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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

SERVIÇO SOCIAL
MILZA ANSELMO NASCIMENTO

PRODUÇÃO TEXTUAL DO ESTAGIO III


PROJETO DE INTERVENÇÃO

CASA DA CRIANÇA – DOM ANTONIO JOSE DOS SANTOS

Assis
2021
CASA DA CRIANÇA – DOM ANTONIO JOSE DOS SANTOS

Trabalho apresentado ao Curso


Serviço Social da UNOPAR -
Universidade Norte do Paraná,
para a disciplina de Estágio em
Serviço Social III.
Professores e Orientadores

Assis
2021
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................1

2 DESENVOLVIMENTO.....................................................................................................1

CONCLUSÃO.....................................................................................................................6

REFERÊNCIAS...................................................................................................................8
1 INTRODUÇÃO
O estagio esta sendo realizo do na Casa Da Criança, localizado na Rua
Getulio Vargas, 1700, bairro Vila Santana, na cidade de Assis SP, telefone (18)
3321-3090.
É uma instituição assistencial de caráter filantrópico, sem fins lucrativos,
composta por uma rede multidisciplinar de profissionais e voluntários.
A Casa da Criança “Dom Antônio José dos Santos” foi criada no
município de Assis em 15 de maio de 1951. A partir da articulação de senhoras
católicas da comunidade assisense, juntamente o Sr Bispo Dom Antônio José
dos Santos e com as Irmãs Filhas da Caridade, a instituição foi construída. O
objetivo era abrigar meninos abandonados por suas famílias em regime de
internato. Contudo, a legislação que norteia o atendimento a crianças e
adolescentes foi alterada e passou a estabelecer as diretrizes para a realização
das atividades voltadas a esta faixa etária, Desta forma, a instituição vem
acompanhando as mudanças necessárias para adequação aos requisitos
legais. Com o passar dos anos, a instituição foi sofrendo modificações e
atualmente direciona o seu atendimento a crianças na Educação Infantil,
envolvendo o segmento creche e no contra turno da pré-escola e ensino
fundamental.
Tem como proposta principal desenvolver o potencial humano na
população assistida, despertando-lhe para a importância das relações
interpessoais, e do estabelecimento e manutenção de uma rede social
saudável.
Para tanto, e buscando mobilizar todos os segmentos sociais, empenha-
se em resgatar-lhes a infância e a juventude como momento privilegiado de
formação do caráter humano, potencializar-lhes, através de ações
socioeducativas e oportunidades de convívio social complementar aos
ambientes escolar, familiar, as chances de acesso à cidadania e de
desenvolvimento de novas e diferenciadas alternativas de inclusão social.
2 DESENVOLVIMENTO

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Iniciamos as atividades do projeto de intervenção com as turmas do
jardim “A” e “B” (27 alunos presentes). Reunimos as turmas no período
vespertino para a realização das atividades propostas.
MOMENTO 01 No primeiro momento, ao propor ao grupo de crianças
uma tradicional brincadeira popular: “telefone sem fio” no qual é realizada numa
roda de muitas pessoas, quanto mais pessoas mais engraçado ela fica, o
primeiro inventa secretamente uma palavra e fala - sem que ninguém mais
ouça - nos ouvidos do próximo (à direita ou à esquerda). Assim, o próximo fala
para o próximo e assim por diante até chegar ao último. Quando a corrente
chegar ao último esse deve falar o que ouviu em voz alta. Geralmente o
resultado é desastroso e engraçado, a palavra se deforma ao passar de
pessoa para pessoa e geralmente chega totalmente diferente no destino. É
possível competir dois grupos para ver qual grupo chega com a palavra mais
fielmente ao destino. De imediato percebemos que, mesmo explicando a
brincadeira, algumas crianças pareciam não compreendê-la, cabendo orientar
e estimular a aprendizagem, buscando o ponto de encontro entre os adultos e
as crianças, falamos para elas que esta brincadeira é simples e bem antiga,
que seus pais com certeza também brincavam quando eram crianças. Neste
momento, paramos a brincadeira, sentamos em roda em cima do tatame e
começamos a dialogar sobre as brincadeiras de criança, tanto as de hoje em
dia, como as mais antigas. Ao propor o questionamento: “Os pais de vocês
costumam brincar em casa ou na rua com vocês?” Algumas crianças disseram
que sim, outras que os pais não tinham tempo para brincar com elas.
Entretanto, observando a fala das crianças e percebemos que uma criança
falava sua brincadeira e a outra repetia a fala da colega, como se faltasse
repertório de brincadeiras. Sendo assim, é importante ressaltar que a escola,
como instituição formal, tem por objetivo contribuir para a formação integral do
cidadão, de forma a abranger todos os seus aspectos, pois, o mundo necessita
de cidadãos com um conhecimento amplo e valoroso, que possibilite sua
atuação na sociedade de forma competente, responsável, ética, autônoma,
cooperativa e criativa. (FINCK 2011). Uma das crianças, disse que a
brincadeira que ele mais gostava era jogar no computador com seu irmão mais
velho. Já outra criança falou que gostava mesmo era de brincar da mesma

