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Fundamentos do

Serviço Social na
Contemporaneidade
Material Teórico
Resgate do Processo de Renovação do Serviço Social Brasileiro

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.a Esp. Regina Inês Da Silva Bonança

Revisão Técnica:
Prof.ª Me. Elisângela Pereira de Queiros Mazuelos

Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Resgate do Processo de
Renovação do Serviço Social Brasileiro

• Introdução
• Aspectos e movimentos que caracterizam a Renovação do Serviço
Social Brasileiro
• O Serviço Social
• Conclusão

·· Identificar os nexos e mediações que ligam o passado recente aos desafios da


profissão dos assistentes sociais e da sociedade brasileira no contexto atual.
··Estudar as principais tendências teórico-metodológicas do Serviço Social
pós-renovado.

Para obter um bom desempenho, você deve percorrer todos os espaços, materiais e as
atividades disponibilizadas na Unidade.
Inicie seus estudos pela leitura do material didático, composto pelo conteúdo teórico, pela
apresentação narrada e videoaula, que sintetiza e amplia conceitos importantes sobre o tema
da Unidade.
Só depois realize as atividades propostas, são elas:
Atividade de Sistematização (AS): são exercícios de múltipla escolha, de autocorreção que
possuem uma pontuação.
Fórum de Discussão: você deverá, então, participar de uma discussão coletiva a partir de
uma questão colocada no fórum. Importante para a ampliação de seus conhecimentos.
Bons estudos!

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Unidade: Resgate do Processo de Renovação do Serviço Social Brasileiro

Contextualização
Nesta Unidade, abordaremos os aspectos e movimentos que caracterizam a renovação do
serviço social brasileiro.
Faremos o estudo da realidade sócio-histórica dos anos 80, com ênfase na conjuntura
brasileira para a abordagem do movimento.
Também vamos adquirir conhecimentos sobre a conjuntura econômica, política, social e
cultural do período e, dessa forma, valorizar o conhecimento da história como caminho para
a construção de uma prática profissional significativa e consistente.
O caminho de renovação guiado pelo tempo na história possibilitou o posicionamento
do Serviço Social diante da crise da ditadura e os seus desdobramentos. É fundamental de
conhecer os fatos históricos que marcaram a nossa profissão e condição singular para que
tenhamos a compreensão do contexto histórico no qual estamos inseridos na atualidade.
Vamos iniciar os nossos estudos refletindo sobre a tirinha abaixo a respeito da importância
de sabermos ler, bem como de compreendermos o contexto histórico dos fatos.
Veja o quadrinho no link abaixo:

https://wordsofleisure.files.wordpress.com/2014/01/peanuts-importancialer.jpg

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Introdução
Vamos iniciar nosso estudo compreendendo as novas determinações impostas pela
consolidação do capitalismo em seu estágio monopolista tanto para as questões sociais da
sociedade brasileira quanto para a constituição do Estado "autocrático-burguês", além de,
claro, entender o impacto dessas determinações para o Serviço Social. Analisaremos ainda o
posicionamento do Estado em relação às classes sociais, em especial sobre uma nova forma
de dominação do proletariado. Todo esse conhecimento é de extrema importância para
apreendermos as novas conjunturas e demandas do Serviço Social.

Aspectos e movimentos que caracterizam a Renovação do


Serviço Social Brasileiro
Observamos no cenário econômico até a Segunda Guerra Mundial a chegada das grandes
corporações, que instalaram em suas operações diversas filiais. Isso possibilitou o crescimento
da economia e, ao mesmo tempo, a expansão do capitalismo em seu estágio monopolista
devido ao excedente acumulado.

Capitalismo em seu estágio monopolista


A organização monopolista do capital teve seu início nas últimas décadas
Glossário do século XIX (Mandel, 1985; Sweezy e Baran, 1986; Braverman, 1987).
Nesse período, a concentração e centralização de capitais, em formas de
trustes, cartéis e outras maneiras de combinação, começaram a firmar-se, e
a estrutura moderna da indústria e das finanças capitalistas passaram a to-
mar forma, a moderna era imperialista que inaugurava-se, ao mesmo tempo,
pelos conflitos armados pela divisão do globo em colônias ou em esferas de
influência ou hegemonia econômica (Braverman, 1987, p. 215).

