quem arrecada a contribuição é o INSS, que fica com 1% a
Municípios, nunca menos que 25% da receita resultante dos impostos e título de administração e repassa o restante para o FNDE, que desconta
transferências constitucionais. E, ainda neste mesmo artigo, está dito 10% e dividi os 90% da seguinte forma:
que o ensino fundamental terá o acréscimo da contribuição social A União fica com um terço dos recursos mais os 10% do FNDE.
do salário-educação, recolhidos pelas empresas. (a emenda 53 de Os outros dois terços dos 90% ficam com Estados e Municípios, em
2006 modificou isso, acrescentando as outras etapas de ensino). razão direta ao número de matrículas de cada ente federado, de acordo
A fórmula de cálculo é a seguinte: Após os repasses obrigatórios com o censo escolar do ano anterior.
para os fundos de participação de Estados e Municípios e dos Estados Além do salário-educação o FNDE possui verbas oriundas de
para os Municípios (esses repasses são feitos para diminuir o impacto outras contribuições sociais. O Fundo desenvolve alguns projetos
das grandes diferenças de arrecadação e para aumentar o poder de importantes, tais como: Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE),
investimento de Estados e Municípios, levando em consideração que a Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Brasil Alfabetizado,
União arrecada aproximadamente 70% dos tributos, os Estados perto de Apoio ao Atendimento à Educação de Jovens e Adultos (Fazendo
25% e os Municípios em torno de 5%) , as porcentagens são retiradas escola/PEJA) e Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar
do bolo restante. Isso ocorre para não haver dupla contabilização. (Pnate).
Os recursos transferidos são destinados à Manutenção e Os fundos, criados em 1996 – para manutenção e
Desenvolvimento do Ensino, conforme o disposto no artigo 212 da CF, desenvolvimento do ensino fundamental- Fundef- e em 2007 –
regulamentado pela LDB, ou seja, para o grupo de ações que estão substituindo o anterior e visando à educação básica como um todo-
dentro deste critério. As atividades suplementares, tais como merenda, Fundeb- representam uma tentativa de racionalização do gasto
uniformes, dinheiro direito na escola são financiados com outros recursos educação. Podemos dizer que além da vinculação de recursos, conforme
administrados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação explicado acima, há a subvinculação.
(FNDE), com recursos provenientes, dentre outras fontes, do salário-
O Fundef, criado com inspiração no que estava registrado nas
educação, recolhido pela União, que uma parte para Estados e
Disposições transitórias da CF, que dizia que em 10 anos o poder público
Municípios.
deveria aplicar 50% do total de recursos para educação na
universalização do ensino fundamental e na drástica redução do
O que significa a Manutenção e Desenvolvimento do Ensino analfabetismo. No entanto, o Fundef só seria aprovado 8 anos depois,
(MDE) ? O que está dentro disso? estendendo por mais dez anos o disposto na disposições transitórias,
mas retirando a meta da alfabetização, pois partiam do perverso princípio
Apesar de vaga a expressão MDE, ela diz respeito a ações de que universalizando o ensino fundamental estariam resolvendo por
específicas, que focam diretamente o ensino. Ações estas especificadas inércia o analfabetismo.
pela LDB, artigo 70. São elas:
A Educação de jovens e adultos também não foi retirada do
· Remunerar e aperfeiçoar os profissionais da educação; Fundef. Podemos dizer que o Fundo foi um avanço para o ensino
· Adquirir, manter, construir e conservar instalações e fundamental, que está praticamente universalizado, mas o fato de os
equipamentos necessários ao ensino (construção de escolas, por outros níveis de ensino terem ficado fora do bolo, fez com que,
exemplo); especialmente, a educação infantil e o ensino médio ficassem com um
prejuízo enorme.
· Usar e manter serviços relacionados ao ensino tais como
aluguéis, luz, água , limpeza etc. Pois cada ente federado deveria separar 60% do bolo de recursos
para o Fundef e o restante aplicar em suas prioridades, ou seja, Estados
· Realizar estudos e pesquisas visando o aprimoramento da
em ensino médio e municípios em educação infantil (creche e pré-
qualidade e expansão do ensino, planos e projetos educacionais.
escola). No caso da União, após o repasse ela deveria aplicar o restante
· Realizar atividades meio necessárias ao funcionamento do no ensino superior e cumprir a função redistributiva, ou seja, aqueles
ensino como vigilância, aquisição de materiais... Estados que não conseguissem atingir o mínino de recursos para o
Fundo teria complementação da União, o que nunca ocorreu como
· Conceder bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e
deveria.
privadas.
O Fundef, apesar de seus avanços, trouxe um grande prejuízo ao
· Adquirir material didático escolar.
desenvolvimento do ensino médio e educação infantil, conforme
· Manter programas de transporte escolar. podemos observar hoje, com os grandes déficits de oferta destes níveis.
Além dessas receitas, há outras fontes, tais como o salário- Isso foi um dos motivos que levaram às instituições que lutam por uma
educação, que é recolhido das empresas, sobre o cálculo de suas folhas educação de qualidade para todos, se movessem para substituir o
de pagamento. Essa receita é dividida entre União, Estados e Fundef, pelo Fundeb.

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Três anos após a implantação do Fundef, vários segmentos 1 - Filosofia
sociais já percebiam que o fundo não era suficiente para suprir as A palavra filosofia é correntemente utilizada no nosso dia-a-dia,
grandes necessidades da política e em 1999 foi apresentada uma nova como por exemplo, nas expressões seguintes: “Esta é a minha filosofia
proposta ao Parlamento. A Proposta de Emenda Constitucional que de vida.”, ou “Pela minha filosofia, considero esta postura inadequada.”.
criava o Fundeb. No entanto, só em 2006 ela foi aprovada e passou a Sabemos, ou já ouvimos dizer, que ela significa “amigo da sabedoria”
valer a partir de 2007. (filon = amigo / sofia = sabedoria), e também já ouvimos referências aos
Como sempre houve um sub-financiamento da educação, ao famosos filósofos gregos, como Aristóteles, Sócrates e Platão. Mas
Fundeb foram acrescidos novos recursos, como os oriundos do IPVA, afinal, sabemos realmente o que é filosofia e para que ela serve?
por exemplo, ampliou o financiamento, mas ampliou, também o número No decorrer da nossa história, muitas foram as definições
de alunos atendidos, não equacionando, ainda, a questão do sub- atribuídas à Filosofia, das mais simples as mais complexas, levando a
financiamento. pessoas, muitas vezes, a descartar a sua importância, retrucando que “é
O cálculo do Fundeb também é feito de acordo com o número de um jogo inútil e estéril de palavras” ou que é “muito difícil e só serve e
matrícula na educação básica pública de acordo com os dados do último interessa a pessoas especiais e muito inteligentes”. Uma frase muito
censo escolar, feito anualmente. Dividi-se o montante pelo número de popular, que diz respeito a Filosofia, é que “a filosofia é uma ciência com
matriculados para se obter o valor aluno e em seguida repassar aos a qual ou sem a qual o mundo continua tal e qual”, referindo-se que não
Estados e municípios a parte que cabe a cada um. Aqueles que não precisamos dela para resolver os nossos problemas.
atingirem o valor mínimo por aluno deverão ter complementação da Buscando uma outra vertente, o autor aborda que “... a Filosofia é
União. Já se verificou que a União, em muitos momentos, subdimensiona um corpo de conhecimento, constituído a partir de um esforço que o ser
o custo por aluno para não ter de efetuar a complementação para os humano vem fazendo de compreender o seu mundo e dar-lhe um
diversos estados que não conseguiriam atingir o piso. sentido, um significado compreensivo. Corpo de conhecimentos, em
Os Estados receberão recursos de acordo com o número de Filosofia, significa um conjunto coerente e organizado de entendimentos
matrículas no ensino fundamental e médio e os Municípios com base no sobre a realidade. Conhecimentos estes que expressam o entendimento
ensino fundamental e educação infantil que se tem do mundo, a partir de desejos, anseios e aspirações.” (p.22).

Fonte: www.criancanoparlamento.org.br Podemos explicar melhor a colocação acima nos reportando ao


trabalho do filósofo, que consiste em sistematizar as aspirações
humanas, sendo elas que dão o sentido ao cotidiano e a suas
implicações, ou seja, ninguém vive sem um sentido para a vida, e o
EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA: BASES FILOSÓFICAS,
filósofo busca o entendimento desse sentido norteador, reflete o destino
SOCIOLÓGICAS, PSICOLÓGICAS, ANTROPOLÓGI- da humanidade.
CAS E POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO.
“A Filosofia se manifesta ao ser humano como uma forma de
Aspectos Filosóficos da Educação entendimento que tanto propicia a compreensão da sua existência, em
termos de significado, como lhe oferece um direcionamento para a sua
LUCKESI, Cipriano (1990). Filosofia da Educação. São Paulo: ação, um rumo para seguir ou, ao menos, para lutar por ele. Ela
Cortez. estabelece um quadro organizado e coerente de “visão de mundo”
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO sustentando, consequentemente, uma proposição organizada e coerente
para o agir. Nós não “agimos por agir”. Agimos, sim, por uma certa
Este livro foi elaborado com o propósito de servir como material de
finalidade, que pode ser mais ampla ou mais restrita. As finalidades
apoio para cursos de formação do magistério. O autor objetivou discutir
restrita são aquelas que se referem à obtenção de benefícios imediatos,
a Filosofia da Educação vinculada diretamente com a prática docente,
tais como: comprar um carro, assumir um cargo.
refletindo-a e buscando ter clareza do seu significado, discutindo a
didática como um elemento articulador dos aspectos teóricos e filosóficos As finalidades mais amplas são aquelas que se referem ao sentido
da educação com o exercício docente. da existência: buscar o bem da sociedade, lutar pela emancipação dos
oprimidos, lutar pela emancipação de um povo, etc.. Isso tudo, por quê?
I - DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO À PEDAGOGIA
Certamente devido ao fato de que a vida só tem sentido se vivida em
Filosofia e Educação: elucidações conceituais e articulações função de valores dignos e dignificantes. Desse modo, a Filosofia é um
corpo de entendimentos que compreende a direciona a existência
Segundo Luckesi, a educação é norteada por uma concepção
humana em suas mais variadas dimensões.” (p. 23)
teórica, ou seja, a prática educacional é estruturada em uma concepção
filosófica que direciona os elementos envolvidos neste processo. A Filosofia deve propiciar um modo coerente de agir, já que parte
de uma forma coerente de interpretar o mundo.
Em primeiro lugar, discute o que é filosofia, articulando-a,
posteriormente, com a educação.
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Segundo Leôncio Basbaum, “a filosofia não é, de modo algum, (não o interesse pessoal, mas o interesse social) determina, assim, os
uma simples abstração independente da vida. Ela é, ao contrário, a julgamentos do homem no domínio da vida social.” (Plekanov)
própria manifestação da vida humana e a sua mais alta expressão. Por Como já dissemos, a filosofia busca a interpretação dos anseios
vezes, através de uma simples atividade prática, outras vezes no fundo humanos, ou seja, não preocupa-se só com o presente, mas com o que
de uma metafísica profunda e existencial, mas sempre dentro da está por vir, sendo que é condicionada pelo momento histórico e, ao
atividade humana, física ou espiritual, há filosofia (...) A filosofia traduz o mesmo tempo, condicionante do momento histórico subsequente. Mas
sentir, o pensar e o agir do homem. Evidentemente, ele não se alimenta como?
da filosofia, mas, sem dúvida nenhuma, com a ajuda da filosofia.”.
A filosofia manifesta-se como impulsionadora da ação, refletindo
Todos nós temos necessidade de compreender o mundo, sendo as aspirações do homem e, consequentemente influenciando os
uma necessidade natural do ser humano, não sendo este um aspecto acontecimentos futuros, que já não serão os mesmos partindo-se do
somente do filósofo. Todos nós, seres viventes, segundo Arcângelo pressuposto que já foram influenciados por uma reflexão anterior. Pode-
Buzzi, possuímos uma filosofia de vida, uma concepção de mundo, uma se considerá-la como um sustentáculo de um determinado modo de agir,
significação inconsciente que emprestamos à vida, sendo que podemos uma arma política.
dizer que todo homem é filósofo no sentido usual da expressão. O
Em função disto, podemos identificar contradições no decorrer da
sentido crítico do termo fica reservado àqueles que consciente e
história humana. Ao mesmo tempo em que governantes exorcizam a
deliberadamente se põem a filosofar.
filosofia, concebendo-a como uma subversão, buscam fundamentar o
A filosofia é uma reflexão crítica sobre o significado e sentido das seu poder em concepções que lhe deem a garantia da administração
coisas e do mundo, e é orientada por valores oriundos do cotidiano, que política do povo e da nação e justifiquem a sua totalidade.
podem ser adquiridos espontaneamente, através de um direcionamento
Como aborda o autor (p. 27), “não há como negar a filosofia sem
diário inconsciente, decorrente de massificação, do senso comum. Sobre
fazer filosofia, porque para se negar o valor da filosofia dentro do mundo
direcionamento é que deve desenvolver-se o filosofar.
é preciso ter uma concepção do mundo que sustente esta negação”.
Quem não pensa, é pensado por outros, portanto, se não
O pensamento filosófico não é neutro, mas contaminado por
buscarmos refletir criticamente a nossa existência, damos espaço para
interesses e aspirações, e podemos identificar no decorrer de sua história
que o setor dominante pense e decida por nós.
estas evidências de forma bem clara, tanto servindo para impor uma
Luckesi (p. 25) retoma alguns autores para evidenciar a ideologia dominante como para alçar transformações sócio- culturais.
importância de uma compreensão da existência:
2 - O Processo de Filosofar
“Os filósofos exprimem sempre, em cada instante, o pensamento
É de suma importância evidenciarmos como se constitui esse
de um grupo social, de classe ou povo a que pertencem ou representam.
corpo de entendimento a qual nos referimos, e que dá significado ao
Eles são os teoristas, os que explicam e interpretam os desejos, as
mundo. Mas, muitas indagações pairam no ar: Filosofar é inútil? É difícil
tendências e as reivindicações desses grupos, classes ou povos. Seu
e complicado? Como se constitui a filosofia? Como é filosofar?
pensamento depende da situação de domínio ou submissão em que se
encontra o seu grupo, classe ou povo, em relação a outros povos, grupos Para discutir estas questões, o autor reporta-se a Gramsci (p.28):
ou classes. Depende de estar no poder ou em luta pelo poder, em “deve-se destituir o preconceito, muito difundido, de que a filosofia seja
ascensão ou em decadência.” (Leôncio Basbaum) algo muito difícil pelo fato de ser a atividade intelectual própria de uma
determinada categoria de cientistas especializados ou de filósofos
“O ato de filosofar versa sobre o ato de viver, a Filosofia e a História
profissionais e sistemáticos”..
. Por outro lado, isso não significa que a história, que o puro viver, seja
anterior à filosofia. Não há anterioridade da filosofia sobre a história nem Há uma grande tendência em assumirmos o senso comum, ou
da história sobre a filosofia. O ato de viver já está posto na percepção do seja, quando não refletimos a respeito de determinado aspecto, deixamo-
ser, a vida é filosofia. Ao filósofo resta extrair essa filosofia, dizer o nos levar pelo que é comum e hegemônico socialmente.
pensamento pressuposto de um tal viver, indicar a partir de qual
O primeiro passo para o processo de filosofar é assumir a
horizonte, de qual dimensão, um tal viver se constitui.” (Arcângelo Buzzi)
necessidade de conhecer os valores que nos norteiam, tomando
“As ideias ou os princípios dos homens provêm da experiência, consciência das ações, lugares e direções que permeiam a nossa vida.
quer se trate de princípios especulativos, quer de princípios práticos de Um segundo passo, o momento crítico, consiste em submeter esses
moral. Os princípios morais variam segundo os tempos e lugares. valores a uma crítica profunda, identificando o seu significado em nosso
Quando os homens condenam uma determinada ação é porque ela os cotidiano, a sua essência, desvendando-lhes o segredo. O terceiro
prejudica; quando a enaltecem é porque ela lhes é útil. O interesse momento consiste na construção crítica dos valores que venham a ter

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um significado norteador de nossa existência, valores estes válidos Quando a educação não é refletida, efetua-se de foram
para orientar nossas ações no sentido que desejarmos seguir. cristalizada, reproduzindo valores do meio de produção, acomodando-
nos em uma única interpretação de mundo, não possibilitando uma
Estes momentos acima referidos não são fragmentados, como nos lapidação adequada a cada realidade.
foi exposto. O processo de filosofar é uma constante tomada de
consciência, reflexão e reconstrução de valores, simultaneamente. Um Não temos como desvincular filosofia e educação, sendo-nos
momento é, ao mesmo tempo, dependente e propiciador do outro. muito mais rico e eficaz propiciarmos esta parceria de forma consciente
e inovadora.
3 - Filosofia e Educação
4 - Pedagogia
A educação não se manifesta como um fim em si mesma, mas sim
como um instrumento social de manutenção ou transformação. Os processos sócio-culturais, a concepção psicológica do
Caracteriza-se por uma preocupação, uma finalidade a ser atingida, educando, a forma de organização do processo educacional, e outros,
necessitando, portanto, de pressupostos que a norteiem. É a reflexão permeiam a pedagogia, e devem estar articulados a partir de
filosófica quem instrumentaliza a educação em uma sociedade. A pressupostos filosóficos.
educação preocupa-se em propiciar o desenvolvimento das novas Somente através de uma reflexão filosófica sobre a educação é
gerações, enquanto que a filosofia é reflete o que e como deve ser este que devemos estruturar a ação pedagógica, pois esta permite a
desenvolvimento. compreensão dos valores envolvidos, possibilitando-nos direcionar a
Segundo Anísio Teixeira (p.31), abordando filosofia como forma de prática educacional vigente e orientando a posterior.
vida de um povo, “muito antes que as filosofias viessem expressamente
a ser formuladas em sistemas, já a educação, como processo de
Educação e Sociedade: redenção, reprodução e
perpetuação da cultura, nada mais era do que o meio de se transmitir a
transformação
visão do mundo e do homem, que a respectiva sociedade honrasse e
cultivasse.” Para que possamos entender que sentido devemos dar à
educação dentro de uma sociedade, num primeiro momento, devemos
Percebemos uma preocupação com o aspecto educacional desde
buscar compreendê-la bem como ao seu direcionamento.
os pré-socráticos. Citamos os sofistas, que foram educadores, e os
primeiros a receberem uma remuneração para ensinar. O próprio São três as tendências filosófico-políticas da educação
Sócrates morreu em função do seu ideal de educar e estabelecer uma necessárias a nossa compreensão: a educação como redenção, como
moralização grego-ateniense. reprodução e como transformação da sociedade. Filosóficas, porque
compreendem o seu sentido, e políticas porque constituem um
Tanto a Filosofia como a Educação estão presentes em todas as
direcionamento para sua ação.
sociedades, de forma sistematizada ou não, a primeira refletindo as
aspirações humanas e a outra como instrumento veiculador dessa 1 - Educação como redenção da sociedade
reflexão.
Esta tendência concebe a sociedade como composta por
Luckesi (p. 32) releva que “a Filosofia fornece à educação uma indivíduos que convivem em um todo orgânico e harmonioso, ocorrendo
reflexão sobre a sociedade na qual está situada, sobre o educando, o alguns desvios, sejam eles grupais ou individuais. Para a manutenção
educador e para onde esses elementos podem caminhar. desta sociedade, deve-se integrar os indivíduos novos (novas gerações)
ou que estão a sua margem, adaptando-os aos seus parâmetros.
Nas relações entre Filosofia e educação só existem realmente
duas opções: ou se pensa e se reflete sobre o que se faz e assim se O papel da educação seria o de redentora da sociedade, sendo
realiza uma ação educativa consciente; ou não se reflete criticamente e quase que exterior a ela, tendo como finalidade a (re) integração
se executa uma ação pedagógica a partir de uma concepção mais ou harmônica do indivíduo ao seu meio, ou seja, no todo social. Deve,
menos obscura e opaca existente na cultura vivida do dia-a-dia - e assim segundo referência do autor a Saviani (p. 38) ”reforçar os laços sociais,
se realiza uma ação educativa com baixo nível de consciência. promover a coesão social e garantir a integração de todos os indivíduos
no corpo social.”.
O educando, quem é, o que deve ser, qual o seu papel no mundo;
o educador, quem é, qual o seu papel o mundo; a sociedade, o que é, o A educação, neste contexto, assume-se como autônoma na
que pretende; qual deve ser a finalidade da ação pedagógica. Estes são medida em que se configura como mantenedora do corpo social, sendo
alguns problemas que emergem da ação pedagógica dos povos para a que ela é quem interfere na sociedade, e não o contrário.
reflexão filosófica, no sentido de que esta estabeleça pressupostos para
Um grande exemplo desta concepção de educação está na obra
aquela.
de Comênio “Didática Magna: Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo
Assim sendo, não há como processar uma ação pedagógica sem a Todos, onde fica evidente que para ele havia uma ordem, uma
uma correspondente reflexão filosófica...”. harmonia primitiva, no Paraíso Terrestre, instituída por Deus, e a qual o

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homem quebrou, através do pecado, cabendo à educação a recuperação Não há como continuar a produzir sem a entrada de matérias-
dessa ordem. Somente através da educação das crianças e dos jovens primas e sem a reprodução das condições técnicas da produção. Os
(gerações novas) a sociedade será redimida, não havendo equipamentos desgastam-se ou tornam-se obsoletos. Todavia, não nos
possibilidades através do adulto interessa aprofundar, aqui, o estudo da reprodução dos bens materiais.
Basta-nos, por enquanto, saber que sua reprodução é condição
Comênio ressalta que “um dos primeiros ensinamentos que a indispensável para manter a sua produção.
Sagrada Escritura nos dá é este: sob o sol não há nenhum outro caminho
mais eficaz para corrigir as corrupções humanas que a reta educação da No entanto, a produção de bens materiais e sua reprodução não
juventude.”. se realizam sem outro elemento básico: a força de trabalho. Como
qualquer outro elemento, ela não é infinita e inesgotável, o que exige,
Esta concepção de educação permaneceu durante muito tempo, também, a sua reprodução (...) torna-se necessária a formação
influenciando a Pedagogia Tradicional bem como os pedagogos do final profissional, segundo os diversos níveis e necessidades da divisão social
século XIX na Pedagogia Nova. Ainda hoje podemos identificar sequelas do trabalho.”.
desta tendência em práticas onde não há um compromisso político e sim
uma proposta de “por ordem na sociedade”. A partir deste quadro, a escola passou a atuar como instrumento
para a reprodução qualitativa da força de trabalho da qual necessitava a
A esta tendência, Dermeval Saviani denomina de “teoria não- sociedade capitalista, sendo que para Althusser ela atua em dois
crítica da educação”, em função da não contextualização crítica dentro sentidos:
da sociedade na qual está inserida.
1. Ensinando saberes práticos, para os diferentes alunos
2 - Educação como reprodução da sociedade (operários, técnicos, engenheiros, etc.) de acordo com os diferentes
A educação faz, integralmente, parte da sociedade e a reproduz. lugares de produção onde deveriam ser utilizados.
Desta forma é concebida a educação para esta segunda tendência, 2. Ensinando as regras dos bons costumes (regras de respeito pela
abordando-a como uma instância dentro da sociedade e exclusivamente divisão social do trabalho), de acordo com o lugar que o aluno estava
a seu serviço, determinada pelos condicionantes econômicos, sociais e destinado a ocupar.
políticos.
Para Althusser, a escola, e também outras instituições, ensinam os
A visão desta abordagem é “crítica”, pois condiciona a educação saberes práticos, mas em moldes que asseguram a sujeição à ideologia
aos seus determinantes, porém reprodutivista, pois destina-se a dominante. Todos devem desempenhar eficientemente a sua tarefa, seja
reproduzir seus próprios condicionantes, sendo denominada por Saviani ela de dominante ou de dominado, devendo, para isto, estar inserido
de ”teoria crítico-reprodutivista da educação”. adequadamente na ideologia. Não basta “saber fazer”, mas
Reportemo-nos ao livro Ideologia e Aparelhos Ideológicos de essencialmente também “saber comportar-se”.
Estado, de Louis Althusser, onde, a partir de pressupostos marxistas, “O termo ‘formação’, muito utilizado para definir os fins da atividade
aborda o papel da escola como um dos aparelhos do Estado, como umas escolar, expressa bem o papel de reprodutora do sistema que
das instâncias da sociedade que veicula a sua ideologia dominante, para desempenha a escola. ‘Formar’ quer dizer ‘dar forma a’, padronizar
reproduzi-la. segundo um modelo.
Luckesi (p. 42), discorre que “toda sociedade, para perenizar-se, Segundo o autor (p. 47), “a prática escolar que perpassa a vida das
necessita reproduzir-se em todos os seus aspectos; caso contrário, pessoas, da infância à maturidade, deixa sua marca indelével na
desaparece. Parafraseando Marx, Althusser no diz que se ‘uma formação personalidade de cada um reproduzindo a força de trabalho;
social não reproduz as condições de produção ao mesmo tempo em que reproduzindo mais propriamente as relações de produção de uma dada
produz, não conseguirá sobreviver um ano que seja’. E, para que isso sociedade. Os papéis definidos pela divisão social do trabalho se
aconteça, tanto economistas marxistas como burgueses reconhecem especificam conforme a escolaridade de cada um”. Se reportando a
‘que não há produção possível sem que seja assegurada a reprodução Althusser, “Cada massa que fica pelo caminho está praticamente
das condições materiais da produção: a reprodução dos meios de recheada da ideologia que convém ao papel que ela deve desempenhar
produção’. na sociedade de classes:
Assim, a cada momento, os administradores da produção deverão • papel de explorado (com consciência profissional, moral,
estar atentos, verificando o que necessita ser suprido e/ou substituído, cívica, nacional e apolítica altamente desenvolvida);
para a manutenção do teor de produção ou para o seu incremento e
aumento. É impossível manter a produção sem que ocorra a reprodução • papel de agente da exploração (saber mandar e falar aos
dos meios materiais que garantam a manutenção ou o incremento da operários; as relações humanas);
produção, assim como torna-se necessária a ‘reprodução cultural’ da • de agentes de repressão (saber mandar e ser obedecido sem
sociedade. É este o tema de abordagem de Althusser. Vamos seguir seu discussão ou saber manejar a demagogia da retórica dos dirigentes
raciocínio. políticos);
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• ou (de) profissionais (que saibam tratar as consciências com I - DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO À PEDAGOGIA
respeito, isto é, com o desprezo, a chantagem, a demagogia que Filosofia e Educação: elucidações conceituais e articulações
convém, acomodados às sutilezas da Moral, da Virtude, da
Segundo Luckesi, a educação é norteada por uma concepção
Transcendência, da Nação, do papel da França no mundo, etc..)”.
teórica, ou seja, a prática educacional é estruturada em uma concepção
Nesta concepção, é a sociedade quem institui a escola a seu filosófica que direciona os elementos envolvidos neste processo.
serviço, sendo esta apenas um instrumento de reprodução e
Em primeiro lugar, discute o que é filosofia, articulando-a,
manutenção do sistema vigente.
posteriormente, com a educação.
3 - Educação como transformação da sociedade
1 - Filosofia
Esta terceira tendência tem como objetivo compreender a
A palavra filosofia é correntemente utilizada no nosso dia-a-dia,
educação como uma mediadora de um projeto social, seja ele
como por exemplo, nas expressões seguintes: “Esta é a minha filosofia
conservador ou transformador, não colocando a educação como
de vida.”, ou “Pela minha filosofia, considero esta postura inadequada.”.
mantenedora da sociedade, a serviço da conservação. Busca
Sabemos, ou já ouvimos dizer, que ela significa “amigo da sabedoria”
compreender a educação dentro da sociedade, com seus determinantes
(filon = amigo / sofia = sabedoria), e também já ouvimos referências aos
e condicionantes, mas com a possibilidade de trabalhar pela sua
famosos filósofos gregos, como Aristóteles, Sócrates e Platão. Mas
democratização efetiva e concreta, atingindo os aspectos não só
afinal, sabemos realmente o que é filosofia e para que ela serve?
políticos, mas também sociais e econômicos, podendo ser denominada
de “crítica”. No decorrer da nossa história, muitas foram as definições
atribuídas à Filosofia, das mais simples as mais complexas, levando a
Luckesi (p. 49) enfoca que “para tanto, importa interpretar a
pessoas, muitas vezes, a descartar a sua importância, retrucando que “é
educação como uma instância dialética que serve a um projeto, a um
um jogo inútil e estéril de palavras” ou que é “muito difícil e só serve e
modelo, a um ideal de sociedade. Ela medeia esse projeto, ou seja,
interessa a pessoas especiais e muito inteligentes”. Uma frase muito
trabalha para realizar esse projeto na prática. Assim, se o projeto for
popular, que diz respeito a Filosofia, é que “a filosofia é uma ciência com
conservador, medeia a conservação; contudo, se o projeto for
a qual ou sem a qual o mundo continua tal e qual”, referindo-se que não
transformador, medeia a transformação; se o projeto for autoritário,
precisamos dela para resolver os nossos problemas.
medeia a realização do autoritarismo; se o projeto for democrático,
medeia a realização da democracia.” Buscando uma outra vertente, o autor aborda que “... a Filosofia é
um corpo de conhecimento, constituído a partir de um esforço que o ser
A educação, para esta tendência, está a serviço de um projeto de
humano vem fazendo de compreender o seu mundo e dar-lhe um
libertação das maiorias dentro da sociedade. Não se restringe a um
sentido, um significado compreensivo. Corpo de conhecimentos, em
trabalho simples, sendo que muitas barreiras podem ser encontradas
Filosofia, significa um conjunto coerente e organizado de entendimentos
dentro de uma sociedade capitalista, onde há uma ideologia dominante
sobre a realidade. Conhecimentos estes que expressam o entendimento
impondo as regras, mas devemos lutar contra a discriminação, contra o
que se tem do mundo, a partir de desejos, anseios e aspirações.” (p.22).
rebaixamento do ensino das camadas populares e contra a apropriação
da escola pelos interesses dominantes. Podemos explicar melhor a colocação acima nos reportando ao
trabalho do filósofo, que consiste em sistematizar as aspirações
4 - Conclusão
humanas, sendo elas que dão o sentido ao cotidiano e a suas
Após discorrermos sobre estas três tendências interpretativas da implicações, ou seja, ninguém vive sem um sentido para a vida, e o
educação, traçamos um parâmetro para que você possa identificar os filósofo busca o entendimento desse sentido norteador, reflete o destino
principais pontos de cada uma. da humanidade.

“A Filosofia se manifesta ao ser humano como uma forma de


entendimento que tanto propicia a compreensão da sua existência, em
Aspectos Filosóficos da Educação
termos de significado, como lhe oferece um direcionamento para a sua
LUCKESI, Cipriano (1990). Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez. ação, um rumo para seguir ou, ao menos, para lutar por ele. Ela
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO estabelece um quadro organizado e coerente de “visão de mundo”
sustentando, consequentemente, uma proposição organizada e coerente
Este livro foi elaborado com o propósito de servir como material de
para o agir. Nós não “agimos por agir”. Agimos, sim, por uma certa
apoio para cursos de formação do magistério. O autor objetivou discutir
finalidade, que pode ser mais ampla ou mais restrita. As finalidades
a Filosofia da Educação vinculada diretamente com a prática docente,
restrita são aquelas que se referem à obtenção de benefícios imediatos,
refletindo-a e buscando ter clareza do seu significado, discutindo a
tais como: comprar um carro, assumir um cargo.
didática como um elemento articulador dos aspectos teóricos e filosóficos
da educação com o exercício docente.

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As finalidades mais amplas são aquelas que se referem ao sentido história nem da história sobre a filosofia. O ato de viver já está posto na
da existência: buscar o bem da sociedade, lutar pela emancipação dos percepção do ser, a vida é filosofia. Ao filósofo resta extrair essa filosofia,
oprimidos, lutar pela emancipação de um povo, etc.. Isso tudo, por quê? dizer o pensamento pressuposto de um tal viver, indicar a partir de qual
Certamente devido ao fato de que a vida só tem sentido se vivida em horizonte, de qual dimensão, um tal viver se constitui.” (Arcângelo Buzzi)
função de valores dignos e dignificantes. Desse modo, a Filosofia é um “As ideias ou os princípios dos homens provêm da experiência,
corpo de entendimentos que compreende a direciona a existência quer se trate de princípios especulativos, quer de princípios práticos de
humana em suas mais variadas dimensões.” (p. 23) moral. Os princípios morais variam segundo os tempos e lugares.
A Filosofia deve propiciar um modo coerente de agir, já que parte Quando os homens condenam uma determinada ação é porque ela os
de uma forma coerente de interpretar o mundo. prejudica; quando a enaltecem é porque ela lhes é útil. O interesse (não
o interesse pessoal, mas o interesse social) determina, assim, os
Segundo Leôncio Basbaum, “a filosofia não é, de modo algum, julgamentos do homem no domínio da vida social.” (Plekanov)
uma simples abstração independente da vida. Ela é, ao contrário, a
própria manifestação da vida humana e a sua mais alta expressão. Por Como já dissemos, a filosofia busca a interpretação dos anseios
vezes, através de uma simples atividade prática, outras vezes no fundo humanos, ou seja, não preocupa-se só com o presente, mas com o que
de uma metafísica profunda e existencial, mas sempre dentro da está por vir, sendo que é condicionada pelo momento histórico e, ao
atividade humana, física ou espiritual, há filosofia (...) A filosofia traduz o mesmo tempo, condicionante do momento histórico subsequente. Mas
sentir, o pensar e o agir do homem. Evidentemente, ele não se alimenta como?
da filosofia, mas, sem dúvida nenhuma, com a ajuda da filosofia.”. A filosofia manifesta-se como impulsionadora da ação, refletindo
Todos nós temos necessidade de compreender o mundo, sendo as aspirações do homem e, consequentemente influenciando os
uma necessidade natural do ser humano, não sendo este um aspecto acontecimentos futuros, que já não serão os mesmos partindo-se do
somente do filósofo. Todos nós, seres viventes, segundo Arcângelo pressuposto que já foram influenciados por uma reflexão anterior. Pode-
Buzzi, possuímos uma filosofia de vida, uma concepção de mundo, uma se considerá-la como um sustentáculo de um determinado modo de agir,
significação inconsciente que emprestamos à vida, sendo que podemos uma arma política.
dizer que todo homem é filósofo no sentido usual da expressão. O Em função disto, podemos identificar contradições no decorrer da
sentido crítico do termo fica reservado àqueles que consciente e história humana. Ao mesmo tempo em que governantes exorcizam a
deliberadamente se põem a filosofar. filosofia, concebendo-a como uma subversão, buscam fundamentar o
A filosofia é uma reflexão crítica sobre o significado e sentido das seu poder em concepções que lhe deem a garantia da administração
coisas e do mundo, e é orientada por valores oriundos do cotidiano, que política do povo e da nação e justifiquem a sua totalidade.
podem ser adquiridos espontaneamente, através de um direcionamento Como aborda o autor (p. 27), “não há como negar a filosofia sem
diário inconsciente, decorrente de massificação, do senso comum. Sobre fazer filosofia, porque para se negar o valor da filosofia dentro do mundo
direcionamento é que deve desenvolver-se o filosofar. é preciso ter uma concepção do mundo que sustente esta negação”.
Quem não pensa, é pensado por outros, portanto, se não O pensamento filosófico não é neutro, mas contaminado por
buscarmos refletir criticamente a nossa existência, damos espaço para interesses e aspirações, e podemos identificar no decorrer de sua história
que o setor dominante pense e decida por nós. estas evidências de forma bem clara, tanto servindo para impor uma
Luckesi (p. 25) retoma alguns autores para evidenciar a ideologia dominante como para alçar transformações sócio- culturais.
importância de uma compreensão da existência: 2 - O Processo de Filosofar
“Os filósofos exprimem sempre, em cada instante, o pensamento É de suma importância evidenciarmos como se constitui esse
de um grupo social, de classe ou povo a que pertencem ou representam. corpo de entendimento a qual nos referimos, e que dá significado ao
Eles são os teoristas, os que explicam e interpretam os desejos, as mundo. Mas, muitas indagações pairam no ar: Filosofar é inútil? É difícil
tendências e as reivindicações desses grupos, classes ou povos. Seu e complicado? Como se constitui a filosofia? Como é filosofar?
pensamento depende da situação de domínio ou submissão em que se
Para discutir estas questões, o autor reporta-se a Gramsci (p.28):
encontra o seu grupo, classe ou povo, em relação a outros povos, grupos
“deve-se destituir o preconceito, muito difundido, de que a filosofia seja
ou classes. Depende de estar no poder ou em luta pelo poder, em
algo muito difícil pelo fato de ser a atividade intelectual própria de uma
ascensão ou em decadência.” (Leôncio Basbaum)
determinada categoria de cientistas especializados ou de filósofos
“O ato de filosofar versa sobre o ato de viver, a Filosofia e a História profissionais e sistemáticos”..
. Por outro lado, isso não significa que a história, que o puro viver, seja
anterior à filosofia. Não há anterioridade da filosofia sobre a

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Há uma grande tendência em assumirmos o senso comum, ou se realiza uma ação educativa com baixo nível de consciência.O educando,
seja, quando não refletimos a respeito de determinado aspecto, deixamo- quem é, o que deve ser, qual o seu papel no mundo; o educador, quem é,
nos levar pelo que é comum e hegemônico socialmente. qual o seu papel o mundo; a sociedade, o que é, o que pretende; qual deve
ser a finalidade da ação pedagógica. Estes são alguns problemas que
O primeiro passo para o processo de filosofar é assumir a emergem da ação pedagógica dos povos para a reflexão filosófica, no
necessidade de conhecer os valores que nos norteiam, tomando sentido de que esta estabeleça pressupostos para aquela.
consciência das ações, lugares e direções que permeiam a nossa vida.
Um segundo passo, o momento crítico, consiste em submeter esses Assim sendo, não há como processar uma ação pedagógica sem
valores a uma crítica profunda, identificando o seu significado em nosso uma correspondente reflexão filosófica...”.
cotidiano, a sua essência, desvendando-lhes o segredo. O terceiro Quando a educação não é refletida, efetua-se de foram
momento consiste na construção crítica dos valores que venham a ter cristalizada, reproduzindo valores do meio de produção, acomodando-
um significado norteador de nossa existência, valores estes válidos para nos em uma única interpretação de mundo, não possibilitando uma
orientar nossas ações no sentido que desejarmos seguir. lapidação adequada a cada realidade.
Estes momentos acima referidos não são fragmentados, como nos Não temos como desvincular filosofia e educação, sendo-nos
foi exposto. O processo de filosofar é uma constante tomada de muito mais rico e eficaz propiciarmos esta parceria de forma consciente
consciência, reflexão e reconstrução de valores, simultaneamente. Um e inovadora.
momento é, ao mesmo tempo, dependente e propiciador do outro.
4 - Pedagogia
3 - Filosofia e Educação
Os processos sócio-culturais, a concepção psicológica do
A educação não se manifesta como um fim em si mesma, mas sim educando, a forma de organização do processo educacional, e outros,
como um instrumento social de manutenção ou transformação. permeiam a pedagogia, e devem estar articulados a partir de
Caracteriza-se por uma preocupação, uma finalidade a ser atingida, pressupostos filosóficos.
necessitando, portanto, de pressupostos que a norteiem. É a reflexão
Somente através de uma reflexão filosófica sobre a educação é
filosófica quem instrumentaliza a educação em uma sociedade. A
que devemos estruturar a ação pedagógica, pois esta permite a
educação preocupa-se em propiciar o desenvolvimento das novas
compreensão dos valores envolvidos, possibilitando-nos direcionar a
gerações, enquanto que a filosofia é reflete o que e como deve ser este
prática educacional vigente e orientando a posterior.
desenvolvimento.
Educação e Sociedade: redenção, reprodução e transformação
Segundo Anísio Teixeira (p.31), abordando filosofia como forma de
vida de um povo, “muito antes que as filosofias viessem expressamente Para que possamos entender que sentido devemos dar à
a ser formuladas em sistemas, já a educação, como processo de educação dentro de uma sociedade, num primeiro momento, devemos
perpetuação da cultura, nada mais era do que o meio de se transmitir a buscar compreendê-la bem como ao seu direcionamento.
visão do mundo e do homem, que a respectiva sociedade honrasse e
São três as tendências filosófico-políticas da educação
cultivasse.”
necessárias a nossa compreensão: a educação como redenção, como
Percebemos uma preocupação com o aspecto educacional desde reprodução e como transformação da sociedade. Filosóficas, porque
os pré-socráticos. Citamos os sofistas, que foram educadores, e os compreendem o seu sentido, e políticas porque constituem um
primeiros a receberem uma remuneração para ensinar. O próprio direcionamento para sua ação.
Sócrates morreu em função do seu ideal de educar e estabelecer uma
1 - Educação como redenção da sociedade
moralização grego-ateniense.
Esta tendência concebe a sociedade como composta por
Tanto a Filosofia como a Educação estão presentes em todas as
indivíduos que convivem em um todo orgânico e harmonioso, ocorrendo
sociedades, de forma sistematizada ou não, a primeira refletindo as
alguns desvios, sejam eles grupais ou individuais. Para a manutenção
aspirações humanas e a outra como instrumento veiculador dessa
desta sociedade, deve-se integrar os indivíduos novos (novas gerações)
reflexão.
ou que estão a sua margem, adaptando-os aos seus parâmetros.
Luckesi (p. 32) releva que “a Filosofia fornece à educação uma
O papel da educação seria o de redentora da sociedade, sendo
reflexão sobre a sociedade na qual está situada, sobre o educando, o
quase que exterior a ela, tendo como finalidade a (re) integração
educador e para onde esses elementos podem caminhar.
harmônica do indivíduo ao seu meio, ou seja, no todo social. Deve,
Nas relações entre Filosofia e educação só existem realmente segundo referência do autor a Saviani (p. 38) ”reforçar os laços sociais,
duas opções: ou se pensa e se reflete sobre o que se faz e assim se promover a coesão social e garantir a integração de todos os indivíduos
realiza uma ação educativa consciente; ou não se reflete criticamente e no corpo social.”.
se executa uma ação pedagógica a partir de uma concepção mais ou
menos obscura e opaca existente na cultura vivida do dia-a-dia - e assim

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A educação, neste contexto, assume-se como autônoma na Assim, a cada momento, os administradores da produção deverão
medida em que se configura como mantenedora do corpo social, sendo estar atentos, verificando o que necessita ser suprido e/ou substituído,
que ela é quem interfere na sociedade, e não o contrário. para a manutenção do teor de produção ou para o seu incremento e
aumento. É impossível manter a produção sem que ocorra a reprodução
Um grande exemplo desta concepção de educação está na obra dos meios materiais que garantam a manutenção ou o incremento da
de Comênio “Didática Magna: Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo produção, assim como torna-se necessária a ‘reprodução cultural’ da
a Todos, onde fica evidente que para ele havia uma ordem, uma sociedade. É este o tema de abordagem de Althusser. Vamos seguir seu
harmonia primitiva, no Paraíso Terrestre, instituída por Deus, e a qual o raciocínio.
homem quebrou, através do pecado, cabendo à educação a recuperação
dessa ordem. Somente através da educação das crianças e dos jovens Não há como continuar a produzir sem a entrada de matérias-
(gerações novas) a sociedade será redimida, não havendo primas e sem a reprodução das condições técnicas da produção. Os
possibilidades através do adulto equipamentos desgastam-se ou tornam-se obsoletos. Todavia, não nos
interessa aprofundar, aqui, o estudo da reprodução dos bens materiais.
Comênio ressalta que “um dos primeiros ensinamentos que a Basta-nos, por enquanto, saber que sua reprodução é condição
Sagrada Escritura nos dá é este: sob o sol não há nenhum outro caminho indispensável para manter a sua produção.
mais eficaz para corrigir as corrupções humanas que a reta educação da
juventude.”. No entanto, a produção de bens materiais e sua reprodução não
se realizam sem outro elemento básico: a força de trabalho. Como
Esta concepção de educação permaneceu durante muito tempo, qualquer outro elemento, ela não é infinita e inesgotável, o que exige,
influenciando a Pedagogia Tradicional bem como os pedagogos do final também, a sua reprodução (...) torna-se necessária a formação
século XIX na Pedagogia Nova. Ainda hoje podemos identificar sequelas profissional, segundo os diversos níveis e necessidades da divisão social
desta tendência em práticas onde não há um compromisso político e sim do trabalho.”.
uma proposta de “por ordem na sociedade”.
A partir deste quadro, a escola passou a atuar como instrumento
A esta tendência, Dermeval Saviani denomina de “teoria não- para a reprodução qualitativa da força de trabalho da qual necessitava a
crítica da educação”, em função da não contextualização crítica dentro sociedade capitalista, sendo que para Althusser ela atua em dois
da sociedade na qual está inserida. sentidos:
2 - Educação como reprodução da sociedade 1. Ensinando saberes práticos, para os diferentes alunos
A educação faz, integralmente, parte da sociedade e a reproduz. (operários, técnicos, engenheiros, etc.) de acordo com os diferentes
Desta forma é concebida a educação para esta segunda tendência, lugares de produção onde deveriam ser utilizados.
abordando-a como uma instância dentro da sociedade e exclusivamente 2. Ensinando as regras dos bons costumes (regras de respeito pela
a seu serviço, determinada pelos condicionantes econômicos, sociais e divisão social do trabalho), de acordo com o lugar que o aluno estava
políticos. destinado a ocupar.
A visão desta abordagem é “crítica”, pois condiciona a educação Para Althusser, a escola, e também outras instituições, ensinam os
aos seus determinantes, porém reprodutivista, pois destina-se a saberes práticos, mas em moldes que asseguram a sujeição à ideologia
reproduzir seus próprios condicionantes, sendo denominada por Saviani dominante. Todos devem desempenhar eficientemente a sua tarefa, seja
de ”teoria crítico-reprodutivista da educação”. ela de dominante ou de dominado, devendo, para isto, estar inserido
Reportemo-nos ao livro Ideologia e Aparelhos Ideológicos de adequadamente na ideologia. Não basta “saber fazer”, mas
Estado, de Louis Althusser, onde, a partir de pressupostos marxistas, essencialmente também “saber comportar-se”.
aborda o papel da escola como um dos aparelhos do Estado, como umas “O termo ‘formação’, muito utilizado para definir os fins da atividade
das instâncias da sociedade que veicula a sua ideologia dominante, para escolar, expressa bem o papel de reprodutora do sistema que
reproduzi-la. desempenha a escola. ‘Formar’ quer dizer ‘dar forma a’, padronizar
Luckesi (p. 42), discorre que “toda sociedade, para perenizar-se, segundo um modelo.
necessita reproduzir-se em todos os seus aspectos; caso contrário, Segundo o autor (p. 47), “a prática escolar que perpassa a vida das
desaparece. Parafraseando Marx, Althusser no diz que se ‘uma formação pessoas, da infância à maturidade, deixa sua marca indelével na
social não reproduz as condições de produção ao mesmo tempo em que personalidade de cada um reproduzindo a força de trabalho;
produz, não conseguirá sobreviver um ano que seja’. E, para que isso reproduzindo mais propriamente as relações de produção de uma dada
aconteça, tanto economistas marxistas como burgueses reconhecem sociedade. Os papéis definidos pela divisão social do trabalho se
‘que não há produção possível sem que seja assegurada a reprodução especificam conforme a escolaridade de cada um”. Se reportando a
das condições materiais da produção: a reprodução dos meios de Althusser, “Cada massa que fica pelo caminho está praticamente
produção’. recheada da ideologia que convém ao papel que ela deve desempenhar
na sociedade de classes:
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• papel de explorado (com consciência profissional, moral, INTRODUÇÃO:
cívica, nacional e apolítica altamente desenvolvida); Contribuições da psicologia para a aprendizagem escolar
• papel de agente da exploração (saber mandar e falar aos “Sabemos que quanto mais informações os educadores tiverem
operários; as relações humanas); sobre o processo de aprendizagem dos conteúdos escolares, maiores
• de agentes de repressão (saber mandar e ser obedecido sem serão as chances de melhoria das práticas pedagógicas. Compreende-
discussão ou saber manejar a demagogia da retórica dos dirigentes se, assim, a relevância teórica dos estudos psicológicos para a área da
políticos); educação e a necessidade de se efetivar maior intercâmbio entre a
Psicologia e a Pedagogia, à medida que aumentam os problemas que as
• ou (de) profissionais (que saibam tratar as consciências com escolas tem que enfrentar” (DAVIS, C. e OLIVEIRA, Z.).
respeito, isto é, com o desprezo, a chantagem, a demagogia que
convém, acomodados às sutilezas da Moral, da Virtude, da O programa ora apresentado pelas duas autoras parte de uma
Transcendência, da Nação, do papel da França no mundo, etc..)”. concepção distinta daquela que, em geral, é adotado em cursos
introdutórios de Psicologia aplicada à educação em cursos de formação
Nesta concepção, é a sociedade quem institui a escola a seu de professores a nível de 2º e 3º graus. A concepção prevalecente nos
serviço, sendo esta apenas um instrumento de reprodução e manutenção programas de tais cursos pretende-se eclético, no sentido de fornecer
do sistema vigente. uma ampla visão da área. Procura-se transmitir ao aluno um acervo de
3 - Educação como transformação da sociedade conhecimentos que abarca uma variedade de teorias de aprendizagem,
desenvolvimento e personalidade, muitas das quais, em essência,
Esta terceira tendência tem como objetivo compreender a
irreconciliáveis. O objetivo dessas orientações é propiciar ao futuro
educação como uma mediadora de um projeto social, seja ele
professor uma ampla gama de informações, na suposição de que ele
conservador ou transformador, não colocando a educação como
saberá, futuramente, selecionar aquelas que melhor lhe sirvam no
mantenedora da sociedade, a serviço da conservação. Busca
exercício da profissão.
compreender a educação dentro da sociedade, com seus determinantes
e condicionantes, mas com a possibilidade de trabalhar pela sua O objetivo do presente livro, portanto, não é apresentar ao futuro
democratização efetiva e concreta, atingindo os aspectos não só professor um conjunto de práticas de ensino, materiais e informações
políticos, mas também sociais e econômicos, podendo ser denominada teóricas, dizendo-lhe, em seguida, o que fazer na sala de aula para ser
de “crítica”. um bom professor. Antes, procura-se, sobretudo, “desequilibrar” as
ideias arranjadas, discutir suposições, criar espaço para as novas
Luckesi (p. 49) enfoca que “para tanto, importa interpretar a
reflexões.
educação como uma instância dialética que serve a um projeto, a um
modelo, a um ideal de sociedade. Ela medeia esse projeto, ou seja, Conhecendo os seus alunos e a maneira através da qual se dá o
trabalha para realizar esse projeto na prática. Assim, se o projeto for seu desenvolvimento no ambiente concreto em que vivem, entendendo
conservador, medeia a conservação; contudo, se o projeto for os mecanismos que propiciam e facilitam a apropriação de
transformador, medeia a transformação; se o projeto for autoritário, conhecimentos e, sobretudo, tendo consciência da importância da ação
medeia a realização do autoritarismo; se o projeto for democrático, docente, o professor poderá avaliar criticamente os conteúdos a ação
medeia a realização da democracia.” docente, o professor poderá avaliar criticamente os conteúdos escolares
e os métodos de ensino, de modo que a aprendizagem escolar conduza
A educação, para esta tendência, está a serviço de um projeto de
a um desenvolvimento efetivo.
libertação das maiorias dentro da sociedade. Não se restringe a um
trabalho simples, sendo que muitas barreiras podem ser encontradas
dentro de uma sociedade capitalista, onde há uma ideologia dominante Unidade I - A Psicologia na Educação
impondo as regras, mas devemos lutar contra a discriminação, contra o
rebaixamento do ensino das camadas populares e contra a apropriação 1- A construção social do sujeito
da escola pelos interesses dominantes. “Na Índia, onde os casos de meninos-lobos foram relativamente
4 - Conclusão numerosos, descobriram-se, em 1920, duas crianças, Amala e Kamala,
vivendo no meio de uma família de lobos. A primeira tinha uma ano e
Após discorrermos sobre estas três tendências interpretativas da meio e veio a morrer um ano mais tarde. Kamala, de oito anos de idade,
educação, traçamos um parâmetro para que você possa identificar os viveu até 1929. Não tinha nada de humano, e o seu comportamento era
principais pontos de cada uma. exatamente semelhante àquele dos seus irmãos lobos.