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brincadeira que sua mãe brincava quando ela era pequena, de batata quente.
Após os aprendizes relatarem do que mais gostavam de brincar, sugerimos
que umas das crianças explicasse a brincadeira aos colegas que brincava com
sua mãe. Todos gostaram da brincadeira que sua mãe brincava quando era
criança. Vivenciamos a brincadeira batata quente, o grupo ficou em círculo,
sentado. Uma criança ficou fora da roda, de costas, dizendo a frase: “Batata
quente, quente, quente... queimou!” Enquanto isso, os demais iam passando a
bola de mão em mão até ouvirem a palavra “queimou”. Quem estivesse com a
bola nesse momento saia da roda. Ganhava o último que sobrar... Uma opção
sugerida pela professora regente é pedir para as crianças mudarem o ritmo
com que dizem a frase. As que estão na roda têm de passar a bola de mão em
mão mais rápida ou devagar, conforme a fala. Outra sugestão indicada pela
auxiliar Alessandra, foi de realizar a brincadeira de pé, ao invés de sentados.
MOMENTO 02 (24 alunos presentes) continuamos o projeto, onde
sentamos no pátio, em um semicírculo, no qual retomamos o assunto das
brincadeiras de criança, mas desta vez mais crianças quiseram relatar, contar,
falar sobre as brincadeiras de seus pais, demonstrando que o assunto havia
sido socializado em casa com a família. Umas crianças disseram que seus pais
brincavam de casinha, peteca, boneca de pano ou de sabugo de milho,
cirandinha, betes, carretilha, pique- pega; Outras não manifestaram opiniões,
mas ouviram os colegas atentamente. Diante do envolvimento das crianças
com os brinquedos e brincadeiras de seus pais e sabendo o quanto é preciso
trabalhar a valorização das mesmas, pois muitas delas estão sendo esquecidas
hoje em dia e até sendo substituídas por outras é que decidimos trazê-las ao
cotidiano das crianças. Dividimos as turmas dos jardins em grupos de 4 a 5
colegas. Distribuímos papeis A4 para cada criança e giz de cera colorido. Com
ajuda das professoras regentes e auxiliares, pedimos que desenhassem as
brincadeiras preferidas dos seus pais. Na parede lateral do pátio, organizamos
as brincadeiras parecidas e colamos a atividade formando um gráfico gigante
das brincadeiras preferidas dos nossos pais. A exposição da atividade chamou
tanta atenção dos alunos que quando os pais vinham buscar os alunos, eles
queriam contar o que haviam desenhado para os pais e o que os seus colegas
da classe haviam desenhado. Os alunos das outras turmas também ficaram

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encantados com a atividade exposta, parando sempre que passavam na frente
para olhar.
MOMENTO 03 (22 alunos) ao reunir as turmas na própria sala do jardim
“A”, o assunto das brincadeiras que os pais brincavam foi retomado
naturalmente pela maioria das crianças, que foram socializando-as, ouvindo os
colegas e participando ativamente das reflexões. Ainda reunidos sentados no
chão em cima do tatame, uma aluna afirmou que sua mãe gostava mesmo era
de brincar de queimada com bolas de meia. Os alunos queriam relatar tudo que
sabiam sobre as brincadeiras, prolongando a conversa. Neste dia dramatizei
para o grupo um poema bem interessante que retrata a questão das
brincadeiras mais antigas que estão sendo esquecidas. Um dos alunos depois
de ouvir atentamente a leitura do poema “Brincadeiras Esquecidas” afirmou
que a criança que brinca muito com vídeo game sempre quer brincar mais.
Demonstrando em sua fala, certa compreensão sobre o cuidado que se
deve ter com os vícios dos jogos de entretenimento. Fomos debatendo e
relatando fatos sobre o assunto de forma que as crianças percebessem que as
brincadeiras mais antigas dão mais espaço para a criatividade, aproxima as
crianças umas das outras e são bem mais saudáveis, sem desmerecer o valor
que as brincadeiras e os brinquedos de hoje em dia também proporcionam às
crianças. Conversamos com as crianças para que percebessem que o que
mais se vê atualmente são as crianças dentro de suas casas na frente do
videogame, do computador ou da televisão, que hoje em dia quase não se
brinca com as brincadeiras que seus pais brincavam quando eram crianças,
que a cidade cresceu, a violência aumentou muito e muitos espaços destinados
a estas brincadeiras nem existem mais e os que existem requer que as
crianças sejam acompanhadas mais de perto para a sua própria segurança.
Muitos pais trabalham fora e acabam não tendo tempo para brincar com
seus filhos de brincadeiras saudáveis, como as que eles mesmos disseram que
brincavam. Com isto, aos poucos, essas brincadeiras de criança ditas mais
“antigas” vão deixando de ser socializadas com os próprios filhos e ficando no
esquecimento.
MOMENTO 04(31 alunos) Ultimo momento do projeto, reunindo as
turmas no gramado. De acordo com os SABERES SOBRE A INFÂNCIA, é

