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Serviço Social na
Contemporaneidade
Material Teórico
Amadurecimento da intenção de ruptura
Revisão Técnica:
Prof.ª Me. Elisângela Pereira de Queiros Mazuelos
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Amadurecimento da intenção de ruptura
Caro(a) aluno(a),
Para obter um bom desempenho, você deve percorrer todos os espaços, materiais e
atividades disponibilizadas nesta Unidade.
Inicie seus estudos pela leitura do material didático, composto pelo conteúdo teórico,
material complementar, apresentação narrada e videoaula, essa que sintetiza e amplia conceitos
importantes sobre o tema abordado.
Apenas depois realize as atividades propostas, as quais:
• Atividade de Sistematização (AS): composta por exercícios de múltipla escolha, com
autocorreção e que possuem pontuação;
• Atividade de Aprofundamento (AA): baseada em um trecho de livro, propõe o
desenvolvimento reflexivo a partir da elaboração textual;
• Avaliação: igualmente constituída por questões de múltipla escolha e que analisam,
atribuindo pontuação, sua compreensão e desenvolvimento nesta Unidade.
Bons estudos!
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Unidade: Amadurecimento da intenção de ruptura
Contextualização
Caro(a) aluno(a),
Nesta Unidade discorreremos sobre o processo de institucionalização do Serviço Social
brasileiro como profissão reconhecida na divisão do trabalho, em especial na década de 1940,
momento em que se vinculou a criação das instituições assistenciais e entidades paraestatais.
Abordaremos também o Serviço Social e a participação popular em suas formulações
e experiências diante das novas perspectivas profissionais, isso conforme a concepção de
ruptura do conservadorismo rumo à renovação profissional.
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A recusa à violência institucional
A concepção de algo que seja novo no espaço profissional deve-se à ruptura com o
conservadorismo, abrindo, assim, caminho para a renovação profissional.
Essa renovação foi caracterizada pela busca da legitimidade da atividade profissional, além
do Estado e do patronal, mas tendo a clareza da intermediação que ocorre no mercado de
trabalho e com o empresariado.
Essa atuação ocorre no sentido de superar a demanda institucional na realização de propostas
de trabalho que possibilitem a ampliação da prática do Serviço Social.
Há a efetivação de uma ruptura com o papel imposto pelo tradicionalismo que era marcado
pelo controle e tutela das classes subalternas para atendimento da lógica do poder vigente,
tornando possível a realização de uma prática profissional que atendesse às reais necessidades
sociopolíticas dos trabalhadores em seus grupos.
Realizava-se, assim, não apenas o atendimento diante da demanda institucional, mas
também ampliações de propostas de trabalho, as quais são de extrema valia para a prática do
assistente social nas diversas expressões de participação social, especialmente na realização
com eficácia dos serviços prestados, no respeito às diversas formas de trabalho, de vida, de
cultura e também como educador político.
Para Gramsci (1999, p. 103-104) a busca para conquistar essa nova realidade e a
realização de uma prática em sua completa unidade significa travar uma ampla batalha,
a qual exige, em primeiro lugar, a autocompreensão crítica, a ser obtida através de uma
luta de hegemonias políticas, de direções contrastantes, inicialmente no campo da ética e
depois no da política, atingindo uma elaboração superior da própria concepção do real,
mantendo-se a unidade entre a teoria e a prática não como um dado mecânico, mas como
um devir histórico.
Trata-se de desconstruir o discurso racional burguês, que se agarra à “imediaticidade” e à
“pragmaticidade” dos fenômenos sociais, e recriar as práticas sociais no sentido de inová-las,
torná-las "concreto pensado" e vinculá-las a uma nova concepção de mundo.
Torna-se claro que o “novo" no espaço profissional não se trata apenas de uma
modificação ou recusa nas tarefas socialmente atribuídas nos quadros da divisão sociotécnica
do trabalho, mas sim no âmbito do tratamento teórico-político atribuído a essa prática, o que
impulsiona a construção e a implementação de ações conduzidas pela nova direção social
com planejamento e redimensionadas, manifestando-se como facilitadoras de articulações
na atuação da prática profissional.
Tal circunstância requer um profissional diferenciado, que possa atender aos novos
parâmetros para a criação de outra hegemonia na sociedade. Para que isso ocorra, ou seja,
para que se manifeste a apropriação do novo e a potencialização das possibilidades em sua
prática, faz-se necessário:
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Unidade: Amadurecimento da intenção de ruptura
• Um profissional crítico;
• Uma formação intelectual sólida;
• A recusa ao pragmatismo e ao conformismo;
• A capacitação teórica e o conhecimento da historicidade.
Conformismo
Passividade, comportamento, ou tendência de se conformar, de aceitar
Glossário sem se opor a uma situação indesejada
Disponível em: http://www.dicio.com.br/conformismo.
Você sabia?