“Elas caminhavam de quatro, apoiando-se sobre os joelhos e


Aspectos Psicológicos da Educação cotovelos para os pequenos trajetos e sobre as mãos e os pés para os
trajetos longos e rápidos.
DAVIS, Cláudia e OLIVEIRA, Zilma (1990). Psicologia da Educação.

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“Eram incapazes de permanecer em pé. Só se alimentavam de ciência psicológica. E é disto que se tratará a seguir.A Psicologia do
carne crua ou podre, comiam e bebiam como os animais. Na instituição Desenvolvimento
onde foram recolhidas, passavam o dia acabrunhadas e prostradas
Segundo DAVIS, C. e OLIVEIRA, Z. (1997), desenvolvimento é o
numa sombra; eram ativas e ruidosas durante a noite, procurando fugir
processo através do qual o indivíduo constrói ativamente, nas relações
e uivando como lobos. Nunca choravam ou riam. Kamala viveu oito anos
que estabelece com o ambiente físico e social, suas características.
na instituição que a acolheu, humanizando-se lentamente. Ela
necessitou de seis anos para aprender a andar e pouco antes de morrer Ao contrário de outras espécies, as características humanas não
só tinha um vocabulário de 50 palavras. Atitudes afetivas foram são biologicamente herdadas, mas historicamente formadas. De geração
aparecendo aos poucos. em geração, o grau de desenvolvimento alcançado por uma sociedade
vai sendo acumulado e transmitido, indo influir, já desde o nascimento,
“Ela chorou pela primeira vez por ocasião da morte de Amala e se
na percepção que o indivíduo vai construindo sobra a realidade, inclusive
apegou lentamente às pessoas que cuidaram dela e às outras com as
no que se refere às explicações do eventos e fenômenos do mundo
quais conviveu.
natural.
“A sua inteligência permitiu-lhe comunicar-se com outros por
Para que a apropriação das características humanas se dê, é
gestos, inicialmente, e depois por palavras de um vocabulário
preciso que ocorra atividade por parte do sujeito: é necessário que sejam
rudimentar, aprendendo a executar ordens simples.”
formadas ações e operações motoras e mentais.
A partir do relato acima poderemos entender em que medida as
A formação dessas habilidades se dá ao longo da interação do
características humanas dependem do convívio social. Amala e Kamala,
indivíduo como o mundo social, Ele deve dominar o uso de um número
as meninas-lobos da Índia por terem sido privadas do contato com outras
cada vez maior de objetos e aprender a agir em situações cada vez mais
pessoas, não conseguiram se humanizar: não aprenderam a se
complexas, buscando identificar os significados desses objetos e
comunicar através da fala, não foram ensinadas a usar determinados
situações.
utensílios e instrumentos sociais, não desenvolveram processos de
pensamento lógico. O que pretende estudar a Psicologia do desenvolvimento, é como
Esse caso Amala e kamala representa, no entanto, uma exceção. se desenvolvem as funções psicológicas que distinguem o homem de
outras espécies. Ela estuda a evolução da capacidade perceptual e
Em geral, o bebê nasce, cresce, vive e atua em um mundo social. É por
motora, das funções intelectuais, da sociabilidade e da afetividade do ser
intermédio do contato humano que a criança adquire a linguagem e
passa, por meio dela, a se comunicar com outros seres humanos e a humano. Descreve como essas capacidades se modificam e busca
organizar seu pensamento. explicar tais modificações.

Como cita DAVIS, C. e OLIVEIRA, Z. (1997), é no convívio social, 2- A Psicologia da Aprendizagem.


através das atividades práticas realizadas, que se criam as condições Segundo DAVIS, C. e OLIVEIRA, Z. (1997), a aprendizagem é o
para o aparecimento da consciência, que é a capacidade de distinguir processo através do qual a criança se apropria ativamente do conteúdo
entre as propriedades objetivas e estáveis da realidade e aquilo que é da experiência humana, daquilo que o seu grupo social conhece. Para
vivido subjetivamente. Através do trabalho, os homens se organizam que a criança aprenda, ela necessitará interagir como outros seres
para alcançar determinados fins, respondendo aos impasses que a humanos especialmente com os adultos e com outras crianças mais
natureza coloca à sobrevivência. Para tanto, usam do conhecimento experientes. Nas inúmeras interações em que se envolve desde o
acumulado por gerações e criam, a partir do trabalho, outro nascimento, a criança vai gradativamente ampliando suas formas de lidar
conhecimentos. com o mundo e vai construindo significados para as suas ações e para
O papel da Psicologia é investigar as modificações que ocorrem as experiências que vive. Com o uso da linguagem, esses significados
nos processos envolvidos na relação do indivíduo com o mundo ganham maior abrangência, dando origem a conceitos, ou seja,
(cognitivos, emocionais, afetivos, etc), analisando os seus mecanismos significados partilhados por grande parte do grupo social. A linguagem,
básicos. Para realizar sua proposta, a Psicologia interage com outras além disso, irá integrar-se ao pensamento, formando uma importante
ciências tais como a Medicina, a Biologia, a Filosofia, a Genética, a base sobre a qual se desenvolverá o funcionamento intelectual. O
Antropologia, a Sociologia, além da Pedagogia. Estes ramos do pensamento pode ser entendido, desta forma, como um diálogo
conhecimento estão imbricados uns aos outros, de tal forma que, muitas interiorizado.
vezes, é difícil saber em que domínio se está atuando. A Psicologia da Aprendizagem estuda o complexo processo pelo
Ao se dedicar ao estudo de tantos e diferentes aspectos, a qual as formas de pensar e os conhecimentos existentes numa
Psicologia acaba por desenvolver campos de investigações mais sociedade são apropriados pela criança. Para que se possa entender
específicos e delimitados. esse processo é necessário reconhecer a natureza social da
aprendizagem. Como já foi dito, as operações cognitivas (aquelas
Importam, para a educação, os conhecimentos advindos da
envolvidas no processo de conhecer) são sempre ativamente
Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem, áreas específicas da

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construídas na interação com outros indivíduos. externos no desenvolvimento não era destacado. Enfatizava-se ora
Reconhece-se, dessa maneira, que as pessoas, em especial as osprimeiros , ora os segundos. Os filósofos e os cientistas criaram, assim,
crianças, aprendem através de ações partilhadas mediadas pela teorias ou abordagens denominadas inatistas - que salientam a importância
linguagem e pela instrução. A interação entre adultos e crianças, e entre dos fatores endógenos - e teorias ou abordagens chamadas ambientalistas
crianças, portanto, é fundamental na aprendizagem. A Psicologia da - onde especial atenção se dá à ação do meio e da cultura sobre a conduta
Aprendizagem, aplicada à educação e ao ensino, busca mostrar como, humana.
através da interação entre professor e alunos, e entre os alunos, é 1.1. A Condição Inatista
possível a aquisição do saber e da cultura acumulados, sendo o papel
Essa concepção parte do pressuposto de que os eventos que
do professor fundamental neste processo.
ocorrem após o nascimento não são essenciais e/ou importantes para o
3- A Psicologia na Educação desenvolvimento . As qualidades e capacidades básicas de cada ser
Como comenta DAVIS, C. e OLIVEIRA, Z. (1997), comete-se o humano - sua personalidade, seus valores, hábitos e crenças, sua forma
erro de pensar que a aprendizagem começa apenas na idade escolar. de pensar, suas relações emocionais e mesmo sua conduta social - já
Consequentemente, parte-se do princípio de que os ensinamentos que se encontrariam basicamente prontas e em sua forma final por ocasião
ocorrem na escola principiam na sala de aula. do nascimento, sofrendo pouca diferenciação qualitativa e quase
nenhuma transformação ao longo da existência . O papel do ambiente (
Na verdade muitos anos antes de entrar na escola, a criança já e, portanto, da educação e do ensino) é tentar interferir o mínimo possível
vem desenvolvendo hipóteses e construindo um conhecimento sobre o no processo do desenvolvimento espontâneo da pessoa.
mundo, o mesmo mundo que as matérias ditas escolares procuram
interpretar. No início da alfabetização, por exemplo, ela já tem uma As origens da posição inatista podem ser encontradas, de um lado,
concepção de escrita, uma ideia do que se pode ou não escrever, uma na Teologia: Deus, de um só ato, criou cada homem em sua forma
concepção sobre o sistema de representação gráfica. Coisa semelhante definitiva. Após o nascimento, nada mais haveria a fazer, pois o bebê já
ocorre com a Matemática. Antes de entrar na escola, a criança já se teria em si os germes do homem que viria a ser. O destino individual de
deparou inúmeras vezes com a noção de quantidade, realizando, cada criança já estaria determinado pela “graça divina”.
inclusive, operações de cálculo. Um conjunto de noções e de conceitos Do outro lado, a posição inatista apóia-se num entendimento
já se encontra, portanto, estabelecido. errôneo de algumas contribuições importantes ao conhecimento
Deste modo, a tarefa de ensinar, em nossa sociedade, não está biológico, tais como a proposta evolucionista de Darwin, a Embriologia e
concentrada apenas nas mãos dos professores. O aluno não aprende a Genética.
apenas na escola, mas também através da família, dos amigos, de A evolução para Darwin, biólogo inglês que viveu no século
pessoas que ele considera significativas, dos meios de comunicação de passado, resulta de mudança graduais e cumulativas no
massa, da experiência do cotidiano, dos movimentos sociais. Entretanto, desenvolvimento das espécies. Essas mudanças, por sua vez, decorrem
a escola é a instituição social que se apresenta como responsável pela de variações hereditárias que fornecem vantagens adaptativas em
educação sistemática das crianças, jovens e até mesmo de adultos. relação às condições ambientais prevalecentes. O papel do ambiente é
Daí a importância de se colocar a serviço da educação e do ensino bastante limitado. Cabe-lhe apenas determinar, dentre as possibilidades
o conjunto de conhecimentos psicológicos sobre as bases do naturais de variação, quais são as mais adaptativas para a espécie, isto
desenvolvimento e da aprendizagem. Com eles, o professor estará em é, as que melhor permitem à espécie sobreviver num ambiente
posição mais favorável para planejar a sua ação. específico. Só os mais aptos de uma determinada espécie - aqueles
capazes de se adaptar ao meio - sobreviveram.
Unidade II - A criança enquanto ser em transformação
Aplicada ao desenvolvimento humano, essa teoria foi
1- Concepções de desenvolvimento: correntes teóricas e frequentemente mal interpretada. A teoria darwiniana acabou, sendo
repercussões na escola. erroneamente entendida como postulando aquilo que nunca pretendeu:
As diversas teorias de desenvolvimento apresentadas a seguir que os fatores ambientais eram incapazes de exercer um efeito direto
apoiam-se em diferentes concepções do homem e do modo como ele tanto na espécie quanto no organismo.
chega a conhecer. Tais teorias , como em qualquer estudo científico, Em relação à espécie, deixou-se de lado a influência da
dependem da visão de mundo existente em uma determinada situação experiência individual de cada pessoa; equiparou-se,
histórica e evoluem conforme se mostram capazes ou incapazes de consequentemente, o complexo comportamento sócio-cultural do
explicar a realidade. homem àquele que é típico de organismos inferiores, onde se observa
A visão de desenvolvimento enquanto processo de apropriação pouca ou nenhuma diferenciação.
pelo homem da experiência histórico-social é relativamente recente. Os primeiros conhecimentos produzidos na embriologia também
Durante longos anos, o papel da interação de fatores internos e forneceram subsídios para as teorias inatistas. Na verdade, esses

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primeiros dados apontaram para sequências de desenvolvimento frequência com que o comportamento aparece. Por exemplo, se após
praticamente invariáveis que seriam, em grande parte, reguladas por arrumar os seus brinquedos ( comportamento ) , a criança ouvir elogios
fatores endógenos, ou seja, de origem interna. da mãe ( consequência positiva ), ele procurará deixar os brinquedos
arrumados mais vezes, porque estabeleceu uma associação entre esse
Dados mais recentes da Embriologia indicam que o ambiente comportamento e aquele da sua mãe. Já em consequências negativas
interno tem um papel central no desenvolvimento do embrião, assim recebem o nome de punição e levam a uma diminuição na frequência
como o ambiente externo é fundamental para o desenvolvimento pós- com que certos comportamentos ocorrem. Por exemplo, se cada vez que
natal. Não há, pois, bases empíricas ou teóricas que sirvam de apoio João quebrar uma vidraça ao jogar bola ( comportamento ), ele for
para a visão inatista no âmbito da Psicologia. Tal visão, no entanto, gerou obrigado a pagar pelo estrago ( consequência negativa ) , ele passará a
uma ideia de homem que produziu uma abordagem rígida, autoritária e, tomar mais cuidado ao jogar , diminuindo os estragos em janelas.
sobretudo, pessimista para a educação de crianças e adolescentes.
Como , na concepção inatista, o homem “já nasce pronto”, pode-se Quando um comportamento é absolutamente inadequado e se
apenas aprimorar um pouco aquilo que ele é ou, inevitavelmente, virá a considera desejável eliminá-lo totalmente do repertório de
ser. Em consequência, não vale a pena considerar tudo o que pode ser comportamentos de um certo indivíduo, usa-se o procedimento dito de
feito em prol do desenvolvimento humano. O ditado popular “pau que extinção. Nele o objetivo é quebrar o elo que se estabeleceu entre o
nasce torto morre torto” expressa bem a concepção inatista, que ainda comportamento visto como indesejável e determinadas consequências
hoje aparece na escola, camuflada sob disfarce das aptidões, da do mesmo. Para tanto, é preciso que se retire do ambiente as
prontidão e do coeficiente de inteligência. Tal concepção gera consequências que o mantém.
preconceitos prejudiciais ao trabalho em sala de aula. Mais recentemente , outros teóricos afirmaram que o
1.2. A concepção Ambientalista comportamento humano também se modifica em função da observação
de como agem outras pessoas, que se tornam modelos a serem
Essa concepção atribui um imenso poder ao ambiente no copiados. Quando os comportamentos dos modelos são reforçados,
desenvolvimento humano. O homem é concebido como um ser tende-se a imitá-los e quando são punidos , procura-se evitá-los.
extremamente plástico, que desenvolve suas características em função
das condições presentes no meio em que se encontra. Esta concepção Na visão ambientalista, a atenção de uma pessoa é, portanto,
deriva da corrente filosófica denominada empirismo, que enfatiza a função das aprendizagens que realizou ao longo de sua vida , em contato
experiência sensorial como fonte do conhecimento. Ainda segundo o com estímulos que reforçaram ou puniram seus comportamentos
empirismo, determinados fatores encontram-se associados a outros, de anteriores.
modo que é possível , ao se identificar tais associações, controlá-las pela Para explicar o surgimento de novos comportamentos ou
manipulação. daqueles valorizados em uma dada sociedade é preciso prestar atenção
Na psicologia , o grande defensor da posição ambientalista é um aos estímulos que provocam o aparecimento do comportamento
norte-americano, B.F. Skinner. A teoria proposta por ele preocupa-se em desejado. De igual modo, a eliminação de modos de ser visto como
explicar os comportamentos observáveis do sujeito , desprezando os impróprios também exige atenção aos estímulos que desencadeiam a
seus desejos e fantasias, os seus sentimentos. conduta tida como inadequada. Pode-se assim , dizer que o
comportamento é sempre o resultado de associações estabelecidas
Na concepção do comportamento defendida por Skinner e seus entre algo que provoca ( um estímulo antecedente) e algo que segue e
seguidores, o papel do ambiente é muito mais importante do que a o mantém (um estímulo consequente ).
maturação biológica. Na verdade, são os estímulos presentes numa
dada situação que levam ao aparecimento de um determinado Quando um comportamento for associado a um determinado
comportamento. estímulo, ele tende a reaparecer quando estiveram presentes estímulos
semelhantes. Este fenômeno é chamado de generalização. Quando os
Segundo os ambientalista , os indivíduos buscam maximizar o estímulos são objetos, a cor, a forma e o tamanho são aspectos
prazer e minimizar a dor. Manipulando-se os elementos presentes no importantes para que haja percepção de semelhança e generalização de
ambiente - que por , esta razão, são chamados de estímulos - é possível comportamentos.
controlar o comportamento: fazer com que aumente ou diminua a
frequência com que ele aparece; fazer com que ele desapareça ou só Após a aquisição da linguagem pela criança, as palavras tornam-
apareça em situações consideradas adequadas; fazer com que se atribui se a base para generalizações. Mas não só isso. Além de a criança
à concepção ambientalista uma visão do indivíduo enquanto ser aprender a perceber semelhanças entre estímulos e a generalizar
extremamente reativo à ação do meio. comportamentos, ela também aprende o inverso, ou seja, a discriminar
estímulos a partir das suas diferenças. Uma criança que aprendeu a
Mudanças no comportamento podem ser provocadas de diversas palavra “cachorro” associando-a a um animal de quatro patas, pode usa-
maneiras. Uma dela requer uma análise das consequências ou la, inicialmente, para nomear outros animais de quatro patas, como gatos
resultados que o mesmo produz no ambiente. As consequências e coelhos. Rapidamente, contudo, ela aprende a distinguir as
positivas são chamadas de reforçamento e promovemum aumento na
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características definidoras de um cachorro - como o latido - e passa a aprendizagem pode se dar de modo espontâneo, como aquelas onde as
discriminar corretamente as várias espécies de animais. crianças cooperam entre si para alcançarem um fim comum..

A aprendizagem na concepção , pode assim ser entendida como o Não há, na concepção ambientalista, preocupação em explicar os
processo pelo qual o comportamento é modificado com resultado da processos através dos quais a criança raciocina e que estariam
experiência. Além das condições já mencionadas para que a presentes na forma como ela se apropria de conhecimentos.
aprendizagem se dê - estabelecimento de associações entre um estímulo 1.3 A Concepção Interacionista: Piaget e Vygotski
e uma resposta e entre uma resposta e um reforçador - é importante que
Para os psicólogos interacionistas o organismo e o meio exercem
se leve em conta o estado fisiológico e psicológico do organismo.
ação recíproca. Um influencia o outro e essa interação acarreta
Para que a aprendizagem ocorra é preciso, portanto, que se mudanças sobre o indivíduo. É, pois, na interação da criança com o
considere a natureza dos estímulos presentes na situação, tipo de mundo físico e social que as características e peculiaridades desse
resposta que se espera obter e o estado físico e psicológico do mundo vão sendo conhecidas. Para cada criança, a construção desse
organismo. É ainda importante aquilo que resultará da própria conhecimento exige elaboração , ou seja, uma ação sobre o mundo.
aprendizagem: mais conhecimento , elogios, prestígios , notas altas etc.
A concepção interacionista de desenvolvimento apoia-se ,
Na visão ambientalista, a ênfase está em propiciar novas portanto, na ideia de interação entre organismo e meio e vê a aquisição
aprendizagens, por meio da manipulação dos estímulos que atendem e de conhecimento como um processo construído pelo indivíduo durante
sucedem o comportamento. Para tanto, é preciso uma análise rigorosa toda a sua vida, não estando pronto ao nascer nem sendo adquirido
da forma como indivíduos atuam em seu ambiente, identificando os passivamente graças às pressões do meio.
estímulos que provocam o aparecimento do comportamento-alvo e as
Tomaremos duas correntes teóricas no interacionismo: a
consequências que o mantém. A esta análise dá-se o nome de análise
elaborada por Piaget e seus seguidores e a defendida por teóricos
funcional do comportamento. Nela defende-se o planejamento das
soviéticos, em especial por Vygotski. Estas duas correntes serão
condições ambientais para a aprendizagem de determinados
brevemente analisadas, apontando-se suas semelhanças e diferenças.
comportamentos.
A Teoria de Jean Piaget
A introdução de teorias ambientalistas na sala de aula teve o mérito
de chamar a atenção dos educadores para a importância do Jean Piaget ( 1896-1980) é o mais conhecido dos teóricos que
planejamento de ensino. A organização das condições para que a defendem a visão interacionista de desenvolvimento. Formado em
aprendizagem ocorra exige clareza a respeito dos objetivos que se quer biologia e Filosofia, dedicou-se a investigar cientificamente como se
alcançar, a estipulação da sequência de atividades que levarão ao forma o conhecimento. Ele considerou que se estudasse cuidadosa e
objetivo proposto e a especificação dos reforçadores que serão profundamente a maneira pela qual as crianças constroem as noções
utilizados. A concepção ambientalista da educação valoriza o papel do fundamentais de conhecimento lógico - tais como as de tempo, espaço,
professor, cuja importância havia sido minimizada na abordagem inatista objeto, causalidade, etc. - poderia compreender a gênese ( ou seja, o
. Coloca em suas mãos a responsabilidade de planejar, organizar e nascimento ) e a evolução do conhecimento humano.
executar - com sucesso - as situações de aprendizagem.
Inicialmente, Piaget trabalhou com dois psicólogos franceses,
Por outro lado, as teorias ambientalistas tiveram também efeitos Binet e Simon, que, por volta de 1905, tentavam elaborar um instrumento
nocivos na prática pedagógica. A educação foi sendo entendida como para medir a inteligência das crianças que frequentavam as escolas
tecnologia, ficando de lado a reflexão filosófica sobre a sua prática. A francesas. Tal instrumento - o teste de inteligência Binet-Simon
ênfase na tecnologia educacional exigia do professor um profundo - foi o primeiro teste destinado a fornecer a idade mental de um indivíduo
conhecimento dos fatores a serem considerados numa programação de e é o primeiro teste destinado a fornecer a idade mental de um indivíduo,
ensino, contudo tal conhecimento não era transmitido a eles. Programar e é até hoje utilizado, depois de ter sofrido sucessivas adaptações. Ao
o ensino deixou de ser uma atividade cognitiva de pesquisar condições analisar as respostas das crianças do teste, Piaget começou a se
de aprendizagem para se tornar uma atividade meramente formal de interessar pelas respostas erradas das crianças, salientando que estas
colocar os projetos de aula numa fórmula-padrão. só “erravam” porque as respostas eram analisadas a partir de um ponto
de vista do adulto.
A principal crítica que se faz ao ambientalismo é quanto à própria
visão de homem adotada: a seres humanos como criaturas passivas face Na verdade as respostas infantis seguiam uma lógica própria.
ao ambiente, que podem ser manipuladas e controladas pela simples
Piaget concebeu, então, que a criança possui uma lógica de
alteração das situações em que se encontram. Nesta concepção , não
funcionamento mental que difere - qualitativamente - da lógica do
há lugar para a criação de novos comportamentos.
funcionamento mental do adulto. Propôs-se consequentemente a
Na sala de aula , ela acarretou um excessivo diretivismo por parte investigar como, através de quais mecanismos, a lógica infantil se
dos adultos. Deixou-se de valorizar e fazer uso de situações onde a transforma em lógica adulta. Nessa investigação, Piaget partiu de uma

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concepção de desenvolvimento envolvendo um processo contínuo de básica, seja no aspecto motor, no perceptivo, no afetivo, no social e no
trocas entre o organismo vivo e o meio ambiente. intelectual.

Equilíbrio / Equilibração Além de perceber a diferença entre si mesma e os objetos ao seu


redor, a criança será capaz de estabelecer também diferenças entre tais
A noção de equilíbrio é o alicerce da teoria de Piaget. Para este objetos, chegando, finalmente, à concepção de uma realidade estável ,
autor, todo organismo vivo procura manter um estado de equilíbrio ou de onde a existência dos objetos é independente da percepção imediata.
adaptação com seu meio, agindo de forma a superar perturbações na Esta é uma grande conquista . Após ter sido capaz de identificar um
relação que ele estabelece com o meio. O processo dinâmico e constante objeto, separando-o dos demais, o bebê, todavia, age em relação a esse
do organismo buscar um novo e superior estado de equilíbrio é objeto apenas se ele estiver visível à sua frente . Se um bebê de cinco
denominado processo de equilibração majorante. meses de idade estiver brincando com um objeto e se este for coberto
Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo do indivíduo ocorre por um pano, imediatamente ele volta sua atenção para outra coisa,
através de constantes desequilíbrios e equilibrações . O aparecimento agindo como se o primeiro objeto, por ter sido coberto, tivesse deixado
de uma nova possibilidade orgânica no indivíduo ou na mudança de de existir. Só mais tarde, aos oito meses, o bebê se apercebe que o
alguma característica do meio ambiente, por mínima que seja, provoca a objeto está ali, debaixo do pano. Experimenta grande satisfação com
ruptura do estado de repouso - da harmonia entre organismo e meio - este fato, escondendo o objeto com o pano e descobrindo-o , varias
causando um desequilíbrio. vezes.

Dois mecanismos são acionados para alcançar um novo estado de Nesse mesmo período, as concepções de espaço, tempo e
equilíbrio. O primeiro recebe o nome de assimilação. Através dele o causalidade começam a ser construídas , possibilitando à criança novas
organismo sem alterar suas estruturas - desenvolve ações destinadas a formas de ação prática para lidar com o meio. Aos poucos, o período
atribuir significações , a partir da sua experiência anterior, aos elementos sensoriomotor vai-se modificando. Esquemas cada vez mais complexos
do ambiente com os quais interage. O outro mecanismo, através do qual são construídos, de forma a preparar e dar origem ao aparecimento da
o organismo tenta restabelecer um equilíbrio superior com o meio função simbólica, portanto, do universo restrito do aqui-e-agora. O
ambiente, é chamado de acomodação. Agora , entretando, o organismo aparecimento da função simbólica altera drasticamente a forma como
é impelido a se modificar, a se transformar para se ajustar às demandas a criança lida com o meio e anuncia uma nova etapa, denominada pré-
impostas pelo ambiente. operatória.

As etapas do desenvolvimento cognitivo: II - A etapa pré-operatória

I - A etapa sensoriomotora A etapa pré-operatória é marcada, em especial, pelo aparecimento


da linguagem oral, por volta dos dois anos. Ela permitirá à criança dispor
Vai do nascimento até, aproximadamente, os dois anos de idade.
- além da inteligência prática construída na fase anterior - da
Nela, a criança baseia-se exclusivamente em percepções sensoriais e
possibilidade de ter esquemas de ação interiorizados , chamados de
em esquemas motores para resolver seus problemas, que são
esquemas representativos ou simbólicos, ou seja, esquemas que
essencialmente práticos; bater numa caixa, pegar um objeto, jogar uma
envolvem uma ideia preexistente a respeito de algo. É capaz de formar,
bola etc. Nesse período, muito embora a criança tenha já uma conduta
por exemplo, representações de avião, de papai, de sapato, de que não
inteligente, considera-se que ela ainda não possui pensamento. Isto
se deve bater em outra criança etc.
porque, nessa idade, a criança não dispõe ainda da capacidade de
representar eventos, de evocar o passado e de referir-se ao futuro está A partir dessas novas possibilidades de lidar com o meio , dos dois
presa ao aqui-e-agora da situação. Para conhecer, portanto, lança mão anos em diante a criança poderá tomar um objeto ou uma situação por
de esquemas sensoriomotores: pega, balança, joga, bate, morde objetos outra, por exemplo, pode tomar um boneco por um bebê ou pode tomar
e atua sobre os mesmos de uma forma “pré-lógica” colocando um sobre uma bolsa, colocando-a no braço e agindo como se fosse sua mãe
o outro, um dentro do outro . Forma, assim, “conceitos sensoriomotores” preparando-se para sair de casa.
de maior, de menor, de objetos que balançam e objetos que não O pensamento pré-operatório indica, portanto, inteligência capaz
balançam etc. Ocorre, como consequência, uma “definição” do objeto por de ações interiorizadas, ações mentais. Ele é, entretanto , diferente do
intermédio do seu uso. A criança pequena também aplica esquemas pensamento adulto, como é fácil de se constatar. Em primeiro, depende
sensoriomotores para se relacionar e conhecer outros seres humanos. das experiências infantis, refere-se a elas, sendo portanto um
Dentre as principais aquisições do período sensoriomotor, pensamento que a criança centra em si mesma. Por esta razão, o
destaca-se a construção da noção de “eu”, através da qual a criança pensamento pré-operatório recebe o nome de pensamento egocêntrico.
diferencia o mundo externo do seu próprio corpo. O bebê o explora, É um pensamento rígido, que tem como ponto de referência a própria
percebe suas diversas partes, experimenta emoções diferentes, criança.
formando a base do seu autoconceito. Mas não é só isso. Ao longo desta Outra característica do pensamento desta etapa é o animismo.
etapa, a criança irá elaborar a sua organização psicológica Este termo indica que a criança empresta a “alma” ( “anima” em latim )

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às coisas e animais, atribuindo-lhes sentimentos e intenções criança que se encontra no período operatório-concreto só consegue
próprios pensar corretamente, com lógica, se o conteúdo do seu pensamento estiver
do ser humano. Assim, é frequente ouvi-la dizer que a mesa é má quando representado fielmente a realidade concreta. Por exemplo, a
ela machuca a sua cabeça, de que o vento “quer” embaraçar o seu
cabelo penteado.

O pensamento da criança de dois a sete anos apresenta, ainda,


uma outra característica, bastante similar ao animismo. É o
antropomorfismo ou a atribuição de uma forma humana a objetos e
animais. As nuvens, por exemplo, podem ser concebidas como grandes
rostos que sopram um hálito forte.

As ações no período pré-operatório, embora internalizadas, não


são ainda reversíveis.

III - A etapa operatório-concreta

Por volta dos sete anos de idade, as características da inteligência


infantil, a forma como a criança lida com o mundo e o conhece,
demonstram que ela se encontra numa nova etapa de desenvolvimento
cognitivo: a etapa operatório-concreta. Ao se comparar as aquisições
deste período com o anterior, observa-se que grandes modificações
ocorreram.

Essa etapa é a etapa do pensamento lógico, objetivo, adquire


preponderância. Ao longo dela, as ações interiorizadas vão-se tornando
cada vez mais reversíveis e, portanto, móveis e flexíveis. O pensamento
se torna menos egocêntrico, menos centrado no sujeito. Agora a criança
é capaz de construir um conhecimento mais compatível com o mundo
que a rodeia. O real e a fantástico não mais se misturarão em sua
percepção.

O pensamento é denominado operatório porque é reversível: o


sujeito pode retornar, mentalmente, ao ponto de partida. A criança opera
quando tem noção, por exemplo, de que 2+3=5, pois sabe que 5- 3=2.
De igual modo, a compreensão de que uma dada quantidade de argila
não se altera, se eu emprego a mesma porção para fazer uma salsicha
e a seguir para transformar a salsicha em bola, também constitui uma
operação.

A construção das operação possibilita, assim a elaboração da


noção de conservação. O pensamento agora baseia-se mais no
raciocínio que na percepção.

Neste período de desenvolvimento o pensamento operatório é


denominado concreto porque a criança só consegue pensar
corretamente nesta etapa se os exemplos ou materiais que ela utiliza
para apoiar seu pensamento existem mesmo e podem ser observados.
A criança não consegue ainda pensar abstratamente, apenas com base
em proposições e enunciados. Pode então ordenar, seriar, classificar,
etc.

IV- A etapa operatório-formal

A principal característica da etapa operatório-forma, por sua vez,


reside no fato de que o pensamento se torna livre da limitações da
realidade concreta. O que significa isso? Como já foi assinalado, a

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partir de diversas situações envolvendo observações de cavalos, fotos uma para outra etapa, buscando um novo e mais completo equilíbrio que
de cavalos e histórias sobre cavalos, a criança constrói a noção de depende, entretanto, das construções passadas.
cavalo como sendo um animal de porte grande, de quatro patas, que
gosta de comer capim e que é utilizado no transporte de coisas e
Não é possível passar, por exemplo, da etapa sensoriomotora para
pessoas.
a operatório-concreta, “pulando” a pré-operatória. A sequência das etapas
No nível operatório-forma, a partir dos 13 anos de idade, a é sempre invariável, muito embora, como já foi visto, a época em que as
criança se torna capaz de raciocinar logicamente mesmo se o mesmas são alcançadas possa não ser a mesma para todas as crianças.
conteúdo do seu raciocínio é falso. Por exemplo, é possível combinar De igual modo, as etapas do desenvolvimento cognitivo não são
com duas crianças de idades diferentes, uma no período operatório- reversíveis: ao se construir uma determinada capacidade mental, não é
concreto e outra no operatório-formal, que a figura de uma coruja mais possível perdê-la.
desenhada em um papel receberá o nome de “cavalo”. A seguir, pede-
Temos quatro fatores básicos responsáveis pela passagem de uma
se a elas que identifiquem oralmente qual é o nome de um animal de
etapa de desenvolvimento mental para a seguinte - a maturidade do
porte grande, que comem capim e transporta pessoas e coisas. A
sistema nervoso, a interação social (que se dá através da linguagem e da
criança do período operatório-concreto irá ignorar o que foi
educação), a experiência física com os objetos e, principalmente, a
anteriormente combinado e dirá que o nome do animal proposto é
equilibração, ou seja, a necessidade que a estrutura cognitiva tem de se
cavalo. Já a mais velha, que já apresenta um pensamento operatório-
desenvolver para enfrentar as demandas ambientais - o do menor peso, na
formal, irá afirmar que o animal em questão poderia receber qualquer
teoria piagetiana, é a interação social. Desta maneira, a educação - e em
nome, à exceção de cavalo, uma vez, por definição (e não
especial a aprendizagem - tem, no entender de Piaget, um impacto
concretamente), “cavalo” é o nome que, na situação, se convenciou
reduzido sobre o desenvolvimento intelectual. Desenvolvimento cognitivo e
dar à uma coruja.
aprendizagem não se confundem: o primeiro é um processo espontâneo,
A libertação do pensamento das amarras do mundo concreto, que se apóia predominantemente no biológico. Aprendizagem, por outro
adquirido no operatório - formal, permitirá ao adolescente pensar e lado, é encarada como um processo mais restrito, causado por situações
trabalhar não só com a realidade concreta, mas também com a específicas (como a frequência à escolar) e subordinado tanto à
realidade possível. Como consequência, a partir de treze anos, o equilibração quanto a maturação.
raciocínio pode, pela primeira vez, utilizar hipóteses, visto que estas
A teoria de Vygostski
não são, em princípio, nem falsas nem verdadeiras: são apenas
possibilidades. Uma vez de posse dessa faculdade de produzir e Um outro tipo de interacionismo é proposto por Lev Seminovitch
operar com base em hipóteses, é possível derivar delas todas as Vygostski (1896-1934). Nascido na Rússia, ele escreveu, em sua curta
consequências lógicas cabíveis. A construção típica da etapa vida, uma ampla e importante obra, da qual apenas alguns livros foram
operatório-forma é, assim, o raciocínio hipotético-dedutivo: é ele que traduzidos para o português.
permitirá ao adolescente estender seu pensamento até o infinito. Em seu trabalho e nos dos seus seguidores, especialmente no dos
Ao atingir o opertório-formal, o adolescente atinge o grau mais seus compatriotas Luria e Leontiev, encontra-se uma visão de
complexo do seu desenvolvimento cognitivo. A tarefa, a partir de desenvolvimento baseado paulatinamente num ambiente que é histórico
agora, será apenas a de ajustar, solidificar e estofar as suas estruturas e, em essência, social. Nessa teoria é dado destaque às possibilidades que
cognitivas. o indivíduo dispõe a partir do ambiente em que vive e que dizem respeito
ao acesso que o ser humano tem a “instrumentos” físicos (como a enxada,
Piaget acredita que existem, no desenvolvimento humano,
a faca, a mesa, etc) e simbólicos (como a cultura, valores, crenças,
diferentes momentos: um pensamento, uma maneira de calcular, uma
costumes, tradições, conhecimentos) desenvolvidos em gerações
certa conclusão, podem parecer absolutamente corretos em um
precedentes.
determinado período de desenvolvimento e absurdos num outro. As
etapas de desenvolvimento do pensamento são, ao mesmo tempo, Vygostski defende a ideia de contínua interação entre as mutáveis
contínuas e descontínuas. Elas são contínuas porque sempre se condições sociais e a base biológica do comportamento humano. Partindo
apoiam na anterior, incorporando-a e transformando-a. Fala-se em de estruturas orgânicas elementares, determinadas basicamente pela
descontinuiade no desenvolvimento, por outro lado, porque cada nova maturação, formam-se novas e mais complexas funções mentais, a
etapa não é mero prolongamento da que lhe antecedeu: depender da natureza das experiências sociais a que as crianças se acham
transformações qualitativas radicais ocorrem no modo de pensar das expostas.
crianças. As etapas de desenvolvimento encontram-se, assim, A forma como fala é utilizada na interação social com adultos e
funcionalmente relacionadas dentro de um mesmo processo. colegas mais velhos desempenha um papel importante na formação e
As diferentes etapas cognitivas apresentam, portanto, organização do pensamento complexo e abstrato individual. O pensamento
características próprias e cada uma delas constitui um determinado infantil, amplamente guiado pela fala e pelo comportamento dos mais
tipo de equilíbrio. Ao longo do desenvolvimento mental, passa-se de experientes, gradativamente adquire a capacidade de se auto-regular. Por

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exemplo, quando a mãe mostra a uma criança de dois anos um objeto e provocará uma modificação na percepção e no conhecimento da criança.
diz “a faca corta e dói”, o fato de ela apontar para o objeto e de assim O gesto e a fala materna servem como sinais externos que interferem no
descrevê-lo provavelmente modo pelo qual o menino ou a menina age sobre seu ambiente: com o
tempo, ocorre uma interiorização progressiva das direções verbais
fornecidas à criança pelos membros mais experientes de uma ambiente
social.

O processo de interiorização progressiva das orientações advindas


do meio social é um processo ativo, no qual a criança apropria-se do
social de uma forma particular. Reside aí, na verdade, o papel
estruturante do sujeito: interiorização e transformação se integra no
social, é capaz de posicionar-se frente ao mesmo, ser seu crítico e seu
agente transformador. Assim, à medida que as crianças crescem, elas
vão internalizando a ajuda externa que se torna cada vez mais
necessária: a criança mantém, agora, o controle sobre sua própria
conduta.

Através da fala, o ambiente físico e social pode ser melhor


apreendido, aquilatado e equacionado: a fala modifica, assim a qualidade
do conhecimento e pensamento que se tem do mundo em que se
encontra.

Ao interiorizar instruções, as crianças modificam suas funções


psicológicas: percepção, atenção, memória, capacidade para solucionar
problemas. É dessa maneira que formas historicamente determinadas e
socialmente organizadas de operar com informação influenciam o
conhecimento de mundo e as consequentes formas de interagir com as
crianças adotadas pelos adultos no século XV diferem substancialmente
das utilizadas hoje em dia, especialmente se as comparamos com as do
mundo urbano moderno, fortemente influenciado pelos meios de
comunicação de massa. Traduzem formas diferentes de organizar,
planejar e atuar sobre a realidade.

Deste modo, as funções mentais superiores - como a capacidade


de solucionar problemas, o armazenamento e o uso adequado da
memória, a formação de novos conceitos, o desenvolvimento da vontade
- aparecem, inicialmente, no plano social (ou seja, na interação
envolvendo pessoas) e apenas elas surgem no plano psicológico (ou
seja, no próprio indivíduo). A construção do real pela criança, ou seja, a
apropriação que esta faz da experiência social, parte, pois, do social (da
interação com os outros) e, paulatinamente, é internalizada por ela.

Segundo Vygostski, a aquisição de um sistema linguístico


reorganiza, pois, todos os processos mentais infantis. A palavra dá forma
ao pensamento, criando novas modalidades de atenção, memória e
imaginação.

Vygostski adota a visão de que pensamento e linguagem são dois


círculos interligados. É na interseção deles que se produz o que se
chama pensamento verbal, o qual não inclui, assim, nem todas as formas
de pensamento, nem todas as formas de linguagem. Existem, portanto,
áreas do pensamento que não têm relação direta com a fala, como é o
caso da inteligência prática, em geral. Por outro lado, Vygostski dá uma
importância tão grande ao pensamento verbal que chega a afirmar que
as estruturas de linguagem dominadas pela

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crianças passam a constituir as estruturas básicas de sua forma de padronizados, focalizam apenas aquilo que as crianças são capazes de
pensar. realizar sozinhas.

Ao reconhecer a imensa diversidade nas condições histórico- Para Vygotski, o processo de desenvolvimento nada mais é do que
sociais em que as crianças vivem, Vygotski não aceita a possibilidade de a apropriação ativa do conhecimento disponível na sociedade em que a
existir uma sequência universal de estágios cognitivos, como propões criança nasceu. É preciso que ela aprenda e integre em sua maneira de
Piaget. Para Vygotski, os fatores biológicos preponderam sobre os pensar o conhecimento da sua cultura. O funcionamento intelectual mais
sociais apenas no início da vida das crianças e as oportunidades que se complexo desenvolve-se graças a regulações realizadas por outras
abrem para cada uma delas são muitas e variadas, adquirindo destaque, pessoas que, gradualmente, são substituídas por auto-regulações. Em
em sua teoria, as formas pelas quais as condições e as interações especial, a fala é apresentada, repetida e refinada, acabando por ser
humanas afetam o pensamento e o raciocínio. internalizada, permitindo à criança processar informações de uma forma
mais elaborada.
A construção do pensamento complexo e do abstrato
Piaget e Vygotski: Diferenças e semelhanças
Para Vygotski, o processo de formação de pensamento é,
portanto, despertado e acentuado pela vida social e pela constante Do ponto de vista de DAVIS, C. e OLIVEIRA, Z. (1997), tanto
comunicação que se estabelece entre crianças e adultos, a qual permite Piaget com o Vygotski concebem a criança como um ser ativo, atento,
a assimilação da experiência de muitas gerações. que constantemente cria hipóteses sobre o seu ambiente. Há, no
entanto, grandes diferenças na maneira de conceber o processo de
Como foi citado por DAVIS, C. e OLIVEIRA, Z. (1997), a linguagem desenvolvimento. As principais delas, em resumo, são as seguintes:
segundo Vygotski intervém no processo de desenvolvimento intelectual
da criança praticamente já desde o nascimento. Quando os adultos a) Quanto ao papel dos fatores internos e externos no
nomeiam objetos, indicando para a criança as várias relações que estes desenvolvimento
mantêm entre si ela constrói formas mais complexas e sofisticadas de Piaget privilegia a maturação biológica; Vygotski, o ambiente
conceber a realidade. Sozinha, não seria capaz de adquirir aquilo que social. Piaget, por aceitar que o fatores internos preponderam sobre os
obtém por intermédio de sua interação com os adultos e com as outras externos, postula que o desenvolvimento segue uma sequência fixa e
crianças, num processo em que a linguagem é fundamental. universal de estágios. Vygotski, ao salientar o ambiente social em que a
Desenvolvimento e aprendizagem criança nasceu, reconhece que, em se variando esse ambiente, o
desenvolvimento também variará. Neste sentido, para este autor, não se
Vygotski considera três teorias principais que discute a relação pode aceitar uma visão única, universal, de desenvolvimento humano.
entre desenvolvimento e aprendizagem. Na primeira, desenvolvimento é
encarado como um processo maturacional que ocorre antes da b) Quanto à construção real
aprendizagem, criando condições para que esta se dê. É preciso haver Piaget acredita que os conhecimentos são elaborados
um determinado nível de desenvolvimento para que certos tipos de espontaneamente pela criança, de acordo com o estágio de
aprendizagem sejam possíveis. Esta é, em essência, a posição desenvolvimento em que esta se encontra. A visão particular e peculiar
defendida por Piaget. Na segunda teoria, a comportamentalista ou (egocêntrica) que as crianças mantêm sobre o mundo vai,
behaviorista, a aprendizagem é desenvolvimento, entendido como progressivamente, aproximando-se da concepção dos adultos; torna-se
acúmulo de respostas aprendidas. Nessa concepção, o desenvolvimento socializada, objetiva. Vygotski discorda de que a construção do
ocorre simultaneamente à aprendizagem, ao invés de precedê-la. O conhecimento proceda do individual para o social. Em seu entender a
terceiro modelo teórico sugere que desenvolvimento e aprendizagem são criança já nasce num mundo social e, desde o nascimento, vai formando
processos independentes que interagem, afetando- se mutuamente: uma visão desse mundo através da interação com adultos ou crianças
aprendizagem causa desenvolvimento e vice-versa. mais experientes. A construção do real é, então, mediada pelo
Para Vygotski, no entanto, nenhuma das propostas acima é interpessoal antes de ser internalizada pela criança. Desta forma,
satisfatório, muito embora ele reconheça que aprendizagem e procede-se do social para o individual, ao longo do desenvolvimento.
desenvolvimento sejam fenômenos distintos e interdependentes, cada c) Quanto ao papel da aprendizagem
um tornando o outro possível. Questionando a interação entre estes dois
Piaget acredita que a aprendizagem subordina-se ao
processos, Vygotski aponta o papel da capacidade do homem de
desenvolvimento e tem pouco impacto sobre ele. Com isso, ele minimiza
entender e utilizar a linguagem.
o papel da interação social. Vygotski, ao contrário, postula que
Assim vê a inteligência como habilidade para aprender, desenvolvimento e aprendizagem são processos que se influenciam
desprezando teorias que concebem a inteligência como resultado de reciprocamente, de modo que, quanto mais aprendizagem, mas
aprendizagens prévias, já realizadas. Para ele, as medidas tradicionais desenvolvimento.
de desenvolvimento, que se utilizam de testes psicológicos

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d) Quanto ao papel da linguagem no desenvolvimento e à relação constante interação, de modo que o primeiro impulsiona o segundo em
entre linguagem e pensamento direção a constantes e sucessivas modificações.