A economia brasileira a partir de 1950 começa a participar também desse padrão de


desenvolvimento que conta com a integração dos governos militares. Dessa maneira, o
capitalismo monopolista conquista não apenas espaço econômico, mas também se torna base
de uma política econômica capaz de gerir a interface entre o governo e o grande empresariado.
Com a transição ocorrida do capitalismo competitivo para o capitalismo monopolista, agente
de acumulação, foi conquistado um relativo avanço que possibilitou as práticas financeiras,
industriais e de consumo.

A crise e consolidação do poder burguês e da dominação burguesa,


estreitamente articuladas às condições impostas pelo imperialismo
total. O traço específico do imperialismo total consiste no fato
de que ele organiza a dominação externa a partir de dentro em
todos os níveis da ordem social, desde o controle da natalidade,
a comunicação de massa, até a educação, a transposição maciça
de tecnologia ou de instituições sociais, a modernização da infra e
da superestrutura, os expedientes financeiros ou de capital, o eixo
vital da política nacional etc.
(FERNANDES,1981, p. 18).

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Unidade: Resgate do Processo de Renovação do Serviço Social Brasileiro

Devemos compreender essa crise que levou à transição do capitalismo competitivo para o
capitalismo monopolista, ela concentra em seu cerne pressões que exigiam:
• Condições de desenvolvimento com segurança;
• Garantias econômicas, sociais e políticas do investimento do capital estrangeiro,
• Crescimento a ser alcançado a partir da implantação de empresas em nosso território.
Não podemos nos esquecer de que também ocorreram pressões internas dos setores
radicais burgueses, assim como do proletariado. No que se trata das pressões operadas pelos
burgueses, pautavam-se na restrição de poder de sua classe, que seria esvaziada com a perda
do monopólio do poder do Estado – porque o Estado, ao intervir na economia, assume
proporções ascendentes gerando uma inquietação para a iniciativa privada nacional; dessa
maneira, a burguesia, ao ser impedida de realizar articulações internas com o Estado, mobiliza-
se em defesa de interesses comuns, ou seja, em favor:
• da ordem;
• do monopólio do poder de classe;
• da propriedade privada.
E com isso novas exigências são impostas à burguesia, de adaptação aos novos ritmos da
economia, como também ao avanço da industrialização:

Na luta de sobrevivência do capitalismo contra o socialismo, as


burguesias nativas contam com o apoio das nações hegemônicas,
interessadas em fortalecê-las à medida que constituem o suporte de
expansão imperialista na periferia, sob o capitalismo monopolista.
Elas contam com o reforço externo para modernizar as formas de
socialização, opressão e repressão inerentes à dominação burguesa
(IAMAMOTO, 2013, p. 90).

Você sabia?
Imperialismo
Este conceito designa um conjunto de características assumidas progressivamente
pelo capitalismo ao final do século XIX e início do século XX em razão
da centralização de capitais (produtivos e financeiros) que dão origem aos
monopólios. De um modo geral, indica a luta das grandes potências capitalistas
naquele momento (Alemanha, Inglaterra e EUA) pela dominação econômica e
política do restante dos países do mundo, o que culminou na I Guerra Mundial.
Para Lênin, os principais aspectos em jogo eram: "a luta pelas fontes de matérias-
primas (carvão e aço), pela exportação de capitais, pelas concessões de lucros
monopolistas etc. e, finalmente, pelo território econômico geral" (SANTOS,
2005, p.126).
Cabe destacar que, apesar de sua gênese historicamente datada, o imperialismo
ainda vigora nas relações entre as economias capitalistas atualmente (SANTOS,
2005, p. 267)

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O padrão de dominação exercido pela burguesia teve que se reajustar para que ela pudesse
garantir sua própria sobrevivência e se autoafirmar como burguesia nacional no trato das
relações internacionais dispostas pelo sistema capitalista.
Diante dessa crise, a burguesia se posiciona de modo agressivo e consegue o seu novo
fortalecimento com condições favoráveis, que vão possibilitar sua aproximação com o
capitalismo financeiro internacional, transformando dessa forma o Estado em um instrumento
de uso exclusivo da burguesia – no que se refere aos planos políticos, sociais e econômicos.
Diante dos fatos ocorridos, a resolução da crise burguesa passa pela esfera política devido à
reorganização do Estado, que se coloca à disposição da iniciativa privada. Esse fato favorecerá para
que o espaço econômico e político se tornem adequados aos requisitos do capitalismo monopolista.