Pragmatismo é um pensamento filosófico que foi criado nos fins do século
XIX pelo filósofo norte-americano Charles Sanders Peirce (1839-1914), pelo
psicólogo William James (1844-1910) e pelo jurista Oliver Wendele Holmes Jr.
(1841-1935). Opondo-se ao intelectualismo, considera o valor prático como
critério da verdade.
Assim, ser partidário do pragmatismo é ser prático, ser pragmático, ser realista.
Trata-se daquele que não faz rodeios, que tem seus objetivos bem definidos e que
considera o valor prático como critério da verdade
Fonte: http://www.significados.com.br/pragmatismo
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Prática Institucional e Prática Profissional
Ao longo de nossa história, o Serviço Social brasileiro foi objeto de várias análises, entre as
quais pode-se citar o movimento social com a Igreja Católica, em que a questão social estava
relacionada à questão moral; em que se deslocava de uma postura contemplativa para uma
ação em um redimensionamento do Estado e da ordem burguesa.
Liberalismo
O princípio do liberalismo é o conhecimento da razão humana e o
Glossário direito irrevogável à ação e realização própria, livre e sem limites. No
campo político, o liberalismo surgiu a partir das Revoluções Francesa
e Norte-Americana. Seu primeiro ato de fé política direciona-se aos
direitos humanos.
Fonte: http://www.infoescola.com/filosofia/liberalismo-politico
A partir de 1937 ocorreu um período marcado por uma política favorável à industrialização
e ao modelo corporativista do Estado, que tornou a posição da burguesia industrial soberana
ao poder nacional. Adquirindo, portanto, a supremacia no poder do Estado, essa se aliou
aos proprietários rurais, defrontando-se com o proletariado urbano em pleno crescimento.
Esta expansão foi fomentada pelo grande fluxo populacional que teve origem na liberação
da capitalização da produção agrícola. Diante desse quadro de expansão, fez-se necessário
absorver e conter a condução de medidas de controle.
Assim, o processo de institucionalização do Serviço Social como profissão reconhecida na
divisão do trabalho, em especial na década de 1940, vinculou-se à criação das instituições
assistenciais e entidades paraestatais.
Saiba Mais
A expressão entidade paraestatal é amplamente utilizada para denominar as organizações
sociais autônomas, que funcionam de forma paralela ao Estado, sem integrá-lo; realizando
uma atividade de interesse público, sem se confundir com o serviço público próprio do Estado.
Diferencia-se por se submeter a um regime jurídico de direito privado, mas, cumulativamente,
gozando de privilégios e sofrendo restrições próprias da Administração Pública.
A característica principal das organizações sociais autônomas é a colaboração com o
Poder Público. Ou seja, não se trata de um serviço público e não é atividade inteiramente
privada, está em uma zona intermediária. Dito de outra forma, nos serviços sociais
autônomos surge uma entidade paraestatal, que funciona paralelamente ao Estado
Fonte: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?artigo_id=5299&n_link=revista_artigos_leitura
Através de uma política que atendesse às massas populares, o Estado Novo buscou espaço
de legitimação com a classe operária, dessa maneira, coibindo o componente autônomo de
movimentos de reivindicação do proletariado.
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Unidade: Amadurecimento da intenção de ruptura
Para isso houve a necessidade de o Estado incorporar parte das reivindicações sociais das
classes trabalhadoras e do proletariado na ampliação de bases de reconhecimento de uma:
• Legislação sindical;
• Legislação social;
• Institucionalização do salário mínimo;
• Constituição da Justiça do Trabalho.
Com esse movimento de proteção ao trabalhador gestado pelo Estado e pelas determinações
legais, o papel do sindicato se transformou à condição de um agente de colaboração do Poder
Público, patrocinado a partir de recursos da própria classe operária.
Isso fez com que as entidades sindicais tivessem significativo esvaziamento político e o
Estado, como meio de canalizar e mobilizar os trabalhadores, promovesse uma ação normativa
assistencial que teve como fruto a manutenção de salários rebaixados.
Com o Estado intervencionista, desenvolveram-se as instituições assistenciais, as quais
fizeram com que o Estado fosse interventor não apenas na política salarial e sindical, como
também agente de controle social de uma política assistencial vinculada a uma organização
representativa das classes produtoras.
Com esse processo surgiram os seguintes órgãos, instituições e entidades privadas.
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Saiba Mais
A expressão controle social tem origem na Sociologia. De forma geral, é empregada
para designar os mecanismos que estabelecem a ordem social, disciplinando a sociedade
e submetendo os indivíduos a determinados padrões sociais e princípios morais.
Assim, assegura a conformidade de comportamento dos indivíduos a um conjunto de
regras e princípios prescritos e sancionados.