Segundo Piaget, o pensamento aparece antes da linguagem, que Na criança, as possibilidades de crescimento existem como
apenas é uma das formas de expressão. A formação do pensamento capacidade biopsicológicas potenciais. Dessa maneira, a realização
depende, basicamente, da coordenação dos esquemas sensoriomotores efetiva dessas capacidades depende das condições sócio-culturais
e não da linguagem. Esta só pode ocorrer depois que a criança já disponíveis. É diferente se a mesma criança for colocada para viver num
alcançou um determinado nível de habilidades mentais, subordinando- ambiente com boa alimentação e condições sanitárias adequadas, onde
se, pois aos processos de pensamento. A linguagem possibilita à criança existem oportunidades para viver situações de trabalho e de prática de
evocar um objeto ou acontecimento ausente na comunicação de esportes, ou em outro ambiente onde estas características não se
conceitos. Piaget, todavia, estabeleceu uma clara separação entre as encontram presentes.
informações que podem ser passadas por meio da linguagem e os É importante salientar que um menino ou menina desnutrida, por
processos que não parecem sofrer qualquer influência dela. Este é o sofrer uma diminuição sensível em seu tônus muscular, apresentem
caso das operações cognitivas que não podem ser trabalhadas por meio características tais como apatia, menor capacidade de concentração e
de treinamento específico feito com o auxílio da linguagem. Por exemplo, de atenção etc. Como consequência, o padrão de interação estabelecido
não se pode ensinar, apenas usando palavras, a classificar, a seriar, a com ele/ela é menos estimulante do que aquele que se mantém com uma
pensar com reversibilidade. criança robusta, alerta e atenta. Com isto, as trocas cognitivas e efetivas
Já para Vygotski, pensamento e linguagem são processos que a criança desnutrida poderia ter com seu ambiente empobrecem-se,
interdependentes, desde o início da vida. A aquisição da linguagem pela perdem o vigor.
criança modifica suas funções mentais superiores: ela dá uma forma Por isso é possível considerar que o crescimento e o
definida ao pensamento, possibilita o aparecimento da imaginação, o uso desenvolvimento são processos praticamente inseparáveis, ainda que
da memória e o planejamento da ação. Neste sentido, a linguagem, distintos. A curva do crescimento nem sempre coincide com o do
diferentemente daquilo que Piaget postula, sistematiza a experiência desenvolvimento. A primeira tende a atingir seu ponto mais alto quando
direta das crianças e por isso adquire uma função central no a maturação biológica é alcançada. A curva do desenvolvimento, por
desenvolvimento cognitivo, reorganizando os processos que nele estão outro lado, é contínua, acompanhando o homem durante toda a sua vida.
em andamento.
O processo de crescimento culmina com o aparecimento de um
2. Crescimento e desenvolvimento: o biológico em interação com tipo de adulto previsto geneticamente. Já o processo de desenvolvimento
o psicológico e o social propicia a construção do padrão de individualidade que caracteriza cada
Peter Pan (O menino que não queria crescer), sabia que crescer sociedade. Ambos os processos produzem, no indivíduo, mudanças
significava tornar-se adulto, implicava ter que mudar sua aparência física físicas, mentais, emocionais e sociais. Compreender o crescimento e o
e assumir novos papéis. Por isso Peter Pan queria continuar menino. desenvolvimento humano exige, assim que se pense no homem - e em
Essa era a maneira de não enfrentar as mudanças que necessariamente si mesmo - não apenas do ponto de vista biológico mas, principalmente,
viriam com o crescimento. Ora, quando se fala em crescimento, em geral como alguém que é historicamente determinado.
as pessoas estão se referindo ao aspecto quantitativo da evolução 3. Questionando o caráter inato da aptidão, prontidão e
humana. inteligência
As razões que provocam o crescimento e ocasionam tantas A teoria da aptidão é amplamente defendida pela ideologia das
modificações não são de todos conhecidas. Até hoje, por exemplo, não diferenças individuais. A aptidão é vista como um “dom”, uma certa
há consenso entre os biólogos a respeito de por que as células crescem habilidade inata, que se refere a um estado específico presente no ser
e se organizam. No entanto toda matéria viva tem necessidade de humano. Todavia, muito embora seja verdade que existem diferenças no
manter um equilíbrio entre meio interno e meio externo, o crescimento potencial biológico dos indivíduos, não se pode aceitar a noção de que
pode ser entendido como uma das consequências das trocas entre aptidão seja uma “disposição natural”, inata e herdade.
organismo e meio. A alimentação, a luz, a temperatura e a composição
Na verdade, se os educadores adotarem essa visão, estarão
química do meio contribuem para a dinâmica de crescimento. De igual
prejudicando as crianças e adolescentes que frequentam a escola numa
maneira, também os hormônios são importantes para o equilíbrio dos
sociedade desigual como é a brasileira, onde as oportunidades de se
diferentes órgãos e tecidos.
desenvolver através da educação escolar não são uniformes. Justificar o
O crescimento humano não é, desta maneira, mera manifestação fracasso ou o sucesso dos alunos através da teoria da aptidão - da
do biológico, mas também expressão da condições existentes no mundo crença de que uns são mais capazes do que outros para o estudo - é
social, em especial, dos avanços técnicos e das conquistas culturais. desconsiderar o grande peso exercido pelas condições de vida da família
O crescimento humano ocorre dentro de um espaço em contínua e pela própria instituição escolar sobre a aprendizagem.
transformação pela ação social. Nele, o psíquico e o biológico estão em
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Defender tal visão significa, sobretudo, ocultar a determinação Contudo, mais recentemente, essa posição foi revista. Sem se
econômica que se encontra na base do desenvolvimento humano. desprezar o papel da herança biológica na inteligência, reconhece-se,
hoje, que esta pode ser afetada drasticamente pelo ambiente. Nesse
É mais adequado entender a aptidão como uma disposição vaga sentido, ela pode ser melhor entendida como uma interação complexa
e imprecisa do indivíduo, sobre a qual a educação atua no sentido de entre a hereditariedade e a experiência. Assim, o fato de uma criança ir
promover o desenvolvimento cognitivo, afetivo, motor, social, linguístico, bem na escola, ser criativa, resolver satisfatoriamente certas situações-
etc. Vista dessa ótica, a aptidão não passa de uma tendência para problemas e por isso ser tida como inteligente, não pode ser atribuído
adquirir e aprofundar novos padrões de ação e de pensamento. Indica exclusivamente a uma herança biológica. O sucesso dessa criança deve
possibilidades de aprendizagem, onde preferências naturais se mesclam ser explicado, sobretudo , pela oportunidade que tem de interagir em
e se complementam com preferências adquiridas, garantindo os ambientes estimulantes, seja em casa, na escola, seja na vizinhança. Se
refinamentos e mobilidades necessárias à vida em sociedade. Assim, só ela vivesse em condições diferentes - em um ambiente apático, pouco
se deve considerar as aptidões à luz do meio físico e social em que as rico ou motivador - dificilmente ela seria percebida como inteligente e
crianças vivem, uma vez que este pode ser favorável ou desfavorável criativa.
àquelas.
Daí a necessidade de se investigar mais de perto o principal
A teoria da aptidão não serve, pois, para orientar uma prática que resultado dos esforços para se medir a inteligência: os teste de QI.
beneficie os alunos, auxiliando-os a dominar e a superar as suas Entende-se por QI (quociente de inteligência) o resultado alcançado em
dificuldades de aprendizado. Pelo contrário, ela tem sido usada muitas testes de nível mental, onde uma série de tarefas, em ordem crescente
vezes para esconder atuações inadequadas da escola, deslocando um de dificuldades, é apresentada a crianças, adolescentes ou adultos.
problema, que é do ensino, para a aprendizagem. Além do mais, quem Cada uma das tarefas do teste está posicionada dentro do nível previsto
decide se a aptidão está ou não presente? O uso de “testes de aptidão” para uma determinada idade. Imagine-se que uma criança de oito anos
pode ser enganoso. Tais testes não vão além de quantificar respondeu corretamente todos os itens que se supunha que uma criança
comportamentos e atitudes ausentes aparentes: não medem disposições de nove anos pudesse responder. Quando ela chegou aos quesitos da
complexas em constante transformações, nem o significado cultural das idade de dez anos ela só acertou metade deles e, naqueles destinados
mesmas, ou seja, a sua utilidade num determinado grupo social. aos onze anos, só se saiu bem em um quarto. Todos os itens dos doze
É importante que o professor não exponha a criança anos foram errados. A idade mental dessa criança, pois, é de 9 anos + 6
prematuramente a tarefas que ela ainda não é capaz de dominar, pois meses (1/2 de um ano) + 3 meses (1/4 de um ano) + 0, o que dá, como
isto redundaria em fracasso da aprendizagem ou em aprendizagem à resultado, 9 anos e 9 meses ( ou seja, 9 anos + 75% de 1 ano). O
custa de grandes sacrifícios e sofrimentos. Mas o educador pode (e quociente de inteligência é obtido dividindo-se a idade mental pela idade
deve) aproveitar ao máximo as oportunidades de aprendizagem, não cronológica e multiplicando-se o resultado por 100.
adiando as mesmas indefinidamente, em busca do “estado ideal” de No exemplo dado, o QI dessa criança é:
prontidão. Fundamental é conhecer como o aluno age em determinada
situação, propor-lhe sucessivos desafios e participar, com ele, da tarefa QI = 9.75 (idade mental) X 100 = 121.8
de solucioná-los. Neste trabalho o professor dá pistas aos estudantes 8 (idade cronológica)
para que eles percebam seus comportamentos e aquilo que lhes é
O fato que deve ser questionado, quando se discute a ação da
exigido.
escola, é que o QI não costuma ser encarado como aquilo que é - o
A falta de prontidão para realizar determinadas atividades muitas resultado de um teste de inteligência - mas, muitas vezes, é tomado com
vezes acaba se transformando em justificativa convincente para alguns sinônimo da própria inteligência.
professores, sempre que as crianças “não aprendem” na medida do
Essa concepção circular (“O que é inteligência? - É resultado que
esperado. Como resultado, quem ensina tende a se isentar de toda e
se obtém no teste de QI. - E o que é QI? - É aquilo que mede a
qualquer responsabilidade pelo insucesso dos alunos. Não avalia a
inteligência.”) chega mesmo a existir entre profissionais . Estes, muitas
atuação docente, não se condena a prática pedagógica em sala de aula.
vezes, não deixam claro nem mesmo o teste ou instrumento no qual o QI
Já o termo inteligência também recebe tratamento próprio na visão se baseia. Como o QI tende a ser encarado com algo estável, pouco
inatista. Tal termo se refere a uma noção complexa e de difícil definição. ênfase é colocado nos processos que servem de base às modificações
Até o começo do século atual, a inteligência era encarada como um qualitativas no modo intelectual de se operar.
potencial finito, herdado por ocasião da concepção e que não sofria, ao
Equiparar a inteligência a uma propriedade inata significa rotular
longo do tempo, quaisquer mudanças qualitativas. Nessa visão, a
algumas crianças de “incompetentes” sem nenhuma base para tal. As
inteligência era tida com imutável: o ambiente não causava sobre ela
consequências - como no caso da aptidão - são desastrosas, na medida
nenhum impacto.
em que se supõe que pouco resta para a escola fazer, pois, quando se
supõe que o desempenho insatisfatório é culpa das próprias crianças,
não se avalia - por não se considerar ser este o foco do problema - a

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atuação do professores. de contato direto com eles. Dessa forma, pode-se perceber que uma
Em síntese, por todas as razões acima levantadas, acredita-se que criança é alta mesmo sem tomar-lhe a medida de altura.Piaget estudando
as teorias inatistas de desenvolvimento tenham-se prestado mais a o desenvolvimento perspectivo, considera que, durante todo o período
rotular os alunos como “incapazes” do que a promover um real sensoriomotor, a percepção não se separa da ação.
entendimento daquilo que, na verdade, dificulta a aprendizagem. Daí a Nesse sentido, a percepção é global, sincrética, indiferenciada. O
ênfase dada à visão interacionista do desenvolvimento humano, pois ela bebê percebe um objeto que já conhece reproduzindo o gesto que
não acredita numa rotulação estática dos alunos. Antes, procura habitualmente emprega quando o usa. Gradativamente, por intermédio
aprendê-los dinamicamente, na sua relação com o mundo, em especial do processo de equilíbrio, a criança pequena passa a diferenciar os
com os elementos do ambiente escolar: pessoas, tarefas, concepções. aspectos mais imediatos do objeto de outros significados mais gerais do
Sobretudo, na visão interacionista, os conceitos de aptidão, prontidão e mesmo. Assim, age diante do objeto de forma cada vez mais distanciada
inteligência sofrem drásticas transformações: são encarados como da sua experiência imediata, corrigindo possíveis deformações
construções contínuas do indivíduo em sua relação com o meio. perceptivas através de ajustes variados, possibilitados por sua estrutura
Unidade III - O desenvolvimento cognitivo e afetivo cognitiva: analisa, sintetiza, relaciona, antecipa dados acerca do objeto
em questão, avaliando-os.
1- O desenvolvimento da sensação, da percepção e da
imaginação Já Vygotiski chama atenção para o papel da fala na modificação
das percepções iniciais da crianças pequena. Pelas palavras, aprendidas
Na construção do conhecimento e fundamentando uma porção na interação com outros membros da sua cultura, as crianças isolam
básica da relação do indivíduo com o mundo, encontram-se a sensação, certos atributos dos objetos e formam novas categorias explicativas para
a percepção e a imaginação. Esses processos, tais como os demais os mesmos. Podem então perceber o objeto por rótulos verbais como “é
processos psicológicos humanos, desenvolvem-se através da grande”, “é pequeno”, “está bem perto”, graças à sua experiência anterior
experiência da criança em seu ambiente, dependendo das atividades com este e com outros objetos, em função do grau de domínio que têm
que realiza em seu grupo social. sobre a linguagem.
A sensação se refere ao reconhecimento dos estímulos presentes A imaginação é a habilidade que os indivíduos possuem de formar
num ambiente, feito pelo aparato sensorial humano, ou seja, pelos representações, ou seja, de construir imagens mentais acerca do mundo
órgãos dos sentidos. Ela possibilita ao indivíduo informar-se de algumas real ou mesmo de situações não diretamente vivenciadas. A imaginação
características e propriedades de coisas e fenômenos de seu meio, não pode ser considerada, entretanto, como uma cópia fiel de objetos ou
como, por exemplo, a presença de determinadas formas, cores, sons, situações, nem como uma invenção, entretanto, como uma cópia fiel de
temperatura ambiente, objetos ou pessoas. O ser humano dispõe, objetos ou situações, nem como uma invenção absolutamente livre da
também, de outras coisas, ter noção de equilíbrio e desequilíbrio do influência do real. Antes, a imaginação é um reflexo criativo da realidade,
próprio corpo. como é notar nos desenhos, histórias e jogos de faz-de-conta das
A percepção, por sua vez, diz respeito ao processo de organização crianças e também nos filmes, livros, quadros de grandes autores e nos
das informações obtida por meio da sensação em determinadas trabalhos de inventores de vulto.
categorias. Estas se referem aos atributos dos estímulos como forma, Todo ser humano pode desenvolver grande capacidade
peso, altura, distância, tamanho, localização espacial, localização imaginativa, desde que sejam garantidas condições para tal: um
temporal, tonalidade, intensidade, textura e outros. A tais características ambiente acolhedor, que promova a liberdade de pensamento, que
e propriedades são atribuídos significados como: grande, rugoso, liso. incentive a ousadia nas formas de expressão, que valorize a descoberta
Tais significados, porém, não são vistos isoladamente, pois cada objeto, do novo. Daí a preocupação em fazer da escola também um local onde
pessoa ou situação com que o indivíduo se defronta são percebidos os outros possam aperfeiçoar seus processos sensoriais, percetivos e
como um todo dotado de sentido. imaginativos. Isso pode ser alcançado por meio de experiências que
É importante ter claro que a percepção é parte do sistema dinâmico estimulem a exploração, a experimentação e a criação. Esta postura
do comportamento humano. Ela depende de outras atividades contribui para que a escola confirme sua função de instituição social
intelectuais do indivíduo, ao mesmo tempo que as influencias. Daí o fato voltada para a ação que leve as crianças a construírem conhecimentos
de a percepção e o raciocínio serem processos que se apóiam cada vez mais complexos e também a se engajarem em novas
mutuamente. possibilidades de ação. É conhecendo, explorando e criando que as
crianças se constituem enquanto sujeitos.
Segundo Piaget a percepção se refere ao conhecimento que se
tem dos objetos ou dos movimentos, obtidos através do contato direto e 2- O desenvolvimento linguístico
atual com os mesmos. As funções da linguagem
A inteligência, por sua vez, possibilita o conhecimento de outros Quando, por volta dos dois anos de idade, uma criança começa a
aspectos dos objetos e movimentos e que subsiste mesmo na ausência falar, as pessoas à sua volta não se dão conta de que algo fantástico

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está acontecendo. Em geral, os adultos ficam fascinados com os do comportamento voluntário, encontra-se sempre a palavra, ainda que não
esforços que as crianças fazem para nomear algo presente em manifesta, evocando eventos passados e regulando ações futuras.As
seu várias linguagem do pensamento
ambiente - um objeto, um animal, uma pessoa ou mesmo uma ideia,
O pensamento pode fazer uso de outras modalidades de
divertindo-se com as trocas e confusões que inevitavelmente ocorrem.
linguagem, diferentes da verbal. Uma dessas modalidades é dada pelo
Passa , no entanto, despercebido um fato fundamental, que se refere,
uso de imagens visuais, outra pelos sons, outra pelo tato, pelo
justamente, ao impacto que a aquisição da linguagem tem sobre a vida
movimento etc. Dessa forma, pode-se dizer que não existe uma
da criança e daqueles que interagem com ela.
linguagem única e universal para o pensamento. Parece mais defensável
A linguagem é um fator de interação social, é ela que permite a supor que várias modalidades de linguagem sejam utilizadas, ainda que
comunicação entre os indivíduos , a troca de informações e de em graus diversos, no pensamento de diferentes pessoas: umas podem
experiências. Neste sentido a linguagem é, sem dúvida, um fenômeno usar predominantemente o pensamento verbal, outras o visual, outras o
que diferencia os homens dos animais. Estes últimos só ganham pensamento que se apóia no som ou no movimento.
informações através do contato direto com o ambiente. Os seres
Um exemplo prático pode ilustrar essa situação. Quando estudam,
humanos, no entanto, são capazes de fazer uso da linguagem para se
preparam um trabalho científico ou artístico, ou quando organizam uma
apropriarem da experiências significativas de gerações precedentes.
agenda, as pessoas fazem anotações verbais e não- verbais sobre aquilo
A linguagem permite, assim, que as conquistas alcançadas ao que estão pensando. Isto parece ocorrer porque o pensamento tem uma
longo de milhares de anos sejam assimiladas. configuração peculiar e bem conhecida: é rápido, dinâmico, mutável.

Quando a criança passa a frequentar a escola, ao aprendera ler , Para não perde-lo, frequentemente se registra - de forma
a escrever e a manejar números, ela está apropriando-se de toda uma telegráfica e condensada, com palavras e sinais - a avalanche de ideias
experiência humano-social que levou séculos para ser construída e que que se tem ao pensar. Tais registros servem exclusivamente para o
está sendo continuamente modificada pelo conjunto dos homens. Esta pensador. Somente após trabalho sistemático sobre as anotações, de
é, portanto, a primeira das funções da linguagem: permitir a modo a expandi-las e torná-las comunicáveis, é que o pensamento se
comunicação, a transmissão de informações produzidas ao longo de completa, adquirindo permanência e estabilidade.
muitos séculos de prática histórico-social e, consequentemente, a
O fato de existirem diferentes formas de se registrar o pensamento
assimilação de uma infinidade de conhecimentos que de forma alguma
indica que este pode ser representado, armazenado e transmitido de
poderia resultar da atividade individual isolada.
várias maneiras. A forma de pensar que acaba por se impor ao longo do
A linguagem também tem outra importante função: ela organiza, desenvolvimento intelectual da criança depende das condições
articula e orienta o pensamento. Quando a criança começa a designar oferecidas pelo mundo ‘a sua volta: as atividades culturais disponíveis no
objetos e eventos do mundo exterior com palavras isoladas ou ambiente, os interesses da família e da escola, os bens materiais aos
combinação de palavras, está descriminando esses objetos, esta quais se tem aceso e o papel desempenhado por adultos e professores.
prestando atenção em suas características , podendo guardá-las na Aos poucos, o aprendiz vai construindo os conteúdos do seu pensamento
memória. Com isso, a criança está livre do aqui-e-agora: pode, com a e desenvolvendo uma forma de pensar que nada mais é do que o produto
ajuda da linguagem, relembrar situações passadas e prever eventos da ação conjunta de todos estes fatores.
futuros. Pode lidar com objetos , pessoas e fenômenos do ambiente,
Dessa forma o pensamento, enquanto busca constante de
mesmo quando eles não se encontram presentes. A linguagem permite,
significados e que permeia, contribui e dá forma a todas as atividades
assim, que o ser humano se distancie da experiência imediata, fato que
humanas, pode se amparar em diferentes linguagens. Nota-se, no
assegura o aparecimento da imaginação e do ato criativo.
entanto, que, qualquer que seja ela, os conteúdos do pensamento e sua
Um outro aspecto essencial da linguagem é a palavra. forma de se expressar não constituem meros reflexos do mundo que
rodeia a criança.
As palavras não servem apenas para representar coisas e
eventos. Na verdade, atuam no sentido de abstrair as propriedades e A apreensão de novos conhecimentos requer, sobretudo, apoio em
características fundamentais das coisas e eventos a quais referem. estruturas e processos internos já desenvolvidos . Sobre esta base ,
Com isso, tornam possível relacionar elementos semelhantes entre si e noções e relações novas entrelaçam-se com relações e noções antigas,
agrupá-los em categorias. Dessa forma, propicia processos de num processo ativo e dinâmico. Nesse sentido, todas as modalidades de
abstração e generalização que são muito importantes para o raciocínio. linguagem utilizadas pelo pensamento são importantes, na medida em
que se promovem sua organização, orientação e comunicação, ao longo
A linguagem pode ser também considerada como um elemento
da interação social.
central no processo de regulação do comportamento humano. Mas logo
ela aprende a organizar e controlar seu próprio comportamento e a A linguagem na escola
prever as consequências da sua ação futura, analisando-a à luz da
A linguagem , tanto oral quanto escrita, é fundamental na escola.
experiência anterior, seja ela transmitida ou vivida. Desta forma, na base
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Em especial, o ensino destinado aos meninos e meninas das - de natureza sócio-econômica - que se encontram na base das
camadas diferenças entre as diferentes classes sociais. Tais causas se refletem
de baixa renda, majoritários da população brasileira, deve dar especial nas diferentes modalidades de linguagem que as diferentes classes
atenção a linguagem. sociais utilizam e que terminam tendo peso distinto para o sucesso
escolar. A desvalorização dos padrões linguísticos e culturais das
Geralmente, a escola exige das crianças que falem e escrevam de classes dominadas, que perpassa tanto a teoria da “deficiência” como a
acordo com o padrão “culto”, estigmatizando e censurando as variações da “diferença” linguística, as levou, portanto, a contribuir para manter as
linguísticas utilizadas pelos alunos, ou seja, suas formas específicas de desigualdades sociais.
falar. Esse padrão “culto” de linguagem, entretanto, corresponde à forma
de falar dos grupos sociais privilegiados , parte do fracasso escolar pode Para combater a seletividade escolar, defendendo o direito de
ser atribuído ao tratamento que a escola dá à questão da linguagem. todos à educação e à apropriação dos conhecimentos, é preciso assumir
uma postura política em relação à linguagem.
A linguagem e o fracasso escolar
Para tanto, o “dialeto” de prestígio falado pelas classes sociais
Para alguns, as crianças provenientes de famílias de baixa renda privilegiadas deve ser colocado a serviço da classes desfavorecidas. Isso
fracassam na escola por terem uma linguagem “pobre”, pouco elaborada pode ser feito criando-se situações nas quais os alunos, dialogando com
e com vocabulário reduzido. Essa linguagem “pobre”, “”deficiente” seria o professor acerca do mundo, do livro, deles mesmos etc., possam ir-se
resultado da “”pobreza” do contexto cultural em que tais crianças vivem apropriando da variante linguística privilegiada pela escola, ao mesmo
e não serviria para expressar o pensamento lógico ou formal, tempo em que a sua cultura e o modo de expressão próprio dela não
consequentemente, a necessidade de programas para “remediar” essa deixam de ser reconhecidos.
situação, fornecendo a essas crianças uma educação “compensatória”
das deficiências causadas por seu ambiente familiar e cultural. 3- A apropriação dos conceitos científicos

Tal teoria da “deficiência” linguística deve ser criticada. Em No processo de conhecimento é preciso considerar a presença de
primeiro lugar, ela não procura as causas do fracasso escolar nas alguém que conhece - o sujeito - e de algo a ser conhecido - o objeto.
relações que se estabelecem entre educação e sociedade no sistema Entre o sujeito e o objeto do conhecimento estabelecem-se relações que
capitalista. requerem um elemento mediador. Esta ideia fica mais clara quando
fazemos uma comparação entre trabalho material e o trabalho intelectual.
Nele, a função da escola não é a de eliminar as diferenças sociais,
mas adaptar os alunos às mesmas. Em segundo lugar, admitir a Ambos exigem, para a sua realização, o emprego de instrumentos
existência de uma deficiência cultural nas populações de baixa renda que atuem como mediadores na relação sujeito/objeto . No trabalho
significa acreditar que elas possuem uma cultura inferior, fato já bastante material realizado sobre a natureza, a enxada, o serrote, o torno, o tear
contestado pela Antropologia: todas as culturas possuem integridade e são instrumentos “físicos” que permitem ao sujeito ( lavrador ,
coerência , não sendo possível, portanto, estabelecer comparações( marceneiro, ceramista e tecelão) atuar sobre a matéria-prima. No
negativas ou positivas) de umas em relação a outras. Finalmente, todas trabalho intelectual, os principais instrumentos são os conceitos, ou seja,
as línguas atendem às necessidades e características da cultura a que propriedades abstratas apreendidas a partir da interação com objetos ou
servem, constituindo instrumentos efetivos de comunicação social. eventos, em situações variadas.
Assim, não há por que considerar que existam linguagens “deficientes”. A partir da aquisição da linguagem pela criança, os conceitos se
Uma outra teoria - a da “diferença” linguística - surge para se expressam através das palavras, que representam generalizações de
contrapor àquela que se acabou de expor. Nesta nova abordagem a objetos, eventos ou fenômenos. A palavra “gato” pôr exemplo, refere-se
linguagem das crianças das classes sociais desfavorecidas é a diferentes raças , cada uma com as suas peculiaridades, as quais são
reconhecida como diferente daquela empregada pelas crianças das abstraídas e resumidas no conceito “gato” , que é expresso pôr essa
classes privilegiadas , mas não como deficiente. Diferenças encontradas palavra. Entretanto, à medida que as crianças se desenvolvem, os
em testes de linguagem realizados com crianças dos dois grupos sociais conceitos expressos pelas palavras vão aos poucos ganhando graus
não se explicariam, nessa nova ótica, pôr inferioridade linguística dos cada vez maiores de abstração e, consequentemente , de generalização.
mais pobres. O problema estaria na forma como eles encaravam a Isto significa que o sujeito aprende sempre novas propriedades ou
situação de testarem. As crianças das famílias trabalhadoras tenderiam características do objeto, evento ou fenômeno, aumentando o seu
a senti-la como uma ameaça e pôr isso se retrairiam. conhecimento sobre ele e, em razão disso, expandindo o alcance do
conceito que exprime tal conhecimento. Gato, mamífero, vertebrado,
Há ainda uma terceira teoria para explicar a questão, do “capital” animal, ser vivo, constituem uma sequência de palavras que partindo do
linguístico. Essa nova proposta questiona os pressupostos das teorias objeto concreto “gato”, adquirem cada vez maior abrangência,
anteriores, segundo os quais a escola poderia ajudar a superar as dependendo do grau de abstração e generalização oferecido pelo
diferenças sociais. Para ela, tanto a teoria da deficiência quanto a da conceito. Por exemplo, “ser vivo”, por ser mais abstrato e
diferença linguística pecam por não investigarem as causas estruturais

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geral do que “gato”, abrange mais elementos: pessoas, plantas e todas as crianças com problemas de aprendizagem escolar
animais. sãocrianças difíceis ou anormais. Sobretudo, não é possível pensar que os
40% dos alunos que não se alfabetizam na primeira série da escola
Como a criança consorte os conceitos, enquanto instrumentos do brasileira não o façam devido a desajustes emocionais.
seu pensamento? A resposta a essa pergunta é apenas uma: os
conceitos são construídos tanto a partir da experiência individual da Além disso, mesmo reconhecendo a importância dos fatores
criança como a partir dos conhecimentos transmitidos na interação emocionais e afetivos na aprendizagem , o objetivo da ação da escola
social, em especial na escola. Os conceitos adquiridos pela experiência não é resolver dificuldades nesta área. O específico na instituição escolar
individual são chamados de espontâneos, pois se referem a objetos ou é propiciar a aquisição e reformulação dos conhecimentos elaborados
situações em que a criança observa, manipula e vivência diretamente. por uma dada sociedade.
Os conceitos alcançados na e pela atuação da escola denominam-se Cabe a escola esforçar-se por propiciar um ambiente estável e
científicos por se referirem a eventos não diretamente acessíveis ‘a seguro, onde a crianças se sintam bem, porque nestas condições a
observação ou ação imediata. Assim, conceitos espontâneos e atividade intelectual fica facilitada. Nesse sentido, alguns pontos que se
científicos diferem entre si por se pautarem ou se distanciarem da julga centrais para a compreensão do desenvolvimento afetivo e de seu
experiência concreta, fato que implica, necessariamente, processos da papel na aprendizagem devem ser discutidos.
construção também distintos.
A importância das ligações afetivas
Na escola, diferentemente das situações de experiência direta da
Especialistas afirmam que o bebê humano nasce com uma
criança, a relação entre cada conceito e o objeto, fenômeno ou evento a
predisposição para interagir. Ele dispõe de certas estruturas orgânicas
que se refere, se dará sempre mediante outros conceitos. A criança
que o levam a privilegiar certos estímulos na sua relação com o meio.
aprende, por exemplo, que “a Terra é um planeta que gira em trono do
Com isso, o bebê responde, sobretudo, a estímulos associados a outros
Sol”. Esta definição implica conceitos de “planeta” e de “movimento de
seres humanos, como a face e as vozes. Assim é que desde cedo, o
translação” que não são providos pela vivência imediata da criança .
recém-nascido distingue a voz humana do conjunto de sons presentes
Como tais conceitos científicos se relacionam formando um sistema
no ambiente e rapidamente orienta-se para os traços do rosto humano
conceitual, é a possibilidade de serem apreendidos como algo integrado
colocado à sua frente. Suas estruturas perceptuais, por outro lado, são
que lhes confere corpo, consistência e sistematicidade. Isso significa que
ativadas pelas ações dos adultos ao lhe responderem, estabelecendo
a formação desse sistema conceitual está em estreita dependência da
assim uma interdependência comportamental, desde o início, entre
aprendizagem de conceitos científicos veiculados na escola,
adulto e bebê.
estendendo-se , só posteriormente, aos conceitos espontâneos
adquiridos na vida cotidiana. A presença do adulto dá à criança condições físicas e emocionais
que a levam a explorar mais o ambiente e, portanto, a aprender. Por outro
Devemos considerar, que esses dois tipos de conceitos (
lado, a interação humana envolve também a afetividade, a emoção,
espontâneos e científicos) , emborca distintos, são mutuamente
como elemento básico. Assim, é através da interação com os indivíduos
relacionados. Os conceitos científicos possuem maior sistematicidade,
mais experientes do seu meio social que a criança constrói as suas
mas faltam-lhes a riqueza e diversidade de detalhes advindos da
funções mentais superiores, como afirma Vygotski, ou forma a sua
experiência pessoal. Os conceitos espontâneos, por sua vez, embora
personalidade, como defende Freud.
sejam plenos de significados , carecem de consciência e, portanto, de
poder ser empregados voluntariamente. A despeito, pois, de A teoria de Freud
desenvolverem-se em sentidos opostos, os conceitos científicos e
Sigmund Freud (1856 -1939) foi um neuropsiquiatra austríaco que
espontâneos se encontram intimamente relacionados. De fato, é possível
estudou o desenvolvimento emocional humano, criando um método de
entender que os conceitos espontâneos da criança se desenvolvem “de
tratar os distúrbios psíquicos, chamado Psicanálise.
baixo para cima”( em direção a níveis cada vez mais abstratos), enquanto
os científicos o fazem “de cima para baixo” (em direção a níveis cada vez Segundo Freud o bebê e a criança tem pouco controle sobre as
mais concretos). poderosas forças biológicas e sociais que agem sobre eles. É somente
através da experiência que eles vão aprendendo a lidar com elas,
Finalizando , os conceitos espontâneos e científicos influenciam-
formando a sua personalidade.
se mutuamente, um dependendo para se desenvolverem na consciência
da criança. Na teoria freudiana, o que leva o indivíduo a agir é sua excitação
energética, os seus instintos. A energia biológica, ou seja, o instinto -
4- O desenvolvimento afetivo
fonte de todos os impulsos básicos do indivíduo - é o aspecto que se
Algumas crianças enfrentam sérias dificuldades em seu encontra na base de todos os comportamentos, motivos e pensamentos.
desenvolvimento cognitivo e emocional. Não lhes é fácil abstrair e Todos eles seriam governados a partir de três fontes energéticas: a
generalizar, sofrem inúmeros medos e problemas de relacionamento sexualidade ( libido) , os impulsos de autoconservação e a agressão.
com outras crianças e adultos. É prudente, todavia, não se concluir que

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Freud enfatizou a qualidade instintiva das ligações afetivas que O prazer vem assim, da própria aprendizagem, do sentimento de
seriam manifestações do instinto sexual da criança. Por intermédio da competência pessoal, da segurança de ser hábil para resolver
sua experiência com o meio em que vive e dependendo de sua problemas.
maturação orgânica, a criança atravessa vários estágios de A auto-avaliação
desenvolvimento que, para Freud, estariam ligados aos lugares do corpo
A aprendizagem é facilitada quando o indivíduo conta com
que servem como fonte primária de prazer. O desenvolvimento da
informações sobre o próprio desempenho. Conhecendo a natureza dos
personalidade seguiria um padrão fixo, com estágios determinados, de
erros cometidos ou dos acertos realizados, ele pode colocar-se novas
um lado, pelas mudanças maturacionais no corpo e, de outro , pelo tipo
metas, buscar auxílio específico, modificar o comportamento que tem
de relacionamento que a criança estabelece com adultos significativos
face a uma disciplina. Desse ponto de vista, a avaliação do professor leva
do seu meio, em especial com o pai e a mãe. A construção da identidade
o aluno a se auto-avaliar, a perceber quais são os seus pontos fortes e
ocorre através da construção de significados a respeito das ligações que
quais são os pontos fracos que devem ser superados.
o indivíduo estabelece com o mundo, significados esses que podem ser
conscientes ou inconscientes para ele, num determinado momento. Unidade IV - O desenvolvimento de crianças e adolescentes

Afetividade e cognição 1- A atuação docente no desenvolvimento de criança e


adolescentes
As emoções estão presentes quando se busca conhecer, quando
se estabelece relações com objetos físicos, concepções ou outros Um dos maiores desafios com o qual a escola se defronta é
indivíduos. Afeto e cognição constituem aspectos inseparáveis, resolver de forma efetiva uma das suas principais metas: a de propiciar
presentes em qualquer atividade, embora em proporções variáveis. A aos alunos a possibilidade de realizar, com os materiais e os meios
afetividade e a inteligência se estruturam nas ações e pelas ações dos disponíveis, algo que ainda não tenha sido feito, ou de fornecer
indivíduos . O afeto pode, assim, ser entendido como energia necessária condições para que aquilo que já foi feito seja visto, ou refeito a partir de
para que a estrutura cognitiva passe a operar, ele influencia a velocidade uma nova perspectiva. Não se quer, assim, que a escola atue apenas
com que se constrói o conhecimento, pois, quando as pessoas se sentem como reprodutora de conhecimentos ou de técnicas já desenvolvidas. Ao
seguras, aprendem com mais facilidade. contrário, é preciso que a criação - seja ela científica, seja artística - tenha
lugar no espaço escolar. É necessário que se estimule e encoraje o
Na interação que o professor e aluno estabelecem na escola, os
próprio prazer de aprender, frequentemente ausente da vida e das salas
fatores afetivos e cognitivos de ambos exercem influência decisiva. Para
de aula. Essa não é uma tarefa simples, pois exige interesse e atenção
que essa interação possa levar à construção de conhecimentos , a
para pequenos progressos, sensibilidade para avaliar os esforços
interpretação que o professor faz do comportamento dos alunos é
despendidos, sobretudo, capacidade de elaborar formas produtivas de
fundamental. Ele precisa estar atento ao fato de que existem muitas
orientar o trabalho das crianças. É imprescindível que adultos,
significações possíveis para os comportamentos assumidos por seus
professores ou não, constituam modelos e atuem como colaboradores,
alunos, buscando verificar quais delas melhor traduzem as intenções
na tentativa de reconstruir o passado para transforma-lo. Para tanto, é
originais. Além disso, o professor necessita compreender que aspectos
necessário separar o secundário do central, discutir as respostas obtidas,
da sua própria personalidade - seus desejos, preocupações e valores -
orientar a formulação de novas hipóteses e apontar aquilo que é
influem em seu comportamento, ao longo de interações que ele mantém
produção pessoal, diferenciando-a das já existentes.
com a classe.
2- A concepção Interacionista na escola
Motivação e aprendizagem
A interação em sala de aula
A motivação para aprender nada mais é do que o reconhecimento,
pelo indivíduo, de que conhecer algo irá satisfazer suas necessidades Na interação professores-alunos, supõe-se que o primeiro ajude
atuais ou futuras. Ela também pode ser encarada como um processo inicialmente os segundos na tarefa de aprender , porque essa ajuda logo
psicológico em construção. lhes possibilitará pensar com autonomia. Para aprender, o aluno precisa
ter ao seu lado alguém que o perceba nos diferentes momentos da
A motivação humana deve ser compreendida na relação entre os
situação de aprendizagem e que lhe responda de forma a ajuda-la a
aspectos cognitivos e afetivos da personalidade, ambos largamente
evoluir no processo, alcançando um nível mais elevado de
dependentes do meio social. A motivação está ligada à autoconsciência
conhecimento. Por meio da interação que se estabelece entre eles e esse
do indivíduo ( seus ideais, seus projetos, sua visão de mundo) e também
parceiro mais experiente e sensível - o professor ou um colega - o aluno
aos aspectos inconscientes de sua personalidade.
vai construindo novos conhecimentos, habilidades e significações.
Para o professor um dos trabalhos mais importantes a serem
Participando ativamente, os alunos têm diferentes oportunidades
desenvolvidos é motivar os alunos, procurar fazer com que o processo
de coordenar suas ações tanto com as dos colegas como com as do
de aprendizagem seja motivador em si mesmo: as crianças devem ser
professor, usando diversos modos de expressão: oral, escrita, gráficos,
levadas a colocar toda a sua energia para enfrentar o desafio intelectual
que a escola lhes coloca.
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corporais etc. A interação em sala de aula envolve, pois, ajuste de ações comunidade - os alunos se tornam mais conscientes de si
que levam à construção partilhada de significados nas situações de mesmos,aprendem a ouvir e incorporar críticas às sugestões dadas, a
aprendizagem. Nesse processo, mestre e aprendizes se respeitam como defender suas ideias e seu espaço no grupo, a dividir de modo produtivo.
pessoas, como sujeitos únicos que possuem experiências diversas de Sobretudo, a atividade conjunta leva à compreensão de que o esforço
uma mesma cultura. solitário para a obtenção de um determinado fim deve ser enriquecido no
trabalho partilhado, onde se trocam informações, apoio e incentivo. Nesse
Procedimentos de ensino sentido , o papel do professor e dos colegas é essencial para a
Nesse quadro de referencias, um ensino pautado exclusivamente perseverança nos objetivos propostos, a organização do conhecimento e a
em aulas, onde o professor apenas expõe um conteúdo sem dialogar produção de um trabalho.
com os alunos sobre o mesmo, está fadado ao fracasso. É preciso que
os alunos participem ativamente da aprendizagem, fazendo perguntas e
propondo soluções. Para tanto, incentiva-se a pesquisa e o raciocínio A PEDAGOGIA: SEU OBJETO,
lógico em tarefas de solução de problemas. Não se recomenda, pois, que CAMPO DE CONHECIMENTO E DE TRABALHO;
a aprendizagem se restrinja a fórmulas e a memorização, seja de
AS CORRENTES PEDAGÓGICAS.
definições, seja de textos.
Para desenvolver a abordagem das tendências pedagógicas
O professor não é exclusivamente um transmissor de
utilizamos como critério a posição que cada tendência adota em relação
conhecimento, como o aluno não é receptor passivo dos mesmos. O
às finalidades sociais da escola.
professor é um mediador competente entre o aluno e o conhecimento,
alguém que deve criar situações para a aprendizagem, que provoque Assim vamos organizar o conjunto das pedagogias em dois
desafio intelectual. Seu papel é o de interlocutor, que assinala, orienta e grupos, conforme aparece a seguir:
coordena.
1. Pedagogia liberal
A linguagem na instrução
1.1 tradicional
A importância da linguagem na instrução, facilita a construção,
1.2 renovada progressivista
compreensão e atenção dos conteúdos apresentados. Convém, no
entanto, ressaltar que não é simples a tarefa de trabalhar sobre a 1.3 renovada não-diretiva
linguagem, de modo a deixa-la compatível com os conhecimentos que
1.4 tecnicista
os alunos já elaboraram sobre um determinado assunto.
2. Pedagogia progressista
Quando a linguagem se apóia em experiências já enfrentadas
pelas crianças, é maior a sua possibilidade de ser uma base sólida para 2.1 libertadora
a construção e retenção de novos conhecimentos. 2.2 libertária
A noção de erro 2.3 crítico-social dos conteúdos
O interacionismo questiona, na escola, procedimentos de É evidente que tanto as tendências quanto suas manifestações
avaliação que se pautam na visão tradicional de “erro”. Na verdade, as não são puras nem mutuamente exclusivas o que, aliás, é a limitação
“soluções erradas” são ricas de informações para o professor: através principal de qualquer tentativa de classificação. Em alguns casos as
delas é possível perceber a forma por meio da qual a criança pensa, suas tendências se complementam, em outros, divergem. De qualquer modo,
hipóteses sobre um determinado assunto, sua maneira de operar a classificação e sua descrição poderão funcionar como um instrumento
cognitivamente os significados que atribui a um tema de acontecimentos. de análise para o professor avaliar a sua prática de sala de aula.
Se cada estágio de desenvolvimento essa forma de pensar sofre
A exposição das tendências pedagógicas compõe-se de uma
transformações drásticas, como definir o que é “erro”? O interacionismo
caracterização geral das tendências liberal e progressista, seguidas da
mostrou que mais produtivo do que ter meramente o resultado da
apresentação das pedagogias que as traduzem e que se manifestam
aprendizagem, é investigar o seu processo.
na prática docente.
O trabalho em grupo
1. PEDAGOGIA LIBERAL
Uma das alternativas mais ricas com que os adultos contam para
O termo liberal não tem o sentido de “avançado”, “democrático”,
amparar e orientar as gerações mais novas é o trabalho supervisionado
“aberto”, como costuma ser usado. A doutrina liberal apareceu como
em grupo, onde as diferentes crianças e jovens interagem em busca de
justificação do sistema capitalista que, ao defender a predominância da
um objetivo comum, dividindo e compartilhando esforços. Durante as
liberdade e dos interesses individuais da sociedade, estabeleceu uma
horas que passam juntos - tentando montar uma peça de teatro, observar
forma de organização social baseada na propriedade privada dos meios
e descrever um experimento científico, organizar um jornal da
de produção, também denominada sociedade de classes. A pedagogia
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liberal, portanto, é uma manifestação própria desse tipo de sociedade. mas as técnicas (forma) de descoberta e aplicação. A tecnologia
A educação brasileira, pelo menos nos últimos cinquenta (aproveitamento ordenado de recursos, com base no conhecimento
anos,.tem sido marcada pelas tendências liberais, nas suas formas ora científico) é o meio eficaz de obter a maximização da produção e garantir
conservadora, ora renovada. Evidentemente tais tendências se um ótimo funcionamento da sociedade; a educação é um recurso
manifestam, concretamente, nas práticas escolares e no ideário tecnológico por excelência. Ela “é encarada como um instrumento capaz
pedagógico de muitos professores, ainda que estes não se deem conta de promover, sem contradição, o desenvolvimento econômico pela
dessa influência. qualificação da mão-de-obra, pela redistribuição da renda, pela
maximização da produção e, ao mesmo tempo, pelo desenvolvimento da
A pedagogia liberal sustenta a ideia de que a escola tem por ‘consciência política’ indispensável à manutenção do Estado autoritário”.
função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de Utiliza-se basicamente do enfoque sistêmico, da tecnologia educacional
acordo com as aptidões individuais, por isso os indivíduos precisam e da análise experimental do comportamento.
aprender a se adaptar aos valores e às normas vigentes na sociedade
de classes através do desenvolvimento da cultura individual. A ênfase no 1.1 TENDÊNCIA LIBERAL TRADICIONAL
aspecto cultural esconde a realidade das diferenças de classes, pois, Papel da escola – A atuação da escola consiste na preparação
embora difunda a ideia de igualdade de oportunidades, não leva em intelectual e moral dos alunos para assumir sua posição na sociedade.
conta a desigualdade de condições. Historicamente, a educação liberal O compromisso da escola é com a cultura, os problemas sociais
iniciou-se com a pedagogia tradicional e, por razões de recomposição da pertencem à sociedade. O caminho cultural em direção ao saber é o
hegemonia da burguesia, evoluiu para a pedagogia renovada (também mesmo para todos os alunos, desde que se esforcem. Assim, os menos
denominada escola nova ou ativa), o que não significou a substituição de capazes devem lutar para superar suas dificuldades e conquistar seu
uma pela outra, pois ambas conviveram e convivem na prática escolar. lugar junto aos mais capazes. Caso não consigam, devem procurar o
Na tendência tradicional, a pedagogia liberal se caracteriza por ensino mais profissionalizante.
acentuar o ensino humanístico, de cultura geral, no qual o aluno é Conteúdos de ensino – São os conhecimentos e valores sociais
educado para atingir, pelo próprio esforço, sua plena realização como acumulados pelas gerações adultas e repassados ao aluno como
pessoa. Os conteúdos, os procedimentos didáticos, a relação professor- verdades. As matérias de estudo visam preparar o aluno para a vida, são
aluno não têm nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos determinadas pela sociedade e ordenadas na legislação. Os conteúdos
com as realidades sociais. É a predominância da palavra do professor, são separados da experiência do aluno e das realidades sociais, valendo
das regras impostas, do cultivo exclusivamente intelectual. pelo valor intelectual, razão pela qual a pedagogia tradicional é criticada
A tendência liberal renovada acentua, igualmente, o sentido da como intelectualista e, às vezes, como enciclopédica.
cultura como desenvolvimento das aptidões individuais. Mas a educação Métodos – Baseiam-se na exposição verbal da matéria e/ou
é um processo interno, não externo; ela parte das necessidades e demonstração. Tanto a exposição quanto a análise são feitas pelo
interesses individuais necessários para a adaptação ao meio. A professor, observados os seguintes passos: a) preparação do aluno
educação é a vida presente, é a parte da própria experiência humana. A (definição do trabalho, recordação da matéria anterior, despertar
escola renovada propõe um ensino que valorize a auto- educação (o interesse); b) apresentação (realce de pontos-chaves, demonstração);
aluno como sujeito do conhecimento), a experiência direta sobre o meio c) associação (combinação do conhecimento novo com o já conhecido
pela atividade; um ensino centrado no aluno e no grupo. A tendência por comparação e abstração); d) generalização (dos aspectos
liberal renovada apresenta-se, entre nós, em duas versões distintas: a particulares chega-se ao conceito geral, é a exposição sistematizada);
renovada progressivista, ou pragmatista, principalmente na forma e) aplicação (explicação de fatos adicionais e/ou resoluções de
difundida pelos pioneiros da educação nova, entre os quais se destaca exercícios). A ênfase nos exercícios, na repetição de conceitos ou
Anísio Teixeira (deve-se destacar, também, a influência de Montessori, fórmulas na memorização visa disciplinar a mente e formar hábitos.
Decroly e, de certa forma, Piaget); a renovada não-diretiva, orientada
Relacionamento professor-aluno – Predomina a autoridade do
para os objetivos de auto-realização (desenvolvimento pessoal) e para
professor que exige atitude receptiva dos alunos e impede qualquer
as relações interpessoais, na formulação do psicólogo norte-americano
comunicação entre eles no decorrer da aula. O professor transmite o
Carl Rogers.
conteúdo na forma de verdade a ser absorvida; em consequência, a
A tendência liberal tecnicista subordina a educação à sociedade, disciplina imposta é o meio mais eficaz para assegurar a atenção e o
tendo como função a preparação de “recursos humanos” (mão-de-obra silêncio.
para a indústria). A sociedade industrial e tecnológica estabelece
Pressupostos de aprendizagem – A ideia de que o ensino consiste
(cientificamente) as metas econômicas, sociais e políticas, a educação
em repassar os conhecimentos para o espírito da criança é
treina (também cientificamente) nos alunos os comportamentos de
acompanhada de uma outra: a de que a capacidade de assimilação da
ajustamento a essas metas. No tecnicismo acredita-se que a realidade
criança é idêntica à do adulto, apenas menos desenvolvida. Os
contém em si suas próprias leis, bastando aos homens descobri-las e
programas, então, devem ser dados numa progressão lógica,
aplicá-las. Dessa forma, o essencial não é o conteúdo da realidade,

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estabelecida pelo adulto, sem levar em conta as características próprias permitam pesquisar a descoberta de soluções; d) soluções
de cada idade. A aprendizagem, assim, é receptiva e mecânica, para o
que se recorre frequentemente à coação. A retenção do material
ensinado é garantida pela repetição de exercícios sistemáticos e
recapitulação da matéria. A transferência da aprendizagem depende do
treino; é indispensável a retenção, a fim de que o aluno possa responder
às situações novas de forma semelhante às respostas dadas em
situações anteriores. A avaliação se dá por verificações de curto prazo
(interrogatórios orais, exercício de casa) e de prazo mais longo (provas
escritas, trabalhos de casa). O reforço é, em geral, negativo (punição,
notas baixas, apelos aos pais); às vezes, é positivo (emulação,
classificações).

Manifestações na prática escolar – A pedagogia liberal tradicional


é viva e atuante em nossas escolas. Na descrição apresentada aqui
incluem-se as escolas religiosas ou leigas que adotam uma orientação
clássico-humanista ou uma orientação humano-científica, sendo que
esta se aproxima mais do modelo de escola predominante em nossa
história educacional.

1.2 TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA PROGRESSIVISTA

Papel da escola – A finalidade da escola é adequar as


necessidades individuais ao meio social e, para isso, ela deve se
organizar de forma a retratar, o quanto possível, a vida. Todo ser dispõe
dentro de si mesmo de mecanismos de adaptação progressiva ao meio
e de uma consequente integração dessas formas de adaptação no
comportamento. Tal integração se dá por meio de experiências que
devem satisfazer, ao mesmo tempo, os interesses do aluno e as
exigências sociais. À escola cabe suprir as experiências que permitam
ao aluno educar-se, num processo ativo de construção e reconstrução
do objeto, numa interação entre estruturas cognitivas do indivíduo e
estruturas do ambiente.

Conteúdos de ensino – Como o conhecimento resulta da ação a


partir dos interesses e necessidades, os conteúdos de ensino são
estabelecidos em função de experiências que o sujeito vivencia frente a
desafios cognitivos e situações problemáticas. Dá-se, portanto, muito
mais valor aos processos mentais e habilidades cognitivas do que a
conteúdos organizados racionalmente. Trata-se de “aprender a
aprender”, ou seja, é mais importante o processo de aquisição do saber
do que o saber propriamente dito.

Método de ensino – A ideia de “aprender fazendo” está sempre


presente. Valorizam-se as tentativas experimentais, a pesquisa, a
descoberta, o estudo do meio natural e social, o método de solução de
problemas. Embora os métodos variem, as escolas ativas ou novas
(Dewey, Montessori, Decroly, Cousinet e outros) partem sempre de
atividades adequadas à natureza do aluno e às etapas do seu
desenvolvimento. Na maioria delas, acentua-se a importância do
trabalho em grupo não apenas como técnica, mas como condição básica
do desenvolvimento mental. Os passos básicos do método ativo são: a)
colocar o aluno numa situação de experiência que tenha um interesse
por si mesma; b) o problema deve ser desafiante, como estímulo à
reflexão; c) o aluno deve dispor de informações e instruções que lhe
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provisórias devem ser incentivadas e ordenadas, com a ajuda discreta Conteúdos de ensino – A ênfase que esta tendência põe nos
do professor; e) deve-se garantir a oportunidade de colocar as processos de desenvolvimento das relações e da comunicação torna
soluções à prova, a fim de determinar sua utilidade para a vida. secundária a transmissão de conteúdos. Os processos de ensino visam

Relacionamento professor-aluno – Não há lugar privilegiado


para o professor; antes, seu papel é auxiliar o desenvolvimento livre e
espontâneo da criança; se intervém, é para dar forma ao raciocínio
dela. A disciplina surge de uma tomada de consciência dos limites da
vida grupal; assim, aluno disciplinado é aquele que é solidário,
participante, respeitador das regras do grupo. Para se garantir um
clima harmonioso dentro da sala de aula é indispensável um
relacionamento positivo entre professores e alunos, uma forma de
instaurar a “vivência democrática” tal qual deve ser a vida em
sociedade.

Pressupostos de aprendizagem – A motivação depende da


força de estimulação do problema e das disposições internas e
interesses do aluno. Assim, aprender se torna uma atividade de
descoberta, é uma auto-aprendizagem, sendo o ambiente apenas o
meio estimulador. E retido o que se incorpora à atividade do aluno pela
descoberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a estrutura
cognitiva para ser empregado em novas situações. A avaliação é fluida
e tenta ser eficaz à medida que os esforços e os êxitos são pronta e
explicitamente reconhecidos pelo professor.

Manifestações na prática escolar – Os princípios da pedagogia


pro-gressivista vêm sendo difundidos, em larga escala, nos cursos de
licenciatura, e muitos professores sofrem sua influência. Entretanto,
sua aplicação é reduzidíssima, não somente por falta de condições
objetivas como também porque se choca com uma prática pedagógica
basicamente tradicional. Alguns métodos são adotados em escolas
particulares, como o método Mon-tessori, o método dos centros de
interesse de Decroly, o método de projetos de Dewey. O ensino
baseado na psicologia genética de Piaget tem larga aceitação na
educação pré-escolar. Pertencem, também, à tendência pro-
gressivista muitas das escolas denominadas “experimentais”, as
“escolas comunitárias” e mais remotamente (década de 60) a “escola
secundária moderna”, na versão difundida por Lauro de Oliveira Lima.