O Estado torna-se o eixo político da recomposição do poder


burguês. A dominação burguesa ressurge com uma composição de
poder heterogênea, de base nacional e internacional, congregando
conservadores e liberais, ou seja, a hegemonia burguesa alcançada
é uma hegemonia agregada de simples articulação mecânica
dos interesses de classe, mas que permite à burguesia superar
momentaneamente sua impotência histórica
(IAMAMOTO, 2013, p. 92).

Heterogênea
Do grego héteros – outro, diferente – mais génos – geração – e ia. O que
Glossário não se mistura, ex.: água e óleo.
Disponível em: http://www.infopedia.pt/diconarios/lingua-portuguesa/heterogenia

Você sabia?
Hegemonia de classe um dos temas centrais presentes na obra de Antonio
Gramsci é o conceito de hegemonia. Através dele, o pensador italiano introduziu
inovações de grande relevância no estudo da política e das relações de poder
a partir do século 20. Se no ensaio A questão meridional, escrito em 1926,
a hegemonia é apontada como alternativa estratégica do proletariado, nos
Cadernos do cárcere percebe-se uma ampliação de suas reflexões e a interface
com os conceitos de ideologia e de “aparelhos privados de hegemonia”. COSTA,
SIMIONATO, 2014 p, 68. DISPONÍVE REVISTA: , Katál Florianópolis, v. 17,
n. 1, p. 68-76, jan./jun. 2014.
Fonte: https://goo.gl/mxiDpA

Para exercitar o poder como uma forma de autodefesa, as classes dominantes passam a
exercer sobre a sociedade relações de ordem autoritárias que se mesclam nas instituições e
nos processos sociais.
O novo papel do Estado enquanto núcleo do poder burguês foi o da redução do poder
político e jurídico de todas as classes que realizavam oposição à dominação, e em especial das
classes trabalhadoras e do proletariado.

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Unidade: Resgate do Processo de Renovação do Serviço Social Brasileiro

Dessa maneira, o Estado, como estratégia para legitimar e impor o poder, coloca o
comportamento de autodefesa dos trabalhadores e do proletariado para a esfera de segurança
nacional como indivíduos que estão "fora da ordem".

Nesse contexto histórico-social, a dominação burguesa não é só


força socioeconômica espontânea e uma força política regulativa.
Ela polariza politicamente toda a rede de ação autodefensiva,
percorrida pelas instituições ligadas ao poder burguês, da empresa
ao Estado, dando origem a uma formidável superestrutura de
opressão e bloqueio, a qual converte relativamente a própria
dominação burguesa na única fonte de poder político legítimo.
(FERNANDES, 1975, p. 302-303).

Podemos compreender assim que o capitalismo em seu estágio monopolista, ao se


consolidar na organização econômica, impôs uma nova reordenação da burguesia dominante
e, por consequência, de sua relação com o Estado, impactando nas grandes empresas e nas
nações centrais das quais ocorreu o estreitamento das relações.
Também pudemos observar que esse processo de reordenação burguesa foi fonte geradora
de um poder radicalizado intermediado pelo Estado autocrático burguês em que se aumentam:
• a ofensiva repressiva;
• o controle disciplinar das relações de classe que mantinha o exercício do poder fortalecido;
• a produção como requisito do novo modelo.