Mannheim (1971, p. 178) define tal expressão como o “conjunto de métodos pelos quais a
sociedade influencia o comportamento humano, tendo em vista manter determinada ordem”
Fonte: http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/consoc.html
Nesse momento histórico, o Serviço Social exercia uma atividade totalmente ligada à Igreja
Católica, desenvolvendo ações assistenciais implementadas pela burguesia, em especial pelo
segmento feminino e tinha como principal objetivo o projeto de recristianização da sociedade
e solidificação de sua ação entre as classes operárias.
O processo de intervenção do Serviço Social no momento da criação das instituições
assistenciais ainda era germinal. O mercado de trabalho do profissional sofria grande expansão
e rompeu com o espaço anteriormente estreito e limitado, característico de sua origem para se
tornar uma atividade legitimada e institucionalizada pelo Estado, como também pelo conjunto
dos grupos dominantes.
Se o Serviço Social detinha em sua origem um caráter missionário, na realização da
justiça e da caridade, ao se profissionalizar agregou o apostolado social sem que, para isso,
ocorresse um confronto diante do crescimento profissional promovido pelo Estado e também
pela iniciativa privada.
Podemos concluir que em um espaço de tempo muito curto, o Estado passou a ser um
caminho de motivação e incentivo para a ampliação da qualificação técnica e, portanto,
expansão do campo de atuação profissional. Além disso, pelo seu poder, o Estado confere
e solidifica a legitimação do Serviço Social como categoria assalariada em um processo de
profissionalização que possibilita o aumento de contratações.
O perfil do usuário de Serviço Social é alterado em virtude da significativa ampliação do que
era uma pequena parcela da população pobre nos atendimentos das obras sociais. Torna-se,
assim, o referencial das políticas assistenciais desenvolvidas pelas instituições e, dessa maneira,
o Serviço Social funciona também como agente e facilitador da execução de políticas sociais
do Estado e do setor privado, o que significa um maior número de empregos para a categoria.
Torna-se imprescindível no exercício profissional uma análise de seu significado social e sua
vinculação com o poder dominante diante das novas formas de enfrentamento, assim como da
prática com a classe trabalhadora, condições implantadas pelo Estado em consonância com o
empresariado para a construção de políticas assistenciais.
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Unidade: Amadurecimento da intenção de ruptura
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Serviço Social e participação popular: formulações e experiências
Saiba Mais
A participação popular é a soberania do povo em ação, sua expressão
concreta; é o efetivo exercício do poder político pelo seu titular. Como
tal, é inerente e indispensável à democracia contemporânea.
Os abusos cometidos pelos regimes totalitários e os horrores da
guerra empreendida para barrar a ameaça contra a humanidade que
eles representavam fizeram com que os Estados-membros da recém-
criada Organização das Nações Unidas percebessem a absoluta
incompatibilidade daqueles regimes com a proteção e efetivação dos
direitos humanos fundamentais e puseram em destaque as inúmeras
vantagens da democracia para alcançar tal desiderato.
Fonte: http://goo.gl/YceRiz
Cabe ressaltar que a formação das políticas sociais e os programas derivados foram
constituídos devido às lutas das classes trabalhadoras em busca de conquistas de direitos de
cidadania. Tais direitos, ao serem institucionalizados e administrados pelo Estado, perdem
o seu cerne político e provocam o esvaziamento do conteúdo das classes reivindicatórias.
Diante desse quadro, o Estado se apropria do poder e transforma a participação controlada
nos programas derivados das políticas sociais e a participação social como forma de controle
e retração das lutas também sociais, dos processos de miserabilidade relativa ao crescimento
desorganizado e diminuição do poder aquisitivo da classe trabalhadora.
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Unidade: Amadurecimento da intenção de ruptura
Não apenas o controle da produção e dos métodos de trabalho são modificados, ocorre
também uma nova socialização, que é imposta ao trabalhador e a sua família em seu cotidiano,
condição estabelecida pela ordem do capital, invadindo sua vida particular.
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Material Complementar
Caro(a) aluno(a),
Sugere-se os seguintes materiais para sua consulta e ampliação de seus conhecimentos
acerca dos assuntos estudados nesta Unidade:
Livros:
IAMAMOTO, Marilda Villela. Trabalho e indivíduo social. São Paulo: Cortez, 2008.
Neste livro, Marilda Villela Iamamoto realiza a análise de algumas particularidades do
processo de constituição da condição operária na agroindústria canavieira. A autora coloca
em evidência a centralidade do trabalho na vida dos indivíduos na sociedade capitalista;
CORREA NETTO, E. Profissão: assistente social [online]. São Paulo: Editora UNESP;
São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. 280 p. ISBN 978-85-7983-083-9. Available from
SciELO Books. Disponível em:
http://books.scielo.org
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Referências
NETTO, J. P. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. 5.ed. São Paulo: Cortez, 2006.
www.sesc.com.br/portal/sesc/o_sesc
http://www.diplomatique.org.br/acervo.php?id=3076
http://www.dicio.com.br/missionario
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Anotações
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