1.3 TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA NÃO-DIRETIVA

Papel da escola – Acentua-se nesta tendência o papel da


escola na formação de atitudes, razão pela qual deve estar mais
preocupada com os problemas psicológicos do que com os
pedagógicos ou sociais. Todo esforço está em estabelecer um clima
favorável a uma mudança dentro do indivíduo, isto é, a uma adequação
pessoal às solicitações do ambiente. Rogers4 considera que o ensino
é uma atividade excessivamente valorizada; para ele os
procedimentos didáticos, a competência na matéria, as aulas, livros,
tudo tem muito pouca importância, face ao propósito de favorecer à
pessoa um clima de autodesenvolvimento e realização pessoal, o que
implica estar bem consigo próprio e com seus semelhantes. O
resultado de uma boa educação é muito semelhante ao de uma boa
terapia.

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mais facilitar aos estudantes os meios para buscarem por si mesmos os “descoberta” é função da educação, mas deve ser restrita aos
conhecimentos que, no entanto, são dispensáveis.

Métodos de ensino – Os métodos usuais são dispensados,


prevalecendo quase que exclusivamente o esforço do professor em
desenvolver um estilo próprio para facilitar a aprendizagem dos alunos.
Rogers explicita algumas das características do professor “facilitador”:
aceitação da pessoa do aluno, capacidade de ser confiável, receptivo e
ter plena convicção na capacidade de autodesenvolvimento do
estudante. Sua função restringe-se a ajudar o aluno a se organizar,
utilizando técnicas de sensibilização onde os sentimentos de cada um
possam ser expostos, sem ameaças. Assim, o objetivo do trabalho
escolar se esgota nos processos de melhor relacionamento in-
terpessoal, como condição para o crescimento pessoal.

Relacionamento professor-aluno – A pedagogia não-diretiva


propõe uma educação centrada no aluno, visando formar sua
personalidade através da vivência de experiências significativas que lhe
permitam desenvolver características inerentes à sua natureza. O
professor é um especialista em relações humanas, ao garantir o clima de
relacionamento pessoal e autêntico. “Ausentar-se” é a melhor forma de
respeito e aceitação plena do aluno. Toda intervenção é ameaçadora,
inibidora da aprendizagem.

Pressupostos de aprendizagem – A motivação resulta do desejo


de adequação pessoal na busca da auto-realização; é portanto um ato
interno. A motivação aumenta, quando o sujeito desenvolve o sentimento
de que é capaz de agir em termos de atingir suas metas pessoais, isto é,
desenvolve a valorização do “eu”. Aprender, portanto, é modificar suas
próprias percepções; daí que apenas se aprende o que estiver
significativamente relacionado com essas percepções. Resulta que a
retenção se dá pela relevância do aprendido em relação ao “eu”, ou seja,
o que não está envolvido com o “eu” não é retido e nem transferido.
Portanto, a avaliação escolar perde inteiramente o sentido, privilegiando-
se a auto-avaliaçáo.

Manifestações na prática escolar – Entre nós, o inspirador da


pedagogia não-diretiva é C. Rogers, na verdade mais psicólogo clínico
que educador. Suas ideias influenciam um número expressivo de
educadores e professores, principalmente orientadores educacionais e
psicólogos escolares que se dedicam ao aconselhamento. Menos
recentemente, podem-se citar também tendências inspiradas na escola
de Summerhill do educador inglês A. Neill.

1.4 TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA

Papel da escola – Num sistema social harmônico, orgânico e


funcional, a escola funciona como modeladora do comportamento
humano, através de técnicas específicas. À educação escolar compete
organizar o processo de aquisição de habilidades, atitudes e
conhecimentos específicos, úteis e necessários para que os indivíduos
se integrem na máquina do sistema social global. Tal sistema social é
regido por leis naturais (há na sociedade a mesma regularidade e as
mesmas relações funcionais observáveis entre os fenômenos da
natureza), cientificamente descobertas. Basta aplicá-las. A atividade da

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especialistas; a “aplicação” é competência do processo educacional obje-tivas, com papéis bem definidos: o professor administra as
comum. A escola atua, assim, no aperfeiçoamento da ordem social
vigente (o sistema capitalista), articulando-se diretamente com o
sistema produtivo; para tanto, emprega a ciência da mudança de
comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse
imediato é o de produzir indivíduos “competentes” para o mercado de
trabalho, transmitindo, eficientemente, informações precisas, objetivas
e rápidas. A pesquisa científica, a tecnologia educacional, a análise
experimental do comportamento garantem a objetividade da prática
escolar, uma vez que os objetivos instru-cionais (conteúdos) resultam
da aplicação de leis naturais que independem dos que a conhecem ou
executam.

Conteúdos de ensino – São as informações, princípios


científicos, leis etc., estabelecidos e ordenados numa sequência lógica
e psicológica por especialistas. É matéria de ensino apenas o que é
redutível ao conhecimento observável e mensurável; os conteúdos
decorrem, assim, da ciência objetiva, eliminando-se qualquer sinal de
subjetividade. O material instrucional en-contra-se sistematizado nos
manuais, nos livros didáticos, nos módulos de ensino, nos dispositivos
audiovisuais etc.

Métodos de ensino – Consistem nos procedimentos e técnicas


necessárias ao arranjo e controle nas condições ambientais que
assegurem a transmissão/recepção de informações. Se a primeira
tarefa do professor é modelar respostas apropriadas aos objetivos
instrucionais, a principal é conseguir o comportamento adequado pelo
controle do ensino; daí a importância da tecnologia educacional. A
tecnologia educacional é a “aplicação sistemática de princípios
científicos comportamentais e tecnológicos a problemas educacionais,
em função de resultados efetivos, utilizando uma metodologia e
abordagem sistêmica abrangente”. Qualquer sistema instrucional (há
uma grande variedade deles) possui três componentes básicos:
objetivos instrucionais operacionalizados em comportamentos
observáveis e mensuráveis, procedimentos instrucionais e avaliação.
As etapas básicas de um processo ensino-aprendizagem são:

a) estabelecimento de comportamentos terminais, através


de objetivos instrucionais;

b) análise da tarefa de aprendizagem, a fim de ordenar se-


quencialmente os passos da instrução;

c) executar o programa, reforçando gradualmente as


respos- tas corretas correspondentes aos objetivos.

O essencial da tecnologia educacional é a programação por


passos sequenciais empregada na instrução programada, nas
técnicas de microensino, multimeios, módulos etc. O emprego da
tecnologia instrucional na escola pública aparece nas formas de:
planejamento em moldes sistêmicos, concepção de aprendizagem
como mudança de comportamento, operacionalização de objetivos,
uso de procedimentos científicos (instrução programada, audiovisuais,
avaliação etc., inclusive a programação de livros didáticos).

Relacionamento professor-aluno – São relações estruturadas e

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condições de transmissão da matéria, conforme um sistema instrucional postura eclética em torno de princípios pedagógicos assentados nas
eficiente e efetivo em termos de resultados da aprendizagem; o aluno pedagogias tradicional e renovada.
recebe, aprende e fixa as informações. O professor é apenas um elo de 2. PEDAGOGIA PROGRESSISTA
ligação entre a verdade científica e o aluno, cabendo-lhe empregar o
O termo “progressista”, emprestado de Snyders, é usado aqui
sistema instrucional previsto. O aluno é um indivíduo responsivo, não
para designar as tendências que, partindo de uma análise crítica das
participa da elaboração do programa educacional. Ambos são
realidades sociais, sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas
espectadores frente à verdade objetiva. A comunicação professor-aluno
da educação. Evidentemente a pedagogia progressista não tem como
tem um sentido exclusivamente técnico, que é o de garantir a eficácia da
institucionalizar-se numa sociedade capitalista; daí ser ela um
transmissão do conhecimento. Debates, discussões, questionamentos
instrumento de luta dos professores ao lado de outras práticas sociais.
são desnecessários, assim como pouco importam as relações afetivas e
pessoais dos sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem. A pedagogia progressista tem-se manifestado em três tendências:
a libertadora, mais conhecida como pedagogia de Paulo Freire; a
Pressupostos de aprendizagem – As teorias de aprendizagem que
libertária, que reúne os defensores da autogestão pedagógica; a crítico-
fundamentam a pedagogia tecnicista dizem que aprender é uma questão
social dos conteúdos que, diferentemente das anteriores, acentua a
de modificação do desempenho: o bom ensino depende de organizar
primazia dos conteúdos no seu confronto com as realidades sociais.
eficientemente as condições estimuladoras, de modo a que o aluno saia
da situação de aprendizagem diferente de como entrou. Ou seja, o As versões libertadora e libertária têm em comum o
ensino é um processo de condicionamento através do uso de antiautoritarismo, a valorização da experiência vivida como base da
reforçamento das respostas que se quer obter. Assim, os sistemas relação educativa e a ideia de autogestão pedagógica. Em função disso,
instrucionais visam ao controle do comportamento individual face dão mais valor ao processo de aprendizagem grupal (participação em
objetivos preestabelecidos. Trata-se de um enfoque diretivo do ensino, discussões, assembleias, votações) do que aos conteúdos de ensino.
centrado no controle das condições que cercam o organismo que se Como decorrência, a prática educativa somente faz sentido numa prática
comporta. O objetivo da ciência pedagógica, a partir da psicologia, é o social junto ao povo, razão pela qual preferem as modalidades de
estudo científico do comportamento: descobrir as leis naturais que educação popular “não-formal”.
presidem as reações físicas do organismo que aprende, a fim de
A tendência da pedagogia crítico-social dos conteúdos propõe
aumentar o controle das variáveis que o afetam. Os componentes da
uma síntese superadora das pedagogias tradicional e renovada,
aprendizagem – motivação, retenção, transferência – decorrem da
valorizando a ação pedagógica enquanto inserida na prática social
aplicação do comportamento operante Segundo Skinner, o
concreta. Entende a escola como mediação entre o individual e o social,
comportamento aprendido é uma resposta a estímulos externos,
exercendo aí a articulação entre a transmissão dos conteúdos e a
controlados por meio de reforços que ocorrem com a resposta ou após a
assimilação ativa por parte de um aluno concreto (inserido num contexto
mesma: “Se a ocorrência de um (comportamento) operante é seguida
de relações sociais); dessa articulação resulta o saber criticamente
pela apresentação de um estímulo (reforçador), a probabilidade de
reelaborado.
reforçamento é aumentada”. Entre os autores que contribuem para os
estudos de aprendizagem destacam-se: Skinner, Gagné, Bloom e Mager. 2.1 TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTADORA

Manifestações na prática escolar – A influência da pedagogia Papel da escola – Não é próprio da pedagogia libertadora falar
tecnicista remonta à 2ª metade dos anos 50 (PABAEE – Programa em ensino escolar, já que sua marca é a atuação “não-formal”.
Brasileiro-americano de Auxilio ao Ensino Elementar). Entretanto foi Entretanto, professores e educadores engajados no ensino escolar vêm
introduzida mais efetivamente no final dos anos 60 com o objetivo de adotando pressupostos dessa pedagogia. Assim, quando se fala na
adequar o sistema educacional à orientação político-econômica do educação em geral, diz-se que ela é uma atividade onde professores e
regime militar: inserir a escola nos modelos de racionalização do sistema alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da qual extraem o
de produção capitalista. E quando a orientação escolanovista cede lugar conteúdo de aprendizagem, atingem um nível de consciência dessa
à tendência tecnicista, pelo menos no nível de política oficial; os marcos mesma realidade, a fim de nela atuarem, num sentido de transformação
de implantação do modelo tecnicista são as leis 5.540/68 e 5.692/71, que social. Tanto a educação tradicional, denominada “bancária” – que visa
reorganizam o ensino superior e o ensino de 1º e 2º graus. A despeito da apenas depositar informações sobre o aluno –, quanto a educação
máquina oficial, entretanto, não há indícios seguros de que os renovada – que pretenderia uma libertação psicológica individual – são
professores da escola pública tenham assimilado a pedagogia tecnicista, domesticadoras, pois em nada contribuem para desvelar a realidade
pelo menos em termos de ideário. A aplicação da metodologia tecnicista social de opressão. A educação libertadora, ao contrário, questiona
(planejamento, livros didáticos programados, procedimentos de concretamente a realidade das relações do homem com a natureza e
avaliação etc.) não configura uma postura tecnicista do professor; antes, com os outros homens, visando a uma transformação – daí ser uma
o exercício profissional continua mais para uma educação crítica.

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Conteúdos de ensino – Denominados “temas geradores”, são conscientização, de “aproximação de consciências”. Trata-se de uma
extraídos da problematização da prática de vida dos educandos. Os “não-diretividade”, mas não no sentido do professor que se ausenta
conteúdos tradicionais são recusados porque cada pessoa, cada grupo (como em Rogers), mas que permanece vigilante para assegurar ao
envolvido na ação pedagógica dispõe em si próprio, ainda que de forma grupo um espaço humano para “dizer sua palavra”, para se exprimir sem
rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se parte. O importante se neutralizar.
não é a transmissão de conteúdos específicos, mas despertar uma nova Pressupostos de aprendizagem – A própria designação de
forma da relação com a experiência vivida. A transmissão de conteúdos “educação problematizadora” como correlata de educação libertadora
estruturados a partir de fora é considerada como “invasão cultural” ou revela a força motivadora da aprendizagem. A motivação se dá a partir
“depósito de informação”, porque não emerge do saber popular. Se forem da codificaçáo de uma situação-problema, da qual se toma distância para
necessários textos de leitura estes deverão ser redigidos pelos próprios analisá-la criticamente. “Esta análise envolve o exercício da abstração,
educandos com a orientação do educador. através da qual procuramos alcançar, por meio de representações da
Em nenhum momento o inspirador e mentor da pedagogia realidade concreta, a razão de ser dos fatos”.
libertadora, Paulo Freire, deixa de mencionar o caráter essencialmente Aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é,
político de sua pedagogia, o que, segundo suas próprias palavras, da situação real vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma
impede que ela seja posta em prática em termos sistemáticos, nas aproximação crítica dessa realidade. O que é aprendido não decorre de
instituições oficiais, antes da transformação da sociedade. Daí porque uma imposição ou memorização, mas do nível crítico de conhecimento,
sua atuação se dê mais em nível da educação extra-escolar. O que não ao qual se chega pelo processo de compreensão, reflexão e crítica. O
tem impedido, por outro lado, que seus pressupostos sejam adotados e que o educando transfere, em termos de conhecimento, é o que foi
aplicados por numerosos professores. incorporado como resposta às situações de opressão – ou seja, seu
Métodos de ensino – “Para ser um ato de conhecimento o engajamento na militância política.
processo de alfabetização de adultos demanda, entre educadores e Manifestações na prática escolar – A pedagogia libertadora tem
educandos, uma relação de autêntico diálogo; aquela em que os sujeitos como inspirador e divulgador Paulo Freire, que tem aplicado suas ideias
do ato de conhecer se encontram mediatizados pelo objeto a ser pessoalmente em diversos países, primeiro no Chile, depois na África.
conhecido” (...) “O diálogo engaja ativamente a ambos os sujeitos do ato Entre nós, tem exercido uma influência expressiva nos movimentos
de conhecer: educador-educando e educando-educador”. populares e sindicatos e, praticamente, se confunde com a maior parte
Assim sendo, a forma de trabalho educativo é o “grupo de das experiências do que se denomina “educação popular”. Há diversos
discussão”, a quem cabe autogerir a aprendizagem, definindo o conteúdo grupos desta natureza que vêm atuando não somente no nível da prática
e a dinâmica das atividades. O professor é um animador que, por popular, mas também por meio de publicações, com relativa
princípio, deve “descer” ao nível dos alunos, adaptando-se às suas independência em relação às ideias originais da pedagogia libertadora.
características e ao desenvolvimento próprio de cada grupo. Deve Embora as formulações teóricas de Paulo Freire se restrinjam à
caminhar “junto”, intervir o mínimo indispensável, embora não se furte, educação de adultos ou à educação popular em geral, muitos
quando necessário, a fornecer uma informação mais sistematizada. professores vêm tentando colocá-las em prática em todos os graus de
ensino formal.
Os passos da aprendizagem – Codificação-decodificação, e
problema-tização da situação – permitirão aos educandos um esforço de 2.2 TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA
compreensão do “vivido”, até chegar a um nível mais crítico de Papel da escola – A pedagogia libertária espera que a escola
conhecimento da sua realidade, sempre através da troca de experiência exerça uma transformação na personalidade dos alunos num sentido
em torno da prática social. Se nisso consiste o conteúdo do trabalho libertário e autogestionário. A ideia básica é introduzir modificações
educativo, dispensam-se um programa previamente estruturado, institucionais, a partir dos níveis subalternos que, em seguida, vão
trabalhos escritos, aulas expositivas, assim como qualquer tipo de “contaminando” todo o sistema. A escola instituirá, com base na
verificação direta da aprendizagem, formas essas próprias da “educação participação grupal, mecanismos institucionais de mudança
bancária”, portanto, domesticadoras. Entretanto admite-se a avaliação (assembleias, conselhos, eleições, reuniões, associações etc.), de tal
da prática vivenciada entre educador-educandos no processo de grupo forma que o aluno, uma vez atuando nas instituições “externas”, leve
e, às vezes, a auto-avaliação feita em termos dos compromissos para lá tudo o que aprendeu. Outra forma de atuação da pedagogia
assumidas com a prática social. libertária, correlata à primeira, é – aproveitando a margem de liberdade
Relacionamento professor-aluno – No diálogo, como método do sistema – criar grupos de pessoas com princípios educativos
básico, a relação é horizontal, onde educador e educandos se autogestionários (associações, grupos informais, escolas
posicionam como sujeitos do ato de conhecimento. O critério de bom autogestionárias). Há, portanto, um sentido expressamente político, à
relacionamento é a total identificação com o povo, sem o que a relação medida que se afirma o indivíduo como produto do social e que o
pedagógica perde consistência. Elimina-se, por pressuposto, toda desenvolvimento individual somente se realiza no coletivo. A autogestão
relação de autoridade, sob pena de esta inviabilizar o trabalho de é, assim, o conteúdo e o método; resume tanto o objetivo pedagógico

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quanto o político. A pedagogia libertária, na sua modalidade mais

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conhecida entre nós, a “pedagogia institucional”, pretende ser uma forma cabe a função de “conselheiro” e, outras vezes, de instrutor-monitor à
de resistência contra a burocracia como instrumento da ação dominadora disposição do grupo. Em nenhum momento esses papéis do professor
do Estado, que tudo controla (professores, programas, provas etc.), se confundem com o de “modelo”, pois a pedagogia libertária recusa
retirando a autonomia. qualquer forma de poder ou autoridade.

Conteúdos de ensino – As matérias são colocadas à disposição Pressupostos de aprendizagem – As formas burocráticas das
do aluno, mas não são exigidas. São um instrumento a mais, porque instituições existentes, por seu traço de impessoalidade, comprometem
importante é o conhecimento que resulta das experiências vividas pelo o crescimento pessoal. A ênfase na aprendizagem informal, via grupo, e
grupo, especialmente a vivência de mecanismos de participação crítica. a negação de toda forma de repressão visam favorecer o
“Conhecimento” aqui não é a investigação cognitiva do real, para extrair desenvolvimento de pessoas mais livres. A motivação está, portanto, no
dele um sistema de representações mentais, mas a descoberta de interesse em crescer dentro da vivência grupal, pois supõe-se que o
respostas às necessidades e às exigências da vida social. Assim, os grupo devolva a cada um de seus membros a satisfação de suas
conteúdos propriamente ditos são os que resultam de necessidades e aspirações e necessidades.
interesses manifestos pelo grupo e que não são, necessária nem Somente o vivido, o experimentado é incorporado e utilizável em
indispensavelmente, as matérias de estudo. situações novas. Assim, o critério de relevância do saber sistematizado
Método de ensino – É na vivência grupal, na forma de autogestão, é seu possível uso prático. Por isso mesmo, não faz sentido qualquer
que os alunos buscarão encontrar as bases mais satisfatórias de sua tentativa de avaliação da aprendizagem, ao menos em termos de
própria “instituição”, graças à sua própria iniciativa e sem qualquer forma conteúdo.
de poder. Trata-se de “colocar nas mãos dos alunos tudo o que for Outras tendências pedagógicas correlatas – A pedagogia
possível: o conjunto da vida, as atividades e a organização do trabalho libertária abrange quase todas as tendências antiautoritárias em
no interior da escola (menos a elaboração dos programas e a decisão educação, entre elas, a anarquista, a psicanalista, a dos sociólogos, e
dos exames que não dependem nem dos docentes, nem dos alunos)”. também a dos professores progressistas. Embora Neill e Rogers não
Os alunos têm liberdade de trabalhar ou não, ficando o interesse possam ser considerados progressistas (conforme entendemos aqui),
pedagógico na dependência de suas necessidades ou das do grupo. não deixam de influenciar alguns libertários, como Lobrot. Entre os
O progresso da autonomia, excluída qualquer direção de fora do estrangeiros devemos citar Vasquez e Oury entre os mais recentes,
grupo, se dá num “crescendo”: primeiramente a oportunidade de Ferrer y Guardia entre os mais antigos. Particularmente significativo é o
contatos, aberturas, relações informais entre os alunos. Em seguida, o trabalho de C. Freinet, que tem sido muito estudado entre nós, existindo
grupo começa a se organizar, de modo que todos possam participar de inclusive algumas escolas aplicando seu método.
discussões, “cooperativas, assembleias, isto é, diversas formas de Entre os estudiosos e divulgadores da tendência libertária pode-
participação e expressão pela palavra; quem quiser fazer outra coisa, ou se citar Maurício Tragtenberg, apesar da tônica de seus trabalhos não
entra em acordo com o grupo, ou se retira. No terceiro momento, o grupo ser propriamente pedagógica, mas de crítica das instituições em favor de
se organiza de forma mais efetiva e, finalmente, no quarto momento, um projeto autogestionário.
parte para a execução do trabalho.
2.3 TENDÊNCIA PROGRESSISTA
Relação professor-aluno – A pedagogia institucional visa “em “CRÍTICO-SOCIAL DOS CONTEÚDOS”
primeiro lugar, transformar a relação professor-aluno no sentido da não-
Papel da escola – A difusão de conteúdos é a tarefa primordial.
diretividade, isto é, considerar desde o início a ineficácia e a nocividade
Não conteúdos abstratos, mas vivos, concretos e, portanto,
de todos os métodos à base de obrigações e ameaças”. Embora
indissociáveis das realidades sociais. A valorização da escola como
professor e aluno sejam desiguais e diferentes, nada impede que o
instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta
professor se ponha a serviço do aluno, sem impor suas concepções e
aos interesses populares, já que a própria escola pode contribuir para
ideias, sem transformar o aluno em “objeto”. O professor é um orientador
eliminar a seletividade social e torná-la democrática. Se a escola é parte
e um catalisador, ele se mistura ao grupo para uma reflexão em comum.
integrante do todo social, agir dentro dela é também agir no rumo da
Se os alunos são livres frente ao professor, também este o é em transformação da sociedade. Se o que define uma pedagogia crítica é a
relação aos alunos (ele pode, por exemplo, recusar-se a responder uma consciência de seus condicionantes histórico-sociais, a função da
pergunta, permanecendo em silêncio). Entretanto, essa liberdade de pedagogia “dos conteúdos” é dar um passo à frente no papel
decisão tem um sentido bastante claro: se um aluno resolve não transformador da escola, mas a partir das condições existentes. Assim,
participar, o faz porque não se sente integrado, mas o grupo tem a condição para que a escola sirva aos interesses populares é garantir a
responsabilidade sobre este fato e vai se colocar a questão; quando o todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conteúdos escolares
professor se cala diante de uma pergunta, seu silêncio tem um básicos que tenham ressonância na vida dos alunos. Entendida nesse
significado educativo que pode, por exemplo, ser uma ajuda para que o sentido, a educação é “uma atividade mediadora no seio da prática social
grupo assuma a resposta ou a situação criada. No mais, ao professor global”, ou seja, uma das mediações pela qual o aluno, pela intervenção

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do professor e por sua própria participação ativa, passa de

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uma experiência inicialmente confusa e fragmentada (sincrética) a uma Os métodos de uma pedagogia crítico-social dos conteúdos não
visão sintética, mais organizada e unificada. partem, então, de um saber artificial, depositado a partir de fora, nem do
saber espontâneo, mas de uma relação direta com a experiência do
Em síntese, a atuação da escola consiste na preparação do aluno aluno, confrontada com o saber trazido de fora. O trabalho docente
para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um relaciona a prática vivida pelos alunos com os conteúdos propostos pelo
instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para professor, momento em que se dará a “ruptura” em relação à experiência
uma participação organizada e ativa na democratização da sociedade. pouco elaborada. Tal ruptura apenas é possível com a introdução
Conteúdos de ensino – São os conteúdos culturais universais que explícita, pelo professor, dos elementos novos de análise a serem
se constituíram em domínios de conhecimento relativamente autônomos, aplicados criticamente à prática do aluno. Em outras palavras, uma aula
incorporados pela humanidade, mas permanentemente reavaliados face começa pela constatação da prática real, havendo, em seguida, a
às realidades sociais. Embora se aceite que os conteúdos são realidades consciência dessa prática no sentido de referi-la aos termos do conteúdo
exteriores ao aluno, que devem ser assimilados e não simplesmente proposto, na forma de um confronto entre a experiência e a explicação
reinventados, eles não são fechados e refratários às realidades sociais. do professor. Vale dizer: vai-se da ação à compreensão e da
Não basta que os conteúdos sejam apenas ensinados, ainda que bem compreensão à anão, até a síntese, o que não é outra coisa senão a
ensinados; é preciso que se liguem, de forma indissociável, à sua unidade entre a teoria e a prática.
significação humana e social. Relação professor-aluno – Se, como mostramos anteriormente, o
Essa maneira de conceber os conteúdos do saber não estabelece conhecimento resulta de trocas que se estabelecem na interação entre o
oposição entre cultura erudita e cultura popular, ou espontânea, mas uma meio (natural, social, cultural) e o sujeito, sendo o professor o mediador,
relação de continuidade em que, progressivamente, se passa da então a relação pedagógica consiste no provimento das condições em
experiência imediata e desorganizada ao conhecimento sistematizado. que professores e alunos possam colaborar para fazer progredir essas
Não que a primeira apreensão da realidade seja errada, mas é trocas. O papel do adulto é insubstituível, mas acentua- se também a
necessária a ascensão a uma forma de elaboração superior, conseguida participação do aluno no processo. Ou seja, o aluno, com sua experiência
pelo próprio aluno, com a intervenção do professor. imediata num contexto cultural, participa na busca da verdade, ao
confrontá-la com os conteúdos e modelos expressos pelo professor. Mas
A postura da pedagogia “dos conteúdos” – Ao admitir um
esse esforço do professor em orientar, em abrir perspectivas a partir dos
conhecimento relativamente autônomo – assume o saber como tendo um
conteúdos, implica um envolvimento com o estilo de vida dos alunos,
conteúdo relativamente objetivo, mas, ao mesmo tempo, introduz a
tendo consciência inclusive dos contrastes entre sua própria cultura e a
possibilidade de uma reavaliação crítica frente a esse conteúdo. Como
do aluno. Não se contentará, entretanto, em satisfazer apenas as
sintetiza Snyders, ao mencionar o papel do professor, trata-se, de um
necessidades e carências; buscará despertar outras necessidades,
lado, de obter o acesso do aluno aos conteúdos, ligando-os com a
acelerar e disciplinar os métodos de estudo, exigir o esforço do aluno,
experiência concreta dele – a continuidade; mas, de outro, de
propor conteúdos e modelos compatíveis com suas experiências vividas,
proporcionar elementos de análise crítica que ajudem o aluno a
para que o aluno se mobilize para uma participação ativa.
ultrapassar a experiência, os estereótipos, as pressões difusas da
ideologia dominante – é a ruptura. Evidentemente o papel de mediação exercido em torno da análise
dos conteúdos exclui a não-diretividade como forma de orientação do
Dessas considerações resulta claro que se pode ir do saber ao
trabalho escolar, porque o diálogo adulto-aluno é desigual. O adulto tem
engajamento político, mas não o inverso, sob o risco de se afetar a
mais experiência acerca das realidades sociais, dispõe de uma formação
própria especificidade do saber e até cair-se numa forma de pedagogia
(ao menos deve dispor) para ensinar, possui conhecimentos e a ele cabe
ideológica, que é o que se critica na pedagogia tradicional e na
fazer a análise dos conteúdos em confronto com as realidades sociais.
pedagogia nova.
A não-diretividade abandona os alunos a seus próprios desejos, como se
Métodos de ensino – A questão dos métodos se subordina à dos eles tivessem uma tendência espontânea a alcançar os objetivos
conteúdos: se o objetivo é privilegiar a aquisição do saber, e de um saber esperados da educação. Sabemos que as tendências espontâneas e
vinculado às realidades sociais, é preciso que os métodos favoreçam a naturais não são “naturais”, antes são tributárias das condições de vida
correspondência dos conteúdos com os interesses dos alunos, e que e do meio. Não são suficientes o amor, a aceitação, para que os filhos
estes possam reconhecer nos conteúdos o auxilio ao seu esforço de dos trabalhadores adquiram o desejo de estudar mais, de progredir: é
compreensão da realidade,prática social). Assim, nem se trata dos necessária a intervenção do professor para levar o aluno a acreditar nas
métodos dogmáticos de transmissão do saber da pedagogia tradicional, suas possibilidades, a ir mais longe, a prolongar a experiência vivida.
nem da sua substituição pela descoberta, investigação ou livre expressão
Pressupostos de aprendizagem – Por um esforço próprio, o aluno
das opiniões, como se o saber pudesse ser inventado pela criança, na
se reconhece nos conteúdos e modelos sociais apresentados pelo
concepção da pedagogia renovada.
professor; assim, pode ampliar sua própria experiência. O

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conhecimento novo se apóia numa estrutura cognitiva já existente, ou o Pressupostos: Aprendizagem receptiva e mecânica, ocorre com a
professor provê a estrutura de que o aluno ainda não dispõe. O grau de coação. Considera que a capacidade de assimilação da criança é a
envolvimento na aprendizagem depende tanto da prontidão e mesma do adulto. Reforço em geral negativo as vezes maior.
disposição do aluno, quanto do professor e do contexto da sala de aula. Prática Escolar: Comum em nossas escolas. Orientação
Aprender, dentro da visão da pedagogia dos conteúdos, é humanicética, clássica, científica, modelos de imitação.
desenvolver a capacidade de processar informações e lidar com os
estímulos do ambiente, organizando os dados disponíveis da
TENDÊNCIA RENOVADA PROGRESSISTA
experiência. Em consequência, admite-se o princípio da aprendizagem
significativa que supõe, como passo inicial, verificar aquilo que o aluno já Papel da Escola: Ordenar as necessidades individuais do meio
sabe. O professor precisa saber (compreender) o que os alunos dizem social. Experiências que devem satisfazer os interesses do aluno e as
ou fazem, o aluno precisa compreender o que o professor procura dizer- exigências sociais. Interação entre estruturas cognitivas do indivíduo e
lhes. A transferência da aprendizagem se dá a partir do momento da estruturas do ambiente.
síntese, isto é, quando o aluno supera sua visão parcial e confusa e
Conteúdos: Conteúdos estabelecidos em função de experiência
adquire uma visão mais clara e unificadora.
vivificada. Processos mentais e habilidades cognitivas. Aprender a
Resulta com clareza que o trabalho escolar precisa ser avaliado, aprender.
não como julgamento definitivo e dogmático do professor, mas como
Métodos: Aprender fazendo. Trabalho em grupo. Método ativo: a)
uma comprovação para o aluno de seu progresso em direção a noções
situação, experiência; b) desafiante, soluções provisórias; soluções à
mais sistematizadas.
prova.
Manifestações na prática escolar – O esforço de elaboração de
Professor x Aluno: Professor sem lugar privilegiado. Auxiliados.
uma pedagogia “dos conteúdos” está em propor modelos de ensino
Disciplina como tomada de consciência. Indispensável bom
voltados para a interação conteúdos-realidades sociais; portanto,
relacionamento entre professor e aluno.
visando avançar em termos de uma articulação do político e do
pedagógico, aquele como extensão deste, ou seja, a educação “a serviço Pressupostos: Estimulação da situação problema. Aprender é uma
da transformação das relações de produção”. Ainda que em curto prazo atividade de descoberta. Retido o que é descoberto pelo aluno.
se espere do professor maior conhecimento dos conteúdos de sua Prática Escolar: Aplicação reduzida. Choque com a prática -
matéria e o domínio de formas de transmissão, a fim de garantir maior pedagogia.
competência técnica, sua contribuição “será tanto mais eficaz quanto
mais seja capaz de compreender os vínculos de sua prática com a
prática social global”, tendo em vista (...) “a democratização da sociedade TENDÊNCIA LIBERAL RENOVADA NÃO-DIRETIVA
brasileira, o atendimento aos interesses das camadas populares, a
Papel da Escola: Formação de atitudes. Preocupações com
transformação estrutural da sociedade brasileira”. ( José Carlos Libâneo)
problemas psicológicos. Clima favorável à mudança do indivíduo. Boa
educação, boa terapia (Rogers)
ABORDAGEM RESUMIDA DAS TENDÊNCIAS E CONCEPÇÕES Conteúdos: Esta tendência põe nos processos de
PEDAGÓGICAS desenvolvimento das relações e da comunicação se torna secundária a
TENDÊNCIA LIBERAL TRADICIONAL transmissão de conteúdos.

Papel da Escola: Consiste na preparação intelectual e moral dos Método: O esforço do professor é praticamente dobrado para
alunos, compromisso com a cultura, os menos capazes devem lutar para facilitar a aprendizagem do aluno. Boa relação entre professor e aluno.
superar suas dificuldades e conquistar seu lugar junto aos mais capazes. Professor x Aluno: A pedagogia não-diretiva propõe uma
Conteúdos de Ensino: Valores sociais acumulados pelos educação centrada. O professor é um especialista em relações humanas,
antepassados. As matérias preparam o aluno para a vida. Conteúdos toda a intervenção é ameaçadora.
separados das realidades sociais. Pressupostos: A motivação resulta do desejo de adequação
Método: Exposição verbal da matéria, preparação do aluno, pessoal da auto-realização, aprender, portanto, é modificar suas próprias
apresentação, associação, exercícios e repetições. percepções, daí se aprende o que estiver significamente relacionados.

Professor x Aluno: Predomina a autoridade do professor. O Prática Escolar: As ideias do psicólogo C. Rogers é influenciar o
número expressivo de educadores, professores, orientadores,
professor transmite o conteúdo na forma absorvida. Disciplina rígida.
psicólogos escolares.

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TENDÊNCIA LIBERAL TECNICISTA Método: É na vivência grupal, na forma de auto-gestão que os
alunos buscarão encontrar as bases mais satisfatórias.
Papel da Escola: Funciona como modeladora do comportamento
humano, através de técnicas específicas, tal indivíduo que se integra na Professor x Aluno: Considera-se que desde o início a ineficácia e
máquina social. A escola atual assim, no aperfeiçoamento da ordem a nocividade de todos os métodos, embora sejam desiguais e diferentes.
social vigente. Pressupostos: Aprendizagem informal, relevância ao que tem uso
Conteúdos: São as informações, princípios e leis, numa sequência prático. Tendência anti-autoritária. Crescer dentro da vivência grupal.
lógica e psicológica por especialistas. O material instrucional encontra- Prática Escolar: Trabalhos não pedagógicos mas de crítica as
se sistematizado nos manuais, nos livros didáticos, etc... instituições. Relevância do saber sistematizado.
Métodos: Consistem o método de transmissão, recepção de
informações. A tecnologia educacional é a aplicação sistemática de
TENDÊNCIA “CRÍTICA-SOCIAL DOS CONTEÚDOS”
princípios, utilizando um sistema mais abrangente.
Papel da Escola: É a tarefa primordial. Conteúdos abstratos, mas
Professor x Aluno: A comunicação professor x aluno tem um
vivos, concretos. A escola é a parte integrante de todo social, a função é
sentido exclusivamente técnico, eficácia da transmissão e conhecimento.
“uma atividade mediadora no seio da prática social e global”. Consiste
Debates, discussões são desnecessárias.
para o mundo adulto.
Pressupostos: As teorias de aprendizagem que fundamentam a
Conteúdos: São os conteúdos culturais universais que se
pedagogia tecnicista dizem que aprender é uma questão de modificação
constituíram em domínios de conhecimento relativamente autônomos,
do desempenho. Trata-se de um ensino diretivo.
não basta que eles sejam apenas ensinados, é preciso que se liguem de
Prática Escolar: Remonta a 2a. metade dos anos 50 (Programa forma indissociável.
Brasileiro-Americano de Auxílio ao Ensino Elementar). É quando a
A Postura da Pedagogia dos Conteúdos: assume o saber como
orientação escolanovista cede lugar a tendência tecnicista pelo menos
tendo um conteúdo relativamente objetivo, mas ao mesmo tempo
no nível oficial.
“introduz” a possibilidade de uma reavaliação crítica frente a este
conteúdo.
TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTADORA Método: É preciso que os métodos favoreçam a correspondência
Papel da Escola: Atuação não formal. Consciência da realidade dos conteúdos com os interesses dos alunos.
para transformação social. Questionar a realidade. Educação crítica. Professor x Aluno: Consiste no movimento das condições em que
Conteúdos: Geradores são extraídos da prática, da vida dos professor e alunos possam colaborar para fazer progredir essas trocas.
educandos. Caráter político. O esforço de elaboração de uma pedagogia dos conteúdos está em
propor ensinos voltados para a interação “conteúdos x realidades
Método: Predomina o diálogo entre professor e aluno. O professor sociais”.
é um animador que por princípio deve descer ao nível dos alunos.
Pressupostos: O aluno se reconhece nos conteúdos e modelos
Professor x Aluno: Relação horizontal. Ambos são sujeitos do ato sociais apresentados pelo professor. O conhecimento novo se apoia
do conhecimento. Sem relação de autoridade. numa estrutura cognitiva já existente.
Pressupostos: Educação problematizadora. Educação se dá a
partir da codificação da situação problema. Conhecimento da realidade.
Processo de reflexão e crítica. CONCEPÇÕES E TEORIAS CURRICULARES.
Prática Escolar: A pedagogia libertadora tem como inspirador ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
Paulo Freire. Movimentos populares: sindicatos, formações teóricas A BASE NACIONAL COMUM
indicam educação para adultos, muitos professores vêm tentando
É no contexto de Educação Básica que a lei 9394/96 determina a
colocar em prática todos os graus de ensino formal.
construção do currículo, no ensino fundamental e médio, com uma base
nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e
TENDÊNCIA PROGRESSISTA LIBERTÁRIA estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia
Papel da Escola: Transformação na personalidade do aluno, e da clientela ( art.26, da Lei 9394/96).
modificações institucionais à partir dos níveis subalternos.
A base nacional comum contém em si a dimensão de preparação
Conteúdos: Matérias são colocadas à disposição dos alunos, mas para o prosseguimento de estudos e, como tal, deve caminhar no
não são cobradas. Vai do interesse de cada um.

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sentido de que a construção de competências e habilidades básicas seja política, especialmente do Brasil” , “ o ensino da arte...de forma a
o objetivo do processo de aprendizagem e não o acúmulo de esquemas promover o desenvolvimento cultural dos alunos “ e, “a educação física,
resolutivos preestabelecidos. integrada a proposta pedagógica da escola”.

É importante operar com algoritmos na matemática ou na física, Quando a LDB destaca as diretrizes curriculares específicas do
mas o estudante precisa entender que, frente àquele algoritmo, está de ensino médio, ela se preocupa em apontar para um planejamento e
posse de uma sentença de linguagem, da linguagem matemática, com desenvolvimento do currículo de forma orgânica, superando a
seleção de léxico e com regras de articulação/relações que geram uma organização por disciplinas estanques e revigorando a integração e
significação e que, portanto, é a leitura e escrita da realidade de uma articulação dos conhecimentos num processo permanente de
situação desta. interdisciplinaridade e transdiciplinaridade. Essa proposta de
organicidade está contida no Art.36 .
A base nacional comum traz em si a dimensão de preparação para
o trabalho. Esta dimensão tem que apontar para que este mesmo Art.36...
algoritmo seja um instrumento na solução de um problema concreto, que I — destacará a educação tecnológica básica, a compre- ensão
pode dar conta da etapa de planejamento, gestão ou produção de um do significado da ciência, das letras e das ar- tes; o
bem. Aponta também que a linguagem verbal se presta à compreensão processo histórico de transformação da socie- dade e
ou expressão de um comando ou instrução clara, precisa, objetiva; que da cultura; a língua portuguesa como instru- mento de
a Biologia lhe dá os fundamentos para a análise do impacto ambiental, comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da
de uma solução tecnológica, ou para a prevenção de uma doença cidadania;
profissional.
A organicidade dos conhecimentos fica mais evidente ainda,
Enfim, aponta que não há solução tecnológica sem uma base quando o Art.36, da LDB, estabelece, em seu parágrafo 1º, as
científica e que, por outro lado, soluções tecnológicas podem propiciar a competências que o aluno , ao final do ensino médio deve demonstrar:
produção de um novo conhecimento científico.
Art.36...
Esta educação geral que permite buscar informação, gerar
§ 1º — Os conteúdos, as metodologias e as formas de avali- ação
informação, usá-las para solucionar problemas concretos na produção
serão organizados de tal forma que ao final do ensino
de bens ou na gestão e prestação de serviços, é preparação básica para
médio o educando demonstre:
o trabalho. Na verdade, qualquer competência requerida no exercício
profissional, seja ela psicomotora, sócio-afetiva ou cognitiva é um I — domínio dos princípios científicos e tecnológicos que
afinamento das competências básicas. Esta educação geral permite a presidem a produção moderna;
construção de competências que se manifestarão em habilidades
II — conhecimento das formas contemporâneas de lin-
básicas, técnicas ou de gestão.
guagem;
Ressalve-se que uma base curricular nacional organizada por
III — domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Socio-
áreas de conhecimento não implica na desconsideração ou
logia necessários ao exercício da cidadania” .
esvaziamento dos conteúdos, mas na seleção e na integração dos que
são válidos para o desenvolvimento pessoal e para o incremento da
participação social. A Lei 9394/96 ao estabelecer como fundamentais o domínio dos
Esta concepção curricular não elimina o ensino de conteúdos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia não está propondo a inclusão
específicos, mas considera que os mesmos devem fazer parte de um destas ou de quaisquer outras disciplinas mas, indicando, a importância
processo global com várias dimensões articuladas. do desenvolvimento de “referências que permitam a articulação entre os
conhecimentos, a cultura, as linguagens e a experiência dos alunos”.
A base nacional comum destina-se ‘a formação geral do educando
(Favaretto).
e deve assegurar que as finalidade propostas em lei, bem como o perfil
de saída do educando sejam alcançados de forma a caracterizar que a Segundo Favaretto” a Filosofia é antes de mais nada uma
educação básica seja uma efetiva conquista de cada brasileiro. disciplina cultural, pois a formação que propicia diz respeito à significação
dos processos culturais e históricos” (Ver no documento de Ciências
Garantir o desenvolvimento de competências e habilidades
Humanas e suas tecnologias ).
básicas comuns a todos os brasileiros é uma garantia de
democratização. A definição destas competências e habilidades servirá No que se refere à Sociologia trata-se de orientar o currículo no
de parâmetro para a avaliação da educação básica em nível nacional. sentido de” contribuir para que o aluno desenvolva sua autonomia
intelectual, de forma a ser capaz de confrontar diferentes interpretações
O Art. 26 da LDB, determina a obrigatoriedade, nessa base
e construir sua própria versão do mundo”. (Martins ; ver documento
nacional comum, de “ estudos da Língua portuguesa e da matemática, o
Ciências Humanas e suas tecnologias )
conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e
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O perfil de saída do aluno do ensino médio está diretamente A parte diversificada do currículo deve expressar, ademais das
relacionado às finalidades desse ensino, conforme determina o Art.35 da incorporações dos sistemas de ensino, as prioridades estabelecidas no
Lei: projeto da unidade escolar e a inserção do educando na construção do
seu currículo. Considerará as possibilidades de preparação básica para
Art.35 — O ensino médio, etapa final da educação básica...terá o trabalho e o aprofundamento em uma disciplina ou uma área, sob forma
como finalidade: de disciplinas, projetos ou módulos em consonância com os interesse de
I — a consolidação e aprofundamento dos conhecimen- tos alunos e da comunidade a que pertencem. O desenvolvimento da parte
adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o diversificada pode ocorrer no próprio estabelecimento de ensino ou em
prosseguimento de estudo; outro estabelecimento conveniado. É importante esclarecer que o
desenvolvimento da parte diversificada não implica em profissionalização
II — a preparação básica para o trabalho e a cidadania do
mas na diversificação de experiências escolares com o objetivo de
educando como pessoa humana, incluindo a forma-
enriquecimento curricular ou mesmo, aprofundamento de estudos
ção ética e o desenvolvimento da autonomia intelec-
quando o contexto assim exigir. O seu objetivo principal é desenvolver e
tual e do pensamento crítico;
consolidar conhecimentos das áreas de forma contextualizada e
III — a compreensão dos fundamentos científicos- referidos a atividades das práticas sociais e produtivas.
tecnológicos dos processos produtivos, relacionan-
do a teoria com a prática, no ensino de cada discipli-
na. A PARTE DIVERSIFICADA E A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

É importante compreender que a base nacional comum não pode A preparação geral para o trabalho decorre das diretrizes
constituir uma camisa de força que tolha a capacidade dos sistemas, dos estabelecidas, no Art.27, para os currículos de educação básica:
estabelecimentos de ensino e do educando de usufruírem da flexibilidade “Art. 27 — Os conteúdos curriculares da educação básica ob-
que a lei não só permite como estimula. servarão , ainda, as seguintes diretrizes:
Essa flexibilidade deve ser assegurada, tanto na organização dos I — ...
conteúdos mencionados em lei, quanto na metodologia a ser
desenvolvida no processo ensino-aprendizagem e na avaliação. II — ...

As considerações gerais sobre legislação indicam a necessidade III — orientação para o trabalho “
de construir novas alternativas de organização curricular comprometidas, Na seção IV, do capítulo II da Lei nº9394/96, o Art.35 estabelece,
de um lado, com o novo significado do trabalho no contexto da dentre as finalidades do ensino médio.
globalização e, do outro, com o sujeito ativo que se apropriará desses
“ Art.35...
conhecimentos para aprimorar-se, como tal, no mundo do trabalho e na
prática social. O fato destes Parâmetros Curriculares terem sido I — ...
organizados em cada uma das áreas por disciplinas potenciais não
II — a preparação básica para o trabalho e a cidadania do
significa que estas são obrigatórias ou mesmo recomendadas. O que é
educando, para continuar aprendendo, de modo a ser
obrigatório pela LDB ou pela Resolução nº 03/98, são os conhecimentos
capaz de se adaptar com flexibilidade a novas
que estas disciplinas recortam e as competências e habilidades a eles
condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteri-
referidos e mencionados nos citados documentos.
ores,”
A PARTE DIVERSIFICADA DO CURRÍCULO
Essa preparação geral para o trabalho faz parte da formação geral
A parte diversificada do currículo , destina-se, a atender às do educando e pode ser desenvolvida no próprio estabelecimento de
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia ensino ou em cooperação com instituições especializadas, conforme
e da clientela. (Art.26;Lei9394/96). Complementa a base nacional disposto no §4º, do Art.36, da Lei nº9394/96.
comum e será definida em cada sistema de ensino e estabelecimento
Numa interpretação do dispositivo legal, o Decreto nº2208, de 17
escolar.
de abril de 1997, que trata da educação profissional, estabelece:
Do ponto de vista dos sistemas de ensino está representada pela
“ Art.5º — A educação profissional de nível técnico terá organi-
formulação de uma matriz curricular básica, que desenvolva a base
zação curricular própria e independente do ensino
nacional comum, considerando as demandas regionais do ponto de vista
médio.
sócio-cultural, econômico e político. Deve refletir uma concepção
curricular que oriente o ensino médio no seu sistema, significando-o, sem Parágrafo único. As disciplinas de caráter profissio-
impedir, entretanto, a flexibilidade da manifestação dos projetos nalizante, cursadas na parte diversificada do currícu-
curriculares das escolas. lo de ensino médio, até o limite de 25% do total da

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carga horária mínima deste nível de ensino, poderão alunos, partindo de temas do seu cotidiano.
ser aproveitadas no currículo de habilitação profissi-
onal, que eventualmente venha a ser cursada inde-
pendentemente de exames específicos”

Dois aspectos podem ser ressaltados no texto citado:

• a parte diversificada a cargo do estabelecimento de ensino


pode constituir até 25% do mínimo estabelecido na Lei nº
9394/96 para duração do ensino médio, logo 600 horas do
currículo;

• as 600 horas podem conter disciplinas de caráter profissio-


nalizante as quais podem ser aproveitadas quando o edu-
cando optar por um curso técnico.

Esta questão é reiterada, no artigo 13, da Resolução do Conselho


Nacional de Educação Básica quando se indica que: “ estudos
concluídos no ensino médio, tanto da base nacional comum quanto da
parte diversificada, poderão ser aproveitados para a obtenção de uma
habilitação profissional, em cursos realizadas concomitante ou
sequencialmente, até o limite de 25% do tempo mínimo legalmente
estabelecido como carga horária para o ensino médio “(CNE Nº3,
26/06/98 ).

Estas são as questões consideradas centrais para a compreensão


da nova proposta curricular do ensino médio.

A ORGANIZAÇÃO DO CURRÍCULO POR ÁREAS DE


CONHECIMENTO

Os referenciais teóricos, adotados para orientar a construção


curricular nas escolas, abarcam uma compreensão de currículo que
envolve: os resultados das experiências pedagógicas; as manifestações
culturais; as dinâmicas de organização e produção do conhecimento; as
relações teoria-prática, professor-aluno, conhecimento científico e
conhecimento assistemático, escola-sociedade, aluno-mundo do
trabalho, construção do conhecimento-formação para a cidadania e sua
vivências afetivas. Assim, compreende-se o currículo como uma
elaboração coletiva com base nos interesses e possibilidades de
determinado grupo. Esta concepção, quando criticamente elaborada,
valoriza a participação dos “atores sociais” no processo de estruturações
e mudanças na Escola, manifestando-se como um momento de
mediação nas relações geradoras de diferentes representações sobre a
realidade.