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O Serviço Social
A questão social no capitalismo em seu estágio monopolista modifica a situação da classe
trabalhadora. Isso ocorre por conta das formas de mobilização utilizadas pela burguesia que
desencadeiam em um novo processo nas relações de trabalho – consolidado por meio da
política salarial e sindical, como também pela perda de direitos adquiridos, como a greve
e a estabilidade. Por conta de as estruturas sindical e partidária serem prejudicadas em sua
articulação, essas medidas propiciam um aumento:
• da jornada de trabalho;
• da institucionalização das horas extras;
• do reforço disciplinar no ambiente de trabalho em especial nas área industrial;
• do ritmo de trabalho intensificado nas áreas de produção e, por consequência,
da produtividade.

Questão social
Termo de tradição conservadora, visando separar o "social" dos
Glossário seus fundamentos econômicos, políticos, históricos. Na tradição
marxista, o termo é empregado como expressão dos fundamentos
da sociedade capitalista, como a contradição entre o capital e o
trabalho, desdobrando-se e manifestando-se de diversas formas
(desemprego, violência, pobreza, etc.) e representando conflitos e
lutas em torno do antagonismo de interesses.
Fonte: Montano e Duriguetto (2011)

Podemos observar que as estratégias implantadas de desenvolvimento estavam concentradas


no aumento da produtividade e assim geravam o aumento de capital, sem que as medidas
preventivas quanto ao padrão de vida da classe trabalhadora estivessem em discussão. Esse
cenário ocasiona entre as massas trabalhadoras o aumento:
• de doenças infecciosas;
• dos acidentes de trabalho;
• das taxas de mortalidade infantil;
• da população desnutrida.
A solidificação e a dominação da burguesia são reforçadas pela expansão crescente do
capital. A classe trabalhadora desarticulada das estruturas políticas reivindicatórias distancia-se
momentaneamente da participação política.
Diante do distanciamento e, portanto, do esvaziamento dos trabalhadores na participação
política, os programas de caráter social são intensificados com centralização do Estado e
subordinados em diretrizes políticas que continham em seu cerne a garantia da estabilidade social
e o aumento da expansão capitalista. Há assim a formulação de programas governamentais

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Unidade: Resgate do Processo de Renovação do Serviço Social Brasileiro

que tinham como prioridade a atenção às condições de vida do trabalhador, dentre eles
podemos citar:
• Programa Nacional de Alimentação e Nutrição – Pronan II (1976-1979).
Ofereceu o primeiro modelo de uma Política Nacional incluindo a suplementação alimentar,
amparo ao pequeno produtor rural, combate às carências específicas e apoio à realização de
pesquisas e capacitação de recursos humanos. O Pronan II foi mantido até 1990, quando foi
praticamente extinto.
• Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural – Funrural
Com o objetivo de subsidiar o pagamento dos benefícios assistenciais aos trabalhadores rurais,
com custeio incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de produtos rurais.
• Banco Nacional de Habitação – BNH
Parte de um plano para a melhoria das condições habitacionais, formulado em 1964, e dá
ênfase à situação das classes de baixa renda. Os objetivos da política governamental foram
sendo expandidos para considerar os mais diversos e correlatos aspectos da infraestrutura de
serviços urbanos.
• Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS
Foi criado com o objetivo de proteger o trabalhador demitido sem justa causa, mediante a
abertura de uma conta vinculada ao contrato de trabalho.
O FGTS é constituído pelo montante dos depósitos realizados mensalmente e os valores
pertencem aos empregados que, em algumas situações, podem dispor do total depositado em
seus nomes.
• Programa de Integração Social – PIS
Buscava a integração do empregado do setor privado com o desenvolvimento da empresa.
• Programa de Formação do Patrimônio do Serviço Público – PASEP
O PASEP é o programa vinculado à União, aos Estados, Municípios, ao Distrito Federal e
aos Territórios, para o qual todos contribuem para os empregados do setor público.
Podemos compreender que o Estado realiza os programas assistenciais, que são mobilizadores
para o proletariado e demais trabalhadores, como estratégia para evitar manifestações de
oposição e sensibilizar o apoio massivo ao sistema em vigor, no sentido de elevar o trabalho
assistencial em lugar da política reivindicatória.