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preciso que as instituições de Educação Infantil ofereçam às famílias,
oportunidades reais de participação, diálogo e reflexão engajando-as cada vez
mais no processo educativo de seus filhos. Pensando nisto, optamos por
chamar os pais no começo da aula para uma roda de conversa envolvendo os
pais das crianças, as crianças e as professoras da sala para que
compreendessem o trabalho que já estava sendo desenvolvido e que eles
pudessem ter oportunidades para ajudar no desenvolvimento de nosso projeto
de trabalho.
Os pais puderam ficar sentados ao lado dos seus filhos, onde algumas
perguntas foram contempladas nessa roda de conversa, como: “Com que
brincadeiras você costumava brincar quando era criança?”, “Qual era a sua
brincadeira preferida?”, “Você sente saudade do tempo em que era criança?
Por quê?”. A roda de conversa envolvendo os pais enriqueceu muito nosso
projeto. A partir dela, ampliamos nosso repertório de brincadeiras diárias, com
as brincadeiras que eles gostavam de brincar quando criança.
Esse momento foi importante para os pais e crianças, pois ouve a
integração da família ao espaço escolar, enfatizando assim a importância dos
jogos e brincadeiras na educação infantil. A partir dos depoimentos dos pais
percebemos que a grande maioria sentiam sim, saudades de seu tempo de
criança, um tempo marcado por brincadeiras criativas, em que podiam ficar
mais perto da família e não tinham as responsabilidades que hoje em dia têm
como adultos. Descobrimos que os pais gostavam de brincar de três
marinheiros, cabo de guerra, chicotinho queimado, me dá o cantinho, batata
quente, futebol com bola de meia, queimada, amarelinha, dentre outras
brincadeiras. Contudo, a brincadeira preferida deles era a amarelinha ou “maré”
como alguns disseram.
Aprender a realidade sociocultural através da brincadeira constitui o
sujeito nas relações com os outros. O processo de significação é adquirido
através de atividades. Ainda que o desenvolvimento humano seja um processo
dialético, é marcado por etapas, sendo influenciado direta e indiretamente
pelos objetos e atividades. A criação de situações imaginárias na brincadeira
surge da atenção entre o indivíduo e a sociedade, sendo que a brincadeira

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libera na criança os nós da realidade imediata dando oportunidade para
controlar uma situação existente.
É importante interpretar a brincadeira considerando os contextos sociais,
como o valor e o lugar, inclusive hábitos e normas de uma determinada
comunidade ou grupo social, através da observação da cultura da infância. A
influência que o externo, através da ação concreta, causa na brincadeira é um
pensamento abstrato, que está diretamente ligado a ressignificação dos objetos
e da criança (QUEIROZ; MACIEL; BRANCO, 2006).
Winnicott, Klein e Freud, apesar de suas meras diferenças, seguem a
mesma linha de pensamento quando se fala no brincar, exibindo o quanto as
crianças podem expor momentos traumáticos ocorridos em suas vidas,
revelando de modo simbólico e representativo. Podemos ver como essa
relação das experiências vividas pelas crianças é exposta na brincadeira, numa
troca de sentidos, como exemplifica Klein:
A variedade de situações emocionais que podem ser expressas através de
atividades lúdicas é ilimitada: por exemplo, sentimento de frustração e de
ser rejeitado; ciúmes do pai e da mãe; agressividade; o prazer; ansiedade
culpa e necessidade premente de fazer reparação. No brincar da criança,
também encontramos a repetição de experiências e detalhes reais da vida
cotidiana, freqüentemente entrelaçados com suas fantasias (KLEIN, 1991,
pág. 398)
É visto como algumas contribuições no conhecimento sobre a infância
despontaram e vieram de encontro a uma necessidade para todas as camadas
da sociedade, assim como: “As primeiras teorias sobre o brincar infantil,
surgiram no século XVIII e entendia esta atividade como o produto de uma
energia excedente.