Diante desses pressupostos, as redefinições curriculares revelam


a necessidade de incorporar os elementos teóricos oriundos das
recentes discussões acerca do processo ensino-aprendizagem. Estes
enfatizam a importância da organização do trabalho pedagógico,
articulando as contribuições das diversas Áreas do Conhecimento, a
partir de uma abordagem interdisciplinar. Estes fundamentos apontam
para formas mais dinâmicas de trabalho pedagógico, privilegiando as
situações desafiadoras de construção do conhecimento, através da
resolução de problemas, da ênfase no lúdico e na investigação com os
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No entanto, vale ressaltar que, para o êxito dessa abordagem, conhecimento, mesmo integradas no processo de investigação,
o educador precisa desenvolver competências para: precisam evidenciar sua singularidade com clareza, garantindo, na
diversidade, a construção do
• a análise sensível sobre aluno no contexto da Escola
Públi- ca

• elaboração do Projeto Pedagógico;

• organização do Trabalho Pedagógico por temáticas de


in- vestigação.

A organização do currículo reflete um conjunto de ideias e


valores que norteiam o trabalho docente, influenciando as relações na
sala de aula. Professor e aluno tornam-se aliados no processo de
mediação com o conhecimento novo e interação com a realidade.
Logo, pode-se afirmar que o currículo é o resultado dinâmico de
múltiplas inserções dos sujeitos no mundo que o cerca e que consiste
em algo mais amplo, significativo e consistente do que a grade
curricular.

Considerando que os PCN ressaltam o processo de ensino


como articulador das capacidades de ordem cognitiva, física, afetiva,
de relação interpessoal e inserção social, ética e estética, tendo em
vista uma formação ampla do educando, a construção do currículo, a
partir da abordagem construtivista de ensino, envolve a seleção de
conteúdos tanto conceituais e procedimentais como atitudinais,
tomando para a aprendizagem os conhecimentos prévios dos alunos
como ponto de partida. Mas, o grande diferencial é a abordagem que
o professor vai realizar, pois o estudo de determinado tema deve
suscitar de forma integrada a construção de conceitos novos,
procedimentos, atitudes e valores, ou seja, cada situação didática
gerará oportunidades para a organização de novos saberes sobre a
realidade de forma consistente e contextualizada.

Desta forma, recomenda-se considerar na organização do


ensino:

• A capacidade cognitiva dos alunos;

• As formas de representação utilizadas pelo grupo;

• Os dispositivos de comunicação desenvolvidos;

• O desenvolvimento de capacidades para a resolução de


problemas;

• As características culturais da comunidade onde está


inse- rida a escola;

• Os temas transversais nas relações de produção do co-


nhecimento:

Ética, Saúde, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Pluralidade


Cultural, Trabalho e Consumo.

Para sistematizar as questões e os temas relacionados ao lado,


faz-se necessário articulá-los às áreas do conhecimento, destacando
a intenção de no trabalho escolar, integrá-los em projetos que
valorizem a Arte e a pluralidade cultural baiana como eixos
transdisciplinares de ação pedagógica. Por isso, as áreas do

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conhecimento como totalidade, rompendo com as abordagens que palavras ou à retomada por cognatos;
fracionam e desconsideram a unidade e a coesão dinâmica da relação
ensino-aprendizagem.

LÍNGUA PORTUGUESA

A língua, entendida como um sistema de signos específicos, é o


veículo de comunicação usado em situações naturais de interação e,
portanto, se configura como uma atividade essencialmente social e que,
consequentemente, funciona como referência cultural e meio para a
construção de significados e apreensão e/ou representação do mundo.

Por ser uma atividade social, que se relaciona intimamente à


cultura do povo que a usa, reflete a diversidade e a variabilidade desses
grupos sociais. Sendo assim, a língua não é homogênea, mas
heterogênea e diversificada. Não há língua que seja um sistema uno,
invariável e rígido. Embora a língua seja constantemente definida como
um sistema e sua análise, em geral, opere sobre uma estrutura
determinada, sabe-se que isto é o resultado de uma abstração
consciente, feita com o intuito de facilitar o domínio da estrutura
linguística.

Quando o usuário de uma língua se expressa, ele elege um uso


compatível com a comunidade na qual se insere, mas todas as diferentes
normas da língua cumprem sua função social, portanto, são meios
legítimos de expressão.

À escola cabe fazer com que o aluno perceba que ele convive com
uma pluralidade de normas autênticas, devendo, ainda, levá-lo a se
conscientizar da qual faz uso e que existe uma de maior prestígio social.
Esta percepção e conscientização deve ser orientada de forma que não
se construa nenhum tipo de preconceito linguístico, para que a língua se
efetive enquanto mecanismo de socialização do conhecimento e da
cultura de um povo.

No processo sócio-interativo, os signos linguísticos formam o


texto, o qual pode ser definido como uma unidade linguística significativa,
oral ou escrita, e de extensão variada, baseada em relações de coesão
e coerência e que cumpre uma função interacional.

A coesão, entendida como um conceito semântico que se refere


aos modos como os componentes do universo textual estão ligados entre
si dentro de uma sequência, é responsável pela unidade formal do texto
e se constrói através de mecanismos gramaticais e lexicais.

De acordo com Costa Val (1994), os mecanismos gramaticais


englobam, entre outros, os artigos, a concordância, as conjunções e os
tempos verbais, estabelecendo relações não só dentro da frase, mas
entre as frases de um texto também.

Os lexicais se referem a processos como a:

• substituição de determinadas palavras por sinônimos, an-


tônimos ou até mesmo por outros itens lexicais que repre-
sentem o todo ou uma parte do termo substituído;

• reiteração, que diz respeito à repetição de determinadas


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• associação, permitindo relacionar itens lexicais Miami, ressalta este pensamento com muita propriedade:
pertencen- tes a um mesmo campo semântico.

Já a coerência refere-se aos modos como os conceitos e as


relações subjacentes ao texto de superfície se unem numa
configuração reciprocamente acessível e relevante. Esta se efetiva
quando o texto apresenta uma conceituação compatível com o
conhecimento de mundo de quem processa o discurso. Ela é
responsável pelo sentido do texto e, para tal fim, depende do partilhar
de conhecimentos entre o produtor e o recebedor.

O texto deve ser o ponto de partida para o estudo das quatro


competências linguísticas: ouvir, falar, ler e escrever (as quais serão
explicadas no item sobre as competências da Língua Portuguesa),
uma vez que o entendimento linguístico só é possível de forma
contextualizada, refletindo a situação interacional, que processa a fala
encadeada através de textos orais ou escritos.

MATEMÁTICA

O progresso científico e tecnológico das sociedades tem como


um dos fatores preponderantes o desenvolvimento da ciência
Matemática.

Os povos antigos, como os babilônicos, egípcios, hindus, dentre


outros, produziam a Matemática a partir das necessidades sociais
relacionadas, principalmente, ao cotidiano.

Na Grécia, a partir do século VI a.C., o conhecimento


matemático começou a ser organizado, assumindo um caráter original,
no sentido de que a sua criação não dependia, exclusivamente, da
experiência sensível das necessidades comuns do dia-a-dia, e sim por
razões intelectuais de natureza abstrata.

A partir de Galileu, no século XVII, ela ganha prestígio e passa


a ser ferramenta essencial para a compreensão do universo. As
características de exatidão, rigor lógico, complexidade e linearidade
foram, durante muito tempo, a tônica dos discursos desta área.

Como ciência, era considerada pronta, infalível, perfeita. Uma


ciência hermética a ser desvendada. No entanto, atualmente, esse
discurso vem sendo modificado e, embora ela assuma um caráter
abstrato e axiomático, consequência do modelo lógico-dedutivo, tem-
se tornado uma área do conhecimento cada vez mais aplicada, uma
linguagem aceita universalmente.

A Matemática sempre foi utilizada, por razões históricas e


filosóficas, como medida de desempenho cognitivo, estando o seu
ensino inclinado à formação de elites intelectuais com caráter
notadamente autoritário, o que, de certo modo, ainda perdura até os
dias atuais.

Uma nova concepção desta área surge na década de 60,


através dos estudos de Imre Lakatos: a Matemática como processo,
como construção, integrada às atividades humanas.

Zuringa, no seu discurso de abertura da XII CIAME1 (1991), em

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...A natureza das matemáticas está mudando, tem-se indícios principalmente duas. Primeiro, a seleção e o tratamento de temas - como
disto. A cada dia, mais pessoas questionam o modelo de Matemática por exemplo “ambiente” ou “água” - sob o enfoque dos diferentes campos
infalível, absoluta, distanciada da intuição empírica e da realidade terrena do conhecimento científico. Segundo, a estruturação dos conteúdos da
que tem dominado até agora. Cada vez mais, se percebe melhor a íntima área segundo conceitos reconhecidos no conjunto do conhecimento
relação entre a Matemática e a sociedade. científico como de interesse geral, tais como “transformação”, “energia”,
“matéria”, “sistema”, “tempo” e “espaço”.
Portanto, os novos paradigmas de ciência e, particularmente, de
matemática estão sendo concebidos para superar a forma de (Brasil, MEC, 1996)
caracterizá-la assim como o seu modo de construção e a sua suposta Desta forma, pode-se ter uma organização curricular integrando
neutralidade. ciência-tecnologia-sociedade, em que sejam abordados temas como: a
Embora não se pretenda explicitar o longo caminho percorrido Ciência enquanto instituição, conhecimentos básicos por ela produzidos,
pela humanidade na produção deste conhecimento, são visíveis e parte seus produtos tecnológicos e formas de utilização, o processo de
deste processo dinâmico as contradições, os erros e as crises, as quais produção científica e suas implicações junto à humanidade e ao meio
sempre foram marcantes nessa tarefa, justificados perfeitamente pela ambiente.
ação de falibilidade do homem.
GEOGRAFIA
CIÊNCIAS
Denomina-se Geografia o estudo das dinâmicas da sociedade a
No contexto do Ensino Fundamental, para se considerar a partir da sua dimensão espacial. Assim, entende-se que o objeto de
construção da identidade pessoal do homem enquanto sujeito histórico e investigação desta área de conhecimento é o espaço geográfico.
social e a questão da cultura local e de outras sociedades, é
A palavra “espaço” é de uso corrente, sendo utilizada tanto no dia-
indispensável pensar na formação do cidadão crítico que tenha um
a-dia como nas diversas ciências, como a Astronomia (espaço sideral),
mínimo de compreensão do saber científico.
a Economia (espaço econômico), a Matemática (espaço topológico), a
Desde cedo, a criança começa a perceber-se e a perceber que há Psicologia (espaço pessoal). No entanto, o que dá especificidade
outras pessoas à sua volta – a família, vizinhança, comunidade... há geográfica à palavra “espaço” é justamente sua manifestação física, sua
outros seres vivos no meio ambiente – plantas e animais pequenos, materialidade: o espaço físico das cidades, dos campos, das estradas,
médios e grandes, engraçados e estranhos... há terra, água, fogo e ar... dos furacões, da pobreza, da riqueza, da poluição, da natureza etc. Essa
há dias e noites, claro e escuro, o sol, a lua, as estrelas ... o tempo, às materialidade é resultante das relações que se processam no interior das
vezes, é quente, às vezes, frio... há chuva, praia, luz elétrica... há muitas sociedades e entre essas e os demais elementos da natureza.
coisas da natureza e outras que são feitas pelo homem – casas, jardins,
Entretanto, muito embora entenda-se que o espaço geográfico
parques, barracas, roupas, sapatos, brinquedos, carros, máquinas etc.
envolve a interação entre a sociedade e a natureza, os próprios
Assim, a sociedade incorpora de tal forma a ciência e a tecnologia geógrafos têm diferentes formas de ver o espaço e essa relação. Assim,
que é impossível a compreensão do mundo sem conhecê- las. muitas vezes, a expressão espaço geográfico aparece ora associada a
uma porção específica da Terra identificada pela natureza (a vertente que
Nos últimos anos, devido à necessidade de levar em conta as
privilegia os aspectos físicos), ora pelo modo particular como o homem
diferentes classes sociais, a relação escola-sociedade e a problemática
ali imprimiu as suas marcas (a vertente que privilegia os aspectos
de preservação do meio ambiente, o ensino das Ciências precisou
sociais e econômicos.), como referência à simples localização.
associar questões de natureza científica, tecnológica, ambiental, de
identidade do ser humano, de cidadania e de cultura. Com isso, emergiu Nesta proposta, será adotada a vertente contemporânea, que
uma redefinição dos seus objetivos, conteúdos e formas de trabalho, no entende que o espaço geográfico é produto histórico, econômico, social,
intuito de responder às novas características da sociedade moderna e à mas sobretudo cultural de uma sociedade, ou seja, as sociedades,
consequente função que a escola deve desempenhar nesta sociedade. através de suas relações de trabalho, transformam a natureza
Assim, o ensino de Ciências configura-se como uma compreensão da (transformando-se também), resultando na produção de um espaço (o
realidade, desde os limites do cotidiano dos estudantes até a totalidade espaço geográfico). Esse espaço incorpora e reflete, a partir de sua
do ambiente terrestre. paisagem (porção visível), a história, a cultura, as contradições sociais,
a forma como os diferentes grupos sociais se relacionam com a natureza.
Neste novo contexto, a produção de programas pela justaposição
de conteúdos de biologia, física, química e geo-ciências começa a ser A análise das dinâmicas que constroem, organizam e reorganizam
questionada e é proposto um ensino que integre os diferentes conteúdos esse espaço constitui o campo de investigação de geógrafos e
buscando-se um caráter interdisciplinar, o que tem representado professores vinculados à área.
importante desafio para a didática da área. As propostas curriculares,
encaminhando soluções para este desafio, são

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HISTÓRIA Afinal, há situações, valores e comportamentos que permanecem ou se
modificam com velocidades distintas. Nos Parâmetros Curriculares
O termo “história” compreende três dimensões: Nacionais, especial atenção foi reservada a esta discussão, pois
• a trajetória humana; ...não basta ensinar ao aluno como dominar o calendário e
• um campo de investigação; memorizar as datas e personagens históricos, acreditando-se que,
assim, serão capazes de julgar os acontecimentos numa lógica temporal
• um saber escolar.
e de contextualizá-los historicamente através da relação entre
A TRAJETÓRIA HUMANA eventos...1

Denomina-se História a trajetória dos homens nas sociedades. O conceito de fato histórico é referencial para a seleção e
Deste modo, todas as ações, valores, costumes e instituições organização de conteúdos e atividades didáticas. Atualmente, admite- se
construídas pelos homens são históricas e não apenas aquelas como fatos históricos todos os acontecimentos ocorridos em uma
registradas através da linguagem escrita, mas também as expressas sociedade. Nesta concepção, ampliaram-se as possibilidades de
oralmente, por gestos, músicas e demais formas de representação. discussão histórica, visto que desde manifestações culturais, modos de
Desconsideram-se, assim, a demarcação entre pré-história e história e a trabalhar, diversão, deliberações político - institucionais, até estruturas
exclusão das sociedades que instituem expressões diferentes daquelas familiares, relações de gênero2 e assim por diante são passíveis de
mais presentes no mundo ocidental. serem contemplados nos currículos de Histórica do ensino fundamental.
O intuito é de inclusão da História das pessoas comuns nas salas de aula.
CAMPO DE INVESTIGAÇÃO

As análises desta trajetória constituem o campo de investigação


de pesquisadores e professores vinculados à área. Vale salientar que LÍNGUA ESTRANGEIRA
tais profissionais não recuperam, não reconstituem o passado, e sim o
Ensinar uma língua estrangeira implica, primordialmente, em
interpretam a partir de fontes históricas: os registros deixados pelos
compreender o que é linguagem, a partir dos conhecimentos necessários
homens ao longo do tempo.
para a utilização da língua estrangeira e do uso desses mesmos
SABER ESCOLAR conhecimentos para a construção de significados no mundo globalizado.

Também denomina-se História o conhecimento produzido no O uso da linguagem é, marcantemente, determinado pela sua
espaço escolar a partir das interpretações sobre a trajetória humana e natureza sócio-interacional, uma vez que quem a usa considera as
das experiências vivenciadas por professores e alunos. Como saber pessoas envolvidas no processo de interação, atuando no mundo social
escolar, o conhecimento histórico equaciona as considerações obtidas a em um determinado momento e espaço.
partir de pesquisas sistemáticas e vivências cotidianas próprias ao grupo
Para que essa sócio-interação seja efetivada, faz-se necessária a
social, à região e às culturas locais.
utilização de três tipos de conhecimento:
A investigação e o ensino-aprendizagem da História pressupõem
• sistêmico;
a compreensão do que vem a ser sujeito, tempo e fato histórico.
• de mundo;
Denominam-se sujeitos históricos aqueles que promovem as
mudanças e marcam as permanências próprias à dinâmica histórica. • da organização textual.
Na historiografia contemporânea, os protagonistas da história são os O conhecimento sistêmico, que envolve os níveis da organização
indivíduos, grupos sociais, classes e nações que definem com ações e linguística (léxico-semânticos, morfológicos, sintáticos e fonéticos-
concepções as suas trajetórias no mundo. Neste sentido, reconhece-se fonológicos), permite que escolhas gramaticalmente adequadas sejam
que o curso da História não é definido apenas pelas deliberações de feitas toda vez que algum enunciado for produzido.
dirigentes políticos e/ou grupos econômicos, mas também pelas pessoas
comuns. Logo, o ensino-aprendizagem da História permite ao educando O de mundo, organizado na memória em blocos de informação,
reconhecer que cabe a ele reafirmar ou transformar a sua realidade. refere-se ao conhecimento convencional que as pessoas têm sobre as
coisas, variando de indivíduo para indivíduo, já que reflete as
A organização dos programas curriculares de História geralmente experiências e vivências de cada um.
é orientada por uma concepção de tempo meramente cronológica. Os
acontecimentos são dispostos numa sequência de dias, anos e séculos. Finalmente, o da organização textual engloba as diversas
Na organização dos conteúdos, apenas leva-se em conta a proximidade maneiras particulares que as pessoas usam, durante um processo intera-
cronológica com o presente. Entretanto, a dinâmica histórica é percebida cional, para organizar a informação em textos orais e escritos, pois cada
através de permanências e mudanças. É preciso considerar a língua apresenta uma estruturação linguística que lhe é peculiar,
existência de durações temporais diferentes, percebendo a fazendo-se necessário que os usuários e/ou aprendizes da
multiplicidade do tempo histórico, que escapa à mera cronologia.

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língua estrangeira percebam essa sistematização e utilizem em seus Quando ocorre da língua estrangeira ter seu lugar assegurado, na
discursos orais ou escritos, tornando-os naturais. grande maioria das vezes, valoriza-se apenas a habilidade de
compreensão escrita e/ou entendimento gramatical, não refletindo as
A aprendizagem de Língua Estrangeira pode ser considerada um reais necessidades dos alunos, nem mesmo uma concepção explícita da
caminho para a tomada de consciência do aluno como ser humano e natureza da linguagem e do processo de ensino e aprendizagem de
cidadão. Desta forma, esta deve concentrar-se na capacidade de línguas.
interrelacionar o alunado no discurso de forma sócio-interacional; mas
para que isto aconteça, é importante que o seu ensino esteja baseado Um outro problema verificado é que a maioria das propostas
na função social desse conhecimento em nossa sociedade. situam-se na abordagem comunicativa de ensino de línguas, mas, em
realidade, o que se percebe é que os exercícios propostos exploram
O envolvimento do aluno no uso de uma língua estrangeira pontos ou estruturas gramaticais descontextualizados. O que predomina
certamente o ajuda a entender os fatores sociais que caracterizam a vida é um ensino tecnicista, que visa apenas a repetição de determinadas
de outras pessoas nas sociedades em que a língua estrangeira é expressões.
utilizada, permitindo aprender mais sobre si mesmo e sobre um mundo
plural, caracterizado, de forma marcante, por valores culturais variados, Além disso, o processo de ensino e aprendizagem de Língua
bem como por diferentes formas de organização política e social, Estrangeira enfrenta uma série de circunstâncias difíceis, como a falta de
ampliando, desta maneira, o seu conhecimento de mundo. Isto pode ser materiais adequados para a realização das atividades propostas e o
justificado pelo fato de que, para se aprender e entender uma língua, é número reduzido de aulas por semana, que impossibilita um
preciso buscar os aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais das encaminhamento apropriado dos conteúdos e exercícios a serem
sociedades onde esta é utilizada. desenvolvidos.

Diante do exposto, é possível perceber que a aprendizagem desta De acordo com os PCN, historicamente, o ensino de Língua
vai além da aquisição de um conjunto de habilidades linguísticas, Estrangeira sempre esteve atrelado à busca do método ideal, o qual era
contribuindo, também, para a formação de uma nova percepção de visto como um modelo pronto e definitivo, mas cada um era descartado
linguagem, através da compreensão do funcionamento da língua sucessivamente para dar lugar a algum outro mais atraente, à medida
estrangeira, assim como da própria língua materna, além de desenvolver que eram apresentados novos métodos. Apenas no fim da década de
a percepção da própria cultura por meio da compreensão da cultura 80 é que estes métodos (audiolingual, audiovisual, gramática e tradução
estrangeira. etc.) passaram a ser criticados e questionados, já que se apresentavam
como uma mera prescrição de expressões e estruturas gramaticais e/ou
A aprendizagem de Língua Estrangeira pode, ainda, desempenhar idiomáticas, totalmente descontextualizadas e, portanto, não
uma função interdisciplinar, através da sua relação com outras áreas de demonstrando ao alunado a sua real funcionalidade para o seu
conhecimento, principalmente História, Geografia e Arte. Como para se desenvolvimento sócio-cultural.
aprender uma língua estrangeira é necessário entender os aspectos
sociais, políticos, econômicos e culturais das sociedades onde é
utilizada, torna-se importante uma compreensão mútua entre estas ARTES –DANÇA
disciplinas, cujo papel construtivo para a educação formal envolve um
É notório que a dança, está arraigada em diversas manifestações
complexo processo de reflexão sobre a realidade. O conhecimento
culturais. Pode-se perceber essa efervescência da dança na sociedade:
artístico deve permear todo o processo de ensino da língua, pois constitui
nos atos religiosos, nas festas populares, nas tradições, na educação, na
fonte de referência para o entendimento de diversas culturas, ajudando,
mídia e na própria produção artística, dentre outros.
assim, a compreender a cultura e, consequentemente, a função social da
língua estrangeira que está sendo aprendida e/ou utilizada. Essa faceta da identidade cultural baiana tem contribuído para que
a dança esteja presente em diversos projetos artísticos-educativos
Embora a aprendizagem de uma língua estrangeira seja um direito
espalhados pela cidade, além de já fazer parte do corpo curricular de
de todo cidadão, conforme expresso na Lei de Diretrizes e Bases da
diversas escolas.
Educação Nacional (Lei no 9.394), § 5o do art. 26, seção I, capítulo II:
Mesmo com todas essas particularidades encontradas, a dança,
Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente,
em muitas das experiências realizadas nas escolas, não conseguiu ainda
a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira
interagir de uma forma satisfatória com o currículo, bem como, muitas
moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das
vezes, esteve presa a velhos modelos pedagógicos que desvincularam
possibilidades da instituição.
o aluno de sua realidade cultural e social.
O que se observa, usualmente, é que essa área de conhecimento
De um modo geral, a dança, no âmbito escolar, por força da antiga
vem sendo ministrada, em algumas regiões, em apenas uma ou duas
LDB, foi considerada durante muitos anos como uma atividade
séries do ensino fundamental e, em outras, é vista como uma simples
extracurricular e configurou-se, na maioria das vezes, como oficinas que
atividade, não tendo caráter de promoção ou reprovação.
se distanciaram das demais áreas de conhecimento. Em adição, por falta

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de uma definição do seu papel na escola, as práticas corporais

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presentes nas aulas de dança acabaram direcionando-se às visões cultural, sendo o corpo e a dança utilizados como um veículo para a
mecanicistas do movimento, enfatizando a performance em dança e/ou venda de produtos.
a um fazer espontaneísta, centrando-se no processo criativo. Outro dado importante é que, com as características da sociedade
Hoje, as práticas pedagógicas em dança estão sendo repensadas contemporânea e as mudanças estabelecidas na díade espaço e tempo,
para que a sua inserção efetiva nas escolas atenda à diversidade cultural o homem começa a experimentar, por meio das novas tecnologias,
dos alunos e contribua para a construção de uma sociedade democrática. outras relações com o seu corpo e com a dança: tem-se a possibilidade
de criar danças e ‘dançar’ sem o corpo físico através da realidade virtual
Com a incorporação da arte como componente curricular (lei ou, então, pode-se assistir a um espetáculo de dança sem precisar
9.394/96), faz-se necessário que o ensino da dança seja redimensionado deslocar-se para o local onde ela está sendo realizada.
em relação ao seus objetivos, conteúdos e metodologias, para que
atenda às demandas do aluno, do projeto da escola e esteja sintonizado Toda essa variedade de concepções da dança relaciona-se com
com as transformações da sociedade. Desse modo, a escola pode padrões estéticos de grupos e épocas e apresenta diferentes ideias de
desempenhar papel importante na educação dos corpos e do processo corpo, de dança, de identidades sociais e de sociedade.
interpretativo e criativo de dança, pois dará aos alunos subsídios para Como apontam os PCN, para que a dança seja abordada numa
melhor compreender, desvelar, desconstruir, revelar e, se for o caso, perspectiva crítica, articulando as relações entre corpo, cultura e
transformar as relações que se estabelecem entre corpo, dança e sociedade, não é qualquer pressuposto teórico-filosófico, metodologia ou
sociedade (Brasil, 1998, p. 70). conteúdo de dança que irá possibilitar estabelecer tal relação.
Um importante aspecto a ser ressaltado no processo de ensino- Neste documento da SMEC, considera-se a dança como uma
aprendizagem da dança refere-se à compreensão do corpo como forma artística e estética de construção de conhecimento, com um modo
construto social. específico de manifestação da atividade criativa do ser humano pelo/com
Por meio da corporeidade, com os aspectos objetivos e subjetivos o movimento corporal em sua interação com o meio sócio- cultural num
de experiências, significados são construídos, interagindo em um dado momento histórico.
determinado contexto social, cultural, político e econômico. Assim, o ensino da dança, no nível fundamental, abrange a
Assim, além das maneiras muito particulares que o corpo é compreensão:
vivenciado, pode-se observar que cada sociedade cria suas significações * das relações intra e interpessoais na construção da
nas relações que estabelece com o corpo, como, por exemplo, nas corporeidade;
convenções sociais, nas representações, nas práticas corporais e nos
* das relações estabelecidas entre a dança e a diversidade
ideais de corpos.
cultural da cidade e suas conexões com outras culturas;
Pode-se dizer que a dança é um dos possíveis modos que se tem
* do processo e do produto artístico e a experiência estética em
para vivenciar a corporeidade. Apesar da dança estar presente em
dança;
diferentes instâncias da sociedade, apresentando uma variedade de
conceitos e produções, quando fala-se de dança/cultura/educação, * das diversas possibilidades de criação de significados que
pode-se perceber que ainda persistem concepções fechadas sobre o foram/são efetivadas na dança com/no corpo e pelo/com o movimento.
corpo que dança e onde é possível dançar.
É a inter-relação desses aspectos que se torna importante quando
Nesse prisma, é necessário refletir sobre os padrões hegemônicos se fala da aprendizagem da dança na escola.
presentes na dança, que apontam para concepções estéticas e artísticas
demarcadas e padrões ideais de corpos que podem dançar – seja em
relação a gênero, raça, etnia ou mesmo habilidade física. ARTES –MÚSICA

O contexto da dança, na cultura baiana, apresenta uma variedade A música tem sido incluída nos diversos processos educacionais
de formas que vão desde as manifestações populares até as danças pelos mais variados motivos. Poderia ser feito um grande inventário
cênicas, do passado e do presente, e trazem, subjacente, determinadas sobre todos os motivos que levaram a se incluir a música nos currículos
representações de corpo, estética e dança, que podem ser re- escolares ao longo da história, porém, o que parece ser mais importante,
significadas, mantidas ou escamoteadas, ao mesmo tempo em que é que o espaço que a atividade musical poderá ocupar na cultura escolar
surgem novas concepções, fato este que pode ser percebido em vai depender da compreensão que se tem da música e da importância
diferentes estilos de dança. que esta possui para a vida do cidadão.

Por outro lado, não se deve ignorar que a dança, como as outras O antropólogo Alan Merrian tratou de identificar os usos e funções
artes, também vem sofrendo influência da massificação da indústria da música em diferentes sociedades e sinalizou as que se seguem: de
expressão emocional, de prazer estético, de entretenimento, de
comunicação, de representação simbólica, de resposta corporal, de

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conformidade a normas sociais, de validação de

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instituições e rituais religiosos, de continuidade e estabilidade da cultura, ARTES – TEATRO
de integração social. A separação entre essas diferentes funções não é O homem é um animal que representa e por esta razão diferencia-
tão nítida. se das outras espécies, criando o mundo da cultura, pois ele pode
Não é muito evidente a separação entre a função de representar o mundo para si e para seus pares. Tal característica amplia-
entretenimento e resposta corporal, por exemplo. Ao se entrevistar se e intensifica-se com o desenvolvimento dos ideais e a busca por novos
alguns professores e estudantes da Rede Municipal de ensino, horizontes. A ação do homem é multidirecional e o domínio das novas
constatou-se que crianças, adolescentes e jovens identificam-se, tecnologias, com a ênfase dada à teoria e à técnica no mundo moderno,
plenamente, com a função social de divertimento, de comunicação, de favorece, literalmente, a criação de um novo mundo com leis e regras
resposta corporal e prazer estético. Entre os professores, destacou-se a próprias, cujos elementos básicos só podem ser apreendidos de forma
função de expressão emocional. Todos trazem, no íntimo, sensações, muito específica.
sentimentos, diferentes vivências que são difíceis de serem ditas com O teatro e a teoria vêm da mesma raiz etimológica, aquele
palavras comuns e que podem ser, facilmente, comunicadas através da compreendido como espaço organizado em função do olhar e esta como
música. o olhar à distância2. É assim que tanto o teatro como a teoria criam
Apesar dos professores da Rede Municipal identificarem-se com a realidades virtuais. Sendo que a teoria cria uma realidade lógica,
função de expressão emocional, o uso que a instituição escolar vem, controlada por informação matemática, e o teatro elabora uma realidade
historicamente, fazendo da música no currículo escolar traduz-se em lúdica, que cumpre seus maiores objetivos quando vivenciada pelo corpo
uma concepção instrumental. Isto significa que a música tem sido do aprendiz que experimenta participar dela com seu próprio ser.
utilizada como meio para atingir outros fins e não pelos valores que ela O teatro como referência da cultura e de expressão ocidental,
possui em si mesma. As canções escolhidas para comemorar as datas e difundido a partir do ideal grego de educação integral do homem ao lado
eventos do calendário escolar e os hinos estão ligados à tradição de da ginástica, da filosofia, da política e da religião, pode ser compreendido
conformar as normas sociais, validar instituições e rituais religiosos. Ao como o espaço organizado em função da visão; a esta característica os
longo dos séculos, tem sido muito amplas as relações da música com o gregos antigos chamavam de Teathrom ou como o ato de representar ao
currículo oculto. vivo, em frente a uma plateia, realidades humanas possíveis e
Fazendo um passeio pela história, pode-se perceber que desde a modelares, capazes de gerar uma reflexão no espectador.
civilização egípcia a música tem sido utilizada para a internalização de O teatro, como área do conhecimento estuda o desenvolvimento
certos valores. Entre os gregos, Platão recomendava que os jovens das potencialidades corporais e psíquicas capazes de fazer com que o
deveriam cultivar apenas as músicas que desenvolvessem o sentimento homem represente, ao vivo, para outros homens, ideias do seu tempo
do homem valente e do homem sereno. Na Idade Média, música era e de outros tempos, utilizando seu corpo, sua voz e seu gestual. O caráter
sinônimo de devoção. No período da Reforma, as crianças cantavam específico do teatro manifesta-se na possibilidade de vivência lúdica e
hinos religiosos para a salvação de suas almas. No Brasil do século XVI, investigativa de outras realidades, abordando tais realidades do ponto de
a Companhia de Jesus traduziu para o Tupi o catecismo católico e vista do indivíduo ou da coletividade, em consonância com várias esferas
utilizava-o nos Autos Religiosos com o específico fim de catequizar os da existência humana como a cultura, a moral, a religião, a política etc.
indígenas. Este é o uso da música para a incorporação de valores morais
A observação como instrumento de aprendizagem e
e espirituais.
aperfeiçoamento encontra-se na base tanto da ciência quanto da arte.
Da mesma forma, pode-se compreender as canções que No caso específico da linguagem teatral, constitui-se num dos aspectos
introduzem as atividades escolares: canções para formar a fila, lavar as preponderantes para a apreensão dos meios necessários ao seu domínio
mãos, entre outras. Estas canções são, geralmente, repletas de técnico, mesmo que em nível bastante superficial. Tomando como
diminutivos por acreditar-se que o “pequenininho” identifica-se com o exemplo algumas das teorias mais conhecidas e difundidas a respeito do
mundo infantil. As crianças não cantam essas canções fora do espaço fenômeno teatral, é possível observar que de Aristóteles (século V a. c.)
escolar. Em nenhum outro momento de sua vida a criança ouve essas a Grotowsky (século XX), passando por Diderot, Stanislawsky, Artaud,
“musiquinhas de comando”. A professora Fuks (1993) sinaliza que esse Craig ou Brecht, todos enfatizam a importância do papel da observação
repertório escolar tem sido utilizado muito mais para disciplinar do que no controle e na condução da expressão teatral.
para educar. A concepção instrumental da música na escola está em
O teatro apresenta-se como o espaço onde o indivíduo pode
perfeita sintonia com o contexto social maior: música para adaptar, para
expressar-se representando o mundo percebido. Por isso, o corpo, como
moldar, para conformar os indivíduos às regras sociais. Esta concepção
gerador da linguagem verbal e não-verbal, deve ser considerado em sua
corresponde a uma noção de adestramento, música como meio para se
historicidade e potencialidades para a construção de novos significados.
fixar outros conteúdos. Este uso é possível e tem sido fartamente
O teatro abre e amplia um espaço sem um topus, sem um lugar
explorado pela escola, porém distorce os valores artísticos e está muito
específico, daí seu caráter utópico e a possibilidade de acontecer
longe de entender a música como um dado de cultura.

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em qualquer lugar convencionado para tal função. E tais possibilidades de fruição da obra.
só tendem a ampliar-se, já que o teatro toma o corpo e a voz do homem
como meios expressivos, aprimorando, tecnicamente, a ambos, para o
primado da expressão, dando oportunidade de vivência lúdica de outros
estados corporais e, portanto, de estados de consciência.

Na contemporaneidade, sabe-se da importância do respeito ao


outro e pode-se destacar a importância da encenação teatral, que traz a
possibilidade do sujeito colocar-se no lugar do outro e/ou perceber, a
partir de ângulos diferentes, questões em torno de temas polêmicos
como gênero, raça, credo, cultura etc., potencia-lizando dispositivos de
elaboração e expressão de um senso crítico através da criatividade e da
imaginação.

Considerando o teatro como forma de codificação lúdica de uma


das modalidades do “existir”, o “representar” ganha força a partir do
momento que passa a ser validada como uma das formas de
conhecimento à disposição do homem em relação a si mesmo e ao
mundo que o cerca. A criança, o adolescente e o adulto, compreendidos
como fases necessárias e peculiares da formação do homem
contemporâneo, encontram, nesse conjunto de informações e práticas
milenares, elementos e estruturas propiciadores de uma rede de relações
extremamente rica e complexa que perpassa diversos planos e esferas
da existência humana.

A Epistemologia Genética de Jean Piaget referenda a importância


do “representar” para a formação do sujeito. No desenvolvimento da
criança, a capacidade de representação simbólica, a partir de jogos e
brincadeiras, é tomada como ponto de partida para a exploração das
potencialidades do ambiente, do gradativo controle dos gestos e atitudes
do seu próprio corpo e da observação das atitudes e gestos daqueles
que a circunda. Já nos adolescentes e adultos, o jogo teatral favorece a
ampliação da capacidade de socialização, fazendo com que cada um
compreenda o papel a ser cumprido, ou transformado, em função de
suas necessidades e de seus ideais, ampliando as perspectivas de
observação dos fatos da vida e gerando autonomia, fator imprescindível
para a formação da cidadania.

ARTES VISUAIS

A atual legislação educacional brasileira reconhece a importância


da Arte na formação e desenvolvimento de crianças e jovens, incluindo-
a como componente curricular obrigatório da educação básica. A Arte
passa a vigorar como área de conhecimento constituída, basicamente,
por artes visuais, música, teatro e dança.

As artes visuais, anteriormente denominadas de Artes Plásticas,


tem como uma de suas características no processo de percepção
exercer um apelo direto sobre os sentidos da visão e do tato.

Hoje, com os diferentes modos de interação entre o sujeito e a


obra de arte, este cria significações, utilizando todos os seus canais
perceptivos e deste modo, relaciona imagens retidas na memória, sons,
odores, sensações táteis promovidas pelos outros sentidos no processo

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Pode-se considerar como expressões das Artes Visuais a
pintura, a escultura, o desenho, a gravura, a cerâmica, a cestaria e o
entalhe, dentre outros. Atualmente, devido aos avanços tecnológicos
e às transformações estéticas do século XX, além de todas as
modalidades citadas, incluem-se ainda: fotografia, charge, quadrinhos,
cinema, televisão, produção de vídeo, computação gráfica,
performance, holografia, desenho industrial, instalação e multimídia.

Essas novas inclusões deixam perceber, rapidamente, que o


domínio científico sobre os estímulos elétricos e magnéticos e suas
combinações trouxeram uma inovação de “materiais” não plásticos,
modalidade de conhecimento artístico visual que pode ser denominada
de luminosos, no caso dos que incluem luz, e cinéticos, no caso dos
que incluem movimento.

Faz-se necessário esclarecer que os trabalhos luminosos e


cinéticos, que podem ser percebidos pela visão, mas não podem ser
tocados pela mão, são chamados de virtuais. Portanto, algumas
imagens luminosas, como: o cinema, a televisão, a holografia e a
computação, são artes virtuais.

O impacto evolutivo trazido pelas novas tecnologias remete-nos


às características da arte: a inovação e a transformação, que devem
ser consideradas como aspectos inerentes à criatividade e ao fazer
artístico, seja com objetos concretos, como a tinta, o papel, o barro, a
pedra etc., ou com objetos virtuais, como a energia elétrica (luz) e a
magnética (computadores).

Nas Artes Visuais, é necessário desenvolver a educação visual


numa perspectiva crítica. Nesse sentido, o desenvolvimento específico
da percepção visual, que é o foco desta proposta, possibilita ao sujeito
conhecer, entender e compreender sua realidade.

Educar o modo de ver e observar é importante para transformar


e ter consciência da participação no meio ambiente, na realidade
cotidiana, contribuindo para potencializar diferentes formas de
comunicação com o mundo.

EDUCAÇÃO FÍSICA

A Educação Física vem apresentando mudanças significativas


ao longo da história. Estas mudanças são de ordem conceitual,
organizativa e de percepção de seu objeto de estudo, refletindo as
características das relações entre o homem e a sociedade em
diferentes momentos e lugares, abrangendo as concepções de saúde,
estética e lazer. Por isso, esta área do conhecimento representou
diferentes papéis e adquiriu diferentes significados, conforme o
momento histórico.

A Educação Física já foi considerada, exclusivamente, um meio


de preparar corpos fortes e saudáveis, prontos para a defesa da nação,
ou então, para bater novos recordes esportivos a partir dos mais
talentosos fisicamente, reduzindo-a a uma mera atividade, sem
objetivos e conteúdos que justificassem sua permanência nos
currículos escolares.

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No Brasil, na década de 80, sob influência de autores como Vitor nova. Já em 1933, o Código de Educação do Estado de São Paulo
Marinho (1983) e João Paulo Medina (1983), o paradigma que norteava
essa área começou a ser questionado. A partir de então, tem-se a
preocupação com a elaboração de referenciais teórico-práticos, visando
a fundamentação dos estudos em Educação Física.

Esta área do conhecimento, até então tratada unicamente como


atividade prática, incorpora os pressupostos teórico-filosóficos que
reconhecem seu caráter político, social e cultural, deixando de ter como
pilares básicos o higienismo1 e o militarismo2 , conforme cita Paulo
Ghiraldelli (1988), que sempre serviram como elementos norteadores,
demonstrando, assim, que a crise serviu como estímulo para a busca da
superação dessas concepções conservadoras.

Neste contexto, a Educação Física aproxima-se das demais áreas


do conhecimento, afirmando-se e reforçando a necessidade da sua
existência nos currículos, onde sua importância revela-se pela ruptura de
um modelo que interpreta a relação entre corpo e sociedade apenas por
um viés biológico, reconhecendo as dimensões psicológicas, afetivas e
cognitivas como fundamentais para a formação do sujeito enquanto ser
humano inserido, ativamente, em um determinado contexto sócio-
cultural.

Diante das demandas sociais da contemporaneidade e dos novos


paradigmas, a Educação Física tem delineado como seu campo de
investigação a cultura corporal, que envolve as relações corpo-
sociedade, conferindo às discussões atuais outros pressupostos, dentre
os quais destaca-se a possibilidade de intervenção na realidade social,
através dos elementos da produção cultural.

Entende-se por cultura os mecanismos simbólicos criados pelo ser


humano, individual e coletivamente, que conferem sentido à sua vida e,
desse modo, à cultura corporal, pois abarca diferentes práticas e modos
de vivenciar o corpo.

CURRÍCULO ORIENTADO PARA


ACONSTRUÇÃO DE COMPETÊNCIAS

Uma série de expressões, relativamente novas, povoam o


discurso pedagógico atual: parâmetros curriculares, temas transversais,
interdisciplinaridade, educação inclusiva,entre outras. Este texto busca
examinar o sentido da expressão habilidades e competências nos
textos sobre educação.

Em primeiro lugar, é preciso verificar se a introdução destes


termos nos debates sobre o ensino corresponde a uma preocupação
nova dos educadores ou se consiste apenas numa nova denominação
para algo pré-existente.

Parece que a ênfase na ideia de desenvolver nos alunos


habilidades e competências procura chamar atenção para a necessidade
de o ensino escolar ser menos orientado para a assimilação de
conteúdos e mais voltado para a aquisição de capacidades, que
permitam ao indivíduo desenvolver-se plenamente.

É possível demonstrar, no entanto, que esta preocupação não é


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definia como uma das finalidades da escola primária “dar aos alunos mobiliza fortemente a inteligência e a subjetividade da pessoa.
educação integral em que tenham preponderância, sobre a aquisição
de conhecimentos de pura memória, a formação intelectual, moral e
cívica” (p.45). No entanto, se é verdade que o interesse pelo
desenvolvimento de habilidades e competências nos alunos não é
algo recente, por outro lado é preciso reconhecer que o uso dessas
expressões nos debates atuais não consiste numa mera mudança de
terminologia.

A solicitação pelo desenvolvimento das habilidades e


competências nos alunos refere-se às novas exigências que o mundo
social e o mundo do trabalho estão impondo à escola. Há algumas
décadas, bastava que o ensino básico se comprometesse a ensinar a
ler e a escrever, alguns rudimentos de cálculo e noções da história e
da geografia brasileiras, além de transmitir o sentimento de
nacionalismo e noções de higiene. Considerava-se que dessa forma
seria possível formar um indivíduo preparado para o trabalho, a
participação na sociedade como cidadão e o desempenho do papel de
pai ou de mãe. Atualmente, para dar conta dos mesmos objetivos, ou
seja, exercício de uma profissão, participação social e familiar, tornou-
se necessário desenvolver nos alunos outras capacidades. É preciso
levar em conta que o mundo contemporâneo está exigindo dos
indivíduos que sejam capazes de manter-se continuamente
atualizados, de lidar com uma quantidade imensa de conhecimentos e
informações para compor e incrementar a sua própria formação, de
estabelecer contatos e relações internacionais, de ter uma atuação
responsável diante das questões sociais e ambientais etc. Daí a
necessidade de se definir novas habilidades e competências a
serem desenvolvidas na escola.

Dentre os modelos educacionais que procuram alternativas para


atender a essas exigências, os mais difundidos internacionalmente são
a reforma educativa espanhola, de 1990, que pela primeira vez
estabeleceu os “conteúdos transversais” e os princípios estabelecidos
pela “Comissão Internacional sobre a Educação para o Século 21” de
1995, quais sejam: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a
conviver e aprender a ser.

A CONSTRUÇÃO DE COMPETÊNCIAS

Ao final do século e limiar de um novo milênio, a definição de


uma política formativa exige ter presente que a formação do indivíduo
tem tanto utilidade individual como coletiva, já que ela está a todo
momento estreitamente vinculada com e em função de peculiaridades
que exigem o delineamento de processos de desenvolvimento em
geral e dos processos produtivos em particular. Se bem que a lista de
formação parece manter-se inalterável, na atualidade se assiste a um
processo de redefinição e adaptação da formação profissional e
técnica em função das profundas transformações do contexto
econômico, social e produtivo.

Os novos paradigmas do trabalho, levam o indivíduo a tomar


decisões, assumir responsabilidades pessoais ante situações
imprevistas, assumir cargos de gestão, o que implica uma atitude que
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Estas novas condições impõem a noção de competência, dado laborais que tem surgido como consequência das transformações no
que ela é inseparável da ação e sempre é colocada à prova na resolução mundo produtivo e do trabalho.
de problemas. Por sua vez, estas condições unem a concepção de A formação por competências impele e exige uma estreita inter-
competência com a de empregabilidade. relação entre os sistemas formativos e o setor produtivo; uma vez que
Em última análise, “a empregabilidade não é outra coisa senão a este tem a responsabilidade de colaborar e identificar as necessidades e
capacidade de organizar os tipos de competências e qualificação que as competências requeridas no indivíduo, e, paralelamente, permite
permitem às pessoas encontrar, criar, conservar, enriquecer, ..., seu identificar o desenvolvimento de outras competências necessárias para
posto de trabalho, ou passar de um a outro obtendo satisfação pessoal, as múltiplas funções e ocupações e ramos de atividade, facultando uma
econômica, social e profissional” (Ducci, M. A., 1.997). maior mobilidade dos trabalhadores e permitindo instrumentalizá-los para
o desenvolvimento do seu próprio programa ocupacional e formativo,
Paralelamente à empregabilidade, deve-se desenvolver no podendo adaptar-se à heterogeneidade da organização produtiva e
indivíduo o espírito de empreendedorismo, fomentando-lhe a criação de tecnológica dos países.
micro-empresas ou outros empreendimentos, para que ele possa
independentemente da existência de postos de trabalhos, concretizar e O que se quer dizer é que a função certificadora de competências,
dar significado aos conhecimentos adquiridos ao longo da sua formação, até então exercida pelas agências formadoras, inclusive as
e até mesmo porque em diversos setores do sistema produtivo/mercado Universidades, passa a ser desempenhada pelo mercado, que vai dizer
de trabalho, há a necessidade de um certo espírito empreendedor. que competências e que habilidades precisa para cada situação, em que
quantidade, e por quanto tempo.
Na atualidade se entende por competente a pessoa que possui um
conjunto de competências, habilidades, conhecimentos e destrezas e a Importante também ressaltar, é que não se pode mais esperar que
capacidade de aplicá-las em uma variedade de contextos e situações os conhecimentos adquiridos durante a escolaridade básica e
laborais. Supõe conhecimentos razoáveis, já que não há competência profissional, sejam suficientes para o desempenho das funções dos
completa se os conhecimentos teóricos não são acompanhados pelas diversos postos de trabalho que hoje o indivíduo tem que passar ao longo
qualidades e capacidades que permitam executar as decisões que da sua vida, é cada vez mais necessário conceber a formação como um
aquelas competências sugerem. processo contínuo que tem lugar durante toda a carreira laboral do
indivíduo.
A preocupação pelo ganho e pela obtenção de resultados sempre
se constituiu um objetivo da formação, porém hoje, o conceito de Em termos de educação, complementarmente à organização de
competências como significado de um novo paradigma, compreende o cursos modulares previsto no Decreto 2.208/97, foi desenvolvida uma
desenvolvimento de atitudes da pessoa, em que o indivíduo busca um nova concepção com enfoque principalmente na educação profissional,
enfoque integrador e coloca em ação desde o seu ser, o seu saber e o porém, aplicada também ao ensino médio – o desenvolvimento de
seu saber fazer. competências que promovam o desenvolvimento pessoal, qualifiquem o
jovem para o trabalho e para a vida em sociedade – competências que
Desta maneira, o conceito de competência passa a constituir-se são as mais necessárias para avançar com sucesso na vida cidadã e nos
em uma ferramenta valiosa para a formação individual, porque permite demais momentos da educação.
desenhar um currículo atendendo de uma melhor forma a complexidade
do mundo real. A partir desta ótica, a escola deve pensar a implantação de novos
paradígmas e a superação de outros. Assim, tem-se:
Do ponto de vista pedagógico, trata-se de formar um cenário
econômico e de trabalho incerto e para um novo paradigma produtivo e Paradigmas em superaçãoParadigmas em implantação ?
tecnológico. Do ponto de vista institucional, se faz necessário responder Professor: sabe, fala, explica, anima, pergunta, responde, cobra, ... ?
a uma nova concepção de formação, mais integral, que enfatize seu Aluno: passivo (não sabe), ouve, memoriza, pergunta (?), participa (?),
caráter formativo e se inscreva em uma concepção ao longo de toda a resolve reproduzindo, ...? foco nos conteúdos a serem ensinados; ?
vida, assim como a irupção de diversas regras organizativas e de currículo como fim, como conjunto regulamentado de disciplinas; ? alvo
múltiplos atores que transformam a formação, cada vez de forma mais do controle oficial: cumprimento do currículo. ? Professor: problematiza,
clara e notória, em um componente nodal das políticas ativas de apresenta desafios, pergunta, indica possíveis percursos, estimula,
emprego. orienta, assessora, informa, explica;? Aluno: ativo, age, vive o processo,
pensa, opera, resolve problemas; ? foco nas competências a serem
Assim, neste novo panorama emergente, a formação aparece desenvolvidas, nos saberes (saber, saber-fazer e saber-ser) a serem
revalorizada, assumindo um papel central e estratégico nos sistemas de construídos; ? currículo como conjunto integrado e articulado de
relações laborais e, esta formação é definitivamente, uma atividade situações-meio, pedagogicamente concebidos e organizados para
fundamentalmente educativa, e, provavelmente, o maior desafio a ser promover aprendizagens profissionais significativas;? alvo do controle
enfrentado pelas instituições formativas, é o de adequar e atualizar os oficial: geração de competências gerais.
conteúdos curriculares e as certificações oferecidas aos novos perfís
Segundo Berger Filho1 (1.998): “entende-se por competências os

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esquemas mentais, ou seja, as ações e operações mentais de caráter

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cognitivo, sócio-afetivo ou psicomotor que, mobilizadas e associadas a nova reorganização das competências.
saberes teóricos ou experiências, geram habilidades, ou seja, um saber
fazer”;

Ou ainda: “as modalidades estruturais da inteligência – ações e


operações - que o sujeito utiliza para estabelecer relações com e entre
objetos, situações, fenômenos e pessoas que deseja conhecer”.