Em outros termos, a nova peculiaridade no enfrentamento da


"questão social", no que concerne a assistência, é que ela passa a
ser organizada de modo a atender a um duplo requisito: favorecer
a acumulação de capital pela iniciativa privada e subordinar-se aos
preceitos da segurança nacional
(IAMAMOTO, 2013, p. 96).

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A assistência passa a ser utilizada como meio de conter o conflito social em nome da
conservação da ordem pública e segurança nacional e, dessa forma, a política assistencial é
inserida nos sindicatos de classe.
As ações interventivas que são articuladas pelo Estado com as classes trabalhadoras realizam
dessa maneira um tratamento da questão social que se interliga por meio da repressão e assistência.
Devemos refletir que, ao serem inseridas nesse contexto, as medidas assistenciais se
tornaram um componente das relações autoritárias que foram impostas à sociedade civil,
abrigadas pelos regimentos da segurança nacional e do plano de expansão do capital.
O Estado detém, portanto, o poder de regular as políticas sociais, como também expandir a
participação para os setores da iniciativa privada no segmento de serviços sociais. Dessa forma,
a qualidade dos serviços prestados fica sob o julgo das empresas e de sua rentabilidade. Temos
um exemplo dessa prática na área dos serviços de saúde com os convênios médicos particulares.
Na solenidade de abertura do Programa Nacional de Alimentação e Nutrição – Pronan, o
então Presidente da República General Ernesto Geisel, em publicação no Estado de São Paulo
de 5/2/76, reafirma:

Deve-se exigir a participação financeira do próprio assalariado e


estimular as empresas através da dedução dobrada do imposto de
renda, para que proporcionem ao trabalhador de menor salário
ou aos mais necessitados uma alimentação adequada. É óbvio
que os reflexos proporcionados por tal situação serão altamente
promissores para a própria empresa que terá, sem dúvida, maior
rendimento do trabalho do operário
(apud COUTINHO, 1977, p. 35).

Diante desse cenário, a presença do profissional de Serviço Social representará um


importante papel e concomitantemente uma significativa ampliação do seu campo de trabalho,
com novas demandas no que se refere a assumir em suas atividades a burocratização crescente
do Estado e realizar tarefas correlatas à gestão das políticas sociais em conformidade com o
novo modelo político.
O Serviço Social estará em crescente atividade não apenas no segmento público, mas a demanda
profissional refletirá no interior das empresas privadas que tinham a necessidade de profissionais
especializados para a interpretação e encaminhamento de benefícios das políticas em vigor

Observa-se que o crescimento da demanda e das exigências postas


por essa conjuntura ao meio profissional nada mais é do que um
aspecto da resposta institucional ao agravamento das condições
de vida do proletariado. Em outros termos, a ampliação do
mercado de trabalho e o reforço da legitimidade do Serviço Social
diante do poder é expressão da resposta das classes dominantes
ao enfrentamento das novas formas de expressão da "questão
social", que tem como pano de fundo a ampliação do processo
de pauperização dos trabalhadores, dentro de uma conjuntura em
que sua capacidade de luta encontra-se gravemente afetada pela
política de desorganização e repressão ás suas entidades de classe
(IAMAMOTO, 2013, p.100).

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Unidade: Resgate do Processo de Renovação do Serviço Social Brasileiro

Pobreza e/ou pauperização


Segundo Marx:
Glossário [...] o pauperismo constitui o asilo dos inválidos do exército ativo dos
trabalhadores e o peso morto do exército industrial de reserva; porém,
constituem condições de existência da produção capitalista. O pauperismo
faz parte das despesas extras da produção capitalista, mas o capital arranja
sempre um meio de transferi-las para a classe trabalhadora e para a classe
média inferior (MARX,1980, v.1, p.747).

Novos desafios são apresentados à instituição do Serviço Social, para tanto, é necessária
a realização de capacitações que possam ser facilitadoras no fornecimento de respostas às
demandas apresentadas pela conjuntura político-econômica.