CONCLUSÃO
A criança, na primeira infância, não possui certa capacidade de garantir e
lutar pelos seus próprios direitos, uma vez que ela é um ser em
desenvolvimento e necessita compreender valores humanos e sociais que
deverá cultivar ao longo da vida, além de não ser possível viver sozinha,
provendo o próprio alimento nem acesso à educação sem a tutela de um
adulto.
A importância das lutas políticas fez da criança um ser importante que
não estava sob responsabilidade de apenas um tipo de institucionalização, mas

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uma tríade principal: família, Estado e sociedade. Reconhecendo e aplicando
isso já é um grande passo.
É imprescindível o profissional em Serviço Social estar sempre se
atualizando, preparando-se para construir e aplicar propostas de trabalho em
face de realidade social, prezando pela criatividade, inclusive a capacidade de
garantir direitos sobre a demanda apresentada de modo amplo.
No que concerne ao profissional enquanto ser brincante há a
necessidade deste vivenciar sua ludicidade de diversas formas, permitindo-o
trabalhar de forma não engessada, mas considerando que se o brincar é uma
expressão de si mesmo e construção sociocultural, independente de idade,
raça, gênero e cor, são possíveis exercer boas relações e resgatar o
significado real do brincar.
A partir do brincar são identificados vários indícios do que e como a
criança pode se expressar, como um meio de socialização, assim como um
exercício para suas capacidades pessoais, no aprendizado com outrem.
Assim, como a práxis da profissão do Serviço Social é não linear e
reflexiva frente à realidade, a abordagem do profissional carece em fluir
potencialidades de quem brinca, não apenas uma repetição do que foi posto;
pelo contrário, a atuação do assistente social, neste caso, aponta para
potencialidades transformadoras. Como dissemos algumas vezes, neste
trabalho: brincar é coisa séria.
E quando o assistente social se coloca como mediador e participante da
ludicidade da criança, buscando garantir-lhe o direito a brincar, dimensão
fundamental do seu ser e de seu desenvolvimento psicofísico, social, cultural e
político, ele faz mais do que simplesmente brincar e deixar brincar: ele abre
horizontes, constrói espaços, abre possibilidades de transformação social.
É, portanto, tarefa das mais importantes do assistente social atuar como
mediador e participante nos espaços socioeducativos da criança, para que a
ela seja garantido o direito a brincar; para que brinquedos e brincadeiras
possam educar e construir cidadãos de fato; e para que o brincar seja o que
sempre foi uma dimensão de nossa humanidade, através da qual todos nós
possamos construir um mundo melhor, mais justo e democrático.

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REFERENCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação


Fundamental. Referencial Curricular para a Educação Infantil: Brincar.
Brasília: MEC /SEF, 1998. Acesso em: Fev.2021

Brincadiquê? Pelo direito ao brincar | O adulto brincante e mediador de


brincadeiras com as crianças. [s.i.]: Grupo Marista, 2017. P&B. Acesso
em: Março. 2021.

BUSTAMANTE, Glênio Oliveira. Por uma vivência escolar lúdica. In:


SCHWARTZ, Gisele Maria (org.). Dinâmica Lúdica: novos olhares. São
Paulo: Manole, 2004.

FRANÇA, Sirlene Carvalho Rocha. Educação Lúdica: Perspectivas para


uma aprendizagem mais agradável. Irecê: Itacaiúnas, 2016. 60 p.
Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. A primeira infância. Acesso em:
Fev.2021
.
HOBBES, Thomas. Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

HUIZINGA, Johan. Homo ludens. São Paulo: Perspectiva, 2000

VIEIRA, Evaldo. Os direitos e a política social. São Paulo: Cortez, 2004.


224 p.

WINNICOTT, Donald Woods. O brincar & a realidade. Rio De Janeiro:


Imago, 1975. 203 p.

ZANATA, Josiane Lima; MELLO, Ivani Souza; CARVALHO, Marcos


Alberto de. O brincar, a brincadeira, o jogo, a atividade lúdica e a proposta

8
pedagógica para a educação infantil. Mato Grosso.Acesso em:
Março.2021.

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