Tem-se também: “capacidade de mobilizar, articular e colocar em


ação, valores, conhecimentos e habilidades necessárias para o
desempenho eficaz e eficiente de atividades requeridas pela natureza do
trabalho”.

Portanto, o conhecimento em profundidade e a análise detalhada


das funções de produção, permitem especificar que competências
devem ter sido construídas por um profissional para realizar uma
determinada atividade.

Entretanto, estas competências, embora se refiram a esquemas


mentais mais globais, devem ser contextualizadas em cada área
profissional.

O referencial de competências deve ser instrumento permanente


de trabalho da escola e do professor, sendo entendido como uma
linguagem comum e central do processo produtivo e não como uma lista
abstrata que precisar estar no “plano de curso” e no “plano de aula” do
cotidiano escolar. Ela deve ser o roteiro permanente para se definir os
problemas que serão propostos pelos alunos, e o parâmetro para a
avaliação do processo pedagógico, pelo desempenho e pela análise do
trabalho.

A lógica da educação deve ser a mobilização para a construção


pelos alunos das competências e habilidades necessárias para a
atividade a ser desenvolvida. Este processo garante um aprender a
aprender e um aprender a fazer.

Segundo ainda Berger Filho, já citado anteriormente, nas


profissões em geral, os conhecimentos e competências do tipo geral e
do tipo profissional, distribuem-se num mesmo “continuum”; a relação
entre elas é de concomitância, por um lado e de afinamento por
contextualização por outro: os primeiros, de tipo geral, devem ser
alcançados por todos os concluintes da educação básica, os segundos,
profissionais e específicos, são indispensáveis àqueles, que entre os
concluintes da educação básica, escolheram a preparação para uma
área profissional específica.

Por outro lado, o processo de construção do conhecimento passa,


necessariamente, pelo “saber fazer”, portanto, as habilidades são o
saber fazer relacionado com a prática do trabalho, transcendendo a mera
ação motora, ou seja, as habilidades são atributos relacionados não
apenas ao saber fazer, mas aos saberes (conhecimentos), ao saber-ser
(atitudes) e ao saber-agir (práticas no trabalho). Implicam, pois,
dimensões variadas: cognitivas, motoras e atitudinais.

As habilidades, então, decorrem das competências adquiridas e


referem-se ao plano imediato do saber fazer. Através das ações e
operações, as habilidades aperfeiçoam-se e articulam-se, possibilitando

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Pode-se dizer, portanto, que o processo de conhecer, comporta
• classificar, seriar, ordenar, conservar, compor e decompor,
um ciclo, pois a compreensão e a tomada de consciência dos
fazer antecipações sobre resultados, calcular por estimati-
instrumentos e das relações estabelecidas em um nível, influenciam o
va, medir, interpretar, justificar...
fazer no nível seguinte. Desta forma, uma competência adquirida em
um nível torna-se facilmente aplicável, como um saber fazer, no nível
seguinte, sem necessidade de maiores reflexões, dando origem,
portanto, às habilidades instrumentais.

Construir um currículo por competências não pressupõe


abandonar a transmissão dos conhecimentos ou oportunizar a
construção de novos conhecimentos, ao contrário, estes processos
são indissociáveis na construção dessas competências. A diferença
que se estabelece nesta proposição curricular é que o centro do
currículo e, portanto, da prática pedagógica será não a transmissão
dos saberes, mas o processo mesmo de construção, apropriação e
mobilização destes saberes; a construção de competências depende
de conhecimentos em situação, significados.

As competências podem ser categorizadas em três níveis


distintos de ações e operações mentais, que se diferenciam pela
qualidade das relações entre o sujeito e o objeto de conhecimento:

1 – Nivel básico: encontram-se as ações e operações que


possibilitam a apreensão das características e propriedades
permanentes e simultâneas de objetos comparáveis, i.e., que
propiciam a construção de conceitos.

São consideradas competências de nível básico, por exemplo:

• observar, para levantar dados, descobrir informações


nos objetos, acontecimentos, ...;

• identificar, reconhecer, indicar, apontar, dentre diversos


ob- jetos aquele que corresponde a um conceito ou
descrição;

• localizar um objeto, descrevendo sua posição, ...;

• descrever objetos, situações, fenômenos,


acontecimentos, etc. e interpretar as diferentes
descrições correspondentes;

• discriminar, estabelecer diferenciações entre objetos,


situa- ções e fenômenos com diferentes níveis de
semelhanças;

• representar graficamente objetos, situações, sequências,


...;

• representar quantidades, ...

2 – Nível operacional: encontram-se as ações coordenadas que


pressupõem o estabelecimento de relações entre os objetos. Fazem
parte deste nível, os esquemas operatórios que se coordenam em
estruturas reversíveis. Estas competências, que em geral, atingem o
nível da compreensão e a explicação, mais que o saber fazer, supõe
alguma tomada de consciência dos instrumentos e procedimentos
utilizados, possibilitando a sua aplicação a outros contextos.

Dentre estas competências podem-se distinguir:


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Estes verbos (ou palavras) não são exclusivos para todas as 2 – Habilidades específicas: estão estreitamente relacionadas ao
possibilidades de representar as competências cognitivas de nível trabalho e dizem respeito aos saberes, saber-fazer e saber-ser exigidas
operacional, muitos outros podem ser empregados, sempre no sentido por postos, profissões ou trabalhos em uma ou mais áreas correlatas;
de traduzirem operações e se adaptarem ao conteúdo proposto. 3 – Habilidades de gestão: estão relacionadas às competências de
3 — Nível global: encontram-se ações e operações complexas, autogestão de empreendimento, de trabalho em equipes.
que envolvem a aplicação de conhecimentos a situações diferentes e à No planejamento das habilidades, devem-se considerar as
resolução de problemas inéditos. expectativas não apenas do mercado de trabalho, mas também as
Pertencem, geralmente ao nível global as seguintes expectativas e interesses do trabalhador.
competências: De modo ideal, estas habilidades devem ser desenvolvidas de
• analisar, aplicar, avaliar (emitir julgamentos), criticar, anali- maneira integrada.
sar e julgar, explicar causas e efeitos, apresentar conclu- A partir das competências e habilidades, constrói-se a matriz
sões, levantar suposições, fazer generalizações (indutivas), curricular com as bases para os diferentes níveis de ensino e ciclos de
fazer generalizações (construtivas). avaliação. As bases envolvidas na construção das competências e
É importante lembrar que não são as palavras ou os verbos habilidades são as seguintes:
empregados que determinam o nível das competências, mas o sentido • Bases científicas: são conceitos e princípios das Ciências da
da frase que indica a ação ou a operação a ser desenvolvida pelo aluno. Natureza, Matemática e das Ciências Humanas, presen- tes
A educação básica deve oferecer as competências básicas como nas tecnologias e que fundamentam opões estéticas e éticas
elemento de preparação básica para o trabalho e a educação profissional das diferentes atividades profissionais.
deve oferecer as competências profissionais gerais para a A base científica privilegia os conhecimentos originários da
trabalhabilidade/empregabilidade. diversas teorias do conhecimento, estimulando o desenvolvimento do
É importante também salientar que é casual a existência de três pensamento crítico e criativo, bem como facilitam a compreensão da
níveis de competências, uma vez que estes níveis podem estar relatividade do saber e de sua construção como um processo
presentes em todos os conteúdos e em todos os níveis de escolaridade. indissociável da atividade prática. Tais conhecimentos tornam-se, pois,
indispensáveis à assimilação dos conteúdos de ensino próprios da bases
O agrupamento das competências específicas dá origem aos tecnológica.
módulos de formação, que por sua vez podem ser também organizados
a partir de disciplinas. As competências, portanto, servem como • Bases tecnológicas: é um conjunto sistematizado de con-
referência para a identificação, seleção de disciplinas e respectivos ceitos, princípios e processos relativos a uma determinada
conteúdos. área produtiva – de bens e serviços – resultante, em geral, da
aplicação de conhecimentos científicos.
Em última instância se pode dizer que as competências
contextualizam e dão significados aos conteúdos. A base tecnológica será adquirida progressivamente, à medida em
que o aluno for cursando disciplinas específicas da área de conhecimento.
As habilidades voltadas para a competência do trabalhador, Ela destina-se à integração dos conhecimentos científicos às inovações
devem buscar o “aprender a aprender” e o “aprender a pensar”, que advindas do mundo produtivo, das novas formas de organização do
permite maior autonomia, maior capacidade de resolver problemas trabalho, enfim, da indústria e dos serviços.
novos, de adaptação às mudanças, de superação de conflitos, de
comunicação, de trabalho em equipe e decisão ética. Neste sentido, enquanto a base científica caracteriza-se pela
amplitude do saber, sem que isso signifique uma superficialidade do
Considerando que a competência é formada ao longo da vida do conhecimento, a base tecnológica propicia a aplicação desse saber em
indivíduo, exigindo um processo de educação contínua, as habilidades função de sua utilidade e eficácia prática.
devem seguir a mesma configuração.
Não se trata, porém, de uma distinção reducionista dessas bases,
As habilidades se configuram sob três aspectos: mas sim do estabelecimento de funções que se complementam, uma vez
1 – Habilidades básicas: podem ser entendidas em uma ampla que a intersecção nelas existentes é a via formal por que se busca a
escala de atributos, que parte de habilidades mais essenciais, como ler, unidade teoria-prática.
interpretar, calcular, até chegar ao desenvolvimento de raciocínios mais • Bases instrumentais: são as linguagens e códigos que
elaborados; permitem uma “leitura” do mundo e comunicação com ele;
habilidades mentais, psicomotoras e de relações humanas,
gerais e básicas.

O aumento e a melhoria das oportunidades educacionais, o desejo

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de inclusão e as exigências do mundo do trabalho e da cada vez conhecimentos extraídos da vivência e o articula com o processo de
mais complexa vida pessoal e social do indivíduo, vêm se constituindo apropriação do conhecimento produzido
nas principais causas da explosão de matrículas de que se observa no
Brasil.

Os níveis educacionais requeridos a homens e mulheres em todo


o mundo, são cada vez mais altos, para que deem contas de
competências mais amplas que possibilitem sobreviver e conviver numa
sociedade que dispõe de uma grande quantidade de bens culturais e
altos níveis de progresso material demandando uma aprendizagem
permanente para lidar com o contínuo crescimento da produção do
conhecimento e sua consequente disponibilização e uso na vida
cotidiana.

Segundo Berger Filho, os dois grandes desafios que temos são,


portanto:

I. oferecer oportunidades para avançar além da educação


obrigatória, e

II. conceber um desenho para o ensino que garanta a todos


as condições básicas para inserção no mundo do trabalho.

O autor acima continua: a definição do modelo de ensino de que


necessitamos para os próximos anos deve estar assentada sobre três
eixos básicos: a flexibilidade para atender a diferentes pessoas e
situações e às mudanças permanentes que caracterizam o mundo da
sociedade da informação; a diversidade que garante a atenção às
necessidades de diferentes grupos em diferentes espaços e situações, e
a contextualização que, garantindo uma base comum, diversifique os
trajetos e permite a constituição dos significados, dê sentido à
aprendizagem e ao aprendido.

Para se pensar um ensino que responda a estas necessidades,


que eduque para a autonomia e para uma aprendizagem permanente e
cotidiana, faz-se necessário pensarmos o papel da aquisição dos
saberes socialmente construídos e dos esquemas de mobilização deste
saberes.

É preciso superar o falso dilema de centrar a aprendizagem, e


portanto o currículo, nos conhecimentos e nas competências. A escola
deve oferecer os conhecimentos produzidos que sejam significativos
para a inclusão de cada grupo de alunos em cada etapa de sua
escolarização e de sua vida, os caminhos para ter acesso a esses
conhecimentos e aos que vierem a ser produzidos, e as competências
para mobilizá-los e colocá-los em ação.

A construção do conhecimento pressupõe a construção do seu


próprio saber, a construção de competências e a aquisição dos saberes
já construídos pela humanidade. Os três processos são operações
distintas; o primeiro tem por base as experiências vividas, o segundo, a
mobilização destes conhecimentos, e o terceiro, a apropriação
mediatizada pela transmissão.

A escola, via de regra, integra-se neste processo como mediadora


na transmissão dos conhecimentos já produzidos, cumprindo apenas
apenas a terceira daquelas funções. Se não se recupera o processo de

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pelo outro, o terceiro processo tende a ocupar, exclusivamente
espaços mentais pouco integradores, uma vez que não promove a
integração destes conhecimentos à rede de significados já
construídos, ampliando-
a. A garantia desta integração se fará pela mobilização de
competências já construídas, por sua ampliação e pela construção de
novas competências.

Portanto, deve-se pensar uma escola menos voltada para o


interior do próprio ensino, diferente daquela em que cada objeto de
ensino esteja referido apenas ao momento seguinte da escolarização.
Deve-se pensar em uma escola integradora, cuja referência esteja
fora de seus muros, em que a produção interna integre-se à produção
da prática social e ao desenvolvimento pessoal, que reconhece a
multiplicidade de agentes e fontes de informação e apropria-se deles
integrando-os ao seu fazer, que tenha como centro da sua produção
a construção das condições de busca, identificação, seleção,
articulação e produção de conhecimentos para agir no e sobre o
mundo; que integre os tempos, apropriando-se do passado para
articular o futuro no presente.

A construção destes esquemas de mobilização dos


conhecimentos, das emoções e do fazer, é a construção de
competências.

Construir um projeto pedagógico que assuma um currículo por


competências, pressupõe a centralidade do aluno, e portanto, da
aprendizagem. Isto implica em uma mudança do papel da escola e,
consequentemente, do professor, cujo objetivo é fazer aprender e não
ensinar; mas também, de um novo ofício do aluno, que precisa ser o
agente inegociável da aprendizagem.

Neste sentido, a escola atual, deve propor não apenas a


ministrar o ensino técnico, ou melhor, tecnológico, mas, sobretudo
gerar conhecimentos científicos e tecnológicos, tendo em vista o
desenvolvimento de competências e habilidades técnico-profissionais
que ensejem ao indivíduo a compreensão do processo produtivo e do
meio em que ele vive. O entendimento da forma como funcionam as
forças produtivas no contexto social é indispensável para uma ação
de interferência na sociedade, com vistas a transformá-la em função
dos interesses coletivos.

A construção de um Projeto Político Pedagógico (P.P.P.) O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO -


necessita ser em conjunto, entre professores, alunos, pais, PAPEL E FUNÇÃO DA ESCOLA:
funcionários e direção, com base na realidade escolar e da
comunidade que a cerca. Essa produção deve ser fruto de um
CONCEPÇÕES E DIFERENTES
trabalho coletivo, que vivendo num contexto em transformação, FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO E
decide unir forças no sentido de organizar o Projeto da escola, a DO TEMPO NOS CURRÍCULOS ESCOLARES.
qual os sujeitos estão envolvidos. Essa

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diversidade de valores é diagnosticada nas práticas desenvolvidas no políticas, mas uma reelaboração e redefinição das próprias formas de
interior da escola, permitindo assim a reflexão deste movimento representação e significação social” (SILVA, 1990, p. 56).
cotidiano, o resgate destas experiências e a identificação da identidade Neste sentido, a reflexão que se coloca em termos de educação
de uma proposta pedagógica, administrativa e financeira para a escola. escolar é a seguinte: Como a escola tem se posicionado, reagido frente
É a partir do diálogo coletivo de interrogação da prática e do às mudanças ocorridas na sociedade? Quais as iniciativas pensadas e
diagnóstico destas experiências significativas no cotidiano escolar, que executadas em busca da construção de um novo cidadão? Qual está
se consegue iluminar as relações pedagógicas estabelecidas neste sendo a intervenção educativa no sentido de repensar este novo homem,
ambiente. A necessidade de construir uma direção, um eixo norteador na com novos saberes, novas habilidades, novas aptidões cognitivas?
escola. A educação neste meio passa a ser questionada: Qual é a
A escola é muito mais do que um mero processo de ensino. “A verdadeira ou específica função da escola hoje? Formar a quem? Para
escola é o espaço privilegiado de totalidade do desenvolvimento quem? E para quê?
humano, ela é espaço de socialização, de cultura de saídas pedagógicas, Dentro desta perspectiva, em meio a conflitos pedagógicos,
de rituais e celebração”. (GADOTTI, 1993, p. 43). resgatando uma filosofia de trabalho na escola, resignificando-a
O diálogo sobre a prática desenvolvida permitiu uma reflexão no mediante a leitura crítica do atual contexto, surge a necessidade de
sentido de questionar o seguinte: O atual currículo das Escolas atende, sistematizar o P.P.P. por meio de um trabalho coletivo, tornando-se
consegue dar conta do pleno desenvolvimento humano? E a partir deste assim, o desafio de toda comunidade escolar.Organizando a
pensamento que se destaca aqui, um movimento coletivo de ação – construção do P.P.P. por encontros pedagógicos: refletindo as
reflexão sobre os currículos escolares, entendidos como um movimento práticas do cotidiano escolar
que tem faces diversas, encontra-se vivo e é expresso cotidianamente Este movimento de mobilização na escola, buscando uma
na prática, nas relações dos sujeitos neste espaço. Neste processo de organização coletiva, no sentido de fazer uma leitura crítica sobre a
construção coletiva, “o currículo menos como um programa oficial pronto realidade social, o currículo da escola e as mudanças que se fazem
e acabado, e mais como criação, dinâmica, movimento, conflito, necessárias na organização da escola como um todo, possibilita a
contradição, um território contestado”. (SILVA, 1990, p. 23). conquista e garantia de um espaço, o Encontro Pedagógico. Esse
A escola tem muito a refletir sobre sua organização curricular, a momento que aos poucos pode ser evidenciado como um momento de
começar pela compreensão de que a sua ação passa a ser uma avaliação e reflexão das práticas desenvolvidas no cotidiano escolar,
intervenção singular no processo de formação do homem na sociedade sinalizando a necessidade de um repensar sobre a realidade.
atual. Os encontros pedagógicos na escola podem retratar a diversidade
Vivemos um novo período na história da humanidade. O mundo e a complexidade da escola, tornando-se uns dos momentos
mudou. As pessoas mudaram. A simples constatação da velocidade com necessários, permitindo aos professores, alunos, pais, funcionários e
que ocorrem transformações em nossa vida cotidiana, já nos mostra que direção, uma reflexão sobre a necessidade de uma organização maior
estamos diante de uma nova sociedade, uma outra realidade que nos no que diz respeito à busca de alternativas frente às dificuldades
envolve e nos desafia. encontradas na educação no mundo de hoje, em busca da formação da
cidadania, do sujeito crítico e atuante na sociedade.
A forma linear e progressiva com que compreendíamos a vida e
tudo que acontecia, já não parece ser o que prevalece em nosso meio. O encontro pedagógico pode possibilitar aos poucos umas
Estamos vivendo uma nova era, onde o conhecimento que tínhamos interações maiores deste coletivo, que em sua interação vai construindo
como entendimento de se estar no mundo (algo pronto e acabado), não suas alternativas. Este espaço de conquista no cotidiano escolar
é mais aceito e absorvido pela maioria da humanidade. Isto significa que proporciona a concretização de uma relação dialógica no grupo de
a sociedade está a exigir uma prática pedagógica que garanta a trabalho, levando a uma troca significativa de experiências, bem como,
construção da cidadania, possibilitando a criatividade e criticidade. um movimento em direção a reflexão de nossas práticas. “O diálogo é
em si, criativo e recreativo. O diálogo sela o ato de aprender, que nunca
Estas reais exigências cognitivas e atitudinais requeridas nos é individual, embora tenha uma dimensão individual”. (FREIRE, 1996, p.
levam a interrogar o que tem a educação a refletir sobre as relações 13).
sobre estas transformações em curso e a formação do homem.
Nestes momentos de reflexão em conjunto, busca-se evidenciar a
A educação e a escola, por sua importância política, merecem um percepção de todos os envolvidos na escola, como sujeitos de suas
papel de destaque e uma proposta de reforma. Neste esforço de práticas, identificar-se na coletividade da escola um grupo que não está
reorganização da vida social e política, velhas instituições e antigos ali apenas para executar ações, mas, que todos eram responsáveis pelas
conceitos são redefinidos de acordo com essa lógica e com interesses e práticas desenvolvidas e que a reflexão, o pensar sobre suas ações
novos conceitos são introduzidos. Portanto, “o que está em jogo não é faziam parte da organização pedagógica.O P.P.P. significa este
apenas uma reestruturação das esferas econômicas, sociais e movimento de rupturas, de opção, o pensar reflexivo sobre a práxis. Em

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vez de controles, o encontro significativo dos sujeitos, pais, professores, Esses momentos reflexivos devem considerar uma autocrítica de
alunos, por meio de relações que se estabeleçam no respeito todo esse envolvimento, sua construção enquanto projeto, confronto de
democrático entre estes sujeitos, onde todos possam ser ouvidos, interesses pela escola e o encontro de solucionar as necessidades
percebidos.O Projeto Político – Pedagógico se torna realidade: presentes.
contribuições de Ilma Veiga na construção coletiva Ao se conhecer a realidade escolar, nos acionamos em destacar
Em seus escritos, VEIGA (1996), traz reflexões acerca da uma avaliação dentro de uma visão crítica, percebendo os resultados de
construção do projeto político - pedagógico nas escolas. Destaca-se a toda a ordem do trabalho pedagógico, pois, ao se ter conhecimento dos
construção de um projeto em busca da real qualidade de ensino, em problemas que existem em todo o ambiente escolar, compreender e
acordo com as especificidades presentes em cada comunidade escolar. coletivamente diagnosticar tais situações enquanto aluno, educador,
sociedade, busca-se o desenvolvimento das capacidades dos alunos, ser
Para isso, precisamos envolver todos os que contribuem com o consciente das mudanças necessárias a comunidade escolar e do ser
ambiente da escola: pais, alunos, educadores, funcionários, direção e cidadão.
comunidade social, os quais, num processo de coletividade, encontrem
os fundamentos e as necessidades que nortearão o P.P.P. Temos a O P.P.P implica de maneira significativa na organização do
escola como um ambiente de construção de conceitos, transmissão dos trabalho pedagógico e sua reflexão acerca do cotidiano da escola por ser
conhecimentos historicamente acumulados e de formação da cidadania um processo de construção coletiva, permitindo assim, que se amplie o
de maneira crítica e atuante na sociedade. encontro entre todos os envolvidos com a escola e as mudanças que
urgentemente são necessárias em todo o meio que cerca a escola por
Além desse aspecto, a escola é também uma instituição contextualizar a ação envolvente.
burocrática, a qual, possui profissionais de cunho administrativo,
prestam contas de seus investimentos e manutenção do prédio escolar. O P.P.P não deve cumprir uma burocracia e nem ficar registrado
num monte de papel escrito estacado numa gaveta, é um instrumento
Todo esse conjunto que forma a escola busca, através do projeto essencial na construção da sociedade.
político -pedagógico, além de qualidade e organização do trabalho
pedagógico, uma autonomia que a fortaleça enquanto o sistema de Pensar a educação no terceiro milênio é uma tarefa de
ensino pela comunidade que a cerca e pela assistência que lhe atende compromisso por aqueles que se dizem educadores. Ou assumimos um
as instancias superiores. comportamento revolucionário no sentido de trabalharmos a pluralidade
cultural no mundo contemporâneo, reconhecendo que o universo cultural
A construção coletiva do P.P.P. é algo evidente neste não é somente o capital, mas sim, a formação de um cidadão que se
processo:”(...) busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, integre a sociedade de forma solidária, crítica, no sentido de
com um sentido explicito, com um compromisso definido coletivamente. transformação, ou trabalhamos no sentido de mantermos a reprodução
(...) o projeto político – pedagógico como um processo permanente de das injustiças e desigualdades sociais em nosso país.
reflexão e discussão dos problemas da escola, na busca de alternativas
viáveis à efetivação de sua intencionalidade, que não é descritiva ou Por meio do Projeto Político_Pedagógico da Escola
constatativa, mas é constitutiva.” (VEIGA, 1996, p. 23). buscamos:

Conscientizar-se de que a escola é um local de desenvolvimento • Democratização do processo de planejamento.


crítico e real, onde se almeja acontecerem esses ideais fora do papel, • Melhoria da qualidade do ensino.
abrangê-lo nas ações da escola como um todo, juntamente com suas
• Implantação de cursos de educação continuada ou incenti-
finalidades de: cultura, política, sociedade humana, profissional e de
vo para que professor e técnicos administrativos busquem
formação. Todo esse conjunto que compõe este ambiente faz-se
esses cursos na Universidade.
identificar e detalhar seus objetivos a um significado, atingindo de forma
eficiente suas determinações enquanto instituição de ensino. • Incentivo às atividades de cultura.

Permeiam assim todas as questões que circundam os ambientes • Desenvolvimento da avaliação institucional da escola.
escolares, presentes no P.P.P, desde sua estrutura, planejamento,
• Ampliação e conservação do acervo e serviços bibliográfi-
interação e currículo, efetivando uma ação ideológica presente no
cos prestados à comunidade interna e externa da escola e a
contexto social existente, comprometendo-se com o desenvolvimento do
integração desse acervo, sempre que possível, ao acervo da
indivíduo e sua autonomia, preocupando-se também, com um calendário
multimídia.
escolar bem estruturado para organizar toda essa construção.
• Qualificação e desenvolvimento funcional do pessoal técni-
Necessita determinar, em questões temporais, reflexões entre
co-administrativo e técnico-pedagógico.
grupo escolar, formação e oportunizar aos alunos outros espaços, para
fazer a escola acontecer dentro de seus interesses pressupostos em seu • Agilização da prática administrativo-pedagógica com quali-
trabalho de ensino. dade.

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• Provimento de condições facilitadoras para o efetivo cum- externa. Desta forma, busca-se uma construção coletiva e não um
primento dos fins da Escola. modelo pronto e acabado.

O Projeto Político-Pedagógico, como vimos, organiza o trabalho Para que isto ocorra, poderá haver necessidade de mudança na
pedagógico da escola como um todo na busca de melhoria da qualidade própria lógica da organização das instâncias superiores (Secretarias de
do ensino. A base para essa organização da escola são seus alunos, a Educação), implicando uma mudança substancial nas suas práticas.
partir dos quais desenvolvemos a concepção, a realização e a avaliação É essencial que sejam propiciadas condições aos alunos,
do projeto educativo. professores e funcionários que lhes permitam aprender a pensar e a
É importante ressaltar que na construção do Projeto estará realizar o fazer pedagógico da forma mais efetiva e crítica.
sempre presente uma relação recíproca entre a dimensão política e a O Projeto Político-Pedagógico visa à qualidade em todo o
dimensão pedagógica da escola. processo vivido pela escola. Não é um rearranjo formal da instituição
Quanto à implantação, dentro de um processo democrático de escolar.
decisões, o Projeto considera os seguintes aspectos: • A organização do trabalho pedagógico da escola tem a ver
1) a análise dos conflitos (abrindo espaço para gerenciá-los, com a organização da sociedade. Nesta perspectiva, a es-
pois são momentos abertos à criatividade); cola é vista como uma instituição social, inserida na socie-
dade refletindo as determinações e contradições dessa so-
2) a eliminação das relações corporativas e autoritárias; ciedade.
3) o rompimento da burocracia excessiva que permeia as re- Sabemos que há uma desigualdade no ponto de partida da
lações na escola, tanto as de ordem técnico-administrativa carreira estudantil. As condições sociais são um mecanismo de
como as de ordem técnico-pedagógica; e classificação entre os que chegaram às portas da escola.
4) a diminuição dos efeitos fragmentários da divisão do traba- A seleção reflete um sistema social perverso, no qual existem
lho que reforça as diferenças e hierarquiza os poderes de mecanismos de exclusão. A escola deve ser uma agência de mediação
decisão. social que, com qualidade, facilite a igualdade de acesso de todos a ela.
O Projeto Político-Pedagógico organiza o trabalho pedagógico em
dois níveis: o da escola como um todo, sem perder de vista sua relação
com o contexto social imediato; e em particular, em nível da sala de aula, O PROJETO PEDAGÓGICO NA ESCOLA PÚBLICA
incluindo as ações do professor na dinâmica da sala de aula. A questão da autonomia escolar e de seu desdobramento num
A construção do Projeto Político-Pedagógico passa pela projeto pedagógico é, como problema, típico da escola pública que, a não
autonomia da escola, e de sua capacidade de delinear sua própria ser em raríssimas exceções, integra uma rede de escolas e, por isso,
identidade. Na sua construção, está sempre sujeita a interferências de órgãos externos responsáveis
pela organização, administração e controle da rede escolar. Essa
deve ficar claro que a escola é um espaço público, lugar de situação não é, em si mesma, negativa, mas frequentemente acaba
debate, de diálogo, fundado na reflexão coletiva. sendo, porque órgãos centrais, com maior ou menor amplitude, tendem
A construção do Projeto Político-Pedagógico necessita de um a desconhecer a peculiaridade de distintas situações escolares e
referencial que fundamente a sua construção: decidem e orientam como se todas as unidades fossem idênticas ou
muito semelhantes. A consequência mais óbvia e indesejável de
• Os alicerces estão nos pressupostos de uma teoria peda-
tentativas de homogeneização daquilo que é substantivamente
gógica crítica viável, que parta da prática social e esteja
heterogêneo é o fato de que as escolas ficam ou sentem-se desoneradas
compromissada em solucionar seus problemas institucio-
da responsabilidade pelo êxito de seu próprio trabalho, já que ele é
nais.
continuamente objeto de interferências externas, pois ainda que essas
Há a necessidade, também, do domínio dos aspectos interferências sejam bem intencionadas não levam em conta que a
metodológicos indispensáveis à concretização das concepções instituição “escola pública” é uma diversidade e não uma unidade.
assumidas coletivamente:
É aí que reside um grave problema da escola pública e é para
As novas formas têm que ser pensadas em um contexto de resolvê-lo que se reivindica a autonomia do estabelecimento na
tensão, de correlações de forças - às vezes favoráveis, às vezes elaboração e execução do projeto escolar próprio. Hoje, a própria lei
desfavoráveis. Terão que nascer do próprio “chão da escola”. Compete, reconhece o problema e indica a solução genérica, mas na sua
assim, à administração da escola viabilizar inovações pedagógicas implementação o problema pode reviver e até se agravar pelo risco de
planejadas, através de ação de cada membro da escola, pertencentes que órgãos da administração entendam que convém estabelecer
aos segmentos dos alunos, professores, funcionários e comunidade

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normas, prazos e especificações para que as escolas cumpram uma pressupõe-se que as entidades “escola pública de 30 anos atrás” e
nova exigência legal: a do projeto pedagógico. Se isso acontecer — e o “escola pública de hoje” sejam a mesma instituição, que antes cumpria
risco sempre existe —, aquilo que poderia ser um caminho para a bem as suas funções e agora não.
melhoria do ensino público transforma-se em mais uma inútil exigência Foucault aconselhava a desconfiar das continuidades históricas.
burocrática de papelada a ser preenchida. Seguindo esse conselho, poderíamos perguntar: de que critérios
O projeto pedagógico da escola é apenas uma oportunidade para dispomos para afirmar a identidade institucional entre a escola de ontem
que algumas coisas aconteçam e dentre elas o seguinte: tomada de e a escola de hoje?
consciência dos principais problemas da escola, das possibilidades de Nenhum, a não ser que inconscientemente comparemos uma
solução e definição das responsabilidades coletivas e pessoais para instituição social com um organismo que, com o tempo, envelhece ou
eliminar ou atenuar as falhas detectadas. Nada mais, porém isso é muito degenera. De um vegetal ou de um animal, podemos dizer que com o
e muito difícil. tempo eles envelhecem ou degeneram e que esse processo pode ser
Não obstante a insistente e cansativa retórica sobre a necessidade acelerado ou retardado por condições internas ou externas. Mas
do trabalho participativo e a imposição de órgãos escolares que reúnem instituições sociais não são organismos e é muito discutível considerá-
professores, pais e alunos, não há geralmente, a tradição de um esforço las, metaforicamente, como tais. Sem nenhuma dúvida, a instituição
coletivo para discutir, analisar e buscar soluções no âmbito das escolas. escolar de ontem é diferente da instituição escolar de hoje, mudou a
Cada vez há mais reuniões e cada vez mais elas são menos produtivas. clientela, mudaram os professores, mudaram práticas escolares etc.
Sem querer simplificar o problema, temos a convicção que uma das Mudaram também valores, condições sociais, políticas, econômicas etc.
variáveis mais relevantes para compreender as razões das dificuldades Quando ignoramos esse quadro amplo de mudanças e afirmamos que a
de um trabalho escolar coletivo, na nossa tradição, está na própria escola se deteriorou e que a causa foi a expansão de matrículas,
formação do professor, especialmente, tal como é feita nos cursos de estamos apenas fazendo um lance retórico que não avança nem um
licenciatura, desde a sua criação. pouco na compreensão das mudanças ocorridas.

Esses cursos foram organizados com base em uma concepção do Na escola de ontem, o professor e seus poucos alunos tinham a
trabalho docente, como se este consistisse simplesmente em ensinar mesma extração social e partilhavam valores e maneiras de viver. Cabia
alguma coisa para alguém. Para realizar com êxito essa tarefa, o futuro aí, talvez, entender, até certo ponto, a função docente à semelhança de
professor — um meio especialista em alguma disciplina — aprende uma preceptoria. Aliás, numa perspectiva histórica, pode-se dizer que o
algumas noções de didática geral e especial, de psicologia da preceptorado foi a atividade fundadora da docência escolar tal como ela
aprendizagem e de legislação. A parte prática da formação é, se consolidou. Na antiga Grécia, os sofistas foram na verdade os
supostamente, completada por estágios supervisionados por um primeiros professores, no sentido em que até hoje entendemos a
professor da disciplina em questão. No fundo, essa formação pressupõe profissão. Eles não eram investigadores da verdade, mas “homens de
que o professor será um preceptor que deverá ensinar algo a alguém ofício, cujo êxito comercial comprovava o valor intrínseco e a eficácia
numa relação individualizada. Não se trata de fazer uma caricatura, mas social” de seu ensino. Mediante um pagamento, por vezes elevado, eles
de propor uma hipótese, a de que nossos cursos de licenciatura ainda ensinavam grupos de jovens numa relação de “preceptorado coletivo”,
não conseguiram focalizar a relação educativa no ambiente em que ela conforme a expressão de Marrou.
realmente ocorre, isto é, na sala de aula que, por sua vez, integra-se Essa relação pedagógica preceptoral, desde sua origem, foi uma
numa escola. O chamado “processo ensino- aprendizagem”, por relação educativa de elite, refluindo a cada expansão da escola onde a
exemplo, é uma abstração. O professor individual que ensina e o aluno relação era outra. Ao longo dos séculos, cada vez mais, a presença do
individual que aprende são ficções. Seres tão imaginários como aqueles preceptor foi sendo distintiva de casas reais, nobreza, grande burguesia
a que se referem expressões como “homo oeconomicus” ou “aluno e outros afortunados. No fim do século passado, H. Durand dizia que o
médio” ou “sujeito epistêmico” e outras semelhantes. preceptadorado é “um assunto mais vasto do que parece, ele diz respeito
Não se trata de pôr em dúvida a necessidade teórica e prática de inteiramente ao problema da escolha entre a educação particular e a
expressões estatísticas ou abstratas, mas da utilidade que elas possam educação pública”, isto é, entre educação de elite e educação popular.
ter para orientar práticas de ensino muito pouco conhecidas que ocorrem Hoje, a própria instituição da preceptoria desapareceu como
em situações escolares muito diferentes. Por exemplo, é muito frequente instituição educativa, mas não sem deixar vestígios na pedagogia, nas
ouvir-se que houve uma deterioração da escola pública a partir de sua teorias da aprendizagem e na própria concepção do professor. De
maciça expansão nos últimos 30 anos. Essa alegação, aparentemente qualquer modo, seria ocioso comparar, em termos de eficiência, práticas
banal e simples, tem, contudo, uma pressuposição altamente discutível preceptoriais com práticas escolares. Tratam-se de elementos próprios
e provavelmente falsa. Trata-se da ideia de que havia uma instituição de relações pedagógicas que tiveram origem em situações sociais
social chamada “escola pública” que cumpria a contento certas funções distintas nas quais prevaleciam concepções de educação diferentes. No
sociais e que, agora, essa mesma instituição está malogrando com entanto, até hoje a concepção do professor,
relação a essas mesmas funções. Em resumo:

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principalmente do licenciado, é tributária dos ideais educativos suprir precariamente um inexistente conhecimento
associados à figura e ao papel do preceptor.

Por isso, talvez, é que continuamos a insistir numa formação


docente preceptorial na qual, além do domínio da disciplina a ensinar,
prevalece uma visão psicológica do educando. Mesmo os elementos
didáticos que se associam a essa formação são condicionados por essa
visão. Contudo, sabemos que nisso reside, talvez, uma dificuldade séria,
para que esse professor, supostamente preparado para um trabalho de
ensino individualizado, compreenda que a tarefa educativa da escola tem
desafio que ultrapassa os limites do ensino e aprendizagem de
disciplinas.

Voltando ao ponto de partida: a escola pública é uma instituição


social muito específica com uma tarefa de ensino eminentemente social
que, por isso mesmo, exigiria um esforço coletivo para enfrentar com
êxito as suas dificuldades porque essas dificuldades são antes
institucionais que de cada professor. Mas, de fato, o que se tem é um
conjunto de professores preparados, bem ou mal, para um desempenho
individualizado e que, por isso, resistem à ideia de que os próprios
objetivos escolares são socioculturais e que até mesmo o êxito no ensino
de uma disciplina isolada deve ser aferido em termos da função social da
escola.

Esse impasse foi claramente sintetizado por Gusdorf quando disse


que o professor de latim precisa compreender que antes de ser professor
de latim ele precisa ser professor, isto é, ele é membro de uma
comunidade escolar com objetivos e um alcance social que vão além do
ensino de qualquer disciplina.

Tentamos mostrar que, em geral, a formação do licenciado se faz


a partir da ideia de que o bom professor é aquele capaz de ensinar bem
a disciplina de sua escolha.

Como vimos, isso não basta. Não é raro encontrar-se um bom


corpo docente numa escola ruim. Contudo, para melhorar as escolas
consideradas ruins a Administração Pública, em todos os níveis, tem
investido substancialmente no aperfeiçoamento do pessoal docente.

a) É claro que essas iniciativas são interessantes porque


traduzem uma preocupação com o aperfeiçoamento do magistério e com
a melhoria da qualidade do ensino. Contudo, há pontos que merecem
alguns reparos. Tentaremos fazer esses reparos pela proposição de
algumas perguntas. Será que o aperfeiçoamento do pessoal docente, em
exercício, deve ser feito pela frequência a cursos? Na verdade, a
resposta a essa questão exige uma qualificação prévia. Se os objetivos
desses cursos forem a modificação da própria prática docente, a
resposta mais adequada será, provavelmente, não. Por algumas razões.
A eventual melhoria das práticas docentes exigiria um adequado
conhecimento dessas próprias práticas e das condições em que elas
ocorrem. Porém, esse conhecimento raramente é disponível para os
especialistas que ministram os cursos, simplesmente, porque o assunto
não tem sido objeto de pesquisas sistemáticas e continuadas. Como
melhorar práticas que são desconhecidas? É claro que, em alguns casos,
o longo tirocínio do especialista, que ministra o curso, poderá permitir

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sistemático. Mas, uma política de aperfeiçoamento de pessoal não
pode depender de tais eventualidades.

b) Outra pergunta, outro reparo. O que há em comum entre os


professores de uma mesma disciplina, mas de diferentes escolas, que
são reunidos em dezenas ou centenas para serem aperfeiçoados? O
simples fato de que lecionam a mesma disciplina não significa que
tenham as mesmas dificuldades e que enfrentem os mesmos
problemas. Na verdade, os esforços de aperfeiçoamento do magistério
usualmente repetem e eventualmente agravam os equívocos já
presentes na formação acadêmica, ignorando que a entidade a ser
visada é a escola e não o professor isolado. Voltemos brevemente a
esse ponto. O professor que ensina numa escola é um profissional sui-
generis.

Diferentemente de outras situações profissionais, o exercício da


profissão de ensinar só é possível no quadro institucional da escola. O
fato eventual de que se ensine particularmente fora da escola não é
relevante para caracterizar o professor. Qualquer especialista numa
disciplina poderia fazer isso. No caso do médico ou do advogado, por
exemplo, a situação é diferente. Esses profissionais podem exercer a
sua profissão tanto particularmente como num quadro institucional, e
essas diferentes perspectivas profissionais são levadas em conta na
respectiva informação.

É possível que um professor isolado se aperfeiçoe no


conhecimento de sua disciplina, mas não enquanto professor de uma
dada escola. Neste último caso, o aperfeiçoamento do professor
precisa ocorrer no quadro institucional em que ele trabalha, já que as
dificuldades de seu trabalho de ensino, eventualmente, serão
metodológicas ou didáticas. Não fosse assim, não se compreenderia
que o bom professor em uma escola seja mau numa outra ou vice-
versa. No entanto, isso é frequente.

Enfim, a melhoria do ensino é sempre uma questão institucional


e uma instituição social, como é a escola, é mais do que a simples
reunião de professores, diretor e outros profissionais. A escola, ou
melhor, o mundo escolar é uma entidade coletiva situada num certo
contexto, com práticas, convicções, saberes que se entrelaçam numa
história própria em permanente mudança. Esse mundo é um conjunto
de vínculos sociais, fruto da adesão ou da rejeição de uma
multiplicidade de valores pessoais e sociais.

A ideia de um projeto pedagógico, visando à melhoria desse


mundo com relação às suas práticas específicas, será uma ficção
burocrática se não for fruto da consciência e do esforço da coletividade
escolar. Por isso, é ela, a escola, que precisa ser assistida e orientada
sistematicamente e seus membros temporários, que são os
professores, não devem ser aperfeiçoados abstratamente para o
ensino de sua disciplina, mas para a tarefa coletiva do projeto escolar.

AS PARTES INTEGRANTES DO PROJETO PEDAGÓGICO

• as competências e habilidades que os alunos precisam


de- senvolver
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• os conceitos integradores e os conteúdos significativos comunidades, certamente permite trabalhar com outras formas de
apreensão e mobilizar diferentes linguagens.
• os contextos significativos
Os projetos juvenis devem ser parte integrante da proposta
• as informações e conhecimentos anteriores que possuem pedagógica da escola, via currículo. Considero a participação na
tanto alunos quanto professores discussão do que se vai aprender como a primeira oportunidade de o
• os materiais e os procedimentos utilizados jovem se tornar protagonista da sua educação. Quando o jovem tem
oportunidade de discutir o que está sendo pensado pela escola, de se
• a organização do espaço e as relações na sala de aula
apropriar dessa proposta, de discuti-la, ganha condição para assumir e
• as relações interpessoais avaliar o próprio desenvolvimento.

• a organização do tempo É importante estabelecer critérios de avaliação que permitam


acompanhar o desenvolvimento do Plano de Gestão Escolar e do Projeto
• os projetos desenvolvidos pelos jovens
Pedagógico. Trata-se de prever momentos de avaliação coletiva, de
Para entender o que significa organizar um currículo por modo a permitir as modificações necessárias para que se atinjam os
competências, é necessário enfatizar que as competências se objetivos desejáveis.
desenvolvem integradamente aos conhecimentos.

Com efeito, competências “são ações e operações mentais de


O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E
caráter cognitivo, socioafetivo e psicomotor que permitem ao sujeito
A AUTONOMIA DA ESCOLA
desenvolver as habilidades de saber fazer”. (Berger. mimeo). Ou,
conforme Perrenoud, competência é a capacidade de agir eficazmente, A sociedade contemporânea tem passado por expressivas
com base nos conhecimentos adquiridos, mas sem limitar-se a eles. transformações de caráter social, político e econômico. Essas
transformações originam-se nos pressupostos neoliberais e na
Estamos falando de aprendizagens significativas, aquelas que
globalização da economia que têm norteado as políticas
encontram eco no sujeito, que se incorporam ao que o aluno já conhece,
governamentais.
criando um novo quadro de referências. (Lino de Macedo). Ocorrem
aprendizagens significativas quando se é capaz de mobilizar os Nesse contexto, surgem alguns questionamentos junto aos
conhecimentos para a compreensão e para a ação. educadores e demais agentes escolares: Qual o papel social da escola?
Qual a melhor forma de organização do trabalho pedagógico?
O eixo central da reforma que se pretende é a aprendizagem, a
ação do aluno, a interação entre sujeito e objeto e não, como se entendia, O Papel Social da Escola
o acúmulo de informações, o apelo à memorização, a busca da resposta
A escola é responsável pela promoção do desenvolvimento do
única.
cidadão, no sentido pleno da palavra. Então, cabe a ela definir-se pelo
A aprendizagem está intrinsecamente relacionada à condição tipo de cidadão que deseja formar, de acordo com a sua visão de
ativa do sujeito, à predisposição para aprender. “Não existe uma sociedade. Cabe-lhe também a incumbência de definir as mudanças que
hierarquia de disciplinas, áreas ou conhecimento, pois todos concorrem julga necessário fazer nessa sociedade, através das mãos do cidadão
com a mesma força para a compreensão da realidade” (Lino de Macedo). que irá formar.

Na definição do Projeto Pedagógico da escola, é, ainda, Definida a sua postura, a escola vai trabalhar no sentido de formar
indispensável selecionar as metodologias mais adequadas ao grupo com cidadãos conscientes, capazes de compreender e criticar a realidade,
que se trabalha e ao desenvolvimento das competências e atuando na busca da superação das desigualdades e do respeito ao ser
conhecimentos. humano.

A distribuição do tempo e a utilização de espaços educativos, na Quando a escola assume a responsabilidade de atuar na
escola e fora da escola, ganham centralidade na nova proposta. É transformação e na busca do desenvolvimento social, seus agentes
possível que o desenvolvimento de atividades ou projetos exijam uma devem empenhar-se na elaboração de uma proposta para a realização
realocação dos tempos, de modo a não prejudicar a sequência do que desse objetivo. Essa proposta ganha força na construção de um projeto
foi planejado e a permitir a participação de vários professores. político-pedagógico.
Circunscrever as experiências de aprendizagem ao espaço escolar, é
Um projeto político - pedagógico ultrapassa a mera elaboração de
desconsiderar as inúmeras oportunidades que se colocam, desde o
planos, que só se prestam a cumprir exigências burocráticas:
espaço mais próximo à escola a outros que possibilitam a apreensão do
conhecimento de pontos de vista diversos. “O projeto político-pedagógico busca um rumo, uma direção. É
uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso
A visita aos espaços que contam a história da cidade, conhecer
definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é,
museus, bibliotecas públicas, parques, entrar em contato com outras
também, um projeto político por estar intimamente articulado ao

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compromisso sócio - político e com os interesses reais e coletivos da A autonomia implica também responsabilidade e também
população majoritária. comprometimento com as instituições que representam a comunidade
(conselhos de escola, associações de pais e mestres, grêmios
(...) Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação estudantis, entre outras), para que haja participação e compromisso de
da intencionalidade da escola, que é a formação do cidadão participativo, todos.
responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido
de se definir as ações educativas e as características necessárias às Concluindo as reflexões, acreditamos que é este o papel social da
escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade.” (Veiga, escola, atuando frente às profundas desigualdades sócio- econômicas,
1995) que excluem da escola uma parcela da população, marginalizada pelas
concepções e práticas de caráter conservador, inspiradas no
O projeto político-pedagógico é o fruto da interação entre os neoliberalismo.
objetivos e prioridades estabelecidas pela coletividade, que estabelece,
através da reflexão, as ações necessárias à construção de uma nova Devemos nos mobilizar pela garantia do acesso e da permanência
realidade. É, antes de tudo, um trabalho que exige comprometimento de do aluno na escola. Não basta esperar por soluções que venham
todos os envolvidos no processo educativo: professores, equipe técnica, verticalmente dos sistemas educacionais. Urge criar propostas que
alunos, seus pais e a comunidade como um todo. resultem de fato na construção de uma escola democrática e com
qualidade social, fazendo com que os órgãos dirigentes do sistema
Essa prática de construção de um projeto, deve estar amparada educacional, possam reconhecê-la como prioritária e criem dispositivos
por concepções teóricas sólidas e supõe o aperfeiçoamento e a formação legais que sejam coerentes e justos, disponibilizando os recursos
de seus agentes. Só assim serão rompidas as resistências em relação necessários à realização dos projetos em cada escola.
a novas práticas educativas. Os agentes educativos devem sentir-se
atraídos por essa proposta, pois só assim terão uma postura Do contrário, a escola não estará efetivamente cumprindo o seu
comprometida e responsável. Trata-se, portanto, da conquista coletiva papel, socializando o conhecimento e investindo na qualidade do ensino.
de um espaço para o exercício da autonomia. A escola tem um papel bem mais amplo do que passar conteúdos.
Porém, deve modificar a sua própria prática, muitas vezes fragmentada
Chegamos ao ponto crucial dessa discussão: O que realmente e individualista, reflexo da divisão social em que está inserida.
significa autonomia na escola e para a escola?

Para que a escola seja realmente um espaço democrático e não


se limite a reproduzir a realidade sócio-econômica em que está inserida, INOVAÇÕES E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
cumprindo ordens e normas a ela impostas por órgãos centrais da A consolidação da educação básica e superior como componente
educação, deve-se criar um espaço para a participação e reflexão da educação escolar e como direito de todos os cidadãos é um objetivo
coletiva sobre o seu papel junto à comunidade: não somente do governo mas de toda a sociedade brasileira.
“Assim, torna-se importante reforçar a compreensão cada vez Portanto, além de garantir as condições de acesso e permanência
mais ampliada de projeto educativo como instrumento de autonomia e de crianças, jovens e adultos nesses componentes educacionais, é
domínio do trabalho docente pelos profissionais da educação, com vistas preciso construir um projeto político-pedagógico de educação básica e
à alteração de uma prática conservadora vigente no sistema público de superior de qualidade, comprometido com as múltiplas necessidades
ensino. É essa concepção de projeto político-pedagógico como espaço sociais e culturais da população.
conquistado que deve constituir o elemento diferencial para o aparente
Falar em inovação e projeto político-pedagógico tem sentido se
consenso sobre as atuais formas de orientação da prática pedagógica.”
não esquecermos qual é a preocupação fundamental que enfrenta o
( Pinheiro, 1998)
sistema educativo: melhorar a qualidade da educação pública para que
Essa é a necessidade de conquistar a autonomia, para todos aprendam mais e melhor. Essa preocupação se expressa muito
estabelecer uma identidade própria da escola, na superação dos bem na tríplice finalidade da educação em função da pessoa, da
problemas da comunidade a que pertence e conhece bem, mais do que cidadania e do trabalho. Desenvolver o educando, prepará-lo para o
o próprio sistema de ensino. exercício da cidadania e do trabalho significam a construção de um
Essa autonomia, porém, não deve ser confundida com apologia a sujeito que domine conhecimentos, dotado de atitudes necessárias para
um trabalho isolado, marcado por uma liberdade ilimitada, que fazer parte de um sistema político, para participar dos processos de
transforme a escola numa ilha de procedimentos sem fundamentação produção da sobrevivência e para desenvolver-se pessoal e socialmente.
nas considerações legais de todo o sistema de ensino, perdendo, assim, Tenho trabalhado o significado de inovação e projeto com base no
a perspectiva da sociedade como um todo. entendimento possibilitado por Santos, nas obras Um discurso sobre as
Deve-se, portanto, estar atento ao perigo do descaso político, que ciências (1987), Introdução a uma ciência pós-moderna (1989) e Pela
confunde autonomia com descompromisso do poder público, dando mão de Alice (1997). Nas reflexões que desenvolvo neste artigo,
margem a este de eximir-se de suas obrigações.