Conclusão

Nesta Unidade, estudamos a realidade sócio-histórica dos anos de 1980 na conjuntura


brasileira. Foi possível observar a abordagem do Serviço Social no período e também
adquirir conhecimentos sobre a maneira sistemática que a realidade determinou a
conformação da questão social e do Serviço Social no Brasil das últimas décadas.
Diante do exposto, torna-se compreensível identificar os nexos e mediações que ligam o
passado recente aos desafios da profissão e da sociedade brasileira no contexto atual.
O ingresso da categoria de Serviço Social nas organizações públicas e privadas possibilitou
ao Assistente Social realizar de forma eminente nas classes trabalhadoras e do proletariado
uma ação educativa. O objetivo dessa ação é incidir sobre o modo de viver e pensar dos
trabalhadores a partir do seu cotidiano. Mesmo que seja realizada através do exercício do
cumprimento das políticas sociais, essa prática possibilita a intermediação das relações entre
a instituição e o usuário.
Dessa forma, o Serviço Social contribui de forma efetiva para que sejam atendidas as
necessidades básicas de sobrevivência das classes trabalhadoras, em especial nos segmentos
marginalizados e excluídos de nossa sociedade, contribuindo com sua reprodução material.
O profissional de Serviço Social é de extrema importância na constituição da organização social,
o que se mostra pela crescente expansão do mercado de trabalho para esses profissionais nos
últimos anos.

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Material Complementar
Sugerimos os seguintes materiais para a sua consulta e para o aprofundamento de
suas reflexões:
Livros:
FERNANDES, Florestan. A revolução burguesa no Brasil: ensaios de Interpretação
Sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
FERNANDES, Florestan. Apontamentos sobre a "teoria do autoritarismo". São Paulo:
Hucitec, 1979.

Vídeo:
Vídeo do Seminário E a revolução burguesa no Brasil: a quantas anda? com o professor
Plínio de Arruda Sampaio Jr, na qual ele realiza uma análise sobre os limites da burguesia
brasileira num capitalismo dependente pela ótica de Florestan Fernandes.
Disponível em: http://youtu.be/pQQiwqbySog

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Referências
COUTINHO, R. Sobreviver para trabalhar: salário e alimentação do trabalhador brasileiro.
Caderno do Ceas, Salvador, Centro de Estudos e Ação Social, n. 48, p. 33-40, 1977
FERNANDES, F. Capitalismo dependente e classes sociais na América Latina. 3. ed. Rio
de Janeiro: Zahar, 1981
______. A revolução burguesa no Brasil: ensaios de interpretação sociológicas. Rio de
Janeiro: Zahar, 1981
IAMAMOTO, M. V. Renovação e Conservadorismo no Serviço Social: Ensaios Críticos. 7.
ed. São Paulo: Cortez, 2004
LENIN, V. I. O imperialismo: fase superior do capitalismo. 3. ed. São Paulo: Centauro
Editora, 2005
MARX, K. O capital v.1: crítica da economia política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1980
MONTANO, C.; DURIGUETTO, M. L. Estado, Classe e Movimento Social. 2. ed. São
Paulo: Cortez, 2011
NETTO, J. P. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2006
______. Crise do Socialismo e Ofensiva Neoliberal. São Paulo: Cortez, 2007
NETTO, J. P.; BRAZ, M. Economia Política: uma introdução crítica. São Paulo: Cortez,
2006
PONTES, R. N. Mediação e Serviço Social: um estudo preliminar sobre a categoria. 4. ed.
São Paulo: Cortez, 2007
SADER, E. S. Pós-Neoliberalismo: as políticas sociais e o estado democrático. São Paulo:
Paz e Terra, 2010
SANTOS, S. J. Questão Social - particularidades no Brasil. São Paulo: Cortez, 2012

Sites consultados:
http://www.caixa.gov.br/beneficios-trabalhador/pis/Paginas/default.aspx

http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=1379

http://www.fiscosoft.com.br/a/6fua/o-fundo-de-assistencia-ao-trabalhador-rural-funrural-
lucas-rezende-moss

http://guiadofgts.com.br/?category_name=a-criacao-do-bnh

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141995000100007&script=sci_arttex

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Anotações

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