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tomarei a inovação e o projeto político-pedagógico como ação acordo com os moldes das políticas públicas que se enquadram nessa
regulatória ou técnica e como ação emancipatória ou edificante. lógica.

Introduzir inovação tem o sentido de provocar mudança, no


sistema educacional. De certa forma, a palavra “inovação” vem
A INOVAÇÃO REGULATÓRIA E associada a mudança, reforma, novidade. O “novo” só adquire sentido a
O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO partir do momento em que ele entra em relação com o já existente.
A inovação regulatória ou técnica tem suas bases epistemológicas Se tomarmos os elementos constitutivos desta concepção de
assentadas no caráter regulador e normativo da ciência conservadora, inovação, percebemos, então, que toda inovação se articula em torno da
caracterizada, de um lado, pela observação descomprometida, pela novidade, reforma, racionalidade científica, aplicação técnica do
certeza ordenada e pela quantificação dos fenômenos atrelados a um conhecimento, de fora para dentro, ou seja, instituída. Há ritualização e
processo de mudança fragmentado, limitado e autoritário; e de outro, padronização do processo investigativo. De forma geral, as ideias de
pelo não-desenvolvimento de uma articulação potencializadora de novas eficácia, normas, prescrições, ordem, equilíbrio permeiam o processo
relações entre o ser, o saber e o agir. Este tipo de inovação “(...) é uma inovador.
rearticulação do sistema que se apropria das energias emancipatórias
contidas na inovação, transformando-a numa energia regulatória” (Leite Inovar é, portanto, introduzir algo diferente dentro do sistema, para
et al., 1997, p. 10). produzir uma mudança organizacional descontextualizada. Este
processo deixa de lado os sujeitos como protagonistas do institucional,
A inovação regulatória ou técnica deixa de fora quem inova e, desprezando as relações e as diferenças entre eles, não reconhecendo
portanto, não é afetado por ela. Há uma separação entre fins e meios, as relações de força entre o institucional e o contexto social mais amplo.
em que se escamoteiam os eventuais conflitos e silenciam as definições
alternativas (Santos, 1989) em que se pressupõem definidos os fins e a A inovação regulatória ou técnica é instituída no sistema para
inovação incide sobre os meios. provocar mudança, mesmo que seja temporária e parcial. Essa mudança
não produz um projeto pedagógico novo, produz o mesmo sistema,
Nesta perspectiva, a introdução do novo implica mudança do todo modificado.
pela mudança das partes. A reforma educacional, preconizada pela LDB,
Lei nº 9.394/96, tem-nos dado alguns exemplos de incitações teóricas a A introdução de uma inovação faz-se, assim, na lógica da
uma participação formal, legitimadora de um controle burocrático cada dimensão cognitivo-instrumental da ciência e da técnica. Com essa
vez maior sobre as instituições educativas, os professores, os servidores compreensão de inovação, temos construído projetos, sem muita
técnico-administrativos e alunos. Dessa forma, as políticas públicas consciência das consequências para o sistema educativo.
constrangem e orientam algumas condições de inovação. A inovação é uma simples rearticulação do sistema, visando à
Sabe-se hoje, por exemplo, como afirma Benavente, que “(...) as introdução acrítica do novo no velho. Neste sentido, o projeto
inovações não têm hipóteses de sucesso se os atores não são chamados políticopedagógico, na esteira da inovação regulatória ou técnica, pode
a aceitar essas inovações e não se envolvem na sua própria construção” servir para a perpetuação do instituído. Prevalece uma concepção de
(1992, p. 28). projeto mais preocupado com a dimensão técnica, em detrimento das
dimensões política e sociocultural.
Os processos inovadores continuam a orientar-se por
preocupações de padronização, de uniformidade, de controle A inovação regulatória significa assumir o projeto político-
burocrático, de planejamento centralizado. Se a inovação é instituída, há pedagógico como um conjunto de atividades que vão gerar um produto:
fortes riscos de que seja absorvida pelas lógicas preexistentes, pelos um documento pronto e acabado. Nesse caso, deixa-se de lado o
quadros de referência reguladores. processo de produção coletiva. Perde-se a concepção integral de um
projeto e este se converte em uma relação insumo/processo/produto.
A estratégia do gestor para inovar pode ser de natureza Pode-se inovar para melhorar resultados parciais do ensino, da
empíricoracional ou político-administrativa, onde a lógica e a aprendizagem, da pesquisa, dos laboratórios, da biblioteca, mas o
racionalidade de uma inovação justificariam sua difusão e aceitação no processo não está articulado integralmente com o produto.
sistema (Huberman, 1973; Canário, 1987). Para que isso ocorra, o
agente inovador, em geral os professores e coordenadores de curso, ou A inovação de cunho regulatório ou técnico nega a diversidade de
dirigentes da instituição ou do sistema, lança as ideias e trabalha para interesses e de atores que estão presentes, porque não é uma ação da
sua aceitação e implementação. qual todos participam e na qual compartilham uma mesma concepção de
homem, de sociedade, de educação e de instituição educativa. Trata-se
Isso significa que os resultados da inovação são transformados de um conjunto de ferramentas (diretrizes, formulários, fichas,
em normas e prescrições e, consequentemente, sua aplicação é também parâmetros, critérios etc.) proposto em nível nacional. Como medidas e
técnica. Claro que é esta uma das maneiras de proceder; entretanto, se ferramentas instituídas legalmente, devem ser incorporadas pelas
for a única, fortalecerá mais ainda a racionalidade científica que continua instituições educativas nos projetos
respondendo às questões de nosso tempo, de

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pedagógicos a serem, muitas vezes, financiados, autorizados, e controle burocrático. O Plano de Desenvolvimento
reconhecidos e credenciados.

Olhando de modo mais específico, no que concerne ao projeto


político-pedagógico, o processo inovador orienta-se pela padronização,
pela uniformidade e pelo controle burocrático. O projeto político-
pedagógico visa à eficácia que deve decorrer da aplicação técnica do
conhecimento.

Ele tem o cunho empírico-racional ou político-administrativo.

Neste sentido, o projeto político-pedagógico é visto como um


documento programático que reúne as principais ideias, fundamentos,
orientações curriculares e organizacionais de uma instituição educativa
ou de um curso.

Enveredar pela compreensão do projeto político-pedagógico como


inovação regulatória e técnica implica analisar os principais pressupostos
que embasam sua concepção. Assim, a construção do projeto no âmbito
da inovação regulatória anda a par com “a reconstituição do campo do
poder dentro das escolas, entendido este como espaço de jogo no
interior do qual novos atores lutam pelo poder sobre a nova
especialização de funções e a interpretação reguladora dos instrumentos
de diagnóstico e avaliação” (Gomes, 1996, p. 98). Significa dizer que as
inovações regulatórias, ao criarem indicadores de desempenho das
escolas e instituições de ensino superior, acabam por transformar tais
indicadores em referenciais para o diagnóstico prévio e para a avaliação
de resultados.

Para Veiga (2001, p. 47), “o projeto é concebido como um


instrumento de controle, por estar atrelado a uma multiplicidade de
mecanismos operacionais, de técnicas, de manobras e estratégias que
emanam de vários centros de decisões e de diferentes atores”.

O movimento que busca a inovação na escola e na instituição de


ensino superior, por meio do Programa Fundoescola/MEC e pela
proposta de reforma da educação superior, propiciou o deslocamento da
reflexão, que é política em sua gênese e em sua essência, para uma
discussão técnica e estéril em sua origem e dotada de
pseudoneutralidade em sua essência. A qualidade, que é uma questão
de decisão política, passou a ser considerada uma opção sem
problemas.

Essa alternativa de gestão do tipo empresarial, centrada no


serviço ao cliente, em que se funda a concepção tanto do Plano de
Desenvolvimento da Escola (PDE) quanto do Plano de Desenvolvimento
Institucional (PDI), orienta-se para o controle e a estabilidade por meio
dos planos de ação de curto prazo.

O projeto político-pedagógico, na esteira da inovação regulatória


ou técnica, está voltado para a burocratização da instituição educativa,
transformando-a em mera cumpridora de normas técnicas e de
mecanismos de regulação convergentes e dominadores.

O Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) concretiza-se por


meio de uma crescente racionalização do processo de trabalho
pedagógico, com ênfase em aspectos como produtividade, competência

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Institucional (PDI), que se constitui compromisso com o Ministério da definições emergentes e alternativas da realidade. Assim, ela
Educação, é requisito básico nos atos de credenciamento e
recredenciamento da instituição de ensino superior. Para garantia do
padrão de qualidade como condição de realização de ensino, a
legislação associou processos de avaliação aos de reconhecimento e
credenciamento.

O projeto político-pedagógico e a avaliação nos moldes


inovadores das estratégias reformistas da educação são, portanto,
ferramentas ligadas à justificação do desenvolvimento institucional
orientada por princípios da racionalidade técnica, que acabam
servindo à regulação e à manutenção do instituído sob diferentes
formas. Este é o desafio a ser enfrentado: compreender a educação
básica e superior no interior das políticas governamentais voltadas
para a inovação regulatória e técnica para buscar novas trilhas.

O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO COMO


INOVAÇÃO EMANCIPATÓRIA OU
EDIFICANTE

É importante que explicite meu entendimento de inovação


emancipatória ou edificante para que se possa compreender as bases
em Inovações e projeto político-pedagógico... que se assenta o projeto
político-pedagógico. Parto do princípio de que a inovação
emancipatória ou edificante não pode ser confundida com evolução,
reforma, invenção ou mudança. Lucarelli considera-a uma “(...) ruptura
do status quo com o institucional” (Lucarelli et al., 1994, p.10),
significando a construção dos projetos pedagógicos para atingir
objetivos, no âmbito de uma determinada instituição educativa.

Considerando a inovação uma produção humana, parto da ideia


de que suas bases epistemológicas estão alicerçadas no caráter
emancipador e argumentativo da ciência emergente. A inovação
procura maior comunicação e diálogo com os saberes locais e com os
diferentes atores e realiza-se em um contexto que é histórico e social,
porque humano. A ciência emergente opõe-se às clássicas dicotomias
entre ciências naturais/ciências sociais, teoria/prática, sujeito/objeto,
conhecimento/realidade. Trata-se, portanto, de buscar a superação da
fragmentação das ciências e suas implicações para a vida do homem
e da sociedade.

Neste sentido, a inovação emancipatória ou edificante tem


sempre “(...) lugar numa situação concreta em que quem aplica está
existencial, ética e socialmente comprometido com o impacto da
aplicação” (Santos, 1989, p. 158). Não há separação entre fins e
meios, uma vez que a ação incide sobre ambos pois “(...) os fins só se
concretizam na medida em que discutem os meios adequados à
situação concreta” (idem, ibid.).

É fácil compreender que a intencionalidade permeia todo o


processo inovador e, consequentemente, o processo de construção,
execução e avaliação do projeto político-pedagógico. Os processos
inovadores lutam contra as formas instituídas e os mecanismos de
poder. É um processo de dentro para fora. Essa visão reforça as

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deslegitima as formas institucionais, a fim de propiciar a argumentação, seus efeitos.Costa & Madeira (1997) consideram alguns elementos
a comunicação e a solidariedade. conceituais do projeto político-pedagógico:

Identificar a estratégia do gestor no projeto político-pedagógico é, a) o projeto diz respeito à concepção de escolas socialmente
antes de mais nada, localizar os elementos que propiciam a determinadas e referidas ao campo educativo;
investigaçãoação que exige novas formas de organização, a combinação b) na fase de reflexão é que a instituição define e assume uma
e utilização de várias técnicas investigativas. É certo que as inovações identidade que se expressa por meio do projeto;
se desenvolvem na prática cotidiana, ou seja, realizam-se no processo
c) o projeto serve de referente à ação de todos os agentes que
de construção/implementação dos projetos pedagógicos. Dessa forma,
intervêm no ato educativo;
os resultados da inovação ultrapassam as questões técnicas sem
prescindir delas e opõem-se às orientações da racionalidade da ciência d) o desenvolvimento do projeto implica a existência de um
conservadora (Santos, 1987). conjunto de condições, sem as quais ele poderá estar con-
denado a tornar-se apenas mais um “formulário administra-
Em resumo, a inovação emancipatória ou edificante pressupõe
tivo”;
uma ruptura que, acima de tudo, predisponha as pessoas e as
instituições para a indagação e para a emancipação. e) a participação só poderá ser assegurada se o projeto per-
Consequentemente, a inovação não vai ser um mero enunciado de seguir os objetivos dos atores e grupos envolvidos no ato
princípios ou de boas intenções... educativo, em sua globalidade.

A inovação emancipatória ou edificante é de natureza ético-social O projeto político-pedagógico dá o norte, o rumo, a direção; “Ele
e cognitivo-instrumental, visando à eficácia dos processos formativos sob possibilita que as potencialidades sejam equacionadas, deslegitimando
a exigência da ética. A inovação é produto da reflexão da realidade as formas instituídas” (Veiga, 2000, p. 192).
interna da instituição referenciada a um contexto social mais amplo.
Sob esta ótica, o projeto político-pedagógico apresenta algumas
Este ponto é de vital importância para se avançar na construção características fundamentais:
de um projeto político-pedagógico que supere a reprodução acrítica, a
a) É um movimento de luta em prol da democratização da es-
rotina, a racionalidade técnica, que considera a prática um campo de
cola que não esconde as dificuldades e os pessimismos da
aplicação empirista, centrada nos meios.
realidade educacional, mas não se deixa levar por esta,
Organizar as atividades-fim e meio da instituição educativa, por procurando enfrentar o futuro com esperança em busca de
meio do projeto político-pedagógico sob a ótica da inovação novas possibilidades e novos compromissos. É um movi-
emancipatória e edificante, traz consigo a possibilidade de alunos, mento constante para orientar a reflexão e ação da escola.
professores, servidores técnico-administrativos unirem-se e separarem-
b) Está voltado para a inclusão a fim de atender a diversidade
se de acordo com as necessidades do processo.
de alunos, sejam quais forem sua procedência social, ne-
O projeto político-pedagógico, na esteira da inovação cessidades e expectativas educacionais (Carbonell, 2002);
emancipatória, enfatiza mais o processo de construção. É a configuração projeta-se em uma utopia cheia de incertezas ao compro-
da singularidade e da particularidade da instituição educativa. Bicudo meter-se com os desafios do tratamento das desigualdades
afirma que a importância do projeto reside “no seu poder articulador, educacionais e do êxito e fracasso escolar.
evitando que as diferentes atividades se anulem ou enfraqueçam a
c) Por ser coletivo e integrador, o projeto, quando elaborado,
unidade da instituição” (2001, p. 16). Inovação e projeto político-
executado e avaliado, requer o desenvolvimento de um
pedagógico estão articulados, integrando o processo com o produto
clima de confiança que favoreça o diálogo, a cooperação, a
porque o resultado final não é só um processo consolidado de inovação
negociação e o direito das pessoas de intervirem na toma-
metodológica no interior de um projeto político-pedagógico construído,
da de decisões que afetam a vida da instituição educativa e
desenvolvido e avaliado coletivamente, mas é um produto inovador que
de comprometerem-se com a ação.
provocará também rupturas epistemológicas.
O projeto não é apenas perpassado por sentimentos, emoções e
Não podemos separar processo de produto.
valores. Um processo de construção coletiva fundada no princípio da
Sob esta ótica, o projeto é um meio de engajamento coletivo para gestão democrática reúne diferentes vozes, dando margem para a
integrar ações dispersas, criar sinergias no sentido de buscar soluções construção da hegemonia da vontade comum. A gestão democrática
alternativas para diferentes momentos do trabalho pedagógico- nada tem a ver com a proposta burocrática, fragmentada e excludente;
administrativo, desenvolver o sentimento de pertença, mobilizar os ao contrário, a construção coletiva do projeto político-pedagógico
protagonistas para a explicitação de objetivos comuns definindo o norte inovador procura ultrapassar as práticas sociais alicerçadas na exclusão,
das ações a serem desencadeadas, fortalecer a construção de uma na discriminação, que inviabilizam a construção histórico- social dos
coerência comum, mas indispensável, para que a ação coletiva produza sujeitos.

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d) Há um vínculo muito estreito entre autonomia e projeto polí- acadêmica participam dela, tendo compromisso com seu
tico-pedagógico. A autonomia possui o sentido sociopolítico acompanhamento e, principalmente, nas escolhas das trilhas que a
e está voltada para o delineamento da identidade instituci- instituição irá seguir. Dessa forma, caminhos e descaminhos, acertos e
onal. erros não serão mais da responsabilidade da direção ou da equipe
coordenadora, mas do todo que será responsável por recuperar o caráter
A identidade representa a substância de uma nova organização público, democrático e gratuito da educação estatal, no sentido de
do trabalho pedagógico. A autonomia anula a dependência e assegura a atender os interesses da maioria da população.
definição de critérios para a vida escolar e acadêmica.
Para modificar sua própria realidade cultural, a instituição
Autonomia e gestão democrática fazem parte da especificidade do educativa deverá apostar em novos valores. Em vez da padronização,
processo pedagógico. propor a singularidade; em vez de dependência, construir a autonomia;
e) A legitimidade de um projeto político-pedagógico está em vez de isolamento e individualismo, o coletivo e a participação; em
estreitamente ligada ao grau e ao tipo de participação de todos os vez da privacidade do trabalho pedagógico, propor que seja público; em
envolvidos com o processo educativo, o que requer continuidade de vez de autoritarismo, a gestão democrática; em vez de cristalizar o
ações. instituído, inová-lo; em vez de qualidade total, investir na qualidade para
todos.
f ) Configura unicidade e coerência ao processo educativo, deixa
claro que a preocupação com o trabalho pedagógico enfatiza não só a É fundamental que se entenda, de maneira tão clara quanto
especificidade metodológica e técnica, mas volta-se também para as possível, a natureza geral dessa forma de conceber o projeto político-
questões mais amplas, ou seja, a das relações da instituição educativa pedagógico, fundado na concepção de inovação emancipatória ou
com o contexto social. edificante. Por um lado, o projeto é um meio que permite potencializar o
trabalho colaborativo e o compromisso com objetivos comuns; por outro,
Construir o projeto político-pedagógico para a instituição educativa
sua concretização exige rupturas com a atual organização do trabalho e
significa enfrentar o desafio da inovação emancipatória ou edificante,
o funcionamento das instituições educativas.
tanto na forma de organizar o processo de trabalho pedagógico como na
gestão que é exercida pelos interessados, o que implica o repensar da As noções de inovação e projeto político-pedagógico assumidas
estrutura de poder. diferem da concepção conservadora e regulatória como rearranjo de
situações externas à situação inovada. Cabe ao pedagogo, o papel
A instituição educativa não é apenas uma instituição que reproduz
fundamental no sentido de clarear e Inovações e projeto político-
relações sociais e valores dominantes, mas é também uma instituição de
pedagógico... desvelar as concepções que respaldam as lógicas de
confronto, de resistência e proposição de inovações. A inovação
inovação e do projeto político-pedagógico.
educativa deve produzir rupturas e, sob essa ótica, ela procura romper
com a clássica cisão entre concepção e execução, uma divisão própria
da organização do trabalho fragmentado. ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO PPP

1. APRESENTAÇÃO
INOVAÇÕES E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO. 1.1. Identificação: Nome da Instituição, endereço, contatos,
Nesta perspectiva, o projeto pedagógico inovador amplia a fundação, mantenedora etc.
autonomia da escola e esta? “nunca é empreendida a partir do 1.2. Breve histórico: para que o professor, aluno ou cooperado
isolamento e do saudosismo, mas a partir do intercâmbio e da que estão ingressando conheçam o contexto do nascimento e
cooperação permanente como fonte de contraste e enriquecimento” desenvolvimento de sua cooperativa educacional.
(Carbonell, 2002, p. 21).
1.3. Projeto Político-Pedagógico:

1.3.1. O que é? Sua necessidade: exigência da LDB ...


CONCEPÇÕES DE INOVAÇÃO EMANCIPATÓRIA OU EDIFICANTE
E PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO 1.3.2. Justificativa e Objetivo

inov um processo de vivência democrática à medida que todos os


É preciso entender que o projeto pedagógico é caracterizado
açã segmentos que compõem a comunidade escolar eelas.
como ação consciente e organizada. O projeto deve romper com o
o
isolamento dos diferentes segmentos da instituição educativa e com a
ema
visão burocrática, atribuindo-lhes a capacidade de problematizar e
ncip
compreender as questões postas pela prática pedagógica.
tória
A elaboração do projeto político-pedagógico sob a perspectiva da é

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1.3.3. Como foi construído - Processo

1.3.4. Como está constituído - suas partes e a integração entre

2. MARCO REFERENCIAL

- o desejo, o sonho, a intencionalidade

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2.1. MARCO REFERENCIAL GERAL 4.4. Projetos Pedagógicos (atividades extra-curriculares e de
integração interdisciplinar)
2.1.1. Visão de Homem, de Sociedade e de Mundo (enquanto
ideais a serem buscados) 4.5. Tratamento a ser dado aos temas transversais.

2.1.2. Grandes princípios e valores humanos 4.6. Disciplina (regras de convivência) - geralmente estão em
regimento ou regulamento anexo, mas que deve ser coerente com o PPP,
2.1.3. Princípios do cooperativismo pois este é a Constituição da Escola (sugestão: que o regimento
2.1.4. Lembrar-se dos autores mais caros ao cooperativismo disciplinar seja revisto tão logo seja concluída a elaboração do PPP).
educacional: Freinet e Paulo Freire 4.7. Sistema de Avaliação do Rendimento dos alunos e controle
de frequência (não é demais lembrar que deve haver coerência entre
este sistema e a Teoria de Aprendizagem adotada)
2.2. MARCO REFERENCIAL ESPECÍFICO DA EDUCAÇÃO

2.2.1. O que se entende por Educação (subsídios na LDB,


PCNs...) 5. AVALIAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO
2.2.2. Como se define a Escola no processo 5.1. Como será feito o acompanhamento da execução do PPP?

Educacional? Para que a Escola forma?


5.2. Como será a Avaliação da execução do PPP, nas suas
2.2.3. Qual o papel dos pais e da sociedade na etapas e no final do período letivo?
educação?

2.2.4. Qual a Teoria da Aprendizagem adotada pela


Escola? A DIDÁTICA E AS DIFERENTES FORMAS DE
ORGANIZAR O ENSINO. ORGANIZAÇÃO DO
TRABALHO PEDAGÓGICO NA ESCOLA:
3. DIAGNÓSTICO
O PEDAGOGO COMO EDUCADOR E MEDIADOR NO
- a realidade
AMBIENTE DE TRABALHO.
3.1. Breve quadro do mundo, do Brasil e da Educação na cada núcleo.
atualidade.

3.2. Um quadro da realidade mais próxima da escola: o município


e o bairro.

3.3. Os personagens da escola: alunos, professores, equipe


pedagógica, funcionários, cooperados, organograma, conselhos,
tradições etc.

3.4. Dados sobre a infraestrutura da escola (o que aponta para


possibilidades e limites na fase de programação)

4. PROGRAMAÇÃO

- as possibilidades

4.1. Calendário (se o PPP for revisto todo ano) - destaque para os
eventos

4.2. Organização curricular e ementas das disciplinas, com


bibliografia básica e complementar (livro texto, se for o caso) - com
destaque para a integração e organicidade na perspectiva da
interdisciplinaridade.

4.3. Divisão dos núcleos dentro da escola (por ex: Educação


Infantil, 1a a 4a, 5a a 8a, Ensino Médio) - características e identidade de
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Segundo a nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases) do Ministério
da Educação, a educação no Brasil está dividida nos seguintes níveis:
Educação Básica e Educação Superior.

A Educação Básica está organizada em Educação Infantil,


Ensino Fundamental e Ensino Médio. A Educação Superior está
organizada nos seguintes cursos e programas: cursos de graduação;
programas de mestrado e doutorado e cursos de especialização,
aperfeiçoamento e atualização, no nível de pós-graduação; cursos
sequenciais de diferentes campos e níveis e cursos e programas de
extensão.

A Educação Infantil corresponde à primeira etapa da Educação


Básica, não é obrigatória e destina-se às crianças com menos de sete
anos de idade. Dentro do quadro de estabelecimentos da Educação
Infantil, as creches atendem às crianças de até três anos de idade e
as pré-escolas, às crianças de quatro a seis anos. A avaliação da
Educação Infantil é feita pelo acompanhamento e registro do
desenvolvimento da criança, sem o objetivo de promoção, mesmo
para o acesso ao Ensino Fundamental.

O Ensino Fundamental é obrigatório para todas as crianças na


faixa etária de 7 a 14 anos. Possui a duração de oito séries e uma
jornada escolar anual de 800 horas-aula de atividades, distribuídas
por um mínimo de 200 dias de efetivo trabalho escolar, excluído o
tempo reservado aos exames finais.

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De acordo com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação - medida que reforçou a vinculação da educação com o mundo do trabalho
LDB, a jornada escolar no Ensino Fundamental incluirá pelo menos e a prática social, consolidando a preparação para o exercício da
quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo cidadania e propiciando a preparação básica para o trabalho.
progressivamente ampliado o período de permanência na escola, com Além disso, os princípios pedagógicos da identidade, diversidade
ressalvas para o ensino noturno e outras formas alternativas de e autonomia, da interdisciplinaridade e da contextualização passaram a
organização. ser adotados como estruturadores para os novos currículos.
O Ensino Fundamental é gratuito nos estabelecimentos públicos, O currículo pleno é elaborado a partir de matérias fixadas a nível
inclusive para quem não teve acesso a ele na idade própria. Na estrutura nacional, por uma base comum, e a nível regional, por uma parte
organizacional do MEC, a Secretaria de Educação Fundamental diversificada, conforme a necessidade de atender às peculiaridades
responde por esse nível de ensino. locais, aos planos das escolas e às diferenças individuais dos alunos.
As escolas devem garantir que todos os alunos tenham acesso à A base comum nacional dos currículos do Ensino Médio está
base comum nacional e à parte diversificada do currículo, exigida pelas organizada em três áreas de conhecimento: Linguagens, Códigos e suas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia Tecnologias; Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias;
e dos alunos. A base comum nacional e sua parte diversificada devem Ciências Humanas e suas Tecnologias.
estar articuladas e juntas devem estabelecer a relação entre a educação
fundamental, a vida cidadã (Parâmetros Curriculares) e as áreas de Cabe a cada escola estabelecer em sua proposta pedagógica as
conhecimento.1) a vida cidadã articula vários aspectos, como: a saúde, proporções de cada uma das três área no conjunto do currículo, os
a sexualidade, a vida familiar e social, o meio ambiente, o trabalho, a conteúdos a serem incluídos em cada uma delas, tomando como
ciência e a tecnologia, a cultura e as linguagens.2) as áreas de referência as competências descritas, os conteúdos e competências a
conhecimento são assim apresentadas: Língua Portuguesa, Língua serem incluídos na parte diversificada, os quais poderão ser
Materna, para populações indígenas e migrantes, Matemática, Ciências, selecionados em uma ou mais áreas, reagrupados e organizados de
Geografia, História, Língua Estrangeira, Educação Artística, Educação acordo com critérios que satisfaçam as necessidades da clientela e da
Física, Educação Religiosa, de matrícula não obrigatória ao aluno. região.

De acordo com a definição de cada escola, o currículo pode ser As propostas pedagógicas das escolas deverão ainda assegurar
ordenado em séries anuais de disciplinas, áreas de estudo ou atividades. o tratamento interdisciplinar e contextualizado para:1) Educação Física e
Também pode ser adotada uma organização em períodos semestrais e Arte, como componentes curriculares obrigatórios; 2) Conhecimentos de
em ciclos, desde que esta assegure o relacionamento, a ordenação e a filosofia e sociologia, necessários ao exercício da cidadania.
sequência dos estudos. O currículo escolar, como conjunto de conhecimentos e
A oferta de estudos de recuperação é obrigatória e deve ser feita, experiências de aprendizagem oferecido aos estudantes, passa por
preferencialmente, de forma paralela ao período letivo regular, ao invés vários níveis ou instâncias de elaboração.
de ser oferecida entre os períodos. Esta mudança de orientação, Fora da escola, estabelecem-se prioridades a partir da política
estabelecida pela nova LDB, estimula que as correções de curso sejam educacional, organizam-se diretrizes, leis, orientações e indicações dos
feitas durante o seu desenvolvimento, de maneira que as dificuldades conteúdos de ensino; os saberes são selecionados, organizados,
sejam superadas sem afetar a progressão do aluno em relação ao sequenciados e frequentemente detalhados em materiais como livros
conteúdo. didáticos.
O Ensino Médio possui a duração de três séries e uma jornada
Atuam nesse processo as autoridades educacionais, as
escolar anual de 2.400 horas-aula de atividades, distribuídas por um
universidades, os autores de livros didáticos, as editoras etc.
mínimo de 200 dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo
reservado aos exames finais. Resultante de todas essas discussões e decisões negociadas, o
currículo formal - previsto, documentado, recomendado, que sofreu
O Ensino Médio ainda não é obrigatório como o Ensino
várias reelaborações servirá como grande parâmetro para organizar a
Fundamental. Por enquanto, a Constituição determina como dever do
ação no ambiente da escola, mas não será exatamente replicado,
Estado a progressiva extensão de sua obrigatoriedade.
repassado, ou distribuído para os alunos. Isso porque a escola não
O Ensino Técnico corresponde a um dos níveis de Educação executa simplesmente decisões curriculares tomadas fora dela; também
Profissional e funciona de maneira paralela ou sequencial ao Ensino elabora seu currículo, que é mais do que o recorte de cultura organizado
Médio. Na estrutura organizacional do MEC, a Secretaria de Educação pare ser distribuído na escola.
Média e Tecnológica responde pelo nível médio de ensino acadêmico e
pelo nível técnico de Educação Profissional.
A ADEQUAÇÃO DO CURRÍCULO À REALIDADE ESCOLAR
A reforma do Ensino Médio, promovida pelo MEC, alterou
significativamente as diretrizes curriculares desse nível de ensino, à O currículo real, aquele que se desenvolve na escola, toma forma
e corpo na prática pedagógica. O currículo formal é transformado

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e reorganizado para adequar-se à realidade da escola, articulando as p.63). essa seleção deve “ fortalecer o poder e a autonomia de grupos
opções dos professores e as necessidades dos alunos ao tempo das submetidos a qualquer forma de exploração opressão e discriminação.
disciplinas no quadro curricular. à divisão do tempo diário em aulas, aos Um currículo antimarginalização não apenas contém tópicos ou lições
materiais e recursos disponíveis, às formas de controle e sobre os problemas de grupos oprimidos, mas privilegia, em todo o seu
acompanhamento dos alunos, aos valores preservados e vividos no conteúdo e sua forma, essas questões”.
cotidiano escolar enfim a todo um modo de vida na escola. Essa
reorganização dos saberes a serem ensinados é também fruto de
REFLEXÃO SOBRE A SELEÇÃO E SEUS DESDOBRAMENTOS
negociações, opções, decisões que envolvem os educadores e
viabilizam a proposta pedagógica nas condições reais da escola. A escolha de conteúdos exige, portanto, indagar se os saberes
selecionados não escondem conflitos e problemas sociais, se permitem
fazer circular na escola discursos e vozes de diferentes grupos e atores
NA ESCOLA APRENDE-SE MAIS DO QUE CONTEÚDOS SOBRE O sociais, começando pelos dos próprios alunos. Essa escolha, na
MUNDO MATERIAL E SOCIAL verdade, não se reduz ao planejamento do início de ano, mas constitui
Em cada escola essas condições estão presentes e interferem na uma contínua reflexão sobre a seleção e seus desdobramentos, ao longo
realização do currículo, impondo cortes, simplificações e ritmo de de todo o ano letivo.
desenvolvimento aos conteúdos e, ao mesmo tempo, introduzindo
aprendizagens implícitas, que tanto podem favorecer quanto impedir a
PEDEM FORMAS ESPECÍFICAS DE
realização das intenções educativas declaradas pelos educadores. Essa
ORGANIZAÇÃO E APRESENTAÇÃO
parcela implícita, ou currículo oculto, vem sendo insistentemente
apontada nos estudos críticos do currículo como de enorme importância Elaborar o currículo é ainda, preparar sua divulgação organizando
na formação dos educandos, o que torna indispensável compreendê-la, os saberes escolhidos de modo a serem desenvolvidos na situação
explicitá-la, buscando tornar a prática mais coerente com as intenções escolar; é planejar situações de ensino e aprendizagem, cuidando da
educativas. Concordando com Santos e Moreira (1995, p.50), articulação entre conteúdo e forma, com vistas à apropriação do
acreditamos que na escola aprende se mais do que conteúdos sobre o conhecimento pelos alunos. É preciso, pois, ter toda a atenção para não
mundo material e social: “adquirem-se também consciência, disposições correr riscos como o de buscar uma forma ideal, ou uma metodologia
e sensibilidade que comandam relações e comportamentos sociais do genérica de ensino, como se fosse possível ter uma fórmula para resolver
sujeito e estruturam sua personalidade”. toda a complexidade da aprendizagem escolar. O modelo de ensino
baseado apenas na transmissão coletiva consegue dosar o
conhecimento em porções que cabem no tempo descontínuo de aulas -
NÃO É SIMPLES SELECIONAR SABERES são explicadas, resumidas, memorizadas com apoio dos livros didáticos,
RELEVANTES E PREPARAR CITAÇÕES que organizam os conteúdos em lições e exercícios de fixação mas tal
O currículo, então, determina e orienta o trabalho escolar e é modelo não parece favorecer a aprendizagem real dos alunos. Para que
determinado por ele. sejam apropriados, conteúdos específicos pedem formas específicas de
organização e apresentação, ou seja, de ensino; e pessoas diferentes
A escola participa de sua elaboração ao selecionar e organizar os respondem de modos diferentes diante de situações de aprendizagem.
saberes com vistas à transmissão e aprendizagem dos alunos. Esta não
é uma tarefa meramente técnica, pois é preciso tomar decisões que
envolvem interesses, posicionamentos, sentimentos, conflitos, LIMITES DA ORGANIZAÇÃO
divergências.
Assim, dentro dos limites da organização escolar, é preciso buscar
Não é simples selecionar saberes relevantes e preparar citações maneiras de ensinar compatíveis com a metodologia específica das
para sua apropriação; isso implica escolher conteúdos que tragam para diferentes áreas do currículo e que respeitem as características do
dentro da escola o conhecimento mais avançado, para que os jovens processo humano de conhecimento e de aprendizagem.
possam se tornar “ contemporâneos de seu tempo”, como nos alerta
Gramsci; implica também selecionar conteúdos cuja abrangência
explicativa contribua para a compreensão da sociedade e da cultura em TRANSFORMAÇÃO EM FERRAMENTA DE
que se vive e da realidade mais ampla. COMPREENSÃO DO REAL

A escola trabalha com o conhecimento: isso significa reconhecer


a escola como local de ingresso dos estudantes numa modalidade
FORTALECER O PODER E A AUTONOMIA
especial desse processo humano que não começa na escola e se
Para tanto, é preciso não omitir problemas e contrastes sociais, prolonga pela vida afora. 0 processo de conhecimento, mesmo em sua
para poder explicar o presente em sua complexidade e refletir sobre modalidade escolar, implica um movimento de relações recíprocas
alternativas de transformação social. Citando Santos e Moreira (1995,

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entre o sujeito conhecedor e o universo a ser conhecido. A escolarização ARTICULAÇÃO
deve portanto possibilitar que os alunos adquiram chaves conceituais de Articular o ensino e a aprendizagem implica articular conteúdo e
compreensão de seu mundo e de seu tempo, permitindo também que forma, tornando cada vez mais o ensino favorável à ocorrência da
tomem consciência das operações mobilizadas durante a aprendizagem, aprendizagem. Isso exige riqueza de situações, experiências e recursos,
para que prossigam com autonomia nesse processo de conhecimento. para favorecer o processo múltiplo, complexo e relacional de conhecer e
Assim, diante do recorte organizado de saberes que constituem o incorporar dados novos ao repertório de significados, utilizando-os na
currículo, não se pode pensar em simplesmente entregar informações compreensão orgânica dos fenômenos, no entendimento da prática
prontas a sujeitos que as recebam e assimilem. É na relação dos social.
estudantes com o conhecimento produzido que este será transformado
em ferramenta de compreensão do real, em parte indissociável do
conhecimento-processo, ou seja, da ação humana do buscar A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
significados, elucidar o real, constituindo o objeto e se constituindo como
A organização curricular da escola básica de uma maneira geral
sujeito.
vem sendo alvo de numerosas críticas, tanto de educadores de renome
nacional, como da parte de educadores com atuação internacional.

O CONHECIMENTO-PRODUTO NÃO SURGE COMO ALGO DADO Nóvoa (1998), por exemplo, afirma que as atividades da escola
desenvolvidas”numa pedagogia centrada essencialmente na sala de aula
Essa abordagem do conhecimento considerado como processo e
(com) horários escolares rigidamente estabelecidos que põem em prática
produto é detalhada e aprofundada por Leite (1995), que discute
um controlo social do tempo escolar, saberes organizados em disciplinas
concepções de conhecimento e o processo complexo de sua produção,
escolares que são as referências estruturantes do ensino e do trabalho
em que intervêm a determinação histórica imediata, mas também a
pedagógico” (p. 22),contribuem de forma acentuada para aumentar as
concepção de mundo que perpassa as ações humanas, e relações
dificuldades de aprendizagens das crianças.
sociais específicas; o conhecimento-produto não surge como algo dado,
acabado e neutro, mas carrega, mesmo como resultado pronto, as Para o autor e demais críticos da organização curricular que tem
marcas do processo inacabado, provisória e histórico de sua construção. como base o regime seriado, é necessária uma reorganização que
permita uma melhor administração do tempo da escola; é necessário
trabalhar com novas formas de organização curricular, bem como
SUJEITOS INTERAGEM ENTRE SI E redimensionar a forma como os professores(as) trabalham com os
COM LINGUAGENS E SABERES conteúdos, a fim de que a escola básica possa melhorar seu
O conhecimento é então compreendido como construção social, desempenho.
segundo os principais autores da Sociologia do Currículo. Santos e No Brasil, diversos estudos (Krug e Azevedo, 2000; Azevedo,
Moreira (1995, p.51) comentam que ele é “produto de concordância e 1999, 2000; Arroyo, 1999) têm trazido críticas à organização curricular
consentimento de indivíduos que vivem determinadas relações sociais vigente nas escolas de ensino fundamental.
(por exemplo, de classe, raça e gênero) em determinados momentos”.
As críticas ressaltam que nas escolas que adotam o regime
Essa construção, portanto, ocorre pela interação social e depende do
seriado, os tempos e os espaços da escola, do professor(a) e do aluno(a)
contexto social e cultural, de um referencial comum; sujeitos interagem
ficam subordinados, principalmente, aos conteúdos programáticos a
entre si e com linguagens e saberes, trazendo para a relação sua cultura
serem”ensinados” e “aprendidos”; que ao serem colocados como
e seus significados.
elemento central do regime seriado, conteúdos passaram a constituir o
eixo da organização dos graus, das séries, das disciplinas, das grades
AS MUDANÇAS CULTURAIS CHEGAM ÀS ESCOLAS curriculares, das avaliações, das recuperações, das aprovações e das
ATRAVÉS DOS CURRÍCULOS reprovações; que como eixo da organização curricular, os conteúdos
institucionalizaram o caráter precedente e acumulativo de sua
Processo e produto do conhecimento estão presentes na transmissão e apreensão, fazendo com que a criança tenha dificuldades
construção do conhecimento escolar. Assim, vai se tornando claro que na aprendizagem, o que geralmente concorre para a reprovação e/ou
selecionar conteúdos não é apenas fazer uma lista de conhecimentos evasão escolar, principalmente das crianças que em virtude de sua
que se transmitem num modelo escolhido a priori, mas que o currículo condição socioeconômica não conseguem ter outros meios
emerge das condições reais em que se dá o trabalho com o suficientemente significativos para aprender.
conhecimento. É nesse sentido que entendemos a afirmação de Gimeno
Sacristán (1996, p.37), em seu estudo sobre escolarização e cultura: “As As dificuldades de aprendizagem dessas crianças, ainda segundo
mudanças culturais chegam às escolas através dos currículos, mas os autores mencionados,são consequências de um ensino em aulas
apenas na medida em que se plasmam em práticas concretas”. estanques, com ênfase nos rituais de transmissão, de avaliação, de
reprovação, de repetência, etc., que instaurou a predefinição do

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tempo: “um tempo”para cada aula, para cada “prova”, para a aquisição Segundo SAVIANI (1987, p. 23), “a palavra reflexão vem do verbo
da escrita, do cálculo, para cumprimento do”programa”. Por conseguinte, latino ‘reflectire’ que significa ‘voltar atrás’. É, pois um (re)pensar, ou seja,
na ótica de Krug e Azevedo (2000) e Azevedo (1999, 2000), a um pensamento em segundo grau. (.. .) Refletir é o ato de retomar,
organização curricular tendo por base o regime seriado vem contribuindo reconsiderar os dados disponíveis, revisar, vasculhar numa busca
significativamente para alógica assumida pela escola brasileira de ensino constante de significado. É examinar detidamente, prestar atenção,
fundamental – o pensar separadamente, que não permite aos alunos(as) analisar com cuidado. E é isto o filosofar’.
a visão integrada dos saberes. Entretanto, não é qualquer tipo de reflexão que se pretende e sim
Atribui-se, dessa maneira, ao regime seriado, parte da culpa pelo algo articulado, crítico e rigoroso. Ainda segundo SAVIANI (1987, p. 24),
fracasso escolar de um acentuado número de alunos(as) que não para que a reflexão seja considerada filosófica, ela tem de preencher três
conseguem permanecer na escola ou concluir os estudos com êxito, na requisitos básicos, ou seja, ser:
tentativa de excluir, de uma forma talvez radical, o regime seriado que foi • “radical” - o que significa buscar a raiz do problema;
adotado na escola brasileira desde os anos iniciais da República
• “rigorosa” - na medida em que faz uso do método científico;
(1930).Com base nesse discurso e evidenciando uma preocupação com
a aprendizagem efetiva de todos os alunos(as) fundada num • “de conjunto” - pois exige visão da totalidade na qual o fe-
compromisso coletivo, os autores apontam para a construção de práticas nômeno aparece.
educativas que possibilitem uma reestruturação que permita
Pode-se, pois, afirmar que o planejamento do ensino é o processo
“redimensionar a lógica excludente da organização curricular seriada”
de pensar, de forma “radical”, “rigorosa” e “de conjunto”, os problemas da
(Freitas, 1999, p. 40) e concorram para a criação de mecanismos de
educação escolar, no processo ensino-aprendizagem.
inclusão e de permanência com sucesso das crianças das classes social
Consequentemente, planejamento do ensino é algo muito mais amplo e
e economicamente menos favorecidas.Já existem propostas
abrange a elaboração, execução e avaliação de planos de ensino.
educacionais dos sistemas de ensino de alguns Estados e Municípios,
que apontam para formas diversificadas de organização da escola O planejamento, nesta perspectiva, é, acima de tudo, uma atitude
básica. crítica do educador diante de seu trabalho docente.

Apesar de os educadores em geral utilizarem, no cotidiano do


trabalho, os termos “planejamento” e “plano” como sinônimos, estes não
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS AÇÃO DO
o são.
PEDAGOGO NA ORGANIZAÇÃO DO
TRABALHO PEDAGÓGICO NA ESCOLA PÚBLICA É preciso, portanto, explicitar as diferenças entre os dois
conceitos, bem como a íntima relação entre eles.
Cabe ao pedagogo aplicar seus conhecimentos na formação de
professores e no planejamento e funcionamento de cursos, escolas e Enquanto o planejamento do ensino é o processo que envolve “a
instituições de ensino. atuação concreta dos educadores no cotidiano do seu trabalho
pedagógico, envolvendo todas as suas ações e situações, o tempo todo,
A base do trabalho do pedagogo deve ser a docência.
envolvendo a permanente interação entre os educadores e entre os
Neste sentido sua formação envolve a tríplice dimensão: docência próprios educandos” (FUSARI, 1989, p. 10), o plano de ensino é um
pesquisa e gestão educacional. momento de documentação do processo educacional escolar como um
todo. Plano de ensino é, pois, um documento elaborado pelo(s)
Na medida em que se concebe o planejamento como um meio
docente(s), contendo a(s) sua(s) proposta(s) de trabalho, numa área e/ou
para facilitar e viabilizar a democratização do ensino, o seu conceito
disciplina específica.
necessita ser revisto, reconsiderado e redirecionado, e de preferência,
pelo pedagogo. O plano de ensino deve ser percebido como um instrumento
orientador do trabalho docente, tendo-se a certeza e a clareza de que a
Na prática docente atual, o planejamento tem-se reduzido à
competência pedagógico-política do educador escolar deve ser mais
atividade em que o professor preenche e entrega à secretaria da escola
abrangente do que aquilo que está registrado no seu plano.
um formulário. Este é previamente padronizado e diagramado em
colunas, onde o docente redige os seus “objetivos gerais”, “objetivos A ação consciente, competente e crítica do educador é que
específicos’ “conteúdos”, “estratégias” e “avaliação”. transforma a realidade, a partir das reflexões vivenciadas no
planejamento e, consequentemente, do que foi proposto no plano de
Em muitos casos, os professores copiam ou fazem fotocópias do
ensino.
plano do ano anterior e o entregam à secretaria da escola, com a
sensação de mais uma atividade burocrática cumprida. Um profissional da Educação bem-preparado supera eventuais
limites do seu plano de ensino. O inverso, porém, não ocorre: um bom
É preciso esclarecer que planejamento não é isto. Ele deve ser
plano não transforma, em si, a realidade da sala de aula, pois ele
concebido, assumido e vivenciado no cotidiano da prática social docente,
depende da competência-compromisso do docente.
como um processo de reflexão.

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Desta forma, planejamento e plano se complementam e se preocupação com uma síntese final do dia ou dos quarenta ou cinquenta
interpenetram, no processo ação-reflexão-ação da prática social minutos vivenciados durante a hora-aula. A aula, no contexto da
docente. educação escolar, é uma síntese curricular que concretiza, efetiva,
constrói o processo de ensinar e aprender.
Como Formalizar o Plano de Ensino?
O aluno precisa ir percebendo, sentindo e compreendendo cada
É preciso assumir que é possível e desejável superar os entraves aula como um processo vivido por ele para que, na especificidade da
colocados pelo tradicional formulário, previamente traçado, fotocopiado educação escolar, avance, como diz SAVIANI (1987), do “senso comum”
ou impresso, onde são delimitados centímetros quadrados para os à “consciência filosófica”.
“objetivos, conteúdos, estratégias e avaliação”.
A aula, por sua vez, deve ser concebida como um momento
A escola, através do pedagogo, pode e deve encontrar outras curricular importante, no qual o educador faz a mediação competente e
formas de lidar com o planejamento do ensino e com seus critica entre os alunos e os conteúdos do ensino, sempre procurando
desdobramentos em planos e projetos. É importante desencadear um direcionar a ação docente para: estimular os alunos, via trabalho
processo de repensar todo o ensino, buscando um significado curricular, ao desenvolvimento da percepção crítica da realidade e de
transformador para os elementos curriculares básicos: seus problemas;. estimular os alunos ao desenvolvimento de atitudes de
• objetivos da educação escolar (para que ensinar e apren- tomada de posição ante os problemas da sociedade; valorizar nos alunos
der?); atitudes que indicam tendência a ações que propiciam a superação dos
problemas objetivos da sociedade brasileira.
• conteúdos (o que ensinar e aprender?);
Um ponto que necessita ficar bastante claro é que o livro didático
• métodos (como e com o que ensinar e aprender?);
é um dos meios de comunicação no processo de ensinar e aprender.
• tempo e espaço da educação escolar (quando e onde ensi- Como tal, ele faz parte do método e da metodologia de trabalho do
nar e aprender?); professor, os quais, por sua vez, estão ligados ao conteúdo que está
sendo trabalhado, tendo em vista o atingimento de determinados
• avaliação (corno e o que foi efetivamente ensinado e
objetivos educacionais (pontos de chegada).
aprendido?).
O livro didático é apenas um dos instrumentos comunicacionais do
O fundamental não é decidir se o plano será redigido no formulário
professor no processo de educação escolar, tanto na Pré-escola, como
x ou y, mas assumir que a ação pedagógica necessita de um mínimo de
no 1 °, 2° ou 3°- Grau’. Isto significa que a capacidade do professor deve
preparo, mesmo tendo o livro didático como um dos instrumentos
ser mais abrangente, não se limitando ao mero recorrer ao livro didático.
comunicacionais no trabalho escolar em sala de aula.
Um livro de categoria média, nas mãos de um bom professor, pode
A ausência de um processo de planejamento do ensino nas tornar-se um excelente meio de comunicação, pois a capacidade do
escolas, aliada às demais dificuldades enfrentadas pelos docentes no docente está além do livro e de seus limites. Já um bom livro nas mãos
exercício do seu trabalho, tem levado a uma contínua improvisação de um profissional pouco capacitado acaba muitas vezes reduzindo-se
pedagógica nas aulas. Em outras palavras, aquilo que deveria ser uma à função de um “pseudodocente”. Em outras palavras, o livro didático
prática eventual acaba sendo uma “regra”, prejudicando, assim, a acaba sendo considerado o “professor”, o que não deve ocorrer, tendo
aprendizagem dos alunos e o próprio trabalho escolar como um todo. em vista a especificidade comunicacional escolar de
E é aí que entra o trabalho do Pedagogo: sugerir que os docentes transmissão/assimilação, de interação ligada aos conteúdos de ensino e
discutam a questão da “forma” e do “Conteúdo” no processo de aprendizagem, que deve expressar-se entre o docente e seus alunos,
planejamento e elaboração de planos de ensino, buscando alternativas mediada metodicamente por livros e outros meios de comunicação, nas
para superar as dicotomias entre fazer e pensar, teoria e prática, tão aulas, para atingir os objetivos educacionais escolares.
presentes no cotidiano do trabalho dos nossos professores.
A PRIORIDADE DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO
O preparo das aulas é uma das atividades mais importantes do
Os três tipos de plano (de currículo, de ensino e escolar) se
trabalho do profissional de educação escolar. Nada substitui a tarefa de
complementam, se interpenetram e compõem o corpo do plano de
preparação da aula em si.
currículo da escola. Entretanto, na prática das escolas, devido à quase
Cada aula é um encontro curricular, no qual, nó a nó, vai-se total falta de condições de trabalho docente, a elaboração dos planos
tecendo a rede do currículo escolar proposto para determinada faixa escolar, de curso e de ensino tem-se revelado complexa, fragmentada,
etária, modalidade ou grau de ensino. longe mesmo, em alguns casos, daquela organicidade desejada para o
Também aqui vale reforçar que faz parte da competência teórica processo ensino-aprendizagem.
do professor, e dos seus compromissos com a democratização do É preocupante a situação dos professores; eles têm de entregar
ensino, a tarefa cotidiana de preparar suas aulas, o que implica ter claro, planos gerais das disciplinas, planos de ensino e, no entanto, não
também, quem é seu aluno, o que pretende com o conteúdo, como inicia
rotineiramente suas aulas, como as conduz e se existe a
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possuem condições para o preparo das aulas, o que é o mais consciente, competente e crítico; das articulações entre conteúdos,
fundamental. métodos, técnicas e meios de comunicação; e da avaliação no ensino-
aprendizagem.
Vale retomar, contudo, a questão colocada e tentar respondê-la.
Algo precisa ser feito para reverter o quadro, e um dos pontos de partida, Em suma, a elaboração (coletiva/individual) dos planos de ensino
dentre outros, é ‘o de recuperação do plano de ensino, no sentido de depende da visão de mundo que temos e do mundo que queremos, da
preparo das aulas, facilitando, assim, o trabalho docente no processo sociedade brasileira que temos e daquela que queremos, da escola que
ensino-aprendizagem. temos e daquela que queremos.

Na atual conjuntura problemática em que se encontra a escola, o Para vivenciar o processo de planejamento, incluindo o trabalho
pedagogo deve estimular os professores a prepararem as suas aulas, com planos de ensino, de acordo com as necessidades de um bom
garantindo, deste modo, um trabalho mais competente e produtivo no trabalho pedagógico, é preciso que o grupo de educadores da escola
processo ensino-aprendizagem, no qual o professor seja um bom sinta e assuma a necessidade de transformar a realidade da escola-
mediador entre os alunos (com suas características e necessidades) e sociedade e conceba o planejamento como um dos meios a serem
os conteúdos do ensino. utilizados para efetivar esta transformação.

Três aspectos necessitam ser considerados quando se fala em Vale insistir que o trabalho de planejamento e, consequentemente,
transformação da realidade do planejamento do ensino nas escolas: a tarefa de preparar (pensar e redigir), vivenciar, acompanhar e avaliar
planos de ensino são ações e reflexões que devem ser vivenciadas pelo
• Transformações nas condições objetivas de trabalho do grupo de professores e não apenas por alguns deles.
professor na escola, garantindo espaços nos quais os docentes possam-
se reunir e discutir o próprio trabalho, problematizando-o, como um meio Um segundo aspecto refere-se à necessidade de o grupo de
para o seu próprio aperfeiçoamento. É praticamente impossível falar em educadores ter uma clara percepção dos problemas básicos da sua
processo de planejamento para docentes que permanecem 40 horas escola, curso, disciplina e, principalmente, das suas aulas.
dentro da sala de aula. E isto é uma conquista que a categoria dos Os problemas devem ser identificados, caracterizados, tendo em
profissionais da Educação deve conseguir do Estado, garantindo, é claro, vista a sua superação.
que as “horas-atividades” sejam cumpridas na escola, nas quais as
Os educadores escolares necessitam, pois, desenvolver a atitude-
reuniões, discussões e ações de capacitação deverão ocorrer, numa
habilidade-conhecimento de perceber as “pontas dos problemas”
articulação interessante com a prática social pedagógica cotidiana dos
(manifestações) e, a partir delas, buscar as suas causas (raízes). O
docentes.
processo de buscar as raízes dos problemas representa o esforço para
• Transformações sérias nos cursos que formam educadores - caracterizá-los, identificando todos os aspectos que compõem a
Magistério, Pedagogia e Licenciaturas -, procurando garantir uma situação-problema que deve ser superada.
formação profissional competente e crítica, na qual conhecimentos,
A caracterização do problema é fundamental para a tomada de
atitudes e habilidades sejam trabalhados de forma articulada e coerente,
decisão sobre qual a melhor maneira de superá-lo. E a teoria é um
visando formar um educador comprometido com a democratização da
recurso muito importante neste processo. Ela, nessa perspectiva,
escola e da sociedade brasileira.
funciona como uma espécie de “lupa”, através da qual a realidade é
• A categoria dos profissionais da Educação deve conquistar e analisada e a própria teoria, questionada.
propor uma política para a formação dos educadores em serviço, de
Portanto, diante de manifestações de problemas escolares como
acordo com as necessidades da prática docente, como um processo
evasão, retenção, indisciplina, desinteresse, faltas, atrasos e tantos
efetivo de permanente aperfeiçoamento profissional.
outros, os educadores necessitam identificar suas causas, tendo em vista
Concomitantemente ao processo de conquista de transformações a sua superação.
nas condições de trabalho, formação do educador e capacitação do
O conhecimento e a análise crítica do contexto no qual os
educador em serviço, alguns pontos podem ser sugeridos para o
problemas se manifestam são muito importantes para identificar suas
aperfeiçoamento do trabalho por meio de planos de ensino.
causas, que poderão ser encontradas no interior da própria escola, na
Elaborar, executar e avaliar planos de ensino exige que o estrutura da sociedade e na interação entre a escola e o contexto social
professor tenha clareza (crítica): da função da educação escolar na global.
sociedade brasileira; da função político-pedagógica dos educadores
É bastante comum os educadores escolares apresentarem
escolares (diretor, professores, funcionários, conselho de escola. .); dos
propostas para superar uma situação-problema, pautados apenas em
objetivos gerais da educação escolar (em termos de país, estado,
sua manifestação, sem a devida clareza de quais são as suas origens.
município, escola, áreas de estudo e disciplinas), efetivamente
Este engano termina por frustrá-los, pois eles selecionaram e aplicaram
comprometida com a formação da cidadania do homem brasileiro; do
valor dos conteúdos como meios para a formação do cidadão

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o “remédio” sem o diagnóstico correto da doença, causando, assim, FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR.
profundos e irreversíveis danos ao “doente” - no caso, o aluno.
A formação contínua é (Nóvoa 1991, Freire 1991 e Mello
O processo de planejamento, bem como seus desdobramentos 1994) saída possível para a melhoria da qualidade do ensino,
em elaborar, vivenciar, acompanhar e avaliar planos, é o próprio espaço dentro do contexto educacional contemporâneo. Nova o bastante
da prática pedagógica do educador, que, para não ter os problemas para não dispor ainda de mais teorias nutrientes, provavelmente,
citados, necessita da intervenção do pedagogo da escola. ainda em gestação. É uma tentativa de resgatar a figura do mes-
Concordamos com Libâneo( 1999, p.30-31) quando afirma que o tre, tão carente do respeito devido a sua profissão, tão desgastada
curso de Pedagogia deve formar o pedagogo stricto-sensu, isto é, um em nossos dias. “Ninguém nasce educador ou marcado para ser
profissional qualificado para atuar em vários campos educativos para educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como edu-
atender demandas socio-educativas de tipo formal e não formal e cador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática”.
informal, decorrentes de novas realidades- novas tecnologias, novos (FREIRE, 1991: 58).
atores sociais, ampliação das formas de lazer, mudanças nos ritmos de Para o autor, formação permanente é uma conquista da matu-
vida, presença dos meios de comunicação e informação, mudanças
ridade, da consciência do ser. Quando a reflexão permear a práti-
profissionais, desenvolvimento sustentado, preservação ambiental- não
ca, docente e de vida, a formação continuada será exigência “sine
apenas na gestão, supervisão e coordenação pedagógica de escolas,
qua non” para que o homem se mantenha vivo, energizado, atu-
como também na pesquisa, na administração dos sistemas de ensino,
ante no seu espaço histórico, crescendo no saber e na responsabi-
no planejamento educacional, na definição de políticas educacionais, nos
lidade.
movimentos sociais, nas empresas, nas várias instâncias de educação,
na requalificação profissional, etc. Essa caracterização do pedagogo A modernidade exige mudanças, adaptações, atualização e
stricto sensu faz-se necessária, tendo em vista distinguí-lo do profissional aperfeiçoamento. Quem não se atualiza fica para trás. A parceria,
docente, já que todos os professores poderiam considerar- se pedagogos a globalização, a informática, toda a tecnologia moderna é um
lato sensu. desafio a quem se formou há vinte ou trinta anos. A concepção
moderna de educador exige “uma sólida formação científica,
O pedagogo deve exercer um trabalho específico de atuação
técnica e política, viabilizadora de uma prática pedagógica crítica
pedagógica em um amplo leque de práticas educativas, considerando-
e consciente da necessidade de mudanças na sociedade brasilei-
se entretanto que sua formação na graduação deve privilegiar a
ra” (Brzezinski, 1992:83).
competência pedagógica, a formação do educador voltada para o
contexto específico da instituição escolar, entendida esta como um O profissional consciente sabe que sua formação não termina
centro irradiador de cultura que necessita estar em permanente na Universidade. Esta lhe aponta caminhos, fornece conceitos e
intercâmbio com outras agências educativas não-escolares como as ideias, a matéria-prima de sua especialidade. O resto é por sua
formas de intervenção educativa urbana, os meio de comunicação, os conta. Muitos professores, mesmo tendo sido assíduos, estudio-
movimentos sociais, as instituições culturais e de lazer, os centros de sos e brilhantes, tiveram de aprender na prática, estudando, pes-
difusão de informação de variada natureza, de modo a assumir sua quisando, observando, errando muitas vezes, até chegarem ao
função reoordenadora e reestruturadora da cultura engendrada naqueles profissional competente que hoje são.
vários espaços sociais. A Universidade não é o que deveria ser: um centro de criação
A escola, assim considerada, constitui-se num “espaço de do conhecimento, de pesquisa e questionamento. O universitário
síntese”, de aglutinação e integração entre as diferentes agências continua passivo, esperando o “ponto” do professor, memorizan-
educativas e a as práticas de aprendizagem escolar. A escola, hoje, do e repetindo na prova, que decide a sua aprovação. Vasconcel-
necessita ser um “locus”de construção e produção de cultura em los (1995:19) confirma:
constante intercâmbio com o meio social envolvente, constituindo-se em Formação deficitária; dificuldade em articular teoria e práti-
contexto de aprendizagem e de reflexão permanentes, exigindo portanto ca: a teoria de que dispõe, de modo geral, é abstrata, desvincula-
um profissional educador dirigente com um novo perfil. da da prática e, por sua vez a abordagem que faz da prática é
Faz-se necessário uma valorização da atividade pedagógica em superficial, imediatista não crítica.
sentido mais amplo, na qual a docente está incluída, pois não é mais A Universidade também não é nacional nem universal. Não se
possível desconhecer a “sociedade pedagógica” que está instituída no comunica com a sociedade, não conhece o mundo empresarial e
mundo inteiro e como bem afirma Libâneo (1999,p.33) quem quer que do trabalho, não contribui nem aproveita contribuições de ou- tros
deseje continuar a ser chamado de “educador”, não pode ignorar a setores. Não é universal: desconhece ou não aproveita a evolução
importância hoje dos processos educativos extra-escolares, e mudanças do mundo da ciência e da tecnologia. Está isolada,
especialmente os comunicacionais, nos quais está implicada de corpo repetindo um currículo defasado, inócuo, desinteressante e
inteiro a pedagogia. fechado.

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O professor, nela formado, deve ter bastante inteligência, tem descortino e firmeza para construir com o aluno o conheci-
tempo e decisão para superar essas deficiências. Por si mesmo, mento. Ambos pararam no tempo.
deve procurar atualizar-se, embasar-se teoricamente, observar a Alonso desenha o perfil do novo profissional:
prática e tirar lições melhorar seu desempenho.
Torna-se um profissional efetivo, em contraposição ao tare-
Um professor destituído de pesquisa, incapaz de elaboração feiro ou funcionário burocrático; Esse profissional terá que ser
própria é figura ultrapassada, uma espécie de sobra que reproduz visto como alguém que não está pronto, acabado, mas em cons-
sobras. Uma instituição universitária que não sinaliza, desenha e tante formação; Um profissional independente com autonomia
provoca o futuro encalhou no passado (DEMO, 1994:27). para decidir sobre o seu trabalho e suas necessidades; Alguém que
O professor repete o mesmo currículo de seus antecessores e, está sempre em busca de novas respostas, novos encami-
assim, a escola continua parada no tempo com alunos indiscipli- nhamentos para seu trabalho e não simplesmente um cumpridor de
nados e desmotivados, passando conhecimentos que em nada tarefas e executor mecânico de ordens superiores e, finalmen- te,
servem para a vida social, profissional e pessoal. alguém que tem seus olhos para o futuro e não para o passado.
(1994:6).
Que deve fazer o professor consciente e comprometido com
seu trabalho? Investir em sua formação, continuá-la para não Como formar (ou reformar) o formador para a modernidade?
frustrar-se profissionalmente, para poder exigir respeito e, mes- Através de uma formação continuada, que, além de reforçar ou
mo, melhorias salariais. proporcionar os fundamentos e conhecimentos de sua disciplina, o
mantenha constantemente a par dos progressos, inovações e
O dia cheio e estafante não reserva tempo para a leitura, o es- exigências dos tempos modernos.
tudo, a preparação de aula. Os cursos propostos, geralmente aos
sábados ou em horários impossíveis, não atraem o professor que, Esteves (1993:66) aponta algumas características da forma-
ao menos, nos fins de semana, quer ficar com a família e muitas ção continuada:
vezes com os cadernos e provas para corrigir. Uma ruptura com o individualismo pedagógico, ou seja, em
Entretanto, “o profissional do futuro (e o futuro já começou) que o trabalho e a reflexão em equipe se tornam necessários; uma
terá como principal tarefa aprender. Sim, pois, para executar análise científica da prática, permitindo desenvolver, com uma
tarefas repetitivas existirão os computadores e os robôs. Ao formação de nível elevado, um estatuto profissional; um profissi-
homem competirá ser criativo, imaginativo e inovador” (Seabra, onalismo aberto, isto é, em que o ato de ensino é precedido de uma
1994:78). pesquisa de informações e de um diálogo entre os parceiros
interessados.
Diante desse quadro, não é utopia desejar uma escola de en-
sino fundamental e médio com equidade, que ofereça bom ensi- Como e quando realizar a formação continuada? Nos fins de
no, que prepare para os desafios da modernidade? semana? É impraticável e não se pode exigir de quem trabalha a
semana inteira e merece, como os outros trabalhadores, descanso
O professor sai da universidade apenas com um diploma. Não e lazer. Em serviço? Talvez. Isso implicaria em alteração da rotina
está preparado para ensinar, não domina o conteúdo, não conhece da escola: diminuição de dias letivos, dispensa de alunos e outros
metodologias eficazes, falta-lhe estímulo para enfrentar uma acertos para obter a participação da maioria.
classe agitada, indisciplinada, apática e passiva.
Tudo isso envolve dinheiro e, sobretudo, vontade política. Não
A oferta de vagas, pelo menos na rede pública estadual de São adianta construir e reformar prédios, dotá-los de todos os recursos
Paulo, aumentou, e atende a quase toda a demanda. A muitas da tecnologia, se o seu líder, o professor está desmoti- vado e
escolas está chegando a tecnologia: TV, vídeo, computador. A despreparado para desencadear o processo. “Não há ensi- no de
burocratização cede um pouco e confia à Diretoria Regional de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagó- gica,
Ensino autonomia para dirigir suas escolas. Estas recebem verbas sem uma adequada formação de professores”. (Nóvoa, 1992:9).
e podem aplicá-las conforme suas necessidades.
Os cursos de fim de semana não têm dado bons resultados. Na
Entretanto, apesar dessas melhorias, muitas dessas conquistas escola, durante o serviço, não conseguem reunir a todos, pois
do professorado, a escola não avança, o nível de ensino continua muitos trabalham em outros locais.
precário, a desmotivação de professores e alunos atinge o grau
máximo. Mesmo supondo que o professor tenha recebido adequada
formação, a atualização é uma exigência da modernidade. Tabus
Não acreditamos que a solução esteja tão somente na justa caem, métodos são questionados, conceitos são substituídos, o
remuneração do professor. Ela tem que envolver outros setores e mundo da ciência, do trabalho, da política, da empresa caminha
de modo global e profundo. A escola está à margem da socieda- velozmente para mudanças de padrões e exigências. Se o diplo-
de, não dispõe dos atrativos da mídia: esportes, brinquedos, ma abre as portas do mercado de trabalho, não garante a perma-
diversões. O professor, sem base sólida cultural e específica, não

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nência nele. Os medíocres, serão preteridos pelos melhores clas- Propostas de solução só a longo prazo. Se a escola não come-
sificados. çar a melhorar hoje, amanhã ela continuará a ser o que é. O hoje
significa o ensino fundamental. Se nossas crianças não forem
E o profissional da escola? Aqui a situação é diferente e pe- alfabetizadas adequadamente, não aprenderem a ler o livro e o
culiar. Não há cobrança nem supervisão. O professor excelente mundo, a questionar, criar, participar, exigir; se os métodos não se
tem a mesma consideração, avaliação que o omisso e incapaz. Não tornarem ativos, se o conteúdo não se tornar significativo, de nada
há estímulo para atualização e aprimoramento. Os salários são adianta falar em reforma ou melhoria de ensino em outros níveis.
baixos, a estrutura, precária, a aposentadoria, aterrorizante. A A base é que está viciada e precária. Estamos alfabetizan- do como
própria comunidade não cobra bom desempenho do professor, há cinquenta anos: repetindo lições, copiando a cartilha, falando
contentando-se apenas em que a escola aceite seus filhos para não uma linguagem incompreensível.
ficarem sós em casa ou na rua.
Enquanto isso a criança se agita ou fica quieta. Não fala, só
Não há divulgação de experiências bem sucedidas entre os ouve: não pensa, só imita; não constrói, recebe pronto. Se não se
professores; um não sabe o que o outro está “dando”, os métodos investir aqui, no começo, na base, tornando a escola um espaço
e avaliação são pessoais e arbitrários. Para Esteves (1993:98), a alegre de criação, descoberta, vivência e solidariedade, trabalho
formação continuada exige profissionais “conhecedores da reali- conjunto em que o professor não é o mestre mas o coordenador e
dade da escola, capazes de trabalhar em equipe e de proporcionar organizador do trabalho, membro de uma equipe de pesquisa e
meios para a troca de experiências, dotados de atitudes próprias de estudo..., a escola continuará na UTI. Não morrerá, pois isso não
profissionais cujo trabalho implica a relação com o outro...”. interessa ao poder mas continuará agonizante, amorfa, inútil,
O treinamento empresarial é geralmente realizado em servi- reprodutora e servil à classe dominante.
ço. Cursos são ministrados ao final do expediente, a empresa abre É esse o desafio para os educadores: reformar desde as bases a
mão de seus funcionários, por acreditar que investir em sua escola e prepará-la para a modernidade. Por quê? Porque como nos
formação continuada é lucro e retorno garantidos. Algumas em- explicita NÓVOA (1991:29)
presas, em locais especiais, durante uma semana ou mais dias,
capacitam os seus funcionários em um ambiente saudável que Grande parte do potencial cultural (e mesmo técnico e cientí-
permite, além da troca de experiências e interação, aperfeiçoar-se fico) das sociedades contemporâneas está concentrado nas esco-
em seu serviço. las. Não podemos continuar a desprezá-lo e a menorizar as capa-
cidades de desenvolvimento dos professores. O projeto de uma
O Estado é o maior empregador. Só que não dispõe (sic) de autonomia profissional, exigente e responsável, pode recriar a
verba para imitar as grandes empresas. Ou não tem vontade profissão professor e preparar um novo ciclo na história das
política para isso. Entretanto, segundo Nóvoa (1992:27), “impor- escolas e dos seus atores. (Nóvoa, 1991:29).
ta valorizar paradigmas de formação que promovam a preparação
de professores reflexivos, que assumam a responsabilidade do seu
próprio desenvolvimento profissional e que participem como
A RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO/CULTURA/ÉTICA E
protagonista na implementação das políticas educativas”.
CIDADANIA. ESCOLA, VIOLÊNCIA E CIDADANIA.
Voltamos ao ponto inicial: ou se investe no professor, em sua
formação, atualização e satisfação pessoal e profissional, ou a Educação e cidadania
escola continuará sendo a mentira que é: de portas abertas, sim, Cidadania é componente essencial do desenvolvimento humano
porém, um pseudo-ensino, sem características de equidade, ultra- sustentado e encontra na educação de qualidade, sobretudo construtiva
passado, a serviço da manutenção do status quo, que é o que deseja de conhecimento, sua instrumentação, maior. Já se consagrou o direito
a classe dominante. ao desenvolvimento, sob o eco da definição do desenvolvimento como
Masetto (1994:96) aponta as características que deve possuir a oportunidade. O conceito de oportunidade indica a importância da
formação do professor: educação de qualidade, como maneira eficaz de formar um sujeito
histórico crítico e criativo, capaz de manejar e produzir o conhecimento.
Inquietação, curiosidade e pesquisa. O conhecimento não está
acabado; exploração de “seu” saber provindo da experiência Como o conhecimento é algo instrumental, é fundamental
através da pesquisa e reflexão sobre a mesma; domínio de área conclamarmos os fins da educação, sobretudo a cidadania para imprimir
específica e percepção do lugar desse conhecimento específico aos meios os devidos fins. O conhecimento depende da cidadania que o
num ambiente mais geral; superação da fragmentação do conhe- controla, pois orienta para evitar que de novo e sempre, seja instrumento
cimento em direção ao holismo, ao inter-relacionamento dos de dominação e exclusão. Será no futuro um dos grandes desafios
saberes, a interdisciplinaridade; identificação, exploração e res- compatibilizar a dinâmica da competitividade econômica com os direitos
peito aos novos espaços de conhecimento (telemática); domínio, da cidadania.
valorização e uso dos novos recursos de acesso ao conhecimento
(informática); abertura para uma formação continuada.
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Determinarmos os fins da educação, como direito universal, é A contra cultura conservadora inviabiliza todo e qualquer esforço de
essencial dentro do processo de evolução e exercício da cidadania, já educação, de organização de métodos, de trabalho organizado. Dá
que as sociedades enfrentam profundos problemas de definição e ênfase à improvisação, ao aleatório.
exercício da cidadania, já que as sociedades enfrentam profundos Sendo assim, enquanto a educação continuar atrelada a sistemas
problemas de definição de suas políticas de educação, num mundo em ultrapassados, o povo brasileiro não terá a chance de formar uma
constante transformação (mudanças tecnológicas e corrosão do papel verdadeira consciência política que seja capaz de influir no centro das
das instituições como família, igreja). Permanece o confronto entre o grandes decisões para ser responsável pelo seu próprio destino
moderno e o antigo, desenvolvido e subdesenvolvido, opulência e exercendo sua plena cidadania como direito universal e irrestrito. Ora, se
miséria, privilegiados e excluídos. a Escola sempre foi vista como formadora do cidadão e não consegue
O final do século XX é dominado pela informatização em alto grau cumprir esse papel, como esse processo de Cidadania que envolvem as
de integração, no sentido de uma sociedade planetária mas que pode noções de universalidade, de igualdade, de reciprocidade e ética estão
excluir os não informatizados. Nascem antigas formas de nacionalismo, ocorrendo no âmbito da Educação Escolar?
racismo, etc. que separam grupos, classes, regiões, países. Faz-se necessário então elencarmos os problemas enfrentados por
Entendemos a educação como processo amplo de formação, em esta organização pública para melhor compreendermos os processos
níveis inter-relacionados: que aí ocorrem.

1 - Educação para a cidadania; 1 - A democratização do ensino precisa ir além da democratização


do acesso à escola para as camadas populares, sem o que se corre o
2 - Educação para o desenvolvimento; sério risco de estigmatizar esses segmentos da população brasileira,
3 - Educação em direitos humanos e universais. fortalecer o discurso elitista de “incapacidade dos pobres” e justificar as
desigualdades sociais.
E no Brasil como estamos tratando essas questões e conceitos?
2 - A marginalidade social transforma-se em marginalidade escolar
Dentro desse processo, de fazer garantir a cidadania na sociedade
no âmbito e com a interferência da escola (pública) a partir do momento
brasileira, ressaltando o papel da educação como um dos viabilizadores,
da alfabetização.
ética e moralidade, felizmente, passam a fazer parte do cenário
existencial dos brasileiros. 3 - A desvalorização e descaracterização profissional do professor
tecem sua origem no aparente engrandecimento da sua tarefa, pelo tão
São conceitos que estão sendo conquistados com muita luta e
difundido refrão: “o magistério é um sacerdócio”.
sacrifício. Mas, principalmente, pelos ensinamentos que estamos
retirando das sucessivas derrotas na luta contra as práticas que colocam - A preocupação com a educação integral desfigurou a
de “joelhos” a nação brasileira. especificidade profissional do professor e levou-se a descompromissar-
se e descuidar do serviço que a sociedade reinvidica a esses
São inúmeras as variantes dos conceitos de ética e da moralidade.
profissionais: ensinar e bem os conteúdos escolares.
A principal, entretanto, está na conquista da cidadania, algo inacessível
quanto inatingível, até bem, pouco tempo. - O despreparo para lidar com a clientela real (e não ideal) da escola
(pública), levou a adjetivação “carente e incapaz” tornar-se substantiva
Tanto inacessível quanto inatingível, diante um quadro-político
(de aluno carente, incapaz, a simplesmente carente e incapaz) e ocultar
institucional desorganizado e, acima de tudo, planejado para servir a
a criança real e as próprias condições de despreparo profissional deste
poucos o patrimônio de muitos.
professor para enfrentar a complexa tarefa de alfabetizar e ensinar
A cidadania institucional, ditada pelas regras da lei maior, é meia alunos, cujas famílias não podem, pelas condições concretas de vida a
conquista, meia verdade. Mas é o início de um caminho, um longo que são submetidas suprir as deficiências da escola e que nelas
caminho em direção à luz do conhecimento, da sabedoria. depositaram tantas esperanças.

E não se compreende um processo de construção verdadeira de - Esses alunos e essas famílias, cujas condições precárias de vida
cidadania, sem o correspondente desenvolvimento cultural, educacional, resultam de uma estrutura de sociedade injusta, não fazem parte dos
político, econômico e social. cursos, livros e teorias das nossa escolas de formação de professores,
senão por uma ótica distorcida de “privação cultural” e “carências” que
A existência de um processo cultural distorcido, dominado pela
nega (porque desconhece) qualquer valor positivo à sua socialização
contra-cultura, pelas prática política clientelistas e pela secundarização
familiar, base indispensável para reverter a expectativa de fracassso, por
dos conceitos de civismo e nacionalismo, inviabiliza qualquer processo
parte dos professores e da instituição escolar, e possibilitar condições de
desenvolvimentista no Brasil. Torna o país incompetente e desajustado
sucesso escolar para as camadas populares através de uma prática
às necessidades de evolução sociedades humanas e faz do
pedagógica que parta da afirmação (o que são, o que fazem, o que
subdesenvolvimento uma atitude permanente.
conhecem).

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- Só levando em conta o aluno real, através do conhecimento do oportunidades sociais e em consequências desenvolva o aluno
seu processo de aprendizagem na vida cotidiana, das condições cidadão.
concretas de vida que estão submetidas, de seus valores e experiências, Mas de que cidadania é esta de que tanto se fala hoje, no campo da
o professor poderá se habilitar para responsabilidade social/profissional educação?
de orientar o processo ensino aprendizagem que permitirá uma efetiva
Vivemos, durante muito tempo enfatizando o papel da Educação na
escolarização das crianças das camadas populares ou seja, educação
formação do cidadão. Não tenho dúvidas de que cabe à escola um lugar
universal.
de destaque no alargamento das condições de exercício da cidadania: o
É fácil difundir o mito da superioridade da escola particular em domínio da “norma culta”( no plano da linguagem) e dos conhecimentos,
relação à escola pública, uma vez que a clientela da primeira não hábitos e comportamentos mais valorizados socialmente (dos quais, uma
depende, como a da segunda, exclusivamente da escola para superar as boa parcela é veiculada pela escola) pode ser muito útil, como meio para
dificuldades de aprendizagem escolar. que se façam ouvir e respeitar em suas reivindicações de igualdade de
- A divisão do trabalho na escola, com seus inúmeros especialistas direitos no âmbito da sociedade.
e suas novas hierarquias, desfigurou a prática pedagógica que se Entretanto, temos menos dúvidas ainda de que, nos últimos anos,
desenvolve na célula básica da escola, a sala de aula. E acabou por os responsáveis pela escola pública têm comprometido seriamente o
desvalorizar a experiência e o papel do professor, burocratizando a processo de fazer funcionar a escola da cidadania: aquela que espalha
escola e rotinizando a prática pedagógica submetida a diretrizes que o respeito ao direito de todos os cidadãos de ter um atendimento escolar
emanam, no mais das vezes, de teorizações destacadas (distante) do de qualidade, em uma instituição cuidada, competente e permanente
aluno, professor e da escola real onde deverá desenvolver-se o aberta às necessidades de seus usuários.
complexo processo de escolarização básica das camadas populares.
Miguel Arroyo resume a ideia de cidadania de maneira precisa:
É fácil o sistema e/ou a escola jogar a culpa no professor e este, no
“Insistimos: a nova incorporação e conformação dos setores
aluno e suas famílias (e algumas vezes nas condições da escola) pela
populares, da cidade e do campo, nas novas relações de produção,
incapacidade de assumir a sua parcela de responsabilidade, e
trabalho, dominação e exploração, termina sendo contraditoriamente
reivindicar, e/ou criar condições de trabalho, para desenvolver e
libertadora de velhas formas de conformismo social, intelectual e cultural
aprimorar sua prática pedagógica enquanto categoria.
e ao mesmo tempo, termina sendo formadora de novas formas de saber
- As inaptidões pessoais, assim como as dificuldades de sobre a natureza e a sociedade.
aprendizagem barram a trajetória escolar das crianças pobres, mas
A história recente tem mostrado que os setores populares inseridos
encontram sempre recursos para a superação entre as ricas (novamente
nas novas formas de incorporação social são mais sábios e sabidos, têm
o mito de superioridade da escola particular).
novas capacidades de pensar e de pensar-se, de se organizar e de reagir
- Será inútil e pouco profissional colocar fora da escola, as razões do que nas velhas formas de conformismo social e cultural.
do fracasso, e descompromissar-se em reformular o que dentro da
Está acontecendo no Brasil um alargamento, sem precedentes, de
escola poderá contribuir para alterar, gradativamente, as causas
experiência humana, social, cultural e intelectual do povo. A educação
endógenas do fracasso escolar da grande maioria das crianças das
do povo vai bem; sua escolarização nem tanto. O balanço porém é
camadas populares.
positivo”.
- Será inútil e pouco profissional colocar fora da escola, as razões
A cidadania de que falamos é exatamente esse aprendizado,
do fracasso, e descompromissar-se em reformular o que dentro da
relatado por Arroyo, de novas estratégias de comportamento social que
escola poderá contribuir para alterar, gradativamente, as causas
rompem com as “velhas formas de conformismo social, intelectual e
endógenas do fracasso escolar da grande maioria das crianças das
cultural”; é esse alargamento de horizonte que permite que os membros
camadas populares.
da sociedade se vejam e a vejam como frutos de uma história que lhes
- Só através do engajamento em um projeto político mais amplo pertence, porque são capazes de a construir, se organizando e reagindo
(estratégia de intervenção no poder a níveis da sociedade) poderão os aos limites arbitrariamente impostos aos exercícios pleno de seus direitos
professores, como categoria profissional garantira mudanças nos fatores sociais.
extra-escolares que interferem negativamente em seu exercício
Arroyo tem razão ao dizer que a educação do povo vai bem, embora
profissional e que deverão ser corrigidos pelas instâncias competentes
sua escolarização “nem tanto”. Precisamos canalizar essa cidadania (a
(saúde, habitação, trabalho, alimentação, assistência social,...).
educação do povo de que fala Arroyo) no sentido de recuperação do
Não resolveremos, a nosso ver , os seríssimos problemas da escola serviço público como um bem de todos e, portanto, um direito dos
brasileira e do direito do cidadão à educação escolar, enquanto não cidadãos.
houver uma reapropriação do espaço público pelos cidadões. Nesse
espaço é necessário que a Escola desenvolva uma prática pedagógica
adequada a sua função de universalização das

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Nesses últimos anos temos assistido a um processo crescente de universalidade no atendimento dos direitos dos cidadãos, como é o
privatização do setor público, não porque tenha sido entregue à iniciativa caso da educação pública.
particular (ou seja, à administração por empresas privadas), mas sim
porque o setor público tem sido administrado no objetivo de atender aos
interesses particulares (privados) daqueles que são nomeados para os TESTES
postos de 1, 2 ou 3 escalões dessa administração.
1. É quem determina e orienta o trabalho escolar e é determinado
No campo da Educação chegamos , como que ao “fundo do poço”. por ele:
A deterioração física das escolas, o abandono do sistema, a brutal
a) o projeto educacional
desvalorização do magistério são todos indicadores do profundo descaso
a que tem sido submetida a escola pública. b) o currículo

Entretanto, uma grande parcela dos governantes (sociedade c) a organização escolar


política) vem manipulando a opinião pública sobre essa escola, d) o trabalho pedagógico
realimentanto estigmas e preconceitos tanto a respeito dos estudantes
pobres e suas famílias, como a respeito da “máquina burocrática” e dos
funcionários públicos. 2. O conhecimento é compreendido como:

Os responsáveis pelas escolas públicas continuam apostando na a) ação educacional b) construção social
“privatização cultural”, na carência, “na falta de interesse das famílias e
c) ação cultural d) contexto social
alunos” como principais causas das dificuldades de aprendizagem e
insucesso escolar.

As questões sociais, tais como habitação, subnutrição, 3. Desenvolve-se na escola, toma forma e corpo na prática peda-
subemprego, etc., continuam sendo o argumento mais a mão, para gógica:
acobertar quer os interesses espúrios ao campo da educação, que
a) o currículo formal b) o projeto educacional
movem sua administração, quer a indiferença de muitos de nós,
professores e pesquisadores, encoberta por uma posição fatalista frente c) o trabalho pedagógico d) o currículo real
ao fracasso generalizado das crianças mais pobres que frequentam
nossas escolas públicas. 4. A relação entre educação e política é considerada:
Nas universidades, nas revistas especializadas em educação, nos a) intrínseca b) objetiva
congressos, simpósios, outras questões tem sido tratadas e retratadas
c) subjetiva d) sociológica
na tentativa de superar quer os estigmas, quer o imobilismo reforçador
da desigualdade de tratamento escolar dos diferentes segmentos de
classes sociais; os resultados escolares destes, na maioria das vezes, 5. As propostas pedagógicas das escolas deverão assegurar o
poderiam ser positivos se a escola funcionasse melhor. Mas o melhor tratamento:
funcionamento da escola depende ainda de um trabalho mais decisivo
a) interdisciplinar e contextualizado
de aproximação entre a academia (universidade/pesquisadores) e o
mundo da “escola nossa de cada dia”, para que juntos pensem b) disciplinar e interdisciplinar
alternativas para a recuperação da escola. c) objetivo e subjetivo
É nesse sentido que vemos cada vez mais necessária a relação d) individual e coletivo
cidadania e educação. Nós não temos ainda a escola pública de que
precisamos, mas já começamos a contar, como nos diz o texto de Arroyo,
6. Princípios pedagógicos que passaram a ser adotados como
com um povo bem mais educado por isso mesmo, bem mais capaz de
estruturadores para os novos currículos:
exercitar sua cidadania no sentido de fazer funcionar no setor público a
escola a cidadania de que falamos no início deste texto. a) identidade b) autonomia

O momento, neste final de década, é o de desprivatizar o estado c) diversidade d) todos estão corretos
brasileiro através de uma forte mobilização da sociedade civil no controle
do poder público. Cabe aqui realinhar o comportamento político e uma
7. É elaborado a partir de matérias fixadas a nível nacional, por
prática ética, o que permitirá à nossa sociedade ampliar o espaço público
uma base comum, e a nível regional, por uma parte diversificada:
que acolhe igualmente todos os cidadãos. É esta ética que vai nos levar
a superar a visão do público, como “o de ninguém”, percepção essa que a) o currículo real b) o currículo formal
é a causa principal da indiferença e da descrença nas instituições
c) o currículo pleno d) o currículo social
públicas. Essas, no entanto, são as únicas capazes de
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8. A pratica da socialização percorre diversos espaços, como: d) Nos últimos anos, diversos estudos têm sido dedicados à
história da didática no Brasil, sua relação com as tendên-
a) família e outros grupos primários cias pedagógicas e à investigação do seu campo de co-
b) escola nhecimentos.

c) clubes e sindicatos

d) todas estão corretas 13. Assinale a alternativa incorreta:

a) Hoje existem certas tendências pedagógicas na prática es-


colar que são cada uma delas defendidas por correntes de
9. Assinale a incorreta: Os princípios básicos que fundamentam e
estudiosos do assunto, e que apresentam pressupostos
regem o sistema social são:
teóricos e metodológicos diferentes.
a) harmonia b) conservação
b) Considerando que a escola atual tem funções que não são
c) homogeneidade d) continuidade somente pedagógicas, cabe aos professores entenderem
essas tendências, analisá-las e adotar aquilo que há de
melhor em cada uma delas, de acordo com suas convic-
10. O fator fundamental do sistema social é: ções, uma vez que nenhuma delas consegue captar toda a
a) a assimilação b) o equilíbrio riqueza da prática concreta, bem como as diferenças intrín-
secas de cada escola.
c) a internalização d) a valorização
c) A tendência liberal aparece como uma justificação do sis-
tema capitalista que estabeleceu uma sociedade de clas-
11. Assinale a incorreta: ses, sendo este tipo de pedagogia uma manifestação des-
sa sociedade.
a) As Tendências Pedagógicas Progressistas defendem a neu-
tralidade política da educação e amparam a reprodução do d) A tendência tradicional sustenta a ideia de que a escola tem
sistema. por função preparar indivíduos para o desempenho de
papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais.
b) As Tendências Pedagógicas Liberais visam a preparar os in-
divíduos para representarem papeis sociais de acordo com
suas aptidões. 14. A respeito das Tendências pedagógicas na prática escolar,
c) As tendências pedagógicas liberais, grosso modo, podem ser assinale a incorreta:
categorizadas em: Escola Tradicional, também conhecida a) Na tendência renovada a pedagogia liberal se caracteriza
como Educação Bancária, expressão cunhada por Paulo por acentuar o ensino humanístico, de cultura geral, no qual
Freire, a Renovada ou Nova e a Tecnicista. o aluno é educado para atingir, pelo próprio esforço, sua
d) As Tendências Pedagógicas Progressistas partem da análise plena realização como pessoa.
crítica das realidades sociais. b) A atividade de ensinar na tendência tradicional é centrada
no professor que expõe e interpresta a matéria (regras im-
postas).
12. Sobre as Tendências pedagógicas na prática escolar, assinale
a incorreta: c) Os objetivos explícitos ou implícitos da tendência tradicional,
referem-se à formação de um aluno ideal, desvinculado da
a) As Tendências Pedagógicas Liberais procuram fornecer às
sua realidade concreta.
camadas dominadas da sociedade instrumentos intelectu-
ais que lhes permitam lutar pela transformação social, bem d) Nos procedimentos didáticos da tendência tecnicista, a rela-
como pelo exercício da cidadania. ção professor-aluno não tem nenhuma relação com o coti-
diano do aluno e muito menos com as realidades sociais.
b) Nas tendências pedagógicas progressistas, conquanto pre-
domine a Escola Libertadora ou Crítica, merecem destaque
também a Escola Libertária e a Crítico-Social dos Conteú- 15. Considere, ainda, as Tendências Pedagógicas na Prática esco-
dos. lar assinale a alternativa correta:
c) A Pedagogia é o estudo dos ideais de educação, segundo a) A aprendizagem, na tendência renovada é receptiva, auto-
determinada concepção de vida, e dos meios mais eficien- mática, não mobilizando a atividade mental do aluno e o
tes de realizá-los. desenvolvimento de suas capacidades intelectuais.

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b) A tendência renovada acentua o sentido da cultura como de- b) A tendência libertadora não tem uma proposta explícita de
senvolvimento das aptidões individuais. didática, no entanto, há uma didática implícita na orienta- ção
do trabalho escolar, pois de alguma forma o professor se põe
c) Na tendência progressista, a educação é um processo inter- diante de uma classe com a tarefa de orientar a
no, a escola propõe um ensino que valorize a auto- aprendizagem dos alunos.
educação, a experiência direta sobre o meio pela atividade;
um ensino centrado no aluno e no grupo. c) Na Tendência Libertária a atividade escolar é centrada na
discussão de temas sociais e políticos, em que professor e
d) A tendência tecnicista se divide em progressivista ou prag- aluno analisam problemas e realidades do meio sócio-
mática e não-diretiva. econômico e cultural da comunidade local, com seus recur-
sos e necessidades, tendo em vista a ação coletiva frente a
esses problemas e realidades.
16. Assinale a alternativa correta:
d) A Tendência Libertadora utiliza-se de uma didática que bus-
a) Na tendência tradicional dá-se valor aos processos mentais e
ca desenvolver o processo educativo como tarefa que se dá
habilidades cognitivas do que a conteúdos organizados
no interior dos grupos sociais e por isso o professor é
racionalmente.
coordenador ou um animador das atividades que se orga-
b) Na maioria das escolas que seguem a tendência tecnicista, nizam pela ação conjunta dele e dos alunos.
acentua-se a importância do trabalho em grupo não apenas
como técnica, mas como condição básica do desenvolvi-
mento mental. 19. Pedagogia que zela pela autoridade do professor e aquisição
de conteúdos pelos alunos:
c) A Tendência renovada não-diretiva está mais preocupada
com os problemas psicológicos do que com os pedagógi- a) tecnicista
cos ou sociais. b) pedagogia da improvisação
d) A Tendência Progressista é orientada para os objetivos de c) progressista crítico-social dos conteúdos
auto-realização e para as relações interpessoais, torna se-
cundária a transmissão de conteúdos. d) cognitivista

17. Compare as afirmativas que são feitas a respeito das Tendên- 20. A relação entre educação e política é considerada:
cias Tecnicista, Progressista e Liberal e assinale a que estiver a) intrínseca b) objetiva
correta:
c) subjetiva d) sociológica
a) A Tendência Tecnicista desenvolveu-se no Brasil na década
de 50, à sombra do progressivismo.
21. Desenvolve-se na escola, toma forma e corpo na prática peda-
b) A Tendência Liberal ganhou autonomia nos anos 60, quando
gógica:
se constituiu como tendência, inspirada na teoria behavio-
rista da aprendizagem e na abordagem sistêmica do ensi- a) o currículo formal
no.
b) o projeto educacional
c) A Tendência Progressista subordina a educação à socieda-
c) o trabalho pedagógico
de.
d) o currículo real
d) Na Tendência Liberal a escola atua, assim, no aperfeiçoa-
mento da ordem social vigente.
22. Na construção do Projeto estará sempre presente uma relação
recíproca entre as dimensões:
18. A respeito da Pedagogia Progressista, assinale a incorreta:
a) filosóficas e socioantropologicas da escola
a) As tendências dentro da pedagogia Progressista parte de
uma análise crítica das realidades sociais, sustentando im- b) psicológicas e filosóficas da escola
plicitamente as finalidades sociopolíticas da educação, tor- c) administrativa e funcional da escola
nando-se dessa forma um instrumento de luta dos profes-
d) política e pedagógica da escola
sores ao lado de outras práticas sociais.

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23. A doutrina teórica e filosófica que fundamentou a constituição c) pedagógico
do Estado capitalista foi: d) todas estão corretas
a) o tropicalismo

b) o liberalismo 29. O processo de tomada de decisões deve basear-se em:


c) o neo liberalismo a) conhecimentos múltiplos
d) o fundamentalismo b) informações aleatórias

c) informações concretas
24. Na gestão democrática a ideologia da burocracia como um fim d) aprendizagens sociais
em si mesma é substituída pela de:

a) organização
30. A concepção democrática-participativa de gestão valoriza:
b) planejamento
a) o desenvolvimento pessoal
c) democracia
b) a qualificação profissional
d) didática
c) a competência técnica

d) todas estão corretas


25. Entre as modalidades mais conhecidas de participação na
gestão democrática da escola não encontramos:
31. A escola é um espaço:
a) os Conselhos de classe
a) social
b) os Grêmios Estudantis
b) participativo
c) os Conselhos de Escola
c) educativo
d) os Colegiados ou Comissões
d) de lazer

26. O fundamento da concepção democrático-participativa de


gestão escolar, razão de ser do projeto pedagógico é: 32. O Pedagogo é um profissional da Educação que entende do
fenômeno educativo de maneira profunda e que poderá atuar:
a) a autonomia
a) na gestão
b) a democracia
b) na inspeção
c) a didática
c) na orientação educacional
d) a aprendizagem
d) todas estão corretas

27. Pedagogia que zela pela autoridade do professor e aquisição


de conteúdos pelos alunos: 33. O compromisso da escola é com a cultura, os problemas soci-
ais pertencem à sociedade na;
a) construtivista
a) tendência progressista libertadora
b) piagetiana
b) tendência tradicional liberal
c) progressista crítico-social
c) tendência tecnicista
d) progressista construtivista
d) tendência crítico-social dos conteúdos

28. A organização e gestão do trabalho escolar requerem o cons-


tante aperfeiçoamento profissional: 34. A improvisação pedagógica nas aulas deve-se:

a) político a) ao despreparo educacional dos professores

b) científico b) à ausência de um processo de planejamento do ensino

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c) às dificuldades sociais dos educandos c) o professor estabelece interação com a escola

d) à prática educativa atual d) o aluno recebe aquilo que realmente necessita

35. A base do trabalho do pedagogo deve ser: 41. Para selecionar e organizar os saberes com vistas à transmis-
são e aprendizagem dos alunos é preciso tomar decisões que
a) a orientação educacional envolvem:
b) a docência a) interesses e conflitos
c) a assistência à direção da escola b) posicionamentos e divergências
d) a liberalidade dos educadores c) sentimentos

d) todas estão corretas


36. Articular o ensino e a aprendizagem implica:

a) Articular aluno e professor 42. O currículo que se desenvolve na escola, toma forma e corpo:
b) Articular a atuação do pedagogo com a do professor a) na prática pedagógica
c) Articular estratégias educacionais próximas ao PPP b) na sala de aula
d) Articular conteúdo e forma c) no projeto político pedagógico

d) na realidade do aluno
37. Para favorecer o processo múltiplo, complexo e relacional de
conhecer e incorporar dados novos ao repertório de significados,
utilizando-os na compreensão orgânica dos fenômenos, no enten- 43. A elaboração do projeto político-pedagógico sob a perspectiva
dimento da prática social é necessária a riqueza de: da inovação emancipatória é:

a) experiências b) situações a) um compromisso com a escola

c) recursos d) todas estão corretas b) uma processo de formação contínua

c) um processo de vivência democrática

38. Segundo os principais autores da Sociologia do Currículo, o d) um processo de vivência de gestão


conhecimento é compreendido como:

a) interação individual 44. O projeto político pedagógico inovador:


b) construção social a) limita as atividades dos alunos
c) formação profissional b) amplia as probabilidades de aprendizagem
d) concordância e consentimento de assimilação c) amplia as atividades do pedagogo junto à escola

d) amplia a autonomia da escola


39. Quem determina e orienta o trabalho escolar é:

a) o projeto político pedagógico 45. O Projeto Político Pedagógico:


b) o planejamento escolar a) É um movimento de luta em prol da democratização da es-
c) o currículo cola que esconde as dificuldades e os pessimismos da rea-
lidade educacional
d) o pedagogo
b) Deixa-se levar pela realidade educacional

c) Não busca enfrentar o futuro com esperança em busca de


40. Ao selecionar e organizar os saberes com vistas à transmissão novas possibilidades e novos compromissos.
e aprendizagem dos alunos:
d) É um movimento constante para orientar a reflexão e ação
a) a escola participa da elaboração do currículo da escola.
b) o pedagogo se intera com a educação dos alunos

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46. Sobre o PPP, assinale a correta: 50. Configura unicidade e coerência ao processo educativo:

a) Está voltado para a inclusão a fim de atender a diversidade a) o planejamento escolar


de alunos, sejam quais forem sua procedência social, ne- b) a participação do pedagogo na prática educativa
cessidades e expectativas educacionais
c) o projeto político pedagógico
b) Projeta-se em uma utopia cheia de incertezas ao comprome-
d) a prática educativa
ter-se com os desafios do tratamento das desigualdades
educacionais e do êxito e fracasso escolar.

c) Quando elaborado, executado e avaliado, requer o desen-


GABARITO
volvimento de um clima de confiança que favoreça o diálo-
go, a cooperação, a negociação e o direito das pessoas de
intervirem na tomada de decisões que afetam a vida da ins-
tituição educativa e de comprometerem-se com a ação. 1-B 26 - A
2-B 27 - C
d) Todas estão corretas
3-D 28 - D
4-A 29 - C
47. Sobre o PPP assinale a única alternativa correta: 5-A 30 - D
6-D 31 - C
a) O projeto é apenas perpassado por sentimentos, emoções e
valores. 7-C 32 - D
8-C 33 - B
b) O projeto é um processo de construção coletiva fundada no
9-C 34 - B
princípio da gestão democrática
10 - B 35 - B
c) A gestão democrática tem muito a ver com a proposta buro- 11 - A 36 - D
crática, fragmentada e excludente.
12 - A 37 - D
d) A construção coletiva do projeto político-pedagógico inova- 13 - D 38 - B
dor procura basear-se nas práticas sociais alicerçadas na 14 - A 39 - C
exclusão, na discriminação, que inviabilizam a construção 15 - B 40 - A
histórico-social dos sujeitos. 16 - C 41 - D
17 - A 42 - A
18 - C 43 - C
48. A autonomia:
19 - C 44 - D
a) Possui o sentido sociopolítico e está voltada para o delinea-
20 - A 45 - D
mento da identidade institucional.
21 - D 46 - D
b) Representa a substância de uma nova organização do traba- 22 - D 47 - B
lho pedagógico. 23 - B 48 - A
c) Considera a dependência e assegura a definição de critérios 24 - A 49 - C
para a vida escolar e acadêmica. 25 - B 50 - C

d) Não faze parte da especificidade do processo pedagógico.

49. A legitimidade de um projeto político-pedagógico está estrei-


tamente ligada:

a) à preocupação com o trabalho pedagógico

b) ao contexto social da instituição educativa

c) ao grau e ao tipo de participação de todos os envolvidos com


o processo educativo

d) à formação dos educadores e à participação do pedagogo na


sua elaboração

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